Hoje Macau 9 JUN 2011 #2385

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hoje AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 macau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 10 DE JUNHO DE 2011 ANO X Nº 2386 Enquanto que na China a sogra é que a culpada dos 1,96 milhão de divórcios só em 2010, por Macau o vilão é a indústria do jogo. O número crescente de divórcios, especialmente entre casais jovens, tem sido justificado com os constantes desencontros devido ao trabalho por turnos nos casinos. As estatísticas mostram que em cada 3,5 matrimónios há um que falha. > PÁGINA 7 Com a aprovação na AL da lei que visa penalizar compradores de imóveis que só querem ga- nhar dinheiro com a revenda, a especulação pode ainda não estar sob controlo. Agentes imobiliá- rios dizem que o novo diploma quase não terá efeito no mercado. >Página 4 Precisamente 583. É esse o número de doutorandos que estavam, no último ano lectivo, registados a estudar no território. O número não pára de crescer e prevê-se que, com os investimentos na Ilha da Montanha, a quantidade de doutores vai atingir um auge nunca antes imaginado. >Página 9 Casinos matam pombinhos DELEUZE/DERRIDA E A PROXIMIDADE DA MORTE Esta terra são só doutores Lei nova, vida velha Homem escondia-se em WC de estacionamento JOVEM ESCAPA A TENTATIVA DE VIOLAÇÃO NO NAPE • ÚLTIMA Divórcio entre casais jovens sobe a pique devido a turnos de trabalho TEMPO POUCO NUBLADO MIN 27 MAX 33 HUMIDADE 60-95% CÂMBIOS EURO 11.7 BAHT 0.26 YUAN 1.2 PUB h OPINIÃO Paul Chan Wai Chi A VIGÍLIA NOCTURNA DA ESPERANÇA • PÁGINA 19 José Pereira Coutinho CONFORMISMO E IMPUNIDADE NO GOVERNO • PÁGINA 17

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Edição do Hoje Macau de 10 de Junho de 2011 • Ano X • N.º 2385

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hoje

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10macau

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 10 DE JUNHO DE 2011 • ANO X • Nº 2386

Enquanto que na China a sogra é que a culpada dos 1,96 milhão de divórcios só em 2010, por Macau o vilão é a indústria do jogo. O número crescente de divórcios, especialmente entre casais jovens, tem sido justificado com os constantes desencontros devido ao trabalho por turnos nos casinos. As estatísticas mostram que em cada 3,5 matrimónios há um que falha. > PÁGINA 7

Com a aprovação na AL da lei que visa penalizar compradores de imóveis que só querem ga-nhar dinheiro com a revenda, a especulação pode ainda não estar sob controlo. Agentes imobiliá-rios dizem que o novo diploma quase não terá efeito no mercado. >Página 4

Precisamente 583. É esse o número de doutorandos que estavam, no último ano lectivo, registados a estudar no território. O número não pára de crescer e prevê-se que, com os investimentos na Ilha da Montanha, a quantidade de doutores vai atingir um auge nunca antes imaginado.>Página 9

Casinos matam pombinhos

• DELEUZE/DERRIDA E A PROXIMIDADEDA MORTE

Esta terra são só doutores

Lei nova, vida velha

Homem escondia-seem WC de estacionamento

JOVEM ESCAPAA TENTATIVA DE

VIOLAÇÃO NO NAPE• ÚLTIMA

Divórcio entre casais jovenssobe a pique devido a turnos de trabalho

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 27 MAX 33 HUMIDADE 60-95% • CÂMBIOS EURO 11.7 BAHT 0.26 YUAN 1.2

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h

OPIN

IÃO

Paul Chan Wai Chi

A VIGÍLIA NOCTURNA

DA ESPERANÇA • PÁGINA 19

José Pereira Coutinho

CONFORMISMOE IMPUNIDADENO GOVERNO

• PÁGINA 17

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SEXTA-FEIRA 10.6.2011

2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

A Coreia do Norte e a China chegaram ontem a acordo

para desenvolver uma zona de comércio conjunta numa ilha da fronteira entre os dois países, segundo informações da agência de notícias sul-coreana Yonhap. O acordo é um sinal de que o Governo norte-coreano, que vive dificuldades financeiras, poderá avançar para reformas

UMA empresa de prospecção submarina encontrou em águas sul-coreanas do Mar Amarelo um navio japonês afundado

durante a Segunda Guerra Mundial com 3,3 toneladas de moedas que poderiam ter grande valor. A companhia Sea Love, ba-seada na cidade sul-coreana de Boryeong, empreendeu as buscas em Fevereiro. O navio em questão seria o Nishima Maru 10, um cargueiro de madeira de 253 tone-ladas afundado pelas forças americanas a 2 de Julho de 1945.

Os técnicos ainda fazem buscas entre os restos do navio, localizado no fun-do do mar próximo à costa da ilha de Seonyu, com a esperança de encontrar até dez toneladas de valiosos lingotes de ouro. No entanto, só com as moedas encontradas, calcula-se que o tesouro já vale poderiam obter cerca de 36 biliões de patacas. As moedas, cunhadas na China entre os anos 1920 e 1930, esta-vam guardadas em caixas de madeira apodrecidas, explica Pyun Do-young, proprietário da empresa.

Por lei, a empresa Sea Love deverá en-

tregar 20% do tesouro extraído ao Governo sul-coreano caso o proprietário do navio não apareça. Embora os especialistas ainda não tenham calculado o valor das moedas, o facto de que a maioria delas seja de níquel as torna mais valiosas do que se fossem de prata.

Pyun afirma que, antes do fim da Se-gunda Guerra Mundial, altos funcionários do Governo japonês, prevendo uma der-rota no conflito, passaram a roubar ouro, artefactos, jóias e minerais da China e do Sudeste Asiático em navios privados, tais como o Nishima Maru.

O cargueiro poderia ter transportado o chamado “Tesouro de Yamashita”, um botim de ouro supostamente rou-bado pelo general japonês Tomoyuki Yamashita no Sudeste Asiático, que pesaria dez toneladas de ouro, de valor inestimável actualmente.Os pes-quisadores da companhia Sea Love estudaram registos públicos sobre os bombardeios norte-americanos durante a guerra, mas ainda terão de analisar o navio encontrado para confirmar se realmente é o Nishima Maru.

COREIA DO NORTE E CHINA CRIAM ZONA ECONÓMICA COMUM

Acordo de vizinhos e amigos

Exploradores encontram 3,3 toneladas de moedas em navio da 2.ª Guerra

Isto sim é um tesouro

económicas no estilo da China, avalia a agência.

A cerimónia de assinatura do protocolo reuniu cerca de mil pessoas, incluindo Jang

Song Thaek, cunhado do líder norte-coreano, Kim Jong-il, e o ministro de Comércio chinês, Chen Deming. “Amizade Coreia do Norte-China e o desenvolvi-

mento conjunto” era a inscrição de dezenas de balões gigantes na cerimónia, que teve banda militar e músicas festivas.

Pyongyang elaborou uma lei especial para estabelecer uma zona de livre comércio na ilha fronteiri-ça, chamada de Hwanggumpyong em coreano e de Huangjinping em chinês. A ilha fica no estuário do Rio Yalu, que corre ao longo da fron-teira. O Governo norte-coreano afirmou anteontem que a zona económica deve ser estabelecida em duas ilhas do rio fronteiriço. Dias antes, Kim retornou de uma viagem para avaliar o forte cresci-mento económico do seu vizinho, quando reuniu-se com várias autoridades. Pequim já recomen-

FIM DO PESADELOUm grupo de estudantes do município de Chongqing atiram para o ar um professor do secundário, como forma de comemorar sua entrada no ensino superior. Mais de 9 milhões de estudantes tentaram a sua sorte nos exames nacionais.

Pyongyang elaborou uma lei especial para estabelecer uma zona de livre comércio na ilha fronteiriça, chamada de Hwanggumpyong em coreano e de Huangjinping em chinês. A ilha fica no estuário do Rio Yalu, que corre ao longo da fronteira

dou que a Coreia do Norte realize uma abertura económica similar à chinesa. O país, porém, mostra-se cauteloso com a possibilidade de abrir as suas portas ao resto do mundo.

A economia norte-coreana sofre com sérios problemas de falta de energia eléctrica e de matérias--primas. O país ainda enfrenta períodos de grave escassez de comida. A China, maior aliado da Coreia do Norte, tem explorado activamente as oportunidades de investimento no vizinho.

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SEXTA-FEIRA 10.6.2011

3www.hojemacau.com.mo

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AUTORIDADE MONETÁRIA DE MACAU

ANÚNCIO

ASSUNTO: LIQUIDAÇÃO DO BANK OF CREDIT AND COMMERCE INTERNATIONAL (OVERSEAS) LIMITED – SUCURSAL DE MACAU

Em cumprimento do despacho do Exmº. Senhor Secretário para a Economia, exarado no uso dos poderes delegados pela Ordem Executiva n.º 121/2009, em 15 de Abril de 2011, na delibe-ração n.º 233/CA, adoptada na sessão de 8 de Abril de 2011 do Conselho de Administração da AMCM, convocam-se todos os actuais credores do Bank of Credit and Commerce Internatio-nal (Overseas) Limited – Sucursal de Macau para solicitarem o pagamento total ou adicional, consoante o caso, dos créditos reconhecidos no âmbito desta liquidação, no período compreendido entre o dia 1 de Junho de 2011 e o dia 29 de Julho de 2011, no R/C do Edifício-Sede da AMCM, sito na Calçada do Gaio números 24-26, em Macau, durante o horário normal de expediente (de segunda a sexta feira, no período da manhã, das 9:30 às 12:30 horas e, no período da tarde, das 14:30 às 17:15 horas).

Para esse efeito, devem os interessados apresentar os documentos que comprovem a existência e reconhecimento dos respectivos créditos (original e 1 cópia de cada documento apresentado) e preencher o modelo de requerimento disponibilizado pelos serviços da AMCM.

Findo o prazo supra fixado todos os créditos não exigidos e prescritos revertem a favor da RAEM.

Autoridade Monetária de Macau, aos 27 de Maio de 2011.

Pel’O Conselho de Administração da AMCM:

O Presidente do Conselho de Administração, Anselmo Teng.

O Administrador, António José Félix Pontes.

O Liquidatário Local, Rui José Cunha.

AS emissões de di-óxido de carbono da China subiram 10,4% em 2010 em

comparação com o ano an-terior, enquanto as emissões globais tiveram o aumento mais acelerado em mais de quatro décadas, indicaram dados divulgados ontem pela petrolífera britânica BP.

“Todas as formas de energia tiveram um cresci-mento forte e o aumento nos combustíveis fósseis sugere que as emissões globais de CO2 do consumo de energia tenham tido o crescimento mais acelerado desde 1969”, disse a BP na sua “Revisão Estatística da Energia Mun-dial”, divulgada anualmente pela companhia.

O aumento rápido acon-tece no momento em que discussões da ONU parecem ter pouca probabilidade de levar a um acordo sobre um pacto legalmente compul-sório para travar emissões e combater as mudanças climáticas antes do término da vigência do Protocolo de Quioto, em 2012.

As emissões globais de dióxido de carbono são vis-tas como um dos principais

A China confirmou ontem estar a construir o seu primeiro porta-aviões - uma ver-

são remodelada de um navio ucraniano, o Varyag. O general do exército chinês Chen Bingde confirmou que o porta-aviões de 300 metros de largura está em construção, mas não precisou a data em que estará pronto. A BBC adianta que até ao final de Maio de 2012 a embarcação deverá começar a ser testada no mar mas, ainda que esteja quase terminada, especialistas relembram que pode demorar anos até que marinheiros e pilotos saibam usá-la.

O exército chinês, o maior do mundo, tentara manter em segredo a construção do porta-aviões, mas o projecto não passou desapercebido a jornalistas e observadores.O porta-aviões está a ser construído no porto de Dalia, no noroeste do país, e o tenente general Gen Qi Jianguo assegurou ao “Hong Kong Commercial Daily” que a embarcação não navegará nas águas territoriais de outros países. Um aviso importante, já que a China enfrenta sérias disputas com vários países (incluindo o Vietname e as Filipinas) quanto a fronteiras marítimas.

Qi Jianguo assegurou também que a

embarcação não constitui uma ameaça para outras nações. “Todos os grandes países do mundo possuem porta-aviões, são símbolos de uma grande nação”, declarou.

No passado domingo, o general chinês Liang Guanglie tentou também acalmar países vizinhos explicando, no âmbito de uma conferência sobre segurança regional em Singapura, que a modernização do Exército Popular é uma consequência natural do avan-ço económico da China e não uma ameaça. “Sei que muita gente tende a acreditar que, com o seu progresso económico, a China se converterá numa ameaça militar. Gostava de dizer-vos que não é a nossa vontade. Não perseguimos, não estamos a a perseguir, nem perseguiremos a hegemonia e não ameaça-remos nenhum país”, declarou Guanglie, citado pelo “El País”.

O navio Varyag foi construído nos anos 80, mas nunca foi terminado. Quando se deu o colpaso da União Soviética, o navio acabou por ficar esquecido na Ucrânia. Mais tarde, uma companhia chinesa ligada ao exército, comprou a embarcação com o pretexto de que o queria converter num casino flutuante em Macau, relata o “El Mundo”.

CHINA ASSEGURA QUE EMBARCAÇÃO NÃO SERÁ UMA AMEAÇA

O primeiro porta-aviões

Emissões de CO2 da China subiram 10,4% em 2010

O preço alto do progressoresponsáveis pela elevação das temperaturas mundiais. As emissões aumentaram 5,8% no ano passado, para 33,16 mil milhões de tonela-das, graças ao facto da maio-ria dos países ocidentais ter saído da recessão económi-ca, disse a BP. As emissões da China foram de 8,33 mil milhões de toneladas.

A Agência Internacional de Energia (AIE) estimou no mês passado que as emissões globais de CO2 subiram 5,9% em 2010, para 30,6 mil milhões de toneladas, movidas principalmente pelas economias emergentes dependentes do carvão.

