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ENTREVISTA: DOUGLAS COSTA | MONOCICLO: MERCADO DESEQUILIBRADO | QUANDO EX-JOGADOR ENTRA EM CAMPO | PLANEJAR, CRIAR TáTICAS, TOMAR DECISõES: ISSO é VELEJAR | A FáBRICA DE TALENTOS DO MINAS TêNIS CLUBE | COPA KAISER | E MAIS... Publicação mensal de marketing aplicado ao esporte #04 | setembro 2010 ISSN 2177-8612

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http://revistacompetir.com.br/pdfs/ed04.pdf

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ENTREVISTA: douglAS coSTA | MoNocIclo: MERcAdo dESEquIlIbRAdo | quANdo Ex-jogAdoR ENTRA EM cAMpo | plANEjAR, cRIAR TáTIcAS, ToMAR dEcISõES: ISSo é VElEjAR | A FábRIcA dE TAlENToS do MINAS TêNIS clubE | copA kAISER | E MAIS...

NA polE poSITIoN bRASIlEIRA | douglAS coSTA

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arketing aplicado ao esporte

#04 | setem

bro2010#

04 | setembro2010

ISSN 2177-8612

As NOVAS Wilson® BLX PRO Super Six e Six agora

nos principais torneios, utilizadas por Juan Martin

Del Potro, Feliciano Lopez e muitos outros jogadores

que usam a família de raquetes BLX PRO.

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O curso MBA Gestão e Marketing Esportivo oferece qualificação para profissionais

na área de gestão, marketing e comunicação esportiva, desde 2002, em parceria

com a Brunoro Sports Business.

São Paulo

Rio de JaneiRo

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Revista Competir Sports Marketing

Uma publicação mensal da Editora dos Andes

Publisher Marcos Muanis Rocha

Diretora Izabel Muanis Rocha

ReDação

editora Daddy Mallagoli

Repórteres Caio Dib, Lidiane Aires, Mariana Sayad, Oldair

de Oliveira e Santiago Sabella

Colunistas Amir Somoggi, Augusto Nunes, Christian Kittler,

Lucia Kouri, Marco Antonio Siqueira e Wesley Cardia

Colaboradores do Respiro Alexandre Sayad, Ana Lúcia

Severo, Hugo Penteado, Izabel Rocha, Kevin Kraus, Marce-

lo Copello, Paulo Bueno, Raíra Venturieri, Sylvio do Amaral

Rocha e Zé Helder

articulista Paulo Velasco

aRte

Direção de Criação Meu Estúdio (www.meuestudio.com.br)

Ilustrações Meu Estúdio e Alice Freire

Projeto gráfico Estúdio Guará (www.estudioguara.com.br)

ComeRCIal

Comercial

([email protected])

Diretor Comercial Roberto Ochiai

([email protected])

assInatuRas

[email protected]

Impressão InterGraf

Distribuição e logística JJDS (www.jjds.com.br)

tiragem 12 mil exemplares

Revista Competir sports marketing

endereço Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 3189, casa 3,

sala 01, Jd. Paulistano, 01401-001, São Paulo, SP

site www.competirsportsmarketing.com.br

e-mail [email protected]

É proibida a cópia, divulgação ou reprodução do conteúdo ou

parte dele sem autorização prévia e formal da Editora dos Andes.

2010 Propriedade Intelectual e Direito de Publicação:

Editora dos Andes.

Caro leitor,

MarCos Muanis roCha

Percebemos nos últimos dias a criação ou fusão de grandes grupos de

marketing esportivo: a 9ine, com o fenômeno Ronaldo e o grupo inglês

WPP, a Sport Strategy, união entre o Brunoro e a Ivestmark, braço

esportivo da Neogama, a Octagon Brazil (compra da Agência B2S pela

global Octagon). Somamos a estas o forte grupo ABC e os passos da Globo

e RBS no mercado, com a criação da Geo Eventos. O que tudo isso nos

mostra? A consolidação do mercado de marketing esportivo.

Engana-se quem pensa que estes acontecimentos só ocorrem por causa

da Copa e da Olimpíada no Brasil. Estes eventos funcionaram como

catalisadores para a criação dessas mega empresas e só reafirma o forte

potencial esportivo do País. A grande vantagem de se ter grandes players

no mercado é a necessidade da profissionalização nas Federações, clubes

e atletas. Com um mercado aquecido e competitivo, o amadorismo e erros

serão duramente punidos e perder espaço poderá ser fatal.

Ninguém está entrando para perder, e o pós Copa e Olimpíada será ainda

mais intenso: teremos mais eventos e investimentos no setor. Além de

distribuir renda, o esporte tem um forte papel na inclusão social e na

identidade da nação. Cria ídolos, marcas, gera receitas, entretém.

E a Revista Competir, que é mais uma prova da consolidação do mercado,

já vem conquistando seu espaço: o Prêmio Competir, primeiro do segmento

no Brasil, firma-se como uma plataforma de comunicação dos negócios

do esporte e premiará os melhores do ano em cinco categorias: Inclusão

Social Através do Esporte, Mídia, Iniciativa Pública Para a Prática

Esportiva, Empresa Privada e Instituição Esportiva.

Profissionais de diferentes áreas do mercado serão os jurados: Augusto

Nunes, João Henrique Areias, Paulo Velasco, Felipe Awi, Júlio Cardoso,

Celso Foster, Robert Alvarez, Fernando Trevisan e João Alfredo Branco

analisaram os cases inscritos e darão notas. Os três melhores da cada

categoria serão premiados.

Acesse o site www.premiocompetir.com.br e saiba mais. Participe e mostre

ao mercado sua posição. Neste período de consolidação e crescimento,

posicionar-se é fundamental.

Boa Leitura,

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C a r ta s e s u m á r io

CapaNa pole position brasileira

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tendênciaMercado desequilibrado

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CartasAlém da minha impressão sobre a qualidade da revista, levei 5 exemplares para

meus alunos do curso de marketing esportivo da Trevisan Escola de Negócios e

quase saiu porrada... Prometi levar mais 3 que ainda tenho no escritório.

Gostei particularmente de dois textos, um sobre licenciamento (Marco

Antonio Siqueira) e outro sobre branding, do Eduardo Muniz. No primeiro

caso, é exatamente a matéria que estou lecionando na Trevisan, e no

segundo, tem uma grande identidade com o pensamento da Dream, onde

visibilidade é importante, mas não é o centro do universo.

Celso Schvartzer, Diretor de Desenvolvimento Comercial da DreamFactory Sports

Estou escrevendo para dar os parabéns pela iniciativa de lançar uma revista

que trate do Marketing aplicado ao Esporte. Nesta década dos grandes

eventos internacionais no Brasil, tenho certeza que esta publicação só terá

a acrescentar ao mercado esportivo nacional.

Rubens Fava, Agência Retorno de Mídia

Parabéns pelas edições de maio e junho da Competir. Do projeto gráfico aos

textos e pautas, tudo é muito convidativo para mergulhar neste mercado de

marketing esportivo. Para os fãs de esportes, é leitura obrigatória!

Patrick Parmigiani, Editor da Brazil Trade Shows 

Terminei de ler meu exemplar da Competir # 2, ficou fantástica! Se

comparar este exemplar com o # 0, que já causou uma ótima impressão,

parece que a revista avançou uns 3 anos já. Sei que o trabalho não deve

estar sendo nada fácil, mas sigam em frente pois o resultado está chegando

no estado da arte! Parabéns!

André Ignácio, Samtec Biotecnologia Ltda.

Aproveito para parabenizá-los pela iniciativa da Competir Sports Marketing e

também pelo I Prêmio de Marketing Esportivo do Brasil. Eu acredito que projetos

que envolvam esporte e educação contribuirão para a evolução dos cidadãos

brasileiros e, com isso, ara um Brasil melhor, rico em saúde e conhecimento.

Rafaela Mendonça, Rio de Janeiro (RJ)

Na edição de junho, fiquei empolgado com o texto do repórter Caio Dib,

“Dinheiro no Bolso?”, que relata a lei de incentivo ao esporte no Estado de

São Paulo. Gostaria de parabenizar o repórter pela matéria, mas informar que

a lei não funciona! Trabalho com projetos esportivos para beneficiar crianças

carentes e tenho insistentemente entrado em contato com a SELT-Secretaria

de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de SP, e ninguém me atende.

Rodrigo Medina

Parabéns pela revista; é muito cuidada desde a escolha do papel até a

execução das matérias.

Thereza Almeida, diretora do CAPA

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entrevistaDouglas Costa06

Giro14

tendênciaMercado desequilibrado

ProfissionalizaçãoFábrica de Talentos16

52 Viagem54 Literatura55 Música56 Menu: Vinhos57 Menu: Cultura de mesa58 Teatro59 Cinema60 Artes visuais62 Moda64 Sustentabilidade

Gol de placaA felicidade a um palmo e meio da mão (parte 1)

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raio xPatrocínio Esportivo

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respiro51

PerfilDavid Pereira Martins Prates

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saúde e bem-estarSer esportista não é sinônimo de virar monge

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Carque nas LetrasLivros Campeões

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BaseEstrutura profissional para atletas amadores

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Ponto de vistaPor que dirigentes de clubes de futebol, que administram marcas tão valiosas, não são remunerados?

20

opiniãoQuando ex-jogardor entra em campo

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em focoPlanejar, criar táticas, tomar decisões: isso é velejar

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marketing esportivoAs Copas de 2018 e 2022

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marketing esportivoO dia em que o Brasil encolheu

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Foi dada a largada

texto Marcos Muanis e DaDDy Mallagoli

Gerente de marketing do Grupo Petrópolis, Douglas Costa fala sobre as

apostas da empresa ao investir no esporte e onde espera chegar com o Itaipava GT Brasil, evento automobilístico criado no

ano passado

Entrevista

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ouglas Costa responde hoje pelo marketing corporativo e relações com o mercado do Grupo Petrópolis, que abriga as marcas de cerveja Itaipava, Crystal, Lokal, Black Princess, Petra e Weltenburger, além do TNT Energy Drink, lançado em 2009.

Reconhecendo a importância que o esporte tem para o Brasil e os benefícios que pode trazer para suas marcas, o grupo apoia sobretudo o automobilismo – começou em 2008, com o Itaipava Trofeo Maserati, e se consolidou no ano passado com a criação do Itaipava GT Brasil. A marca deixou, assim, de patrocinar apenas uma categoria e passou a emprestar seu nome para toda a competição.

Douglas conversou com a Competir sobre estratégias para expandir a competição, o trabalho para fortalecer seu energético no mercado e as expectativas e investimentos do grupo para os grandes eventos esportivos de que o Brasil será anfitrião.

Revista Competir – Hoje, qual é o negócio do Grupo Petrópolis?Douglas Costa - Bebidas. Há dois anos, era cerveja, que ainda é nosso carro-chefe. Mas ampliamos nossa atuação; temos água, energético. Estamos praticamente figurando como a segunda marca de energético do País, com um ano de lançamento apenas.Quanto aos públicos, a gente sempre trabalha no aspirante, que é classe A-B. Se chegar até a classe D, com o posicionamento de preço que tem que ter, tudo bem. A diferenciação você começa a fazer por embalagem, e por tipo: Malzibier, para o público feminino; Itaipava Fest, para o jovem.

Competir – O energético TNT já está no Brasil inteiro?DC – Não, está no Sudeste, Centro-Oeste, em parte do Sul e em algumas regiões isoladamen-te, como Rondônia. No Nordeste, no restante do Sul, os produtos chegam pelas grandes redes de supermercados, como o Pão de Açúcar. A ampliação disso demanda construção de novas fábricas e aumento de rede de distribuição. Hoje temos quatro fábricas, sendo duas na serra do Rio de Janeiro, e o foco é consolidar nossa presença onde estamos. Depois pretendemos cobrir 100% do Brasil.O curioso é que, ao realizar patrocínio no automobilismo, muitas vezes recebemos propostas do Brasil inteiro, mas é preciso avaliar a área de atuação. Não posso ainda patrocinar um evento, que não seja corrida, no Rio Grande do Sul, que é um local onde não tenho distribuição. Dessa forma, disperso a verba.

Competir - Quais modalidades o Grupo Petrópolis patrocina?DC - Hoje, fortemente as categorias de automobilismo: Itaipava GT Brasil, (GTBR 3 e 4), Stock Car e Fórmula Truck. São as três principais categorias em que temos presença mais forte. A Fórmula 1 veio somar e deu upgrade muito forte pra gente na aposta de investimento no automobilismo. É a corrida número um do mundo e isso nos ajudou.

Competir – E além do automobilismo?DC - Temos o TNT Team Brasil, grupo de atletas de várias modalidades – a gente procura focar não só em esportes radicais, pela associação ao energético TNT, mas também atletas até olímpicos. Tínhamos até pouco tempo o Cielo, que teve contrato finalizado agora, o judoca Flavio Canto, as gêmeas Bia e Branca Feres da natação e outros. Nos radicais, temos gente do salto, wake board, surfe, skate e assim por diante. Também há uma dupla que disputa futevôlei.

Competir – Como você avalia a exposição de mídia que vocês alcançam?DC - Temos um estudo grande, mas te digo que paga o investimento. Em dois atletas patrocinados,

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Uma das estratégias de trabalhar o energético TNT com atletas é tirar o foco de consumo apenas na balada

Dougl a s c osta

ou as competições no automobilismo, por exemplo, você faz um investimento de R$ 3 milhões e obtém retorno de US$ 17 ou 18 milhões de visibilidade – invisto em real e capto em dólar. O Cielo deu, no mínimo, 20 vezes de retorno o valor do investimento, e o paraquedista Luigi Cani igualou e quase superou esse valor, principalmente depois da exposição no programa do Luciano Huck, com uma série de desafios que o atleta gravou para o programa, alguns inéditos.Para automobilismo e Team TNT, temos duas assessorias de imprensa separadas, que também cuidam de avaliar esse retorno. Usamos os dados para discutir as renovações de contratos com os atletas.

Competir – Fale sobre o patrocínio ao GP Brasil 2009 de Fórmula 1.DC - Tudo foi definido aqui. Foi um tiro extremamente certeiro e maior do que a gente imaginou. Fizemos uma avaliação e íamos fechar mais corridas, as últimas seis do ano, mas pela exposição de marca não adiantava, pois o mercado internacional ainda não é tão representativo. Haveria muita dis-persão, então focamos no GP Brasil. Havia a expectativa de o Rubinho ganhar; choveu, Rede Globo fez transmissão de quase quatro horas só do treino e, no domingo, mesmo com o Jason Button sendo campeão, foi ótimo! Me ligou gente da Alemanha dizendo que via nossas marcas, Itaipava, TNT, em tudo o que era foto, nos jornais de lá. Com isso, e com o GT Brasil, que vem se encorpando, tivemos exposição tão forte que a empresa ficou uma loucura; todo dia temos pedidos de patrocínio, o movimento aumento muito, tanto no Brasil, como fora.

Competir – Como o grupo decide quem será patrocinado?DC – Quando há propostas interessantes, nós avaliamos se vale a pena estarmos juntos. Em casos esporádicos, patrocinamos também equipes, como a corrida do Pão de Açúcar. Patrocinamos um ca-deirante que disputou as Paraolimpíadas - antes com a marca da cerveja Crystal, e agora com o TNT.

Competir – Qual a audiência do GTBR 3, é transmitido pela Rede TV?DC - Três pontos, o que a emissora nunca obteve antes no mesmo horário com esporte sem tradição. No sábado, quando transmite só o pódio, chega a três pontos. E é uma categoria interessante, chama a atenção do público, você tem carros de marca que são o sonho de consumo de todo mundo. Isso faz com que o evento tenha visibilidade muito forte. Estamos trabalhando muito para equiparar e, no futuro próximo, até ultrapassar a Stock Car em tamanho de evento. Hoje são oito etapas por ano, to-talizando 16 corridas. A diferença de tempo na Stock Car se torna pequena, pois todos fazem a volta dentro do mesmo segundo. No GT 3, há a troca do piloto, então aproxima, equaliza.

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Competir – Ainda é preciso popularizar o GTBR no Brasil, não?DC – Sim, e temos essa chance com a transmissão. Ela explica para o telespectador o que é, de onde vem, sua tradição na Europa, origem. Faz-se a construção da própria imagem do evento.Vimos fazendo um trabalho forte para levar o público para as arquibancadas. Temos ações em mercados, postos de gasolina, para que o público venha conhecer a corrida e se firme, como já ocorre com o Fórmula Truck e a Stock Car. Isso vem crescendo; já tivemos 14 mil pessoas na arquibancada em São Paulo.

