Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

20
TEMPO CHUVA MIN 15 MAX 19 HUMIDADE 80-95% • CÂMBIOS EURO 10.1 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ QUINTA-FEIRA 29 DE NOVEMBRO DE 2012 ANO XII Nº 2745 PUB GONÇALO LOBO PINHEIRO UNIVERSIDADE DE SÃO JOSÉ Projecto a dois com derrapagem de 300 milhões PÁGINA 6 LEI DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA IAS quer processo legislativo ainda este ano PÁGINA 7 MEIO AMBIENTE CEM pretende estreitar laços com o Governo PÁGINA 12 CASA DE PORTUGAL Amélia António elogia trabalho de Carlos Couto PÁGINA 15 Em entrevista exclusiva ao Hoje Macau, o novo director do Instituto Português do Oriente assegurou que não há tempo para comparações com o passado. João Laurentino Neves gosta de “direcções contínuas” e descarta qualquer “processo de ruptura” com a direcção anterior encabeçada por Rui Rocha. Durante o primeiro mês em Macau, o responsável do IPOR mediu o pulso à instituição e à cidade. Para já, uma novidade, Liliana Inverno é a escolhida para coordenar o Centro de Língua Portuguesa. PÁGINAS 2 A 4 João Laurentino Neves abraça Macau com elevadas expectativas Selo de qualidade para a Língua Portuguesa ETAR DE MACAU SEM CONTRATO MAS COM AO MAN LONG PÁGINA 5

description

Edição do Hoje Macau de 29 de Novembro de 2012 • Ano X • N.º 2745

Transcript of Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

Page 1: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

TEMPO CHUVA MIN 15 MAX 19 HUMIDADE 80-95% • CÂMBIOS EURO 10.1 BAHT 0 .2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QUINTA-FEIRA 29 DE NOVEMBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2745

PUB

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

UNIVERSIDADE DE SÃO JOSÉ

Projecto a dois com derrapagem de 300 milhões

PÁGINA 6

LEI DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

IAS quer processo legislativoainda este ano

PÁGINA 7

MEIO AMBIENTE

CEM pretende estreitar laçoscom o Governo

PÁGINA 12

CASA DE PORTUGAL

Amélia António elogia trabalhode Carlos Couto

PÁGINA 15

Em entrevista exclusiva ao Hoje Macau, o novo director do Instituto Português do Oriente assegurou que não há tempo para comparações com o passado. João Laurentino Neves gosta de “direcções contínuas” e descarta qualquer “processo de ruptura” com a direcção anterior encabeçada por Rui Rocha. Durante o primeiro mês em Macau, o responsável do IPOR mediu o pulso à instituição e à cidade. Para já, uma novidade, Liliana Inverno é a escolhida para coordenar o Centro de Língua Portuguesa. PÁGINAS 2 A 4

João Laurentino Neves abraçaMacau com elevadas expectativas

Selo de qualidadepara a Língua Portuguesa

ETAR DE MACAU

SEM CONTRATOMAS COM AO MAN LONG

PÁGINA 5

Page 2: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

quinta-feira 29.11.2012entrevista2

Rita Marques [email protected]

JOÃO Laurentino Neves é a nova cara à frente do IPOR. Depois de ter assumido as fun-ções há cerca de dois meses,

teve oportunidade de traçar e propor objectivos junto dos órgãos associa-dos numa Assembleia Geral a 20 de Novembro e decidir, nessa estadia em Portugal, a nova responsável pelo Centro de Língua Portuguesa, sucessora da pasta deixada por Ana Paula Dias. Liliana Inverno, espe-cialista em português como língua estrangeira, é quem vai assumir o cargo a partir de Janeiro. Ao novo corpo dirigente junta-se ainda Pa-trícia Ribeiro, que já é actualmente responsável do Gabinete de Coor-denação de Pessoal e Património. Ao Hoje Macau, Laurentino Neves falou de uma direcção renovada que quer trilhar o caminho de consagra-ção do IPOR “como instituição de referência da RAEM”, “ajustando e diversificando” os serviços mas sem esquecer o legado deixado pelos seus antecessores.

Quais as expectativas nesta vinda para Macau?Esta vinda para Macau constitui uma absoluta novidade para mim, nunca cá tinha estado, o mais perto onde tinha estado foi em Timor--Leste e, portanto, trata-se de um contexto que é efectivamente novo para mim. A expectativa era muita. Macau sempre esteve um pouco no nosso imaginário desde a escola, e há sempre uma curiosidade para conhecer. Foi por mim com grande gosto, que ao longo deste tempo, tive já oportunidade de estar em alguns desses contextos do grande espaço de língua portuguesa. Macau é talvez aquele que menos se perspec-tivava mas felizmente aconteceu. E, portanto, foi com grande entusiasmo que vim, pelo projecto, por um lado, por aquilo que significaria do ponto de vista do que tenho procurado fazer em termos da promoção do português mas também do seu con-texto geográfico e estratégico, sendo que hoje se situa numa das regiões mais empolgantes do ponto de vista da promoção da Língua Portuguesa e da geoestratégia mundial.

E foi isto que o fez prestar a “manifestação de interesse” para a nova função, abraçada há sen-sivelmente dois meses?Quando terminou Cabo Verde, re-almente houve ali um momento de como é que eu posso dar continuidade a isto. Que passo é que eu posso dar que signifique para mim um novo

João Laurentino Neves, director do Instituto Português do Oriente

“As direcções são contínuas, não são processos de ruptura”desafio, uma nova oportunidade de um projecto a que sinta que possa trazer alguma colaboração e que me possa, em simultâneo proporcionar esse contacto com uma outra realida-de que constitua também um desafio do ponto de vista dessa comunidade: Macau. Surgiu o concurso e eu achei que fazia sentido. Era um posto que se ajustava bem aquele que tem sido o meu percurso. E que, embora não conhecendo Macau, como vi aí muito comentado, a verdade é que todos em algum momento chegamos a algum sítio. Todos fomos novos porventura em algum momento. Em nenhum momento me passa pela cabeça que o facto de chegar me possa colocar um constrangimento negativo. É um desafio muito importante.

Qual o primeiro impacto na che-gada a Macau?Os primeiros impactos são sempre complexos, há sempre coisas que correm bem, há sempre coisas que correm menos bem. Agora, obvia-mente que me surpreende, é um mundo completamente diferente daqueles por onde já passei. Tem algumas coisas que são de imediato agrado e outros aspectos a que vou demorar mais tempo a habituar-me e a ajustar-me mas a impressão global é muito positiva. Estou muito contente de cá estar. Está toda a minha família comigo. Estamos perfeitamente integrados e, progres-sivamente, vamos aprender a gostar ainda mais. Espero que aconteça aqui o que aconteceu noutros sítios; no momento em que partir, isso me cause uma enormíssima tristeza e saudade, como tem acontecido nas outras passagens.

No passado dia 20 de Novembro deslocou-se até Lisboa para discu-tir com os associados do IPOR as linhas orientadoras para 2013. O que foi definido neste encontro?O IPOR como instituição tem uma história, muito resultante da acção das várias pessoas que passaram pela sua direcção, granjeou um prestígio que decorre da acção que tem tido da promoção da Língua Portuguesa e cultura em Macau. E, portanto, é para mim uma preocupação conhe-cer essa memória e perceber a dinâ-mica interna da própria instituição, bem como tirar o melhor partido do trabalho que todos os antecessores fizeram. Essa é uma postura que sempre tenho tido. As direcções são contínuas, não são processos de ruptura, do meu ponto de vista. Portanto, tudo aquilo que venha a ser definido do ponto de vista das linhas orientadoras para 2013 tem, por um lado, que conjugar este percurso

histórico que a instituição tem, bem como os desafios e o discurso que a realidade actual nos apresenta. Esse discurso é produzido, por um lado, pelos associados, que são a base da instituição, pelas instituições parceiras, com quem o IPOR tem já alguma tradição do ponto de vista da colaboração e da cooperação, com o discurso das autoridades locais e, portanto, é a interpretação destes sinais todos que devem orientar

aquilo que é o plano de actividades para 2013, que será apresentado no início do próximo ano.

Mas, em concreto, o que é que propôs ao Instituto Camões, Fun-dação Oriente e outros associados minoritários? Primeiro, parece-me que há margem para ajustarmos a nossa oferta de serviços, quer do ponto de vista da aprendizagem da Língua Portuguesa

O valor de uma língua

determina-se muito pelo seu

número de falantes. Isso

tem um efeito que, quanto

mais pessoas falarem a

língua, mais a queiram falar

porque se passará a tratar

de uma língua de referência

Page 3: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

3entrevistaquinta-feira 29.11.2012 www.hojemacau.com.mo

João Laurentino Neves, director do Instituto Português do Oriente

“As direcções são contínuas, não são processos de ruptura”através dos cursos que organizamos, quer através da informação que o IPOR pode e deve recolher, tratar e disponibilizar como uma plataforma de informação. Não esquecer as redes em que o IPOR pode e deve entrar, nos domínios da formação, para con-solidar todas as iniciativas de ensino do português, à escala não apenas da RAEM mas envolvendo a própria China. Temos que desenvolver mais a oferta de iniciativas de interactivi-dade através das novas plataformas de tecnologias de informação com esse universo de falantes que, não podendo vir fazer um curso de por-tuguês presencial tenha, no entanto, vontade, ou porque já aprendeu e quer manter o contacto com a língua ou porque tem alguma curiosidade na língua e quer fazer um processo de auto-aprendizagem. O mais im-portante é garantir que, em todos os serviços que o IPOR presta, haja uma certificação de qualidade e tem de ser dada pela aproximação absoluta ao que é hoje o grande Quadro de Referência para a Certificação das Línguas e, nomeadamente, para a certificação da Língua Portuguesa, que é o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR). Essas são as três grandes preocupa-ções. Não queremos descurar, de ma-neira nenhuma, aquelas que seriam as operacionalizações da língua. Nós aprimoramos um conceito que é o da “Língua à Palavra”.

Falou da continuidade na linha de trabalho dos anteriores directores do IPOR. De que forma pensa seguir este legado de equilíbrio orçamental, apregoado pelo últi-mo antecessor, Rui Rocha?Não há grandes comentários a fazer sobre essa matéria. O IPOR é uma organização de estrutura associa-tiva sem fins lucrativos, este é o princípio da organização. Portanto, obviamente a palavra dos associa-dos, a Dra. Ana Paula Laborinho, o Dr. Carlos Monjardino, quer dos outros associados ordinários, deve ser escutada. Estão perfeitamente de acordo naquilo que é o objectivo do IPOR, o que eles querem obvia-mente é que o IPOR se consolide como instituição de referência na RAEM e para a região com uma instituição de qualidade, acima de tudo. É neste quadro que toda a acção é desenvolvida. Se há ou não equilíbrio orçamental, são questões internas e, obviamente, o IPOR vive dos contributos dos seus associados, vive daquilo que são os contributos das instituições parceiras com as quais desenvolvemos programas de cooperação para a organização de actividades. Vive de publicações e

iniciativas na área editorial, e cuja venda gera alguma receita. Definida a receita do IPOR, procuraremos preparar algumas actividades, mas sempre sendo muito rigorosos na gestão orçamental, por forma a que esta seja equilibrada e para que os recursos sejam empregues com o maior rigor, transparência e eficácia. Chegado ao fim, fazer um balanço positivo de tudo.

E na questão do aumento efectivo do número de alunos no IPOR. Rui Rocha disse, por exemplo, ter deixado o novo ano lectivo orien-tado com mais 100 estudantes?Não saberei dizer neste momen-to que aquilo que é essencial na medição do futuro, se cingirá ao crescimento do número de alunos. Certamente não deixará de ser um dado importante, não é o elemento pelo qual viverei obcecado. Obvia-mente que o que nós procuraremos é

que a vinda de alunos ao IPOR tenha por si própria um factor multiplica-dor. Ou seja, que nós possamos fazer com que cada aluno que vem sinta um grau de satisfação tal que comu-nicando a outros, isso possa ter um efeito multiplicador. Isso seria um excelente sinal. Por outro lado, será também um bom indicador de que, se as instituições estão satisfeitas com os serviços que nós prestamos, possam no futuro continuar a soli-citar esse serviço e até diversificar os pedidos. A tudo isso subjaz dois denominadores comuns: satisfação e qualidade. E isto prova-se quando se continua a aumentar o número de alunos mas, em simultâneo, tenham sido reforçados todo um conjunto de conteúdos, de serviços e de imagens que o IPOR tem também de tratar.

Ana Paula Laborinho abandonou recentemente o seu lugar de coor-denadora do Centro de Língua Portuguesa (CLP), bem como de vogal executiva. Já existe uma pes-soa escolhida para substituí-la?Sim, um dos resultados da Assem-bleia Geral foi também a nomeação de Patrícia Ribeiro como vogal de direcção e também tive oportunida-de, durante essa visita a Lisboa, de entrevistar candidatos ao novo posto de coordenador do CLP. E virá para o IPOR a Dra. Liliana Inverno, que é doutorada em Português como Língua Estrangeira (PLE), que tem o perfil que nos garante qualidade e experiência numa área que é para nós muito importante - diversificar e aumentar a oferta do IPOR no domí-nio das formações do PLE. Deverá chegar no início do próximo mês de Janeiro, mas já está a trabalhar em Portugal, e teremos aí uma equipa toda nova, com o devido tempo de ajustamento.

Não serão portanto assumidas por uma mesma pessoa estes dois cargos, tal como anteriormente?A Dra. Patrícia continuará com as funções que tem dentro do IPOR, a coordenação de um gabinete que também ajustámos. O organograma foi também alterado para aquilo que nos parece ser mais conveniente face àquilo que é a realidade da ins-tituição. A Dra. Patrícia continuará com a coordenação de um gabinete que se dedicará à gestão e aí vem desde a gestão financeira à gestão patrimonial de recursos humanos.

Quais os trabalhos em mãos para um futuro mais imediato?Há margem para avançarmos um pouco em algumas iniciativas, assim tenhamos depois recursos humanos para as executar porque

temos limitações neste momento no nosso corpo docente e vamos ver em que medida serve para responder a estas novas solicitações. Temos um corpo fixo de oito docentes e o resto é na base de colaborações que são pontuais. Obviamente que tenho absoluta confiança naquilo que é o corpo docente actual do IPOR mas há a situação de apenas oito serem professores totalmente dedicados ao IPOR. Vamos ver como gerir da melhor maneira este grupo de pessoas com experiência e que já têm uma colaboração com o IPOR que é muito importante. Vamos também ver que pessoas poderão ter o perfil que possa interessar para colaborações e assegurar esse padrão de qualidade.

Há então essa necessidade de re-crutamento de mais professores?Vamos analisar tudo isto. Vamos analisar todas estas questões. Sendo certo que, ouvindo as instituições como tenho ouvido, vamos querer avançar em mais algumas iniciativas no domínio dos cursos de aprendi-zagem de Língua Portuguesa. Mas queremos avançar muito no domínio da formação, dinamizar a formação de formadores internos. Queremos abrir aos professores do sistema educativo, mas queremos também alargar estes contextos e sobretudo estabelecer grandes parcerias com instituições na região que trabalham nesta área e com as quais só temos a ganhar em aproximarmo-nos, tomando parte em projectos conjun-tos. Eventualmente, até projectos de certificação conjunta.

