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IAGO CARLOS BRITO MORAIS
CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DAS AREIAS DE
PONTA NEGRA
NATAL-RN
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
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Iago Carlos Brito Morais
Caracterização geotécnica das areias de Ponta Negra
Trabalho de Conclusão de Curso na
modalidade Artigo Científico, submetido ao
Departamento de Engenharia Civil da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como parte dos requisitos necessários para
obtenção do Título de Bacharel em Engenharia
Civil.
Orientador: Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes
de França
Natal-RN
2018
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Morais, Iago Carlos Brito.
Caracterização geotécnica das Areias de Ponta Negra / Iago Carlos Brito Morais. - 2018.
15 f.: il.
Artigo científico (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia
Civil. Natal, RN, 2018.
Orientador: Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França.
1. Areia - TCC. 2. Praia de Ponta Negra(RN) - TCC. 3.
Caracterização geotécnica - TCC. 4. Ensaios - TCC. 5.
Engordamento - TCC. I. França, Fagner Alexandre Nunes de. II.
Título.
RN/UF/BCZM CDU 555.351.25
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Iago Carlos Brito Morais
Caracterização geotécnica das areias de Ponta Negra
Trabalho de conclusão de curso na modalidade
Artigo Científico, submetido ao Departamento
de Engenharia Civil da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte como parte dos
requisitos necessários para obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Civil.
Aprovado em 21 de Junho de 2018:
___________________________________________________
Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França – Orientador
___________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Farias do Amaral – Examinador interno
___________________________________________________
Eng. Civil Ítalo Andrade Vasconcelos – Examinador externo
Natal-RN
2018
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RESUMO
CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DAS AREIAS DE PONTA NEGRA
Este trabalho consiste na caracterização geotécnica da areia da praia de Ponta Negra,
principal ponto turístico da cidade do Natal e do estado do Rio Grande do Norte, onde se
encontra o principal cartão postal de ambos, o Morro do Careca. Essa caracterização é
indispensável para a região, visto que, a praia já mencionada apresenta problemas quanto ao
avanço do mar, por causa disso, a prefeitura do Natal anunciou que fará o engordamento da
praia para solucionar essa adversidade, e nesse procedimento é imprescindível que o diâmetro
da areia que será depositada na praia de Ponta Negra seja compatível com a areia original da
mesma. A metodologia foi baseada em ensaios laboratoriais que determinaram os índices
físicos da areia estudada. A pesquisa foi dividida em etapas, de reconhecimento de campo e
definição dos pontos representativos de coleta do material em trechos homogêneos, sendo
imprescindível um caminhamento ao longo da área de estudo, e outra etapa, laboratorial, com
a realização dos ensaios de massa específica, peneiramento e índices de vazios máximos e
mínimos. A praia de Ponta Negra apresentou uma areia, predominantemente, fina, subangular
e fofa.
Palavras-chave: caracterização, praia, areia, ensaios, engordamento.
ABSTRACT
This work consists of the geotechnical characterization of the sand of the beach of
Ponta Negra, main tourist point of the city of Natal and the state of Rio Grande do Norte,
where is the main postcard of both, Morro do Careca. This characterization is indispensable
for the region, since the aforementioned beach presents problems as to the advance of the sea,
because of this, the city of Natal announced that it will make the beach fattening to solve this
adversity, and in this procedure it is imperative that the diameter of the sand that will be
deposited in the beach of Ponta Negra is compatible with the original sand of the same. The
methodology was based on laboratory tests that determined the physical indexes of the
studied sand. The research was divided in steps, field recognition and definition of the
representative points of collection of the material in homogeneous stretches, being essential a
walk along the study area, and another stage, laboratory, with the accomplishment of the tests
of specific mass, sieving and maximum and minimum void indices. The beach of Ponta Negra
presented sand, predominantly, thin, subangular and soft.
Keywords: characterization, beach, sand, trials, fattening.
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1. INTRODUÇÃO
Ponta Negra está localizada na Zona Sul da cidade do Natal e ela se destaca por seus
atrativos paisagísticos, por esse motivo é uma área muito requisitada por turistas, atraindo
vários hotéis, edifícios e o comércio.
Segundo Silva (2017), a partir da década de 80, a praia de Ponta Negra deixou de ser
praia de veraneio e passou a ser praia urbana. Somado a isso, o Programa de Desenvolvimento
do Turismo no Nordeste – PRODETUR – NE I, na década de 90, impulsionou investimentos
de grupos imobiliários, principalmente, grupos estrangeiros.
