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http://br.geocities.com/vinicrashbr/principal/Quadrinhos.htm Quadrinhos Pré-História – A origem dos quadrinhos remonta à pintura rupestre da Pré-História. Desenhos que mostram aventuras de caça são encontrados nas grutas de Lascaux, na França, e Altamira, na Espanha. Século IV a.C. – Hieróglifos e desenhos contando a vida dos faraós aparecem em baixos-relevos egípcios. Séculos V a XIII– Narrativas figuradas são comuns à via-sacra, aos estandartes chineses, às tapeçarias medievais e aos vitrais góticos. Século XIV – Ilustrações européias introduzem os filactérios – faixas com palavras escritas junto à boca dos personagens –, considerados a gênese dos balões. No século XIX o texto passa a acompanhar sistematicamente o desenho. Século XIX – Os precursores dos quadrinhos são o suíço Rudolf Töpffer, com M.Vieux- Bois (1827), o alemão Wilhelm Busch, com Max e Moritz (Juca e Chico, 1865), e o francês Christophe, pseudônimo de Georges Colomb, com A Família Fenouillard (1889). Esses pioneiros aliam a literatura ao desenho e, freqüentemente, exibem situações cômicas. As primeiras histórias apresentam desenhos divididos em quadros acompanhados de legendas, que dão continuidade às ações. 1895 – O norte-americano Richard Felton Outcault desenha The Yellow Kid (O Menino Amarelo), o primeiro personagem fixo semanal, publicado aos domingos, em cores, no jornal New York World. Outcault é o introdutor da ação fragmentada e seqüenciada. 1897 – Onomatopéias e sinais gráficos aparecem nas aventuras de Os Sobrinhos do Capitão, de Rudolph Dirks. 1905 –Little Nemo in Slumberland, de Winsor McCay, inova na utilização das cores. Com traços surrealistas, conta a história de um garoto sonhador. Os enquadramentos panorâmicos, as perspectivas arquitetônicas e os jogos de cortes e seqüências prenunciam o cinema de vanguarda. 1907 – Bud Fischer convence os editores a publicarem diariamente as tiras da dupla Mutt e Jeff. Até então restritas aos suplementos dominicais, as tiras conquistam os jornais diários. Décadas de 10 e 20 – O sucesso dos quadrinhos leva ao controle dos direitos de publicação por corporações, cuja principal função é centralizar e distribuir as histórias a jornais e revistas. O proprietário do New York Journal, William Hearst, cria a King Features Syndicate, em 1912, e passa a distribuir os comics por todo o mundo. Nessa época, alguns autores tentam intelectualizar suas histórias, como George Herriman, com o poético Krazy Kat (1913) – primeira narrativa sobre gatos e ratos, e George McManus, com Pafúncio e Marocas (1913), que mostra conflitos familiares. Gasoline Alley, criação de Frank King, em 1919, inova ao mostrar personagens que crescem e envelhecem. Nos anos 20, o cinema influencia os comics, que passam a ter cortes

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http://br.geocities.com/vinicrashbr/principal/Quadrinhos.htm

Quadrinhos

Pré-História – A origem dos quadrinhos remonta à pintura rupestre da Pré-História. Desenhos que mostram aventuras de caça são encontrados nas grutas de Lascaux, na França, e Altamira, na Espanha.

Século IV a.C. – Hieróglifos e desenhos contando a vida dos faraós aparecem em baixos-relevos egípcios.

Séculos V a XIII– Narrativas figuradas são comuns à via-sacra, aos estandartes chineses, às tapeçarias medievais e aos vitrais góticos.

Século XIV – Ilustrações européias introduzem os filactérios – faixas com palavras escritas junto à boca dos personagens –, considerados a gênese dos balões. No século XIX o texto passa a acompanhar sistematicamente o desenho.

Século XIX – Os precursores dos quadrinhos são o suíço Rudolf Töpffer, com M.Vieux-Bois (1827), o alemão Wilhelm Busch, com Max e Moritz (Juca e Chico, 1865), e o francês Christophe, pseudônimo de Georges Colomb, com A Família Fenouillard (1889). Esses pioneiros aliam a literatura ao desenho e, freqüentemente, exibem situações cômicas. As primeiras histórias apresentam desenhos divididos em quadros acompanhados de legendas, que dão continuidade às ações.

1895 – O norte-americano Richard Felton Outcault desenha The Yellow Kid (O Menino Amarelo), o primeiro personagem fixo semanal, publicado aos domingos, em cores, no jornal New York World. Outcault é o introdutor da ação fragmentada e seqüenciada.