Competir – Por que associar a marca Itaipava ao GTBR?DC – São duas marcas jovens. Para nós, o interessante é patrocinar o esporte, e esse investimento ser-ve como apoio para que a categoria se desenvolva. Estando lá dentro, também vamos nos desenvolver, então é uma associação da nossa marca, principalmente, com as marcas dos carros que correm, que são top, têm uma sinergia legal. É parte da estratégia que a gente trabalha; a Itaipava patrocina hoje categoria onde correm Ferrari, Lamborghini. Temos hoje três equipes: Itaipava Racing Team, TNT Energy Team e Crystal Racing Team; é muito carro.

Competir – E a questão de associar cerveja à direção?DC – Temos a preocupação de trabalhar o consumo responsável; se beber, não dirija; se quer correr, lugar de piloto é na pista de corrida, e não em ruas, estradas.

Competir – Como vocês trabalham as marcas mais segmentadas? Como são direcionados os investimentos?DC - Não é especificamente com patrocínio nos carros ou no evento; como a gente profissionalizou demais essa questão, há cotas de patrocínio. Fazemos esse trabalho dentro do evento, no camarote, onde se servem outras marcas, como a cerveja Black Princess ou a alemã Weltenburger.Para cada uma, temos uma estratégia diferente. A gente parte do princípio que, quanto mais segmentado o produto, mais segmentadas devem ser as ações, e há um peso maior nas ações de ponto de venda. Se comercializo o produto numa rede de restaurantes, tenho que fornecer o kit de apoio – balde do produto, copos, um luminoso legal. Também temos investimentos em mídia; para Weltenburger, Petra e Black Princess, a gente foca principalmente em revistas, e temos feito algum trabalho em TV.Já quando pego marcas de maior volume, como Crystal, Itaipava, tenho que investir tanto em ponto

Além de patrocinar

categorias, Grupo

Petrópolis empresta marca

Itaipava para nomear

competição

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Dougl a s c osta

de venda quanto em mídia. A briga é muito forte nesse mercado. Faz parte do processo de construção de marca ao longo do tempo.

Competir – O que a empresa espera ao patrocinar atletas?DC – Você tem dois aspectos – o do atleta, do desempenho que ele tem: a gente seleciona um time de ponta, dá apoio, mas tem que enxergar que aquilo vai trazer um retorno. E tem a visibilidade que o cara gera. Muitos deles, além de atletas, são celebridades e referência. A gente olha sob esses aspec-tos. O atleta tem que saber fazer seu marketing.É uma parceria legal. Para o Team TNT, a gente apoia também ações fora do contrato; se o esportista vai escalar o Everest, a gente pode dar suporte também, por que não? Preciso investir na pessoa. O atleta compra a ideia de ter o patrocinador com ele. O segredo é fazer a estratégia do seu produto para aquilo que você está patrocinando. Uma das estratégias de trabalhar o energético com atletas é tirar o foco da balada, e oferecer o produto como repositor de energia, que você pode consumir de manhã ou depois de um dia cansativo de trabalho.Não adianta as empresas virem reclamar depois que não tiveram retorno; ela põe dinheiro no atleta, mas não acompanha, não avalia... A agência Multi Solution nos ajudou muito na escolha dos atletas para o patrocínio da TNT. Não é só ter que ganhar; nosso contratos com atletas são justos para os dois lados. Um ponto crucial é não pisar na bola com a imagem, ou caímos fora. O atleta precisa de alguém do lado dele, seja olhando para ele como atleta, ou como celebridade, dependendo do grau de exposição que ele tem.

Competir – A Coca-Cola patrocinará a Fifa até 2022. Com tantos eventos gigantescos ocorrendo no Brasil, o que vocês planejam fazer?DC – Vamos agir de acordo com nossa realidade. Nosso planejamento é pé no chão, de acordo com nosso tamanho. Fechamos parcerias com emissoras na transmissão. Na Copa, fechamos com a Band, fomos um dos cotistas, e ela deu quase 16 pontos de audiência. Para a próxima Copa, já estamos na fila, com o direito próprio de renovação.

Grupo tem hoje as equipes

Itaipava Racing Team, TNT

Energy Team e Crystal

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Também compramos cota de transmissão das Olimpíadas, que será feita pela Record. Fechamos a transmissão dos Jogos Universitários de Cingapura, também com a Record, o que traz uma visibilidade legal. Entendemos que esses eventos são muito benéficos para o Brasil, sobretudo para uma empresa como a nossa, que trabalha com produtos 100% nacionais. Os eventos vão gerar empregos, aquecer o mercado, melhorar o poder aquisitivo. As perspectivas são positivas.

Competir – A concorrência no mercado cervejeiro será ainda mais acirrada, não?DC – Hoje, aparentemente, o mercado brasileiro é de monopólio, mas na verdade não é, e somos a prova disso. Estamos com marcas no mercado há quase dez anos, e hoje estamos em 2ª ou 3ª coloca-ção geral; em algumas praças, até em 1º lugar. Desde que você tenha um bom produto, que realmente entregue o que você venda, o consumidor gosta. A qualidade vem em primeiro lugar. Existe dificuldade, você está brigando com gente grande, Ambev, Heineken, são competidores grandes, mas seguimos nosso caminho com foco em qualidade, bom atendimento e estratégias bem definidas para os pontos de venda.

Competir – Quais os investimentos previstos do grupo?DC - Para 2010, em torno de R$ 60 milhões – para patrocínios, 25% a 30% desse valor, incluindo automobilismo e os demais atletas. Já para 2011, estamos avaliando, pois o mercado muda, cresce, e os investimentos tendem a crescer também.Esperamos ampliar, dar continuidade ao trabalho no automobilismo, fazer crescer o Itaipava GT Brasil, profissionalizá-lo cada vez mais, equipará-lo em audiência e visibilidade à Stock Car, para oferecer ao público mais um espetáculo legal dentro do automobilismo. Também vamos apostar bastante na Copa do Mundo e nas Olimpíadas. É preciso ter maturidade para trabalhar esses eventos; acho importante os empresários estarem unidos, realizar grupos, reuniões que discutam ações para eles. O Brasil não pode errar; isso pontua o presente e ajuda a alavancar o futuro.

Competir - O que é competir para você?DC - Todo mundo compete para vencer. Mas a questão de competir é poder estar presente. Até em questão de mercado, não há competição legal e sadia se você não tem competidores bons. Eu quero mais é competidores difíceis, porque qualquer vitória que eu tiver, vai provar minha competência para estar ali. Se você me perguntar, ‘o que vocês esperam com a chegada da Heineken?’, vou dizer: acho ótimo! Quanto mais aquecido o mercado, mais competitivo, maior a chance de eu mostrar que a gente tem capacidade de vencer, que não tem medo de competir. Muitas vezes, a posição de liderança com folga é exatamente a que traz mais fragilidade.

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Livros sobre esporte, marketing esportivo, campeonatos e competições

– lançamentos ou não – garimpados nos sites de editoras brasileiras e

estrangeiras

Comentários para esta seção podem ser enviados para [email protected].

Craque nas Letras

Livros campeões

texto Lucia Koury

Depois que a editora e poeta Thereza Christina Rocque da Motta viu o gol do Petkovic

do Flamengo contra o Vasco, na final do Campeonato Estadual de 2001, ela nunca

mais foi a mesma. Compreendeu que o futebol é mais que arte, é um nivelador de

classes e espaços, é único. Quase dez anos depois, ela lança um time de poemas, em

um livro que intitulou Futebol e mais nada. Indispensável para quem gosta de fotogra-

fia, poema e futebol.

ISBN 9788589126175, Editora Ibis Libris, 88 páginas, R$ 30,00.

Nascido para correr, lançado no Brasil pela editora Globo, é tradução do Born for run – a

história real de um corredor que não entendia porque seus pés doíam tanto após uma

corrida de apenas 45 minutos. A pesquisa em busca dessa resposta levou-o além dos me-

lhores tênis do mundo. Descobriu uma tribo de índios norte-americanos, os Tarahumara,

conhecidos por correr centenas de quilômetros com meras sandálias, as Huaraches. Além

da versão em português, que custa R$ 49,90 e está à venda nas principais livrarias, o livro

pode ser adquirido na versão digital no site da Amazon.

ISBN 9788525048486, 384 páginas.

Em uma era em que a tecnologia e a medicina do esporte dispõem de recursos para preparar

verdadeiros super-heróis de quadras, pistas, campos e piscinas, não é só o preparo físico, o trei-

namento incansável ou o talento que formam um vencedor.

É o preparo psicológico dos esportistas que faz a diferença. Cabeça de campeão - como a psi-

cologia forma vencedores no esporte e na vida, de François Ducasse e Makis Chamalidis, é, nas

palavras de Bernardinho, “leitura obrigatória para aqueles que militam no universo do esporte e

para todos aqueles que buscam performance de qualidade em suas áreas de atividade”.

ISBN 9788577341061, Editora Casa da Palavra, 280 páginas, R$ 42,00.

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Giro

Em agosto, o goleiro Marcos registrou o feito de completar 500 partidas de futebol

defendendo o Verdão – foi no dia 19, jogando contra o Vitória-BA, pela Copa Sul-Americana.

Na ocasião, o atleta usou uma camisa comemorativa com o número 500 nas costas e, na

frente, um emblema com a letra “M” e a frase “500 jogos honrando o Palmeiras”.

A Topper, patrocinadora oficial do goleiro, também desenhou uma luva e uma chuteira

comemorativa com os dizeres “Marcos 500”.

Entre os goleiros em atividade dos grandes clubes, Marcos só perde, em número de jogos,

para o são-paulino Rogério Ceni, com mais de 900 partidas contabilizadas.

500 jogos pelo Palmeiras

De 22 a 29 de agosto, o Instituto Guga Kuerten realizou em Florianópolis e São

José (SC) a Semana Guga Kuerten, que compreendeu clínicas com Larri Passos

e Fernando Meligeni, bate-papo com eles e também com Alice Kuerten, curso

de capacitação para professores, ilhas de minitênis e ações sócio-ambientais.

Patrocinada pela Ourocard, Centauro, CFL Construções, Angeloni/Samsung

e Instituto Alcoa, a semana possibilitou aos presentes conhecer mais sobre o

esporte e até mesmo jogar com o tricampeão de Roland Garros: “É muito bacana

poder voltar aqui, relembrar a minha infância e ainda estimular a prática do tênis”,

afirmou o atleta que visitou, entre outros pontos, o colégio onde estudou.

O evento sediou ainda a Copa Guga Kuerten, com competições entre jovens

de 12 a 16 anos.

SC respira tênis

Giro

Valorizar os fotógrafos que trabalham nas provas e contemplar os fãs que

acompanham as etapas da Copa Caixa Stock Car: com esse objetivo, foi criado

o concurso, em que profissionais podem inscrever no máximo três fotos, e

amadores, uma foto, após cada prova do circuito.

Depois de selecionadas as fotos vencedoras das 12 etapas, será escolhido pelo júri

técnico a melhor foto da categoria profissional e da amadora. As 12 melhores fotos

participarão de exposições itinerantes em shoppings e em vários pontos de venda

da Goodyear, pelo Brasil inteiro.

O regulamento e todos os detalhes para a participação podem ser obtidos no

www.concursogydefotografia.com.br. O prazo para inscrição e entrega das fotos

será encerrado três (3) dias após o último dia da etapa da competição a que se

refere. As próximas corridas acontecem em 5 de setembro (São Paulo, SP), 19 de

setembro (Campo Grande, MS), 10 de outubro (Londrina, PR), 24 de outubro (Santa

Cruz do Sul, RS), 21 de novembro (Brasília, DF) e 5 de dezembro (Curitiba, PR).

5º Concurso Goodyear de Fotografia

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Marca nacional de calçados e acessórios esportivos, a Tryon apresenta, até outubro, nova

etapa de divulgação de seu comercial televisivo com o ator Lázaro Ramos. Dessa vez, a ação

é específica para a região Nordeste do Brasil, responsável por 17,5% das vendas da marca.

Intitulado “Experimente o conforto”, o filme desenvolvido pela Satélite Comunicação promove

a nova linha e buscando atingir um público que gosta de produtos confortáveis e modernos. A

propaganda reforça sua estratégia de posicionamento, iniciada em 2009, com o lançamento

do slogan “Experimente a vida”, que sugere a valorização do conforto, da versatilidade e do

bem-estar, independente de o consumidor ser ou não um grande esportista. 

Em 2010, a empresa reservou cerca de R$ 7 milhões à publicidade e a ações

promocionais e de relacionamento. Nessa etapa da campanha, as inserções em mídia

televisiva ocorrerão no Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco, Paraíba,

Maranhão, Alagoas, Sergipe e Pauí. 

A Timberland – www.timberland.com.br - lança o tênis TMA Mountain Run-Off Low

em sua coleção Verão 2011, indicado para quem pratica atividades outdoor como

corrida ou trilha e prima por modernidade, design e tecnologia.

Feminino, nos tons de cinza e pink, o produto possui a armação externa que

mantém o pé firme dentro do calçado, suspensão independente que se adapta ao

terreno e palmilhas removíveis e antimicrobianas. O tênis é ecologicamente correto

por possuir o solado Green Rubber, feito com 42% de borracha de pneu reciclado, e

cadarços de PET reciclado.

Tênis ecológico da Timberland

Tryon aposta no Nordeste

A conquista do bicampeonato da Libertadores pelo Sport Club Internacional,

em agosto, inspirou a diretoria executiva de marketing do clube a lançar uma

camiseta comemorativa.

 À disposição dos torcedores na loja oficial do clube - www.lojadointer.com.br - e nas

licenciadas Inter Sport, tem valor sugerido de R$ 49,90. O clube tinha a expectativa

de vender cerca de 30 mil unidades neste primeiro mês de comercialização, e

previsão de arrecadar cerca de R$ 150 mil em royalties.

O Inter é o terceiro clube brasileiro - o primeiro do Rio Grande do Sul - a faturar o bi

do torneio em um intervalo inferior a cinco anos. Antes, somente o Santos Futebol

Clube (62/63) e o São Paulo Futebol Clube (92/93) haviam conseguido tal façanha.

Inter: camiseta comemorativa ao bi

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fá br ic a de ta l en t os

Fábrica de talentos

e fosse uma cidade mineira, o Minas

Tênis Clube seria a 28ª em arrecadação e

a 43ª no ranking populacional. Não à toa, é

considerado um marco no cenário nacional com

inúmeras contribuições ao esporte, educação

e cultura; tornou-se nas últimas décadas um

exemplo de gestão baseada no trabalho por

resultados, aliando modernas práticas de

excelência usadas por corporações que visam a

sustentabilidade responsável.

“Quando o clube foi fundado, em 1935, Belo

Horizonte tinha apenas 38 anos. O Minas instituiu

tradições que se perpetuaram ao longo das

décadas, e foi visitado por artistas e políticos

s

Profissionalização

ilustres, inclusive dois presidentes da República,

Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck”, conta

Sergio Bruno Zech Coelho, presidente no triênio

2008-2010 – Coelho já o presidiu antes por

duas vezes, em 1996 e 1999. “O Minas sempre

teve uma diversificada agenda mensal de

eventos; além de competições esportivas, recebe

espetáculos musicais, de dança e teatro, abertos

ao público e com artistas de todo o País”, afirma

Sergio Bruno, que é formado em Economia e

ocupou de 2000 a 2002 o cargo de secretário de

Estado de Esportes de Minas Gerais, nomeado

pelo governador Itamar Franco.

O clube possui duas unidades urbanas, Minas

Treinos Troféu Brasil 2008

Arena Vivo

Aos 75 anos, o Minas Tênis Clube se consolida como um dos principais centros formadores de atletas do País, ao gerir com responsabilidade recursos captados de parcerias comerciaistexto Santiago Sabella

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Page 19: Document

valores aos do clube, como responsabilidade

social, valorização da educação e do esporte. A

Lei de Incentivo é vista com bons olhos por Sergio

Bruno: “Há muito tempo o esporte carecia de

mais apoio oficial do Governo, que agora veio na

forma da Lei de Incentivo. As empresas investem

em cultura e em esporte seguindo um plano de

marketing, visando alcançar o público envolvido

com esses setores. Clubes como o Minas, que

há décadas lutam praticamente sozinhos para

formar atletas, poderão ver ampliado o rol de

empresas parceiras”.

Os investimentos direcionados às equipes de competição são originários dessas parcerias comerciais. “O patrocínio esportivo

garante amplo retorno de mídia para a marca

ou produto e importantes imensuráveis valores

agregados, como saúde e sucesso”, afirma

Sergio Bruno. A transação de investimentos

nada mais é do que uma troca de contribuições,

já que as equipes vencedoras mantidas pelo

clube garantem o aumento da visibilidade das

marcas investidoras, e estas obtêm grande parte

de seu faturamento desse marketing esportivo.

