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ENTREVISTA: douglAS coSTA | MoNocIclo: MERcAdo dESEquIlIbRAdo | quANdo Ex-jogAdoR ENTRA EM cAMpo | plANEjAR, cRIAR TáTIcAS, ToMAR dEcISõES: ISSo é VElEjAR | A FábRIcA dE TAlENToS do MINAS TêNIS clubE | copA kAISER | E MAIS...
NA polE poSITIoN bRASIlEIRA | douglAS coSTA
publicação mensal de m
arketing aplicado ao esporte
#04 | setem
bro2010#
04 | setembro2010
ISSN 2177-8612
As NOVAS Wilson® BLX PRO Super Six e Six agora
nos principais torneios, utilizadas por Juan Martin
Del Potro, Feliciano Lopez e muitos outros jogadores
que usam a família de raquetes BLX PRO.
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O curso MBA Gestão e Marketing Esportivo oferece qualificação para profissionais
na área de gestão, marketing e comunicação esportiva, desde 2002, em parceria
com a Brunoro Sports Business.
São Paulo
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Revista Competir Sports Marketing
Uma publicação mensal da Editora dos Andes
Publisher Marcos Muanis Rocha
Diretora Izabel Muanis Rocha
ReDação
editora Daddy Mallagoli
Repórteres Caio Dib, Lidiane Aires, Mariana Sayad, Oldair
de Oliveira e Santiago Sabella
Colunistas Amir Somoggi, Augusto Nunes, Christian Kittler,
Lucia Kouri, Marco Antonio Siqueira e Wesley Cardia
Colaboradores do Respiro Alexandre Sayad, Ana Lúcia
Severo, Hugo Penteado, Izabel Rocha, Kevin Kraus, Marce-
lo Copello, Paulo Bueno, Raíra Venturieri, Sylvio do Amaral
Rocha e Zé Helder
articulista Paulo Velasco
aRte
Direção de Criação Meu Estúdio (www.meuestudio.com.br)
Ilustrações Meu Estúdio e Alice Freire
Projeto gráfico Estúdio Guará (www.estudioguara.com.br)
ComeRCIal
Comercial
Diretor Comercial Roberto Ochiai
assInatuRas
Impressão InterGraf
Distribuição e logística JJDS (www.jjds.com.br)
tiragem 12 mil exemplares
Revista Competir sports marketing
endereço Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 3189, casa 3,
sala 01, Jd. Paulistano, 01401-001, São Paulo, SP
site www.competirsportsmarketing.com.br
e-mail [email protected]
É proibida a cópia, divulgação ou reprodução do conteúdo ou
parte dele sem autorização prévia e formal da Editora dos Andes.
2010 Propriedade Intelectual e Direito de Publicação:
Editora dos Andes.
Caro leitor,
MarCos Muanis roCha
Percebemos nos últimos dias a criação ou fusão de grandes grupos de
marketing esportivo: a 9ine, com o fenômeno Ronaldo e o grupo inglês
WPP, a Sport Strategy, união entre o Brunoro e a Ivestmark, braço
esportivo da Neogama, a Octagon Brazil (compra da Agência B2S pela
global Octagon). Somamos a estas o forte grupo ABC e os passos da Globo
e RBS no mercado, com a criação da Geo Eventos. O que tudo isso nos
mostra? A consolidação do mercado de marketing esportivo.
Engana-se quem pensa que estes acontecimentos só ocorrem por causa
da Copa e da Olimpíada no Brasil. Estes eventos funcionaram como
catalisadores para a criação dessas mega empresas e só reafirma o forte
potencial esportivo do País. A grande vantagem de se ter grandes players
no mercado é a necessidade da profissionalização nas Federações, clubes
e atletas. Com um mercado aquecido e competitivo, o amadorismo e erros
serão duramente punidos e perder espaço poderá ser fatal.
Ninguém está entrando para perder, e o pós Copa e Olimpíada será ainda
mais intenso: teremos mais eventos e investimentos no setor. Além de
distribuir renda, o esporte tem um forte papel na inclusão social e na
identidade da nação. Cria ídolos, marcas, gera receitas, entretém.
E a Revista Competir, que é mais uma prova da consolidação do mercado,
já vem conquistando seu espaço: o Prêmio Competir, primeiro do segmento
no Brasil, firma-se como uma plataforma de comunicação dos negócios
do esporte e premiará os melhores do ano em cinco categorias: Inclusão
Social Através do Esporte, Mídia, Iniciativa Pública Para a Prática
Esportiva, Empresa Privada e Instituição Esportiva.
Profissionais de diferentes áreas do mercado serão os jurados: Augusto
Nunes, João Henrique Areias, Paulo Velasco, Felipe Awi, Júlio Cardoso,
Celso Foster, Robert Alvarez, Fernando Trevisan e João Alfredo Branco
analisaram os cases inscritos e darão notas. Os três melhores da cada
categoria serão premiados.
Acesse o site www.premiocompetir.com.br e saiba mais. Participe e mostre
ao mercado sua posição. Neste período de consolidação e crescimento,
posicionar-se é fundamental.
Boa Leitura,
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C a r ta s e s u m á r io
CapaNa pole position brasileira
24
tendênciaMercado desequilibrado
30
CartasAlém da minha impressão sobre a qualidade da revista, levei 5 exemplares para
meus alunos do curso de marketing esportivo da Trevisan Escola de Negócios e
quase saiu porrada... Prometi levar mais 3 que ainda tenho no escritório.
Gostei particularmente de dois textos, um sobre licenciamento (Marco
Antonio Siqueira) e outro sobre branding, do Eduardo Muniz. No primeiro
caso, é exatamente a matéria que estou lecionando na Trevisan, e no
segundo, tem uma grande identidade com o pensamento da Dream, onde
visibilidade é importante, mas não é o centro do universo.
Celso Schvartzer, Diretor de Desenvolvimento Comercial da DreamFactory Sports
Estou escrevendo para dar os parabéns pela iniciativa de lançar uma revista
que trate do Marketing aplicado ao Esporte. Nesta década dos grandes
eventos internacionais no Brasil, tenho certeza que esta publicação só terá
a acrescentar ao mercado esportivo nacional.
Rubens Fava, Agência Retorno de Mídia
Parabéns pelas edições de maio e junho da Competir. Do projeto gráfico aos
textos e pautas, tudo é muito convidativo para mergulhar neste mercado de
marketing esportivo. Para os fãs de esportes, é leitura obrigatória!
Patrick Parmigiani, Editor da Brazil Trade Shows
Terminei de ler meu exemplar da Competir # 2, ficou fantástica! Se
comparar este exemplar com o # 0, que já causou uma ótima impressão,
parece que a revista avançou uns 3 anos já. Sei que o trabalho não deve
estar sendo nada fácil, mas sigam em frente pois o resultado está chegando
no estado da arte! Parabéns!
André Ignácio, Samtec Biotecnologia Ltda.
Aproveito para parabenizá-los pela iniciativa da Competir Sports Marketing e
também pelo I Prêmio de Marketing Esportivo do Brasil. Eu acredito que projetos
que envolvam esporte e educação contribuirão para a evolução dos cidadãos
brasileiros e, com isso, ara um Brasil melhor, rico em saúde e conhecimento.
Rafaela Mendonça, Rio de Janeiro (RJ)
Na edição de junho, fiquei empolgado com o texto do repórter Caio Dib,
“Dinheiro no Bolso?”, que relata a lei de incentivo ao esporte no Estado de
São Paulo. Gostaria de parabenizar o repórter pela matéria, mas informar que
a lei não funciona! Trabalho com projetos esportivos para beneficiar crianças
carentes e tenho insistentemente entrado em contato com a SELT-Secretaria
de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de SP, e ninguém me atende.
Rodrigo Medina
Parabéns pela revista; é muito cuidada desde a escolha do papel até a
execução das matérias.
Thereza Almeida, diretora do CAPA
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entrevistaDouglas Costa06
Giro14
tendênciaMercado desequilibrado
ProfissionalizaçãoFábrica de Talentos16
52 Viagem54 Literatura55 Música56 Menu: Vinhos57 Menu: Cultura de mesa58 Teatro59 Cinema60 Artes visuais62 Moda64 Sustentabilidade
Gol de placaA felicidade a um palmo e meio da mão (parte 1)
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raio xPatrocínio Esportivo
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respiro51
PerfilDavid Pereira Martins Prates
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saúde e bem-estarSer esportista não é sinônimo de virar monge
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Carque nas LetrasLivros Campeões
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BaseEstrutura profissional para atletas amadores
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Ponto de vistaPor que dirigentes de clubes de futebol, que administram marcas tão valiosas, não são remunerados?
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opiniãoQuando ex-jogardor entra em campo
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em focoPlanejar, criar táticas, tomar decisões: isso é velejar
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marketing esportivoAs Copas de 2018 e 2022
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marketing esportivoO dia em que o Brasil encolheu
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Foi dada a largada
texto Marcos Muanis e DaDDy Mallagoli
Gerente de marketing do Grupo Petrópolis, Douglas Costa fala sobre as
apostas da empresa ao investir no esporte e onde espera chegar com o Itaipava GT Brasil, evento automobilístico criado no
ano passado
Entrevista
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ouglas Costa responde hoje pelo marketing corporativo e relações com o mercado do Grupo Petrópolis, que abriga as marcas de cerveja Itaipava, Crystal, Lokal, Black Princess, Petra e Weltenburger, além do TNT Energy Drink, lançado em 2009.
Reconhecendo a importância que o esporte tem para o Brasil e os benefícios que pode trazer para suas marcas, o grupo apoia sobretudo o automobilismo – começou em 2008, com o Itaipava Trofeo Maserati, e se consolidou no ano passado com a criação do Itaipava GT Brasil. A marca deixou, assim, de patrocinar apenas uma categoria e passou a emprestar seu nome para toda a competição.
Douglas conversou com a Competir sobre estratégias para expandir a competição, o trabalho para fortalecer seu energético no mercado e as expectativas e investimentos do grupo para os grandes eventos esportivos de que o Brasil será anfitrião.
Revista Competir – Hoje, qual é o negócio do Grupo Petrópolis?Douglas Costa - Bebidas. Há dois anos, era cerveja, que ainda é nosso carro-chefe. Mas ampliamos nossa atuação; temos água, energético. Estamos praticamente figurando como a segunda marca de energético do País, com um ano de lançamento apenas.Quanto aos públicos, a gente sempre trabalha no aspirante, que é classe A-B. Se chegar até a classe D, com o posicionamento de preço que tem que ter, tudo bem. A diferenciação você começa a fazer por embalagem, e por tipo: Malzibier, para o público feminino; Itaipava Fest, para o jovem.
Competir – O energético TNT já está no Brasil inteiro?DC – Não, está no Sudeste, Centro-Oeste, em parte do Sul e em algumas regiões isoladamen-te, como Rondônia. No Nordeste, no restante do Sul, os produtos chegam pelas grandes redes de supermercados, como o Pão de Açúcar. A ampliação disso demanda construção de novas fábricas e aumento de rede de distribuição. Hoje temos quatro fábricas, sendo duas na serra do Rio de Janeiro, e o foco é consolidar nossa presença onde estamos. Depois pretendemos cobrir 100% do Brasil.O curioso é que, ao realizar patrocínio no automobilismo, muitas vezes recebemos propostas do Brasil inteiro, mas é preciso avaliar a área de atuação. Não posso ainda patrocinar um evento, que não seja corrida, no Rio Grande do Sul, que é um local onde não tenho distribuição. Dessa forma, disperso a verba.
Competir - Quais modalidades o Grupo Petrópolis patrocina?DC - Hoje, fortemente as categorias de automobilismo: Itaipava GT Brasil, (GTBR 3 e 4), Stock Car e Fórmula Truck. São as três principais categorias em que temos presença mais forte. A Fórmula 1 veio somar e deu upgrade muito forte pra gente na aposta de investimento no automobilismo. É a corrida número um do mundo e isso nos ajudou.
Competir – E além do automobilismo?DC - Temos o TNT Team Brasil, grupo de atletas de várias modalidades – a gente procura focar não só em esportes radicais, pela associação ao energético TNT, mas também atletas até olímpicos. Tínhamos até pouco tempo o Cielo, que teve contrato finalizado agora, o judoca Flavio Canto, as gêmeas Bia e Branca Feres da natação e outros. Nos radicais, temos gente do salto, wake board, surfe, skate e assim por diante. Também há uma dupla que disputa futevôlei.
Competir – Como você avalia a exposição de mídia que vocês alcançam?DC - Temos um estudo grande, mas te digo que paga o investimento. Em dois atletas patrocinados,
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Uma das estratégias de trabalhar o energético TNT com atletas é tirar o foco de consumo apenas na balada
Dougl a s c osta
ou as competições no automobilismo, por exemplo, você faz um investimento de R$ 3 milhões e obtém retorno de US$ 17 ou 18 milhões de visibilidade – invisto em real e capto em dólar. O Cielo deu, no mínimo, 20 vezes de retorno o valor do investimento, e o paraquedista Luigi Cani igualou e quase superou esse valor, principalmente depois da exposição no programa do Luciano Huck, com uma série de desafios que o atleta gravou para o programa, alguns inéditos.Para automobilismo e Team TNT, temos duas assessorias de imprensa separadas, que também cuidam de avaliar esse retorno. Usamos os dados para discutir as renovações de contratos com os atletas.
Competir – Fale sobre o patrocínio ao GP Brasil 2009 de Fórmula 1.DC - Tudo foi definido aqui. Foi um tiro extremamente certeiro e maior do que a gente imaginou. Fizemos uma avaliação e íamos fechar mais corridas, as últimas seis do ano, mas pela exposição de marca não adiantava, pois o mercado internacional ainda não é tão representativo. Haveria muita dis-persão, então focamos no GP Brasil. Havia a expectativa de o Rubinho ganhar; choveu, Rede Globo fez transmissão de quase quatro horas só do treino e, no domingo, mesmo com o Jason Button sendo campeão, foi ótimo! Me ligou gente da Alemanha dizendo que via nossas marcas, Itaipava, TNT, em tudo o que era foto, nos jornais de lá. Com isso, e com o GT Brasil, que vem se encorpando, tivemos exposição tão forte que a empresa ficou uma loucura; todo dia temos pedidos de patrocínio, o movimento aumento muito, tanto no Brasil, como fora.
Competir – Como o grupo decide quem será patrocinado?DC – Quando há propostas interessantes, nós avaliamos se vale a pena estarmos juntos. Em casos esporádicos, patrocinamos também equipes, como a corrida do Pão de Açúcar. Patrocinamos um ca-deirante que disputou as Paraolimpíadas - antes com a marca da cerveja Crystal, e agora com o TNT.
Competir – Qual a audiência do GTBR 3, é transmitido pela Rede TV?DC - Três pontos, o que a emissora nunca obteve antes no mesmo horário com esporte sem tradição. No sábado, quando transmite só o pódio, chega a três pontos. E é uma categoria interessante, chama a atenção do público, você tem carros de marca que são o sonho de consumo de todo mundo. Isso faz com que o evento tenha visibilidade muito forte. Estamos trabalhando muito para equiparar e, no futuro próximo, até ultrapassar a Stock Car em tamanho de evento. Hoje são oito etapas por ano, to-talizando 16 corridas. A diferença de tempo na Stock Car se torna pequena, pois todos fazem a volta dentro do mesmo segundo. No GT 3, há a troca do piloto, então aproxima, equaliza.
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Competir – Ainda é preciso popularizar o GTBR no Brasil, não?DC – Sim, e temos essa chance com a transmissão. Ela explica para o telespectador o que é, de onde vem, sua tradição na Europa, origem. Faz-se a construção da própria imagem do evento.Vimos fazendo um trabalho forte para levar o público para as arquibancadas. Temos ações em mercados, postos de gasolina, para que o público venha conhecer a corrida e se firme, como já ocorre com o Fórmula Truck e a Stock Car. Isso vem crescendo; já tivemos 14 mil pessoas na arquibancada em São Paulo.
Competir – Por que associar a marca Itaipava ao GTBR?DC – São duas marcas jovens. Para nós, o interessante é patrocinar o esporte, e esse investimento ser-ve como apoio para que a categoria se desenvolva. Estando lá dentro, também vamos nos desenvolver, então é uma associação da nossa marca, principalmente, com as marcas dos carros que correm, que são top, têm uma sinergia legal. É parte da estratégia que a gente trabalha; a Itaipava patrocina hoje categoria onde correm Ferrari, Lamborghini. Temos hoje três equipes: Itaipava Racing Team, TNT Energy Team e Crystal Racing Team; é muito carro.
