Hoje Macau 17 DEZ 2011 #2516

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 13 MAX 21 HUMIDADE 40-80% CÂMBIOS EURO 10.4 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEGUNDA-FEIRA 19 DE DEZEMBRO DE 2011 ANO XI Nº 2516 PUB Ter para ler Ambiente de luxo e acesso fácil a bens materiais são tentação fatal para as adolescentes. Sexo precoce tornou-se banal e deixa sequelas. > PÁGINA 8 Sexualidade das jovens em jogo Casinos têm influência negativa Dezembro fulcral para Macau REFORMA POLÍTICA DECIDIDA EM PEQUIM • Última Cantora morre aos 70 anos CESÁRIA ÉVORA DEIXA SAUDADE • Página 5 ESTRELAS DO BASQUETE OFUSCADAS NO COTAI O PALHAÇO ROUBOU O CIRCO • PÁGINAS 2 E 3 GONÇALO LOBO PINHEIRO

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Edição do Hoje Macau de 17 de Dezembro de 2011 • Ano X • N.º 2516

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 13 MAX 21 HUMIDADE 40-80% • CÂMBIOS EURO 10.4 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEGUNDA-FEIRA 19 DE DEZEMBRO DE 2011 • ANO XI • Nº 2516

PUB

Ter para ler

Ambiente de luxo e acesso fácil a bens materiais são tentação fatal para as adolescentes. Sexo precoce tornou-se banal e deixa sequelas. > PÁGINA 8

Sexualidade das jovensem jogo

Casinos têm influência negativa

Dezembro fulcral para Macau

REFORMA POLÍTICADECIDIDA EM PEQUIM

• Última

Cantora morre aos 70 anos

CESÁRIA ÉVORA DEIXA SAUDADE

• Página 5

ESTRELAS DO BASQUETE OFUSCADAS NO COTAI

O PALHAÇO ROUBOU O CIRCO• PÁGINAS 2 E 3

GONÇALO LOBO PINHEIRO

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SEGUNDA-FEIRA 19.12.2011

2www.hojemacau.com.mo

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

EX-VEDETAS DA NBA OFUSCADAS PELO PALHAÇO

Dennis e os outrosEm tempo de Natal, nada melhor do que ir ao circo. Desta vezo prato forte foi basquetebol de luxo, com malabarismos para todos os gostos. O público de Macau, porém, mostrou que gosta mesmoé de quem o faça rir.

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3www.hojemacau.com.moNBA LEGENDS

Nuno G. [email protected]

O Cotai Arena, qua-se cheio, juntou ontem antigas super-estrelas da

NBA (o campeonato de bas-quetebol norte-americano) e vibrou de maneira especial: o pior jogador foi o mais aplau-dido do princípio ao fim. Dennis Rodman arrastou-se, longe da forma que fez dele um dos melhores defesas que a modalidade já conheceu. Falhou várias tentativas de lançamento, mas o público entrava em histeria sempre que pegava na bola. E gritava para que tentasse mais uma vez. Nas poucas vezes que acertou, o pavilhão quase vinha abaixo.

Scottie Pippen e Clyde Drexler, entre outros, lá tiveram de se sujeitar aos papéis secundários, embora mostrassem que continuam capazes de proporcionar um grande show. O ritmo era de

passeio e o resultado pouco importava, mas alternaram cestos e jogadas que fizeram lembrar os tempos em que dominavam as tabelas da NBA. No fim, os brancos perderam 139-143 para os vermelhos. Uma ironia, afi-nal, já que brancos era coisa que não havia em campo.

O PRIMEIRO ACTOHoras antes, na conferência de imprensa, as estrelas de primeira linha souberam logo que não estavam assim tanto à frente. Scottie Pippen, Penny Hardaway e Gary Peyton foram convocados para responder às perguntas do público, tal como Dennis Rodman. Este atrasou-se e houve a suspeita que faltasse, tal como acontecera no dia anterior, quando os jogadores reuniram com 30 miúdos da Associação de Basquetebol Macau-China para bater umas bolas. Nada disso - apenas chegou mais tarde para ter a sua entrada triunfal.

Sem vestido de noiva, como já apareceu, mas com maquilhagem espampanante (incluía pestanas postiças de grande alcance) e o cabelo mais berrante do que um carro alegórico do Carnaval de Ovar. Quando foi dada ordem para perguntas, foram todas para ele. Os colegas, de sorriso amarelo, viam-se relegados para segundo plano. Até que o próprio Rodman, com pena deles, interveio. “Ok, malta, eu não sou a estrela deste show, por favor façam perguntas aos outros, respeitem isso.”

A malta respeitou. Mi-nutos depois, a conferência chegou ao fim. Quando Ro-dman se levantou, os repór-teres esqueceram de novo os outros e rodearam-no. De fotos e mais perguntas. Deu pouca trela, mas lá avisou que iria trazer novo visual para o jogo. E trouxe.

SEM FILTROCampeão da NBA por cinco vezes, Rodman foi sempre

uma personalidade que extravasou os campos de basquete. Por fazer o que queria e falar antes de pen-sar. Namorou Madonna, esteve à beira do suicídio, casou-se por uns dias com a beldade Carmen Electra, an-dou à pancada com colegas e adversários, foi alcoólico. Não necessariamente por esta ordem.

A extravagância nas pala-

vras e na aparência provocou uma excitação no público que dura até hoje. Como se testemunhou no Cotai Are-na. Quando deixou de jogar na NBA, tentou carreira no wrestling e no cinema. Che-gou a protagonizar um filme ao lado de Jean-Claude Van Damme, que acaba de voltar às telas em Expendables 2, com Stallone, Chuck Norris e outros cromos do género.

O Hoje Macau perguntou a Rodman se o regresso ao lado de Van Damme num filme de acção não teria sido do seu agrado. “Bem, talvez tenha alguma acção terça-feira, por isso devo estar preso nessa altura.” A gargalhada foi geral (ele incluído). Depois esclareceu que não faria mais filmes. Felizmente ainda acha que o circo é o maior espec-táculo do mundo.

Rodman na conferência de imprensa, com a primeira maquilhagem (e sobrancelhas) do dia. Para o jogo traria outro look, mas a mesma atitude, que cativou jornalistas e deixou o público em êxtase.

No intervalo, à boa maneira do basquete norte-americano, houve tempo para a actuação de um grupo de cheerleaders. Com alturas assim, é necessário bicos de pés... Pippen à espera de Hardway - velhas estrelas em grande forma.

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4www.hojemacau.com.mo ACTUAL

Maria João BelchiorEm Pequim

BOAS notícias para as escolas de formação e os institutos profissionais europeus que vêem a

procura aumentar numa época em que toda a Europa se contrai. Entrevistado pela Bloomberg, o director da Associação dos Mordomos Profissionais em In-glaterra, Robert Watson, diz que a procura está a ser maior que a oferta e, assim que terminam a formação os recém-formados mordomos arranjam emprego. Apesar da crise, os tempos pa-recem estar a melhorar e Watson diz que “entre largar o Ferrari ou o mordomo, as pessoas escolhem o Ferrari”.

CLIENTES ASIÁTICOSAs economias emergentes asiáticas são cada vez mais importantes para os mercados de produtos de luxo.

A população de Wukan, na cidade de Shanwei, na costa

da província de Guandong, está a protagonizar um dos mais im-portantes levantamentos desde 1989. A revolta foi desencadeada pela morte de Xue Jinbo, 42 anos, líder da comunidade, às mãos da polícia. Os seus familiares acusam as autoridades de infligir uma morte brutal a Xue Jinbo, cujo cor-po apresentava marcas visíveis de agressão e outros abusos. A polícia alega que a causa da morte foi uma falha cardíaca.

Desde Setembro, a popu-lação de Wukan está a travar uma luta contra a apropriação de centenas de hectares de ter-ras por funcionários corruptos do Partido Comunista em conluio com os construtores locais, que se transformaram, nos últimos anos, num sector importante da nova burguesia chinesa.

Após a revolta, a polícia mantém Wukan cercada e im-pede, inclusive, a chegada de alimentos. A palavra Wukan

foi apagada da Internet para impedir que milhões de chine-ses possam obter informações. A população local montou barricadas de defesa usando, inclusive, bilhas de gás, temen-do novas prisões e repressão ao seu movimento.

As autoridades negam-se a entregar o corpo de Xue Jinbo, para que se possa fazer o seu funeral, o que os revoltosos interpretam como uma prova de que a polícia tenta esconder o assassinato.

NOVE MORTOS EM EXPLOSÃO EM MINA DE CARVÃO Uma explosão de gás numa mina de carvão no centro da China provocou a morte a nove trabalhadores. O acidente aconteceu na tarde de sábado na cidade de Sandu, na província de Hunan, numa mina explorada por privados. Um funcionário provincial das equipas de segurança confirmou a morte dos trabalhadores que ficaram retidos na mina e revelou que as causas da explosão, ainda não determinadas, estão a ser investigadas. Os acidentes em minas de carvão na China são comuns embora nos últimos anos, por intervenção das autoridades, as condições de segurança tenham melhorado.

GUANGDONG | ASSASSINATO DE LÍDER PROVOCA REVOLTA EM WUKAN

Poderosos sem rédeas

Desejos de requinte invadem alta classe chinesa

Serviço de luva branca

A ideia de ser servido por alguém de luvas brancas e vestido de fraque parece estar a entrar no imaginário das classes altas da China e da Rússia. E em vez de ser uma figura apenas dos filmes ou dos livros, o clássico mordomo está a voltar às casas particulares.

Agora, além das grandes marcas, o requinte exige um mordomo de luvas brancas.

A procura de clientes vindos da China e da Rússia tem crescido nos últimos três anos. Exclusivos de hotéis de cinco estrelas e clubes privados, os mordomos começam a ser requisitados para eventos em casas particulares. E já não é preciso viver num castelo ou palácio.

Os milionários chineses que-rem cada vez mais ser servidos por mordomos profissionais nas suas casas ou iates particulares. Uma razão que começa a levar

alguns jovens chineses a esco-lherem a profissão que tem uma empregabilidade a chegar aos cem por cento. As empresas res-ponsáveis pela formação também viajam cada vez mais à China para entender e servir esta nova classe alta.

Na Europa existem várias es-colas de formação clássica. E por regra, não ensinam centenas de uma só vez, tentando com cursos para menos alunos educá-los nos mais altos padrões de requinte.

O salário de um mordomo pode chegar a mais de cem mil euros por ano. Mas para lá chegar é preciso

estudar muito, ter sorte e dinheiro para investir.

OITO SEMANAS DE CURSOLocalizada num antigo castelo na Ho-landa, uma das escolas profissionais de formação propõe oito semanas de curso para se tornar mordomo. Com tudo incluído, o curso recebe em média vinte alunos de cada vez. Casa, comida, bebidas, fraque e luvas estão no preço de 13750 Euros que custa para aprender a ser mordomo.

