hormônios em frangos
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2Arajo et al.
Revista Eletrnica de Pesquisa Animal, v.02, n.01, p.1-16, 2014
scientific information, and together with a correct divulgation, it is possible a long-termwork to elucidate this misconception. Efforts are necessary not only from the scientific
press, but also from the common means of communication thus allowing a disclosure ofquality information grounded in scientific facts.Keywords:broilers, carcass residue, growth hormone, steroids, thyroid hormones
1. Introduo
H dcadas a falsa informao
sobre o contedo de hormnios na carne
de frango vem povoando o imaginrio
do consumidor (Penz, 2012). O assunto
se tornou to corriqueiro que hoje faz
parte do senso comum da populao,
sendo que tal fato foi propagado devido
intensa contra-informao divulgada
pela imprensa no especializada durante
anos (Sheuermann et al., 2012). Estes
acontecimentos resultaram na
construo de um imenso sofisma,
desinformando at mesmo os
profissionais da sade humana, como
mdicos e nutricionistas (Sheuermann et
al., 2012). O preocupante que tal
inverdade se torne to disseminada que
os profissionais da rea tcnica, rgos
do governo, e associaes ligadas
cadeia no consigam reverter o quadro.
No Brasil, desde 2004, h uma
Instruo Normativa do Ministrio daAgricultura Pecuria e Abastecimento
MAPA (IN n 17, de 18 de junho de
2004) que em seu Art. 1 probe a
administrao, por qualquer meio, na
alimentao e produo de aves, de
substncias com efeitos tireostticos,
andrognicos, estrognicos ou
gestagnicos, bem como de substncias
-agonistas, com a finalidade de
estimular o crescimento e a eficincia
alimentar em frangos de corte. Tal IN
alvo de intensa fiscalizao pelos fiscais
federais do MAPA, garantindo que
quaisquer destas substncias no sejam
utilizadas na produo avcola. Porm, a
despeito destes fatos, informaes
errneas sobre o assunto ainda so
veiculadas pelos mais variados meios de
comunicao, perdurando em conversas
informais do pblico em geral.
Devido a estes fatos, objetiva-se
elucidar, com embasamento
estritamente tcnico, a respeito deste
assunto to polmico e controverso que
o suposto contedo de resduos
hormonais na carne de frango.
2. Os Chamados MemesUm meme considerado
como uma unidade de informao que
se multiplica de crebro em crebro ou
entre locais onde a informao
armazenada como livros e mdias
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eletrnicas. Este termo foi criado em
1976 pelo bilogo Richard Dawkins em
seu livro O Gene Egosta. Segundo
Dawkins (1976), um meme para amemria o anlogo do gene na gentica,
a sua unidade mnima, sendo
considerado uma unidade de evoluo
cultural, que de alguma forma pode se
autopropagar.
Com a chegada da era digital, a
velocidade com que estas unidades de
informao se disseminam extremamente rpida. Assim, o controle
das instituies (governos e entidades)
sobre elas se tornou quase nula (Bayley
et al., 2009). O problema se conjectura
quando a confiabilidade destas
informaes corrompida, resultando
em grande desinformao de uma
grande massa de pessoas. Uma vez
liberado na rede, um meme dificilmente
pode ser inibido ou anulado, torna-se
um bem pblico, sejam os seus efeitos
positivos ou negativos (Bayley et al.,
2009).
Anteriormente era digital (na
dcada de 60) o mito sobre o contedo
de resduos de hormnios na carne de
frango j existia (Penz, 2012). Porm, a
velocidade com que esta contra-
informao se disseminava era baixa. A
era digital potencializou a propagao
deste mito, causando grande estrago.
Apesar da grande quantidade de
informao tcnica a respeito do
assunto (publicada em peridicos
especializados), esta mantida sob odomnio de especialistas, dificilmente
chegando ao conhecimento do grande
pblico (Sheuermann et al., 2012).
3. Hormnios e Produo
A ideia da utilizao de
hormnios na produo animal no
nova, desde a dcada de 1940pesquisadores tm investigado a
respeito do assunto (Turner, 1948). Em
1948, Turner foi um dos pioneiros a
reportar a ineficincia da utilizao de
hormnios na produo de frangos de
corte. Em seu experimento administrou
andrgenos oralmente s aves, no
obtendo nenhum efeito positivo no
ganho de peso e no depsito de carne
magra. Porm, foi nas dcadas de 1980
e 1990 que um maior nmero de
pesquisas foram realizadas a respeito do
assunto. Vrios tipos diferentes de
hormnios foram investigados com a
finalidade de obter algum resultado
positivo na produo de carne de
frango.