Competir – E a questão de associar cerveja à direção?DC – Temos a preocupação de trabalhar o consumo responsável; se beber, não dirija; se quer correr, lugar de piloto é na pista de corrida, e não em ruas, estradas.
Competir – Como vocês trabalham as marcas mais segmentadas? Como são direcionados os investimentos?DC - Não é especificamente com patrocínio nos carros ou no evento; como a gente profissionalizou demais essa questão, há cotas de patrocínio. Fazemos esse trabalho dentro do evento, no camarote, onde se servem outras marcas, como a cerveja Black Princess ou a alemã Weltenburger.Para cada uma, temos uma estratégia diferente. A gente parte do princípio que, quanto mais segmentado o produto, mais segmentadas devem ser as ações, e há um peso maior nas ações de ponto de venda. Se comercializo o produto numa rede de restaurantes, tenho que fornecer o kit de apoio – balde do produto, copos, um luminoso legal. Também temos investimentos em mídia; para Weltenburger, Petra e Black Princess, a gente foca principalmente em revistas, e temos feito algum trabalho em TV.Já quando pego marcas de maior volume, como Crystal, Itaipava, tenho que investir tanto em ponto
Além de patrocinar
categorias, Grupo
Petrópolis empresta marca
Itaipava para nomear
competição
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de venda quanto em mídia. A briga é muito forte nesse mercado. Faz parte do processo de construção de marca ao longo do tempo.
Competir – O que a empresa espera ao patrocinar atletas?DC – Você tem dois aspectos – o do atleta, do desempenho que ele tem: a gente seleciona um time de ponta, dá apoio, mas tem que enxergar que aquilo vai trazer um retorno. E tem a visibilidade que o cara gera. Muitos deles, além de atletas, são celebridades e referência. A gente olha sob esses aspec-tos. O atleta tem que saber fazer seu marketing.É uma parceria legal. Para o Team TNT, a gente apoia também ações fora do contrato; se o esportista vai escalar o Everest, a gente pode dar suporte também, por que não? Preciso investir na pessoa. O atleta compra a ideia de ter o patrocinador com ele. O segredo é fazer a estratégia do seu produto para aquilo que você está patrocinando. Uma das estratégias de trabalhar o energético com atletas é tirar o foco da balada, e oferecer o produto como repositor de energia, que você pode consumir de manhã ou depois de um dia cansativo de trabalho.Não adianta as empresas virem reclamar depois que não tiveram retorno; ela põe dinheiro no atleta, mas não acompanha, não avalia... A agência Multi Solution nos ajudou muito na escolha dos atletas para o patrocínio da TNT. Não é só ter que ganhar; nosso contratos com atletas são justos para os dois lados. Um ponto crucial é não pisar na bola com a imagem, ou caímos fora. O atleta precisa de alguém do lado dele, seja olhando para ele como atleta, ou como celebridade, dependendo do grau de exposição que ele tem.
Competir – A Coca-Cola patrocinará a Fifa até 2022. Com tantos eventos gigantescos ocorrendo no Brasil, o que vocês planejam fazer?DC – Vamos agir de acordo com nossa realidade. Nosso planejamento é pé no chão, de acordo com nosso tamanho. Fechamos parcerias com emissoras na transmissão. Na Copa, fechamos com a Band, fomos um dos cotistas, e ela deu quase 16 pontos de audiência. Para a próxima Copa, já estamos na fila, com o direito próprio de renovação.
Grupo tem hoje as equipes
Itaipava Racing Team, TNT
Energy Team e Crystal
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Também compramos cota de transmissão das Olimpíadas, que será feita pela Record. Fechamos a transmissão dos Jogos Universitários de Cingapura, também com a Record, o que traz uma visibilidade legal. Entendemos que esses eventos são muito benéficos para o Brasil, sobretudo para uma empresa como a nossa, que trabalha com produtos 100% nacionais. Os eventos vão gerar empregos, aquecer o mercado, melhorar o poder aquisitivo. As perspectivas são positivas.
Competir – A concorrência no mercado cervejeiro será ainda mais acirrada, não?DC – Hoje, aparentemente, o mercado brasileiro é de monopólio, mas na verdade não é, e somos a prova disso. Estamos com marcas no mercado há quase dez anos, e hoje estamos em 2ª ou 3ª coloca-ção geral; em algumas praças, até em 1º lugar. Desde que você tenha um bom produto, que realmente entregue o que você venda, o consumidor gosta. A qualidade vem em primeiro lugar. Existe dificuldade, você está brigando com gente grande, Ambev, Heineken, são competidores grandes, mas seguimos nosso caminho com foco em qualidade, bom atendimento e estratégias bem definidas para os pontos de venda.
Competir – Quais os investimentos previstos do grupo?DC - Para 2010, em torno de R$ 60 milhões – para patrocínios, 25% a 30% desse valor, incluindo automobilismo e os demais atletas. Já para 2011, estamos avaliando, pois o mercado muda, cresce, e os investimentos tendem a crescer também.Esperamos ampliar, dar continuidade ao trabalho no automobilismo, fazer crescer o Itaipava GT Brasil, profissionalizá-lo cada vez mais, equipará-lo em audiência e visibilidade à Stock Car, para oferecer ao público mais um espetáculo legal dentro do automobilismo. Também vamos apostar bastante na Copa do Mundo e nas Olimpíadas. É preciso ter maturidade para trabalhar esses eventos; acho importante os empresários estarem unidos, realizar grupos, reuniões que discutam ações para eles. O Brasil não pode errar; isso pontua o presente e ajuda a alavancar o futuro.
Competir - O que é competir para você?DC - Todo mundo compete para vencer. Mas a questão de competir é poder estar presente. Até em questão de mercado, não há competição legal e sadia se você não tem competidores bons. Eu quero mais é competidores difíceis, porque qualquer vitória que eu tiver, vai provar minha competência para estar ali. Se você me perguntar, ‘o que vocês esperam com a chegada da Heineken?’, vou dizer: acho ótimo! Quanto mais aquecido o mercado, mais competitivo, maior a chance de eu mostrar que a gente tem capacidade de vencer, que não tem medo de competir. Muitas vezes, a posição de liderança com folga é exatamente a que traz mais fragilidade.
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ag o s to 2010 | 13 -13
Livros sobre esporte, marketing esportivo, campeonatos e competições
– lançamentos ou não – garimpados nos sites de editoras brasileiras e
estrangeiras
Comentários para esta seção podem ser enviados para [email protected].
Craque nas Letras
Livros campeões
texto Lucia Koury
Depois que a editora e poeta Thereza Christina Rocque da Motta viu o gol do Petkovic
do Flamengo contra o Vasco, na final do Campeonato Estadual de 2001, ela nunca
mais foi a mesma. Compreendeu que o futebol é mais que arte, é um nivelador de
classes e espaços, é único. Quase dez anos depois, ela lança um time de poemas, em
um livro que intitulou Futebol e mais nada. Indispensável para quem gosta de fotogra-
fia, poema e futebol.
ISBN 9788589126175, Editora Ibis Libris, 88 páginas, R$ 30,00.
Nascido para correr, lançado no Brasil pela editora Globo, é tradução do Born for run – a
história real de um corredor que não entendia porque seus pés doíam tanto após uma
corrida de apenas 45 minutos. A pesquisa em busca dessa resposta levou-o além dos me-
lhores tênis do mundo. Descobriu uma tribo de índios norte-americanos, os Tarahumara,
conhecidos por correr centenas de quilômetros com meras sandálias, as Huaraches. Além
da versão em português, que custa R$ 49,90 e está à venda nas principais livrarias, o livro
pode ser adquirido na versão digital no site da Amazon.
ISBN 9788525048486, 384 páginas.
Em uma era em que a tecnologia e a medicina do esporte dispõem de recursos para preparar
verdadeiros super-heróis de quadras, pistas, campos e piscinas, não é só o preparo físico, o trei-
namento incansável ou o talento que formam um vencedor.
É o preparo psicológico dos esportistas que faz a diferença. Cabeça de campeão - como a psi-
cologia forma vencedores no esporte e na vida, de François Ducasse e Makis Chamalidis, é, nas
palavras de Bernardinho, “leitura obrigatória para aqueles que militam no universo do esporte e
para todos aqueles que buscam performance de qualidade em suas áreas de atividade”.
ISBN 9788577341061, Editora Casa da Palavra, 280 páginas, R$ 42,00.
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Giro
Em agosto, o goleiro Marcos registrou o feito de completar 500 partidas de futebol
defendendo o Verdão – foi no dia 19, jogando contra o Vitória-BA, pela Copa Sul-Americana.
Na ocasião, o atleta usou uma camisa comemorativa com o número 500 nas costas e, na
frente, um emblema com a letra “M” e a frase “500 jogos honrando o Palmeiras”.
A Topper, patrocinadora oficial do goleiro, também desenhou uma luva e uma chuteira
comemorativa com os dizeres “Marcos 500”.
Entre os goleiros em atividade dos grandes clubes, Marcos só perde, em número de jogos,
para o são-paulino Rogério Ceni, com mais de 900 partidas contabilizadas.
500 jogos pelo Palmeiras
De 22 a 29 de agosto, o Instituto Guga Kuerten realizou em Florianópolis e São
José (SC) a Semana Guga Kuerten, que compreendeu clínicas com Larri Passos
e Fernando Meligeni, bate-papo com eles e também com Alice Kuerten, curso
de capacitação para professores, ilhas de minitênis e ações sócio-ambientais.
Patrocinada pela Ourocard, Centauro, CFL Construções, Angeloni/Samsung
e Instituto Alcoa, a semana possibilitou aos presentes conhecer mais sobre o
esporte e até mesmo jogar com o tricampeão de Roland Garros: “É muito bacana
poder voltar aqui, relembrar a minha infância e ainda estimular a prática do tênis”,
afirmou o atleta que visitou, entre outros pontos, o colégio onde estudou.
O evento sediou ainda a Copa Guga Kuerten, com competições entre jovens
de 12 a 16 anos.
SC respira tênis
Giro
Valorizar os fotógrafos que trabalham nas provas e contemplar os fãs que
acompanham as etapas da Copa Caixa Stock Car: com esse objetivo, foi criado
o concurso, em que profissionais podem inscrever no máximo três fotos, e
amadores, uma foto, após cada prova do circuito.
Depois de selecionadas as fotos vencedoras das 12 etapas, será escolhido pelo júri
técnico a melhor foto da categoria profissional e da amadora. As 12 melhores fotos
participarão de exposições itinerantes em shoppings e em vários pontos de venda
da Goodyear, pelo Brasil inteiro.
O regulamento e todos os detalhes para a participação podem ser obtidos no
www.concursogydefotografia.com.br. O prazo para inscrição e entrega das fotos
será encerrado três (3) dias após o último dia da etapa da competição a que se
refere. As próximas corridas acontecem em 5 de setembro (São Paulo, SP), 19 de
setembro (Campo Grande, MS), 10 de outubro (Londrina, PR), 24 de outubro (Santa
Cruz do Sul, RS), 21 de novembro (Brasília, DF) e 5 de dezembro (Curitiba, PR).
5º Concurso Goodyear de Fotografia
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Marca nacional de calçados e acessórios esportivos, a Tryon apresenta, até outubro, nova
etapa de divulgação de seu comercial televisivo com o ator Lázaro Ramos. Dessa vez, a ação
é específica para a região Nordeste do Brasil, responsável por 17,5% das vendas da marca.
Intitulado “Experimente o conforto”, o filme desenvolvido pela Satélite Comunicação promove
a nova linha e buscando atingir um público que gosta de produtos confortáveis e modernos. A
propaganda reforça sua estratégia de posicionamento, iniciada em 2009, com o lançamento
do slogan “Experimente a vida”, que sugere a valorização do conforto, da versatilidade e do
bem-estar, independente de o consumidor ser ou não um grande esportista.
Em 2010, a empresa reservou cerca de R$ 7 milhões à publicidade e a ações
promocionais e de relacionamento. Nessa etapa da campanha, as inserções em mídia
televisiva ocorrerão no Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco, Paraíba,
Maranhão, Alagoas, Sergipe e Pauí.
A Timberland – www.timberland.com.br - lança o tênis TMA Mountain Run-Off Low
em sua coleção Verão 2011, indicado para quem pratica atividades outdoor como
corrida ou trilha e prima por modernidade, design e tecnologia.
Feminino, nos tons de cinza e pink, o produto possui a armação externa que
mantém o pé firme dentro do calçado, suspensão independente que se adapta ao
terreno e palmilhas removíveis e antimicrobianas. O tênis é ecologicamente correto
por possuir o solado Green Rubber, feito com 42% de borracha de pneu reciclado, e
cadarços de PET reciclado.
Tênis ecológico da Timberland
Tryon aposta no Nordeste
A conquista do bicampeonato da Libertadores pelo Sport Club Internacional,
em agosto, inspirou a diretoria executiva de marketing do clube a lançar uma
camiseta comemorativa.
À disposição dos torcedores na loja oficial do clube - www.lojadointer.com.br - e nas
licenciadas Inter Sport, tem valor sugerido de R$ 49,90. O clube tinha a expectativa
de vender cerca de 30 mil unidades neste primeiro mês de comercialização, e
previsão de arrecadar cerca de R$ 150 mil em royalties.
O Inter é o terceiro clube brasileiro - o primeiro do Rio Grande do Sul - a faturar o bi
do torneio em um intervalo inferior a cinco anos. Antes, somente o Santos Futebol
Clube (62/63) e o São Paulo Futebol Clube (92/93) haviam conseguido tal façanha.
Inter: camiseta comemorativa ao bi
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fá br ic a de ta l en t os
Fábrica de talentos
e fosse uma cidade mineira, o Minas
Tênis Clube seria a 28ª em arrecadação e
a 43ª no ranking populacional. Não à toa, é
considerado um marco no cenário nacional com
inúmeras contribuições ao esporte, educação
e cultura; tornou-se nas últimas décadas um
exemplo de gestão baseada no trabalho por
resultados, aliando modernas práticas de
excelência usadas por corporações que visam a
sustentabilidade responsável.
“Quando o clube foi fundado, em 1935, Belo
Horizonte tinha apenas 38 anos. O Minas instituiu
tradições que se perpetuaram ao longo das
décadas, e foi visitado por artistas e políticos
s
Profissionalização
ilustres, inclusive dois presidentes da República,
Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck”, conta
Sergio Bruno Zech Coelho, presidente no triênio
2008-2010 – Coelho já o presidiu antes por
duas vezes, em 1996 e 1999. “O Minas sempre
teve uma diversificada agenda mensal de
eventos; além de competições esportivas, recebe
espetáculos musicais, de dança e teatro, abertos
ao público e com artistas de todo o País”, afirma
Sergio Bruno, que é formado em Economia e
ocupou de 2000 a 2002 o cargo de secretário de
Estado de Esportes de Minas Gerais, nomeado
pelo governador Itamar Franco.
O clube possui duas unidades urbanas, Minas
Treinos Troféu Brasil 2008
Arena Vivo
Aos 75 anos, o Minas Tênis Clube se consolida como um dos principais centros formadores de atletas do País, ao gerir com responsabilidade recursos captados de parcerias comerciaistexto Santiago Sabella
Minas Tenis Clube.indd 16 13/09/10 11:29
valores aos do clube, como responsabilidade
social, valorização da educação e do esporte. A
Lei de Incentivo é vista com bons olhos por Sergio
Bruno: “Há muito tempo o esporte carecia de
mais apoio oficial do Governo, que agora veio na
forma da Lei de Incentivo. As empresas investem
em cultura e em esporte seguindo um plano de
marketing, visando alcançar o público envolvido
com esses setores. Clubes como o Minas, que
há décadas lutam praticamente sozinhos para
formar atletas, poderão ver ampliado o rol de
empresas parceiras”.
Os investimentos direcionados às equipes de competição são originários dessas parcerias comerciais. “O patrocínio esportivo
garante amplo retorno de mídia para a marca
ou produto e importantes imensuráveis valores
agregados, como saúde e sucesso”, afirma
Sergio Bruno. A transação de investimentos
nada mais é do que uma troca de contribuições,
já que as equipes vencedoras mantidas pelo
clube garantem o aumento da visibilidade das
marcas investidoras, e estas obtêm grande parte
de seu faturamento desse marketing esportivo.
Divulgados pela diretoria do clube, os números
revelam o sucesso da aposta em patrocínio
esportivo: em 2007, o faturamento foi de R$ 8,6
milhões; em 2008, de R$ 10,5 milhões; e em
2009, saltou para R$ 11 milhões.