Sem ser preciso justificar o sucesso da escola, a procurar continua a au-mentar. O plano curricular vai desde a comida, à bebida, regras de protocolo

e um pouco de intuição para perceber o que quer o cliente. Os jovens que vi-vem no castelo holandês durante dois meses aprendem a formação clássica do bem servir e do bom ouvinte.

Sem limite de idades, o curso é aberto a todos. E o segredo do sucesso parece estar na motivação. O treino especializado obriga a viagens até hotéis e iates.

As oportunidades de encontrar trabalho são várias e cobrem o mundo inteiro. A própria escola holandesa tem aberta uma página específica para clientes, onde estes podem dizer o que pretendem.

O fenómeno do aumento da procura por clientes chineses nem sempre obriga a vir trabalhar para a China. Cada vez mais os milioná-rios e bilionários chineses investem em mansões e palácios na Europa. E para juntar ao gosto de ter classe, o mordomo parece estar a tornar-se de novo indispensável.

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A China exortou esta sexta-feira o governo portu-guês a avaliar com

“imparcialidade” e “inde-pendência” as propostas à privatização da EDP, uma das quais apresentada pela empresa chinesa Three Gor-ges Corporation (CTG). “O Governo chinês espera que na avaliação das propostas as autoridades portuguesas adiram aos princípios da economia de mercado” e “assegurem que o resultado desta transacção comercial não seja influenciada por factores externos”, disse o porta-voz do ministério chinês do Comércio, Shen Danyang.

Instado a comentar o alegado envolvimento do “governo de um certo país” no processo de privatização da EDP, Shen Danyang afir-mou que o executivo chinês “encoraja” as suas empresas

AS autoridades chinesas voltaram a prender o advo-

gado Gao Zhisheng, conhecido pelos trabalhos em defesa dos Direitos Humanos, consideran-do que Gao violou o regime de liberdade condicional, noticiou a agência oficial Nova China.

Gao, que defendeu desde cristãos na clandestinidade a mineiros das explorações de carvão, foi preso em Fevereiro de 2009 e ficou, na altura, im-pedido de manter contacto com o exterior.

Em Março, quando a polícia o terá libertado, o advogado vol-tou a aparecer, chegando a falar com alguns amigos e colegas, alguns dos quais disseram que Gao continuava a ser perseguido pelas autoridades e expressaram preocupação pelo seu estado de saúde.

Um mês depois, Gao vol-tou a desaparecer e, desde então, nunca mais foi visto, sendo que o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês negou sempre saber qual o seu paradeiro.

Agora, a menos de uma semana de expirar o prazo de liberdade condicional, a agência noticiosa Nova China refere que

um tribunal de Pequim ordenou o regresso de Gao à prisão, por mais três anos, alegadamente por ter “violado seriamente, por diversas vezes, as regras de liberdade condicional”.

Os activistas dos Direitos Humanos consideraram já que a decisão do tribunal mostra que Pequim está determinado a evitar que Gao fale publica-mente do tempo que passou na prisão, e questionam mesmo se o advogado ainda estará vivo.

“Não há nada na notícia da Nova China que indique que ele esteja vivo e de boa saúde”, afirmou Nicolas Bequelin, do grupo activista Human Rights Watch.

“No último minuto decidi-ram que não poderiam deixar o mundo vê-lo ou ouvi-lo e decidiram prendê-lo por mais três anos”, acrescentou.

A agência das Nações Uni-das para os Direitos Humanos apelou a Pequim, já em 2011, para que liberte Gao, cujo nome chegou a ser ventilado para receber o Prémio Nobel da Paz.

Os Estados Unidos e a União Europeia também já debateram com as autoridades chinesas o caso do advogado.

PRODUTOS CHINESES CHEGAMMAIS CAROS AO RETALHO DOS EUA O Natal deste ano nos Estados Unidos apresenta uma novidade: preços mais altos, cortesia da China. Depois de décadas como principal fornecedor de bens de baixo custo para os EUA, a China está a passar por uma mudança profunda. O rápido desenvolvimento económico e uma queda na oferta de jovens trabalhadores estão a elevar os custos da mão de obra. Considerando ainda o aumento no preço das matérias-primas, causado em grande parte pela procura chinesa, e o fortalecimento da moeda chinesa, o resultado é que os artigos “made in China” deixaram de ser tão baratos. A China responde por cerca de 80% das importações de calçado nos EUA; os preços do calçado importado subiram 6,1% em Novembro em relação ao ano anterior. Cerca de 60% das importações de móveis vêm da China; o preço dos móveis importados também subiu 6,1%. Cerca de 80% das importações de malas vêm da China; os preços na categoria de malas e similares aumentaram 8,3% em Novembro. Segundo o Ministério de Recursos Humanos e Segurança Social da China, 21 províncias e municípios aumentaram o salário mínimo anual em Outubro, em cerca de 22%. Autoridades de Shenzhen, o coração industrial da China, disseram no mês passado que vão elevar o salário mínimo na cidade em 15% em Janeiro, esperando assim atrair mais trabalhadores.

STRAUSS-KHAN VAI INTERVIR EM FÓRUM NA CHINA O antigo director do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, vai intervir num fórum económico, esta segunda-feira, em Pequim, naquela que será a sua primeira intervenção pública do género desde o escândalo sexual em Nova Iorque, em Maio passado. Strauss-Kahn deve falar durante 35 minutos, numa conferência organizada pela NetEase, uma das maiores empresas chinesas de Internet, anunciou a firma, ao indicar que, no fórum, participarão mais de 45 economistas reconhecidos no panorama internacional. O grupo irá analisar as perspectivas da economia mundial e de crescimento para a China, é referido na página electrónica da empresa. O jornal francês “Le Figaro” escreve que Dominique Strauss-Kahn espera usar o fórum para “voltar à vida pública no outro lado do mundo”.

GAO ZHISHENG CONTINUA PRESO

Pena após pena

EDP | China insiste no apelo à imparcialidade do governo português

De olho nos “factores externos”a internacionalizarem-se e apoia a candidatura da CTG à privatização da EDP, que qualifica como “uma actividade comercial”. O porta-voz não identificou o referido país.

A empresa alemã E-On e as brasileiras Eletrobraz e CEMIG também são can-didatas à compra da parti-cipação de 21,35 do capital da EDP na posse do Estado português.

Além de “fortalecer a presença global” da CTG e “apoiar o desenvolvimento social e económico” de Portugal, a entrada daquela empresa chinesa na EDP “servirá também como

um alicerce decisivo para a construção de uma relação económica mutuamente vantajosa entre a China e Portugal”, realçou o porta--voz do ministério chinês do Comércio.

EXISTEM “FACTORES EXTERNOS”?“O governo chinês espera que a selecção da proposta vencedora seja baseada nos princípios da abertura, justiça, imparcialidade, transparência e independência de modo a assegurar que o resultado des-ta transacção comercial não seja influenciado por factores externos”, acrescentou.

O prazo para a entrega

das propostas para a com-pra das acções do Estado português na EDP terminou há cerca de uma semana e o resultado deverá ser anun-ciado no próximo dia 22.

Pelo que foi divulgado na imprensa de Lisboa, a empresa estatal chinesa CTG foi a que ofereceu o preço mais alto.

“Estou muito confian-

te. Penso que oferecemos o melhor preço, temos um plano industrial muito bom e também um pro-grama de refinanciamento para o futuro desenvolvi-mento da EDP”, afirmou o presidente da CTG, Cao Guangjing.

Fundada em 1993, para construir e gerir o maior complexo hidro-eléctrico do mundo, a barragem das Três Gargantas, no rio Yang-tze, a CTG é considerada uma das mais importantes empresas da China na área das energias renováveis e está envolvida em projec-tos hidro-eléctricos em 26 países.

COREIA DO SUL/JAPÃO | ESCRAVAS SEXUAIS CONTINUAM A SER PEDRA NO SAPATO DA DIPLOMACIA

O presidente sul-coreano Lee Myung-bak apelou ao governo japonês esforços na resolução de um longo “ressentimento” em relação às mulheres coreanas que serviram como escravas sexuais durante a Segunda Guerra Mundial. Lee Myung-bak, de visita ao Japão, disse em Kyoto que a questão das

mulheres de conforto continua a ser uma “pedra” nas relações bilaterais. O primeiro-ministro nipónico Yoshihiko Noda reiterou, por sua vez, a posição japonesa de que o assunto foi resolvido entre os dois países. As autoridades japonesas já pediram desculpa às mulheres vítimas dos soldados japoneses, mas estas insistem em indemnizações e na punição dos culpados. De acordo com o chefe do Governo japonês, as duas partes falaram ainda sobre questões de comércio livre e segurança.

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6www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

Joana [email protected]

OS deputados da Assem-bleia Legislativa (AL) não querem esconder nada. A Lei de Declara-

ção de Rendimentos e Interesses Patrimoniais foi aprovada, na gene-ralidade, por decisão unânime, na sexta-feira, com os membros da AL a pedirem que as suas declarações e as do Conselho Executivo sejam também abrangidas aquando da divulgação dos bens ao público.

“Quando assumimos este car-go [de deputado] já sabemos que teremos de ceder um pouco dos nossos interesses pessoais em prol dos da colectividade”, frisou Paul Chan Wai Chi.

Também José Pereira Couti-nho, Kwan Tsui Hang, Melinda Chan e Ho Ion Sang concordam com a introdução na proposta de lei da divulgação obrigatória ao público, para que casos de corrupção não voltem a acontecer no território.

A lembrança de Ao Man Long, ex-secretário das obras públicas, não faltou. “Creio que para evitar que sejamos acusados [ de estar a esconder alguma coisa], devemos divulgar os nossos rendimentos. Não nos podemos esquecer do caso Ao Man Long”, alertou Me-linda Chan.

Ho Ion Sang, que recordou também o escândalo de corrup-ção do ex-secretário das obras

OS inquéritos feitos à população sobre a transfe-rência do Terminal Marítimo do Porto Exterior

foram entregues na sexta-feira ao Executivo. Melinda Chan, deputada, foi a responsável por deixar nas mãos da Administração a prova de que 97.4% da população de Macau não quer que o terminal saia da península. “Isto é um assunto que preocupa muito os cidadãos. 53 associações e 38 hotéis quiseram que entregássemos ao Governo as 62 mil respostas. Eu, como deputada, tenho de prestar atenção às preo-cupações deles”, disse ao canal da TDM.

Melinda Chan, mulher de David Chow – antigo deputado e um dos responsáveis pela realização do inquérito -, considera que o Executivo tem de revelar como pretende alterar o “Novo Plano Director das

Novas Zonas Urbanas”, depois de tantas manifes-tações dos cidadãos.