Dados da BP mostraram que a China foi responsável por um quarto das emissões mundiais. Os EUA foram o segundo maior emissor, com aumento de 4,1% das suas emissões, para 6,14 mil milhões de toneladas.

As emissões chinesas estão a aumentar muito nos últimos dez anos, na medida em que o país cons-truiu muitas novas centrais de carvão para mover seu crescimento económico. O país tornou-se também o maior consumidor mundial de energia, ultrapassando os EUA e crescendo 11,2%, en-quanto o crescimento global foi de 5,6%.

CARVÃO E RENOVÁVEISO consumo global de carvão aumentou 7,6% no ano pas-sado, o aumento mais rápido desde 2003. Hoje o carvão responde por 29,6% do consumo energético global. Dez anos atrás, esse número era de 25,6%, segundo a BP.

O consumo de carvão da China aumentou 10,1% no passado. O país consumiu 48,2% do carvão mundial, contra 47% em 2009. En-

quanto isso, a produção global de carvão subiu 6,3% - 9% na China, que foi res-ponsável por dois terços do crescimento global.

Em termos de energia mais limpa, a produção de energia hidroeléctrica e de

energia nuclear teve o seu aumento mais forte desde 2004. A produção hidroeléc-trica subiu 5,3%, com a China como responsável por mais de 60% do aumento global da produção, graças à sua nova capacidade que entrou em

produção e ao clima húmido.Mundialmente, a produ-

ção de energia nuclear cres-ceu 2% em 2010, e países da OCDE foram responsáveis por três quartos desse cres-cimento. A produção nuclear francesa subiu 4,4%, o maior aumento no mundo.

Outras fontes de energia renovável também cresce-ram. A produção mundial de biocombustíveis subiu 13,8%, para 24 mil barris por dia. A maior parte desse crescimento foi dos EUA e do Brasil - respectivamente 17% e 11,5%.

A produção de energia eólica teve um aumento ro-busto de 22,7%. “O aumento na energia eólica foi movido pela China e os EUA, que, juntos, responderam por quase 70% do crescimento global”, disse o relatório. “Essa forma de energia renovável foi responsáveis por 1,8% do consumo ener-gético global, contra 0,6% em 2000.”

É preciso inverter este ciclo e criar um novo paradigma de responsabilização e credibilização das entidades públicas da RAEM, por forma a aumentar a legítima expectativa que os cidadãos têm no funcionamento destas. E isto só se consegue fazer operando mudanças internas, de personalidade, de perfil e de competências. José Pereira Coutinho, P. 17

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SEXTA-FEIRA 10.6.2011

4www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

Agências imobiliárias consideram que novo imposto não vai resolver nada

Selo ou não selo...Sector imobiliário não está a pôr fé na nova lei que pune quem compra casa para depois revender a seguir. Agentes imobiliários apontam que a maioria dos compradores são residentes que querem uma casa melhor e não investidores que querem ganhar dinheiro

Virginia [email protected]

UMA medida que está a ser preparada para combater a especulação no mercado imobiliá-

rio – a introdução de um novo imposto de selo para venda de casas – pode vir a não ter o efeito desejado de fazer baixar os pre-ços. Quem o diz é Jacky P.T. Shek, director de vendas da agência imobiliária Centaline (Macau), e outros agentes imobiliários locais ao Hoje Macau.

A nova proposta de lei desig-nada “Imposto do selo especial sobre a transmissão de bens imóveis destinados a habitação” visa dissuadir os investidores da prática de comprar apartamentos apenas para os venderem logo a seguir por um preço mais elevado, prática essa que é a grande respon-sável pelo aumento exagerado do preço das casas. Para Jacky Shek, a introdução do novo imposto de selo poderá até ter algum impacto na especulação de curto prazo, mas o principal efeito que será notado será a redução do número total de transacções no mercado. “O que é certo é que as transacções no mercado vão diminuir, mas a maior parte delas nem sequer te-ria nada a ver com especulação”, considera o director de vendas. “O principal mercado em Macau é o dos proprietários-moradores que desejam mudar-se para casas melhores”, observa.

No território, a proporção da especulação não é elevada e as pessoas que usam as habitações apenas como investimento não alcança os 10%, de acordo com os números referidos por Shek. “Em 2010, a média de transacções foi de 1500 unidades por mês. [Com o novo imposto de selo] espera--se que haja uma redução de um a dois terços nessa média e será muito difícil alcançar um nível de transacções de 1500 mensais.”

Para os actuais proprietários, o novo sistema fiscal ainda não se

aplica pelo que poderão desfru-tar das mesmas condições para vender a sua casa antiga. Já quem pretende comprar uma casa nova terá de pensar duas vezes, pois há mais factores a considerar. “O mercado de segunda-mão está a mudar”, notou Shek. “Isto porque as pessoas hoje em dia, quando comparam preços, preferem pagar um pouco mais por uma residên-cia nova do que comprar uma em segunda-mão”, explicou.

SEM ESPAÇO PARA REDUÇÃOO responsável da Centaline consi-dera que mesmo com a nova pro-posta de lei, não há actualmente espaço à redução dos preços no mercado privado. “Os actuais pro-prietários não têm de se preocupar com uma desvalorização dos seus imóveis porque não existe pressão para rever os preços em baixa”, afirmou, explicando que a redução do número de transacções apenas irá afectar antes de mais as agências imobiliárias.

Para Jacky Shek, a proposta de lei não ameaça demasiado o mercado privado porque a maior parte dos seus clientes é, alega-damente, composta por pessoas que não usam os apartamentos apenas para especulação, mas sim como moradia própria. No entanto, o novo imposto de selo terá um impacte directo na decisão das pessoas que normalmente comprariam uma casa para nela viverem apenas por um ou dois

anos, contribuindo para uma estabilização da procura.

Outros três profissionais de pequenas agências imobiliárias de Macau também não acreditam que o novo diploma irá trazer grandes alterações. “Quem sofre, e conti-nuará a sofrer, é o peixe pequeno”, referiu uma agente.

A proposta de lei do “Imposto de selo especial sobre a transmissão de bens imóveis destinados a habi-tação” foi aprovada na terça-feira por unanimidade, na generalidade e na especialidade, pelos deputados da Assembleia Legislativa. O docu-mento foi entregue para ser analisa-do com urgência, mas acabou por demorar mais tempo que o previsto para sair do papel e deverá estar em vigor por dois anos antes de uma nova revisão. Com a entrada em vigor deste articulado será cobrado um imposto especial de 20% - no caso de a revenda ocorrer após um ano da aquisição – e de 10% se a casa for colocada à venda entre o primeiro o segundo ano.

O mercado imobiliário em Macau continua a movimentar milhões, mas sofreu uma certa retracção no primeiro trimestre do ano, de acordo com o relatório trimestral “Construção Privada e Transacções de Imóveis”, divul-gado pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Os números impressionam: 7422 imóveis vendidos no primeiro trimestre de 2011, ascendendo a um total de 17,67 mil milhões

de patacas transaccionadas, de acordo com os registos do imposto de selo. Ainda assim, estamos a falar de menos 15,8% no número de imóveis negociados e menos 8,8% nos montantes envolvidos, comparativamente aos núme-ros do trimestre anterior. Uma queda considerável. A tendência verificou-se também no número de contratos de empréstimo para compra de casa assinados: 2016 contratos, menos 5,7% do que no trimestre anterior.

De acordo com a informação dos registos do imposto de selo, o preço médio das transacções realizadas referentes a todas as unidades habitacionais foi de 38.261 patacas por metro quadra-do de área habitável, ou seja, mas 14,6% do que a média do trimestre anterior. Na Península de Macau e em Coloane os aumentos foram de 25,3% e 4,8%, para 37.159 e 67.484 por metro quadrado, respectivamente. A Taipa foi a excepção, com um decréscimo de 16,2% para 33.402 no valor do metro quadrado.

Os altos preços dos apartamen-tos em Macau estão a levar muitas pessoas a optarem por viver do outro lado da fronteira, na China Continental. Segundo as estimati-vas mais recentes, avançadas por empresas do sector imobiliário, entre 10 e 20% dos residentes es-colheram mudar-se para Zhuhai ou outras localidades na província de Guangdong.

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SEXTA-FEIRA 10.6.2011

5www.hojemacau.com.moCENSOS PRECISAM RECRUTAR 2000 TRABALHADORES

Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística, ainda é necessário avançar para a contratação de mais de 2000 trabalhadores para trabalharem nos Censos deste ano – entre 12 e 26 de Agosto. O recrutamento começou no ano passado, mas ainda não foi possível preencher todas as vagas. O recrutamento dos Censos termina em breve, pelo que o organismo pede pressa para os candidatos.

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GOVERNO DIZ QUE LEI SINDICAL PODE PREJUDICAR TRABALHADORES

Um equilíbrio longínquoVanessa [email protected]

FAZ parte da Convenção da Organização Internacional de

Trabalho, em vigor também em Macau, mas a lei sindical está longe de ser aplicada no território. O Go-verno fecha-se em copas e afiança que é preciso estudar o assunto, equilibrar os interesses de várias partes, de forma a que os interes-ses dos trabalhadores não sejam lesados. O deputado José Pereira Coutinho, um forte crítico da posi-ção oficial, continua sem perceber o que falta para a legislação entrar em campo – o que significaria um florescer de sindicatos em vez das tradicionais associações da RAEM.

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) diz que muitas vezes têm funciona-do como uma intermediária nos desentendimentos entre patrões e empregados, mas, na opinião do também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pú-blica de Macau (ATFPM), não vê a intervenção do mesmo ângulo. “É claro que a DSAL não é um

que a entrada em vigor de uma lei sindical vai prejudicar os interesses dos trabalhadores? Porque é que a aprovação de uma lei sindical vai pôr em causa os benefícios em geral de Macau? Quais são os benefícios que virão a ser afectados?”, volta à carga o deputado.

AVISO EXTERNOEsta semana, o Relatório Anual de Violações dos Direitos Sindicais da Confederação Sindicalista Interna-cional também apontou o dedo a Macau quanto a falta de melhorias no âmbito dos direitos laborais. O organismo classifica a capacidade de negociação da RAEM como “fraca”. Já o poder dos sindicatos pró-Pequim é, apesar da existência de sindicatos novos e independentes, “forte”.

As áreas problemáticas para os sindicatos em Macau continuam a existir essencialmente no plano jurídico onde, apesar da adopção da nova lei trabalhista em 2009, “a liberdade de associação é garantida pela legislação local e a lei proíbe o despedimento de trabalhadores pela sua pertença a um sindicato ou devido a actividades sindicais”.

substituto dos sindicatos nem tem mandato para representar os trabalhadores”, referiu ontem Pereira Coutinho, em mais uma interpelação enviada sobre o tema ao Executivo – a segunda em menos de seis meses.

Já em 23 de Dezembro de 2010, o deputado bateu com o pé a querer

à força toda saber quais eram os planos do Governo quanto a uma lei sindical. A resposta, por parte da DSAL, chegou em Fevereiro deste ano, e argumenta que o Exe-cutivo tem respeitado a Convenção Internacional, salvaguardando a liberdade de associação, de or-ganização e de participação em

associações sindicais e em greves. Mas a autorização de organismos com o título de “sindicato” não parece estar para breve.

José Pereira Coutinho ficou sem perceber o que diz Shuen Ka Hung, director da DSAL, sobre os possí-veis danos aos trabalhadores com a criação da lei sindical. “Porque é

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PUB.SEXTA-FEIRA 10.6.2011

6www.hojemacau.com.mo

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SEXTA-FEIRA 10.6.2011

7www.hojemacau.com.moSOCIEDADE

Virginia [email protected]

OS divórcios em Macau estão a au-mentar. De acordo com números da

Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o total de separações na úl-tima década cresceu quase sempre de ano para ano, tendo atingido em 2010 os 889 casos (comparativamente aos 348 registados em 2001). A tendência é, no entanto, praticamente proporcional ao aumento da quantidade de casamentos (3103 em 2010, contra 1222 em 2001). As estatísticas mostram que em cada 3,5 matrimónios há um que falha.

Entre os factores pre-ponderantes na dissolução dos casais estiveram a to-lerância (ou falta dela) às manifestações emocionais; problemas de comunicação entre os cônjuges; e discor-dâncias no planeamento familiar (entre evitar ou procurar uma gravidez), conforme explicou Yedda Ieong, assistente social do Movimento Católico Apoio à Família, em declarações ao Hoje Macau. Os conflitos dentro do casal normalmen-te surgem devido a alguns factores externos que pro-vocam instabilidade emo-cional e irregularidade nos tempos livres, problemas económicos, ou pressões de vários tipos, de acordo com a especialista do movimento, que presta aconselhamento matrimonial.

“Alguns dos casais que vêm ao nosso serviço de aconselhamento revelam que trabalham por turnos que cobrem as 24 horas nos casinos. Assim, por causa da natureza dessas ocupações, os seus tempos livres nem sempre coincidem, o que pode degenerar numa falta de comunicação”, explicou.

Existem cinco armadilhas mais comuns entre as que podem despertar conflitos matrimoniais, conforme ob-servou Filomena Yip-chow, secretária-geral da mesma organização, que também falou ao Hoje Macau. Esses obstáculos são a distribuição económica na família; os di-ferentes hábitos no gozo dos tempos livres; o sexo; a relação com os sogros, e as crianças.

Cada vez mais casais se estão a separar em Macau

A febre dos divórciosconstrução mútua de um lar harmonioso, irá encon-trar a coragem e força para atravessar os períodos mais conturbados.

CHINA: UMA SOGRA NO CAMINHONa China, só no ano passado 1,96 milhão de casais divor-ciaram-se - um crescimento de 7,6% desde 2003. Por lá, contudo, a sogra tem sido a grande vilã da história. A tendência parece ainda mais certa no caso de maridos e mulheres nascidos na déca-da de 80. “Ela disse-me que não queria um neto com as pálpebras tão gordas como as minhas. Ninguém nunca me humilhou tanto como a minha sogra”, conta Yi, uma jovem de 27 anos de Pequim ao jornal “China Daily”.

