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O Conselho Europeu em 2010
JANEIRO DE 2011
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O Conselho Europeu em 2010
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O presente folheto é publicado pelo Secretariado-Geral do Conselho.www.european-council.europa.eu
Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2011
ISBN 978-92-824-2814-6doi:10.2860/71973
© União Europeia, 2011
Reprodução autorizada mediante indicação da fonte
Printed in BelgiumImpresso em papel ecológico
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O Conselho Europeu em 2010 Presidente do Conselho Europeu
À volta da mesa 5
Preservar a estabilidade da área do euro 6
Criar emprego e crescimento 9
Traçar o rumo da União no mundo 11
Trabalhar em conjunto 14
Em perspectiva 19
Conclusões do Conselho Europeue declarações dos chefes de Estado e de Governo 21
Índice
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Conselho Europeu, Outubro de 2010
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Faz agora mais de um ano que assumi funções como primeiro presidente permanente do Conselho Europeu. A nossa instituição reúne à volta da mesa os mais altos dirigentes executivos da União: os 27 chefes de Estado e de Governo
dos Estados-Membros, o presidente da Comissão e o presidente do Conselho Europeu. É no âmbito deste órgão estratégico, sem funções legislativas, que juntos estabelecemos prioridades políticas, traçamos o rumo estratégico da União e assumimos a responsabilidade em situações de crise.
No Conselho Europeu em 2010 são abordadas as nossas actividades ao longo deste ano em que tanto aconteceu. A estabilidade da área do euro, a situação das nossas economias e o papel da União Europeia no mundo foram todos eles assuntos que reclamaram a nossa máxima atenção.
Em 1 de Dezembro de 2009, com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, o Conselho Europeu tornou-se formalmente uma instituição de pleno direito. Passou também a ter um presidente permanente, eleito por um mandato de dois anos e meio, renovável uma vez. Pretendia-se com a nova estrutura conferir mais coerência e continuidade ao trabalho da União. A ideia é meritória, como já fi cou comprovado neste primeiro ano.
Nas nossas reuniões, os únicos que participam nos trabalhos são os dirigentes e a alta-representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, o que permite manter um debate vivo e aberto. Com cerca de trinta pessoas em torno de uma mesa oval, é possível chegar a acordo face a face (ou quase). A reunião é amiúde precedida de uma troca de opiniões com o presidente do Parlamento Europeu, e por vezes também é convidado o presidente do Banco Central Europeu. Com o tempo, fi camos a conhecer-nos muito bem. Em 2010, acolhemos seis novos colegas e despedimo-nos de alguns outros, depois das mudanças de governo no Reino Unido, na Hungria, na Finlândia, na República Checa, na Eslováquia e nos Países Baixos. Estes encontros são essenciais para criar relacionamentos entre os chefes de Estado e de Governo da Europa. Só a confi ança entre as pessoas pode gerar um sentido de rumo comum.
Em 2010, realizámos seis reuniões do Conselho Europeu entre 11 de Fevereiro e 16 e 17 de Dezembro, uma informal e cinco informais. Os chefes de Estado e de Governo da área do euro tiveram também oportunidade de se encontrar em duas reuniões a que presidi, uma no decurso do Conselho Europeu de Março, a outra como reunião separada, em Maio. Nunca me hei-de esquecer da primeira reunião a que presidi, não nas habituais instalações do Conselho, mas na Biblioteca Solvay: neve lá fora, aguerridas negociações lá dentro. O número de reuniões anuais pode variar, sendo que o Tratado impõe um mínimo de quatro; em 2009 houve seis, em 2008 sete. Relativamente pouco frequentes e de grande intensidade política, as reuniões atraem muita atenção pública. A União a 27 torna-se assim muito visível nessas ocasiões. É por essas mesmas razões que são necessários cuidadosos preparativos, com a participação de muitas pessoas e instituições, em Bruxelas e nas 27 capitais. O Conselho dos Assuntos Gerais desempenha um importante papel neste contexto, agrupando os resultados alcançados nas várias reuniões ministeriais.
Compete ao presidente preparar, presidir e dirigir as reuniões do Conselho Europeu, procurar consensos entre os membros e garantir a subsequente concretização das decisões tomadas. Em conjunto com o presidente da Comissão, o presidente do Conselho Europeu actua como representante da União, ao seu nível, nas relações com países terceiros.
Muito embora a instituição não exerça funções legislativas, as conclusões do Conselho Europeu e as declarações dos chefes de Estado e de Governo estão imbuídas de uma autoridade política que é sobejamente reconhecida.
Tal como uma «cimeira», só alcançada ao fi m de uma longa viagem, também uma reunião do Conselho Europeu pode de repente abrir novos panoramas. É o fi m de um processo e é o princípio de novos começos.
À volta da mesa
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O ano de 2010 foi dominado pelas crises da dívida pública na área do euro, questão que esteve na agenda de todas as nossas reuniões. Embora só 16 Estados-Membros partilhem a moeda única (17, entretanto, desde a entrada da Estónia, em 1 de Janeiro de 2011), todos eles estão plenamente convictos de que a estabilidade da área do euro está no centro dos interesses de toda a União. As decisões que tomámos, designadamente em Maio, em Outubro e em Dezembro, constituem a maior reforma da União Económica e Monetária desde a criação do euro.
As crises da dívida pública na área do euro foram uma viragem imprevista no grande turbilhão fi nanceiro e económico mundial que teve início em Agosto de 2007 e atingiu o seu auge, a nível internacional, com a queda do Lehman Brothers. Se o risco de depressão económica em toda a Europa se revelou de curta duração — graças a intervenções fi rmes e coordenadas, a maior parte dos Estados-Membros voltou à senda do crescimento num lapso de um ano —, o certo é que, em fi nais de 2009, nova ameaça surgiu, desta feita com os problemas de fi nanciamento da Grécia.
Em Fevereiro de 2010, reunidos no Conselho Europeu, acordámos quanto ao princípio da tomada de medidas caso tal se revelasse necessário para salvaguardar a estabilidade de toda a área do euro e para ajudar a Grécia. Em Março, chegámos a acordo quanto aos principais elementos desse eventual apoio. Só em fi ns de Abril recebemos do nosso colega grego o primeiro pedido de apoio — perante a alegada lentidão do nosso processo decisório, talvez não seja despiciendo recordar esta sequência. A partir daí, tudo se passou com rapidez. Em 2 de Maio, os ministros das Finanças chegaram a um acordo que seguidamente foi subscrito, em 7 de Maio, pelos chefes de Estado e de Governo da área do euro. O acordo previa um pacote de empréstimo de 110 mil milhões de euros (80 mil milhões da UE e 30 mil milhões do Fundo Monetário Internacional). Juntamente com as
corajosas medidas de austeridade tomadas pelo próprio Governo grego, o pacote accionado permitiu estabilizar a situação na Grécia.
Um jantar decisivo
Na primeira semana de Maio, os acontecimentos precipitaram-se. Tornou-se manifesto que tínhamos de ir além de uma decisão ad hoc para um único país e avançar para um mecanismo sistémico. O problema de um país converteu-se num problema para toda a área do euro, e até numa ameaça para a retoma mundial. E foi assim que, inesperadamente, a cimeira extraordinária dos dezasseis chefes de Estado e de Governo da área do euro, marcada para 7 de Maio com o objectivo de adoptar o pacote para a Grécia e debater o futuro, se transformou num daqueles jantares decisivos que parecem ser o segredo do êxito da União. Depois da meia-noite, os líderes dos 16 países da área do euro acordaram em fazer uso de «todos os meios disponíveis» para salvaguardar a estabilidade do euro. Não eram palavras ocas. Em 48 horas, na sequência do pedido dos chefes de Estado e de Governo, a Comissão Europeia apresentou uma proposta e os ministros das Finanças chegaram a acordo sobre um mecanismo de crise ad hoc: um sistema de empréstimos condicionais de 750 mil milhões de euros, sistema que agora já está instituído e que vigorará até meados de 2013. Vários Estados-Membros anunciaram a imediata adopção de medidas orçamentais suplementares e reformas económicas. Num passo sem precedentes, o Banco Central Europeu comprou obrigações no mercado secundário para evitar a ruptura do mercado. Ficou assim demonstrado, neste esforço conjunto, que não há margem para dúvidas quanto à capacidade de acção da União.
Na crise por que passámos na Primavera, construímos «um salva-vidas no mar alto», como afi rmei num discurso de 25 de Maio. Em tempo de tormenta, não foi coisa pouca. Mas todos nós estávamos cientes
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de que era necessário retirar as devidas lições para o futuro: tanto para evitar situações de crise, sempre que possível, como para reforçar a nossa capacidade de lhes dar resposta. Foi esse duplo objectivo que o Conselho Europeu adoptou como prioridade no segundo semestre de 2010. Fizemos o que tinha de ser feito.
Já na reunião de Março, o Conselho Europeu havia criado um Grupo de Missão sobre a Governação Económica, incumbido de tirar lições da crise e de apresentar propostas até ao fi nal do ano. Na minha qualidade de presidente do Conselho, fui convidado a presidir ao Grupo, em estreita colaboração com a Comissão e com representantes dos Estados-Membros, o Banco Central Europeu e o presidente do Eurogrupo. O contributo da Comissão foi de primordial importância. Em Maio, face à premência da situação, intensifi cámos os trabalhos do Grupo. O Conselho Europeu pôde assim ser consultado, em Junho e em Setembro, sobre os progressos registados na matéria. É muito positivo, a meu ver, que o relatório completo do Grupo de Missão tenha sido subscrito pelo Conselho Europeu já na reunião de 28 e 29 de Outubro. Foi assim dado um enorme passo em frente.
Um dever comum
Em termos de prevenção de crises, há dois grupos de decisões que se destacam. Primeiro, um pacto reforçado de estabilidade e de crescimento: daí advirá uma responsabilidade orçamental substancialmente acrescida. As sanções serão activadas mais rapidamente e de forma gradual, com fundamentação alargada (tendo em conta a dívida pública e o défi ce anual), e serão decididas com maior facilidade, graças à votação por maioria qualifi cada inversa (a proposta da Comissão é adoptada se não for rejeitada por uma maioria qualifi cada de Estados-Membros). Segundo, uma nova forma de supervisão macroeconómica:
poderemos assim monitorizar melhor as economias dos nossos países, a respectiva competitividade, os riscos de «bolhas» do imobiliário e outras vulnerabilidades. Agiremos e corrigiremos, se necessário. O seguimento legislativo destas recomendações será assegurado de acordo com os trâmites regulares, com a participação da Comissão, do Conselho de Ministros e do Parlamento Europeu, mas a um ritmo mais célere, para que o novo sistema de supervisão já esteja criado no Verão de 2011. Temos esse dever comum.
A terceira decisão importante que resultou dos trabalhos do Grupo de Missão diz respeito à nossa capacidade de responder a uma crise. Em Outubro, o Conselho Europeu decidiu estabelecer um mecanismo permanente de resolução de crises para salvaguardar a estabilidade fi nanceira de toda a área do euro. O mecanismo decidido em Maio é temporário. Na última reunião do ano, chegámos a acordo sobre o texto da pequena alteração do Tratado que é necessária para a fi nalidade em vista e que proporcionará um fi rme alicerce jurídico para o mecanismo permanente. O Conselho Europeu também subscreveu os elementos gerais do mecanismo, aprovados pelos ministros das Finanças. Além disso, em Dezembro de 2010, os dezasseis chefes de Estado e de Governo da área do euro e as instituições da União Europeia reafi rmaram a sua determinação em fazer tudo o que for necessário para assegurar a estabilidade da área do euro no seu conjunto.
É nos tempos difíceis que vêm à luz as forças invisíveis e tanta vezes subestimadas que cimentam a nossa União, como a crise da dívida soberana veio novamente confi rmar. Todos os membros do Conselho Europeu defenderam vigorosamente as suas decisões colectivas nos respectivos parlamentos nacionais. Demos cumprimento aos princípios da responsabilidade e da solidariedade consagrados no Tratado de Lisboa, a bem dos nossos cidadãos. Ficou confi rmada a solidez dos vínculos políticos entre os membros da União.
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Dalia Grybauskaitė, Angela Merkel, Iveta Radičová, Mari Kiviniemi, Catherine Ashton
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Muitos dos problemas a curto prazo surgem porque não se presta sufi ciente atenção à reforma estrutural a longo prazo. Outras grandes economias levam a dianteira em termos de competitividade, investigação e qualifi cação da mão-de-obra. Estão em jogo os empregos e o crescimento na Europa. Foi por essa razão que o Conselho Europeu consagrou as suas reuniões de Março e Junho à preparação da «Europa 2020», ambiciosa estratégia decenal para o emprego e o crescimento.
Por todo o continente, sente-se nos locais de trabalho a euforia e, ao mesmo tempo, a pressão da concorrência internacional: é o desafi o da globalização. Nas cidades e nas aldeias, da Finlândia à Itália, os lares de idosos substituem os jardins infantis: é o desafi o da demografi a. A sul do continente, o Sara está prestes a entrar por Espanha adentro, no norte é o degelo da tundra e no centro os glaciares alpinos estão a derreter: é o desafi o das alterações climáticas.
Nenhuma estratégia económica pode ignorar este triplo desafi o. Como resposta o mais abrangente possível, a estratégia «Europa 2020» implica reformas estruturais nos Estados-Membros, bem como um reforço da coordenação das políticas económicas e da supervisão macroeconómica. Objectivo global é alcançar uma situação duradoura de crescimento e emprego, não deixando de assegurar a sustentabilidade das fi nanças públicas. As políticas a implementar pertencem, em grande medida, à esfera das responsabilidades nacionais. Mas é muito importante ter uma estratégia comum e seguir uma abordagem dotada de coerência, nomeadamente para acentuar a pressão de grupo e para reforçar a determinação política.
Esta estratégia europeia foi adoptada pelo Conselho Europeu em Junho. Decidimos estabelecer cinco
grandes objectivos, realistas e quantifi cáveis, para toda a União Europeia, tendo como horizonte o ano de 2020:
— taxa de emprego das mulheres e dos homens;
— nível de investimento em investigação e desenvolvimento;
— esforços para reduzir o risco de aquecimento global;
— níveis de escolarização, com menos abandonos e com mais diplomas universitários;
— número de pessoas retiradas de situações de pobreza e exclusão.
Um empenhamento concreto
Cada governo apresentará as suas próprias propostas com vista à consecução do contributo nacional para os cinco objectivos globais que acima se referem. Cada um deles identifi cará também os entraves ao crescimento e as formas de os eliminar. O sentido de apropriação e de responsabilidade sairá reforçado de um estreito envolvimento das autoridades regionais e locais, das organizações de empregadores e trabalhadores e da sociedade civil. Contaremos assim com uma ajuda para passar dos objectivos no papel ao empenhamento concreto. A cimeira social, realizada no dia das reuniões do Conselho Europeu de Março e de Outubro, revelou-se em 2010 um importante fórum para o diálogo sobre estes temas.
Para continuar a melhorar a resiliência das nossas economias, com base nas lições retiradas da crise fi nanceira, o Conselho Europeu conferiu grande impulso à ambiciosa reforma da supervisão e regulação
Criar emprego e crescimento
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do sistema fi nanceiro. Foram assim criados um Comité Europeu do Risco Sistémico e três novas Autoridades Europeias de Supervisão, que assumiram funções em 1 de Janeiro de 2011. Em Junho de 2010, decidimos que os Estados-Membros deviam introduzir sistemas de quotizações e impostos sobre as instituições fi nanceiras, a fi m de garantir a sua justa contribuição para os custos da contenção do risco sistémico no sector fi nanceiro. Na mesma reunião, decidimos igualmente que, por uma questão de maior transparência, deviam ser tornados públicos os testes de esforço que na altura estavam a decorrer para os principais bancos europeus.
Os destinos das maiores economias mundiais estão hoje mais interligados do que nunca. Algumas das questões que têm impacto na economia europeia continuarão a reclamar atenção a nível global. Trata-se, nomeadamente, dos riscos para a sustentabilidade fi nanceira, das elevadas taxas de desemprego, da volatilidade dos preços dos produtos de base e dos
desequilíbrios macroeconómicos. Tendo em vista uma resposta a estes desafi os, o Conselho Europeu preparou cuidadosamente a posição da UE para as cimeiras do G20 em Toronto (Junho) e Seul (Novembro).
Crescimento verde
Fazer frente às alterações climáticas, questão de grande interesse público, é outro importante elemento da estratégia da União para um crescimento sustentável. Na fase que antecedeu a Conferência das Nações Unidas em Cancun, no mês de Dezembro, o Conselho Europeu defi niu uma posição ambiciosa e construtiva que contribuiu para o êxito da Conferência. Incentivámos também as iniciativas regionais de resposta às alterações climáticas e de promoção do crescimento verde. Paralelamente, há ainda muito trabalho de casa a fazer em prol do emprego e do crescimento ecológicos.
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Associando todos os intervenientes ao mais alto nível, o Conselho Europeu pode fomentar as sinergias necessárias entre a diplomacia nacional e o nosso serviço externo comum, assim edifi cando gradualmente uma cultura diplomática europeia. Mais do que o ritual «falar a uma só voz», o que agora se impõe é transmitir mensagens-chave comuns.
Nos debates de Setembro, todos os colegas concordaram também que era necessário procurar garantir a reciprocidade e delinear interesses comuns nas negociações com parceiros globais. A UE tem algumas cartas que só podem ser jogadas em conjunto, por exemplo, no quadro da concessão de maior acesso ao mercado ou de um regime de vistos mais atraente.