A deputada aponta diversas razões para que não se efectue a mudança do terminal para o Cotai, entre elas os custos da transferência das próprias isntalações, das embarcações e empresas e o facto da ponte que vai ligar Macau a Hong Kong e Zhuhai poder vir a diminuir o número de pessoas que opta pelo transporte marítimo.

Como Jorge Fão, ex-deputado e outro dos responsáveis pelo inquérito, já tinha referido, também Melinda Chan assegura que se o Governo não optar pela decisão dos moradores, outras medidas serão tomadas. Ainda que não tenham sido reveladas quais. - J.F.

LEI DE IMPRENSA DIRECTOR DO GCS APLAUDE OPINIÕES DA AIPIMO director do GCS considerou que as opiniões sobre a Lei de Imprensa transmitidas pelos representantes da Associação da Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM), numa reunião mantida na passada sexta-feira, são “muito valiosas, concretas e construtivas”. Para Victor Chan, são “importantes para referência no futuro e viáveis”. Depois de reiterar que as duas leis estão em vigor há mais de vinte anos e, por isso, talvez seja preciso verificar se estão actualizadas, quanto à questão dos Conselhos de Imprensa e de Radiodifusão, o director do GCS frisou que “o governo não tem nenhuma posição sobre a matéria”.

Deputados devem divulgar rendimentos ao público, dizem membros da AL

Ao Man Long jamépúblicas, deixou ainda o aviso: há que ter em conta os desafios da globalização e seguir a convenção anti-corrupção da Organização Mundial das Nações Unidas. Para isso, defende, nada melhor que publicitar não só o que ganham e o que têm os altos cargos, mas também deputados e membros do Conselho Executivo.

Enquanto Pereira Coutinho e Kwan Tsui Hang acreditam que a divulgação dos bens e dos rendi-mentos ajuda a que não haja cor-rupção – “apesar de não a eliminar totalmente” -, Chan Chak Mo pensa de maneira diferente.

QUEM TEM MEDOCOMPRA UM CÃOOu dois. Foi a sugestão de Pereira Coutinho a Chan Chak Mo, cuja voz foi a única contrária à publicitação dos bens patrimoniais.

Apesar de ter votado a favor da proposta de lei na generalidade, o deputado afirma que mostrar ao público quanto dinheiro ou quantos bens tem pode pôr muitas coisas em causa. E faz a lista: “não gostamos de andar a comparar quanto dinheiro têm uns e outros, nem de deixar a mulher e os filhos saberem quanto dinheiro eu tenho. Além disso, um qualquer maldito pode ir à internet e ficar a saber a nossa riqueza”, defendeu.

Chan Chak Mo fala em segu-rança pública para mostrar o seu desagrado perante a divulgação dos seus rendimentos, mas não

esquece também que as dívidas publicitadas podem estragar ne-gócios.

APERFEIÇOAR A LEI“Foi por causa de não existir um regime aperfeiçoado que aconteceu o caso Ao Man Long”, disse Pereira Coutinho. A maioria dos deputados parece concordar, já que considera ser necessário alterar a lei, quando esta passar a análise na especialidade.

Vasco Fong, comissário contra a corrupção, afirmou que o Go-verno está aberto a alterações. “A introdução dos deputados e dos membros do Conselho Executivo na divulgação ao público tem de ser melhor negociada”.

Para já, a proposta de lei que foi aprovada em plenário na generali-dade aponta que apenas os titulares dos principais cargos – pessoal de direcção e chefia da Administração Pública, titulares de órgãos da ad-minisração de empresas públicas ou com capitais públicos, chefes de gabinete, Chefe do Executivo, pro-curador e presidente do Tribunal de Última Instância – sejam obrigados a declarar. Os deputados não que-rem isso e sugerem melhorias no articulado da lei, nomeadamente, na sua própria inclusão aquando da divulgação dos bens.

Oito anos depois da entrada em vigor da Declaração de Rendimentos, prevê-se que este novo diploma, ago-ra a ser analisado na especialidade, contribua para as expectativas da população na luta contra a corrupção.

TERMINAL MARÍTIMO | MELINDA CHAN ENTREGA INQUÉRITOS AO GOVERNO

O povo vai ser quem mais ordena?

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PEQUIM | ACORDO DE COOPERAÇÃO NO PROJECTO DO METRO LIGEIRO O Gabinente para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) assinou um “Acordo de Cooperação para a Legislação, Pesquisa e Consulta sobre o Transporte de Metro Ligeiro de Macau” com a China Academy of Urban Planning & Design, informou o Governo da RAEM. Segundo o Executivo, “o acordo de cooperação não só pode reforçar o intercâmbio do projecto de carris entre as partes, mas também aumentar directamente as oportunidades para a unidade académica local a participar no projecto de Metro Ligeiro”. A China Academy of Urban Planning & Design pertence a uma das instituições nacionais de pesquisa subordinada directamente ao Ministério de Construção, sendo o Centro de Estudo, Design e Informação Académica para o Planeamento Urbano Nacional.

Joana [email protected]

APROVADO na ge-neralidade com duas abstenções e 21 votos a favor, o Quadro-Geral

do Fundo de Previdência Central vai entrar em funcionamento em 2012. Mas a posição do Executivo em experimentar o regime de for-ma facultativa durante três anos e só depois torná-lo obrigatório não agrada aos deputados. “Se não se trata de uma compartici-pação obrigatória, como pensa o Governo atrair empregadores e funcionários a contribuir para o fundo?”, questionou Ho Io Sang.

Também Au Kam San acredita que o facto de não ser obrigatório com a agravante do montante das contribuições não estar previsto por lei não faz sentido, porque as pessoas vão optar por não aderir.

“A obrigatoriedade de parti-cipar no fundo e as contribuições a serem feitas por três partes – Governo, empregados e em-pregadores – não se vê na lei”, acusa Kou Hoi In, que relembra ainda que empregadores podem não querer contribuir, uma vez que o dinheiro do Fundo não lhes servirá a eles, mas aos seus trabalhadores.

As preocupações dos deputa-dos centram-se no facto de este ser um regime que se arrasta há bastante tempo – desde 2007 – e

DIAS depois de um relatório final do Grupo de Trabalho

para o aperfeiçoamento da con-cessão de campas ter suportado a posição de Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, e José Sales Marques, o ex-presidente da câmara munici-pal provisória de Macau fala em público sobre o processo.

Durante o programa “Rádio Macau Entrevista”, Sales Mar-ques disse estar de consciência tranquila, mas sentir-se ferido pelas acusações a que foi sujeito. A decisão de atribuir as dez campas por ‘arrendamento perpétuo’ – como denominado no caso – foi feita para o bem das famílias, defende, e ajudou mesmo no combate à especulação. “Tudo o que foi feito foi para trazer paz e tranquilidade. Paz aos mortos e tranquilidade às famílias. As pes-soas esquecem que tudo foi feito num período de dificuldades de gestão de emoções, numa fase que se vivia ainda o pós-transferência de administração”, disse à Rádio Macau, acrescentado que “foi ainda possível acabar com todo o tipo de especulações e o que se dizia que podia ser o futuro

do terreno onde se encontra o cemitério S. Miguel Arcanjo.”

O ex-autarca assegura que a câmara municipal da altura nada fez, a não ser cumprir o seu pa-pel e agir com lealdade perante população e órgãos políticos do território.

Esta, que foi a primeira vez que Sales Marques falou à co-municação social depois do caso ser tornado público, serviu ainda para que o antigo presidente re-velasse o que sentiu. “Quem não sente, não é filho de boa gente. Naturalmente, senti-me ferido e profundamente triste com algu-mas coisas que foram ditas e pela forma como foram ditas.”

Se fosse agora, admitiu Sales Marques, as decisões tomadas voltariam a ser retomadas, já que, para o ex-presidente, as campas nunca significaram tema público. “Para mim foi sempre um assunto encerrado. Nunca foi um caso. Nunca foi um assunto, nem se-quer quero pensar nisso.”

A polémica da atribuição das dez sepulturas perpétuas no cemitério de São Miguel Arcanjo pôde finalmente ouvir a voz de um dos envolvidos. - J.F.

SALES MARQUES FALA À RÁDIOSOBRE O ASSUNTO DAS SEPULTURAS

“Nunca foi um caso”

IACM COM SUGESTÕESPARA GESTÃO DE CAMPASSão as novas directrizes do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e passam, por exemplo, por divulgar outras práticas funerárias, que não as tradicionais. Divulgar informação sobre a cremação ou a disposição do corpo na vertical é uma das tarefas. “Vamos dar o pontapé de saída da primeira fase em 2012 e começar por criar novas instalações para cremar os restos mortais, já que as cinzas ocupam muito menos espaço”, disse à TDM Raymond Tam, presidente do IACM. A entidade vem a público depois da conclusão do relatório do Grupo de Trabalho para o Aperfeiçoamento do Processo da Concessão de Sepulturas, consequente do chamado caso das campas.

Fundo de Previdência Central facultativo durante três anos não faz sentido

Primeiro testare depois obrigar

de chegar agora em formato de ‘quadro-geral’, que não prevê nada de concreto como acontece na lei.

Falta a definição do montante das contribuições, a injecção destas pelas três partes e não apenas pelo Governo e, principalmente, a obri-gatoriedade de aderir ao Fundo de Previdência Central.

A transição dos fundos de previdência privados para este também não está explícita.

Cheong U, secretário para os assuntos sociais e cultura, não de-sanima e acredita que o essencial é aprovar esta proposta “o mais rápido possível”, para que sirva de base para o futuro do regime de segurança social. “Depois de três anos vamos avaliar a situa-ção do Fundo, para ver se este passa a regime obrigatório ou

não”, explicou o secretário aos deputados.

COMPRAR SÓ OS CHASSIS“Parece que compramos só os chassis de um carro, sem estofos nem volan-te. Assim não podemos saber em que direcção seguir. Para o bem e para o mal, todos devem contribuir obriga-toriamente para este fundo. Não é só pôr o Governo a injectar dinheiro”, acusa José Pereira Coutinho.

Os deputados acusam o Executi-vo de ter elaborado o quadro-geral de uma forma grosseira e apontam que o diploma, que deveria resolver todos os problemas, não o faz. “Era para ser um regime em 2009 e agora é um quadro que não tem nada lá dentro”, critica Lee Chong Cheng.

No geral, o quadro apenas in-dica a existência de um Fundo de Previdência Central, que começa no próximo ano, onde o Governo injecta dinheiro, mas os contribuin-tes só o fazem e quiserem.

A proposta não fala em montan-tes, nem de onde surgem as contri-buições. A transição dos fundos de previdência privados para o central também não faz parte do quadro, bem como os direitos e deveres das pessoas que contribuem, caso o sistema se torne obrigatório.

