I ENCONTRO DE CEFALEIAS DE LêNGUA PORTUGUESA · Portugal Livia Sousa, Paula Esperan a, Jos Barros...

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Livro de Resumos – 1º Encontro de Cefaleias de Língua Portuguesa - 1

I ENCONTRO DE CEFALEIAS DE LÍNGUA PORTUGUESA Local Centro de Cultura e Congressos Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, Porto Data 25 de Abril de 2008 Organização Comissão de Língua Portuguesa da International Headache Society e Sociedade Portuguesa de Cefaleias Organização Local Direcção da Sociedade Portuguesa de Cefaleias Comissão Científica Presidente José Maria Pereira Monteiro Vogais Brasil Carlos Bordini, Jano Souza, Pedro Moreira Portugal Livia Sousa, Paula Esperança, José Barros

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PROGRAMA 09.00h - Sessão de abertura (J M Pereira Monteiro e Carlos Bordini) 09.15h - Cefaleias - Epidemiologia (F. Matias e Paula Esperança) -As cefaleias em Angola: Prevalência – Ambrósio Capapinha -As cefaleias no Brasil: Prevalência – Carlos Bordini 10.15h – Cefaleias – Epidemiologia (continuação) - (Jorge Machado e Manuela Palmeira)

-As cefaleias em Cabo Verde: Prevalência – Albertina Fernandes - As cefaleias em Portugal: Prevalência – J M Pereira Monteiro

11.15h - Intervalo 11.30h – Cefaleias – Cuidados de Saúde e Fontes de Informação (Albertina Fernandes e Isabel Luzeiro)

- Em Angola – Helder Vasconcelos e Manuel Katumbela - No Brasil – Élder Machado Sarmento

12.00h - Cefaleias – Cuidados de Saúde e Fontes de Informação (Cont.) (Élder Machado Sarmento e Ambrósio Capapinha)

- Em Cabo Verde – Albertina Fernandes - Em Portugal – José Barros

12.30h - Planos de acção conjunta (Isabel Pavão Martins e Elsa Parreira) - Página da Internet e Projectos de Investigação – JM Pereira Monteiro 13.00h - Encerramento

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RESUMOS 1. PREVALÊNCIAS DAS CEFALÉIAS NO BRASIL Carlos Bordini A Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolve atualmente uma campanha- Lifting the Burden (LTB)- visando a chamada de atenção e consequentemente execução de medidas visando lutar contra o ônus imposto pelas cefaléias. LTB parte dos pressupostos que: a- as moléstias que cursam com cefaléia são ubiquitárias, prevalentes, diminuem as capacidades e são, em sua maioria, tratáveis; b- existem barreiras entre a demanda por tratamentos e sua provisão; c- persiste um pesado ônus que poderia ser mitigado. Visando lidar com esta situação, a campanha se desenvolve em três estágios: 1. conhecer a magnitude da situação. Com tal finalidade, mister se faz, mensurar em todo o mundo o ônus ocasionado pela cefaléia, fazendo mapas como os dados existentes, cujos melhores são os da Europa Ocidental e América do Norte. Por outro lado, em outra dimensão, também são melhores os dados referentes à migrânea que os de outras cefaléias. 2- Utilizar este conhecimento para despertar a atenção das pessoas que sofrem desses males, dos provedores de cuidados médicos e dos executivos de políticas de saúde. 3- Explorar esta atenção para provocar mudanças tanto sob a perspectiva de soluções efetivas locais nos cuidados dispensados, como e principalmente através de educação. Neste contexto, tem sido lugar comum ao discorrer sobre epidemiologia de cefaléia no Brasil, o relato de que os dados são escassos, ou mesmo inexistentes. Hoje podemos dizer que tal situação se modificou e que o concernente ao primeiro estágio de LTD vem sendo executado. Na última década foram publicados importantes trabalhos sobre o tema. Campaner & Speciali realizaram estudo epidemiológico na cidade Ribeirão Preto. Foi um estudo observacional, transversal, com amostragem por agrupamento e cálculo do tamanho mínimo amostral (Epi Info). A amostra total representativa da população era de 1263 indivíduos (33 recusas). Realizaram-se entrevistas por telefone (inédito até então no Brasil) e obtiveram-se 97,4% de respostas. Entrevistaram-se adultos de 15 a 64 anos. A prevalência de cefaléia foi 44,9%. A descriminação das diferentes modalidades de cefaléias encontra-se na tabela 1. Um achado inusitado desta pesquisa foi 71,7% dos portadores de cefaléia não sabia qual era o nome de seu incômodo.

