HOMERO GUSTAVO FERRARI PADRONIZAÇÃO DE TESTES...

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i HOMERO GUSTAVO FERRARI PADRONIZAÇÃO DE TESTES ESPECÍFICOS ATADOS E LIVRES, PARA DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS AERÓBIOS EM CANOAGEM SLALOM: RELAÇÕES COM O DESEMPENHO CAMPINAS 2014

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HOMERO GUSTAVO FERRARI

PADRONIZAÇÃO DE TESTES ESPECÍFICOS ATADOS E LIVRES, PARA DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS AERÓBIOS EM CANOAGEM SLALOM: RELAÇÕES COM O DESEMPENHO

CAMPINAS 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Educação Física

HOMERO GUSTAVO FERRARI

PADRONIZAÇÃO DE TESTES ESPECÍFICOS ATADOS E LIVRES, PARA DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS AERÓBIOS EM CANOAGEM SLALOM: RELAÇÕES COM O DESEMPENHO

Tese apresentada à Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutor em Educação Física, na área de concentração Biodinâmica do Movimento e Esporte.

Orientadora: PROFª DRª FÚLVIA DE BARROS MANCHADO GOBATTO

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE A VERSÃO FINAL DA TESE DE DOUTORADO

DEFENDIDA PELO ALUNO HOMERO GUSTAVO FERRARI, E ORIENTADA PELA PROFª DRª

FÚLVIA DE BARROS MANCHADO GOBATTO.

CAMPINAS

2014

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RESUMO

Introdução: a canoagem slalom é um esporte olímpico desde de 1992 e que cresce a cada ano no mundo todo. No entanto, poucas informações científicas têm sido encontradas na literatura, sobretudo, em relação a avaliação fisiológica e treinamento. Objetivo: padronizar testes específicos em remada atada e livre para avaliação da aptidão aeróbia de canoístas slalom de elite e verificar a correlação dos índices de aptidão aeróbia fornecidos pelos testes com o desempenho em prova simulada. Métodos: a amostra foi composta por 12 atletas pertencentes a Seleção Brasileira Permanente de Canoagem Slalom com idade média 18 ± 2 anos. Os testes de canoagem atada foram realizados com o auxílio de um aparato denominado Sistema de Medição de Força Atado (SIMFA), composto por célula de carga e módulo amplificador de sinais. Todas as avaliações foram realizadas em piscina de 25m e sob caiaque modelo K1. A máxima fase estável de lactato (MFEL) atada foi determinada a partir de três intensidades que variaram de 35,5N à 70,3N. Para a obtenção da força crítica (FC) foram utilizadas quatro cargas preditivas e ajustes matemáticos hiperbólico (FChiper) e linear (FClin). As avaliações em remada livre (velocidade crítica (VC) e MFEL) foram realizadas em lagoa. A VC foi obtida pelo modelo “distância vc. tempo” utilizando desempenhos máximos nas distâncias de 300, 450 e 600 metros. Para determinar a iMFEL os atletas foram submetidos a três testes contínuos com duração de 30 min, separados por intervalo de 24 horas entre eles, realizados em sistema de vai e vem na distância de 50 metros. Como indicador de desempenho adotou-se o tempo em prova simulada de canoagem slalom (TP), executada em canal artificial. Em adição o lactato sanguíneo (LACsang) pós prova foi mensurado. Resultados: os principais resultados das avaliações atadas, indicam não haver diferença entre a iMFEL e FChiper e entre FChiper e FClin, no entanto, a FClin foi significantemente maior que iMFEL. A FChiper foi altamente correlacionada com iMFEL (r= 0,78, p=0,002), bem como iMFEL foi correlacionada com desempenho (r = -0,67, p=0,016). Em relação as avaliações livres os resultados revelaram não haver diferença significativa entre a intensidade de VC (7,77 ± 0,28 Km/h) e iMFEL (7,50 ± 0,32), além disso, correlação significativa foi encontrada entre a intensidade de VC e desempenho em prova simulada (r= 0,84, p=0,03). Conclusões: em relação as avaliações atadas, foi possível padronizar testes atados para avaliação aeróbia de canoístas slalom, utilizando as metodologias de MFEL e FC, e também a possibilidade de utilizar o parâmetro aeróbio obtido pelo modelo de FC como uma avaliação não invasiva para estimar a MFEL. Já em relação as avaliações livres a VC obtida pelo modelo distância-tempo é válida para estimar a iMFEL em canoístas slalom de elite, além de se correlaciona com o desempenho em prova simulada.

Palavras-chave: Canoagem slalom, máxima fase estável de lactato, força crítica e desempenho.

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ABSTRACT

Introduction: canoe slalom is an Olympic sport since 1992 and that grows every year worldwide. However, limited scientific information has been found in the literature, especially in relation to training and evaluation physiological. Purpose: Standardize tethered specific tests and free tests for assessment of aerobic fitness elite slalom kayakers and additionally verify the correlation between indexex of aerobic fitness provided by tests with performance in simulated slalom race. Methods: the sample was composed of 12 athletes from the Canoe Slalom Brazilian Team with a mean age 18 ± 2 years. The tethered specific testst was performed using a denominated Tethered Canoe System (TCS) constructed specifically for this purpose composed of a load cell and signal amplifier module. All assessments were conducted in a 25-meter outdoor swimming pool using K1 kayak model. The tethered maximal lactate steady state (MLSS) was determined from three intensities ranging from 35,5N the 70,3N. Four predictive loads were used to obtain the critical force (CF) using two mathematical adjustments, hyperbolic (CFhiper) and linear (CFlin). Free specific tests assessments (critical velocity (CV) and MLSS) were performed in lake. The CV has been obtained by "distance-time" model using maximum performance at distances of 300, 450 and 600 meters. To determine the iMLSS athletes underwent three continuous lasting 30 min, separated by 24-hour interval between them, performed using a kayak “shuttle” exercise, with a 50-m course. The simulated race was conducted on a white water course and as performance indicator the total race time (Trace) was adopted. In addition, the blood lactate (LACsang) post race was measured. Results: the main results of tethered evaluation, indicate that the CFlin and CFhiper intensities did not differ, as well as CFhiper and iMLSS. However, CFlin was significantly higher than iMLSS. The iMLSS and CFhiper intensities were significantly correlated (r= 0.82, p=0.002) well as iMFEL was correlated with performance (r = -0.67, p = 0.016). Regarding the free evaluations, the results showed no significant difference between the intensity of CV (7.77 ± 0.28 Km / h) and iMLSS (7.50 ± 0.32) Moreover, a significant correlation was found between intensity CV and simulated race performance (r = 0.84, p = 0.03). Conclusions: regarding the tethered specific tests , was possible to standardize tests for aerobic evaluation in slalom kayakers, using the MLSS and CF methodologies and also the possibility to use the aerobic parameter obtained by the FC model as a noninvasive evaluation to estimate MLSS. In relation the free specific tests, the CV obtained by the distance-time model is valid for estimating the iMLSS in elite slalom kayakers and is correlated with performance in simulated race. Keywords: Canoe Slalom, maximal lactate steady state, critical power and performance.

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SUMÁRIO Pag.

1 INTRODUÇÃO GERAL.......................................................................... 01 2 OBJETIVOS E HIPÓTESES.................................................................. 07 3 MÉTODOS.............................................................................................. 08 3.1 Amostra............................................................................................. 08 3.2 Aspectos Éticos................................................................................. 08 3.3 Locais utilizados para as padronizações e avaliações..................... 08 3.4 Delineamento Experimental.............................................................. 10 3.5 Desenvolvimento dos instrumentos/equipamentos necessários para a avaliação de parâmetros aeróbios em canoagem slalom de modo atado.........................................................................................

10

3.5.1 Estabilidade do caiaque................................................................ 13 3.5.2 Diâmetros e espessuras do cabo elástico (tubo de látex)............. 16 3.6 Especificações das avaliações atadas.............................................. 22 3.7 Determinação da força crítica e capacidade de remada anaeróbia por método exaustivo................................................................................ 24

3.8 Determinação da máxima fase estável de lactato em remada atada 25 3.9 Prova simulada de canoagem slalom................................................ 26 3.10 Equipamentos utilizados para os testes e simulação de prova....... 27 3.11 Antropometria.................................................................................. 28 3.12 Procedimentos estatísticos.............................................................. 29 4 RESULTADOS ..................................................................................... 30 4.1 Artigo 1. Testes de maxima fase estável de lactato e força critica aplicados a canoistas de elite utilizando sistema de canoagem atada.....

31

4.2 Artigo 2. Velocidade crítica estima a máxima fase estável de lactato e é correlacionada com o desempenho de canoístas slalom de elite........................................................................................................

51

5 DISCUSSÃO GERAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS............................. 69 6 CONCLUSÕES FINAIS......................................................................... 70 7 REFERÊNCIAS DA TESE..................................................................... 71 8 APÊNDICE............................................................................................. 79

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais, Orestes e

Ondina e de modo especial à minha esposa Renata pelo amor incondicional, carinho, apoio e incentivo e ao meu filho Enzo, que me inspira e me fortalece a cada dia. Vocês são as pessoas mais importantes da minha vida, amo vocês e que Deus abençoe a todos.

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AGRADECIMENTOS

À Deus pelo dom da vida e a Nossa Senhora Aparecida pela luz que me guia;

Aos meus pais, Orestes e Ondina pelo amor e carinho dedicados a mim, pela

minha formação pessoal e por tudo que fizeram, fazem e ainda farão por mim.

Muito obrigado;

Ao meu irmão Orestes, minha cunhada Isabel e minhas sobrinhas Antonella e

Vitória, que tenho certeza, sempre torceram por mim;

À minha esposa Renata pelo amor incondicional, paciência, compreensão e

incentivo a esse trabalho;

Ao meu filho Enzo pela alegria e força inspiradora que me proporciona a todo

instante;

À minha ex-colega de trabalho, amiga e orientadora Profª Drª Fúlvia de Barros

Manchado Gobatto, pessoa admirável por sua extrema competência profissional

e, sobretudo pela pessoa especial que é, e que se destaca entre outras virtudes,

pela capacidade incrível em servir as pessoas ao seu redor. Muito obrigado por

ter me aceitado como orientando, saiba que para mim é um enorme prazer;

Ao Prof. Dr. Claudio Alexandre Gobatto, pessoa gentil e profissional de extrema

competência, que abriu as portas do LAFAE para que esse trabalho pudesse ser

desenvolvido;

Ao parceiro de projeto Leonardo e aos amigos Ivan, Filipe e Camila que nos

auxiliaram na odisseia das coletas em campo;

A todos os amigos do LAFAE pela convivência agradável e edificante;

Às Faculdades Integradas Einstein de Limeira pela oportunidade no

desenvolvimento de minha carreira docente;

Ao Prof. Macário, pelo convívio e por tudo que tem feito por mim;

A Confederação Brasileira de Canoagem, sobretudo, ao supervisor da

Canoagem Slalom o Sr. Argos Rodrigues pela confiança nesse trabalho;

Aos técnicos da Seleção Brasileira Permanente de Canoagem Slalom, Ettore e

Guile e de maneira especial a todos os atletas que brilhantemente participaram e

literalmente deram o sangue por esse trabalho;

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Aos órgãos de fomento CNPq, FAPESP e FAEPEX/UNICAMP pelo auxílio

financeiro do projeto;

A todas as pessoas que de alguma maneira me apoiaram, torceram e ajudaram

para que esse trabalho pudesse ser concretizado, o meu MUITO OBRIGADO E

QUE DEUS ABENÇOE A TODOS !

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LISTA DE FIGURAS DA TESE

Figura 1. Locais utilizados para o estudo.................................................... 09

Figura 2. Modelo esquemático do sistema original que seria desenvolvido e utilizado para a determinação da força em testes específicos atados para canoagem slalom..............................................

11

Figura 3. Ventosa por sucção para transporte de chapas de vidro............ 12

Figura 4. Ventosa com adaptações e presa a piscina com célula de carga acoplada pronta para uso..............................................................

12

Figura 5. Fixação do cabo elástico na cintura do atleta............................ 14

Figura 6A. Protótipo de quilha desenvolvida manualmente para ser acoplada ao caiaque e possibilitar a redução de seu deslocamento lateral. 6B. Quilha em fibra de vidro, construída sob medida para ser inserida em caiaque durante as avaliações atadas..................................

15

Figura 7A. Cabo elástico utilizado para os testes atados de Fcrit e MFEL. 7B. Resultados da curva de calibração referente ao alongamento do cabo elástico.....................................................................................

16

Figura 8. Representação esquemática da disposição dos cones na borda da piscina para o monitoramento da intensidade.............................

17

Figura 9A. Modelo referencial para o atleta controlar a intensidade e para o observador, na borda da piscina, aplicar os critérios de exaustão. 9B. Referencial para o observador aplicar critério de exaustão.................

18

Figura 10A. Estratégia utilizada para controle da intensidade de esforço. 10B. Aparato confeccionado em tubo PVC, atrelado a um cone, sinalizando o local onde o atleta deveria se manter durante a intensidade de esforço imposta.................................................................................

19

Figura 11. Sistema para o controle de intensidade e critério de exaustão, composto por uma placa reflexiva, sensor fotoelétrico aplicado ao barco e uma buzina para emissão de sinais sonoros.........................................

21

Figura 12. Sistema de controle de intensidade e critério de exaustão em uso........................................................................................................

22

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Figura 13A. Componentes da parte de captação e processamento de sinais do SIMFA. 13B. Componentes do sistema de controle da intensidade do SIMFA............................................................................

23

Figura 14A. Desenho esquemático do SIMFA com todos seus componentes. 14B. SIMFA em condições reais de uso............................

24

Figura 15. Exemplo esquemático da determinação de Fcrit, CRA e MFEL, com a utilização de cabos elásticos..............................................

24

Figura 16. A) Determinação da FCRIT e CRA de acordo com o modelo hiperbólico. B) Determinação da FCRIT e CRA de acordo com o modelo linear.....................................................................................................

25

Figura 17. A) Visão geral do canal utilizado para a simulação. B) Registro do GPS do trajeto percorrido pelo atleta.....................................

27

Figura 18. Caiaque utilizado para as avalições atadas..............................

28

LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO 1

Figura 1. Sistema de medição de força atado utilizado............................. 38

Figura 2. Representação gráfica de registro de força e resposta de lactato sanguíneo do teste de MFEL atado de um atleta. Painel A. Intensidade referente ao alongamento de 3,5 metros de corda elástica com estabilização do lactato (< 1,0 mM entre 10º e 30º minuto). Painel B. Intensidade referente ao alongamento de 4,0 metros de corda elástica, com estabilização do lactato (< 1,0 mM entre 10º e 30º minuto). Painel C. Intensidade referente ao alongamento de 4,5 metros de corda elástica, sem estabilização do lactato (> 1,0 mM entre 10º e 30º minuto) e término do exercício antes dos 30 minutos (flecha indica o término do esforço).................................................................................................

41

Figura 3. A) Representação gráfica da análise gráfica de Bland e Altman obtida entre iMFEL e FCHiper e iMFEL e FCLin............................................

43

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LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO 2

Figura 1. Representação gráfica do teste de MFEL de um participante..... 60

Figura 2. Análise de concordância gráfica de Bland e Altman entre velocidade crítica (VC) e intensidade de máxima fase estável de lactato (iMFEL).................................................................................................

60

Figura 3. A) Correlação entre velocidade crítica (VC) e desempenho em prova simulada. B) Correlação entre intensidade de máxima fase estável de lactato (iMFEL) e desempenho em prova simulada..............................

61

LISTA DE QUADROS DA TESE

Quadro 1. Distribuição das avaliações realizadas....................................

10

LISTA DE TABELAS DO ARTIGO 1

Tabela 1. Tempo limite (Tlim) obtido nas cargas preditivas e comparação das intensidades obtidas pelo modelo de força crítica linear (FClin), hiperbólico (FChiper) and máxima fase estável de lactato (iMFEL)...............

