Hortas

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Hortas Ter uma horta está em voga. Mas o que precisa para ter uma no seu quintal ou jardim? Primeiro que tudo espaço e vontade. Depois, começar com calma e pouco a pouco. Conheça os 10 passos para criar a sua horta. Esta é uma excelente época do ano para o fazer, pois grande parte das hortícolas são plantadas ou semeadas agora para consumir no final da primavera ou no verão. A arquiteta paisagista Teresa Chambel e a engenheira Ana Carvalho dizem-lhe tudo o que deve fazer para escolher o local, preparar o terreno e iniciar as sementeiras e as plantações. Existem pormenores e opções que podem fazer toda a diferença e até comprometer algumas das suas culturas, pelo que uma informação sustentada e rigorosa é fundamental durante todo o processo. 1. Escolha do local A maior parte das hortícolas gostam de bastantes horas de exposição solar (5 a 6 horas por dia), embora existam algumas menos exigentes. As melhores exposições solares para as hortas, sejam estas em jardim, terraço, varanda ou pátio são Nascente e Poente (sol de manhã ou de tarde alternado). A exposição Poente é de todas a melhor, pois tem mais horas de sol no verão. Se o seu espaço tiver uma exposição norte ou for totalmente ensombrado é muito difícil fazer vingar a grande maioria das hortícolas, aromáticas e até pequenos frutos. Mas há algumas opções como os rabanetes, algumas couves, acelgas, manjericão, espinafre, erva-cidreira e rúcula que não se importam de estar à sombra e no eerão até agradecem. Se o seu espaço for virado a sul, cuidado com as regas no verão. Com sol, pode plantar quase tudo, 1

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Ter uma horta está em voga. Mas o que precisa para ter uma no seu quintal ou jardim?

Primeiro que tudo espaço e vontade. Depois, começar com calma e pouco a pouco.

Conheça os 10 passos para criar a sua horta. Esta é uma excelente época do ano para o fazer,

pois grande parte das hortícolas são plantadas ou semeadas agora para consumir no final da

primavera ou no verão.

A arquiteta paisagista Teresa Chambel e a engenheira Ana Carvalho dizem-lhe tudo o que deve

fazer para escolher o local, preparar o terreno e iniciar as sementeiras e as plantações. Existem

pormenores e opções que podem fazer toda a diferença e até comprometer algumas das suas

culturas, pelo que uma informação sustentada e rigorosa é fundamental durante todo o

processo.

1. Escolha do local

A maior parte das hortícolas gostam de bastantes horas de exposição solar (5 a 6 horas por

dia), embora existam algumas menos exigentes. As melhores exposições solares para as

hortas, sejam estas em jardim, terraço, varanda ou pátio são Nascente e Poente (sol de manhã

ou de tarde alternado). A exposição Poente é de todas a melhor, pois tem mais horas de sol no

verão. Se o seu espaço tiver uma exposição norte ou for totalmente ensombrado é muito difícil

fazer vingar a grande maioria das hortícolas, aromáticas e até pequenos frutos.

Mas há algumas opções como os rabanetes, algumas couves, acelgas, manjericão, espinafre,

erva-cidreira e rúcula que não se importam de estar à sombra e no eerão até agradecem. Se o

seu espaço for virado a sul, cuidado com as regas no verão. Com sol, pode plantar quase tudo,

principalmente tomate, pimento, alface, abóboras, piripiri, cebolinho, alho francês, cenouras,

favas, ervilhas, curgete, cebolas, alhos, entre outras.

2. Desenho e delimitação do espaço

Não é preciso grande espaço para cultivar hortícolas. Uma horta com 5, 10 ou 20 m2 já dá para

produzir muito. Por uma questão de facilidade de manutenção e organização deve delimitar a

zona da horta, quer seja com ripas de madeira, pedra, tijolo, etc. Não se esqueça de deixar

espaço para circulação.

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Também pode optar por colocar uma pequena sebe de aromáticas perenes em toda a volta (o

que é importante em termos de biodiversidade e de luta biológica). Gosto especialmente de

utilizar tomilho, alfazema, santolina, alecrim rasteiro, tagetes, malmequeres e chagas. Mesmo

que não faça o limite da horta com estas plantações reserve uma zona para elas.

3. Divisão em parcelas

Divida a horta em quatro parcelas para ir fazendo as rotações que são essenciais à boa gestão

da horta por mais pequena que esta seja.

4. Reserve uma zona para as sementeiras

Muitas vezes fazem-se as sementeiras em tabuleiros ou vasos (pois é mais simples ) mas se

tem espaço pode reservar um canteiro (sobrelevado ou não para as suas sementeiras). Semeie

em linhas e coloque uma etiqueta com a data de sementeira e a espécie.

5. Preparação do solo/substrato

As hortícolas, dadas as suas características (crescimento rápido, múltiplas colheitas),

necessitam de muita matéria orgânica que lhes deve ser adicionada pelo menos uma ou duas

vezes por ano, de preferência composto produzido por si. Uma boa mistura para cultivar

hortícolas pode ser constituída por matéria orgânica/húmus de minhoca (1/3) + areia (1/3) +

composto de plantação (1/3) da sua compostagem ou de compra. Existem no mercado

excelentes compostos de plantação agrícolas biológicos que já vêm fertilizados, poupam

trabalho e dão uma maior garantia de sucesso.

O pH do solo para cultivar a maior parte das hortícolas deve ser muito próximo do neutro. Se o

seu solo é pobre e duro cave-o e adicione matéria orgânica (húmus ou estrume) e alguns sacos

de substrato hortícola (pelo menos nos 10- 20 cm superficiais) incorporando. Faça ainda uma

adubação (à razão de 50 g/m2). Pode fazer a lanço à mão, mas tenha o cuidado de pesar a

quantidade total de adubo para não exagerar. Se tem 10 m2 de horta coloque no máximo 500

g. Se optar por colocar um substrato agrícola fertilizado não necessita de fertilização extra.

6. Definição do local da compostagem

Por mais pequena que seja a horta o compostor é essencial, porque há sempre folhagem,

ramos, e os restos dos legumes, cascas, entre outros, da cozinha que passam a ter um fim mais

ecológico. Pode comprar ou construir o seu compostor. Se construir, tenha em atenção que

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este deve no mínimo ter uma capacidade de 0.5 m3 (500 l) para conseguir armazenar o

composto de todo o ano.

7. Ponto de água/sistema de rega

Se tem uma horta maior do que 6 ou 7 m2 justifica montar um sistema de rega gota a gota. No

verão, as hortícolas têm de ser regadas todos os dias e nos picos de calor às vezes duas vezes,

o que justifica o investimento. Se não tiver rega automática tem de ter um ponto de água e

uma mangueira que assegure a rega de toda a horta.

8. Ferramentas básicas para a sua horta

Para ter uma horta mesmo que com uma pequena dimensão, tem de ter algumas ferramentas

básicas, caso contrário as suas tarefas serão bastante dificultadas. A lista seguinte é apenas

exemplificativa:

- Enxada grande e/ou pequena (para cavar)

- Ancinho (pentear e conchegar após sementeira)

- Sachola (para mondar)

- Pá larga para transplantar

- Pá de plantar

- Tesoura de poda

- Faca de colheita

– Regador de jato fino ou chuveiro

Materiais necessários

Esta é a lista de ferramentas imprescindíveis:

- Cesto para colheita

- Balde

- Carrinho de mão (indispensável para transportar os materiais, plantas e substratos se a horta

for grande)

- Adubo orgânico

- Substrato

9. O que plantar e como?

Escolha as suas plantações seguindo critérios práticos:

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- O que gosta

- O que consome

- O que se adapta às condições e dimensão do seu espaço

- Não se esqueça da importância das flores e das aromáticas para o equilíbrio da sua horta

Semeie e plante tendo em atenção que quando vai semear, por exemplo, favas ou ervilhas não

as deve semear todas no mesmo dia, senão vai ter a colheita toda concentrada na mesma

altura. Divida as suas favas e ervilhas em 3 ou 4 talhões e dê pelo menos duas semanas de

intervalo entre os lotes que semeia ou planta. Esta estratégia serve para todas as hortícolas

que cultivar: alfaces, rúcula, espinafres, abóboras, entre outras. Faça um escalonamento pelo

menos quinzenal.

10. Cultivar a sua horta em modo de agricultura biológica

Para poder cultivar e planear a sua horta em modo de agricultura biológica, há uma série de

conceitos que tem de conhecer e saber aplicar, pois só dessa forma poderá decidir

corretamente o que plantar, onde, como e porquê. São conceitos simples, essenciais e fáceis

de perceber:

- Compostagem (referida anteriormente)

- Consociações

- Rotações1. Tela plástica para produção (sombrite) a 60%, esticadas em sarrafos formando um túnel sobre os canteiros.

Eficiente na defesa contra predadores, inclusive insetos, se for fechada.Dificulta, no entanto os tratos culturais.A sugestão é fazer canteiros pequenos, e usar uma armação da tela costurada em arame galvanizado, podendo ser removida para regas e manejo.

2. Canteiros feitos com borda em madeira ou alvenaria cobertos

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Estufa feita de janelas antigas

Com velhas janelas que possam ser abertas, a luz do sol passa através do vidro, como numa estufa.

Também eficiente, mas para regiões quentes do país acabaria por cozinhar as plantas pelo calor irradiado e o ar quente dentro destas.

Canteiros feitos desta forma também poderiam ser cobertos por sombrite esticado e costurado em molduras de arame ou sarrafos. Mais arejado e indicado para locais tropicais.3. Método antigo e barato, cruzar linhas de cordão de algodão

Colocados sobre a horta presos a bambus ou sarrafinhos, o que dificultam o pouso e o vôo dos pássaros na horta.

Têm de ficar muito bem esticadas para funcionar, sendo necessária manutenção da posição dos bambus.

Acrescentar pedacinhos de plástico cortados em fitas, amarrados a cada 20 ou 30 cm podem ajudar no movimento com vento, espantando os visitantes.A desvantagem é que dificultam nossas tarefas de limpeza de inços e colheita do produto cultivado.

A primeira fase de crescimento das folhas das hortaliças (alface, rúcula, radite e couve) quando estão bem tenras e delicadas são as de maior interesse para os pássaros, depois quando começam a crescer já não há tanta atração.

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Nas linhas esticadas sobre a horta também é possível pendurar pedaços de lata de refrigerante cortadas em fitas também, que farão barulho quando se chocarem umas nas outras.

Desvantagem: é irritante para nós e para os vizinhos.

Muitos apreciam o sino dos ventos, aquele artefato da cultura japonesa feito de bambus ou caninhos metálicos que produzem som agradável.Será que funcionam com os pássaros? A experimentação sempre é viável, mas estes bichinhos alados são inteligentes e não tardarão a verificar que são inócuos.

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Como fazer sua horta caseira de maneira simples e prática

1. Escolha da área Escolha locais iluminados, que peguem pelo menos o sol da manhã. (Locais escuros e mal

iluminados, a planta não realiza a fotossíntese e não cresce adequadamente); Próximo a fonte de água; Distante 15 metros de fossas. (no caso de fossas revestidas com betão, a distância poderá ser

menor); Protegido contra ventos fortes.

2. Vasos· Fazer pequenos furos no fundo do vaso para facilitar a drenagem do excesso de água;

· Cobrir o fundo do vaso com uma camada de 5 cm de brita ou burgau de construção;

· Colocar a terra;

· Incorporar o material orgânico (restos vegetais como: capim triturado, restos de folhas secas, restos de culturas: milho, feijão, amendoim, etc);

· Nivelar a terra;

· Cobrir com capim seco;

· Molhar diariamente para manter a umidade durante 15 dias;

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Terra pronta para ser semeada;

Obs: prefira vasos grandes e com profundidade de pelo menos 40 cm, pois permite plantar uma maior diversidade de culturas.

3. Construção da Horta

Limpe o terreno (retire restos de construção, garrafas, latas, lixo, sacolas, etc); Separem para ser incorporada a terra, restos de cultura como: milho, feijão e até mesmo

restos de capim; Mexa ou revolva a terra para deixá-la bem fofa; Meça os canteiros com a fita métrica (1 metro de largura e x de comprimento); Coloque as estacas e o fio de nylon ao redor dos canteiros, com objectivo de demarcá-lo; Levante os canteiros; Coloque restos vegetais (restos de folhas, capim, palha do milho, restos de folhas de feijão,

amendoim, etc; Revolva a terra; Nivele o terreno; Regue o canteiro; Cubra-o com cobertura morta (capim seco); Regue diariamente o seu canteiro até o 15º dia, período em que deverá estar concluída a

decomposição da matéria orgânica;Após 15 dias, se a terra estiver com cheiro agradável, pode semeá-la.

pneu velho

canteiro de tijolos

garrafa pet

Figura 1. Solução para pequenos espaços

3. Como plantar e transplantar

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Algumas hortaliças são plantadas diretamente nos canteiros, entretanto, existem outras cujas sementes devem ser plantadas em sementeiras (viveiros), para depois serem transplantadas para o canteiro definitivo. O plantio em viveiros oferece maior proteção e melhores condições para a germinação da semente, bem como o desenvolvimento das mudas.

a. Plantio direto

· Após o período de preparo da terra, retire o capim seco e revolva a terra novamente; Consulte a tabela com as indicações do compasso (espaço entre as plantas);

· Abra linhas de plantio e semeie a cultura desejada, respeitando-se o compasso;

· Cubra com uma fina camada de capim seco, principalmente nos intervalos entre as linhas;

· Se após a germinação, as mudas estiverem muito juntas, arranque algumas, tomando-se o cuidado para não danificar as raízes da planta que irá permanecer.

b. Produzindo mudas

· O viveiro de mudas pode ser feito em um pequeno canteiro, em bandejas de esferovite, caixote de madeira e copos descartáveis ou de jornal;

· Consulte a tabela no final desta cartilha para verificar quais culturas necessitam fazer mudas;

· A terra pode ser preparada da mesma forma indicada para o plantio direto;

· Abra pequenas linhas de plantio e semeie as sementes em uma profundidade de 3 vezes o seu tamanho. Coloque 2 a 3 sementes em cada espaço da bandeja e/ou copo para garantir a germinação;

· No caso de canteiros ou caixotes, colocar 2 a 3 sementes e deixar espaço de 3 dedos entre as plantas e 4 dedos entre as linhas de plantio, fechando as linhas em seguida;

· Cubra com uma fina camada de capim seco;

Quando as mudas estiverem com 3 a 4 folhas definitivas, pode ser transplantado para o local definitivo.

Copinhos de Jornal

Bandejas de esferovite e/ou plástico

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Caixote de madeira Tubos de PVC

Figura 2. Produção de mudas (Copinhos de jornal, bandejas de esferovite, caixote de madeira e tubos de PVC)

a. Transplantio

Quando as mudas atingirem 10 cm de altura ou apresentarem 3 a 4 folhas definitivas estarão prontas para o transplantio;

Retire-as com auxílio da pá de transplante, tomando-se o cuidado para não danificar as raízes e perder a terra;

Plante a muda nivelando-a com a terra do seu vaso/canteiro, preenchendo os espaços vazios com terra. Pressione levemente em torno da muda para eliminar os bolsões de ar.Após o transplantio, cobrir com cobertura morta (capim seco) para proteger as plantas contra a radiação intensa e para manter a umidade da terra por mais tempo.

Figura 3. Fases do transplantio

3. Escolha o que plantar

· Para a escolha da cultura, temos que levar em consideração a sua melhor época de plantio, pois cada cultura se adapta a determinada condição (frio, calor, solos arenosos, argilosos, etc).

· Verifique as condições locais e com auxilio do técnico, escolha a cultura que deverá ser plantada.

4. Manutenção das hortas

· Procure manter o vaso levemente húmido, sem nunca encharcar, já que isso poderia matar a planta e causar doenças.

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· Procure regar nos horários mais frescos do dia. A água é menos evaporada nesses períodos, sendo aproveitada melhor pelas plantas, e estocando melhor a água na terra.

· Não jogue jatos fortes de água na terra nem na planta. Regule a força da água utilizando o dedo, pulverizando-a sobre as plantas e solo. Quando um jato de água é jogado diretamente na terra, a terra se endurece na superfície ao secar, impedindo a penetração de água no solo. O jato forte nas plantas causa quebra de folhas, e danifica as plantas.

· Faça adubação em cobertura, ou seja, coloque novamente materiais orgânicos ou bokashi ao redor da planta para auxiliar o seu desenvolvimento. Nunca aplique bokashi sobre as folhas, pois pode queimá-las;

· Procure sempre colocar bons sentimentos em todas as etapas do desenvolvimento da planta;

· Ao presenciar um início de ataque de insetos, procure agradecer e consulte um técnico para saber a melhor medida a ser tomada para impedir a proliferação do mesmo;

· Plantio de cenoura: quando as plantas estiverem com cerca de 5 cm de altura, faz-se o desbastamento (operação agrícola que consiste em arrancar, após a semeadura, as plantas em excesso, deixando as distâncias convenientes as que devem permanecer);

· Tomate/Feijão verde: deve-se fazer o tutoramento (uso de varas para amparar e dar sustentação a arbustos, trepadeiras ou árvores flexíveis). No caso especial do tomate, fazer quando realmente for necessário;

· Observe atentamente todas as necessidades da sua planta.

Instruções para instalação de uma horta

Agora vamos ensinar como fazer uma horta. Nos tópicos a seguir serão descritas as informações necessárias para a implantação de uma horta.

ClimaDe um modo geral, as hortaliças encontram as melhores condições de desenvolvimento e produção quando o clima é ameno, com chuvas leves e pouco frequentes.

As temperaturas elevadas favorecem o florescimento e aceleram a maturação. As baixas temperaturas retardam o crescimento, a frutificação e a maturação, podendo também induzir florescimento indesejável.

O excesso de chuvas ou chuvas pesadas pode provocar encharcamento do terreno, alixiviação dos nutrientes e a erosão, prejudicando a colheita e influindo na qualidade do produto. A umidade favorece o aparecimento da maioria das doenças que ocorrem nas plantas.Cada espécie de hortaliça tem sua exigência climática. Assim, de um modo geral, as hortaliças de folhas (alface, couve, repolho, coentro e cebolinha) e raízes (beterraba, cenoura e batata doce) desenvolvem-se melhor em condições de temperatura amena, enquanto as de frutos produzem melhor em temperaturas mais elevadas. Algumas suportam temperaturas mais baixas, inclusive geadas leves, como o caso da couve e repolho, e outras suportam temperaturas de 30 a 35 ºC, mas a frutificação é bastante afetada.

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Local da hortaNas casas urbanas ou áreas comunitárias, o local para a horta é bastante limitado e terá características particulares de acordo com a maior ou menor disponibilidade de terreno. Convém fazer a instalação da horta em um local afastado de árvores frondosas, pois a sombra é prejudicial ao crescimento das plantas.

Nas propriedades rurais, devido a maior disponibilidade de área, pode-se escolher melhor o local para a horta, que deve ser, tanto quanto possível, próximo da fonte de água, pois as irrigações abundantes são indispensáveis à obtenção de produtos de boa qualidade.

A horta deve estar localizada próxima à fonte de água

A água para as irrigações deve ser de boa qualidade, pois muitas hortaliças são consumidas cruas e, quando regadas com água contaminada, podem transmitir doenças.