Pereira Coutinho ainda pediu a suspensão da aprovação da proposta, por considerar que o diploma foi mal feito, mas viu a intenção fica pelo caminho, com todos – excepto ele – a votarem contra essa sugestão.

As preocupações dos deputados centram-se no facto de este ser um regime que se arrasta há bastante tempo – desde 2007 – e de chegar agora em formato de ‘quadro--geral’, que não prevê nada de concreto como acontece na lei.

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8www.hojemacau.com.mo SOCIEDADE

Ensinar quem deve explicar

Atmosfera de jogo tem influência negativa

Casinos prejudicam sexualidade das jovens

Lia [email protected]

SEGUNDO Hermonie Wong, coordenadora do Complexo de Apoio à Juventude

e Família da Taipa Sheng Kung Hui, o facto de Ma-cau ser uma cidade de jogo influencia negativamente os comportamentos sexuais das raparigas mais novas.

Os casinos, onde exis-tem muitas tentações, são pontos de encontro co-muns. Ambientes luxuosos e bens materiais atraem as adolescentes... e os homens gostam do que vêem. “Elas são levadas pelo dinheiro e, como se preocupam com o

físico, parecem raparigas mais maduras do que realmente são.” Mas se a maturidade aparece no físico, escapa-se na menta-lidade. “Alertar para estas situações não é fácil, porque são demasiado imaturas para percebê-las.”

A vida sexual é inicia-

da cedo. Um estudo do ano passado, feito pela associação com 600 alunos das escolas secundárias da Taipa, entre os 15 e os 18 anos, concluiu que 20% já tinha iniciado relações sexuais, com um quinto desta parcela a assumir que não usava preservativo. Do

total de entrevistados, 40% responderam que em caso de gravidez recorreriam ao aborto.

Sem informação e sem maturidade, a gravidez indesejada torna-se uma consequência provável. A falta de dinheiro para fazer o aborto e a clandestinidade

da opção faz os jovens recor-rerem à ajuda do Complexo.

RICOS E POBRESEm casos de gravidez, as medi-das a tomar já estão definidas. “Começamos com uma entre-vista para saber como aconte-ceu, vamos com elas fazer um teste e depois aconselhamo-las

a contar aos pais.” O que nem sempre é fácil.

As causas de gravidez pre-coce são variadas, de violação a comportamento promíscuos após a toma de drogas. Há pais violentos e outros que simplesmente não aceitam. Na Taipa, por outro lado, os problemas parecem não ter tanto peso. “As famílias são mais ricas e têm possibilidades para ajudar os filhos de outra forma.”

O centro tem neste mo-mento 100 casos de jovens com problemas. Dez por cento es-tão relacionados com gravidez indesejada. Wong refere que é dada opção à jovem, mas “a maioria não está preparada para ser mãe”.

OS pais de Macau ainda são demasiado conservadores e

falar de sexo com os filhos é um tabu. “Comparando com o que se passa nos países ocidentais, os pais chineses são mais convencionais e atribuem esta parte da educação às escolas. Não é correcto, porque devem educar os filhos.” Quem é o diz é Sheila Mui, responsável pelo Complexo de Apoio à Ju-ventude e Família da Taipa Sheng Kung Hui. Uma das associações

PAIS NÃO QUEREM DISCUTIR ASSUNTO COM OS FILHOS

Sexo em silêncioque, juntamente com a Direcção dos Serviços de Educação (DSEJ), promove até Fevereiro do próxi-mo ano actividades no âmbito da educação sexual. “Identificação de informações acerca da sexualidade transmitidas pelos órgãos de comu-

nicação social” é o tema do evento, que pretende levar a mensagem a pais e filhos.

Sheila Mui discutiu o fosso que separa pais e filhos com o Hoje Macau. “Eles acham cedo falar de sexo aos filhos, por exemplo aos

seis anos, e vão adiando a conversa. Mas quanto mais cedo a criança ti-ver noção da sua sexualidade, mais consciente fica. Ainda há muita falta de comunicação.” Um erro que a corrigir, porque a educação “parte de casa e os pais desempe-nham um papel muito importante na sexualidade dos filhos”.

CONSEQUÊNCIAS GRAVESA falta de proximidade com os pais é uma das causas de possíveis comportamentos desviantes a nível sexual. E o silêncio sobre o tema agrava-se quando há valores tro-cados em casa. Muitos dos jovens identificados como “promíscuos” provêm de famílias disfuncionais ou monoparentais. “Na maioria dos casos os pais têm amantes e

não existe uma vivência familiar regular. Maus exemplos que se reflectem nos comportamentos dos jovens”. O abandono escolar, segundo Mui, também deixa os jovens “com mais tempo para se perderem”.

Apesar do fosso de comu-nicação geracional, Sheila Mui identifica outros problemas. “Os adolescentes acham que o que vêm na televisão é correcto e tendem a imitar. Muitas vezes também o fazem porque têm medo de não serem aceites pelo grupo.”

Diz ainda que a juventude consome muitas mensagens erra-das daquilo que vêm nos filmes e na comunicação social. “Não têm capacidade crítica que lhes permita distinguir o bem e o mal”. Os actores são a nova geração de ídolos, que é preciso seguir. “Porque é moda, porque é cool”. Por fim, o consumo de álcool e de drogas está também associado a comportamentos pro-míscuos. - L.C.

Se os pais não conseguem chegar aos filhos, o primeiro passo é ensiná-los. “Quando não têm conceitos correctos, isso dificulta a passagem de informação aos filhos.” A prevenção é a palavra de ordem. Uma atitude responsável perante a sexualidade é aquilo a que se apela. Vão ser realizadas um total de 24 actividades, com um programa destinado a pais e filhos, separadamente, para cumprir o objectivo traçado: promover o diálogo na família e reforçar laços parentais.

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MAIS TRABALHO E FORMAÇÃO PARA DEFICIENTES Os cidadãos com deficiência vão poder ter mais postos de trabalho. A partir do próximo ano, na zona norte de Macau, vai abrir mais uma empresa social. A entidade cria, assim, 200 vagas para trabalhadores deficientes, a quem dá também formação. “Esperemos que depois de adquirirem competências possam competir por melhores empregos no mercado laboral”, frisou à TDM Iong Kong Io, director do Instituto de Acção Social (IAS). O organismo já prometeu a distribuição de três mil subsídios até ao fim do ano para portadores de deficiência e garante que o resto dos pedidos serão satisfeitos até Junho de 2012.

Virginia [email protected]

MAIS habitação pú-blica, ciclovias e de-senvolvimento do tráfego marítimo são

coisas que a população quer no planeamento da urbanização dos novos aterros. As opiniões foram expressas por dezenas de cidadãos, ontem, no Centro de Ciência de Macau, onde se reali-zou a segunda fase de auscultação pública do Plano Director das Novas Zonas Urbanas.

Cerca de 40 residentes locais, membros de diferentes associa-ções, jovens e representantes de universidades foram dizer o que se deve fazer com os novos terrenos que serão roubados ao mar. Alguns dão mais impor-tância à colocação de pistas para bicicletas, em nome da saúde e qualidade de vida dos moradores, ideia que mereceu a concordância de Geng Hongbing, representante do grupo de elaboração do plano.

Sandro Kou, um representante

Segunda fase de auscultação pública do Plano Director das Novas Zonas Urbanas

Povo quer qualidade nos aterros

associativo, sugeriu que o Go-verno deveria pensar seriamente em analisar “se seria possível acrescentar uma pista para bici-cletas no projecto de construção da quarta ponte, para que as pessoas pudessem ir de bicicleta de Macau para a Taipa”. Geng Hongbing considera que, “em teoria, é possível”. No entanto, contrapõe que a ideia tem de ser mais estudada.

Com o rápido crescimento da população e cada vez mais jovens a pedirem soluções de habitação, Sandro Kou questio-nou se o Governo podia, tendo em mãos as últimas estatísticas, responder à procura de habita-ção com políticas populacionais. Cheong Kok Kei, assessor do Gabinete do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, res-pondeu que no planeamento das novas zonas urbanas havia duas propostas para reservar espaço para a construção de 33 mil a 43 mil unidades de habitação. Nú-meros contudo sujeitos a ajustes conforme a situação prática. As

propostas na mesa servem apenas para fornecer alguma referência ao planeamento.

QUE FAZER COM OS LIXOS?Algumas associações lembraram que era importante o Governo divulgar o plano de tratamento a dar aos resíduos produzidos nas novas zonas urbanas. Têm sido citadas devido à ênfase nas baixas

emissões de dióxido de carbono (CO2), mas vão ainda assim produzir lixo que, ao que parece, terá de ser todo encaminhado para Macau. Issac Tong Weng Io, director-general da União de Acção de Três Décadas de Macau, assinalou esse ponto e pergun-tou se isso será mesmo assim, manifestando-se ainda preocu-pado com a possível sobrecarga

que os novos aterros poderiam significar para o sistema actual de incineração.

Ip Kuong Lam, chefe do Departamento de Controlo da Poluição Ambiental (DCPA) da Direcção dos Serviços de Protec-ção Ambiental (DSPA) respondeu que as actuais incineradoras deviam ser suficientes para dar resposta ao desenvolvimento a médio prazo, não havendo para já necessidade de preocupação com o estabelecimento de novas unidades de incineração de lixos nas novas zonas urbanas.

Sobre o tráfego marítimo e o eventual acréscimo de instala-ções de serviço relacionadas, Ip Va Hung, chefe do Departamen-to de Apoio Técnico Marítimo (DATM) da Capitania dos Portos (CP), respondeu que o tema dos transportes públicos marítimos levantava alguns problemas relacionados com o cruzamento de canais e do porto de ligação. No entanto, admitiu que o desen-volvimento de passeios turísticos de barco tinha algum potencial.

TRÊS alunos do ensino primário local, dois de

apelido Lei e um de apelido Ao, de idades compreen-didas entre os 10 e 11 anos, pegaram fogo a um carro, no passado dia 7, pelas 22 horas. O crime ocorreu na Travessa da Prosperidade e foi ateado

FOGO POSTO POR ALUNOS DO ENSINO PRIMÁRIO

A culpa é do tédioatravés da queima de duas caixas de batatas fritas com um isqueiro. Os miúdos fu-giram de imediato do local.

O fogo foi apagado por polícias, que perseguiram os jovens e os detiveram. Con-fessaram ter praticado o cri-me e ainda outros três crimes

de fogo posto, justificando “estarem aborrecidos”. Os prejuízos causados chegam às 60 mil patacas.

O delegado do Procu-rador, depois da análise do caso e das provas obtidas, considerou haver fortes indícios do crime de fogo

posto cometido pelos três suspeitos. Devido à sua idade, contudo, foram trans-feridos para o tribunal para a instauração do processo do regime tutelar educativo dos jovens menores. O caso foi devolvido à polícia para mais investigação.