42

Tabela 2. Coeficientes de correlação (r) obtidos entre Tlim e Tprova com iMFEL, FCRITLin e FCRITHiper..................................................................

43

LISTA DE TABELAS DO ARTIGO 2

Tabela 1. Comparação das intensidades entre velocidade crítica (VC) e máxima fase estável de lactato (iMFEL) e coeficiente de determinação (R2) dos ajustes matemáticos da VC.......................................................

59

Tabela 2. Variáveis de desempenho (tempo, distância e Vméd), cardiovasculares (FCméd, FCpico e %FCmáx) e metabólicas (LACpós) obtidas na prova simulada de canoagem slalom......................................

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1 INTRODUÇÃO GERAL

A Canoagem Slalom (CSlalom) é uma das disciplinas ou modalidades que compõe

o esporte Canoagem. É uma modalidade esportiva que vem crescendo

progressivamente em diversos países, incluindo o Brasil. A CSlalom faz parte do

programa oficial dos Jogos Olímpicos desde 1992 em Barcelona, antes porém, tendo

sido incluída nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972 como demonstração (MESSIAS

et al., 2014).

A CSlalom é realizada em rios naturais e/ou em canais artificiais sob embarcação

(caiaque ou canoa), onde o atleta precisa contornar "portas" com exercícios de

deslocamentos à favor e contra corrente, com presença de condições naturais como

ondas, quedas e muita correnteza (MICHAEL, 2009). Atualmente os percursos de

CSlalom giram em torno de ~300 metros, não podendo exceder 450 metros (ICF, 2009),

com duração entre 90 a 120 segundos (MESSIAS et al., 2014).

Apesar da CSlalom ser uma modalidade olímpica há mais de 20 anos, poucas

informações científicas são observadas na literatura. Uma revisão de literatura

recentemente publicada pelo nosso grupo (MESSIAS et al., 2014) confirma essa

afirmação. Em uma ampla revisão realizada entre os anos de 1971 e 2013, somente 21

artigos de qualidade internacional foram encontrados, e desses, mais da metade foi

publicada a partir dos anos 2000 (MESSIAS et al., 2014). Ainda sobre a revisão, do

total de estudos, 19% foram de alguma forma relacionados a aspectos fisiológicos e

somente 5% sobre treinamento, entretanto, nenhum deles abordando ou sugerindo

testes ou protocolos de avalição aeróbia aplicados a CSlalom, o que demostra a

originalidade e relevância do presente projeto para o avanço do conhecimento em

ciências do esporte e, sobretudo, para a modalidade.

As avaliações fisiológicas dentro do âmbito esportivo podem ser aplicadas com

diferentes propósitos, com destaque para a prescrição e controle dos efeitos de

treinamento, dessa forma, é possível identificar falhas no processo de treinamento e

corrigi-las a tempo. A avaliação aeróbia é importante para muitas modalidades

esportivas, tanto as que o metabolismo aeróbio é determinante do desempenho ou não.

A competição de Cslalom tem se mostrado bastante intensa fisiologicamente com

grande resposta cardiovascular e metabólica, com significante contribuição dos

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metabolismos aeróbio e anaeróbio (~50% para ambos) para o fornecimento energético

(ZAMPARO et al., 2006). Essas informações em conjunto sugerem a importância do

treinamento aeróbio nessa modalidade.

Portanto, diante dessas informações é evidente a importância de se identificar

um índice aeróbio, como o limiar anaeróbio (LAn) para a prescrição individualizada de

intensidades do treinamento tanto predominantemente aeróbias abaixo do LAn como

anaeróbias acima do LAn em canoístas slalom.

Há muitas décadas, a avaliação aeróbia tem sido objeto de estudo de muitos

estudos pesquisadores, na tentativa de entender melhor alguns índices fisiológicos de

aptidão aeróbia como consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e LAn e propondo

diversos testes ou protocolos diretos ou indiretos, invasivos e não invasivos para a sua

mensuração.

O LAn pode ser considerado um fenômeno fisiológico relacionado à capacidade

aeróbia, que identifica uma zona de transição entre as predominâncias dos

metabolismos aeróbio e anaeróbio durante o exercício. Pode ser mensurado de

maneira não invasiva por respostas ventilatórias durante o exercício (WASSERMAN e

McILROY, 1964) e invasivas pela resposta do lactato sanguíneo (LACsang) (BENEKE,

2003). Existe um forte consenso na literatura de que o “padrão ouro” para identificar o

LAn seja a máxima fase estável de lactato (MFEL) (BENEKE, 2003; BILLAT et al.,

2003). A MFEL representa, efetivamente, a mais alta intensidade de exercício na qual

ainda é possível verificar a estabilização do LACsang em exercícios de longa duração,

proveniente do equilíbrio entre produção e remoção desse metabólito (BENEKE, 2003;

BILLAT et al., 2003). O protocolo para a determinação da MFEL consiste na aplicação

de diversas intensidades constantes com duração de 30 minutos, realizadas em dias

separados. Em cada uma das intensidades são coletadas amostras sanguíneas em

momentos pré-determinados, usualmente a cada cinco ou dez minutos de esforço, para

a posterior observação da curva lactacidêmica. A vantagem da aplicação de testes para

determinar a MFEL é a identificação individual e mais fidedigna da capacidade aeróbia.

Por esse motivo, o método vem sendo utilizado na validação de outros protocolos

aeróbios para a avaliação humana (BILLAT et al., 2003; BENEKE, 2003) e em modelos

animais (MANCHADO et al, 2006, MANCHADO-GOBATTO et al, 2011).

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Diversos métodos de análise são utilizados para detecção de MFEL. Em um de

seus estudos, Beneke (2003) testou a variação da MFEL de acordo com a duração das

séries de esforços contínuos, aplicando cinco testes em cicloergômetro, em dias

distintos e com duração de 30 minutos. A MFEL foi determinada utilizando critérios de

variação inferior a 1mM do 10º ao 30º minuto de exercício, alteração menor que 0,5 mM

do 10º ao 20º minuto e alteração inferior a 0,2 mM do 10º ao 20º minuto. Os resultados

desse estudo demonstraram existir diferenças entre os critérios de determinação da

MFEL, sugerindo melhores resultados com o critério de variação lactacidêmica igual ou

inferior a 1mM, do 10º ao 30º minuto de exercício. Além disso, o tempo de pausa para

coletas de sangue pode interferir no resultado da MFEL, sendo que pausas maiores

geram intensidades também maiores de MFEL (BENEKE et al., 2003).

Alguns achados também apontam para a existência de ergômetro-dependência

na determinação de MFEL (BENEKE 1995; MANCHADO et al., 2006), o que implica em

cuidados na generalização de informações equivocadas à cargas de treinamento

prescritas pela concentração de lactato sanguíneo. Desse modo, o ideal quando

objetiva-se padronizar ou prescrever exercícios com base na MFEL, é adaptar o método

à especificidade da modalidade.

Entretanto, diante dessas considerações sobre a MFEL e analisando a dinâmica

do esporte atual, sobretudo, o alto rendimento, a sua aplicação se torna muito limitada

diante dos diversos fatores envolvidos na rotina de treinamento como periodização do

treinamento, viagens, estudo e aspectos sociais e psicológicos dos atletas. Assim, no

âmbito do esporte de alto rendimento, testes e avalições fisiológicas devem ser

preferencialmente práticas, não demandar muito tempo, apresentar baixo custo e

oferecer indicadores confiáveis para prescrição e avaliação do treinamento. O caráter

invasivo das avaliações também deve ser considerado. Nesse sentido, outras

metodologias que possam atender a essas demandas do esporte de alto rendimento

podem, potencialmente, muito mais atraentes, como, por exemplo, a potência crítica

(PCRIT).

O conceito de PCRIT foi proposto incialmente por Monod e Scherrer (1965)

verificando uma relação hiperbólica entre uma determinada potência desenvolvida e

seu respectivo tempo de exaustão em grupos musculares isolados. O ajuste da função

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hiperbólica ‘intensidade vs. tempo de exaustão’ à dados experimentais revelou a

existência de uma assíntota denominada PCRIT que corresponde, teoricamente, a mais

alta intensidade em que o exercício pode ser realizado sem exaustão, representando

assim, um parâmetro aeróbio (MONOD e SCHERRER, 1965). Acima dessa potência,

há a utilização de um estoque limitado de energia anaeróbia para atender as

necessidades adicionais do esforço. Segundo o modelo de PCRIT, o esgotamento

desse estoque, denominado capacidade de trabalho anaeróbio (CTA), conduz o

executante à exaustão (BISHOP et al., 1998). Dessa forma, o modelo mencionado

apresenta a vantagem de determinar, por método matemático, tanto a capacidade

aeróbia (PCRIT) quanto o estoque de energia anaeróbia (CTA) do avaliado.

Segundo Hill et al. (2002) e Gaesser e Poole (1996), a PCRIT também

caracteriza a intensidade de transição entre as predominâncias do metabolismos

aeróbio e anaeróbio, estabelecendo a fronteira entre o domínio de intensidade pesado e

severo. É permitida a adaptação do modelo hiperbólico inicial sugerido por Monod e

Scherrer (1965), linearizando a hipérbole por três equações, nas quais há maior

facilidade para análise matemática dos dados obtidos (modelo ‘trabalho vs tempo

limite’; modelo ‘potência vs 1/tempo limite’ e modelo ‘distância vs tempo’). O método

empregado na determinação da PCRIT e CTA são simples e não invasivo, sendo

necessários apenas um cronômetro e um ergômetro. O protocolo consiste na realização

de esforços máximos executados em um ergômetro, no qual se verifica o tempo de

exercício limite (tlim) em cada intensidade ou no caso da utilização do modelo

matemático distância-tempo é necessária a realização de esforços máximos em uma

distância pré-fixada. Assim, com os registros dos tempos de exaustão para cada uma

das intensidades, são elaborados gráficos de acordo com o modelo matemático a ser

utilizado, os quais permitem, por ajuste hiperbólico ou linear, obter resultados de PCRIT

e CTA.

Hill (1993) e Bishop et al. (1998) sugerem que três cargas exaustivas distintas

são suficientes para tal determinação, desde que o tempo limite de exercício encontre-

se entre 1 e 10 minutos. No entanto, outros fatores metodológicos que potencialmente

poderiam influenciar na determinação da PCRIT têm sido estudados, com destaque

para os diferentes modelos matemáticos (BULL et al., 2000; BERGNSTROM et al.,

2014), influência dos estoques energéticos sobre os parâmetros determinados por esse

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modelo (MIURA et al., 2000), suplementação alimentar (MIURA et al., 1999), tempo de

recuperação entre cargas preditivas e familiarização ao teste (BISHOP e JENKINS,

1995) e no caso de cicloergômetro, a cadência de pedalada (HILL et al, 1995).

Em humanos, o parâmetro aeróbio do modelo de PCRIT tem mostrado

superestimar a intensidade de MFEL (iMFEL) em exercício realizado em cicloergômetro

quando comparados de maneira independente (PRINGLE e JONES, 2002; DEKERLE

et al., 2003), apesar de serem altamente correlacionados (PRINGLE e JONES, 2002; .

No entanto, a PCRIT pode estimar alguns limiares que potencialmente estimam a

MFEL, como segundo limiar ventilatório ou ponto de compensação respiratória

(DEKERLE et al., 2003) e limiares de lactato (PRINGLE e JONES, 2002; PAPOTI et al.,

2013). Somado a isso existem muitas evidências de que a PCRIT possa de fato

representar a iMFEL (POOLE et al., 1988; GINN e MACKINNON,1989; JENKINS e

QUIGLEY, 1990; POOLE et al., 1990; JENKINS et al., 1998; SMITH e JONES, 2001;

OKUNO et al., 2011) ou está muito próxima dela (JENKINS e QUIGLEY, 1990;

VAUTIER et al., 1995; BULL et al., 2000; JONES et al., 2008).

Adicionalmente, os conceitos do modelo de potência crítica podem ser

estendidos à diversas modalidades esportivas com a utilização de gestos motores e

atividades específicas do esporte, com é o caso da natação (WAKAYOSHI et al., 1992;

KOKUBUN et al., 1996; TOUBEKIS et al., 2011; PAPOTI et al., 2013), tênis de mesa

(ZAGATTO et al., 2008), futebol (SILVA et al., 2005), hockey e rugby (FUKUBA et al.,

2011) e canoagem de velocidade (MELO et al., 2002, NAKAMURA et al., 2005).

Assim como já abordado anteriormente, investigações acerca de avaliações mais

precisas, específicas e fidedignas estão sendo polarizadas no âmbito esportivo. Nesse

sentido, ergômetros adaptados à especificidade de modalidades vêm sendo propostos

na literatura. Esse fato pode ser observado, desde a confecção e utilização de

equipamentos capazes de determinar a intensidade de esforço de modo clássico, como

esteira rolante e cicloergômetro (LAKOMY, 1987), até instrumentos e recursos físicos

adaptados a diferentes esportes, como é o caso de sistemas confeccionados com

células de carga (PAPOTI et al., 2003, LIMA et al., 2011, GOBATTO et al., 2011,

PAPOTI et al., 2013). A adequação de instrumentos para a mensuração, por exemplo,

da força, pode ser aproveitada tanto para momentos de avaliação, como em ocasião de

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treinamento. Há bastante tempo atletas utilizam cabos elásticos, por exemplo, como um

meio de treinamento.

Em 1987, Lakomy propôs um ergômetro capaz de mensurar a potência e a

velocidade de corredores, efetuando corridas velozes em esteira ergométrica. Os

atletas foram submetidos a um teste em esteira, em que corriam atados por um cinto e

um cabo de aço diretamente conectado a um microcomputador. Desse modo, houve a

possibilidade de determinar, de modo mais preciso, os valores referentes à potência

máxima, média, mínima e o índice de fadiga. Após análises matemáticas, os valores

observados para parâmetros desejados mostraram que esse tipo de ferramenta poderia

ser utilizado em laboratórios para análises fisiológicas de corredores velocistas.

Procedimento similar foi aplicado por Zemková e Hamar (2004), testando atletas atados

à parede localizada atrás da esteira rolante.

Nadadores também foram avaliados de modo atado, realizando exercício em

estilo craw para detecção da aptidão anaeróbia (PAPOTI et al., 2003). Após dados

recebidos por um sensor conectado a um amplificador de sinais e transmitidos a um

microcomputador, foi possível realizar análises matemáticas para a obtenção dos

valores de potência máxima, média, mínima e índice de fadiga. Mais recentemente,

Papoti et al. (2013) utilizaram com sucesso o método atado para avaliação de

parâmetros aeróbios de nadadores, como limiar de lactato, VO2máx e força crítica.

Recentemente, Lima et al. (2011) propuseram o protocolo de corrida semi-atada

para determinação das potências máxima, média e mínima, similar ao teste de Wingate,

mas mantendo a especificidade do gesto motor dos avaliados (corrida) e o local de

treinamento (avaliações ocorrendo em pista de atletismo).

Na canoagem, especificamente na modalidade slalom, nenhum estudo

envolvendo a mensuração das condições aeróbia ou anaeróbia por testes atados foi

localizado na literatura. Acreditamos que o método atado possa ser um recurso

interessante para os procedimentos de avaliação e ainda, uma ferramenta a ser

implementada no treinamento de canoístas slalom, uma vez que o ambiente utilizado

para a sua prática (i.e. rios ou canais artificiais ambos com corredeiras) impedem a

aplicação e controle de intensidade em treinamentos com características contínuas

como o treinamento aeróbio.

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2 OBJETIVOS

Geral

Padronizar testes específicos atados e livres para avaliar a condição aeróbia de

canoístas slalom, bem como a relação desses índices com a desempenho

atlético em prova simulada dessa modalidade.