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Tabela 1 – Prevalência populacional de cefaléia na cidade de Ribeirão Preto Prevalência

populacional No sexo feminino

No sexo masculino

Cefaléia (1230/552) 44.9 (633/383) 60.5 (597/169) 28,3 CTTE (1230/200) 16,2 (633/124) 19,6 (597/76) 12,7 CTTC (1230/7) 0,6 (633/4) 0.6 (597/3) 0,5 MSA (1230/176) 14,3 (633/131) 20,7 (597/45) 7,5 MCA (1230/62) 5,0 (633/44) 7.0 (597/18) 3,0 MC (1230/25) 2,0 (633/20) 3.2 (597/5) 0,8 Outras (1230/82) 6,7 (633/60) 9,5 (597/22) 3,7 TOTAL 44,9 60,5 28,3 Legenda: CTTE e CTTC, respectivamente cefaléia do tipo tensional episódica e crônica; MSA e MCA, respectivamente migrânea sem e com aura; MC, migrânea crônica. Queiroz et al , publicaram estudo epidemiológico realizado em Florianópolis, Santa Catarina (2). Foram entrevistados 625 indivíduos com uma taxa de participação de 87%. A prevalência de cefaléia no período de um ano foi de 80,8%. Tabela 2 mostra as prevalências dos diferentes tipos de cefaléias neste trabalho. Tabela 2. Prevalência em 1 ano de alguns tipos de cefaléia Diagnóstico n % IC 95% Migrânea 136 22,1 18,9 – 25,5 Distúrbio migranoso 114 18,2 15,3 – 21,5 Cefaléia tipo tensional (CTT) 143 22,9 19,6 – 26,4 Distúrbio tipo CTT 63 10,1 7,8 – 12,7 Outras cefaléias 47 7,5 5,6 – 9,9 Sem cefaléia 120 19,2 16,2 – 22,5 Outros achados interessantes deste trabalho foram a- relação inversa entre o consumo de energia elétrica e a prevalência de cefaléia; b- e as relações entre prevalência de cefaléia e o estado marital, cujos valores se seguem: solteiros: 35%; casados, 41,5%; divorciados ou viúvos 56%. Os autores chamam a atenção para a elevada prevalência de migrânea naquela localidade, achado semelhante ao de Campaner et al. Recentemente, foram publicados dois trabalhos seminais abrangendo todo o país. Num dos estudos, cruzado, populacional, com amostra de adultos de 19 a 79 anos, dos 27 estados do Brasil, foi encontrada que a prevalência de migrânea é de 15,2% (IC 14,0 – 16,4), sendo de 20,9% nas mulheres e de 9,3% nos homens. Os achados interessantes dês estudo foram:a- a prevalência de migrânea em divorciados ser de 22% (38% maior que em solteiros), ao passo que casados e viúvos tenham incidência semelhante a dos solteiros, b- prevalência em lares com rendimentos de até 5 salários-mínimos (SM) ser de 18,9%, superior a dos lares de