3.1 Hormnios do Crescimento
Quando a ideia ganho de peso,
o primeiro hormnio que influencia
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diretamente no desenvolvimento de
rgos, msculos e esqueletos o
hormnio do crescimento (Macari et al.,
2002). O hormnio do crescimento dasaves (cGH) sintetizado pela glndula
hipfise e possui receptores nos mais
variados tecidos como o sseo,
muscular e rgos internos (fgado,
corao e etc...) (Halevya et al., 1996).
Segundo Halevya et al. (1996), nestes
tecidos h receptores (cGH-R) que se
ligam ao cGH e induzem a sntese dehormnio do crescimento similar a
insulina (IGF-I). Este por sua vez
estimula expresso de mRNA, e
consequentemente potencializam a
proliferao celular e diferenciao.
A participao do IGF-I no
metabolismo de aves se mostra ainda
repleta de lacunas a serem preenchidas.
Segundo Vasilatos-Younken & Scanes
(1991), a atuao do IGFI no
crescimento de tecidos ainda no
clara, principalmente no tocante ao
estmulo diferenciao e proliferao
celular. Segundo estes autores, outros
peptdeos podem estar envolvidos no
estmulo a expresso de RNAm,
necessitando maior esclarecimento
desta rota metablica. Isto pode explicar
uma srie de resultados inconsistentes
na administrao destes hormnios com
o objetivo de induzir o crescimento
corporal. Outras pesquisas foram
realizadas para desvendar o
funcionamento destes hormnios, e
como estes interagem entre siresultando no crescimento das aves.
Hodik et al. (1997) estudaram como o
cGH afeta a proliferao e diferenciao
das clulas satlites dos msculos
esquelticos em um ensaio in vitro.
Estes pesquisadores demonstraram a
interao entre o cGH, IGF I e o fator
de crescimento fibroblstico bsico(bFGF). Tanto o bFGF quanto o cGH
induzem a expresso de receptores para
o cGH (cGH-R). Porm, o bFGF induz
uma sntese mais rpida dos receptores
cGH-R que o prprio cGH. Portanto,
podem haver outros fatores ainda no
estudados que conjuntamente ao cGH
so preponderantes sntese de
receptores cGH-R. Isto denota que a
injeo artificial destes hormnios pode
no ser efetiva devido falta de
estmulo sntese destes receptores
especficos (cGH-R). A sntese destes
receptores pode depender de outros
fatores que no so desencadeados pela
simples administrao de um nico
hormnio em especfico.
McGuinness & Cogburn (1991)
pesquisaram a ao do hormnio do
crescimento similar a insulina
recombinante humano (rhIGF-I) em
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aves de produo. Este hormnio foi
administrado, via intramuscular, na
ordem de 100 ou 200 g/kg de peso
corporal diariamente, do 11 ao 24 diade vida das aves. A administrao deste
hormnio no apresentou resultados
positivos quanto taxa de ganho de
peso e consumo das aves. Ao verificar
os nveis de GH circulantes no plasma
sanguneo, foi reportada uma
diminuio deste ao se administrar 200
g de rhIGF-I por kg de peso vivo nasaves. Isto parece demonstrar a
existncia de um feedback negativo
entre os nveis de IGF-I e a secreo de
GH via hipfise.
Variantes do hormnio do
crescimento das aves tambm foram
estudados. Burke et al. (1987)
investigaram o efeito do hormnio do
crescimento das aves recombinante
(rcGH) administrado a aves de
produo. Estes pesquisadores
verificaram aumento nos nveis de
insulina e triacilgliceris no plasma
sanguneo de frangas, o que poderia
denotar aumento nos processos
anablicos. Porm, os resultados de
tamanho de tbia, deposio de protena
na carcaa, contedo de cinzas e
reteno de nitrognio no apresentaram
diferenas significativas. Estes
pesquisadores concluram que o nvel
de cGH circulante no plasma no seria
fator limitante ao crescimento e ganho
de peso de aves. Outros pesquisadores
tambm estudaram a ao do rcGH.Peebles et al. (1988) administraram este
hormnio via endovenosa duas vezes ao
dia, do segundo ao 14 dia de vida de
frangos de corte. No foram verificados
quaisquer efeitos relacionados ao ganho
de peso e converso alimentar. Estes
autores demonstraram a ineficincia da
administrao deste hormnio sobre osfatores produtivos das aves. Outra
questo seria a grande mo de obra
empregada na administrao, duas
vezes ao dia, durante 12 dias de
desenvolvimento das aves. Este fato
inviabilizaria tal manejo do ponto de
vista comercial, mesmo se os resultados
de desempenho fossem promissores.