Como é que avaliou o desempenho do IPOR de acordo com os dados a que teve acesso no primeiro mês, antes de apresentadas soluções em Lisboa?O primeiro mês foi muito impor-tante para procurar avaliar, em função daquilo que também são as minhas ideias, e perceber do ponto de vista institucional, organizacio-nal, financeiro, toda a situação do

IPOR. Em função da informação que estava disponível. E aqui não faço nenhum comentário. Tive de perceber que o ponto que encontrei é o ponto em que os associados tam-bém acharam que estava bem. Aí como lhe digo. Vamos fazer alguns ajustamentos do ponto de vista organizacional, vamos procurar fazer alguns ajustes internos, para melhor servir as necessidades que identificamos. Do ponto de vista organizacional temos de criar uma maior proximidade aos associados, e as instituições parceiras, bem como às instituições de referência da função pública, podendo ser, igualmente, instituições no domí-nio privado, mas que tenham rele-vância naquilo que o IPOR também vai abordar, falando meramente do ponto de vista financeiro. Este mês também serviu para fazer um ponto da situação à data de chegada para podermos determinar e planear aquilo que era a gestão até final deste ano e perspectivar aquilo que será o orçamento de 2013.

Colocou-se esta possibilidade, confirmada pela Ana Paula La-borinho, de vir também como Conselheiro Cultural de Portugal. Isto ficou definido no âmbito da Assembleia Geral da semana passada?Também é matéria sobre a qual não me quero pronunciar. Fui manda-tado pelos associados para vir para Macau como director do IPOR. Esse é o meu mandato. É o que pretendo cumprir com o maior empenho. Obviamente, não deixarei enquanto director do IPOR de manter uma estreita colaboração e articulação com o senhor Cônsul, até porque os associados de referência são portugueses e o IPOR quer reforçar a sua marca institucional de presença portuguesa mas aí se esgota o papel de director. Outra discussão sobre esta questão excedem-me.

Esta função diplomática ficará então à margem deste cargo. Mas é uma função que pondera admitir, dada a sua anterior ex-periência enquanto adido cultural em Cabo Verde?Eu não sou diplomata. Fui durante nove anos mas não sou diplomata de carreira. Isto são matérias cuja essência compete, por um lado, aos associados do IPOR, que têm de estar de acordo com essa ques-tão, e por outro, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros em Portu-gal. Certamente, se se falou dessa questão, é porque houve algum momento de reflexão e portanto é lá que essa reflexão se deve situar, e é de lá que os comentários devem vir. Não de mim.

Vê algum tipo de desvantagem por não ter tido qualquer tipo de experiência profissional na China ou relação com o país?

CONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE

Quem é o novo director do IPOR?João Laurentino Neves nasceu em Aveiro. Foi o escolhido entre 17 candidatos que responderam ao convite de manifestação de interesse para o cargo de director do Instituto Português no Oriente (IPOR). Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Portugueses e Ingleses, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, João Laurentino Neves exerceu funções de docente e coordenador de centros de Língua portuguesa em Moçambique desde 1995 até 2002. Desde 2003 até este ano desempenhou o cargo de director do Instituto Camões – Centro Cultural Português na Cidade da Praia, em Cabo Verde, onde teve como principais responsabilidades a elaboração, execução e avaliação do Plano Anual de Actividades do Centro, bem como a gestão administrativa e financeira do Centro na Praia e do Pólo no Mindelo. Durante o mesmo período, acumulou o cargo de adido cultural junto da Embaixada de Portugal na Cidade da Praia: assessoria do chefe de missão nas áreas da Cultura, Educação e Património e ligação com os órgãos de comunicação social e representação do chefe de missão em encontros de trabalho quando objecto de sua delegação. João Laurentino Neves foi ainda responsável por dar acompanhamento a projectos de cooperação entre Portugal e Cabo Verde (cooperação Estado a Estado ou entre instituições) nas áreas referidas.

A língua tem esta capacidade de aproximar pessoas e interesses. Tudo o que possamos fazer para aproximar povos e pessoas, mediar caminhos, torná-los mais curtos, esse é um papel em que o IPOR estará a construir para o bem-estar. A nossa valorização pessoal passa por isso

Page 4: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

4 entrevista quinta-feira 29.11.2012www.hojemacau.com.mo

Nas reflexões sobre os grandes desafios à Língua Portuguesa. Essa reflexão sobre os diferentes contextos estratégicos da língua tem vindo a desenvolver-se e a cimentar ao longo dos últimos anos. Tenho acompanha-do a questão da importância de Ma-cau enquanto plataforma de comu-nicação entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Enquanto região, de uma especificidade linguística e cultural no contexto da própria China, são assuntos que não me são estranhos. Esse é um conhecimento das reflexões, das conferências, dos escritos. Tenho uma ligação de mais de dez anos ao Instituto Camões e outras instituições que vão reflectin-do sobre estas questões. Estou a par dos objectivos de Portugal, daquilo que são as estratégias definidas para Macau e aí, como digo, a principal preocupação é clara. É obviamente procurar, junto das universidades de Macau, responder a todas as solicitações que possam existir e consolidar o papel que a Língua Portuguesa tem no território. Em segundo lugar, que isso possa fun-cionar como uma plataforma e que isso possa, a partir de Macau, chegar a outros pontos da China. Para além do trabalho dedicado à China que está a ser feito por outras instituições e universidades portuguesas. Nós seremos um elemento mais. Vivemos neste mundo que os grandes desafios do desenvolvimento, ambiente ou sustentabilidade são temas que per-passam, sobretudo nas economias emergentes. Portanto, não tendo cá estado, já várias vezes cá estive, se me é permitido assim dizer.

O que vai prevalecer ao nível de contactos com estas instituições parceiras, do Governo e de matriz académica?As universidades ou instituições de ensino superior são os nossos par-ceiros essenciais. Primeiro porque é lá que se desenvolve o saber. Nós aproveitamos muito daquilo que é o saber gerado nas universidades, e desse ponto de vista são essenciais a todo o nosso trabalho. é lá que se geram as reflexões, as conclusões, as orientações para aquilo que são as concretizações que aproveitamos para a prática de qualquer activida-de. As de Macau, nomeadamente a Universidade de Macau e o Instituto Politécnico, há importantíssimos projectos e protocolos assinados envolvendo instituições portuguesas e universidades portuguesas. Neste último protocolo do IPM está tam-bém presente o Camões. O que nos aproxima dele, pelos compromissos que o nosso associado maioritário faz. O nosso objectivo é estreitar com essas instituições todas as formas de colaboração que viermos a identificar no futuro como linhas essenciais. Passará, por exemplo, pelo programa de estágios que as universidades têm. Nós vamos colaborar quer com a Universidade de Macau quer

com o IPM, já recebemos algumas indicações de pessoas que estão interessadas em vir aqui trabalhar aspectos concretos do seu processo de estágio.

E isto é uma novidade?Na área de tradução-interpretação é um projecto inovador. É a primeira vez que vai acontecer. Com isso, o tratamento dos estagiários vai ser necessariamente diferente. Contudo, outras formas de cooperação passam pela junção de esforços. Entrando num projecto concreto, é nossa in-tenção criar uma rede de formação para formadores. Temos uma massa crítica que são os nossos docentes, um segundo nível de intervenção, que será a nossa coordenadora de forma bimensal, e um terceiro ní-vel de intervenção que são outros especialistas em áreas que nos in-teressam, agentes de comunicação, e que estão nessas instituições de ensino superior. As perspectivas de colaboração são várias. O meu objectivo é que o IPOR possa dar um contributo para a criação e soli-dificação de uma rede de formação que envolva os diversos agentes de ensino de Língua Portuguesa que estão na China e, naturalmente, aqui em Macau. Este programa é para avançar em Fevereiro, com a primeira acção.

Quais são as noções daquilo que o Governo faz para manter a Lín-gua Portuguesa viva, enquanto língua oficial?As impressões que me chegam são aquelas que os organismos do Estado nos fazem chegar. E prefiro avaliar por aí, não avalio intenções. Temos recebido das organizações da Administração mensagens muito positivas. Por um lado, mensagens que reforçam a ideia de que há uma aposta clara na Língua Portuguesa e, diria até mais, em alargar o mais possível o ensino do português aos diversos estratos da população estudantil. Por outro lado, já temos pedidos de formações por parte de entidades da Administração que nos confirmam essa ideia de que há uma aposta clara na formação na língua de Camões.

De que forma é que acha que o IPOR pode dar esta ajuda?O valor de uma língua determina-se muito pelo seu número de falantes. Isso tem um efeito que, quanto mais pessoas falarem a língua, mais a queiram falar porque se passará a tratar de uma língua de referência. Por outro lado, se as pessoas se identificarem com a língua mais identidade cria. E identidade gera a memória. O nosso papel tem de ter em conta o discurso das autoridades, que é soberano, e temos de falar com as autoridades para aumentar a base de incidência do português. É evidente que o número de falantes se associa a uma valorização da língua e, por isso, mais atractiva se torna. Quanto mais falada mais geradora de conteúdos para as mais diversas pla-taformas, como a Internet, que é hoje parâmetro de medição com outras

línguas mas também para a ciência. Se mais conhecimento é produzido, mais valiosa é para a comunidade, não apenas de um ponto de vista cul-tural, mas também externo. Aqui na RAEM, esta valorização passa pelo aumento de falantes, pela valoriza-ção da língua como instrumento de comunicação mas também de criação de conhecimento e acesso ao saber. O IPOR pode dar o seu contributo na obtenção dos objectivos na tarefa de formação e um projecto de parceria em situações que a Administração identifique para que este caminho se faça de forma mais curta. O meu receio é que os alunos que passam por aqui não aumentem a sua exposição à língua, não façam mais coisas.

E de que forma se pode dar con-tinuidade ao aperfeiçoamento da língua pelos alunos que passam no IPOR?Esse é um estudo que nós temos de fa-zer na agenda para 2013. Precisamos de saber à saída dos nossos cursos o que é que acontece do ponto de vista do que a nossa língua passou a pro-porcionar aos formandos. Quais os resultados efectivos. Se consomem mais conteúdos em Língua Portu-guesa. Se aplicam o português e com que regularidade o fazem do ponto de vista profissional. Se interagem com a língua. Se comunicam na Internet com outras pessoas, em português. Precisamos de saber porque isso vai dar-nos muitas respostas sobre como podemos definir projectos e acções concretas. Pessoalmente não tenho estes elementos na mão. Não conheço. Não os vejo. Parece-me que toda a gente que aprendeu, já sabe ou não se importa mais. Precisamos de saber mais sobre estas questões.

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA ANTERIOR

A ideia é então criar fidelização de alunos?Sim, claro. Quero saber estes dados porque tendo-os tratados, aí sim, posso, junto com uma instituição oficial, dizer que a constatação clara é esta. Temos de fazer algum apanhado destas questões. Temos de proporcionar outro tipo de ex-posições à língua. Temos de puxar por outros domínios até no domínio das indústrias criativas. Para isso, precisamos de aferir dados. O IPOR tem de ter a capacidade de gerar estes dados. Capacidade de reflexão. Capacidade de gestão de informação que é essencial para nós: Quem são? De onde vêm? Porque é que vieram? O que é que vão fazer a seguir? Como é que isto lhes alterou a vida? Para o desenvolvimento deste projecto, tudo deve passar pelo apoio de algumas instituições que, como lhe digo, são as instituições certas para nos ajudarem a tratar os dados que vamos recolher.

Disse, numa entrevista ao Encarte JL, que na sua experiência no Centro Português em Cabo Verde, “parte integrante de uma missão externa em Portugal”, a sua acção passava também pela “promoção de uma forte cooperação cultural e de profícuo diálogo intercultu-ral que propiciem uma imagem positiva e moderna de Portugal, geradora de “capitais de simpa-tia”. Aqui em Macau, esse desafio será maior?Subscrevo por completo. (Risos) Podemos fazer um papel de me-diador importante mas no resto, obviamente, parece-me que é perfeitamente actual aquilo que estamos a fazer. A língua tem esta capacidade de aproximar pessoas e interesses. Tudo o que possamos fazer para aproximar povos e pes-soas, mediar caminhos, torná-los mais curtos, esse é um papel em que o IPOR estará a construir para o bem-estar. A nossa valorização pessoal passa por isso.

Há margem para avançarmos um pouco em algumas iniciativas, assim tenhamos depois recursos humanos para as executar porque temos limitações neste momento no nosso corpo docente e vamos ver em que medida serve para responder a estas novas solicitações

Temos que desenvolver mais a oferta de iniciativas de interactividade através das novas plataformas de tecnologias de informação com esse universo de falantes que, não podendo vir fazer um curso de português presencial tenha, no entanto, vontade

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

Page 5: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

5quinta-feira 29.11.2012 www.hojemacau.com.mo política

Joana [email protected]

O Executivo recu-sa-se a responder a qualquer ques-tão relacionada

com as estações de trata-mento de águas residuais e com Ao Man Long. O Hoje Macau tentou perceber junto da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) – órgão responsável pelos processos das ETAR – algumas questões que per-manecem sem justificação perante a sociedade, mas sem qualquer sucesso. Pas-sados mais de dois meses à espera de respostas, a DSPA limitou-se a fornecer ao Hoje Macau informações sem novidades e que, inclusive, chegaram já a ser publicadas na imprensa.

As perguntas foram sim-ples: quando será assinado o contrato com a empresa que actualmente gere a estação de Macau – a CESL-Asia -, uma vez que desde Outubro de 2010 que o consórcio formado pelas empresas por-tuguesa Indaqua e chinesa Tsing Hua Tong Fang, opera a ETAR de Macau sem con-trato e, consequentemente, sem ser paga? Haverá direito ou não a indeminização ao Grupo Waterleau, que o Tribunal de Última Instância diz ter sido “erradamente” afastado do concurso pú-blico para a adjudicação da ETAR? Continua Ao Man Long, ex-secretário para as obras públicas condenado a 29 anos e meio de prisão por corrupção passiva e branqueamento de capitais, a ter acções em seu nome no Grupo Waterleau e na VA Tech Wabag, empresa que mantém contratos com o Executivo?

Apesar de ser constante a utilização pelo Executivo de slogans como “Governo transparente” e “em prol da população”, a DSPA não adianta qualquer justificação a questões que são motivo de preocupação na sociedade. O órgão limita-se a dizer que respeita a decisão do tribunal em reabrir o concurso e que, face à adjudicação da ETAR de Macau à CESL-Asia, “as autoridades administrativas estão a prosseguir o proce-dimento administrativo” (ver foto).