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5 a 9,9 SM (15,6%) assim como de a dos lares de mais de 10 SM (12,6). Curiosamente, foi encontrada uma relação direta entre o número de anos de escolaridade e a prevalência de migrânea em pessoas com menos de 8 anos de escolaridade é de 13,3%, de 8 a 11 anos, de 15,6% e acima de 11 anos de 18,1. Outro estudo dos mesmos autores é relacionado à prevalência da Cefaléia do tipo tensional no Brasil, realizado com metolologia semelhante ao anterior. Foi encontrado que a prevalência de CTT no Brasil é de 13% (IC 95% 11,8 – 14,2), nos homens o valor encontrado foi de 15,4% e nas mulheres 9,5%. CTT é 1,6 vezes mais prevalente em homens, ademais, CTT é 1,64 vezes mais prevalentes em pessoas com mais de 11 anos de escolaridade. Não foram observadas associações com estado marital ou com rendimento familiar ou índice de massa corpórea ou ainda com atividade física. Este estudo, em vias de publicação em importante veículo de informação, somando-se aos outros já citados e outros ainda que deixamos de citar, deve tirar o Brasil do limbo constituído por países com carência absoluta de dados epidemiológicos em cefaléia. REFERÊNCIAS 1. Fernandes LC, Speciali JG. Estudo Epidemiológico populacional da prevalência de cefaléia

na cidade de Ribeirão Preto (2004). Dissertação (Mestrado). Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo.

2. Queiroz LP, Barea LM (2006). An epidemiological study of headache in Florianópolis, Brazil. Cephalalgia 26, 122-7.

3. Bigal ME, Ciciarelli MC, Kowacs et al (2007). A nationalwide population-based study of headache in Brazil. Cephalagia 17, 671.

4. Queiroz LP. A nationwide population-based study of migraine in Brazil. Neurology, 2008. In press.

5. Queiroz LP et al. A Nationwide Population-Based Study of Tension-Type Headache in Brazil. Cephalalgia, 2008. In press.

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2. CEFALEIAS: EPIDEMIOLOGIA

José M. Pereira Monteiro, Serviço de Neurologia, Hospital. Geral de Santo António. Porto A cefaleia, como sintoma isolado ou integrado em síndromes mais ou menos complexos, é um fenómeno extremamente frequente, tendo acompanhado o ser humano desde tempos imemoriais. A sua elevada frequência e relação com situações difíceis ou desagradáveis fez com que este sintoma fosse usado e integrado na linguagem corrente como metáfora para designar tais situações difíceis ou problemáticas. O facto de ser tão comum, frequentemente familiar e de curso previsível, em grande parte dos casos, contribui significativamente para que muitas vezes passe fora do alcance médico, isto é, evolua sem recurso a cuidados médicos (1,2). Esta é uma das razões que justificam a necessidade de recurso a estudos epidemiológicos de base populacional, como única forma de avaliar a verdadeira dimensão desta situação clínica e as suas implicações económicas e

sociais(1-5).

PREVALÊNCIA Os dados existentes da prevalência de cefaleias são claramente determinados pelas formas clínicas mais frequentes e idiopáticas, como a enxaqueca e a cefaleia de tensão e refletem as

diferenças dos critérios de diagnóstico que foram utilizados(5-9). São numerosos os estudos de prevalência de cefaleias efectuados anteriormente (10-35), quer na Europa quer no resto do mundo.

Enxaqueca Como consequência da grande variabilidade da apresentação clínica da enxaqueca, torna-se difícil a avaliação da sua prevalência. Os resultados dos diversos estudos efectuados são contraditórios, não só porque as populações estudadas são diferentes em idade, sexo e situação profissional, mas, e essencialmente, porque foram utilizados critérios de diagnóstico diferentes. Assim, vemos que Balyeat e Rinkel, em 1931, encontraram referência a enxaqueca em percentagens variáveis de 3,7% a 13,5% dos vários grupos sociais estudados, com uma média para a população geral de 5%. Bille, em 1962, encontrou em 9000 crianças suecas, 1% de enxaquecas na idade dos 6 anos e 5% aos 11 anos. Dalsgaard Nielsen, em 1970, num estudo de crianças dinamarquesas, encontrou enxaquecas em 3% aos 7 anos e 9% aos 15 anos e, em adultos, 11% no sexo masculino e 19% no sexo feminino. Waters e O’Connor, em 1970, no País de Gales, encontraram enxaqueca em 19% de 2933 mulheres com as idades de 20 e 64 anos. Na Inglaterra, um estudo efectuado em 15000 pessoas, pelo British Migraine Trust, em 1975, mostrou que 10% dos homens e 16% das mulheres sofriam de cefaleias unilaterais periódicas e que se fossem incluídas as cefaleias bilaterais com características de enxaqueca atingir-se-iam valores de 20% para o sexo masculino e 26% para o sexo feminino. A média para a população estudada foi de cerca de 20% (sendo a maior na mulher e menor na criança).