1897 – Onomatopéias e sinais gráficos aparecem nas aventuras de Os Sobrinhos do Capitão, de Rudolph Dirks.

1905 –Little Nemo in Slumberland, de Winsor McCay, inova na utilização das cores. Com traços surrealistas, conta a história de um garoto sonhador. Os enquadramentos panorâmicos, as perspectivas arquitetônicas e os jogos de cortes e seqüências prenunciam o cinema de vanguarda.

1907 – Bud Fischer convence os editores a publicarem diariamente as tiras da dupla Mutt e Jeff. Até então restritas aos suplementos dominicais, as tiras conquistam os jornais diários.

Décadas de 10 e 20 – O sucesso dos quadrinhos leva ao controle dos direitos de publicação por corporações, cuja principal função é centralizar e distribuir as histórias a jornais e revistas. O proprietário do New York Journal, William Hearst, cria a King Features Syndicate, em 1912, e passa a distribuir os comics por todo o mundo. Nessa época, alguns autores tentam intelectualizar suas histórias, como George Herriman, com o poético Krazy Kat (1913) – primeira narrativa sobre gatos e ratos, e George McManus, com Pafúncio e Marocas (1913), que mostra conflitos familiares. Gasoline Alley, criação de Frank King, em 1919, inova ao mostrar personagens que crescem e envelhecem. Nos anos 20, o cinema influencia os comics, que passam a ter cortes

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rápidos, angulação variada e ação seriada dos episódios. O Gato Félix (1923), de Pat Sullivan, e Mickey Mouse (1929), de Walt Disney, migram do desenho animado para os quadrinhos.

Década de 30 – No final dos anos 20 e início dos 30, as histórias, até então marcadas por personagens infantis e aspectos cômicos, passam a investir nas tramas de aventura. Surgem heróis como Tintin (1929), Popeye (1929), Buck Rogers (1929), Dick Tracy (1931), Mandrake (1934) e Fantasma (1936). Destacam-se Alex Raymond, com Flash Gordon e Jim das Selvas, ambos de 1934, e Hal Foster, com Tarzan (1929), baseado na história de Edgar Rice Burroughs, e O Príncipe Valente (1937). As revistas em quadrinhos, que surgem em 1934, consolidam-se com as histórias de super-heróis, como Super-Homem (1938), de Joe Shuster e Jerry Siegel, e Batman (1939), de Bob Kane. Em contrapartida surge The Spirit (1940), herói sem superpoderes, criado por Will Eisner. A utilização de fusões, cortes, ângulos insólitos e o uso de sombras revolucionam a linguagem dos quadrinhos.

Além das aventuras, outros gêneros também ganham espaço. Surgem protagonistas femininas, como Betty Boop (1931), de Max Fleischer, e Jane (1932), de Norman Pett, que introduzem elementos eróticos nas histórias. Henry (Pinduca, 1932), o menino careca e sem boca de Carl Anderson, é precursor dos personagens mirins. Al Capp revoluciona com Li’l Abner (Ferdinando, 1934), que satiriza o "american way of life". Deboche e sexo explícito aparecem nas dirty comics, revistas clandestinas escritas por autores anônimos.

Décadas de 40 e 50 – Com a II Guerra Mundial, a produção de quadrinhos entra em crise. O renascimento ocorre na Bélgica, com Lucky Luke (1946), de Maurice Bevère e René Goscinny, sátira às histórias de caubóis, e na França, em 1959, com Asterix, de Goscinny (1926-1977) e Albert Uderzo (1927-). Nos Estados Unidos, a rigorosa censura do período macarthista (1950-1954) paralisa a indústria dos comics. A reação acontece na tira Pogo (1948), em que animais contestam os seres humanos, e na revista Mad (1952), com seu humor debochado. Nessa época, Charles Schulz (1922-), chamado de "o Freud dos comics", consagra-se com Peanuts (Minduim, 1950).

Década de 60 – Ao lançar o Quarteto Fantástico, em 1961, pela editora Marvel Comics, Stan Lee renova o conceito de super-herói. Os personagens passam a apresentar fraquezas humanas, que os aproximam do leitor, como o Surfista Prateado (1961), Homem-Aranha (1962), Hulk (1962) e X-Men (1963). Paralelamente, surge nova safra de heroínas femininas, como a intelectual Mafalda (1964), do argentino Quino. A compilação das aventuras de Barbarella (1962), do francês Jean-Claude Forest, marca o começo das graphic novels, álbuns de grande apuro gráfico, que abre um filão adulto no mercado. Nessa linha também está a fotógrafa Valentina (1965), do italiano Guido Crepax. Robert Crumb (1943-), criador de Fritz the Cat (1965), lidera o movimento das revistas undergrounds, que misturam sexo, drogas e política, ao lado de Gilbert Shelton, de Freak brothers (1967).