A solidez e a boa gestão do clube concederam
à empresa grande reconhecimento no mundo
dos negócios: em 2007 e 2008, o clube
recebeu a Faixa Prata do Prêmio Mineiro da
Qualidade promovido pelo IQM – Instituto de
Qualidade de Minas Gerais. Já em 2008 e
2009, recebeu o Prêmio Minas Desempenho
Empresarial na categoria “Liderança Setorial
– Esporte e Lazer”, concedido pela revista de
economia Mercado Comum.
EscOla dE EspOrtEsO Minas mantém cursos de aprendizagem
em 21 modalidades que alcançam cerca de
11 mil alunos. Os programas “Voluntariado”
e “Esportista Cidadão”, na área de
responsabilidade social, contribuem para a
No topo, V&M/Minas x Praia
Clube/Curiga/Pepsi - Liga
Futsal 2010; no centro, Pitágo-
ras/Minas x Joinville
(NBB 2009/2010);
acima, Torneio Internacional
de Voleibol Feminino/VI
Copa Minas Tênis Clube
s e T e M Bro 2010 | 16 -17
I e Minas II, uma unidade Campestre, o Minas
Country, e o Minas Tênis Náutico Clube, o que
totaliza 471 mil metros quadrados de área à
disposição de 73 mil associados. Nos bastidores
desse grandioso complexo, 930 funcionários e
100 estagiários trabalham para manter as boas
condições de funcionamento.
Dentro dos objetivos do Minas, destacam-
se o gerenciamento de negócios
complementares, a captação de patrocínios,
o fomento da competição no esporte e sua
autossustentabilidade. Em dezembro de 2009, 40
empresas dos mais variados segmentos atrelaram
suas marcas ao Minas Tênis Clube, ligando seus
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boa formação sócio-cultural das comunidades
localizadas ao entorno do clube. Em 2008,
o “Voluntariado” arrecadou mais de 23 mil
doações, beneficiando mais de 10 mil pessoas.
O clube conta ainda com uma Escola de Esportes
que disponibiliza o seu know how para 16
franqueados. São várias as suas contribuições
para o desenvolvimento e o bom desempenho
do esporte brasileiro; entre elas, o título inédito
de campeão do Gran Prix Nacional de Judô
Masculino por meio da equipe Belo Dente/
Minas, que também conquistou o troféu Brasil
Interclubes. Alguns atletas do judô, como Ketleyn
Quadros, Helena Romanelli, Érika Miranda, Nacif
Elias, Hugo Pessanha e Luciano Corrêa, colocarão
o nome do clube ainda mais em evidência no
cenário esportivo mundial, uma vez que marcarão
presença no time da Seleção Brasileira de
Judô para a temporada 2010, dentro do Projeto
Londres/2012 da Confederação Brasileira de Judô.
Diego Henrique de Abreu Assis, ou Dieguinho,
tem 22 anos e há 11 treina futsal no Minas. “A
estrutura fornecida pelo clube ajuda em todos os
aspectos. Se eu precisar de psicólogo, de médico,
de qualquer tratamento de fisioterapia, tudo eu
encontro lá. Eles não deixam nada a desejar; é
um clube muito responsável”, afirma o atleta.
Em 2008, jogando pela equipe V&M/Minas, foi
campeão e artilheiro do Sul-americano Sub-20.
No ano passado, o time figurou entre os oito
melhores da Liga Futsal e chegou à segunda fase
da Taça Brasil, e Diego terminou o ano vestindo a
camisa da Seleção Brasileira de Futsal Adulta.
Também no basquete, ginástica artística e
de trampolim, natação, tênis, vôlei feminino e
vôlei masculino o clube desponta com novos
e promissores atletas. Em 2009, o time de
basquete conquistou o tricampeonato mineiro
adulto e levou o terceiro lugar na primeira edição
do NBB e no Torneio Internacional da Cidade de
Joinville. A ginástica também é motivo de orgulho:
conquistou três medalhas de ouro, três de prata
e cinco de bronze no Campeonato Brasileiro
de Trampolim Elite e Junior, além de ter levado
o quarto lugar no Mundial de Trampolim da
Rússia. A natação é a modalidade que mais levou
prêmios pelo clube; destaque para a conquista
do recorde de campeonato e sul-americano nos
400m medley e recorde brasileiro sul-americano
nos 200m medley na etapa de Moscou da Copa
do Mundo de Natação.
Copa do Mundo de Natação
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O que é Competirpara você?"Competir é extrair todo o seu potencial durante a prova em que é submetido, tanto no aspecto físico quanto no aspecto psicológico, sendo este último o que faz a diferença em um grande vencedor."
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P o r qu e d i r ig e n t e s d e c l u b e s d e f u t e b o l , qu e a d m i n i s t r a m m a r c a s tão va l io s a s , não s ão r e m u n e r a d o s?
“Os clubes de futebol têm origem em grupos
de pessoas que se uniam nos fins de semana
para prática de futebol e outras modalidades
esportivas, sendo que uma estrutura com
tais características comportava dirigentes
com dedicação parcial e envolvimento
predominantemente emocional com o processo
que conduziam. Com isso, foram criadas as
entidades de prática desportiva, sem fins
lucrativos, com características não profissionais,
onde seus dirigentes estariam colaborando com a
sociedade no seu tempo livre.
Os anos se passaram, o futebol tornou-se
um produto valioso, o público cada vez mais
interessado, os clubes se profissionalizando e o
mercado crescendo a passos largos. Toda essa
evolução da modalidade e mercado em torno
não vem sendo acompanhada pela estrutura
organizacional dos clubes; continuamos
amarrados a estatutos e modelos de gestão de
80, 100 anos atrás.
O que temos hoje é um impedimento estatutário,
na maioria dos clubes, para que seu presidente
e diretores sejam diretamente remunerados
pelo trabalho junto a eles. A tendência é
termos mudanças nesse quadro. Já é possível
encontrarmos clubes de futebol que possuem
cargos executivos remunerados, ou seja, há
diretoria de futebol, diretoria de marketing, entre
outras áreas, ocupadas por profissionais de
mercado e com remuneração estabelecida nos
mesmos moldes de empresas.
Ponto de vista
Na minha visão, o processo de mudança precisa
ser feito de cima para baixo; alterar apenas o
estatuto para remunerar seus dirigentes não será
a medida de salvação dos clubes. Vamos tomar
como exemplo boa parcela dos clubes europeus,
onde o lançamento de ações na bolsa, tornando-
os S.A., fez com que o modelo de gestão e
profissionalização fosse todo redesenhado, pois não
só remunera seus dirigentes, mas cria um processo
de responsabilidade administrativa, já que deve
respostas a seus acionistas no campo financeiro e
técnico. Com ações como essa ou processo similar,
poderemos ter dirigentes remunerados e instituições
sustentáveis, em que a saúde financeira será tão
importante quanto o jogo do próximo domingo.”
Thiago ScuroGerente Geral do PAEC e Sendas e responsável pela área
de futebol da Brunoro Sport Business
“Fidelidade e paixão. Poucas são as empresas
que, mesmo com trabalho árduo e centenas de
profissionais envolvidos, conseguem despertar
isso em seu público alvo. Por outro lado, o
amor incondicional ao time de coração traz
estes dois pontos aos clubes de futebol até com
certa facilidade.
Não apenas exercidos por seu público fiel, que gera
receitas milionárias, a fidelidade e a paixão também
levam profissionais de sucesso em suas respectivas
áreas a assumirem grandes responsabilidades em
seus times de coração sem remuneração. Por amor
Uma entidade com receita superior a R$ 100 milhões e público consumidor fiel com milhões de pessoas poderia ser comparada a uma multinacional.
Por que dirigentes de clubes de futebol, que administram marcas tão valiosas, não são remunerados?
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– e muitas vezes também por interesses escusos
–, boa parte dos gestores dos clubes de futebol no
Brasil não recebe pelo trabalho que realiza.
Em alguns casos, a paixão rende ótimos
resultados. Como, por exemplo, o Corinthians,
que multiplicou a sua receita em pouco tempo
nas mãos de Andrés Sánchez e Luis Paulo
Rosemberg. Em outros – a maioria, na verdade
–, presenciamos péssimas administrações, que
afundam os clubes com dívidas imensas.
Por isso, unir o amor ao profissionalismo,
atraindo os principais gestores do mercado com
boa remuneração – assim como acontece na
formação das equipes, com as contratações
caríssimas de jogadores e treinadores –, é o
caminho inevitável a ser tomado. Do contrário,
o que seguiremos encontrando serão apenas
exceções, como hoje é o Corinthians, à regra.”
André StepanGerente de Imprensa da ReUnion Sports & Marketing
“Somente agora entidades esportivas de
futebol têm alcançado receitas superiores a
100 milhões, e, mesmo assim, são poucas. A
velocidade da valorização das marcas, associada
a patrocínios e ao desenvolvimento dos clubes,
se deu a partir do ano 2000.
É importante lembrar que clubes associativos
sem fins lucrativos acumulam dívidas fiscais e
trabalhistas de muitos anos atrás. Cada nova
gestão tem que se equilibrar entre passivo,
ativo e conquistas de campeonatos, tornando
essa conta insuportável. Além disso, o
sistema eleitoral dos clubes de futebol - como
sociedades sem fins lucrativos - sempre foi
muito rígido, seja por estatutos ou cultura.
Torna-se difícil quebrar o paradigma instituído
com uma profissionalização de dirigentes em um
curto espaço de tempo. Torcedores, imprensa
e formadores de opinião já criticam dirigentes
não remunerados, imagine como seria a pressão
sobre esses dirigentes ainda recebendo salário,
o que teoricamente seria correto.
A mudança de mentalidade passa por
fortalecimento dos clubes em sua economia e pela
profissionalização dos diversos setores da instituição
- especialmente futebol, marketing e comunicação,
que são fontes de receita fundamentais. Somente
com orçamentos bem elaborados e gastos
controlados poderemos iniciar o processo de
profissionalização dos dirigentes.
O futebol é paixão, antes de tudo. Muito raramente
se vê um grupo de cidadãos indo à Prefeitura
exigir o conserto de uma avenida ou transporte
melhorado, mas frequentemente presenciamos
presidentes de clubes sendo cobrados por títulos.
Esse é o mistério do futebol.”
Marco Aurélio CunhaSuperintendente de Futebol do São Paulo Futebol Clube
e Vereador pela Cidade de São Paulo
Uma entidade com receita superior a R$ 100 milhões e público consumidor fiel com milhões de pessoas poderia ser comparada a uma multinacional.
Por que dirigentes de clubes de futebol, que administram marcas tão valiosas, não são remunerados?
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Qua n do e x- jog a dor en t r a e m c a m po
Quando ex-jogador entra em campotexto Paulo Velasco
Opinião
Diferentemente de outras profissões, em que o reconhecimento profissional dá-se, geralmente, em torno dos 30 anos, para os atletas atingir esta idade significa o início da queda de seu desempenho físico e, portanto, hora de pensar em se aposentar.
Se por um lado a carreira de um atleta
profissional é curta, também é verdade que se
trata de uma profissão intensa e, como poucas
atividades profissionais, permite projeções
surpreendentes, além de uma vasta e rica rede
de relacionamentos. Se bem gerenciada, ela
pode se perpetuar no pós-carreira. O exemplo
de Raí mostra a oportunidade que um atleta tem
de iniciar uma segunda vida profissional.
As grandes oportunidades proporcionadas aos
atletas acarretam, como contrapartida, uma série
de demandas e responsabilidade. O esporte
tornou-se um grande negócio e é natural que
as relações e atividades fora do campo estejam
cada vez mais complexas. Na relação com
clube ou entidades esportivas, por exemplo,
os contratos tornaram-se mais sofisticados,
com valores astronômicos, trazendo inúmeras
obrigações para os atletas, inclusive no que se
refere a direito de imagem e patrocinadores. Além
disso, eles passaram a ter contratos pessoais de
16 de julho de 2010, 23h20, Aeroporto de
Guarulhos. Voo com destino a Paris. Primeiro dia:
reunião com Michel Lacoste em seu escritório,
no Clube Lacoste; em seguida, almoço com
Michel Denisot, apresentador do Canal Plus, no
restaurante Benkay (61, Quai de Grenelle); ao fim
do dia, reunião com a diretora de comunicação da
Prefeitura de Paris. Segundo dia: entrevista para
o jornal France Soir, participação em evento com
a Ministra dos Esportes da França no Trocadéro e
reunião com a diretoria da Hermés. Terceiro dia:
viagem à Cannes para participação em evento
corporativo no festival de publicidade e jantar com
empresários de comunicação. Último dia: retorno
à Paris para ministrar palestra em empresa do
setor varejista e, finalmente, retorno ao Brasil. 23
de julho de 2010, 16h30, Aeroporto de Guarulhos.
Voo com destino a Johanesburgo, África do Sul.
Início de mais uma sequência de compromissos,
desta vez voltados para a Copa do Mundo.
Uma agenda como esta, com tantos
compromissos, poderia ser do executivo chefe
de qualquer grande grupo econômico. Mas, na
verdade, é apenas um exemplo das frequentes
viagens de trabalho do ex-jogador Raí, que, após
encerrar sua respeitável atuação como atleta,
aos 35 anos de idade, considerava-se jovem o
suficiente para iniciar uma nova carreira, desta
vez voltada ao terceiro setor através da criação
da Fundação Gol de Letra, e explorando o
potencial de sua imagem, com a constituição
da Raí Promoções.
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imagem, bem como a lidar com mais veículos de
comunicação, antes limitados a TV aberta, rádio
e mídia impressa e, hoje, expandindo para canais
de TV fechada, inúmeros sites e as redes sociais.
Ficam as perguntas: será que os atletas estão
preparados para lidar com esse cenário? Com
tantos compromissos fora do campo, é possível ter
tranquilidade para atuar? O ex-atleta tem capacidade
para, sozinho, tirar proveito da projeção e da rede de
relacionamento conquistadas ao longo da carreira?
Para respondê-las, é necessário observar o
desenrolar da carreira de alguns atletas. Muitos
deles, até pela falta de preparo e orientação,
não demonstram comportamento compatível
com a figura de ídolo, não têm preocupação em
diversificar de forma coerente contratos e parcerias
celebrados e nem mesmo em honrá-los. Se
observarmos o pós-carreira, é evidente que muitos
Paulo Velasco é sócio-diretor da Raí Promocões, responsável pela
gestão de negócios e marca de Raí, Zetti, Sócrates e Magic Paula.
s e t e m bro 2010 | 22 -23
deles não conseguem perpetuar o patrimônio e o
status conquistado.
O planejamento de carreira, fundamental para o
profissional de qualquer área, é ainda mais vital
para um atleta, seja por sua curta duração, como
pela imagem pública e o potencial de volume
de negócios. Assim, é cada vez mais importante
observar o atleta como uma marca, que possui
atributos que devem ser respeitados, seja para gerar
negócio ou para resguardar a essência do ídolo.
Desta forma, gestão de carreiras visa,
exatamente, oferecer ao profissional do esporte
uma melhor estrutura para que possa obtenha o
melhor desempenho dentro e fora de campo.
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Capa
Na pole position brasileira
Grandes investimentos, cuidadosamente planejados, e transmissão das corridas provocaram o crescimento e popularização da Stock Car na última década; hoje, é considerada a maior categoria do automobilismo do Paístexto Mariana Sayad e Lidiane aireS
na p o l e p o s i t io n b r a s i l e i r a
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Na pole position brasileira
Stock Car ficou adulta.” Esta talvez
seja a frase que melhor defina o cenário atual
da categoria no Brasil. Seu autor é Fernando
Julianelli, vice-presidente de planejamento
e marketing da ReUnion Sport & Marketing,
empresa responsável pelo gerenciamento da
equipe Red Bull/SKY.
Há 35,4 mil motivos para explicar a afirmação do
publicitário – média de público nas corridas da
temporada 2009, formado por famílias inteiras,
com pai, mãe e filhos no autódromo para torcer.
“O ambiente da Stock Car é muito familiar; o
homem se sente à vontade para levar mulher e
filhos”, explica Julianelli.
Considerada uma categoria de turismo - por
utilizar carros de passeio com rodas cobertas -, a
competição teve início no País em 1979, quando
ocorreu a primeira prova no autódromo de Tarumã,
no Rio Grande do Sul. Atualmente, ela se divide em
“a
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Átila Abreu e Ingo Hoffmann,
o maior campeão da história
da modalidade
principalmente, em seu calendário, e isso é
fundamental para que se fortaleça ainda mais.