Vantagens mútuas
As cimeiras bilaterais entre a União e os principais parceiros têm benefi ciado com a participação reforçada
Os chefes de Estado e de Governo têm um importante papel a desempenhar nas relações externas: juntos defi nem os interesses estratégicos, estabelecem prioridades e facultam orientação estratégica, «nos domínios da política externa e de segurança comum e noutros domínios que se insiram no âmbito da acção externa da União», como reza o Tratado da UE.
Não estamos a começar do nada. A União Europeia é uma grande potência comercial, é o maior doador mundial de ajuda ao desenvolvimento, desempenha um papel estabilizador na sua vizinhança e tem lançado, nos últimos anos, várias missões de gestão civil e militar de crises. No entanto, poderíamos fazer ainda mais, agindo colectivamente, para traduzir em infl uência política o peso fi nanceiro e económico. Foi por esse motivo que o Conselho Europeu consagrou a sua reunião de Setembro à política externa e, em especial, às nossas parcerias estratégicas globais. Em Dezembro, prosseguimos esta refl exão estratégica, com particular destaque para os Estados Unidos, a Rússia e a China, tomando como base os trabalhos até aí conduzidos pela nossa alta-representante.
Traçar o rumo da União no mundo
Operação da União Europeia contra a pirataria (Operação Atalanta)
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do Conselho Europeu. Em virtude de uma melhor preparação a este nível, e também de um acordo entre o presidente da Comissão e eu próprio sobre a melhor forma de representar a União em várias reuniões internacionais, ambos podemos falar (e ouvir) verdadeiramente em nome dos «Vinte e Sete».
Tudo está ainda no princípio, mas o certo é que as cimeiras bilaterais do Outono já começaram a marcar uma diferença. Em 6 de Outubro, estabelecemos uma parceria estratégica com a Coreia do Sul, pouco tempo depois da conclusão de um importante acordo comercial com o país. Na cimeira UE-EUA de 20 de Novembro, confirmámos uma vez mais com o presidente Obama a relevância da relação transatlântica e abrimos novas avenidas para a cooperação em matéria de crescimento, emprego e segurança. Na reunião com o presidente Medvedev, em 7 de Dezembro, foi dado um passo em frente com o acordo sobre a adesão da Rússia à OMC; daí também virá um contributo para os planos de modernização do nosso vizinho, planos que são do interesse estratégico da UE. Na cimeira com a Ucrânia, tivemos oportunidade de registar com agrado o avanço no sentido da liberalização dos vistos e da conclusão de um acordo de associação. A cimeira com a Índia, em 10 de Dezembro, abriu boas perspectivas para a conclusão de um acordo de comércio livre ambicioso e equilibrado. Até uma reunião em que alegadamente pouco se terá alcançado — a cimeira UE-China, em princípios de Outubro — acabou por se revelar interessante, pela nossa determinação em assegurar a reciprocidade e vantagens mútuas.
Também participei na cimeira da NATO que teve lugar em 19 e 20 de Novembro, em Lisboa, na qual foi salientada a importância das relações UE-NATO, e na cimeira da OSCE que decorreu no início de Dezembro, em Astana.
Ao longo do ano, houve algumas circunstâncias de considerável impacto que reclamaram a nossa atenção. No Conselho Europeu de Junho, os 27 chegaram a acordo sobre a imposição de sanções para garantir que o programa nuclear do Irão continue a ser estritamente civil. É do mais profundo interesse estratégico da Europa dissipar toda e qualquer preocupação quanto à natureza do programa. As sanções que aprovámos vieram fortalecer a infl uência da resolução do Conselho de Segurança da ONU. Não foi tarefa fácil. Mas o resultado foi notável. A nossa decisão convenceu outras grandes economias a procederem do mesmo modo, assim reforçando os incentivos para fazer o Irão regressar à mesa das negociações.
Na reunião de Setembro, um mês após as cheias devastadoras que assolaram o país, decidimos dar ao Paquistão o nosso máximo apoio. Com o alargamento do acesso ao mercado, a União pôde proporcionar «mais ajuda e mais comércio».
Em Setembro, o Conselho Europeu abordou as relações com os vizinhos da União a leste e a sul. Na sua agenda estarão também, dentro em breve, as relações da União com os Balcãs Ocidentais, região que visitei por duas vezes em 2010; confi rmámos a perspectiva europeia dos Balcãs Ocidentais, tendo nomeadamente concedido ao Montenegro, na reunião de Dezembro, o estatuto de país candidato. Durante o ano, encontrei-me em quatro ocasiões com o presidente da Ucrânia, inclusive no âmbito da cimeira de Novembro. Quanto aos poucos vizinhos que temos no Noroeste do continente, a Islândia veio bater à nossa porta, e o Conselho Europeu tomou em Junho a importante decisão de abrir negociações de adesão.
Com os novos meios políticos e diplomáticos facultados pelo Tratado de Lisboa, o Conselho Europeu demonstrou em 2010 que está pronto a actuar no domínio das relações externas.
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Cimeiras com países terceiros
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O Tratado de Lisboa dotou a União Europeia de uma estrutura institucional renovada. A Comissão continua a desempenhar o seu papel fulcral de órgão de iniciativa de propostas legislativas e de guardiã dos Tratados. O Parlamento tornou-se parceiro igual do Conselho no processo legislativo, assumindo o papel que lhe cabe como representante dos cidadãos. O Conselho Europeu, que dantes dirigia orientações estratégicas à margem do quadro institucional formal, teve de defi nir o seu novo lugar sob o sol de Lisboa. Do que se tratava em 1 de Dezembro de 2009 era de transpor para a realidade viva disposições que durante dois anos não haviam passado do papel. Para isso é preciso tempo. Assumir novas funções, adquirir novos hábitos, preencher alguns espaços de contornos pouco claros, tudo isto requer cuidadosa atenção. Nenhum texto de tratado, por mais detalhado que seja, pode defi nir de antemão todas as vias possíveis.
Os principais elementos das relações entre a nossa instituição e as outras são determinados pelo Tratado. Por exemplo, o presidente da Comissão é membro do Conselho Europeu, o que cria um elo essencial entre as nossas duas instituições, entre o impulso vindo das capitais e as ideias, o saber das próprias instituições em Bruxelas. O Tratado prevê igualmente que o presidente do Parlamento Europeu pode ser convidado para ser ouvido pelo Conselho Europeu e que o presidente do Conselho Europeu apresentará um relatório ao Parlamento após cada uma das reuniões do Conselho Europeu. Daí resultaram, em 2010, alguns animados debates. Por seu turno, consoante as práticas nacionais, cada membro do Conselho Europeu também informa o respectivo parlamento. Fica assim assegurada a legitimidade democrática que é fundamental para as nossas acções. A nossa assembleia é como que um entrelaçar de fi os institucionais, pelo qual a política
Trabalhar em conjunto
Primeiro semestre de 2010, a Espanha na presidência do Conselho de Ministros da União Europeia
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nacional e a política europeia se interligam para formar um tecido comum.
Um bom relacionamento pessoal entre os principais intervenientes é sempre fundamental para o êxito de qualquer acção. É por isso que, desde o primeiro dia do meu mandato, tenho procurado estabelecer contactos informais e estruturais com a Comissão e o seu presidente José Manuel Barroso, com a alta-representante Catherine Ashton e com o Parlamento Europeu e o seu presidente Jerzy Buzek. Foi também com muito gosto que trabalhei com as duas presidências rotativas do Conselho em 2010 — nos primeiros seis meses com o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, que ajudou a assegurar uma boa transição para o novo sistema, e no último semestre com o primeiro-ministro belga, Yves Leterme. Num espírito de cooperação, respeito
e responsabilidade partilhada entre as instituições e entre os Estados-Membros e as instituições, o Tratado de Lisboa pode ser aquilo que se pretende que seja: um instrumento de reforço da capacidade da União Europeia para salvaguardar a segurança e a prosperidade dos seus cidadãos. As momentosas decisões que pudemos tomar em 2010 quanto à união monetária estão aí para provar que tal é possível.
Mas há quem afi rme, em certos círculos de Bruxelas, que o novo papel do Conselho Europeu veio reforçar a infl uência dos governos nacionais, a expensas das instituições da UE, e enfraquecer a efi cácia e a legitimidade democrática das decisões da União. O que é estranho, e por várias razões. O Conselho Europeu reúne 27 chefes de Estado e de Governo legitimados democraticamente. É agora parte integrante da estrutura formal, com todos os seus pesos
Segundo semestre de 2010, a Bélgica na presidência do Conselho de Ministros da União Europeia
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e contrapesos. O «método comunitário» é e continuará a ser o principal modo de adopção da política e da legislação europeias. Mas só pode ser aplicado, em todas as suas variantes, nos domínios onde a União tem competência para actuar, e não naqueles que são da competência nacional. No entanto, é por vezes indispensável assegurar uma coordenação europeia nesses domínios. A crise económica e fi nanceira assim o demonstrou claramente.
O génio europeu
Daí que, muitas vezes, a escolha não seja entre o método comunitário e o método intergovernamental, mas sim entre uma posição coordenada europeia e nada mais. O Conselho Europeu, instância que reúne os pontos fortes dos Estados-Membros e as qualidades das nossas instituições comuns, está bem colocado para contribuir
para essa posição coordenada europeia, em estreita colaboração com todas as instituições da União e tendo presente que os Estados-Membros não são elementos externos, mas sim partes constituintes.
Na União Europeia, vemo-nos com frequência na encruzilhada entre «individualidade» e «pluralidade», entre «o todo» e «as partes». Esta tensão é uma das componentes da nossa identidade, e o génio europeu está na constante invenção de novas formas de lidar com ela. É disso que se trata em política. No discurso que proferiu no Colégio da Europa, em Bruges, no passado mês de Novembro, a chanceler Angela Merkel caracterizou este modo de colaboração como «método da União». No verdadeiro espírito do Tratado de Lisboa, é imperioso mobilizar todas as energias e competências da União. Só assim poderemos responder aos desafi os que temos pela frente, em 2011 e depois.
O presidente do Conselho Europeu com o presidente
da Comissão Europeia
O presidente do Conselho Europeu no Parlamento Europeu
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Membros do Conselho Europeu nos respectivos parlamentos nacionais
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Conselho Europeu, Dezembro de 2010
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Em 2011, o Conselho Europeu começará por abordar as perspectivas de crescimento económico. No dia 4 de Fevereiro, procederemos a um debate sobre os temas geminados da inovação e da energia. São temas que remetem para os grandes desafi os societais dos nossos tempos: emprego atractivo, envelhecimento saudável, economia verde e hipocarbónica, segurança do aprovisionamento energético. Na reunião de Março, avaliaremos pela primeira vez os progressos de cada país quanto à estratégia da União Europeia para o crescimento e o emprego («Europa 2020»). Tendo em conta a nova supervisão macroeconómica decidida em 2010, daremos também orientações estratégicas sobre as políticas económicas. Aguardo com interesse a oportunidade de trabalhar com os primeiros-ministros da Hungria e da Polónia, países que vão presidir ao Conselho de Ministros no primeiro e no segundo semestres de 2011.
Quanto às relações internacionais, prosseguiremos os diálogos estratégicos com os nossos parceiros mundiais, partindo da experiência recente e com o Serviço para a Acção Externa já no pleno exercício das suas funções. Importante este ano será a questão de
saber se a transição global de poder para as economias emergidas se fará também acompanhar por uma transição nas responsabilidades globais. A força da Europa está na união entre todos nós. No domínio dos negócios estrangeiros, em que a geografi a e a história desempenham um papel de relevo, será necessária confi ança — e, portanto, tempo — para avançar a 27. Mas em geopolítica, como na vida, a paciência pode ser uma virtude. A prioridade para os próximos anos é, pois, a criação de um sentido de rumo comum.
Para além da nossa agenda económica a longo prazo e de um rumo estratégico geral, é impossível antever determinadas ocorrências em particular. É por isso que, em 2011, a União Europeia terá certamente de provar, tanto a nível interno como externo, que o quadro estabelecido em Lisboa veio fortalecer uma qualidade política essencial: a nossa capacidade de responder a imprevistos. O Conselho Europeu está a postos.
Herman Van Rompuy
Em perspectiva
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Declaração dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia, 11 de Fevereiro de 2010 23
Declaração dos chefes de Estado e de Governo da área do euro, 25 de Março de 2010 24
Conselho Europeu de 25 e 26 de Março de 2010 25
Declaração dos chefes de Estado e de Governo da área do euro, 7 de Maio de 2010 29
Conselho Europeu de 17 de Junho de 2010 30
Conselho Europeu de 16 de Setembro de 2010 35
Conselho Europeu de 28 e 29 de Outubro de 2010 40
Conselho Europeu de 16 e 17 de Dezembro de 2010 42
Conclusões do Conselho Europeu e declarações dos chefes de Estado e de Governo
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posta da Comissão e nas medidas adicionais anunciadas pela
Grécia.
A Comissão acompanhará de perto a implementação das reco-
mendações em articulação com o BCE e proporá as medidas
adicionais necessárias, aproveitando a experiência do IMF. Pro-
ceder-se-á a uma primeira avaliação em Março.
Os Estados-Membros da zona euro tomarão medidas determi-
nadas e coordenadas, caso necessário, para salvaguardar a estabi-
lidade fi nanceira da zona euro no seu conjunto. O Governo grego
não solicitou qualquer apoio fi nanceiro.
Todos os membros da zona euro têm de levar a cabo políticas
nacionais sólidas em conformidade com as regras acordadas.
Têm uma responsabilidade comum pela estabilidade económica
e fi nanceira na zona euro.
Neste contexto, apoiamos plenamente os esforços do Governo
grego e o seu compromisso de fazer tudo o que seja necessário,
incluindo a adopção de medidas adicionais, para garantir o cumpri-
mento dos objectivos ambiciosos defi nidos no programa de esta-
bilidade para 2010 e para os anos seguintes. Apelamos ao Governo
grego para que implemente todas essas medidas de forma rigorosa
e determinada a fi m de reduzir efectivamente o défi ce orçamental
em 4% em 2010.
Convidamos o Conselho Ecofin a adoptar, na sua reunião
de 16 de Fevereiro, as recomendações à Grécia baseadas na pro-
Declaração dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia,
11 de Fevereiro de 2010
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O objectivo desse mecanismo não é disponibilizar fi nanciamento
às taxas de juro médias da zona euro, mas criar incentivos a um
retorno tão rápido quanto possível ao fi nanciamento pelo mercado
através de uma fi xação de preços adaptada ao risco. As taxas de juro
não benefi ciarão de condições preferenciais, ou seja, não integra-
rão qualquer bonifi cação. As decisões ao abrigo desse mecanismo
serão tomadas em plena consonância com o quadro do Tratado
e a legislação nacional.
Reafi rmamos o nosso empenho em implementar políticas desti-
nadas a restaurar um crescimento forte, sustentável e estável, a fi m
de promover a criação de emprego e a coesão social.
Além disso, comprometemo-nos a promover uma estreita coor-
denação das políticas económicas na Europa. Consideramos que
o Conselho Europeu terá de melhorar a governação económica
da União Europeia, e propomos aumentar o seu papel na coor-
denação económica e na defi nição da estratégia de crescimento
da União Europeia.
A actual situação demonstra a necessidade de reforçar e completar
o quadro existente, de assegurar a sustentabilidade orçamental na
zona euro e de fortalecer a sua capacidade de actuação em tempos
de crise.
De futuro, haverá que reforçar a supervisão dos riscos económicos
e orçamentais e os instrumentos para a sua prevenção, incluindo
o procedimento relativo aos défi ces excessivos. Além disso, neces-
sitamos de um quadro robusto para a resolução de crises que res-
peite o princípio da responsabilidade orçamental dos próprios
Estados-Membros.
Solicitamos ao presidente do Conselho Europeu que estabeleça,
em cooperação com a Comissão, um grupo de missão constituído
por representantes dos Estados-Membros, da presidência rotativa
e do BCE e encarregado de apresentar ao Conselho, antes do fi nal
deste ano, as medidas necessárias para atingir este objectivo, explo-
rando todas as opções possíveis para reforçar o quadro jurídico.
Reafi rmamos que todos os membros da zona euro devem levar
a cabo políticas nacionais sãs e em consonância com as regras acor-
dadas, e que devem estar cientes da sua responsabilidade comum
em relação à estabilidade económica e fi nanceira nessa zona.
Apoiamos plenamente os esforços do Governo grego e saudamos
as medidas adicionais anunciadas a 3 de Março, que são sufi cientes
para salvaguardar os objectivos orçamentais para 2010. Reconhe-
cemos que as autoridades gregas tomaram medidas ambiciosas
e decisivas que deverão permitir à Grécia reconquistar a plena
confi ança dos mercados.
As medidas de consolidação adoptadas pela Grécia são um impor-
tante contributo para reforçar a sustentabilidade orçamental
e a confi ança dos mercados. O Governo grego não solicitou qual-
quer apoio fi nanceiro. Consequentemente, não foi tomada hoje
nenhuma decisão para activar o mecanismo abaixo mencionado.
Neste contexto, os membros da zona euro reafi rmam que estão
dispostos a tomar medidas determinadas e coordenadas, se neces-
sário, para salvaguardar a estabilidade fi nanceira em toda a zona
euro, tal como decidido em 11 de Fevereiro.
No quadro de um pacote que envolva um fi nanciamento subs-
tancial do Fundo Monetário Internacional e um fi nanciamento
europeu maioritário, os Estados-Membros da zona euro estão
dispostos a contribuir para a concessão de empréstimos bilate-
rais coordenados.
