HUMANIZAÇÃO DOS ANIMAIS
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA
DEONTOLOGIA E MEDICINA LEGAL VETERINÁRIA
HUMANIZAÇÃO DOS ANIMAIS
1ª VA
Docente: Andrea Alice
Discentes: Lidiana Holanda
Mayara Tenório
Milena Albuquerque
Pryscila Miranda
Turma: SV1
Recife, outubro de 2011
INTRODUÇÃO
A humanização dos animais ou a antropomorfização consiste em atribuir aos
animais características humanas que comumente são exageros que descaracterizam as
diversas espécies e que frequentemente acarretam em consequências que vão de
encontro ao bem estar animal.
Com base no conhecimento construído nas aulas de Deontologia e Medicina
Legal Veterinária abordar-se-á a humanização animal em todos os seus aspectos.
HISTÓRICO DA RELAÇÃO HOMEM – ANIMAL
A princípio a relação entre os homens e os animais era apenas utilitarista, onde o
homem mesolítico passou a domesticar os animais domésticos para que os mesmos
protegessem suas cavernas, ajudassem na caça e em seguida algumas espécies passaram
a ser criadas para que servissem de alimentação para a população humana, isso foi um
passo muito importante para o desenvolvimento das primeiras civilizações, visto que, o
homem agora não dependia apenas da caça para suprir suas necessidades nutricionais,
tinha reserva de alimentos vivos junto ao desenvolvimento da agricultura. Tal relação
teve inicio por volta de 25.000 e 50.000 anos atrás.
O primeiro indício concreto de um elo de emoção entre um humano e um animal
data de 12 000 anos: são restos fossilizados de uma mulher abraçada a um filhote de
cão, encontrados no Oriente Médio.
Com o passar do tempo ouve mudança na relação entre homens e animais, onde
o afeto passou a ser o principal motivo para o convívio entre as espécies. O que
obviamente não significa que atualmente não exista ainda a forma arcaica de
relacionamento descrito anteriormente.
Pesquisas realizadas em todo mundo reafirmam a mudança constante com que
nós, humanos, nos relacionamos com as demais espécies principalmente os cães e gatos.
Atualmente mais até do que amigos, bichos de estimação são hoje vistos como filhos ou
irmãos em boa parte dos lares que os acolhem. Na Europa e nos Estados Unidos, o
percentual de donos que consideram seus bichos como familiares já chega a 30%. No
Brasil, de acordo com pesquisas da multinacional francesa Evialis, uma das maiores
fabricantes de alimentos para animais de estimação no mundo, esse índice é de 10% -
mas aponta para cima (VEJA, 2009).
As transformações na relação entre pessoas e bichos vêm a reboque de
mudanças na demografia humana. Na natureza, quando o espaço de habitat encolhe, a
tendência das populações é cair.
Com cães e gatos está ocorrendo o contrário. Quanto mais confinados, mais os humanos
parecem adotar animais. Trê fatores os principais responsáveis pelo aumento da relação
com os animais:
Encolhimento das famílias. Hoje são raros os casais que optam por ter mais de
um ou dois filhos
O crescimento do contingente de pessoas que vivem sozinhas nas grandes
cidades e buscam um companheiro animal
Famílias em que os filhos adolescentes ou adultos ainda moram com os pais
Há hoje no Brasil 34,4 milhões de cães, um para cada seis brasileiros. Quando se
põem os gatos na conta, a relação é de um animal para cada quatro humanos, o país
detém a segunda população canina do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
O MERCADO
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de
Estimação, a Anfal Pet existem cerca de 40 000 pet shops espalhados pelo país. Em
proporção à população de cães e gatos, esse número estabelece a realação de um desses
estabelecimentos para cada 1.200 bichos contra uma farmácia para cada 2.600 pessoas
no Brasil.
No Brasil, o mercado de produtos e serviços de luxo para animais de estimação
está em expansão. Nesta semana, uma variedade impressionante de artigos do gênero,
de jóias a roupinhas de grife, e já existem desfiles de moda pet e feiras de produtos e
serviços pet como a que ocorrerá em São Paulo em outubro deste ano, que já se
encontra em sua décima edição.
A cada vez mais opções para atribuir aos cães características humanas, e essas
opções perpassam de roupinhas de marca e jóias de luxo, o mercado passa a oferecer
tratamentos de beleza que descaracterizam a espécie o que pode resultar em alterações
mentais ao animal que passa a não mais se reconhecer como tal. As consequências
podem ser irreversíveis. “Ainda que muitos donos sejam bem-intencionados, algumas
práticas não deixam de ser cruéis”, afirma. Izabel, da União Internacional Protetora dos
Animais. (Época, 2011).
Em contra partida aos serviços que cada vez mais humanizam os animais
aprovou-se a RESOLUÇÃO Nº 877, DE 15 DE FEVEREIRO DE 2008 que em seu
Art. 7° afirma:
“Ficam proibidas as cirurgias consideradas desnecessárias ou que possam
impedir a capacidade de expressão do comportamento natural da espécie,
sendo permitidas apenas as cirurgias que atendam as indicações clínicas.”
HUMANIZAÇÃO DE ANIMAIS
O termo “humanização” se refere à atribuição de características e sentimentos
humanos aos animais.
De acordo com Marco Ciampi, presidente da Associação Humanitária de
Proteção e Bem-Estar Animal (Arca Brasil); “O animal precisa ter como referência
outro de sua espécie, não o ser humano; e com isso, muitos sofrem crise de
personalidade.”
Humanizar os animais é tão prejudicial e danoso quanto a mutilação, abandono,
sofrimento e descaso; e pode trazer problemas e prejuízos psicológicos tanto para os
donos quanto para seus bichinhos de estimação. Também promove a perda da
identidade dos animais, os quais passam a sofrer das mesmas coisas que os humanos
sofrem.