Deve-se dar preferência para áreas com a terra de consistência média (areno-argilosa), uma vez que os solos argilosos ou barrentos são difíceis de trabalhar. Por outro lado, os terrenos muito arenosos, além de menos férteis e secarem rapidamente, são facilmente lavados e arrastados pelas águas das chuvas, causando perdas de trabalho ou produção.As terras de baixada, além de se apresentarem geralmente encharcadas ou de difícil drenagem, são normalmente muito ácidas.

As melhores terras são as de consistência média, boa drenagem, acidez fraca e boa fertilidade. Uma ligeira inclinação facilita o escoamento das águas, evitando assim o encharcamento do solo. A terra encharcada dificulta a germinação das sementes e o desenvolvimento das plantas, pois o excesso de umidade pode causar apodrecimento das raízes.

Na zona rural deve-se cercar a horta para evitar a invasão de animais domésticos. A cerca pode ser feita de arame, bambu, estacas de madeira ou qualquer outro material. As cercas-vivas prestam-se também à vedação das hortas, podendo ser feitas com plantas de crescimento rápido, porte não muito alto e que permitam a condução, através de podas.

FerramentasAs ferramentas influem grandemente na eficiência e no rendimento dos serviços. Na condução de uma horta em pequena escala, não é necessária a aquisição de muitas ferramentas, mas se dispuser da enxada, enxadão, pá de corte, ancinho, sacho, colher de transplante, regador, pulverizador, a execução dos diferentes trabalhos será grandemente facilitada.

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Outras ferramentas úteis são: pá curva, tesoura-de-poda, marcador de sulcos e marcador de covas. O carrinho de mão facilita o transporte de esterco e outros materiais, bem como dos produtos colhidos.

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Ferramentas para coleta do solo

EquipamentosMesmo para pequenas hortas com objetivos comerciais, os trabalhos serão mais facilmente realizados com os seguintes equipamentos:

Arado: que pode ser de disco ou aiveca; serve para revolver a terra. É tracionado por animal ou trator.Grade: que pode ser de disco ou dente; serve para destorroar e uniformizar a superfície do terreno. É tracionada por animal ou trator.Sulcador: serve para fazer sulcos, leiras ou canteiros. É tracionado por animal ou trator.Conjunto de irrigação: composto por motor, bomba e tubos para sucção e elevação da água para irrigação. Para irrigação por aspersão são necessários os aspersores, registros e/ou válvulas.

Na irrigação por suspensão, os tubos estão distribuídos estrategicamente

Análise do soloA análise química é fundamental para se conhecer o tipo de solo da propriedade. Ela é feita por órgãos do governo ou laboratórios particulares.

A Cooperativa de sua cidade fornece o endereço do laboratório mais próximo. Para que o resultado da análise seja o mais fiel possível, a coleta da amostra de terra deve ser bem executada.

A amostra é uma quantidade de terra – em geral, meio quilo – retirada de uma mistura de diversas amostras de um mesmo tipo de solo.

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Se a propriedade for muito diversificada, será necessário primeiro dividir a área conforme o tipo de solo e de vegetação, para só depois retirar as amostras.

São muitas as diferenças entre os tipos de solo:

■ A cor pode ser vermelha, cinza ou preta;

■ A topografia, plana, ondulada ou montanhosa;

■ A vegetação pode ser de floresta, de cerrado, de campo, pastagem ou cultura;

■ A textura varia entre arenosa, argilosa e mista;

■ O manejo vai desde o solo cultivado, adubado, corrigido até o solo ainda virgem.

Para cada um desses tipos, coleta-se uma amostra média. As amostras devem ser colocadas num saco plástico novo ou muito limpo. Nunca use embalagens de produtos químicos. As ferramentas e baldes devem ser bem limpos, para não alterar o resultado. Pelo mesmo motivo, não tire amostras muito perto de casas, galpões ou depósitos de adubo ou calcário.

A terra deve estar seca. Se vier úmida do campo, seque-a à sombra antes de embalar. Cole uma etiqueta no saco plástico identificando o seu nome, do município, da propriedade, número da amostra, conforme a área onde ela foi retirada – isso evita confusão na hora de corrigir ou adubar o solo.

Após escolhido o local onde sua horta será instalada, proceda da seguinte maneira:

■ Percorra toda área escolhida, em ziguezague, retirando várias substâncias em diferentes pontos. Lembre-se de retirar, no mínimo, 20 subamostras.

Diagrama para coleta do solo para amostra

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■ Em cada ponto, com um enxadão, limpe o local onde a subamostra será coletada.

■ Abra uma pequena cova (20 cm de profundidade) eliminando toda a terra retirada.

Retirada da amostra do solo

Mistura da amostra do solo

■ Depois de acertado um lado da cova, retire uma fatia de terra percorrendo toda sua extensão.

■ Em um balde coloque todas as subamostras retiradas. Depois, misture-as. Em seguida, retire meio quilo de solo do balde (amostra) e coloque em um saco plástico. Posteriormente, devidamente etiquetada, envie a amostra ao laboratório. Para sua comodidade, veja a seguir um modelo de etiqueta:

Preparo do terreno

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Escolhido o local da horta, o primeiro trabalho é limpar o terreno, capinando as ervas daninhas e amontoando-as num único ponto onde ficarão até decomposição, para posterior incorporação.

Fonte: Recomendações de adubação e calagem para o Estado do Ceará, UFC, 1993

Arbustos e outras plantas que façam sombra sobre a horta deverão ser eliminados, a não ser que sejam plantas úteis para o proprietário.

Após a limpeza, revolve-se a terra aproveitando a oportunidade para incorporar o esterco ou a matéria orgânica. De modo geral, devido à pequena área, esse revolvimento é feito com enxadão. Se a área for grande, usa-se o arado, com tração animal ou com o trator.

Para algumas espécies basta revolver e destorroar a terra para, em seguida, abrir as covas, adubar e plantar. Para a maioria das hortaliças, no entanto, é necessária uma preparação especial do terreno, com a construção das sementeiras e canteiros.

SementeiraSementeira é o local onde se planta as sementes de algumas hortaliças para obtenção de mudas que irão passar posteriormente para os canteiros.

Algumas hortaliças são plantadas diretamente no local definitivo, onde são tratadas até a colheita, enquanto outras necessitam ser transplantadas. Para estas hortaliças que precisam ser transplantadas é preciso preparar a sementeira.

São exemplos de hortaliças plantadas diretamente no local definitivo: jerimum, cenoura, cebolinha, beterraba, quiabo, coentro, pepino, melão, melancia, fava, batata-doce, alho, cebola, etc.

Algumas hortaliças plantadas em sementeiras e que precisam ser transplantadas são: alface, berinjela, couve-flor, repolho, tomate, pimentão, etc.

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As sementeiras devem, portanto, ser preparadas através de bom revolvimento, destorroamento e adubação com esterco bem curtido, peneirado e adubos minerais. Após misturar bem os adubos com a terra é preciso nivelar bem a superfície da sementeira.

As sementeiras devem ser instaladas em local que receba luz solar durante todo o dia, com abundância de água nas proximidades e solo arejado.

O local deve ser próximo ao terreno onde será realizado o transplante para diminuir os danos às mudas.

As dimensões de uma sementeira devem atender às facilidades de execução dos tratos culturais, à movimentação dos operários, e possibilitar a obtenção do número suficiente de mudas.

Marque a sementeira com estacas na largura de 1 m e no comprimento que não ultrapasse a 5 m, para evitar perda de tempo na movimentação dos operários. As sementeiras devem ser separadas por caminhos com 40 cm de largura.

Caminhos para separação das sementeiras

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O adubo mineral deve ser utilizado misturado com o esterco

Cave bem a área com enxadão, a fim de afofar a terra de modo que ela fique com 15-20 cm, sendo que apenas 10 cm fiquem situados acima do nível normal do terreno, para que não haja o rápido ressecamento da sementeira.

Desfaça os torrões com a parte de trás da enxada, retirando as pedras, matos e todo entulho que aparecer.

Em seguida, é só misturar o esterco com adubos minerais e nivelar o terreno com um ancinho.

Com a ajuda de um marcador faça sulcos uniformes na sementeira.

Molhe a sementeira e distribua as sementes uniformemente nos sulcos. Cubra com terra peneirada da própria sementeira.

Proteja com uma cobertura morta (capim seco, por exemplo) para conservar melhor a umidade e manter uma temperatura mais favorável no solo. Regue pela manhã e à tarde.

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Jirau coberto para proteger as plantas do sol

Logo no início da emergência das plântulas retire, aos poucos, a cobertura morta para evitar o estiolamento. Quando as mudas começarem a crescer, faça um jirau com 2 palmos de altura para evitar que o excesso de sol queime-as. Use palha de coqueiro, bambu ou folha de bananeira, etc.O jirau será raleado aos poucos, com o crescimento das folhas das mudas para que elas se adaptem à exposição ao sol.

Jirau com cobertura parcial

Na sementeira pode-se semear em linhas ou a lanço.

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Para semear em linhas risca-se no sentido do comprimento do canteiro, sulcos de meio centímetro (cm) de profundidade de 10 em 10 centímetros. A semente é lançada nestes sulcos, uma a uma, para que não fiquem amontoadas.

Semear em linha

Para semear a lanço espalha-se simplesmente a semente sobre o canteiro com cuidado para que a distribuição seja uniforme.Feita a semeação, cobre-se as sementes com a terra do próprio canteiro, peneirando uma camada fina sobre as sementes. Aperta-se levemente a terra com uma tábua ou com a própria mão para aumentar o contato da semente com a mesma. Em seguida, cobre-se o canteiro com capim. Rega-se depois com o regador de furos finos.

Se a quantidade de sementes a plantar for pequena, um caixote de 60 cm de comprimento por 40 cm de largura e 10 cm de altura, serve bem para esta finalidade. O caixote deve conter furos no fundo e dois sarrafos por baixo, servindo de pé.

Sementeira feita em caixote

A terra a ser colocada na sementeira deve ser boa e misturada com esterco bem curtido na proporção de duas partes de terra para uma de esterco. Deve-se adicionar também um pouco de areia. A terra deve ser bem misturada com o esterco e peneirada para que não fique nenhuma sujeira. Sendo grande a quantidade de sementes a plantar, a sementeira poderá ser feita no chão.

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As mudas também podem ser produzidas fora da sementeira. Para algumas hortaliças, como por exemplo, tomate, berinjela, jiló, pimentão e pimenta, utiliza-se copinhos feito de papel-jornal na produção de suas mudas.

Para a confecção dos copinhos, corta-se uma página de papel-jornal de tamanho comum, em 4-5 tiras, no sentido da largura do jornal. Utiliza-se, como molde, uma garrafa ou latinha de refrigerante, com 6-8 cm de diâmetro e formato cilíndrico.

Marca-se uma altura de 7-10 cm, a partir do fundo do molde, por meio de uma tira de esparadrapo ou outro meio. Enrolam-se as tiras de papel no molde assim preparado, obedecendo-se à altura marcada, dobra-se a ponta do papel para dentro, de modo a formar-se o fundo do copinho, sem a utilização de cola.

Confecção de copinho de papel jornal

Finalmente, bate-se o fundo do molde sobre a mesa, onde se está trabalhando e retira-se o copinho pronto de sua forma. Desta maneira, os copinhos estarão preparados para receber uma mistura de terra e esterco para posterior semeação das hortaliças indicadas.

Neste tipo de plantio, são usadas as mudas formadas na sementeira que são transportadas para o lugar definitivo. Em dia nublado ou no final da tarde, molhe bem a sementeira e os canteiros.

Abra as covas nos canteiros definitivos, nas distâncias indicadas para as espécies que serão transplantadas.

Escolha as mudas maiores (10 a 15 cm) e mais fortes. Retire da sementeira com um torrão de terra junto as raízes. Transplante rapidamente.

Coloque as mudas nas covas, encha de terra e aperte um pouco para que as mudas fiquem bem firmes.

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Molhe os canteiros após o transplante.

CanteirosUma boa horta precisa ter um terreno bem preparado.

O primeiro passo é roçar o mato, deixando-o sobre o solo ou amontoando- o na área escolhida para a compostagem. Proceda assim: retire os tocos, cacos de telhas, tijolos, enfim, tudo que for estranho ao solo, deixando-o limpo para ser trabalhado.

Chega o momento de fazer a marcação dos canteiros, com estacas de madeira ou bambu fincadas nos quatro cantos e com barbante esticado entre as estacas.

Em pequenas áreas, a preparação manual dos canteiros é feita revirando a terra com um enxadão.

A melhor maneira de dividir a área é em canteiros de um metro de largura, comprimento variável e intervalos de 40 centímetros entre eles, para as ‘‘ruas’’.

Se o canteiro tiver uma largura maior, o trabalho será pior no plantio, no transplante, na retirada de matos, na rega etc., levará o horticultor a pisar nas plantas e abrir sulcos na terra fofa. Por outro lado, a largura inferior a um metro não é indicada: provoca desperdício de área com aumento do número de ruas. Exceção: canteiros junto às cercas devem ter 50 centímetros de largura.As ruas são utilizadas como área de circulação do pessoal, bem como dos equipamentos empregados na implantação e manutenção da horta.

Canteiros com ruas ajudam na manutenção e colheita

Os canteiros em terrenos inclinados devem ser abertos seguindo as curvas de nível, isto é, cortando as águas.

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Curvas de nível são recomendadas para terrenos inclinados

Também podem ser alternados para diminuir a velocidade da água da chuva e evitar a erosão. Em terrenos planos, eles devem ser distribuídos paralelamente entre si.

A altura correta dos canteiros – use o enxadão para fazê-los – é de 15 a 20 centímetros. Os canteiros mais altos em relação às ruas são de manejo mais fácil, além de melhorar a drenagem das águas e facilitar a penetração das raízes nas plantas.

Com o enxadão, você cava e revolve a terra para levantar os canteiros, já para desmanchar os torrões use a enxada e o sacho. O excesso de terra tirado para fazer as ruas é usado para levantar os canteiros. O solo não deve ser nem muito úmido nem muito seco.

Se for úmido, torna-se compacto e dificulta o trabalho; se for seco, o enxadão vai pulverizá-lo, desfazendo os pequenos torrões.

Para segurar a terra, os canteiros podem ser cercados com tábuas ou tijolos ou qualquer outro material. Essa proteção ajuda a manter os canteiros firmes, sem que a área útil do plantio diminua à medida que for feita a rega.

Os canteiros de alvenaria são também utilizados no plantio de hortaliças

Os materiais vivos de plantioO plantio das hortaliças pode ser feito por sementes, mudas ou brotos, ramas ou estacas, tubérculos, bulbilhos ou ‘‘dentes’’ e frutos.

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Sementes: variam quanto ao tamanho, cor, forma, entre as espécies, e às vezes, mesmo entre cultivares. Somente aquelas embaladas em latas ou sacos de papel aluminizado se conservam por longo tempo. Por isso devem ser adquiridas nas quantidades necessárias e em casas especializadas em produtos agrícolas.Por ocasião da compra deve-se examinar o rótulo para verificar a espécie, a cultivar e o poder germinativo.

São reproduzidas por sementes as seguintes espécies: jerimum, alface, beterraba, berinjela, cebola, cebolinha, cenoura, coentro, couve, couve-flor, feijão-vagem, jiló, pimentão, pimenta, tomate e quiabo.

Mudas: são as plantas novas originárias de sementes. As brotações laterais que surgem nas plantas adultas ou ao redor delas em algumas espécies também são chamadas de mudas e podem ser utilizadas para o plantio. A couve é multiplicada por este segundo tipo de muda, isto é, brotação. A cebolinha pode ser multiplicada utilizando-se a planta adulta da qual aproveita-se a parte verde.Ramas: algumas espécies de hortaliças são multiplicadas usando pedaços de 20 a 30 cm de comprimento das ramas ou hastes de plantas adultas. Para plantar estas ramas, enterra-se inicialmente mais da metade. Por este sistema é plantada a batata-doce.Tubérculos: o plantio da batata (também chamada batatinha ou batata inglesa) é feito utilizando-se os tubérculos com 3 e 4 cm de tamanho e brotados. Os brotos devem estar com 1 a 2 cm de tamanho.Bulbilhos (dentes): para o plantio de alho usa-se o bulbilho (dente), com 1 a 2 gramas.Frutos: para o plantio do chuchu usa-se o fruto com o broto de 15 a 20 cm de altura.Para a produção própria de sementes ou outro material de plantio, deve-se escolher plantas-mãe ou matrizes que tenham bom desenvolvimento, boa produção e sem doenças e pragas. As sementes devem ser tiradas de frutos maduros e estarem perfeitas.

Antes de plantar sementes que tenham sido guardadas por longo tempo, deve-se fazer o teste de germinação. Toma-se certa quantidade de sementes e coloca-se em um prato ou outro recipiente plano contendo papel mata-borrão ou algodão molhado, cobrindo-o com outro prato transparente.

Coloca-se o prato com as sementes em um local iluminado mantendo o mata-borrão sempre úmido. As sementes estarão germinadas com 4 a 7 dias, e então, fazendo-se a contagem das sementes germinadas, calcula-se o poder germinativo.

Uma boa semente deve apresentar, no mínimo, 70% de germinação.

Resumo da Lição As hortaliças desenvolvem-se melhor em clima ameno, com chuvas leves e pouco

frequentes.

As hortas devem ficar afastadas de árvores grandes e próximas da fonte de água e em áreas de consistência média (areno-argilosa).

A utilização de ferramentas adequadas influi na eficiência e rendimento dos serviços na horta.

Em hortas comerciais os trabalhos serão mais eficientes com o uso de equipamentos como o arado, grade, sugador e conjunto de irrigação.

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Algumas hortaliças precisam ser plantadas em sementeiras para depois serem transplantadas para os canteiros definitivos.

Os canteiros para plantio de hortaliças devem medir 1 m de largura, comprimento variável e intervalos de 40 cm entre eles, para formarem as “ruas”.

Escolhendo o que e onde plantar

Antes de tudo, devemos ver qual é o espaço no qual iremos fazer nossa horta, checando o nosso local disponível. Cheque se há iluminação suficiente, se o solo está em boas condições, etc.

A escolha do que plantar é primordial para iniciarmos a nossa horta. Existem muitas hortaliças com sementes disponíveis à venda em pequenas embalagens. O que devemos levar em conta para escolher o que plantar?

• clima exigido pela planta. Geralmente essa informação é encontrada na embalagem das sementes. • espaço disponível para a horta. • grau de dificuldade de cultivo - preste atenção, há plantas que são difíceis de manter. • número de colheitas possíveis - plantas como o repolho são colhidas de uma vez só, já a couve-manteiga, ou alface podem ser colhida aos poucos, ao longo da vida da planta.

Não sabe o que plantar? Temos sugestões: Couve-manteiga, alface, cebolinha, rabanetes, beterrabas, tomate-cereja (exige suporte), cenoura, inhame, ervas aromáticas, milho-verde, rúcula, vagem, etc. Essas são plantas que geralmente se dão bem com iniciantes na maioria dos ambientes.

Alface obtida em uma horta orgânica caseira

Como descobrir tudo isso? É fácil, está tudo escrito na embalagem das sementes. Para entender melhor as emabalgens de semente, clique aqui.

Entenda melhor as embalagens de sementes

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Seguir as instruções das embalagens das sementes que compramos é essencial para um bom jardim ou horta, pois lá estão as informações sobre quando plantar, onde plantar e como plantar.