Década de 70 – A recessão econômica que tem início em 1973, em função da crise do petróleo, provoca queda nos títulos. Algumas criações isoladas se destacam, como o viking Hagar, o Horrível (1973), de Dik Browne, o gato Garfield (1978), de Jim Davis, e Corto Maltese (1970), de Hugo Pratt, que inaugura o romance em quadrinhos. Jean Giraud – que cria o western Tenente Blueberry na década de 60 – adota o pseudônimo de Moebius, e passa a tratar de temas fantásticos e poéticos.

Década de 80 – Os quadrinhos atingem cada vez mais o público adulto. As edições

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tornam-se mais luxuosas e as histórias mais violentas. Nos Estados Unidos destacam-se o judeu sueco Art Spiegelman, com Maus (1982), Bill Watterson, com Calvin (1984), e Frank Miller, com Cavaleiro das Trevas (1985). Os ingleses Neil Gaiman, com Sandman (1985) e Alan Moore – autor de Watchmen (1988) e Batman: a Piada Mortal (1989), entre outros – revelam-se grandes roteiristas. Os japoneses tornam-se mais conhecidos no mercado ocidental e aparecem como os maiores produtores e consumidores de histórias em quadrinhos, ao lado dos Estados Unidos. O Lobo Solitário (1980), de Kazuo Koike, e Akira (1986), de Katsushiro Otomo, alcançam grande sucesso. Têm destaque os italianos Paolo Serpieri, Gaetano Liberatore, Vittorio Giardino e o espanhol Jordi Bernet. Na América Latina sobressaem as obras dos argentinos José Muñóz, Carlos Sampayo e Carlos Trillo, e do uruguaio Alberto Breccia.

Década de 90 – Apesar da crise econômica, os mercados norte-americano e japonês consolidam-se. Usagi Yojimbo, criado em 1986 no Japão por Stan Sakai, faz sucesso nos Estados Unidos. Na Alemanha, os gays ganham espaço com a comédia O Homem Ideal (1993), de Ralph König, que se transforma em filme. Autor da série de álbuns Sin City (Cidade do Pecado, 1996), com histórias que tratam de sexo e violência, Frank Miller é considerado o grande destaque da década. A violência também é o tema de Balas Perdidas (1998), de David Laphan. Cidade de Vidro (1998) do escritor Paul Auster é ilustrada por David Mazzucchelli. Outros destaques são No Coração da Tempestade (1991), de Will Eisner; Wild C.A.T.S., de Jim Lee (1994), Marvels (1995), de Kurt Busiek e Alex Ross; e Bone (1996), de Jeff Smith.

Quadrinhos no Brasil

Século XIX, radicado no Brasil, inicia as novelas ilustradas com As Aventuras de Nhô Quim, publicadas na revista Vida Fluminense. Na década seguinte funda a Revista Ilustrada, na qual desenvolve As Aventuras de Zé Caipora (1876).

1905 – Surge O Tico-Tico, a primeira revista infantil brasileira a publicar história em quadrinhos, lançada pelo jornalista Luís Bartolomeu de Souza e Silva. Publicada em cores, pela editora O Malho, é inspirada na revista francesa La Semaine de Suzette, cuja personagem principal recebe no país o nome de Felismina. Exceto por algumas criações nacionais – como Jujuba, de Jota Carlos; Chico Muque, de Max Yantok; e Reco-Reco, Bolão e Azeitona, de Luís Sá –, a maioria dos desenhos e histórias são reproduções de originais estrangeiros. O mais famoso personagem, Chiquinho, é uma cópia de Buster Brown, de Richard Outcault.

1934 – Adolfo Aizen impulsiona a produção de quadrinhos no país ao editar o Suplemento Infantil, encarte semanal do jornal carioca A Nação. Com o sucesso alcançado, a publicação torna-se independente e adota o nome de Suplemento Juvenil. Além do primeiro personagem brasileiro a alcançar projeção nacional –Roberto Sorocaba, criação de Monteiro Filho –, traz também histórias estrangeiras, como Flash Gordon, Mandrake, Tarzan, Popeye e Mickey.

1937 – Para concorrer com o Suplemento Juvenil, o jornalista e empresário Roberto Marinho lança o Globo Juvenil, consegue exclusividade com a King Features Syndicate (1939) e passa a publicar quase todos os grandes sucessos do concorrente. Renato Silva, com A Garra Cinzenta, é o precursor das histórias de terror.