Divulgados pela diretoria do clube, os números

revelam o sucesso da aposta em patrocínio

esportivo: em 2007, o faturamento foi de R$ 8,6

milhões; em 2008, de R$ 10,5 milhões; e em

2009, saltou para R$ 11 milhões.

A solidez e a boa gestão do clube concederam

à empresa grande reconhecimento no mundo

dos negócios: em 2007 e 2008, o clube

recebeu a Faixa Prata do Prêmio Mineiro da

Qualidade promovido pelo IQM – Instituto de

Qualidade de Minas Gerais. Já em 2008 e

2009, recebeu o Prêmio Minas Desempenho

Empresarial na categoria “Liderança Setorial

– Esporte e Lazer”, concedido pela revista de

economia Mercado Comum.

EscOla dE EspOrtEsO Minas mantém cursos de aprendizagem

em 21 modalidades que alcançam cerca de

11 mil alunos. Os programas “Voluntariado”

e “Esportista Cidadão”, na área de

responsabilidade social, contribuem para a

No topo, V&M/Minas x Praia

Clube/Curiga/Pepsi - Liga

Futsal 2010; no centro, Pitágo-

ras/Minas x Joinville

(NBB 2009/2010);

acima, Torneio Internacional

de Voleibol Feminino/VI

Copa Minas Tênis Clube

s e T e M Bro 2010 | 16 -17

I e Minas II, uma unidade Campestre, o Minas

Country, e o Minas Tênis Náutico Clube, o que

totaliza 471 mil metros quadrados de área à

disposição de 73 mil associados. Nos bastidores

desse grandioso complexo, 930 funcionários e

100 estagiários trabalham para manter as boas

condições de funcionamento.

Dentro dos objetivos do Minas, destacam-

se o gerenciamento de negócios

complementares, a captação de patrocínios,

o fomento da competição no esporte e sua

autossustentabilidade. Em dezembro de 2009, 40

empresas dos mais variados segmentos atrelaram

suas marcas ao Minas Tênis Clube, ligando seus

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fá br ic a de ta l en t os

boa formação sócio-cultural das comunidades

localizadas ao entorno do clube. Em 2008,

o “Voluntariado” arrecadou mais de 23 mil

doações, beneficiando mais de 10 mil pessoas.

O clube conta ainda com uma Escola de Esportes

que disponibiliza o seu know how para 16

franqueados. São várias as suas contribuições

para o desenvolvimento e o bom desempenho

do esporte brasileiro; entre elas, o título inédito

de campeão do Gran Prix Nacional de Judô

Masculino por meio da equipe Belo Dente/

Minas, que também conquistou o troféu Brasil

Interclubes. Alguns atletas do judô, como Ketleyn

Quadros, Helena Romanelli, Érika Miranda, Nacif

Elias, Hugo Pessanha e Luciano Corrêa, colocarão

o nome do clube ainda mais em evidência no

cenário esportivo mundial, uma vez que marcarão

presença no time da Seleção Brasileira de

Judô para a temporada 2010, dentro do Projeto

Londres/2012 da Confederação Brasileira de Judô.

Diego Henrique de Abreu Assis, ou Dieguinho,

tem 22 anos e há 11 treina futsal no Minas. “A

estrutura fornecida pelo clube ajuda em todos os

aspectos. Se eu precisar de psicólogo, de médico,

de qualquer tratamento de fisioterapia, tudo eu

encontro lá. Eles não deixam nada a desejar; é

um clube muito responsável”, afirma o atleta.

Em 2008, jogando pela equipe V&M/Minas, foi

campeão e artilheiro do Sul-americano Sub-20.

No ano passado, o time figurou entre os oito

melhores da Liga Futsal e chegou à segunda fase

da Taça Brasil, e Diego terminou o ano vestindo a

camisa da Seleção Brasileira de Futsal Adulta.

Também no basquete, ginástica artística e

de trampolim, natação, tênis, vôlei feminino e

vôlei masculino o clube desponta com novos

e promissores atletas. Em 2009, o time de

basquete conquistou o tricampeonato mineiro

adulto e levou o terceiro lugar na primeira edição

do NBB e no Torneio Internacional da Cidade de

Joinville. A ginástica também é motivo de orgulho:

conquistou três medalhas de ouro, três de prata

e cinco de bronze no Campeonato Brasileiro

de Trampolim Elite e Junior, além de ter levado

o quarto lugar no Mundial de Trampolim da

Rússia. A natação é a modalidade que mais levou

prêmios pelo clube; destaque para a conquista

do recorde de campeonato e sul-americano nos

400m medley e recorde brasileiro sul-americano

nos 200m medley na etapa de Moscou da Copa

do Mundo de Natação.

Copa do Mundo de Natação

2008 - etapa Belo Horizonte

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Categorias:Empresa PrivadaInstituição EsportivaInstituição PúblicaInclusão SocialMídiawww.competirsportsmarketing.com.brwww.premiocompetir.com.brcontato@competirsportsmarketing.com.br

O que é Competirpara você?"Competir é extrair todo o seu potencial durante a prova em que é submetido, tanto no aspecto físico quanto no aspecto psicológico, sendo este último o que faz a diferença em um grande vencedor."

Edison Gandol� - Banco BVA

Anúncio Competir_ed04.indd 1 13/09/10 11:32

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P o r qu e d i r ig e n t e s d e c l u b e s d e f u t e b o l , qu e a d m i n i s t r a m m a r c a s tão va l io s a s , não s ão r e m u n e r a d o s?

“Os clubes de futebol têm origem em grupos

de pessoas que se uniam nos fins de semana

para prática de futebol e outras modalidades

esportivas, sendo que uma estrutura com

tais características comportava dirigentes

com dedicação parcial e envolvimento

predominantemente emocional com o processo

que conduziam. Com isso, foram criadas as

entidades de prática desportiva, sem fins

lucrativos, com características não profissionais,

onde seus dirigentes estariam colaborando com a

sociedade no seu tempo livre.

Os anos se passaram, o futebol tornou-se

um produto valioso, o público cada vez mais

interessado, os clubes se profissionalizando e o

mercado crescendo a passos largos. Toda essa

evolução da modalidade e mercado em torno

não vem sendo acompanhada pela estrutura

organizacional dos clubes; continuamos

amarrados a estatutos e modelos de gestão de

80, 100 anos atrás.

O que temos hoje é um impedimento estatutário,

na maioria dos clubes, para que seu presidente

e diretores sejam diretamente remunerados

pelo trabalho junto a eles. A tendência é

termos mudanças nesse quadro. Já é possível

encontrarmos clubes de futebol que possuem

cargos executivos remunerados, ou seja, há

diretoria de futebol, diretoria de marketing, entre

outras áreas, ocupadas por profissionais de

mercado e com remuneração estabelecida nos

mesmos moldes de empresas.

Ponto de vista

Na minha visão, o processo de mudança precisa

ser feito de cima para baixo; alterar apenas o

estatuto para remunerar seus dirigentes não será

a medida de salvação dos clubes. Vamos tomar

como exemplo boa parcela dos clubes europeus,

onde o lançamento de ações na bolsa, tornando-

os S.A., fez com que o modelo de gestão e

profissionalização fosse todo redesenhado, pois não

só remunera seus dirigentes, mas cria um processo

de responsabilidade administrativa, já que deve

respostas a seus acionistas no campo financeiro e

técnico. Com ações como essa ou processo similar,

poderemos ter dirigentes remunerados e instituições

sustentáveis, em que a saúde financeira será tão

importante quanto o jogo do próximo domingo.”

Thiago ScuroGerente Geral do PAEC e Sendas e responsável pela área

de futebol da Brunoro Sport Business

“Fidelidade e paixão. Poucas são as empresas

que, mesmo com trabalho árduo e centenas de

profissionais envolvidos, conseguem despertar

isso em seu público alvo. Por outro lado, o

amor incondicional ao time de coração traz

estes dois pontos aos clubes de futebol até com

certa facilidade.

 

Não apenas exercidos por seu público fiel, que gera

receitas milionárias, a fidelidade e a paixão também

levam profissionais de sucesso em suas respectivas

áreas a assumirem grandes responsabilidades em

seus times de coração sem remuneração. Por amor

Uma entidade com receita superior a R$ 100 milhões e público consumidor fiel com milhões de pessoas poderia ser comparada a uma multinacional.

Por que dirigentes de clubes de futebol, que administram marcas tão valiosas, não são remunerados?

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– e muitas vezes também por interesses escusos

–, boa parte dos gestores dos clubes de futebol no

Brasil não recebe pelo trabalho que realiza.

 

Em alguns casos, a paixão rende ótimos

resultados. Como, por exemplo, o Corinthians,

que multiplicou a sua receita em pouco tempo

nas mãos de Andrés Sánchez e Luis Paulo

Rosemberg. Em outros – a maioria, na verdade

–, presenciamos péssimas administrações, que

afundam os clubes com dívidas imensas.

 

Por isso, unir o amor ao profissionalismo,

atraindo os principais gestores do mercado com

boa remuneração – assim como acontece na

formação das equipes, com as contratações

caríssimas de jogadores e treinadores –, é o

caminho inevitável a ser tomado. Do contrário,

o que seguiremos encontrando serão apenas

exceções, como hoje é o Corinthians, à regra.”

 

André StepanGerente de Imprensa da ReUnion Sports & Marketing

“Somente agora entidades esportivas de

futebol têm alcançado receitas superiores a

100 milhões, e, mesmo assim, são poucas. A

velocidade da valorização das marcas, associada

a patrocínios e ao desenvolvimento dos clubes,

se deu a partir do ano 2000.

É importante lembrar que clubes associativos

sem fins lucrativos acumulam dívidas fiscais e

trabalhistas de muitos anos atrás. Cada nova

gestão tem que se equilibrar entre passivo,

ativo e conquistas de campeonatos, tornando

essa conta insuportável. Além disso, o

sistema eleitoral dos clubes de futebol - como

sociedades sem fins lucrativos - sempre foi

muito rígido, seja por estatutos ou cultura.

Torna-se difícil quebrar o paradigma instituído

com uma profissionalização de dirigentes em um

curto espaço de tempo. Torcedores, imprensa

e formadores de opinião já criticam dirigentes

não remunerados, imagine como seria a pressão

sobre esses dirigentes ainda recebendo salário,

o que teoricamente seria correto.

A mudança de mentalidade passa por

fortalecimento dos clubes em sua economia e pela

profissionalização dos diversos setores da instituição

- especialmente futebol, marketing e comunicação,

que são fontes de receita fundamentais. Somente

com orçamentos bem elaborados e gastos

controlados poderemos iniciar o processo de

profissionalização dos dirigentes.

O futebol é paixão, antes de tudo. Muito raramente

se vê um grupo de cidadãos indo à Prefeitura

exigir o conserto de uma avenida ou transporte

melhorado, mas frequentemente presenciamos

presidentes de clubes sendo cobrados por títulos.

Esse é o mistério do futebol.”

Marco Aurélio CunhaSuperintendente de Futebol do São Paulo Futebol Clube

e Vereador pela Cidade de São Paulo

Uma entidade com receita superior a R$ 100 milhões e público consumidor fiel com milhões de pessoas poderia ser comparada a uma multinacional.

Por que dirigentes de clubes de futebol, que administram marcas tão valiosas, não são remunerados?

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Qua n do e x- jog a dor en t r a e m c a m po

Quando ex-jogador entra em campotexto Paulo Velasco

Opinião

Diferentemente de outras profissões, em que o reconhecimento profissional dá-se, geralmente, em torno dos 30 anos, para os atletas atingir esta idade significa o início da queda de seu desempenho físico e, portanto, hora de pensar em se aposentar.

Se por um lado a carreira de um atleta

profissional é curta, também é verdade que se

trata de uma profissão intensa e, como poucas

atividades profissionais, permite projeções

surpreendentes, além de uma vasta e rica rede

de relacionamentos. Se bem gerenciada, ela

pode se perpetuar no pós-carreira. O exemplo

de Raí mostra a oportunidade que um atleta tem

de iniciar uma segunda vida profissional.

As grandes oportunidades proporcionadas aos

atletas acarretam, como contrapartida, uma série

de demandas e responsabilidade. O esporte

tornou-se um grande negócio e é natural que

as relações e atividades fora do campo estejam

cada vez mais complexas. Na relação com

clube ou entidades esportivas, por exemplo,

os contratos tornaram-se mais sofisticados,

com valores astronômicos, trazendo inúmeras

obrigações para os atletas, inclusive no que se

refere a direito de imagem e patrocinadores. Além

disso, eles passaram a ter contratos pessoais de

16 de julho de 2010, 23h20, Aeroporto de

Guarulhos. Voo com destino a Paris. Primeiro dia:

reunião com Michel Lacoste em seu escritório,

no Clube Lacoste; em seguida, almoço com

Michel Denisot, apresentador do Canal Plus, no

restaurante Benkay (61, Quai de Grenelle); ao fim

do dia, reunião com a diretora de comunicação da

Prefeitura de Paris. Segundo dia: entrevista para

o jornal France Soir, participação em evento com

a Ministra dos Esportes da França no Trocadéro e

reunião com a diretoria da Hermés. Terceiro dia:

viagem à Cannes para participação em evento

corporativo no festival de publicidade e jantar com

empresários de comunicação. Último dia: retorno

à Paris para ministrar palestra em empresa do

setor varejista e, finalmente, retorno ao Brasil. 23

de julho de 2010, 16h30, Aeroporto de Guarulhos.

Voo com destino a Johanesburgo, África do Sul.

Início de mais uma sequência de compromissos,

desta vez voltados para a Copa do Mundo.

Uma agenda como esta, com tantos

compromissos, poderia ser do executivo chefe

de qualquer grande grupo econômico. Mas, na

verdade, é apenas um exemplo das frequentes

viagens de trabalho do ex-jogador Raí, que, após

encerrar sua respeitável atuação como atleta,

aos 35 anos de idade, considerava-se jovem o

suficiente para iniciar uma nova carreira, desta

vez voltada ao terceiro setor através da criação

da Fundação Gol de Letra, e explorando o

potencial de sua imagem, com a constituição

da Raí Promoções.

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imagem, bem como a lidar com mais veículos de

comunicação, antes limitados a TV aberta, rádio

e mídia impressa e, hoje, expandindo para canais

de TV fechada, inúmeros sites e as redes sociais.

Ficam as perguntas: será que os atletas estão

preparados para lidar com esse cenário? Com

tantos compromissos fora do campo, é possível ter

tranquilidade para atuar? O ex-atleta tem capacidade

para, sozinho, tirar proveito da projeção e da rede de

relacionamento conquistadas ao longo da carreira?

Para respondê-las, é necessário observar o

desenrolar da carreira de alguns atletas. Muitos

deles, até pela falta de preparo e orientação,

não demonstram comportamento compatível

com a figura de ídolo, não têm preocupação em

diversificar de forma coerente contratos e parcerias

celebrados e nem mesmo em honrá-los. Se

observarmos o pós-carreira, é evidente que muitos

Paulo Velasco é sócio-diretor da Raí Promocões, responsável pela

gestão de negócios e marca de Raí, Zetti, Sócrates e Magic Paula.

s e t e m bro 2010 | 22 -23

deles não conseguem perpetuar o patrimônio e o

status conquistado.

O planejamento de carreira, fundamental para o

profissional de qualquer área, é ainda mais vital

para um atleta, seja por sua curta duração, como

pela imagem pública e o potencial de volume

de negócios. Assim, é cada vez mais importante

observar o atleta como uma marca, que possui

atributos que devem ser respeitados, seja para gerar

negócio ou para resguardar a essência do ídolo.

Desta forma, gestão de carreiras visa,

exatamente, oferecer ao profissional do esporte

uma melhor estrutura para que possa obtenha o

melhor desempenho dentro e fora de campo.

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Capa

Na pole position brasileira

Grandes investimentos, cuidadosamente planejados, e transmissão das corridas provocaram o crescimento e popularização da Stock Car na última década; hoje, é considerada a maior categoria do automobilismo do Paístexto Mariana Sayad e Lidiane aireS

na p o l e p o s i t io n b r a s i l e i r a

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Na pole position brasileira

Stock Car ficou adulta.” Esta talvez

seja a frase que melhor defina o cenário atual

da categoria no Brasil. Seu autor é Fernando

Julianelli, vice-presidente de planejamento

e marketing da ReUnion Sport & Marketing,

empresa responsável pelo gerenciamento da

equipe Red Bull/SKY.

Há 35,4 mil motivos para explicar a afirmação do

publicitário – média de público nas corridas da

temporada 2009, formado por famílias inteiras,

com pai, mãe e filhos no autódromo para torcer.