“Como exemplos, posso citar a corrida de rua em
Ribeirão Preto este ano e a corrida do milhão em
2008”, relata Julianelli. Estas ações atraíram a
atenção da Nextel, que assinou a Copa durante
três temporadas.
Atualmente, é a Caixa Econômica Federal,
patrocinadora máster da competição, que fornece
seu naming rights para o evento. A Nextel
ainda é patrocinadora oficial com a Goodyear,
que também é a fornecedora oficial de pneus.
“Hoje, a Stock Car é a principal categoria
do automobilismo da América Latina”, diz o
coordenador de marketing e eventos esportivos
da Goodyear, Vinícius Sá.
A escolha dos pilotos é feita em razão do seu
desempenho e do retorno de patrocínio gerado
pelo seu nome. A diferença de patrocínio está no
valor despendido por cada empresa, que determina
o retorno e o espaço publicitário da marca. Pode
haver patrocínio total ou parcial, além de apoio tanto
para a equipe quanto para o piloto ou para ambos.
O principal retorno aos patrocinadores é
desenvolver o marketing de relacionamento,
aquele que torna a marca especial aos clientes,
quase um retorno imediato e uma importante
ferramenta de fidelização.
Além destas almejadas conquistas, a Stock
Car proporciona uma visibilidade privilegiada
três modalidades: a Copa Caixa ou Stock Car, que
é a categoria principal; a Copa Montana (antiga
Stock Car Light) que dá acesso à anterior; e a mais
recente modalidade, a Mini Challenge, conhecida
como “arrive and drive”, em que os pilotos alugam
carros já totalmente equipados. Ao longo do ano,
são 12 etapas e 17 equipes, cada uma com dois
pilotos. Todos os competidores correm em carros
iguais, mas com carenagem diferente, mostrando
as marcas dos patrocinadores.
A trajetória da categoria no Brasil poderia ser
sistematizada em um método para ser aplicado
em outros esportes que buscam patrocínio.
Primeiro, em 1999, a Associação de Pilotos, que
a administrava até então, passa a missão à Vicar
Promoções Desportivas S.A, por perceber a
necessidade de se investir na profissionalização.
O próximo passo foi popularizar a modalidade.
Assim, em 2000, firmou-se uma parceria com
a Rede Globo para transmitir as etapas, o que
acontece sem interrupção desde então. “A Vicar
atua há muito tempo na Stock Car e, sem dúvida,
conseguiu torná-la um case de sucesso no
marketing esportivo. Ao longo dos anos, a Vicar
tornou a categoria atraente para grandes empresas,
com decisões e conquistas importantes, como o
contrato com a Rede Globo”, parabeniza Julianelli.
Em 2009, este esporte movimentou cerca de 500
milhões de reais. “A categoria está consolidada
como um dos grandes eventos esportivos do País.
Todos os anos, a Stock Car apresenta novidades,
na p o l e p o s i t io n b r a s i l e i r a
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equipe red bull racing
comemora primeira vitória
no ano
Mais um atrativo para a Goodyear na categoria
é a possibilidade de aprimorar a tecnologia
dos seus pneus, já que em um carro de
corrida tudo está sempre no limite. “Para
atender esta situação, é preciso se desenvolver
tecnologicamente. Nós utilizamos a mesma
tecnologia utilizada na Nascar para garantir que
toda a capacidade de inovação e desenvolvimento
da Goodyear esteja disponibilizada aqui no Brasil,
e isso tudo vai para os carros de rua”, explica Sá.
Durante a longa trajetória da Stock Car, vários pilotos
se destacaram, mas nenhum deles ganhou tantos
prêmios quanto Ingo Hoffmann. O piloto paulistano
- que já passou por categorias mundiais como a
Fórmula 1 – iniciou-se como piloto da Stock Car em
1979, ano da primeira temporada, e foi doze vezes
campeão. Depois de correr pela categoria por quase
30 anos, tornou-se diretor esportivo da equipe AMG
Motorsport. “Foi um caminho ‘lógico’ a ser seguido.
Tinha decidido parar de correr no fim de 2008, mas
não queria abandonar as pistas”, afirma.
Na competição, a pista é só dos homens; o
público feminino é praticamente nulo, o que
não significa falta de interesse das equipes. A
maioria das mulheres que compete ainda está em
categorias de iniciação. As mais experientes estão
correndo no exterior ou já estão estabelecidas
em outras categorias. Na equipe AMG, não há
mulheres inscritas. “Mas é claro que há espaço
para elas”, ressalta Hoffmann. Marcelo Braga, da
Vicar, confirma: “Está aberto. Tinha uma mulher
às empresas. “Claro que buscamos também a
exposição de marca, mas o grande objetivo da
Goodyear não é simplesmente expor a marca e
retorno de mídia”, explica Sá. E continua: “Nós
queremos também, agregado a isso, passar nossos
atributos de marca, como segurança, tecnologia,
inovação, know how de desenvolvimento. Tudo isso
vem disponibilizado junto a um produto adequado
para uma categoria como a Stock Car”.
Na década de 90, a grande maioria das empresas que patrocinava a Stock Car era do meio automobilístico. A partir de 2000, com a expansão do esporte, começou a entrada de outros segmentos. “As empresas
começaram a entender que este esporte é uma
plataforma de comunicação, relacionamento e
promoção, diz Julianelli”. Além disso, tem também
a questão do público, formado por famílias inteiras,
o que cria inúmeras possibilidades de marketing.
“Isso é bom para as marcas porque elas sabem
que não vão falar só com um nicho de target, e sim
com um target mais amplo e aberto”, completa.
Outra empresa com forte tradição em participar
de eventos automobilísticos e bom uso do
marketing de relacionamento é a Red Bull, ao
associar sua marca a um esporte que representa
alta performance, velocidade de reação e
capacidade de concentração, atributos utilizados
na propaganda do produto.
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na Stock Light, mas ela foi correr na Indy, nos
Estados Unidos”, diz.
PArCeriAS, iNveStimeNtoS e boAS relAçõeSCorrer na Stock Car demanda investimentos altos.
As equipes precisam de uma estrutura completa –
desde mecânicos e ferramentas que transportem,
passando pela tecnologia que envolve as máquinas.
O custo de cada carro na competição gira em R$
120 mil por etapa; são gastos, em média, mais
de R$ 1 milhão por ano para cada corredor. Por
esse motivo, o patrocínio é essencial para manter a
estrutura e a qualidade da competição.
Parcerias e boas relações com a imprensa
ajudam na captação. Para o tricampeão Cacá
Bueno, que corre pela equipe da Red Bull
Racing desde 2008, é por meio da exposição
na imprensa que um piloto se torna atraente
para um patrocinador: “Felizmente tenho a
felicidade de possuir relações de longo prazo
com meus parceiros, mas a captação de
patrocínio varia em cada caso. Existem pilotos
que conseguem seus próprios patrocínios
e levam para uma equipe, e equipes que
levantam patrocínios e contratam o piloto que
desejarem, como é o meu caso”.
Já Hoffman acredita que conseguir patrocínio
é uma das maiores dificuldades, tanto no
automobilismo como em qualquer esporte no
Brasil. Conforme a equipe obtém bons resultados,
na teoria, deveria começar a conquistar
patrocinadores, mas nem sempre é assim.
“Muitas vezes, é uma questão de influência
de alguém ou de orçamentos muito baratos
apresentados por algumas equipes. Como o
valor fechado não é suficiente, a equipe não
tem condições de fazer um bom trabalho, os
resultados não aparecem e o patrocinador fica
sem o retorno esperado ou correto. “É o barato
que sai caro”, diz.
Em julho deste ano, a equipe AMG anunciou
a saída do piloto Gustavo Sondermann então
companheiro do atual líder do campeonato Átila
Abreu, porque ele não conseguiu patrocínio.
“Devido à perda do nosso patrocinador principal
da temporada 2009, os pilotos tiveram que
compor os orçamentos da equipe e o Gustavo,
infelizmente, não conseguiu fazer isto”, declarou
Hoffmann. O piloto, então, passou a correr ao
lado de Christian Fittipaldi na equipe paulista
Gramacho Costa.
Apesar da dificuldade, Hoffmann afirma que
patrocinar a categoria é muito vantajoso. “O
ganho é enorme, tanto na visibilidade da marca,
como em eventos relacionados à corrida, aos
pilotos e aos carros patrocinados”. Para Cacá, a
visibilidade está ligada aos resultados: “A Stock
Car é uma categoria com ampla exposição na
Rede Globo, e quem anda na frente se beneficia
dessa exposição, tanto nas corridas como na
cobertura jornalística da emissora”.
StoCk CAr: A geNte Se vê Por AquiA parceria com a Rede Globo é um divisor de
águas na história do Stock Car. Para Marcelo
Braga, a trajetória deste esporte tem dois
momentos - antes e depois de 1999: “Ela tomou
outra dimensão, tornando-se uma competição
muito forte para o marketing. Tem 90 empresas
reunidas na competição. Conseguimos isso
graças à Globo também”, diz.
Segundo a Central Globo de Comunicação, em
2009, a média de audiência foi de 10 pontos, ou
33% de participação na audiência total. Vinícius
Sá vê esse alto índice como um chamariz
para o patrocínio, uma vez que “são muitos os
telespectadores que têm acesso à nossa marca
(Goodyear); ao ser transmitida por uma rede
de televisão com uma área de cobertura muito
Gravação da novela Passione, em
Interlagos - são Paulo
foto
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na p o l e p o s i t io n b r a s i l e i r a
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s e t e m bro 2 010 | 28 -29
grande, a Stock Car ajuda e muito qualquer
parceiro da própria categoria”.
Para Hoffmann, a parceria com a Rede Globo foi
fundamental, mas as transmissões poderiam ser
mais completas. “Elas não são feitas na íntegra,
mas em partes. No meio da corrida, eles [a Rede
Globo] passam vôlei, surfe e outros campeonatos,
e depois voltam para o pódio. Isso quando
voltam. “Os locutores muitas vezes não têm a
menor ideia do que está acontecendo”, reclama.
Atualmente, o personagem de marcelo Antoni, na novela exibida pela rede globo, Passione, vive um piloto de Stock Car. A emissora respondeu o pedido de entrevista da revista Competir
Seguindo a preocupação mundial com o meio ambiente, em 2009 a Stock Car passou a adotar medidas de sustentabilidade que visam adequar a categoria à realidade do planeta. A Corrida Verde, realizada no autódromo de Curitiba em outubro do ano passado, foi o primeiro passo em direção ao automobilismo sustentável.
O processo envolveu neutralização de carbono, reciclagem e replantio de árvores. Para isso, a competição conta com a parceria da Max Ambiental, que plantou 560 árvores como recuperação de matas ciliares do Rio Barigui, no Parque Tingui, na capital paranaense em 2009. “Uma categoria como a Stock Car polui, isso é fato. Então temos que fazer alguma coisa para diminuir esse impacto” afirma Marcelo Braga, da Vicar.
Em 2010, a categoria investe em créditos de carbono e toda a temporada contará com medidas sustentáveis. A iniciativa procura conscientizar atletas, pilotos e outros envolvidos sobre a questão ambiental e a destinação correta do óleo utilizado e dos pneus, que antes ficavam nas pistas e hoje são reciclados. O etanol verde, fornecido pela Esso, do grupo Cosan, além de ser fonte de energia natural, limpa e renovável, emite 90% menos poluentes causadores do aquecimento global. E, claro, tornou-se o combustível oficial da Copa Caixa Stock Car. “Para a Cosan Combustíveis e Lubrificantes esse acontecimento é um marco. A entrada do etanol traz ainda mais desempenho e potência para a categoria”, comenta o diretor de marketing, Carlos Resende.
Reduzindo o impacto da poluição
com um comunicado oficial, que informou: “esta é uma categoria do automobilismo de interesse nacional, que mantém bons índices de audiência a cada temporada. Foi a própria produção da novela que teve a ideia de inserir o esporte em um de seus núcleos”.
Apesar da notoriedade que isso confere à categoria,
a imagem transmitida ao público pode não
corresponder, necessariamente, à realidade. “Tenho
medo de que isso possa se tornar negativo se
continuarem a colocar cenas com o piloto andando
de noite, com faróis ligados e com passageiro
nos autódromos. Isso é ridículo”, declara o maior
campeão da história da Stock Car.
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Mercado desequilibrado
uitos relacionam o
monociclo à bicicleta quebrada dos palhaços
de circo, mas não é bem assim. O monociclo
é utilizado para prática esportiva e conta com
grandes campeonatos internacionais; seus pra-
ticantes gostam de interatividade e a usam para
criar uma rede de comunicação sobre o esporte.
Empresas o veem como incentivo ao planeja-
mento estratégico, à auto-estima, ao equilíbrio
físico e emocional e à superação.
Acredita-se que o monociclo se originou das
primeiras bicicletas fabricadas na Inglaterra, as
penny-farthing. Elas tinham uma enorme roda
dianteira e uma pequena roda traseira. Os ciclis-
Trilhas e campeonatos de monociclo aumentam o interesse pela modalidade em todo o mundo. Falta ao Brasil inserir-se nesse contexto para conquistar praticantes texto Caio Dib
m
Tendência
tas da época começaram a experimentar andar
empinando a bicicleta e sustentando-a pela roda
de trás. A brincadeira ficou séria e, então, foi
inventado o monociclo.
Atualmente, muitos ainda utilizam o equipamento
para shows de circo, mas o número de pratican-
tes do esporte vem aumentando. Existem pessoas
que realizam trilhas, longas distâncias percorridas
com o monociclo, e outras que participam de
campeonatos. Os principais eventos da modalida-
de são o UNICON - o campeonato mundial, que
também é a maior convenção de monociclistas do
mundo, o campeonato europeu – EUC (Extreme
Unicycle Championship) – e o americano, conhe-
m erc a do desequ il ibr a do
Monociclo.indd 30 13/09/10 11:41
cido como NAUCC (North American Unicycle
Championship). O UNICON acontece uma vez a
cada dois anos, o EUC tem a temporada de verão
e de inverno e o NAUCC ocorre no verão.
No entanto, não há muitos competidores de mo-
nociclo no Brasil, e isso decorre, sobretudo, do
fato de os modelos nacionais não apresentarem
qualidade para competição – além da falta de
divulgação do monociclo como esporte e ne-
nhuma tradição do País, que nem o reconhece
como modalidade oficial. “Eles são produzidos
para aprendizado, mas o País não tem fabricante
de monociclo profissional”, argumenta Rodrigo
Racy, criador do projeto Monotravessias. Ao
mesmo tempo, é difícil importar o equipamento.
Pedro Tejada, um dos pioneiros no monociclismo
no Brasil, conta: “Um monociclo bom é caro e
não temos importadora que trabalhe com isso”.
Tejada tem o apoio de um fabricante canadense
de monociclos e da loja unicicle.com, uma das
maiores da modalidade. Sem apoio ou espaço
específico para o treino (Pedro pratica no Parque
do Ibirapuera, em São Paulo), ele participa de
competições internacionais e já conseguiu o 9º
lugar no mundial de 2008, na Dinamarca.
Paula Toledo, sócia da JR Malabares, conta que
há dificuldades em comprar peças de melhor
material técnico. A empresa, que é uma das
únicas que fabricam o equipamento completo
em uma linha industrializada, não consegue
fazer acordos com seus fornecedores. “O nú-
mero de peças que precisariam ser compradas
é muito maior do que nossa demanda”, conta.
Por ano, a JR Malabares comercializa cerda de
500 monociclos de aprendizado com preços
entre R$ 380 e R$ 450. Um modelo profissio-
nal pode custar até US$ 1.400.
Tejada é atleta oficial do time do canadense
Kris Holm, um dos maiores fabricantes de
monociclo do mundo. Holm, que já foi atleta
dessa modalidade, tem hoje sua própria marca
e investe no esporte realizando parcerias com
jovens de diversas partes do mundo – nove,
atualmente. “Apoiar atletas como o Pedro é um
investimento para minha empresa. Com isso,
procuro difundir o monociclo no Brasil, que é
um mercado promissor”, conta. Ele acredita
Já existem competições em
trilhas e grandes campeonatos
de monociclo - o mundial
UNICON, o norte-americano
NAUCC e o europeu EUC
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s E t E m brO 2010 | 30 -31
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m erc a do desequ il ibr a do
que o País ofereça um sólido potencial para os
negócios no esporte, principalmente em longo
prazo. “É preciso aumentar a cultura da modali-
dade em terras brasileiras”, explica.