Entretanto, muitas vezes a linguagem utilizada nelas torna os dados mostrados quase incompreensíveis pelos que desejam plantá-las em casa.

Aqui nós te explicaremos item por item uma embalagem de sementes, mostrando o que cada especificação quer dizer.

Exemplo de embalagem com legenda abaixo

1. Época de plantio: Indica os melhores meses para o plantio da planta em questão na região. A maioria das plantas pode ser plantadas em qualquer outro mês, mas seu rendimento será menor nestes casos. Algumas plantas podem ser semeadas o ano todo com excelentes resultados, como é o caso do nosso exemplo.

2. Modo de plantio: É na realidade a semeadura. Nesse caso, a embalagem sugere uma prática inadequada ao caso. O mais adequado nesse caso seria o plantio em sementeira (bandejas), para que o transplante seja mais fácil.

3. Irrigação: indica os cuidados gerais de regas para a cultura.

4. Germinação: Indica quantos dias, em média, as sementes demoram para emergir após a semeadura.

5. Canteiro definitivo: dá uma sugestão de como o canteiro deve ser moldado, indicando o melhor espaçamento entre as linhas e entre as plantas, além da altura adequada ao canteiro.

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6. Transplante: Transplante é a transferência da pequena muda, da sementeira para o canteiro.

7. Observações: Indica o tempo que a planta leva para chegar ao ponte de ser colhida (ciclo), número estimado de sementes por grama de sementes, entre outras indicações.

Outras informações podem ser mostradas na embalagem, como:

Desbaste: Consiste em arrancarmos as plantas menos vigorosas, deixando assim o espaçamento desejado.

Germinação: Nem todas as sementes que plantamos germinam, isso depende da qualidade e tipo da semente. Por isso, as sementes vendidas indicam qual é a porcentagem aproximada de sementes que germinam corretamente.

Validade: é uma data estipulada, a partir da qual as sementes começam a preder suas características originais.

Pureza: As sementes que compramos possuem impurezas, como areia, terra, etc. Por isso, a embalagem fornece a porcentagem da massa que é consituída por sementes.

As informações são muitas. Mas não precisam ser seguidas à risca. Além disso, algumas informações são ruins e mal ditas. Adapte essas dicas para a sua situação, nesse caso, o bom senso é essencial.

Verifique na embalagem das sementes se é necessária a semeadura em bandejas ou a semeadura pode ser feita diretamente no solo. Caso vá semear diretamente no solo, pule o item seguinte do nosso artigo, indo ao item 4 - Como preparar o canteiro.

Semeando em bandejas

Caso seja necessária a semeadura em bandejas, siga os passos desse item. Caso a semeadura possa ser feita diretamente no solo, pule ao item seguinte do nosso artigo.

Como obter bandejas?As bandejas de isopor podem ser encontradas em casas agrícolas. Mas há um custo, o número de células (divisões) é normalmente só acima de cem, além de às vezes, não ser tão fácil encontrá-las à venda para uso doméstico, só para produções comerciais. Mas, aqui nós te mostramos alternativas simples que levam o custo para quase zero. Para aprender como fazer uma bandeja alternativa, clique aqui..

Como fazer sementeiras alternativas?

Muitas plantas precisam ser semeadas em sementeiras antes de passar ao canteiro definitivo. Mas nem sempre temos sementeiras disponíveis para o nosso uso.

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Se você não tem sementeiras em casa, você pode fazer a sua própria em casa! Aqui nós te ensinamos a fazer sementeiras (bandejas) alternativas para a produção de mudas. Ela sai quase a custo zero! Vejam as alternativas:

Sementeiras de jornal

Material utilizadoPara fazer as bandejas de jornal, somente 3 materiais muito simples serão utilizados: jornal, fita adesiva (durex), e um pote de filme.Colocar uma foto de um jornal, fita adesiva e um potinho de filme fotográfico.

Procedimento

Corte uma folha grande em 16 pedaços;

Dobre o papel ao meio;

Enrole o papel no tubo de filme;

Fixe a ponta com fita adesiva;

Faça a primeira dobra para fechamento;

Faça a segunda e terceira dobra;

Fixe a aba com durex, pressionando bem;

Retire o papel do tubo de filme;

Está pronto. Fácil, não?

Faça quantos tubos forem necessários.

Como semear? Atenção, essa etapa é muito importante e deve ser feita com cautela. A semeadura fica melhor se feita com o solo pouco úmido, não muito seco, muito menos molhado. É melhor colocarmos sempre um pouco de sementes em cada espaço.

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Para sementes grandes , cave uma linha de acordo com a produndidade recomendada. Coloque as sementes com o espaço desejado, e cubra o local devolvendo o solo cuidadosamente.

Para sementes pequenas, um truque é separar um pouco de solo, o suficiente para cobrir as sementes. Quebre os torrões que houverem, deixando o solo retirado como um pó leve. Coloque as sementes cuidadosamente sobre o solo, na quantidade e espaço desejados. Coloque uma fina camada do solo refinado sobre as sementes.

Semeie na profundidade recomendada, cobrindo com terra fofa

Regue a bandeja levemente Para terminar a semeadura, a rega é essencial. Mas lembrem-se, nos primeiros dias devemos regar bem, mas com uma lâmina bem fina de água, nunca jogando jatos de água. Para uma melhor rega, visite a nossa seção, clicando aqui.

prendendo a regar as plantas Queremos que nossas plantas fiquem bem saudáveis, mas como devemos regá-las corretamente?

Aos olhos de quem nunca cuidou de plantas, regar parece uma tarefa óbvia, mas na prática ela exige alguns cuidados básicos. Mas esses cuidados são muito simples, e aqui vamos explicar para você.

As plantas precisam de água para sobreviver e ficarem vigorosas. Elas usam a água para todos os seus processos, inclusive absorver nutrientes da terra e fazer a fotossíntese. Uma rega correta possibilita a planta de mostrar o seu máximo potencial em beleza e produção.

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Evitando espaços vazios Normalmente, nem todas as sementes germinam. Para não ficarem espaços vazios, é recomendado que sejam colocadas mais de uma semente em cada espaço, para que retiremos a que estiver pior. Essa seleção das melhores plantas, chama-se "desbaste".

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Tome cuidado: não encharque demais o vaso.Que horas devo regar?Os melhores horários são de manhã e no fim da tarde (depois das 15h). Ao contrário do que muitos acreditam, regar ao meio-dia não cozinha as folhas. O que ocorre é que boa parte da água que jogamos se evapora ao meio-dia, pois é um horário muito quente. À noite a planta absorve pouca água, e suas folhas demoram muito a secar. Para evitar o aparecimento de fungos, é melhor evitarmos regas à noite.

De quanto em quanto tempo regar?Não siga as regras à risca. Não recomendamos a utilização de regar regradas, do tipo “dois copos de água, a cada 3 dias”, pois isso não funciona bem. Temos dias mais quentes e outros mais frios, mais secos ou mais úmidos, mais ensolarados ou menos... Cada dia a perda de água é completamente diferente do outro. Assim, regas regradas demais levam ao excesso ou falta de água em alguns dias.

Água demais prejudica sua planta também. Por isso, mexa na terra com um palito ou com seu dedo. Veja se está seca ou úmida por baixo da superfície antes de regá-las.Algumas plantas precisam de regas mais freqüentes e outras menos. Verifique suas plantas a cada 2 dias. Se já estiver molhado, deixe para outra hora.

Quanta água colocar?Isso dependerá de outros fatores, mas como uma regra geral, evite encharcar a terra (existem exceções). Água demais “afoga” as raízes, que também precisam de ar, além de aumentar o aparecimento de fungos e doenças. Regue devagar, parando quando a água começar a demorar um pouco a entrar na terra, ou quando a água escorrer ao fundo de um vaso.

Molhar as folhas tem problema?Depende da planta. Plantas de folhas sensíveis, como as violetas, não devem ter suas folhas molhadas. Molhar as folhas não é necessário, mas às vezes inevitável. Quando puder, aplique a água na base da planta ou em pratinhos, pois manter as folhas secas reduz a possibilidade de algumas doenças.

No caso de pratinhos, evite mantê-los cheios d’água, pois isso é indício de excesso, e

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Curiosidade: 'Regar' ou 'irrigar'?Muito se confunde o termo “irrigar”, ou “irrigação”, com o “regar”, ou “regas”. Essa diferença não é muito importante para nós, mas vale a pena entender. O termo “irrigar” faz referência às regas com quantidade de água minuciosamente controlada, calculada com base em vários fatores, o que quase nunca ocorre em jardins. O termo “irrigação” é utilizado amplamente na agricultura, o termo “rega” é utilizado para jardins e outros pequenos cultivos.

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sempre coloque areia grossa, para evitar a proliferação do mosquito da dengue!

Onde deixar a bandeja semeada? A bandeja deve ser colocada em um local com um pouco de luz, não em pleno sol, de preferência um local fresco, podendo ser à meia sombra. Se estiver utilizando as bandejas de isopor, não a coloque apoiada em uma superfície lisa, isso impediria o escoamento de água.

A bandeja deve ser regada regularmente, pois a terra nessas bandejas seca muito rápido. Mas não devemos encharcar demais a terra, procurando molhá-la com uma lâmina fina de água, nunca jogando jatos de água, isso deslocaria o solo e derrubaria as pequenas e frágeis plantas emergidas.

Aguarde o desenvolvimento das plantas Deixe a bandeja em descanso até que as plantas atinjam uma certa altura, normalmente de uns 5 a 10 cm(essa altura é especificada na embalagem da semente). Isso normalmente leva de 10 a 20 dias, quando as plantas estão suficientemente fortes para serem plantadas na horta.

O tamanho que as plantas devem estar para serem transplantadas é especificado nas embalagens das sementes, não ultrapasse muito esse tempo, pois isso fará com que a planta fique atrofiada.

Ao fim desse passo, teremos pronta a nossa muda pronta para ser plantada no canteiro definitivo.

Como preparar o canteiro

Antes de plantar no canteiro, precisamos prepará-lo para receber as plantas. Passos bem simples devem ser seguidos:

1. Afofe bem a terraA maioria das hortaliças têm raízes frágeis, que não conseguem crescer em solos compactados. Sendo assim, devemos afofar a terra do canteiro. É recomendado o uso de enchadões para essa etapa, mas se não possuir, pode-se usar uma pá, mas o trabalho fica bem maior. Só faça isso como solo seco ou levemente úmido, pois trabalhar com solo molhado torna o solo duro como um tijolo.

2. Dê forma ao canteiro Em espaços maiores, é preferível que sejam feitos canteiros elevados. Eles servem principalmente para podermos caminhar entre as plantas sem esmagar o solo utilizado pela planta, e também para evitar o empoçamento de água. Em espaços muitos pequenos isso não teria utilidade.

3. Hora de misturar o adubo no solo Se desejar adubar o solo incluindo húmus de minhoca, esterco curtido, terra vegetal, NPK, uréia agrícola, entre outros adubos orgânicos ou minerais, essa é uma boa hora de misturá-los à terra do canteiro. Misture-os bem no solo até uma camada de uns 10cm de profundidade, sempre utilizando as medidas recomendadas. Nunca devemos exagerar no adubo, seu excesso pode matar a planta.

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Depois da adubação, é recomendável que aguardemos um período de 10 a 15 dias para que o adubo entre em equilíbrio no solo, evitando assim futuros problemas.

4. Plantando as mudas ou sementes

Essa é uma das etapas mais gratificantes. Caso for transplantar mudas feitas em bandejas, evite dias muito quentes, prefira dias nublados.

5. Marque o espaçamento Na embalagem das sementes sempre há uma indicação sobre o espaçamento entre linhas e entre plantas. Mas não fique muito preocupado em deixar exatamente naquele espaçamento recomendado na embalagem, ele não precisa ser seguido à risca. O importante é não deixar as plantas muito juntas, já que isso pode prejudicar o desenvolvimento da planta. .

Para facilitar, faça alguns riscos no solo, marcando as linhas onde as sementes ou mudas serão colocadas.

Plante na profundidade certa Caso vá plantar com sementes, é importante verificar a profundidade recomendada para a semente. Esse dado pode ser facilmente encontrado na embalagem da semente. Para entender melhor as embalagens de sementes, clique aqui.

Sementes plantadas muito fundas podem não conseguir subir à superfície e morrer. Sementes plantadas muito rasas podem gerar plantas fracas que tombam facilmente. Não precisa ser a medida exata, mas evite erros grosseiros.

Enfim, como plantar?

• Para sementes: Abra pequenos sulcos nas linhas, com a profundidade desejada, colocando as sementes com cuidado. Lembre-se que nem todas as sementes germinam, por isso, recomenda-se colocar sempre um pouco a mais de sementes. O excesso de plantas será retirado no desbaste, como veremos a seguir. Cubra as sementes com terra fina ou serragem, evite cobrir com torrões de terra, que podem impedir a emergência da planta.

• Para plantar mudas:Cave uma pequena cova e coloque a muda com cuidado, evitando a quebra de raízes, cobrindo a base com um pouco de terra. Aperte levemente a terra ao redor da muda para acomoda-la. É o melhor modo para tomates, por exemplo.

Regas nos primeiros dias Para terminar a semeadura, a rega é altamente recomendável, sempre que possível. Mas lembrem-se, nos primeiros dias devemos regar bem, mas com uma lâmina bem fina de água, nunca jogando jatos de água. Esse cuidado torna as regas dos primeiros dias bem mais demoradas, mas essa demora compensa pelo resultado. Para uma melhor rega, visite a nossa seção, clicando aqui.

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A lâmina d'água deve ser bem fina nas primeiras regas

6. Acompanhe o desenvolvimento Devemos aguardar a emergência das plantas, até que elas atinjam uma certa altura, normalmente de uns 5 a 10 cm(essa altura é especificada na embalagem da semente), para que passemos para a etapa seguinte.

7. O que é desbaste?

O desbaste, é o processo no qual nós escolhemos as melhores plantas no canteiro, arrancando as piores, deixando um espaço entre plantas próximo ao recomendado.

8. Arranque as plantas certas O importante do desbaste é que a maioria das plantas estejam espaçadas umas das outras, na distância recomendada. Essa etapa depende muito do bom senso de quem faz. É claro, damos preferência em manter as plantas que estão mais fortes.

Arranque as plantas escolhidas, puxando-as lentamente pela base.

Regue após o desbaste O desbaste é um processo que pode quebrar um pouco as raízes das plantas que permanecerão na nossa horta. Para que as plantas se recuperem rapidamente, é recomendável que reguemos a horta logo em seguida.

9. Manutenção do canteiro

Manter o canteiro costuma ser fácil, quanto mais rústica for a planta, mais fácil será seu cultivo. Alguns são os cuidados básicos, colocamos eles aqui listados.

10. Como regar?As regas devem ser de acordo com a cultura. Em geral, devem ser regulares, mas sem encharcar o solo. Algumas culturas, como a alface, são mais sensíveis à falta d'água, outras, como a couve-manteiga, não são tanto. Para saber mais sobre regas, clique aqui.

Como controlae as ervas daninhas?Uma erva daninha, é qualquer planta que esteja crescendo em nossa horta, que não seja o que queremos cultivar. Elas podem ser prejudiciais por puxarem a água e nutrientes do solo para que cresçam, diminuindo a quantidade de água e nutrientes disponíveis à planta que queremos cultivar. Para eliminá-las, obviamente não é recomendado que sejam jogados herbicidas, que são venenos, o que seria completamente desnecessário. O ideal é que arranquemos as ervas daninhas

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manualmente, de tempos em tempos. Para entender melhor sobre as plantas daninhas, além de saber como é feito seu controle no meio rural, clique aqui.

Controlando plantas daninhas no jardimControlar as ervas daninhas que insistem em aparecer no nosso jardim pode ser uma tarefa bem trabalhosa. Devemos saber o que fazer para que o nosso trabalho não seja em vão. Antes de tudo, devemos ter muito clara a resposta de uma pergunta:

Afinal, o que são plantas daninhas?Plantas daninhas são todas as plantas que não são do nosso interesse, mas nascem espontaneamente nos jardins e plantações. Essas plantas nascem, crescem e se reproduzem, competindo por água, nutrientes e luz, prejudicando a planta de interesse.

É um conceito às vezes confuso, uma vez que o milho que cresce no meio de uma plantação de soja, é considerado uma planta daninha. Esse conceito depende de cada situação.

Livrar o jardim das plantas daninhas pode ser trabalhoso

De onde vêm as ervas daninhas?As plantas daninhas podem surgir de diversas maneiras no nosso jardim. Algumas plantas daninhas são nativas do local onde se encontram, ou seja, sempre estiveram lá. Mas na maioria das vezes, isso não é verdade. As plantas daninhas vêm normalmente através de sementes, pedaços de caule, folha, ou por transferência de planta inteira.

As sementes das plantas daninhas não germinam todas ao mesmo tempo, muitas delas ficam enterradas sem germinar, aguardando condições ideais, germinando em seguida. Assim, elas conseguem permanecer no solo, tornando difícil sua eliminação total.

Aprenda a controlar as daninhas:Vale ressaltar que o uso de herbicidas, ou de qualquer outro produto químico para a eliminação de plantas daninhas, não é aconselhável para o uso próximo a residências. Esses produtos podem causar problemas às pessoas, animais e até mesmo às plantas.

Algumas medidas podem ser tomadas para evitar o aparecimento de plantas daninhas, as principais estão listadas a seguir:

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2. Arranque as plantas daninhas. Arranque constantemente as plantas daninhas manualmente, tomando o cuidado de arrancar junto a maior parte da raiz ou rizoma possível. Caso a planta possua um rizoma subterrâneo, formando novas plantas, como é o caso da grama esmeralda, evite ao máximo a utilização de enxadas. Arranque antes as plantas completamente. Nunca deixe as plantas daninhas florescerem, por mais bonitas que possam ficar, as flores formarão sementes, que poderão infestar seu jardim.

3. Cubra a terra com palha ou folhas secas. Quanto maior a camada cobrindo o solo, mais difícil será para as ervas daninhas emergirem. Além de ser uma medida excelente para evitar estas plantas, a palhada ajuda a manter a umidade e melhora a estética do jardim.

4. Se for pegar terra de outro local, não pegue da superfície do solo. Na superfície do solo é onde fica a maioria das sementes e partes reprodutoras das plantas daninhas. Por isso, prefira a terra de áreas mais profundas.

5. Evite a utilização de esterco ou húmus de procedência desconhecida na superfície do solo. O húmus, ou estercos tem normalmente uma carga muito grande de sementes de plantas daninhas, podendo infestar seu jardim ou horta. Procure utilizar o húmus somente abaixo da superfície do solo, que é onde ficam as raízes das plantas, evitando assim a germinação das plantas daninhas.

Aprenda a lidar com os insetos Caso a horta esteja sendo atacada por insetos, devemos analisar caso a caso. A presença de insetos variados no solo, não significa que eles devam ser mortos. Só devemos eliminar os insetos que estão atacando a planta. Uma boa diversidade de insetos é sinal de que o solo é um solo saudável, em equilíbrio. A presença de uma ou duas espécies infestando, de forma dominante, é sinal de que sua horta está desequilibrada. Para maiores detalhes sobre os insetos e como controlá-los, clique aqui.

