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I O ENSINO DAS CIÊNCIAS 1. PROBLEMA EPISTEMOLÓGICO A fonte de poder deixa de ser o capital, nas mãos de poucos, para ser a informação dominada por muitos Américo Sommermman Francisco Pedroza DMMDC/UFBA, 01/10/2008

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I O ENSINO DAS CIÊNCIAS

1. PROBLEMA EPISTEMOLÓGICO

A fonte de poder deixa de ser o capital,

nas mãos de poucos, para ser a informação dominada por muitos

Américo Sommermman

Francisco Pedroza

DMMDC/UFBA, 01/10/2008

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ONDAS DE MUDANÇA – MODOS DE PRODUÇÃO

1ª OndaAgricu ltura

5000 anos

2ª OndaIndustria l

300 anos

3ª OndaIn form ação

Algum asdécadas

3ª OndaC onhecim ento

Ondas do músc ulo Ondas do c érebro

Fonte: Adaptado de Lynch e Kordis, 1988.

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[...] Compreender um FENÔMENO novo não é somente acrescentá-lo a um saber adquirido, mas reorganizar os princípios

do saber .

G. Bachelard

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Conceitos - Hierarquia

DADOS

TOMADA DE DECISÃO

INFORMAÇÃO CONHECIMENTO

• Não são sinônimos

•Necessidade de definição clara

Sabedoria

PeríciaPerícia

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DADOS

Registros ou fatos em “estado bruto”

•Facilmente estruturados;

•Facilmente transferíveis;

•Facilmente armazenados em computadores

INFORMAÇÃO

Dados exteriores ao sujeito,

organizados e dotados de relevância e propósito;

Exige consenso em

relação ao significado

CONHECIMENTO

Combinação de informação contextual, experiência, insight.

Informação incorporada pelo sujeito.

•Inclui reflexão, síntese e contexto;

•De difícil estruturação;

•De difícil captura;

•De difícil transferência.

Os Níveis Hierárquicos da Informação

Fonte: Beal, Adriana. Gestão estratégica da informação: como tratar a informação e a tecnologia da informação em fatores de crescimento e de alto desempenho nas organizações. São Paulo: Atlas, 2004. Pg. 12.

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[...] Uma nova informação só é recebida e assimilada, só se torna apropriável e memorizável quando seu destinatário conseguir, a seu modo, colocá-la em forma e enunciá-la, em sua língua habitual e nas coerências que já estruturaram seu saber anterior.

M. de Certeau.

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COMPONENTES DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

Fonte: CHIAVENATO, 2000

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EPISTEMOLOGIA

[...] como a cientificidade da educação é possível? (p.40)

Quais são as aptidões do discurso da Educação em relação ao seu objeto?

Qual é o objeto da educação?

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Diktat Kantiano

Para Kant, nenhum saber sobre o homem pode ser ciência, donde a impossibilidade de uma educação cientifica.

Entretanto, a oposição instalada entre as disciplinas escolares, entre as “humano-sociais” e as “tecnocientíficas” constitui uma oposição entre faculdades humano-sociais que tiram sua autoridade de uma espécie de delegação social e as faculdades de ciências que são seu próprio fundamento, cuja autoridade repousa na cientificidade.

A educação talvez nem precise se constituir como conhecimento científico.

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A educação não precisa constituir-se como uma forma de saber que se apropria do real para explicá-lo de modo racional e objetivo, estabelecendo entre os fenômenos relações universais e necessárias autorizando a previsão de resultados ou efeitos cujas causas sejam detectadas mediante procedimentos de controle experimental.

Educação constituir-se

como um conhecimento

científico?

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Um saber só se revela um conhecimento propriamente dito quando for capaz de apropriar-se

intelectualmente de um campo empírico ou ideal de dados.

Um saber de fatos se dá quando a apropriação for empírica, diferentemente do saber de idéias que se dá a partir de uma apropriação no âmbito dos conceitos.