“O ambiente da Stock Car é muito familiar; o

homem se sente à vontade para levar mulher e

filhos”, explica Julianelli.

Considerada uma categoria de turismo - por

utilizar carros de passeio com rodas cobertas -, a

competição teve início no País em 1979, quando

ocorreu a primeira prova no autódromo de Tarumã,

no Rio Grande do Sul. Atualmente, ela se divide em

“a

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Átila Abreu e Ingo Hoffmann,

o maior campeão da história

da modalidade

principalmente, em seu calendário, e isso é

fundamental para que se fortaleça ainda mais.

“Como exemplos, posso citar a corrida de rua em

Ribeirão Preto este ano e a corrida do milhão em

2008”, relata Julianelli. Estas ações atraíram a

atenção da Nextel, que assinou a Copa durante

três temporadas.

Atualmente, é a Caixa Econômica Federal,

patrocinadora máster da competição, que fornece

seu naming rights para o evento. A Nextel

ainda é patrocinadora oficial com a Goodyear,

que também é a fornecedora oficial de pneus.

“Hoje, a Stock Car é a principal categoria

do automobilismo da América Latina”, diz o

coordenador de marketing e eventos esportivos

da Goodyear, Vinícius Sá.

A escolha dos pilotos é feita em razão do seu

desempenho e do retorno de patrocínio gerado

pelo seu nome. A diferença de patrocínio está no

valor despendido por cada empresa, que determina

o retorno e o espaço publicitário da marca. Pode

haver patrocínio total ou parcial, além de apoio tanto

para a equipe quanto para o piloto ou para ambos.

O principal retorno aos patrocinadores é

desenvolver o marketing de relacionamento,

aquele que torna a marca especial aos clientes,

quase um retorno imediato e uma importante

ferramenta de fidelização.

Além destas almejadas conquistas, a Stock

Car proporciona uma visibilidade privilegiada

três modalidades: a Copa Caixa ou Stock Car, que

é a categoria principal; a Copa Montana (antiga

Stock Car Light) que dá acesso à anterior; e a mais

recente modalidade, a Mini Challenge, conhecida

como “arrive and drive”, em que os pilotos alugam

carros já totalmente equipados. Ao longo do ano,

são 12 etapas e 17 equipes, cada uma com dois

pilotos. Todos os competidores correm em carros

iguais, mas com carenagem diferente, mostrando

as marcas dos patrocinadores.

A trajetória da categoria no Brasil poderia ser

sistematizada em um método para ser aplicado

em outros esportes que buscam patrocínio.

Primeiro, em 1999, a Associação de Pilotos, que

a administrava até então, passa a missão à Vicar

Promoções Desportivas S.A, por perceber a

necessidade de se investir na profissionalização.

O próximo passo foi popularizar a modalidade.

Assim, em 2000, firmou-se uma parceria com

a Rede Globo para transmitir as etapas, o que

acontece sem interrupção desde então. “A Vicar

atua há muito tempo na Stock Car e, sem dúvida,

conseguiu torná-la um case de sucesso no

marketing esportivo. Ao longo dos anos, a Vicar

tornou a categoria atraente para grandes empresas,

com decisões e conquistas importantes, como o

contrato com a Rede Globo”, parabeniza Julianelli.

Em 2009, este esporte movimentou cerca de 500

milhões de reais. “A categoria está consolidada

como um dos grandes eventos esportivos do País.

Todos os anos, a Stock Car apresenta novidades,

na p o l e p o s i t io n b r a s i l e i r a

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equipe red bull racing

comemora primeira vitória

no ano

Mais um atrativo para a Goodyear na categoria

é a possibilidade de aprimorar a tecnologia

dos seus pneus, já que em um carro de

corrida tudo está sempre no limite. “Para

atender esta situação, é preciso se desenvolver

tecnologicamente. Nós utilizamos a mesma

tecnologia utilizada na Nascar para garantir que

toda a capacidade de inovação e desenvolvimento

da Goodyear esteja disponibilizada aqui no Brasil,

e isso tudo vai para os carros de rua”, explica Sá.

Durante a longa trajetória da Stock Car, vários pilotos

se destacaram, mas nenhum deles ganhou tantos

prêmios quanto Ingo Hoffmann. O piloto paulistano

- que já passou por categorias mundiais como a

Fórmula 1 – iniciou-se como piloto da Stock Car em

1979, ano da primeira temporada, e foi doze vezes

campeão. Depois de correr pela categoria por quase

30 anos, tornou-se diretor esportivo da equipe AMG

Motorsport. “Foi um caminho ‘lógico’ a ser seguido.

Tinha decidido parar de correr no fim de 2008, mas

não queria abandonar as pistas”, afirma.

Na competição, a pista é só dos homens; o

público feminino é praticamente nulo, o que

não significa falta de interesse das equipes. A

maioria das mulheres que compete ainda está em

categorias de iniciação. As mais experientes estão

correndo no exterior ou já estão estabelecidas

em outras categorias. Na equipe AMG, não há

mulheres inscritas. “Mas é claro que há espaço

para elas”, ressalta Hoffmann. Marcelo Braga, da

Vicar, confirma: “Está aberto. Tinha uma mulher

às empresas. “Claro que buscamos também a

exposição de marca, mas o grande objetivo da

Goodyear não é simplesmente expor a marca e

retorno de mídia”, explica Sá. E continua: “Nós

queremos também, agregado a isso, passar nossos

atributos de marca, como segurança, tecnologia,

inovação, know how de desenvolvimento. Tudo isso

vem disponibilizado junto a um produto adequado

para uma categoria como a Stock Car”.

Na década de 90, a grande maioria das empresas que patrocinava a Stock Car era do meio automobilístico. A partir de 2000, com a expansão do esporte, começou a entrada de outros segmentos. “As empresas

começaram a entender que este esporte é uma

plataforma de comunicação, relacionamento e

promoção, diz Julianelli”. Além disso, tem também

a questão do público, formado por famílias inteiras,

o que cria inúmeras possibilidades de marketing.

“Isso é bom para as marcas porque elas sabem

que não vão falar só com um nicho de target, e sim

com um target mais amplo e aberto”, completa.

Outra empresa com forte tradição em participar

de eventos automobilísticos e bom uso do

marketing de relacionamento é a Red Bull, ao

associar sua marca a um esporte que representa

alta performance, velocidade de reação e

capacidade de concentração, atributos utilizados

na propaganda do produto.

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na Stock Light, mas ela foi correr na Indy, nos

Estados Unidos”, diz.

PArCeriAS, iNveStimeNtoS e boAS relAçõeSCorrer na Stock Car demanda investimentos altos.

As equipes precisam de uma estrutura completa –

desde mecânicos e ferramentas que transportem,

passando pela tecnologia que envolve as máquinas.

O custo de cada carro na competição gira em R$

120 mil por etapa; são gastos, em média, mais

de R$ 1 milhão por ano para cada corredor. Por

esse motivo, o patrocínio é essencial para manter a

estrutura e a qualidade da competição.

Parcerias e boas relações com a imprensa

ajudam na captação. Para o tricampeão Cacá

Bueno, que corre pela equipe da Red Bull

Racing desde 2008, é por meio da exposição

na imprensa que um piloto se torna atraente

para um patrocinador: “Felizmente tenho a

felicidade de possuir relações de longo prazo

com meus parceiros, mas a captação de

patrocínio varia em cada caso. Existem pilotos

que conseguem seus próprios patrocínios

e levam para uma equipe, e equipes que

levantam patrocínios e contratam o piloto que

desejarem, como é o meu caso”.

Já Hoffman acredita que conseguir patrocínio

é uma das maiores dificuldades, tanto no

automobilismo como em qualquer esporte no

Brasil. Conforme a equipe obtém bons resultados,

na teoria, deveria começar a conquistar

patrocinadores, mas nem sempre é assim.

“Muitas vezes, é uma questão de influência

de alguém ou de orçamentos muito baratos

apresentados por algumas equipes. Como o

valor fechado não é suficiente, a equipe não

tem condições de fazer um bom trabalho, os

resultados não aparecem e o patrocinador fica

sem o retorno esperado ou correto. “É o barato

que sai caro”, diz.

Em julho deste ano, a equipe AMG anunciou

a saída do piloto Gustavo Sondermann então

companheiro do atual líder do campeonato Átila

Abreu, porque ele não conseguiu patrocínio.

“Devido à perda do nosso patrocinador principal

da temporada 2009, os pilotos tiveram que

compor os orçamentos da equipe e o Gustavo,

infelizmente, não conseguiu fazer isto”, declarou

Hoffmann. O piloto, então, passou a correr ao

lado de Christian Fittipaldi na equipe paulista

Gramacho Costa.

Apesar da dificuldade, Hoffmann afirma que

patrocinar a categoria é muito vantajoso. “O

ganho é enorme, tanto na visibilidade da marca,

como em eventos relacionados à corrida, aos

pilotos e aos carros patrocinados”. Para Cacá, a

visibilidade está ligada aos resultados: “A Stock

Car é uma categoria com ampla exposição na

Rede Globo, e quem anda na frente se beneficia

dessa exposição, tanto nas corridas como na

cobertura jornalística da emissora”.

StoCk CAr: A geNte Se vê Por AquiA parceria com a Rede Globo é um divisor de

águas na história do Stock Car. Para Marcelo

Braga, a trajetória deste esporte tem dois

momentos - antes e depois de 1999: “Ela tomou

outra dimensão, tornando-se uma competição

muito forte para o marketing. Tem 90 empresas

reunidas na competição. Conseguimos isso

graças à Globo também”, diz.

Segundo a Central Globo de Comunicação, em

2009, a média de audiência foi de 10 pontos, ou

33% de participação na audiência total. Vinícius

Sá vê esse alto índice como um chamariz

para o patrocínio, uma vez que “são muitos os

telespectadores que têm acesso à nossa marca

(Goodyear); ao ser transmitida por uma rede

de televisão com uma área de cobertura muito

Gravação da novela Passione, em

Interlagos - são Paulo

foto

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na p o l e p o s i t io n b r a s i l e i r a

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s e t e m bro 2 010 | 28 -29

grande, a Stock Car ajuda e muito qualquer

parceiro da própria categoria”.

Para Hoffmann, a parceria com a Rede Globo foi

fundamental, mas as transmissões poderiam ser

mais completas. “Elas não são feitas na íntegra,

mas em partes. No meio da corrida, eles [a Rede

Globo] passam vôlei, surfe e outros campeonatos,

e depois voltam para o pódio. Isso quando

voltam. “Os locutores muitas vezes não têm a

menor ideia do que está acontecendo”, reclama.

Atualmente, o personagem de marcelo Antoni, na novela exibida pela rede globo, Passione, vive um piloto de Stock Car. A emissora respondeu o pedido de entrevista da revista Competir

Seguindo a preocupação mundial com o meio ambiente, em 2009 a Stock Car passou a adotar medidas de sustentabilidade que visam adequar a categoria à realidade do planeta. A Corrida Verde, realizada no autódromo de Curitiba em outubro do ano passado, foi o primeiro passo em direção ao automobilismo sustentável.

O processo envolveu neutralização de carbono, reciclagem e replantio de árvores. Para isso, a competição conta com a parceria da Max Ambiental, que plantou 560 árvores como recuperação de matas ciliares do Rio Barigui, no Parque Tingui, na capital paranaense em 2009. “Uma categoria como a Stock Car polui, isso é fato. Então temos que fazer alguma coisa para diminuir esse impacto” afirma Marcelo Braga, da Vicar.

Em 2010, a categoria investe em créditos de carbono e toda a temporada contará com medidas sustentáveis. A iniciativa procura conscientizar atletas, pilotos e outros envolvidos sobre a questão ambiental e a destinação correta do óleo utilizado e dos pneus, que antes ficavam nas pistas e hoje são reciclados. O etanol verde, fornecido pela Esso, do grupo Cosan, além de ser fonte de energia natural, limpa e renovável, emite 90% menos poluentes causadores do aquecimento global. E, claro, tornou-se o combustível oficial da Copa Caixa Stock Car. “Para a Cosan Combustíveis e Lubrificantes esse acontecimento é um marco. A entrada do etanol traz ainda mais desempenho e potência para a categoria”, comenta o diretor de marketing, Carlos Resende.

Reduzindo o impacto da poluição

com um comunicado oficial, que informou: “esta é uma categoria do automobilismo de interesse nacional, que mantém bons índices de audiência a cada temporada. Foi a própria produção da novela que teve a ideia de inserir o esporte em um de seus núcleos”.

Apesar da notoriedade que isso confere à categoria,

a imagem transmitida ao público pode não

corresponder, necessariamente, à realidade. “Tenho

medo de que isso possa se tornar negativo se

continuarem a colocar cenas com o piloto andando

de noite, com faróis ligados e com passageiro

nos autódromos. Isso é ridículo”, declara o maior

campeão da história da Stock Car.

Materia de Capa.indd 29 13/09/10 11:40

Page 32: Document

Mercado desequilibrado

uitos relacionam o

monociclo à bicicleta quebrada dos palhaços

de circo, mas não é bem assim. O monociclo

é utilizado para prática esportiva e conta com

grandes campeonatos internacionais; seus pra-

ticantes gostam de interatividade e a usam para

criar uma rede de comunicação sobre o esporte.

Empresas o veem como incentivo ao planeja-

mento estratégico, à auto-estima, ao equilíbrio

físico e emocional e à superação.

Acredita-se que o monociclo se originou das

primeiras bicicletas fabricadas na Inglaterra, as

penny-farthing. Elas tinham uma enorme roda

dianteira e uma pequena roda traseira. Os ciclis-

Trilhas e campeonatos de monociclo aumentam o interesse pela modalidade em todo o mundo. Falta ao Brasil inserir-se nesse contexto para conquistar praticantes texto Caio Dib

m

Tendência

tas da época começaram a experimentar andar

empinando a bicicleta e sustentando-a pela roda

de trás. A brincadeira ficou séria e, então, foi

inventado o monociclo.

Atualmente, muitos ainda utilizam o equipamento

para shows de circo, mas o número de pratican-

tes do esporte vem aumentando. Existem pessoas

que realizam trilhas, longas distâncias percorridas

com o monociclo, e outras que participam de

campeonatos. Os principais eventos da modalida-

de são o UNICON - o campeonato mundial, que

também é a maior convenção de monociclistas do

mundo, o campeonato europeu – EUC (Extreme

Unicycle Championship) – e o americano, conhe-

m erc a do desequ il ibr a do

Monociclo.indd 30 13/09/10 11:41

Page 33: Document

cido como NAUCC (North American Unicycle

Championship). O UNICON acontece uma vez a

cada dois anos, o EUC tem a temporada de verão

e de inverno e o NAUCC ocorre no verão.

No entanto, não há muitos competidores de mo-

nociclo no Brasil, e isso decorre, sobretudo, do

fato de os modelos nacionais não apresentarem

qualidade para competição – além da falta de

divulgação do monociclo como esporte e ne-

nhuma tradição do País, que nem o reconhece

como modalidade oficial. “Eles são produzidos

para aprendizado, mas o País não tem fabricante

de monociclo profissional”, argumenta Rodrigo

Racy, criador do projeto Monotravessias. Ao

mesmo tempo, é difícil importar o equipamento.

Pedro Tejada, um dos pioneiros no monociclismo

no Brasil, conta: “Um monociclo bom é caro e

não temos importadora que trabalhe com isso”.

Tejada tem o apoio de um fabricante canadense

de monociclos e da loja unicicle.com, uma das

maiores da modalidade. Sem apoio ou espaço

específico para o treino (Pedro pratica no Parque

do Ibirapuera, em São Paulo), ele participa de

competições internacionais e já conseguiu o 9º

lugar no mundial de 2008, na Dinamarca.

Paula Toledo, sócia da JR Malabares, conta que

há dificuldades em comprar peças de melhor

material técnico. A empresa, que é uma das

únicas que fabricam o equipamento completo

em uma linha industrializada, não consegue

fazer acordos com seus fornecedores. “O nú-

mero de peças que precisariam ser compradas

é muito maior do que nossa demanda”, conta.

Por ano, a JR Malabares comercializa cerda de

500 monociclos de aprendizado com preços

entre R$ 380 e R$ 450. Um modelo profissio-

nal pode custar até US$ 1.400.