Este mecanismo, complementar ao financiamento do Fundo
Monetário Internacional, terá de ser considerado como um
recurso de última instância, o que pressupõe em particular que
o fi nanciamento pelo mercado seja insufi ciente. Qualquer desem-
bolso de empréstimos bilaterais será decidido por unanimidade
pelos Estados-Membros da zona euro, sob reserva de uma forte
condicionalidade e com base numa avaliação a efectuar pela
Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu. Prevemos que
os Estados-Membros da zona euro participem de acordo com
a chave de repartição de capital do BCE.
Declaração dos chefes de Estado e de Governo da zona euro,
25 de Março de 2010
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I. EUROPA 2020: UMA NOVA ESTRA TÉGIA EUROPEIA PARA O EMPREGO E O CRESCIMENTO
1. Durante os últimos dois anos, enfrentámos a pior crise
económica mundial desde os anos 30 do século passado.
Esta crise veio anular muitos dos progressos realizados
desde 2000. Enfrentamos agora níveis de dívida excessi-
vos, um crescimento estrutural lento e elevadas taxas de
desemprego. A situação económica está a melhorar, mas
a recuperação é ainda frágil.
2. O crescimento e o emprego exigem, como pré-requisitos,
que a estabilidade macroeconómica seja restabelecida
e que as fi nanças públicas sejam colocadas de novo numa
trajectória sustentável. Tal como acordado em Dezembro
de 2009, assim que a recuperação esteja plenamente asse-
gurada importará garantir a saída das medidas de apoio
adoptadas a título excepcional para combater a crise.
3. A aplicação de reformas estruturais é essencial para assegu-
rar uma recuperação forte e sustentável e preservar a sus-
tentabilidade dos nossos modelos sociais. Estão em jogo
postos de trabalho e o bem-estar social. Se não agirmos,
a Europa perderá terreno. Cabe ao Conselho Europeu
apontar o caminho a seguir.
4. A UE precisa de uma estratégia nova, baseada numa coorde-
nação reforçada das políticas económicas, para gerar mais
crescimento e mais emprego. Na sequência da comunica-
ção da Comissão intitulada «Europa 2020 — Estratégia
para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo»
e dos debates havidos no Conselho, o Conselho Europeu
chegou a acordo sobre os elementos adiante enunciados
dessa nova estratégia, que será formalmente adoptada no
mês de Junho.
5. Há que focalizar melhor os nossos esforços para impul-
sionar a competitividade, a produtividade, o potencial de
crescimento e a convergência económica da Europa:
a) A nova estratégia centrar-se-á nos principais domínios em
que é necessário tomar medidas: conhecimento e inova-
ção, uma economia mais sustentável, taxas de emprego
elevadas e inclusão social.
b) O Conselho Europeu acordou nos grandes objectivos
a seguir expostos, que são objectivos comuns pelos quais
se pautará a acção dos Estados-Membros e da União:
— procurar elevar para 75% a taxa de emprego das
mulheres e dos homens com idades compreendidas
entre os 20 e os 64 anos, inclusivamente através de
uma maior participação dos jovens, dos trabalhado-
res mais velhos e dos trabalhadores menos qualifi ca-
dos e de uma melhor integração dos migrantes legais;
— melhorar as condições para a investigação e o desen-
volvimento, em especial com o objectivo de elevar
para 3% do PIB o nível de investimento conjugado
dos sectores público e privado neste domínio;
a Comissão irá elaborar um indicador que refl icta
a intensidade de I&D e de inovação;
— reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em
20% relativamente aos níveis de 1990; aumentar
para 20% a percentagem das energias renováveis no
consumo energético fi nal; e avançar no sentido de um
aumento de 20% da efi ciência energética;
— a UE está empenhada em tomar a decisão de reduzir,
até 2020, as emissões em 30% em relação aos níveis
de 1990, enquanto oferta condicional tendo em vista
um acordo global e abrangente para o período pós
2012, desde que os outros países desenvolvidos se
comprometam a atingir reduções de emissões com-
paráveis e os países em desenvolvimento, em função
das suas responsabilidades e capacidades respectivas,
prestem o devido contributo para que se alcance tal
objectivo;
— melhorar os níveis educativos, em particular procu-
rando reduzir as taxas de abandono escolar e aumen-
tando a percentagem da população que conclui
o ensino superior ou equivalente; com base na pro-
posta da Comissão, o Conselho Europeu fi xará as
taxas numéricas desses objectivos em Junho de 2010;
— promover a inclusão social, especialmente por via da
redução da pobreza. Será necessário prosseguir os
trabalhos sobre os indicadores adequados. O Con-
selho Europeu voltará a analisar esta questão na sua
reunião de Junho de 2010.
CONSELHO EUROPEU DE 25 E 26 DE MARÇO DE 2010
CONCLUSÕESO Conselho Europeu debateu a nova Estratégia da União Europeia para o Emprego e o Crescimento, tendo acordado nos seus principais elementos, designadamente nos objectivos-chave por que se pautará a sua implementação e nos mecanismos para um melhor acompanhamento. Os chefes de Estado e de Governo procederam também a uma troca de opiniões sobre a competitividade, aspecto crucial das perspectivas de crescimento da Europa, e discutiram os preparativos da próxima cimeira do G20. Em relação às alterações climáticas, o Conselho Europeu determinou ser agora necessário imprimir uma nova dinâmica às negociações e defi niu as próximas acções a desenvolver.
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Estes objectivos abrangem os principais domínios em que
é necessário envidar esforços rapidamente. Estão inter-rela-
cionados e reforçam-se mutuamente. Contribuirão para
medir os progressos alcançados na implementação da
estratégia. Enquanto alguns deles se encontram refl ectidos
na legislação da UE, outros não têm carácter regulamentar
e não implicam qualquer repartição de encargos, mas repre-
sentam uma fi nalidade comum que deverá ser prosseguida
através de uma combinação de medidas a nível nacional
e a nível da UE.
c) Com base nos grandes objectivos comuns, os Esta-
dos-Membros defi nirão os seus objectivos nacionais, tendo
em conta os pontos de partida relativos e a conjuntura de
cada um deles. Fá-lo-ão de acordo com os respectivos pro-
cessos de decisão nacionais, e em diálogo com a Comis-
são para verifi car a coerência com os grandes objectivos
comuns da UE. Os resultados desse diálogo serão analisa-
dos pelo Conselho até Junho de 2010.
d) A nova estratégia abordará os principais estrangulamen-
tos que condicionam o crescimento, tanto a nível nacional
como a nível da UE, incluindo os que se relacionam com
o funcionamento do mercado interno e das infra-estruturas.
e) Os Estados-Membros elaborarão programas nacionais
de reforma que estabeleçam detalhadamente as medidas
que tomarão para implementar a nova estratégia, dando
especial ênfase aos esforços desenvolvidos para concretizar
os objectivos nacionais, bem como às medidas destinadas
a eliminar os estrangulamentos que condicionam o cres-
cimento a nível nacional.
f) A Comissão desenvolverá e submeterá à apreciação do
Conselho as acções que propõe sejam adoptadas a nível da
UE, nomeadamente através das iniciativas emblemáticas.
g) Todas as políticas comuns, incluindo a política agrícola
comum e a política de coesão, terão de apoiar a estratégia.
Um sector agrícola sustentável, produtivo e competitivo
constituirá um importante contributo para a nova estraté-
gia, atendendo ao potencial de crescimento e emprego das
zonas rurais e assegurando simultaneamente uma concor-
rência leal. O Conselho Europeu salienta a importância de
se promover a coesão económica, social e territorial e de se
desenvolverem infra-estruturas por forma a contribuir para
o êxito da nova estratégia.
h) A estratégia compreenderá uma forte dimensão externa,
a fi m de assegurar que os instrumentos e políticas da UE
sejam mobilizados de modo a promover os nossos interes-
ses e posições na cena internacional mediante a participa-
ção em mercados abertos e equitativos de todo o mundo.
6. Para que a estratégia seja implementada com êxito, é funda-
mental dispor de mecanismos de monitorização efi cazes:
a) Com base na monitorização efectuada pela Comissão
e nos trabalhos levados a cabo no Conselho, o Conselho
Europeu procederá, uma vez por ano, à avaliação global dos
progressos realizados na implementação da estratégia tanto
a nível da UE como a nível nacional. O desenvolvimento
da produtividade constitui um indicador de progressos
essencial. Os desenvolvimentos em termos macroeco-
nómicos, estruturais e de competitividade serão tidos em
conta em simultâneo, em conjunto com uma avaliação da
estabilidade fi nanceira em geral, com base num contributo
do Comité Europeu do Risco Sistémico.
b) O Conselho Europeu efectuará regularmente debates dedi-
cados à evolução económica e às grandes prioridades da
estratégia. Em Outubro de 2010, procederá a um debate
sobre investigação e desenvolvimento, analisando em par-
ticular as formas de estimular o potencial de inovação da
Europa à luz dos actuais desafi os. Em princípios de 2011,
o debate incidirá na política energética, nomeadamente na
melhor maneira de esta apoiar a transição para uma eco-
nomia hipocarbónica efi ciente e uma maior segurança no
abastecimento.
c) A coordenação geral das políticas económicas será refor-
çada graças a uma melhor utilização dos instrumentos
proporcionados pelo artigo 121.º do Tratado (TFUE).
d) A coordenação a nível da zona euro será reforçada a fi m de
dar resposta aos desafi os que se colocam nesta zona. Até
Junho de 2010, a Comissão apresentará propostas nesse
sentido, utilizando para tal os novos instrumentos de coor-
denação económica proporcionados pelo artigo 136.º do
Tratado (TFUE).
e) A UE deverá centrar-se nos prementes desafi os que decor-
rem da evolução em termos de competitividade e de
balança de pagamentos. O Conselho Europeu voltará
a analisar este problema em Junho de 2010.
f) Os calendários de apresentação de relatórios e de avaliação
dos Programas Nacionais de Reforma e dos Programas
Nacionais de Estabilidade e Convergência deverão ser mais
bem alinhados, por forma a reforçar a coerência global das
recomendações políticas dirigidas aos Estados-Membros.
Estes instrumentos serão contudo mantidos claramente
separados. Será plenamente preservada a integridade do
Pacto de Estabilidade e Crescimento, bem como a respon-
sabilidade específi ca do Conselho (Ecofi n) no que respeita
à supervisão da sua implementação.
g) A condução de um estreito diálogo entre os Estados-Mem-
bros e a Comissão irá contribuir para uma melhor super-
visão e promover o intercâmbio de boas práticas. Neste
contexto, peritos da Comissão e dos Estados-Membros
poderiam efectuar uma análise conjunta da situação.
h) Para assegurar uma monitorização credível e efi caz, será
crucial garantir a qualidade, fi abilidade e actualidade dos
dados estatísticos facultados pelos serviços nacionais de
estatística. É necessária uma decisão rápida sobre as pro-
postas da Comissão neste domínio.
i) Será mantida uma estreita cooperação com o Parlamento
Europeu e as restantes instituições da UE. A fi m de aumen-
tar a apropriação da estratégia, serão também envolvidos
os parlamentos nacionais, os parceiros sociais, as regiões
e as outras partes interessadas.
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7. O Conselho Europeu solicita ao presidente do Conselho
Europeu que estabeleça, em cooperação com a Comis-
são, um grupo de missão constituído por representantes
dos Estados-Membros, da presidência rotativa e do BCE,
encarregado de apresentar ao Conselho, antes do final
deste ano, as medidas necessárias para atingir o objectivo
de defi nir um quadro aperfeiçoado para a resolução de cri-
ses e uma melhor disciplina orçamental, explorando todas
as opções possíveis para reforçar o quadro jurídico.
8. É necessário progredir rapidamente no reforço da regulação
e supervisão fi nanceiras, a nível da UE e nas instâncias inter-
nacionais, como o G20, assegurando simultaneamente
condições equitativas à escala mundial. Em particular, são
necessários progressos em questões como os requisitos
de capital; as instituições sistémicas; os instrumentos de
fi nanciamento para a gestão de crises; o aumento da trans-
parência nos mercados de derivados e a eventual adopção
de medidas específi cas no que respeita aos swaps de risco
de incumprimento de dívida soberana; e, por último, a apli-
cação dos princípios acordados a nível internacional no
que respeita aos bónus no sector dos serviços fi nanceiros.
A Comissão apresentará dentro em breve um relatório
sobre as possíveis fontes de financiamento inovadoras,
como por exemplo uma taxa mundial sobre as transacções
fi nanceiras.
9. Para tal, a UE terá de realizar, no plano interno, progres-
sos rápidos em todas estas questões. Em particular, haverá
que concluir os trabalhos sobre o novo quadro europeu de
supervisão a tempo de permitir que o Comité Europeu do
Risco Sistémico e as três Autoridades Europeias de Supervi-
são dêem início às suas actividades em princípios de 2011.
10. O Conselho e a Comissão apresentarão um relatório sobre
estas questões ao Conselho Europeu de Junho de 2010,
antes da cimeira de Toronto.
II. ALTERA ÇÕES CLIMÁTICAS: REORIENTAR OS NOSSOS ESFORÇOS DEPOIS DE COPENHAGA
11. A obtenção de um acordo jurídico mundial e abrangente
continua a ser a única forma efi caz de alcançar o objec-
tivo acordado no sentido de manter em menos de 2°C
o aumento das temperaturas globais em relação aos níveis
pré-industriais. Com base nas conclusões adoptadas pelo
Conselho em 15 e 16 de Março de 2010 e tomando nota
da comunicação da Comissão de 9 de Março de 2010,
torna-se agora necessário imprimir uma nova dinâmica
ao processo de negociação internacional.
12. Deverá seguir-se uma abordagem gradual, baseada no
Acordo de Copenhaga, a implementar rapidamente:
a) O primeiro passo a dar consistirá em defi nir, nas próximas
reuniões de Bona, o roteiro a cumprir para levar por diante
as negociações. A ideia central deverá ser a integração das
orientações políticas do Acordo de Copenhaga nos diver-
sos textos negociais.
b) Da COP 16 de Cancun deverão sair, pelo menos, deci-
sões concretas que incorporem o Acordo de Copenhaga
no processo negocial das Nações Unidas e colmatem as
lacunas remanescentes, designadamente em relação à
adaptação, às fl orestas, à tecnologia e à monitorização, à
notifi cação e à verifi cação.
13. A UE está preparada para desempenhar o seu papel neste
processo:
a) A UE e os Estados-Membros honrarão o seu compro-
misso de disponibilizar 2,4 mil milhões de euros anuais,
durante o período de 2010-2012, para o fi nanciamento
de arranque rápido, em paralelo com as contribuições de
outros protagonistas e no âmbito da implementação do
Acordo de Copenhaga. É da maior importância que este
compromisso seja rapidamente concretizado. Para o efeito,
a UE iniciará consultas sobre as modalidades práticas de
implementação do fi nanciamento de arranque rápido em
domínios específi cos. A UE e os Estados-Membros apre-
sentarão um balanço preliminar dos seus compromissos
na sessão da CQNUAC de Maio/Junho de 2010 e apre-
sentarão relatórios coordenados sobre a sua concretização,
primeiro na Conferência de Cancun e posteriormente com
uma periodicidade anual.
b) A UE e outros países desenvolvidos comprometeram-se
a mobilizar colectivamente, por ano, até 2020, 100 mil
milhões de dólares EUA para ajudar os países em desen-
volvimento na luta contra as alterações climáticas. Quanto
às contribuições fi nanceiras a mais longo prazo, terão de ser
encaradas em função das acções signifi cativas e transparen-
tes que os países em desenvolvimento deverão empreender
para atenuar as alterações climáticas, bem como do equi-
líbrio geral do esforço mundial de combate às alterações
climáticas.
c) O Conselho Europeu continua fi rmemente empenhado
no processo da CQNUAC e apoia os esforços que estão
a ser envidados para o tornar mais efi caz. Tendo em conta
o curto período disponível até à Conferência de Can-
cun, seria vantajoso que este processo fosse completado
e apoiado por debates noutras instâncias e em torno de
questões específi cas.
d) A UE intensifi cará a sua acção de sensibilização dos países
terceiros. Para o efeito, abordará o tema das alterações cli-
máticas em todas as reuniões regionais e bilaterais, inclu-
sive a nível de cimeira, e noutras instâncias como o G20.
A Presidência e a Comissão desenvolverão um processo de
activa consulta com outros parceiros e sobre ele informarão
rapidamente o Conselho.
e) Importa explorar as oportunidades de cooperação —
designadamente com os parceiros industrializados — em
domínios como as tecnologias e normas verdes e as técni-
cas de verifi cação. Devem ser rapidamente identifi cados
os interesses comuns com países emergentes em matérias
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susceptíveis de impulsionar o debate sobre as alterações
climáticas.
14. Há uma necessidade urgente de inverter as persistentes
tendências de perda de biodiversidade e degradação dos
ecossistemas. O Conselho Europeu está empenhado na
visão a longo prazo para 2050 em matéria de biodiversi-
dade, bem como no objectivo para 2020, estabelecidos nas
conclusões do Conselho de 15 de Março de 2010.
15. O presidente do Conselho Europeu anunciou que con-
vocaria uma reunião especial do Conselho Europeu em
Setembro de 2010, na presença dos ministros dos Negó-
cios Estrangeiros, para discutir a melhor maneira de a União
estabelecer um diálogo com os seus parceiros estratégicos
sobre os problemas mundiais.
—O Conselho Europeu nomeou Vítor Constâncio vice-presidente
do BCE.
Além disso, o Conselho Europeu subscreveu a Estratégia de Segu-
rança Interna.