A ETARA situação da ETAR foi alvo de alguma polémica devido a diversos conflitos entre as empresas concorrentes à sua gestão, operação e

ETAR de Macau operada sem contrato e sem pagamento.Ao Man Long ainda detém acções na Wabag e na Waterleou

Governo de boca fechadaO órgão responsável pelos processos das ETAR não responde a qualquer questão relacionada com as polémicas em torno das adjudicações das estações e de Ao Man Long. Dois meses depois de ter feito perguntas, o Hoje Macau apenas recebeu informações que não trazem nada de novo

manutenção. O concurso foi aberto em Março de 2010 e o contrato adjudicado à CESL-Asia. Contudo, des-de Outubro de 2010, que o Governo não oficializa o trabalho da empresa. Já em Fevereiro deste ano, Antó-nio Trindade, presidente do consórcio, confirmou que têm sido feito investimentos a grande escala na estação de tratamento das águas, mesmo sem a empresa não saber quando lhes serão fei-tos os pagamentos. O Hoje Macau sabe que o Executivo se mantém sem assinar o contrato com o grupo luso--chinês, apesar de, segundo fonte próxima do processo, a celebração poder ser feita ainda este ano. A ETAR continua a ser operada sem interrupções, mas as dívidas do Executivo à CESL--Asia já somam “dezenas de milhões de patacas”. O Hoje Macau sabe que sem contrato não é possível à

Direcção dos Serviços de Finanças pagar à empresa. O pagamento poderia apenas ser feito se a CESL-Asia decidisse ir para tribunal, mas isso implicaria entregar facturas ao órgão judicial, que demorariam “anos” a ser analisadas, de forma a que se comprovasse que as operações foram feitas e que o consórcio deveria receber o pagamento.

Apesar de continuar a investir, a CESL-Asia ainda não fez qualquer remodelação na ETAR de Macau devido à ausência de contrato, o que, segundo a própria empresa, prejudica o interesse público e a popula-ção. Recorde-se que a ETAR de Macau tem sido alvo de queixas dos residentes por deitar mau cheiro. Este ano, por exemplo, a DSPA disse que iria exigir ao consórcio um aumento da capacidade da exaustão de gases de escape das instalações que

produzem o cheiro. Projecto este que está incluído nas remodelações que não são feitas por falta de contrato. A CESL-Asia assumiu a ges-tão da ETAR de Macau por um período de cinco anos.

A WATERLEOUA Waterleou Group era uma das concorrentes para

a modernização, operação e manutenção da ETAR de Macau, em conjunto com a CESL-Asia, e terá sido afastada do concurso erradamente. Esta foi pelo menos a decisão do TUI que, depois de um recur-so da empresa, decidiu a favor do Grupo Waterleou e contra a opção do Chefe

do Executivo em excluir a empresa do concurso internacional. A empresa assume querer ser indemni-zada, mas até agora, desde 2010, não se sabe se isso irá acontecer. Já o Gabinete para o Desenvolvimento das Infra-Estruturas – anterior responsável pelo processo antes da DSPA – tinha dito antes ao Hoje Macau que “os funcionários da área relevante estariam a anali-sar o julgamento do TUI”. Agora, a DSPA – actual responsável pelo processo – nada avança.

E AO MAN LONG A adjudicação de contratos a empresas envolvidas no caso Ao Man Long – e nas quais o ex-secretário para as Obras Públicas tinha ou tem acções –, mesmo depois de este ter sido condenado, foi alvo de polémica. Por exemplo, no concurso para a gestão da ETAR de Macau, tanto a Va Tech Wabag como o Grupo Waterleou tinham acções de Ao Man Long, mas puderam concorrer. A ETAR de Coloane, por exemplo, tem como em-presa gestora a Wabag. Já a Waterleou Group opera a ETAR da Taipa, apesar de Ao Man Long ainda deter 20% das suas acções.

Recentemente, e con-forme avançou o jornal Macau Business Daily, o Governo já terá “iniciado os procedimentos legais” para recuperar essas acções, que terão sido dadas ao ex--secretário como suborno. A DSPA não respondeu ao Hoje Macau sobre se as acções foram já retiradas a Ao Man Long nem sobre se há mais acções noutras empresas. Fonte próximo do processo, contudo, garante que sim. “Não lhe foram retiradas as acções, nem contratos e, ainda mais gra-ve, as empresas não foram penalizadas. O Governo continua a permitir que eles concorram, a renovar contra-tos sem concurso. A Wabag estava na ETAR de Macau e depois de o Ao Man Long ir dentro ainda ficou com a de Coloane. A DSPA não pode dar outras respostas. Nem precisa, está na cara.”

Da parte da DSPA, fica apenas a promessa de que “irá garantir o normal fun-cionamento da ETAR de Macau”. Resta saber quando será assinado o contrato com a CESL-Asia e ainda se as acções que pertencem a Ao Man Long lhe vão ser retiradas.

Page 6: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

quinta-feira 29.11.2012sociedade6

Rita Marques [email protected]

“É um grande passo para a Universi-dade de São José (USJ) e para o

Colégio Diocesano (CDSJ)”, refere Peter Stilwell, à mar-gem do acordo celebrado entre a Diocese e a construtora Hsin Chong de Hong Kong escolhida para trabalhar no novo campus da Ilha Verde.

O avanço da segunda fase dos trabalhos, há muito aguardado, tanto pela insti-tuição superior “nos limites” de espaço para “acolher no-vos alunos” como pela escola

No dia em que foi celebrado um acordo de construção do novo campus da Universidade de São José e, simultaneamente, do Colégio Diocesano de São José na Ilha Verde, que se espera concluído em 2014, o reitor Peter Stilwell mostra trabalho para 2013. Uma equipa residente “coesa” e “a tempo inteiro”, renovação de cursos e uma nova Faculdade de Indústrias Criativas são alguns dos objectivos a curto prazo

Universidade de São José e Colégio Diocesano vão estar juntos em 2014

Casa começa a ser arrumada agora

Instalações na Ilha VerdeA área de mais de 12 mil metros quadrados vai ser composta por seis infra-estruturas, entre as quais o Edifício Académico - partilhado pela CDSJ e pela USJ -, o Edifício Residencial, a Aula Magna, a Torre do Sino, a Capela e a “Power House”. As salas de aulas serão distribuídas pelos oito andares do prédio com diferentes áreas de estudo e lazer, de acordo com o apresentado pela empresa MPS. Entre as instalações partilhadas pelas duas instituições contam-se uma piscina, um campo de basquetebol, um ginásio, salas de aula e de música. Todo o campus vai ser equipado com tecnologias verdes, como painéis solares, sistemas de reciclagem de água e materiais de baixo consumo energético. O pavimento será todo feito com calçada portuguesa.

secundária “há vários anos sem lugar”, tem agora uma data prevista de conclusão. Em 24 meses o espaço per-tencente à Diocese de Macau, e cedido há sensivelmente dez anos à USJ, vai ter final-mente destino. “Contamos que daqui a dois anos pos-samos ter o espaço ocupado. Portanto, em Outubro, se as coisas correrem bem - nunca se sabe com as construções e implica financiamento - mas, em princípio, a parte académica devia permitir que nós entrássemos, quer o colégio, quer a universidade, em Setembro ou Outubro de 2014”, avança o responsável máximo da instituição, que fez saber um orçamento total do projecto duas vezes superior aos 300 milhões pre-

vistos inicialmente. Mas as derrapagens e as dificuldades de financiamento são matéria passada e desvalorizada pelo novo responsável, cujo cargo de reitor assumiu em Maio último.

Espera por isso agora que, com optimismo, o ano académico 2014/2015 já possa ter início nas novas instalações. Para tal, e até lá, já têm sido trabalhadas pela reitoria a reforma curricular e estrutura docente, que tem sido alvo de cortes e novas contratações. “Há gente que sai, uns porque encontraram melhor noutro lado, outros porque deixaram de ter lugar e haverá novos que vão en-trando. É uma rotação mais acentuada talvez neste ano de transição do que seria

o habitual mas nada de muito especial. Espero que consigamos ter um corpo docente coeso, em termos de equipa, de dedicação, que uma instituição deste género exige (...) Temos de fortalecer o corpo residente, que é a espinha dorsal da nossa capacidade de sermos uma universidade e não um lugar onde se dão cursos”, explica Peter Stilwell, acu-sando um total de dez saídas e três a cinco entradas. Desta forma, indica, a instituição deixará de depender tanto de académicos convidados.

Confrontado com o facto de a mesma opção se prender essencialmente com razões de equilíbrio de contas, tal como já tinha sido referido anteriormente, o reitor diz

não ter sido esse o “objec-tivo” mas “aliviou” as des-pesas com remunerações. “Alguns estavam no topo da escala salarial mas as razões foram baseiam-se na concentração de precisar de pessoas que estão dedicadas a tempo inteiro (...) Há sem-pre situações que são mais dolorosas, mais difíceis, em todas as instituições estas mudanças não são fáceis. Mas têm de ser feitas.”

FACULDADEDE INDÚSTRIAS CRIATIVASÀ parte das recentes mu-danças no quadro docente, há ainda lugar a alterações de fundo nos programas curriculares. “Vamos ver se conseguimos renovar a parte da Administração Pública (“Government Studies”) e parte de Gestão, que são para nós importantes, e estamos com uma Faculdade de Indús-trias Criativas que nos parece responder a um dos desafios grandes da região - arquitec-tura, design, comunicação social. Vamos terminar este ano com a casa arrumada em termos académicos”, avança Peter Stilwell.

Por outro lado, tal como já tem vindo a ser revelado, alguns mestrados vão sendo fechados gradualmente, bem como cursos “de tipo expe-rimental”, que tiveram um

número limitado de alunos e são “economicamente menos viáveis”.

DESAFIOSDO NOVO ESPAÇOCom espaço para 800 alunos do CDSJ e 1800 universitários da USJ, o novo campus vai juntar as duas instituições naquela que se prevê ser uma mudança com desafios à vista. “Foi uma coisa que me surpreendeu quando tomei posse e analisei o projecto com mais atenção. É possível que me tenham informado disso mas não tinha percepção que iam conviver estas duas instituições de forma tão pró-xima”, revela Peter Stilwell, que explica a necessidade de serem bem estudadas as novas infra-estruturas conjun-tas, projectadas pela Macau Professional Services (MPS) e assinadas pelo designer japonês K. Yagi. “Vamos montar uma equipa conjunta do colégio e da universidade em termos muito concretos e tentar perceber como é que se vai proceder à gestão daquele espaço, de modo a que possa conviver um público comum que é, por natureza, distinto.”

Mas, em todo o caso, vê a vantagem de que os alunos do ensino secundário com con-tacto directo com os univer-sitários possam perspectivar melhor a continuidade dos estudos, em vez de se sentirem logo aliciados pelo mercado de trabalho.

INSTALAÇÕESACTUAIS MANTÊM-SEO espaço do edifício actual da USJ, na Rua de Londres, no NAPE, vai continuar a fazer parte das instalações de ensino da instituição académica, no-meadamente, para os cursos de pós-graduação. “É mais acessível mantermos as ins-talações para serviços de con-tacto e para pós-graduações, que são pessoas normalmente ocupadas profissionalmente, e dá-lhes mais jeito estar no cen-tro da cidade”, indica o reitor.

Manter as instalações no NAPE traduz num acrésci-mo de alunos para a insti-tuição, que actualmente já conta com os 1800 discentes. “Isso significa que nós po-díamos crescer até aos 2000 alunos. Em termos de opção, não queremos ir muito além disso”, vincou Stilwell.

Page 7: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

7sociedadequinta-feira 29.11.2012 www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

A vice-presidente do Instituto de Acção Social (IAS) Vong Yim Mui disse on-

tem que a Lei de Combate ao Crime de Violência Domés-tica pode entrar em processo legislativo ainda este ano. O anúncio é feito depois de o Executivo se ter atrasado. Tudo indicava que a lei chega-ria a votação antes do segundo semestre, depois foi retirada a ideia inicial de ser crime público e avançado que iria novamente a consulta pública e, há um mês, de acordo com a Rádio Macau, o Governo con-firmou que o projecto só seria entregue ao Conselho Execu-tivo no primeiro semestre do próximo ano. Agora, pode ainda haver esperança para quem espera pela protecção

A União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM)

fez um inquérito na rua sobre a satis-fação dos jovens de Macau sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. Com 987 inqué-ritos válidos, entrevistou os jovens de Macau entre 18 e 45 anos, concluindo que 46% dos entrevistados estão geral-mente satisfeitos com as novas LAG. A maioria dos jovens diz ter-se acostu-mado às políticas beneficiárias de curto prazo, mas recomenda que o Governo estabeleça outras a longo prazo.

No mesmo inquérito, 35% dos jovens entrevistados estão satisfeitos com a LAG de 2013, ou seja mais 4% do que no ano passado. Contudo, a taxa de insatisfação também aumentou em quase dois ponto percentuais. A UGAAM considera que os resultados mostram que as políticas do Governo gradualmente recebem a confiança e reconhecimento do público, mas não conseguiram atender às exigências reais da população.

Nas LAG, o que satisfez mais os jovens de Macau foi área de cultura e educação, que inclui subsídios, a aplicação de empréstimos a jovens e as políticas para a segurança social, emprego e economia. Porém, estão insatisfeitos com as áreas de habi-

DEPOIS dos atrasos no novo complexo hospita-

lar, os Serviços de Saúde de Macau (SSM) anunciaram ontem em comunicado que o plano conceptual de todo o pro-jecto já está concluído. “Actu-almente a obra de aterro do lote de terra destinado à construção do referido Complexo e o plano conceptual desta instalação foram concluídos, tendo sido iniciada a obra de sondagem do solo com a duração de 3 meses.”

As contas dos SSM dão con-ta do cumprimento dos prazos segundo o que foi anunciado na última conferência de imprensa sobre o projecto.

“Prevê-se que a execução de todo o projecto seja iniciada oficialmente no segundo semes-tre do ano de 2014, a fim de a primeira fase do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas poder ser concluída e entrar em funcionamento primeiramente no ano de 2017 conforme a calendarização”.

Quanto à conclusão das obras da segunda fase deverá acontecer em 2019, por forma

a “prestar serviço público de saúde de boa qualidade para os cidadãos das Ilhas”. “Os SSM vão continuar a assegurar uma boa execução dos trabalhos de construção do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, melhorando de forma perma-nente os meios complementares dos cuidados de saúde das ilhas até toda a Macau, para que os cidadãos possam ter acesso aos serviços médicos de ainda melhor qualidade”, acrescen-tam ainda.

PROMETIDASMAIS DE 500 CAMASDe acordo com dados forne-cidos no referido documento, os SSM prometem fornecer à população um total de 400 camas para o Hospital Geral, ao nível do serviço de interna-mento, onde está prometida “a prestação de serviços clínicos numa série de especialidades”. Já o hospital de reabilitação “irá dispor de mais de 100 camas destinadas a apoiar os doentes para se recuperarem e reinte-grarem na comunidade”. No centro de emergência estarão

disponíveis ainda cerca de 100 camas.

Na primeira fase do com-plexo vai ser construído o edifício hospital, que integra o hospital geral e o centro de emergência. O edifício da administração e instituto de enfermagem vão também ficar albergados neste espaço.

Na segunda fase do projecto está prevista a construção “de uma série de unidades médi-cas”, tais como o hospital de reabilitação, laboratório de saúde, centro de transfusões de sangue e ainda de controlo de medicamentos, entre outros serviços.

