Responsabilidade social das empresas e valores humanos - Filipe almeida
Humanização do trabalho e a responsabilidade social das empresas kaminhos
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18/2/2014 Humanização do trabalho e a responsabilidade social das empresas - Kaminhos.com
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Pág. inicial / OpiniãoOs artigos publicados nesta secção são da exclusiva responsabilidade dos seus autores.
Humanização do trabalho e a responsabilidade social dasempresas
OPINIÃO: Cláudio Teixeira *
19-6-2006
Dizer “humanização do trabalho” é evocara dimensão que é óbvia (o trabalho é umacto humano...), mas...escondida poroutras dimensões: - na gestão, otrabalho é, sobretudo, um custo... areduzir; - em termos de “modernizaçãotecnológica”, o trabalho é “auxiliar” ou“assistente” do equipamento, e estequanto mais automatizado melhor; - emais recentemente, tem-se tentado
desvalorizar a sua dimensão jurídica (por exemplo, tentativas de tirar ao “direitode trabalho” o seu estatuto específico). A dimensão humana do trabalho é,assim, como que o importante esquecido: importante...no discurso (“qualificaçãodos recursos humanos”, “capital humano”...) e esquecido... na prática (gestão,economia, política). Nesta reflexão, após uma indicação breve de valores dereferência, centrar-me-ei nas questões que estão subjacentes ao tratar-se de“humanização do trabalho”, e finalmente abordarei alguns aspectos da“responsabilidade social das empresas”.
1. Valores de referência
- Dignidade do Trabalho A ênfase ética que a Doutrina Social da Igreja coloca na Dignidade do Trabalho está bem expressa no facto de o recente Compêndio da Doutrina Socialda Igreja, no seu capítulo VI “O Trabalho Humano”, ter um subcapítulo significativamente intitulado “A Dignidade do Trabalho”. Apenas algumas citações: - “A pessoa é o parâmetro da dignidade do trabalho: “Não há dúvida nenhuma, realmente, de que o trabalho humano tem o seu valor ético, o qual,sem meios termos, permanece directamente ligado ao facto de aquele que o realiza ser uma pessoa” (nº 271. do Compêndio, com citação daLaborem Exercens). -“Na consideração das relações entre trabalho e capital, sobretudo em face das imponentes transformações dos nossos tempos, deve-se entenderque”o principal recurso” e o “factor decisivo” nas mãos do homem é o própriohomem, e que “o desenvolvimento integral da pessoa humana não contradiz,antes favorece a maior produtividade e eficácia do trabalho” (nº278. do Compêndio, com citações da Centesimus Annus).
- “Trabalho Decente” Com uma ênfase mais institucional/normativa (mas com preocupações éticas expressas, por exemplo citando até a encíclica LE...) é esta a
finalidade global do movimento que o Director-Geral da O.I.T., Juan Somavia lançou em 1999, com quatro grupos de objectivos referentes a: - direitos no trabalho; - emprego e trabalho; - protecção social; - diálogo social.
- “Participação/Democracia no Trabalho” Com uma acentuação maior da dimensão organizacional e empresarial e
tentativas de efectivar no quotidiano da organização do trabalho valoresdemocráticos que, em certas situações, já tinham a sua tradução, por exemplo,em estruturas representativas dos trabalhadores, desde os anos 60 do séculopassado (Noruega) e sobretudo nos seus anos 70 e 80, surgiram, na Europa eoutras partes do mundo, práticas consideradas de “Novas Formas deOrganização do Trabalho”, de “Qualidade de Vida de Trabalho”, a que mesmoinstitucionalmente a União Europeia aderiu.
Estes valores de referência influenciam esta reflexão.
2. “Humanização do Trabalho” – questões subjacentes
Que questões estão por detrás desta preocupação? A meu ver duas:
- AS CONDIÇÕES em que trabalhamos...são HUMANAS? - O TRABALHO que temos para fazer ...que CONTEÚDO HUMANO tem? Isto é, a “Humanização do Trabalho” tem a ver com:
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Breves
uma proposta da direcção, no sentido de atribuiraos empresários Artur Costa Pais (Turistrela) e
João Magalhães (Intermarché da Covilhã), o títulode associados de mérito.