—
ANEXO
NOVA ESTRA TÉGIA EUROPEIA PARA O EMPREGO E O CRESCIMENTO PRÓXIMAS ETAPAS
a) Atendendo aos grandes objectivos comuns da UE,
a Comissão apresentará rapidamente, de acordo com
o Tratado, as suas propostas com vista à defi nição de orien-
tações integradas mais focalizadas, que incluem as Orienta-
ções para o Emprego e as Orientações Gerais das Políticas
Económicas. As orientações serão debatidas no Conse-
lho por forma a poderem ser confi rmadas pelo Conselho
Europeu de Junho de 2010, após consulta ao Parlamento
Europeu e às demais instituições sobre as Orientações para
o Emprego.
b) Os principais estrangulamentos que condicionam o cresci-
mento a nível da UE estão a ser actualmente identifi cados
pela Comissão e serão debatidos pelo Conselho; os Esta-
dos-Membros irão fazer o mesmo ao seu próprio nível, em
estreita cooperação com a Comissão. O Conselho Euro-
peu de Junho de 2010 fará um balanço deste trabalho, para
que possa ser tido em conta na elaboração dos programas
nacionais de reforma.
c) Importa, além disso, que os objectivos nacionais referidos
no ponto 5, alínea c) das presentes conclusões sejam apre-
sentados com antecedência sufi ciente para poderem ser
tidos em conta na elaboração dos programas nacionais de
reforma.
d) Neste primeiro ano da nova estratégia, os Estados-Mem-
bros apresentarão os seus programas nacionais de reforma
no Outono de 2010, com uma descrição pormenorizada
das acções que irão levar a cabo para implementar a estra-
tégia. Todos os instrumentos pertinentes da UE, incluindo
instrumentos de fi nanciamento inovadores em cooperação
com o Grupo do BEI, deverão contribuir plenamente para
apoiar estas acções como incentivos à reforma.
e) Até Outubro de 2010, a Comissão apresentará as acções
necessárias a nível da UE para implementar a nova estraté-
gia, nomeadamente por meio das iniciativas emblemáticas.
f) O Conselho irá alinhar melhor os calendários dos proces-
sos, de modo a reforçar a coerência global das recomenda-
ções políticas dirigidas aos Estados-Membros.
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1. Implementação do pacote de apoio à Grécia
Em Fevereiro e Março, comprometemo-nos a tomar medidas
determinadas e coordenadas para salvaguardar a estabilidade
fi nanceira de toda a área do euro.
Na sequência do pedido apresentado pelo Governo grego em
23 de Abril, e do acordo alcançado pelo Eurogrupo em 2 de Maio,
facultaremos à Grécia 80 mil milhões de euros num pacote con-
junto com o FMI de 110 mil milhões de euros. A Grécia receberá
um primeiro pagamento nos próximos dias, antes de 19 de Maio.
O programa adoptado pelo Governo grego é ambicioso e realista.
Contempla os graves desequilíbrios orçamentais, irá tornar a eco-
nomia mais competitiva e irá criar a base para que o crescimento
e a criação de emprego sejam mais fortes e mais sustentáveis.
O primeiro-ministro grego tem reiterado o total empenhamento
do seu Governo na plena implementação dessas reformas vitais.
As decisões que estamos a tomar refl ectem os princípios da respon-
sabilidade e da solidariedade consignados no Tratado de Lisboa,
que constituem o cerne da união monetária.
2. Resposta à actual crise
Na actual crise, reafi rmamos o nosso empenhamento em assegurar
a estabilidade, a unidade e a integridade da área do euro. Todas as
instituições desta área (Conselho, Comissão, BCE), bem como
todos os Estados membros da área do euro acordam em utilizar
toda a gama de meios disponíveis para assegurar a estabilidade
da área do euro.
Hoje, acordámos no seguinte:
— Em primeiro lugar, a consolidação das fi nanças públicas
constitui uma prioridade para todos nós, e tomaremos
todas as medidas necessárias para atingir os nossos objecti-
vos orçamentais este ano e nos anos futuros, em consonân-
cia com os procedimentos relativos aos défi ces excessivos.
Cada um de nós está pronto, consoante a situação do seu
país, a tomar as medidas necessárias para acelerar a con-
solidação e para assegurar a sustentabilidade das fi nanças
públicas. A situação será revista pelo Conselho Ecofin
com base numa avaliação da Comissão o mais tardar no
fi nal de Junho. Solicitámos à Comissão e ao Conselho que
assegurassem a aplicação rigorosa das recomendações diri-
gidas aos Estados-Membros ao abrigo do Pacto de Estabi-
lidade e Crescimento.
— Em segundo lugar, apoiamos plenamente o BCE na sua
acção para assegurar a estabilidade da área do euro.
— Em terceiro lugar, tendo em conta as circunstâncias excep-
cionais, a Comissão irá propor um mecanismo europeu
de estabilização para preservar a estabilidade fi nanceira na
Europa. Esse mecanismo será decidido numa reunião extra-
ordinária do Ecofi n que a Presidência espanhola convocará
para este domingo, 9 de Maio.
3. Reforço da governação económica
Decidimos reforçar a governação da área do euro. No âmbito do
Grupo de Missão chefi ado pelo presidente do Conselho Europeu,
estamos preparados para:
— alargar e reforçar a supervisão económica e a coordena-
ção das políticas na área do euro, nomeadamente dando
especial atenção aos níveis da dívida e à evolução da
competitividade;
— reforçar as regras e os procedimentos de supervisão dos
Estados membros da área do euro, nomeadamente através
do reforço do Pacto de Estabilidade e Crescimento e de
sanções mais efi cazes;
— criar um quadro consistente para a gestão de crises, res-
peitando o princípio da responsabilidade orçamental que
incumbe aos Estados-Membros.
O presidente do Conselho Europeu decidiu acelerar os trabalhos
do Grupo de Missão. A Comissão apresentará as suas propostas
na próxima semana, a 12 de Maio.
4. Regulação dos mercados fi nanceiros e luta contra a especulação
Por último, acordámos em que a actual turbulência dos merca-
dos põe em evidência a necessidade de progredir rapidamente na
regulamentação e supervisão dos mercados fi nanceiros. Reforçar
a transparência e a supervisão dos mercados de produtos derivados
e tratar do papel das agências de notação fi guram entre as principais
prioridades da UE. Acordámos também em intensifi car os traba-
lhos sobre a gestão e resolução de crises no sector fi nanceiro, bem
como numa contribuição equitativa e substancial do sector fi nan-
ceiro para fi nanciar os custos das crises. Deverão ser acelerados os
trabalhos no sentido de avaliar se são necessárias mais medidas
tendo em conta a recente especulação contra os devedores sobera-
nos. Por conseguinte, o presidente do Conselho Europeu tenciona
debater estas questões no Conselho Europeu de Junho, com base
em propostas da Comissão, sempre que necessário.
Declaração dos chefes de Estado e de Governo da área do euro,
7 de Maio de 2010
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I. UMA NOVA ESTRA TÉGIA EUROPEIA PARA O EMPREGO E O CRESCIMENTO
Ultimação e implementação da estratégia «Europa 2020»
1. O Conselho Europeu ultimou hoje a nova estratégia da
União Europeia para o emprego e um crescimento inteli-
gente, sustentável e inclusivo. A estratégia ajudará a Europa
a recuperar da crise e a dela sair reforçada, tanto internamente
como a nível internacional, contribuindo para impulsionar
a competitividade, a produtividade, o potencial de cresci-
mento, a coesão social e a convergência económica. A nova
estratégia dá resposta ao desafi o que representa a reorienta-
ção das políticas centradas na gestão da crise, voltando-as
para a introdução de reformas de médio e longo prazo que
fomentem o crescimento e o emprego e garantam a susten-
tabilidade das fi nanças públicas, nomeadamente através da
reforma dos regimes de pensões.
2. Os Estados-Membros estão determinados a garantir a sus-
tentabilidade orçamental e a atingir sem demora as metas
orçamentais. Continuarão a adoptar um ritmo diferenciado
de consolidação orçamental, atendendo tanto aos riscos
orçamentais como aos não orçamentais. Recentemente,
vários Estados-Membros reforçaram e anteciparam a con-
solidação orçamental. Todos os Estados-Membros estão
dispostos, se necessário, a tomar novas medidas para ace-
lerar a consolidação orçamental. Há que dar prioridade
a estratégias de consolidação orçamental favoráveis ao
crescimento e centradas principalmente na contenção da
despesa. O aumento do potencial de crescimento deve
ser considerado fundamental para facilitar o ajustamento
orçamental a longo prazo.
3. O Conselho Europeu confi rma os cinco grandes objectivos
da UE (ver anexo I), que constituirão objectivos comuns
pelos quais se pautará a acção dos Estados-Membros e da
União para promover o emprego, melhorar as condi-
ções para a investigação e o desenvolvimento, cumprir os
objectivos que nos propusemos em termos de alterações
climáticas e energia, melhorar os níveis educativos e promo-
ver a inclusão social, especialmente através da redução da
pobreza. O Conselho Europeu aprova a quantifi cação dos
indicadores em matéria de educação e de inclusão social/
/pobreza, acordados pelo Conselho. Dá o seu acordo político
às Orientações Integradas para as políticas económicas e para
as políticas de emprego, sendo estas últimas formalmente
adoptadas na sequência do parecer do Parlamento Euro-
peu. Essas orientações continuarão a servir de base para as
recomendações específi cas por país que o Conselho poderá
dirigir aos Estados-Membros, e respeitarão plenamente as
CONSELHO EUROPEU DE 17 DE JUNHO DE 2010
CONCLUSÕESA UE enfrentou a crise fi nanceira mundial com determinação e unidade e fez o necessário para salvaguardar a estabilidade da União Económica e Monetária. Nomeadamente, em Maio chegou-se a acordo sobre um pacote de apoio à Grécia, bem como sobre um mecanismo de estabilização e um fundo europeu de estabilidade fi nanceira, ultimado em Junho. Estamos a lançar os alicerces de uma governação económica muito mais sólida. Continuamos empenhados em tomar todas as medidas necessárias para voltar a pôr as nossas economias no caminho de um crescimento sustentável e criador de empregos.
Para o efeito, hoje:
— adoptamos a «Europa 2020», a nossa nova estratégia para o emprego e um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. Esta estratégia constitui um quadro coerente que cria condições para que a União mobilize todos os seus instrumentos e políticas e para que os Estados-Membros actuem de forma mais coordenada, e irá incentivar a realização de reformas estruturais. A tónica deve agora ser posta na sua execução, cabendo-nos orientar e acompanhar esse processo; voltaremos a discutir, ao longo dos próximos meses, que políticas específi cas poderão ser mobilizadas para despoletar o potencial de crescimento da UE, a começar pelas políticas em matéria de inovação e de energia;
— reafi rmamos a nossa determinação colectiva em garantir a sustentabilidade orçamental, nomeadamente acelerando os planos de consolidação orçamental sempre que tal se justifi que;
— confi rmamos o nosso empenhamento em assegurar a estabilidade fi nanceira, colmatando as lacunas na regulamentação e supervisão dos mercados fi nanceiros, tanto a nível da UE como a nível do G20; decidimos avançar rapidamente com medidas legislativas essenciais por forma a que os novos órgãos de supervisão possam começar a trabalhar desde o início do próximo ano e seja defi nida uma posição ambiciosa a defender pela UE na cimeira de Toronto;
— acordamos na necessidade urgente de reforçar a coordenação das nossas políticas económicas; acordamos nas primeiras orientações no que diz respeito ao Pacto de Estabilidade e Crescimento e à supervisão orçamental, bem como a uma mais vasta supervisão macroeconómica; aguardamos com expectativa o relatório fi nal do Grupo de Missão em Outubro.
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disposições pertinentes dos Tratados e as normas da UE, não
devendo alterar as competências dos Estados-Membros, por
exemplo em domínios como o da educação.
4. Os Estados-Membros devem agora tomar medidas para
implementar estas prioridades políticas a nível nacional.
Deverão, em estreito diálogo com a Comissão, ultimar
rapidamente os seus objectivos nacionais, tendo em conta
os pontos de partida relativos e a conjuntura de cada um
deles, e de acordo com os respectivos processos de decisão
internos. Devem também identifi car os principais estran-
gulamentos que impedem o crescimento e indicar, nos
respectivos programas nacionais de reforma, como ten-
cionam superá-los. Os progressos para alcançar os grandes
objectivos comuns serão periodicamente analisados.
5. É preciso que todas as políticas comuns, incluindo a política
agrícola comum e a política de coesão, apoiem a estratégia.
Um sector agrícola que seja sustentável, produtivo e com-
petitivo constituirá um importante contributo para a nova
estratégia, tendo em conta o potencial de crescimento e de
emprego das zonas rurais, garantindo ao mesmo tempo
uma concorrência leal. O Conselho Europeu salienta que
importa promover a coesão económica, social e territorial,
bem como o desenvolvimento de infra-estruturas, a fi m de
contribuir para o sucesso da nova estratégia. Deverá ser
feito pleno uso da dimensão externa da estratégia, nome-
adamente através da estratégia comercial que a Comissão
irá apresentar no fi nal do ano. Os esforços deverão visar
a eliminação dos principais estrangulamentos que con-
dicionam o crescimento a nível da UE, incluindo os que
se relacionam com o funcionamento do mercado interno
e das infra-estruturas, bem como a necessidade de uma
política energética comum e de uma nova política indus-
trial ambiciosa.
6. O mercado único europeu, em particular, deve passar a uma
nova fase, mediante a implementação de uma série de ini-
ciativas abrangentes. O Conselho Europeu congratula-se
com o relatório apresentado por Mario Monti sobre uma
nova estratégia para o mercado único e com a intenção da
Comissão de lhe dar seguimento através da apresentação
de propostas concretas. O Conselho Europeu voltará a ana-
lisar esta questão em Dezembro de 2010.
7. Na sequência da apresentação pela Comissão da primeira
iniciativa emblemática sobre uma «Agenda Digital para
a Europa», o Conselho Europeu aprova o estabelecimento
de um programa de acção ambicioso baseado em propos-
tas concretas e apela a todas as instituições para que se
empenhem na sua plena implementação, incluindo a cria-
ção de um mercado único digital plenamente operacional
até 2015. A Comissão é convidada a informar, até ao fi nal
de 2011, sobre os progressos alcançados neste domínio.
8. O Conselho Europeu aguarda com expectativa que as res-
tantes iniciativas emblemáticas sejam apresentadas antes
do fi m do ano.
Reforço da governação económica9. A crise revelou insuficiências notórias na nossa gover-
nação económica, especialmente no que diz respeito à
supervisão orçamental e à supervisão macroeconómica
em sentido lato. O reforço da coordenação da política eco-
nómica constitui, por conseguinte, uma prioridade crucial
e urgente.
10. O Conselho Europeu congratula-se com o relatório sobre
a situação dos trabalhos do presidente do Grupo de Missão
sobre a Governação Económica e acorda num primeiro
conjunto de medidas.
11. Há que implementar integralmente as regras actuais sobre
disciplina orçamental. Para as reforçar, o Conselho Euro-
peu acorda nas seguintes orientações:
a) reforço tanto da vertente preventiva como correctiva do
Pacto de Estabilidade e Crescimento, com sanções associa-
das à prossecução da consolidação na via do objectivo de
médio prazo, os quais serão revistos com vista a chegar a um
sistema coerente e progressivo, que garanta condições de
concorrência equitativas em todos os Estados-Membros.
A situação específica dos Estados-Membros que per-
tencem à área do euro será devidamente tida em conta,
sendo plenamente respeitadas as obrigações respectivas
dos Estados-Membros decorrentes dos Tratados;
b) atribuição, na supervisão orçamental, de um papel de maior
destaque aos níveis e à evolução da dívida e à sustentabili-
dade em geral, tal como inicialmente previsto no Pacto de
Estabilidade e Crescimento;
c) a partir de 2011, no contexto de um «semestre europeu»,
apresentação à Comissão, na Primavera, dos Programas de
Estabilidade e Convergência para os próximos anos, tendo
em conta os procedimentos orçamentais nacionais;
d) garantia de que todos os Estados-Membros dispõem de
regras orçamentais nacionais e de quadros orçamentais
de médio prazo que se coadunem com o Pacto de Estabi-
lidade e Crescimento, e cujos efeitos devem ser avaliados
pela Comissão e pelo Conselho;
e) garantia da qualidade dos dados estatísticos, essencial para
uma política orçamental e uma supervisão orçamental
sólidas; os institutos de estatística deverão ser totalmente
independentes no fornecimento de dados.
12. No que diz respeito à supervisão macroeconómica, acorda
nas seguintes orientações:
a) desenvolvimento de um painel de avaliação para avaliar
melhor a evolução e os desequilíbrios da competitividade
e permitir a rápida detecção de tendências insustentáveis
ou perigosas;
b) desenvolvimento de um quadro de supervisão efi caz, que
refl icta a situação particular dos Estados-Membros da área
do euro.
13. O Conselho Europeu convida o Grupo de Missão
e a Comissão a continuar a desenvolver rapidamente
estas orientações e a torná-las operacionais. Aguarda
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com expectativa o relatório final do Grupo de Missão,
que abrange a totalidade do seu mandato, tendo em vista
a reunião de Outubro de 2010.
Regulamentação dos serviços fi nanceiros14. Há que concluir com urgência as reformas necessárias para
restaurar a solidez e a estabilidade do sistema fi nanceiro
europeu. Há que garantir a resiliência e a transparência
do sector bancário. É essencial realizar progressos nos
próximos meses. O Conselho Europeu acorda em que
os resultados dos testes de esforço que estão a ser reali-
zados pelas autoridades de supervisão bancária sejam
divulgados o mais tardar na segunda quinzena de Julho.
A Comunicação da Comissão intitulada «Regulamentar
os serviços fi nanceiros para um crescimento sustentável»,
de 2 de Junho de 2010, estabelece uma lista exaustiva de
iniciativas a levar a cabo e a concluir antes do fi nal de 2011.