Tejada é atleta oficial do time do canadense

Kris Holm, um dos maiores fabricantes de

monociclo do mundo. Holm, que já foi atleta

dessa modalidade, tem hoje sua própria marca

e investe no esporte realizando parcerias com

jovens de diversas partes do mundo – nove,

atualmente. “Apoiar atletas como o Pedro é um

investimento para minha empresa. Com isso,

procuro difundir o monociclo no Brasil, que é

um mercado promissor”, conta. Ele acredita

Já existem competições em

trilhas e grandes campeonatos

de monociclo - o mundial

UNICON, o norte-americano

NAUCC e o europeu EUC

foto

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cerv

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esso

al

s E t E m brO 2010 | 30 -31

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Page 34: Document

m erc a do desequ il ibr a do

que o País ofereça um sólido potencial para os

negócios no esporte, principalmente em longo

prazo. “É preciso aumentar a cultura da modali-

dade em terras brasileiras”, explica.

Os atletas que atuam com Holm possuem qua-

lidade técnica e, principalmente, são ativos nas

mídias sociais. “Por meio do Facebook, do You-

Tube e do Twitter, um atleta no Brasil pode ajudar

a incrementar meus negócios em qualquer lugar

do mundo. A internet vai para todo lugar”, conta

o fabricante. Tejada chamou atenção de Holm

principalmente por sua produção de vídeos – que

podem ser vistos em www.vimeo.com/pedroteja-

da - e fotos na internet, além de seu desempenho

nos fóruns sobre o esporte.

Lá fora, eLas taMbéM pedaLaM Muitas mulheres também se aventuram nessa

bicicleta de uma roda só. No País, não há um

grande destaque feminino na modalidade. No

cenário internacional, uma garota tem se desta-

cado bastante: a alemã Sophia Pellmann. Com

apenas 16 anos, ela venceu o UNICON XV -

temporada 2009/2010 -, o campeonato mundial

de monociclo, nas categorias flatland, street,

highjump e longjump.

Assim como Tejada, Sophia não tem um patroci-

nador oficial. “Tenho dois parceiros que pagam as

peças de meus monociclos e um que me apoia

com as roupas”. Em troca, Sophia veste as mar-

cas durante as competições. No entanto, afirma:

“Não tenho ninguém que pague pelos gastos

com as competições”. Transporte, inscrição em

torneios e alimentação são pagos por ela, com

o dinheiro que ganha dando aulas de monociclo

para crianças, e por seus pais.

Sophia conta que o esporte ainda é considerado

alternativo na Alemanha. “O monociclo é mais

popular apenas entre as crianças”, diz. Mesmo

assim, muitas pessoas pedalam como hobby.

“Mas não existem garotas praticando monociclo

como esporte. Elas têm medo de pular degraus e

fazer manobras mais arriscadas”, explica. Ela é a

única garota em seu grupo de amigos praticantes.

triLhasPor fora das competições, muitos esportistas

amadores realizam trilhas com o monociclo. É o

caso do artista Rodrigo Racy. Ele usa a bicicleta

para apresentações circenses, mas desenvolveu

o projeto Monotravessias, em 2003. “Queria

mostrar que não é só a bicicleta quebrada do

palhaço. Em outros países, o monociclo é muito

difundido como esporte”, conta.

No ano seguinte, Racy realizou sua primeira

travessia: o trajeto de 54 km entre o centro de

São Paulo e a cidade de Pirapora do Bom Je-

sus, no interior. No mesmo ano, fez o percurso

de Saint Jean Pied Port, na França, até Santia-

go de Compostela, pelo Caminho de Santiago

de Compostela, pedalando 868 km em um

terreno off-road. Para realizar as viagens, con-

tou com parcerias e apoios de empresas liga-

das à atividades físicas, à saúde e outras que

comercializam equipamentos esportivos. Racy

também não conseguiu apoio financeiro.

Pedro tejada é um dos pioneiros

no brasil: apoio de um fabricante

canadense de monociclos e da loja

unicicle.com

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Categorias:

Sua marca poderia estar aqui.

ANUNCIE

[email protected]

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Planejar, criar táticas, tomar decisões: isso é velejar

Em foco

Veleiro criado há dois anos pelo argentino Javier Soto Acebal já conquista velejadores, adeptos, patrocínios e espectadores e promete ser a F1 dos mares. O S40 caracteriza-se por estratégias e rápidas tomadas de decisãotexto Marcos Muanis

Pl a neja r , cr i a r tát ic a s , t om a r decis ões: is s o é v el eja r

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Page 37: Document

e equilíbrio entre as tripulações. A cada prova,

competidores ficam mais prontos para dar o bote e

um pequeno erro pode comprometer o resultado.

Por isso é importante largar bem e tomar o maior

número de decisões acertadas”.

Com os monotipos, todos os velejadores

competem em igualdade de condições com o

mesmo peso, dez tripulantes e o mesmo barco.

Em competições olímpicas, cada classe tem os

seus parâmetros e nem sempre o melhor vence,

já que há pesos e estruturas diferentes. As

competições com o S40 caracterizam-se pelo

equilíbrio e as constantes trocas de posições.

Patrocínios A Mitsubishi comprou a ideia: além de realizar um

campeonato com quatro etapas (que se iniciou em

agosto, no Rio de Janeiro, em setembro ocorreu em

Angra dos Reis e, em outubro, será competido em Ilha

Bela e Florianópolis), patrocina duas embarcações, a

Mitsubishi: patrocínio de duas

embarcações - uma delas com a

Gol - e de um campeonato com

quatro etapas

s e t e M bro 2010 | 34 -35

m dois anos, 23 veleiros já foram

vendidos: 5 para a Europa, 8 para o Chile, 5 para o

Brasil e 5 para a Argentina. Numericamente pode

parecer pouco, mas em tão pouco tempo de vida,

o veleiro S40, projetado pelo arquiteto naval Javier

Soto Acebal e construído por Javier Mendez, já

desponta para um futuro atraente e empolgante, a

começar pelas igualdades de condições. Eduardo

de Souza Ramos, presidente do conselho da

Mitsubishi Motors do Brasil e comandante da

embarcação Pajero, explica que “os veleiros S40

são monotipos, ou seja, equivalentes e 100%

iguais. Prevalece a capacidade de cada equipe,

antes e durante a prova”.

Torben Grael, duas vezes medalha de ouro em

Olimpíadas (Atenas em 2004 e Atlanta em 1996)

afirma que os S40 “são saudáveis, uma vez que

são idênticos; prevalece quem traça as melhores

estratégias e sai vencedora a equipe que veleja

melhor. As provas do S40 são marcadas pelo foto

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Page 38: Document

Veleiros idênticos favorecem o

entendimento da competição. Na

outra página: torben Grael e

eduardo ramos

Pajero, cujo comandante é Eduardo de Souza Ramos,

e a Mitsubishi – também com patrocínio da Gol – com

Torben Grael no comando. “Fazemos um esforço

maior do que poderíamos fazer com as velas”, explica

Eduardo (leia entrevista a seguir).

Como competem barcos do Chile, Argentina, Uruguai

e Brasil, a etapa é considerada um Sul-Americano

e é a primeira vez que é realizado um campeonato

deste porte no País. Algumas sugestões foram

trazidas da experiência da patrocinadora com o rali,

como um jantar de confraternização com todos os

envolvidos no evento.

Espera-se que com o crescimento do evento e com o fácil entendimento do público mais empresas apoiem a modalidade. como são veleiros competindo igualitariamente, fica fácil para o espectador acompanhar as regatas e compreender o que os comandantes estão traçando para suas embarcações. Nas provas realizadas

em Angra dos Reis, no início de setembro, uma

embarcação que aparentemente estava em

última posição terminou na segunda. Conhecer o

mar, as correntezas, os ventos e principalmente

a equipe é que faz o diferencial; a partir daí,

cada um desenvolve sua estratégia. O arquiteto

Zeca Revoredo, comandante do Ogum, explica:

“Uma manobra errada pode por tudo a perder.

Precisamos ter visão, experiência, estar bem

fisicamente; todos em busca de uma rajada de

vento para se distanciar. É preciso uma série de

atitudes para conseguir progredir bem”.

A ESPN Brasil filmou toda a etapa, que

será transmitida no programa Mar Brasil

e será uma oportunidade para o público e

investidores conhecerem esta competição que

já é considerada a F1 dos mares. “Os esportes

náuticos são de difícil divulgação” diz Eduardo.

Espera-se que com os monotipos haja maior

aproximação com o público. Apesar de jovem,

o S40 busca fortalecer sua identidade, e a alta

competitividade aliada às belezas naturais dos

locais onde se pratica é um forte trunfo.

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Pl a neja r , cr i a r tát ic a s , t om a r decis ões: is s o é v el eja r

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s e t e M bro 2010 | 36 -37

“É como gerir uma empresa” Entre uma regata e outra, a Competir conversou com Eduardo Souza Ramos,

presidente do Conselho da Mitsubishi Motors do Brasil.

Competir – Qual o seu envolvimento com o esporte?Eduardo Souza Ramos – Pratiquei a vela desde os 13 anos até os 18, depois

parei, por causa da faculdade, e voltei a velejar aos 25 anos. Pratico até hoje,

mas com menos intensidade.

Competir – Você participou de duas Olimpíadas, 1980 em Moscou e 1984 em Los Angeles (sendo o porta-bandeira da delegação brasileira). Essa experiência esportiva ajudou na sua vida profissional?ESR – As lições que você tem no esporte em geral te ajudam muito na vida

como um todo, inclusive na empresarial – observação, persistência, liderança,

vontade da equipe, saber mantê-la motivada, enfim, essas coisas todas.

Principalmente aprender com a derrota; são coisas que acontecem também no

dia a dia. Isso o esporte ensina muito.

Competir – A Mitsubishi é famosa por patrocinar diversas modalidades, como os ralis, ciclismo, polo, hipismo. Em que se assemelham?ESR – O rali é uma prova que se assemelha a vela: exige persistência,

observação detalhada da natureza, preparação extrema do equipamento,

grande entrosamento ente navegador e piloto, todo o suporte da equipe,

que trabalha toda a noite para recuperar o carro. Para ganhar, ou sonhar

em ganhar, você precisa ser extremamente obstinado, priorizar este

objetivo acima de outros que, em curto prazo, parecem mais agradáveis,

trocar festas e descanso por determinação, para participar, se preparar

fisicamente, desenvolver capacidade de concentração. Todos os esportes

se assemelham ao exigir isso.

Competir – Gerir um S40 é como gerir uma empresa?ESR - Sim, uma microempresa. Para chegar aqui, é preciso uma preparação

muito grande. Para conseguir pessoas é difícil: cada um tem uma função que

não necessariamente é igual à outra. São pessoas

até fisicamente diferentes. Liderá-las, manter

o bom entrosamento constante, não deixá-las

desanimar quando não vai bem, exige habilidade.

Competir – Com a facilidade do crédito, muitas pessoas realizam o sonho de comprar um Mitsubishi. Há alguma estratégia de patrocinar outros esportes que atinjam diretamente esse público?ESR – Acho que a capacidade da Mitsubishi

em patrocinar está no limite. O montante que

gastamos na vela, por exemplo, é maior do que o

bom senso determinaria. Tem aqui um pouco da

paixão pela vela e, enquanto pudermos fazer isso,

vamos fugir um pouco das regras.

Competir – A Mitsubishi se diferencia também pelos ralis criados por vocês: de onde surgem as ideias para essas provas?ESR – Sempre fui um piloto frustrado. Quando parei

de velejar, corri de automobilismo, de kart, de lancha e

de automóvel. Descobri que não era bom o suficiente

para me profissionalizar e não tinha o dinheiro na

época para poder bancar as corridas. Desisti e voltei

para a vela, mas sempre com o coração nas pistas.

Fiz vários amigos e patrocinei alguns deles, como o

Gil de Ferran, que se tornou um grande campeão.

Quando peguei a Mitsubishi imaginei que ela corresse

naquilo que eu estava acostumado, mas pelo

contrário; fiquei decepcionado. Mas vim a entender

o que era o rali: achava fraco no Brasil. Resolvi então

criar o de regularidade, e que terminasse com um

belo almoço, com um espírito mais festivo. Treinaria

os navegadores, testaria o carro, e as personalidades

e os pilotos mais agressivos poderiam ir para as

competições de velocidade.

Depois disso, criamos a Cup (Mitisubishi Cup, rali

de velocidade). Para criar a prova, desenvolvemos

alguns carros de corrida. E para receber as

famílias inteiras, desenvolvemos um rali de

estratégia, para que todos pudessem participar.

Competir – Este relacionamento fideliza os clientes?ESR – Não, não, talvez alguma coisa, mas é

como o ambiente que você vê aqui: forma-se um

clubinho, você faz alguns amigos, é divertido.

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Page 40: Document

Tenho acompanhado nos últimos anos, através do

boom da prática de atividades físicas, exemplos

de atletas amadores que transformam o prazer

em obsessão. São esportistas que têm dificuldade

em encontrar o equilíbrio adequado para a práti-

ca esportiva com seus compromissos pessoais,

e exageram na dose de dedicação, estabelecen-

do rígidos padrões de conduta. O resultado do

exagero pode vir em forma de lesões ou mesmo

desestímulo com o passar do tempo.

Ser esportista não é sinônimo de virar monge. Um

atleta amador precisa passar por ciclos de “altos”

e “baixos”, são eles que mantêm a lubrificação

adequada do corpo. Uns quilinhos a mais na tem-

porada de férias não são o fim do mundo – talvez

você até precise deles, e significam que seu

corpo está descansando e você curtindo outros

prazeres, como comer o que gosta. No retorno

aos treinos mais puxados, eles serão perdidos

com tranquilidade à medida que você voltar ao

seu condicionamento.

Quando morei em San Diego, nos Estados Uni-

dos, tive a oportunidade de treinar próximo à tria-

tleta Paula Newby-Fraser, um dos maiores nomes

Saúde e bem-estarfo

to: D

ivulgaçã

o

Ser esportista não é sinônimo de virar monge

do Triathlon, oito vezes campeã do Ironman no

Havaí. Ela falava da importância de não se treinar

exageradamente e nem colocar pressão em cima

de melhoras e resultados o tempo todo, pois isso

não faz bem. Não se preocupava em ganhar uns

quilos fora de temporada. Entendia que era seu

momento de renovar energias e relaxar com ou-

tras coisas.

Essa é a filosofia de treino lá fora. Treinar leve

com baixa intensidade faz parte do processo.

Mas, vejo muitas pessoas que se não estiverem

no limite o tempo todo, se não sentirem dores,

acham que não estão treinando. Essas pessoas

fazem de qualquer treino uma ‘supercompetição’.

É fácil observar isso na USP, por exemplo, local

de treinamento de muitos paulistanos. Colegas

de assessorias esportivas terminam seus treinos

conferindo relógios, comparando seus tempos aos

de outros atletas. Não é por aí... Permita que sua

vida de atleta tenha “altos e baixos”. Eles mante-

rão sua mente e corpo balanceados. Não seja um

chato do esporte e pratique esporte a vida toda!

Christian Kittler é triatleta e CEO do Grupo Ativo.

texto Christian Kittler

S aú d e e b e m - e S ta r

Saude e bem estar.indd 38 13/09/10 13:01

Page 41: Document
Page 42: Document

A Copa de 2010 recém terminou. A do Brasil

ainda há quem duvide que vá acontecer, e esse

articulista já está falando na Copa de 2022! Pois

é, caro leitor. Mas não sou eu apenas; são os

comitês de países que se preparam para concorrer

a sediar as competições de 2018 e 2022.

Ainda existem vozes criticando a realização da

Copa do Mundo no Brasil sob o argumento de

que o dinheiro usado na sua realização poderia

ser empregado em postos de saúde ou moradias

populares. Sempre haverá interesses dissonantes.

O fato inegável é que nações desenvolvidas e

em desenvolvimento almejam sediar o maior

evento esportivo do mundo por todos os

benefícios periféricos envolvidos; quase todos

além da esfera esportiva.

Austrália, Inglaterra, Japão e Rússia estão na

disputa por 2018. Qatar, Portugal e Espanha

(esses dois com candidatura única), Estados

Unidos e até a Indonésia já trabalham pela

concorrência de 2022. Isso não pode ser apenas

um desejo de mentes tresloucadas, mas de

pessoas com visão de futuro e entendimento

dos benefícios superlativos que um evento

desta magnitude traz aos países. Quando os

representantes dos comitês dessas nações

se referem aos jogos eles citam o “poder de

promover melhorias nas cidades e nos parques

esportivos”, como diz Motoaki Inukai, presidente

do comitê do Japão. Ou o Sheiki Al-Thani,

presidente do Comitê Qatar 2022, que espera

“unir a região dos emirados em torno da amizade,

da alegria e do entendimento”. Ou ainda o

presidente do comitê russo, que acredita que

Marketing Esportivo

As Copas de 2018 e 2022

“somente o futebol tem o poder de unir e mostrar

ao mundo que as 180 etnias que compõem a

Rússia são um mundo em si mesmo”.