Em desacordo com o rápido crescimento da região estava o baixo investimento em
infraestrutura e no plano diretor da mesma. A partir dessa situação, hoje está em evidência
problemas como erosão, avanço do mar e deposição do esgoto na praia.
Segundo informações da Tribuna do Norte, principal jornal do estado, será realizado
uma intervenção na praia de Ponta Negra em 2018 com o objetivo de aumentar a pós-praia,
região da praia que se localiza fora do alcance das ondas e marés normais. Para realizar essa
obra a areia que será transportada deverá ser compatível com a areia existente no local de
origem, isso porque, se depositar uma areia com diâmetro das partículas e comportamento
mecânico das mesmas diferentes, afetará as características originais da praia, como a
arrebentação das ondas.
Devido os problemas mencionados é necessário um estudo que possa auxiliar nas
soluções dos mesmos, com isso o objetivo principal desse trabalho é realizar uma
caracterização geotécnica da areia de Ponta Negra.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Segundo Bowen e Inman (1966) a troca de sedimentos entre a praia e o mar, através
das correntes marítimas ao longo da costa, é determinado por um balanço sedimentar
litorâneo. Este movimento sedimentar nos permite determinar o balanço final de uma praia
entre deposição praial ou erosão praial, levando em conta as fontes e os débitos.
Sabendo disso, a praia de Ponta Negra demonstra uma clara alteração no seu balanço
sedimentar, demonstrada por locais onde não existe mais a pós-praia devido ao avanço do
mar. Segundo Medeiros (2017), a praia possui três microrregiões, mostradas na Figura 1,
sendo elas: Antepraia, região que está sempre submersa; Estirâncio, região compreendida
entre a maré baixa e a maré alta, sofrendo sempre o processo de saturação e secagem; Pós-
praia, região acima das marés altas normais. A partir dessa alteração no balanço sedimentar
foi pensado no Engordamento praia, que é o serviço de execução de uma dragagem no mar,
seguido de transporte e deposição na praia a fim de aumentar a faixa de areia existente.
É imprescindível que a areia retirada da jazida (fonte) para a execução do serviço de
engorda seja compatível com a areia existente e também com as circunstâncias a que ela está
submetida. De acordo com Krumbein & James (1965), o grande desafio para o engordamento,
em praias arenosas, é encontrar depósitos que se encaixem no perfil de semelhança
granulométrica e estejam próximos as praias para diminuir os custos de transporte das areias,
além disso, dispor de um volume de sedimentos suficientes para executar a engorda.
Fountoura (2016) estudou o comportamento tensão – deformação e a resistência ao
cisalhamento de uma areia de duna na cidade do Natal, para essa análise ela precisou
caracterizar a areia do Parque das Dunas, fazendo assim os mesmos ensaios a realizar neste
trabalho e com uma areia da mesma cidade, o mesmo se aplica ao estudo realizado por Cruz
(2008), sendo que Cruz utilizou metodologia parecida na areia da praia de Osório em Porto
Alegre no Rio Grande do Sul.
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O solo é constituído por três fases, sendo a fase líquida composta, normalmente, por
água e a fase gasosa composta, frequentemente, de ar, as duas somadas compõe o volume de
vazios e a terceira parcela é formada pelas partículas sólidas. Segundo Pinto (2006), índice de
vazios é a relação entre o volume de vazios e o volume das partículas sólidas e seu valor
varia, usualmente, entre 0,5 e 1,5.
(Eq. 1) O índice de vazios por si só não é suficiente para caracterizar um solo quanto a sua
compacidade, dado que dois solos com mesmo índice de vazios pode apresentar
compacidades diferentes. Para uma melhor identificação quanto ao estado do solo, é
requisitado os ensaios de compacidade mínima ( ) e máxima ( , os dois ensaios relacionam-se através do índice de compacidade relativa CR.
(Eq. 2) Para os ensaios de índices de vazios máximos e mínimos, o método utilizado foi o
proposto por Pinto (2006) e descrito na NBR 12004 (1990). Fontoura (2016) com o propósito
de caracterizar uma areia procedente de sedimentos das dunas do Parque das Dunas de
Natal/RN, utilizou o método “A” da norma já citada, o mesmo utilizado nesse trabalho, que
utiliza a mesa vibratória para realizar a compactação.