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10www.hojemacau.com.mo vida

“QUANDO fazemos dieta, ficamos mais gulosos.

Olhamos para um pastel de nata e, de repente, o valor que esse doce tem, em termos de prazer, é muito maior.” Feita por uma jovem cientista portuguesa ra-dicada nos Estados Unidos, esta afirmação não é propriamente novidade, já que qualquer um de nós pode chegar a tal conclusão. Mas como cientista que é, Ana Domingos teve de demonstrar a sua observação empírica em laboratório.

Foi bem sucedida e, em parceria com J. Friedman, o seu estudo sobre o modo como o cérebro regula o apetite foi recentemente publicado na re-vista “Nature Neuroscience”.

A hipótese de partida da cientista, natural de Lisboa, diz que este tipo de distúr-bio de comportamento, que compromete a dieta, se deve a “reduções da leptina”, uma hormona que, entre outras funções, tem um papel primário no controlo do metabolismo dos seres humanos. “À medida que perdemos peso, a concentração da leptina cai”, explica.

UM tubarão azul nas águas dos Açores, junto ao banco submarino “Condor”,

deu a Nuno Sá o primeiro prémio da categoria “Grande Angular” do maior concurso mun-dial de fotografia aquática, o Epson World Shootout Underwater Photo Grand Prix 2011.

Além desta distinção, o fotógrafo, de 34 anos, recebeu um quarto prémio com uma imagem de raias, no banco submarino “Prin-cesa Alice”, também nas águas dos Açores.

Nuno Sá concorreu com 226 fotógrafos de 27 países, que apresentaram mais de 1500 ima-gens em sete categorias – Amadores, Destinos de Mergulho, Conservação Ambiental, Água

Doce, Macro, Grande Angular e Destroços –, captadas durante o mês de Agosto, durante o evento “World Shoot-Out”. Nesse período, fotógrafos dos quatro cantos do planeta mer-gulharam à procura das belezas dos oceanos, lagos, rios e até mesmo debaixo do gelo.

A fotografia do tubarão azul, captada nas águas do Faial, deu o prémio a Nuno Sá, no valor de 2500 dólares (cerca de 1900 euros).

Nuno Sá, fotógrafo profissional desde 2004, especializou-se no tema da vida sel-vagem marinha e actualmente faz parte da equipa do Wild Wonders of Europe, a maior iniciativa europeia de fotografia natureza.

TUBARÃO DÁ PRÉMIO MUNDIAL A FOTÓGRAFO PORTUGUÊS

Azul dos AçoresSER MAIS GULOSO QUANDO SE FAZ DIETA NÃO É IMORAL

Fruto proibido sempre a atacar

PREJUÍZOS CAUSADOS POR CATÁSTROFES BATEM RECORDE EM 2011As catástrofes que afectaram este ano o planeta causaram perdas económicas totais de 2,7 triliões de patacas, um valor recorde. As perdas cobertas por seguros são de apenas 848 mil milhões de patacas, revela a resseguradora Swiss Re, com base em dados preliminares. As perdas económicas das catástrofes para a sociedade ultrapassaram as de 2010, estimadas num total de 1,7 triliões de patacas. Mas 2005 continua a ser o ano com maiores perdas cobertas por seguros, estimadas em 966 mil milhões de patacas. O recorde teria sido quebrado este ano, se “o Japão estivesse melhor segurado”, conclui a Swiss Re.

Deste modo, “níveis muito baixos desta hormona fazem uma fome desmedida, incon-trolável e insaciável”, explica a cientista de 35 anos, actualmen-te a trabalhar na Universidade de Rockefeller, em Nova Iorque. “É por isso que os pacientes que não têm esta hormona, para além de serem obesos, têm este tipo de fome.”

LEPTINA, A PROTAGONISTAAna Domingos resume: “ficar mas guloso, justo quando se

tem de fazer dieta, não é um problema moral mas sim mais uma manifestação biológica da leptina”, uma hormona “negligenciada pelos nutri-cionistas” e que pode ser uma peça fundamental no processo de perder ou ganhar peso.

É que a leptina, a prota-gonista deste estudo, está envolvida não só na sensa-ção de fome – “algo que se pode tentar enganar com truques dietéticos”, como no “quanto gostamos de

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Maria João [email protected]

AUMENTAR o número de incineradoras para o dobro parece ser a única solução possível para lidar com as toneladas de lixo produzidas anualmente na China. A

polémica que continua a levar cidadãos a protestar nas ruas de norte a sul do país parece que veio para ficar. E o governo já divulgou planos estabelecidos até 2015.

Nos últimos quatro anos houve dez grandes protestos com centenas nas ruas desde Guanzhou a Pequim. As dúvidas sobre os riscos das emissões das incineradoras facilitam a crítica a investimentos nestes projectos. Mas a acumulação de lixo à volta das cidades parece não deixar muita escolha ao governo central.

A falta de transparência na escolha dos locais, sem consultas públicas ou debates, leva a que haja uma fatia cada vez maior da população contra a instalação de mais incineradoras. Na dúvida sobre

se coloca riscos para a saúde, todos saem à rua em protesto contra a instalação de um novo vizinho. Só que o dilema persiste sobre o que fazer a mais de 350 milhões de toneladas de lixo produzidas por ano, sendo que mais de 150 milhões são provenientes dos centros urbanos. A população não acredita que não haja riscos para a saúde, resultado de um des-crédito generalizado perante as mensagens oficiais.

Actualmente apenas doze por cento do lixo produzido na China é incinerado. O plano para 2015 é de aumentar a percentagem para mais de trinta por cento. A meta de conseguir incinerar trinta mil toneladas por dia não vai estar livre de polémica.

Criar benefícios e descontos na energia para os residentes que vivam perto das incineradoras é uma das ideias em discussão pelos responsáveis. Mas, ainda assim, não parece ser um processo fácil para convencer a população.

Em 2009 centenas de habitantes organizaram uma manifestação em Guangzhou contra a insta-lação de mais uma incineradora. Notícias sobre a ligação entre a proximidade de uma incineradora e

o aumento de cancros tornam quase impossível que haja uma aceitação pacífica do plano de duplicar a capacidade de incinerar lixo.

O plano quinquenal até 2015 contempla o investimento no tratamento dos resíduos urbanos com a incineração no topo das prioridades. São boas notícias para as maiores empresas da área que vão ter projectos por uns anos. Mas definir o “onde” e “quando” promete ainda trazer muitas críticas à praça pública.

Clickecológico

UM DESCANSO DE GROU• Centenas de grous-comuns (Grus grus) aproveitam a Reserva Natural de Hula Valley, em Israel, como ponto de paragem nas suas migrações entre os hemisférios Norte e Sul.

Foto: Nir Elias/Reuters

SER MAIS GULOSO QUANDO SE FAZ DIETA NÃO É IMORAL

Fruto proibido sempre a atacar

Mais incineradoras na China

A solução inevitável para o lixoSabiaque...

Uma barata pode sobreviver 9 dias sem cabeça até morrer de fome.

PREJUÍZOS CAUSADOS POR CATÁSTROFES BATEM RECORDE EM 2011As catástrofes que afectaram este ano o planeta causaram perdas económicas totais de 2,7 triliões de patacas, um valor recorde. As perdas cobertas por seguros são de apenas 848 mil milhões de patacas, revela a resseguradora Swiss Re, com base em dados preliminares. As perdas económicas das catástrofes para a sociedade ultrapassaram as de 2010, estimadas num total de 1,7 triliões de patacas. Mas 2005 continua a ser o ano com maiores perdas cobertas por seguros, estimadas em 966 mil milhões de patacas. O recorde teria sido quebrado este ano, se “o Japão estivesse melhor segurado”, conclui a Swiss Re.

determinados alimentos, principalmente os açucara-dos”, aponta.

Ana quer ver a terapia de substituição hormonal numa fase de dieta a chegar a mais pessoas: “pode ser que uma dieta funcione melhor se resta-belecermos os níveis perdidos de leptina”.

DA MATEMÁTICAAO ESTUDO DO CÉREBROO percurso de Ana Do-mingos é “um bocadinho

irregular”. Não somos nós que o dizemos, é a própria. “Licenciei-me em Matemá-tica porque para mim era fácil e para os outros não.” Desde cedo deu explicações e, a meio do curso, achava que ia estudar Matemática para o resto da vida.

O Programa de Dou-toramento em Biologia e Medicina da Gulbenkian trocou-lhe as voltas. Incen-tivava os alunos a “aprender o que se faz lá fora, não só em termos técnicos mas, principalmente, culturais e sociais” e a cientista agarrou a oportunidade.

Ana Domingos foi, as-sim, para os Estados Uni-dos, onde já trabalhou com prémios Nobel. Agora está a tentar estabelecer-se em Portugal ou, até, noutro país europeu. O importante é ter condições para desenvolver o próximo projecto: “tentar encontrar como é que o nosso cérebro detecta a presença de nutrientes, tais como o açúcar, independentemente da língua”.

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12www.hojemacau.com.mo CULTURA

A cantora cabo-verdiana Cesária Évora morreu este sábado, aos 70 anos, no Hospital Baptista de Sousa,

na ilha de São Vicente, Cabo Verde. A “diva dos pés descalços”,

como a imprensa se referiu muitas vezes a Cesária Évora, nasceu há 70 anos na cidade do Mindelo, na ilha cabo-verdiana de S. Vicente no seio de uma família de músicos.

Numa das muitas entrevistas que deu, certa vez, afirmou: “tudo à minha volta era música”. O pai, Justiniano da Cruz, tocava cavaquinho, violão e violino, instrumentos que se torna-ram característicos daquelas ilhas, o irmão, Lela, saxofone, e entre os ami-gos contava-se o mais emblemático compositor cabo-verdiano, B. Leza.

“Cise” como era carinhosamente tratada pelos amigos, tornou-se no nome mais internacional de Cabo Verde.

Desde cedo que Cesária Évora se lembrava de cantar, como referiu numa outra entrevista: “Cantava ao ar livre nas praças da cidade para afastar coisas tristes”. Aos 16 anos canta nos bares e nos hotéis come-çando a ganhar uma legião de fãs que a aclamavam já como “rainha da morna”.

A independência da nação afri-cana, em 1975, coincide com o início de um “período negro” da diva cabo--verdiana que deixa de cantar, tem problemas com o álcool e começa a trabalhar noutra área.

DESCOBERTA EM PARISEm 1985 a convite de Bana, pro-prietário de um restaurante e

Do Mindelo para o mundo | Adeus Cesária Évora

Sangue di beironade uma discoteca com música ao vivo em Lisboa, Cise vem à capital portuguesa e grava um disco que passou despercebido à crítica, seguindo para Paris onde é “descoberta” e daqui, como aconteceu com outros cantores, partiu para os palcos do mundo.