Específicos

i) Desenvolver um sistema para avaliação atada em canoístas slalom;

ii) Padronizar os protocolos de força crítica (FCRIT) exaustivo e máxima fase

estável de lactato em sistema de canoagem atada;

iii) Comparar e correlacionar os índices de aptidão aeróbia obtidos pelos

protocolos de força crítica e máxima fase estável de lactato de maneira

atada, bem como analisar as possíveis correlações entre os parâmetros

obtidos por esses protocolos com o desempenho em prova simulada de

canoagem slalom;

iv) Verificar a validade da VC em estimar a MFEL em testes específicos

livres, além de correlacionar as intensidades de VC e MFEL como o

desempenho em prova simulada.

Hipóteses

As hipóteses que permeiam o presente estudo são:

i) Será possível desenvolver sistema atado para a avaliação de canoístas, bem

como padronizar os protocolos propostos de força crítica e máxima fase estável

de lactato utilizando esse sistema;

ii) Os valores dos índices de aptidão aeróbia obtidos pelos protocolos atados não

são diferentes entre si, sendo também correlacionados;

iii) A VC estima a MFEL em teste específico livre;

iv) Os índices de aptidão aeróbia obtidos pelos protocolos atados e livres serão

correlacionados com o desempenho em prova simulada.

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3 MÉTODOS

3.1 Amostra

A amostra foi composta por 12 atletas de alto rendimento do gênero masculino,

pertencentes a Seleção Brasileira Permanente de Canoagem Slalom, com as seguintes

características: idade média 18 ± 2 anos, massa corporal 68,1 ± 0,6 kg, estatura 173,6 ±

0,6 cm e 10.3 ± 0.1% de gordura corporal. Todos os atletas possuíam experiência em

competições internacionais como a Copa do Mundo e Campeonatos Mundiais, sendo

que nove atletas se encontravam entre os 100 primeiros colocados no ranking mundial

da modalidade, no ano de realização do 2013.

3.2 Aspectos Éticos

A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP sob protocolo de número

02160812.9.0000.5404. Todos os participantes foram informados previamente de todos

os procedimentos a que seriam submetidos, bem como os riscos e, posteriormente,

todos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Na condição

de menor de 18 anos, o TCLE foi assinado por um responsável legal.

3.3 Locais utilizados para as padronizações e avaliações

Os procedimentos para a avaliação atada foram desenvolvidos no Laboratório de

Fisiologia Aplicada ao Esporte – LAFAE, localizado na Faculdade de Ciências

Aplicadas – FCA – Unicamp. As aplicações de estudos piloto para envolvendo o

sistema atado foram efetuadas na Lagoa e Rio Piracicaba, com os atletas da

Associação de Canoagem de Piracicaba – ASCAPI.

A coleta de dados do presente estudo ocorreu na cidade de Foz do Iguaçu (PR),

sede da Seleção Brasileira Permanente de Canoagem Slalom, e os locais utilizados

para as coletas foram o canal/pista artificial de Canoagem Slalom da Usina Hidrelétrica

Itaipu Binacional, onde foi efetuada a prova simulada; o lago da Usina Hidrelétrica Itaipu

Binacional, utilizado para os testes livres e uma piscina semiolímpica (25 metros)

municipal, onde foram realizados os testes atados (Figura 1).

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Figura 1. Locais utilizados para o estudo.

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3.4 Delineamento Experimental

O estudo foi composto por avaliações livres (VC e MFEL) e atadas (FCRIT e

MFEL), além de uma prova simulada de Canoagem Slalom. Os atletas realizaram um

total de 15 a 16 sessões de avaliações, divididas ao longo de 11 dias consecutivos

como exemplificado pelo Quadro 1 abaixo.

Quadro 1. Distribuição das avaliações realizadas.

DIA MANHÃ TARDE 1º Avaliação antropométrica Testes livres (carga preditiva de VC) 2º Testes livres (carga preditiva de VC) Testes livres (carga preditiva de VC) 3º Simulação de prova Descanso 4º Testes atados (carga preditiva de

FCRIT) Testes atados (carga preditiva de FCRIT)

5º Testes atados (carga preditiva de FCRIT)

Testes atados (carga preditiva de FCRIT)

6º Testes atados (MFEL) grupo 1 Testes atados (MFEL) grupo 2 7º Testes atados (MFEL) grupo 1 Testes atados (MFEL) grupo 2 8º Testes atados (MFEL) grupo 1 Testes atados (MFEL) grupo 2 9º Descanso Testes livres (MFEL)

10º Testes livres (MFEL) 11º Testes livres (MFEL)

3.5 Desenvolvimento dos instrumentos/equipamentos necessários para a avaliação de parâmetros aeróbios em canoagem slalom de modo atado.

Inicialmente, havíamos proposto o desenvolvimento de um equipamento para

realização dos testes atados, representado pela figura 2, o qual seria composto por

uma robusta estrutura metálica fixada ao solo por conjuntos de anilhas, onde o sistema

de mensuração de força seria acoplado. Essa estrutura foi pensada a partir de estudos

anteriores realizados pelo nosso laboratório (LAFAE-UNICAMP), com avaliações atadas

em nadadores de elite utilizando estrutura semelhante (PAPOTI et al., 2013).

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Figura 2. Modelo esquemático do sistema original que seria desenvolvido e utilizado

para a determinação da força em testes específicos atados para canoagem slalom.

Entretanto, após várias discussões com a equipe de pesquisadores envolvidos

no projeto, entendemos que algumas limitações oferecidas pela estrutura metálica,

especialmente a dificuldade de transporte e a incerteza se tal estrutura suportaria a

força gerada pelo canoísta em teste atado, acabariam por dificultar bastante o

desenvolvimento do projeto. A partir desse diagnóstico, passamos à buscar soluções

para o desenvolvimento de um equipamento com quatro importantes características: i)

mobilidade e facilidade no transporte; ii) possibilidade do sistema ser acoplado em

qualquer piscina; iii) apresentar estabilidade suficiente para suportar as forças aplicadas

pelos atletas remando de modo atado e iv) que o cabo elástico ficasse paralelo a água.

Nesse contexto, várias ideias surgiram, dentre elas a construção uma pequena

estrutura para ser acoplada ao bloco de saída da piscina. Entretanto, nem todas as

piscinas possuem blocos de saída. Surgiu então a ideia de algum equipamento que

pudesse ser fixado ao azulejo da piscina, uma vez que esse é comum em todas as

piscinas com metragem olímpica ou semi-olímpica. Após muita investigação,

encontramos um equipamento utilizado para transporte de chapas de vidro,

comercialmente denominado como ventosa por sucção (Figura 3). Tais ventosas

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permitem ser fixadas em superfícies lisas e planas ou levemente onduladas, e suportam

grandes cargas (entre 25 a 100 quilos).

Adquirimos então para um estudo piloto de desenvolvimento, uma ventosa de

três cabeças da marca VONDER a qual, segundo o fabricante, suporta cargas de até

75 Kg. Após a aquisição da ventosa, efetuamos uma adaptação para fortalecer o braço

que liga as três cabeças a fim de fixarmos um parafuso para acoplar a célula de carga

(Figura 4).

Figura 4. Ventosa com adaptações e presa a piscina com célula de carga acoplada

pronta para uso.

Figura 3. Ventosa por sucção para

transporte de chapas de vidro.

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Posteriormente, iniciamos então os testes piloto em piscina, com os atletas

remando atado ao equipamento. A fase toda de testes piloto durou em torno de oito

meses, sendo que nesse período foram executadas mais de 40 sessões de avaliações,

totalizando aproximadamente 150 testes. Assim, após os testes piloto, pudemos

constatar a robustez e eficiência do equipamento para o objetivo proposto. No entanto,

a partir dos testes piloto, também detectamos outros aspectos que precisariam ser

sanados para a realização do estudo, como a estabilidade do caiaque, diâmetros,

espessuras do cabo elástico a serem utilizados para permitir incrementos de cargas

adequados aos testes de FCRIT exaustivo e MFEL, além da importância em

diagnosticar, com efetividade e precisão, a exaustão dos participantes nas cargas

preditivas para o modelo de FCRIT.

3.5.1 Estabilidade do caiaque

Em relação à manutenção da estabilidade do caiaque, no projeto original estava

previsto um cabo que seria preso à proa do caiaque e na borda frontal da piscina, a fim

de minimizar o deslocamento lateral da parte anterior do caiaque. Entretanto, nos

testes preliminares, verificamos que o problema na realidade era com a traseira do

barco que, quando atado, apresentava elevada movimentação lateral em função das

remadas, movimentação essa não visualizada com atleta remando livre. Assim, após

detalhado estudo por meio de registros de vídeo, verificamos que o problema ocorria

por conta da popa (traseira) do caiaque apresentar elevação um pouco na situação de

remada atada, o que resultava na perda parcial do contato do barco com a água e

consequente diminuição do atrito (resistência) aumentando a sua movimentação

lateral. Além disso, outro fator que contribuía bastante para a movimentação lateral do

barco era a fixação do cabo elástico na cintura do atleta por meio de um cinturão com

velcro (Figura 5).

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Figura 5. Fixação do cabo elástico na cintura do atleta.

Dessa forma, para resolvermos esse problema, o cabo de estabilização previsto

no desenho original foi retirado e desenvolvemos uma quilha experimental

confeccionada manualmente utilizando fibra de vidro e acrílico (Figura 6A.) acoplada a

traseira do caiaque para aumentar sua estabilidade e também prender o cabo elástico.

Essas modificações funcionaram muito bem, eliminando o problema da estabilização e

mantendo a movimentação do caiaque semelhante à observada em remada livre. Após

os testes com a quilha experimental, encomendamos então a fabricação de três quilhas

em fibra de vidro sob medida para o caiaque que seria utilizado (Figura 6B).

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Figura 6A. Protótipo de quilha desenvolvida manualmente para ser acoplada ao

caiaque e possibilitar a redução de seu deslocamento lateral. 6B. Quilha em fibra de

vidro, construída sob medida para ser inserida em caiaque durante as avaliações

atadas.

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3.5.2 Diâmetros e espessuras do cabo elástico (tubo de látex)

A escolha do cabo elástico a ser utilizado se deu por tentativas e erros e

envolveu vários testes preliminares. Existem vários tipos de tubos de látex comerciais

que são classificados por seu diâmetro e espessura das paredes, sendo a resistência

proporcional a esses parâmetros. Assim, foram selecionados para os testes de FCRIT

exaustiva e MFEL o cabo elástico da marca Altaflex (São Paulo, Brasil) com diâmetro

de 10 mm e espessura de 3 mm (Figura 7A), que permitiu incrementos de cargas

adequados aos testes.

Após a seleção do tubo para os testes de FCRIT exaustiva e MFEL, realizamos

um teste de alongamento no tubo 10x3mm para verificar a existência de linearidade

entre a distância alongada e a resistência oferecida. O teste consistiu em alongar o

tubo por 10 m de maneira progressiva, registrando a força aplicada a cada metro de

alongamento para verificar se a relação entre aumento de alongamento e aumento de

força são lineares. O resultado está demonstrado na Figura 7B, revelando a linearidade

entre alongamento e força aplicada em uma taxa média de aumento de 8,4 ± 1,3 N a

cada metro alongado.

Figura 7A. Cabo elástico utilizado para os testes atados de Fcrit e MFEL. 7B. Resultados da curva de calibração referente ao alongamento do cabo elástico.

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Dois outros importantes aspectos pontuados ao longo do estudo piloto foram o

controle/manutenção da intensidade de exercício em testes atados, bem como critérios

de exaustão a serem adotados nos procedimentos que dependiam essencialmente

desse ponto.

No estudo piloto as intensidades de remada para todos os testes atados (força

crítica e MFEL) foram controladas por meio de cones dispostos juntamente a borda da

piscina a cada 0,5 metros, começando a partir de 2 metros (Figura 8), sendo que os

atletas foram orientados a permanecerem com o corpo no mesmo alinhamento dos

cones da borda da piscina durante a realização de cada esforço. Para isso, um remo foi

utilizado, sendo o atleta instruído à manter sua cabeça alinhada ao cone + remo (Figura

9).

Figura 8. Representação esquemática da disposição dos cones na borda da piscina

para o monitoramento da intensidade.

Na tentativa de propiciar um rápido feed back ao atleta, um observador/avaliador

provia instruções verbais durante todo o teste, orientando-o sobre sua posição em

relação ao cone. Todas essas estratégias também subsidiaram a aplicação dos critérios

de exaustão no estudo piloto, sendo esses considerados a não permanência do

avaliado no referencial adequado por mais de 10s na linha do limite inferior

estabelecido para a intensidade (Figuras 9A e 9B) ou exaustão voluntária.

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Figura 9A. Modelo referencial para o atleta controlar a intensidade e para o observador,

na borda da piscina, aplicar os critérios de exaustão. 9B. Referencial para o observador

aplicar critério de exaustão.

Por acreditarmos no sucesso dessas tentativas, para as coletas de dados

oficiais, o aparato inserido na borda lateral da piscina foi composto por um cone e uma

haste, confeccionada em tubo de PVC (Figura 10B)

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Figura 10A. Estratégia utilizada para controle da intensidade de esforço. 10B. Aparato

confeccionado em tubo PVC, atrelado a um cone, sinalizando o local onde o atleta

deveria se manter durante a intensidade de esforço imposta.

Entretanto, após os testes piloto, identificamos algumas limitações desses

critérios, sendo os principais: i) dificuldade dos atletas em olhar lateralmente para os

cones por estarem concentrados nas remadas e ii) subjetividade do

observador/avaliador em estabelecer os limites de intensidade visualmente. Dessa forma, para tentar eliminar essas limitações e estabelecer critérios mais

confiáveis e sensíveis, desenvolvemos um sistema fotoelétrico com dispositivo sonoro

para auxiliar os atletas na manutenção da intensidade, estabelecendo, com precisão, as

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zonas de intensidade previamente definidas. Após confecção desse aparato, foi

possível eliminarmos as duas principais limitações acima destacadas.

O sistema é composto por um sensor fotoelétrico, uma buzina e uma placa

reflexiva de 30 cm de largura (Figura 11). O sensor fotoelétrico emite um feixe de luz

que, ao tocar na placa, retorna para o mesmo ponto de emissão não disparando a

buzina. Por outro lado, quando o feixe de luz não toca na placa e não o reflete para o

mesmo ponto de emissão, a buzina é então acionada. Dessa maneira, quando o sinal

sonoro é ativado, o atleta recebe a informação imediata indicando que está fora da sua

zona de intensidade (acima ou abaixo). Durante as avaliações, nos momentos em que

o sinal sonoro era disparado, os atletas sabiam se estavam abaixo ou acima da

intensidade estabelecida e rapidamente ajustavam a remada. Quando o mesmo não

tentava um reajuste, o observador auxiliava verbalmente, pedindo para o atleta "subir"

ou "descer" o barco em relação ao cone de marcação.

Para todas as intensidades foi estabelecido um range de variação da

intensidade, que é a distância que o atleta poderia variar com o caiaque, abaixo e

acima da marcação dos cones. O range de variação adotado nas avaliações foi 15 cm

para cima ou para baixo, o que representou, em termos de força, aproximadamente 1,5

N (Figura 11). Quando essa variação era maior, a buzina era ativada pelo sistema

fotoelétrico.

Como critério de exaustão foi estabelecido a permanência de 10 s abaixo da

zona de intensidade estabelecida por duas vezes consecutivas ou três vezes de não

consecutiva e exaustão voluntária do atleta. Entretanto, toda vez que o atleta ficava fora

da zona de intensidade, além do alerta sonoro, simultaneamente o observador

estimulava verbalmente o atleta a retornar à intensidade correta.