A UE tem de demonstrar a sua determinação em criar um
sistema fi nanceiro mais seguro, mais transparente, mais
sólido e mais responsável.
15. Designadamente, o Conselho:
a) apela ao Conselho e ao Parlamento Europeu para que
adoptem rapidamente as propostas legislativas sobre
a supervisão fi nanceira, por forma a que o Comité Euro-
peu do Risco Sistémico e as três Autoridades Europeias de
Supervisão possam dar de facto início às suas actividades
a partir do início de 2011;
b) apela a que, antes do Verão, se chegue a um acordo sobre
a proposta legislativa relativa aos gestores de fundos de
investimento alternativos e a que seja analisada rapida-
mente a proposta da Comissão para melhorar a supervisão
pela UE das agências de notação de risco de crédito;
c) aguarda com expectativa as propostas anunciadas pela
Comissão sobre os mercados de derivados e em especial
sobre as medidas adequadas aplicáveis às vendas curtas
(incluindo as vendas curtas a descoberto) e aos swaps de
risco de incumprimento de dívida (CDS).
16. O Conselho Europeu acorda em que os Estados-Membros
devem introduzir sistemas de taxas e impostos sobre as ins-
tituições fi nanceiras para garantir uma justa repartição dos
encargos e criar incentivos para conter o risco sistémico1.
Essas taxas e impostos devem fazer parte de um quadro
de resolução credível. É necessário prosseguir urgente-
mente os trabalhos sobre as suas características principais,
devendo as questões relacionadas com as condições de
concorrência equitativas bem como o impacto cumulativo
das diversas medidas regulamentares ser criteriosamente
avaliados. O Conselho Europeu convida o Conselho
e a Comissão a levarem por diante esses trabalhos e a apre-
sentarem o respectivo relatório em Outubro de 2010.
1 A República Checa reserva-se o direito de não introduzir estas medidas.
II. CIMEIRA DO G20 EM TORONTO
17. A resposta da União à crise deve continuar a ser coorde-
nada a nível mundial, de modo a garantir que as medidas
sejam coerentes a nível internacional. As medidas que está
a tomar para impulsionar a competitividade, consolidar
as finanças públicas e reformar o seu sector financeiro
permitir-lhe-ão apresentar posições fortes para acções
semelhantes a nível internacional na próxima cimeira do
G20. A UE deve comandar os esforços destinados a defi nir
uma abordagem mundial no que diz respeito à introdução
de sistemas de taxas e impostos sobre as instituições fi nan-
ceiras, tendo em vista manter condições de concorrência
equitativas a nível mundial, e defenderá fi rmemente esta
posição junto dos seus parceiros do G20. Dever-se-á, neste
contexto, estudar a possibilidade de introduzir um imposto
sobre as transacções fi nanceiras a nível mundial e continuar
a aprofundar esta questão.
18. Tendo em vista a cimeira de Toronto, o Conselho Europeu
confi rma as orientações aprovadas pelo Conselho e refl ec-
tidas no mandato preparado para a reunião ministerial em
Busan. Atendendo aos importantes riscos que uma saída
tardia do estímulo orçamental extraordinário acarretaria
para a sustentabilidade das contas públicas, o G20 deverá
chegar a acordo sobre uma estratégia de saída coordenada
e diferenciada a fim de assegurar a sustentabilidade das
fi nanças públicas. Todas as principais economias precisam
de dar o seu contributo para a consecução dos objectivos
acordados em termos de um crescimento forte, sustentável
e equilibrado. O G20 deve reafi rmar o seu empenhamento
na reforma do sistema fi nanceiro e fazer de uma forma coe-
rente e coordenada progressos rápidos sobre todo o leque
de acções acordadas em Pitt sburgh, a fi m de reforçar a resi-
liência e a transparência do nosso sistema fi nanceiro, nome-
adamente através de fundos próprios adicionais de melhor
qualidade e de novos requisitos em matéria de reservas de
liquidez. A nível do FMI, deverão ser revistas as quotas no
quadro de um pacote mais vasto de questões relativas à
governação do FMI, que deverá abranger todos os elemen-
tos acordados em Pitt sburgh e Istambul e ser completado
como um pacote único e global até Novembro de 2010.
III. OBJECTIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÉNIO
19. A próxima reunião plenária de alto nível da ONU sobre
os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio constitui
uma oportunidade única para reforçar os nossos esforços
colectivos e as nossas parcerias com os países em desen-
volvimento a fi m de eliminar a pobreza, a fome e as desi-
gualdades a nível mundial. As conclusões adoptadas pelo
Conselho em 14 de Junho dotam a União Europeia de uma
posição forte para essa reunião.
20. A União Europeia continua fi rmemente decidida a apoiar a realização dos ODM à escala mundial até 2015, o que
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será possível se todos os parceiros mostrarem um empe-nhamento político fi rme, implementarem as necessárias mudanças nas suas políticas e tomarem medidas concre-tas. A União Europeia insta a reunião plenária de alto nível a aprovar medidas concretas destinadas a aumentar a apro-priação por parte dos países em desenvolvimento, concen-trar esforços, melhorar o impacto das políticas, mobilizar um fi nanciamento maior e previsível para o desenvolvi-mento, incluindo fontes de financiamento inovadoras, e utilizar de modo mais efi caz os recursos consagrados ao desenvolvimento. O Conselho Europeu reitera o seu com-promisso de alcançar até 2015 as metas de ajuda ao desen-volvimento, tal como estipulado nas conclusões de Junho de 2005 e acorda em analisar anualmente esta questão com base num relatório elaborado pelo Conselho.
IV. ALTERA ÇÕES CLIMÁTICAS
21. O Conselho Europeu toma nota da comunicação da
Comissão que analisa as opções para ir além do objectivo
de 20% de redução das emissões de gases com efeito de
estufa e avalia o risco de fuga de carbono. Em conformi-
dade com as conclusões do Conselho de 11 de Junho,
a Comissão efectuará novas análises, nomeadamente no
que se refere às consequências para cada Estado-Membro,
e o Conselho prosseguirá a análise das questões aborda-
das na comunicação. Tal como demonstrado no relató-
rio Ecofi n, a UE e os seus Estados-Membros avançaram
na implementação dos seus compromissos de arranque
rápido para 2010 e informarão de forma coordenada
a Conferência de Cancun sobre os progressos alcançados.
O Conselho Europeu deverá voltar a debruçar-se sobre
a questão das alterações climáticas no Outono, antes da
Conferência de Cancun.
V. OUTRA S QUESTÕES
22. O Conselho Europeu expressa a sua apreciação pelo tra-
balho realizado pelo Grupo de Reflexão. O relatório
do Grupo sobre o «Projecto Europa 2030 — Desafi os
e Oportunidades» constitui um contributo útil para os
trabalhos da União Europeia no futuro.
23. O Conselho Europeu congratula-se com os progressos
realizados na implementação do Pacto Europeu sobre a Imigração e o Asilo e subscreve as conclusões do Con-
selho de 3 e 4 de Junho.
24. O Conselho Europeu acolhe com satisfação o parecer da
Comissão sobre o pedido de adesão à UE apresentado
pela Islândia e a recomendação de que deverão ser ini-
ciadas negociações de adesão. Tendo analisado o pedido
com base no parecer e nas suas conclusões de Dezembro
de 2006 relativas ao consenso renovado sobre o alarga-
mento, regista que a Islândia preenche os critérios políticos
defi nidos no Conselho Europeu de Copenhaga em 1993
e decide que devem ser abertas as negociações de adesão.
25. O Conselho Europeu convida o Conselho a adoptar um
quadro negocial geral. Recorda que o objectivo das nego-
ciações é levar a Islândia a adoptar integralmente o acervo
da UE e assegurar a sua plena implementação e execução,
respondendo a obrigações existentes como as defi nidas
pelo Órgão de Fiscalização da EFTA no âmbito do Acordo
EEE, bem como outros domínios referidos no parecer da
Comissão onde foram identifi cadas lacunas, nomeada-
mente no domínio dos serviços fi nanceiros. O Conselho
Europeu saúda o compromisso da Islândia de abordar
estes problemas e está convicto de que a Islândia prosse-
guirá activamente os seus esforços para solucionar todas as
questões pendentes. O Conselho Europeu confi rma que as
negociações serão baseadas nos méritos próprios da Islân-
dia e que o seu ritmo dependerá dos progressos alcançados
por este país para responder aos requisitos estabelecidos no
quadro negocial, em que serão abordados, nomeadamente,
os aspectos acima referidos.
26. O Conselho Europeu saúda a Estónia pelo grau de conver-
gência atingido, com base em sólidas políticas económicas
e fi nanceiras, bem como pelo cumprimento de todos os
critérios de convergência estabelecidos no Tratado. Con-
gratula-se com a proposta da Comissão sobre a adopção
do euro pela Estónia em 1 de Janeiro de 2011.
27. O Conselho Europeu adopta uma declaração sobre o Irão
(ver anexo II).
28. Confi rmando as suas anteriores conclusões de Dezem-
bro de 2008 e de Junho de 2009, e na sequência da sua
decisão de Dezembro de 2009 de estudar medidas transi-
tórias no que diz respeito à criação de 18 novos lugares no
Parlamento Europeu até ao fi nal da presente legislatura
de 2009-2014, o Conselho Europeu adopta uma decisão
(doc. EUCO 11/10) de dar seguimento aos procedimen-
tos necessários à adopção dessas medidas.
ANEXO
I. NOVA ESTRA TÉGIA EUROPEIA PARA O EMPREGO E O CRESCIMENTO GRA NDES OBJECTIVOS DA UE
— Procurar elevar para 75% a taxa de emprego das mulheres
e dos homens com idades compreendidas entre os 20 e os
64 anos, inclusivamente através de uma maior participação
dos jovens, dos trabalhadores mais velhos e dos trabalha-
dores menos qualifi cados e de uma melhor integração dos
migrantes legais;
— melhorar as condições para a investigação e o desenvol-
vimento, em especial com o objectivo de elevar para 3%
do PIB o nível de investimento conjugado dos sectores
público e privado neste domínio; a Comissão elaborará um
indicador que refl icta a intensidade de I&D e de inovação;
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34
— reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 20%
relativamente aos níveis de 1990; aumentar para 20% a per-
centagem das energias renováveis no consumo energético
fi nal, e avançar no sentido de um aumento de 20% da efi ci-
ência energética;
— a UE está empenhada em tomar a decisão de reduzir, até
2020, as emissões em 30% em relação aos níveis de 1990,
enquanto oferta condicional tendo em vista um acordo
global e abrangente para o período pós 2012, desde que
os outros países desenvolvidos se comprometam a atingir
reduções de emissões comparáveis e os países em desen-
volvimento, em função das suas responsabilidades e capa-
cidades respectivas, prestem o devido contributo para que
se alcance tal objectivo;
— melhorar os níveis de educação, em particular procurando
reduzir a taxa de abandono escolar para um nível inferior
a 10% e aumentando para pelo menos 40% a percentagem
da população na faixa etária de 30-34 anos que conclui
o ensino superior ou equivalente2;
— promover a inclusão social, em especial através da redução
da pobreza, tendo em vista retirar pelo menos 20 milhões
de pessoas de situações de risco de pobreza e de exclusão3.
ANEXO
II. DECLARA ÇÃO SOBRE O IRÃO
1. O Conselho Europeu salienta a sua profunda preocupação
em relação ao programa nuclear do Irão e congratula-se
com a adopção pelo Conselho de Segurança da ONU da
Resolução n.º 1929 que introduz novas medidas restritivas
contra o Irão.
2. O Conselho Europeu saúda os recentes esforços do Brasil
e da Turquia no sentido de serem alcançados progressos
no que se refere ao acordo proposto ao Irão pela AIEA,
em Outubro de 2009, sobre o reactor de investigação de
Teerão. Um acordo satisfatório com o Irão sobre o reactor
de investigação de Teerão poderá constituir uma medida
de criação de confi ança. No entanto, o Conselho Euro-
peu salienta que esse acordo não irá resolver o essencial
da questão nuclear iraniana. O Conselho Europeu exorta
o Irão a iniciar negociações sobre o seu programa nuclear.
2 O Conselho Europeu realça que os Estados-Membros têm competência para defi nir e implementar metas quantitativas no domínio da educação.
3 Esta população é defi nida como o número de pessoas em risco de pobreza e de exclusão de acordo com três indicadores (em risco de pobreza, privação material, agregado familiar sem emprego), deixando que sejam os Estados-Membros a defi nir os seus objectivos nacionais com base nos indicadores referidos que considerem mais adequados.
3. O Conselho Europeu reafi rma os direitos e responsabili-
dades do Irão ao abrigo do Tratado de Não Proliferação.
O Conselho Europeu lamenta profundamente que o Irão
não tenha aproveitado as inúmeras oportunidades que
lhe foram proporcionadas para dissipar as preocupações
da comunidade internacional quanto à natureza do pro-
grama nuclear iraniano. A decisão do Irão de enriquecer
urânio ao nível de 20%, contrariando as suas obrigações
internacionais por força das Resoluções em vigor do Con-
selho de Segurança das Nações Unidas e do Conselho de
Governadores da AIEA veio aumentar ainda mais essas
preocupações. Neste contexto, o Conselho Europeu toma
nota do último relatório da AIEA de 31 de Maio.
4. Nestas circunstâncias, tornou-se inevitável adoptar novas
medidas restritivas. O Conselho Europeu, recordando
a sua declaração de 11 de Dezembro de 2009 e à luz dos
trabalhos desenvolvidos entretanto pelo Conselho dos
Negócios Estrangeiros, convida este último a adoptar,
na sua próxima reunião, medidas de execução das dis-
posições constantes da Resolução n.º 1929 do Conselho
de Segurança das Nações Unidas, bem como medidas
de acompanhamento, tendo em vista apoiar, pela via da
negociação, a resolução de todas as preocupações que
ainda subsistem no que se refere ao desenvolvimento pelo
Irão de tecnologias sensíveis de apoio aos seus programas
nucleares e de mísseis. Essas medidas deverão aplicar-se
ao sector do comércio, especialmente no que se refere aos
bens de dupla utilização e às novas restrições aos seguros
sobre as trocas comerciais; ao sector fi nanceiro, incluindo
o congelamento de activos de outros bancos iranianos e às
restrições à actividade bancária e de seguros; ao sector dos
transportes iraniano, especialmente no que se refere à com-
panhia marítima da República islâmica do Irão (Islamic
Republic of Iran Shipping Line — IRISL) e às suas fi liais,
bem como aos serviços aéreos de carga; aos sectores-chave
da indústria do gás e do petróleo, proibindo novos investi-
mentos, assistência técnica e transferência de tecnologias,
equipamentos e serviços relacionados com essas áreas,
especialmente com a tecnologia de refi nação, liquefacção
e GNL; assim como a novas proibições de vistos e conge-
lamento de bens, especialmente em relação ao Corpo da
Guarda Revolucionária Islâmica (CGRI).
5. O Conselho Europeu confi rma uma vez mais o empenha-
mento da União Europeia em contribuir para uma solução
diplomática para a questão do programa nuclear do Irão.
O Conselho Europeu insta o Irão a demonstrar que está
disposto a estabelecer a confi ança da comunidade inter-
nacional e a responder ao convite para reatar negociações,
e reafi rma que continuam válidas as propostas feitas ao Irão
em Junho de 2008.
6. O que é preciso é uma negociação séria sobre o programa
nuclear do Irão e outras questões de interesse mútuo.
O Conselho Europeu salienta que a alta-representante da
União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segu-
rança está disposta a reatar as conversações a este respeito.
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35
I. RELAÇÕES COM OS PARCEIROS ESTRA TÉGICOS
Um mundo em mutação: um desafi o para a UE
1. A Europa encontra-se perante uma série de desafi os num
mundo em rápida mutação, que requerem todos uma res-
posta internacional concertada. A recente crise económica
e fi nanceira veio demonstrar de forma contundente até que
ponto o bem-estar, a segurança e a qualidade de vida dos
europeus dependem de acontecimentos externos. A emer-
gência de novos actores, com os seus próprios interesses
e visões do mundo, é também um novo elemento impor-
tante no ambiente internacional.
2. É necessário que a União Europeia seja um actor mundial
efectivo, pronto a partilhar a responsabilidade pela segu-
rança mundial e a assumir uma posição de liderança na
defi nição de respostas conjuntas a desafi os comuns. Uma
economia e uma coesão interna fortes reforçarão a capa-
cidade da União para projectar a sua infl uência no mundo.
A União pode apoiar-se na sua fi rme e profunda crença
num multilateralismo efectivo, especialmente no papel
das Nações Unidas, em valores universais, numa econo-
mia mundial aberta e no leque único de instrumentos que
tem ao seu dispor. Continua a ser o maior doador para
os países que necessitam de apoio, é a primeira potência
comercial a nível mundial e desenvolveu uma política
comum de segurança e defesa apoiada por instrumentos de
gestão de crises que haverá que reforçar ainda mais. Além
disso, desempenha um importante papel estabilizador na
sua vizinhança. A União assegurou a estabilidade nos Balcãs
Ocidentais, em especial através da perspectiva europeia
dada a esta região; o Conselho Europeu voltará a analisar
esta questão numa das suas próximas reuniões.
3. De acordo com o Tratado de Lisboa e em sintonia com
a Estratégia Europeia de Segurança, a União Europeia e os
seus Estados-Membros actuarão de forma mais estratégica,
de modo a que a Europa passe a exercer, a nível interna-
cional, uma infl uência correspondente ao seu verdadeiro
peso. Para tal, é necessário identifi car claramente, em cada
momento, quais os seus interesses e objectivos estratégicos
e proceder a uma refl exão centrada nos meios para os alcan-
çar com maior fi rmeza. O Conselho Europeu apela a que
se melhorem as sinergias entre a actuação a nível da União
Europeia e a nível nacional, em sintonia com as disposições
dos Tratados, se reforce a coordenação entre os actores
institucionais, se integrem melhor todos os instrumentos
e políticas pertinentes e se aproveitem de forma mais efi caz
as cimeiras com países terceiros, tal como defi nido de forma
mais pormenorizada no anexo I.