Reduzindo ataques de insetos

11. Evitando o aparecimento de doenças Doenças podem surgir eventualmente no seu jardim, para aprender como controlar as doenças,clique aqui.

Como evitar doenças no jardim

Como adubar? Após a primeira adubação, feita antes ou durante o plantio, temos as adubações chamadas "adubações de cobertura", que são as adubações feitas após o plantio. As épocas, doses e tipos de adubação de cobertura são normalmente especificados na embalagem do próprio adubo.

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Page 38: Hortas

Finalmente, podemos nos sentir capazes de lidar com a produção de hortas com semeadura direta no canteiro!

Solo e canteiros na horta !

Preparo do solo dos canteiros

Delineando o espaço da horta

Delinear os canteiros segundo a informação de luminosidade do espaço, para terrenos planos qualquer forma é adequada.

Em terrenos com inclinação, procurar fazer o canteiro transversal ao declive. Fazer também uma borda mais alta para evitar que águas de enxurrada destrua o trabalho.A borda do canteirode sua horta poderá ser feita com tijolos, pedras, garrafas PET (corte o fundo e o gargalo do mesmo tamanho e semi-enterre). É ecologicamente correto.

Se usar garrafas de água pequenas é só cortar ao meio.

Se não quiser este material, poderá utilizar tijolos, telhas, pedras e até táboas velhas, presas a sarrafos.

Solo e canteiros na horta : Preparo do solo

O solo dos canteiros deve ser revolvido até 30 cm de profundidade, retirando inços, pedras e raízes. Adicionar adubo animal de curral bem curtido, cerca de 2 kg/m² de solo.Se colocar adubo de aves, também chamada de cama de galinheiro, poderá colocar somente a metade.Adicionar também 50 gramas de cal apagada/ m².A cal apagada, também chamada cal hidratada (CaOH) é fonte de cálcio para as hortaliças.

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Page 39: Hortas

Se o solo original do seu canteiro for muito argiloso, coloque também um balde de areia para cada 2,0 m².

Misturar tudo muito bem, puxar a terra com a enxada para fazer um camalhão de 15 a 20 cm de altura, nivelar o topo do canteiro, regar e deixar assentar por alguns dias antes de plantar.

Sementes de inços brotarão e você poderá retirar antes de plantar as hortaliças.

Pode, no entanto, já deixar a borda do canteiro pronta, evitando que desabe com as chuvas.

Para começar a plantar suas hortaliças aguarde de 8 a 10 dias após a colocação destes materiais recomendados no canteiro.Na véspera do dia de plantar, regue bem o espaço ou então aguarde por uma chuva antes.

Canteiros: medidas ideais

A largura do canteiro deve ser de no máximo 1,0 metros para facilitar o acesso ao meio para tirar inços ou colher.

O comprimento terá o que desejar, porém canteiros muito longos cansam o jardineiro, que precisa dar a volta quando está trabalhando.

O ideal é fazer com 3 a 4,0 metros, deixando uma passagem.

Os caminhos ao redor dos canteiros poderão ter cobertura com lajes, pisos, maravalhas ou cavacos, sendo desaconselhado o uso de britas, porque se enterram no solo e se quiser modificar o tamanho ou a posição do canteiro terá de peneirar tudo para se livrar delas.

A maravalha é produto de textura grosseira descartada pelas serrarias.Já as aparas são pequenos cavacos que estão sendo comercializados para cobertura vegetal inerte em paisagismo em substituição à casca de pinus.Com o intemperismo acabarão virando substrato.Como cultivar hortaliças

Não precisamos morar no campo para ter a gostosa satisfação de produzir parte dos alimentos presentes na nossa mesa.

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Page 40: Hortas

Onde plantar?

No quintal de casa ou no jardim, nas varandas e sacadas, enfim, em qualquer espaço onde haja luz, água e terra. Algumas plantas requerem insolação direta, outras preferem uma meia-sombra. Mas, no geral, todas precisam de, pelo menos, cinco horas de luz diária, direta ou indireta.Como plantar e preparar a terra?

No quintal e/ou jardim, limpe primeiramente a área e retire, em seguida, uma camada de terra com um palmo de profundidade. Preencha a cavidade com adubo ou composto orgânico, na proporção de vinte litros por metro quadrado.

No caso de sua casa não dispor de um quintal com terra, providencie vasos, caixotes ou latas que tenham, pelo menos, vinte centímetros de profundidade. Prepare esses recipientes de acordo com as seguintes instruções:

Faça furos no fundo do recipiente para drenar a água. Cubra, a seguir, os furos com cacos de telha ou de um vaso de barro quebrado. Por cima dos cacos, coloque, sucessivamente, uma camada de pedregulho (de dois a cinco

centímetros) e outra de areia lavada (de rio ou de construção). Por cima das camadas anteriores, disponha uma boa camada de terra fofa, preparada com

composto orgânico ou esterco bem curtido, terra vegetal, serralho de madeira e adubo de minhoca.

Lembre-se de que, caso o composto ainda não esteja maduro, existe também a opção de administrar húmus no solo, na proporção de dois litros para cada metro quadrado.

Semeando e transplantando

O primeiro passo a ser tomado no cultivo é escolher as hortaliças a serem cultivadas. As que oferecem menores dificuldades para os iniciantes são, entre outras, a alface, a cebolinha, a couve e a cenoura.

Outro cuidado importante está relacionado com o clima e suas variações. As hortaliças que produzem frutos, como é o caso do tomate e da berinjela, adaptam-se melhor aos climas quentes.

No entanto, para nosso benefício, praticamente todos os invólucros de sementes indicam a época mais apropriada para o cultivo.

Podemos semear, então, em canteiros ou pequenos caixotes provisórios ou em um local definitivo, seguindo uma rotina milenar:

Alise a terra com delicadeza, abrindo pequenos sulcos paralelos com meio palmo entre eles.

Distribua as sementes nos sulcos, cobrindo-as com terra fina. Regue de manhã cedinho e à tarde, até as sementes “espreguiçarem”. Depois, basta regar

uma vez por dia.

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Proteja a sementeira, cobrindo-a com tela a dois palmos da terra.

Para realizar o transplante, atente para a época indicada na tabela abaixo. Escolha, então, um dia nublado ou um final de tarde. A seguir, siga estas orientações:

Abra as covas e retire as mudas com o pouco da terra que vem agregada às raízes. Coloque as mudas nas covas, acrescentando terra e apertando até sentir que as mudas

ficaram firmes. Regue os canteiros. Enquanto as hortaliças se fortalecem, regue apenas uma vez, quando o

sol não estiver forte.

Semear em sementeiras

Hortaliças Meses Transplante (dias)

Agrião Ano todo 15

Alface (i) Fevereiro – Agosto 04–06

Alface (v) Setembro – Março 04–06

Berinjela Agosto – Janeiro 30–40

Brócolis (i) Fevereiro – Junho 30

Brócolis (v) Setembro – Fevereiro 30

Cebola Março – Junho 40–60

Cebolinha Ano todo 30

Chicória Ano todo 30

Couve-manteiga Ano todo 30

Couve-chinesa Março – Setembro 30

Couve-flor (v) Fevereiro – Junho 30

Couve-flor (i) Setembro – Março 30

Pimentão Agosto – Fevereiro 30–40

Repolho (i) Fevereiro – Junho 30

Repolho (v) Outubro – Fevereiro 30

Semear em canteiros definitivos

Hortaliças Meses Colher (dias)

Almeirão Ano todo 40–50

Acelga Março – Setembro 70

Alho Março – Junho 160–180

Beterraba Ano todo 80–90

Cenoura (i) Fevereiro – Junho 90

Cenoura (v) Outubro – Fevereiro 90

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Espinafre Março – Julho 50–60

Quiabo Agosto – Fevereiro 70–120

Rabanete Ano todo 25–30

Rúcula Ano todo 40

Salsa Ano todo 70

COMO ESCOLHER FRUTAS E VERDURAS

Caso você ainda não tenha iniciado a sua horta doméstica, são válidas algumas dicas para a hora de adquirir suas frutas e verduras.

Vamos a elas.

Nas feiras e nos mercados, escolha sempre as hortaliças que pareçam mais rústicas e pequenas. No caso da hortaliça orgânica, lembre-se de que as suas dimensões também são grandes.

Não se deixe enganar pelo tamanho. Uma cenoura grande, por exemplo, geralmente está inchada de adubo e água, significando, na realidade, “água a preço de cenoura”. As cenouras pequenas são menos aguadas e mais saborosas.

Não exclua, a priori, verduras com sinais de ataques de insetos. Atente para o fato de que as verduras que já foram mordiscadas pelos insetos, geralmente, estão sem inseticidas, o que significa uma procedência ambientalmente menos impactante.

Evite comprar frutas de outros países. Esses produtos já foram pulverizados pelo menos uma vez para serem transportados por milhares de quilômetros.

Muito cuidado com a higiene. Nunca se esqueça de lavar muito bem, com jato forte de torneira e com o auxílio de uma escovinha, todas as frutas e verduras que serão consumidas, mesmo as que vão ser cozidas. Se for o caso, descasque-as, preferencialmente, raspando sua superfície. Mergulhe verduras e legumes lavados em água com vinagre antes de fazer a salada ou o prato de sua preferência.

Prefira as frutas e verduras mais baratas. Os produtos mais baratos, geralmente, são da época e da região e, portanto, mais frescos e saudáveis.

Evite as verduras mais procuradas. Produtos como a alface e o tomate, em razão da grande demanda, estão geralmente muito “protegidos”, concentrando elevadas dosagens de produtos químicos.

Esteja atento ao prazo de validade dos produtos. Evite consumir legumes, frutas e verduras que estejam há mais de uma semana ou dez dias na geladeira.

HORTA FAMILIAR OU ESCOLAR

Para implantação de uma horta orgânica em pequenas áreas pode-se considerar o calculo de 10 m2 por pessoa e que uma hora de trabalhos diários possibilita a manutenção até 100 m2 de área trabalhada.

Para início da produção é importante realizar um planejamento. Nele deve-se definir os espaços a serem utilizados e o tipo de produção pretendida. Descrevemos no item

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Instalação da horta, algumas instalações indispensáveis à implantação de uma horta orgânica.

O planejamento da produção se refere à escolha dos produtos pretendidos, verificando-se época de plantio, variedades adaptadas, escalonamento de produção, consórcios, ciclos das culturas, exigências e tratos culturais necessários, assuntos que trataremos mais adiante.

Em uma horta conduzida no sistema orgânico, e necessário inicialmente tomar conhecimento sobre dados regionais como clima, tipo de solo, proximidade com áreas florestadas, fauna existente, e outras. Todos estes fatores são relevantes para a condução de um plantio que deve interagir com o meio ambiente em que se insere.

O clima, por exemplo, é determinante na adaptação de certas culturas e deve ser levado em consideração na seleção de variedades. As diferenças entre estações, quanto a temperatura e pluviosidade devem ser verificados, servindo como base para um calendário de épocas de plantio.

O tipo de solo é o fator mais relevante a ser considerado para a produção. O solo deve ser encarado como um organismo vivo, que interage com a vegetação em todas as fases de seu ciclo de vida. Devem ser analisados os aspectos físico, químico e biológico dos solos.

O aspecto físico do solo se refere à sua textura e sua estrutura. A textura de um solo se relaciona ao tamanho dos grãos que o formam. Um solo possui diferentes quantidades de areia, argila, matéria orgânica, água, ar e minerais. A forma como estes componentes se organizam, representa a estrutura do solo. Um solo bem estruturado deve ser fofo e poroso permitindo a penetração da água e do ar, assim como de pequenos animais, e das raízes.

O aspecto químico se relaciona com os nutrientes que vão ser utilizados pelas plantas. Esses nutrientes, dissolvidos na água do solo (solução), penetram pelas raízes das plantas. No sistema orgânico de produção os nutrientes podem ser supridos através da adição de matéria orgânica e compostos vegetais.

O aspecto biológico trata dos organismos vivos existentes no solo, e que atuam nos aspectos físicos e químicos de um solo. A vida no solo só é possível onde há disponibilidade de ar, água e de nutrientes. Um solo com presença de organismos vivos indica boas condições de estrutura do solo. Os microorganismos do solo são os principais agentes de transformação química dos nutrientes, tornando-os disponíveis para absorção pelas raízes das plantas.

A matéria orgânica é um dos componentes de um solo e atua como agente de estruturação, possibilitando a existência de vida microbiana e fauna especifica, além de adicionar nutrientes à solução do solo.

Os solos no Brasil em geral são ácidos sendo recomendável, sempre, iniciar a correção do solo com a aplicação de calcário, de preferência o dolomítico que, além de conter cálcio,

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tem magnésio. O calcário deve ser aplicado dois meses antes do plantio.

No Brasil os solos também sofrem de deficiência de fósforo. De acordo com o resultado da amostra do solo é bom aplicar adubo fosfatado. As principais fontes de fósforo são Fosfato de Araxá, termofosfatos e farinha de ossos.

Para esclarecer, existem dois tipos básicos de nutrientes:

Macronutrientes - Fósforo, potássio, nitrogênio, cálcio, magnésio e enxofre – estes são exigidos em maiores quantidades pelas plantas.

micronutrientes – boro, cloro, cobre, cobalto, vanádio, sódio, ferro, manganês, molibdênio e zinco, são utilizados em quantidades ínfimas pelas plantas, mas possuem importância vital.

Alguns tipos de adubo orgânico fornecem nutrientes específicos, por exemplo, cinzas de madeira são ricas em potássio, cálcio e magnésio.

A proximidade com áreas florestadas é um fator que está relacionado ao equilíbrio ecológico regional de modo mais geral e, mais precisamente, à presença de espécies da fauna que podem interagir com o plantio. Aves e insetos são componentes da cadeia que vai ser gerada a partir de um plantio orgânico.

INSTALAÇÃO DE UMA HORTA

O local de instalação da horta deve ser de fácil acesso, maior insolação possível, água disponível em quantidade e próxima ao local. Não devem ser usados terrenos encharcados. O terreno pode ser plano, em áreas inclinadas os canteiros devem ser feitos acompanhando o nível, cortando as águas.

Os canteiros devem ser feitos na direção norte-sul, ou voltados para o norte para aproveitar melhor o sol.

No local da horta não é aconselhável a entrada de galinhas, cachorros, coelhos.

Dentro da horta deve haver uma pequena divisão de áreas para facilitar o manejo. Deve-se reservar uma área para sementeira; área de canteiro; área para guardar ferramentas e insumos; área para preparo ou armazenamento de composto ou húmus;

Recomenda-se que seja coletada uma amostra de solo e enviada para analise. A amostra de solo pode ser coletada por técnicos da EMATER, técnicos agrícolas ou engenheiro agrônomo ou pelo proprietário desde que seguidas as instruções de coleta. O resultado de uma analise de solo representa as características do seu tipo de solo. Estes dados são a base para a recomendação correta de adubação, no presente caso adubação orgânica, necessária para obtenção de hortaliças saudáveis e resistentes.

A sementeira ocupa aproximadamente 1% da área da horta, deve ficar em local alto, seco e

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ensolarado. Pode também ser um canteiro comum, com cobertura contra sol e chuvas fortes.

A sementeira é usada para germinação das sementes de hortaliças que possam ser transplantadas.As sementes de hortaliças de modo geral são pequenas e exigem cuidados especiais como solo rico em nutrientes, peneirado, regas diárias, abundante mas não excessiva, sol indireto, profundidade correta de semeio.

Existem insumos prontos que facilitam o trato da sementeira, tais como substrato orgânico e bandejas de isopor para acondicionar as mudas com tamanhos e numero de células variáveis. As mudas podem ser produzidas em caixotes, em copos de café, ou ainda em um canteiro feito especialmente para este fim, de acordo com as condições descritas.

Os canteiros devem ser feitos com enxada, trabalhando-se a terra a uma profundidade de 40 a 50 cm. Este trabalho pode ser mecanizado. A profundidade da terra trabalhada tem relação com o desenvolvimento das raízes.

Os canteiros podem ser simplesmente levantados em relação ao nível do solo, em 30 a 40 cm. Os canteiros feitos com elevação do solo possuem drenagem natural, podem ser constantemente revirados, mas em solos arenosos não vão manter sua forma. Os canteiros podem também ser cercados por tijolos ou tabuas ou construídos em alvenaria. Ao construir canteiros é necessário estar atento para assegurar a drenagem deixando passagem para o excesso de água, o que inclui um dreno na parte inferior da parede do canteiro e uma camada de pedras, pequena a médias, recobrindo a totalidade do fundo. Canteiros construídos duram mais tempo.

As dimensões de um canteiro podem variar. A largura deve possibilitar o trabalho no canteiro de um só lado- onde alcance o braço- até 1 metro a 1,20 metros.

O comprimento deve se adaptar à área disponível não devendo ultrapassar 10 metros, o que dificultaria a circulação entre os canteiros.

Entre canteiros devem ser deixadas ruas com 40 a 50 centímetros de largura para circulação. Caso se utilize carrinho de mão, deixar a largura necessária para a passagem.

Algumas ferramentas indispensáveis para uma horta são: carrinho de mão, enxada, enxadão, pá, ancinho, sacho, colher de muda, plantador, regador ou mangueira ou sistema de irrigação, tesoura de podar, barbante ou arame. Podem ainda ser necessários bomba costal e nível A, este último para delimitação de curvas de nível em áreas com declividade.

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Como se trata de horta orgânica falaremos um pouco sobre adubação orgânica e produção de composto. Como já dissemos é necessário deixar uma área dentro da horta para armazenar ou produzir a adubação.

Chama-se adubação orgânica o uso de material vegetal e animal utilizado como insumo na produção agrícola. A matéria orgânica, quando aplicada dentro das técnicas e sendo de boa qualidade é um dos principais agentes de estruturação dos solos. A aplicação de matéria orgânica no solo atua na estrutura do solo, na manutenção e desenvolvimento da vida microbiana do solo, no aporte de nutrientes. Um solo bem estruturado possui maior resistência à compactação e à erosão.

A adubação orgânica pode ser usada em forma de composto, húmus de minhoca, de esterco curtido, adubação verde com leguminosas ou outras. Ela é importante também para cobrir o solo em lugares muito quentes ou muito frios, protegendo as raízes e mantendo a umidade.

O uso de adubo orgânico nos plantios deve ser feito com material curtido. Uma terra desgastada deve receber, gradativamente, matéria orgânica suficiente para incentivar o retorno da fauna do solo.

A compostagem é uma técnica que facilita o manejo do esterco, reduz o volume de material, a perda de Nitrogênio e outros nutrientes após a aplicação; elimina sementes de ervas daninhas, insetos; conserva o esterco até que a aplicação seja necessária.

O nome composto vem da mistura de materiais usados em sua fabricação. Um composto bem feito possui matéria orgânica transformada em húmus e atua no solo como uma cola entre os pequenos pedaços de terra, melhorando sua estrutura e dá condições ao solo de armazenar maior quantidade de água, de ar, e de nutrientes, que alimentarão as plantas.

O ideal é no primeiro ano usar dois kilos de composto por metro quadrado de canteiro. O canteiro poderá ser usado até três vezes num ano, repetindo-se o uso do composto em cada plantio.

Uma vez organizada a área deve-se proceder ao planejamento da produção.

Este tem início com a escolha dos produtos a serem cultivados.