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Figura 11. Sistema para o controle de intensidade e critério de exaustão, composto por

uma placa reflexiva, sensor fotoelétrico aplicado ao barco e uma buzina para emissão

de sinais sonoros.

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Figura 12. Sistema de controle de intensidade e critério de exaustão em uso.

3.6 Especificações das avaliações atadas

Todas as avaliações atadas foram realizadas em piscina semiolímpica (25m) e

procedidas com o auxílio de um aparato, especialmente desenvolvido para capturar e

registrar a força em remada atada. O aparato construído, denominado Sistema de

Medição de Força Atado (SIMFA) (Figuras 13 e 14) é composto por duas partes, uma

para captação de sinais e outra de controle de intensidade. A parte do sistema para

captação e processamento de sinais é composto uma célula de carga modelo CSL/ZL

(MK Controle e instrumentação Ltda.) com capacidade de 250 kgf, contendo strain

gauge como elemento sensor primário a partir da aplicação elétrica de pontes de

Weatstone (1/2 Bridge). O dinamômetro foi fixado a uma ventosa de sucção e, em seu

centro, foi inserido um gancho metálico, onde foi conectado um cabo elástico. Na

extremidade oposta ao cabo elástico, conectou-se um mosquetão que foi fixado ao

caiaque. A deformação no strain gauge detectada pelas pontes de Weatstone devido à

tensão gerada pelos esforços de remada dos canoístas gera uma tensão elétrica que

segue por um módulo amplificador antes de ser convertido em um sinal digital por meio

de um módulo modelo USB 6008 (National Instruments®) que também serviu como

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interface com o computador. Durante os esforços, os sinais foram obtidos em uma

freqüência de 1000 Hz, processados e filtrados por meio do software LabView Signal

Express 2.0 (National Instruments®). A parte relativa ao controle da intensidade é

composto por uma marcação visual de posição (cone e prolongador) e um sistema

fotoelétrico e sonoro. Com a utilização da reta de calibração realizada com anilhas de

pesos conhecidos, os valores de sinal (strain) foram convertidos em unidades de massa

(quilograma) e posteriormente em força (N).

Figura 13A. Componentes da parte de captação e processamento de sinais do SIMFA.

13B. Componentes do sistema de controle da intensidade do SIMFA.

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Figura 14A. Desenho esquemático do SIMFA com todos seus componentes. 14B.

SIMFA em condições reais de uso.

3.7 Determinação da força crítica e capacidade de remada anaeróbia por método exaustivo

Para a determinação da força crítica (FCRIT) e capacidade de remada anaeróbia

(CRA) por método exaustivo, os atletas foram submetidos a quatro cargas preditivas

com intensidades variando entre, aproximadamente, 42N e 84N, o equivalente ao

alongamento do cabo elástico entre, 5 e 10 metros. Tais intensidades foram

selecionadas para que a exaustão voluntária ocorresse entre 1 e 10 min de exercício. O

aumento da intensidade se dava pelo alongamento do cabo elástico de 0,5 metros ou 1

metro, dependendo da necessidade, conforme modelo esquemático expresso na Figura

15.

Figura 15. Exemplo esquemático da determinação de Fcrit, CRA e MFEL, com a

utilização de cabos elásticos.

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A FCRIT e CRA foram estimadas por dois ajustes matemáticos: hiperbólico (FCRITHiper)

e linear (FCRITLin) (HILL, 1993) (Figura 16). No modelo hiperbólico, FCRIT e CRA

equivalem, respectivamente, à assíntota e à curvatura do ajuste. Já para o modelo

linear, FCRIT corresponde ao coeficiente linear e a CRA, ao coeficiente angular da reta

de regressão. Ressalta-se que, no presente estudo, a CRA não foi considerada. Em

ambos os modelos, os valores de R2 foram utilizados para analisar a característica

matemática dos ajustes.

Figura 16. A) Determinação da FCRIT e CRA de acordo com o modelo hiperbólico. B) Determinação da FCRIT e CRA de acordo com o modelo linear.

Os registros de força durante os testes foram capturados continuamente,

possibilitando análises posteriores de características associadas com a manutenção de

esforço e exaustão. Como critérios de exaustão foram estabelecidos a permanência de

10 s abaixo da zona de intensidade estipulada por duas vezes consecutivas ou três não

consecutivas, e ainda a exaustão voluntária do atleta.

3.8 Determinação da máxima fase estável de lactato em remada atada

Para determinar a MFEL de canoístas em exercício de remada atada, os atletas foram

submetidos a três ou quatro testes contínuos, separados por intervalo mínimo de 12

horas, com duração de 30 min. Para tanto, as intensidades contínuas de exercício

foram impostas pelas diferentes resistências do cabo elástico como descrito

Tem

po (s

)

1/Tempo (s)Força (N)

Forç

a (N

)t = CRA/(Força - Fcrit) Força = Fcrit + (CRA x 1/tlim)

A – Modelo Hiperbólico B – Modelo Linear

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anteriormente no modelo da Figura 15. As intensidades variaram entre

aproximadamente 42N e 84N. As concentrações de lactato foram determinadas a cada

10 minutos e a MFEL atada correspondeu à máxima intensidade de exercício em que a

elevação lactacidêmica foi igual ou inferior a 1mM de lactato sanguíneo, do 10º ao 30º

min. A concentração de lactato equivalente à MFEL correspondeu à média de

estabilização lactacidêmica desse período (BENEKE, 2003).

3.9 Prova simulada de canoagem slalom

A simulação de prova foi realizada no canal artificial da Usina Hidrelétrica da

Itaipu Binacional. O presente canal é considerado um dos melhores do mundo para a

prática da canoagem slalom, sendo utilizado para competições nacionais e

internacionais, além de ser o principal local adotado nos treinamentos da Seleção

Brasileira Permanente de Canoagem Slalom. A simulação de prova seguiu as normas e

critérios estabelecidos pela Federação Internacional de Canoagem. O percurso foi

configurado com 24 portas (bastões suspensos, separados pela distância de

aproximadamente quatro metros), sendo 18 situadas a favor da correnteza e sete

contra a correnteza ou remonta. A distância total entre largada e chegada dos atletas

compreendeu aproximadamente 300 metros, com duração de aproximadamente 90 a

100 s para a execução, tempo esse também utilizado em competições nacionais e

internacionais da modalidade. Os atletas foram instruídos a percorrer a pista em um

menor tempo possível, assim como em uma competição oficial. Como indicadores de

desempenho foram utilizados o tempo total do percurso sem descontos com

penalidades, e distância total percorrida, que permitiu também o cálculo da velocidade

média de prova. Os valores de tempo de prova foram registrados com a utilização de

um cronômetro (Cássio, modelo HS-30W-N1V) e a distância total percorrida por um

monitor de frequência cardíaca integrado a um sistema global de posicionamento (GPS)

(Polar, RS800, Finlândia). Em adição, amostras sanguíneas foram coletadas do lóbulo

da orelha antes da execução da prova e após (logo após, 2, 4, 6, 8 e 10 minutos de

recuperação) para dosagem de lactato sanguíneo. A figura 17 apresenta a visão geral

do canal utilizado para a simulação e o registro do GPS do trajeto percorrido por um

dos avaliados.

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Figura 17. A) Visão geral do canal utilizado para a simulação. B) Registro do GPS do

trajeto percorrido pelo atleta.

3.10 Equipamentos utilizados para os testes e simulação de prova.

Todas as avaliações do presente projeto foram realizadas sob caiaque modelo

(K1). Para os testes atados foi utilizado o mesmo caiaque para todos os atletas, cujas

dimensões de peso, comprimento e largura eram, respectivamente, 16kg, 355cm e

61cm (Figura 18) (Brudeen Náutica, SP, Brasil). Para os testes livres e simulação de

prova, com o intuído de respeitar os equipamentos esportivos usados pelos atletas,

cada um utilizou do seu próprio barco, com o qual comumente realizava as sessões de

treinamentos e competição. Mesmo não sendo apontadas as dimensões individuais de

cada embarcação, todos os caíques utilizados eram do modelo K1 e compreendiam os

limites mínimos de peso, comprimento e largura de acordo com International Canoe

Federation (ICF, 2009) (Peso – 8kg; Comprimento – 350cm; Largura – 60cm). Durante

todas as avaliações, os atletas utilizaram do seu próprio remo, caracterizado por duas

pás, bem como a vestimenta obrigatória exigida para a prática da modalidade.

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3.11 Antropometria

As variáveis antropométricas medidas foram: massa corporal (Kg); estatura (cm);

estatura tronco-cefálica (cm); comprimento membros inferiores (cm); envergadura (cm);

diâmetro biepicôndilo umeral (cm); diâmetro biepicôndilo femural (cm); dobra cutânea

do bíceps; dobra cutânea do peito; dobra cutânea axilar média; dobra cutânea

suprailíaca; dobra cutânea abdominal; dobra cutânea da coxa; dobra cutânea da perna;

dobra cutânea do tríceps; dobra cutânea subescapular; circunferência da perna direita

(cm) e circunferência do braço contraído direito (cm). Para as medidas de todas as

variáveis foram adotados os procedimentos da International Society for the

Advancement of Kinanthropometry (STEWART et al., 2011). Para a massa corporal foi

utilizada uma balança digital portátil da marca Carrion®, com capacidade máxima de

150Kg e precisão de 100g; para as medidas de diâmetros ósseos um paquímetro ósseo

da marca Precision®, para circunferência uma fita antropométrica flexível da marca

Cardiomed® e para as dobras cutânea um adipômetro da marca Lange®. A partir das

dobras cutâneas o percentual de gordura foi estimado utilizando a equação de Falkner

(1968), o que também permitiu o cálculo da massa de gordura corporal e da massa livre

de gordura. O Somatotipo foi calculado pelo método proposto por Heath e Carter

(1967) a partir de variáveis antropométricas, que permite estimar três componentes

morfológicos, endomorfo, ectomorfo e mesomorfo.

Figura 18. Caiaque utilizado para as

avalições atadas.

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3.12 Procedimentos estatísticos

As análises estatísticas de todos os resultados foram executadas com auxílio do

pacote estatístico Statistica, versão 7.0 (Statistica, Tulsa, USA) e para todas as

análises, o nível de significância adotado foi P<0,05. Todos os dados inicialmente foram

submetidos ao teste de Shapiro-Wilks e Levene, para verificar, respectivamente, a

normalidade e homogeneidade. Uma ANOVA one way, seguida pelo post-hoc de

Tukey, foi utilizada para a comparação entre MFEL, FCRIT linear e FCRIT Hiperbólico

e, para verificar a concordância entre as três metodologias, a análise gráfica de Bland e

Altman (1986) foi aplicada. Para a correlação entre MFEL, FCRIT linear e FCRIT

hiperbólico com desempenho em prova simulada foi utilizado o teste de correlação

linear de Pearson e para comparação dos coeficientes de determinação (R2) entre

FCRIT linear e FCRIT hiperbólico foi utilizado o teste t-student pareado. Os resultados

parciais estão apresentados em média ± erro padrão da média (EPM).

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4 RESULTADOS

Para um melhor aproveitamento dos resultados obtidos na presente tese, eles

serão apresentados em forma de artigos científicos, com exceção dos resultados

relativos a avaliação antropométrica que será apresentada em anexo ao final da tese.

Os artigos que serão apresentados dizem respeito às avaliações atadas e livres e sua

relação com o desempenho em prova simulada.

Artigo 1

O primeiro artigo é intitulado “TESTES DE MAXIMA FASE ESTÁVEL DE LACTATO E FORÇA CRITICA APLICADOS A CANOISTAS DE ELITE UTILIZANDO SISTEMA DE CANOAGEM ATADA”. Este estudo visa atender as três objetivos

específicos, quais sejam: i) desenvolver sistema para avaliação atada em canoístas

slalom; ii) padronizar os protocolos de força crítica exaustivo e máxima fase estável de

lactato de maneira atada à canoagem slalom e iii) comparar e correlacionar os índices

de aptidão aeróbia obtidos pelos protocolos de força crítica e máxima fase estável de

lactato de maneira atada, bem como correlacionar esses índices com a desempenho

em prova simulada. O presente estudo foi submetido ao periódico International Journal

of Sports Medicine.

Artigo 2

O segundo artigo é intitulado “VELOCIDADE CRÍTICA ESTIMA A MÁXIMA FASE ESTÁVEL DE LACTATO EM CANOISTAS SLALOM DE ELITE”. Este estudo visa

atender ao objetivo específico quarto, ou seja, verificar a validade da VC em estimar a

MFEL em testes específicos livres, além de correlacionar as intensidades de VC e

MFEL como o desempenho em prova simulada. Este estudo ainda não foi submetido a

nenhum periódico.

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4.1 Artigo 1

TESTES DE MAXIMA FASE ESTÁVEL DE LACTATO E FORÇA CRITICA APLICADOS A CANOISTAS DE ELITE UTILIZANDO SISTEMA DE CANOAGEM

ATADA

MAXIMAL LACTATE STEADY STATE AND CRITICAL FORCE TESTS APPLIED

TO ELITE SLALOM KAYAKERS USING TETHERED CANOE SYSTEM

Homero Gustavo Ferrari1,2, Leonardo H.D. Messias1, Ivan G.M. Reis1,2, Filipe A.B.

Sousa1, Camila C.S. Serra1 e Fúlvia B. Manchado-Gobatto1,2

1Faculdade de Ciências Aplicadas - UNICAMP, Limeira/SP; 2Faculdade de Educação

Física – UNICAMP, Campinas/SP

Apoio: FAPESP (processo n°-2012/06355-2), CNPQ (processo n°-472277/2011-1),

FAEPEX (processo n°-756/13).

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RESUMO

A performance na canoagem slalom é determinada por habilidades técnicas e aspectos

fisiológicos, além disso, possui elevada demanda cardiovascular e metabólica e

significante contribuição dos metabolismos aeróbio e anaeróbio, o que torna a aptidão

aeróbia importante para a performance. O estudo objetivou propor os testes de máxima

fase estável de lactato (MFEL) e força crítica (FC) em sistema de canoagem atada e

investigar a relação entre os índices aeróbios obtidos por essas avaliações com a

performance em prova simulada de canoagem slalom. Participaram 12 canoistas de

elite pertencentes a Seleção Brasileira de Canoagem Slalom. Os participantes

realizaram quatro testes exaustivos para FC obtida por ajustes hiperbólico (FChiper) e

linear (FClin), três testes contínuos de 30 minutos para a MFEL e uma prova simulada

de canoagem slalom. Os testes atados foram realizados utilizando um sistema de

canoagem atado por meio de registro de força. Os principais resultados indicam não

haver diferença estatística (P>0,05) entre FChiper (65,9 ± 1,6 N) e intensidade

correspondente a MFEL (iMFEL) (60,3 ± 2,5 N), além de serem significantemente

correlacionadas (r= 0,82, p=0,002), no entanto, FClin (71,1 ± 1,7 N) foi significativamente

maior que iMFEL. Correlação negativa e significante (r= -0,67, P<0,05) foi obtida entre

iMFEL e desempenho em prova simulada (tempo de prova). Dessa forma, testes de

MFEL e FC em sistema de canoagem atada podem ser utilizados para avaliação

aeróbia de canoístas slalom. Além disso, a FChiper pode ser utilizada como meio

alternativo, prático, de baixo custo e não invasivo para estimar a iMFEL, que por sua

vez está relacionada com o desempenho.

Palavras-chave: canoagem slalom, aptidão aeróbia, performance.