Em 1988 grava “La diva aux pied nus”, álbum aclamado pela crítica. Nesta fase da sua carreira tem um papel fundamental, que se manteve até ao final, o empre-sário francês José da Silva.

Em 1992 Cesária Évora gravou “Miss Perfumado” e aos 47 anos torna-se uma “estrela” interna-cional no mundo da world music, fazendo parcerias com outros músicos e pisando os mais pres-tigiados palcos, entre eles as salas portuguesas que esgotavam para ouvir a cantora cabo-verdiana.

Em 2004 recebeu um Grammy para o Melhor Álbum, de world music contemporânea pelo disco “Voz d’Amor”. “Cise” não pára e continua em sucessivas digres-sões, regressando pontualmente à sua terra natal.

ATÉ AO FIM DO MAR AZUL“Eu preciso de quando vez da minha da terra, do povo que sou e deste marulhar das ondas”, afirmou numa entrevista.

A cantora começa então a enfrentar vários problemas de saúde e alguns “sustos” como afirmava, mas regressava sempre aos palcos e aos estúdios.

Em 2009 o Presidente francês Nicolas Sarkozy entrega-lhe a

medalha da Legião de Honra, de-pois de uma intervenção cirúrgica que a levou a temer pela vida.

Cesária voltou aos estúdios e anunciou não só uma digressão como a gravação de um novo disco que deveria sair no pró-ximo ano.

No dia 24 de Setembro numa entrevista ao Le Monde a cantora afirma que tem de terminar a carreira por conselho médico. A sua promotora, Tumbao, con-firma estas declarações, dando conta da tristeza que sentia por ter de o fazer.

Nesse mesmo dia ao princípio da tarde Cesária Évora é interna-da, por ter sofrido “mais um aci-dente vascular cerebral (AVC)” e o diagnóstico clínico da artista cabo-verdiana foi considerado “reservado”, num comunicado emitido pela Tumbao.

Este sábado Cise, aos 70 anos, completados no passado 27 de Agosto, e após uma curta visita a Lisboa onde pediu para passear a pé pelo bairro de São Bento, morreu em Paris. Segundo o di-rector clínico do hospital, Alcides Gonçalves, a morte ocorreu por volta das 11:20 por “insuficiência cardio-respiratória aguda e ten-são cardíaca elevada”.

Ao longo da carreira, além das inúmeras digressões e actuações em programas de televisão, gra-vou 24 álbuns, um DVD, “Live in Paris”, e registou dezenas de colaborações com outros cantores como Caetano Veloso, Marisa Monte, Chucho Gonzalez,

Compay Segundo, ou Salif Keita, entre outros.

O funeral de Cesária Évora, decorrerá terça-feira à tarde no Mindelo, ilha de São Vicente, terra natal da cantora, indicou a família.

A urna contendo os restos mor-

tais de “Cize” será conduzida ao Salão Nobre da Câmara Municipal de São Vicente, onde permanecerá em câmara ardente até à hora da partida para o cemitério. Entre-tanto, o Governo cabo-verdiano passou de um para dois dias o luto nacional.

“Sinto-me muito triste. Era uma boa pessoa e eu gostava muito dela”.

Cláudia da Cruz, 24 anos, empregada de

balcão na Cidade da Praia.

Um “exemplo de mulher”, um “espelho para todas as mulheres cabo-verdianas”.

Maria do Socorro de Pina, doméstica, de 50 anos.

“Sôdade só tem significado na voz de Cesária Évora”.

Daniel Sousa, 80 anos e reformado.

“Era uma mulher simples, amiga de todos, protectora dos que dela necessitavam, uma autêntica cabo-verdiana que não se deixou levar pela fama”.

Basílio Ramos, presidente do Parlamento cabo-

-verdiano.

Um “símbolo eloquente da mú-sica e da alma de Cabo Verde”.

Aníbal Cavaco Silva, Presidente de Portugal

“Tanto Cabo Verde como Portu-gal choram o falecimento desta “excepcional” interprete.

Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal

“Perda irreparável” para “a luso-fonia, para a CPLP, para os países de língua portuguesa, (…) para a humanidade”.

Domingos Simões Pereira, secretário executivo da Comuni-

dade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“Tinha alguma mágoa e tristeza por os portugueses não a terem reconhecido e uma paixão enorme e gratidão para com os franceses que a reconheceram. Era uma pessoa que quando gostava era de forma incondicional, não era uma pessoa de fazer de conta, o que era, era, assim como se não gostava, não gostava e pronto”.

Mariza, fadista

“Eu fazia-lhe cócegas, ela tinha muitas cócegas, e brincava com ela chamando-lhe ‘a minha na-morada’, dizendo que ia casar com ela. Ela respondia-me: ‘você diz isso só no meio das pessoas, quando estamos sozinhos você não diz nada disso’”.“O artista e o poeta praticamente não morrem. Desaparecem mas não morrem e nós vamos ouvir Cesária até ao fim da nossa vida, ela vai existir com as suas mornas e coladeras até ao último dia das nossas vidas”.Tito Paris, músico cabo-verdiano

Vozes ao altoVozes ao alto

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FADO | EDIÇÃO LEMBRA COLABORAÇÃO ENTRE AMÁLIA E MOURÃO-FERREIRADavid Mourão-Ferreira foi o poeta que Amália Rodrigues mais cantou, à excepção de si própria, uma “parceria” que é evocada numa edição CD/mini-livro intitulada “Amália e David - As letras e a história”. A edição discográfica regista todos os poemas de David Mourão-Ferreira que Amália Rodrigues cantou, incluindo dois em francês, “Au bord du tage”, versão de “Fado do Ciúme” de Frederico Valério, e “L’Autonne de notre amour” outra versão, desta feita da canção “Nostalgia”, de Joaquim Luís Gomes.

AS pedras com o brasão de armas português

“testemunham um pedaço da história de Macau”, declarou um responsável do Instituto Cultural, ao justificar a aquisição de parte da fachada da antiga prisão local a um particular.

As duas pedras - uma com a inscrição do brasão de armas português e outra com a data da inaugu-ração da prisão – “Anno de 1912” – da fachada da antiga Cadeia Pública de Macau, foram compradas esta semana pelo Museu de Macau a um funcionário do governo da Região.

O vendedor e proprietá-rio das pedras nos últimos quatro anos, Pak Fok Tong, não avançou valores con-cretos, mas disse à agência Lusa que a transacção foi concluída por “menos de 100 mil patacas”, e que o pagamento será efectuado

GOVERNO ADQUIRE PEDRAS DA ANTIGA CADEIA COM BRASÃO DE ARMAS PORTUGUÊS

“Um pedaço da História de Macau”pelo governo de Macau até Junho do próximo ano.

CONSCIÊNCIADO PASSADOLam Chon Keong, chefe da Divisão de Projectos Especiais do Instituto Cultural, confir-mou entretanto a compra por “um preço muito razoável”, e justificou-a com a exibição da história de Macau. “As pedras testemunham uma parte da história de Macau, e o valor da compra foi razoável, propor-cionando recursos adicionais para mostrar a história” da cidade, disse.

O responsável do Instituto Cultural enalteceu ainda “a consciência pública na conser-vação, colecção e guarda” de artigos do passado de Macau.

“Apreciamos a compre-ensão dos proprietários e os preços razoáveis da venda, facilitando a aquisição. Na verdade, Macau tem um lon-go historial de generosidade

na doação de colecções ao Museu, de que são exemplo o restaurante Long Kei e Chan Tai Pak, Mio Kai Tai, Peter Siu Pei Tak e Peter Lam. Estas peças vão tornar as nossas

colecções ainda mais ricas”, salientou.

Quanto ao fim a dar às pedras, Lam Chong Keong indicou que, antes de mais, serão “limpas e tratadas”, alegando que “devido à sua dimensão” serão primeira-mente guardadas, e exibidas “oportunamente em ambiente adequado”.

“O Museu de Macau tem pedras semelhantes expostas. Atendendo a que vão existir novas colecções no futuro, es-tas poderão ser consideradas numa série de exposições”, adiantou.

COMPRADAS POR VALOR SECRETO NUM ESTALEIRO DE OBRASPak Fok Tong alega que com-

prou as pedras “por um valor secreto” há quatro anos, num “estaleiro de obra” na Taipa, local onde estariam votadas ao abandono, justificando que na altura da compra não fazia ideia de que pertenciam à prisão.

Já este ano colocou as pedras à venda por 300 mil dólares de Hong Kong, tendo publicitado o negócio junto de empresários do jogo e co-leccionadores privados, antes de encetar a negociação com o governo de Macau.

O antigo proprietário justificou a venda com “ques-tões financeiras” e com a mudança de residência, alegando “falta de espaço” para acomodar as pedras na nova morada.

A antiga Cadeia Pública de Macau foi demolida no final do século passado. O actual estabelecimento pri-sional de Macau funciona em Coloane, desde 1990.

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CULTURA15

Dossier n.º: 1588/2009Processo n.º: 917/2011

N.º 295/2011

CHRISTIAN Bale deslocou-se esta semana à China para

promover o seu filme, mas não limitou a sua acção ao cinema. Acompanhado por uma equipa de televisão da CNN, Bale tentou, sem sucesso, visitar o advogado dissidente Chen Guangcheng, re-tido há cerca de um ano em casa, na província de Shandong, leste da China.

O acesso à casa de Chen Guangcheng, numa aldeia rural situada a oito horas de automóvel de Pequim, foi bloqueado por quatro homens, aparentemente polícias à civil, que barraram o caminho ao actor e a uma equipa da cadeia de televisão CNN, que filmou o incidente.

“Estou aqui para ver Chen Guangcheng. Porque é que não posso ver este homem livre”, pro-testou Christian Bale. A resposta

CINEMA | CHRISTIAN BALE IMPEDIDO DE VISITAR ADVOGADO DISSIDENTE

“Queria dizer-lhe como ele é uma figura inspiradora”

dos guardas foi sempre a mesma: “Vão-se embora”.

“O que eu realmente queria era encontrar este homem, cum-primentá-lo e dizer-lhe como ele é uma figura inspiradora”, disse o actor na reportagem difundida pela CNN.

Cego e autodidacta, Chen Guangcheng tornou-se conhecido na década de 1990 por ter assu-mido a defesa de pessoas que se consideravam vítimas de abusos praticados em nome da política de controlo da natalidade “um casal, um filho”.

Chen Guangcheng, 40 anos de idade, já esteve quatro anos na prisão, mas depois de cumprir a pena, em Setembro de 2010, não recuperou inteiramente a liberdade.

Segundo activistas dos direitos humanos, agentes da polícia à civil vigiam diariamente os aces-sos à casa de Chen Guangcheng, impedindo as visitas de amigos e admiradores.