Os atletas que atuam com Holm possuem qua-
lidade técnica e, principalmente, são ativos nas
mídias sociais. “Por meio do Facebook, do You-
Tube e do Twitter, um atleta no Brasil pode ajudar
a incrementar meus negócios em qualquer lugar
do mundo. A internet vai para todo lugar”, conta
o fabricante. Tejada chamou atenção de Holm
principalmente por sua produção de vídeos – que
podem ser vistos em www.vimeo.com/pedroteja-
da - e fotos na internet, além de seu desempenho
nos fóruns sobre o esporte.
Lá fora, eLas taMbéM pedaLaM Muitas mulheres também se aventuram nessa
bicicleta de uma roda só. No País, não há um
grande destaque feminino na modalidade. No
cenário internacional, uma garota tem se desta-
cado bastante: a alemã Sophia Pellmann. Com
apenas 16 anos, ela venceu o UNICON XV -
temporada 2009/2010 -, o campeonato mundial
de monociclo, nas categorias flatland, street,
highjump e longjump.
Assim como Tejada, Sophia não tem um patroci-
nador oficial. “Tenho dois parceiros que pagam as
peças de meus monociclos e um que me apoia
com as roupas”. Em troca, Sophia veste as mar-
cas durante as competições. No entanto, afirma:
“Não tenho ninguém que pague pelos gastos
com as competições”. Transporte, inscrição em
torneios e alimentação são pagos por ela, com
o dinheiro que ganha dando aulas de monociclo
para crianças, e por seus pais.
Sophia conta que o esporte ainda é considerado
alternativo na Alemanha. “O monociclo é mais
popular apenas entre as crianças”, diz. Mesmo
assim, muitas pessoas pedalam como hobby.
“Mas não existem garotas praticando monociclo
como esporte. Elas têm medo de pular degraus e
fazer manobras mais arriscadas”, explica. Ela é a
única garota em seu grupo de amigos praticantes.
triLhasPor fora das competições, muitos esportistas
amadores realizam trilhas com o monociclo. É o
caso do artista Rodrigo Racy. Ele usa a bicicleta
para apresentações circenses, mas desenvolveu
o projeto Monotravessias, em 2003. “Queria
mostrar que não é só a bicicleta quebrada do
palhaço. Em outros países, o monociclo é muito
difundido como esporte”, conta.
No ano seguinte, Racy realizou sua primeira
travessia: o trajeto de 54 km entre o centro de
São Paulo e a cidade de Pirapora do Bom Je-
sus, no interior. No mesmo ano, fez o percurso
de Saint Jean Pied Port, na França, até Santia-
go de Compostela, pelo Caminho de Santiago
de Compostela, pedalando 868 km em um
terreno off-road. Para realizar as viagens, con-
tou com parcerias e apoios de empresas liga-
das à atividades físicas, à saúde e outras que
comercializam equipamentos esportivos. Racy
também não conseguiu apoio financeiro.
Pedro tejada é um dos pioneiros
no brasil: apoio de um fabricante
canadense de monociclos e da loja
unicicle.com
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Planejar, criar táticas, tomar decisões: isso é velejar
Em foco
Veleiro criado há dois anos pelo argentino Javier Soto Acebal já conquista velejadores, adeptos, patrocínios e espectadores e promete ser a F1 dos mares. O S40 caracteriza-se por estratégias e rápidas tomadas de decisãotexto Marcos Muanis
Pl a neja r , cr i a r tát ic a s , t om a r decis ões: is s o é v el eja r
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e equilíbrio entre as tripulações. A cada prova,
competidores ficam mais prontos para dar o bote e
um pequeno erro pode comprometer o resultado.
Por isso é importante largar bem e tomar o maior
número de decisões acertadas”.
Com os monotipos, todos os velejadores
competem em igualdade de condições com o
mesmo peso, dez tripulantes e o mesmo barco.
Em competições olímpicas, cada classe tem os
seus parâmetros e nem sempre o melhor vence,
já que há pesos e estruturas diferentes. As
competições com o S40 caracterizam-se pelo
equilíbrio e as constantes trocas de posições.
Patrocínios A Mitsubishi comprou a ideia: além de realizar um
campeonato com quatro etapas (que se iniciou em
agosto, no Rio de Janeiro, em setembro ocorreu em
Angra dos Reis e, em outubro, será competido em Ilha
Bela e Florianópolis), patrocina duas embarcações, a
Mitsubishi: patrocínio de duas
embarcações - uma delas com a
Gol - e de um campeonato com
quatro etapas
s e t e M bro 2010 | 34 -35
m dois anos, 23 veleiros já foram
vendidos: 5 para a Europa, 8 para o Chile, 5 para o
Brasil e 5 para a Argentina. Numericamente pode
parecer pouco, mas em tão pouco tempo de vida,
o veleiro S40, projetado pelo arquiteto naval Javier
Soto Acebal e construído por Javier Mendez, já
desponta para um futuro atraente e empolgante, a
começar pelas igualdades de condições. Eduardo
de Souza Ramos, presidente do conselho da
Mitsubishi Motors do Brasil e comandante da
embarcação Pajero, explica que “os veleiros S40
são monotipos, ou seja, equivalentes e 100%
iguais. Prevalece a capacidade de cada equipe,
antes e durante a prova”.
Torben Grael, duas vezes medalha de ouro em
Olimpíadas (Atenas em 2004 e Atlanta em 1996)
afirma que os S40 “são saudáveis, uma vez que
são idênticos; prevalece quem traça as melhores
estratégias e sai vencedora a equipe que veleja
melhor. As provas do S40 são marcadas pelo foto
s: H
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Veleiros idênticos favorecem o
entendimento da competição. Na
outra página: torben Grael e
eduardo ramos
Pajero, cujo comandante é Eduardo de Souza Ramos,
e a Mitsubishi – também com patrocínio da Gol – com
Torben Grael no comando. “Fazemos um esforço
maior do que poderíamos fazer com as velas”, explica
Eduardo (leia entrevista a seguir).
Como competem barcos do Chile, Argentina, Uruguai
e Brasil, a etapa é considerada um Sul-Americano
e é a primeira vez que é realizado um campeonato
deste porte no País. Algumas sugestões foram
trazidas da experiência da patrocinadora com o rali,
como um jantar de confraternização com todos os
envolvidos no evento.
Espera-se que com o crescimento do evento e com o fácil entendimento do público mais empresas apoiem a modalidade. como são veleiros competindo igualitariamente, fica fácil para o espectador acompanhar as regatas e compreender o que os comandantes estão traçando para suas embarcações. Nas provas realizadas
em Angra dos Reis, no início de setembro, uma
embarcação que aparentemente estava em
última posição terminou na segunda. Conhecer o
mar, as correntezas, os ventos e principalmente
a equipe é que faz o diferencial; a partir daí,
cada um desenvolve sua estratégia. O arquiteto
Zeca Revoredo, comandante do Ogum, explica:
“Uma manobra errada pode por tudo a perder.
Precisamos ter visão, experiência, estar bem
fisicamente; todos em busca de uma rajada de
vento para se distanciar. É preciso uma série de
atitudes para conseguir progredir bem”.
A ESPN Brasil filmou toda a etapa, que
será transmitida no programa Mar Brasil
e será uma oportunidade para o público e
investidores conhecerem esta competição que
já é considerada a F1 dos mares. “Os esportes
náuticos são de difícil divulgação” diz Eduardo.
Espera-se que com os monotipos haja maior
aproximação com o público. Apesar de jovem,
o S40 busca fortalecer sua identidade, e a alta
competitividade aliada às belezas naturais dos
locais onde se pratica é um forte trunfo.
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Pl a neja r , cr i a r tát ic a s , t om a r decis ões: is s o é v el eja r
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“É como gerir uma empresa” Entre uma regata e outra, a Competir conversou com Eduardo Souza Ramos,
presidente do Conselho da Mitsubishi Motors do Brasil.
Competir – Qual o seu envolvimento com o esporte?Eduardo Souza Ramos – Pratiquei a vela desde os 13 anos até os 18, depois
parei, por causa da faculdade, e voltei a velejar aos 25 anos. Pratico até hoje,
mas com menos intensidade.
Competir – Você participou de duas Olimpíadas, 1980 em Moscou e 1984 em Los Angeles (sendo o porta-bandeira da delegação brasileira). Essa experiência esportiva ajudou na sua vida profissional?ESR – As lições que você tem no esporte em geral te ajudam muito na vida
como um todo, inclusive na empresarial – observação, persistência, liderança,
vontade da equipe, saber mantê-la motivada, enfim, essas coisas todas.
Principalmente aprender com a derrota; são coisas que acontecem também no
dia a dia. Isso o esporte ensina muito.
Competir – A Mitsubishi é famosa por patrocinar diversas modalidades, como os ralis, ciclismo, polo, hipismo. Em que se assemelham?ESR – O rali é uma prova que se assemelha a vela: exige persistência,
observação detalhada da natureza, preparação extrema do equipamento,
grande entrosamento ente navegador e piloto, todo o suporte da equipe,
que trabalha toda a noite para recuperar o carro. Para ganhar, ou sonhar
em ganhar, você precisa ser extremamente obstinado, priorizar este
objetivo acima de outros que, em curto prazo, parecem mais agradáveis,
trocar festas e descanso por determinação, para participar, se preparar
fisicamente, desenvolver capacidade de concentração. Todos os esportes
se assemelham ao exigir isso.
Competir – Gerir um S40 é como gerir uma empresa?ESR - Sim, uma microempresa. Para chegar aqui, é preciso uma preparação
muito grande. Para conseguir pessoas é difícil: cada um tem uma função que
não necessariamente é igual à outra. São pessoas
até fisicamente diferentes. Liderá-las, manter
o bom entrosamento constante, não deixá-las
desanimar quando não vai bem, exige habilidade.
Competir – Com a facilidade do crédito, muitas pessoas realizam o sonho de comprar um Mitsubishi. Há alguma estratégia de patrocinar outros esportes que atinjam diretamente esse público?ESR – Acho que a capacidade da Mitsubishi
em patrocinar está no limite. O montante que
gastamos na vela, por exemplo, é maior do que o
bom senso determinaria. Tem aqui um pouco da
paixão pela vela e, enquanto pudermos fazer isso,
vamos fugir um pouco das regras.
Competir – A Mitsubishi se diferencia também pelos ralis criados por vocês: de onde surgem as ideias para essas provas?ESR – Sempre fui um piloto frustrado. Quando parei
de velejar, corri de automobilismo, de kart, de lancha e
de automóvel. Descobri que não era bom o suficiente
para me profissionalizar e não tinha o dinheiro na
época para poder bancar as corridas. Desisti e voltei
para a vela, mas sempre com o coração nas pistas.
Fiz vários amigos e patrocinei alguns deles, como o
Gil de Ferran, que se tornou um grande campeão.
Quando peguei a Mitsubishi imaginei que ela corresse
naquilo que eu estava acostumado, mas pelo
contrário; fiquei decepcionado. Mas vim a entender
o que era o rali: achava fraco no Brasil. Resolvi então
criar o de regularidade, e que terminasse com um
belo almoço, com um espírito mais festivo. Treinaria
os navegadores, testaria o carro, e as personalidades
e os pilotos mais agressivos poderiam ir para as
competições de velocidade.
Depois disso, criamos a Cup (Mitisubishi Cup, rali
de velocidade). Para criar a prova, desenvolvemos
alguns carros de corrida. E para receber as
famílias inteiras, desenvolvemos um rali de
estratégia, para que todos pudessem participar.
Competir – Este relacionamento fideliza os clientes?ESR – Não, não, talvez alguma coisa, mas é
como o ambiente que você vê aqui: forma-se um
clubinho, você faz alguns amigos, é divertido.
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Tenho acompanhado nos últimos anos, através do
boom da prática de atividades físicas, exemplos
de atletas amadores que transformam o prazer
em obsessão. São esportistas que têm dificuldade
em encontrar o equilíbrio adequado para a práti-
ca esportiva com seus compromissos pessoais,
e exageram na dose de dedicação, estabelecen-
do rígidos padrões de conduta. O resultado do
exagero pode vir em forma de lesões ou mesmo
desestímulo com o passar do tempo.
Ser esportista não é sinônimo de virar monge. Um
atleta amador precisa passar por ciclos de “altos”
e “baixos”, são eles que mantêm a lubrificação
adequada do corpo. Uns quilinhos a mais na tem-
porada de férias não são o fim do mundo – talvez
você até precise deles, e significam que seu
corpo está descansando e você curtindo outros
prazeres, como comer o que gosta. No retorno
aos treinos mais puxados, eles serão perdidos
com tranquilidade à medida que você voltar ao
seu condicionamento.
Quando morei em San Diego, nos Estados Uni-
dos, tive a oportunidade de treinar próximo à tria-
tleta Paula Newby-Fraser, um dos maiores nomes
Saúde e bem-estarfo
to: D
ivulgaçã
o
Ser esportista não é sinônimo de virar monge
do Triathlon, oito vezes campeã do Ironman no
Havaí. Ela falava da importância de não se treinar
exageradamente e nem colocar pressão em cima
de melhoras e resultados o tempo todo, pois isso
não faz bem. Não se preocupava em ganhar uns
quilos fora de temporada. Entendia que era seu
momento de renovar energias e relaxar com ou-
tras coisas.
Essa é a filosofia de treino lá fora. Treinar leve
com baixa intensidade faz parte do processo.
Mas, vejo muitas pessoas que se não estiverem
no limite o tempo todo, se não sentirem dores,
acham que não estão treinando. Essas pessoas
fazem de qualquer treino uma ‘supercompetição’.
É fácil observar isso na USP, por exemplo, local
de treinamento de muitos paulistanos. Colegas
de assessorias esportivas terminam seus treinos
conferindo relógios, comparando seus tempos aos
de outros atletas. Não é por aí... Permita que sua
vida de atleta tenha “altos e baixos”. Eles mante-
rão sua mente e corpo balanceados. Não seja um
chato do esporte e pratique esporte a vida toda!
Christian Kittler é triatleta e CEO do Grupo Ativo.
texto Christian Kittler
S aú d e e b e m - e S ta r
Saude e bem estar.indd 38 13/09/10 13:01
A Copa de 2010 recém terminou. A do Brasil
ainda há quem duvide que vá acontecer, e esse
articulista já está falando na Copa de 2022! Pois
é, caro leitor. Mas não sou eu apenas; são os
comitês de países que se preparam para concorrer
a sediar as competições de 2018 e 2022.
Ainda existem vozes criticando a realização da
Copa do Mundo no Brasil sob o argumento de
que o dinheiro usado na sua realização poderia
ser empregado em postos de saúde ou moradias
populares. Sempre haverá interesses dissonantes.
O fato inegável é que nações desenvolvidas e
em desenvolvimento almejam sediar o maior
evento esportivo do mundo por todos os
benefícios periféricos envolvidos; quase todos
além da esfera esportiva.
Austrália, Inglaterra, Japão e Rússia estão na
disputa por 2018. Qatar, Portugal e Espanha
(esses dois com candidatura única), Estados
Unidos e até a Indonésia já trabalham pela
concorrência de 2022. Isso não pode ser apenas
um desejo de mentes tresloucadas, mas de
pessoas com visão de futuro e entendimento
dos benefícios superlativos que um evento
desta magnitude traz aos países. Quando os
representantes dos comitês dessas nações
se referem aos jogos eles citam o “poder de
promover melhorias nas cidades e nos parques
esportivos”, como diz Motoaki Inukai, presidente
do comitê do Japão. Ou o Sheiki Al-Thani,
presidente do Comitê Qatar 2022, que espera
“unir a região dos emirados em torno da amizade,
da alegria e do entendimento”. Ou ainda o
presidente do comitê russo, que acredita que
Marketing Esportivo
As Copas de 2018 e 2022
“somente o futebol tem o poder de unir e mostrar
ao mundo que as 180 etnias que compõem a
Rússia são um mundo em si mesmo”.
Em cada um dos discursos dos representantes
de 12 nações que já estão disputando a honra
de sediar os jogos de 2018 e 2022, somente
dois mencionaram a qualificação do futebol
de seus países entre os objetivos de ser sede
da Copa. Mas todos os 12 elencaram escopos
mais elevados e significativos. O objetivo maior
da África do Sul foi ser reconhecida como
uma nação plural, onde brancos e negros
trabalharam lado a lado por um objetivo comum
– com sucesso. O do Brasil tem que ser o das
obras públicas que permanecerão para melhorar
a estrutura das cidades-sede após os jogos e
pela oportunidade de mostrar ao mundo sua
capacidade de organizar um evento espalhado
por um território maior do que a Europa.