4. As parcerias estratégicas da União Europeia com actores
fundamentais a nível mundial proporcionam um instru-
mento útil para a prossecução dos objectivos e interesses
europeus. No entanto, tal só será possível se essas parcerias
se desenvolverem nos dois sentidos, com base em interes-
ses e benefícios mútuos e no reconhecimento de que todos
os intervenientes têm direitos, mas também têm deveres.
A plena participação das economias emergentes no sistema
internacional deverá permitir a distribuição equilibrada dos
benefícios que dele resultam e a partilha equitativa das res-
ponsabilidades que implica. Neste contexto, o reforço do
comércio com parceiros estratégicos constitui um objec-
tivo crucial, contribuindo para a retoma económica e a cria-
ção de emprego. Temos de tomar medidas concretas para
assegurar acordos de comércio livre ambiciosos, garantir
um maior acesso ao mercado para as empresas europeias
e aprofundar a cooperação em matéria de regulamentação
com os principais parceiros comerciais.
Orientações para os próximos eventos
5. Nas próximas semanas, a União Europeia organizará uma
série de importantes reuniões internacionais. O Conselho
Europeu fi xa hoje as primeiras orientações na perspectiva
dessas reuniões. De futuro, debaterá periodicamente as
questões que se prendem com as relações externas, a fi m
de estabelecer antecipadamente orientações estratégicas
para os eventos mais importantes, em especial tendo em
vista defi nir mensagens-chave sobre os nossos objectivos
e sobre os meios para os atingir, o que exige uma orientação
estratégica clara defi nida pelo Conselho Europeu, baseada
numa preparação efi caz por parte da alta-representante e do
Conselho.
6. Em Outubro, terão lugar as cimeiras com a China e a Repú-
blica da Coreia e o encontro Ásia-Europa (ASEM), a que se
CONSELHO EUROPEU DE 16 DE SETEMBRO DE 2010
CONCLUSÕESO Conselho Europeu debateu o modo de imprimir uma nova dinâmica às relações externas da União, aproveitando plenamente as oportunidades oferecidas pelo Tratado de Lisboa, e acordou na necessidade de a Europa promover os seus interesses e valores de forma mais assertiva, num espírito de reciprocidade e de benefício mútuo. Como primeiro passo, defi niu orientações gerais tendo em vista um conjunto de importantes eventos que se realizarão nas próximas semanas e meses. Além disso, tomou decisões sobre várias medidas concretas a fi m de reforçar, de um modo mais geral, a efi cácia da política externa da União. O Conselho Europeu fez o balanço dos progressos alcançados no âmbito do Grupo de Missão sobre a Governação Económica.
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seguirá ainda no corrente ano a cimeira com a Índia. Estes
eventos constituem uma boa oportunidade para desenvolver
as relações com parceiros-chave numa região muito dinâ-
mica do mundo. A agenda dos trabalhos incluirá questões
como o papel de cada um na concretização de uma recupe-
ração sustentável da crise económica e na procura de solu-
ções mundiais para desafi os universais. Deverão ser tomadas
medidas concretas em domínios prioritários de cooperação
entre a Europa e a Ásia, como sejam a cooperação em matéria
de alterações climáticas, incluindo a promoção de uma redu-
ção efectiva e verifi cável de emissões, bem como na área das
energias renováveis e da efi ciência energética; certas questões
de segurança prementes, tais como a proliferação, o terro-
rismo, a cibersegurança e a pirataria; a cooperação sobre
questões regionais, como o Irão e a Coreia do Norte, e sobre
questões globais, tais como as migrações, a energia e o acesso
a matérias-primas; um trabalho conjunto sobre políticas de
desenvolvimento e a promoção da boa governação, de nor-
mas laborais, dos direitos humanos e o desenvolvimento das
relações interpessoais.
Na perspectiva da cimeira UE-China em particular, a União
Europeia deverá prosseguir activamente os seus interesses
estratégicos, nomeadamente no que respeita à promoção do
comércio bilateral, ao acesso ao mercado de bens e serviços
e às condições de investimento, à protecção dos direitos de
propriedade intelectual e à abertura dos mercados de con-
tratos públicos, a uma maior disciplina no domínio das sub-
venções à exportação e ao diálogo sobre políticas cambiais.
7. Ao longo dos próximos meses, o Conselho Europeu terá de
tratar diversas outras questões importantes no domínio das
relações externas.
a. A cimeira do G20, a realizar em Seul, permitirá analisar
a retoma económica mundial e os compromissos assumi-
dos pelos membros do G20. Nomeadamente, permitirá à
União salientar a importância de manter uma dinâmica forte
no domínio da reforma fi nanceira; neste contexto, o recente
acordo obtido entre o Parlamento Europeu e o Conselho
sobre o pacote relativo à supervisão fi nanceira e a conclu-
são da reforma do quadro regulamentar até ao fi nal de 2011
reforçam a posição da UE. A cimeira deverá também servir
para enviar um sinal claro sobre a necessidade de concluir as
negociações da Agenda de Doha para o Desenvolvimento
no âmbito da OMC e de implementar o Quadro para um
Crescimento Forte, Sustentável e Equilibrado. O Conselho
Europeu debaterá em detalhe a preparação da cimeira de
Seul na sua reunião de Outubro de 2010 e defi nirá a posição
da União. O G8 e o G20 continuarão a ser fóruns importan-
tes para a defi nição de respostas a nível mundial para muitos
dos desafi os que se nos deparam, devendo, a UE contribuir
activamente para a definição dessas respostas através de
posições coordenadas. Por conseguinte, o Conselho Euro-
peu congratula-se com a ambição da próxima Presidência
francesa, em 2011, de utilizar plenamente o G20 e o G8 para
esse efeito.
b. As relações transatlânticas assentam em valores comuns
e constituem um elemento central do sistema interna-
cional. As circunstâncias actuais requerem que se dê um
novo impulso a essas relações e se proceda a uma refl exão
renovada sobre a forma de criar uma verdadeira parceria
baseada nas nossas capacidades e especifi cidades respec-
tivas. A cimeira de Novembro de 2010 com o presidente
Obama oferecerá uma verdadeira oportunidade a este
respeito, e exigirá uma cuidadosa preparação. O Conselho
Europeu de Outubro de 2010 chegará a acordo sobre as
mensagens-chave políticas que os representantes da União
Europeia apresentarão nessa importante cimeira. Com base
numa boa compreensão dos nossos interesses mútuos e dos
respectivos contributos, a parceria transatlântica deverá con-
centrar-se em maximizar os benefícios potenciais das nossas
relações económicas, em trabalhar de forma mais estreita
sobre questões internacionais de grande importância e em
enfrentar em conjunto e de forma concertada os desafi os
económicos e de segurança mundiais. Neste contexto, con-
vida-se a alta-representante a apresentar ideias sobre a forma
como poderá ser mais reforçada a cooperação UE/OTAN
em matéria de gestão de crises, de acordo com a Carta das
Nações Unidas e com as resoluções pertinentes do Conselho
de Segurança das Nações Unidas, o que deverá fazer-se num
espírito de reforço mútuo e respeitando devidamente a res-
pectiva autonomia decisória, na sequência das recomenda-
ções sobre medidas concretas transmitidas pela UE à OTAN
em Fevereiro de 2010.
c. Na sua reunião de Outubro, o Conselho Europeu fará
o ponto da situação dos preparativos da Conferência de
Cancun sobre alterações climáticas e defi nirá a posição da
UE. Cancun deverá constituir uma etapa importante nas
negociações internacionais sobre o clima, devendo chegar-se
a acordo sobre resultados concretos para todos os participan-
tes a fi m de se criar uma dinâmica e se permanecer no bom
caminho para a celebração de um acordo fi nal ambicioso.
d. A refl exão a realizar em breve sobre a implementação da
política europeia da vizinhança constituirá uma oportuni-
dade para aprofundar as relações com os vizinhos orientais
da União, através da Parceria Oriental, e com os seus vizi-
nhos meridionais. A implementação harmoniosa dos pro-
jectos lançados no âmbito da Parceria Oriental permite dar
a conhecer os valores da UE e promove a aproximação à
UE dos países em causa nos domínios jurídico, económico
e social. A segunda cimeira da União para o Mediterrâneo
constituirá uma boa oportunidade para reforçar a coopera-
ção euro-mediterrânica e apoiar o reatamento de negocia-
ções directas entre as partes no Processo de Paz no Médio
Oriente.
e. Nos últimos anos, as relações UE-África assumiram uma
nova dinâmica. A cimeira UE-África do Sul de 28 de Setem-
bro de 2010 e a cimeira UE-África de 29 e 30 de Novembro
de 2010 deverão permitir aprofundar ainda mais as rela-
ções. A UE, em parceria com os países africanos, continuará
a prosseguir os objectivos do desenvolvimento económico,
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da boa governação, da transparência e da responsabilização,
no contexto da estratégia comum UE-África.
f. Terá lugar em Nova Iorque, de 20 a 22 de Setembro, a reu-
nião plenária de alto nível das Nações Unidas sobre os Objec-
tivos de Desenvolvimento do Milénio. A União Europeia
está fi rmemente empenhada em apoiar a consecução dos
ODM a nível mundial até 2015, juntamente com os parcei-
ros da comunidade internacional.
g. As próximas cimeiras com a Ucrânia, em Novembro, e com
a Rússia, em Dezembro, deverão ser utilizadas para aprofun-
dar a cooperação em áreas de interesse mútuo, por forma
a que as relações com esses dois importantes países adquiram
maior estabilidade e previsibilidade, bem como para promo-
ver os direitos humanos.
Em particular, a cimeira com a Ucrânia deverá fazer avançar
as negociações sobre o Acordo de Associação, incluindo
o Acordo de Comércio Livre aprofundado e global, e des-
tacar o papel da UE nas reformas económicas e democráticas
deste importante vizinho.
A cimeira com a Rússia será uma oportunidade para refor-
çar a cooperação com este país e debater em particular a sua
agenda de modernização. Há que reforçar a cooperação
sobre questões económicas como a energia, o investimento
e a inovação, sobre questões de segurança, incluindo confl i-
tos latentes, o combate ao terrorismo e à criminalidade orga-
nizada, e sobre questões ambientais nas quais se incluem as
alterações climáticas.
O Conselho Europeu salienta a importância de uma pre-
paração minuciosa destas cimeiras por forma a garantir um
resultado profícuo.
h. Com base no êxito da cimeira realizada no ano em curso
com os seus parceiros da América Latina e das Caraíbas,
a UE está empenhada em trabalhar estreitamente com os
países da região na resposta aos desafi os globais com que
nos encontramos confrontados.
8. O desenvolvimento e a estabilidade do Paquistão reves-
tem-se de importância estratégica para a União Europeia.
Face às cheias devastadoras, a União Europeia e os seus
Estados-Membros responderam com um aumento da ajuda
humanitária a nível bilateral e multilateral. O Conselho Euro-
peu adoptou uma declaração sobre o Paquistão (anexo II).
9. A União Europeia continuará activamente empenhada
e envolvida, nomeadamente através do Quarteto, para apoiar
e garantir o êxito das negociações entre Israel e a Autoridade
Palestiniana. O Conselho Europeu adoptou uma declaração
sobre o Processo de Paz no Médio Oriente (anexo III).
II. GRUPO DE MISSÃO SOBRE A GOVERNAÇÃO ECONÓMICA
10. Com base num relatório intercalar do presidente do Grupo
de Missão sobre a governação económica, o Conselho
Europeu congratula-se com os importantes progressos
alcançados, nomeadamente no que respeita ao semestre
europeu, ao desenvolvimento de um novo quadro de
supervisão macroeconómica para acompanhar e corrigir
atempadamente divergências e desequilíbrios não sus-
tentáveis em termos de competitividade, e ao reforço dos
quadros orçamentais nacionais.
11. O Conselho Europeu salienta a necessidade de manter
a dinâmica em matéria de reforma da governação econó-
mica europeia e aguarda com expectativa que, na sua reu-
nião de Outubro de 2010, lhe seja apresentado o relatório
fi nal do Grupo de Missão que abrangerá todos os aspectos
do mandato conferido pelo Conselho Europeu de Março
de 2010 e em que será apresentado um pacote global de
medidas que irão orientar o trabalho legislativo.
ANEXO
I. MODALIDADES INTERNAS PARA MELHORA R A POLITICA EXTERNA DA UNIÃO EUROPEIA
a) Tendo em mente medidas concretas para, de um modo mais
geral, melhorar o funcionamento da política externa da União
Europeia, o Conselho Europeu exorta a uma abordagem
mais integrada que assegure a mobilização plena e coerente
de todos os instrumentos e políticas pertinentes a nível da UE
e a nível nacional, compatível com as disposições dos Trata-
dos, em prol dos interesses estratégicos da União Europeia.
A importância, nos contactos com os parceiros e a nível mul-
tilateral, de questões como as alterações climáticas, a política
energética, o comércio, o desenvolvimento ou as questões
relacionadas com a Justiça e Assuntos Internos, incluindo
as migrações e a política de vistos, deverá ser plenamente
tida em conta nos preparativos das cimeiras e dos eventos
internacionais. Em relação a este aspecto, a União Europeia
deverá reforçar ainda mais a coerência e a complementari-
dade entre as suas políticas internas e a sua política externa.
A prática da realização de debates de orientação com grande
antecedência em relação às cimeiras deverá continuar a ser
desenvolvida, dando especial destaque ao estabelecimento
de prioridades e de missões concretas.
b) É necessário desenvolver sinergias entre as relações exter-
nas da União Europeia e as relações bilaterais dos Esta-
dos-Membros com os países terceiros, a fi m de assegurar, se
for caso disso, que a acção desenvolvida ao nível da União
Europeia complementa e reforça a actuação a nível dos
Estados-Membros, e inversamente. Deverá proceder-se,
a estes dois níveis, a uma partilha mais activa e regular de
informações e à realização de consultas sobre o evoluir da
situação, com base num calendário permanentemente
actualizado das cimeiras da UE e dos Estados-Membros
com os principais parceiros estratégicos.
c) É necessária uma coordenação estreita e periódica entre
todos os diferentes protagonistas institucionais envolvidos
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na defi nição e implementação das relações externas da União
Europeia, a fi m de assegurar que os representantes da UE
estão em condições de defender posições coerentes em rela-
ção a todos os interesses e objectivos estratégicos da União.
d) A nível da União Europeia, foram muitos os progressos
alcançados na preparação das cimeiras multilaterais, nome-
adamente graças às modalidades em relação à representação
da UE nas estruturas do G8 e do G20 adoptadas pelo presi-
dente do Conselho Europeu e pelo presidente da Comissão.
O Conselho Europeu convida-os a prosseguirem os traba-
lhos no sentido de melhorar o modo como a União Europeia
veicula os seus pontos de vista nessas instâncias.
e) É necessário que a União Europeia tenha uma visão clara
das questões específi cas decorrentes das relações com cada
um dos Estados parceiros. Importa que a União Europeia
desenvolva um planeamento a médio prazo que defi na os
objectivos a alcançar ao longo do tempo, concentrando-se
cada uma das cimeiras em duas ou três questões essen-
ciais. Por conseguinte, o Conselho Europeu solicita à
alta-representante que, em coordenação com a Comissão
e com o Conselho dos Negócios Estrangeiros, proceda
a uma avaliação das perspectivas das relações com todos os
parceiros estratégicos, e defi na, em especial, os nossos inte-
resses e os meios ao nosso serviço para os pôr em prática.
Convida-se a alta-representante a apresentar ao Conselho
Europeu de Dezembro de 2010 um primeiro relatório de
situação sobre esse trabalho. Neste contexto, deverá proce-
der-se a uma refl exão sobre a frequência, o formato e o resul-
tado dessas cimeiras, que deverão ser mais orientadas para
a prossecução dos objectivos da UE. O Conselho Europeu
convida o seu presidente, em cooperação com o presidente
da Comissão e a alta-representante, a tomar todas as inicia-
tivas necessárias para melhorar esse processo.
f) O Serviço Europeu para a Acção Externa constituirá um
instrumento essencial para apoiar os esforços no sentido
do reforço da política externa da União Europeia. Os seus
serviços darão apoio ao Conselho Europeu, ao Conselho
e à Comissão, sob a autoridade da alta-representante, em
matérias relacionadas com a visão estratégica e a coordena-
ção necessárias para assegurar a coerência de toda a acção
externa da União.
ANEXO
II. DECLARA ÇÃO SOBRE O PAQUISTÃO
1. O Conselho Europeu está consternado com o impacto
devastador das inundações no Paquistão que continuam
a destruir meios de subsistência e comunidades por todo
o país. A catástrofe é de dimensões sem precedentes na his-
tória do Paquistão. O seu custo em necessidades humani-
tárias e para a sua já frágil economia é enorme. A gravidade
desta crise exige uma resposta imediata e signifi cativa, tendo
igualmente em conta a importância estratégica de que se
reveste o desenvolvimento, a segurança e a estabilidade
do Paquistão na região. Na sequência da segunda cimeira
UE-Paquistão realizada em Junho último, o Conselho
Europeu reitera a sua intenção de reforçar a cooperação
sobre questões políticas. Um Paquistão estável, demo-
crático e próspero é também um elemento decisivo para
a resposta a um conjunto de questões de interesse global,
como a luta antiterrorista, a não-proliferação, ou o combate
à droga. A boa governação também será fundamental para
assegurar a rápida reconstrução do país.