Em cada um dos discursos dos representantes

de 12 nações que já estão disputando a honra

de sediar os jogos de 2018 e 2022, somente

dois mencionaram a qualificação do futebol

de seus países entre os objetivos de ser sede

da Copa. Mas todos os 12 elencaram escopos

mais elevados e significativos. O objetivo maior

da África do Sul foi ser reconhecida como

uma nação plural, onde brancos e negros

trabalharam lado a lado por um objetivo comum

– com sucesso. O do Brasil tem que ser o das

obras públicas que permanecerão para melhorar

a estrutura das cidades-sede após os jogos e

pela oportunidade de mostrar ao mundo sua

capacidade de organizar um evento espalhado

por um território maior do que a Europa.

Não são os programas sociais do governo

que mostrarão ao mundo nossa capacidade

produtiva. É o resultado de marketing esportivo

proveniente das Copas das Confederações, do

Mundo e das Olimpíadas que revelará a face

que desejamos mostrar, seja de um país sério

ou de um folclórico país tropical de Jeca Tatus

e Macunaímas. A oportunidade está à porta e

pedindo para entrar.

Wesley Cardia é consultor de marketing esportivo e Diretor

da Maestro Marketing.

texto Wesley Cardia

M a r k e t i ng e s p o r t i vo

Mkt Esportivo_wesley.indd 40 13/09/10 13:02

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New Jersey, 10 de agosto de 2010. Seria mais

um dia no quintal de Manhattan. Mas fica

registrado como o dia em que o Brasil encolheu.

E não falo dos garotos da Seleção Brasileira

que, bem diferente, se agigantaram em campo.

Me refiro à grande maioria da nação que não

teve acesso ao jogo, restrito basicamente aos

assinantes de TV paga.

Se fosse nos Estados Unidos, onde a TV

fechada predomina, não seria problema. Já o

Brasil foi reduzido a um país do tamanho do

Peru ou da Venezuela. Pelo lado positivo, abriu-

se um ótimo precedente para discutir o tema

dos direitos de transmissão.

Se considerarmos a TV como única ou principal

fonte de receita das entidades esportivas,

chegaremos à conclusão de que vale qualquer

sacrifício. Por outro lado, se entendermos a

relevância estratégica dos demais ativos de

Marketing do Esporte, saberemos como enfrentar

este desafio. Em termos competitivos – fora de

campos, quadras e pistas – é preciso buscar

um equilíbrio entre Direitos de Transmissão,

Patrocínios, Licenciamento e Bilheteria, ainda que

limitados à lei de oferta e procura.

Quanto maior a dependência de uma (ou

poucas) ‘fontes pagadoras’, menor o poder

de negociação diante destes compradores.

Em outras palavras, o desequilíbrio gera

contratos que falam em direitos e esquecem

as obrigações. Casos curiosos, quando se

coloca em risco o valor do produto, alterando

calendários e – pasmem – até as regras da

modalidade, em troca de um ‘bom’ contrato de

televisionamento. Sem falar nos malabarismos

para barrar a exposição dos patrocinadores.

Se o planejamento não é nossa principal

virtude, esta situação só tende a piorar, pois

afeta negativamente as outras fontes de

recursos, criando um ciclo vicioso. É preciso

inteligência – cognitiva e estratégica – para

perceber que a situação atual é favorável

apenas para as próprias emissoras. Não

que sejam monstros da mídia, como muitos

insistem em fantasiar. São, naturalmente,

mais profissionais e frios nas negociações,

colocando os interesses comerciais em

primeiro lugar. Sendo assim, quanto menos

valorizados forem os demais contratos, maior

será seu poder de barganha, tanto em termos

de valores quanto em cláusulas, digamos,

parciais. Se o futebol sente este problema,

imagine outras modalidades.

A boa notícia é que, por definição, a informação

ao vivo, em cores e de boa qualidade está cada

vez mais acessível e democrática. A banda larga

e os smartphones criaram opções baratas e

eficientes de retransmissão. Alternativas para

que o esporte não se encolha, pelo contrário:

cresça e apareça.

Marco Antonio Siqueira - www.marketingesportivodeverdade.

blogspot.com - é radialista e publicitário, sócio-diretor da

Zebra Marketing Esportivo e diretor da ABRAL (Associação

Brasileira de Licenciamento).

s e t e m bro 2010 | 40 -41

O dia em que o Brasil encolheutexto Marco antonio Siqueira

Mkt Esportivo_marco antonio.indd 41 13/09/10 13:02

Page 44: Document

A Copa Kaiser reúne a cada ano a nata do futebol de várzea, com direito a acesso e descenso. Ao todo, quase mil times brigam por seu lugar ao sol

esde a década de 1990, a Copa

Kaiser de Futebol Amador mexe com as emoções

de atletas e torcedores de clubes não profissionais

da cidade de São Paulo. Este ano, o evento

patrocinado pela marca de cerveja chegou a sua

13ª edição e com uma capacidade de organização

de dar inveja a muitos outros eventos esportivos,

reunindo 192 agremiações na série A e mais igual

número na série B. Sim, a competição cresceu e

já existe até uma espécie de série C, que são os

torneios oficiais que dão acesso à segunda divisão

com cerca de 600 times. “Ano após ano, a Copa

Kaiser atrai mais público e desperta o interesse das

equipes para participarem deste campeonato que

é referência no futebol de várzea do Brasil”, afirma

orgulhoso Marcelo Liberado, diretor de marketing da

Femsa Cerveja Brasil, dona da marca Kaiser.

Tanta simpatia e apelo levaram a competição para

gramados muito além dos campos paulistanos.

Agora, atletas amadores de Belo Horizonte (MG),

Curitiba (PR) e Blumenau (SC) também têm a sua

Copa Kaiser e os vencedores de cada praça se

enfrentam, surgindo daí um campeão nacional.

O evento é realizado e promovido pela Evidência,

empresa a serviço da Kaiser e responsável pela

organização da disputa. A iniciativa também tem o

texto Oldair de Oliveira

d

Base

apoio da Federação Paulista de Futebol (FPF) e do

site Simmm, especializado em futebol amador. Até

o ano passado, as finais eram realizadas no estádio

Nicolau Alayon (do Nacional Atlético Clube),

que, na decisão da última edição, no jogo entre

o Vida Loka (Vila Brasilândia, Zona Norte) e Ajax

(Vila Rica, Zona Leste), recebeu 15 mil pessoas.

Somando-se todos os jogos do ano passado, a

competição atraiu mais 1,5 milhão de torcedores.

Por todo esse gigantismo, costuma-se dizer que a

copa é o futebol profissional da várzea.

Para João Henrique Garcia Marques, coordenador

técnico da Evidência, o evento é uma mostra para

aqueles que pensam que o futebol de várzea

morreu na cidade de São Paulo. “Quem pensa

assim está enganado. O futebol de várzea não

morreu, apenas mudou de endereço. Antes, os

campos se encontravam no Centro, como Várzea

do Glicério e do Carmo. Agora, estão mais na

periferia. O Cambuci, por exemplo, tinha sete

campos, que deram lugar para supermercado,

aeronáutica e outros empreendimentos”, afirma.

A empresa evita falar em números. Mas estima-

se que na edição do ano passado foram gastos

cerca de R$ 4 milhões. Não é muito se comparado

ao total do patrocínio firmado em dezembro do

ano passado com os quatro times grandes da

capital paulista (Corinthians, Palmeiras, São

Paulo e Santos), com valor estimado entre R$ 10

milhões e R$ 15 milhões. O que se busca neste

Estrutura profissional para atletas amadores

E s t r u t u r a p r of i s s io na l pa r a at l E ta s a m a d o r E s

Copa Kaiser_v2.indd 42 13/09/10 13:04

Page 45: Document

Atletas amadores de quatro

Estados disputam a Copa

Kaiser; surge, assim, um

campeão nacional

Estrutura profissional para atletas amadores

A relação entre o esporte e a bebida da massa sempre dá um bom jogo de marketing esportivo, e a Kaiser percebeu isso há algum tempo. Começou em 1995, com a primeira edição da Copa Kaiser. Depois, em 1998, patrocinou os campeonatos estaduais de Minas Gerais e São Paulo. Mas, seu caso mais bem-sucedido é o Kaiser Clube, investida de 1999 voltada para a praça do Rio de Janeiro.

A iniciativa consistia em oferecer a cerveja em recipientes (garrafas e latinhas) que traziam os distintivos dos quatro grandes times cariocas (Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo). Do valor de cada unidade vendida, 4% da receita iam para o clube do coração do ‘cervejólatra’. Com uma mensagem que avisava, “você é mais que um torcedor, é um patrocinador”, a campanha fez sucesso. Resultado? Dobrou a participação da marca no mercado fluminense e, em apenas três meses, atingiu-se a meta esperada para um ano. A estratégia provocou uma gostosa disputa entre as torcidas e gerou uma receita de R$ 181.075 aos clubes, sendo 36% ao Flamengo; 30% ao Vasco; 17% ao Fluminense; e 16% ao Botafogo. A ideia inovadora seguiu para outras praças, sempre com bom acolhimento, como Minas

Tabelinha de sucesso

último caso é visibilidade de imagem e venda. E

qual é o retorno da copa para a Kaiser, já que o

evento não tem cobertura das grandes mídias?

“Ganhamos primeiramente com o orgulho de

estar desenvolvendo um importante trabalho

social. A Kaiser tem forte penetração na periferia.

Portanto, a competição é uma oportunidade

de desenvolvermos algo positivo para as

comunidades, uma vez que estamos lá dentro.

Outra forma de retorno é com a transferência para

o produto da simpatia pela marca e, na hora de

escolher sua cerveja, que venha o voto para a

Kaiser”, explica Marcelo Liberado.

Não poderiam faltar exemplos de atletas profissionais

que passaram pela competição. O atacante

Ricardo Oliveira, que foi revelado pela Portuguesa

e atualmente defende o São Paulo, jogou a quinta

edição pelo Estrela Vermelha da Vila Nivi. Outro

que também passou pela Lusa foi Zé Roberto,

que recentemente jogou pelo Santos e atualmente

defende o alemão Hamburgo. No entanto, antes

disso, defendeu as cores do Beira-Rio do Parque

Guarani. Outros nomes incluem César Sampaio

(Moleque Travesso, da Vila Guarani), Elias (do

Corinthians, que jogou pelo Leões da Geolândia, de

Vila Medeiros) e Cesar (lateral do Nápoli e ex-São

Caetano, revelado pelo Unidos da Praça, do Parque

Guarani). Até o veteraníssimo Serginho Chulapa,

depois de encerrada sua carreira como profissional,

matou a saudade dos campos de pelada, jogando

pelo Lausanne Paulista Futebol Clube.

S E t E m bro 2 010 | 42 -43

Copa Kaiser_v2.indd 43 13/09/10 13:04

Page 46: Document

pat rocínio esport ivo

Patrocínio esportivo

marketing de patrocínio é uma

ferramenta corporativa muito antiga, mas era

utilizada por poucas empresas e em geral com

um caráter de mecenato ou filantropia. Havia uma

visão limitada de seus benefícios.

Somente nos anos 80 e início da década de 1990,

ele começou a ser utilizado como ferramenta

mercadológica estratégica para as empresas,

que perceberam que os patrocínios deveriam ter

seus objetivos bem definidos e não mais serem

utilizados como uma ferramenta tática, sem lógica.

Patrocinadores perceberam que o patrocínio

deveria estar alinhado à estratégia global das

empresas. A alta direção começou a exigir a

mesma criatividade e rigor estratégico utilizado

na mídia convencional, o que resultou em um

ambiente propício para o desenvolvimento do

patrocínio como estratégia mercadológica.

Em 2009, o investimento corporativo em

patrocínio em todo o mundo atingiu US$ 44

bilhões, uma profunda evolução em relação

ao início da mensuração em 1986, quando o

investimento das empresas patrocinadoras era de

US$ 5,6 bilhões, segundo dados da IEG.

Mercado brasileiro de clubes de futebolA Crowe Horwath RCS apresentou em 2009

análises e projeções sobre a situação financeira e

mercadológica dos clubes brasileiros.

Entre as diferentes análises realizadas, a que

o

Raio x

como estratégia de marketing no mundo e no mercado de clubes de futebol do Brasil

Fonte: TWSM

texto Amir Somoggi

ganhou maior notoriedade foi a inédita avaliação

das marcas dos maiores clubes brasileiros,

que contava com diferentes projeções sobre o

crescimento de suas receitas futuras.

Em 2010, foi publicado o resultado de nossa

análise desse mercado que produziu, no ano

passado, R$ 1,9 bilhão em receitas. Esse

estudo corroborou as conclusões apresentadas

anteriormente à publicação dos balanços

dos clubes, provando que a Crowe Horwath

RCS conseguiu projetar o mercado em 2009

ParticiPação Patrocínio no Mundo Por categoria – eM 2009

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Page 47: Document

exatamente o que está desenvolvendo para seus

clientes esportivos.

Dos R$ 1,9 bilhão produzido pelo mercado de

clubes, cerca de R$ 270 milhões foram gerados

com os recursos destinados a eles por meio de

cotas de patrocínio e investimento publicitário –

uma evolução de 281% nos últimos sete anos.

Em 2009, os recursos com patrocínio e publicidade

representaram 14% do total gerado pelos clubes,

frente à representatividade de 9% de 2003,

Ainda segundo a análise, em 2010 os recursos

com patrocínio e publicidade gerados pelos

clubes devem alcançar R$ 313 milhões e

representar 15% do total gerado pelo mercado. Os

profissionais da Crowe Horwath RCS construíram

dois cenários distintos: realista e otimista.

No cenário realista, a receita com patrocínio e

publicidade atingiria R$ 313 milhões em 2010 e

poderia em 2014 atingir R$ 493 milhões, o que

resultaria em uma participação de 16% do total

gerado pelos clubes. Já no otimista, os recursos

com patrocínio e publicidade atingiriam R$ 355

milhões, o que resultaria em 16% do total gerado

nesse ano e poderia, em 2014, atingir R$ 700

milhões, o que resultaria em uma participação

de 22% do total.

Oito clubes são responsáveis por 65% do total

gerado com patrocínio e publicidade pelo mercado

brasileiro de clubes de futebol em 2009. Eles

foram responsáveis por gerar R$ 174,2 milhões

em 2009, com essa fonte de receita. Em 2008, os

mesmos clubes produziram R$ 129,7 milhões.

Amir Somoggi é diretor da área Esporte Total da empresa

de auditoria e consultoria Crowe Horwath RCS, que tem

projetos com clubes, investidores e patrocinadores.

Maiores receitas- Patrocínio e Publicidade – clubes de futebol no brasil. ranking eM 2009 e coMParação coM 2008 eM r$ Milhões

Fonte: Análise Crowe Horwath RCS

s e t e m bro 2010 | 44 -45

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Page 48: Document

G o l d e p l ac a

Gol de Placa

texto Augusto NuNes

Descobri num certo crepúsculo que apenas 15

centímetros me haviam separado, durante quase

vinte anos, da felicidade absoluta. Ao longo dessa

eternidade, eu fora proibido pela estatura de co-

nhecer o orgasmo do basquete: enterrar uma bola

na cesta com as duas mãos, proeza virtualmente

inalcançável para quem mede 1m85. Até que,

num inesquecível fim de tarde, sozinho numa

quadra, topei com uma tabela adaptada para

equipes infantis, meio metro abaixo da oficial.

Então, ao longo de quarenta minutos fantásticos,

eu soube o que é ser Michael Jordan.

Bolas de xuá, jumpings impecáveis, bandejas

acrobáticas, passes picados – esses e outros

prazeres eu pudera saboreá-los como aplicado

amador nas quadras da Araraquarense. Mas

faltava a enterrada. Desde aqueles momentos de

sonho, virei feroz partidário de uma tese do cartu-

nista Ziraldo: os jogadores de basquete deveriam

ser distribuídos, como os lutadores de boxe,

por categorias distintas. No mundo dos ringues,

peso-pesado é uma coisa, peso-mosca é outra –

circunstância que permitiu a um Éder Jofre, por

exemplo, entrar para a história sem ter de trocar

ganchos no fígado, diretos no queixo e devastado-

res uppercuts com um Muhammad Ali.

A sugestão de Ziraldo, que jura ter colecionado

exibições memoráveis nas quadras da mineira

Caratinga, conduziria à criação de categorias

separadas para jogadores com 1m50 a 1m60,

com 1m60 a 1m70 e assim por diante. É uma

boa ideia que passo de graça ao secretário de

Esportes do governo Lula. Passei a endossá-la

com especial entusiasmo ao ver de perto Michael

Jordan, o magnífico ala do Chicago Bulis – experi-

ência francamente desanimadora para um antigo

craque do time de basquete do Instituto de Edu-

cação 9 de Julho.