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Assim sendo, só a Ciência conhece, as demais formas de saber sabem, pois somente ela possui a dupla característica da Dominação e

do Consumo (utilização).

TESE As chamadas ciências da educação deveriam fazer um esforço para se converterem na educação das ciências.

PROBLEMANão se ater às questões da cientificidade da educação e sim propiciar condições de produções de pesquisas capazes de

inventar um mundo, tornando-se parceiras da modernidade e pensando o verdadeiro, o justo e o desejável. (p.41)

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1) Escapar da armadilha da auto-referência,

2) Não reduzir-se a uma produção de especialistas para apenas outros especialistas,

3) Descobrir condições de esclarecer aos homens sobre a sua existência concreta,

4) Alimentar o debate político,

5) Interrogar a época e

6) Esboçar o campo do possível e do desejado.

CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

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1) Evitar as armadilhas de simples jornalismo, da retórica literária ou da ideologia política.

2) Se autodeterminar por uma preocupação constante com a exatidão fatual e com o rigor conceitual.

CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

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Elas devem levar em conta

exigências de todo CONHECIMENTO:

1) Descrever

2) Explicar

3) Compreender

4) NormatizarCIÊNCIAS da

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Modernidade

CIÊNCIAS

Humanas SociaisRACIONALIDADE FORMAL

Sociedade

Sistema Produtivo

Governo

Geração Legitimação

Teoria Sociedade Globalizada

[...] Futuro?

A sociedade Pós-Moderna faz com a historicidade desapareça?

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[...] numa quase total ausência de inteligibilidade ética, política ou teórica.

Globalização = Ocidentalização

[..] que grau de violência implica a universalização dos valores ocidentais ? / Ou com que grau de espontaneidade são aceitos tais valores?

Naturalidade e Racionalidade? O ocidente encarna isso?[...] formas culturais e políticas capazes de transcender a versão européia do universalismo.

UNIVERSALISMO versus RELATIVISMO

AUTORITARISMO e DOGMATISMO

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O que poderá ser a SOCIEDADE GLOBALIZADA?

Essa questão relança o problema do universalismo e do relativismo.A atual globalização é sinônimo de ocidentalização (universalismo)? Que grau de violência implica a universalização dos valores ocidentais?Alguns acham que o Ocidente é sinônimo de racionalidade, evolução e civilização. Portanto, para esses a universalização dos valores ocidentais é algo muito desejável, pois equivale à emancipação da espécie humana.Mas se ela não for de fato algo positivo e os valores ocidentais não forem superiores aos outros então esse tipo de globalização/universalização é algo muito violento.

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Esse é o âmago do debate universalistas (racionalistas) versus relativistas. Pois os segundo consideram cada cultura irredutível à outra e não aceitam a superioridade de nenhuma delas sobre as outras. Além disso, negam qualquer dimensão de universalidade entre elas.

Nesse contexto, surgem dois vírus maléficos que devem ser repensados no âmbito da educação científica, pois com muita freqüência eles atacam os educadores: o autoritarismo e o dogmatismo.

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O autoritarismo, quando abusam de sua autoridade socialmente concedida (por títulos: títulos, diplomas, funções) e impedem as iniciativas dos alunos, tornando-os meros receptores passivos.

O dogmatismo, quando afirmam possuir a certeza absoluta, ter uma “verdade” acabada e indiscutível, o que não tem relação com a ciência, que não pode ser considerada essa fonte sagrada e infalível da verdade teórica e da eficácia prática.

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Temos de nos precaver desses dois vírus com o antídoto do questionamento constante de nossos

saberes, verdades e valores.

A finalidade do ensino é despertar o desejo em cada sujeito de saber sempre mais, assumindo em cada um estilo e caminho específico, de acordo com a

singularidade de cada ser humano.

O objetivo do sistema educacional é permitir que cada um desenvolva essa singularidade e claramente

ensino atual não responde a esse ideal.

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