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EXPOSIÇÃO NO FUNDÃO MOSTRA HISTÓRIADOS PAPAS ATRAVÉS DA IMPRENSA
EUROPEIA
A Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade, noFundão, apresenta até 20 de abril a exposição"35 anos de história da Igreja Católica: eleição,falecimento e demissão de papas".
Os acontecimentos são retratados através depáginas de jornais de diferentes países europeus.
Entre outras, vão estar em exposição primeiraspáginas sobre as mortes de Paulo VI, João PauloI e João Paulo II, assim como a eleição desteúltimo.
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18/2/2014 Humanização do trabalho e a responsabilidade social das empresas - Kaminhos.com
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Isto é, a “Humanização do Trabalho” tem a ver com:
(2.1) CONDIÇÕES/ESTATUTO do Trabalho
e tem também a ver com o
(2.2) CONTEÚDO do Trabalho
2.1 As pressões para a “desvalorização do trabalho”
Uma tendência marcante dos dias de hoje
(no plano social, económico, político) é o
desvalorizar do enquadramento
institucional/legal do trabalho. Essa
desvalorização traduz-se em pressões no
sentido de diminuir o que se considera
“restrições” ao “livre” jogo do mercado,
nomeadamente restrições derivadas das
legislações laborais que são vistas como
impeditivas de uma necessária
flexibilidade. Trata-se, por outras palavras,
de pressões para a “desregulação” dos mercados.
As consequências que estas pressões têm sobre as condições e sobre o
estatuto do trabalho são variadas. Algumas, por exemplo e mais em termos de
estatuto do trabalho:
- cada vez mais formas de trabalho “atípicas” (ex. contratos a termo,
indiferença a “categorias profissionais”...);
- fraqueza e até inexistência de vínculos laborais;
- tempo de trabalho cada vez mais instável ou imprevisível, impossibilitando
coordenação/conciliação entre trabalho e vida pessoal e familiar (e aqui, por
razões socioculturais, os trabalhadores mais afectados
são mulheres...);
- à desregulação das formas e do tempo de trabalho corresponde a
desregulação de remunerações (até parece já ter regressado a “jorna”!...);
- o trabalho é, sobretudo, um custo de que as empresas procuram libertar-se,
tornando-se cada vez mais um custo variável e a reduzir;
- a relação de trabalho tende a ser cada vez mais "individualizada” (menos
enquadrada colectivamente, quer em termos organizacionais quer em termos
jurídicos).
Outras consequências, em termos do significado mais tradicional da expressão
“condições de trabalho” (“higiene e segurança no trabalho”), são o aumento de
riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores, para o que, por exemplo,
instituições nacionais e da EU chamam a atenção e controlam (referência a
inquéritos nacionais e da “Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de
Vida e do Trabalho”).
É próprio do ser humano, e mais a mais como trabalhador, viver com: algum grau
de previsibilidade do seu tempo, do futuro;
algum enquadramento/regras de comportamento seu e dos outros;
sentimento de ser respeitado como pessoa, com a sua vida pessoal e familiar e
como trabalhador.
Ora, é caso para nos interrogarmos: condições e estatuto de trabalho que não
respeitem isto podem considerar-se condições humanas de trabalho?...
A desvalorização do trabalho a que poderia chamar “individualização
indiferenciadora” é contraditória com o discurso da “importância das pessoas”,
assim como também é paradoxal haver apelos à cooperação nas relações de
trabalho ao mesmo tempo que se reforça a cultura da hierarquia e da
supremacia do “chefe” ( o que, na cultura portuguesa, acentua lados negativos
tais como o autoritarismo e o incómodo/fuga perante o ter que decidir – elevado
índice de “controlo da incerteza”, isto é, de necessidade de ter a incerteza
controlada...).
Mas também há que perguntar se os trabalhadores não “desvalorizam” também
o trabalho quando o consideram só um “ganha-pão” (ou são forçados a isso...).
Face às pressões no sentido da desvalorização do trabalho, temos, felizmente,
contra-pressões, de que uma das mais salientes é o movimento/programa da
O.I.T., lançado em 1999 com o Relatório do seu Director-Geral, Juan Somavia, no
sentido de “promover oportunidades para que mulheres e homens obtenham um
trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e
dignidade humana”. O objectivo, a alcançar, de “trabalho decente” “não é apenas
a criação de empregos, mas a criação de empregos de qualidade aceitável.