Em relação ao estudo da granulometria, sabemos que é a propriedade do agregado que
determina a distribuição dos grãos de um solo quanto as suas dimensões. O peneiramento é o
método mais utilizado, em solos arenosos com poucos finos, para determinar o diâmetro das
partículas. Segundo a ABNT, areia é um solo não coesivo e não plástico formado por minerais
ou partículas de rochas com diâmetros compreendidos entre 0,06 mm e 5,0 mm. Já no Sistema
Unificado de Classificação dos Solos – SUCS é considerado areia quando mais que metade da
fração grosseira passa na peneira Nº 4, podendo ser areia pura ou sem finos e classificada
como bem graduada ou mal graduada.
Segundo Pinto (2006), o formato dos grãos de areia tem muita importância no seu
comportamento mecânico, pois determina como eles se encaixam e se entrosam, e como eles
se deslizam entre si, quando solicitados por forças externas. Por exemplo, partículas mais
arredondadas apresentam menores índices de vazios do que partículas mais angulares. De
acordo com Tristão (2005), o volume de vazios é influenciado pela distribuição
granulométrica das areias, na determinação da proporção de mistura das argamassas,
Figura 1 - Praia de Ponta Negra (a - pós-praia; b – estirâncio; c – antepraia)
Fonte: http://satravel.com.br/home/nata-rn/
(a) (b) (c)
http://satravel.com.br/home/nata-rn/
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entretanto, ele sofre mais influência do formato dos grãos, como verificado no exemplo citado
das partículas arredondadas e angulares. Arnold (2011) constatou uma grande influência do
formato dos grãos das areia no empacotamento das partículas e no consumo de água nas
argamassas, ela ainda destaca uma alta variação entre a esfericidade e o arredondamento das
areias quando muda a origem de obtenção das mesmas.
Ainda conforme Pinto (2006), para classificar um solo granular, primeiro determina se
o solo é areia ou pedregulho, dependendo de qual fração granulométrica predominar,
determina quanto à presença de finos, se tem menos de 5% passando na peneira nº 200 é um
solo arenoso, posteriormente determina o solo em “bem graduado” ou “mal graduado”
dependendo se há predominância na retenção de partículas de um diâmetro compreendido na
série de peneiras e por fim indica qual o formato dos grãos do solo de acordo com o gabarito
de Lambe & Whitman (1969), onde o gabarito classifica a areia em cinco configurações,
sendo elas: angular, subangular, subarredondadas, arredondadas e bem arredondadas como
apresentado na Figura 2.
3. METODOLOGIA
3.1 Amostragem
A amostragem foi realizada de acordo com a NBR 10007 (2004), iniciando pelo plano
de amostragem, onde foi determinado a retirada das amostras a cada 250 metros tendo como
ponto de partida o Morro do Careca, localizado nas coordenadas 5ºN e 35ºE. Devido à
extensão da praia de Ponta Negra ser de três quilômetros, foram coletadas 13 amostras na
região da praia conhecida como estirâncio. Sabendo disso, o próximo passo foi determinar o
tipo de amostrador para realizar a amostragem, foi escolhido uma pá de jardineiro para retirar
o solo e o amostrador foi um balde de polietileno. O volume de solo retirado foi de 5 litros e
as amostras foram armazenadas em sacos devidamente identificados.
Figura 2 - Gabarito do grau de arredondamento das
partículas
Fonte: Lambe & Whitman,1969
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3.2 Análise granulométrica
A fim de determinar a curva de distribuição granulométrica, foi realizado o
peneiramento de acordo com a NBR 7181 (2016). As amostras utilizadas foram de 120
gramas para a realização do ensaio, que após a pesagem em balança com resolução de 0,01g,
foi colocado no agitador de partículas por um período de 10 minutos. Terminada a fase do
agitador foram utilizadas as peneiras de 2,00mm; 1,20mm; 0,60mm; 0,42mm; 0,30mm;
0,15mm e 0,075mm. Não foi preciso realizar a sedimentação devido às amostras apresentarem
menos de 5% de finos. Após a pesagem do material retido em cada peneira foi elaborada uma
tabela e a partir dela foi elaborada uma curva de distribuição granulométrica média, forma
gráfica de representação utilizada nos resultados deste trabalho. Na Figura 3 temos fotos do
ensaio, destacando o jogo de peneiras e a pesagem das amostras.