Vasilatos-Younken (1999) em
uma intensa reviso sobre a influncia
do GH sobre o desenvolvimento de aves
de produo, e a sua intricada relao
com IGF-I como mediador de suas
aes, concluiu que estes dois
hormnios tm efeitos diretos sobre a
proliferao das clulas satlites dos
msculos esquelticos. Entretanto, a
administrao exgena destes
hormnios no apresentou nenhum
aumento sobre a produo de msculos
esquelticos, acmulo de protena na
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carcaa, ou qualquer sinal de influncia
sobre o anabolismo de msculos
estriados em aves de produo nos
artigos pesquisados.Os resultados a respeito da
utilizao destes hormnios podem ser
contraditrios. Leung et al. (1986) ao
tratarem aves de produo com cGH e
GH humano pancretico (hpGRF)
verificaram sensvel ganho de peso aos
14 dias de vida das aves. Porm, este
ganho de peso no se manteve at oabate das aves. Rosebrough et al. (1991)
trabalhando com doses pulsteis (123
g/kg de peso corporal/dia), por um
perodo de 10 minutos a cada 90
minutos, durante 7 dias, no verificaram
efeito desejvel no ganho de peso,
consumo ou crescimento de ossos e
msculos. Porm, observaram
diminuio na deposio de gordura
abdominal.
Ao contrrio do que se imagina,
grandes quantidades de cGH via sntese
endgena ou administrao artificial
no desejvel. Quantidades acima de
10 ng/ave de cGH resultam emfeedback
negativo sntese de IGF-I, resultando
em diminuio do crescimento celular
dos tecidos (Halevya et al., 1996).
Cogburn et al. (1989) estudaram a
administrao de 100 ou 200 gde cGH
e rcGH/kg de peso corporal,
diariamente dos 3 aos 14 dias de vida
das aves. Apesar dos nveis elevados de
GH circulante no plasma aps 4 horas
das injees, no foram encontradosquaisquer efeitos positivos no ganho de
peso das aves. Ao invs disto, foi
verificado elevado nvel de cidos
graxos no esterificados no plasma, e
consequente deposio de gordura
abdominal, na ordem de 117% superior
s aves sem administrao hormonal.
Estes pesquisadores concluram umaineficincia da administrao destes
hormnios ao tentar potencializar a
deposio de carne magra na carcaa
destas aves.
Resultados negativos tambm
foram verificados por Cravener et al.
(1989). Estes pesquisadores tambm
no verificaram quaisquer efeitos
positivos ao administrar cGH via
subcutnea com veculo oleoso de
liberao lenta. Estes pesquisadores no
observaram diferenas nos padres de
ganho de peso, consumo e crescimento
sseo, apesar da elevao da
concentrao de GH no plasma destas
aves 24 horas aps a administrao do
hormnio. Entretanto, verificaram um
rendimento de carcaa e tamanho do
fgado inferiores s aves sob tratamento
hormonal. Isto denota que a
administrao deste tipo de hormnio
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pode piorar os parmetros de
desempenho das aves e
comprometimento do desenvolvimento
dos rgos.A maneira como a dosagem
realizada tambm foi estudada por
Moellers & Cogburn (1995), os quais
testaram infuso contnua de cGH na
dosagem de 120g/kg de peso corporal
ao dia, ou em pulsos 15 g/kg de peso
corporal em intervalos de 3 horas. Foi
verificado aumento na deposio degordura abdominal de 13% no caso da
infuso contnua e 17% no caso da dose
pulstil de cGH, sem diferenas no
ganho de peso, reduzindo-se desta
forma o contedo de protena corporal e
cinzas da carcaa. Mesmo que tal
procedimento fosse vivel tecnicamente
em sistemas de produo, com estes
resultados provada a ineficincia da
administrao destes hormnios.
Cravener et al. (1990) reportaram
resultados ainda mais preocupantes em
relao administrao contnua de GH
em aves de produo. Estes
pesquisadores verificaram decrscimo
na taxa de transcrio de cidos
nuclicos, e induo de hepatomegalia
nas aves testadas. Vasilatos-Younken et
al. (1988) tambm verificaram sinais de
hepatomegalia ao administrar cGH via
catteres intravenosos por 10 minutos, a
cada 90 minutos, durante 21 dias
consecutivos em frangas de oito
semanas de idade. Uma explicao pode
ser o fato de que a concentrao doRNAm para IGF-I em aves tratadas com
cGH o dobro em tecidos como de
rgos como bao e fgado que em
outros rgos (Rosselot et al., 1995).