Sociólogos do continente acreditam que a geração de “reis e rainhas” - como são conhecidos os que estão agora na casa dos 30 anos - têm uma menor capacidade de lidar com os problemas a longo prazo. A política do filho único também tem culpa. As raparigas são educadas como donzelas e quando saem das suas fa-mílias não sabem cuidar de si próprias. Os rapazes são o ouro dos papás. A tradição torna a combinação bombás-tica - quando as mulheres se casam na China, geralmente vão viver sob o mesmo tecto que o marido... e a sogra.

Há sete anos, antes de Zhou Yanli, 30 anos, de Xan-gai, subir ao altar, a mãe teve uma longa conversa com a sogra. “A minha filha cresceu num pote de mel. Não sabe fazer nenhum trabalho do-mestico. Por favor, tenha pa-ciência”, revela Zhou. Antes de ir viver com a família do marido, a jovem nunca tinha usado uma vassoura ou um pano. Quando os sogros ti-veram de viajar por três dias, Zhou entrou em desespero. Nem sequer a cama sabia como fazer. Muitos menos escovar os dentes à filha de três anos ou pentear-lhe o cabelo. “Não me importo que ela não seja uma fada-do--lar, mas não tolero a forma desleixada como segue a vida. Zhou não faz o mínimo esforço para mudar”, queixa a sogra, de apelido Xu. No mês passado, o casal avançou para o divórcio.

Ano Casamentos Divórcios

2001 1222 3482002 1209 3852003 1309 4402004 1737 4752005 1734 5732006 2100 5922007 2047 6842008 2778 6582009 3035 7822010 3103 889

Tabela exemplo

Entre os casais que pro-curam aconselhamento jun-to do movimento cristão em Macau, 50% fazem parte do escalão etário entre os 30 e os 39 anos, e 41% têm de 20 a 29 anos. Mas mais do que a idade das pessoas, o que parece ter influência no aparecimento de problemas

é a duração do casamento e as diferenças de mentalidade dos dois membros do casal.

Para resolver a falta de sintonia que pode levar à ruptura do casal, a procura de aconselhamento pode muito bem ser o primeiro passo. “Damos muito valor às pessoas que têm a cora-

gem de nos contactar para uma consulta porque isso significa que têm a intenção de resolver os problemas e que gostariam de salvar o casamento”, explicou Yedda Ieong. “A persistência é uma atitude muito boa porque mostra que não se quer desistir do casamento sem pelo menos fazer todos os esforços possíveis em tentar recuperá-lo”, acrescentou, sublinhando a importância do estabelecimento de metas comuns para que a operação “salvar o casal” dê resultado.

“É muito mais difícil quando apenas um dos la-dos quer mudar a situação de conflito e o outro não está a cooperar”, observou Filomena Yip-chow, sem considerar, no entanto, um esforço inútil quando apenas uma das partes pede ajuda.

A chave, explicou, é tentar mudar os pontos de vista e assim obter diferentes reac-ções às situações de forma a atenuar os diferendos.

Para evitar conflitos, os casais devem preparar-se muito bem e assegurarem-se da sua maturidade mental, considera Yip-chow, lem-brando que é também im-portante ter em mente que o casamento é uma promessa e, uma vez celebrado, deve passar a constar no topo das prioridades dos membros do casal, que devem trabalhar em conjunto para construir a harmonia. “Também é importante que os casais partilhem das mesmas metas familiares e tenham a inten-ção de ultrapassar qualquer tipo de problemas”, afirmou a responsável, defendendo que, se o casal tiver fé na

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SOCIEDADE

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Gonçalo Lobo [email protected]

ESTAMOS pe-rante um au-mento do nú-mero de estu-

dantes de doutoramento em Macau”, referiu o vice-reitor da Universidade de Macau (UMAC), Rui Martins, ao Hoje Macau. De acordo com dados do biénio 2009/2010 disponibilizados pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), existiam, a tempo inteiro ou a tempo parcial, 583 estudantes de doutoramento nas três instituições de ensino superior autorizadas para o efeito na RAEM.

Os dados também revelam que a procura dos alunos está dividida por sete áreas: Edu-cação, Artes e Humanidades, Ciências Sociais, Gestão de Empresas e Direito, Ciências, Arquitectura e Engenharia, Saúde e Serviços. Gestão de Empresas, com mais procura – 360 inscritos -, conta com mais de metade dos alunos de doutoramento. Segue-se o Direito com 53 e Farmácia com 26 doutorandos. O top cinco fecha com Informática, com 21 alunos, e Engenharia, com 19.

Rui Martins aponta que 80% do corpo docente da UMAC é doutorado e que desde 2000 a universidade já produziu cerca de 50 doutores. “A maior percentagem é origi-nária de Macau ou da China Continental mas também existem alguns portugueses”, disse.

DEPÓSITOS DOS RESIDENTES CRESCERAM 3,5% EM ABRILOs depósitos dos residentes aumentaram 3,5% entre Março e Abril para 261,5 mil milhões de patacas. Segundo dados da Autoridade Monetária de Macau, os depósitos efectuados em patacas desceram 0,2% e os depósitos em dólares de Hong Kong e em outras moedas (com a excepção do dólar de Hong Kong) subiram 5,2% e 3,6%, respectivamente. Já os depósitos dos não residentes aumentaram 3% para 88,9 mil milhões de patacas, enquanto os depósitos do sector público da actividade bancária de Macau cresceram 1,7% para 22 mil milhões de patacas.

Educação | Número de doutorandos não pára de subir

Uma terra de doutoresSegundo dados do GAES, no biénio 2009/2010 o número de doutorandos era de 583 indivíduos. O vice-reitor da UMAC, Rui Martins, assumiu que o número de estudantes têm tendência a aumentar. Gestão, Direito, Farmácia, Informática e Engenharia são as áreas mais solicitadas

Na UMAC, os doutoran-dos espalham-se em várias áreas, mas o vice-reitor da universidade destaca En-genharia, Medicina Chine-sa, Matemática e Estudos Portugueses como os mais procurados. “Com os novos laboratórios planeados para a Ilha da Montanha, acho que a Engenharia e a Medicina Chinesa vão ter um grande crescimento”, acredita Rui Martins.

INVESTIGAÇÃO A QUANTO OBRIGASO GAES revelou que, de acordo com a informação submetida à UNESCO no

ano passado, existiam em Macau 1235 pessoas ligadas à investigação e desenvolvi-mento em nove instituições de ensino superior - excluin-do a Universidade de São José (USJ). Desses, 887 eram investigadores, 326 técnicos e funcionários, e ainda 22 membros equipas de apoio. Contudo o GAES não tem qualquer informação sobre a área de pesquisa, projectos ou o nível de reconhecimento neste momento.

Rui Martins acredita que a investigação está bem em Ma-cau e recomenda-se, principal-mente nas duas áreas onde o território tem recebido as suas distinções. “Já há algum valor naquilo que se produz em Macau, nomeadamente no que a Micro-electrónica e Medicina Chinesa dizem respeito. A primeira tem já patentes registadas nos EUA e a segunda tem diversas pa-tentes registadas na China”, lembrou.

Paralelamente, Rui Mar-

tins afirma que desde o ano 2000 tem havido um aumento de publicações de artigos em revistas científicas. “Há cerca de dois anos tínhamos 100 artigos publicados. Hoje já atingimos os 200 e pouco. Tem havido um aumento significa-tivo do reconhecimento dos investigadores da RAEM.”

EXEMPLO COSMOPOLITAParece não haver dúvidas de que há cada vez mais interes-sados em fazer o seu doutora-

mento nas escolas superiores de Macau. José Manuel Si-mões é um deles. Doutorando em Estudos Globais pela USJ, Simões está a investigar os índios potiguaras do nordeste brasileiro. “Fiz trabalho de campo no exterior durante dois anos. Com o trabalho feito no Brasil tenho a minha tese quase toda concluída fora de Macau”, revelou o também coordenador do departamen-to de Comunicação e Media da USJ.

“Memória, asilo e poder” é o título da tese que José Manuel Simões vai defender. Apesar de ter realizado a sua pesquisa e investigação fora de Macau, José Manuel Simões referiu que a parte mais lectiva cá de todo o processo foi uma mais-valia. “Na USJ prevalece o aspecto cosmopolita. A parte lectiva é, de facto, importante para qualquer doutorando e eu tive a oportunidade de ter seminários com o professor Ruben Cabral, que é brilhante ao nível da retórica”, afirmou o doutorando.

Depois há outra coisa bem curiosa. A USJ tem como doutorandos pessoas das mais variadas proveniências. “Nigéria, Guiné-Conacri, Canadá, Portugal ou China. A partilha de ideias é muito mais eclética do que em qual-quer universidade europeia ou norte-americana. Falo no concreto porque não conheço outra realidade”, analisou José Manuel Simões.

Grupos Áreas de estudo Número de alunos

Educação Ciência Educacional 18

Humanidades e Artes Humanidades 18 Línguas e Literaturas 11 Religião e Teologia 5

Ciências Sociais, Gestão e Direito Sociologia e Ciências comportamentais 11 Jornalismo e Comunicação 2 Administração Pública 13 Gestão de Empresas 360 Direito 53

Ciências Matemática 7 Informática 21

Arquitectura e Engenharia Engenharia 19 Arquitectura 4

Saúde Medicina 6 Enfermagem 6 Farmácia 26

Serviço Turismo e Entretenimento 3

Total 583

Os doutoramentos de Macau

(estudantes a tempo inteiro e tempo parcial)

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10www.hojemacau.com.mo ENTREVISTA

Sofia Bobone, designer

“Macau precisa de ser descoberta, FORMADA no Insti-tuto de Artes Visuais, Design e Marketing (IADE), em Lisboa,

onde nasceu, Sofia Bobone é uma designer multiplicada que não fica no seu canto. Observa à volta e repara que há sempre tanto para criar. A viagem começou cedo na vida desta designer: aos três anos chegava ao Brasil com os pais e mais três irmãos. Foram dez anos repartidos por São Paulo e Curitiba, naquele belo planalto capital do Paraná. Na entrevista que se segue, Sofia fala dessas e de outras memórias, dos primeiros trabalhos, dos mais significativos, de como encara o acto de criar; e também destes 14 anos em Macau, boa parte deles vividos junto às águas deste delta, onde todas as ma-nhãs acorda vendo os verdes, os azuis e os tons mais pardos das águas que banham a região.Podemos começar por um esboço de memórias. Do Brasil da sua infância e pré-adolescência. Já lá voltou?Voltei há dois Natais, revi alguns sítios, ainda tenho muitas lembranças desse tempo. Lembranças de brincadeiras, de lugares onde fomos felizes. Sei que foi uma época feliz da minha família mais próxima, os meus pais e meus irmãos; somos quatro, dois rapazes e duas raparigas.Como aconteceu a decisão de trabalhar em artes?Sempre me atraíram. Os testes psicotécnicos também confirmaram essa forte inclinação. O que sempre pensei seguir foi publicidade. Precisamente o sector onde trabalhei logo que completei o curso. Mas isso depois do estágio, primeiro numa revista, a edição portuguesa da “Elle”, fazendo paginação. Depois é que entrei para uma grande agência de publicidade, a MKT, com vários departamentos, e que hoje é a “Brandia”. Painéis publicitários, posters, publicidade para a imprensa, muita coisa, trabalhando em dupla criativa (copywriter e art director).Algum exemplo que queira recordar?Uma campanha que adorei fazer pouco antes de vir para Macau, em 1997, e que já só vi quando voltei a Portugal de férias pela primeira vez, foi a do lançamento da “Worten”, a cadeia de

pois tem ambientes únicos”

megastores especialista em electrodomésticos e electrónica. Do ponto de vista de meios foi a maior que fiz. Também criei uma campanha que acabou por ser um único anúncio para televisão, mas que me marcou positivamente; foi

para a APSI (Associação para a Promoção da Segurança Infantil), sob o lema que eu e outro criativo concebemos: “Sinto atrás, vida pela frente”.Há um histórico bastante positivo na publicidade em Portugal...Sem dúvida, há uns bons anos que a publicidade feita em Portugal é boa e tem vindo a conquistar muito terreno, hoje as boas agências cresceram bastante. A publicidade é um meio muito dinâmico.É um meio preferencial para si?É. Lembro-me que quando vim para cá e comecei a trabalhar na função pública, senti uma grande frustração por não continuar nessa área, sobretudo por ser um ambiente único, com tanto ritmo de trabalho, sempre tanta coisa a acontecer. Ao passo que em Macau, nessa área, era tudo muito diferente.Como aconteceu a sua vinda até aqui?Vim com o meu marido, ele é

jurista e veio contratado. Mas logo no dia seguinte a termos chegado, tive uma entrevista com o Nuno Barreto arranjei emprego dando aulas no Instituto Politécnico, no curso de comunicação gráfica. Foi um grande desafio, dos maiores que tive, esta minha estreia a dar aulas por dois anos lectivos.Docência é uma experiência irrepetível?Não, não! Repetível. Na época foi realmente um super desafio, pois era muita nova, naturalmente que tinha pouca experiência e os alunos eram quase da minha idade, aliás até havia alguns deles muito mais velhos do que eu. As aulas eram à noite, de dia trabalhava na “Conde Designs”, onde fazíamos bastante publicidade. Por exemplo, este novo logótipo do BCM fui eu que o desenhei, tendo sido lançado publicamente já eu não estava na “Conde Designs”. Entretanto, o professor Oliveira Dias, então presidente do Politécnico,

convidou-me para coordenar o núcleo gráfico do Instituto. A seguir fui para o Instituto de Estudos Europeus de Macau, dirigido pelo Dr. Sales Marques, fazer as promoções de todos os seminários, cursos e outras iniciativas que eles fazem, a página da Internet etc. Entretanto, fiz pós-graduação em Gestão das Artes, surgindo-me um trabalho para o IPOR, ainda na alçada do professor Saldanha. Fiz um trabalho, depois solicitaram-me outro, até que fui convidada para coordenadora do departamento de Acção Cultural.Completado mais um ciclo de três anos, abraça em pleno outro projecto relacionado com jóias...É verdade. Por causa duma assessoria jurídica prestada pelo meu marido, conheci um senhor português proprietário da empresa “Ming” que trabalha na área “home decor” com algumas fábricas no continente chinês. Fui chamada para criar nessa área dos objectos de decoração, num amplo leque de opções com as mais diferentes características e materiais.É então a “Ming” que possui a marca “Anouk” relacionada com jóias?Isso mesmo, o que me dá grande alegria e que me faz dedicar quase completamente às jóias. Apesar de não ser a única designer a criar para a marca “Anouk” - há um outro designer na Alemanha - desenvolvo a criatividade em pleno para além de criar, pois faço o acompanhamento da produção dos designers que vêm de fora, dado que as fábricas estão aqui na China. Também concebi o catálogo da “Anouk”, as fotos, a paginação, a página na Internet, as embalagens - que são muito especiais por complementam muito bem as peças -, os sacos, os expositores específicos. Dentro da “Anouk” dei e dou todo o apoio na parte de comunicação, exposição,

embalagem e produção das jóias. Vou a todos os cantos possíveis.Quais são os materiais utilizados nessas jóias da “Anouk”?Variados [e mostra um exemplo do que está a usar no momento da entrevista]. Usamos pedras semi-preciosas originárias do Brasil, da República Checa e de outras proveniências. Em Macau não estão à venda essas criações...