Para os utentes fica prome-tido o acesso a um ambiente de protecção ao meio ambiente e de fim das barreiras. “A fim de facilitar o acesso dos deficien-tes ao Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, bem como a sua saída das mesmas insta-lações, serão adoptadas várias concepções de acesso sem bar-reiras físicas. Para além disso, serão utilizadas as energias re-nováveis no sentido de reduzir as emissões de carbono.”

Lei de Violência Doméstica pode entrar em processo legislativo este ano

IAS prepara sistemas de apoio a vítimas

Jovens de Macau face às LAG de 2013

“É sempre assim e não há surpresas”

Governo promete cumprir prazos para o projecto

Concluído plano conceptual do novo hospital

O IAS respondeu uma carta assinada pelos pais de um grupo de pessoas com deficiência intelectual num jornal. O grupo espera que o Governo possa permitir que as pessoas com deficiência intelectual solicitem assistência financeira em carácter pessoal. O IAS respondeu que, em comparação com

Hong Kong e Taiwan, as condições para a obtenção do subsídio de deficiência já são relativamente frouxas em Macau, não incluindo a revisão dos rendimentos e activos do requerente, por exemplo, o que o IAS diz que reflecte o cuidado que o Governo tem perante estas pessoas.

das vítimas, desde 2008, data onde teve início o estudo da implementação desta lei.

Entre Janeiro e Outubro neste ano, o IAS já recebeu 15 casos de suspeita de abuso infantil e a Associa-ção Contra Abuso Infantil (ACAI) recebeu oito casos de abuso, incluindo dois casos de suspeita de que crianças menores de três anos possam ter sido abusadas sexualmen-te. A directora do Centro da Proteção Infantil (CPI), um departamento sob da ACAI, Choi Hao Kei estimou que há casos mais escondidos em Macau. A responsável não aparenta não concordar com o retirar de crime-público da lei, apelando aos vizinhos que se deparem com even-tuais casos suspeitos para os denunciarem. “Além do tra-balho dos assistentes, ainda precisamos da intervenção do

poder público. Por exemplo, se a mãe descobre que o marido abusa sexualmente de uma criança em casa, vai hesitar denunciar, porque tem pressão social e medo de per-der os recursos financeiros ou a casa. Portanto, as crianças não podem ser protegidas.” Disse ainda que, de acordo com um estudo estrangeiro, em cada caso descoberto, há 99 casos escondidos.

O IAS assegura que está a cooperar com o Instituto Politécnico de Macau (IPM) para estudar a introdução de um sistema de avaliação de violência doméstica, para prevenir possíveis casos. Apesar de não dar detalhes de como este sistema poderá funcionar, Vong Yim Mui assegura que o departamento está a criar uma rede de apoio para os casos na comunidade para ajudar mais vítimas.

IAS respondeu a pais de deficientes mentais

tação, as medidas anti-inflação e os transportes.

Segundo a UGAMM, 25% dos jovens não estão satisfeitos com as políticas contra a inflação. Por isso, esperam que o Governo faça algo mais além de dar sempre cheques para resolver as questões. Quanto aos transportes, a UGAMM espera que o Governo acabe a obra de metro ligeiro o mais rápido possível, bem como ten-te resolver a questão do difícil acesso a autocarros e táxis nos bairros antigos.

Cerca de 20% dos entrevistados com salário mensal de mais de 22 mil patacas estão satisfeitos com a política de benefícios fiscais, mas os restantes jovens dizem que é apenas mais do mesmo. “É sempre assim e não há surpresas.” - C.L.

CATA

RINA

LAU

Page 8: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

quinta-feira 29.11.2012nacional8

A economia chine-sa deverá crescer 7,5% em 2012, a taxa mais baixa

numa década, e embora se prevejam melhorias, a China não deverá crescer acima de 9% nos próximos dois anos, revela a OCDE.

Num documento de pre-visões económicas divulgado esta terça-feira, a Organiza-ção para a Cooperação e De-senvolvimento Económico (OCDE) explica a baixa taxa de crescimento da economia chinesa em 2012 com o reduzido aumento das ex-

portações e com os efeitos na procura interna das medidas do Governo para arrefecer as pressões inflacionárias.

Este objectivo foi al-cançado e as autoridades já começaram, em meados de 2012, a aliviar a política ma-croeconómica, o que deverá suportar o crescimento de curto prazo.

A OCDE estima que a economia chinesa cresça 8,5% em 2013 e 8,9% em 2014, taxas consideradas moderadas em comparação com os padrões registados no passado.

A recuperação do in-vestimento privado deverá continuar, à medida que as taxas de juro diminuem e a disponibilidade de crédito aumenta. No entanto, as ex-portações deverão continuar abaixo do seu potencial.

Nos próximos tempos, a economia da China ainda deverá enfrentar ventos contrários vindos do exterior e a perspectiva de um cres-cimento abaixo do esperado nas economias da OCDE de-verá afectar negativamente o crescimento do país, antecipa a OCDE.

O empresário Carson Yeung Ka--sing, proprietário do Birmin-

gham City, foi ontem presente a Tribunal em Hong Kong no âmbito do processo de branqueamento de capi-tais que envolve centenas de milhões de patacas, tendo a sua defesa alegado inocência. O julgamento deverá estar concluído no prazo de 15 dias.

O magnata do futebol inglês e antigo cabeleireiro Carson Yeung Ka--sing, de 52 anos, foi detido em Junho do ano passado e acusado da prática de cinco crimes de lavagem de dinheiro.

Carson Yeung Ka-sing foi impe-dido em Setembro do ano passado de viajar para o Reino Unido para visitar o clube de futebol inglês, após uma decisão judicial ter revogado uma au-torização concedida no mês anterior.

De acordo com a acusação, cerca de 720 milhões de patacas foram

transaccionados através das contas do empresário.

Apesar dos problemas legais, Carson Yeung Ka-sing assegurou, se-gundo a AP, que irá continuar a apoiar o clube de futebol inglês Birmingham City, que adquiriu em 2009.

O empresário, que começou a trabalhar em Inglaterra aos 16 anos, em 1977, regressaria três anos depois à província chinesa de Guangdong, mais propriamente à cidade de Dongguan, para trabalhar no sector imobiliário.

A origem da sua fortuna não é perfeitamente conhecida, mas sabe-se que em 1994 abriu um salão de cabe-leireiro na zona de comércio e lazer de Hong Kong, em Tsim Sha-tsui, e que fez alguns investimentos em Macau nomeadamente em projectos relacionados com casinos. AS importações chinesas

de queijo, outra novidade ocidental que está a entrar na gastronomia local, duplicaram nos últimos dois anos, mas aquele produto ainda representa apenas 4 % do mercado chinês de lacticínios, revelou ontem um jornal oficial. “É um mercado com grande potencial porque o queijo é ainda um produto novo na China e os seus níveis de consumo são relativamente baixos”, disse um profissional do sector citado pelo China Daily.

Entre os exportadores de queijo para a China, Nova

Segunda vítima mortal da Maratona de Cantão, na ChinaUm participante da maratona de Cantão, capital da província chinesa de Guangdong, que desfaleceu quando participava na prova, morreu depois de ter permanecido oito dias em coma semeando dúvidas sobre a segurança da prova que provocou duas mortes. De acordo com o diário South China Morning Post, Ding Xinqiao, agente imobiliário de 25 anos, morreu na noite de segunda-feira, mais de uma semana depois de ter desfalecido quando faltavam apenas 300 metros para cumprir os cinco quilómetros da mini maratona integrada na Maratona de Cantão a 18 de Novembro. Na mesma prova, o estudante Chen Jie, de 21 anos, desmaiou pouco depois de concluir a prova de dez quilómetros e morreu no dia seguinte. Após as mortes levantam-se duvidas sobre as condições de segurança da corrida, nomeadamente na prestação de cuidados médicos de emergência a vitimas. No caso de Ding Xinqiao, o irmão, que também participou no evento, acusou as equipas de socorro de terem demorado 20 minutos a chegar junto da vítima e deste só ter chegado ao hospital uma hora depois de ter caído inanimado.

OCDE/Previsões Economia chinesa cresce 7,5% em 2012, a taxa mais baixa numa década

Ventos contrários

Cabeleireiro dono do Birmingham City começou a ser julgado em Hong Kong

Do salão de beleza a magnata

China está a descobrir o queijo. Importações duplicaram em dois anos

Nova Zelândia e Austrália nos primeiros lugares

Zelândia e Austrália ocupam os primeiros lugares, com uma quota de mercado de 41,7 % e 20,57 %, respectivamente.

Os Estados Unidos figuram em terceiro lugar, com 20,49 %, muito à frente do melhor país europeu, a França, que detém apenas 4,33 %.

As importações chinesas de queijo subiram de cerca de 530,96 milhões de patacas em 2009 para mil milhões de patacas em 2011, segundo as contas da Comissão Italiana de Comercio citadas pelo China Daily.”Os jovens estão a com-prar queijo para cozinharem

pizzas em casa. Não é caro e dá um toque ocidental ao estilo de vida, o que é chique”, comentou o gerente de uma loja online.

Desde que a China iniciou a política de “Reforma Económi-ca e Abertura ao Exterior”, há 33 anos, Kentucky Fried Chicken, Pizza Hut e McDonald’s e outras cadeias ocidentais de ‘fast food’ que usam muito o queijo nas suas ementas abriram milhares de estabelecimentos no país.

O queijo veio juntar-se ao chocolate e ao café, dois outros produtos “exóticos” que até há pouco tempo não faziam parte dos hábitos alimentares.

Page 9: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

quinta-feira 29.11.2012 9www.hojemacau.com.mo região

PERITOS tailandeses advertiram que o tra-tado de livre comércio que o Governo de

Banguecoque pretende nego-ciar com a União Europeia pode encarecer as sementes para os agricultores, revela ontem o diário Bangkok Post.

Somchai Ratanachueskul, da Universidade da Câmara de Comércio da Tailândia, indicou que o tratado obrigará a Tailân-dia a colocar nas mãos de uma empresa privada o comércio

das sementes, que agora são distribuídas a baixo custo pelo Governo.

Segundo o economista, a Tailândia irá ser obrigada a aderir à Convenção da União Internacional para a Protec-ção das Novas Variedades de Plantas (UPOV), organização intergovernamental que procura a protecção das novas varieda-des de sementes.

O Ministério do Comér-cio da Tailândia prevê iniciar conversações com a União

Europeia em Janeiro de 2013 e pretende fechar o acordo em 2015.

O activista tailandês Witoon Lianchamroon, da organização de Comunidades e Biodiversi-dade da Tailândia, alertou que a inclusão da convenção da UPOV no tratado implicará que as empresas agro-alimentares monopolizem a produção de sementes.

Por outro lado, indicou, as sementes de arroz, soja e ervilhas são produzidas por

agências estatais na Tailândia e baixos preços, mas as verduras e outras sementes no mercado estão controladas por empresas estrangeiras.

O mesmo activista disse que mais de 3,5 milhões de famílias dedicadas ao cultivo do arroz irão ser afectadas com a adesão da Tailândia à UPOV, o que contribuirá para aumentar o índice de pobreza devido ao aumento de preços, que poderão triplicar face aos actualmente praticados.

TÉCNICOS aeroespa-ciais da Coreia do Sul

iniciaram ontem um ensaio geral para a terceira tentativa de colocação de um satélite em órbita através do foguete Naro-1 (KSLV-1), o primeiro parcialmente fabricado com tecnologia do país.

Se conseguir lançar quin-ta-feira com êxito do foguete

com o satélite, a Coreia do Sul, que tem o seu centro de lançamento numa ilha a 480 quilómetros a sul de Seul, será o 13.º país a fazê-lo a partir do seu território.

No entanto as autori-dades responsáveis pelo programa alertaram para a possibilidade de adiamento do lançamento por condições

meteorológicas adversas ou por problemas verificados num dos 600 pontos de controlo que serão revistos antes do lançamento.

A colocação do foguete e satélite em órbita esteve pre-vista para 26 de Outubro, mas foi adiada devido a uma peça danificada entre o foguete e a plataforma de lançamento.

Na primeira tentativa de colocar o satélite em órbita, falhou devido a uma avaria no mecanismo de abertura, apesar de ter atingido a órbita desejada, enquanto que na segunda tentativa o foguete explodiu dois minutos após o lançamen-to devido a problemas no sistema eléctrico.

Coreia do Sul com saldo positivo de 40.500 milhões de patacasA Coreia do Sul, a quarta economia asiática, registou um ‘superávit’ da conta corrente de cerca de 40.500 milhões de patacas em Outubro, elevando a nove meses consecutivos o saldo positivo, revelou o Banco Central sul-coreano. A conta corrente, que reflecte o resultado das trocas com o exterior de bens, serviços, rendas e transferências, caiu ligeiramente face ao mês de Setembro quando atingiu um saldo positivo de cerca de 40.569,8 milhões de patacas. Com os valores de Outubro, o saldo positivo da conta corrente da Coreia do Sul atingiu cerca de 260.390,6 milhões de patacas ligeiramente acima da previsão do Banco Central do país.

Aplicação para telefone móvel inovadora em BanguecoqueUma aplicação de telefone móvel conhecida como Fingi permite aos seus utilizadores abrir a porta e controlar as luzes do quarto e estar em contacto com a recepção do hotel Aloft a partir de qualquer ponto de Banguecoque. “Na recepção entregamos ao cliente um telefone com a aplicação Fingi com o qual também pode efectuar chamadas telefónicas e ligar-se à Internet através da rede Wifi do hotel ou da rede 3G”, explicou à agência Efe Kanya Jirawattananun, relações pública da unidade hoteleira. A aplicação utiliza a tecnologia Android e é disponibilizada a 50 dos possíveis 296 hóspedes do hotel, situado na avenida Sukhumvit, uma das principais da capital tailandesa. Com a aplicação, os utilizadores podem, inclusivamente, aceder ou apagar a luz indicativa da necessidade de limpeza do quarto, controlar as luzes e, controlar a televisão.

Tratado de livre comércio entre UE e Tailândia pode encarecer preço das sementes, alertam peritos asiáticos

Privatizações à vista

Coreia do Sul tenta outra vez colocar satélite em órbita

À terceira será de vez?

Page 10: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

quinta-feira 29.11.2012www.hojemacau.com.mo10 internet

Nicholas Carr, em entrevista, fala dos efeitos nocivos da Internet

“Mudou a nossa percepção do tempo”NICHOLAS Carr, finalista do Pulitzer, tem sido um crítico dos efeitos da In-ternet no nosso cérebro.

Diz que a velocidade e bombardea-mento de informação constante está a fazer-nos perder a capacidade de concentração e a tornar-nos menos reflexivos.

O livro de Nicholas Carr “The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains”, foi finalista dos prémios Pulitzer de não-ficção. Como o título indica, centra-se no impacto da Internet no nosso cérebro e nos efeitos perversos do seu lado distractivo, errático e rápido.

Este é um tema a que se tem dedicado e que o levou a escrever um ensaio amplamente divulgado no meio, “Is Google making us stupid?” (pode ler-se na edição online da re-vista The Atlantic), onde relata a sua experiência de leitura pós Internet e os efeitos na memória e concentra-ção. Autor ainda de The Big Switch: Rewiring the World, from Edison to Google (2008) e de Does IT Matter? (2004), tem debatido o seu ponto de vista em várias universidades pelo mundo.