Hortaliças são espécies vegetais cultivadas em pequenos espaços, em geral com ciclo curto de vida, exigentes em água e nutrientes. A reprodução das hortaliças pode ser através de sementes, brotos, ramas, bulbilhos.

Há sementes disponíveis no mercado de boa qualidade. Ao comprá-las é importante verificar os dados de validade, pureza e % de germinação. Como estas sementes são melhoradas geneticamente possuem características especificas como época de plantio e ciclo de colheita. Estas informações devem ser bem avaliadas. Por exemplo, há cenouras apropriadas para plantio de inverno e de verão.

As variedades devem ser escolhidas de acordo com as condições ambientais da área e plantio. Uma boa idéia é escolher duas variedades de uma hortaliça, plantá-las na mesma

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época e “pesquisar” sobre o desenvolvimento de cada uma delas. A escolha da melhor variedade está relacionada a: taxa de germinação, desenvolvimento da planta, resistência a ataque de pragas e doenças, produtividade, aspecto do produto final, sabor.

Em uma horta podem ser plantadas diferentes tipos de hortaliças. Como exemplo citamos alguns, agrupando-os pela parte comestível mais utilizada:

Raízes: Cenoura, rabanete, batata doce

Bulbos: alho, cebola, beterraba

Folhas: Alface, almeirão, chicória, couve, espinafre, repolho

Frutos: Berinjela, tomate, pepino, pimentão, jiló, quiabo, abóbora, feijão-vagem

Flores: Couve-flor, brócolis

Ervas: hortelã, manjericão, alecrim, mostarda, orégano, cebolinha, salsa, coentro

Cada hortaliça possui características próprias quanto ao ciclo de vida, época preferencial de plantio, necessidade de água, exigências nutricionais. Por exemplo, na época das chuvas muitas vezes temos problemas com encharcamento do solo, dificultando colheita de raízes e bulbos.

Existem bons calendários de plantio à disposição em livros de horticultura. Citaremos rapidamente um calendário de plantio:

Mês Espécie

ano todo

abobrinha, acelga, agrião, alface, almeirão, berinjela, beterraba, cebolinhas, cenoura, chicória, couve manteiga, espinafre, feijão-vagem, jiló, milho, mostarda, pepino, rabanete, rúcula e salsa.

Janeiro

semear alface, agrião, aipo, couve, rabanete, almeirão, nabo, beterraba, rúcula, chicória, espinafre, batata-doce, salsa e coentro em locais com clima ameno e chuvas leves. Em clima quente semear as culturas de ano todo.

Fevereiro semear rabanete e alface, transplantar o que foi semeado em sementeira.

Março semear direto no canteiro cenoura, almeirão, salsa, alho, e nas sementeiras alface, chicória, espinafre, salsão, couve-flor, brócolis e repolho. Deve-se estar atento para seleção de variedades uma vez que as culturas semeadas nesta

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época se desenvolverão em clima de inverno.

Abril

semear direto no canteiro agrião, almeirão, beterraba, nabo, salsa, alho, rúcula, chicória, salsão, semear na sementeira , chicória, salsão, couve-flor, brócolis e repolho de inverno, e espinafre.

Maio

semear nos canteiros rabanete, cenoura, almeirão, nabo, beterraba, rúcula, salsa, chicória, salsão, espinafre, couve-flor, brócolis, e repolho de inverno. Semear em sementeira alface.

JunhoPlantio direto no canteiro de almeirão, cenoura, nabo, beterraba, rúcula, alho. Na sementeira chicória, agrião, couve-flor, brócolis e repolho de inverno.

JulhoSemear nos canteiros almeirão, rúcula, alho. Na sementeira semeia-se alface, rabanete, chicória, beterraba.

Agosto

Começa-se a selecionar variedades de verão para as que podem ser plantadas o ano todo, de acordo com o clima local. Em sementeira plantar jiló, berinjela, pimenta, pimentão, tomate

Setembro

semear alface, rabanete, cenoura, couve-flor, brócolis. Continua plantio de jiló, berinjela, pimenta, pimentão, tomate e ainda abobrinha, feijão de vagem, pepino, maxixe, salsa e coentro.

Outubro

semear cenoura, couve-flor, brócolis, repolho, pimentão, tomate, berinjela, jiló, abobrinha, feijão de vagem, pepino, maxixe, mandioquinha, salsa, batata-doce, coentro.

Novembrosemear alface, rabanete, cenoura, brócolis, repolho, couve-flor, batata-doce, coentro.

Dezembro semear abobrinha, feijão de vagem, pepino, cenoura e repolho.

É importante organizar o semeio de acordo com o que se pretende colher. Para isso devem-se analisar dados de cada cultura.

Por exemplo: alface tem ciclo que pode variar de 35 dias no verão a até 60 dias no inverno. Um canteiro com 5 metros de comprimento e 1,20 metros de largura resultam em 6 m2 de canteiro, o espaçamento da alface sendo de 25 x 25 cm, resulta em 96 plantas por canteiro. Se um canteiro for semeado em um único dia, haverá uma colheita de aproximadamente 96 pés em, no máximo, uma semana, uma vez que a alface tem ciclo curto e pode “passar” do ponto de colheita neste tempo.

Isto é diferente para outras culturas que podem permanecer bastante tempo no canteiro com a colheita estendendo-se por mais de um mês, como a couve, berinjela, cenoura,

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brócolis, jiló, cebolinha, salsa entre outras.

De acordo com o que se pretende colher, aconselha-se que sejam realizados plantios semanais de alface, chicória, ervilha, rúcula, rabanete.

Deve-se ainda levar em consideração o ciclo da cultura: se quer milho verde para a festa junina, deve plantá-lo cerca de 3 meses antes.

Os tratos culturais necessários para a manutenção de uma horta serão descritos, e é necessário estar atento ao desenvolvimento de cada cultura no campo para se detectar o momento correto de serem aplicados.

Cuidados na sementeira – Na sementeira prepara-se a muda que vai para o campo. É uma época de muitos cuidados porque uma muda saudável gera um planta produtiva. Na sementeira a terra deve ser limpa de doenças e sementes de outras ervas para evitar doenças e competição; deve-se dar preferência a solos arenosos, onde a germinação das sementes é mais fácil e evita-se o encharcamento. A sementeira deve ser coberta para evitar a incidência direta de raios solares e chuva. A cobertura pode ser feita com palha, bambu, tela, plástico.

Transplantes – é a passagem da muda da sementeira para o canteiro e só pode ser realizada quando a planta já tem folhas definitivas e raiz desenvolvida. Não confundir as folhas definitivas com as primeiras folhas que surgem. A época de transplante varia para cada cultura, mas pode-se tomar como regra que a muda tenha entre 4 e 8 folhas definitivas.

Rega - A irrigação é responsável pelo aporte de água ao plantio. A água tem funções diversas como fornecer água para germinação da semente, desenvolvimento da planta, solubilizar os nutrientes do solo para disponibilizá-los para as plantas. Existem vários tipos de irrigação; em pequenas áreas recomenda-se o uso de mangueira, regador ou ainda sistema de irrigação por aspersão. Plantas de ciclo curto e pequeno porte são mais sensíveis à falta de água. A fase de sementeira exige regas diárias, sendo aconselhável que seja feita duas vezes ao dia. A irrigação deve ser realizada, sempre, nas horas mais frescas do dia. Uma forma de determinar a necessidade de rega é verificar qual a umidade do solo a uma profundidade media de 10 cm.

Rotação de culturas – ao planejar um canteiro, deve-se evitar o plantio sucessivo de uma mesma cultura, assim como plantas da mesma família. A rotação reduz a chance de aparecerem doenças e pragas e possibilita um melhor aproveitamento dos nutrientes disponíveis. Uma boa seqüência a ser utilizada é: folha, raiz, flor, fruto (exemplo: alface, cenoura, brócolis, berinjela). Este método possibilita ainda o plantio sem necessidade de refazer o canteiro, utilizando-se apenas adubação de plantio.

Associação de culturas – algumas plantas gostam da companhia de outras: são as companheiras. Para maiores detalhes, acesse a página Alelopatia.

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Cobertura morta – utilizada para proteger o solo contra a chuva e o sol. Nos solos argilosos evita formação de crostas duras na superfície. Em solos arenosos aumenta a retenção de água no solo. Também evita a presença de ervas invasoras. Pode ser feita com palha, capim cortado, casca de arroz ou outro material disponível. Não deve ser incorporado ao solo.

Controle de ervas – as ervas invasoras tem aspectos positivos e negativos para o desenvolvimento da cultura. São positivos a atração de insetos, a cobertura do solo, a produção de massa verde que pode ser usado na compostagem. São negativos a competição por água e nutrientes e insolação. As ervas devem ser controladas quando se verificar competição (exemplo, o mato está mais alto que a cultura plantada).

Adubação verde – consiste no plantio de leguminosas junto, ou antes, da cultura pretendida. A adubação verde melhora o solo, trazendo nutrientes de partes mais profundas, elimina nematódeos, cobre o solo com muita massa verde e incorpora ao solo o nitrogênio que as leguminosas captam do ar. Tipos de leguminosas mais usados: guandu, mucuna-preta, mucuna-anã, feijão de porco, puerária e leucena. Estas plantas podem ser usadas em rotação nos canteiros, associadas ao milho ou em terras em descanso. Podem ainda ser aproveitadas para alimentação animal, humana (guandu) e como lenha (guandu). Em solos compactados convém anteceder o plantio da horta com cultivo de leguminosas.

Adubação – efere-se ao aporte de nutrientes às plantas, que é feita pela aplicação de adubos orgânicos ou químicos na terra. O adubo se dissolve na água do solo e penetra pelas raízes. Pode-se realizar adubação de plantio e de cobertura. Adubo de plantio é aplicado no canteiro antes do plantio. Adubo de cobertura é usado nas fases posteriores, quando a planta precisa de força para formar cabeça, frutificar, rebrotar ou amadurecer os frutos ou até para aumentar o tamanho e o número de folhas em culturas de ciclo mais longo. Para uma horta orgânica a adubação tem como base o composto, húmus, ou qualquer outro adubo orgânico maduro.

Desbaste – no plantio definitivo é necessário diminuir o número de plantas no canteiro possibilitando um maior desenvolvimento das plantas que ficam.

Amontoa – juntar terra no pé das plantas (para couve, brócolis, beterraba, e outras).

Estaqueamento – suporte para plantas trepadeiras; usado para ervilha, feijão vagem, tomate, pepino. Pode também utilizar a cerca da horta ou pés de milho já colhidos.

Controle de pragas – considera-se praga o ataque de inseto que cause danos sérios a plantação ou reduza a produção. Não há necessidade de controle enquanto não há dano. Os ataques podem ainda ser minimizados com a rotação de culturas, plantas bem nutridas, presença de inimigos naturais (joaninha, pássaros). O controle pode ser feito através de

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produtos como biofertilizante,pasta de sabão ou preparados a base de plantas.

COLHEITA e ARMAZENAMENTO

A colheita é uma atividade que varia de acordo com a cultura. A colheita de frutos é feita quando estes estão maduros, de vez, ou dependendo do produto, ainda verdes. Folhas podem ser colhidas através da retirada total da planta ou de algumas folhas apenas.

Os melhores horários de colheita são os de temperatura mais baixa quando os vegetais perdem menos água, o ideal é antes do sol forte, para folhas; e no final da tarde para raízes.

Após a colheita as hortaliças continuam perdendo água o que pode levar ao murchamento ou desidratação do seu produto. Conservar os produtos em locais frescos mantendo-os úmidos é a melhor forma de conserva-los. Em locais frios ou geladeira os alimentos se conservam melhor.

Para melhor apresentação, conservação e higiene as verduras devem ser lavadas em água corrente e retirados todos os restos de terra, folhas secas, ou outras impurezas.

- Recomendações gerais para cultivo de hortaliças orgânicas – Parte I

Para produção de hortaliças de boa qualidade, saudáveis, de forma diversificada, sem

agrotóxicos e adubos químicos e, especialmente, sem colocar em risco a saúde do homem,

do meio ambiente e das futuras gerações, deve-se seguir algumas recomendações. As

recomendações específicas para o cultivo orgânico de batata, cebola, tomate, cenoura,

alface, beterraba, repolho, couve-flor, couve, brócolis, batata-doce e planta medicinais

estão em postagens mais antigas neste blog. Por isso, a seguir abordaremos as indicações

gerais para o cultivo das diversas espécies de hortaliças.

. Correção e preparo do solo

A acidez do solo influi na fertilidade, tornando os nutrientes essenciais indisponíveis às

plantas. Para correção aplica-se calcário, de acordo com a análise do solo; em geral, para

terrenos ácidos utiliza-se cerca de 0,5 a 1 kg de calcário por m², com antecedência mínima

de três meses da semeadura/plantio. Caso seja utilizado o composto orgânico, a acidez do

solo é corrigida naturalmente, sem necessidade de calagem.

A adubação orgânica melhora a fertilidade do solo e as propriedades físicas dos solos

muito argilosos (barrentos) ou arenosos. Para terrenos de baixa ferrtilidade, com baixa

percentagem de matéria orgânica (menos de 2%), determinada pela análise do solo,

recomenda-se a aplicação, preferencialmente, de composto orgânico (3 a 4kg/m2) ou

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esterco curtido de aves ou de gado, na quantidade máxima de 2 e 5 kg/m² por ano,

respectivamente.

O resíduo orgânico e/ou restos de culturas, também pode se tornar um adubo de ótima

qualidade através da compostagem (ver matéria mais antiga postada neste blog).

Para pequenas hortas recomenda-se após aplicação do calcário, quando necessário, e do

adubo orgânico, fazer o revolvimento do solo com enxadão ou pá, na profundidade mínima

de 20 cm, com posterior destorroamento com enxada.

Figura 1. Revolvimento do solo com pá

. Preparo do canteiro

Para algumas espécies cultivadas em espaçamentos maiores, basta revolver e destorroar o

solo. Em seguida, deve-se abrir as covas, sulcos ou ainda fazer camalhões ou leiras, adubar

e plantar, conforme o sistema de cada cultura.

Algumas hortaliças necessitam de preparo especial do terreno para confecção de canteiros

que podem servir como sementeira para posterior transplante de mudas e para semeadura

direta/plantio.

Após o revolvimento do solo, os canteiros são levantados e destorroados com enxada.

Deve-se evitar preparar o canteiro quando o solo estiver muito seco ou muito úmido.

Para preparo adequado do canteiro recomenda-se:

. Fazer dois sulcos paralelos de 15 a 20cm de profundidade, com 30 a 40 cm de largura, e

distanciados de 1 a 1,2m, utilizando-se cordões ou bambu para alinhamento;

. Com auxílio de ancinho (rastelo) faz-se o nivelamento da terra e retira-se os torrões

menores, raízes, pedras e outros materiais;

. Com a pá curva faz-se o acabamento, limpando-se a passagem entre os canteiros.

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Os canteiros depois de prontos ficarão com cerca de 1m de largura, 15 a 20cm de altura e

separados por 30 a 40 cm entre si, para facilitar a passagem das pessoas que cuidarão da

horta. Entre cada série de canteiros deve-se deixar um caminho (1m) para passagem do

carrinho de mão, usado para transporte de adubos, estercos e produtos colhidos.

Em terrenos inclinados, os canteiros devem ficar atravessados em relação à declividade

para evitar que as águas das chuvas os destruam.

Figura 2. Preparo de canteiro

Figura 3. Canteiro preparado para semeadura

Sempre que possível recomenda-se canteiros fixos, feitos especialmente com tijolos ou

pedras (maior durabilidade), madeira (Figura 4), bambú e com outros materiais, pois evita

a erosão e facilita o preparo do mesmo para novos plantios.

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Page 54: Hortas

Figura 4. Horta orgânica do CAPS – Centro de Atenção Psicossocial, em Urussanga, com

canteiros construídos com madeira

. Época de semeadura/plantio

De um modo geral, as hortaliças encontram as melhores condições de desenvolvimento e

produção quando o clima é ameno (18 a 22ºC), com chuvas leves e frequentes.

As temperaturas elevadas (mais de 30ºC), de um modo geral, encurtam o ciclo das

plantas e aceleram a maturação; as baixas temperaturas (menos de 10ºC) retardam o

crescimento, a frutificação, a maturação e favorecem o florescimento indesejável.

O fotoperíodo (número de horas com luz natural por dia) e a temperatura influem na

formação e no desenvolvimento de bulbos (cebola e alho) e de tubérculos (batata).

Obs.: na matéria sobre planejamento de uma horta orgânica (parte I) foi postada uma

tabela com informações de épocas de semeadura ou plantio para as principais hortaliças. O

livro "Cultive uma horta e um pomar orgânicos...", disponível para venda na Epagri/Estação

Experimental de Urussanga, também possui estas e muitas outras informações

importantes.

. Produção de mudas

O transplante de mudas sadias e vigorosas garante a produção de hortaliças de boa

qualidade. Algumas lojas agropecuárias dispõem de mudas de hortaliças, em bandejas de

isopor. As diversas formas de produção de mudas são descritas a seguir.

54

Page 55: Hortas

Sementeira

É o local onde são semeadas as sementes de algumas hortaliças para obter-se as mudas a

serem transplantadas.

Figura 5. Sementeira de cebola

Os cuidados mais importantes para produção de mudas em sementeira são:

. Preparo cuidadoso do canteiro, incorporando com antecedência, esterco bem curtido e

peneirado de aves e de gado, na quantidade de 2 ou 5 kg/m², respectivamente;

. Fazer sulcos com 1 a 2cm de profundidade, distanciados de 10 cm, utilizando o sacho ou

marcador de sulcos;

. Semear o mais uniforme possível, cobrindo as sementes com terra. De maneira geral,

deve-se enterrar a semente numa profundidade aproximadamente igual a cinco vezes o

seu tamanho;

. Cobrir a sementeira com saco de aniagem, capim seco ou tela de sombrite para evitar a

formação de crosta superficial do solo devido à irrigação ou à ocorrência de chuvas

torrenciais, retirando a proteção quando as sementes iniciarem a emergência;

. Outra opção é a cobertura da sementeira com cerca de 1cm de espessura de casca de

arroz ou serragem, após a semeadura. Neste caso, não há necessidade de se retirar a

cobertura após a emergência;

. Em períodos sem chuvas, no verão, regar duas vezes ao dia (manhã e à tardinha) até à

emergência, com regador de crivo fino para não enterrar demais as sementes;

. A utilização de cobertura de plástico no inverno, associado ao sombrite no verão são

55

Page 56: Hortas

indicados;

. Eliminar as plantas espontâneas à medida que forem aparecendo;

. Desbaste do excesso de plantas, deixando as mais vigorosas.

Figura 6. Tipos de cobertura da sementeira: sombrite, casca de arroz e

serragem (Foto:Valmir José Vizzotto)

Figura 7. Produção de mudas no verão com o uso de plástico e sombrite

Caixas, copinhos, bandejas de isopor e outros recipientes

Na produção de mudas para a horta pode ser utilizado diversos recipientes. A vantagem

do uso de recipientes sobre a sementeira em canteiro é a facilidade de movimentação dos

mesmos para locais protegidos, evitando-se o sol quente, chuvas torrenciais e o frio

intenso.

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Page 57: Hortas

A sementeira pode ser feita em caixas com 50 x 50cm de lado e 20 a 25cm de

profundidade, fazendo-se alguns furos no fundo para escoamento do excesso de água.