“Desde o princípio que considero a necessidade de Macau ter de ser descoberta. À partida, pode parecer não muito apelativa, precisando por isso de ser descoberta. Quando cheguei, ao sair de casa dizia sempre às pessoas que ia descobrir Macau. E era isso mesmo. Porque os recantos, os becos, as ruelas, as casas antigas, os pátios, os mercados, as comidas, a mistura de estilos, que nos podem atrair bastante, não só do ponto de vista histórico, mas também de culturas, hábitos”

“Gostava que Macau fosse mais virada para fora, tivesse mais espaços ao ar livre, esplanadas, zonas exclusivas para peões com restaurantes e outras atracções de lazer, tudo bem organizado, com bom gosto, agradável de estar, com precauções ambientais, tudo bonito do ponto de vista da estética”

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com Helder Fernando

pois tem ambientes únicos”

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Realmente não estão, mas isso tem a ver com a estratégia comercial que implica ter outros canais de divulgação e distribuição. É um segmento de mercado que é novo. Dentro do chamado “fashion jewelry”, a “Anouk” cria o considerado topo de gama. Não são objectos muito baratos, mas não se comparam aos preços das jóias em ouro e diamantes.Gostaria de trabalhar em jóias preciosas?

Não especialmente, porque acho que as da “Anouk” são mais criativas, até porque dá para arriscar mais com um eventual prejuízo menor.O acto de desenhar é muito importante para si?Gosto muito! Fiz vários “workshops” de joalharia que gostei muito, mas o que me atrai mais é a parte da concepção, da criação.E sobre a necessidade de actualização do processo criativo?Ah, claro, é necessário acompanhar o que nesta área se faz à volta do mundo, as cores, os materiais, os ambientes, as novas tendências. Desde que trabalho para a “Ming” comecei a visitar as feiras específicas em vários países. Ainda há pouco estive numa feira na Alemanha.Quer dizer que também há moda neste tipo de desenho industrial?A moda começa nos tecidos aplicados tanto na decoração como no “fashion”. Os têxteis seguem vários caminhos, da decoração até às jóias, ou aos sapatos, por exemplo. É muito importante a actualização constante.É atraída pelas criações na roupa ou no calçado?O que seja criação atrai-me sempre. Como é o caso dos produtos da “Macau Bannerbag” - carteiras, saco.... Por isso os sapatos também me poderiam atrair, mas se me faz essa pergunta, eu digo que o mobiliário me atrai bastante. Já desenhei para mim, mas isso seria um desafio que também iria adorar, mobiliário, candeeiros, acho que é um mundo fantástico, quem sabe um dia...Falando da “Macau Bannerbag”, aí está um exemplo de criatividade completamente diferente de todos os outros exemplos que tem falado. Existe hierarquia entre jóias e os objectos da “Macau Bannerbag”?O meu emprego principal são as jóias. A “Macau

Bannerbag” está no coração. O Miguel Quental é a pessoa que teve a ideia e levou-a para a frente. Já nos conhecíamos e ele chamou-me para trabalharmos juntos. A nossa amizade cresceu com este projecto que tem a parte ambiental e também a componente humana e solidária com a Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) que nós até gostaríamos de desenvolver mais. Penso que vamos ter oportunidade de desenvolver as nossas acções em conjunto com a ARTM, com a criação da casa para as mulheres. Essas mulheres poderão ter formação específica e fazerem elas próprias. Será óptimo para elas, poderão ter uma nova profissão e possuir coisas bonitas, criativas e serem mais um exemplo positivo na sociedade local.Sobre o interesse neste produtos bastante utilitários, que público é mais consumidor?Sobretudo ocidentais aqui residentes, australianos, ingleses, americanos, franceses, mais até do que os portugueses. Gostam imenso e todos os anos esperam por novas criações. As pessoas já estão mais sensibilizadas para este tipo de coisas. Os modelos vão variando, como é exemplo da exposição que está no “Creative Macau”, que a seguir vai para a Livraria Portuguesa e outros locais. Uma criativa como a Sofia, como olha para Macau?Desde o princípio que considero a necessidade de Macau ter de ser descoberta. À partida, pode parecer não muito apelativa, precisando por isso de ser descoberta. Quando cheguei, ao sair de casa dizia sempre às pessoas que ia descobrir Macau. E era isso mesmo. Porque os recantos, os becos, as ruelas, as casas antigas, os pátios, os mercados, as comidas, a mistura de estilos, que nos podem atrair bastante, não só do ponto de vista histórico,

mas também de culturas, hábitos. Isso faz com que Macau seja uma região super pitoresca. Já não é a mesma de quando cheguei há 14 anos, mas para um ocidental ainda existe muito com interesse. Macau tem um bom design?No estrito campo do design, não sei se terá, não diria tanto. Do ponto de vista da imagem digo que é riquíssima. O design é uma coisa mais trabalhada, para ser bom, teríamos que trabalhar mais no design de Macau.Depois das jóias, que tanto a está a emocionar, tem algum outro projecto que possa revelar?Sim, estou completamente envolvida na marca

“Anouk”, mas ainda estou a aprender, este é um caminho profissional que até há pouco tempo era novo para mim. Vou dizer que sonho um dia pintar, em tela, colagens. Tenho feito muitos desenhos, pinto de forma clássica. Nunca desenvolvi essa vertente, mas desde sempre ambicionei apostar. A vida e as solicitações profissionais sempre me encaminharam para outros lados. Por agora é um sonho. Em Macau ou sei lá onde. Macau é inspiradora?Acho que sim.Observa Macau como região feminina ou masculina?Bom, para mim Macau não é apenas a cidade, até porque moro em Coloane em cima da praia. Todas as manhãs tenho a felicidade de poder descobrir qual é a cor do mar naquele dia. Também pensava que era sempre castanho, mas não é. Desde que há quatro anos vivo em Coloane e a minha percepção

sobre Macau mudou imenso. Não é só esta poluição da cidade, esta claustrofobia, há outras coisas. Diria que Macau é mulher, talvez não saiba explicar exactamente porquê.Se, em termos de design, pudesse contribuir para modificar alguma coisa, o que faria ou sugeriria?Gostava que Macau fosse mais virada para fora, tivesse mais espaços ao ar livre, esplanadas, zonas exclusivas para peões com restaurantes e outras atracções de lazer, tudo bem organizado, com bom gosto, agradável de estar, com precauções ambientais, tudo bonito do ponto de vista da estética. Temos o bairro de São Lázaro, que é um sítio classificado, que tem condições de base para ser um local assim, com galerias, com conforto, com aquilo tudo que já disse. Mas com qualidade, porque às vezes essas coisas são niveladas por baixo.

“Desde o princípio que considero a necessidade de Macau ter de ser descoberta. À partida, pode parecer não muito apelativa, precisando por isso de ser descoberta. Quando cheguei, ao sair de casa dizia sempre às pessoas que ia descobrir Macau. E era isso mesmo. Porque os recantos, os becos, as ruelas, as casas antigas, os pátios, os mercados, as comidas, a mistura de estilos, que nos podem atrair bastante, não só do ponto de vista histórico, mas também de culturas, hábitos”

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12www.hojemacau.com.mo CULTURA

Shan Sa, escritora e pintora, passou ontem pela Livraria Portuguesa

Uma mulher, dois universos

Filipa [email protected]

QUANDO chegou à Li-vraria Portuguesa tinha, pelo menos, uma dezena de pessoas à sua espera. Algumas delas com

“As quatro vidas do Salgueiro” debaixo do braço, para já o único título da obra de Shan Sa disponível na versão portuguesa. A autora chinesa radicada em Paris diz que escolheu e foi escolhida por Macau para apresentar o mais recente trabalho artístico, a exposição de pintura “Tempo do Oeste, Luz do Oriente”, patente no Museu da Transferência. É que a artista é mesmo assim, como Macau, uma mistura de talentos e culturas numa só personalidade.

“Sou um produto da China tradicional e da China moderna, tenho amigos tradicionais e amigos modernos. Por isso há uma sintonia entre mim e esta cidade, acho que é perfeita para eu arrancar com a minha exposição retrospectiva na Ásia”, confessa enquanto afaga subtilmente os longuíssimos cabe-los negros com as mãos.

Mesmo ligeiramente atrasada para fazer a exposição do seu universo literário, Shan Sa (pseu-dónimo de Yan Ni) dedica alguns minutos, sem pressas, aos jorna-listas. E não resiste a começar por uma pequena declaração de amor à RAEM. “Nos últimos anos Macau evoluiu muito, sobretudo no senti-do da promoção da cultura. Está a tornar-se uma cidade líder na China nesse aspecto, a atrair artistas e a construir coisas lindas. Apaixonei--me pelos museus e pelas pessoas daqui, sobretudo por causa desta fusão de Ocidente com Oriente.”

Mas não é especificamente a Macau que Shan Sa dedica a sua escrita. A China é a principal protagonista dos seus romances, apesar de não viver no país desde 1990. Tinha 17 anos quando rumou a Paris, pouco depois do massacre de Tiananmen, ao qual já dedicou um livro. Escreveu-o a partir de França, tal como outras obras como “A Imperatriz” e “A Jogadora de

Diz que se apaixonou por Macau porque assim como ela, é uma fusão de dois mundos. Shan Sa, escritora de sucesso que também começa a dar cartas na pintura, conta como é ser embaixadora de dois pólos opostos que eventualmente também se atraem

sua cultura, a sua família e as suas crenças para apanharem um barco rumo ao desconhecido”, sustenta. Foi com um arrojo semelhante que a própria artista deixou a mãe pátria mãe há duas décadas rumo França atraída por cada uma das cores da bandeira do país. “Adoro o estilo de vida francês, a comida, o roman-tismo, a forma de desfrutar a vida. Também a tradição de igualdade, democracia e liberdade.”

Mas não há bela sem senão. “Adoro as conversas liberais dos franceses mas às vezes entram um bocado em excesso”, admite a Shan Sa. “Acho que eles se sentem tão superiores culturalmente, e por serem tão democráticos e livres, que acabam por fazer comentários bas-tante desagradáveis sobre as outras culturas.” Nada que não se cure com o romantismo. “Se for a um jantar francês já sei que a conversa começa em política e acaba numa história de amor.”

PERSPECTIVA CONTERRÂNEAApesar de tudo, a autora chinesa não considera que o povo chinês a veja como uma estrangeira. “Acho que os chineses se sentem orgulho-sos de mim e do que alcancei, por-que compreendem como é difícil ser bem-sucedido no mundo artístico ocidental, especialmente em Paris”, assegura. “De certa forma dou-lhes alguma inspiração.”

Shan Sa defende que é preciso valorizar a cultura até como escape da overdose capitalista. “Muita gente pensa que a cultura é inútil mas não é, ela dá muita esperança às pessoas que precisam mais do que só dinheiro. A maior parte precisa de algo mais, precisa de crenças, de cultura, de viagens, de liberdade.”

Uma liberdade que na China continua a ter muitos limite, e onde a escritora e pintora apenas se desloca para visitar a família e promover o seu trabalho artístico e os seus livros. Embora a sua obra contenha alguma carga política, esse não parece ser o assunto favorito da autora, que considera que a verdade está na cultura e não no palco das máquinas governativas. “Os polí-ticos instrumentalizam as pessoas e instigam o nacionalismo porque precisam desse instrumento para promoverem as suas correntes polí-ticas. Na verdade a política é ficção. Hoje os políticos dizem uma coisa e amanhã, se precisarem, dizem outra. É um círculo vicioso porque a audiência precisa de drama.”

Shan Sa vai continuar a digressão da sua exposição de pintura “Tem-po do Oeste, Luz do Oriente” pelo Japão, França e China. Na calha tem um novo livro e a adaptação para o cinema de “A Jogadora de Go”.

Go”, distinguido pela Associação de Escritores da China. Obras que discorrem pelos meandros das tradições cínicas ao mesmo tempo que questionam alguns dos seus dogmas.

MISSÃO DE PAZShan Sa considera-se uma espécie de mensageira entre o Ocidente e o Oriente. Mais concretamente entre a França e a China. Duas nações que vivem num limbo entre o amor e o ódio que a autora chinesa diz que se deve, em grande parte, à ignorância. “O mundo Ocidental conhece a China há 14 séculos mas até hoje esse conhecimento é muito superficial. Mas está a mudar”, diz a escritora. “Conheci muitos fran-ceses que, antes de me conhecerem, ainda pensavam que as chinesas tinham os pés bandados, unhas compridas e eram todos maoístas

a envergar uniformes”, admite. Shan Sa defende que hoje a China é sobretudo uma terra de opor-tunidades e renovação, algo que tenta transmitir aos seus leitores e a cada plateia que a assiste nas conferências que dá um pouco por todo o mundo.