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Um estudo efectuado por Ogunyemi, em 1982, numa população rural da Nigéria, revelou uma prevalência de 5% no sexo masculino e 9% no sexo feminino, aumentando até 17% durante a

idade reprodutiva(31). Em Portugal há dois estudos epidemiológicos: um estudo de prevalência de cefaleias numa população estudantil universitária efectuado por Pereira Monteiro, Eduarda Matos e José M. Calheiros, em 1992 que revelou uma prevalência de enxaqueca de 6,1% (7) e um estudo de base populacional também sobre todos os tipos de cefaleias (5) que revelou uma prevalência de enxaqueca de 8,8%, na forma pura, isto é, não associada a outras variedades de cefaleias. Se consideradas também as formas combinadas com outros tipos de cefaleias, principalmente com as cefaleias de tensão que representavam 12,1%, então a prevalência de enxaqueca na população estudada era de 20,9%, isto é , um valor idêntico ao dos estudos mais recentes e com metodologias semelhantes. Estes dados demonstram claramente que a enxaqueca é uma afecção amplamente distribuída na população mundial e em diferentes raças e condições sociais. Cefaleia tipo tensão A cefaleia tipo tensão é uma situação clínica muito frequente. Considerada como tendo uma prevalência semelhante à da enxaqueca por Lance, Curren e Antony que, em 1965, entre 1152 doentes da sua clínica de cefaleias, encontraram 612 casos de enxaqueca e 466 de cefaleias da tensão (40,5%). Na nossa consulta de cefaleias no Serviço de Neurologia do Hospital Geral de Santo António, 44,9% apresentavam enxaqueca e 42,1% cefaleias de tensão, isoladas ou associadas a sintomas de enxaqueca. As estimativas baseadas nos dados epidemiológicos de Waters e O’Connor’s (1975) sugerem uma incidência anual de 10,4% em populações clínicas e de 11,7% na população geral. Estudos epidemiológicos mais recentes apontam para valores bastante mais elevados como o de Philips, de 1977, que encontrou 65/68% (M/F), o de Rasmussen, de 1991, que detectou 69/88% (M/F) e o de

Pereira Monteiro que revelou 61/63% (M/F)(8,14-16,19-21,23,24,26,30-35). Cefaleia em salvas São consideravelmente menos frequentes que a enxaqueca. Em 1972, Sutherland e Eadie encontraram 4,5 casos por 100.000 habitantes (0,045/1000) e Heyck, em 1976, estimou a prevalência de cefaleias em salva em cerca de 0,4/1000. Sjaastad admite ser este o valor

mais aproximado da realidade, que conhece na Noruega(36-38). Kudrow em 1980 estimou a prevalência de cefaleias em salva nos E.U.A. em 4/1000 homens e 0,8/1000 mulheres na população geral(39). No estudo populacional em Portugal encontramos uma prevalência de

0,5/1000 (5,40). SINTESE Do exposto conclui-se que as cefaleias primárias ou idiopáticas têm uma elevada prevalência ao longo da vida, iniciam-se geralmente no adolescente ou adulto ainda jovem ocorrem em episódios por vezes bastante frequentes e sobretudo no sexo feminino perturbando as actividades da vida diária e a qualidade de vida. Com os instrumentos de análise