2. O Conselho Europeu recorda os recentes esforços envida-
dos pela UE (Estados-Membros e Comissão) em resposta
à crise, nomeadamente a disponibilização de uma ajuda
humanitária substancial. Reconhece a importância de dar um
maior apoio ao Paquistão para assistência imediata e a mais
longo prazo, tendo em vista a recuperação e a reconstrução.
3. Para o efeito, o Conselho Europeu decide dar mandato aos
ministros para chegarem a acordo com urgência em rela-
ção a um pacote global de medidas a curto, médio e a mais
longo prazo que contribuam para sustentar o relançamento
e o desenvolvimento futuro do Paquistão. Essas medidas
deverão incluir uma signifi cativa assistência adicional em
termos humanitários e de ajuda ao desenvolvimento, bem
como medidas comerciais ambiciosas, essenciais para
o relançamento económico e o crescimento. Em relação
a este aspecto, o Conselho Europeu salienta o seu fi rme
compromisso de conceder — exclusivamente ao Paquis-
tão — um maior acesso ao mercado da UE através da redu-
ção, imediata e limitada no tempo, dos direitos aduaneiros
sobre importações essenciais provenientes do Paquistão,
em conformidade com as regras da OMC, a implementar
o mais rapidamente possível, e de se empenhar na elegi-
bilidade do Paquistão para o SPG + em 2014, desde que
preencha os critérios necessários. Convida-se a Comissão
a reflectir sobre as opções com os parceiros da OMC
e a apresentar a sua proposta defi nitiva em Outubro, tendo
em conta as sensibilidades do sector industrial na UE.
ANEXO
III. DECLARA ÇÃO SOBRE O PROCESSO DE PAZ NO MÉDIO ORIENTE
A União Europeia congratula-se vivamente com o início das nego-
ciações directas entre Israel e a Autoridade Palestiniana, anunciado
em Washington a 2 de Setembro de 2010, e saúda os israelitas, os
palestinianos e os Estados Unidos, bem como o Quarteto e os
parceiros árabes, pelos esforços envidados. A decisão das partes de
encetarem conversações substantivas representa um importante
passo no sentido de se alcançar uma paz justa, duradoura e global
na região.
Recordando as conclusões do Conselho de Dezembro de 2009
sobre o Processo de Paz no Médio Oriente, a União Europeia
salienta que estas negociações sobre todas as questões relativas
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39
ao estatuto fi nal deverão conduzir a uma solução baseada em dois
Estados — o Estado de Israel e um Estado da Palestina indepen-
dente, democrático, contíguo e viável — que coexistam em paz
e em segurança.
Neste contexto, a União Europeia considera indispensável que
ambas as partes usem de serenidade e contenção e se abstenham
de acções que possam comprometer o progresso das negociações.
Exorta ambas as partes a manterem os compromissos anterior-
mente assumidos e a esforçarem-se por criar um clima propício
a um resultado positivo. A União Europeia recorda que os colona-
tos são ilegais nos termos do direito internacional e apela à prorro-
gação da moratória decidida por Israel. Continua a exortar a que
cesse completamente toda a violência, em particular os tiros de
roquetes e os atentados terroristas.
Juntamente com os seus parceiros no Quarteto e com os seus par-
ceiros árabes, a União Europeia não poupará esforços para apoiar
os esforços liderados pelos EUA tendo em vista o êxito de nego-
ciações que conduzam a um acordo-quadro no prazo de uma ano,
no interesse dos israelitas e dos palestinianos, dos povos da região
e da comunidade internacional. A União Europeia é o primeiro
doador dos palestinianos e um parceiro político e económico
crucial de ambas as partes e dos respectivos vizinhos. Em relação
a este aspecto, salienta que permanecerá activamente empenhada
e envolvida, nomeadamente através do Quarteto, para apoiar
e assegurar o êxito das negociações, e convida a alta-representante
a continuar a associar plenamente a União Europeia aos esforços
em curso. A União Europeia salienta a necessidade de o Quarteto
continuar a desempenhar um papel essencial no processo de paz.
Salienta igualmente a importância decisiva da continuação do pro-
cesso de criação do Estado Palestiniano, que a União Europeia
continuará a apoiar activamente, e nomeadamente a implemen-
tação do Plano Fayyad.
Recordando as conclusões do Conselho sobre Gaza, de Junho
de 2010, a União Europeia salienta ainda que, para se obter uma
paz sustentável, é necessário encontrar uma solução duradoura
para a faixa de Gaza. A União Europeia congratula-se com as recen-
tes medidas anunciadas pelo governo de Israel, que constituem um
importante passo em frente. Exorta à sua plena aplicação e a que
sejam tomadas medidas complementares a fi m de se alcançar uma
mudança fundamental de política que possibilite a reconstrução
e a recuperação económica de Gaza. A UE ofereceu o seu auxílio
para a consecução desse objectivo. A União Europeia exorta a que
a solução salvaguarde as legítimas preocupações de Israel em ter-
mos de segurança.
A União Europeia recorda que a paz no Médio Oriente deverá ser
global e reitera a importância de negociações nas vias israelo-síria
e israelo-libanesa.
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40
I. GRUPO DE MISSÃO SOBRE A GOVERNAÇÃO ECONÓMICA
1. O Conselho Europeu aprova o relatório do Grupo de Mis-
são sobre a Governação Económica. A sua implementação
permitir-nos-á aumentar a disciplina orçamental, alargar
a supervisão económica, aprofundar a coordenação e criar
um quadro robusto para a gestão de crises, assim como
instituições mais fortes. O Conselho Europeu apela a que se
siga uma «abordagem acelerada» para adoptar a legislação
derivada necessária à implementação de muitas das reco-
mendações. Pretende-se que o Conselho e o Parlamento
Europeu cheguem a acordo, até ao Verão de 2011, sobre
as propostas legislativas da Comissão, considerando que
o relatório do Grupo de Missão não abrange todas as ques-
tões sobre as quais essas propostas incidem, e vice-versa.
Ficará deste modo assegurado que os novos mecanismos
de supervisão sejam efectivamente implementados o mais
brevemente possível. O resultado será um fortalecimento
substancial do pilar económico da UEM, que irá reforçar
a confi ança e contribuir assim para o desenvolvimento
sustentável, o emprego e a competitividade.
O Conselho Europeu convida o Conselho a acelerar os
trabalhos sobre o modo como o impacto da reforma dos
regimes de pensões é tido em conta na implementação
do Pacto de Estabilidade e Crescimento e a apresentar
um relatório sobre esta matéria ao Conselho Europeu
de Dezembro. Reconhecendo a importância de reformas
sistémicas dos regimes de pensões, haverá que assegurar
condições de igualdade no âmbito do PEC.
2. Na sequência do relatório do Grupo de Missão, e para asse-
gurar um crescimento equilibrado e sustentável, os chefes
de Estado e de Governo consideram necessário que os
Estados-Membros criem um mecanismo permanente de
resolução de crises para salvaguardar a estabilidade fi nan-
ceira de toda a área do euro, e convidam o presidente do
Conselho Europeu a proceder a consultas com os mem-
bros do Conselho Europeu a respeito de uma alteração ao
Tratado limitada, necessária para o efeito, sem modifi car
o artigo 125.º do TFUE (regra da não co-responsabilização
fi nanceira — «no bail-out» clause).
O Conselho Europeu congratula-se com a intenção
expressa pela Comissão de, em estreita consulta com
o presidente do Conselho Europeu, levar a cabo trabalhos
preparatórios sobre as características gerais de um futuro
novo mecanismo, nomeadamente o papel do sector pri-
vado, o papel do FMI e a forte condicionalidade a que os
programas estarão sujeitos.
O Conselho Europeu voltará a debruçar-se sobre esta
matéria na reunião de Dezembro, tendo em vista tomar
a decisão defi nitiva tanto sobre as grandes linhas de um
mecanismo de crise como sobre uma alteração limitada
do Tratado, de modo a que qualquer alteração possa ser
ratifi cada, o mais tardar, até meados de 2013.
O presidente do Conselho Europeu tenciona analisar
posteriormente, em consulta com os Estados-Membros,
a questão do direito de os membros da área do euro par-
ticiparem nas decisões referentes aos procedimentos da
UEM em caso de ameaça permanente à estabilidade de
toda a área do euro.
3. Os chefes de Estado e de Governo sublinharam que, a par
do reforço da disciplina orçamental na União Europeia,
é essencial que o orçamento da União e o próximo quadro
fi nanceiro plurianual refl ictam os esforços de consolida-
ção que estão a ser desenvolvidos pelos Estados-Membros
para colocar o défi ce e a dívida numa trajectória mais sus-
tentável. Respeitando o papel das diferentes instituições
e tendo em conta a necessidade de cumprir os objectivos
da Europa, o Conselho Europeu debaterá na sua próxima
reunião o modo de assegurar que a despesa a nível europeu
possa dar um contributo adequado neste contexto.
II. CIMEIRA DO G20 EM SEUL
4. A economia mundial está a recuperar da crise. Todavia,
subsistem algumas questões que exigem uma atenção
constante a nível mundial e que incluem os riscos para
a sustentabilidade fi nanceira, o saneamento incompleto
CONSELHO EUROPEU DE 28 E 29 DE OUTUBRO DE 2010
CONCLUSÕESPara fazer face aos desafi os revelados pela recente crise fi nanceira, é necessário que se opere uma mudança fundamental na governação económica europeia. Para o efeito, o Conselho Europeu aprovou o relatório do Grupo de Missão sobre a Governação Económica. A sua implementação constituirá um importante passo em frente no reforço do pilar económico da UEM: aumentará a disciplina orçamental, alargará a supervisão económica e aprofundará a coordenação. O relatório estabelece igualmente os princípios orientadores para um quadro robusto de gestão de crises e instituições mais fortes. O Conselho Europeu chegou a acordo qua nto ao seguimento a dar ao Grupo de Missão. Na sequência dos seus debates de 16 de Setembro de 2010, o Conselho Europeu procedeu igualmente a uma troca de opiniões na perspectiva da cimeira de Seul do G20 e da Conferência de Cancun sobre as alterações climáticas, bem como das cimeiras com os Estados Unidos, a Rússia, a Ucrânia, a Índia e África.
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41
do sector fi nanceiro, a elevada taxa de desemprego, a vola-
tilidade dos preços mundiais das matérias-primas e o rea-
parecimento de desequilíbrios macroeconómicos à escala
mundial. O Conselho Europeu confi rmou as orientações
acordadas pelo Conselho e discutiu as prioridades que
os representantes da UE e dos Estados-Membros da UE
que são membros do G20 defenderão na cimeira de Seul.
A cimeira deve enviar um sinal ambicioso no que toca à
implementação efectiva e atempada das medidas acorda-
das no Quadro para um Crescimento Forte, Sustentável
e Equilibrado, nomeadamente no que diz respeito aos
planos de consolidação orçamental, à reforma da regula-
mentação fi nanceira, à coesão social, à criação de emprego
e à necessidade de novas reformas estruturais. A questão do
reequilíbrio do crescimento mundial exige igualmente par-
ticular atenção. A União Europeia aguarda com expectativa
a confi rmação pela cimeira do G20 do acordo de Basileia,
que constitui uma etapa importante no reforço da estabi-
lidade fi nanceira a nível mundial. A União Europeia realça
a necessidade de continuar a manter os mercados abertos,
de imprimir uma nova dinâmica às negociações de Doha
e de adoptar uma agenda de desenvolvimento orientada
para o crescimento. Salienta a necessidade de evitar todas
as formas de proteccionismo e quaisquer movimentos das
taxas de câmbio destinados a obter vantagens competitivas
a curto prazo.
5. O acordo alcançado na reunião ministerial do G20 em
23 de Outubro de 2010 sobre a reforma do Fundo Mone-
tário Internacional contribuirá para tornar o FMI mais efi -
caz, credível e legítimo, permitindo que desempenhe o seu
papel de apoiar o funcionamento do sistema monetário
e fi nanceiro internacional. Deverão ser concretizadas simul-
taneamente, num pacote único e global e com o mesmo
calendário, as reformas do regime de quotas e da governa-
ção em geral.
6. É necessário prosseguir os trabalhos relativos às quoti-
zações e impostos sobre as instituições fi nanceiras tanto
a nível interno como internacional. De acordo com o rela-
tório do Conselho, haverá que coordenar melhor os dife-
rentes esquemas de quotização existentes a fi m de evitar
a dupla tributação. Convida-se o Conselho a apresentar
um relatório sobre a matéria ao Conselho Europeu em
Dezembro de 2010. Deverão igualmente ser analisadas as
diferentes opções no que diz respeito à tributação do sector
fi nanceiro, bem como as boas práticas destinadas a impedir
os paraísos fi scais e a evasão fi scal.
III. CONFERÊNCIA DE CANCUN SOBRE AS ALTERA ÇÕES CLIMÁTICAS
7. É cada vez mais premente a necessidade de realizar progres-
sos na luta contra as alterações climáticas. Por conseguinte,
importa que a Conferência de Cancun constitua uma etapa
intermédia signifi cativa, baseada no Protocolo de Quioto,
rumo a um quadro mundial abrangente e juridicamente
vinculativo que integre as orientações políticas dadas no
Acordo de Copenhaga. É essencial que a União Europeia
e os seus Estados-Membros continuem a desempenhar
um papel construtivo e a veicular uma mensagem única.
O Conselho Europeu subscreve as conclusões do Conse-
lho de 14 de Outubro de 2010 sobre os preparativos para
a Conferência de Cancun e confi rma a disponibilidade
da União Europeia para considerar a possibilidade de um
segundo período de compromisso no quadro do Protocolo
de Quioto, desde que sejam cumpridas as condições esta-
belecidas nas referidas conclusões. Em Cancun, a União
Europeia apresentará um relatório global e transparente —
que passará depois a ser um relatório anual — sobre
a implementação do seu compromisso de fi nanciamento
de arranque rápido, e salientará a importância de continuar
a aumentar a transparência do fi nanciamento da luta con-
tra as alterações climáticas. A União Europeia reavaliará
a situação após a Conferência de Cancun, examinando
nomeadamente opções que permitam ir além dos 20% de
redução das emissões de gases com efeito de estufa e que
deverão ser preparadas em reacção às negociações interna-
cionais em curso sobre a luta contra as alterações climáti-
cas; convida-se o Conselho a apresentar um relatório sobre
esta matéria até à Primavera de 2011. A par da procura de
um acordo internacional, a UE desenvolverá também uma
abordagem mais diversifi cada nos contactos estabelecidos
com os parceiros-chave em domínios de interesse comum
que os ajudem a reduzir as respectivas emissões. Neste
contexto, a UE incentiva as iniciativas regionais destina-
das a responder às alterações climáticas e a promover um
crescimento verde, de que é exemplo a recente Iniciativa
Mediterrânica sobre as Alterações Climáticas.
IV. CIMEIRA S COM PAÍSES TERCEIROS
8. De acordo com as suas conclusões de Setembro de 2010,
o Conselho Europeu discutiu as mensagens políticas fun-
damentais que o presidente do Conselho Europeu e o pre-
sidente da Comissão defenderão nas próximas cimeiras
com os Estados Unidos, a Rússia, a Ucrânia, a Índia e África.
—À margem do Conselho Europeu, realizou-se uma cimeira social
dedicada à governação económica no seguimento do relatório
fi nal do Grupo de Missão, à luz das conclusões adoptadas pelo
Conselho (EPSCO) em 21 de Outubro de 2010.
—
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42
I. POLÍTICA ECONÓMICA
1. O Conselho Europeu congratulou-se com o relatório apre-
sentado pelo seu presidente no seguimento das conclusões
de 28 e 29 de Outubro de 2010. O Conselho Europeu acor-
dou em que o Tratado deverá ser alterado de modo a per-
mitir que os Estados-Membros da área do euro criem um
mecanismo permanente para salvaguardar a estabilidade
fi nanceira da área do euro no seu todo (Mecanismo Euro-
peu de Estabilidade). Este mecanismo substituirá o Fundo
Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e o Meca-
nismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF), que
continuarão em vigor até Junho de 2013. Dado que este
mecanismo se destina a salvaguardar a estabilidade fi nan-
ceira da área do euro no seu todo, o Conselho Europeu
acordou em que o n.º 2 do artigo 122.º do TFUE deixará
de ser necessário para esse efeito. Por conseguinte, os chefes
de Estado e de Governo acordaram em que não deverá ser
utilizado para tal.
2. O Conselho Europeu chegou a acordo sobre o texto do
projecto de decisão que altera o TFUE, constante do
anexo I. Decidiu lançar imediatamente o processo de
revisão simplifi cado a que se refere o n.º 6 do artigo 48.º
do TUE. A consulta às instituições nele previstas deverá ser
concluída a tempo de permitir a adopção formal da decisão
em Março de 2011, a conclusão dos procedimentos de
aprovação nacionais até fi nais de 2012 e a entrada em vigor
em 1 de Janeiro de 2013.
3. O Conselho Europeu apelou também aos ministros das
Finanças da área do euro e à Comissão para que concluam
até Março de 2011 os trabalhos relativos ao acordo inter-
governamental que cria o futuro mecanismo, integrando as
características gerais enunciadas na declaração do Eurogrupo
de 28 de Novembro de 2010, que o Conselho Europeu subs-
creveu (anexo II). O mecanismo será accionado por acordo
mútuo dos Estados-Membros da área do euro em caso de
risco para a estabilidade da área do euro no seu todo.
4. Os Estados-Membros cuja moeda não seja o euro serão
associados a esses trabalhos, se assim o pretenderem. Pode-
rão decidir participar numa base ad hoc nas operações con-
duzidas pelo mecanismo.