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ABSTRACT

Among other aspects, aerobic fitness is indispensable for training performance and

dynamics in canoe slalom. The purpose of this study was to suggest maximal lactate

steady state (MLSS) and critical force (CF) tests using a tethered canoe system and

investigate the relationship between the aerobic indexes obtained by such evaluations

and the performance in a simulated canoe slalom competition. Twelve elite canoeists

who belong to the Canoe Slalom Brazilian team participated of this study and they

underwent four exhaustive tests for CF, which was obtained by hyperbolic (CFhiper) and

linear (CFlin) models, three 30-minute continuous tests to determine MLSS and a

simulated canoe slalom competition. The tethered tests were conducted using a

tethered canoe system to obtain the force records. The main results indicate that there is

no statistical difference (P<0.05) between CFhiper (65.9 ± 1.6 N) and MLSS

corresponding to intensity (iMLSS) (60.3 ± 2.5 N); however, CFlin (71.1 ± 1.7 N) was

significantly higher than iMLSS. A negative and significant correlation (r= -0.67, P<0.05)

was obtained between iMLSS and the simulated competition performance (competition

time). Therefore, MLSS and CF tests on a tethered canoe system may be used for the

aerobic assessment of slalom canoeists. In addition, CFhiper may be used as an

alternative, easy, low-cost and non-invasive method to estimate iMLSS, which is related

to performance.

Keywords: canoe slalom, aerobic fitness, performance.

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INTRODUÇÃO

A Canoagem Slalom é uma modalidade praticada sob embarcação e dividida em

três classes: caiaque individual (K1), canoa individual (C1) e canoa dupla (C2). Faz

parte oficialmente do programa dos jogos olímpicos desde 1992 em Barcelona e pode

ser realizada em rios naturais ou artificiais com corredeiras, ondas e redemoinhos. Além

disso, durante o percurso (~200-400 metros) são colocadas portas (obstáculos) a favor

e contra a correnteza onde os atletas devem ultrapassar remando sem tocá-las. O

objetivo da competição é navegar o percurso do rio vencendo os obstáculos no menor

tempo possível, sem cometer faltas (MESSIAS et al, 2014).

A performance na competição de slalom é determinada por vários fatores, como

as habilidades técnicas e aspectos fisiológicos, sendo as competições bem intensas,

com elevada demanda cardiovascular e metabólica e significante contribuição dos

metabolismos aeróbio e anaeróbio (ZAMPARO et al., 2006). Por isso, o

desenvolvimento da aptidão aeróbia é fundamental para a performance nessa

modalidade. No entanto, o treinamento aeróbio para canoístas de elite é comprometido,

especialmente devido à carência de protocolos específicos para a avaliação

individualizada dos atletas e espaços físicos que permitam o controle das cargas de

treinamento nessa modalidade (i.e. lagos que não tenham interferência de corredeiras,

ondas e redemoinhos). Adicionalmente, em alguns países, fatores climáticos como

chuva e neve também prejudicam o treinamento. Como alternativa, algumas equipes

utilizam o caiaque ergômetro convencional, que é criticado em relação a especificidade

da remada, com diferenças biomecânicas e cinemáticas significativas em relação a

remada livre na água (FLEMING et al. 2012), além de não preservar a característica

ecológica da modalidade.

Nesse sentido, avalições aeróbias em sistema atado, já bem consolidadas em

outras modalidades (MATSUMOTO et al., 1999; PAPOTI et al., 2010; PAPOTI et al,

2013), podem apresentar de grande relevância na canoagem slalom, por permitir maior

especificidade na execução dos testes e ampliar as possibilidades para o treinamento,

uma vez que esse sistema pode ser utilizado em espaços relativamente pequenos e

com água parada, como por exemplo, em piscinas. Apesar disso, esse é o primeiro

estudo que adota essa proposta para a canoagem slalom.

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Para a correta prescrição de treinamento aeróbio, é imprescindível a

individualização das cargas com base no limiar anaeróbio (LAn), que tem como “padrão

ouro” para sua determinação a máxima fase estável de lactato (MFEL)(BENEKE, 2003;

BILLAT et al., 2003; FAUDE et al., 2009). A MFEL representa a mais alta intensidade de

exercício na qual ainda é possível verificar equilíbrio entre produção e remoção de

lactato sanguíneo em exercícios de longa duração e carga constante (BILLAT et al.,

2003). No entanto, a MFEL possui algumas limitações no âmbito esportivo, dentre elas,

a necessidade de 3 a 6 séries de exercícios contínuos de longa duração, realizados em

dias diferentes e com diversas coletas de sangue para determinação do lactato

sanguíneo. Assim, protocolos alternativos para avaliação aeróbia que sejam mais

práticos, não invasivos e que ofereçam indicadores confiáveis para prescrição do

treinamento, como é o caso do modelo de potência crítica (PC) proposto inicialmente

por Monod e Scherrer (1965), se tornam mais atraentes para o esporte.

O conceito de PC baseia-se na relação hiperbólica entre potência desenvolvida e tempo

limite de exercício, e por método matemático, fornece dois indicadores, um aeróbio

(PC), e um anaeróbio, a capacidade de trabalho anaeróbio (CTA). O modelo pode ser

linearizado e também permite que a potência possa ser substituída por outros

indicadores de intensidade, como velocidade (SMITH E JONES) ou força (PAPOTI et al,

2013), denominadas respectivamente, de velocidade crítica (VC) e força crítica (FC). O

parâmetro aeróbio advindo desse modelo tem sido reconhecido como um bom índice

de aptidão aeróbia (VAUTIER et al., 1995; VANHATALO et al., 2010) e sensível aos

efeitos do treinamento (POOLE et al., 1990; JENKINS e QUIGLEY, 1992). Alguns

estudos tem mostrado que esse parâmetro estima os limiares ventilatórios (DEKERLE

et al., 2003) e limiares de lactato (PRINGLE e JONES, 2002; PAPOTI et al., 2013). No

entanto, a validade da PC em estimar a MFEL ainda é controversa. Estudos realizados

em cicloergômetro e que avaliaram a PC e MFEL de maneira independente, mostraram

que a intensidade de PC superestima a intensidade de MFEL entre 9% e 14%, no

entanto, na corrida esse comportamento não foi verificado não havendo diferenças

entre elas (SMITH e JONES, 2001).

Apesar da canoagem slalom ser uma modalidade olímpica há mais de 20 anos, poucas

informações científicas são observadas na literatura (MESSIAS et al., 2014). Até o

presente, nenhum estudo foi realizado no sentido de propor testes específicos para a

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avaliação aeróbia realizados em sistema atado utilizando as metodologias de MFEL e

PC para a avaliação aeróbia em canoístas. Adicionalmente, também não existem

informações que indiquem se índices de aptidão aeróbia estão relacionados com a

performance em prova de slalom. Acreditamos que as avaliações aeróbias em sistema

de canoagem atada possam ser um recurso interessante para avaliação individualizada

de atletas e ainda, uma ferramenta a ser implementada no treinamento de canoístas

slalom.

Assim, o estudo objetivou propor os testes de máxima fase estável de lactato e força

crítica em sistema de canoagem atada, como avaliações aeróbias específicas a

canoístas de elite e investigar a relação entre os índices aeróbias obtidos por essas

avaliações com a performance em prova simulada de canoagem slalom.

MÉTODOS

Sujeitos

Participaram do estudo 12 atletas de elite de canoagem slalom, todos do gênero

masculino e pertencentes a Seleção Brasileira de Canoagem Slalom (idade 18 ± 2

anos, massa corporal 68,1 ± 0,6 kg, estatura 173,6 ± 0,6 cm e 10,3 ± 0,1% de gordura

corporal). Todos os atletas possuíam experiência em competições internacionais como

Copa do Mundo e Campeonatos Mundiais da modalidade, sendo que 9 atletas se

encontravam entre os 100 primeiros colocados no ranking mundial da modalidade em

2013. O estudo foi conduzido atendendo as recomendações éticas da Declaração de

Helsinki e foi aprovado pelo Comitê de Ética Local. Em adição todos os participantes

assinaram termo de consentimento antes da participação.

Procedimentos experimentais

Todos os participantes foram submetidos a no mínimo 10 e no máximo 11 sessões de

avaliações, distribuídas durante oito dias consecutivos:

a) 1º dia - avaliação antropométrica e simulação de prova;

b) 2º dia - adaptação aos testes atados em piscina;

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c) 3º e 4º dias - testes exaustivos atados para a identificação da força crítica. Cada

participante realizou de maneira aleatória quatro cargas preditivas exaustivas,

sendo duas cargas preditivas em cada dia, separadas por intervalo de 5 a 6

horas;

d) 5º ao 8º dias - testes específicos atados em intensidade constante de 30 minutos

para identificação da MFEL. Cada participante realizou três testes, com intervalo

de 20 a 24 horas. Dois atletas realizaram um quarto teste para a detecção da

MFEL.

As avaliações atadas foram realizadas em uma piscina outdoor de 25 metros, com o

auxílio de um sistema de medição de força atado. Além disso, todas as avaliações

atadas foram realizadas em caiaque (K1) da marca Brudeen Náutica (São Paulo, Brasil)

com especificações recomendadas pela International Canoe Federation. Com o objetivo

de respeitar a especificidade dos equipamentos esportivos cada atleta utilizou seu

próprio remo, caracterizado por duas pás e vestimenta obrigatória. A performance em

prova simulada foi realizada em um rio artificial (Foz do Iguaçu, Paraná, Brazil) com

percurso típico de competição de slalom. Para a simulação de prova cada participante

utilizou seu próprio caiaque e remo, além de equipamentos de segurança obrigatórios.

Sistema de medição de força atado

Todas as avaliações atadas foram realizadas em piscina semiolímpica (25m) e

procedidas com o auxílio de um aparato, especialmente desenvolvido para capturar e

registrar a força em remada atada. O aparato construído, denominado Sistema de

Medição de Força Atado (SIMFA) (Figura 1). O SIMFA é composto uma célula de carga

modelo CSL/ZL (MK Controle e instrumentação Ltda.) com capacidade de 250 kgf,

contendo strain gauge como elemento sensor primário a partir da aplicação elétrica de

pontes de Weatstone (1/2 Bridge). O dinamômetro foi fixado a uma ventosa de sucção

e, em seu centro, foi inserido um gancho metálico, onde foi conectado um cabo elástico.

Na extremidade oposta ao cabo elástico, conectou-se um mosquetão que foi fixado ao

caiaque. A deformação no strain gauge detectada pelas pontes de Weatstone devido à

tensão gerada pelos esforços de remada dos canoístas gera uma tensão elétrica que

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segue por um módulo amplificador antes de ser convertido em um sinal digital por meio

de um módulo modelo USB 6008 (National Instruments®) que também serviu como

interface com o computador. Durante os esforços, os sinais foram obtidos em uma

freqüência de 1000 Hz, processados e filtrados por meio do software LabView Signal

Express 2.0 (National Instruments®). A parte relativa ao controle da intensidade é

composto por uma marcação visual de posição (cone e prolongador) e um sistema

fotoelétrico e sonoro. Com a utilização da reta de calibração realizada com anilhas de

pesos conhecidos, os valores de sinal (strain) foram convertidos em unidades de massa

(quilograma) e posteriormente em força (N). Além disso, o sistema também é composto

por dois dispositivos para auxiliar o avaliado na manutenção da intensidade durante os

testes. O primeiro dispositivo é formado por um cone colocado na borda da piscina e

que oferece um auxílio visual ao participante da posição que ele deve ficar remando

referente a uma determinada intensidade. O segundo dispositivo é composto por um

sensor fotoelétrico, uma buzina e uma placa refletora de 30 cm de largura acoplada na

traseira do caiaque. Esse dispositivo emite um sinal sonoro quando o avaliado oscila a

intensidade em aproximadamente 2,0N para mais ou para menos. Esses dispositivos

auxiliam, não só na manutenção da intensidade durante os testes, como também nos

critérios de exaustão nas cargas preditivas de força crítica, definido como a

permanência de 10s abaixo da zona de intensidade estipulada por duas vezes

consecutivas ou três não consecutivas, e ainda a exaustão voluntária do atleta. Em

adição uma quilha foi acoplada na traseira do caiaque afim de evitar grandes oscilações

e manter a estabilidade do caiaque.

Figura 1. Sistema de medição de força atado utilizado.

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Força crítica

A FC foi determinada por quatro testes exaustivos (cargas preditivas) em intensidades

compreendidas entre 42N e 84N, o equivalente ao alongamento do cabo elástico entre,

5 e 10 metros. Tais intensidades foram selecionadas para que a exaustão voluntária

ocorresse entre 1 e 10 min de exercício (HILL, 1993). O aumento da intensidade se deu

pelo alongamento do cabo elástico de 0,5 metros ou 1 metro, dependendo da

necessidade. A força crítica foi estimada por dois ajustes matemáticos: hiperbólico

(FCHiper) e linear (FCLin) (HILL, 1993). No modelo hiperbólico, FC equivale à assíntota do

ajuste, enquanto no modelo linear corresponde ao coeficiente linear da regressão.

Nesse estudo, a CRA não foi considerada. Em ambos os modelos, os valores de R2

foram utilizados para analisar a característica matemática dos ajustes, sendo

considerados apenas os valores acima de 0.80. Os registros de força durante os testes

foram capturados continuamente, possibilitando análises posteriores de características

associadas com a manutenção de esforço e exaustão. Como critérios de exaustão

foram estabelecidos a permanência de 10s abaixo da zona de intensidade estipulada

por duas vezes consecutivas ou três não consecutivas, e ainda a exaustão voluntária

do atleta.

Máxima fase estável de lactato

Para determinar a intensidade de MFEL (iMFEL) os atletas foram submetidos a no

mínimo três e máximo quatro testes contínuos com duração de 30 min, separados por

intervalo de 20-24 horas entre eles. Para tanto, as intensidades contínuas foram

impostas pelas diferentes resistências do cabo elástico. A primeira intensidade foi

correspondente a aproximadamente 5% abaixo da FCLin e as cargas subsequentes 5%

acima ou abaixo conforme a necessidade. As concentrações de lactato foram

determinadas a cada 10 minutos e a MFEL atada correspondeu à máxima intensidade

de exercício em que a elevação de lactato sanguíneo foi igual ou inferior a 1mM do 10º

ao 30º min. A concentração de lactato equivalente à MFEL correspondeu à média de

estabilização do lactato sanguíneo desse período (BENEKE, 2003).

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Simulação de prova

A simulação de prova foi realizada em rio artificial utilizado para competições nacionais

e internacionais, além de ser utilizado para os treinamentos da Seleção Brasileira de

Canoagem Slalom. O trajeto ou pista, montado para a simulação, seguiu padrões

oficiais sugeridos pela Federação Internacional de Canoagem e contou com a

disposição de 24 portas, sendo 18 situadas a favor da correnteza e 6 contra a

correnteza. Como indicador de desempenho foi utilizado o tempo total de prova, sem

descontos de penalidades. Os valores de tempo de prova foram registrados com a

utilização de um cronômetro manual (Cássio, modelo HS-30W-N1V). Durante a prova

também foram monitoradas a frequência cardíaca e a distância total da prova por meio

de um monitor cardíaco com sistema global de posicionamento (GPS) acoplado

(Polar®, RS800, Finlândia), que foi fixado no tornozelo do canoísta. Após a prova

(~1minuto) foram coletadas amostras de sangue para dosagem de lactato sanguíneo.

Análise do lactato sanguíneo

Amostras de sangue (25 μl) foram extraídas do lóbulo da orelha com a utilização de

capilares calibrados e heparinizados, sendo posteriormente depositadas em tubos

Eppendorf (1,5 ml) contendo 50 μl de fluoreto de sódio – NaF (1%). As amostras foram

congeladas à temperatura -20o e posteriormente, homogeneizadas e analisadas em

Lactímetro (YSI 2300 STAT Plus™ Glucose & Lactate Analyzer – Yellow Springs).