O que é que o surpreendeu mais no avanço da Internet desde que a começou a usar?O mais surpreendente foi a transfor-mação de um meio de informação para um meio de mensagens – par-ticularmente nos últimos anos, as pessoas tendem a usar a tecnologia para trocar mensagens pessoais, mais do que para procurar informação. Desde o princípio que o email foi uma parte importante da Internet, mas a web era mais usada para a visita a páginas, para encontrar informa-ção e explorar assuntos. À medida que usamos mais as redes sociais, a Internet torna-se mais num meio para enviar e receber mensagens. Não esperava que o uso da tecno-logia mudasse tão drasticamente. Perdemos a capacidade de afastar as distracções e de sermos pensadores atentos, de nos concentrarmos no nosso raciocínio

E como é que esse aumento na troca de mensagens afecta a forma como interagimos e pensamos?A forma como a Internet se desen-volveu tornou-a mais distractiva, exigindo às pessoas que retenham constantemente pequenas partes de informação e que monitorizem pequenas correntes de informação. Uma das grandes mudanças nos úl-timos anos, com o advento de novas redes como o Facebook e o Twitter, e isso combinado com o aparecimento dos smartphones e dos pequenos computadores, é que a forma como a Internet funciona mudou. Portanto, passámos do modelo de ir a uma página web ver o que tinha para ofe-recer para o modelo de informação que está a correr constantemente e que aparece de vários sítios: do sms, do email, das actualizações do Facebook e dos tweets. Isso encora-

jou as pessoas a aceitar interrupções constantes, a fazer várias coisas ao mesmo tempo. Perdemos a capaci-dade de afastar as distracções e de sermos pensadores atentos, de nos concentrarmos no nosso raciocínio, ou seja, a forma como a tecnologia evoluiu nos últimos anos tornou-se mais distractiva; encoraja uma forma de pensar que é a de passar os olhos pela informação e desencoraja um pensamento mais atento.

A geração que cresceu entre o mundo analógico e o digital está entre essas duas formas de pensar e agir, mas quem é “nativo digital” está já imerso nessa realidade multitasking [de tarefas múltiplas] e distractiva que descreve. Isto não é mais uma mudança do que propriamente uma perda na forma como essa geração pensa?A diferença é que quanto mais cedo se está imerso na tecnologia – e é verdade que a tecnologia está a ser usada por pessoas cada vez mais

novas –, maiores serão os efeitos na forma como aprendem a pensar. Uma das coisas que se sabem é que as grandes mudanças no nosso cérebro acontecem quando somos novos. Portanto, se as crianças estão imersas numa tecnologia que enco-raja o multitasking e o pensamento distractivo, vão adaptar-se a isso e infelizmente não vão ter a oportuni-dade ou o incentivo para desenvolver modos de pensar mais contemplati-vos e reflexivos. Há o mito de que os “nativos digitais” não sofrem os efeitos das novas tecnologias, porque se adaptam desde cedo. Acontece que isso é completamente errado, são bastante influenciados pelos aspectos positivos e negativos da tecnologia, porque ela marca a forma como pensam desde o princípio.

Como é que imagina as principais mudanças na forma de pensar desta geração daqui a dez anos?Não estou convencido de que exista essa separação clara e definida entre

uma geração e outra, a dos “nativos digitais” e a dos “imigrantes digi-tais”. A tecnologia é usada por mais velhos e mais novos e os efeitos tendem a ser os mesmos para a maio-ria. As conexões do nosso cérebro formam-se durante esse período em que lançamos as fundações do nosso modo de raciocinar que perdura o resto das nossas vidas. Se a maior parte da nossa experiência se centra em olhar para um ecrã, em particular um ecrã de computador, que encoraja mudanças rápidas na nossa atenção, o multitasking e a atenção repartida, então esse passa o ser o modo como optimizamos o nosso cérebro para agir – treinamo-nos a nós próprios para pensar dessa forma. Por outro lado, se não dermos oportunidade para desenvolver outros modos de pensar mais atentos que requerem concentração – o tipo de pensamento que é encorajado, por exemplo, por um livro impresso, porque não há mais nada além das páginas –, isso vai influenciar a forma como pensamos e mais especificamente a estrutura do nosso cérebro. Essen-cialmente, estamos a fazer uma es-colha ao disponibilizar a tecnologia para crianças cada vez mais novas, estamos a fazer com que elas pensem de uma forma que diria superficial, dando informação a toda a hora, dividindo a sua atenção. Não penso que isto seja a primeira vez que isto acontece com a tecnologia, mas a sociedade devia fazer julgamentos sobre a forma como usamos as nossas mentes baseados no que a tecnologia tem de bom e de mau.

No seu livro “The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains” fez uma analogia sobre as novas ferramentas com os ma-pas, que transformaram a nossa noção de tempo e de espaço, e, por exemplo, o relógio mecânico, que na altura também transformou a nossa noção do tempo. Porque acha que a Internet tem mais influ-ência na nossa forma de pensar do que os mapas ou relógios tiveram na altura?

Acho que os mapas e os relógios não influenciaram completamente a for-ma como pensamos, eles encorajam modos de pensar mais abstractos sobre o mundo, mudaram a nossa percepção do espaço e de tempo. Olhando para a Internet e para os computadores em geral: nunca tivemos tecnologia que usássemos tão intensamente durante todo o dia, cada vez mais pessoas usam smartphones. Que modos de pensa-mento a tecnologia incentiva e que modos de pensamento desincentiva? Como disse, encoraja um modelo de pensamento mais disperso e desen-coraja um pensamento mais atento. Algumas pessoas podem dizer que o pensamento mais tranquilo, contem-plativo, não é muito importante, que deveríamos tornar-nos mais superfi-ciais e obter informação mais rapida-mente. Há outras pessoas, como eu, que defendem que há certos aspectos da mente humana a que só temos acesso quando prestamos atenção. Há provas de que a atenção é crucial para a formação de memória, para o pensamento crítico e conceptual e, por isso, essas formas de pensar são extremamente importantes para aproveitar todo o potencial da mente humana.

Falando da memória a longo prazo, uma das coisas que os aparelhos nos permitem fazer – o computador, o email, o telemó-vel – é documentar e arquivar as nossas conversas, relações, muito mais do que antes. Como acha que a nossa relação com o passado vai ser afectada por isso?Não tenho a certeza de que vá afectar o nosso passado. As pessoas tiraram fotografias, e mais recentemente fizeram vídeos, e uma das coisas que sabemos é que, quando estamos a registar estas coisas, achamos que é muito importante, mas depois na verdade não olhamos para elas, achamos um pouco chato revisitar as coisas do nosso passado. É verdade que o Facebook e outros meios nos permitem armazenar mais informa-ções e imagens sobre a nossa vida, mas não tenho a certeza de que as pessoas passem, de facto, muito tempo a olhar para elas. Ter acesso imediato a factos, à informação e às nossas interacções parece influenciar o modo como formamos memórias. Há estudos que mostram que quanto mais se acredita que se vai encon-trar algo através do Google, menos provável é que nos lembremos disso. Não há nada de errado nisso, sempre houve livros. O perigo aqui é que algumas pessoas pensem que, se tudo estiver disponível online, não temos de nos lembrar de nada, não temos de

Não estou convencido de que exista essa separação clara e definida entre uma geração e outra, a dos “nativos digitais” e a dos “imigrantes digitais”. A tecnologia é usada por mais velhos e mais novos e os efeitos tendem a ser os mesmos para a maioria

Page 11: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

PUB

11quinta-feira 29.11.2012 www.hojemacau.com.mo internet

Há provas de que a atenção é crucial para a formação de memória, para o pensamento crítico e conceptual e, por isso, essas formas de pensar são extremamente importantes para aproveitar todo o potencial da mente humana

Nicholas Carr, em entrevista, fala dos efeitos nocivos da Internet

“Mudou a nossa percepção do tempo”ter essa informação pessoal na nossa memória a longo prazo. A questão é que a memória pessoal é diferente daquilo que está online. Muita da riqueza do nosso pensamento vem da nossa capacidade de deslocar infor-mação – factos, emoções – da nossa memória de curto prazo para a nossa memória a longo prazo. É através desse processo – daquilo a que os psi-cólogos chamam “consolidação da memória” – que ligamos aquilo que sabemos, aquilo que aprendemos, a nossa experiência com outros factos e experiências. E são essas conexões, essas conexões pessoais que fazemos entre toda a informação que está na nossa memória, que nos permitem pensar conceptualmente, ir além dos pequenos bocados de informação e factos que os computadores for-necem e formar um conhecimento pessoal único – o que na verdade desenvolve o eu pessoal. Por isso, há o perigo de confundirmos os dados de computador e que estão online

com memória pessoal, que são coisas diferentes e desempenham papéis diferentes. Mas se sacrificamos a nossa memória pessoal porque acreditamos que podemos encontrar tudo online, então perdemos a base do nosso pensamento mais profundo.

Hoje a Internet, como observa, está refém da velocidade e da “alimentação” constante. Como é que os media podem tirar van-tagens de outro tipo de velocidade da Internet?Uma das coisas mais interessantes que a Internet está a mudar é a nossa percepção do tempo – está a fazer--nos esperar por respostas e infor-

mação muito rápidas e a treinar-nos para que, cada vez que clicamos num link, termos informação no se-gundo seguinte. Quando enviamos um sms, um email, esperamos uma resposta muito rápida. Esta mudan-ça da forma como percepcionamos

o tempo e a nossa necessidade de resposta imediata influencia defini-tivamente a forma como usamos os media em geral. Esperamos muito mais estímulos e respostas muito mais rápidas do que as que tivemos no passado. Por um lado, há muitas coisas boas nisso. Por outro, isso desafia as organizações dedicadas a notícias. A distinção na qualidade,

nas fontes de informação torna-se cada vez menos importante, porque as pessoas apenas querem muita coisa e rapidamente – e torna-se difícil para as empresas de media se distinguirem umas das outras e dizerem às pessoas para abrandar e passarem mais tempo em cada coisa que publicam. Não sei como é que a indústria dos media se vai adaptar e fazer a transição, porque ainda estamos no meio do processo.

Disse concordar com os críticos do Facebook e do Twitter que vêem estas redes sociais como meios para satisfazer a nossa vaidade e necessidade de auto-expressão. Como é que responde a outra corrente que as descreve como um bem valioso que mobiliza pessoas e produz conteúdo, tirando vanta-gem das pessoas que têm tempo livre para fazerem coisas a favor da comunidade? Concordo com muitos desses ar-gumentos. Uma das coisas boas da Internet é que permite às pessoas expressarem-se de mais formas do que no passado. Não sou contra a auto-expressão. O que acontece, particularmente com o Facebook, é que se tornou menos sobre auto--expressão profunda e tornou-se mais uma gestão de imagem,

auto-promoção, é a ansiedade de estar constantemente em conversa e a actualizar o perfil. De alguma maneira somos tão puxados pela nossa auto-imagem que estas fer-ramentas nos incentivam a pensar na forma como nos apresentamos a nós próprios, como se fôssemos uma criação mediática a toda a hora. E isso pode interferir com uma auto-expressão profunda. Mas cada rede é diferente – a forma como evoluíram fez com que se tivessem tornado mais uma auto--expressão rápida do que profunda.

Ainda é crítico de projectos como a Wikipédia?Quando escrevi isso em 2005, a Wikipédia não era especialmente boa, embora recebesse já todo o tipo de elogios. Mas tenho de reconhecer que se tornou muito melhor. Em muitos aspectos é uma produção incrível de pessoas que se interessam por democratizar a informação. Melhorou e desempe-nha um papel muito importante de distribuição de informação grátis para pessoas que, de outro modo, teriam dificuldade em chegar a ela. Acho que há sempre o perigo de se tornar a única fonte de informação, em vez de ser apenas o ponto de partida. – in Público

Page 12: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

quinta-feira 29.11.2012vida12

Andreia Sofia [email protected]

“TEMOS aqui as grandes empresas de Macau, e se

fizermos em conjunto algo de bom o impacto na sociedade vai ser for-te. Temos de fortalecer a comunicação com os nossos principais par-ceiros”. Foi desta forma que João Travassos da Costa, administrador--executivo da Companhia

UM consórcio internacional, liderado pelo Instituto de

Plasmas e Fusão Nuclear do Insti-tuto Superior Técnico, ganhou um contrato de 85 milhões de patacas para desenvolver um sistema para o Reactor Internacional Termo-nuclear Experimental (ITER, na sigla inglesa), em construção em Cadarache, França.

O sistema é para detectar e con-trolar a posição do plasma, que vai ser produzido no reactor através da fusão de átomos, à semelhança do que acontece no interior das estre-las. O plasma é um dos estados da matéria em que os átomos de um gás aquecidos a alta temperatura perdem os seus electrões e todo o gás se transforma numa mistura

Empresa organizou primeiro workshop com clientes

CEM quer colaborar com Governo na área ambientalO administrador-executivo da Companhia de Electricidade de Macau garante que o “objectivo principal é colaborar com o Governo no sentido de implementar uma politica mais virada para a segurança, saúde e ambiente”. João Travassos da Costa não comentou a segunda ronda de consulta pública sobre as tarifas da electricidade

Hovione firma parceria com SolviasNo workshop promovido pela CEM uma das empresas convidadas a dar uma palestra foi a Hovione, companhia portuguesa que labora na área da indústria farmacêutica e que tem presença em Macau e na China. No encontro, Denny Chan, responsável pelo sistema de segurança da empresa, foi o responsável pela palestra. Segundo um comunicado de imprensa, a Hovione anunciou uma parceria com a Solvias, empresa oriunda da Suíça por forma a melhorar o tratamento de substâncias.

Portugueses vão criar um detector do reactor de fusão nuclear

Projecto orçado em 85 milhões de patacashomogénea de núcleos positivos e electrões negativos livres, que se movem rapidamente.

O ITER – que será o primeiro dispositivo no mundo capaz de manter uma reacção de fusão nu-clear durante vários minutos e de gerar quantidades consideráveis de energia – não deverá estar pronto antes de 2020, segundo as últimas indicações. Entre os parceiros do reactor está a União Europeia, os EUA, o Japão, a China e a Rússia. “O plasma deve ser posicionado para que não toque nas paredes da câmara de vácuo, uma vez que, devido ao seu elevado conteúdo energético, danificaria os mate-riais”, explica ao jornal Público Bruno Gonçalves, que lidera o

consórcio, juntamente com Paulo Varela, ambos do Instituto de Plas-mas e Fusão Nuclear (IPFN). O consórcio inclui ainda um instituto espanhol e outro italiano.

Nos próximos quatro anos, o IPFN e os outros elementos do con-sórcio vão desenvolver um sistema de detecção e controlo da posição do plasma baseado na radiação de microondas e que funcionará de maneira semelhante a um radar. “Este sistema emite um feixe de microondas que é reflectido pelo plasma, onde ocorrem as reacções de fusão nuclear. Medindo a dife-rença de tempo entre a emissão e a recepção, conseguimos determinar a posição do plasma”, explica Bruno Gonçalves.

de Electricidade de Macau (CEM) lançou a pedra para o primeiro workshop de “partilha de experiências” com os seus clientes, no-meadamente as grandes empresas do território consumidoras de energia.