Estes fatos levam a acreditar que, mais
do que no funcionar como promotor de
ganho de peso, a administrao de
hormnios pode levar aocomprometimento da sade das aves.
3.2 Hormnios Esteroidais
Hormnios esteroidais so os
mais comumente relacionados como
residuais na carne de frango de corte,
sobretudo a suposta presena de
estrognio nos cortes de asas de frango.
Estudos avaliando o uso de hormnios
esteroidais para aves so menos
frequentes que em mamferos,
principalmente devido ao baixo sucesso
das pesquisas (Sheuermann et al.,
2012). No entanto, a utilizao destes
hormnios exgenos na produo
avcola dificilmente demonstra
resultados positivos.
Fennell & Scanes (1992)
estudaram o efeito de implantes
silsticos em frangos de corte machos e
fmeas, castrados ou no, contendo
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testosterona e seus anlogos (5-
dihidrotestosterona - 5-DHT; e 19-
nortestosterona (19-NorT)). Estes
verificaram efeitos andrognicosdiferenciados, apresentando a seguinte
sequncia de atividade: 5-DHT>
testosterona >19-NorT. Foi verificada
grande ao andrognica da ao destes
hormnios, induzindo o crescimento de
cristas e barbelas. Entretanto, no foram
verificadas quaisquer atividades
anablicas destes hormnios para asaves, ao contrrio, prejudicou o seu
desenvolvimento. Todos os andrgenos
apresentaram supresso no crescimento
muscular e esqueltico, concluindo que
a administrao destes hormnios
andrognica, mas no anablica para as
aves.
Pesquisando o efeito da
castrao e adio de implantes de
colesterol, testosterona, 5-
dihidrotestosterona (5-DHT) e 19-
nortestosterona (19-NorT), Chen et al.
(2010b) verificaram aumento no peso
do msculo da coxa em animais com
implantes de 19-NorT, e decrscimo em
aves implantadas com colesterol. Aves
implantadas com 5-DHT e 19-NorT
apresentaram menor quantidade de
gordura no msculopectoralis major, e
maior atividade da enzima miosina
ATPase. A atividade desta enzima est
correlacionada positivamente com o
tipo de contrao rpida dos msculos
(fibras brancas), e inversamente
correlacionada ao de contrao lenta(fibras vermelhas) (Brny, 1967). Isto
caracteriza que os hormnios esteroidais
podem alterar a composio da
musculatura das aves, porm, implantes
desta natureza esto distantes da
realidade da indstria avcola devido ao
alto custo, e impacto ao ganho de peso
devido aos processos ps-operatrios.Outra questo a influncia da
administrao destes hormnios via
implantes sob o acmulo de gordura
abdominal. Chen et al. (2010a)
reportaram alto acmulo de gordura
abdominal em aves implantadas com
19-NorT. O acmulo de gordura
abdominal extremamente
desinteressante e antieconmico
indstria avcola, sendo mais um fator
para a no utilizao de implantes desta
natureza.
Estudos semelhantes tambm
foram conduzidos com perus (Harvey
et al., 1979). Perus fmeas foram
implantadas na 3 e 11 semanas de vida
com implantes contendo testosterona.
Os nveis sricos de GH foram
monitorados e apresentaram correlao
positiva realizao dos implantes,
porm, no foram verificados nenhum
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resultado consistente em relao ao
ganho de peso e desempenho das aves.
Com isso, pode-se concluir que alm de
no efetivos, no objetivo de aprimorar odesempenho de aves, os implantes com
hormnios esteroidais apresentam-se
caros e antieconmicos.
3.3 Hormnios da Tireide
A importncia dos hormnios
produzidos pela glndula tireide sobre
o metabolismo das aves foidemonstrada por Moore et al. (1984).
Estes pesquisadores verificaram severa
deficincia do desenvolvimento
muscular ao realizar tireidectomia em
aves. King & King (1973) verificaram
resultados semelhantes ao induzir
hipotiroidismo em aves ao administrar
propiltioracil em aves de produo. Ao
retirar o tratamento com o frmaco, e
utilizar hormnios tiridais exgenos,
os nveis sricos destes hormnios
retornaram ao normal, bem como o
desaparecimento dos efeitos deletrios
do hipotiroidismo.