Análise estatística

As análises estatísticas de todos os resultados foram executadas com auxílio do pacote

estatístico Statistica, versão 7.0 (Statistica, Tulsa, USA). Os resultados estão

apresentados em média ± erro padrão da média (EPM) e para todas as análises, o nível

de significância adotado foi P<0,05. O cálculo amostral do estudo foi baseado em dados

de estudo piloto e nove sujeitos eram necessários para um nível de alfa de 0.05 e poder

estatístico de 0.90 para todas as análises. Todos os dados inicialmente foram

submetidos ao teste de Shapiro-Wilks e Levene, para verificar, respectivamente, a

normalidade e homogeneidade. Uma ANOVA one way, seguida pelo post-hoc de

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Tukey, foi utilizada para a comparação entre iMFEL, FClin e FCHiper e, para verificar a

concordância entre as três metodologias, a análise gráfica de Bland e Altman (1986) foi

aplicada. Para a correlação entre iMFEL, FClin e FCHiper com desempenho em prova

simulada foi utilizado o teste de correlação linear de Pearson e para comparação dos

coeficientes de determinação (R2) entre FClin e FCHiper foi utilizado o teste t-student

pareado.

RESULTADOS

Como principais resultados destacamos a possibilidade de aplicação dos testes

propostos para avaliação aeróbia de maneira específica atada em canoagem slalom a

partir do sistema desenvolvido. A Figura 2 mostra o exemplo de um teste de MFEL de

um atleta, onde são apresentados o registro da força executada durante o protocolo e,

ao lado, as respostas de lactato sanguíneo correspondentes.

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Figura 2. Representação gráfica de registro de força e resposta de lactato sanguíneo

do teste de MFEL atado de um atleta. Painel A. Intensidade referente ao alongamento

de 3,5 metros de corda elástica com estabilização do lactato (< 1,0 mM entre 10º e 30º

minuto). Painel B. Intensidade referente ao alongamento de 4,0 metros de corda

elástica, com estabilização do lactato (< 1,0 mM entre 10º e 30º minuto). Painel C.

Intensidade referente ao alongamento de 4,5 metros de corda elástica, sem

estabilização do lactato (> 1,0 mM entre 10º e 30º minuto) e término do exercício antes

dos 30 minutos (flecha indica o término do esforço).

A concentração de lactato sanguíneo em iMFEL para o grupo estudado correspondeu a

3,92 ± 1,38 mM (IC 95% = 2,2-6,7). A tabela 1 mostra os valores de tempos limites das

cargas preditivas de FC e valores de FC e iMFEL. As intensidades de FClin e FChiper

não foram diferentes entre si, da mesma forma entre FChiper e iMFEL. Entretanto, FClin

foi significativamente maior que iMFEL.

Tabela 1. Tempo limite (Tlim) obtido nas cargas preditivas e comparação das

intensidades obtidas pelo modelo de força crítica linear (FClin), hiperbólico (FChiper) and

máxima fase estável de lactato (iMFEL).

Tlim1 (s)

Tlim2 (s)

Tlim3 (s)

Tlim4 (s)

FClin (N)

R2

FClin FChiper

(N) R2

FChiper iMFEL

(N)

Média 296.4a 157.3a 131.1a 90.7a 71.1b 0.88c 65.9 0.95 60.3

EPM 62.2 24.6 19.5 12.2 1.7 0.01 1.6 0.00 2.5 a = diferença entre tempos limite Tlim;

b = diferença significativa comparado com iMFEL (P<0,05);

c = diferença significativa comparado com R2 FChiper (P<0,05);

R2 = valores de coeficiente de determinação dos ajustes matemáticos.

As intensidades de iMFEL e FChiper foram significantemente correlacionados (r= 0,82,

p=0,002), o que não foi observado entre FClin e iMFEL (r= 0,58, p= 0,082). Tanto a

FChiper quanto FClin foram concordantes com a MFEL, com valores individuais dentro

dos limites de concordância na análise gráfica de Bland e Altman (Figura 3).

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Figura 3. A) Representação gráfica da análise gráfica de Bland e Altman obtida entre

iMFEL e FCHiper e iMFEL e FCLin.

A Tabela 2 exprime as correlações obtidas entre Tlim e tempo de prova (Tprova) com

iMFEL, FCLin e FCHiper. O desempenho em prova simulada foi significativamente

correlacionado somente com a intensidade de MFEL. Os Tlim das cargas preditivas

foram correlacionados com o Tprova e também com a iMFEL e FCHiper.

Tabela 2. Coeficientes de correlação (r) obtidos entre Tlim e Tprova com iMFEL, FCRITLin

e FCRITHiper.

iMFEL FCRITLin FCRITHiper Tprova (s)

Tlim1 (s) 0,67* 0,39 0,73* -0,70*

Tlim2 (s) 0,73* 0,53 0,75* -0,69*

Tlim3 (s) 0,67* 0,34 0,53 -0,77*

Tlim4 (s) 0,75* 0,22 0,65* -0,71*

Tprova (s) -0,67* -0,41 -0,48 1

Tlim = Tempo limite obtido em cargas preditivas da FCRIT; Tprova = Tempo de prova

simulada; iMFEL = intensidade de máxima fase estável de lactato; FCRITLin =

intensidade de FCRIT obtida pelo modelo linear e FCRITHiper = intensidade de FCRIT

obtida pelo modelo hiperbólico. * Correlação significante (P<0,05).

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Em relação a simulação de prova, o desempenho médio foi de 107,5 ± 4,2 s e a

distância percorrida 293,3 ± 15,9 m. Quanto a resposta metabólica, o lactato pico foi de

8,3 ± 0,7 mM e lactato médio de 6,8 ± 0,5. Em adição, correlação negativa e significante

(r= -0,72, p=0,01) foi encontrada entre tempo de prova e concentração média de

lactato.

DISCUSSÃO

Dentre os principais resultados do estudo, destacamos a possibilidade da utilização de

testes de MFEL e FC para avaliação de canoístas de elite em sistema atado, bem como

a relação a iMFEL com a performance na modalidade. Outros estudos (MATSUMOTO

et al., 1999; PAPOTI et al., 2010; PAPOTI et al, 2013) também demonstraram sucesso

na aplicação de testes atados para a avaliação de parâmetros aeróbios em

modalidades esportivas, com a determinação do consumo máximo de oxigênio

(VO2máx) (PAPOTI et al, 2013), limiares de lactato (MATSUMOTO et al., 1999; PAPOTI

et al., 2010; PAPOTI et al, 2013), força crítica (PAPOTI et al, 2013) e máxima fase

estável de lactato (PAPOTI et al., 2009), em natação. Assim como também apontado

nesses outros estudos que utilizam sistema atado para avaliação, o gesto motor,

apesar de não ser idêntico ao executado de modo livre, é preservado. No caso da

remada atada, apesar do gesto da competição ser efetuado em corredeiras, essa

representa de maneira muito próxima a remada livre em água parada, o que garante

maior especificidade em relação ao caiaque ergômetro (Fleming et al., 2012). Dessa

forma, o modelo de avaliação em remada atada representa uma alternativa interessante

para avaliação e treinamento em canoagem slalom.

Outro resultado bastante interessante observado no presente foi a não diferença entre a

iMFEL e FCHiper,. Também não houve diferença entre FCHiper e FCLin., no entanto, a FCLin

foi significantemente maior que iMFEL (Tabela 1). Em adição, a análise gráfica de Bland

e Altman revelou concordância tanto para FCHiper como FCLin com MFEL, uma vez que

os valores obtidos ficaram entre os limites de concordância. No entanto, somente a

FCHiper foi correlacionada de maneira significante com iMFEL (r= 0,82, p=0,002).

A não diferença entre a FCHiper e FCLin corrobora com os achados de Bull et al. (2000),

que observaram o parâmetro aeróbio previsto pelo modelo hiperbólico igual ao obtido

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por modelo linear (1/t). Entretanto, mais recentemente, Bergnstrom et al. (2014)

compararam cinco modelos matemáticos para a obtenção da PC e verificaram que

modelos lineares superestimam de 4-6% a PC obtida pelos diferentes modelos

hiperbólicos. Já a validade da PC em estimar a iMFEL ainda é controversa na literatura

e precisa ser melhor investigada. Poucos trabalhos têm se empenhado em verificar se a

intensidade de PC corresponde de fato a iMFEL de maneira independente, sobretudo

em atletas bem treinados e utilizando ergômetros específicos à amostra avaliada como

em nosso estudo. Existem evidências de que a intensidade de PC possa representar

não só a maior estabilidade de parâmetros metabólicos como lactato sanguíneo, VO2max

e bicarbonato (Poole et al. 1988; Poole et al. 1990) como também intramusculares de

creatina fosfato (CrF), fosfato inorgânico (Pi) e pH. (JONES et al., 2008). No entanto,

estudos comparando PC e MFEL de maneira independente são controversos. Pringle e

Jones (2002) e Dekerle et al. (2003) compararam a PC obtida em cicloergômetro por

modelo linear (1/t) com a MFEL e verificaram que a PC superestima significantemente a

iMFEL. Esse mesmo comportamento também foi verificado por nós, quando

comparamos a FCLin e iMFEL, por outro lado, isso não ocorreu quando a FC foi

calculada utilizando o modelo hiperbólico. Já Smith e Jones (2001) não encontraram

diferença entre a intensidade de velocidade crítica e MFEL em corrida em esteira

utilizando o modelo linear (1/t) para o cálculo da velocidade crítica.

Resultados controversos entre estudos que comparem a intensidade de PC com MFEL

de maneira independente, poderão sempre ocorrer diante dos diversos fatores

metodológicos que potencialmente poderiam influenciar na determinação da PC como:

quantidade e duração das cargas preditivas (HILL, 1993), diferentes modelos

matemáticos (BULL et al., 2000; BERGNSTROM et al., 2014), estoque energético

(MIURA et al., 2000), suplementação alimentar (MIURA et al., 1999), tempo de

recuperação entre cargas preditivas e familiarização ao teste (BISHOP e JENKINS,

1995) e cadência de pedalada quando se utiliza cicloergômetro (HILL et al, 1995). Do

mesmo modo, a iMFEL pode ser influenciada por fatores como a duração total do teste

(BENEKE, 2003), a quantidade de pausas para coletas de sangue durante o teste

(BENEKE, 2003), bem como a duração dessas pausas (BENEKE, 2003a)

Os procedimentos metodológicos utilizados no presente estudo para a obtenção da

força crítica em relação a quantidade e tempo de exaustão das cargas preditivas foram

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realizados de acordo com as recomendações da literatura afim de se obter bons ajustes

matemáticos (HILL, 1993). Em relação a aplicação das cargas preditivas, optamos em

aplicar duas cargas no mesmo dia de avaliação com intervalo de aproximadamente 5 a

6 horas entre elas para obtenção de FC, com o objetivo de minimizar o tempo gasto

com avalições. Segundo Bishop e Jenkins (1995) não há diferença nos valores de PC

quando aplicadas até três cargas preditivas em um mesmo dia em comparação com

dias separados, desde que o intervalo entre uma carga e outra seja de pelo menos três

horas.

Dessa forma, além dos fatores metodológicas que podem influenciar a FC e MFEL,

acreditamos que a não diferença encontrada entre a FChiper e iMFEL se deva ao modelo

matemático utilizado, pelas características específicas do ergômetro e o nível de

rendimento dos atletas avaliados.

A estabilização do lactato sanguíneo na MFEL foi de 3,92 ± 1,38 com variação

individual de 2,2 a 6,7 mM, corroborando com os achados de Heck et al. (1985) que

justificaram a utilização da concentração fixa de 4mM de lactato sanguíneo para estimar

a MFEL, em função da maioria dos sujeitos avaliados no estudo apresentarem nessa

intensidade o maior equilíbrio entre produção e remoção de lactato, no entanto, também

foi verificada uma grande variação individual de 3,0 a 5,5 mM. Recentemente, Li et al.

(2014) verificaram que a estabilização do lactato na MFEL em canoístas avaliados em

caiaque-ergômetro foi de 5,4 ± 0,7.

Os resultados também revelaram correlações significativas entre os Tlim e iMFEL, Tlim e

FCHiper e Tprova com iMFEL (Tabela 2). Essas correlações podem ser justificadas pela

significante participação do metabolismo aeróbio nos esforços acima de 90 segundos

(GASTIN, 2001). Especificamente na canoagem slalom, Zamparo et al. (2006)

mostraram que a contribuição energética do metabolismo aeróbio em prova simulada é

de aproximadamente 50% indicando a importante participação desse metabolismo para

o desempenho. Desse modo, as correlações obtidas indicam a importância da aptidão

aeróbia para o desempenho, bem como exercícios de alta intensidade acima de 90

segundos na canoagem slalom.

Em relação a prova simulada, a distância percorrida (~300 metros) e o tempo da prova

(107s) estão de acordo com provas oficiais de canoagem slalom na atualidade (i.e.

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entre 90 e 120 segundos de duração e aproximadamente 300 metros de percurso)

(MESSIAS et al., 2014). A prova simulada também elevou a concentração de lactato

sanguíneo ao valor pico de 8,3 ± 0,7 mM, indicando significativa participação do

metabolismo anaeróbio para o fornecimento de energia. Outros trabalhos têm relatado

valores semelhantes de lactato após prova simulada de canoagem slalom aplicada a

atletas masculinos de alto rendimento, com valores pico de 8,1 mM (ZAMPARO et al.,

2006) e 9,1 mM (PENDERGAST et al., 1989). Também foi verificada correlação

negativa e significante entre a concentração média de lactato pós prova e o tempo de

prova, sugerindo, portanto, uma relação importante entre o desempenho e produção de

energia anaeróbia nessa modalidade. A contribuição do metabolismo anaeróbio para

diversos exercícios exaustivos com duração em tono de 90 segundos é de

aproximadamente 44% (GASTIN, 2001). Na canoagem slalom a contribuição do

metabolismo anaeróbio para o desempenho foi demonstrada por Zamparo et al (2006),

revelando que em prova simulada com duração entre 82 e 92 segundos, a contribuição

anaeróbia situa-se em torno de 25% para o componente alático e 30% para o lático,

totalizando 55%. Fica claro, portanto, que o desempenho em provas de canoagem

slalom é determinado, entre outros fatores, pela aptidão aeróbia e anaeróbia do

indivíduo.

Em resumo podemos concluir que os testes de MFEL e FC em sistema de canoagem

atada podem ser utilizados para avaliação aeróbia de canoístas slalom, respeitando as

características específicas da modalidade. Além disso, a FChiper pode ser utilizada como

meio alternativo, prático, de baixo custo e não invasivo para estimar a iMFEL, que por

sua vez está relacionada com o tempo de prova, indicando a relevância da aptidão

aeróbia para a performance em canoagem slalom. Em adição, o sistema de remada

atada utilizado oferece grande potencial para avalição e prescrição do treinamento a

atletas de canoagem slalom de maneira bastante específica.

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51

4.2 Artigo 2

VELOCIDADE CRÍTICA ESTIMA A MÁXIMA FASE ESTÁVEL DE LACTATO E É CORRELACIONADA COM O DESEMPENHO DE CANOÍSTAS SLALOM DE ELITE

CRITICAL VELOCITY ESTIMATES THE MAXIMAL LACTATE STEADY STATE AND IS

CORRELATED WITH THE PERFORMANCE OF ELITE SLALOM KAYAKERS

Homero Gustavo Ferrari1,2, Leonardo H.D. Messias1, Ivan G.M. Reis1,2, Filipe A.B.

Sousa1, Camila C.S. Serra1 e Fúlvia B. Manchado-Gobatto1,2

1Faculdade de Ciências Aplicadas - UNICAMP, Limeira/SP; 2Faculdade de Educação

Física – UNICAMP, Campinas/SP

Apoio: FAPESP (processo n°-2012/06355-2), CNPQ (processo n°-472277/2011-1),

FAEPEX (processo n°-756/13).