Figura 8. Sementeira de alface em caixa

A semeadura também pode ser feita, preferencialmente em copinhos de jornal (sem

impressão colorida) ou de papel pardo, pois se degradam rapidamente e não oferecem

riscos ao meio ambiente.

Confecção: corta-se uma folha de jornal em cinco tiras, no sentido horizontal da página,

com cerca de 11,5 cm de largura cada uma; no caso de utilizar-se o papel pardo deve-se

cortá-lo em tiras de 11,5 cm de largura por 38 cm de comprimento. Enrola-se as tiras em

torno de um cano de PVC (50mm) com 7cm de comprimento. A extremidade do cilindro de

papel é dobrada para dentro, de modo a formar o fundo do copinho. Finalmente, bate-se o

fundo do cano de modo a comprimir as dobras do fundo do molde. Posteriormente, enche-

se o cano com substrato e retira-se o mesmo para confecção de outros copinhos. Uma vez

prontos, os copinhos apresentam as medidas de 7cm x 6cm e capacidade de

aproximadamente 200cm3.

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Page 58: Hortas

Figura 9. Material necessário para confecção dos copinhos de papel

Figura 10. Confecção de copinho de jornal- início

Figura 11. Confecção de copinho de jornal - final

Os copinhos plásticos, utilizados para refrigerantes e reutilizados na produção de mudas,

fazendo-se alguns furos no fundo, é outra opção. No entanto, é importante ressaltar que o

plástico leva muitos anos para se degradar, sendo por isso utilizado somente quando não

houver outra alternativa.

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Page 59: Hortas

Figura 12. Copinhos plásticos para refrigerantes reutilizados

O sistema mais utilizado atualmente é o de bandeja de isopor, que manuseada com

cuidado pode ser reutilizada várias vezes.

A vantagem da bandeja de isopor e dos copinhos sobre a sementeira em canteiro e em

caixa, é que a muda não sofre nenhum dano ao ser transplantada.

O substrato para encher os recipientes pode ser adquirido em lojas agropecuárias ou

preparado em casa.

Preparo do substrato caseiro:

-3 partes de terra peneirada livre de plantas espontâneas;

-1 partes de cama de aviário curtida e peneirada;

-1 parte de areia fina de rio ou 2 partes de casca de arroz carbonizada.

Obs.: misturar bem as diferentes partes.

Figura 13. Enchimento da bandeja de isopor com substrato caseiro

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Page 60: Hortas

Figura 14. Produção de mudas de hortaliças em bandejas de isopor

Recomendações gerais para cultivo de hortaliças orgânicas – Parte II

sexta-feira, 15 de julho de 2011Postado por Ferreira

O cultivo de hortaliças no sistema de produção orgânico não é apenas trocar os insumos

utilizados na agricultura dita "moderna" (adubos químicos e agrotóxicos) por outros

permitidos na produção de alimentos orgânicos. Além das recomendações gerais para a

produção orgânica de hortaliças, já postada neste blog (parte I), existem inúmeras outras

práticas muito importantes. pois tratam o solo como um "organismo vivo". Um solo sadio

produz plantas, animais e homens sadios; tudo está ligado entre si como os órgãos de um

corpo, por isso o solo, já na antiguidade, era visto como um "organismo vivo". O solo faz

parte do meio ambiente e está ligado a todos os seus outros componentes, como a água, as

plantas, os animais e o homem. Tudo que acontece com o solo tem algum reflexo positivo

ou negativo, no ambiente do qual ele faz parte. Dentre as práticas que favorecem a vida do

solo e as plantas cultivadas, destacam-se a adubação orgânica e verde, plantio direto,

cultivo mínimo, cobertura morta, rotação e consorciação de culturas, entre outras. Estas

recomendações são essenciais para o sucesso do cultivo orgânico, pois conduzem à

estabilidade do meio ambiente, ao uso equilibrado do solo, ao fornecimento ordenado de

nutrientes e à manutenção de uma fertilidade real e duradoura no tempo.

. Adubação de semeadura/plantio

O solo é o fator mais importante a ser considerado na produção orgânica de alimentos. O

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Page 61: Hortas

solo deve ser tratado como um organismo vivo que interage com a vegetação em todas as

fases de seu ciclo de vida. Os aspectos físico, químico e biológico do solo são fundamentais

para o sucesso na produção orgânica de hortaliças.

O aspecto físico do solo refere-se à sua textura e a sua estrutura. A textura de um solo se

relaciona ao tamanho das partículas que o formam; um solo possui diferentes quantidades

de areia, argila, matéria orgânica, água, ar e minerais. A forma como esses componentes se

organizam representa a estrutura do solo. Um solo bem estruturado deve ser fofo e

poroso, permitindo a penetração da água e do ar, assim como de pequenos animais e

raízes.

O aspecto químico se relaciona com os nutrientes que vão ser utilizados pelas plantas.

Esses nutrientes, dissolvidos na água do solo (solução), penetram pelas raízes das plantas.

No sistema orgânico de produção, os nutrientes podem ser supridos através da adição de

matéria orgânica e de compostos vegetais.

O aspecto biológico trata dos organismos vivos existentes no solo e que atuam nos seus

aspectos físicos e químicos. A vida no solo só é possível onde há disponibilidade de ar, água

e de nutrientes. Um solo com presença de organismos vivos indica boas condições de

estrutura.

Os microorganismos do solo são os principais agentes de transformação química dos

nutrientes, tornando-os disponíveis para absorção pelas raízes das plantas.

A planta necessita, além de carbono, hidrogênio e oxigênio, de constituintes essenciais

retirados do ar e da água, dos seguintes elementos:

. Macroelementos - nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e

enxofre (S), exigidos em maior quantidade.

O nitrogênio auxilia na formação da folhagem e favorece o rápido crescimento da planta.

O fósforo estimula o crescimento e formação das raízes. O potássio aumenta a resistência

da planta e melhora a qualidade dos frutos.

. Microelementos - manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), ferro (Fe), molibdênio (Mo),

boro (B) e cloro (Cl), exigidos em quantidades reduzidas, mas também muito importantes

para as plantas.

As quantidades de macroelementos encontradas disponíveis para as plantas no solo,

quase sempre, são insuficientes. Daí a necessidade de complementá-los através deadubos

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Page 62: Hortas

orgânicos. A vida do solo depende essencialmente da matéria orgânica que mantém a sua

estrutura porosa, proporcionando a vida vegetal graças à entrada de ar e água. A matéria

orgânica é um dos componentes do solo e atua como agente de estruturação,

possibilitando a existência de vida microbiana e fauna, além de adicionar nutrientes à

solução do solo. O adubo orgânico é constituído de resíduos de origem animal e vegetal:

folhas secas, restos vegetais, esterco animal e tudo mais que se decompõe, transformando-

se em húmus. O húmus é o resultado da ação de diversos microorganismos sobre os restos

animais e vegetais.

O uso da matéria orgânica interfere significativamente na resistência das plantas, uma vez

que:

aumenta a capacidade do solo em armazenar água, diminuindo os efeitos das

secas. Um solo com bom teor de matéria orgânica funciona como se fosse uma

esponja, sendo que 1 g de matéria orgânica retém 4 a 6 gramas de água no solo.

Devido à capacidade de armazenar água, a matéria orgânica é má condutora de

calor, diminuindo as oscilações de temperatura do solo durante o dia;

aumenta a população de minhocas, besouros, fungos e bactérias benéficas, além

de vários outros organismos úteis, que estão livres no solo;

aumenta a população de organismos úteis que vivem associados às raízes das

plantas, como as bactérias fixadoras de nitrogênio e as micorrizas, que são fungos

capazes de aumentar a absorção de nutrientes do solo;

aumenta a capacidade das raízes absorverem minerais do solo;

possui macro e micronutrientes em quantidades bem equilibradas, que as plantas

absorvem conforme sua necessidade, em quantidade e qualidade;

é fundamental na estruturação do solo, por causa da formação de grumos. Isso

aumenta a penetração das raízes e a oxigenação do solo;

possui substâncias de crescimento (fitohormônios), que aumentam a respiração e a

fotossíntese das plantas.

A adubação orgânica melhora também a qualidade dos alimentos, tornando-os mais ricos

em vitaminas, aminoácidos, sais minerais, matéria seca e açúcares, além de serem mais

aromáticos, saborosos e de melhor conservação.

Entre as espécies cultivadas, as hortaliças são as que mais respondem à aplicação de

adubos orgânicos. O adubo orgânico de origem animal mais conhecido é o esterco que é

formado por excrementos sólidos e líquidos de animais e pode estar misturado com restos

vegetais. O esterco curtido de aves ou a cama de aviário e de gado são os mais comumente

62

Page 63: Hortas

utilizados. Tanto o excesso como a falta de nutrientes são prejudiciais às plantas, pois um

nutriente pode interferir na absorção dos demais.

É importante lembrar que plantas bem nutridas são mais resistentes às doenças e às

pragas. O ideal na adubação de hortaliças é o uso de composto orgânico, considerado o

processo mais eficiente para produção de adubo orgânico de qualidade. A compostagem é

o resultado da transformação, através da fermentação, do resíduo orgânico (restos

vegetais) em adubo natural. É um dos princípios básicos da produção orgânica de

alimentos. O composto é rico em húmus estabilizado e em microorganismos ativos que

estimulam a saúde natural das plantas.

Todos os passos para fazer, bem como os cuidados que se deve ter no preparo do

composto orgânico, estão descritos em matéria já postada neste blog.

O adubo orgânico, quando oriundo de esterco de animais não curtido, deve ser bem

incorporado ao solo, 15 dias antes da semeadura/plantio. O uso de esterco ainda em fase

de fermentação por ocasião da semeadura/plantio, pode causar danos às raízes e às

sementes, tais como queima, destruição dos microorganismos do solo, formação de

produtos tóxicos e morte da planta pelo calor. O conhecimento da origem do esterco,

especialmente o de gado, é importante, pois o uso de alguns herbicidas nas pastagens pode

afetar as plantas cultivadas.

Na falta de análise do solo, indica-se para solos de média fertilidade, anualmente, a

seguinte adubação:

. adubação orgânica, proveniente de compostagem - 3 a 4 kg/m2

. esterco de gado (4 a 5 kg/m2 ) ou de aves (1 a 2 kg/m2 ) curtidos .

No caso de maior necessidade de potássio, cálcio e magnésio, recomenda-se cinzas de

madeira não tratada com produtos químicos. Como fonte de fósforo, recomenda-se o

fosfato natural, o fosfato de araxá, os termofosfatos e a farinha de ossos, aplicados com

antecedência e de acordo com a análise de solo.

.Sistemas de semeadura/plantio

Conforme a espécie de hortaliça, pode-se ter diferentes sistemas de semeadura/plantio.

.Semeadura direta: consiste na semeadura uniforme das sementes em sulcos, no canteiro,

na profundidade de 1 a 2cm, utilizando-se marcadores ou sacho, cobrindo-as com a própria

63

Page 64: Hortas

terra; pode ser feita também em covas ou em sulcos, sem preparo de canteiros. A

quantidade de sementes por metro quadrado varia com o tamanho do canteiro; quanto

menor, menos sementes serão gastas. Como regra geral, as sementes devem ficar

enterradas numa profundidade de cinco vezes o seu tamanho.

.Plantio direto: consiste no plantio de tubérculos, raízes, rizomas, bulbilhos, ramas, filhotes

e estolhos em sulcos, em covas, ou em camalhões, na profundidade de 5 a 10 cm,

utilizando-se enxada ou sacho, no espaçamento indicado para cada espécie; pode ser feito

também em sulcos, ou em covas, diretamente no canteiro.

Figura 1. Terreno preparado para o plantio de ramas de batata-doce no alto da leira

.Transplante de mudas: consiste na mudança das plantas que cresceram na sementeira ou

em recipientes, para o local definitivo em sulcos ou em covas, enterrando-as até à

profundidade em que estavam na sementeira ou em recipiente, no espaçamento indicado

para a espécie. Deve ser feito, preferencialmente, em dias nublados ou à tardinha para

garantir melhor pegamento, principalmente no verão.

No caso de sementeiras em canteiros ou em caixas, uma irrigação abundante antes do

transplante facilita a retirada das mudas. Quando as mudas são produzidas em copinhos ou

em bandejas o pegamento é maior, pois a maioria das raízes estão intactas no torrão

formado nesses recipientes. Para retirá-las da bandeja basta umedecer um pouco e bater

de leve no fundo.

64

Page 65: Hortas

Figura 2. Transplante de mudas de couve-brócolis

. Plantio direto e cultivo mínimo

O sistema de plantio direto e cultivo mínimo são práticas importantíssimas no cultivo

orgânico de hortaliças, tendo em vista que a maioria dos nossos solos estão sujeitos a

processos de erosão causado por chuvas intensas, aliado a baixos teores de matéria

orgânica. Outra vantagem dessas práticas é o fato do solo estar sempre preparado para

semeadura/plantio, mesmo em períodos chuvosos que não permite o revolvimento do

mesmo devido a umidade excessiva. Para o plantio direto ou cultivo mínimo, bastar fazer

uma roçada utilizando uma foice ou roçadeira manual para áreas maiores e abrir as covas

ou sulcos.

O plantio direto é um método que não revolve o solo. A camada de cobertura vegetal é

mantida e se faz apenas a abertura de um pequeno sulco ou cova onde é colocada a

semente ou a muda.

O cultivo mínimo é a mínima manipulação do solo necessária para a semeadura ou plantio

de mudas. Deixa-se uma considerável quantidade de cobertura na superfície (resíduos

culturais), o que desfavorece a erosão do solo.

Efeitos da adoção dos sistemas plantio direto e cultivo mínimo nas propriedades do solo

visando a produção de hortaliças orgânicas.

65

Page 67: Hortas

Figura 4. Cultivo mínimo do tomateiro sobre cobertura de aveia+ervilhaca+nabo forrageiro

Figura 5. Cultivo mínimo de aipim sobre cobertura de aveia e ervilhaca

. Práticas culturais

Para que as hortaliças tenham bom desenvolvimento, é necessário realizar diversos tratos

culturais na época adequada.

. Espécies de plantas de cobertura do solo e adubação verde

As plantas de cobertura exercem importante papel na conservação do solo, no

suprimento de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, no equilíbrio das

propriedades do solo e, principalmente, no manejo de plantas espontâneas. As plantas de

cobertura são a garantia de continuidade da vida. Para existir vida no solo, princípio básico

67

Page 68: Hortas

para produção de alimentos, o terreno deverá ser suprido continuamente de alimento

(matéria orgânica e outros nutrientes, além do ar e da água) para que os bilhões de seres

vivos que ali se encontram possam interagir química e fisicamente para melhorar a

estrutura do solo, disponibilizando nutrientes essenciais para as culturas.

A adubação verde é uma das formas mais importantes de adubação orgânica do solo.

Consiste no cultivo de algumas espécies de plantas que, ao serem incorporadas ou

derrubadas no solo, fornecem matéria orgânica, servindo ainda como cobertura do solo,

evitando a erosão. Além disso, podem fornecer nitrogênio, funcionam como subsoladores

naturais do solo, pois suas raízes atingem diferentes profundidades trazendo nutrientes do

fundo até à superfície, facilitando assim a nutrição das plantas. Funcionam como

verdadeiros descompactadores do solo permitindo a entrada de ar e de água de maneira

adequada no solo.

Atualmente, une-se o uso de plantas de adubação verde e de plantas de cobertura de

solo com objetivo de promover benefícios significativos para a agricultura orgânica, aliado

ao uso de sistemas de rotação, sucessão e consorciação de culturas, plantio direto, cultivo

mínimo, uso de adubação orgânica e outros princípios. As plantas da família botânica das

leguminosas, encontradas em grandes diversidades de clima e solo, são consideradas

ótimas para adubação verde por serem ricas em nitrogênio e possuírem raízes ramificadas

e profundas. A mucuna cultivada isoladamente ou em consorciação com milho-verde é um

exemplo de espécie de adubação verde e de cobertura do solo. O coquetel de adubos

verdes (aveia -60 kg/ha; ervilhaca -18 kg/ha e nabo forrageiro – 4 kg/ha) é também uma

ótima opção para melhorar a cobertura do solo, promover o efeito benéfico no manejo de

plantas espontâneas e aprimorar a eficiência na ciclagem de nutrientes (fornecendo

nitrogênio e reciclando nutrientes) e na descompactação do solo.

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Page 69: Hortas

Figura 6. Desenvolvimento inicial de brássicas sobre cobertura de aveia + ervilhaca+ nabo

forrageiro

Figura 7. Desenvolvimento vegetativo do milho-verde orgânico sobre cobertura de aveia +

ervilhaca+ nabo forrageiro

Os principais benefícios da adubação verde são:

. Físicos – redução do impacto das gotas de chuva, melhor estrutura do solo, maior

retenção de água e menor variação da temperatura no solo;

. Químicos - aumento do teor de húmus no solo, enriquecimento de nutrientes (poupança

verde) e maior disponibilidade e movimentação de nutrientes. Devido ao sistema radicular

profundo de algumas plantas utilizadas como adubo verde, é feito uma reciclagem dos

nutrientes já lixiviados e perdidos nas camadas profundas;

. Biológicos - aumento na atividade de microorganismos, no manejo de ervas espontâneas e

no uso da alelopatia e, favorecimento às atividades da fauna do solo (minhocas).

. Cobertura morta

Essa prática consiste na colocação de capim ou palha seca (5 a 10cm) e outros materiais

como bagaço de cana nas entrelinhas das hortaliças cultivadas em espaçamentos maiores.

A cobertura morta mantém a superfície do solo sem a formação de crosta (superfície

endurecida), evita a evaporação da água da chuva ou da irrigação, reduz a erosão em solos

inclinados, diminui a temperatura do solo no verão e, principalmente, economiza capinas

devido à menor incidência de plantas espontâneas. Trabalhos de pesquisa evidenciam que,

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Page 70: Hortas

dependendo da cobertura morta, é possível reduzir a temperatura do solo em até 10ºC,

quando comparado ao solo descoberto. Resíduos vegetais em decomposição não devem

ser aplicados, pois a sua fermentação é prejudicial às plantas.

Figura 8. Cobertura morta com casca de arroz no cultivo orgânico de morango na

Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC,

Figura 9. Cultivo orgânico de repolho em cobertura de palha de milho na Estação

Experimental de Urussanga

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Page 71: Hortas

Figura 10. Cultivo orgânico de couve-flor sobre cobertura de palha de arroz na Estação

Experimental de Urussanga

lém das recomendações gerais para o sucesso no cultivo de hortaliças orgânicas já

abordadas em matérias recentes postadas neste blog (Parte I e II), trataremos a seguir de

outras também muito importantes tais como, irrigação e inúmeras outras práticas culturais.

. Irrigação ou rega

O cultivo de hortaliças sem complementação de água de boa qualidade, através da

irrigação, é praticamente, impossível. As hortaliças, por terem ciclo curto, sofrem mais que

outras espécies com pequenos períodos de estiagem. Embora ocorram precipitações

pluviais mensais consideradas suficientes para desenvolvimento das hortaliças, essas são

irregulares, especialmente no Sul do Brasil. Além disso, a maioria das hortaliças são

exigentes, pois apresentam em sua composição mais de 85% de água.