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1939 – Lançamento de Gibi, nome que até hoje é sinônimo de revista em quadrinhos. Em seu primeiro número apresenta, entre outras histórias, Li’l Abner (Ferdinando), de Al Capp; César e Tubinho, de Roy Crane; e Barney Baxter, de Frank Miller.

Década de 40 – A Editora Brasil-América (EBAL), fundada em 1945 por Adolfo Aizen, intensifica a produção dos comic books. Entre seus títulos está a Edição Maravilhosa, quadrinização de romances clássicos brasileiros, com desenhos de André Le Blanc. Nessa época se destacam as revistas Gibi Mensal, O Gury, O Lobinho e o Globo Juvenil Mensal.

Década de 50 – Victor Civita funda a Editora Abril e lança a revista O Pato Donald, o primeiro dos personagens Disney que traz para o Brasil. Surgem histórias de terror que revelam nomes como Jayme Cortez, Rodolfo Zalla, Júlio Shimamoto, Eugênio Colonnese, Nico Rosso e Flávio Colin. Péricles sobressai com O Amigo da Onça (1952), publicado durante vinte anos em O Cruzeiro. Em 1959, Pererê inova ao tratar de temas como reforma agrária e ecologia. Seu autor, Ziraldo Alves Pinto, cria outros personagens tipicamente brasileiros, como The Supermãe e O Menino Maluquinho. Carlos Zéfiro, pseudônimo de Alcides Caminha, desenvolve os catecismos, quadrinhos pornográficos vendidos clandestinamente.

Década de 60 – Com A Turma da Mônica, Maurício de Sousa alcança o maior sucesso editorial já obtido no país, trabalhando com produção em série e merchandising. Apesar da concorrência com os quadrinhos norte-americanos, exporta para os Estados Unidos, a Europa e a América Latina. Outros destaques são O Pato (1966), de Cecília Alves Pinto; e o Capitão Cipó (1968), de Daniel Azulay.

Década de 70 – Durante o regime militar, os quadrinhos de crítica social destinados a adultos sofrem censura. Há trabalhos isolados, como o de Henfil, com Os Fradinhos no Pasquim e A Graúna no Jornal do Brasil; e o de Jaguar, com Chopinics. O Balão, fanzine nascido na Universidade de São Paulo (USP) em 1972, revela Luís Gê, Laerte, Kiko, Angeli e Paulo e Chico Caruso.

Década de 80 – A imprensa abre espaço para os quadrinhos de Laerte (Piratas do Tietê), Glauco (Geraldão) e Angeli (Chiclete com Banana), além de Chico e Paulo Caruso (Avenida Brasil) e Fernando Gonsales (Níquel Náusea). Angeli, Laerte e Glauco se unem para lançar Los 3 Amigos. Luis Fernando Verissimo destaca-se com as tiras Ed Mort, ilustradas por Miguel Paiva, e Família Brasil.

Década de 90 – A crise econômica afeta fortemente o mercado de quadrinhos. Muitos profissionais passam a ilustrar roteiros em outros países, especialmente nos Estados Unidos. Otávio Cariello, por exemplo, inspira-se nas características físicas do ex-presidente Fernando Collor e do ex-ministro Delfim Netto para compor os personagens da série norte-americana A Rainha dos Condenados (1993), baseada no romance de Anne Rice. A tentativa de quadrinizar nomes populares da televisão, como Os Trapalhões e Xuxa, não garante bons resultados, e as publicações fecham. Uma das exceções é o personagem Senninha, que sobrevive graças à Fundação Ayrton Senna. Diversas editoras independentes que publicam somente quadrinhos nacionais, como a revista Metal Pesado, também encerram suas atividades. No final da década, alguns desenhistas que fizeram sucesso nos Estados Unidos, como Marcelo Campos e Marcelo Cassaro, voltam para o Brasil e publicam histórias próprias, esporadicamente. Entre as criações isoladas têm destaque Gatão de Meia Idade, de Miguel Paiva; Amazônia, Pantanal e Tietê, da série Ecologia em Quadrinhos, de Cláudia Lévay; e O Boi das

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Aspas de Ouro, de Flávio Colin. Apoiada pelo governo do estado de São Paulo, a dupla Paulo Garfunkel e Líbero Malavoglia lança os álbuns O Vira-Lata, edições dirigidas aos presidiários da Penitenciária do Estado. As histórias de aventura, ação, crime e sexo divulgam o uso de preservativos. A grande quantidade de fanzines aponta uma nova tendência: os adolescentes preferem fazer quadrinhos a lê-los. Quadrinhos interativos começam a aparecer na Internet, como Netxcalibur, produzido por Luiz Gê.