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epidemiológica actualmente existentes, nomeadamente, a classificação e os critérios de diagnóstico da Sociedade Internacional de Cefaleias e os actuais métodos de colheita de dados, de registo e análise estatistica tem-se verificado que este tipo de cefaleias tem uma distribuição geográfica e etnica relativamente homogénea sendo pouco influenciadas pelos factores socio-demográficos que, no entanto, podem ser importantes no desencadear das crises dolorosas. Esta homogeneidade parece favorecer a origem genética deste tipo de afecções. BIBLIOGRAFIA 1. Friedman AP, von Storch TJC, Merritt HH. Migraine and tension headaches: a clinical study

of two thousand cases. Neurology 1954; 4: 773-738. 2. Fry J. Profiies of disease. Edinburgh; Livingstone, 1966. 3. Wadsworth MEJ, Butterfield WIH, Blaney R. Health and sickness. The choice of treatment.

Perception of illness and use of services in an urban community. London: Tavistock, 1971. 4. Ziegler DK, Hassanein RS, Couch JR. Characteristics of life headache histories in a

nonclinic population. Neurology 1977; 27: 265-269. 5. Pereira Monteiro JM. Cefaleias: estudo epidemiológico e clínico de uma população urbana.

Dissertação de Doutoramento, ICBAS - Universidade do Porto 1995, 27-36. 6. Dhopesh V, Anwar R, Herring C. A retrospective assessment of emergency department

patients with complaint of headache. Headache 1979;19:37 42. 7. Pereira Monteiro JM, Matos E, Calheiros JM. Headaches in Medical School Students.

Neuroepidemiology 199; 13: 103-107. 8. Rasmussen BK, Jensen R, Schroll M, Olesen J. Epidemiology of headache in a general

population a prevalence study. J Clin Epidemiol 1991; 44: 1147-1157. 9. Headache Classification Committee of the International Headache Society. Classification

and diagnostic criteria for headache disorders, cranial neuralgias and facial pain. Cephalalgia 1988; 8 (Suppl 7): 1-98.

10. Bille B. Migraine in childhood and its prognosis. Cephalalgia 1981, 1 :71-75. 11. Dalsgaard-Nielsen T, Ulrich J. Prevalence and heredity of migraine and migrainoid

headaches among 461 Danish doctors. Headache 1973;12:168-172. 12. Waters WE. Headache and migraine in general practitioners. The migraine headache and

Dixarit: Proceedings of a symposium held at Churchill College, Cambridge, Bracknell: Boehringer Ingelheim, 1972; 31-44.

13. Waters WE. The Pontypridd headache survey. Headache 1974;14:81-90. 14. Waters WE. The epidemiology of migraine. Bracknell: Boehringer Ingelheim, 1974. 15. Waters WE, Campbell MJ, Elwood PC. Migraine, headache, and survival in women. Br Med

J 1983; 287: 1442-1443. 16. Waters WE, O’Connor PJ. Epidemiology of headache and migraine in women. J Neurol

Neurosurg Psychiatry 1971; 34: 148-153. 17. Crisp AH, Kalucy RS, McGuinness B, Ralph PC, Harris G. Some clinical, social and

psychological characteristics of migraine subjects in the general population. Postgrad Med J 1977; 53: 691-697.

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18. Ekbom K, Ahlborg B, Schõle R. Prevalence of migraine and cluster headache in Swedish men of 18. Headache 1978;18: 9-19.

19. Newland CA, Illis LS, Robinson PK, Batchelor BG, Waters WE. A survey of headache in an English city. Res Clin Stud Headache 1978; 5: 1-20.

20. Nikiforow R. Headache in a random sample of 200 persons: a clinical study of a population in northern Finland. Cephalalgia 1981; 1: 99-107.

21. Nikiforow R, Hokkanen E. An epidemiological study of headache in an urban and a rural population in northern Finland. Headache 1978, 18:137-145.