Ao Hoje Macau, João Travassos da Costa frisou que o objectivo para o futuro é “colaborar com o Governo no sentido de implementar uma politica mais virada e com maiores preocupações no domínio da segurança, saúde e am-

biente, e ao mesmo tempo melhorar a qualidade de vida de Macau”. Travassos da Costa não quis prestar quaisquer declarações so-bre o anuncio da segunda fase de consulta pública sobre a actualização das tarifas da electricidade.

Edmond Sassouvi Etchri, responsável pela área de segurança da CEM, garantiu que “o Governo tem feito muito nesta área (ambiental), através de diversas ini-ciativas. Acredito que no futuro vão surgir mais”.

“CONSOLIDAÇÃO” AMBIENTALSobre a primeira edição do workshop que teve ontem lugar na estação eléctrica de Coloane, João Travassos da Costa frisou que pretendem “partilhar com as outras empresas de Macau aquilo que sabemos,

e que desta partilha resulte algo de bom para ambos”. “Começámos há uns bons anos a desenvolver e refor-çar uma cultura de cuidados com o ambiente, segurança e saúde. Essas coisas demo-ram tempo e achamos que agora a cultura empresarial nesse domínio está mais ou menos consolidada. (Com o workshop) era tempo de dar um novo passo.”

Para o futuro, o ad-ministrador-executivo da CEM garante que vão ser feitos investimentos em equipamentos ecológicos mas que “não são grandes, daqueles que fazem capas de jornais”. “Sobretudo ao nível das práticas operacio-nais temos que estar atentos e melhorar sempre que possível. Em termos de in-vestimentos também temos de os fazer. Vão surgindo novas tecnologias que te-mos de acompanhar”.

Page 13: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

13vidaquinta-feira 29.11.2012 www.hojemacau.com.mo

PUB

Privacidade Consigo

(Texto disponibilizado pelo Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais)

Os dados pessoais são muito importantes e também a sua protecção

Tia Isabel disse: “Ó João, ultimamente tenho recebido várias chamadas telefónicas de questionários. Mesmo ontem, atendi uma chamada feita pela empresa A que me fez uma série de perguntas e depois pediram o meu nome e número de telefone, alegando que eram para futuros contactos”.

João: “Participei numa palestra sobre a Lei Protecção de Dados Pessoais e sei que os nossos nomes e números de telefone são dados pessoais. Em Macau os nossos dados pessoais são protegidos pela Lei da Protecção de Dados Pessoais.

Tia Isabel: Como és um “homem dos sete ofícios”, queria perguntar-te o que devo fazer nestas situações?”

João: “Lembro-me que alguém fez a mesma pergunta na palestra, e o orador respondeu que nos termos da Lei da Protecção de Dados Pessoais, o tratamento de dados pessoais só pode ser efectuado se o seu titular tiver dado de forma inequívoca o seu consentimento ou nas situações previstas na lei. De modo geral, nas situações não previstas na lei, a recolha de dados pessoais em inquéritos só pode ser efectuada com o consentimento dado pelo titular dos dados. Por isso, a tia Isabel pode decidir se quer entregar ou não os seus dados pessoais às instituições que lhe telefonam”.

Tia Isabel: “Ah, é assim! Para a próxima, sei o que fazer. Obrigada, Meng.”

João: “De nada! O anúncio quer salientar que: os dados pessoais são muito importantes, esteja atento à sua protecção”. Nos temos do art. 6.º da Lei da Protecção de Dados Pessoais, o tratamento de dados pessoais só pode ser efectuado se o seu titular tiver dado de forma inequívoca o seu consentimento ou em outras situações previstas na lei. Portanto, em situações que não estejam previstas na lei, existe apenas legitimidade para a recolha dos dados pessoais para os inquéritos se o titular de dados tiver dado o seu consentimento. Os titulares dos dados devem por isso ponderar cuidadosamente se querem realmente entregar os seus dados pessoais às respectivas entidades.

(O supracitado caso foi adaptado de uma situação social ou de um caso verdadeiro. Para mais informações sobre a área da protecção de dados pessoais, por favor contacte o Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais por telefone através do número 2871 6006)

DESDE o início da nova época de aves migratórias, em Outubro, que

o número de colhereiros--de-cara-preta, que chegam a Macau para passar o In-verno, tem aumentado. Em meados de Novembro já totalizavam 55, um número muito superior ao registado na época anterior. A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) promete manter um ambiente de re-pouso e descanso para as aves e melhorar as instalações de observação.

Os colheireiros-de--cara-preta migrados para Macau, costumam repou-sar nas margens da Zona Ecológica I ou nas ilhas artificiais da Zona Ecoló-gica II do Cotai, aquando da maré-alta. Chegando a maré baixa, partem para as costas litorais de Macau à procura de alimento. O público pode observar os colheireiros-de-cara-preta utilizando os binóculos nos quatro postos de observa-ção instalados na margem da Zona Ecológica I do Cotai.

Robô Curiosity e bosão de Higgs candidatos a “Pessoa do Ano”O robô Curiosity e a partícula sub-atómica bosão de Higgs estão entre os 38 candidatos a “Pessoa do Ano” da revista Time, que escolheu como aspirantes “não humanos” pela importância científica ou tecnológica que têm. A revista considera o robô “Curiosity”, que explora o planeta Marte, “o melhor automóvel do sistema solar”, mesmo custando 19,2 mil milhões de patacas, e argumenta que sem o bosão de Higgs não seríamos mais que “energia incompleta”. O vencedor será divulgado a 14 de Dezembro mas, apesar de a decisão ser tomadas pelos editores da revista, a Time permite que cibernautas votarem no seu candidato favorito até 12 de Dezembro. De acordo com a EFE, a menina paquistanesa Malala Yusafzai, ferida a tiro pelos talibãs por defender a presença das mulheres nas escolas, é uma destacada aspirante a vencer. O presidente norte-americano, Barack Obama, pela sua reeleição, e o seu rival, Mitt Romney, pela sua derrota, são outros nomeados da lista agora divulgada pela publicação.

Aves regressam a Macau para passar o Inverno

Vá visitar os colhereiros-de-cara-preta

Page 14: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

quinta-feira 29.11.2012cultura14

José C. [email protected]

FORAM ontem anun-ciadas as nomea-ções nas diversas categorias da 55.ª

edição do “ Asian Pacific Film Festival” que vai de-correr este ano pela primeira vez no território da RAEM. O evento será realizado no próximo mês de Dezembro, entre os dias 14 e 16 no Ve-netian, o grande patrocinador do Festival deste ano.

O comité a quem coube escolher os melhores das 12 categorias que integram o concurso foi este ano mais uma vez composto por algu-mas das personalidades mais destacadas de diversas áreas do cinema asiático, como o director do Festival de Ci-

UM jornal oficial chinês criticou ontem Elton

John por ter dedicado o seu concerto em Pequim ao artista dissidente Ai Weiwei e advertiu que a atitude do cantor britânico poderá inviabilizar outros espectáculos com estrelas ocidentais. “O inesperado gesto de Elton John des-respeitou o público e o contrato. Deliberadamente, ele acrescentou conteúdo político ao concerto, que

não devia ser nada mais do que um espectáculo de entretenimento”, disse o Global, jornal de língua inglesa do grupo Diário do Povo, o órgão oficial do Partido Comunista Chinês.

Elton John, que actuou domingo num pavilhão de Pequim, perante cerca de 12.000 espectadores, dedi-cou o concerto ao “espírito e talento” do artista plástico Ai Weiwei, um conhecido crítico do Governo chinês.

“A atitude de Elton John le-vará os promotores chineses a hesitarem ainda mais nos convites a artistas estrangei-ros. John é um veterano do espectáculo, mas aumentou as dificuldades para futuros intercâmbios entre a China e outros países”, afirmou o Global Times.

Segundo vários relatos, o publico quase não reagiu quando Elton John evocou Ai Weiwei e o próprio Glo-bal Times, num editorial

dedicado ao caso, admite que “muitas pessoas não compreenderam o que ele quis dizer”.

O jornal sugere que o público chinês “não deve hesitar em protestar e vaiar o provocador”.

Elton John deverá voltar a actuar na China continen-tal na próxima semana, em Cantão, sul do país, depois de uma série de concertos na Coreia do Sul, Malásia e Hong Kong.

ASSINALANDO o pri-meiro aniversário da

proclamação do Fado como Património da Humanidade, a câmara municipal de Lisboa distinguiu, esta terça-feira, 50 personalidades e duas institui-ções do Fado com a Medalha de Mérito Municipal, grau Ouro. Entre as figuras distinguidas estão nomes como os fadistas Mariza e Carlos do Carmo, o diplomata Fernando Andresen Guimarães e os investigado-res Rui Vieira Nery e Salwa Castelo-Branco pela sua con-tribuição na integração do Fado na Lista Representativa do Património Cultural Ima-terial da Humanidade.

Outros nomes que ajuda-ram a compor a história do Fado, e também premiados, são os artistas Fernanda Maria, Fernanda Peres, João Ferreira Rosa, Joel Pina, José Luís Gordo, Maria Amélia Proença, Mário Moniz Pereira e , Maria-na Silva, considerada em 1952 “Rainha do Fado Menor”.

O grupo das cinquen-ta personalidades integra músicos, fadistas, técnicos,

poetas e compositores, sen-do o guitarrista Raul Nery, falecido em Junho passado, o único distinguido a título póstumo.

A classificação do Fado como Património Cultural Imaterial da Humanidade, foi uma conquista importante para Portugal, sublinhou em Lisboa, a directora-geral do Património Cultural, Isabel Cordeiro. A responsável fa-lava à agência Lusa no final da abertura de um colóquio internacional sobre políticas públicas para o Património Cultural Imaterial (PCI), que decorreu terça e quarta-feira, no Instituto Franco-Português (IFP), em Lisboa. Questio-nada sobre a importância da classificação do Fado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Edu-cação, Ciência e Cultura), há um ano, a nova responsável da DGPC comentou que este primeiro aniversário “tem um sabor especial”. Isabel Cordei-ro destacou ainda que o PCI é uma área muito importante dentro do património cultural.

Leiloeira espera conseguir pertode dez milhões de patacas com pianoO piano que a Sotheby’s vai leiloar em Dezembro, em Nova Iorque, pode bem ser o piano mais famoso do mundo, ainda que nenhum Horowitz, ou Gould, ou qualquer outro pianista de renome, o tenha alguma vez tocado. O instrumento deve a sua considerável celebridade ao facto de aparecer numa das mais comoventes cenas daquele que é provavelmente o filme mais icónico da história do cinema: Casablanca (1942), de Michael Curtiz. Daí que a Sotheby’s tenha agendado o leilão para o dia 14 de Dezembro, quando se cumprem exactamente 70 anos sobre a estreia do filme. A peça já fora leiloada em 1988, tendo então sido arrematada por um coleccionador japonês, que pagou por ela cerca de um milhão de patacas. Agora volta a colocá-la no mercado, e é provável que consiga rentabilizar o investimento, já que a expectativa da leiloeira é que o instrumento atinja cerca de 10 milhões de patacas.

Anunciadas nomeações para a 55.ª edição do “Asian Pacific Film Festival”

Prémios entregues a 15 de Dezembronema de Sidney deste ano, e principal programador entre 2001 e 2012 do Festival Internacional de Cinema de Durban, Nashen Moodley, o programador do Festival In-ternacional de Hong Kong, o crítico de cinema, Freddie Wong, a produtora da bom Film Productions, Oh, Jung--Wan ou ainda a especialista e crítica de cinema japonesa, Teruoka Sozo, entre outros.

O painel de jurados es-colheu para a categoria de melhor filme películas vin-das de Bombaim, Tóquio, Hong Kong, Sidney, Seul e Kuala Lumpur. Os filmes serão exibidos no Teatro do Venetian nos dias 14 e 16 de Dezembro, sendo que para dia 15 está agendada a cerimónia de entrega de prémios.

Jornal chinês critica actuação de Elton John em Pequim

Intercâmbiocom Ocidente mais difícil

Fado é Patrimónioda Humanidade há um ano

Lisboa distingue personalidades

Page 15: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

PUB

15culturaquinta-feira 29.11.2012 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

DEPOIS da notí-cia da demissão do vice-presi-dente da Casa

de Portugal em Macau, Carlos Couto, publicada no Jornal Tribuna de Macau (JTM), a presidente da entidade, Amélia António, confessou que se tratou de uma decisão pessoal e que o projecto Lvsitanvs, a “montra de Portugal” junto às ruínas de São Paulo, é para continuar. “Não te-

Amélia António elogia trabalho de Carlos Couto

“O Lvsitanvs é para andar para a frente”A presidente da Casa de Portugal em Macau é parca em palavras na hora de comentar a saída do arquitecto Carlos Couto, mas assume: “A casa só tem que lhe agradecer pela dedicação”. Joana Fernandes espera que o Lvsitanvs “continue a ser a montra de Portugal”

nho comentários a fazer a não ser elogiar o trabalho que o arquitecto Carlos Couto realizou na Casa de Portugal. Só tenho de lhe agradecer pela dedicação. Ele decidiu sair e entendeu que era o momento certo para o fazer. O Lvsitanvs é para andar para a frente”, disse ao Hoje Macau.

O Hoje Macau tentou por diversas vezes contactar o arquitecto, sem sucesso. Em declarações ao JTM afirmou ter “apresentado a demissão e as razões são do conhecimento da Dra. Amé-

lia António, somos grandes amigos e não quero fazer mais declarações”.

NOVA EQUIPA NO DIA 1O espaço junto a um dos monumentos mais impor-tantes de Macau congrega um restaurante com café e ainda uma montra com pro-dutos portugueses e “made in Macau”.

Gonçalo Rocha era o chef de cozinha e Joana Fernandes era responsável pela gestão do espaço. Embora estejam de saída do projecto, tencionam regressar a Macau. A nova equipa foi escolhida pela Casa de Portugal e começa a exercer funções no dia 1 de Dezembro.

Ao Hoje Macau, Joana Fernandes traça um “ba-lanço positivo” do tempo em que zelou pelos destinos do restaurante. “Fizeram-se muitas coisas este ano que não se fizeram nos primeiros

três meses. Da minha parte espero que continue a ser a montra de Portugal.”

Mas Joana fala mais uma vez da falta de visibilidade que o espaço tem. “Não

temos nenhum anúncio lá fora e temos pouca publici-dade. Já colocámos vários anúncios em publicações de Hong Kong mas não chega”. A gerente que agora cessará

funções acredita que a publi-cidade que falta iria ajudar, até porque “os chineses e japoneses adoram o espa-ço, são clientes habituais”, apontou.