A qualidade da água é muito importante, pois grande parte das hortaliças são consumidas

cruas. Caso não seja água potável, recomenda-se fazer a análise da mesma, mesmo sendo

oriunda de uma fonte natural, pois pode estar contaminada com alto teor de coliformes

fecais.

A frequência, o tipo de irrigação e a quantidade de água a aplicar dependem basicamente

da espécie cultivada, do tipo de solo, do clima, das práticas culturais e do estádio de

desenvolvimento das plantas.

O sistema de irrigação mais usado numa horta doméstica, comunitária ou escolar é através

da aspersão. Havendo reservatório de água, pode-se utilizar mangueiras com jatos finos ou

adaptadas a microaspersores.

O ideal é utilizar sistema de irrigação que produz gotas pequenas, formando uma espécie

de neblina, evitando-se assim que, as plantinhas recém emergidas ou transplantadas

71

Page 72: Hortas

sofram danos, além de evitar a formação de uma crosta endurecida no solo. Outra forma

muito prática e barata de irrigar é através do sistema "santeno" (Figura 1) que consiste

numa mangueira de plástico, perfurada com raios laser e resistente à exposição ao sol. A

mangueira deverá ser conectada à uma mangueira comum e essa a uma torneira,

produzindo uma neblina fina, resultando em irrigação ideal. Com essa mangueira,

encontrada em lojas especializadas, deve-se evitar a irrigação quando houver ventos.

Figura 1. Microaspersão com a mangueira "santeno II": ideal para pequenas hortas,

especialmente para hortaliças-folhosas e plantas no início de desenvolvimento

Em geral, logo após a semeadura e o transplante são necessárias irrigações diárias

tomando-se o cuidado de utilizar regadores ou mangueira com esguichos finos para não

enterrar demais as sementes ou as mudas. A terra deve ser molhada até à profundidade

em que se encontra a maioria das raízes. A maior parte das raízes das hortaliças em pleno

desenvolvimento alcança a profundidade de 15-20 cm.

Para hortaliças-folhosas é aconselhável irrigar diariamente, caso não chova, durante

todo o ciclo das plantas para se obter folhas tenras.

Para hortaliças-frutos, à medida que as plantas forem crescendo, a irrigação pode ser

espaçada de três em três dias até o final da colheita, caso não chova o suficiente; o mesmo

intervalo de irrigação pode ser utilizado para as hortaliças-raízes, dispensando-a quando já

estiverem em condições de serem colhidas.

Sempre que possível, para as espécies pertencentes à família das solanáceas, que têm

maiores problemas de doenças, deve-se evitar que a folhagem das plantas passem a noite

molhada, preferindo-se a irrigação pela manhã, quando o sistema for por aspersão. A

irrigação por sulcos (Figura 2) e por gotejamento são ideais para essas espécies.

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Page 73: Hortas

Figura 2. Irrigação por sulcos: método adequado para o tomateiro

Uma indicação prática, aproximada, da necessidade de irrigação pode ser obtida quando

um punhado de terra apertado na palma da mão formar um conjunto coeso e úmido

("bolo"), o que significa que ela apresenta boas condições de umidade. É importante após a

irrigação, esperar um pouco para que a água se infiltre, observando-se, depois, a

profundidade atingida pela mesma.

. Desbaste ou raleamento

Consiste na eliminação do excesso de plantas semeadas diretamente no canteiro, nas

covas e nos recipientes. Na semeadura direta em canteiro, recomenda-se o desbaste

quando as plantinhas estiverem com 5 a 8cm de altura, deixando-se as mais vigorosas, no

espaçamento adequado. Para algumas espécies, como a beterraba, pode-se aproveitar as

melhores mudas descartadas durante o desbaste para transplantar em outro canteiro.

. Capinas e escarificações

As plantas espontâneas competem com as espécies cultivadas por luz, água e nutrientes,

especialmente nos primeiros 30 dias. Por isso, é muito importante a retirada das mesmas

ainda pequenas com a enxada, sacho ou, manualmente. Após o período crítico, as plantas

espontâneas nas entrelinhas são consideradas "plantas amigas" pois ajudam a manter a

umidade no solo e evitam a erosão do solo.

Cobertura do canteiro com papel (Figura 3): para retardar a emergência das plantas

espontâneas, logo após a semeadura das hortaliças, recomenda-se após o preparo do

canteiro, a cobertura com folhas de papel jornal (sem impressão colorida) ou papel pardo e

sobre esse 2 cm de composto orgânico peneirado. Posteriormente, procede-se abertura do

sulco, a semeadura e a cobertura das sementes.

73

Page 74: Hortas

Figura 3. Uso de jornal no manejo de plantas espontâneas (à esquerda, cenoura cultivada

com jornal ; à direita, sem jornal )

Mesmo que não haja plantas espontâneas, recomenda-se o uso de enxada ou sacho nas

linhas de cultivo para escarificar (revolvimento superficial do solo), com objetivo de evitar a

formação de crosta na superfície, especialmente após chuvas torrenciais. A camada de solo

superficial endurecida, além de impedir a penetração da água da chuva ou da irrigação,

favorece a erosão do solo. A escarificação deve ser feita quando as plantas estiverem no

início do desenvolvimento vegetativo e com o solo úmido para não danificar as raízes.

Quando as plantas espontâneas das entrelinhas estiverem competindo por luz com as

plantas cultivadas, recomenda-se roçar com foice ou roçadeira manual, ou simplesmente

tombá-las.

A cobertura morta, prática de colocar capim ou palha seca nas entrelinhas, reduz a

freqüência de capinas, escarificações e irrigação.

. Adubação de cobertura

Em solos com baixa teor de matéria orgânica (menos de 2%) é muito importante essa

prática, especialmente nas hortaliças folhosas. No entanto, deve-se evitar o uso exagerado

de adubos nitrogenados tais como estercos de animais não curtidos, pois podem salinizar o

solo e prejudicar a qualidade das hortaliças. Quando aplicados em excesso, podem causar a

metahemoglobinemia em crianças, moléstia resultante da ingestão de nitritos (produzidos

a partir de nitratos) que reagem com a hemoglobina, reduzindo a sua capacidade de

carregar oxigênio. Além disso, os nitritos participam de reações formadoras de compostos

cancerígenos.

Recomenda-se como fonte de macronutrientes e micronutrientes o composto orgânico

(ver como preparar o composto orgânico em matéria antiga postada neste blog), esterco

de animais curtido, biofertilizantes caseiros, chorumes de estercos e de composto orgânico

e outros produtos facilmente elaborados na propriedade.

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Page 75: Hortas

Esterco de animais curtido

O esterco proveniente de gado sobre pastagem onde se aplicou herbicidas não pode ser

utilizado na produção de hortaliças. O esterco de aves, especialmente quando utilizado em

excesso, têm efeito negativo sobre as características físicas do solo (desagrega e compacta).

Por ter muito ácido úrico, têm um efeito semelhante a uréia, reduzindo a resistência das

plantas e até queimando as mesmas (caso não esteja curtido), além de acidificar o solo.

Deve ser utilizado em pequenas quantidades por aplicação e bem incorporado ao solo(no

máximo 0,5 kg/m2 ).

Biofertilizantes/chorumes

Como o nome já diz, é um fertilizante vivo, cheio de microorganismos, responsáveis pela

decomposição da matéria orgânica, pela produção de gás e pela liberação de antibióticos e

hormônios. Pode-se fazer biofertilizantes somente com esterco e água (chorume) ou ainda

com qualquer tipo de material verde fermentado na água. Pode-se enriquecê-lo com alguns

minerais (fosfato natural), com calcário e/ou cinzas, leite, caldo de cana ou melado. Os

biofertilizantes são líquidos e podem ser usados no solo, com auxílio de regadores, ou em

tratamentos foliares, utilizando-se o pulverizador, com objetivo de complementar a

nutrição das plantas.

O biofertilizante, além de alimentar, protege a planta agindo como defensivo. Esta

"defesa" pode ser ocasionada por diversos fatores: a) Se a planta é bem nutrida, tem mais

resistência e mais condições de se defender de algum ataque de insetos, fungos, bactérias,

etc. b) Como o biofertilizante é um produto vivo, os microorganismos podem reduzirem a

atuação do que está atacando a planta e repelir e/ou destruir ou paralisar a ação desses

elementos.

A seguir serão descritos o modo de elaborar alguns dos biofertilizantes mais simples, bem

como a dosagem de uso dos mesmos. São os mais fáceis de elaborar, de baixo custo, que

fornecem nitrogênio. São utilizados especialmente para fertilizar mudas em bandejas ou

plantas recém transplantadas ou plântulas em estádios iniciais de crescimento, cujas raízes

ainda não possuem bom desenvolvimento.

Chorume de composto orgânico

Modo de preparar: deve-se deixá-lo secar à sombra e peneirá-lo. Deve ser colocado em

saco permeável amarrando a boca do mesmo, para evitar entupimento do regador ou do

pulverizador. O composto orgânico (33 l) deve ser colocado em um tonel de 200 l

completando com 67 l de água. Sacudir bem o saco e deixar descansar por 10 minutos.

Pode ser utilizado puro sobre as plantas ou no solo com regador ou pulverizador (Fonte:

Souza, 2003).

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Page 76: Hortas

Chorume de esterco fresco de animais

Modo de preparar: deve-se colocar no tonel de 200 l, um saco de esterco de aves ou de

gado na proporção de 1:2 e 1:1, respectivamente, amarrando-se a boca e completando

com água, deixando de molho por quatro a sete dias. É um adubo líquido fermentado. Para

aplicação, deve-se diluí-lo em água utilizando-se um (esterco de aves) ou dois litros (esterco

de gado) de chorume por regador, completando-se com água para regar o solo.

Biofertilizante 1

Modo de preparar: 1/3 de esterco fresco de gado para 2/3 de água, 5 kg de cinzas e 5 kg

de fosfato natural para 200 l. Para melhorar a fermentação pode ser adicionado garapa,

leite, melaço ou açúcar mascavo na quantidade de 1 a 5 kg ou litros. Deixar curtir uma

semana e diluir na proporção de 1 litro de chorume para 10 l de água na hora de aplicar, o

que deve ser feito na terra e não nas folhas, com mangueira ou regador, uma vez por mês e

de preferência no final da tarde.

Biofertilizante 2 (uréia natural)

Modo de preparar: colocar 40 kg de esterco de bovino fresco, 3 a 4 litros de leite fresco

ou colostro,10 a 15 litros de caldo de cana ou 4 a 5 litros de melado, 200 litros de água e 4

kg de fosfato natural numa caixa de água, misturando-os bem. Deixar fermentar durante 15

dias, mexendo uma vez ao dia. Depois de pronto, diluir 1 litro do biofertilizante em 3 litros

de água para regar a planta e o solo.

Obs.: essa receita após misturada em água, proporciona 800 litros de adubo líquido.

Água de cinza e cal (fertiprotetor de plantas): é um produto ecológico obtido pela mistura

de água, cinza e cal (para preparar, ver matéria postada neste blog em 22/12/2010). Essa

mistura contém expressivos teores de macro (Ca, Mg e K) e micronutrientes, atuando como

adubo foliar em cobertura e estimulando a resistência das plantas às doenças fúngicas e

bacterianas. (Fonte: Claro, 2001).

Manipueira: é um líquido de aspecto leitoso e de cor amarelo-claro que escorre de raízes

carnosas da mandioca, por ocasião da prensagem das mesmas, para obtenção da fécula ou

da farinha. É, portanto, um subproduto da mandioca que fisicamente se apresenta na

forma de suspensão aquosa e, quimicamente, como uma miscelânea de compostos que

podem servir como adubo antes da semeadura/plantio e em pulverizações foliares. Além

de ser utilizada como inseticida, acaricida, nematicida, fungicida e bactericida, a manipueira

contém todos os macro e micronutrientes, com exceção do molibdênio, necessários à

nutrição das plantas.

Na fertilização do solo, utilizar manipueira (1:1), aplicando na linha de cultivo, com auxílio

de regador, 2 a 4 litros da diluição por metro de sulco. A aplicação deve ser antes da

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Page 77: Hortas

semeadura/plantio, devendo o solo ficar em repouso por oito ou mais dias e,

posteriormente revolver levemente o solo que compõe e margeia a linha de cultivo, antes

de proceder a semeadura/plantio. Na fertilização foliar, as diluições mais apropriadas são

1:6 e 1:8.

.Tutoramento ou estaqueamento é feito com bambu para algumas hortaliças como ervilha

torta, tomate, feijão-de-vagem, pepino, maxixe, pimentão e chuchu, para evitar o

crescimento em contato com a terra, facilitar a aeração e a insolação e evitar a quebra de

ramos. No tutoramento tradicional do tomateiro é muito utilizado o sistema cruzado ou em

"V" invertido que tem como desvantagem a formação de um túnel úmido que favorece a

ocorrência de doenças foliares e de pragas e dificulta os tratamentos fitossanitários. Em

função disso, o tutoramento vertical em que as plantas são conduzidas perpendicularmente

ao solo, é o mais recomendado para o tomateiro (Figura 4), pois além de melhorar a

distribuição solar e a aeração, aumenta a eficiência dos tratamentos fitossanitários através

da pulverização dos dois lados das plantas.

Figura 4. Tutoramento vertical: sistema de condução de plantas mais indicado para o

tomateiro

Figura 5. Tutoramento em ziguezague: sistema alternativo para o tomateiro que melhora a

ventilação das plantas, facilita os tratos culturais e reduz a ocorrência de doenças

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Page 78: Hortas

Figura 6. Tutoramento na cultura do chuchu (sistema latada)

. Amarrio consiste em amarrar as plantas nas estacas, sem estrangular, para seu melhor

apoio, prática indispensável para a cultura do tomate.

. Desbrota é a eliminação dos brotos que saem das axilas das folhas ou da haste de algumas

espécies como o tomate.

Figura 7. Desbrota em tomateiro

. Amontoa (Figura 8) consiste em chegar terra junto às plantas, para melhorar sua fixação

ao solo e, no caso da batata, serve ainda para evitar que os tubérculos se desenvolvam fora

da terra, favorecendo o seu esverdeamento (Figura 9). Uma boa amontoa (cerca de 20cm

de altura) reduz os danos de insetos que perfuram e depreciam os tubérculos.

Figura 8. Amontoa na cultura da batatinha

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Page 79: Hortas

O manejo adequado do solo através das matérias postadas recentemente neste blog

(parte I, II e III) proporciona o aumento da resistência das culturas às pragas e doenças e às

mudanças impostas por adversidades climáticas (ex.:estiagens e chuvas intensas).

Normalmente, quando se considera o solo como um "organismo vivo" e tratando-o com

métodos ecologicamente corretos, associados ao uso de práticas preventivas, não ocorrem

doenças e pragas. Estas quando surgem, são um sinal de desequilíbrio e indicam problemas

no manejo do solo. A ocorrência de insetos-pragas e doenças são a conseqüência e não a

causa do problema. Por isso, em agricultura orgânica tratam-se as causas para que os

resultados sejam os mais duradouros e equilibrados possíveis. Por outro lado, quando se

pratica a agricultura moderna que prioriza o uso da monocultura (cultivo de apenas uma

espécie), o uso intensivo de mecanização, adubos químicos e agrotóxicos em solos

desequilibrados, favorecem o surgimento de inúmeras pragas e doenças que, se não forem

controladas, podem prejudicar parcialmente ou totalmente a produção de alimentos e, o

que é pior, contaminam o solo, rios, lagos, córregos, e ainda trazem sérias consequências à

saúde do agricultor e consumidor.

.Reconhecimento das principais doenças, pragas e plantas espontâneas

Normalmente, quando se considera o solo como organismo vivo, realizando-se práticas

ecologicamente corretas associadas ao uso de cultivares resistentes e ao manejo

preventivo, não ocorrem maiores problemas com doenças, pragas e plantas espontâneas.

Em solos desequilibrados nos aspectos químicos, físicos e biológicos podem ocorrer,

eventualmente, durante o ciclo das hortaliças (desde a emergência até à colheita),

doenças, pragas e plantas espontâneas que prejudicam o crescimento das plantas e a

qualidade do produto. Para se fazer o manejo correto das doenças, pragas e plantas

espontâneas é muito importante, em primeiro lugar reconhecê-las. As principais doenças

são:

.Fungos (Figuras 1 e 2) e bactérias (Figura 3): provocam o aparecimento de pintas ou

manchas nas folhas, hastes e frutos, podendo causar o secamento, apodrecimento,

murchamento e morte das plantas.

.Vírus (Figura 4): transmitidos por sementes e insetos, causam o amarelecimento,

encrespamento, engruvinhamento e deformação de folhas, afetando o desenvolvimento

das plantas.

.Nematóides: são pequenos vermes, invisíveis a olho nú, que provocam a formação de

nódulos nas raízes, amarelecimento e murchamento das plantas.

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Page 81: Hortas

Figura 4. Tomateiro com virose (vira-cabeça) transmitida por tripes

As pragas, a exemplo das doenças, também se tornam um problema mais sério quando

há um desequilíbrio ecológico no sistema onde a planta está inserida. Outras situações que

podem favorecer o seu surgimento, são os desequilíbrios térmicos, excesso ou escassez de

adubos e água e insolação inadequada. A maior parte das pragas ataca geralmente na

primavera e no verão. Elas causam vários danos nas plantas, além de favorecer o

surgimento de doenças, principalmente as fúngicas.

As principais pragas são:

. Lagarta rosca: corta as hastes das plantinhas rente ao solo. São escuras, com 3 a 5cm de

comprimento, enroscam-se quando tocadas e, durante o dia, ficam escondidas no solo

próximo à planta cortada.

. Lagarta das folhas: comem as folhas (Figura 5). Em geral, são esverdeadas e apresentam

listas pretas no dorso com 3- 5cm de comprimento.

. Brocas: os adultos são pequenas borboletas que põem os ovos nas plantas (tomate –

Figura 6, pepino – Figura 7 e abóbora), originando, depois de três dias, pequenas lagartas

que se introduzem nos frutos em formação.

. Traças: os adultos são pequenas borboletas que põem os ovos nas plantas originando

lagartas medindo em torno de 7 mm. Perfuram os brotos terminais e formam galerias nas

folhas (tomate), perfuram os frutos (tomate) e os tubérculos (batata).

. Pulgões (Figura 8): sugam a seiva, provocam o engruvinhamento das folhas e transmitem

doenças viróticas. São pequenos insetos (2 a 4mm) marrons, cinzas, esverdeados ou pretos

que vivem em colônias,especialmente nas brotações novas, nas folhas mais tenras e nos

caules, sugando a seiva e deixando as folhas amareladas e enrugadas. Os períodos mais

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Page 82: Hortas

favoráveis ao surgimento dos pulgões, que se multiplicam com rapidez, são a primavera, o

verão e o início do outono. Precisam ser controlados logo que notados, pois multiplicam-se

com rapidez.

. Ácaros: sugam a seiva e provocam o encarquilhamento e descoloração das folhas. São

invisíveis a olho nu e vivem em colônias no lado inferior das folhas novas. O ataque é

notado pela presença de teias.

. Vaquinhas: na fase adulta (Figura 9) são pequenos besouros de cores variadas,

alaranjados ou verdes com manchas amarelas que comem as folhas e causam maiores

prejuízos no início do desenvolvimento das plantas. A fase de larva (Figura 9) causa

também graves prejuízos tombando as plantinhas recém emergidas e furando raízes e

tubérculos.