22. Philips C. Headache in general practice. Headache 1977; 16: 322-329. 23. Post D, Gubbels JW. Headache: an epidemiological survey in a Dutch rural general

practice. Headache 1986;26: 122-125. 24. D’Alessandro R, Benassi G, Lenzi PL, et al. Epidemiology of headache in the Republic of

San Marino. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1988; 51: 21-27. 25. Rasmussen BK. Migraine and tension-type headache in a general population: psychosocial

factors. Int J Epidemiol 1992; 21: l138-l143. 26. Rasmussen BK. Migraine and tension-type headache in a general population: precipitating

factors, female hormones, sleep pattern and relation to lifestyle. Pain 1993 (in press). 27. Ogden H. Headache studies, statistical data. J Allergy 1952; 23: 58-75. 28. Markush RE, Herbert RK, Heyman A, O’Fallon WM. Epidemiologic study of migraine

symptoms in young women. Neurology 1975; 25: 430-435. 29. Andrasik F, Holroyd KA. Reliability and concurrent validity of headache questionnaire data.

Headache 1980; 20: 44-46. 30. Abramson JH, Hopp C, Epstein LM. Migraine and non migrainous headaches. A community

survey in Jerusalem. J Epidemiol Community Health 1980; 34: 188-193. 31. Ogunyemi AO. Prevalence of headache among Nigerian university students. Headache

1984; 24: 127-30. 32. Duckro PN, Tait RC, Margolis RB. Prevalence of very severe headache in a large US

metropolitan area. Cephalalgia 1989,9: 199-205. 33. Linet MS, Stewart WF, Celentano DD, Ziegler D, Sprecher M. An epidemiologic study of

headache among adolescents and young adults. JAMA 1989; 261: 2211-2216. 34. Taylor PJ, Pocock SJ, Hall SA, Waters WE. Headaches and migraine in colour retouchers.

Br Jlnd Med 1970-27: 364-367. 35. Levy LM. An epidemiological study of headache in an urban population in Zimbabwe.

Headache 1983; 23: 2-9. 36. Sutherland JM and Edie MJ. Cluster headache. Res Clin Stud Headache 1972; 3: 92-125. 37. Heych H. Der Kopfschnerz. Differential diagnostic and Therapie fur die praxis. Stuttgard:

George Thieme 1958. 38. Sjaastad O. Cluster headache. In: Vinken PJ, Bruyn GW, Klawans HL and Rose FC (eds).

Handbook of Clinical Neurology. Elsevier. Amesterdam 1986; vol. 48 (4): 217-246. 39. Kudrow L. Cluster headache. Mechanisms and Management. New Oxford University Press,

1980. 40. Kunkel ES, Pfeiffer JB Jr, Wilholt NM and Hamrich LWJr. Recurrent brief headaches in

"cluster" pattern. Trans Am Neurol Assoc 1952; 77: 240-243.

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3. A CEFALÉIA NO BRASIL Elder Machado Sarmento

Onde estamos? Para onde vamos?

A cefaléia é a afecção que mais acomete os pacientes com queixas neurológicas ficando na frente das epilepsias e acidentes vasculares encefálicos.

Nos principais cursos brasileiros de graduação em medicina o tempo gasto com administração do tema cefaléia fica em torno de 01 a 08 horas. No curso de graduação em medicina da UFF são gasto 04 horas com este tema, em Ribeirão Preto 02 horas e na Santa Casa de São Paulo 08 horas.

Quando procuramos os termos cefaléia no Medline encontramos no período de 1966-1992 9.437 trabalhos sobre este tema, mas no período de 1993-2005 observamos um aumento substancial aparecendo 15.928 trabalhos, um aumento de 68,78% mostrando que existe uma tendência atual de aumento na produção estudos sobre este mal. Interessantemente neste mesmo período observamos uma queda do número de trabalhos sobre epilepsia. Dos estudos brasileiros indexados sobre cefaléia também observamos esta tendência: no período de 1954-1980 foram totalizados 21 estudos e no período de 2001-2005 totalizou-se 108 estudos mostrando um interesse maior dos cientistas do nosso meio. Este maior interesse se reflete no número de sócios de nossa sociedade (SBCe) que quando foi criada em 1978 possuía 14 sócios e em 2005 totalizamos aproximadamente 300 sócios, mostrando um aumento de 2.142% ou seja, um crescimento anual de 79% durante os 27 anos de sua existência. Em âmbito nacional a SBCe tem direcionado várias propostas para melhorar a abordagem deste pacientes e facilitar o acesso da população ao que existe de mais moderno no tratamento e diagnóstico desta patologia, como: -Consensos sobre tratamentos -Cursos em todo território nacional para médicos e não médicos (dentistas, fisioterapeutas, psicólogos, etc.) -Criação de novos ambulatórios de atendimento em cefaléia -Aprimoramentos de livros e revistas científicas sobre cefaléia A Academia Brasileira de Neurologia no dia 19 de Maio, data oficial da criação da Sociedade Brasileira de Cefaléia, criará o DIA DA CEFALÉIA, com engajamento dos principais cefaliatras brasileiros, para que o conhecimento desta patologia seje difundido entra a população e para sensibilizarmos as autoridades e administradores de saúde visando facilitar o acesso aos meios de saúde dos sofredores deste mal tão prevalente no nosso meio.