Page 16: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

LISTA DOS MAIS BEM PAGOS (EM MILHÕES DE PATACAS)

José Mourinho (Real Madrid) 153

Carlo Ancelotti (PSG) 135

Marcelo Lippi (Guangzhou Evergrande) 100

Alex Ferguson (Manchester United) 94

Arsène Wenger (Arsenal) 93

Guus Hiddink (Anzhi) 83

Fabio Capello (Rússia) 78

Tito Vilanova (Barcelona) 70

José Antonio Camacho (China) 59

Roberto Mancini (Manchester City) 59

Frank Rijkaard (Arábia Saudita) 53

Jupp Heynckes (Bayern Munique) 52

André Villas Boas (Tottenham) 45

Harry Redknapp (Queens Park Rangers) 40

Jorge Jesus (Benfica) 40

Paulo Autuori (Qatar) 36

quinta-feira 29.11.2012desporto16

PUB

Marco [email protected]

AO terceiro jogo, a selecção de hó-quei em patins de Macau alcançou

a primeira vitória na edição de 2012 do Mundial B. A formação orientada por Al-berto Lisboa derrotou Israel por seis bolas a cinco no derradeiro encontro da fase de grupos da competição, num desafio equilibrado que teve em Hélder Ricardo a sua principal referência. O atleta, natural do concelho de Alcobaça, apontou cinco dos seis tentos com que os campeões asiáticos levaram a melhor sobre a congénere israelita e ajudou a forma-ção do Lótus a garantir a terceira posição no grupo A da competição.

Se as regras que vigora-ram durante a 14.ª edição do Mundial B (realizada há dois

A Pluri Consultoria, empresa brasileira,

divulgou esta terça--feira uma lista com os 30 treinadores mais bem pagos do Mundo. José Mourinho, do Real Madrid, lidera o rol com ganhos anuais de 153 milhões de patacas.

Carlo Ancelotti, do PSG, com 135 milhões

de patacas, e Marcelo Lippi, dos chineses do Guangzhou Evergrande, com 100 milhões de pa-tacas por ano completam o pódio.

Nota para o 13.º lugar de André Villas Boas (Tottenham) e para Jorge Jesus que segundo o estudo aufere quarenta milhões anuais no Ben-

fica, o que lhe permite ocupar o 15.º lugar deste ranking.

De referir ainda que numa lista em que fi-guram oito selecciona-dores nacionais — o italiano Fabio Capello é pago a peso de ouro pela Federação Russa — não constar o de Paulo Bento.

AVISOCONCURSO PÚBLICO N.º 34/P/2012

Faz-se público que, por despacho de Sua Excelência, o Chefe do Executivo, de 8 de Novembro 2012, se encontram aberto o Concurso Público para “Fornecimento de Material de Consumo Clínico para o Bloco Operatório dos Serviços de Saúde”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 28 de Novembro de 2012, todos os dias úteis das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão do Aprovisionamento e Economato, sita Cave 1 do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando interessados sujeitos ao pagamento de $68,00 (sessenta e oito patacas), a título de custo das respectivas fotocópias ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de S. Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 2 de Janeiro de 2013. O acto público deste concurso terá lugar no dia 3 de Janeiro de 2013, pelas 10,00 horas, na Sala do “Museu” situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $100.000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 20 de Novembro de 2012O Director dos Serviços,

Lei Chin Ion

Macau derrota Israel e garante terceiro lugar

Inglaterra é o adversário que se segueO HOJE MACAU ERROU

O Hoje Macau noticiou na sua edição de 28 de Novembro

que a derrota da Selecção de hóquei em patins de Macau

frente à Holanda, em partida a contar para o Mundial B da

modalidade, representava uma machadada nas aspirações

da Selecção do território e colocava em causa a própria

continuidade da equipa em prova. O Hoje Macau, reconhece,

porém que as conclusões apresentadas se basearam numa

comparação, que não devia ter sido feita, com as regras

que vigoraram há dois anos, na 14.ª edição do certame.

Macau não só continua em prova, como mantém intactas as

aspirações a um lugar entre os grandes do hóquei em patins.

Aos leitores do Hoje Macau e aos atletas que representam a

RAEM no Uruguai apresentamos as nossas desculpas.

Mourinho o mais bem pago do Mundo

Jesus também na lista

anos na localidade austríaca de Dornbirn) se tivessem mantido, a selecção do ter-ritório estaria já afastada dos lugares de acesso ao convívio dos grandes do hóquei sobre rodas, mas como o Campeo-nato do Mundo de Canelones se disputa sob novas regras, o grupo de trabalho orientado por Alberto Lisboa mantém vivas as aspirações de con-seguir um lugar no pódio no Uruguay e a consequente qua-lificação para o Mundial A.

A segunda fase do Campeonato do Mundo do Uruguai arrancou na última madrugada, com o primeiro classificado de cada um dos grupos a esgrimir argumentos com o quarto posicionado da poule contrário e o segundo classificado a defrontar a equipa que se classificou na terceira posição. Ao derrotar Israel, Macau con-quistou a terceira posição

e vai tentar garantir um lugar nas meias finais da prova frente à Inglaterra. A selecção inglesa roubou a segunda posição do grupo B ao anfitrião Uruguai, não obstante não ter entrado na competição de forma muito promissora. O conjunto britânico estreou-se no certame com uma derrota surpreendente frente ao Egipto e repetiu o parcial (3-4) na segunda ronda da prova frente à África do Sul. Na recta final da fase de grupos, os ingleses

corrigiram performances e resultados, derrotando o Uruguai por quatro bolas a duas antes de golearem a frágil formação do México por oito-dois. Das nove equipas que dispuraram a primeira fase do Mundial, apenas o cinco mexicano fica de fora da fase a eli-minar do certame.

Para além do Inglaterra--Macau, os quartos-de-final do Campeonato do Mundo--B propiciam duelos entre a África do Sul e Israel, entre a Áustria e o Egipto e o Uruguai e a Holanda. Se conseguir le-var a melhor sobre a formação inglesa, o cinco do território vai esgrimir argumentos na madrugada de sábado com o vencedor do desafio entre uruguaios e holandeses.

Apesar do percurso no Mundial do Uruguai não ter sido o mais convincente até ao momento, Macau conta nas suas fileiras com um

dos jogadores que mais se têm evidenciado na prova. Com dez golos apontados até ao momento, Hélder Ricardo está na corrida pelo título de melhor marcador

da competição, numa pele-ja que envolve ainda o ca-pitão do Uruguai, Claudio Maeso (com 9 golos) e o luso-sul-africano Leandro Araújo.

Todos os sócios da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau são, por este meio, convidados a participar na Assembleia Geral Extraordinária a realizar no próximo dia 18 de Dezembro, pelas 19:00 horas no Clube Militar, com a seguinte ordem de trabalhos: 1) Apresentação, discussão, votação e ratificação dos relatórios de actividades e das contas de exercício e respectivos pareceres do Conselho Fiscal relativos aos anos de 2010, 2011 e 2012. 2) Discussão de outros assuntos do interesse da CSLBM Mais se informa que, nos termos do Artigo 19º, nª 3 dos Estatutos, o plenário terá lugar trinta minutos depois da hora anunciada com qualquer número de membros presente. Macau, 28 de Novembro de 2012

O Presidente da Assembleia GeralJosé Braz-Gomes

Convocatória

Page 17: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

SALA 1KILLING THEM SOFTLY [C]Um filme de: Andrew DominikCom: Brad Pitt, Richard Jenkins, James Gandolfini14.30, 18.00, 19.45

COLD WAR [C](Falado em cantonês e legendado em chinês/inglês)Um filme de: Longman Leung, Sunny LukCom: Aaron Kwok, Andy Lau, Tony Leung Ka Fai, Eddie Peng16.15, 21.30

SALA 2LIFE OF PI [3D] [A]Um filme de: Ang LeeCom: Suraj Sharma, Gerard Depardieu14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3RISE OF THE GUARDIANS [3D] [A](Falado em cantonês)Um filme de: Peter Ramsey16.15, 18.00, 19.45

ALEX CROSS [C]Um filme de: Rob CohenCom: Tyler Perry, Matthew Fox, Jean Reno14.30, 21.30

KILLING THEM SOFTLY

quinta-feira 29.11.2012 17www.hojemacau.com.mo futilidades

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi15:00 Debate das Linhas de Acção Governativa para 2013 – Área dos Assuntos Sociais e Cultura (Directo)20:00 Bullying – Um Murro na Adolêscencia20:30 Telejornal21:00 TDM Talk Show21:30 Perdidos Sr.622:15 Bocage23:00 TDM News23:30 Herman 201200:20 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 Poplusa15:30 AntiCrise16:00 Bom Dia Portugal17:00 Decisção Final17:55 Vingança18:40 Moda Portugal19:10 Maternidade 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:05 Ler +, Ler Melhor22:20 Portugal no Coração

30 - ESPN13:00 PBA Tour - Pepsi PBA Elite Players Championship14:30 Prague Marathon17:30 AFF Suzuki Cup 2012 Malaysia vs. Laos19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 Total Rugby20:30 The Football Review 2012-201321:00 FIFA Beach Soccer World Cup 2013 Russia vs. France22:00 Sportscenter Asia 201222:30 AFF Suzuki Cup 2012 Indonesia vs. Singapore

31 - STAR Sports13:00 Euro Asia Allstars Cup 201216:00 Sports Max 2012/1317:00 Ifmxf Freestyle Motocross World Championships 201217:30 V8 Supercars Championship Series - Highlights19:30 FIA F1 World Championship 2012 - Highlights Brazilian Grand Prix

21:00 Smash 201221:30 (LIVE) Score Tonight 201222:00 FIA World Touring Car Championship 2012 - Highlights22:30 SBK Superbike World Championship 2012 - Season Review23:30 HSBC Sevens World Series 2012/13

40 - FOX Movies11:50 George Harrison15:15 Mr. Popper’S Penguins16:50 The Help19:15 Limitless

21:00 Margin Call22:50 Homeland23:50 Men In Black

41 - HBO12:00 Cowboys & Aliens14:05 Unbreakable16:00 Mr. Wonderful17:50 Boiler Room20:00 The Karate Kid Part Iii22:00 The Bourne Supremacy23:55 The Sum Of All Fears

42 - Cinemax12:15 The Devil’S Advocate14:30 Jonah Hex16:00 Jet Pilot17:55 Dragonheart20:05 The Long Kiss Goodnight22:00 Strike Back23:35 Navy Seals

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

SOFÁ DAS ILUSÕES • Gonçalo Lobo Pinheiro“A poesia de Gonçalo Lobo Pinheiro é o rastreio do sentir do poeta, enquanto ser hu-mano, registando um desenrolar límpido e consequente, permitindo que o leitor se deleite nos seus percursos, lendo-a e relendo-a.” (do Prefácio, António MR Martins)

ETÉREO • Gonçalo Lobo Pinheiro“Etéreo” é uma deambulação por entre o reve-lar constante do despertar do espanto, onde o que é visto se converte no para além do visto.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Não estendida. 2-Campo semeado de cereais. Iam abaixo. 3-Reabilitado. 4-Antes-de-Cristo (abrev.). Rio costeiro de França que desagua no mar do Norte. Bário (s.q.). Escândio (s.q.). 5-Três (Pref.). Senhora (Bras.). Dá queda. 6-Cantor ambulante entre os antigos gregos. Ribanceira. 7-Teatro para vários géneros de representações. 8-Povoação de categoria superior a aldeia. Refresco feito com bicarbonato de soda e ácido tartárico com água açucarada. 9-Adiciono. Textualmente. No tempo de. 10-Aqui. Fazem soar um instrumento musical. Sua (Arc.). 11-Realizamos o casamento.

VERTICAIS: 1-Grande bráctea que envolve e protege a espiga das plantas espadices (Bot.). Animal ruminante. 2-Grespa, encarapinhada. 3-Dessa terra. Imagem ou estátua de falsa divindade. 4-Orladura. Espanto, chamada (Interj.). Tua (Arc.). 5-Reentrâncias das costas marítimas e lacustres. Afastados da conviência social. 6-Arte clínica, medicina. 7-Termina, conclui. Caminho (abrev.) 8-Gratuita. Dignatário etíope. Multidão, queixal (Prov.). 9-Preceptor de crianças ilustres. Alto, topo (pl.). 10-Dia de descanso, entre os Judeus (pl.). 11-Emagrece extraordinarimente. Porver ade aba.

HORIZONTAIS: 1-E. DOBRADA. E. 2-SEARA. CAIAM. 3-P. ILIBADO. A. 4-AC. AA. BA. SC. 5-TRI. SIA. CAI. 6-AEDO. A. RIBA. 7-POLITEAMA. 8-VILA. R. SODA. 9-ADO. SIC. SOB. 10-CA. TOCAM. SA. 11-A. CASAMOS. R.VERTICAIS: 1-ESPATA. VACA. 2-E. CREPIDA. 3-DAI. IDOLO. C. 4-ORLA. OLA. TA. 5-BAIAS. I. SOS. 6-R. B. IATRICA. 7-ACABA. F. CAM. 8-DADA. RAS. MO. 9-AIO. CIMOS. S. 10-A. SABADOS. 11-EMACIA. ABAR

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoO VESTUÁRIO DA POLÍCIAO fervor dos debates sectoriais das Linhas de Acção Governativa (LAG) já diminuiu um pouco esta semana, pelo menos até o secretário Lau Si Io, da tutela das Obras Públicas, se sentar no hemiciclo a explicar como é que vai resolver algumas das questões menos claras que mancharam a sua pasta este ano. Contudo, o fervor continua a outros níveis, e o discurso dos deputados tem andando ao rubro. Eu que ando aqui pela redacção oiço os meus tios jornalistas contarem alguns episódios, e hoje vou aqui contar um que achei especialmente delicioso, mas que não saltou para as páginas dos jornais.Quando se estava a discutir a pasta da Segurança, o deputado Fong Chi Keong, aquele que foi protagonista de um famoso vídeo que já andou pela internet, começou a disparar comentários num discurso muito pouco coerente. No final, falou inclusivamente das fardas dos policias: que estavam fora de moda, que ainda eram do tempo da Administração portuguesa, e que pareciam uns porteiros, os coitadinhos dos policias. À medida que o deputado indirecto ia proferindo um chorrilho de palavras, os seus colegas olhavam para ele e lançavam alguns sorrisos. Atrás, os jornalistas riam-se. Depois, a resposta do Governo foi deveras engraçada: os modelos envergados pela polícia em Portugal poderiam servir de exemplo, que era importante manter a cultura portuguesa. Agora pergunto: até onde vamos com discursos políticos desta categoria? Como é que Macau vai para a frente quando as receitas do jogo não forem a árvore das patacas que tornam esta terra linda e maravilhosa? Como é que o sistema politico vai continuar a sobreviver com discursos, acções e falta de medidas concretas? Mas Fong Chi Keong não é o único, há mais como ele. Há quem faça um bom trabalho na Assembleia Legislativa, mas há outros deputados que ainda não percebi muito bem o que lá andam a fazer.Assim vai Macau no meio das suas belas especificidades.