Sa admite que os franceses têm uma interpretação muito er-rada das teorias de Confúcio, por exemplo, e que mesmo a ideia da China actual é distorcida pelas mo-vimentações económicas e jogadas políticas dos seus líderes. “As pes-soas falam de uma invasão chine-sa, que vão ser conquistadas pelo mercado chinês. Eu tento dar-lhes confiança, digo que o povo chinês é um povo pacífico, que a China aprecia a amizade e a harmonia e que qualquer agressividade que transpareça é, no fundo, um mal--entendido”, diz. “São coisas de

pessoas que não compreendem a cultura chinesa e que deviam vir cá para ver como é.”

VICE-VERSANão são apenas os ocidentais que precisam de conhecer melhor os chineses, na óptica de Shan Sa. “Os chineses são muito orgulhosos da sua cultura mas eu tento encorajá--los a conhecer o Ocidente, a saírem e verem o mundo. Mas não como um museu exótico ou uma marca de luxo, e sim compreendendo cada identidade, história e até o exemplo de coragem e força daqueles que há séculos se aventuraram pelo mundo”, conta.

“Adoro a história de Macau, por exemplo. É uma terra de aventuras, de pessoas que desco-briram e penetraram nas portas do Império. Pensar que há 400 anos tantos ocidentais abandonaram a

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A AssociAção

dos TrAbAlhAdores dA Função

PúblicA de MAcAu

SAÚDA TODOS OS PORTUGUESES

POR OCASIÃO DO DIA DE PORTUGAL

E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS

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A partir de segunda-feira há cinema luso no Auditório do Consulado Geral de Portugal. O programa inclui animação, longas e curtas-metragens, entre elas “Arena”, vencedora da Palma de Ouro em Cannes

O Consulado Ge-ral Português e o Instituto Portu-guês do Oriente

prepararam um leque alar-gado de iniciativas para assinalar o Dia de Portugal,

Celebrações do Dia de Portugal com filmes na segunda-feira

Cinema português a caminhode Camões e das Comuni-dades Portuguesas. Além dos eventos habituais que assinalam o 10 de Junho, e a mostra “A Aventura das Plantas” já em exposição na Livraria Portuguesa, a partir de segunda-feira, dia 13, arranca o Ciclo de Cinema Português Contemporâneo no Auditório do Consulado.

A abrir o certame será exibido o mais recente filme de António Pedro Vasconce-los, “A Bela e o Paparazzo”. A fita com Soraia Chaves e Marco d’Almeida nos principais papéis conta a história de Mariana, uma actriz de telenovelas que está perto de um colapso nervoso agravado pela perseguição de um ‘paparazzo’ muito particular.

Dois dias depois, na quarta-feira (15), a noite será reservada às curtas-metra-gens. “Auto do Cordeiro”, de Pedro Rocha Nogueira, “Universo de Mya”, de Maria Clara Vasconcelos,

FEIRA DO LIVRO DO AUTOR PORTUGUÊSAté 24 de Junho a literatura lusa decorre nas instalações do Instituto Português do Oriente (IPOR), na Rua Pedro Nolasco da Silva, a Feira do Livro do Autor Português. Integrada na semana de comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, a Feira disponibiliza para venda títulos que vão desde a poesia à literatura infantil, passando pela ficção e o ensaio. Segundo as informações divulgadas pelo IPOR os livros estão a ser vendidos a preços simbólicos, já que o objectivo da iniciativa é a “divulgação da riqueza e diversidade das obras e autores portugueses, desde os clássicos aos autores contemporâneos”.

“Directo”, de Luís Alvarães e Luís Mário Lopes, e “Arena”, de João Salaviza, vencedor da Palma de Ouro para a Melhor Curta-Metragem no Festival de Cannes em 2009. O filme conta a história de Mauro, um rapaz que está a cumprir uma pena em prisão domiciliária e que enfrenta o dilema de transgredir a lei para acertar contas com um grupo de miúdos marginais.

Na quinta-feira, dia 16, o serão é reservado à ani-mação. A partir das 18h, podem ser vistos no Auditó-rio do Consulado os filmes “Olhos do Farol”, de Pedro Serrazina, “Um Gato Sem Nome”, de Charlie Blue, e “Passeio de Domingo”, de José Miguel Ribeiro, uma co-produção dividida por quatro países, Portugal (Zeppelin Filmes), Bélgica (S.O.I.L.), Holanda (il Lus-ter Productions) e França (Folimage).

De volta às curtas, na segunda-feira, dia 20, pas-

sam “Desassossego”, de Lourezo Degl’Innocenti, “Kinotel”, de Christine Re-ech, e “Castelos no Ar”, de Vicente Alves do Ó.

O ciclo termina com duas longas-metragens, “A Religiosa Portuguesa”, de Eugène Green, e “O Último Voo do Flamingo”, de João Ribeiro, nos dias 22 e 23 respectivamente, às 20h. O último é baseado no roman-ce homónimo do escritor moçambicano Mia Couto e vencedor do prémio para a Melhor Longa-Metragem Estrangeira no Festival de Cinema de Luanda.

Todos os filmes são re-centes, lançados em 2009 ou 2010. Cinco deles terão legendagem em inglês, nomeadamente “A Bela e o Paparazzo”, “Arena”, “Pas-seio de Domingo”, “Kinotel” e “O Último Voo do Flamin-go”. O filme “A Religiosa Portuguesa” é falado em francês com legendagem em português.

Filme “A Bela e o Paparazzo”

Filme “Arena”

ENCONTRADA PARTITURA DE MOZART ESCRITA AINDA EM CRIANÇAA primeira edição de uma partitura que Wolfgang Amadeus Mozart escreveu quando tinha apenas oito anos foi encontrada numa loja de roupa e objectos em segunda mão por uma voluntária da organização não governamental Oxfam, em Reading, no Sul da Inglaterra. A voluntária, Elestr Kee, reparou imediatamente que o nome de Mozart estava na partitura que um anónimo ofereceu à loja dedicada à luta contra a pobreza, muito provavelmente desconhecendo o seu real valor. A partitura vai agora a ser leiloada pela Sotheby’s, como a própria leiloeira confirmou. A data do leilão ainda não foi anunciada.

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14www.hojemacau.com.mo DESPORTO

FUTSAL RICARDINHO ELEITO MELHOR JOGADOR DO MUNDORicardinho subiu ao topo do Mundo. O internacional português foi distinguido pelo site futsalplanet com o prémio Umbro Futsal Award para o melhor jogador do Mundo em 2010. Refira-se que este prémio, que existe desde 2000, é comparável à antiga Bola de Ouro da France Football no futebol, que entretanto foi absorvida pela FIFA. O antigo jogador do Benfica que na última época brilhou no Nagoya Oceans, clube onde se sagrou campeão, é o primeiro português a conquistar este troféu. Depois de uma época positiva no Japão, o internacional luso vai deixar o futsal asiático e prepara-se para abraçar um novo projecto em Moscovo, tendo já acordo para representar a equipa de futsal do CSKA.

FC PORTO HULK ELEITO MELHOR BRASILEIRO A JOGAR NO ESTRANGEIROO avançado do FC Porto foi eleito pela ESPN o melhor brasileiro a jogar no estrangeiro, arrecadando o prémio “Futebol no mundo”. A eleição de Hulk foi considerada unânime, uma vez que recolheu a preferência tanto do júri da ESPN brasileira como a votação do público em geral, razão pela qual recebeu dois troféus. O defesa David Luiz, que em Janeiro passou do Benfica para o Chelsea, foi eleito a revelação do ano por parte do público, enquanto o avançado Hernanes, da Lazio, recolheu a preferência do júri especializado. Para receber os troféus, Hulk esteve nos estúdios da estação televisiva acompanhado do pai.

BENFICA QUIM APOIANUNO GOMESO guarda-redes Quim, actualmente no SC Braga, sai em defesa do seu antigo companheiro e diz que Nuno Gomes merece tratamento diferente no clube da Luz. “Nuno Gomes não merece o que está a passar no Benfica, por tudo o que tem feito no clube. É um jogador fantástico que seria bem-vindo a qualquer clube”, afirmou o guarda-redes, em declarações à Renascença. Há rumores que apontam para o interesse do SC Braga nos serviços do avançado. Quim atirou: “Não sei se vem ou não para o SC Braga, mas não tenho dúvidas de que seria útil.”

BOLT REITERA DESEJODE SER FUTEBOLISTAO recordista olímpico e mundial dos 100 e 200 metros confia na sua velocidade e boa técnica para um dia singrar no Manchester United. Usain Bolt já expressara o seu desejo de um dia experimentar o futebol, nomeadamente no seu clube de sonho: o Manchester United. Agora, o recordista olímpico e mundial dos 100 e 200 metros reforçou essa ambição e garante estar apto para singrar nos campeões ingleses e vice-campeões europeus. «Quero mesmo tentar jogar futebol depois de me retirar do atle-tismo. Pelo que tenho visto ao longo dos anos, acho que podia ser um bom jogador», afirmou o velocista jamaicano à BBC. Bolt defende a rapidez e a boa técnica como as suas armas para alimentar o sonho de ser futebolista. «Acho mesmo que sou suficientemente bom para jogar pelo Manchester United. Sou bom porque sou rápido e tenho alguma técnica. Tenho de a apurar um pouco, mas acho que seria suficientemente bom», concluiu.

MANTORRAS NO 1º DE AGOSTOPOR SETE MESES O futebolista angolano Pedro “Mantorras” assinou um contrato válido por sete meses com a equipa do 1º de Agosto, informou ontem à Angop o supervisor do clube das forças armadas, Paulo Figueiredo. No final do período, caso ambas as partes estejam de acordo, o contrato poderá ser prorrogado. Deste modo, a par do avançado português Nuno Gomes “ex-Mafra da segunda divisão de Portugal”, Mantorras é um dos reforços para segunda volta do Campeonato Nacional (Girabola). O avançado, que começou a sua carreira no Progresso do Sambizanga antes de passar pelo Alverca, Sport Lisboa e Benfica (Portugal), realiza o sonho de jogar no 1º de Agosto, clube que sempre foi adepto. Com 29 anos de idade, Mantorras, campeão africano de sub-20 em 2001, regressa a Angola 12 anos depois, após passar por Portugal onde se tornou num dos jogadores mais mediáticos daquele campeonato, tendo conquistado, entre vários troféus, o título de campeão português.

A saída de Pedro Emanuel da equipa técnica portista abre uma vaga para uma destas

referências do clube.Nuno Capucho e Paulinho Santos são os

nomes mais fortes para suceder a Pedro Emanuel como treinador adjunto de André Villas-Boas no FC Porto.

Com a saída de Pedro Emanuel para assumir o comando da Académica, abriu-se uma vaga na estrutura e na linha do que tem sucedido nos últimos anos essa posição deve ser ocupada por um elemento com passado de referência no clube e experiência nas camadas jovens.

De acordo com o jornal A Bola, Capucho, que

treina os sub-17, e Paulinho Santos, adjunto nos sub-19, preenchem esses requisitos, nomeada-mente o primeiro, que está muito bem cotado junto de Pinto da Costa.

O anúncio do sucessor de Pedro Emanuel na equipa técnica portista deve ser feito nos próximos dias.

SÓ FALTA PEDRO EMANUEL ASSINARHá muito escolhido como alvo preferencial, por parte do presidente da Académica para assumir o comando técnico da equipa, Pedro Emanuel tem praticamente tudo acertado para rumar a Coimbra.

Existe já um acordo verbal entre a Direcção e o antigo defesa central, acordo que deve passar para o papel muito brevemente, prevendo-se uma ligação de duas ou três temporadas.

A menos que exista uma inversão muito gran-de no que está, para já, estabelecido, as pequenas arestas que estão por limar não serão impeditivas de confirmar o que está já estabelecido.

Se tudo correr como é expectável e o desenvolvimento das negociações chegar ao sucesso que ambas as partes desejam, Pedro Emanuel vai fazer a sua estreia como treina-dor principal numa equipa da Liga aos 36 anos de idade.

O piloto angolano de Ma-cau Luís Sá Silva é o mais recente reforço da equipa Asia Racing Team para o

campeonato de monolugares “For-mula Pilota China Series”. Depois de um ano fora de competição devido a grave lesão provocada por um acidente, Sá Silva quer voltar a mostrar os créditos que o sagraram vice-campeão asiático de Fórmula Renault em 2009. “Depois de ter estado praticamente um ano sem competir, é com muita satisfação que procuro relançar a minha carreira e nada melhor do que fazê-lo na equipa onde dei os meus primeiros passos e alcancei os meus melhores resultados”, começou por explicar.

Ciente da forte concorrência que terá pela frente e depois de ano im-possibilitado de competir, o piloto angolano admite que a sua equipa lhe dá a confiança necessária para

voltar a triunfar. “Em relação ao campeonato propriamente dito, a Asia Racing Team dá-me garantias de poder lutar pelo título, pois trata--se de uma equipa competente e que encara sempre com muita seriedade

as competições em que participa”, afirmou o piloto de 20 anos, natural de Angola, que promete dar o seu melhor e com dignidade em prol do seu país.

Baseada no Circuito Interna-cional de Zhuhai, a Asia Racing Team, fundada em Macau no ano de 2003, é uma das mais reputadas equipas de automobilismo no continente asiático. Para Philippe Descombes, o chefe de equipa da Asia Racing Team, o regresso do piloto angolano à equipa é uma mais-valia. “O Luís deu os pri-meiros passos no automobilismo nesta casa, e em 2009, apenas não festejámos em conjunto o título asiático de Fórmula Renault por mero infortúnio. Após uma pa-ragem tão longa, o Luís precisa de voltar a ganhar o ritmo e a confiança, mas estamos certos que a experiência europeia e a motivação suplementar de re-

gressar ao volante irá ser prepon-derante para que esteja no topo da forma desde o início”, referiu Descombes.