Pesquisas a respeito da
utilizao de hormnios da glndula
tireide para a promoo de
desempenho das aves so raras,
principalmente devido ineficincia da
tcnica. May (1980) realizou um ensaio
de crescimento adicionando 3,5,3'-
triiodotironina (T3), tiroxina (T4), e um
anlogo T3 (3,3',5'-triiodotironina),
em raes de frango de corte. As
pesquisas no apontaram qualquereficincia na administrao desses
hormnios sobre o desempenho das
aves. Estes resultados inferem que
tambm esta categoria de hormnios
no pode ser utilizada no intuito de
promover a performance de aves de
produo.
4. A Razo do Alto Crescimento das
Aves
A pergunta que os consumidores
frequentemente realizam sobre a
produo de frangos , se no existe
hormnio, como explicar o fantstico
crescimento dos frangos, que podem ser
abatidos com apenas 42 dias? Tal fato
pode ser explicado por meio dos
avanos nas reas de gentica, nutrio,
sanidade, manejo e ambincia (Bellaver,
2006; Penz, 2012; Sheuermann et al.,
2012). As linhagens comerciais de
frango de corte apresentam ganhos
genticos considerveis todos os anos,
produzindo aves cada vez mais
produtivas e precoces (Martins et al.,
2012). A pesquisa gentica com aves se
d mais intensamente que em qualquer
outra espcie animal, devido a um
menor intervalo entre geraes e maior
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nmero de descendentes que em outras
espcies de interesse zootcnico
(Bellaver, 2006). Com isso, estas aves
se tornam cada vez mais exigentes nosquesitos de manejo, nutrio, sanidade e
bem estar; desta maneira, implicando
em pesquisas e avanos tambm nestas
reas, a fim de acompanharem estes
avanos.
O impacto dos avanos
genticos foi evidenciado por
Havenstein et al. (2003a,b). Em doistrabalhos estes pesquisadores avaliaram
frangos de uma linhagem comercial
do ano de 2001 e aves de um banco de
genes onde no sofreram quaisquer
avanos genticos desde 1957,
alimentadas com dietas confeccionadas
para atender s exigncias das linhagens
comerciais contemporneas a 2001 e
dietas relativas s utilizadas em 1957.
Foram avaliados parmetros de
desempenho, viabilidade e de carcaa.
Em relao ao ganho de peso, verificou-
se pequena diferena no desempenho
referente ao impacto causado pela rao
moderna comparada de 1957 (10 a
15%) (Tabela 1). O maior avano foi
observado pela diferena na gentica,
resultando em ganhos de at 320%. Os
ganhos genticos foram preponderantes
tambm em relao aos parmetros de
carcaa, resultando em um rendimento
de peito 60% superior nas linhagens
modernas, quando comparadas gentica de 1957 (Havenstein et al.,
2003b).
5. Resduos de Hormnios na Carcaa
No se sabe ao certo como
surgiu a ideia da presena de resduos
hormonais provenientes de suposta
utilizao na produo avcola(Bellaver, 2006). O fato que tal
sofisma est enraizado na cultura
popular de tal forma que seria quase
impossvel retroceder tal quadro. Com o
objetivo de avaliar a opinio do
consumidor de uma cidade do interior
do estado de So Paulo, Alves et al.
(2009) evidenciaram tal fato. Em sua
pesquisa 68% dos entrevistados
afirmaram j ter ouvido falar da
existncia de resduos de hormnios na
carne de frango (Tabela 2).
Curiosamente que, apesar de
tal crena, isto no influenciou de
maneira significativa na escolha de
consumo. Nesta entrevista, 98% das
pessoas admitiram consumir
periodicamente carne de frango.