Pu Yi

Page 18: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

quinta-feira 29.11.2012opinião18

A economia e as finanças portuguesas são efectivamente um buracão onde o maior buraco está ligado directa e intimamente ao Banco Português de Negócios, mais conhecido na gíria televisiva - não compreendida pelos pastores e não só – por BPN. O banco é um buraco financeiro que parece não ter fim. Mas tem responsáveis. Se tem. Tantos quantos souberam colocar à frente da instituição o amigo Oliveira e Costa e que depois embarcaram no fartar vilanagem

O buraco do buracão

cartoon O ABISMO GREGOpor Steff

da estre laCarlos M. Cordeiro

QUI pela serra as conversas dos pastores são sábias e valem sem-pre a pena serem escutadas com atenção. Um deles, perguntou--me o que era isso do “buraco do BPN”, que tinha acabado de

ver na televisão a ser comentado por inter-venientes que usam uma linguagem abso-lutamente inatingível pelo cidadão comum. Por vezes, parece mesmo que não querem que o povinho entenda sobre matéria que o levou à desgraça. Sobre matérias que têm catapultado o país para o lamaçal em que se encontra.

...

A economia e as finanças portuguesas são efectivamente um buracão onde o maior buraco está ligado directa e intimamente ao Banco Português de Negócios, mais conhe-cido na gíria televisiva - não compreendida pelos pastores e não só – por BPN. O banco é um buraco financeiro que parece não ter fim. Mas tem responsáveis. Se tem. Tantos quantos souberam colocar à frente da insti-tuição o amigo Oliveira e Costa e que depois embarcaram no fartar vilanagem.

...

Lá tive de arranjar uma maneira sim-ples de explicar ao amigo pastor o que

era o buraco do BPN e foi assim que lhe disse tratar-se de algo semelhante ao seu rebanho de ovelhas. A sua testa enrugou-se como se ainda fosse ficar mais confuso, mas logo me agradeceu ter compreendido quando expliquei o que lhe aconteceria, e em que situação ficaria, se todos os amigos fossem paulatinamente, e um de cada vez, roubar uma ovelha do rebanho. Amigos da onça, certamente, mas cada um com o seu lucro. Pois foi, foi vergonhoso o que se passou no BPN onde as mais “ilustres” personalidades se financiavam aos milhões de euros sem prestar contas a ninguém. Houve até quem tivesse levantado mais de 70 milhões de euros do banco, com nada de garantia, comprado diversos imóveis, aberto lojas comerciais, edificado uma vivenda no Algarve e, hoje, já se desfez da maioria do património e colocou os dividendos em nome de familiares, em contas “off shores”. Foi assim uma forma de roubar sem que lhe chamassem ladrão. Simples e rentável. Esse foi o fio condutor no bu-raco do BPN, de onde muitos mamaram e apenas um ou dois se encontram em prisão domiciliária.

E no buracão deficitário chamado Por-tugal o buraco BPN inchou, inchou muito para mal de todos os pastores portugueses, tenham ou não cajado na mão. Inchou porque o Governo decidiu nacionalizar o buraco de

modo a ficar um buraquinho? Não, de forma a ficar como o maior buraco jamais visto na história das finanças portuguesas.

O escândalo tem sido enorme. A falta de vergonha ainda pior. Os buraquinhos no interior do buraco BPN não cessam de vigorar e o espanto já nos deixou incrédulos para toda a vida. Recentemente, tivemos conhecimento de um relatório parlamentar que se referia ao custo do BPN, salientan-

do que esse custo já terá subido de forma irreversível mil milhões de euros, rondando agora 3400 milhões. E acrescentava as per-das totais potenciais de 6500 milhões. Só em 2012 temos desde já juros de 236 milhões e mais 265 milhões para responsabilidades contingentes previstas. Serão, pois, mais 501 milhões este ano. Ora, isto, o que é senão um buraco infinito? Um buraco que provoca o maior prejuízo noutras áreas da governação, especialmente no que concerne ao extracto social. Nas pensões, por exemplo. Onde se constata que no Orçamento do Estado para 2013 haverá cortes nas pensões que irão dos 3,5% (pensões entre 1350 e 1800 euros) até aos 40% (pensões acima dos 7546 euros). E uma desgraça nunca vem só, porque também os subsídios de desemprego irão sofrer um corte de 6%.

Estamos perante um buraco digno de realce pela negativa e de uma dor profunda para todos os “pastores” se mais referirmos que esta semana os dois veículos financeiros nos quais foram vertidos os activos tóxicos e de qualidade duvidosa do BPN devem provocar um novo rombo nas contas públi-cas de 2012. Para além dos 2400 milhões de euros já assumidos oficialmente de anos anteriores, teremos um novo agravamento da factura de 100 milhões de euros. Um desvio a ser pago por todos os contribuintes e a certificar que na verdade se trata do maior buraco do buracão global.

A

Page 19: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

19opiniãoquinta-feira 29.11.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

bairro do or ienteLeocardo

I“Se olhares demoradamente para dentro do abismo, o abismo olhará para dentro de ti” – Friedrich Nietzsche, “Para além do bem e do mal”.

Estão a decorrer por estas calendas as Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2013. Tempos houve em que eu seguia com muita atenção esta espécie de programa do Governo para o ano seguinte. Interessava--me, porque pensava que tinha a ver com o meu futuro próximo. Com o nosso, com o de todos, em suma, é suposto ser uma coisa séria. O que vai fazer o Executivo da RAEM para resolver os problemas com que Macau se debate? O que vai fazer para melhorar a vida da população? Acabei por me desiludir, e deixei de acreditar nas LAG. Passaram a ser uma parada de amanuenses “enfatiados” que debitam promessas vazias, recitam textos que não são da sua autoria, e nos quais nem eles próprios acreditam, e nem chegam a prometer mundos e fundos, tal é a ambiguidade daquilo que papagueiam. As tais perguntas dos deputados, que têm supos-tamente um papel fiscalizador da acção do Governo, são um espectáculo que se repete ciclicamente. É como ver o mesmo filme muitas vezes, já sabemos o que vai acontecer a seguir, e às vezes até decoramos as falas. O problema é que este não é lá um filme muito bom. Algumas perguntas parecem coreografadas, as críticas parecem mordazes mas não chegam para ser levadas a sério, enfim, são tudo bons rapazes e raparigas, cada um com o seu monopólio na barriga. Esta é uma das poucas situações em que não me resta senão concordar com aquela fatia da população amorfa que não liga a políti-ca, porque “tem mais que fazer”. As LAG deixaram há muito de servir o seu propósito, que seria de elucidar os cidadãos para o que os espera. Todas as decisões que realmente interessam são urdidas espaçadamente ao longo do ano, ao sabor dos ventos, ou dos assomos de generosidade do Governo. Os intérpretes são sempre os mesmos, tanto que a situação já chegou ao ponto do tédio. Macau deve ser, depois da Coreia do Norte (ou nem isso) o lugar do mundo onde os dirigentes mais tempo se mantêm no poder. Se saem é para outro cargo idêntico, superior, recém e especialmente criado como um fato num alfaiate, ou simplesmente simbólico – caso o menino se tenha portado mal e precise de ser posto na “prateleira”, sem que no entanto “perca a face”. Uma autêntica dança das cadeiras. Por muito mau trabalho que façam, por muito que sejam criticados, por mais escândalos, gafes ou nepotismo que se evidencie, estão ali de pedra e cal. E parece

O abismo

Acabei por me desiludir, e deixei de acreditar nas LAG. Passaram a ser uma parada de amanuenses “enfatiados” que debitam promessas vazias, recitam textos que não são da sua autoria, e nos quais nem eles próprios acreditam, e nem chegam a prometer mundos e fundos, tal é a ambiguidade daquilo que papagueiam

que estão para ficar, “no matter what”. A única excepção a este carrossel das vaida-des foi a de um certo ex-secretário que foi transferido para o Estabelecimento Prisional de Macau, em Coloane, e não foi para um cargo administrativo. Mas isto não se volta a repetir não senhora, e é melhor não falar nisso. Chiu que estamos a ser filmados e escutados.

E o que pode afinal a população espe-rar, não destas LAG, mas do próximo ano civil? Mais do mesmo. Os cheques (sempre anunciados antes do 1 de Maio, para esfriar os ânimos), os subsídios, as “injecções” no tal fundo de segurança social, essa miragem distante, os descontos e as esmolas. As mesmas migalhas que sobram do banquete dos faustosos. Resolver os problemas ime-diatos como a habitação e a especulação imobiliária – problema que podia muito bem ser resolvido com a construção dos milhares de fogos anuais que o Governo vem prometendo desde 2000 – a inflação e outros, “moah”. Desculpem lá mas não pode ser, isso é muito difícil, é mais complicado que resolver um cubo de Rubick, e pronto, sei lá, boa sorte na próxima reencarnação. E o povo lá vai, cantando e rindo, de ombros descaídos e um sorriso amarelo, agradecendo

a esporádica generosidade destes senhores que afinal “sabem o que fazem”. Uma po-pulação lá no fundo descontente, mas que sofre de falta de um par deles no sítio para dizer basta e dar um murro na mesa. Se a sociedade de Macau fosse representada por um corpo sólido, seria um cone. Uma extremidade aguda onde cabem os poucos elitistas e as suas famílias, e uma base de desenrascados que vai ficando cada vez mais larga. Perdoem-me o pessimismo, mas assim caminhamos para o abismo, e cairemos nele sem que demos por isso – se é que já não estamos a cair. Perdoem-me ainda o desin-teresse pelas LAG, que afinal são as “linhas por onde nos cosemos”, usando o bordão jornalístico, mas o que me preocupa é que cidade vamos deixar para os nossos filhos, engolindo estes sapos, sempre os mesmos, todos os anos. Mas pronto, com anestesia, que sempre dói menos.

IIDepois de amanhã, dia 1 de Dezembro, passam cinco anos desde que dei início ao “Bairro do Oriente”, um espaço que chegou a ser de referência na blogosfera de Macau. Herdeiro do blogue anterior, o “Leocardo” (que teve início em Março de 2006), o BDO

é a menina dos meus olhos, o meu jardim à beira-mar plantado, o espaço onde exte-riorizo tudo o que sinto por esta terra que amo e dou asas aos meus devaneios sobre os mais diversos temas. Quando há alguns meses dei a cara e saí debaixo da capa do anonimato, foi um alívio. Já não precisava de fingir ser o que não sou, e podia encarar de frente as inúmeras ameaças que recebi, entretanto nunca concretizadas. Quando o director deste jornal me convidou para assinar este espaço semanal, não pensei duas vezes. Este jornal foi sempre, na minha opinião, o espaço mais livre na imprensa do território – sem querer menosprezar a restante imprensa em português, que se destaca da imprensa em chinês, que não só muitas vezes falha em informar con-dignamente o grosso da população, que só entende a língua chinesa, como ainda pactua com o poder, em nome da manutenção de subsídios e outras vantagens. Sempre fui e sou aberto a todas as opiniões, correntes de pensamento e ideologias, desde que não vão apenas pela via do insulto gratuito. O que me incomoda mesmo é o mono-pensamento, a concordância absoluta, a unanimidade que por aí grassa. O contraditório excita-me, faz-me subir a adrenalina. Contudo, tanto no blogue como no dia-a-dia, continuo a sentir o desprezo e a encarar a arrogância de certos senhores, auto-intitulados donos da razão. São sobretudo pessoas mais velhas, muito “old school”, que julgam que a idade ou o tempo de permanência no território é um posto, e que lhes dá autoridade para serem tidos e ouvidos antes de mais ninguém, e que ainda tratam a coisa como muito natural, muito ‘noblesse oblige’. Para estes senhores dinossauros, a figura do Leocardo vai con-tra as suas convicções, sejam lá elas quais forem. Isto foi gente que viveu no tempo da ditadura, da censura, podiam ser presos por dizer o que pensavam, sim senhor, têm “estórias” muito giras para contar ao netos, se eles estiverem mesmo interessados. Tal-vez por essas e por outras a minha pequena brincadeira caiu-lhes mal, ou quem sabe se não me reconhecem legitimidade, ou como um deles uma vez disse, falta-me “formação técnica”. Sim senhor, que isto é gente não só com uma vasta experiência, mas ainda por cima com um currículo e habilitações dignas de um Nobel. Para estes ilustres sabichões tão senhores do seu nariz, deixo--vos com uma passagem de “Rei Lear”, da autoria de um dos vossos contemporâneos, o tio Shakespeare: “Os velhos desconfiam da juventude porque foram jovens”. Neste caso foram há tanto tempo que se calhar já nem se lembram...

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

Page 20: Hoje Macau 29 NOV 2012 #2745

quinta-feira 29.11.2012www.hojemacau.com.mo

PUB

Joana [email protected]

A questão do ajustamento sala-rial dos funcionários públicos

continua na ordem do dia e ontem teve lugar mais uma reunião entre Governo e a Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública para debater precisamente a im-plementação de um mecanismo automático para esta actualização. Contudo, de novo, nada. Esta é a conclusão de José Pereira Coutinho, um dos membros da comissão, que critica a forma como está a ser trabalhada a questão. “Tudo o que saiu daquela reunião, tudo o que José Chu [director dos Serviços de Administração e Função Pública] nos disse foi que a proposta que a comissão entregou ao Governo está a ser analisada com muita profundidade. Aquela proposta parece o Oceano Pacífico, está sempre a ser aprofundada”, ironiza o deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM).

Para já, e derivado de reuniões feitas em Janeiro, há duas pro-postas para o ajuste salarial: uma de 6% e outra de 6,8%. Contudo, não há valores definidos nem datas para que o ajuste salarial seja implementado, já que não saiu nenhuma conclusão desta reunião e Florinda Chan disse na semana passada que estava a aguardar o relatório da comissão para decidir o que fazer. Só depois

Função pública Governo diz que proposta ainda está a ser aprofundada

“Parece oOceano Pacífico”

Nova marina espera aprovação do GovernoA Associação de Pequenas e Médias Empresas de Macau (APMEM) já entregaram junto do Gabinete para o Chefe do Executivo um pedido para desenvolverem um projecto de uma marina no valor aproximado de 600 milhões de patacas, estando ainda à espera de aprovação. O projecto terá o nome de “Pearl Harbour” e conta com a participação de dez PME de Macau. O objectivo é que a futura marina fique junto ao Museu da Ciência e da estátua da deusa Kun Iam. A APMEM vai entretanto apresentar o relatório técnico das opiniões junto das autoridades do Continente. Segundo a associação, o projecto não está “ligado ao planeamento dos novos aterros, nem envolve assuntos relacionados com a indústria do jogo. Acreditamos que os planos podem vir a promover o sector dos iates e pode também melhorar a zona da estátua Kun Iam”. - C.L.

da análise deste documento é que iria ser apresentada uma proposta ao Chefe do Executivo.

“POUCA VERGONHA”É desta forma que Pereira Couti-nho retrata a situação que aconte-ceu após a reunião com José Chu. Segundo o deputado, cerca de seis jornalistas esperavam obter decla-rações do director dos SAFP, mas este “saiu a correr pelas escadas traseiras” para evitar falar com os órgãos de comunicação social. Uma atitude que Pereira Coutinho repreende não só por parecer que “há algo a esconder”, mas por não ser a primeira vez que acontece. “Não é normal que o Chefe do Executivo ande sempre a batalhar e a apregoar um ‘Governo transpa-rente’ e depois tenha um director de serviços, que lida com todos os trabalhadores da função pública, a fugir dos órgãos de comunicação social e a não dar informações.” Pereira Coutinho diz mesmo que esta é “uma pouca vergonha” e considera o momento como o mais importante da reunião de ontem.