5. O Conselho Europeu apelou à aceleração dos trabalhos
sobre as seis propostas legislativas relativas à governação
económica, com base nas recomendações do Grupo de
Missão que subscreveu no passado mês de Outubro e man-
tendo um elevado nível de ambição, para que possam ser
adoptadas até Junho de 2011. Saudou o relatório sobre
o tratamento das reformas sistémicas dos regimes de pen-
sões no quadro do Pacto de Estabilidade e Crescimento
e apelou a que este relatório seja tido em conta nas especi-
fi cações relativas à implementação do PEC reformado.
6. Recordando as suas conclusões de Outubro de 2010,
o Conselho Europeu saudou a intenção da Comissão
de apresentar propostas para o novo quadro fi nanceiro
plurianual até Junho de 2011 e convidou as instituições
a cooperarem a fi m de facilitar a sua adopção atempada.
7. A nova estratégia «Europa 2020» para o crescimento
e o emprego continuará a nortear a União e os Esta-
dos-Membros na resposta à crise e na promoção da rea-
lização de reformas estruturais. O Conselho Europeu
saudou os progressos alcançados desde o lançamento da
estratégia, como o demonstra o relatório apresentado pela
Presidência.
8. O Conselho Europeu congratulou-se com a declaração
dos chefes de Estado e de Governo da área do euro e das
instituições da UE (anexo III).
II. OUTRA S QUESTÕES
9. O Conselho Europeu congratulou-se com o primeiro
relatório de situação apresentado pela alta-representante
sobre as relações da União Europeia com os seus parcei-
ros estratégicos. Nesta base, o Conselho Europeu convi-
dou a alta-representante a, em estreita cooperação com
a Comissão e o Conselho dos Negócios Estrangeiros,
prosseguir esses trabalhos em sintonia com as suas con-
clusões de Setembro de 2010, defi nindo interesses comuns
europeus e identifi cando todos os meios possíveis para os
CONSELHO EUROPEU DE 16 E 17 DE DEZEMBRO DE 2010
CONCLUSÕESAo longo da crise, actuámos com determinação para preservar a estabilidade fi nanceira e promover o regresso a um crescimento sustentável. Continuaremos a fazê-lo e a UE e a área do euro sairão da crise mais fortes.
As perspectivas de crescimento estão a reforçar-se e os alicerces da economia europeia são sólidos. Os instrumentos de estabilidade temporários implementados no corrente ano provaram ser úteis, mas a crise demonstrou que não podemos abrandar a vigilância. Foi por isso que chegámos hoje a acordo sobre o texto de uma alteração limitada ao Tratado relativa à criação de um futuro mecanismo permanente para salvaguardar a estabilidade fi nanceira de toda a área do euro. Essa alteração deverá entrar em vigor em 1 de Janeiro de 2013. Reiterámos também o nosso empenhamento em chegar a acordo sobre as propostas legislativas relativas à governação económica até fi nais de Junho de 2011, com o objectivo de reforçar o pilar económico da União Económica e Monetária e em continuar a implementar a estratégia «Europa 2020».
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pôr em prática. O Conselho Europeu fará um balanço da
situação uma vez por ano e, se necessário, defi nirá orienta-
ções. O lançamento do SEAE e o seu papel de coordenação
constituem uma preciosa oportunidade para intensifi car
esses trabalhos.
10. O Conselho Europeu subscreveu as conclusões do Con-
selho de 14 de Dezembro de 2010 sobre o alargamento
e decidiu conceder ao Montenegro o estatuto de país
candidato.
11. O Conselho Europeu condenou os actos de violência per-
petrados desde a segunda volta das eleições presidenciais na
Costa do Marfi m e em particular o recurso à violência con-
tra civis em 16 de Dezembro. Apelou fi rmemente a todas as
partes para que actuem com contenção. Recordou a dispo-
nibilidade expressa pelo Tribunal Penal Internacional para
instaurar acções penais contra as pessoas responsáveis por
tais actos. Instou todos os dirigentes da Costa do Marfi m,
tanto civis como militares que ainda não o tenham feito,
a submeterem-se à autoridade do presidente democratica-
mente eleito, Alassan Ouatt ara. O Conselho Europeu reite-
rou a determinação da UE em tomar medidas focalizadas
contra as pessoas que continuem a obstar ao respeito da
vontade soberana expressa pelo povo da Costa do Marfi m.
12. O Conselho Europeu congratulou-se com o desfecho
bem sucedido da COP-16 em Cancun, que constituiu
um importante avanço nos esforços globais tendentes
a alcançar o objectivo acordado de manter o aumento da
temperatura mundial abaixo de 2ºC, e assinala com satis-
fação a implementação bem sucedida da estratégia por ele
acordada no mês de Março.
ANEXO
I. PROJECTO DE DECISÃO DO CONSELHO EUROPEU
de ...
que altera o artigo 136.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia no que respeita a um mecanismo de esta-bilidade para os Estados-Membros cuja moeda seja o euro
O CONSELHO EUROPEU,
Tendo em conta o Tratado da União Europeia, nomeadamente
o n.º 6 do artigo 48.º,
Tendo em conta o projecto de revisão do artigo 136.º do Tratado
sobre o Funcionamento de União Europeia submetido ao Con-
selho Europeu pelo Governo belga em 16 de Dezembro de 2010,
[Tendo em conta o parecer do Parlamento Europeu1,]
[Tendo em conta o parecer da Comissão Europeia2,]
1 Parecer de ... (ainda não publicado no Jornal Ofi cial).2 Parecer de ... (ainda não publicado no Jornal Ofi cial).
[Tendo obtido o parecer do Banco Central Europeu3,]
Considerando o seguinte:
(1) O n.º 6 do artigo 48.º do Tratado da União Europeia
(TUE) permite que o Conselho Europeu, deliberando
por unanimidade, após consulta ao Parlamento Europeu,
à Comissão e, em certos casos, ao Banco Central Europeu,
adopte uma decisão que altere todas ou parte das dispo-
sições da Parte III do Tratado sobre o Funcionamento da
União Europeia (TFUE). Essa decisão não pode aumentar
as competências atribuídas à União pelos Tratados e a sua
entrada em vigor está dependente da sua posterior apro-
vação pelos Estados-Membros em conformidade com as
respectivas normas constitucionais.
(2) Na reunião do Conselho Europeu de 28 e 29 de Outubro
de 2010, os chefes de Estado e de Governo acordaram na
necessidade de os Estados-Membros criarem um meca-
nismo permanente de resolução de crises para salvaguardar
a estabilidade fi nanceira da área do euro no seu todo e con-
vidaram o presidente do Conselho Europeu a proceder
a consultas com os membros do Conselho Europeu sobre
uma alteração limitada do Tratado, necessária para esse
efeito.
(3) Em 16 de Dezembro de 2010, o Governo belga submeteu,
nos termos do primeiro parágrafo do n.º 6 do artigo 48.º
do TUE, um projecto de revisão do artigo 136.º do TFUE
mediante o aditamento de um número segundo o qual os
Estados-Membros cuja moeda seja o euro podem criar um
mecanismo de estabilidade a accionar caso seja indispen-
sável para salvaguardar a estabilidade da área do euro no
seu todo e onde se determina que a concessão de qualquer
assistência fi nanceira necessária ao abrigo do mecanismo
ficará sujeita a rigorosa condicionalidade. Simultanea-
mente, o Conselho Europeu adoptou conclusões sobre
o futuro mecanismo de estabilidade (pontos 1 a 4).
(4) O mecanismo de estabilidade providenciará o instrumento
necessário para lidar com situações de risco para a esta-
bilidade fi nanceira da área do euro no seu todo como as
que ocorreram em 2010, ajudando desse modo a preservar
a estabilidade económica e fi nanceira da própria União.
Na reunião de 16 e 17 de Dezembro de 2010, o Conselho
Europeu acordou em que, dado que esse mecanismo se
destina a salvaguardar a estabilidade fi nanceira da área do
euro no seu todo, o n.º 2 do artigo 122.º do TFUE deixará
de ser necessário para esse efeito. Por conseguinte, os chefes
de Estado e de Governo acordaram em que não deverá ser
utilizado para tal.
(5) Em 16 de Dezembro de 2010, o Conselho Europeu deci-
diu consultar, nos termos do segundo parágrafo do n.º 6
do artigo 48.º do TUE, o Parlamento Europeu e a Comis-
são sobre o projecto. Decidiu também consultar o Banco
3 Parecer de ... (ainda não publicado no Jornal Ofi cial).
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Central Europeu. [Em [...datas...], o Parlamento Europeu,
a Comissão e o Banco Central Europeu, respectivamente,
adoptaram pareceres sobre o projecto.]
(6) A alteração diz respeito a uma disposição contida na
parte III do TFUE e não aumenta as competências atri-
buídas à União pelos Tratados,
ADOPTOU A PRESENTE DECISÃO:
Artigo 1.ºAo artigo 136.º do Tratado sobre o Funcionamento da União
Europeia é aditado o seguinte número:
«3. Os Estados-Membros cuja moeda seja o euro podem criar
um mecanismo de estabilidade a accionar caso seja indis-
pensável para salvaguardar a estabilidade da área do euro
no seu todo. A concessão de qualquer assistência fi nanceira
necessária ao abrigo do mecanismo fi cará sujeita a rigorosa
condicionalidade.»
Artigo 2.ºOs Estados-Membros notifi cam sem demora o Secretário-Geral
do Conselho da conclusão dos procedimentos para a aprovação
da presente decisão em conformidade com as respectivas normas
constitucionais.
A presente decisão entra em vigor em 1 de Janeiro de 2013, se
tiverem sido recebidas todas as notifi cações a que se refere o pri-
meiro parágrafo ou, na falta dessa recepção, no primeiro dia do
mês seguinte ao da recepção da última das notifi cações a que se
refere o primeiro parágrafo.
Artigo 3.ºA presente decisão é publicada no Jornal Ofi cial da União Europeia.
Feito em ..., em ...
Pelo Conselho Europeu O presidente
ANEXO
II. CARA CTERÍSTICAS GERA IS DO FUTURO MECANISMO DECLARA ÇÃO DO EUROGRUPO DE 28 DE NOVEMBRO DE 2010
«Os recentes acontecimentos demonstraram que as difi culda-
des fi nanceiras vividas num Estado-Membro rapidamente podem
ameaçar a estabilidade macrofi nanceira de toda a UE através de
diversas vias de contágio. É o que sucede em particular na área do
euro, na qual as economias, e em especial os sectores fi nanceiros,
se encontram estreitamente interligados.
Ao longo da actual crise, os Estados-Membros da área do euro
mostraram que estão decididos a actuar de forma concertada
e coordenada, caso necessário, para salvaguardar a estabilidade
fi nanceira da área do euro no seu conjunto e regressar a uma tra-
jectória de crescimento sustentável.
Nomeadamente, foi criado o Fundo Europeu de Estabilidade
Financeira (FEEF) destinado a prestar, juntamente com o Meca-
nismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF) e o Fundo
Monetário Internacional, assistência rápida e efi caz sob a forma
de liquidez, com base em programas rigorosos de ajustamento
em matéria de política económica e orçamental a implementar
pelos Estados-Membros afectados e que permitirão assegurar
a sustentabilidade da dívida.
Em 28 e 29 de Outubro, o Conselho Europeu chegou a acordo
sobre a necessidade de criar um mecanismo permanente de reso-
lução de crises para salvaguardar a estabilidade fi nanceira de toda
a área do euro. Os ministros do Eurogrupo acordaram em que esse
Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) se baseará no Fundo
Europeu de Estabilidade Financeira, capaz de fornecer pacotes
de assistência fi nanceira aos Estados-Membros da área do euro,
cujo funcionamento estará sujeito a estrita condicionalidade, em
conformidade com as regras do actual FEEF.
O MEE irá completar o novo quadro de governação económica
reforçada, tendo em vista uma supervisão económica efi caz e rigo-
rosa, que se centrará na prevenção e reduzirá substancialmente as
probabilidades de ocorrência de uma crise no futuro.
As regras serão adaptadas por forma a prever a participação, caso
a caso, de credores do sector privado, de modo plenamente coe-
rente com as políticas do FMI. Em todos os casos, para proteger
o dinheiro dos contribuintes e para dar um sinal claro aos credores
privados de que os seus créditos estão subordinados aos do sector
público, os empréstimos do MEE benefi ciarão do estatuto de cré-
ditos privilegiados, fi cando subordinados apenas aos empréstimos
do FMI.
A assistência concedida aos Estados-Membros da área do euro
basear-se-á num programa estrito de ajustamento económico
e orçamental e numa análise rigorosa da sustentabilidade da dívida
realizada pela Comissão Europeia e pelo FMI, em ligação com
o BCE.
Nesta base, os ministros do Eurogrupo decidirão por unanimidade
sobre a prestação de assistência.
Para os países considerados solventes, com base na análise da sus-
tentabilidade da dívida realizada pela Comissão e pelo FMI, em
ligação com o BCE, os credores do sector privado serão encoraja-
dos a manter a sua exposição de acordo com as regras internacio-
nais e em total sintonia com as práticas do FMI. No caso imprevisto
de um país se afi gurar insolvente, o Estado-Membro terá de negociar
um plano de reestruturação global com os seus credores do sector
privado, em sintonia com as práticas do FMI, com vista a restaurar
a sustentabilidade da dívida. Se a sustentabilidade da dívida puder
ser alcançada através de tais medidas, o MEE poderá prestar assis-
tência sob a forma de liquidez.
A fi m de facilitar este processo, serão incluídas cláusulas de acção
colectiva (CAC) normalizadas e idênticas, de modo a preservar
a liquidez do mercado, nos termos e condições de todas as novas
obrigações do Estado da área do euro emitidas a partir de Junho
de 2013. As referidas cláusulas de acção colectiva (CAC) serão
coerentes com as geralmente previstas na legislação do Reino
Unido e dos EUA após o relatório do G10 sobre as CAC, incluindo
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b) Perseverar na via da responsabilidade orçamental:
estamos todos empenhados em aplicar rigorosamente as
recomendações em matéria de política orçamental, respei-
tando integralmente os objectivos orçamentais para 2010
e 2011, e em corrigir os défi ces excessivos dentro dos prazos
acordados.
c) Intensifi car as reformas estruturais promotoras do crescimento: estamos determinados a acelerar as refor-
mas estruturais destinadas a fomentar o crescimento.
d) Reforçar o Pacto de Estabilidade e Crescimento e implementar um novo quadro de supervisão macro-económica a partir do Verão de 2011.
e) Garantir a disponibilidade de apoio fi nanceiro ade-quado através do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) enquanto se aguarda a entrada em vigor do mecanismo permanente: registamos que
só foi autorizado um montante muito limitado do FEEF
para apoiar o programa irlandês. Estamos dispostos a fazer
tudo o que for necessário para assegurar a estabilidade da
área do euro.
f) Continuar a reforçar o sistema fi nanceiro tanto no
que diz respeito aos quadros regulamentar e de supervi-
são como à realização de novos testes de esforço no sector
bancário.
g) Manifestar um apoio total à acção do BCE: apoiamos
o BCE na sua responsabilidade independente de garantir
a estabilidade dos preços e de fi xar solidamente as expec-
tativas em termos de infl ação, contribuindo desse modo
para a estabilidade fi nanceira da área do euro. Estamos
empenhados em garantir a independência fi nanceira dos
bancos centrais do Eurossistema.
Durante os próximos meses, serão aprofundados os ele-
mentos desta estratégia a título de resposta global aos
desafi os que venham a surgir, no âmbito da nossa nova
governação económica.
cláusulas de agregação que permitam que todos os títulos de dívida
emitidos por um Estado-Membro sejam tidos em conta conjunta-
mente nas negociações. Deste modo, os credores poderão tomar
uma decisão por maioria qualifi cada chegando a acordo sobre uma
alteração juridicamente vinculativa das condições de pagamento
(moratória, prorrogação do prazo de vencimento, redução da taxa
de juro e/ou do valor nominal dos títulos) caso o devedor não
possa pagar.
Os Estados-Membros procurarão alargar os prazos de vencimento
das suas novas emissões de obrigações do Estado a médio prazo,
a fi m de evitar picos de refi nanciamento.
A efi cácia global deste quadro será avaliada pela Comissão em
2016, em ligação com o BCE.
Reiteramos que a eventual participação do sector privado com
base nestes termos e condições não será efectiva antes de meados
de 2013.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy,
referiu que a proposta de alteração limitada ao Tratado que apre-
sentará na próxima reunião do Conselho Europeu terá em conta
a decisão de hoje.»
ANEXO
III. DECLARA ÇÃO DOS CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO DA ÁREA DO EURO E DAS INSTITUIÇÕES DA UE
Os chefes de Estado e de Governo da área do euro e as ins-tituições da UE afi rmaram claramente, como adiante indicado,
que estão dispostos a fazer tudo o que for necessário para assegurar
a estabilidade da área do euro no seu todo. O euro é e continuará
a ser uma componente central da integração europeia. Mais espe-
cifi camente, os chefes de Estado e de Governo apelaram a uma
acção determinada nos seguintes domínios:
a) Aplicar integralmente os programas existentes: sau-
damos os notáveis progressos realizados no que respeita
à implementação do programa grego e ao programa de
ajustamento acordado para a Irlanda, incluindo a adopção
do orçamento para 2011.
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Créditos fotográfi cos© União Europeia
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2. © Administraţia prezidenţială/autor Sorin Lupsa
3. Gabinete do primeiro-ministro
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Secretariado-Geral do Conselho
O Conselho Europeu em 2010
Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia
2011 — 46 p. — 21,0 � 29,7 cm
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