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4. AS CEFALEIAS EM PORTUGAL: CUIDADOS DIFERENCIADOS DE SAÚDE José Barros Assistente Graduado de Neurologia do Hospital de Santo António, Porto Prof. Auxiliar Convidado de Neurologia do ICBAS, Universidade do Porto [email protected] Introdução

A enxaqueca e outras cefaleias primárias comprometem a qualidade de vida de milhões de pessoas, nas fases mais produtivas e exigentes de suas vidas. A cefaleia é o principal motivo de consulta externa de neurologia e representa 1 a 2% de todos os episódios de serviços de urgência. As respostas dos serviços públicos à procura são muito variáveis, podendo criar inequidades entre cidadãos e regiões.

Objectivo

Identificação e caracterização dos hospitais públicos portugueses que oferecem consulta externa subespecializada de cefaleias. Metodologia Consulta do capítulo “Neurologia nos Hospitais” do “Manual da Neurologia Portuguesa” (MNP), publicação de 2007 da Sociedade Portuguesa de Neurologia.

Resultados

O MNP identifica 46 hospitais públicos, com um ou mais neurologistas nos seus quadros. Trinta e sete são hospitais gerais, sendo três pediátricos, três oncológicos e três militares. Vinte e quatro destes hospitais, incluindo os hospitais centrais e os regionais de maior dimensão, estão caracterizados em textos. Catorze hospitais gerais de adultos têm a consulta externa organizada em subespecialidades neurológicas: Consultas subespecializadas de: Nº de

hospitais Doenças do Movimento 14 Epilepsia 12 Demências 10 Doenças desmielinizantes 9 Doenças vasculares cerebrais 8 Cefaleias 7 Doenças neuromusculares 6 Neurogenética 4 Sono 4

Page 13: I ENCONTRO DE CEFALEIAS DE LêNGUA PORTUGUESA · Portugal Livia Sousa, Paula Esperan a, Jos Barros ... Pereira Monteiro e Carlos Bordini) 09.15h - Cefaleias - Epidemiologia (F. Matias

12 · Livro de Resumos – 1º Encontro de Cefaleias de Língua Portuguesa

Dos sete hospitais com consulta de cefaleias: - seis são hospitais centrais das áreas metropolitanas de Porto, Coimbra ou Lisboa; - seis participam em ensino universitário de medicina.

Dos sete hospitais com consultas subespecializadas e com dez ou mais neurologistas, cinco têm consulta de cefaleias; Dos sete hospitais com consultas subespecializadas e menos de dez neurologistas, apenas um tem consulta de cefaleias (hospital do interior com ensino universitário); Os dois hospitais pediátricos caracterizados têm consulta de cefaleias.

Conclusões

A oferta de consultas subespecializadas em Portugal não tem relação aparente com a prevalência das diferentes doenças neurológicas na comunidade.

A oferta de consulta de cefaleias restringe-se quase exclusivamente às regiões metropolitanas de Porto, Coimbra e Lisboa. A criação de consultas de cefaleias não tem constituído uma prioridade para a maioria dos hospitais com poucos neurologistas.