Conheci a fera em 1984, durante a Olimpíada de

Los Angeles. À minha frente, erguia-se um armá-

rio com cerca de 2 metros de altura. Suponhamos

que a natureza me tivesse dotado de todos os

atributos que fazem um atleta muito singular.

Como neutralizar a abissal centimetragem que

nos separava (e lastimavelmente, continua a

separar)? A inexistência desses abismos físicos

figura entre os muitos encantos que fazem do fu-

tebol um esporte destinado a fascinar multidões.

Não há tais abismos a separar os artistas entre si,

como também não existem distâncias do gênero

entre artistas e plateia.

(Continua na próxima edição.)

Augusto Nunes é jornalista.

A felicidade a um palmo e meio da mão (parte 1)

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David Pereira Martins Prates

Perfil

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Page 52: Document

Perfil

David Prates conquistou o troféu de jogador destaque da Seleção Paulista de Rugby de 2010. Recentemente, o esporte começou a crescer e aparecer no Brasil, mas o atleta treina e se dedica à modalidade há seis anos. Ainda sem patrocinador, já começa sua coleção de troféus e medalhas, participou de um torneio no Uruguai e busca o sonho de fazer parte da Seleção Brasileira.

foto

s: R

afa

el S

ilva

Nome

David Pereira Martins Prates

Nascimento

29 de outubro de 1991, em São Paulo (SP)

Esporte e categoria

Rugby, M19

Altura e peso

1,71 m e 90 kg

Horas de treino

Treino todos os dias, mas não sei a duração exata

Técnico

Paulo Meireles

Patrocinadores

Não tenho

Local onde treina

Pasteur Athletique Club

Desde que idade/ano pratica o esporte

Desde meus 14 anos; são seis anos de rugby

Títulos

Conquistei o troféu Lyons’ Seven de 2009 (campeão M19) e medalha de segundo lugar na Seleção Paulista de Rugby de 2010, além de troféu de jogador destaque do torneio

Principais competições de que participou

Seleção Paulista 2010 e Torneio Valentin Martinez, no Uruguai

Filme

Invictos (é sobre rugby)

Prato

Massa

Cidade brasileira

Rio de Janeiro

Cidade estrangeira

França

Família é...

Meu porto seguro; se não fosse a ajuda de todos da minha família, não sei se estaria onde estou

Estudos

Cursando 3º ano do 2º grau

Se não fosse atleta...

Seria professor de Educação Física

Ídolo na vida

Minha mãe

Um sonho

Construir uma família e estar na Seleção Brasileira de Rugby

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Viagem 52 // Literatura 54 // Música 55 // Menu - Vinhos 56 // Menu - Cultura de mesa 57 // Teatro 58 // Cinema 59 // Artes visuais 60 // Moda 62 // Sustentabilidade 64

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respiro

Manter o fôlego é o maior desafio de quem visita as Cataratas do Iguaçu, as maiores do mundo em volume de água e de esportes de aventura

Não há nada que justifique o comum descaso de viajantes com

Foz do Iguaçu, destino muito mais valorizado por turistas estrangeiros do que

brasileiros. A cidade paranaense, bem na divisa com o Paraguai e a Argentina,

possui um dos mais belos conjuntos de quedas d’água do planeta – e a preços

bem acessíveis para quem mora no Brasil (há pacotes com três noites e aéreo a

partir de São Paulo por R$ 600).

Nem por um minuto caia na roubada de achar que só porque é barato é ruim.

Foz do Iguaçu é uma cidade deliciosa, que gira em torno das duas grandes ma-

ravilhas locais: as cataratas mais volumosas do planeta e a usina hidrelétrica de

Itaipu, a maior em geração de energia do mundo.

ntexto RaíRa VentuRieRi

Viagem

imag

ens:

Arq

uiv

o p

esso

al

A Itaipu é mesmo uma atração turística, tanto que

organiza sete passeios diferentes para mostrar a

visitantes desde os mais técnicos processos de

produção de energia (sempre acompanhados de

estratégicas paradas para fotos frente à grandeza

da barragem) até projetos paralelos mantidos pela

companhia, como o Refúgio Biológico, que abriga

animais recuperados do tráfico.

É divertido conhecer a Itaipu, mas o passeio não

chega aos pés da emoção de contemplar as exu-

Iguaçu para destemidos

Respiro - Viagem.indd 52 13/09/10 13:22

Page 55: Document

berantes cataratas de pertinho, com auxílio das

passarelas e trilhas do Parque Nacional do Igua-

çu que permitem ao visitante chegar muito, mas

muito perto das quedas. Além da trilha (tranquila

e pavimentada) até o ponto mais próximo das

cataratas – que tem vista para as quedas durante

todo o caminho – o Parque oferece atrações sob

medida para quem procura algo além da mera

contemplação.

No quesito interação com a água, o passeio do

Macuco Safári é campeão. Trata-se de um tour

de bote pelo rio, com direito até a batismo em

uma das quedas dos Três Mosqueteiros. São

cachoeiras um pouco menores em comparação

às quedas gigantescas, mas ainda assim chega a

doer o contato da água pesada sobre os aventu-

reiros – que, inclusive, costumam entrar no pas-

seio desavisados, sem tomar o devido cuidado de

deixar sapatos e pertences em armários individu-

ais na saída do passeio.

Além de lavar a alma nas águas do Iguaçu, o Ma-

cuco Safari oferece uma visão especial das cata-

ratas, de baixo, um ângulo impossível desde os

mirantes. É bem divertido e há paradas para fotos antes de começar a molhadeira,

quando todas as câmeras são guardadas em um saco impermeável.

Em frente à recepção do Macuco Safári, onde param os ônibus turísticos do Par-

que, fica a entrada para a trilha do Poço Preto. É outra atração bacana e regada

a adrenalina – a trilha de 9 km leva até uma casa-mirante com vista para a flo-

resta, e o retorno é feio pelo rio, em caiaques ou barcos bimotores que deixam o

turista bem pertinho da estrutura de lojinhas e restaurantes do Parque.

AVenturAs no ArNem todos os esportes de Foz dependem de água. É o que prova o Campo de

Desafios, também no Parque Nacional brasileiro (há um no lado argentino). Bem

próximo à Trilha das Cataratas, o Campo de Desafios oferece quatro atividades:

arvorismo, rapel, escalada e rafting.

O arvorismo é o mais puxado, com uma sequência de 12 obstáculos com altura

máxima de oito metros, nos quais o praticante caminha sobre finos cabos de

aço, troncos móveis, escadinhas instáveis e redes de cordas. Arremata-se com

uma tirolesa curtinha, que prepara os mais corajosos para o gran finale: o Pulo

do Gato, que consiste em escalar um tronco de 10 metros de altura e, de lá, sal-

tar até um trapézio a 12 metros do chão.

Se você não tem medo de altura experimente também o rapel, feito em uma

plataforma suspensa de 55 metros de altura. O melhor é que, ao contrário do ar-

vorismo, o rapel oferece uma vista espetacular das cataratas – o que dá vontade

de descer bem devagarinho. Ao fim da descida, você pode trocar a escadaria de

volta até a base por uma escalada pelo paredão do Cânion Iguaçu, ou até mes-

mo engatar em um rafting que parte dali.

Se você achava que, pela ausência de praia e escassa vida noturna, Foz do Igua-

çu é um destino apenas para famílias, pense melhor. Casais e grupos de amigos

também podem se divertir muito na cidade, que tem como extras as baladas e

cassinos da argentina Puerto Iguazú e os shoppings de eletrônicos baratíssimos da

paraguaia Ciudad Del Este. Quem quer farra – seja na noite, nas compras ou nas

aventuras – vai encontrar um destino inesquecível nesta pontinha do Brasil.

Muitas operadoras organizam pacotes básicos para Foz. Os mais em conta (cerca

de R$ 600) são os roteiros de quatro dias da CVC (cvc.com.br) com aéreo e três

noites. Eles não incluem os passeios, ao contrário dos roteiros da Freeway (freeway.

tur.br), que são também bem mais caros – cerca de R$ 1.400 pelo mesmo período.

Se você for por conta própria e puder pagar, o melhor hotel da cidade é o Hotel das

Cataratas (hoteldascataratas.com.br), único dentro do Parque Nacional e com vista

para as quedas. A diária é bem alta, no mínimo R$ 600 para duas pessoas.

Para ir tranquilo

S e t e M bro 2010 | 52 -53

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Page 56: Document

respiro

texto Kevin Kraus

Literatura

Uma das coisas mais fantásticas é descobrir um livro que causa um

terremoto na sua vida. Ainda mais se for um livro raro e difícil de encontrar. Dois

prazeres mais um, o de investigar até achar e o de ler e se encontrar ali e, de

lambuja, um deleite se for um livro que fala sobre gozo, amor, tesão, libertina-

gem. Em Sob a Éfide de Eros, Ângelo Monaqueu visita os infernais Arquíloco,

Catulo, Marcial, Villon, Aretino, Góngora, Gregório de Mattos, Bocage, Safo,

Machado e o Jorge Luis Borges, Pessoa, Álvaro de Campos, Bandeira e Oswald

e destila desses “monstros” a palavra impregnada de suor e libido, poemas que

copulam e se entrelaçam na retina do leitor.

Poesia suave, idílica, quase inocente: beijinho no rosto da gente. Lirismo es-

croto, zoófilo, podrão, que nem tapa na cara, chute no colhão. Uma montanha

russa de espasmos, músculos, contrações, refluxos, grunhidos, lambidas que

descarrila e nos atira na babel dos escritores alucinados. Um livro absurdo, pen-

sando no termo positivamente, que abre a oportunidade de fugir da tagarelice,

da auto-ajuda e da mesa repleta de mais vendidos. Recomendado para aqueles

que precisam de amor e sexo, sem puritanismos e a caretice que insiste em nos

embrulhar. Ache o livro e deixe-o morar na cabeceira da cama.

O livro é todo precioso, comentários professorais e notas agudas de Omar Khou-

ri, idealizador da revista Artéria (principal publicação brasileira de poesia visual),

ambos da Nomuque Edições.

“A temática geral – AMOR: poemas versando sobre os fazeres e afazeres do

Reino de Eros. (...) Afinal, são textos de um autor ser-humano total, ideal, semi-

abstrato, uma quase-personagem de ficção.”

Kevin Kraus é professor e tradutor.

c Kevin Krauss

Ah! Aquela eguinha pampa

Que eu barranqueava até as tantas

Nas férias que passava na invernada...

Ah! Minha égua, eguinha, foi minha

Primeira namorada.

Omar Khouri

[...]

E desabrindo as pétalas-nádegas

De sua bunda-flor:

O miolo, uma rosa, válvula liberadora

De perfumes variáveis

Todos sempre agradáveis

Para o bom degustador.

Poemas sob a égide de Eros

Ilus

traç

ão: A

lice

Fre

ire

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qual é a fórmula do sucesso na música? Quem diz conhecê-la,

seja essa pessoa um produtor musical, diretor de uma grande gravadora

ou qualquer artista profissional, está mentindo. Ninguém sabe o que fazer

exatamente para se tornar um artista de sucesso. Mas o caminho a ser

trilhado está cada vez mais democrático, graças ao crescimento irrefreável

da cena musical independente.

Gravar um disco já foi algo inacessível para muitos artistas. Houve um tempo

em que o único caminho para isso era a gravadora. Era ela, com seus evidentes

interesses mercadológicos, quem determinava a qualidade artística final de

qualquer produção. Mas isso foi definitivamente desintegrado pela facilidade de

acesso a equipamentos de áudio e informática e pela popularização da internet.

Gravar um disco hoje é algo que pode ser feito no conforto de casa, em um

espaço exíguo, com grande qualidade, e divulgado com eficiência.

E é assim que tem sido feito. Não é exagero dizer que a principal produção musical

brasileira está sendo realizada de forma independente. E esse setor já se encontra

pra lá de estabelecido e organizado, contando com uma infinidade de selos, como

o Folguedo, distribuidoras como a Tratore e associações como a ABMI (Associação

Brasileira de Música Independente). Só o selo Folguedo, no ano passado, produziu

11 novos títulos, entre CDs e DVDs. Além disso, muitos artistas conseguem manter

seu trabalho com leis de incentivo à cultura, que permitem que empresas apóiem

projetos culturais destinando parte de sua carga tributária a isso.

texto Zé Helder

Música

Em que isso interfere na produção musical?

Em vários fatores, mas certamente o mais

importante é a liberdade criativa. E liberdade,

neste caso, não significa falta de organização,

pois um trabalho só se firma perante o público

se for bom, bem feito e bem divulgado. A banda

Matuto Moderno, por exemplo, que mistura rock

com música caipira, tem 11 anos de estrada e 4

CDs lançados de maneira independente. Artistas

renomados como Lobão e Pato Fu abandonaram

o chamado mainstream (termo que se refere

a artistas de grande popularidade que têm

estrutura empresarial sólida) para se dedicar à

música independente. Sem falar em milhares

de bandas que têm seu trabalho divulgado

na internet, sem dúvida, a mais importante

ferramenta para esse cenário acontecer.

Zé Helder é músico.

s e t e m bro 2010 | 54 -55

A cena independente brasileira

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Page 58: Document

mSinatra, a voz como um vinho

inha relação com Frank Sinatra não poderia ser mais antiga. Segundo meus pais,

fui concebido ao som de Sinatra. Desde então não parei de ouvir a música deste esplêndido cantor, que

foi a voz do século XX e, ao que parece, não será esquecido no novo milênio.

No fim de agosto deste ano, os jornais de todo o mundo anunciaram que a gravadora Universal Music

adquiriu os direitos para relançar todo o catálogo do selo Reprise, criado por Sinatra em 1961. A compra

prevê um extenso cronograma de reedições de CDs e DVDs, incluindo material inédito. O pontapé inicial

vai ser dado em outubro com a edição comemorativa dos 40 anos do álbum My Way, lançado em 1969.

O que poucos lembram é que “The Voice” é um dos únicos cantores (junto com Billie Holiday) cuja voz

tem diferentes “safras”. Seu timbre mudou drasticamente ao longo de sua carreira, com diferentes ar-

ranjadores, em diferentes gravadoras. Pode-se, por exemplo, pedir um “Sinatra da Columbia”, ou um

“Sinatra da Capitol” como quem pede um “Borgonha 1996”, ou um “Porto Vintage 1994”. Em sua pri-

meira fase, nos anos 1940, “a voz” soava aveludada, limpa, com ampla extensão de graves e agudos.

Dizem que videiras precisam sofrer (estresse hídrico) para dar bons vinhos. Foi assim com Sinatra. É

consenso entre críticos que só depois das dores do casamento com Ava Garner e da aparente perda da

voz, em 1950, Sinatra atingiu sua maturidade como intérprete. Seu timbre mudou; por um lado, deixou

de ser tão limpo e macio, e por outro ficou mais encorpado, ganhou peso, profundidade dramática e

um toque metálico que os músicos chama de punch. A partir daí podemos dizer que sua voz evoluiu

linerarmente, dos anos 1960 até suas últimas gravações nos anos 1990. Aos poucos perdeu agudos,

persistência nas notas longas, limpeza e brilho, mas ganhou graves e certa aspereza que enfatiza ainda

mais a densidade dramátrica de suas interpretações.

Esta evolução da “voz” é semelhante à evolução de um vinho de guarda. A metáfora perfeita é encon-

trada nos vinhos clássicos espanhóis, como os da Rioja. Sua primeira fase equivale a um vinho “Cose-

cha”, leve, fresco, sem madeira, sedutor. A segunda, na gravadora Capitol, já ganha amadurecimento

em madeira, com certa aspereza de taninos e alguma complexidade, como um “Crianza”. As fases

seguintes aprofundam a aspereza da madeira, perdendo frescor, mas ganhando enorme complexidade

e profundidade. Podemos perfeitamente comparar a voz de Sinatra nos anos 1960 e 1970 a um “Re-

serva”, e seu timbre maduro dos anos 1980 e 1990, a um “Gran Reserva” em sua plenitude.

Marcelo Copello - [email protected] – é editor do site Mar de Vinhos.

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Menu - Vinhos

texto Marcelo copello

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racionalidade de nossa memória muitas vezes é mais fugaz que

nossas recordações gustativas. Consigo me lembrar gustativamente do momen-

to em que o pão de queijo mineiro ganhou a admiração dos paulistanos – não

exatamente a data. Comer um deles em alguma padaria em São Paulo era uma

aventura única; cada local oferecia uma receita, feita artesanalmente, que des-

pertava sabores próprios. Bastava andar duas quadras e você tinha um pão de

queijo diferente da padaria das esquinas anteriores.