Com inúmeras opções para o cuidado dos animais (mercado PET), eles podem
começar a apresentar alterações comportamentais. “Percebendo o exagero de cuidados,
o animal começa a se comportar como uma criança: mimando demais, você perde o
controle”, diz o veterinário Luiz Fernando Sabadine. A agressividade, hiperatividade e
comportamento anti-social são alguns dos sintomas. Na maioria das vezes, as coisas
consideradas erradas são feitas pelo animal na tentativa de chamar a atenção.
Segundo a veterinária e terapeuta animal Ceres Berger Faraco, várias famílias
com “cachorros-problema” são atendidas em seu consultório no dia-a-dia. Geralmente
seus pacientes são cães agressivos e que não podem conviver em grupo justamente por
serem tratados como gente.
A humanização entre outras conseqüências promove o esquecimento por parte
dos humanos, com as necessidades básicas do animal e o tratamento para curar desvios
comportamentais provocados pelo mimo exagerado consiste basicamente na procura de
um profissional especializado, e principalmente na mudança de atitude do proprietário
em relação ao seu animal.
POR QUE EVITAR A HUMANIZAÇÃO?
A humanização dos animais de companhia é altamente prejudical para eles,
desencadeando processos patológicos orgânicos e psicológicos. De acordo com o
médico veterinário Luiz Fernando Sabadine. “Quando ocorre a humanização dos
animais de companhia, eles perdem a sua identidade e passam a sofrer das mesmas
coisas que os humanos sofrem”, afirma. Os problemas psicológicos dos animais vêm
crescendo cada vez mais, com excesso de humanização sofrem de solidão e problemas
emocionais.
Submetidos a cuidados excessivos, capazes de gerar dependência e ansiedade, e
alimentados com quitutes inadequados, cães e gatos vêm convivendo cada vez mais
com a gastrite. Estados depressivos podem alterar comportamentos, mudar atitudes e
predispor a doenças. Ansiedades podem provocar diarréias, apatias, automutilação e a
agressividade também pode aumentar.
Muitas vezes os animais de estimação podem assumir o estresse dos humanos
afetando o estado físico e emocional dos animais. Assim como seus donos, eles também
sofrem com os efeitos da vida moderna. Além de transportar os encargos das pessoas,
os animais - especialmente criaturas selvagens - têm suas próprias fontes de estresse. E
para estes seres que dispõem de mecanismos não-mentais para perceber o mundo à sua
volta, não é nada fácil lidar com isto.
O estresse provoca o corpo para liberar hormônios - adrenalina e cortisol. Estes
hormônios causam aceleração na freqüência cardíaca e respiração, afetando o sistema
imunológico, também afeta o sistema reprodutivo, reduzindo a libido e os hormônios
reprodutivos, o que, em última instância, aumenta o risco de doença cardiovascular.
O fornecimento de brinquedos aos animais de companhia pode provocar
problemas gastrointestinais, como corpos estranhos no trato gastrointestinal. O uso de
shampoo e perfumes afetam o olfato do animal que é como se fosse à visão para os
humanos. Os animais possuem sensores nos coxins plantares que também são
prejudicados por uso de botas e sapatinhos. Banhos excessivos provocam o declínio do
sistema imunológico podendo ocasionar em dermatites.
CONSEQUÊNCIAS
Os cães e os gatos vão apresentar muitos problemas gastrointestinais por conta
da alimentação inadequada que recebem de seus proprietários, como gastrite, por
exemplo. Vem ocorrendo também que pessoas que não querem comer carne – por
implicar a morte de um outro ser vivo – estão impondo a seus cães domésticos dietas
vegetarianas ou veganas, ainda mais radicais. Os veganos não comem nenhuma espécie
de proteína de origem animal, como leite. Aplicar esses valores aos animais de
estimação representa, para muitos, uma manifestação de respeito. Mas obrigar cães e
gatos a viver de vegetais e passar o dia sozinhos dentro de apartamentos representa uma
prova de carinho? Isso nada mais é do que uma forma de antropomorfizar os animais,
obrigando-os a ingerir os mesmos alimentos dos seus proprietários. Mas não se pode
esquecer que os cães são carnívoros e necessitam se alimentar de carne.
No ano de 2010, a treinadora Dawn Brancheau tinha 40 anos e trabalhava no
parque SeaWorld de Orlando, nos EUA, desde 1994, foi morta depois de ter sido
atacada por uma orca durante uma apresentação. Esse fato é um exemplo do que muitas
vezes o Homem se esquece, é que animais selvagens, sejam marinhos ou terrestres, são
seres desprovidos de racionalidade. E “ataques” realizados por Gigantes Selvagens nem
sempre têm a intenção de matar, quem quer que seja. Humanizar seres selvagens
maravilhosos, como Orcas, Macacos, Onças, Elefantes, entre outros, não é como brincar
ou adestrar os cães. A relação entre Homem e um animal selvagem sempre irá implicar
em risco. E, portanto, deve ser respeitosa, obedecer a limites e normas de segurança.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A humanização dos animais é algo muito perigoso, pois tem a tendência de
tornar o relacionamento unilateral, assim trazendo benefícios apenas para o ser humano.
Pessoas adquirem animais de estimação sem se preocuparem com as reais
exigências e responsabilidades que o animal em questão necessita. Seguem tendências
de modismo, impulsos consumistas e acabam esquecendo que estão lidando com seres
vivos de características próprias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://www.orkut.com/CommMsgs?na=2&nst=61&tid=5405704370789079917&cmm=363137&hl=pt-
BR, Acesso em: 12.10.2011
Resolução nº 877, de 15 de fevereiro de 2008
PL 215 - 2007 Institui o Código Federal de Bem-Estar Animal