ESTREIA PARA O OSCAR Entretanto, o filme em que partici-pou no principal papel e candidato chinês ao Óscar para o melhor filme estrangeiro, uma superprodução dirigida por Zhang Yimou, estreou na China esta sexta-feira, uma semana antes de chegar às salas norte-americanas.

Em muitos cinemas de Pequim, a cidade mais cinéfila do país, com

cerca de 600 salas, “The Flowers of War” e um épico chinês de artes marciais intitulado “Espadas Vo-adores na Porta do Dragão” são os únicos filmes em exibição nesta altura, que é, tradicionalmente, a mais concorrida do ano.

Passado em 1937 em Nanjing, durante a ocupação japonesa, “The Flowers of War” é também a mais cara produção do cinema chinês, orçamentada em quase 100 milhões de dólares, e a primeira com um consagrado actor de Hollywood. Cerca de metade dos diálogos é em inglês, o que também ajudará a internacionalizar o filme.

No filme de Zhang Yimou, Bale é um agente funerário encarregue de sepultar o padre católico da Catedral de Nanjing, onde se vão refugiar alunas de uma escola secundária e um grupo de prosti-tutas locais.

PORTUGAL E CABO VERDE VÃO CRIAR CENTRO DE DOCUMENTAL DO TARRAFAL Portugal e Cabo Verde assinaram na Cidade da Praia dois protocolos destinados a restaurar o património histórico da Cidade Velha e preservar a memória do Campo de Concentração do Tarrafal, este através de um centro de documentação. Para a Cidade Velha, 15 quilómetros a oeste da capital cabo-verdiana, os 200 mil euros disponibilizados pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) vão permitir ao gabinete do arquitecto português Álvaro Siza Vieira retomar um projecto de reconversão da Ribeira Grande de Santiago que já devia estar concluído há três anos. “Temos de avançar para consolidar o título concedido pela UNESCO (Património Mundial da Humanidade) e é preciso avançar para o restauro de alguns monumentos que estão a degradar-se, para a legislação e expansão da cidade”, disse o ministro da Cultura cabo-verdiano.

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 296/11(Reparação coerciva)

João Paulo Sou, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho Substituto, manda que se proceda, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º e do artigo 11.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008 – Normas de funcionamento das acções inspectivas do trabalho conjugados com o artigo 58.º, n.º 2 do artigo 72.º e n.º 2 do artigo 136.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, à notificação do transgressor do Auto n.º 317/0708/2011, de 17 de Novembro de 2011, empregador LEI CHAN CHONG residente na Rua de Ribeiro Patane, Edifício Iao Wa, 4.º andar ED, em Macau, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte à da publicação dos presentes éditos, proceder ao pagamento da multa aplicada no aludido auto, no valor de Mop$5.000,00 (cinco mil patacas), por prática da transgressão laboral prevista no artigo 77.º e punida na alínea 5) do n.º 3 do artigo 85.º da Lei n.º 7/2008 – Lei das relações de trabalho, de 18 de Agosto, bem como, no mesmo prazo, proceder ao pagamento da quantia em dívida ao trabalhador Sou Wui Cheong no valor de Mop$4.500,00 (quatro mil e quinhentas patacas), devendo ainda, nos 5 (cinco) dias subsequentes ao do termo do atrás citado prazo, fazer prova dos pagamentos efectuados.

A cópia do auto, a notificação, o mapa de apuramento da quantia em dívida ao referido trabalhador e as guias de depósito deverão ser levantados, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221 a 279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, sendo facultada a consulta do processo em causa, instruído por estes Serviços.

Decorridos os prazos, sem que tenha sido dado cumprimento à presente notificação, seguir-se-á a tramitação judicial, com a remessa do auto ao Juízo.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 12 de Dezembro de 2011.

O Chefe de Departamento Substº.

João Paulo Sou

NOTIFICAÇÃO EDITAL (Solicitação de comparência do trabalhador)

Nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugadas com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se a sra. Lam Iao Ha, ex-trabalhadora residente da sociedade “Melco Crown (COD) Hotéis Limitada”, para no prazo de 10 (dez) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação dos presentes éditos, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, a fim de prestar declarações no processo n.º 917/2011, proveniente da queixa apresentada nestes Serviços em 2/2/2011 e relativamente à matéria de bónus.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 12 de Dezembro de 2011.

O Chefe do Departamento Substituto

João Paulo Sou

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SEGUNDA-FEIRA 19.12.2011

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TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi14:30 RTPi Directo17:30 Que Loucura de Família18:00 Música Movimento18:30 Contraponto ( Repetição )19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Desporto22:10 Passione23:00 TDM News23:30 Portugueses Sem Fronteiras00:00 Telejornal - Repetição00:30 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Consigo15:00 Magazine EUA Contacto – N. Jersey15:30 Gostos e Sabores16:00 Bom Dia Portugal17:00 O Elo Mais Fraco18:00 Resistirei18:45 Linha da Frente – A Herança de Mandela19:15 A Ilha dos Escravos 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo – Especial de Natal22:15 Magazine EUA Contacto – N. Jersey22:45 Portugal no Coração

ESPN 3012:00 NCAA Women’s Volleyball Championship SemiFinal #1 Florida State vs. UCLA14:00 World of Gymnastics 2011 14:30 FINA Aquatics World 201115:00 Southeastern Conference Basketball Ohio State vs. South Carolina17:00 Ettu European Champions League Men 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 Monday Night Verdict 20:30 FINA Aquatics World 2011 21:00 Tour Down Under Event Highlights22:00 Sportscenter Asia

22:30 AFC Champions League 2011 Quarterfinal FC Seoul vs. Al lttihad

STAR SPORTS 3113:00 Hyundai Hopman Cup Xxiii Belgium vs. Australia16:00 Rebel TV Series 16:30 MotoGP World Championship 2011 - Main Race Grand Prix De France18:00 Achilles Formula Drift Malaysia 2011 20:00 Game 20:30 Best Of Australian Open Tennis 201121:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 Motorsports@Petronas 2011 22:30 Le Mans Series Magazine Shows 23:00 MotoGP World Championship 2011 - Main Race Gran Premi De Catalunya

STAR MOVIES 4012:10 Double Team 13:50 The New Daughter15:45 Who’S Your Caddy 17:25 Reign Of Fire 19:15 Six Days, Seven Nights 21:00 Miracle On 34Th Street 23:00 The Code00:50 Reign Of Fire

HBO 4112:00 A View To A Kill14:10 Spider-Man16:15 Daddy Day Care18:10 Disclosure20:15 A Perfect Murder22:00 The Living Daylights00:10 Hung

CINEMAX 4212:30 Snow Beast14:00 Lethal Weapon 416:00 Jet Pilot18:00 Ace High20:00 Epad On Max 20:15 Kull The Conqueror22:00 Renegades23:40 Chill Factor

[f]utilidades

[Tele]visão

Aqui há gato

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RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

Su d

oku

[ ]

Cru

zada

s

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Conto mitológico dos povos nórdicos. Porcaria (Infant.). 2-Instrumento próprio para a determinação de diferenças de nível. 3-Profere como verdadeiro o que é falso. Átrio. 4-Andamento vagaroso em música. 5-O m. q. ião. O m. q. anã. Organização Internacional (abrev.). 6-Dar queda. Esquife para transporte de doentes. 7-Também (Arc.). Planta apiácea, semelhante à cenoura. Caminho (abrev.). 8-Gorda, volumosa. 9-Filtrei, depurei. Mulheres velhas e corcundas (Ant.). 10-Levado de rastos. 11-Luz reflectida pela Lua. O m. q. oura.

VERTICAIS: 1-Emissão de voz. Ergas por meio de roldana e cordas. O mais (Ant.). 2-Produzir eco. Que ainda não tem madureza. 3-General (abrev.). Níquel (s.q.). Frustra, debela. 4-Registo do que se tratou numa reunião. Tornar-se menos numeroso. 5-Alegre, contente. Pisas, trituras. 6-Nesse momento. História (Fig.). Interjeição usada para afastar certos animais (Prov.). 7-Mágico. Aversão entranhada, ódio (Pop.). 8-Renunciavam. Poeta ou cantor na antiga Grécia. 9-Tenebroso, Negro. Do corrente ano (abrev. lat.). Bovino doméstico. 10-Jogo de cartas. Tornara oco. 11-Preposição e artigo (Contr.). Puxam à fieira. Que lhe pertence.

HORIZONTAIS: 1-SAGA. A. CACA. 2-O. ECLIMETRO. 3-MENTE. ADRO. 4-C. ADAGIO. F. 5-ION. ANOA. OI. 6-CAIR. A. MACA. 7-ER. AMIO. CAM. 8-S. GROSSA. R. 9-COEI. GEBAS. 10-ARRASTADO. U. 11-LUAR. O. OIRA.VERTICAIS: 1-SOM. ICES. AL. 2-A. ECOAR. CRU. 3-GEN. NI. GORA. 4-ACTA. RAREAR. 5-LEDA. MOIS. 6-AI. ANAIS. TO. 7-MAGO. OSGA. 8-CEDIAM. AEDO. 9-ATRO. AC. BOI. 10-CRO. OCARA. R. 11-AO. FIAM. SUA.

[ ] CinemaCineteatro | PUB

SALA 1MISSION: IMPOSSIBLE GHOST PROTOCOL [C]Um filme de: Brad BirdCom: Tom Cruise, Jeremy Renner, Simon Pegg14.15, 16.45, 19.15, 21:45

SALA 2SHERLOCK HOLMESA GAME OF SHADOWS [B]SRD DOBLY SURROUND SOUND SYDTEMUm filme de: Guy RitcheCom: Robert Downey Jr., Jude Law, Noomi Rapace14.30, 16.45, 19.15, 21.30

NUTCRACKER IN 3D [B]Um filme de: Andrei KonchalovskCom: Charlie Rowe, John Turturro19:30

SALA 3PARANORMAL 3 ACTIVITY [C]Um filme de: Ariel Schulman, Henry JoostCom: Kate Featherston, Sprague Grayden14.15, 16.00, 17.45, 21.30

VIVA A NBANão é todos os dias que vêm a Macau antigas glórias da principal liga de basquetebol mundial, a NBA. Milhares de pessoas puderam ver ‘in loco’ jogadores como Scottie Pippen, Dennis Rodman, Clyde Drexler, Penny Hardaway ou Gary Payton, entre muitos outros.A iniciativa, com o cunho do Venetian, veio, de facto, melhorar o turismo e o lazer do território, algo que se tem apregoado aos sete ventos. Finalmente, algo que promove Macau.Para mim que fui, sem ninguém saber, até à Cotai Arena, foi muito gratificante ver as estrelas que por ali desfilaram. Os jogadores, com idades entre os 40 e os 50, ainda dão para o gasto. Hardaway e Pippen estiveram irrepreensíveis. Rodman igual a si mesmo, excêntrico. Payton brincalhão e Drexler pendular. Foi um jogo que atingiu quase 300 pontos totais (divididos quase irmãmente) e que deu a vitória à equipa vermelha de Pippen, Drexler e Rodman, treinada pelo ‘hall of fame’ Moses Malone, também uma grande estrela do basquetebol norte-americano. Os brancos, com Payton e Hardaway, foram comandados por Nate Archibald.Mas mais do que a vitória, foi a loucura provocada nas bancadas. Os espectadores estiveram em delírio na quase uma hora de jogo e ainda foram brindados com diversas recordações por parte dos jogadores – bolas oficiais da NBA e os ténis de Rodman e Pippen voaram por cima das cabeças do público. Um dia para mais tarde recordar, pensarão eles e penso eu.A tour US Pro-Ball Legend trouxe a Macau uma lufada de ar fresco. Ter a NBA na China é, de facto, um privilégio. Faltaram muitos. Mas faltou mesmo o eterno Michael Jordan que completaria o “True Big Three” com Rodman e Pippen – os tri-campeões dos Chicago Bulls. De resto, foi inesquecível...