Conversar com o publicitário João Consorte, um apaixonado por cozinha, que

acaba de empreender sua própria pararia, a Le Pain, me fez entender porque

pão de queijo virou commodity hoje – parece que há uma única receita em

execução na cidade. “Padeiro hoje é um misturador de receitas pré-prontas.”

Surpreendeu-me que justamente ele, que abriu o Le Vin com a intenção de ser

um modelo para uma rede de lojas, valorizasse o artesanal. “Prefiro fazer pou-

cas unidades, geradas artesanalmente de um único levin, a utilizar misturas

pré-prontas”, resumiu.

Fui checar se as palavras valiam no mundo real. Consigo contar nos dedos de

uma mão as padarias de São Paulo que oferecem a qualidade dos pães da Le

Pain. O croissant é feito folha a folha, com toda a manteiga que tem direito; há

variedades de pães delicados e um incrível pain au chocolat produzido com bar-

rinhas do chocolate belga Callebaut – imbatível. Fora a vitrine de doces, o pão

na chapa preciso e o bom café, com seus derivados.

Na minha visão tacanha, o risonho e sabichão gestor moderno seria facilmente

o carrasco do conservador português-da-padaria, que executa suas receitas

tradicionais provenientes de sua triste terrinha. O fato é que esse português que

tinha em mente não existe mais; ou melhor, sua produção artesanal vem se per-

dendo na teimosia de conservar o negócio da mesma maneira, mesmo em um

cenário competitivo das padarias da cidade. Daquele meu português, só resta-

ram mesmo o bigode e o sotaque.

Alexandre Le Voci Sayad é educador, jornalista e um aventureiro na cozinha.

Pão não é commoditytexto AlexAndre le Voci SAyAd

Menu - Cultura de mesa

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o teatro, existe um conceito muito utilizado por diversos diretores

e que dificilmente chega ao conhecimento do grande público. A Quarta Parede

é, em termos práticos, uma divisória invisível que separa o palco da plateia. É

o que encontramos na grande maioria das peças a que assistimos. O público

assume um papel de voyeur das cenas que se correm no espetáculo, sem

participação ativa no rumo da história.

O filósofo e escritor francês, Denis Diderot, em seu livro Sobre a Poesia

Dramática, defendia o uso da técnica de uma forma um tanto radical, propondo

que os atores ou artistas no palco agissem como se a plateia não existisse. O

compatriota de Diderot, o dramaturgo Molière, alertava sobre a possibilidade do

uso da Quarta Parede dissimular o público presente no teatro.

Revendo a história da dramaturgia mundial, o recurso é ignorado por diversas

manifestações artísticas das artes cênicas, como a Comedia dell’Arte – na Itália

e França – assim como o teatro grego – com Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Hoje,

o teatro de rua, teatro infantil e algumas comédias quebram a chamada Quarta

Parede para ter um diálogo mais direto com quem está na plateia – a chamada

Triangulação. E, por consequência, fica estabelecida uma interatividade maior

do que a posição passiva proposta pelo naturalismo.

Alguns diretores escolhem usar esse recurso para ter a história contada do seu

jeito, sem interrupções. Outros preferem o estilo por ter uma identificação maior

com o público já acostumado com essa linguagem usada também no cinema e

– principalmente no Brasil – nas novelas. O teatro ocidental é muito familiarizado

n

texto Paulo Bueno

Teatro

com essa ferramenta, o que já não acontece no

Oriente, como, por exemplo, no teatro japonês,

com o Kabuki e o Nô.

A origem do nome veio da concepção da estética

naturalista concebida pelo escritor francês

Émile Zola. Na prática, o também francês André

Antoine e o russo Constantin Stanislavski se

apropriaram dos conceitos e os aplicaram em

cena. O nome Quarta Parede veio do princípio

que as duas laterais e o fundo do palco seriam

suficientes para construir o cenário. O vão entre

o palco e a plateia seria esse quarto muro,

obviamente, invisível.

Paulo Bueno é jornalista, ator e locutor.

Quarta Parede

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e

Cinema

Sylvio do Amaral Rocha é diretor da Confraria Produções e

professor de cinema.

s e t e m bro 2010 | 58 -59

Baía de Guanabaratexto Sylvio do AmArAl rochA

O Rio de Janeiro na virada do século XIX para o XX tinha quase um

milhão de habitantes. Nesse cenário, precisamente em 8 de julho de 1896, o

primeiro filme foi exibido na antiga capital federal. Menos de sete meses de-

pois da aparição em Paris e já tinha sua première no Brasil – mas claro que

com uma diferença particular, como nos aponta o Jornal do Comércio, em

matéria escrita na época:

“O espetáculo é curioso e merece ser visto, mas aconselhamos aos visitantes a

se acautelarem contra os gatunos. Na escuridão negra em que fica a sala duran-

te a visão, é muito fácil aos amigos do alheio o seu trabalho de colher o que não

lhes pertence. A polícia que tão bem os conhece poderia no sentido de impedir-

lhes a entrada naquele recinto”, História do Cinema Brasileiro, página 16.

Como nas cidades estrangeiras, o cinema no Brasil começou a ser exibido

com outras apresentações: mulheres barbadas, ilusionistas, acrobatas etc. Os

cafés-concerto ficavam em torno da Praça Tiradentes e atraiam multidões por

seus ingressos baratos.

Em São Paulo, o cinema só apareceria dois anos depois. Entre 1890 e 1900,

a cidade cresceu assustadoramente, passando de 64 mil para quase 240 mil

habitantes. Foi em fevereiro de 1898, no Teatro Apolo, na atual Rua XV de

novembro, bairro da Boa Vista, que o maravilhoso cinematógrafo dos irmãos

Lumière começou a funcionar. Naquele período os filmes ainda eram importa-

dos e até mesmo Méliès chegou a ser exibido em São Paulo pela Companhia

Francesa de Variedades.

O primeiro filme foi rodado no Brasil em 19 de julho de 1898. Afonso Segreto,

irmão de Paschoal Segreto - exibidor de filmes e grande agitador cultural - vol-

tava da Europa e, ainda a bordo do navio Brésil, filmou a Baía de Guanabara.

Somente em 1899, São Paulo seria palco de uma filmagem, quando foram re-

gistradas as comemorações da unificação italia-

na. Até 1903, os dois irmãos seriam os únicos a

filmar em terras tupiniquins – gravavam eventos

políticos, encontro de pessoas importantes, lan-

çamentos oficiais e cidades.

Em 1908, o primeiro filme posado (de ficção) foi

rodado. Os Estranguladores, de Antônio Leal, nar-

ra um caso verídico que assombrou a imaginação

popular da época: dois adolescentes estrangula-

dos por uma quadrilha. O crime abalou a socieda-

de e o filme foi um sucesso.

A chegada da energia elétrica foi fundamental

para o cinema se desenvolver. Depois da inaugu-

ração da usina de Ribeirão das Lages, em 1907,

as salas de exibição pipocaram pela cidade cario-

ca. Em poucos meses, dezenas de espaços foram

abertos e filmes nacionais começaram a competir

com o filme estrangeiro. O pontapé inicial do nos-

so cinema estava dado.

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A cerâmica do ValeVale do Jequitinhonha se localiza ao norte de Minas Gerais e ocupa

uma área de 85 mil quilômetros quadrados. Mesmo sendo considerado uma

das regiões mais pobres do Brasil, é possível listarmos cerca de 80 municípios e

um milhão de pessoas vivendo de forma humilde e com o pouco que a natureza

lhes proporciona.

Setenta e cinco porcento de sua população está na área rural, praticando uma

rudimentar agricultura e pecuária. No passado, tanto a floresta, vegetação

dominante, quanto seus habitantes, tribos indígenas, foram dizimados por causa

da atividade predatória da mineração e extração do diamante. Hoje, a maior

parte do solo é árida e castigada regularmente por secas e enchentes.

Além da agricultura e pecuária, outra atividade tornou o Jequitinhonha

conhecido nacionalmente em fins da década de 70 e início da de 80: sua grande

cerâmica. A argila, encontrada em toda a extensão do Vale, é considerada de

excelente qualidade e, retirada de barrancos de rios, é carregada pelas artesãs

em balaios sobre a cabeça ou em lombo de animais até seus locais de trabalho.

O processo de preparação da argila para a construção das peças, assim como

sua execução, é passado de geração a geração, de mãe para filha, de avó para

neta, e, após moldadas e pintadas, são queimadas em fornos extremamente

rudimentares, muitas vezes feitos pelas próprias mulheres.

Entre todas as técnicas associadas à preparação da cerâmica, a queima é a que mais possui lendas contadas e rituais prescritos para se evitar a “ira dos deuses” e, consequentemente, a quebra das peças enquanto estão nos fornos.

Para a execução dos potes e utensílios domésticos, as ceramistas usam a

técnica do acordelado, adaptado de metodologias indígenas, que consiste

na sobreposição de cordões de argila em espiral unidos uns aos outros com

o auxílio dos dedos e alisados com um sabugo de milho. Para as peças

escultóricas, utilizam-se as técnicas de bloco, de repuxado e das placas. A

texto Izabel Rocha

Artes Visuais

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A cerâmica do Vale

Izabel Rocha é historiadora de arte, professora e produtora

cultural.

s e t e m bro 2010 | 6 0 -61

imagem é formada partindo do pedaço da argila

macia e em seguida são adicionados os detalhes

como braços, olhos, boca etc.

A cerâmica do Vale do Jequitinhonha é elaborada por variadas comunidades que têm características próprias e um artesanato diferenciado. As questões étnicas e socioculturais são semelhantes; no entanto, as tradições de execução das peças, passadas oralmente para as novas gerações, mostram-nos a existência de diferenças nas linhas, volumes e temas de cada uma das obras, tornando cada uma delas quase que exclusiva de sua comunidade.

E nesse Vale, extenso e humilde, o processo

tão peculiar de preparação da argila, mistura

de barros, pintura e queima das cerâmicas

representa uma cultura imaterial sem

precedentes, destacando-se como uma grande

referência artística e um dos grandes patrimônios

de nosso País.

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respiro

m moda, qualquer outro “universo” pode servir de inspiração e se tornar

uma tendência: arte (como vimos na edição anterior), música e esporte. Este come-

çou a fazer parte do mundo fashion nos anos 1920, quando se tornou mais popular

entre as mulheres, que começaram a praticar natação, esqui e outras modalidades.

O primeiro a se dar conta do sucesso que este nicho poderia trazer foi o estilista

italiano Emilio Pucci, que havia desenhado o uniforme de esqui do Reed Colle-

ge, escola de artes norte-americana. Em 1947, a roupa de esquiar que ele havia

feito para uma amiga chamou a atenção da fotógrafa Toni Frissell, da Harper’s

Bazaar. No inverno do ano seguinte e a pedido da revista, ele desenhou outfits

para um editorial sobre moda de inverno, causando grande sensação entre fabri-

cantes, que se ofereceram para produzi-los. O esporte influenciaria sua carreira

novamente em 1949, quando Pucci lançou uma linha de biquínis e maiôs.

A união entre moda e esporte ganhou forças nos anos 1980, com a popularização

de marcas esportivas como Le Coq Sportif, Keds e a Adidas (com seu famoso aga-

salho de listras laterais). A febre por marcas continuou na década de 1990, com

marcas como Puma, Nike, Reebok, entre outras. Durante os períodos de jogos

olímpicos e Copas do mundo, não é novidade quando grandes nomes se oferecem

para dar uma renovada nos uniformes de seus países: Ralph Lauren já fez para os

Estados Unidos, Frida Giannini (diretora criativa da Gucci), para a Itália, e Martin

Margiela, para a Bélgica.

Atualmente, a moda alia a tecnologia empregada nas roupas esportivas para be-

neficiar também as roupas do dia a dia – vide os tecidos com respirabilidade,

bactericidas e que não proliferam odor, entre tantos outros existentes. A associa-

ção entre estilistas e marcas esportivas de renome torna o mundo esportivo cada

vez mais atrativo, mesmo para aqueles que não chegam perto de uma academia

ou uma quadra. Bons exemplos são a inglesa Stella McCartney que assina, desde

2004, linhas de ioga, golfe, dança, ginástica, tênis e natação em parceria com a

Adidas, ou a Y3, união da marca com o estilista japonês Yohji Yamamoto.

Na próxima estação, esportes como o futebol americano, o tênis, o surfe, o

mergulho e o motociclismo serão as maiores influências. Basta olhar os desfiles

– nacionais e internacionais – e prestar atenção nas jaquetas com capuzes, nas

bermudas estilo ciclista ou nas minissaias pregueadas. Isso sem mencionar os

tecidos sintéticos, neoprene, couro e malhas, e as cores vibrantes (como azul,

verde, pink e a velha dupla preto e branco) que estarão em alta no verão 2011.

Moda

Ana Lúcia Severo é jornalista com especialização em Marke-

ting, Merchandising e Mídia de Moda, pela Esmod de Paris.

Foi responsável pela Coluna de Moda Masculina no site

Meninas da Moda e colabora com o Modalogia.

Moda e Esporte: uma parceria de sucessotexto AnA LúciA Severoe

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Eleições, Copa e feridas no planeta

ós perdemos a Copa. Foi um dia triste, mas mais triste é estarem

todos voltados para o jogo do futebol, azafamados para saírem dos escritórios,

presos em automóveis escravizantes, e ninguém estar preocupado com a

queima contínua das florestas brasileiras.

O principal foco de destruição da Amazônia é a especulação imobiliária, a todo

vapor. Depois chegam atividades nocivas, que não entregam os especuladores

à Justiça. Nem tudo é ruim; lógico que em todas as áreas há o bom e o ruim e

isso vale para agricultura, para pecuária, para tudo enfim. Precisamos começar

a separar o bom do ruim.

Políticos despreparados em relação ao meio ambiente preocupam, e muito.

As feridas no planeta que estão sangrando hoje são enormes. As avalanches

de lama no Paquistão e na China, os acidentes ambientais pavorosos da China

que dobraram em 2010 e sequer são noticiados no Ocidente, a pressão dos

países ricos sobre o resto da natureza do planeta, com seu modelo destruidor

de ecossistemas copiado pelos países atrasados. O derramamento de óleo do

Golfo do México e agora no sul do Brasil e os corriqueiros na África, onde não

existe a menor atenção do mundo. Os incêndios florestais aqui e acolá e 700

pessoas morrendo todos os dias na Rússia por conta do pior calor dos últimos

160 anos. Finalmente, um pedaço de gelo enorme do Ártico se desprendeu.

Embora essa água já estivesse no oceano, um elemento móvel na água é atraído

pela gravidade da lua, e isso criará marés mais altas. Não à toa, há verdadeiras

mansões no litoral do Nordeste vendidas a 15 mil reais.

A prefeitura de Chicago está planejando sua infraestrutura para uma cidade sem

neve; Holanda está encompridando seus diques em três metros; e o governo

da Austrália anunciou um plano de evacuação costeira que começou no fim de

ntexto Hugo Penteado

Sustentabilidade

2009. O que eles sabem que não sabemos? E as

ilhas que estão sumindo do mapa?

Inaceitável a inação dos governos e seu mantra

sagrado de crescer, crescer, crescer, como se

isso não fosse um grande mal e não estivesse

embasado num dos maiores erros científicos da

história humana, a ciência econômica. Numa

cidade como São Paulo – onde o número de

carros não poderia mais aumentar, onde os

impostos para o segundo carro deveriam ser

altíssimos, onde o estímulo para fazer uso de

transporte coletivo e bicicletas deveria ser a única

opção para evitar o colapso horripilante que

já vivemos. Levo 30 minutos de bicicleta para

chegar em casa num trajeto de oito quilômetros;

de carro, levaria uma hora e quinze minutos.

Enquanto brincarmos de fazer de conta que

nada de errado há com os confortos cotidianos,

optamos claramente pelo nosso extermínio.

Quando não fazemos perguntas certas aos

políticos e nem cobramos deles cidades mais

humanas e soluções reais e palpáveis para

os problemas que nos assombram, estamos

perdidos. Precisamos participar mais!

Hugo Penteado é ecoeconomista.

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ENTREVISTA: douglAS coSTA | MoNocIclo: MERcAdo dESEquIlIbRAdo | quANdo Ex-jogAdoR ENTRA EM cAMpo | plANEjAR, cRIAR TáTIcAS, ToMAR dEcISõES: ISSo é VElEjAR | A FábRIcA dE TAlENToS do MINAS TêNIS clubE | copA kAISER | E MAIS...

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