Não são os programas sociais do governo
que mostrarão ao mundo nossa capacidade
produtiva. É o resultado de marketing esportivo
proveniente das Copas das Confederações, do
Mundo e das Olimpíadas que revelará a face
que desejamos mostrar, seja de um país sério
ou de um folclórico país tropical de Jeca Tatus
e Macunaímas. A oportunidade está à porta e
pedindo para entrar.
Wesley Cardia é consultor de marketing esportivo e Diretor
da Maestro Marketing.
texto Wesley Cardia
M a r k e t i ng e s p o r t i vo
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New Jersey, 10 de agosto de 2010. Seria mais
um dia no quintal de Manhattan. Mas fica
registrado como o dia em que o Brasil encolheu.
E não falo dos garotos da Seleção Brasileira
que, bem diferente, se agigantaram em campo.
Me refiro à grande maioria da nação que não
teve acesso ao jogo, restrito basicamente aos
assinantes de TV paga.
Se fosse nos Estados Unidos, onde a TV
fechada predomina, não seria problema. Já o
Brasil foi reduzido a um país do tamanho do
Peru ou da Venezuela. Pelo lado positivo, abriu-
se um ótimo precedente para discutir o tema
dos direitos de transmissão.
Se considerarmos a TV como única ou principal
fonte de receita das entidades esportivas,
chegaremos à conclusão de que vale qualquer
sacrifício. Por outro lado, se entendermos a
relevância estratégica dos demais ativos de
Marketing do Esporte, saberemos como enfrentar
este desafio. Em termos competitivos – fora de
campos, quadras e pistas – é preciso buscar
um equilíbrio entre Direitos de Transmissão,
Patrocínios, Licenciamento e Bilheteria, ainda que
limitados à lei de oferta e procura.
Quanto maior a dependência de uma (ou
poucas) ‘fontes pagadoras’, menor o poder
de negociação diante destes compradores.
Em outras palavras, o desequilíbrio gera
contratos que falam em direitos e esquecem
as obrigações. Casos curiosos, quando se
coloca em risco o valor do produto, alterando
calendários e – pasmem – até as regras da
modalidade, em troca de um ‘bom’ contrato de
televisionamento. Sem falar nos malabarismos
para barrar a exposição dos patrocinadores.
Se o planejamento não é nossa principal
virtude, esta situação só tende a piorar, pois
afeta negativamente as outras fontes de
recursos, criando um ciclo vicioso. É preciso
inteligência – cognitiva e estratégica – para
perceber que a situação atual é favorável
apenas para as próprias emissoras. Não
que sejam monstros da mídia, como muitos
insistem em fantasiar. São, naturalmente,
mais profissionais e frios nas negociações,
colocando os interesses comerciais em
primeiro lugar. Sendo assim, quanto menos
valorizados forem os demais contratos, maior
será seu poder de barganha, tanto em termos
de valores quanto em cláusulas, digamos,
parciais. Se o futebol sente este problema,
imagine outras modalidades.
A boa notícia é que, por definição, a informação
ao vivo, em cores e de boa qualidade está cada
vez mais acessível e democrática. A banda larga
e os smartphones criaram opções baratas e
eficientes de retransmissão. Alternativas para
que o esporte não se encolha, pelo contrário:
cresça e apareça.
Marco Antonio Siqueira - www.marketingesportivodeverdade.
blogspot.com - é radialista e publicitário, sócio-diretor da
Zebra Marketing Esportivo e diretor da ABRAL (Associação
Brasileira de Licenciamento).
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O dia em que o Brasil encolheutexto Marco antonio Siqueira
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A Copa Kaiser reúne a cada ano a nata do futebol de várzea, com direito a acesso e descenso. Ao todo, quase mil times brigam por seu lugar ao sol
esde a década de 1990, a Copa
Kaiser de Futebol Amador mexe com as emoções
de atletas e torcedores de clubes não profissionais
da cidade de São Paulo. Este ano, o evento
patrocinado pela marca de cerveja chegou a sua
13ª edição e com uma capacidade de organização
de dar inveja a muitos outros eventos esportivos,
reunindo 192 agremiações na série A e mais igual
número na série B. Sim, a competição cresceu e
já existe até uma espécie de série C, que são os
torneios oficiais que dão acesso à segunda divisão
com cerca de 600 times. “Ano após ano, a Copa
Kaiser atrai mais público e desperta o interesse das
equipes para participarem deste campeonato que
é referência no futebol de várzea do Brasil”, afirma
orgulhoso Marcelo Liberado, diretor de marketing da
Femsa Cerveja Brasil, dona da marca Kaiser.
Tanta simpatia e apelo levaram a competição para
gramados muito além dos campos paulistanos.
Agora, atletas amadores de Belo Horizonte (MG),
Curitiba (PR) e Blumenau (SC) também têm a sua
Copa Kaiser e os vencedores de cada praça se
enfrentam, surgindo daí um campeão nacional.
O evento é realizado e promovido pela Evidência,
empresa a serviço da Kaiser e responsável pela
organização da disputa. A iniciativa também tem o
texto Oldair de Oliveira
d
Base
apoio da Federação Paulista de Futebol (FPF) e do
site Simmm, especializado em futebol amador. Até
o ano passado, as finais eram realizadas no estádio
Nicolau Alayon (do Nacional Atlético Clube),
que, na decisão da última edição, no jogo entre
o Vida Loka (Vila Brasilândia, Zona Norte) e Ajax
(Vila Rica, Zona Leste), recebeu 15 mil pessoas.
Somando-se todos os jogos do ano passado, a
competição atraiu mais 1,5 milhão de torcedores.
Por todo esse gigantismo, costuma-se dizer que a
copa é o futebol profissional da várzea.
Para João Henrique Garcia Marques, coordenador
técnico da Evidência, o evento é uma mostra para
aqueles que pensam que o futebol de várzea
morreu na cidade de São Paulo. “Quem pensa
assim está enganado. O futebol de várzea não
morreu, apenas mudou de endereço. Antes, os
campos se encontravam no Centro, como Várzea
do Glicério e do Carmo. Agora, estão mais na
periferia. O Cambuci, por exemplo, tinha sete
campos, que deram lugar para supermercado,
aeronáutica e outros empreendimentos”, afirma.
A empresa evita falar em números. Mas estima-
se que na edição do ano passado foram gastos
cerca de R$ 4 milhões. Não é muito se comparado
ao total do patrocínio firmado em dezembro do
ano passado com os quatro times grandes da
capital paulista (Corinthians, Palmeiras, São
Paulo e Santos), com valor estimado entre R$ 10
milhões e R$ 15 milhões. O que se busca neste
Estrutura profissional para atletas amadores
E s t r u t u r a p r of i s s io na l pa r a at l E ta s a m a d o r E s
Copa Kaiser_v2.indd 42 13/09/10 13:04
Atletas amadores de quatro
Estados disputam a Copa
Kaiser; surge, assim, um
campeão nacional
Estrutura profissional para atletas amadores
A relação entre o esporte e a bebida da massa sempre dá um bom jogo de marketing esportivo, e a Kaiser percebeu isso há algum tempo. Começou em 1995, com a primeira edição da Copa Kaiser. Depois, em 1998, patrocinou os campeonatos estaduais de Minas Gerais e São Paulo. Mas, seu caso mais bem-sucedido é o Kaiser Clube, investida de 1999 voltada para a praça do Rio de Janeiro.
A iniciativa consistia em oferecer a cerveja em recipientes (garrafas e latinhas) que traziam os distintivos dos quatro grandes times cariocas (Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo). Do valor de cada unidade vendida, 4% da receita iam para o clube do coração do ‘cervejólatra’. Com uma mensagem que avisava, “você é mais que um torcedor, é um patrocinador”, a campanha fez sucesso. Resultado? Dobrou a participação da marca no mercado fluminense e, em apenas três meses, atingiu-se a meta esperada para um ano. A estratégia provocou uma gostosa disputa entre as torcidas e gerou uma receita de R$ 181.075 aos clubes, sendo 36% ao Flamengo; 30% ao Vasco; 17% ao Fluminense; e 16% ao Botafogo. A ideia inovadora seguiu para outras praças, sempre com bom acolhimento, como Minas
Tabelinha de sucesso
último caso é visibilidade de imagem e venda. E
qual é o retorno da copa para a Kaiser, já que o
evento não tem cobertura das grandes mídias?
“Ganhamos primeiramente com o orgulho de
estar desenvolvendo um importante trabalho
social. A Kaiser tem forte penetração na periferia.
Portanto, a competição é uma oportunidade
de desenvolvermos algo positivo para as
comunidades, uma vez que estamos lá dentro.
Outra forma de retorno é com a transferência para
o produto da simpatia pela marca e, na hora de
escolher sua cerveja, que venha o voto para a
Kaiser”, explica Marcelo Liberado.
Não poderiam faltar exemplos de atletas profissionais
que passaram pela competição. O atacante
Ricardo Oliveira, que foi revelado pela Portuguesa
e atualmente defende o São Paulo, jogou a quinta
edição pelo Estrela Vermelha da Vila Nivi. Outro
que também passou pela Lusa foi Zé Roberto,
que recentemente jogou pelo Santos e atualmente
defende o alemão Hamburgo. No entanto, antes
disso, defendeu as cores do Beira-Rio do Parque
Guarani. Outros nomes incluem César Sampaio
(Moleque Travesso, da Vila Guarani), Elias (do
Corinthians, que jogou pelo Leões da Geolândia, de
Vila Medeiros) e Cesar (lateral do Nápoli e ex-São
Caetano, revelado pelo Unidos da Praça, do Parque
Guarani). Até o veteraníssimo Serginho Chulapa,
depois de encerrada sua carreira como profissional,
matou a saudade dos campos de pelada, jogando
pelo Lausanne Paulista Futebol Clube.
S E t E m bro 2 010 | 42 -43
Copa Kaiser_v2.indd 43 13/09/10 13:04
pat rocínio esport ivo
Patrocínio esportivo
marketing de patrocínio é uma
ferramenta corporativa muito antiga, mas era
utilizada por poucas empresas e em geral com
um caráter de mecenato ou filantropia. Havia uma
visão limitada de seus benefícios.
Somente nos anos 80 e início da década de 1990,
ele começou a ser utilizado como ferramenta
mercadológica estratégica para as empresas,
que perceberam que os patrocínios deveriam ter
seus objetivos bem definidos e não mais serem
utilizados como uma ferramenta tática, sem lógica.
Patrocinadores perceberam que o patrocínio
deveria estar alinhado à estratégia global das
empresas. A alta direção começou a exigir a
mesma criatividade e rigor estratégico utilizado
na mídia convencional, o que resultou em um
ambiente propício para o desenvolvimento do
patrocínio como estratégia mercadológica.
Em 2009, o investimento corporativo em
patrocínio em todo o mundo atingiu US$ 44
bilhões, uma profunda evolução em relação
ao início da mensuração em 1986, quando o
investimento das empresas patrocinadoras era de
US$ 5,6 bilhões, segundo dados da IEG.
Mercado brasileiro de clubes de futebolA Crowe Horwath RCS apresentou em 2009
análises e projeções sobre a situação financeira e
mercadológica dos clubes brasileiros.
Entre as diferentes análises realizadas, a que
o
Raio x
como estratégia de marketing no mundo e no mercado de clubes de futebol do Brasil
Fonte: TWSM
texto Amir Somoggi
ganhou maior notoriedade foi a inédita avaliação
das marcas dos maiores clubes brasileiros,
que contava com diferentes projeções sobre o
crescimento de suas receitas futuras.
Em 2010, foi publicado o resultado de nossa
análise desse mercado que produziu, no ano
passado, R$ 1,9 bilhão em receitas. Esse
estudo corroborou as conclusões apresentadas
anteriormente à publicação dos balanços
dos clubes, provando que a Crowe Horwath
RCS conseguiu projetar o mercado em 2009
ParticiPação Patrocínio no Mundo Por categoria – eM 2009
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exatamente o que está desenvolvendo para seus
clientes esportivos.
Dos R$ 1,9 bilhão produzido pelo mercado de
clubes, cerca de R$ 270 milhões foram gerados
com os recursos destinados a eles por meio de
cotas de patrocínio e investimento publicitário –
uma evolução de 281% nos últimos sete anos.
Em 2009, os recursos com patrocínio e publicidade
representaram 14% do total gerado pelos clubes,
frente à representatividade de 9% de 2003,
Ainda segundo a análise, em 2010 os recursos
com patrocínio e publicidade gerados pelos
clubes devem alcançar R$ 313 milhões e
representar 15% do total gerado pelo mercado. Os
profissionais da Crowe Horwath RCS construíram
dois cenários distintos: realista e otimista.
No cenário realista, a receita com patrocínio e
publicidade atingiria R$ 313 milhões em 2010 e
poderia em 2014 atingir R$ 493 milhões, o que
resultaria em uma participação de 16% do total
gerado pelos clubes. Já no otimista, os recursos
com patrocínio e publicidade atingiriam R$ 355
milhões, o que resultaria em 16% do total gerado
nesse ano e poderia, em 2014, atingir R$ 700
milhões, o que resultaria em uma participação
de 22% do total.
Oito clubes são responsáveis por 65% do total
gerado com patrocínio e publicidade pelo mercado
brasileiro de clubes de futebol em 2009. Eles
foram responsáveis por gerar R$ 174,2 milhões
em 2009, com essa fonte de receita. Em 2008, os
mesmos clubes produziram R$ 129,7 milhões.
Amir Somoggi é diretor da área Esporte Total da empresa
de auditoria e consultoria Crowe Horwath RCS, que tem
projetos com clubes, investidores e patrocinadores.
Maiores receitas- Patrocínio e Publicidade – clubes de futebol no brasil. ranking eM 2009 e coMParação coM 2008 eM r$ Milhões
Fonte: Análise Crowe Horwath RCS
s e t e m bro 2010 | 44 -45
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G o l d e p l ac a
Gol de Placa
texto Augusto NuNes
Descobri num certo crepúsculo que apenas 15
centímetros me haviam separado, durante quase
vinte anos, da felicidade absoluta. Ao longo dessa
eternidade, eu fora proibido pela estatura de co-
nhecer o orgasmo do basquete: enterrar uma bola
na cesta com as duas mãos, proeza virtualmente
inalcançável para quem mede 1m85. Até que,
num inesquecível fim de tarde, sozinho numa
quadra, topei com uma tabela adaptada para
equipes infantis, meio metro abaixo da oficial.
Então, ao longo de quarenta minutos fantásticos,
eu soube o que é ser Michael Jordan.
Bolas de xuá, jumpings impecáveis, bandejas
acrobáticas, passes picados – esses e outros
prazeres eu pudera saboreá-los como aplicado
amador nas quadras da Araraquarense. Mas
faltava a enterrada. Desde aqueles momentos de
sonho, virei feroz partidário de uma tese do cartu-
nista Ziraldo: os jogadores de basquete deveriam
ser distribuídos, como os lutadores de boxe,
por categorias distintas. No mundo dos ringues,
peso-pesado é uma coisa, peso-mosca é outra –
circunstância que permitiu a um Éder Jofre, por
exemplo, entrar para a história sem ter de trocar
ganchos no fígado, diretos no queixo e devastado-
res uppercuts com um Muhammad Ali.
A sugestão de Ziraldo, que jura ter colecionado
exibições memoráveis nas quadras da mineira
Caratinga, conduziria à criação de categorias
separadas para jogadores com 1m50 a 1m60,
com 1m60 a 1m70 e assim por diante. É uma
boa ideia que passo de graça ao secretário de
Esportes do governo Lula. Passei a endossá-la
com especial entusiasmo ao ver de perto Michael
Jordan, o magnífico ala do Chicago Bulis – experi-
ência francamente desanimadora para um antigo
craque do time de basquete do Instituto de Edu-
cação 9 de Julho.
Conheci a fera em 1984, durante a Olimpíada de
Los Angeles. À minha frente, erguia-se um armá-
rio com cerca de 2 metros de altura. Suponhamos
que a natureza me tivesse dotado de todos os
atributos que fazem um atleta muito singular.
Como neutralizar a abissal centimetragem que
nos separava (e lastimavelmente, continua a
separar)? A inexistência desses abismos físicos
figura entre os muitos encantos que fazem do fu-
tebol um esporte destinado a fascinar multidões.