3.3 Massa específica dos sólidos
Para a determinação da massa específica dos sólidos foi utilizado às recomendações da
NBR 6508 (1984). Foi utilizada uma amostra com 60g, valor utilizado para solos arenosos,
um picnômetro de 500 cm³, água destilada, uma balança com resolução de 0,01g e o ensaio
foi realizado para uma mesma temperatura. Primeiro pesou-se a amostra na balança e colocou
para secar em estufa por um período de 24 horas, após esse tempo pesou-se o picnômetro seco
e depois preenchido pela água, posteriormente verteu o solo para o recipiente e depois
adicionou água até o gargalo. Na Figura 4 está ilustrado o ensaio realizado, destacando as
pesagens executadas. Depois de realizado o ensaio, a massa específica é determinada através
da relação entre a massa seca pesada e a massa deslocada obtida no ensaio.
(a) (b)
Figura 3 - Ensaio de peneiramento (a – jogo de peneiras no
vibrador; b – pesagem da amostra)
Fonte: Autor
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3.4 Índice de vazios
Assim como Fontoura (2016), para a determinação do índice de vazios máximo foi
utilizado o método “A” da NBR 12004 (1990) e para encontrar o índice de vazios mínimo foi
empregado o método “B.1” da NBR 12051 (1991), os dois métodos estão detalhados nos
próximos parágrafos respectivamente.
Para o ensaio de índice de vazios máximo, através do método “A”, foi utilizado um
funil com o intuito de encher o molde deixando o material o mais fofo possível, sempre
obedecendo a altura de queda do solo em torno de 1 cm, depois de preenchido a amostra foi
rasada sem que houvesse vibração no molde. Feito esse procedimento o molde com o solo foi
pesado novamente e a partir dos resultados e sabendo do valor da massa específica dos
sólidos, foi determinado o valor do índice de vazios máximo.
O procedimento de determinação do índice de vazios mínimo, de acordo com o
método “B.1”, é semelhante ao anterior, diferencia-se na deposição do material no molde e na
utilização da mesa vibratória para adensar a amostra. Para o enchimento do molde foi
utilizado um tubo-guia, que depois de preenchido foi retirado o mais rápido possível, sem que
houvesse vibração no molde. Para o adensamento foi utilizado uma sobrecarga que fornecia
uma pressão na amostra enquanto a mesma estava na mesa vibrando, a fim de realizar a
compactação para fornecer o menor índice de vazios possível. A Figura 5 ilustra o ensaio no
momento da pesagem e após o arrasamento da amostra.
Após os resultados dos ensaios mencionados, é calculada a compacidade relativa da
areia amostrada de acordo com a terminologia sugerida por Terzaghi para a classificação das
areias segundo a sua compacidade, assim sendo temos três classes, areia fofa, areia média e
areia compacta, como também os seus respectivos limites mostrados na Tabela 1.
(a) (b)
Figura 4 - Ensaio de massa específica dos sólidos (a – massa do
picnômetro + massa da água; b – massa do picnômetro + massa de água
+ massa dos sólidos)
Fonte: Autor
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Tabela 1 - Classificação das areias segundo a compacidade
Classificação CR
areia fofa abaixo de 0,33
areia de compacidade média entre 0,33 e 0,66
areia compacta acima de 0,66
3.5 Formato dos grãos
A identificação da forma das partículas da areia de Ponta Negra foi realizada
utilizando um microscópio digital com ampliação de até 500x do tamanho original e captura
de imagem instantânea. Para uma melhor representação, foi realizado um novo peneiramento,
idêntico ao realizado na análise granulométrica, posteriormente dividiu as amostras em seis
frações, equivalentes ao jogo de peneiras utilizado, em cada fração foi capturado uma imagem
do solo e depois comparada com o gabarito de Lambe & Whitman (1969).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Distribuição granulométrica
A análise granulométrica revelou uma areia extremamente uniforme, de acordo com o
Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS), com o coeficiente de uniformidade
(Cu) igual a 2, onde abaixo de 5 a areia já é considerada mal graduada, e diâmetro máximo
igual a 0,42mm. Comparando o resultado do peneiramento com os resultados das análises de
Fontoura (2016) e Cruz (2008) percebe-se que a curva média teve uma maior aproximação
com a areia da praia de Osório estudada por Cruz, elas são mais verticalizadas quando
Figura 5 - Ensaio de índice de vazios
Fonte: Autor
Fonte: Pinto, 2006
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comparada com a areia do Parque das Dunas. A Tabela 2 e a figura 6 exibem as informações
apresentadas.