O campeonato “Formula Pilota China Series” é uma com-petição que se inicia este ano no continente asiático que conta com o patrocínio da Ferrari Dri-vers Academy e será composto por seis provas e doze corridas, disputados maioritariamente na República Popular da China e Malásia. Utilizando um chassis Tatuus e um motor FIAT 1.4 litros Turbo, esta competição fez furor o ano passado em Itália, tendo este ano ganho o estatuto europeu e expandido o conceito para a América Latina e Ásia.

O primeiro evento da “Formula Pilota China Series” está marcado para o fim-de-semana de 2 e 3 de Julho no Circuito Internacional de Guangdong.

FC PORTO | CAPUCHO OU PAULINHO SANTOS PARA O LUGAR DE ADJUNTO

Pedro Emanuel de saída para a Académica

Automobilismo | Luís Sá Silva e Asia Racing Team juntos novamente

Recuperar o tempo perdido

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SEXTA-FEIRA 10.6.2011

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ANSOUMANE DOUTY DIAKITE | PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

Entre desafios e sucessosPatrícia Ferreira

[email protected]

Deixou a sua terra natal à procura de melhores oportunidades, sem saber que o destino lhe traria a Macau. Ansoumane Douty Diakite, de 30 anos, é actualmente professor de Direito Internacional e Gestão na Universidade de São José. Deixou o país de origem, Guiné Conacri, em 2002, e viajou para o Cairo, Egipto, onde licenciou-se em Direito de Negócios Internacionais e foi o primeiro africano a ser eleito presidente da Associação dos Estudantes do Instituto do Direito Empresarial. “Fiquei surpreso por ter sido eleito por uma maioria de egípcios”, diz. Ansoumane diz que os momentos que passou no Cairo foram inesquecíveis e os sucessos e progressos alcançados são permanentes.O próximo passo também foi uma surpresa. “Nunca pensei que iria fazer o meu mestrado na China”. Quando soube que tinha sido aceite pela Universidade de Macau na área do Direito Internacional, em 2006, sabia que seria um desafio. Com muita convicção nas suas capacidades, destinou-se à sua jornada para Macau, onde apesar das dificuldades diz ter sido uma das suas melhores opções.O seu maior obstáculo foi a língua inglesa. O professor veio de um país francófono e não estava habituado a usar o inglês. “Tive que aprender inglês em apenas três meses. Lembro-me do sufoco que passei por não entender o que o professor explicava na sala de aula.” Com a colaboração de amigos e colegas, hoje fala inglês sem nenhum problema. Além de ter concluído o mestrado com êxito, Ansoumane também conseguiu outros certificados na Universidade de Macau, como o Programa de Pós-

PERFILPA

TRÍC

IA F

ERRE

IRA Graduação (SPG); um certificado

emitido pelo escritório das Nações Unidas em Genebra, em 2007; um Certificado de Arbitragem Comercial Internacional, emitido pelo Departamento Jurídico de Macau e Centro de Estudos Judiciários, em parceria com Hong Kong para a Carta Internacional de Arbitragem Comercial, em Março 2008, e o Certificado em Comércio Internacional e Direito de Investimento, em Julho de 2008, por parte da Academia Macau de Comércio Internacional e Direito de Investimento.Findo os seus estudos em Macau, em 2008, Ansoumane pensou em regressar ao seu país de origem ou rumar até França, um dos seus sonhos, mas o plano não correu como tinha planeado e acabou por ficar no território. Começou a trabalhar como professor na Universidade de São José e tornou-se co-coordenador do Centro de Investigação e Estudos de Desenvolvimento Africano, função que abraçou há quase três anos. O que mais fascinou Ansoumane em relação a de Macau é a “segurança” que a cidade oferece em comparação com outros países. O gosto por Macau surgiu desde que cá pisou, mas, com o passar do tempo, aumentou devido as oportunidades que o território lhe ofereceu. E continua a oferecer, de forma que nunca teria imaginado antes. “Macau é praticamente a minha segunda casa, onde me acolheu e me fez crescer profissionalmente”, diz. Os planos futuros ainda não sabe e confessa que o destino sempre reserva surpresas. A certeza por agora é que ficará pelo menos mais cinco anos em Macau, a terra que lhe abriu as portas para o sucesso.

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[Tele]visão17:00 Hot Water 2011/12 18:00 (LIVE) WTA - Aegon Classic Quarterfinals

STAR MOVIES 4011:25 The Imaginarium Of Doctor Parnassus13:30 Bad Boys15:30 Percy Jackson & The Olympians17:30 Bewitched19:15 Everybody’S Fine21:00 The Incredibles23:00 Furry Vengeance00:35 Percy Jackson & The Olympians

HBO 4113:00 Chinatown15:10 Inkheart17:00 Cirque Du Freak19:00 The Goonies21:00 The Invention Of Lying22:45 Repo Men00:40 Red Dragon

CINEMAX 4212:00 Babylon 5: In The Beginning13:30 Smoke Screen15:00 Escape From Atlantis16:45 The Wolfman18:00 Earthquake20:15 Ike: Countdown To D-Day21:45 Epad On Max 11422:00 The Art Of War III: Retribution23:30 Pride And Glory

MGM CHANNEL 4311:45 Starcrossed13:30 Love Bites15:15 Defiance17:00 Quigley Down Under19:00 Witness to the Mob21:00 Pieces of April22:30 The Meteor Man00:15 Igby Goes Down

DISCOVERY CHANNEL 5013:00 Mythbusters - Shooting Fish In A Barrel14:00 Brew Masters - Bitches Brew15:00 Mega Builders 4 - World’s Biggest Container Ship16:00 Build It Bigger 4 - Gotthard Base Tunnel17:00 Dirty Jobs - Big Animal Vet18:00 How It’s Made18:30 How Do They Do It?19:00 Mega Engineering - Mile High Skyscraper20:00 What A Tool - Slashers And Crushers21:00 The Shift 222:00 Kidnap & Rescue - Hostage Rescue Team23:00 Forensics: You Decide00:00 The Shift 2

(MCTV 40) Star Movies21:00 THE INCREDIBLES

Informação Macau Cable TV

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO19:00 Ásia Global (Repetição)19:30 Ganância20:25 Acontecimentos Históricos20:35 Telejornal21:00 Jornal da Tarde da RTPi22:00 Viver a Vida22:58 Acontecimentos Históricos23:00 TDM News23:30 Flightplan (Pânico a Bordo)01:10 Telejornal (Repetição)01:40 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Documentário15:15 Café Central15:30 Com Ciência16:00 Bom Dia Portugal17:00 Cerimónias Oficiais do 10 de Junho20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:00 Encontros Imediatos22:30 Recantos23:00 Dia de Portugal

TVB PEARL 8306:00 Bloomberg West07:00 First Up07:30 NBC Nightly News08:00 Putonghua E-News08:30 ETV 10:30 Inside the Stock Exchange11:00 Market Update11:30 Inside the Stock Exchange11:32 Market Update12:00 Inside the Stock Exchange12:02 Market Update12:30 Inside the Stock Exchange12:35 Market Update13:00 CCTV News - LIVE14:00 Market Update14:40 Inside the Stock Exchange14:43 Market Update15:58 Inside the Stock Exchange16:00 ZingZillas16:30 Mr. Moon17:00 The Penguins of Madagascar17:30 Ben 10 Ultimate Alien18:00 Putonghua News18:10 Putonghua Financial Bulletin18:15 Putonghua Weather Report18:20 Financial Report18:30 Green Challenge: Golfing World19:00 Global Football19:30 News At Seven-Thirty19:50 Weather Report19:55 Earth Live20:00 Money Magazine20:30 Rick Stein’s Far Eastern Odyssey21:30 Weekend Blockbuster: The Guardian22:30 Marketplace 22:35 Weekend Blockbuster: The Guardian00:30 The CEO Connection 00:35 World Market Update00:40 News Roundup00:55 Earth Live01:00 Dolce Vita01:25 NBA Finals 2011 – Miami Heat Vs Dallas Mavericks 03:25 European Art at the MET03:30 Bloomberg Television05:00 TVBS News05:30 CCTV News

ESPN 3012:00 US Open Championship 201015:00 Total Rugby 201115:30 MLB Regular Season 2011 Boston Red Sox vs. New York Yankees18:30 (Delay) Baseball Tonight International 2011 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 (LIVE) ATP - Aegon Championships Quarterfinals

STAR SPORTS 3113:00 FEI Equestrian World 13:30 Total Rugby 2011 14:00 Asian Touring Car Series15:00 Wimbledon Classic Matches 1993 Ladies Singles Final

NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 5112:30 Japan’s Tsunami: How It Happened13:25 Pirate Patrol - Combat Ready14:20 Situation Critical15:15 Salvage Code Red - Dangerous Seas16:10 Megastructures - World’s Busiest Port17:05 Dogtown - Pit Bull Rescue18:00 Extraordinary Dogs19:00 Every Singaporean Son20:00 Megacities - Kaohsiung21:00 Wild Case Files22:00 Mystery Files23:00 Taboo - Extreme Performers00:00 Wild Case Files

ANIMAL PLANET 5213:00 Corwin’s Quest - The Crocodile’s Element14:00 Caught In The Moment15:00 Wild Hearts16:00 Wildest Africa - Ethiopia17:00 Animal Cops Miami - Race For Life18:00 Animal Cops Philadelphia19:00 Downsize My Pet20:00 Corwin’s Quest - The Chimp’s Politics21:00 Wild Hearts - Growing Up...Lynx22:00 Wildest Africa - Okavango23:00 Animal Cops Miami00:00 Corwin’s Quest - The Chimp’s Politics

HISTORY CHANNEL 5413:00 Modern Marvels14:00 Sugihara: Conspiracy Of Kindness16:00 Top Shot17:00 Swamp People18:00 The Universe19:00 Modern Marvels20:00 Swamp People21:00 Icons Of Power23:00 Hidden Cities00:00 Top Shot

BIOGRAPHY CHANNEL 5513:00 Intervention14:00 Malcolm Forbes15:00 Storage Wars16:00 Christina Onassis17:00 Obsessed18:00 Intervention19:00 Rendezvous With Simi Garewal19:30 Shatner’s Raw Nerve20:00 Tough Love Couples21:00 Private Sessions22:00 Gene Simmons: Family Jewels22:30 Storage Wars23:00 Intervention00:00 Celebrity Ghost Stories

AXN 6212:15 Csi: Crime Scene Investigation13:05 Ncis: Los Angeles13:55 The Amazing Race Asia14:50 Numb3Rs15:40 Csi: Crime Scene Investigation16:30 Hawaii Five-O17:25 Csi: Crime Scene Investigation18:15 House19:10 Csi: Ny20:05 Sony Style Tv Magazine20:35 Ebuzz21:05 Csi: Crime Scene Investigation22:00 Csi: Ny23:50 So You Think You Can Dance

STAR WORLD 6312:35 DC Cupcakes13:05 How I Met Your Mother13:35 Private Practice15:25 9021016:20 Desperate Housewives17:15 Don’t Stop Believing18:10 How I Met Your Mother18:40 MasterChef Australia19:05 DC Cupcakes19:35 How I Met Your Mother20:00 Hell’s Kitchen21:50 9021022:45 MasterChef Australia00:05 Hell’s Kitchen

www.macaucabletv.com

Su doku

[ ] Cru

zadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

HORIZONTAIS: 1-QUARTA. OCHE. 2-ULMEIRA. UIS. 3-IAIA. OBOVAL. 4-L. MIR. UVULA. 5-DASIURO. IV. 6-PIR. DAR. ENO. 7-AT. MEIAGOO. 8-CANON. RIL. C. 9-AMANTE. PITA. 10-AND. EMOSCAR. 11-SOAR. AXIOMA.VERTICAIS: 1-QUIL. PACAAS. 2-ULA. DITAMNO. 3-AMIMAR. NADA. 4-REAIS. MON. R. 5-TI. RIDENTE. 6-ARO. UAI. EMA. 7-ABURRAR. OX. 8-O. OVO. GIPSI. 9-CUVU. ELOICO. 10-HIALINO. TAM. 11-ESLAVO. CARA.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS:1-Intevalo musical de quatro notas. Expressão usada para afagar os bois. 2-Ulmária. Gritos de dor. 3-Menina. Obóveo. 4-Estação espacial soviética. Saliência cónica, na parte posterior do véu patatino. 5-Quadrú. Marsupial. 4, em romano. 6-Elemento de origem grega que significa fogo ou inflamação. Entregar, pôr em poder de confiar. Elemento de origem grega significa vinho. 7-Símbolo químico do astato. O meio de qualquer coisa. 8-Cânone, forma preferível. Espécie de dança. 9-Aquele que tem relações ilícitas. Trança feita com fios de ... 10-Em inglês, e. Sacudir, tirar a mosca. 11-Constar, divulgar-se. Proposição, cuja verdade é evidente.

VERTICAIS: 1-Quile. Tribo e índios do Brasil, em Mato Grosso. 2-Fula-fula. Planta rutácea, muito aromática. 3-Dar mimo a. Ausência de quantidade. 4-Dizia-se das penas mais conhecidas por voadeiras. Elemento de origem grega que significa só, unidade. 5-Flexão de pron. tu Satisfeito, alegre. 6-Subúrbios de cidade. Ah! ou Oh! Ave pernalta. 7-Mostrar-se triste. Elemento de origem grega que significa ácido. 8-Zigoto. Elemento de origem grega que significa gesso. 9-Juquiá. Diz-se do verso chamado sáfico. 10-Que tem a aparência ou a transparência do vidro. Tanto. 11-Grande família etnográfica, a mais oriental da Europa. Baile campestre, espécie de fandango.