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RESUMO

A Canoagem Slalom é um esporte olímpico desde 1992 em ascensão nos últimos

anos. No entanto, poucas informações científicas são encontradas na literatura,

sobretudo, relacionadas a aspectos fisiológicos, avaliação e treinamento. O presente

estudo objetivou verificar a validade da VC em estimar a intensidade de MFEL em teste

específico em remada livre aplicado a canoístas slalom de elite e adicionalmente,

verificar a correlação entre as intensidades de VC e MFEL com desempenho em prova

simulada de slalom. Participaram do estudo seis atletas de elite de canoagem slalom,

especialistas em provas da classe K1 pertencentes a Seleção Brasileira de Canoagem

Slalom com idade média de 19,8 ± 1,6 anos. A VC foi obtida a partir de três

desempenhos máximos nas distâncias de 300, 450 e 600m, realizadas de maneira

aleatória. A iMFEL foi obtida a partir de três testes contínuos com duração de 30 min,

separados por intervalo de 24 horas entre eles, realizados em sistema de vai e vem na

distância de 50 metros. A prova simulada foi realizada em rio artificial com percurso

típico em provas de slalom, sendo considerada como desempenho o tempo total do

percurso. Não foram observadas diferenças entre as intensidades de VC (7,77 ± 0,28

Km/h) e MFEL (7,50 ± 0,32) e correlação significativa foi encontrada entre a intensidade

de VC e desempenho em prova simulada (r= 0,84, p=0,03). Assim concluímos que a VC

é válida para estimar a iMFEL em canoístas slalom de elite, além de ser correlacionada

com o desempenho.

Palavras-chave: canoagem slalom, aptidão aeróbia, desempenho.

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ABSTRACT

Canoe Slalom It has been officially part of the Olympic Games program since 1992 in

Barcelon. However, few scientific information is found in the literature, mainly related to

physiological, evaluation and training aspects. Thus, this study aimed to verify the

validity of CV to estimate the intensity of MLSS in specific test applied in elite slalom

kayakers and additionally verify the correlation between the intensities of CV and MLSS

with performance in simulated slalom race. Six elite slalom kayakers participated in this

study, all males and belonging to the Brazilian Canoe Slalom team (19.8 ± 1.6 years

old). The CV was obtained from three maximum performance at distances of 300, 450

and 600m, performed randomly. The iMLSS was obtained from three continuous test

lasting 30 min, separated by 24-hour interval between them, performed in back and forth

over a distance of 50 meters. The simulated race was conducted on a white water

course and as performance indicator the total race time was adopted. No differences

were observed between the intensities of CV (7.77 ± 0.28 km/h) and MLSS (7.50 ± 0.32)

and a significant correlation was found between the intensity of CV and performance in

simulated race (r = 0.84, p = 0.03). We conclude that the CV is valid to estimate the

iMLSS and is correlated with performance in elite slalom kayakers.

Keyword: canoe slalom, aerobic fitness, performance.

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INTRODUÇÃO

A Canoagem Slalom é um esporte olímpico desde 1992 e que vem crescendo

progressivamente ao longo dos últimos anos em boa parte do mundo. Realizada em

rios naturais ou artificiais com corredeiras, ondas e redemoinhos é dividida em três

classes: caiaque individual (K1), canoa individual (C1) e canoa dupla (C2). A literatura

tem apresentado poucas informações sobre a modalidade, sobretudo, relacionadas a

aspectos fisiológicos, avaliação e treinamento (MESSIAS et al., 2014).

Durante a competição de slalom são solicitadas altas demandas cardiovasculares e

metabólicas e significante contribuição dos metabolismos aeróbio e anaeróbio

(ZAMPARO et al., 2006). Dessa forma, além de habilidades técnicas e capacidades

motoras específicas, o desempenho na canoagem slalom também é determinado pelo

aprimoramento das vias de fornecimento de energia. Assim, o desenvolvimento da

aptidão aeróbia se torna um aspecto importante na preparação de canoístas e

consequentemente melhora do desempenho. No entanto, o treinamento aeróbio para

canoístas slalom de elite, é dificultado, especialmente devido à carência de protocolos

específicos que possam ser utilizados para a avaliação e prescrição individualizada das

intensidades de treinamento, além de serem ecologicamente válidos.

A zona de transição metabólica aeróbia/anaeróbia tem sido muito utilizada para a

prescrição individualizada da intensidade do treinamento aeróbio, tendo como padrão

ouro para sua mensuração a máxima fase estável de lactato sanguíneo (MFEL)

(FERREIRA et al., 2007). A MFEL representa a mais alta intensidade de exercício na

qual ainda é possível verificar equilíbrio entre produção e remoção de lactato sanguíneo

em exercícios de longa duração e carga constante (BILLAT et al., 2003; FAUDE et al.,

2009). No entanto, a MFEL possui algumas limitações no âmbito esportivo, dentre elas,

a necessidade de 3 a 6 séries de exercícios contínuos de longa duração

(aproximadamente 30 minutos), realizados em dias diferentes, o que pode comprometer

de maneira significativa a rotina de treinamentos de atletas de elite, além disso, tem um

caráter invasivo necessitando de várias coletas de sangue para determinação do lactato

sanguíneo. Dessa forma, metodologias alternativas que potencialmente possam estimar

a MFEL são bastante atraentes, sobretudo, aquelas não invasivas e de fácil

aplicabilidade, como, por exemplo, a velocidade crítica (VC).

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A VC é derivada do conceito de potência crítica (PC) baseado na relação hiperbólica

entre potência desenvolvida em uma determinada intensidade de exercício e seu tempo

de exaustão (MONOD e SCHERRER, 1965). A PC pode ser obtida por diferentes

ajustes matemáticos, hiperbólicos e lineares (BERGNSTROM et al., 2014), fornecendo

dois parâmetros, um aeróbio (PC) e outro anaeróbio, denominado capacidade de

trabalho anaeróbio (CTA). O parâmetro aeróbio (PC) é definido como a intensidade de

exercício que pode ser mantida por longo tempo sem exaustão (Monod e Scherrer,

1965). O conceito de PC, também permite que a potência possa ser substituída por

outros indicadores de intensidade, como velocidade (WAKAYOSHI et al., 1992) ou força

(PAPOTI et al, 2013), denominadas respectivamente, de velocidade crítica (VC) e força

crítica (FC). A VC pode ser obtida por ajuste linear “distância vs. tempo” e trás

vantagens atraentes para o esporte, sobretudo, por ser uma metodologia simples de

fácil aplicabilidade, não invasiva, de baixo custo e de alta validade ecológica, podendo

ser aplicada a diversos esportes (WAKAYOSHI et al., 1992; BOSQUET et al., 2006;

KENDALL et al., 2011). Recentemente, nosso grupo foi o primeiro a padronizar testes

específicos de VC para a avaliação da aptidão aeróbia de canoístas slalom de elite

(MANCHADO-GOBATTO et al., 2014).

A literatura tem mostrado que a VC pode estimar limiares de lactato como o Onset

Blood Lactate Accumulation (OBLA) (WAKAYOSHI et al., 1992; MANCHADO-

GOBATTO et al., 2014), Lactato Mínimo (HIYANE et al., 2006) e a MFEL (SMITH e

JONES, 2001; WAKAYOSHI et al.,1993; TAKAHASHI et al., 2009) e também se

correlaciona de maneira significante com a performance em diferentes esportes como

natação (WAKAYOSHI et al., 1992; TAKAHASHI et al., 2009) corrida (KRANENBURG e

SMITH, 1996; BOSQUET et al., 2006) e remo (KENDALL et al., 2011).

Dessa forma, considerando a alta aplicabilidade da VC para a avaliação e prescrição do

treinamento aeróbio na canoagem slalom (MANCHADO-GOBATTO et al., 2014) e

aliado a poucas informações científicas sobre a modalidade (MESSIAS et al., 2014), o

presente estudo é o primeiro a testar a hipótese da VC estimar a zona de transição

metabólica aeróbia/anaeróbia na canoagem slalom, comparando-a com a MFEL

considerada padrão ouro para essa avaliação.

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Assim, esse estudo objetivou verificar a validade da VC em estimar a intensidade de

MFEL em teste específico em remada livre aplicado a canoístas slalom de elite e

adicionalmente, verificar a correlação entre as intensidades de VC e MFEL com

desempenho em prova simulada de slalom.

MATERIAS E MÉTODOS

Sujeitos

Participaram do estudo seis atletas de elite da canoagem slalom, especialistas em

provas da classe K1, todos do gênero masculino e pertencentes a Seleção Brasileira de

Canoagem Slalom (idade 19,8 ± 1,6 anos, massa corporal 67,3 ± 0,5 kg, estatura 174,3

± 0,6 cm e 10,1 ± 0,1% de gordura corporal). Todos os atletas possuíam experiência em

competições internacionais como Copa do Mundo e Campeonatos Mundiais da

modalidade e encontravam-se entre os 100 primeiros colocados no ranking mundial da

modalidade no ano de 2013, quando o estudo foi desenvolvido. Todos os experimentos

foram conduzidos atendendo as recomendações éticas da Declaração de Helsinki e foi

aprovado pelo Comitê de Ética Local. Em adição todos os participantes assinaram

termo de consentimento antes da participação.

Procedimentos

Os participantes foram submetidos a seis dias consecutivos de avalições, alocados da

seguinte maneira:

1º dia – avaliação antropométrica e primeira carga preditiva para determinação da VC;

2º dia – segunda e terceira cargas preditivas para determinação de VC, com intervalo

mínimo de duas horas entre elas;

3º dia – prova simulada de canoagem slalom;

4º ao 6º dia - testes específicos em intensidade constante de 30 minutos para

identificação da MFEL. Cada participante realizou três testes, com intervalo de 20 a 24

horas.

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Os testes de VC e MFEL foram realizados em um lago artificial com dimensões

aproximadas de 200 m de comprimento por 150 m de largura, enquanto a prova

simulada para obtenção do desempenho foi efetuada em um rio artificial (Foz do

Iguaçu, Paraná, Brasil) com percurso típico de competição de slalom e utilizado pela

Federação Internacional de Canoagem para sediar eventos internacionais, como

campeonatos sul-americanos, pan-americanos e mundiais da modalidade. Em todos os

testes cada participante utilizou seu próprio caiaque e remo, além de equipamentos de

segurança obrigatórios.

Velocidade Crítica (VC)

Para a obtenção da VC os atletas foram submetidos a três desempenhos máximos nas

distâncias de 300, 450 e 600 metros, conforme sugerido por Manchado-Gobatto et al.

(2014) para canoagem slalom. As distâncias foram randomizadas em dois dias, com

intervalo de duas a três horas entre elas, quando necessário. Os tempos foram

registrados por meio de cronômetros manuais da marca Cassio®. Para a obtenção dos

parâmetros aeróbio e anaeróbio do modelo de VC foi aplicado o ajuste matemático

linear “distância vs. tempo” descrito pela equação y = a + b.x, onde a VC e CTA

correspondem, respectivamente, aos coeficientes angular e linear do ajuste. O

parâmetro anaeróbio não foi considerado no presente estudo. Em adição, os valores

dos coeficientes de determinação (R2) foram utilizados para analisar a característica

matemática dos ajustes, sendo considerados apenas os ajustes com valores superiores

à 0.90.

Máxima fase estável de lactato (MFEL)

Para determinar a intensidade de MFEL (iMFEL) os atletas foram submetidos a três

testes contínuos com duração de 30 min, separados por intervalo de 24 horas entre

eles. Os testes foram realizados em lagoa e em sistema de vai e vem na distância de

50 metros, com velocidade controlada por sinal sonoro, conforme sugerido por nosso

grupo (Manchado-Gobatto et al., 2014) para avaliação aeróbia em canoagem slalom. A

primeira intensidade foi correspondente a uma velocidade aproximadamente 5% abaixo

da VC e as intensidades subsequentes 0,5 Km/h acima ou abaixo, conforme a resposta

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lactacidêmica na primeira intensidade imposta. As concentrações de lactato foram

determinadas a cada 10 minutos e a MFEL correspondeu à máxima intensidade de

exercício em que a elevação de lactato sanguíneo foi igual ou inferior a 1mM do 10º ao

30º min. A concentração de lactato equivalente à MFEL correspondeu à média de

estabilização do lactato sanguíneo desse período (BENEKE, 2003).

Simulação de prova

A simulação de prova foi realizada em rio artificial utilizado para competições nacionais

e internacionais, além de ser utilizado para os treinamentos da Seleção Brasileira de

Canoagem Slalom. O trajeto ou pista, montado para a simulação, seguiu padrões

oficiais sugeridos pela Federação Internacional de Canoagem e contou com a

disposição de 24 portas, sendo 18 situadas a favor da correnteza e 6 contra a

correnteza. Como indicador de desempenho foi utilizado o tempo total de prova, sem

descontos de penalidades. Os valores de tempo de prova foram registrados com a

utilização de um cronômetro manual (Cássio, modelo HS-30W-N1V). Durante a prova

também foram monitoradas a frequência cardíaca e a distância total da prova por meio

de um monitor cardíaco com sistema global de posicionamento (GPS) acoplado

(Polar®, RS800, Finlândia), que foi fixado no tornozelo do canoísta. Após a prova

(~1minuto) foram coletadas amostras de sangue para dosagem de lactato sanguíneo.

Obtenção de sangue e análise do lactato sanguíneo

Amostras de sangue (25 μl) foram extraídas do lóbulo da orelha com a utilização de

capilares calibrados e heparinizados, sendo posteriormente depositadas em tubos

Eppendorf (1,5 ml) contendo 50 μl de fluoreto de sódio – NaF (1%). As amostras foram

congeladas à temperatura -20o e posteriormente, homogeneizadas e analisadas em

Lactímetro (YSI 2300 STAT Plus™ Glucose & Lactate Analyzer – Yellow Springs).

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Análise estatística

Os resultados estão apresentados em média ± desvio padrão (DP) e para todas as

análises, o nível de significância adotado foi P<0,05. Todos os dados inicialmente foram

submetidos ao teste de Shapiro-Wilks e Levene, para verificar, respectivamente, a

normalidade e homogeneidade. Posteriormente foi utilizado o utilizado o teste t-student

pareado para comparação da MFEL com VC e a análise gráfica de Bland e Altman para

analisar a concordância entre ambas as intensidades. O teste de correlação linear de

Pearson foi adotado para correlacionar as velocidades de MFEL e VC com o

desempenho em prova simulada. A amostra utilizada foi suficiente para obter um effect

size de 1,41 e poder estatístico de 0.86 para valor alfa de 0.05. As análises estatísticas

dos testes t-student e Pearson foram executadas com auxílio do pacote estatístico

Statistica, versão 7.0 (Statistica, Tulsa, USA), o Bland e Altman com auxílio do software

Matlab 5.3® (MathWorks, Massachusetts, USA) e sample size, effect size and power

com G*Power Statistical Power Analyses (free software, Heinrich-Heine-Universität,

Düsseldorf, Germany).

RESULTADOS

Os resultados indicaram a igualdade entre as intensidades de VC e MFEL (Tabela 1),

sendo a concentração média de lactato sanguíneo na MFEL equivalente a 4,54 ± 1,29

mM.

Tabela 1. Comparação das intensidades entre velocidade crítica (VC) e máxima fase

estável de lactato (iMFEL) e coeficiente de determinação (R2) dos ajustes matemáticos

da VC.

iMFEL (km/h-1) VC (km/h-1) R2 P valor Média 7.50 7.77 0,99 0.147

DP 0.32 0.28 0,01

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O Gráfico 1 mostra a representação gráfica do teste de MFEL de um participante, a

partir de três intensidades diferentes, indicando a validade do protocolo proposto para a

canoagem slalom.

Figura 1. Representação gráfica do teste de MFEL de um participante.