A quantidade de emprego não se pode divorciar da sua qualidade. Todas as
sociedades têm uma noção de trabalho decente, mas a qualidade de emprego
pode significar muitas coisas. Pode relacionar-se com diferentes formas de
trabalho, mas também com diferentes condições de trabalho, e ainda com
sentimentos de valor e satisfação...”
2.2 A “humanização do conteúdo do trabalho.
E, assim, entramos já no domínio da questão do conteúdo do trabalho:
O TRABALHO que temos para fazer...que CONTEÚDO HUMANO tem?
Apesar de as condições de trabalho terem sido, e ainda serem, tema
predominante na legislação do trabalho e nas “relações laborais” (cf. recente
“Livro Verde sobre as Relações Laborais”...), a “humanização do trabalho”
ligando as condições de trabalho e a organização do trabalho à “melhoria da
qualidade de vida de trabalho” (“improvement of quality of working life”) esteve na
Serra da Estrela www.serradaestrela.com
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qualidade de vida de trabalho” (“improvement of quality of working life”) esteve na“moda”, na Europa nos meados dos anos 70 e nos anos 80 (por exemplo, na
Alemanha em meados de 70 houve um programa governamental chamado
mesmo “humanização do trabalho”, e na França foi criada a ANACT- “Agence
Nationale pour l’Amélioration des Conditions de Travail”...), depois dos
antecedentes escandinavos (Programa de Democracia Industrial, na Noruega e
o movimento para a “Reforma do Trabalho”, na Suécia e inspirado nos exemplos
noruegueses). Falou-se bastante, e “praticou-se” alguma coisa, (em vários
outros países, incluindo Portugal), de “Novas Formas de Organização do
Trabalho” (NFOT) e pode mesmo dizer-se ter havido um “Movimento para a
Qualidade de Vida no Trabalho”. A própria Comissão Europeia em 1975 criou a
“Fundação Europeia para a Melhoria de Condições de Vida e de Trabalho”, e até
mais recentemente (1997) lançou um Livro Verde “Parceria para uma Nova
Organização do Trabalho”
Mas as questões do conteúdo do trabalho não tiveram o relevo/protagonismo que
tiveram primeiro as das “formas de participação”, mesmo quando se
introduziram “formas participativas de organização do trabalho” ou NFOT...
O “conteúdo do trabalho” aparece muitas vezes como questão de psicologia
relacionada com motivação/envolvimento, com conteúdo cognitivo, e por isso, poraparecer como algo reservado a psicólogos, tende a ser esquecido pelos
actores mais relevantes: trabalhadores e seus representantes, empresários ou
gestores e responsáveis políticos.
Mesmo as questões do “stress”, por exemplo, que não são só questões de
condições de trabalho, pouca atenção recebem ao tratar-se de organização e
conteúdo do trabalho, apesar de haver muita investigação empírica, incluindo
investigação médica, que, quanto ao “stress” ocupacional, mostra relações
existentes entre componentes de conteúdo do trabalho e “stress”: por exemplo,
relação entre autonomia e exigências psicológicas...
Este obscurecimento do conteúdo do trabalho também se verifica, quando o
discurso da “Qualificação dos Recursos Humanos” põe em relevo a formação, a
“Aprendizagem ao Longo da Vida” e até a chamada “Organização Qualificante” ou
“Organização Aprendente”.
Ora, há aspectos do conteúdo do trabalho que são factores de "qualificação” ou
de “desqualificaçâo” e obsolescência de competências, nomeadamente os
relativos a autonomia, conteúdo cognitivo e comunicação relacional, e que têm
implicações em formas e práticas de gestão “organizacional”... (refª a exemplos
de questões sobre “conteúdo formativo” do trabalho...).
O caso específico de Portugal:
A esmagadora % de micro e pequenas empresas parece fazer com que sejam
muito mais importantes as relações hierárquicas e de pequenos grupos.