[ ] CinemaCineteatro | PUB

[f]utilidadesSEXTA-FEIRA 10.6.2011

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SALA 1SUPER 8 [C] Um filme de: J. J. AbramsCom: Elle Fanning, Kyle Chandler, Ron Eldard14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2X-MEN FIRST CLASS [B] Um filme de: Matthew VaughnCom: Michael Fassbender, James McAvoy14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3PIRATES OF THE CARIBBEAN - ON STRANGER TIDES [B] Um filme de: Rob MarshallCom: Johnny Depp, Penelope Cruz, Geoffrey Rush14.15, 16.45, 19.15, 21.45

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OPINIÃO SEXTA-FEIRA 10.6.2011

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RASSA neste momento em Macau um clima de enorme conformismo e impunidade face aos problemas

das entidades públicas da RAEM, que sur-gem com uma base quase diária. Referi-me a esta questão na minha intervenção antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa e a repercussão foi extremamente forte junto do Governo e dos cidadão.

Desde obras públicas, com custos e prazos incertos e sempre crescentes a regimes legais que já não reflectem a realidade social e eco-nómica da RAEM e que atrasam e obstam ao seu crescimento, tudo parece ocorrer com a maior normalidade e sem suscitar pratica-mente reparos.

É preciso inverter este ciclo e criar um novo paradigma de responsabilização e credibili-zação das entidades públicas da RAEM, por forma a aumentar a legítima expectativa que os cidadãos têm no funcionamento destas. E isto só se consegue fazer operando mudanças internas, de personalidade, de perfil e de competências.

É inegável a necessidade de remodelação em áreas como a Justiça e as Obras Públicas, onde os desaires se somam uns a seguir aos outros e onde não se vislumbram quaisquer alterações ou melhorias. São necessárias para estas áreas pessoas que tragam um novo alento,

É preciso mais e melhor do que temos tido. E os secretários da Justiça e das Obras Públicas visivelmente não conseguem atingir estes objectivos. A actuação catastrófica destes dois secretários tem perturbado a performance do Chefe do Executivo, mas, e mais grave ainda, tem-se revelado um enorme obstáculo ao crescimento e desenvolvimento da RAEM

Conformismo e impunidadebitação económica em regime de mercado livre após o período de 16 anos mereceu críticas quase unânimes de todos os qua-drantes. Em resposta a estas críticas, vem agora o secretário das Obras Públicas afirmar que se planeia introduzir o direi-to de preferência do Governo da RAEM no momento da revenda destes imóveis, bem como um mecanismo que assegure que apenas residentes poderão comprar estas casas.

A este respeito, saúda-se o facto de o Governo estar atento às sensibilidades e opiniões dos deputados e de as considerar no momento de definir e ajustar as suas políticas. No entanto, é ainda necessário tornar bem claras quais as condições, prazos e formalidades deste direito de preferência, bem como clarificar conceitos como o de “preço de mercado”.

Mais do que isso, é fundamental estabelecerem-se critérios claros para a avaliação das necessidades de habitação económica da RAEM que o Governo terá que fazer em cada caso, ao decidir accio-nar ou não o seu direito de preferência. Só assim poderemos estar certos de que se está a implementar um sistema claro, justo e protector dos interesses dos cida-dãos da RAEM.

uma capacidade regeneradora de mentalida-des e de procedimentos, maior transparência, sentido de responsabilidade e liderança.

Ou seja, algo que nenhum dos actuais secretários dessas áreas tem!

As áreas da Justiça e das Obras Públicas, pelo seu peso na vida e no desenvolvimento de Macau, exigem mais que nunca a capaci-dade para identificar os problemas, a coragem política para os assumir e atacar, bem como a consistência técnica para os resolver.

É preciso não ter medo de consultar com verdadeira abertura as entidades privadas que operam nestas áreas, de inovar nos meios e nas soluções, de potenciar os valiosos funcionários públicos que temos e auxiliá-los com consultores especializados quando se revele necessário.

É ainda preciso assumir as decisões e não as delegar em “comissões” de grande

morosidade de processos, ou em “consultas públicas” sem conteúdo efectivo e que só visam protelar as decisões e dividir respon-sabilidades por eventuais falhas.

Em suma, é preciso mais e melhor do que temos tido. E os secretários da Justiça e das Obras Públicas visivelmente não conseguem atingir estes objectivos.

A actuação catastrófica destes dois secretá-rios tem perturbado a performance do Chefe do Executivo, mas, e mais grave ainda, tem-se revelado um enorme obstáculo ao crescimento e desenvolvimento da RAEM. Está na hora de mudar, e o caminho da mudança passa pela saída de ambos o quanto antes, antes que os danos que continuam a causar se tornem irreparáveis.

MELHORIAS À VISTA?A possibilidade de comercialização da ha-

G

causas púb l i casJosé Pereira Coutinho

Um olhar atento sobre a actUalidade da raem

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perspect ivasJorge Rodrigues Simão

SEXTA-FEIRA 10.6.2011

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OPINIÃO

“To say that we live in an age of science is a common place, but like most common places, it is only partially true. From the point of view of our predecessors, if they could view our society, we should, no doubt, appear to be very scientific, but from the point of view of our successors, it is probable that the exactly opposite would seem to be the case.”

The Scientific OutlookBertrand Russell,

S ecologistas estão preocupados justificadamente com o impacto ecológico de fabrico de produtos

naturais, que alcançou um êxito excessivo. Tendência que é sempre para as monoculturas rentáveis. É de temer que a procura interna-cional a subir em espiral possa representar o fim da biodiversidade, em vez de estimular a conservação dos recursos naturais como inicialmente se pretendia.

A pressão crescente que é exercida sobre os recursos biológicos provém do aumento da população a nível mundial, da alteração dos padrões de consumo e das novas tecnologias. A agricultura intensiva tornou-se mais neces-sária após a crise sistémica e a crise alimentar devido às alterações climáticas e o seu impacto nos recursos biológicos ainda não foi avaliado.

A conservação da biodiversidade levanta questões importantes no domínio da investiga-ção, que são relevantes para a criação de novas tecnologias de produção e sistemas e uso do solo, desde logo a de saber se podem as tec-nologias diversificadas em termos biológicos e consumidoras de pequenas quantidades de energia ser ampliadas e/ou intensificadas?

Os sistemas de produção podem ser intensificados de forma diferente para que a biodiversidade seja mantida noutras partes do sistema? Em que medida é que a exploração crescente de determinadas espécies afecta outras espécies e as propriedades gerais do sistema? É necessário prestar uma minuciosa atenção à produtividade relativamente baixa de alguns modelos tradicionais de exploração económica, incluindo, especificamente, as reservas extractivas.

A dependência de muitos países pelos seus recursos não só os empobrece como reduz a biodiversidade. Antes de agirem para me-lhorar as reservas extractivas é necessário ter uma visão crítica das suas limitações. Apesar de ser premente expurgar alguns dos mitos românticos associados à extracção, não é de concordar que os seus agentes sejam elementos marginais como por exemplo, no processo de expansão fronteiriça da Amazónia, que apesar de todas as normas e controlo se continua a dar, e que se deve concentrar todos os esforços no sentido de aperfeiçoar o uso do solo.

As forças que combatem a desflorestação, quer seja na Amazónia, quer seja em outro local do planeta são cada vez menores, e é

A pressão crescente que é exercida sobre os recursos biológicos provém do aumento da população a nível mundial, da alteração dos padrões de consumo e das novas tecnologias. A agricultura intensiva tornou-se mais necessária após a crise sistémica e a crise alimentar devido às alterações climáticas e o seu impacto nos recursos biológicos ainda não foi avaliado

Fim da biodiversidade?imperioso que os aliados e o campo de batalha sejam cuidadosamente escolhidos. Persiste uma produtividade demasiado acelerada dos modelos de exploração tradicionais da Amazónia. A posição politicamente incorrec-ta adoptada no passado pelos seringueiros, que era um movimento político e não um movimento ambientalista, apesar de o carac-terizarem como tal.

Os seringueiros liderados por Chico Men-des fundador do Partido Trabalhista, conjun-tamente com o ex-presidente Inácio Lula da Silva, ou outros na mesma linha de pensamento e actuação, acabam por esgotar a sua fonte de recursos como qualquer outro grupo, se tiverem oportunidade para isso. Foram canalizados demasiados fundos para apoiar um pequeno segmento de agricultores pobres, apegados à sua herança cultural e à sua economia de vida, sendo necessário soluções para milhões de outros habitantes das florestas tropicais.

Houve um excesso de recursos que se desti-naram a apoiar o modelo de reserva extractiva limitada, ao mesmo tempo que se permitiu que os camponeses sem terra, os pequenos agricultores e até os grandes fazendeiros bra-sileiros descobrissem métodos mais rentáveis em termos de utilização das florestas tropicais. Muitas sociedades tradicionais entregaram-se a uma exploração maciça da fauna das suas reservas, provocando a redução e até a extinção local de espécies muito perseguidas pela caça.

Esse processo de destruição da fauna pode conduzir também à extinção ecológica, entendida como a redução de uma espécie, de tal modo que, apesar de continuar presente na comunidade, não interage com outras espécies de modo significativo. Os povos na-tivos não são os nobres selvagens ecológicos, apelidados a partir de 1987, quando a ONU decidiu atribuir o prémio Global 500 a Chico Mendes, em consideração pela sua defesa do ambiente e que se tornou mais intenso, após o seu assassinato no final de 1988.

O nível de destruição do ecossistema em termos globais pode significar que em certos casos, a única forma possível de conservar a biodiversidade consiste em abolir todos os tipos de comportamento humano, desde a construção de estradas e a extracção de madeira à caça e à actividade extractora nativa. Provocar mudanças culturais pode ser igualmente pre-ocupante. Estabelecerem-se mecanismos para a justa compensação dos povos nativos, não se estará também a criar regras para destruir as suas sociedades através da subversão do materialismo e do consumismo?

Stephen Cory, director da “Survival In-ternational”, organização internacional para a defesa dos direitos dos povos nativos é um dos opositores mais radicais à actividade ex-tractora, assinalando que em termos históricos,

Boas ou más, as multinacionais farmacêuticas e produtos naturais conheceram o êxito, graças aos seus esforços e não se afastarão. É relativa-mente óbvio que, quer-se queira ou não, um ecossistema que não tem valor, será nivelado para abrir caminho a outro qualquer que o tenha, ainda que seja apenas numa escala limi-tada e que os benefícios sejam de curto prazo.

Até os povos mais isolados das florestas húmidas, com poucas excepções, têm necessi-dades que só o mercado pode satisfazer. Pode--se deixar esses grupos em paz, mas sempre existirão outros grupos que os atormentarão. Pode até ser construída uma vedação à sua volta, ou à volta de toda a Amazónia por exem-plo, mas essas opções nunca teriam qualquer efeito, e se a destruição do seu solo continuar a processar-se ao ritmo actual, dentro de pouco tempo tudo acabará. Existe premência em agir. É aqui que entram os elos entre a violação dos direitos humanos e a pobreza por um lado, e a degradação ambiental, pelo outro. Prova-se que as estratégias mais bem sucedidas para conservar as florestas húmi-das, mantêm a sua biodiversidade natural e satisfazem as necessidades económicas dos povos das florestas.

A “Cultural Survival” não abandonou o seu trabalho em prol dos direitos do solo, da organização política e do desenvolvimento sustentável; foi-lhes acrescentada uma nova dimensão, que deve passar em termos sim-ples, pela procura de mercados para produtos provenientes das florestas húmidas sustenta-velmente desvastadas, que possam ajudar os que lá vivem. Tais produtos verdes, têm vindo a ter uma aceitação crescente e prevê-se que a breve prazo esgote a produção sustentada.

A guerra da turfa que envolveu o “The Body Shop”, “Cultural Survival” e a “Survival International” recebeu uma ampla cobertura dos meios de comunicação social. Mais do que qualquer outro tema sobre esta matéria na me-mória recente, a colheita deixou investigadores, biólogos, grupos defensores dos direitos dos povos nativos e cidadãos comuns em estado de perplexidade. Não se tratou de uma situa-ção em que os bons, maus e feios estivessem contra os justos, santos e verdadeiros heróis.

A verdadeira tragédia talvez estivesse no facto de a preocupação com a floresta húmida e os seus povos se dividir rudemente, e sem cerimónia entre vários grupos de protectores. Os conflitos que duram há cerca de quarenta anos, fará que os povos nativos se libertem totalmente de todos os intermediários, apro-veitando para lutarem pela sua independência, pela consciência global que despontou e ex-plodirem como tem vindo a acontecer, desde a passada década com maior intensidade, o que revela que após uma longa caminhada, toda a provação terá sempre um desfecho positivo.

os povos nativos e as comunidades locais nunca aceitaram bem o sistema económico externo, muito mais poderoso, sugerindo que, no célebre caso de roubo pelo chefe Paulinho Paiakan, o líder dos índios caiapós do Brasil, a “The Body Shop” foi, em última análise, responsável pelo comportamento desastroso do chefe relativo ao óleo de castanha, em que cada metro cúbico de óleo é comprado à co-munidade de índios caiapós, a aldeia A-Ukre, pela quantia de 36 dólares. Desde 1995 que a “The Body Shop”, através das suas 1500 lojas espalhadas pelo mundo, à excepção do Brasil teve um lucro de cerca de 30 milhões de dólares e os caiapós 800 mil dólares.

A ideologia da actividade extractora, revela-se um argumento essencialmente inte-gracionista, com vestes verdes e atraentes; uma filosofia retrógrada que, se alcançasse projec-ção, podia provocar um recuo de vinte e cinco anos ou mais na campanha a favor dos povos tribais, depositando-os nas mãos daqueles que pretendem opor-se ao movimento, em prol dos direitos do uso do solo. Se for conseguido, este simulacro ético integracionista de ambienta-lismo, será profundamente desgastante para a luta que tantas organizações de povos nativos travam para ensinar ao mundo, que o seu solo não está à venda e que não tencionam usá-lo para fins comerciais especulativos.

Num ataque à “Cultural Survival” feito pela “The Body Shop”, aquela considerou que todo o comércio efectuado com os nativos é um veneno de acção lenta, e os que estão envolvi-dos nessa actividade não são comerciantes de florestas húmidas, são atacantes das mesmas, que extorquem o que podem à custa da boa vontade do público que desconhece este tipo de relações comerciais, aproveitando-se do facto de a floresta estar na moda.