Diâmetro Areia do Parque
das Dunas Areia de Osório
Areia de Ponta Negra
(mm) % Passante
2,00 100,00 100,00 100,00
1,20 100,00 100,00 99,98
0,60 99,83 100,00 99,85
0,42 91,79 99,97 98,04
0,30 65,75 99,47 86,20
0,15 8,83 38,50 8,09
0,075 4,21 1,55 0,07
4.2 Massa específica dos sólidos
Como esperado, o valor encontrado no ensaio de determinação da massa específica é
muito parecido com o de outros trabalhos que envolvem areias, podendo esse valor ser
estimado devido sua pequena variação. Considerando os trabalhos citados para a análise
granulométrica, temos que o valor encontrado para os grãos da areia de Ponta Negra é o
maior, seguido dos valores da areia de Osório e posteriormente pelo da areia oriunda de
sedimentos de dunas do Parque das Dunas, como mostrado na tabela de índices físicos.
4.3 Índice de vazios
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
PA
SSA
NTE
%
DIÂMETRO DOS GRÂOS (mm)
CURVA GRANULOMÉTRICA
Fonte: Autor
Tabela 2 - Distribuição das areias citadas
Figura 6 - Comparação de curvas da distribuição granulométrica
( - areia do Parque das Dunas; areia de Ponta Negra;
praia de Osório)
Fonte: Autor
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Os valores obtidos nos índices de vazios classificam a areia de Ponta Negra como uma
areia fofa, seguindo a teoria de Terzaghi sobre compacidade das areias, isso porque sua
compacidade relativa foi de 0,32, abaixo do limite máximo de areia fofa, 0,33. Em relação aos
índices de vazios máximo e mínimo, os ensaios demonstraram, novamente, maior
conformidade com a areia da praia de Osório do que com a areia oriunda do Parque das
Dunas. Essa semelhança é notada na Tabela 3 dos índices físicos para as três areias
mencionadas.
Índices físicos Areia do Parque
das Dunas Areia de Osório
Areia de Ponta
Negra Massa específica dos
sólidos 2,62 g/cm³ 2,65 g/cm³ 2,67 g/cm³
Diâmetro máximo 0,60mm 0,30mm 0,42mm
Coeficiente de
uniformidade 1,86 2,11 2,00
Índice de vazios
mínimo 0,59 0,60 0,64
Índice de vazios
máximo 0,80 0,85 0,86
Pinto (2006) relaciona os índices de vazios máximos e mínimos com o formato dos
grãos das areias, mesmo sendo uma descrição prévia ela se assemelha com a realidade, na
maioria das vezes. Utilizando os índices de vazios encontrados temos que a areia de Ponta
Negra, segundo a descrição proposta, é uma areia uniforme de grãos angulares, como
podemos perceber na Tabela 4.
Descrição da areia
Areia uniforme de grãos angulares 0,70 1,10
Areia bem graduada de grãos angulares 0,45 0,75
Areia uniforme de grãos arredondados 0,45 0,75
Areia bem graduada de grãos arredondados 0,35 0,65
4.4 Formato dos grãos
Em geral a areia de Ponta Negra apresentou regularidade na sua forma, tendo como
configuração mais presente a subangular, ainda assim as configurações angular e
subarredondadas foram, quantitativamente, bem representativas nas amostras. Nota-se que
houve uma diferença com a tabela proposta por Pinto, isso ocorreu devido à classificação
apresentada pelo autor ser prévia e com uma quantidade menor de subdivisões. Na Figura 7
está representado o resultado para os grãos retidos na peneira 0,42 mm da areia de Ponta
Negra e para a areia da praia de Itaipuaçu, estudado por Nunes (2014), partículas de diversos
tamanhos com partículas de diâmetro máximo de 2 mm. Já na Tabela 5, está representada a
descrição do formato das partículas das areias das praias citadas de forma mais detalhada,
com o formato encontrado para cada peneira.