Questão: então os aspectos atrás referidos deixam de ser relevantes?... Mas o
saber para quê se faz isto ou aquilo, o saber a quem serve (qual é o “cliente”?), a
qualidade do serviço ou do produto, os custos: lidar com tudo isso não continua a
ser pertinente para quem trabalha?...
3. Responsabilidade Social das Empresas (RSE)
3.1 A Empresa como “Bem Social”
A nosso ver, considerar a empresa como “Bem Social” é que poderá dar sentido
ou fundamento à sua “Responsabilidade Social”. É isso mesmo que dizemos no
livro publicado pela CNJP “Cidadania activa. Desenvolvimento justo e
sustentável” (ed. Cidade Nova, 2005) , nomeadamente na parte intitulada “Os
novos horizontes da inovação.
Fazer da empresa um bem social”:
“Partimos do pressuposto de que a empresa é um bem social (e não mero bem
económico) ao qual está associada uma responsabilidade social (e não mero
objectivo de eficiência económica e maximização do lucro).
É a nossa aposta numa “empresa cívica e socialmente responsável” (op.cit.,
p.103). E, depois de explicitarmos alguns valores que integram esse conceito de
empresa (tais como a participação na empresa e a justiça nas relações),
salientamos que, além de assegurar a justiça nas remunerações, “a empresa
enquanto bem social deverá estabelecer uma política de qualidade das
condições de trabalho, de higiene, saúde e segurança e de estabilidade de
emprego”, o que implica também “oferecer aos seus trabalhadores condições derealização pessoal no trabalho e de participação na empresa...” (op.cit., p.113).
O que está aqui subjacente, em termos de Doutrina Social da Igreja, é o primado
do homem sobre o trabalho (“...embora seja verdade que o homem está
destinado e é chamado ao trabalho, contudo, antes de mais nada o trabalho é
“para o homem” e não o homem “para o trabalho”, “Laborem Exercens”), a que
corresponde também o outro princípio do primado do trabalho sobre o capital,
que não deveria ser esquecido pelos detentores do poder de decisão
empresarial. E, a propósito, citamos de novo (op.cit. p.115) a LE: “...continua a ser
inaceitável a posição do capitalismo “rígido”, que defende o direito exclusivo da
propriedade privada dos meios de produção, como “dogma” intocável na vida
económica. O princípio do respeito do trabalho exige que tal direito seja
submetido a uma revisão construtiva, tanto em teoria como na prática”.
Após chamarmos consequentemente a atenção para que as empresas não
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Após chamarmos consequentemente a atenção para que as empresas não
secundarizem a dimensão humana nas suas estratégias, fazemos as seguintes
perguntas que vale a pena repetir:
-“Os trabalhadores são apenas recursos descartáveis?
- Ou são actores principais que não podem ser ignorados?” (op.cit.,p.115)
3.2 O essencial do conceito de “Responsabilidade Social das Empresas”
É relativamente recente o protagonismo das ideias de códigos de conduta ética e
de “responsabilidade social das empresas” no discurso da gestão e no discurso
político.
Não referindo agora factos e razões que poderão explicar esse fenómeno, vale a
pena desde já salientar iniciativas institucionais que, no plano europeu e em
planos internacionais mais amplos, têm promovido a adopção de princípios e
regras empresariais correspondentes a preocupações éticas e de
responsabilidade social e ambiental.
Assim:
- Pacto Global – Cidadania Empresarial na Economia Mundial (lançado em 2000,
pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan);
- Declaração Tripartida sobre as Empresas Multinacionais e a Política Social
(O.I.T. 1998);
- Orientações para as Empresas Multinacionais (OCDE, 2000)
- Livro Verde Promover um quadro europeu para a responsabilidade
social das empresas (lançado pela Comissão Europeia em Julho/2001)
Em Portugal, uma empresa portuguesa (a “Novadelta”) obteve em 2002 a
certificação de responsabilidade social SA8000 (norma internacional “Social
Accountability”), o Conselho Económico e Social elaborou, em 2003, um “Parecer
de Iniciativa sobre a Responsabilidade Social das Empresas”, a ACEGE
(Associação Cristã de Empresários e Gestores) publicou o seu CÓDIGO DE
ÉTICA dos EMPRESÁRIOS E GESTORES, e várias grandes empresas têm
publicado relatórios de “responsabilidade social”.