Não há tais abismos a separar os artistas entre si,
como também não existem distâncias do gênero
entre artistas e plateia.
(Continua na próxima edição.)
Augusto Nunes é jornalista.
A felicidade a um palmo e meio da mão (parte 1)
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David Pereira Martins Prates
Perfil
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Perfil
David Prates conquistou o troféu de jogador destaque da Seleção Paulista de Rugby de 2010. Recentemente, o esporte começou a crescer e aparecer no Brasil, mas o atleta treina e se dedica à modalidade há seis anos. Ainda sem patrocinador, já começa sua coleção de troféus e medalhas, participou de um torneio no Uruguai e busca o sonho de fazer parte da Seleção Brasileira.
foto
s: R
afa
el S
ilva
Nome
David Pereira Martins Prates
Nascimento
29 de outubro de 1991, em São Paulo (SP)
Esporte e categoria
Rugby, M19
Altura e peso
1,71 m e 90 kg
Horas de treino
Treino todos os dias, mas não sei a duração exata
Técnico
Paulo Meireles
Patrocinadores
Não tenho
Local onde treina
Pasteur Athletique Club
Desde que idade/ano pratica o esporte
Desde meus 14 anos; são seis anos de rugby
Títulos
Conquistei o troféu Lyons’ Seven de 2009 (campeão M19) e medalha de segundo lugar na Seleção Paulista de Rugby de 2010, além de troféu de jogador destaque do torneio
Principais competições de que participou
Seleção Paulista 2010 e Torneio Valentin Martinez, no Uruguai
Filme
Invictos (é sobre rugby)
Prato
Massa
Cidade brasileira
Rio de Janeiro
Cidade estrangeira
França
Família é...
Meu porto seguro; se não fosse a ajuda de todos da minha família, não sei se estaria onde estou
Estudos
Cursando 3º ano do 2º grau
Se não fosse atleta...
Seria professor de Educação Física
Ídolo na vida
Minha mãe
Um sonho
Construir uma família e estar na Seleção Brasileira de Rugby
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Viagem 52 // Literatura 54 // Música 55 // Menu - Vinhos 56 // Menu - Cultura de mesa 57 // Teatro 58 // Cinema 59 // Artes visuais 60 // Moda 62 // Sustentabilidade 64
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respiro
Manter o fôlego é o maior desafio de quem visita as Cataratas do Iguaçu, as maiores do mundo em volume de água e de esportes de aventura
Não há nada que justifique o comum descaso de viajantes com
Foz do Iguaçu, destino muito mais valorizado por turistas estrangeiros do que
brasileiros. A cidade paranaense, bem na divisa com o Paraguai e a Argentina,
possui um dos mais belos conjuntos de quedas d’água do planeta – e a preços
bem acessíveis para quem mora no Brasil (há pacotes com três noites e aéreo a
partir de São Paulo por R$ 600).
Nem por um minuto caia na roubada de achar que só porque é barato é ruim.
Foz do Iguaçu é uma cidade deliciosa, que gira em torno das duas grandes ma-
ravilhas locais: as cataratas mais volumosas do planeta e a usina hidrelétrica de
Itaipu, a maior em geração de energia do mundo.
ntexto RaíRa VentuRieRi
Viagem
imag
ens:
Arq
uiv
o p
esso
al
A Itaipu é mesmo uma atração turística, tanto que
organiza sete passeios diferentes para mostrar a
visitantes desde os mais técnicos processos de
produção de energia (sempre acompanhados de
estratégicas paradas para fotos frente à grandeza
da barragem) até projetos paralelos mantidos pela
companhia, como o Refúgio Biológico, que abriga
animais recuperados do tráfico.
É divertido conhecer a Itaipu, mas o passeio não
chega aos pés da emoção de contemplar as exu-
Iguaçu para destemidos
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berantes cataratas de pertinho, com auxílio das
passarelas e trilhas do Parque Nacional do Igua-
çu que permitem ao visitante chegar muito, mas
muito perto das quedas. Além da trilha (tranquila
e pavimentada) até o ponto mais próximo das
cataratas – que tem vista para as quedas durante
todo o caminho – o Parque oferece atrações sob
medida para quem procura algo além da mera
contemplação.
No quesito interação com a água, o passeio do
Macuco Safári é campeão. Trata-se de um tour
de bote pelo rio, com direito até a batismo em
uma das quedas dos Três Mosqueteiros. São
cachoeiras um pouco menores em comparação
às quedas gigantescas, mas ainda assim chega a
doer o contato da água pesada sobre os aventu-
reiros – que, inclusive, costumam entrar no pas-
seio desavisados, sem tomar o devido cuidado de
deixar sapatos e pertences em armários individu-
ais na saída do passeio.
Além de lavar a alma nas águas do Iguaçu, o Ma-
cuco Safari oferece uma visão especial das cata-
ratas, de baixo, um ângulo impossível desde os
mirantes. É bem divertido e há paradas para fotos antes de começar a molhadeira,
quando todas as câmeras são guardadas em um saco impermeável.
Em frente à recepção do Macuco Safári, onde param os ônibus turísticos do Par-
que, fica a entrada para a trilha do Poço Preto. É outra atração bacana e regada
a adrenalina – a trilha de 9 km leva até uma casa-mirante com vista para a flo-
resta, e o retorno é feio pelo rio, em caiaques ou barcos bimotores que deixam o
turista bem pertinho da estrutura de lojinhas e restaurantes do Parque.
AVenturAs no ArNem todos os esportes de Foz dependem de água. É o que prova o Campo de
Desafios, também no Parque Nacional brasileiro (há um no lado argentino). Bem
próximo à Trilha das Cataratas, o Campo de Desafios oferece quatro atividades:
arvorismo, rapel, escalada e rafting.
O arvorismo é o mais puxado, com uma sequência de 12 obstáculos com altura
máxima de oito metros, nos quais o praticante caminha sobre finos cabos de
aço, troncos móveis, escadinhas instáveis e redes de cordas. Arremata-se com
uma tirolesa curtinha, que prepara os mais corajosos para o gran finale: o Pulo
do Gato, que consiste em escalar um tronco de 10 metros de altura e, de lá, sal-
tar até um trapézio a 12 metros do chão.
Se você não tem medo de altura experimente também o rapel, feito em uma
plataforma suspensa de 55 metros de altura. O melhor é que, ao contrário do ar-
vorismo, o rapel oferece uma vista espetacular das cataratas – o que dá vontade
de descer bem devagarinho. Ao fim da descida, você pode trocar a escadaria de
volta até a base por uma escalada pelo paredão do Cânion Iguaçu, ou até mes-
mo engatar em um rafting que parte dali.
Se você achava que, pela ausência de praia e escassa vida noturna, Foz do Igua-
çu é um destino apenas para famílias, pense melhor. Casais e grupos de amigos
também podem se divertir muito na cidade, que tem como extras as baladas e
cassinos da argentina Puerto Iguazú e os shoppings de eletrônicos baratíssimos da
paraguaia Ciudad Del Este. Quem quer farra – seja na noite, nas compras ou nas
aventuras – vai encontrar um destino inesquecível nesta pontinha do Brasil.
Muitas operadoras organizam pacotes básicos para Foz. Os mais em conta (cerca
de R$ 600) são os roteiros de quatro dias da CVC (cvc.com.br) com aéreo e três
noites. Eles não incluem os passeios, ao contrário dos roteiros da Freeway (freeway.
tur.br), que são também bem mais caros – cerca de R$ 1.400 pelo mesmo período.
Se você for por conta própria e puder pagar, o melhor hotel da cidade é o Hotel das
Cataratas (hoteldascataratas.com.br), único dentro do Parque Nacional e com vista
para as quedas. A diária é bem alta, no mínimo R$ 600 para duas pessoas.
Para ir tranquilo
S e t e M bro 2010 | 52 -53
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respiro
texto Kevin Kraus
Literatura
Uma das coisas mais fantásticas é descobrir um livro que causa um
terremoto na sua vida. Ainda mais se for um livro raro e difícil de encontrar. Dois
prazeres mais um, o de investigar até achar e o de ler e se encontrar ali e, de
lambuja, um deleite se for um livro que fala sobre gozo, amor, tesão, libertina-
gem. Em Sob a Éfide de Eros, Ângelo Monaqueu visita os infernais Arquíloco,
Catulo, Marcial, Villon, Aretino, Góngora, Gregório de Mattos, Bocage, Safo,
Machado e o Jorge Luis Borges, Pessoa, Álvaro de Campos, Bandeira e Oswald
e destila desses “monstros” a palavra impregnada de suor e libido, poemas que
copulam e se entrelaçam na retina do leitor.
Poesia suave, idílica, quase inocente: beijinho no rosto da gente. Lirismo es-
croto, zoófilo, podrão, que nem tapa na cara, chute no colhão. Uma montanha
russa de espasmos, músculos, contrações, refluxos, grunhidos, lambidas que
descarrila e nos atira na babel dos escritores alucinados. Um livro absurdo, pen-
sando no termo positivamente, que abre a oportunidade de fugir da tagarelice,
da auto-ajuda e da mesa repleta de mais vendidos. Recomendado para aqueles
que precisam de amor e sexo, sem puritanismos e a caretice que insiste em nos
embrulhar. Ache o livro e deixe-o morar na cabeceira da cama.
O livro é todo precioso, comentários professorais e notas agudas de Omar Khou-
ri, idealizador da revista Artéria (principal publicação brasileira de poesia visual),
ambos da Nomuque Edições.
“A temática geral – AMOR: poemas versando sobre os fazeres e afazeres do
Reino de Eros. (...) Afinal, são textos de um autor ser-humano total, ideal, semi-
abstrato, uma quase-personagem de ficção.”
Kevin Kraus é professor e tradutor.
c Kevin Krauss
Ah! Aquela eguinha pampa
Que eu barranqueava até as tantas
Nas férias que passava na invernada...
Ah! Minha égua, eguinha, foi minha
Primeira namorada.
Omar Khouri
[...]
E desabrindo as pétalas-nádegas
De sua bunda-flor:
O miolo, uma rosa, válvula liberadora
De perfumes variáveis
Todos sempre agradáveis
Para o bom degustador.
Poemas sob a égide de Eros
Ilus
traç
ão: A
lice
Fre
ire
Respiro - Literatura.indd 52 13/09/10 13:23
qual é a fórmula do sucesso na música? Quem diz conhecê-la,
seja essa pessoa um produtor musical, diretor de uma grande gravadora
ou qualquer artista profissional, está mentindo. Ninguém sabe o que fazer
exatamente para se tornar um artista de sucesso. Mas o caminho a ser
trilhado está cada vez mais democrático, graças ao crescimento irrefreável
da cena musical independente.
Gravar um disco já foi algo inacessível para muitos artistas. Houve um tempo
em que o único caminho para isso era a gravadora. Era ela, com seus evidentes
interesses mercadológicos, quem determinava a qualidade artística final de
qualquer produção. Mas isso foi definitivamente desintegrado pela facilidade de
acesso a equipamentos de áudio e informática e pela popularização da internet.
Gravar um disco hoje é algo que pode ser feito no conforto de casa, em um
espaço exíguo, com grande qualidade, e divulgado com eficiência.
E é assim que tem sido feito. Não é exagero dizer que a principal produção musical
brasileira está sendo realizada de forma independente. E esse setor já se encontra
pra lá de estabelecido e organizado, contando com uma infinidade de selos, como
o Folguedo, distribuidoras como a Tratore e associações como a ABMI (Associação
Brasileira de Música Independente). Só o selo Folguedo, no ano passado, produziu
11 novos títulos, entre CDs e DVDs. Além disso, muitos artistas conseguem manter
seu trabalho com leis de incentivo à cultura, que permitem que empresas apóiem
projetos culturais destinando parte de sua carga tributária a isso.
texto Zé Helder
Música
Em que isso interfere na produção musical?
Em vários fatores, mas certamente o mais
importante é a liberdade criativa. E liberdade,
neste caso, não significa falta de organização,
pois um trabalho só se firma perante o público
se for bom, bem feito e bem divulgado. A banda
Matuto Moderno, por exemplo, que mistura rock
com música caipira, tem 11 anos de estrada e 4
CDs lançados de maneira independente. Artistas
renomados como Lobão e Pato Fu abandonaram
o chamado mainstream (termo que se refere
a artistas de grande popularidade que têm
estrutura empresarial sólida) para se dedicar à
música independente. Sem falar em milhares
de bandas que têm seu trabalho divulgado
na internet, sem dúvida, a mais importante
ferramenta para esse cenário acontecer.
Zé Helder é músico.
s e t e m bro 2010 | 54 -55
A cena independente brasileira
Respiro - Musica.indd 55 13/09/10 13:25
mSinatra, a voz como um vinho
inha relação com Frank Sinatra não poderia ser mais antiga. Segundo meus pais,
fui concebido ao som de Sinatra. Desde então não parei de ouvir a música deste esplêndido cantor, que
foi a voz do século XX e, ao que parece, não será esquecido no novo milênio.
No fim de agosto deste ano, os jornais de todo o mundo anunciaram que a gravadora Universal Music
adquiriu os direitos para relançar todo o catálogo do selo Reprise, criado por Sinatra em 1961. A compra
prevê um extenso cronograma de reedições de CDs e DVDs, incluindo material inédito. O pontapé inicial
vai ser dado em outubro com a edição comemorativa dos 40 anos do álbum My Way, lançado em 1969.
O que poucos lembram é que “The Voice” é um dos únicos cantores (junto com Billie Holiday) cuja voz
tem diferentes “safras”. Seu timbre mudou drasticamente ao longo de sua carreira, com diferentes ar-
ranjadores, em diferentes gravadoras. Pode-se, por exemplo, pedir um “Sinatra da Columbia”, ou um
“Sinatra da Capitol” como quem pede um “Borgonha 1996”, ou um “Porto Vintage 1994”. Em sua pri-
meira fase, nos anos 1940, “a voz” soava aveludada, limpa, com ampla extensão de graves e agudos.
Dizem que videiras precisam sofrer (estresse hídrico) para dar bons vinhos. Foi assim com Sinatra. É
consenso entre críticos que só depois das dores do casamento com Ava Garner e da aparente perda da
voz, em 1950, Sinatra atingiu sua maturidade como intérprete. Seu timbre mudou; por um lado, deixou
de ser tão limpo e macio, e por outro ficou mais encorpado, ganhou peso, profundidade dramática e
um toque metálico que os músicos chama de punch. A partir daí podemos dizer que sua voz evoluiu
linerarmente, dos anos 1960 até suas últimas gravações nos anos 1990. Aos poucos perdeu agudos,
persistência nas notas longas, limpeza e brilho, mas ganhou graves e certa aspereza que enfatiza ainda
mais a densidade dramátrica de suas interpretações.
Esta evolução da “voz” é semelhante à evolução de um vinho de guarda. A metáfora perfeita é encon-
trada nos vinhos clássicos espanhóis, como os da Rioja. Sua primeira fase equivale a um vinho “Cose-
cha”, leve, fresco, sem madeira, sedutor. A segunda, na gravadora Capitol, já ganha amadurecimento
em madeira, com certa aspereza de taninos e alguma complexidade, como um “Crianza”. As fases
seguintes aprofundam a aspereza da madeira, perdendo frescor, mas ganhando enorme complexidade
e profundidade. Podemos perfeitamente comparar a voz de Sinatra nos anos 1960 e 1970 a um “Re-
serva”, e seu timbre maduro dos anos 1980 e 1990, a um “Gran Reserva” em sua plenitude.
Marcelo Copello - [email protected] – é editor do site Mar de Vinhos.
respiro
Menu - Vinhos
texto Marcelo copello
Respiro - vinhos.indd 62 13/09/10 13:27
racionalidade de nossa memória muitas vezes é mais fugaz que
nossas recordações gustativas. Consigo me lembrar gustativamente do momen-
to em que o pão de queijo mineiro ganhou a admiração dos paulistanos – não
exatamente a data. Comer um deles em alguma padaria em São Paulo era uma
aventura única; cada local oferecia uma receita, feita artesanalmente, que des-
pertava sabores próprios. Bastava andar duas quadras e você tinha um pão de
queijo diferente da padaria das esquinas anteriores.
Conversar com o publicitário João Consorte, um apaixonado por cozinha, que
acaba de empreender sua própria pararia, a Le Pain, me fez entender porque
pão de queijo virou commodity hoje – parece que há uma única receita em
execução na cidade. “Padeiro hoje é um misturador de receitas pré-prontas.”