. Tripes: raspam as folhas, deixando pequenas manchas brancas. São insetos pequenos (3

mm de comprimento) que vivem em colônias nas folhas novas ou nos locais mais

escondidos.

. Cochonilhas: são insetos minúsculos, geralmente marrons ou amarelos, que alojam-se

principalmente na parte inferior das folhas e nas fendas. Além de sugar a seiva da planta,

liberam uma substância pegajosa que facilita o ataque de fungos.

. Minadores (Figura 10): minam as folhas, hastes e frutos formando galerias. São pequenas

larvas de diversas espécies de insetos. Os adultos são pequenas moscas (1 mm de

comprimento).

. Moscas brancas: são insetos pequenos e, como diz o nome, de coloração branca. A

presença é fácil de notar, pois diante de uma planta infestada se observa uma pequena

revoada de minúsculos insetos brancos. Costumam localizar-se na parte inferior das folhas,

onde liberam um líquido pegajoso que deixa a folhagem viscosa e favorece o ataque de

fungos. Alimentam-se da seiva da planta. As larvas desse inseto, praticamente

imperceptíveis, também alojam-se na parte inferior das folhas e, em pouco tempo, causam

grande infestação.

. Lesmas e caracóis: danificam as folhas e as raízes de plantas tenras. Preferem terrenos

úmidos e atacam, principalmente, à noite e em dias chuvosos.

. Formigas: as formigas cortadeiras são as que mais causam estragos. Elas cortam as folhas

para levá-las ao formigueiro, onde servem de nutrição para os fungos, os verdadeiros

alimentos das formigas.

. Grilos: cortam as plantinhas ainda pequenas à noite e se escondem em tocas profundas

no solo, especialmente quando esse não é revolvido a cada cultivo (plantio direto).

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Page 84: Hortas

Figura 8. Ataque intenso de pulgões em repolho

Figura 9. Vaquinha (patriota): fase adulta e de larva (Foto:José Maria Milanez)

Figura 10. Larva minadora atacando folhas de feijão-de-vagem (Foto:Honório Francisco

Prando)

Nem todos os insetos são pragas das hortaliças. Existem insetos que são benéficos às

plantas, pois agem como inimigos naturais dos insetos-pragas. A joaninha, inimigo natural

de pulgões e cochonilhas, é um dos exemplos mais conhecido de inseto benéfico para as

plantas. Além das aves, as pequenas vespas são inimigas naturais das lagartas em geral.

As plantas espontâneas ou indicadoras, chamadas de plantas "daninhas", no cultivo

convencional, são consideradas plantas "amigas" no sistema de produção orgânico, depois

do período crítico de competição (fase inicial de desenvolvimento dos cultivos), pois além

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Page 85: Hortas

de cobrirem o solo e reduzir a erosão indicam problemas no solo.

As plantas espontâneas de maior dificuldade de manejo são aquelas que se propagam

por rizomas, raízes, tubérculos e bulbos. Para essas, as capinas têm pouco efeito, uma vez

que ao cortá-las, deixa-se no solo, justamente o meio de propagação e disseminação da

planta espontânea (exemplo:a cebolinha da tiririca).

Tabela 1. Algumas espécies de vegetação espontânea consideradas como plantas

"indicadoras" ou plantas "amigas".

Uma planta bem alimentada e manejada considerando todas as suas necessidades, é mais

resistente às pragas e doenças. Por isso, pode-se trocar o nome de "pragas e doenças" para

"indicadores de mau manejo". A ocorrência de insetos, ácaros, nematóides, fungos,

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Page 86: Hortas

bactérias e de vírus são a conseqüência e não a causa do problema.

Através da teoria da trofobiose (trofo=alimento e biose= existência de vida) aprende-se

que: todo e qualquer ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado disponível para

ele . Em outras palavras, a planta ou a parte da planta cultivada só será atacada por insetos

e doenças quando houver na seiva, exatamente o alimento que eles precisam. Esse

alimento é constituído, principalmente, por aminoácidos, açúcares redutores, esteróis,

vitaminas e outras substâncias simples livres e solúveis. Os insetos e os fungos possuem

poucas enzimas e essas apenas conseguem digerir substâncias simples presentes na seiva

da planta. Para que a planta tenha uma quantidade maior de aminoácidos (substâncias

simples), basta tratá-la de maneira errada: adubações desequilibradas com substâncias de

alta solubilidade, aplicações de agrotóxicos, estresses e outros.

Na agricultura orgânica, as plantas espontâneas, as pragas e as doenças surgem como um

sinal de desequilíbrio que são as verdadeiras causas dos problemas. O controle dos efeitos,

mesmo com métodos naturais, causa desarmonia, pois, além de exterminar as pragas,

elimina também seu inimigos naturais e outros insetos benéficos (abelha, mamangaba ou

mamangava, minhocas, entre outros). Por isso, em agricultura orgânica, trata-se as causas

para que os resultados sejam os mais duradouros e equilibrados possíveis.

. Manejo das principais doenças, pragas e plantas espontâneas

Para manejo de doenças, pragas e plantas espontâneas recomenda-se diversas práticas

descritas a seguir.

. Práticas preventivas

A prevenção é a maneira mais fácil de se manejar as doenças, as pragas e as plantas

espontâneas que ocorrem na horta, pois prevenir é melhor que remediar. Dentre essas,

destacam-se:

-escolha correta do local para a horta - a área deve ser bem drenada e ensolarada, pois os

raios solares auxiliam no manejo de doenças e pragas;

-correção e adubação correta do solo, pois as plantas bem nutridas são mais resistentes.

Preferencialmente, deve-se usar adubação orgânica, pois além de fornecer nutrientes,

melhora o solo;

-uso de variedades resistentes às doenças (Figura 1) e às pragas, semeadas/plantadas na

época correta;

-utilizar sistema de semeadura/plantio adequado; usar espaçamentos maiores para

espécies com muitos problemas de doenças e pragas como o tomate, empregando o

tutoramento vertical, sempre no sentido norte-sul;

-eliminação e destruição (enterrando ou fazendo compostagem) de restos de culturas e

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Page 87: Hortas

plantas espontâneas, pois essas podem ser hospedeiras de doenças e pragas, aumentando

a sua incidência na próxima safra;

-irrigação sem excessos;

-em áreas ainda não infestadas de plantas espontâneas fazer o manejo preventivo

cuidando para não deixar sementar, arrancando-as inteiras e retirando-as da área. Evitar a

incorporação de esterco não curtido, pois dissemina inços através de sementes;

-fazer rotação e consorciação de culturas (Figura 2);

-o uso de abrigos e cobertura morta, além de proteger as plantas das adversidades do clima

(chuvas torrenciais, temperaturas elevadas e frio), desfavorece o aparecimento de pragas e

doenças;

-a cobertura do solo ao reduzir o contraste entre a cor verde da planta e a cor do solo

(palha seca, casca de arroz e serragem) diminui a incidência de pulgões.

Figura 1. A escolha de variedades resistentes às doenças da folhagem é uma maneira de

prevenir a ocorrência de doenças em batata. Na foto, a variedade de batata SCS 365 – Cota

(à esquerda) lançada pela Epagri em 2008 para o cultivo orgânico, na Estação Experimental

de Urussanga, é muito mais resistente ao sapeco da folhagem (requeima) quando

comparada com a variedade Ágata (à direita), totalmente destruída, apesar de ser a mais

cultivada no Brasil.

Figura 2. Rotação de culturas com milho-verde (gramínea) consorciado com mucuna

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Page 88: Hortas

(leguminosa) reduz doenças e pragas, inibe a presença de plantas espontâneas (ex.: tiririca,

picão preto e branco, capim carrapicho e capim paulista), protege o solo contra a erosão,

melhora a fertilidade do solo e, ainda recicla nutrientes devido ao sistema radicular

profundo da mucuna

. Controle mecânico

Consiste na destruição de focos de doenças, pragas e plantas espontâneas através de meios

mecânicos e algumas práticas culturais. Dentre essas destacam-se:

-eliminar e destruir (enterrio ou uso em compostagem) através de visita diária a

horta,plantas doentes (ramos, folhas e frutos doentes) e/ou atacadas por pragas, evitando-

se a disseminação rápida de doenças e pragas;

-catação manual e destruição de larvas, insetos adultos e ovos depositados nas folhas. A

lagarta rosca se esconde no solo durante o dia, próximo à planta cortada; para encontrá-la

e destruí-la basta cavar o solo ao redor da planta cortada à cerca de 10 cm de

profundidade;

-através da irrigação, utilizando-se jatos fortes de água, pode-se reduzir a ocorrência de

pulgões, ácaros, tripes e lagartas do cartucho do milho, pragas que aparecem mais em

condições de estiagem;

-a colocação de sacos de aniagem, umedecidos com leite, entre os caminhos da horta, no

final do dia, atrai lesmas e caracóis. Deve-se fazer o recolhimento pela manhã,

combatendo-os com cal virgem ou sal. A aplicação de cal virgem em faixas ao redor dos

canteiros é outra opção de manejo (Figura 3);

-destruição de plantas espontâneas – capinas superficiais de algumas plantas espontâneas

como a tiririca ou junça e grama seda tem pouco efeito. Em áreas pequenas, deve-se

arrancar as plantas inteiras, usando-se ferramentas apropriadas;

-manejo das plantas espontâneas pela alelopatia – alelopatia é a influência benéfica ou

prejudicial de uma planta sobre outra. Certas plantas produzem substâncias denominadas

de aleloquímicos e são lançados no solo ou no ar que podem interferir na germinação,

crescimento e no desenvolvimento da planta afetada. A mucuna, utilizada como adubo

verde e também em sistemas de rotação de culturas, é um exemplo de planta cultivada que

afeta várias plantas espontâneas. O feijão de porco (Figura 4), a exemplo da mucuna,

também utilizado como adubo verde, é outro exemplo de planta cultivada que afeta a

tiririca. A palha de aveia-preta prejudica o desenvolvimento do papuã (capim doce, capim

marmelada) e do milhã (capim pé-de-galinha). O nabo forrageiro inibe o capim papuã. O

sufocamento das plantas espontâneas através de cobertura mortas sobre o solo ou mesmo

adubação verde, dificultando a emergência das mesmas, é uma prática eficiente.

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Page 89: Hortas

-manejo de plantas espontâneas em canteiros com folhas de papel - após o preparo do

canteiro, cobre-se o mesmo com jornal (1 folha apenas) ou papel pardo em toda a extensão

e sobre esta aplica-se 1 a 2cm de composto orgânico peneirado. Faz-se a semeadura a

lanço ou no sulco e cobre-se as sementes com 1 a 2cm de composto peneirado em malha

grossa ou uma camada de 1 a 1,5cm de serragem ou ainda casca de arroz. Recomenda-se

este sistema especialmente para as culturas que possuem sementes pequenas e

germinação mais demorada, como a cenoura e salsa, e que são semeadas diretamente no

canteiro, com objetivo de atrasar a emergência das plantas espontâneas na fase mais

crítica (até 25 a 30 dias após a semeadura).

Figura 3. Controle de lesmas com cal virgem(Foto: José Maria Milanez)

Figura 4. Feijão de porco, além de melhorar a fertilidade do solo, é uma opção de manejo

da tiririca através da alelopatia

. Cultivo protegido

- Ensacamento de frutos: os frutos de tomate são atacados por brocas (grande e pequena)

e traças, depreciando-os comercialmente. O ensacamento dos frutos surge como

alternativa (Figura 5). As inflorescências são ensacadas quando apresentam em torno de

seis flores. As embalagens podem ser de papel glassine opaco e impermeável, de

polipropileno perfurado e de TNT (tecido-não-tecido) encontradas em lojas comerciais.

Figura 5. Ensacamento de pencas de tomate com sacos de TNT para proteger os frutos das

brocas, traças e outros insetos e, das adversidades climáticas

. Manejo cultural

Consiste no manejo de pragas, doenças e plantas espontâneas através do cultivo de

outras espécies que as atraem ou repelem.

-Broca das cucurbitáceas e vaquinha - o cultivo de abobrinha caserta - abobrinha de

moita(Figura 6) atrai estas pragas, devendo-se tomar o cuidado de eliminá-la quando muito

atacada pela broca para não haver disseminação. O porongo verde (planta trepadeira com

folhas parecidas com as de abóbora), cortado ao meio, e a raiz de tajujá ou tayuyá (planta

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Page 90: Hortas

trepadeira com folhas parecidas com melancia), cortada em fatias (10cm), espalhadas na

horta também atraem a vaquinha. A seiva ou o líquido existente na raiz do tajujá atrai a

vaquinha, fazendo com que não ataquem a planta cultivada. Tanto no caso do porongo

como na raiz de tajujá, usadas como iscas, deve-se renová-las regularmente;

-Borboleta da couve - a hortelã e o alecrim repele a borboleta da couve que põe os ovos

dando origem às lagartas que comem as folhas;

-Insetos e nematóides - o cravo-de-defunto ou tagetes, devido às suas glândulas

aromáticas, repele muitos insetos e mantém o solo livre de nematóides;

-Ratos e formigas - a hortelã, quando plantada na bordadura dos canteiros e em volta da

casa e/ou paióis, repele essas pragas. Um bom método natural para espantar as formigas é

espalhar sementes de gergelim em torno dos canteiros. Para as formigas cortadeiras

recomenda-se cortar e distribuir folhas de gergelim em locais de passagem das mesmas,

próximos aos olheiros do formigueiro; as formigas carregam as folhas para o formigueiro e

intoxicam os fungos que servem de alimento para elas. Em quatro a cinco dias cessam suas

atividades;

-Insetos em geral - alho, manjerona, camomila e mal-me-quer plantados no meio da horta

inibem a presença de insetos;

-Moscas brancas – o uso de plantas repelentes como tagetes ou cravo-de-defunto, hortelã

e arruda, quando o ataque é pequeno, tem boa eficiência;

-Plantas espontâneas - o feijão de porco, a aveia-preta e a mucuna diminuem a presença de

plantas espontâneas que ocorrem na horta.

Figura 6. Abobrinha italiana (cv. caserta) atrai a broca das cucurbitáceas e vaquinha

-Plantas de cobertura do solo – são espécies que exercem importante papel na conservação

do solo, no suprimento de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, no equilíbrio das

propriedades do solo e no manejo de plantas espontâneas. As plantas das espécies de

cobertura (ex.: aveia e mucuna) afetam diretamente a emergência das sementes e o

crescimento das plantas espontâneas, podendo, quando a cobertura do solo estiver acima

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Page 91: Hortas

de 90%, reduzir o número de plantas espontâneas em até 75%.

. Manejo de pragas com auxílio dos inimigos naturais

Os inimigos naturais são insetos, fungos, bactérias, vírus, nematóides, répteis, aves e

mamíferos pequenos. Os animais que comem insetos na forma larval e adulta, não são

poucos.

Todas as pragas das culturas têm seus inimigos naturais que as devoram ou destroem.

Daí a importância de diversificar os cultivos (rotação, sucessão e consorciação de culturas)

e preservar refúgios naturais como matas, cercas vivas e capoeiras para manter a

diversidade natural da fauna (ácaros predadores, aranhas, insetos, anfíbios, répteis, aves e

mamíferos). Todos fazem parte do grande conjunto natural e cada um contribui para

manutenção do equilíbrio na natureza.

Entre as espécies de plantas que servem de refúgio dos inimigos naturais, destacam-se: o

menstrato (Ageratum conyzoides), a beldroega (Portulaca oleracea), o caruru (Amaranthus

viridis), o nabo forrageiro (Raphanus raphanistrum) e o sorgo granífero(Sorghum bicolor).

No caso do sorgo, suas panículas em flor favorecem o abrigo e a reprodução de insetos

como percevejo Orius insidiosus que é predador de lagartas, ácaros e tripes da cebola. Há

no entanto, plantas que são desfavoráveis à preservação e ao aumento de inimigos

naturais das pragas, como: mamona, capim, grama seda, capim amargoso, guanxuma,

tiririca, picão branco e carrapicho carneiro.

Entre os insetos, os inimigos naturais mais conhecidos são as joaninhas (Figura 7) e as

vespinhas que parasitam especialmente pulgões, cochonilhas e lagartas.

Figura 7 . Joaninha: inimigo natural de pulgões

Outros exemplos de inimigos naturais e os principais depredados ou destruídos são:

. percevejos - lagartas e seus ovos;. moscas - lagartas, seus ovos e outras pragas;.

coleópteros : lagartas e percevejos;. louva-a-Deus, joaninha e vespinhas - pulgões;. peixes –

larvas de pernilongos;. fungos – larvas e nematóides;. garças – moluscos e insetos;. pica-

91

Page 92: Hortas

pau – insetos;. tamanduá – formigas e cupins;

. outros animais que se alimentam de insetos – galinha d'angola, morcegos, lagartas, sapos,

rãs, tatus e pássaros (andorinhas, anus, bem-te-vis, corruíras, beija-flor, e tesouras).

. Manejo de pragas pela eliminação de hospedeiros naturais

Muitas pragas são facilmente controladas desde que se elimine nas redondezas da

culturas, as plantas que são seus hospedeiros naturais. Esses hospedeiros mantém e

multiplicam as pragas durante todo o ano, mantendo o seu ciclo de vida. Uma vez

eliminados os hospedeiros naturais, seu ciclo é quebrado e as pragas desaparecem. É o

princípio de "matar o inseto-praga de fome".

. Controle biológico

Toda a praga possui inimigos naturais que dela se alimentam. O controle biológico usa

inimigos naturais que possam causar a mortalidade da praga, ao ponto de controlá-la, e

que possam, ao mesmo tempo ser manipulados pelo homem. Como exemplo pode ser

citada a bactéria Bacillus thuringiensis que atua sobre várias larvas e lagartas,

especialmente a broca das cucurbitáceas, a broca do fruto do abacaxi, a lagarta do

maracujá, a broca grande, a broca pequena e a traça do tomateiro, o curuquerê da couve, a

traça das crucíferas e a broca-das-figueiras. As bactérias atuam como "veneno estomacal"

para as lagartas, inicialmente deixando de se alimentar para posteriormente morrerem.

Entre os produtos vendidos comercialmente nas lojas agropecuárias, destaca-se o dipel.

. Manejo de pragas e doenças com "inseticidas" e "fungicidas" caseiros

Um dos princípios básicos da produção agroecológica de alimentos é a não dependência

de insumos externos que, na sua grande maioria, são importados e custam caro. Daí a

importância dos preparados caseiros à base de plantas, facilmente elaborados na

propriedade.

É importante ressaltar, no entanto, que plantas saudáveis produzidas em ambientes

equilibrados, normalmente são menos atacadas por pragas e doenças. Por isso, recomenda-

se utilizar esses produtos naturais, somente quando realmente for necessário. A maior parte

das pragas ataca geralmente na primavera, estação do ano de fertilidade e de grande

atividade na natureza. Elas causam vários danos nas plantas, além de favorecerem o

surgimento de doenças, principalmente as fúngicas.

Em matérias antigas já postadas neste blog em 13 e 22/12/2010, estão descritos os

diversos produtos alternativos que podem serem preparados na propriedade.

Figura 8. Cavalinha-do-campo e urtiga: plantas medicinais utilizadas para a nutrição de

plantas e que estimulam a resistência às doenças e pragas

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