As sociedades nativas e os seus ambientes naturais, estão a ser destruídos pela expansão dramática da actual sociedade industrializada.

O

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SEXTA-FEIRA 10.6.2011

19www.hojemacau.com.moAquele que não se deixa dominar pelo sentimento, mas só pela razão,

é quem está no bom caminho.Padre Manuel Teixeira [1912-2003]

A vigíliA dA esperAnçA

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Patrícia Ferreira, Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros, Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Luís Sá Cunha, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

ODOS os anos, desde 1989, que permanecia em Macau durante a noite de 4 de Junho para participar

na vigília em memória das vítimas do mas-sacre da Praça de Tiananmen. Mesmo no ano em que tive de assistir a um curso em Hong Kong, corri de volta para Macau para participar na vigília. Mas em Junho deste ano, em vez disso, fui para Taiwan, para assistir à cerimónia de formatura do meu filho, que nasceu em 1989.

Durante a minha viagem a Taiwan, al-guns dos estudantes de Hong Kong e Macau convidaram-me para participar na vigília na Praça da Liberdade, em Taipé, na noite do 4 de Junho. Prometi que, se conseguisse chegar a tempo na Ilha Formosa, iria certa-mente participar.

Durante o dia 4 de Junho, o tempo em Taiwan esteve muito quente. Depois de assistir à cerimónia de formatura, estava completamente encharcado em suor. Quan-do cheguei a Taipé, eram já 19h. Apesar de ser um pouco tarde, ainda fui a tempo de participar na segunda metade da vigília. Nessa vigília nocturna de Taiwan em que se celebrou o 22.º aniversário dos inciden-tes de 4 de Junho, a primeira metade foi preenchida com retrospectiva e discursos dos participantes. A segunda parte foi uma sessão de partilha realizada por estudantes universitários de Taiwan, Hong Kong e Macau. Relativamente aos incidentes, mui-tos especialistas, académicos e activistas pró-democracia expuseram a sua visão do passado. Quando vi estes estudantes, tão velhos quanto o próprio massacre, a falarem sobre os incidentes, ouvindo as suas opiniões e observando a forma como partilhavam sentimentos, senti-me diferente emocionalmente.

Para quem viu o massacre de Tiananmen a acontecer, em directo na TV, à vista desar-mada, as imagens da noite de 3 de Junho e madrugada de 4 de Junho estão ainda muito vivas nos nossos olhos. Se o Governo chinês na altura tivesse sido capaz de lidar com a insatisfação dos estudantes e pessoas comuns em vez de chamar as forças armadas para reprimir os protestos, penso que os trágicos incidentes não teriam acontecido. Penso que com o desenvolvimento da China de hoje, não deveria haver lugar a desarmonia entre

um gr i to no dese r toPaul Chan Wai Chi*

Para quem viu o massacre de Tiananmen a acontecer, em directo na TV, à vista desarmada, as imagens da noite de 3 de Junho e madrugada de 4 de Junho estão ainda muito vivas nos nossos olhos. Se o Governo chinês na altura tivesse sido capaz de lidar com a insatisfação dos estudantes e pessoas comuns em vez de chamar as forças armadas para reprimir os protestos, penso que os trágicos incidentes não teriam acontecido

a sua economia e política, a corrupção não seria tão desenfreada e grave no sector em-presarial e na administração, e as reformas políticas na China não teriam permanecido estagnadas até hoje.

No começo, os incidentes de 4 de Junho foram considerados pelo Governo como uma convulsão. Mais tarde, viria a ser oficialmente conhecida como uma perturbação política que ocorreu na passagem da Primavera para

o Verão. Isso mostra que os incidentes não foram tão graves como o Governo julgava ao início. Na altura em que Zhao Ziyang esteve gravemente doente acabando por morrer, alguns altos-responsáveis do Go-verno foram visitá-lo ao hospital e deixar o seu adeus eterno. Ainda assim, o Governo chinês nunca apoiou a sua responsabilidade nos protestos de 4 de Junho, deixando as almas daqueles que morreram na Praça de

T Tiananmen, sobretudo os jovens, incapazes de descansar em paz. A dor dos familiares dos que morreram nunca poderá ser sarada.

Uma das Mães de Tiananmen, a se-nhora Ding Zilin, revelou anteriormente que, durante o final de Fevereiro de 2011, quando se realizavam a Assembleia Popular Nacional (APN) e a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), certos representantes do departamento distrital de segurança pública da cidade de Pequim visitaram a família de uma das vítimas para uma conversa informal. O assunto não foi nada sobre “dizer ao povo a verdade”, “in-quéritos judiciais” ou “explicação do caso”, mas simplesmente a compensação monetária a ser paga às vítimas.

Isso mostra que o Governo chinês tem a intenção de resolver o problema. Apesar de a senhora Ding se ter sentido insatisfeita quando o Governo chinês lhe negou o pedido de diálogo aberto, ela congratulou-se com o facto de Pequim ter finalmente quebrado o silêncio.

A vigília nocturna do 4 de Junho realizada na Praça da Liberdade em Taipé terminou por volta das 21h, após os representantes das organizações estudantis terem feito um mani-festo e após os convidados terem partilhado as suas ideias e sentimentos com a assistência. Antes do final, os convidados fizeram o pú-blico cantar o hino “A Internacional”, canção favorita do [antigo] primeiro-ministro [da China] Zhou Enlai. O sentimento foi muito especial quando ouvi esse hino cantado em coro na Praça da Liberdade, sob o regime do Patido Nacionalista (KMT). Um compatriota da China Continental que estava atrás de mim cantava fervorosamente.

Depois de terminada a vigília, vi aquela arcada com as palavras “Praça da Liberdade” iluminadas com luzes brilhantes, enquanto o Memorial de Chang Kai-Shek ao longe parecia apagado e sombrio. Essa imagem aparecia como um retrato da cena política actual da China. Mas no momento em que me retirei, vim cheio de confiança porque, durante aquela noite, vi que a juventude tinha crescido e despertado; vi a esperança e o futuro da China.

*Deputado e presidenteda Associação Novo Macau Democrático

OPINIÃO

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SEXTA-FEIRA 10.6.2011www.hojemacau.com.mo

FUKUSHIMA MAIS PESSOAS EM RISCO O Governo japonês anunciou que decidirá muito brevemente se vai, ou não, ordenar a retirada de mais pessoas em redor da central nuclear de Fukushima. Os níveis de radioactividade excederam os limites. Esta tomada de posição surge depois de ter sido detectada em algumas zonas das cidades de Date e Minamisoma níveis de exposição à radioactividade que excedem os 20 millisieverts por ano, limite definido pelo Governo, noticia hoje a estação de televisão japonesa NHK. Estas cidades localizam-se fora da actual área de evacuação, num raio de 20 quilómetros.

SCHENGEN BULGÁRIA E ROMÉNIA DE FORAO governo holandês só se irá pronunciar em 2012 acerca da adesão da Bulgária e da Roménia (Estados-membros desde 2007) ao Espaço Schengen - espaço sem fronteiras no seio da UE -, depois de um período experimental. É necessária a unanimidade dos 25 membros do Espaço Shengen para que haja integração de novos membros.

PORTUGAL RECUPERAÇÃO MAIS RÁPIDA QUE A GREGAA ministra francesa das Finanças e candidata a direcção do FMI, Christine Lagarde, admitiu ontem que a recuperação económica em Portugal será mais rápida do que na Grécia devido a “aliança” política em torno do programa de ajuda externa. Christine Lagarde salientou que Grécia, Irlanda e Portugal - os países que no último ano pediram ajuda financeira externa - representam apenas seis por cento do produto interno bruto da zona euro, mas afirmou que “todos contam e são importantes”. “Cada país é diferente e tem de responder a diferentes categorias de problemas e questões”, disse.

SÍRIA VÍDEOSCOM TORTURASVídeos de dois adolescentes sírios torturados e mortos, depois de terem sido detidos no meio de manifestações anti-governamentais, foram tornadas públicas, o que vem confirmar a violação dos direitos humanos naquele país. Um primeiro vídeo mostra o corpo de Hamza al-Khatib, de 13 anos, que foi assassinado e torturado pelas forças de Bashar Asad, em Deraa. O adolescente desapareceu após uma manifestação a 29 de Abril.

Detido suspeito que atacava perto de karaokes

Jovem escapa a violaçãoUMA estudante universitá-

ria de 24 anos conseguiu escapar, depois de muita luta, de uma tentativa de

violação num parque de estaciona-mento próximo a vários karaokes no NAPE. O ataque aconteceu na madrugada de segunda para terça--feira, quando a jovem estava no subterrâneo da Alameda Dr. Carlos d’Assumpção a dirigir-se sozinha para o seu carro depois de uma festa num karaoke na zona.

Segundo relataram testemu-nhas ao Hoje Macau, um homem de origem estrangeira estava escondido na casa de banho do estacionamento à espera da ví-tima. O WC, que funciona até à meia-noite, tinha a porta arrom-bada há mais de um mês. Quando a estudante desceu das escadas, o homem atacou-a pelas costas. Seguiu-se um confronto físico, com puxões de cabelo e pontapés, e tentativas de violação na casa

de banho. No entanto, a jovem conseguiu escapar. A rapariga está agora hospitalizada com lesões em todo o corpo.

Fontes ligadas ao processo ga-rantem que a Polícia Judiciária (PJ) já deteve um suspeito do ataque, que poderá não ter sido o primeiro. Contactada pelo Hoje Macau, a PJ não quis avançar com nenhuma in-formação sobre o caso. A estudante, que está em estado de choque, não tem previsão de alta.

JOGO | NOVOS MERCADOS NA ÁSIA NÃO AFECTAM MACAU

Árvore das patacas inabalável

car toonpor Steff

LISBOA TÚMULOSEM CAMÕESO túmulo referente a Luís de Camões existente no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, tem grande probabilidade de não conter os restos mortais do poeta, afirmou um especialista em estudos camonianos. O poeta terá sido sepultado na Igreja de Sant’Ana, em Lisboa, próxima da casa onde vivia a sua mãe, na calçada de Santana, mas não se sabe exactamente onde foi colocado o cadáver, se dentro, se fora da igreja ou se até numa fossa.

E. COLI BACTÉRIA EM BETERRABAS DA HOLANDAUma variante da bactéria E.coli (EHEC), diferente da que provocou a morte a 25 pessoas na Europa, foi detectada em rebentos de beterrabas holandesas exportadas para a Alemanha e Bélgica. Os rebentos de beterraba, exportados para a Alemanha e a Bélgica, serão retirados do mercado. Uma estirpe rara e virulenta de E.coli Enterohemorrágica (EHEC) já matou 25 pessoas na Europa, 24 das quais na Alemanha, sendo que a origem da epidemia ainda não foi determinada.

CONDECORAÇÃO MACAUDE FORAO presidente da República Portuguesa vai atribuir condecorações a 19 personalidades das comunidades portuguesas e a cidadãos estrangeiros, por ocasião do Dia de Portugal, entre os quais o fotojornalista João Paulo da Costa Silva, ferido no Afeganistão no ano passado. Ao contrário do que aconteceu no ano passado, quando Edmund Ho e Rita Santos foram agraciados, este ano nenhuma personalidade de Macau foi incluída na lista.

ÍNDIA ELEFANTESMATAM DOISDurante três horas, dois elefantes provocaram o pânico nas ruas da cidade de Mysore, em Karnataka, na Índia. Um homem acabou por morrer. Os elefantes entraram na cidade através de uma floresta situada nas redondezas e levaram o pânico à cidade. Um homem de 55 anos que saiu à porta de casa para ver o que estava a acontecer foi brutalmente atacado por um dos elefantes e acabou por morrer. Numa outra rua, outro elefante matou duas vacas que se encontravam na estrada. As escolas e as universidades foram fechadas como precaução enquanto as autoridades tentavam controlar os elefantes: um deles entrou no recinto de uma universidade e o outro percorreu um bairro.

A abertura de novos mercados na Ásia “não irá, de todo, afectar Macau”, mas “ajudar” a reforçar a sua posição como capital mundial de jogo, disse à agência Lusa o presidente da Associação Americana de Jogo, Frank Fahrenkopf. “Uso o exemplo dos Estados Unidos: Las Vegas é o lugar para se ir por ter uma elevada concentração de hotéis, casinos, entretenimento, restaurantes, tudo num único lugar e, mesmo com jogo noutros locais – à excepção do Utah e o Havai, onde a actividade não é legal devido à influência das igrejas mórmon –, Vegas continua a crescer”, disse. Ao considerar que Macau “se tornou na Las Vegas do Oriente”, Fahrenkopf defendeu que a região tem à sua frente um “futuro próspero, pois mesmo que Singapura ou a Coreia ofereçam uma experiência semelhante, as pessoas vão querer ir a Macau” pela concentração de empreendimentos turísticos e casinos. Na perspectiva de Frank Fahrenkopf, que falava à margem da Global

Gaming Expo (G2E Asia), que decorre em Macau até hoje, a região precisa, no entanto, de diversificar a oferta de entretenimento além do jogo, a principal alavanca da economia local, em linha com as metas definidas pelo Governo. “Em Singapura, os projectos [ligados ao jogo] - World Sentosa e Marina Bay Sands – estão mais voltados para a cultura, sendo que só 10 por cento da sua actividade” está focada nas apostas, disse o responsável, ao defender que esta “é uma nova abordagem ao jogo”, que territórios como a Coreia ou Taiwan olham como “modelo de futuro desenvolvimento”. Apesar de defender que esta abordagem por parte do sector “está a começar” a ganhar forma em Macau, Frank Fahrenkopf lembra que tal “leva tempo porque os mercados não mudam do dia para a noite”. “Estamos a assistir a uma evolução em Macau”, disse, ao realçar que já “não compra a ideia” de que “os chineses só vêm [à região] para jogar”.

RESOLUÇÃOCONTRA

AL-ASSAD