O Livro Verde da Comissão Europeia, atrás referido, acolhe o conceito de
responsabilidade social que é mais consensual e que a “define” como “aintegração voluntária de preocupações sociais e ambientais por parte das
empresas nas suas operações e na sua interacção com outras partes
interessadas”. O acento tónico é posto no aspecto voluntário, no não se restringir
ao cumprimento de todas as obrigações legais, no “ir mais além através de um
“maior” investimento em capital humano, no ambiente e nas relações com outras
partes interessadas e comunidades locais”.
Concretizando, poderemos incluir no conceito de RSE domínios tais como
(seguindo “Cidadania activa...”, p.121-122):
- criar bens e serviços de qualidade...;
- contribuir financeiramente para o funcionamento da sociedade (obrigações
fiscais, apoio a projectos socialmente importantes);
- promover boas condições de trabalho e de desenvolvimento humano e
profissional dos trabalhadores e garantindo-lhes efectivas condições de higiene
e segurança, promovendo e apoiando a qualificação profissional, permitindo a
participação dos trabalhadores na empresa, através de estruturas
representativas e garantindo um funcionamento democrático da empresa;
- reforçar a posição concorrencial, nomeadamente respeitando os
concorrentes...;
- contribuir para a segurança social, a igualdade de tratamento dos cidadãos ecidadãs e respeitando a diversidade cultural, quer no funcionamento da própria
empresa quer apoiando, por exemplo instituições particulares de solidariedade
social e formas complementares de segurança social para os seus
trabalhadores;
- assegurar um ambiente sustentável e proteger os recursos naturais...
Sabemos que este tipo de “responsabilidade social” não é o dominante na
prática empresarial, mas também é verdade que há empresas que se esforçam
por ser social e ambientalmente responsáveis, e que, além disso, há formas de
organização empresarial tais como cooperativas que coerentemente deveriam
ser exemplares nesse sentido. Mais ainda, há exemplos de empresas que são
geridas em verdadeira fraternidade e partilha cristãs, nomeadamente as que se
inserem no Movimento de “Economia de Comunhão”.
Ora, a difusão de boas práticas e a sua confirmação independente e
transparente (auditoria ou certificação) contribuirá certamente para que se reforce
a implantação da RSE, e para que as estratégias empresariais tenham mais em
conta o seu impacto sobre as comunidades onde se inserem e em planos
sociais mais amplos.
Como dizemos em “Cidadania activa...”, “o emprego... é a realidade em que o
impacto social da actividade empresarial mais se faz sentir...” (p.124). Por isso,
3.3 A gestão preventiva do emprego é um desafio à RSE
Vale a pena citar integralmente o que dizemos a esse propósito:
“É uma questão de estratégia para a economia nacional e europeia, mas
também de gestão socialmente responsável da empresa. Com efeito, não se
trata só de assegurar/estimular criação de emprego - mais emprego -, mas
também ou principalmente de promover a qualidade do emprego.
Isto passa por melhor qualificação e por actividades que a estimulem. Para tal,
são necessárias mais oportunidades de formação, e condições efectivas quepermitam e estimulem a formação ao longo da vida..., mas também é preciso
que o funcionamento da empresa se baseie numa gestão e organização do
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* Doutor em Organização e Gestão de Empresas ISCTE Ka
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que o funcionamento da empresa se baseie numa gestão e organização do
trabalho em que haja um “conteúdo formativo” do próprio trabalho, isto é, em que
as competências e qualificações se desenvolvam e não se atrofiem. Deste
modo, as competências e qualificações terão o potencial necessário para as
mudanças que venham a impor-se, especialmente as tecnológicas. Isto é “estão
prevenidas” para isso: daí a expressão “gestão preventiva do emprego”...
(“Cidadania activa...”, op.cit. p.125).
Facilmente daqui se depreende que a questão do conteúdo humano do trabalho
tem importância para além dos aspectos de psicologia e que, portanto a
qualificação e a “empregabilidade” também aí se devem fundamentar.
Intervenção no Colóquio – debate LOC Covilhã, 17/06/06
Trabalhadores são descartáveis?
Ou a responsabilização social das empresas dá outros lucros?
A globalização da economia
OPINIÃO: Manuela Silva *
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