A análise gráfica de Bland e Altman indica uma boa concordância entre os dois

métodos, sendo a média das diferenças observada em 0,25 km/h e todos os valores

dentro dos limites de concordância (Figura 2).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

10min 20min 30min

Lact

ato

sang

uíne

o (m

M)

Tempo

7,0 km/h7,5 km/h8,0 km/h

Dif. > 1,0 mM

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Figura 2. Análise de concordância gráfica de Bland e Altman entre velocidade crítica

(VC) e intensidade de máxima fase estável de lactato (iMFEL).

Em relação a prova simulada de canoagem slalom, a Tabela 2 apresenta os valores

das variáveis cardiovasculares, metabólicas e de desempenho observadas.

Tabela 2. Variáveis de desempenho (tempo, distância e Vméd), cardiovasculares (FCméd,

FCpico e %FCmáx) e metabólicas (LACpós) obtidas na prova simulada de canoagem

slalom.

Tempo (s)

Distância (m)

Vméd (Km/h)

FCméd (bpm)

FCpico (bpm)

% FCmáx LACpós (mM)

Média 101,2 260,2 9,2 180,0 185,0 90,0 6,5 DP 11,8 23,4 1,2 9,0 7,0 5,1 2,1 Vméd = velocidade média do percurso da prova; FCméd = frequência cardíaca média da prova; FCpico = maior frequência cardíaca obtida durante a prova; %FCmáx = intensidade relativa da prova em relação a frequência cardíaca máxima estimada pela equação 220-idade e LACpós = concentração de lactato sanguíneo obtido logo após a prova (~1minuto).

Foi observada correlação significante entre a VC e desempenho em prova simulada

(Vméd). No entanto, o mesmo não foi verificado entre iMFEL e desempenho (Figura 3).

y = -34,487x + 369,12r = - 0,81, p=0,04

0

40

80

120

160

7,4 7,6 7,8 8,0 8,2 8,4

Des

empe

nho

(s)

VC (km.h-1)

y = -2x + 116,17r = - 0,05, p= 0,91

0

40

80

120

160

6,8 7 7,2 7,4 7,6 7,8 8 8,2

Des

empe

nho

(s)

iMFEL (km.h-1)

A B

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Figura 3. A) Correlação entre velocidade crítica (VC) e desempenho em prova

simulada. B) Correlação entre intensidade de máxima fase estável de lactato (iMFEL) e

desempenho em prova simulada.

DISCUSSÃO

Os principais achados do presente estudo indicam a validade da VC em estimar a

intensidade de MFEL em teste específico em remada livre em canoístas slalom de elite

e também a significante correlação entre a intensidade de VC e desempenho em prova

simulada, o que implica em importantes caminhos para a avaliação e prescrição do

treinamento de canoístas slalom de elite.

O significado fisiológico do conceito de PC ou VC ainda não está bem estabelecido na

literatura, mas ela parece delimitar os domínios de intensidade pesado e severo

(JONES et al., 2010) assim como a MFEL (PRINGLE e JONES, 2002), no entanto, a

sua validade em estimar a iMFEL ainda é controversa. Estudos realizados em

cicloergômetro avaliando a PC e MFEL de maneira independente mostraram que a

intensidade de PC superestima entre 9% e 14% a intensidade de MFEL (PRINGLE e

JONES, 2002; DEKERLE et al., 2003). Por outro lado, existem evidências de que a

intensidade de PC possa representar a maior estabilidade de parâmetros metabólicos

como lactato sanguíneo.

Wakayoshi et al. (1993) avaliando oito nadadores universitários treinados, verificaram

em teste de MFEL (4 x 400m, a 98%, 100% e 102% da VC) que a maior estabilidade de

lactato sanguíneo ocorreu em intensidade de 100% da VC obtida pelo modelo

distância-tempo nas distâncias de 200 e 400 metros. Mais recentemente, Takahashi et

al. (2009) em estudo similar ao de Wakayoshi et al. (1993), também verificaram em

nadadores treinados, que a maior estabilização de lactato sanguíneo em teste de MFEL

(5 x 400m, a 98%, 100% e 102% da VC), também ocorreu em intensidade de 100% da

VC. Em outro estudo, Smith e Jones (2001) avaliando indivíduos ativos na corrida,

compararam de maneira independente a VC obtida em esteira com a intensidade de

MFEL e não encontraram diferença significativa entre as intensidades de VC (14,4 ± 1,1

Km/h) e MFEL (13,8 ± 1,1 Km/h). Além disso, a PC também tem sido associada a maior

estabilidade de outros parâmetros metabólicos como consumo de oxigênio e

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bicarbonato (POOLE et al. 1988; POOLE et al. 1990) e mais recentemente, também a

parâmetros intramusculares de creatina fosfato (CrF), fosfato inorgânico (Pi) e pH.

(JONES et al., 2008)

Resultados diferentes entre estudos que comparam a PC ou VC com a MFEL de

maneira independente, sempre poderão ocorrer diante dos diversos fatores

metodológicos que potencialmente poderiam influenciar as duas metodologias (HILL,

1993; BENEKE et al., 2003; BENEKE et al., 2003a). O fato é que muitas evidências

indicam que a VC é considerada um bom índice de aptidão aeróbia (VAUTIER et al.,

1995; WAKAYOSHI et al.,1992; WAKAYOSHI et al.,1993; VANHATALO et al., 2010;

MANCHADO-GOBATTO et al., 2014) e sensível aos efeitos do treinamento (POOLE et

al., 1990; JENKINS e QUIGLEY, 1992), o que a torna uma metodologia bastante

interessante ao esporte.

Em adição, a análise gráfica de Bland e Altman, revela boa concordância entre as

metodologias com média das diferenças de 0,25 Km/h, o que representa metade da

velocidade utilizada como implemento de intensidade no teste de MFEL (0,5 Km/h),

além disso, todos os valores se encontram dentro dos limites de concordância

estabelecidos pelo teste. Também, vale destacar que a diferença das médias poderia

ser ainda menor se adotado implemento de intensidade no teste de MFEL menores a

0,5 Km/h. No entanto, é necessário levar em consideração que quando há uma

diferença, a VC parece ligeiramente superestimar a MFEL, assim como encontrado em

outros estudos (SMITH e JONES, 2001; PRINGLE e JONES, 2002), o que não invalida

a sua para a prescrição de treinamentos com características predominantemente

aeróbias na canoagem slalom.

O valor de estabilização do lactato sanguíneo na MFEL foi de 4,54 ± 1,29 mM, um

pouco abaixo do reportado recentemente por Li et al. (2014) em canoístas com valor de

5,4 ± 0,7 mM. Apesar de ambos os estudos terem avaliados canoístas, essa diferença

pode ter ocorrido em função da maior variabilidade individual de nosso estudo e

também do modo de avaliação da MFEL. Em nosso estudo a MFEL foi realizada em

remada livre na água, enquanto Li et al. (2014) utilizaram um caiaque-ergômetro, que

segundo Fleming et al. (2012) não reproduz de maneira idêntica o padrão motor da

remada livre na água.

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Em relação a prova simulada, a distância percorrida e o tempo da prova estão de

acordo com provas oficiais de canoagem slalom na atualidade (i.e. entre 90 e 120

segundos de duração e aproximadamente 300 metros de percurso) (MESSIAS et al.,

2014). Os valores encontrados para FCméd (180 bpm), %FCmáx (90,0) e LACpós (6,5

mM), estão de acordo com os achados de Zamparo et al. (2006) em prova simulada de

canoagem slalom em atletas de elite, que encontraram valores de FCméd de 177 bpm,

%FCmáx de 92,0 e LACpós de 8,1 mM. No que tange ao menor valor de lactato

sanguíneo encontrado no presente estudo frente ao de Zamparo et al. (2006), pode ser

explicado pelo tempo de coleta de sangue após a prova entre os estudos, 1 minuto

versus 5 minutos, respectivamente.

Outro interessante resultado do presente estudo foi a correlação significativa obtida

entre VC e desempenho em prova simulada, sugerindo que a VC possa ser utilizada

para predizer mudanças no desempenho em competições, ou seja, melhora ou piora,

mas não o tempo de prova. Segundo Vanhatalo et al. (2011) a VC parece estar mais

relacionada ao desempenho em atividades contínuas que durem entre 2 a 30 minutos,

como mostra alguns estudos com natação (WAKAYOSHI et al., 1993; TAKAHASHI et

al., 2009), corrida (KRANENBURG e SMITH, 1996) e remo (KENDALL et al., 2011). No

entanto, Bosquet et al (2006) avaliando corredores altamente treinados, verificaram que

a VC obtida em esteira foi altamente correlacionada com o desempenho na prova de

800 metros rasos, cujo tempo de duração fica abaixo de dois minutos. Dessa forma,

assim como ocorreu no presente estudo e no Bosquet et al. (2006), a correlação entre

VC e desempenho em eventos abaixo de dois minutos parece plausível, uma vez que

para esforços máximos próximos a 100 segundos, a contribuição aeróbia para o

fornecimento de energia é superior a 50% (GASTIN, 2001). Especificamente na

canoagem slalom, Zamparo et al. (2006) mostraram que a contribuição energética do

metabolismo aeróbio em prova simulada é de aproximadamente 50%, indicando a

importante participação desse metabolismo para o desempenho. Dessa forma,

podemos sugerir que o aprimoramento da aptidão aeróbia é um componente importante

na preparação de canoístas slalom e deve fazer parte durante todo o processo de

treinamento ao longo da temporada.

Em função da rotina de treinamentos e competições dos atletas participantes não foi

possível realizarmos mais avaliações para testar a confiabilidade e reprodutibilidade

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dos testes aplicados, o que seria interessante em estudos futuros. Isso, no entanto, isso

não impede que essas informações sejam utilizadas para aplicação prática da

modalidade dede que de que se conheçam essas limitações. Outro fato relevante é que

apesar na amostra ser aparentemente pequena, é importante considerar alguns

aspectos importantes como a qualidade em termos de homogeneidade e nível de

desempenho da amostra e da dificuldade em se recrutar atletas de elite para participar

de estudos científicos. Mesmo assim, a amostra utilizada foi capaz de proporcionar uma

robusta análise estatística com effect size da amostra de 1,41 e poder estatístico de

0.86, fato este que atesta a segurança dos dados obtidos.

Assim, concluímos que a VC pode ser utilizada como metodologia alternativa para

estimar a iMFEL em canoístas slalom de elite e também predizer alterações de

desempenho.

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REFERÊNCIAS

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5 DISCUSSÃO GERAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS

Um dos grandes objetivos em se estudar o esporte de uma maneira geral é

poder através do avanço da ciência, contribuir direta ou indiretamente para o seu

aprimoramento. No caso específico do estudo em avaliações aplicadas ao esporte, um

dos grandes objetivos é sem dúvida fornecer ferramentas para a utilização por parte de

técnicos/treinadores para o aprimoramento do treinamento e consequentemente do

desempenho atlético. Como já citado na presente tese, a canoagem slalom carece de

mais informações que possam auxiliar no seu desenvolvimento enquanto esporte,

sobretudo, à aspectos relacionados a avaliação e treinamento.

Dessa forma, a partir das informações produzidas por essa tese, podemos

afirmar que avançamos na fronteira do conhecimento das ciências do esporte e

especificamente da canoagem slalom. Entretanto, se faz importante que esse

conhecimento produzido tenha aplicação prática dentro da modalidade e que chegue de

alguma forma ao conhecimento de técnicos/treinadores.

No primeiro estudo, apresentamos os resultados relativos as avaliações

atadas, que só foram possíveis, pelo desenvolvimento do sistema de canoagem atada e

a padronização dos testes utilizados. Os testes utilizados (FC e MFEL) se mostraram

válidos para a avaliação da aptidão aeróbia de canoístas slalom, com destaque para o

teste de FC, que é um teste não invasivo, de baixo custo e que pode ser realizado em

piscina, o que permite uma aplicação prática muito grande. A aplicação da canoagem

atada serve não só para a avaliação, mas também tem um grande potencial para

treinamento, sobretudo, da aptidão aeróbia, que como demonstrado, tem relação com o

desempenho em prova simulada. Em atletas de alto rendimento como os avaliados

nesse estudo, a canoagem atada pode ser utilizada para o treinamento da aptidão

aeróbia utilizando as intensidades de treinamento obtidas pelas avaliações e que

podem ser controladas pelo atleta de maneira bastante simples. Outra vantagem é a

aplicação do treinamento a diversos atletas ao mesmo tempo e em espaço

relativamente pequeno como uma piscina, o que facilita em muito o acompanhamento

por parte dos técnicos/treinadores, podendo inclusive atuar na correção técnica da

remada durante o treinamento e filmagens para posterior análise, o que geralmente não

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é feito em treinamentos em lagos ou rios pelas dificuldades geográficas. Outro aspecto,

relevante, é em relação a ampliação da oportunidade da prática da canoagem slalom,

sobretudo, na iniciação da modalidade. A utilização da canoagem atada possibilita que

a aprendizagem da canoagem slalom possa ser realizada em piscina, o que amplia em

muito a oportunidade da sua prática e minimiza riscos em relação a segurança do

praticante em comparação com a iniciação realizada em rios ou lagos.

No que diz respeito aos resultados apresentados no segundo estudo, assim

como no primeiro, verificamos a possibilidade de utilizar tanto a VC como a MFEL em

teste específico em remada livre para a avaliação aeróbia de canoístas slalom, com

destaque para a VC por ser um método não invasivo, prático e de baixo custo. Uma vez

que a grande maioria de atletas de canoagem slalom realizam seus treinamentos em

lagoas ou lagos, a VC permite que eles possam ser avaliados de maneira bastante

específica e com grande validade ecológica. Além disso, uma vez que a VC estima a

iMFEL, ela pode ser utilizada para o aprimoramento da aptidão aeróbia de canoístas

slalom.

6 CONCLUSÕES FINAIS

Diante dos resultados apresentados, podemos confirmar que todas as hipóteses iniciais

foram aceitas e sugerir as seguintes conclusões:

i) é possível utilizar a canoagem atada para avaliação aeróbia através da

adaptação das metodologias de potência crítica e máxima fase estável de

lactato;

ii) a FCRITHiper estima a intensidade de MFEL e são altamente correlacionadas;

iii) a intensidade de MFEL é correlacionada com o desempenho em prova

simulada;

iv) a iMFEL e a FCRITHiper são correlacionadas com os tempos limite das cargas

preditivas de FCRIT;

v) a VC estima a iMFEL em teste em remada livre;

vi) a intensidade de VC é correlacionada com o desempenho em prova simulada.

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8 APÊNDICE

Tabela 1. Varáveis antropométricas avaliadas, composição corporal e somatotipo.

Variáveis antropométricas Média Desvio padrão

Massa corporal (kg) 68,1 8,5 Estatura total (cm) 173,6 8,2 Estatura tronco-cefálica (cm) 89,6 4,2 Comprimento membros inferiores (cm) 84,0 4,5 Envergadura (cm) 179,1 8,8 Diâmetro biepicôndilo umeral (cm) 6,3 0,5 Diâmetro biepicôndilo femural (cm) 9,4 0,4 Dobra cutânea bíceps 3,1 0,4 Dobra cutânea peito 4,2 0,8 Dobra cutânea axilar 5,2 0,9 Dobra cutânea suprailíaca 6,0 1,6 Dobra cutânea abdominal 8,7 3,1 Dobra cutânea coxa 9,5 3,0 Dobra cutânea perna 7,3 2,8 Dobra cutânea tríceps 6,4 2,5 Dobra cutânea subescapular 8,7 2,7 Somatória das 9 dobras 59,1 15,1 Circunferência perna direita (cm) 34,0 1,9 Circunferência braço contraído direito (cm) 34,0 2,9 Percentual de gordura 10,3 1,3 Massa de gordura corporal (Kg) 15,3 2,7 Massa livre de gordura (Kg) 53,4 10,5 Somatotipo Endomorfo 2,7 0,7 Mesomorfo 4,4 0,8 Ectomorfo 2,5 0,8