𝒆𝒎 𝒏 𝒆𝒎 𝒙
Tabela 3 - Índices físicos das areia do Parque das Dunas, Osório e Ponta Negra
Fonte: Autor
Tabela 4 - Valores típicos de índices de vazios de areias
Fonte: Pinto, 2006
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Peneiras de retenção
Descrição
Areia de Ponta Negra Areia de Itaipuaçu
#10 (2,0mm) - Partículas bem arredondadas com
presença de partículas arredondadas
#30 (0,60mm)
Partículas subarredondadas com
presença de partículas subangular Partículas arredondadas com presença de
partículas subarredondadas
#40 (0,42mm)
Partículas angulares com
presença de partículas
subangulares
Partículas subarredondadas com presença
de partículas subangulares e
arredondadas
#50 (0,30mm) Partículas subangulares -
#100 (0,15mm)
Partículas subangulares com
presença de partículas angulares -
Quando comparada com a areia de Itaipuaçu, nota-se que as partículas da areia de
Ponta Negra possuem maior angularidade quanto ao formato dos grãos, essa característica
pode ser explicada por dois motivos, a energia a que são submetidas às partículas e a
mineralogia das areias, esses fatores são determinantes na forma dos grãos.
5. CONCLUSÃO
Neste trabalho foi abordámos a problemática do avanço do mar na praia de Ponta
Negra, evidente a partir dos anos 90. Como objeto auxiliador na elucidação desse obstáculo,
esse trabalho concluiu que para realizar uma intervenção na praia citada será necessário uma
areia que possua composição semelhante a ela, ou seja, uma areia com partículas,
predominantemente, subangulares, com uma curva de distribuição granulométrica média
muito uniforme e que a ela seja composta majoritariamente por uma areia fina. O objetivo
(a) (b)
Figura 7 - Comparação entre as formas das partículas (a – areia de Ponta Negra; b – areia de
Itaipuaçu)
Fonte: Autor
Tabela 5 - Descrição das formas dos grãos das areias de Ponta Negra e de Itaipuaçu
Fonte: Autor
0,42 mm
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14
proposto, caracterização geotécnica, foi realizado com sucesso através dos ensaios
laboratoriais e de bibliografias.
Este trabalho foi muito importante para o aprofundamento desse tema, uma vez que
permitiu compreender melhor o comportamento da praia e das areias existente nela, além de
ter-nos permitido desenvolver parâmetros básicos referentes a praia no intuito de servir de
base para a sociedade acadêmica e econômica.
6. REFERÊNCIAS
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argamassas. 2011. 185 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade
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Determinação do índice de vazios máximo de solos não coesivos – Método de ensaio. Rio de
Janeiro, 1990.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10007: Amostragem de
resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181: Solo – Análise
Granulométrica. Rio de Janeiro, 2016.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6508: Grãos de solo que
passam na peneira de 4,8 mm – Determinação da massa específica. Rio de Janeiro, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12051: Solo –
Determinação do índice de vazios mínimo de solos não-coesivos – Método de ensaio. Rio de
Janeiro, 1991.
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Arguello, California. U.S. Army Coastal Engineering Research Center Tech. Memo., 6 p.
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Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
FONTOURA, T. B.. Comportamento tensão – deformação e resistência ao cisalhamento
de uma areia de duna cimentada artificialmente. 2015. 146 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2015.
KRUMBEIM, W. C.; James W. R.. A LOGNORMAL SIZE DISTRIBUTION MODEL
FOR ESTIMATING STABILITY OF BEACH FILL MATERIAL. 1965. 17 f. TCC
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1965.
LAMBE, T. W.; WHITMAN, R. V.. Soil Mechanics. Cambridge: Paperback, 1969. 576 p.
-
15
MEDEIROS, M. A. de. Degradação de geotêxteis não-tecidos em ambiente costeiro. 2017.
15 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, 2017.
NUNES, V.P.. Ensaios de caracterização geotécnica da areia da praia de Itaipuaçu. 2014.
148 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
PINTO, C. de S.. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 Aulas. 3. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2006. 367 p.
SILVA, R. V. de M.. Sensoriamento remoto e análise de conteúdo no estudo da ocupação
humana, dados de precipitação e morfodinâmica costeira na praia de Ponta Negra,
Natal/RN. 2017. 150 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Climáticas, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.
TRISTÃO, F. A.. Influência dos parâmetros texturais das areias nas propriedades das
argamassas mistas de revestimento. 2005. 234 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia
Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.