O fato que a presena destes
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Tabela 1. Peso corporal (em g) de frangos de corte de linhagens, e sob dietas
correspondentes aos anos de 1957 e 2001
Linhagem DietaDias de vida
21 42 56 70 842001 2001 743 2.672 3.946 4.808 5.520
2001 1957 612 2.126 2.984 3.844 4.480
1957 2001 195 578 886 1.226 1.611
1957 1957 176 539 809 1.117 1.430
Fonte: Havenstein et al. (2003a)
Tabela 2. Caracterizao do consumidor de Dracena (SP) sobre o mito da presena de
hormnios na carne de frango
Sexomasculino 36%
feminino 64%
Idade
49 anos 26%
Escolaridade
analfabetos 2%
fundamental incompleto 6%
fundamental 10%
ensino mdio incompleto 6%
ensino mdio 36%
superior incompleto 6%
superior 34%
Consomem carne de frango
regularmente
sim 98%
no 2%
Vem diferena na criao de
frango atual
sim 66%
no 34%
Presena de hormnio na carnesim 68%
no 32%
Fonte: Alves et al. (2009)
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hormnios na carne bovina, suna, de
aves, no leite e nos ovos considerada
vestigial de concentrao muito
pequena (Hartmann et al., 1998). Apresena destes traos hormonais,
principalmente de esteroides, devido
ao metabolismo natural destes animais e
no adio indiscriminada em raes,
ou por outras vias como imagina o
grande pblico. Hartmann et al. (1998)
reportaram algumas concentraes nos
mais variados alimentos, inclusive emfontes vegetais, reportaram em mdia as
seguintes concentraes: 10 gd1
progesterona, 0,05 g d1 testosterona,
0,1 g d1 estrgenos, 0,5 g d1
DHEA. Concluram em seu trabalho
que tais concentraes seriam
insignificantes comparados aos volumes
sintetizados diariamente pelo corpo
humano. Uma curiosidade deste
trabalho que, fontes de alimentos
vegetais conteriam a mesma quantidade
de esteroides (fitoestrgenos, anlogos
vegetais aos estrgenos) que a carne
bovina e o leite. Tal fato poderia levar
falsa argumentao de que a carne de
frango seria problemtica quanto a estes
hormnios, devido ao frango consumir
estes ingredientes vegetais (farelo de
soja). A primeira barreira para reduzir
este efeito est no metabolismo da
prpria ave, e a passagem destes
esteroides pelo fgado, transportados
pelas lipoprotenas de muito baixa
densidade (VLDL) (Macari et al.,
2002). Uma segunda etapa seria que,cerca de 90% dos esteroides ingeridos
so desativados quando passam pelo
fgado humano (Hartmann et al., 1998).
Os profissionais da nutrio humana
constantemente tm recomendado o
consumo de aves ditas caipiras ou
orgnicas sob o falso pretexto de
conter um menor contedo dehormnios, sobretudo o estrgeno
(Penz, 2012). Entretanto, tais
argumentos se mostram falaciosos
devido falta de embasamento
cientfico. No Egito, Sadek et al. (1998)
analisaram a carne e fgados de frangos
oriundos de produo industrial, e os
chamados de quintal e chegaram a um
resultado intrigante. O contedo de
estrgenos na carne de frangos oriundos
da avicultura moderna era cerca de trs
vezes menor que o encontrado nos
tecidos dos animais criados solta
(Tabela 3). Este fato pode ser
plenamente explicado sob a luz dos
conhecimentos de fisiologia das aves.
Aves de produo, apesar do seu rpido
crescimento, atingem a maturidade
sexual prximo s 18 semanas de vida
(Macari et al., 2002). Com isso, as aves
de crescimento lento esto muito mais
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prximas maturidade sexual com o
advento do abate, resultando em nveis
hormonais maiores em seus tecidos que
aves abatidas precocemente.
6. Consideraes Finais
A utilizao de hormnios
exgenos na criao de frangos de corte
ilegal e invivel tanto tecnicamente
quanto economicamente. O mito da
existncia de resduos hormonais
disseminado intensamente na populaobrasileira. Para reverter este quadro de
desinformao preciso que no s a
imprensa especializada, como tambm
os meios comuns de comunicao sejam
atores na veiculao de fatos verdicos,
de cunho cientfico, sobre o assunto.
7. RefernciasALVES, L.C.; CUENCAS, C.D.C.;POLLI, D. et al. Caracterizao doconsumidor de Dracena sobre o mito da
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Tabela 3. Contedo de estradiol (g/kg) no msculo e fgado de frangos de corte
Bairros de Alexandria -
EgitoTecido
Amostras
Supermercados Criao prpria
El-Amria Msculo 0,412 1,300
Fgado 1,462 1,821
El-Gomrok Msculo 0,706 0,865
Fgado 1,180 4,216
Oeste Msculo 0,206 0,582
Fgado 0,912 1,500
Centro Msculo 0,721 1,040
Fgado 0,312 1,170
Leste Msculo 0,308 0,521
Fgado 0,602 2,461
Montaza Msculo 0,312 0,708
Fgado 0,580 1,402
Fonte: Sadek et al. (1998)
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