Surpreendeu-me que justamente ele, que abriu o Le Vin com a intenção de ser
um modelo para uma rede de lojas, valorizasse o artesanal. “Prefiro fazer pou-
cas unidades, geradas artesanalmente de um único levin, a utilizar misturas
pré-prontas”, resumiu.
Fui checar se as palavras valiam no mundo real. Consigo contar nos dedos de
uma mão as padarias de São Paulo que oferecem a qualidade dos pães da Le
Pain. O croissant é feito folha a folha, com toda a manteiga que tem direito; há
variedades de pães delicados e um incrível pain au chocolat produzido com bar-
rinhas do chocolate belga Callebaut – imbatível. Fora a vitrine de doces, o pão
na chapa preciso e o bom café, com seus derivados.
Na minha visão tacanha, o risonho e sabichão gestor moderno seria facilmente
o carrasco do conservador português-da-padaria, que executa suas receitas
tradicionais provenientes de sua triste terrinha. O fato é que esse português que
tinha em mente não existe mais; ou melhor, sua produção artesanal vem se per-
dendo na teimosia de conservar o negócio da mesma maneira, mesmo em um
cenário competitivo das padarias da cidade. Daquele meu português, só resta-
ram mesmo o bigode e o sotaque.
Alexandre Le Voci Sayad é educador, jornalista e um aventureiro na cozinha.
Pão não é commoditytexto AlexAndre le Voci SAyAd
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Av. Pedroso de Morais, 1037 – Pinheiros
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o teatro, existe um conceito muito utilizado por diversos diretores
e que dificilmente chega ao conhecimento do grande público. A Quarta Parede
é, em termos práticos, uma divisória invisível que separa o palco da plateia. É
o que encontramos na grande maioria das peças a que assistimos. O público
assume um papel de voyeur das cenas que se correm no espetáculo, sem
participação ativa no rumo da história.
O filósofo e escritor francês, Denis Diderot, em seu livro Sobre a Poesia
Dramática, defendia o uso da técnica de uma forma um tanto radical, propondo
que os atores ou artistas no palco agissem como se a plateia não existisse. O
compatriota de Diderot, o dramaturgo Molière, alertava sobre a possibilidade do
uso da Quarta Parede dissimular o público presente no teatro.
Revendo a história da dramaturgia mundial, o recurso é ignorado por diversas
manifestações artísticas das artes cênicas, como a Comedia dell’Arte – na Itália
e França – assim como o teatro grego – com Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Hoje,
o teatro de rua, teatro infantil e algumas comédias quebram a chamada Quarta
Parede para ter um diálogo mais direto com quem está na plateia – a chamada
Triangulação. E, por consequência, fica estabelecida uma interatividade maior
do que a posição passiva proposta pelo naturalismo.
Alguns diretores escolhem usar esse recurso para ter a história contada do seu
jeito, sem interrupções. Outros preferem o estilo por ter uma identificação maior
com o público já acostumado com essa linguagem usada também no cinema e
– principalmente no Brasil – nas novelas. O teatro ocidental é muito familiarizado
n
texto Paulo Bueno
Teatro
com essa ferramenta, o que já não acontece no
Oriente, como, por exemplo, no teatro japonês,
com o Kabuki e o Nô.
A origem do nome veio da concepção da estética
naturalista concebida pelo escritor francês
Émile Zola. Na prática, o também francês André
Antoine e o russo Constantin Stanislavski se
apropriaram dos conceitos e os aplicaram em
cena. O nome Quarta Parede veio do princípio
que as duas laterais e o fundo do palco seriam
suficientes para construir o cenário. O vão entre
o palco e a plateia seria esse quarto muro,
obviamente, invisível.
Paulo Bueno é jornalista, ator e locutor.
Quarta Parede
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Cinema
Sylvio do Amaral Rocha é diretor da Confraria Produções e
professor de cinema.
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Baía de Guanabaratexto Sylvio do AmArAl rochA
O Rio de Janeiro na virada do século XIX para o XX tinha quase um
milhão de habitantes. Nesse cenário, precisamente em 8 de julho de 1896, o
primeiro filme foi exibido na antiga capital federal. Menos de sete meses de-
pois da aparição em Paris e já tinha sua première no Brasil – mas claro que
com uma diferença particular, como nos aponta o Jornal do Comércio, em
matéria escrita na época:
“O espetáculo é curioso e merece ser visto, mas aconselhamos aos visitantes a
se acautelarem contra os gatunos. Na escuridão negra em que fica a sala duran-
te a visão, é muito fácil aos amigos do alheio o seu trabalho de colher o que não
lhes pertence. A polícia que tão bem os conhece poderia no sentido de impedir-
lhes a entrada naquele recinto”, História do Cinema Brasileiro, página 16.
Como nas cidades estrangeiras, o cinema no Brasil começou a ser exibido
com outras apresentações: mulheres barbadas, ilusionistas, acrobatas etc. Os
cafés-concerto ficavam em torno da Praça Tiradentes e atraiam multidões por
seus ingressos baratos.
Em São Paulo, o cinema só apareceria dois anos depois. Entre 1890 e 1900,
a cidade cresceu assustadoramente, passando de 64 mil para quase 240 mil
habitantes. Foi em fevereiro de 1898, no Teatro Apolo, na atual Rua XV de
novembro, bairro da Boa Vista, que o maravilhoso cinematógrafo dos irmãos
Lumière começou a funcionar. Naquele período os filmes ainda eram importa-
dos e até mesmo Méliès chegou a ser exibido em São Paulo pela Companhia
Francesa de Variedades.
O primeiro filme foi rodado no Brasil em 19 de julho de 1898. Afonso Segreto,
irmão de Paschoal Segreto - exibidor de filmes e grande agitador cultural - vol-
tava da Europa e, ainda a bordo do navio Brésil, filmou a Baía de Guanabara.
Somente em 1899, São Paulo seria palco de uma filmagem, quando foram re-
gistradas as comemorações da unificação italia-
na. Até 1903, os dois irmãos seriam os únicos a
filmar em terras tupiniquins – gravavam eventos
políticos, encontro de pessoas importantes, lan-
çamentos oficiais e cidades.
Em 1908, o primeiro filme posado (de ficção) foi
rodado. Os Estranguladores, de Antônio Leal, nar-
ra um caso verídico que assombrou a imaginação
popular da época: dois adolescentes estrangula-
dos por uma quadrilha. O crime abalou a socieda-
de e o filme foi um sucesso.
A chegada da energia elétrica foi fundamental
para o cinema se desenvolver. Depois da inaugu-
ração da usina de Ribeirão das Lages, em 1907,
as salas de exibição pipocaram pela cidade cario-
ca. Em poucos meses, dezenas de espaços foram
abertos e filmes nacionais começaram a competir
com o filme estrangeiro. O pontapé inicial do nos-
so cinema estava dado.
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A cerâmica do ValeVale do Jequitinhonha se localiza ao norte de Minas Gerais e ocupa
uma área de 85 mil quilômetros quadrados. Mesmo sendo considerado uma
das regiões mais pobres do Brasil, é possível listarmos cerca de 80 municípios e
um milhão de pessoas vivendo de forma humilde e com o pouco que a natureza
lhes proporciona.
Setenta e cinco porcento de sua população está na área rural, praticando uma
rudimentar agricultura e pecuária. No passado, tanto a floresta, vegetação
dominante, quanto seus habitantes, tribos indígenas, foram dizimados por causa
da atividade predatória da mineração e extração do diamante. Hoje, a maior
parte do solo é árida e castigada regularmente por secas e enchentes.
Além da agricultura e pecuária, outra atividade tornou o Jequitinhonha
conhecido nacionalmente em fins da década de 70 e início da de 80: sua grande
cerâmica. A argila, encontrada em toda a extensão do Vale, é considerada de
excelente qualidade e, retirada de barrancos de rios, é carregada pelas artesãs
em balaios sobre a cabeça ou em lombo de animais até seus locais de trabalho.
O processo de preparação da argila para a construção das peças, assim como
sua execução, é passado de geração a geração, de mãe para filha, de avó para
neta, e, após moldadas e pintadas, são queimadas em fornos extremamente
rudimentares, muitas vezes feitos pelas próprias mulheres.
Entre todas as técnicas associadas à preparação da cerâmica, a queima é a que mais possui lendas contadas e rituais prescritos para se evitar a “ira dos deuses” e, consequentemente, a quebra das peças enquanto estão nos fornos.
Para a execução dos potes e utensílios domésticos, as ceramistas usam a
técnica do acordelado, adaptado de metodologias indígenas, que consiste
na sobreposição de cordões de argila em espiral unidos uns aos outros com
o auxílio dos dedos e alisados com um sabugo de milho. Para as peças
escultóricas, utilizam-se as técnicas de bloco, de repuxado e das placas. A
texto Izabel Rocha
Artes Visuais
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A cerâmica do Vale
Izabel Rocha é historiadora de arte, professora e produtora
cultural.
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imagem é formada partindo do pedaço da argila
macia e em seguida são adicionados os detalhes
como braços, olhos, boca etc.
A cerâmica do Vale do Jequitinhonha é elaborada por variadas comunidades que têm características próprias e um artesanato diferenciado. As questões étnicas e socioculturais são semelhantes; no entanto, as tradições de execução das peças, passadas oralmente para as novas gerações, mostram-nos a existência de diferenças nas linhas, volumes e temas de cada uma das obras, tornando cada uma delas quase que exclusiva de sua comunidade.
E nesse Vale, extenso e humilde, o processo
tão peculiar de preparação da argila, mistura
de barros, pintura e queima das cerâmicas
representa uma cultura imaterial sem
precedentes, destacando-se como uma grande
referência artística e um dos grandes patrimônios
de nosso País.
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m moda, qualquer outro “universo” pode servir de inspiração e se tornar
uma tendência: arte (como vimos na edição anterior), música e esporte. Este come-
çou a fazer parte do mundo fashion nos anos 1920, quando se tornou mais popular
entre as mulheres, que começaram a praticar natação, esqui e outras modalidades.
O primeiro a se dar conta do sucesso que este nicho poderia trazer foi o estilista
italiano Emilio Pucci, que havia desenhado o uniforme de esqui do Reed Colle-
ge, escola de artes norte-americana. Em 1947, a roupa de esquiar que ele havia
feito para uma amiga chamou a atenção da fotógrafa Toni Frissell, da Harper’s
Bazaar. No inverno do ano seguinte e a pedido da revista, ele desenhou outfits
para um editorial sobre moda de inverno, causando grande sensação entre fabri-
cantes, que se ofereceram para produzi-los. O esporte influenciaria sua carreira
novamente em 1949, quando Pucci lançou uma linha de biquínis e maiôs.
A união entre moda e esporte ganhou forças nos anos 1980, com a popularização
de marcas esportivas como Le Coq Sportif, Keds e a Adidas (com seu famoso aga-
salho de listras laterais). A febre por marcas continuou na década de 1990, com
marcas como Puma, Nike, Reebok, entre outras. Durante os períodos de jogos
olímpicos e Copas do mundo, não é novidade quando grandes nomes se oferecem
para dar uma renovada nos uniformes de seus países: Ralph Lauren já fez para os
Estados Unidos, Frida Giannini (diretora criativa da Gucci), para a Itália, e Martin
Margiela, para a Bélgica.
Atualmente, a moda alia a tecnologia empregada nas roupas esportivas para be-
neficiar também as roupas do dia a dia – vide os tecidos com respirabilidade,
bactericidas e que não proliferam odor, entre tantos outros existentes. A associa-
ção entre estilistas e marcas esportivas de renome torna o mundo esportivo cada
vez mais atrativo, mesmo para aqueles que não chegam perto de uma academia
ou uma quadra. Bons exemplos são a inglesa Stella McCartney que assina, desde
2004, linhas de ioga, golfe, dança, ginástica, tênis e natação em parceria com a
Adidas, ou a Y3, união da marca com o estilista japonês Yohji Yamamoto.
Na próxima estação, esportes como o futebol americano, o tênis, o surfe, o
mergulho e o motociclismo serão as maiores influências. Basta olhar os desfiles
– nacionais e internacionais – e prestar atenção nas jaquetas com capuzes, nas
bermudas estilo ciclista ou nas minissaias pregueadas. Isso sem mencionar os
tecidos sintéticos, neoprene, couro e malhas, e as cores vibrantes (como azul,
verde, pink e a velha dupla preto e branco) que estarão em alta no verão 2011.
Moda
Ana Lúcia Severo é jornalista com especialização em Marke-
ting, Merchandising e Mídia de Moda, pela Esmod de Paris.
Foi responsável pela Coluna de Moda Masculina no site
Meninas da Moda e colabora com o Modalogia.
Moda e Esporte: uma parceria de sucessotexto AnA LúciA Severoe
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Eleições, Copa e feridas no planeta
ós perdemos a Copa. Foi um dia triste, mas mais triste é estarem
todos voltados para o jogo do futebol, azafamados para saírem dos escritórios,
presos em automóveis escravizantes, e ninguém estar preocupado com a
queima contínua das florestas brasileiras.
O principal foco de destruição da Amazônia é a especulação imobiliária, a todo
vapor. Depois chegam atividades nocivas, que não entregam os especuladores
à Justiça. Nem tudo é ruim; lógico que em todas as áreas há o bom e o ruim e
isso vale para agricultura, para pecuária, para tudo enfim. Precisamos começar
a separar o bom do ruim.
Políticos despreparados em relação ao meio ambiente preocupam, e muito.
As feridas no planeta que estão sangrando hoje são enormes. As avalanches
de lama no Paquistão e na China, os acidentes ambientais pavorosos da China
que dobraram em 2010 e sequer são noticiados no Ocidente, a pressão dos
países ricos sobre o resto da natureza do planeta, com seu modelo destruidor
de ecossistemas copiado pelos países atrasados. O derramamento de óleo do
Golfo do México e agora no sul do Brasil e os corriqueiros na África, onde não
existe a menor atenção do mundo. Os incêndios florestais aqui e acolá e 700
pessoas morrendo todos os dias na Rússia por conta do pior calor dos últimos
160 anos. Finalmente, um pedaço de gelo enorme do Ártico se desprendeu.
Embora essa água já estivesse no oceano, um elemento móvel na água é atraído
pela gravidade da lua, e isso criará marés mais altas. Não à toa, há verdadeiras
mansões no litoral do Nordeste vendidas a 15 mil reais.
A prefeitura de Chicago está planejando sua infraestrutura para uma cidade sem
neve; Holanda está encompridando seus diques em três metros; e o governo
da Austrália anunciou um plano de evacuação costeira que começou no fim de
ntexto Hugo Penteado
Sustentabilidade
2009. O que eles sabem que não sabemos? E as
ilhas que estão sumindo do mapa?
Inaceitável a inação dos governos e seu mantra
sagrado de crescer, crescer, crescer, como se
isso não fosse um grande mal e não estivesse
embasado num dos maiores erros científicos da
história humana, a ciência econômica. Numa
cidade como São Paulo – onde o número de
carros não poderia mais aumentar, onde os
impostos para o segundo carro deveriam ser
altíssimos, onde o estímulo para fazer uso de
transporte coletivo e bicicletas deveria ser a única
opção para evitar o colapso horripilante que
já vivemos. Levo 30 minutos de bicicleta para
chegar em casa num trajeto de oito quilômetros;
de carro, levaria uma hora e quinze minutos.
Enquanto brincarmos de fazer de conta que
nada de errado há com os confortos cotidianos,
optamos claramente pelo nosso extermínio.
Quando não fazemos perguntas certas aos
políticos e nem cobramos deles cidades mais
humanas e soluções reais e palpáveis para
os problemas que nos assombram, estamos
perdidos. Precisamos participar mais!
Hugo Penteado é ecoeconomista.
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Não deixe para decidir seu futuro aos 45 minutos do segundo tempo.
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ENTREVISTA: douglAS coSTA | MoNocIclo: MERcAdo dESEquIlIbRAdo | quANdo Ex-jogAdoR ENTRA EM cAMpo | plANEjAR, cRIAR TáTIcAS, ToMAR dEcISõES: ISSo é VElEjAR | A FábRIcA dE TAlENToS do MINAS TêNIS clubE | copA kAISER | E MAIS...
NA polE poSITIoN bRASIlEIRA | douglAS coSTA
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arketing aplicado ao esporte
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04 | setembro2010
ISSN 2177-8612
As NOVAS Wilson® BLX PRO Super Six e Six agora
nos principais torneios, utilizadas por Juan Martin
Del Potro, Feliciano Lopez e muitos outros jogadores
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