Pu-Yi

O SENTIDO DO FIM • Julian Barnes Vencedor do Man Booker Prize 2011O Sentido do Fim, o mais recente romance de Julian Barnes e livro recém-galardoado com o Man Booker Prize 2011 - é a história de um homem que se confronta com o seu passado mutável. Com marcas da literatura inglesa clássica - na aprecia-ção do júri que o distinguiu - O Sentido do Fim constrói, com grande delicadeza e precisão, uma trama tensa, forte, e revela a mestria de um dos maiores escritores dos nossos tempos.

OLIVER TWIST 2: NA COZINHA COM JAMIE OLIVER (DVD) Jamie Oliver faz o que sabe melhor – cozinhar para os seus amigos. Na Cozinha com Jamie Oliver 2, Jamie encontra-se com várias pessoas dos quatro cantos do mundo e convida-os a partilhar uma refeição que nunca esquecerão. Vamos ver Jamie nas lojas e seus mercados favoritos, aconselhando-nos os ingredientes a procurar e usar, para finalmente preparar um belo manjar em sua casa. Que a festa comece!

PARE, ESCUTE, OLHE Dezembro de 91. Uma decisão política encerra metade da centenária linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela. Quinze anos depois, o apito do comboio apenas ecoa na memória dos transmontanos. PARE, ESCUTE, OLHE é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra. Esses partiram com o comboio, impunes. O povo ficou, isolado, no único distrito do país sem um único quilómetro de auto-estrada.

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SEGUNDA-FEIRA 19.12.2011

17www.hojemacau.com.moOPINIÃO

na margemJosé I. Duarte

EntErrar as sEpulturas

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Lia Coelho; Nuno G. Pereira; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Carlos Picassinos; Hugo Pinto; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros; Vanessa Amaro Colunistas Arnaldo Gonçalves; Carlos M. Cordeiro; Boi Luxo; Correia Marques; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

SCREVER a última coluna do ano tem o seu quê de ingrato. Estamos em período de feriados quase consecu-

tivos, em que muitos dos leitores se preparam para um período de férias ou, mesmo para os que ficam, de quase–férias. Não é este o momento em que se devam elaborar grandes balanços, se arrisquem delicadas análises, se proponham medidas arrojadas. Mas também o meu editor me não perdoaria se me limi-tasse a desejar-vos apenas Boas Festas - e até para o ano. Algures entre aqueles dois extremos, opto por comentar um tema sobre ao qual se têm acumulado algumas dúvidas e perplexidades quanto à perspicácia das nossas instituições.

Tal parece ser o caso da (infindável?) saga das sepulturas, passe o quase lúgubre estado de espírito que só o tema ocasiona, para mais aqui introduzido em época pré-natalícia. Muito se discutiu sobre os méritos ou de-méritos dos diversos argumentos trazidos à praça pública, sobre as responsabilidades institucionais envolvidas e as acções, directa ou indirectamente relevantes, dos titulares dos órgãos pertinentes. Não quero aqui dis-cutir os detalhes do processo em si, ou fazer juízos de valor sobre os actos ou palavras deste ou daquele dos intervenientes. Mas há em todo este processo, na forma como foi tratado, algo de túrbido, como se a ninguém importasse o rigor de critérios, a transpa-rência de processos e a clareza dos juízos.

A Assembleia Legislativa, por um lado, escusou-se a discutir o assunto argumen-tando não querer interferir com a justiça. Como o julgamento que se lhe pedia só podia ser de natureza política - área sobre a qual, presumivelmente, os tribunais não têm jurisdição – não se percebe o argumento. Nada impediria a AL de se pronunciar sobre as eventuais responsabilidades políticas do processo, se achasse que elas podiam existir e tinham mérito suficiente para ser discuti-das no seu plenário. Igualmente, poderia ter concluído que o assunto não tinha valor que chegasse para ser levado à assembleia. Em qualquer dos casos, a justificação seria, como devia ser, política. Não poderia – ou, melhor, deveria, - era ter utilizado aquele argumento, que cria um mau precedente e sugere uma desculpa fácil para justificar uma certa demissão das suas responsabilidades.

Por seu lado, o CCAC elaborou, como se presume que lhe competia, dadas as

Há em todo este processo, na forma como foi tratado, algo de túrbido, como se a ninguém importasse o rigor de critérios, a transparência de processos e a clareza dos juízos.

suspeições trazidas para a praça pública, um relatório sobre o caso: “Relatório de Investigação sobre a Atribuição de Dez Sepulturas Perpétuas pela ex-Câmara de Macau Provisória”. Até aí, nada de anormal. Mas aquele relatório levou, de acordo com o respectivo gabinete, o Chefe do Executivo a dar “instruções (…) à secretária para a Administração e Justiça, para [o] acompa-nhar”. Esse acompanhamento traduziu-se na criação de (mais) uma comissão, o “Grupo de Trabalho para o Aperfeiçoamento do Processo de Concessão de Sepulturas”. O seu mandato incluía a apresentação de “sugestões relativas ao aperfeiçoamento dos procedimentos para concessão de sepulturas e da gestão dos cemitérios públicos”. As con-clusões do resultante relatório, informa-nos ainda o GCE, mereceram a concordância do CE – “Chui Sai On concorda com a série de sugestões apresentadas no documento, no que diz respeito aos trabalhos de concessão de sepulturas, designadamente no reforço do mecanismo de gestão e dos procedimentos de funcionamento, no aperfeiçoamento da gestão de cemitérios públicos, bem como já deu ordens aos serviços competentes para as pôr em prática”. [SIC]

Há várias coisas neste processo que sugerem, no mínimo, ou falta de clareza na divisão de responsabilidades dos diversos órgãos, ou de clarividência nos seus agentes. Em primeiro lugar, esta parece uma matéria de Junta de Freguesia alcandorada a assunto de Estado. Afinal, não é todos os dias que o CE torna público que ‘deu instruções” a um secretário para acompanhar a revisão de um regulamento de atribuição de sepulturas. Se o tema e, em particular, as conclusões do relatório do CCAC, envolviam responsabili-dades e falhas sancionáveis no plano político, o assunto deveria ser tratado nesse plano. Se o entendimento ia no sentido de se tratar, no essencial, de reavaliar procedimentos admi-nistrativos internos, isto é, de uma questão de gestão de cemitérios, não se percebe o

envolvimento do CE e a visibilidade que foi dada ao assunto ao nível governamental. O tema deveria ser remetido para a esfera interna do IACM e aí resolvido.

Por outro lado, não deixa de ser algo estranho, neste contexto, que as conclusões concretas do grupo de trabalho não sejam públicas (o sítio do IACM não lhe faz sequer referência) e que apenas se mencione o facto de que o CE está de acordo com elas e deu instruções para os serviços as aplicarem! E que essa informação seja comunicada numa breve nota de imprensa do GCE, sem qual-quer esclarecimento adicional, contrasta com a visibilidade que o próprio governo deu à matéria e às considerações político-legais elaboradas pelo grupo de trabalho, das quais a comunicação social fez eco. Ora, alguém deveria ter notado que um grupo de trabalho nomeado para se pronunciar sobre questões técnicas – procedimentos burocráticos – não se deveria alongar em considerações sobre os aspectos políticos ou legais do processo, por muito conveniente que isso pudesse parecer. Ao que acresce que as suas conclusões só po-dem ser tomadas com muita reserva. É que o grupo de trabalho era integralmente composto por subordinados de quem poderia ser even-tualmente responsabilizado, pelo menos no plano político, por quaisquer irregularidades que viessem a ser detectadas. E isso significa que, independentemente da qualidade do trabalho por ele desenvolvido, as conclusões a que chegasse ficariam sempre manchadas pela suspeição de que, fossem quais fossem os factos, não poderiam ter sido diversas.

E

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OPINIÃO

QUARTA, 14 Tantas teorias já li até hoje sobre jornalismo. E nenhuma delas consegue deslus-trar a mais clássica de todas: o jornalista deve escrever de forma clara, concisa e compreensível sobre acontecimentos a que assistiu ou que foram presenciados por testemunhas idóneas. Tudo o resto são variações a esta regra de bronze da profissão que tem sido exemplarmente aplicada por várias gerações de jornalistas.

Lembrei-me disto há dias, ao saber da morte de Tom Wicker, o enviado especial do New York Times a Dallas para cobrir a visita que o presidente John Kennedy ali fez a 22 de Novembro de 1963. Previa-se um serviço de rotina: multidão entusiástica nas ruas e palavras inspiradoras do inquilino da Casa Branca, que já pensava na campanha para a reeleição. Mas um jornalista nunca deve encarar nenhum serviço como rotina: a qualquer momento, em qualquer lugar, a História irrompe em letras de ouro ou letras de sangue. Compete-lhe estar no seu posto, como escritor do primeiro rascunho das enciclopédias e dos compêndios do futuro. Tão perto quanto possível do acon-tecimento, como ensinou Robert Capa, o mais

Um jornalismo residual conduz a uma democracia residual

célebre fotojornalista de todos os tempos. “Se a fotografia não ficou boa é porque não estavas suficientemente perto”, sublinhava.

Tom Wicker estava no lugar certo, a bordo de um autocarro que integrava a caravana pre-sidencial, quando os três tiros disparados pela carabina de Lee Oswald mataram Kennedy, por volta das 12.30 desse fatídico dia. E o despacho que pouco depois enviou para o New York Times, a partir de uma cabina telefónica do aeroporto de Dallas, destacou-se como uma pequena obra-prima de rigor e concisão.

Eis o primeiro parágrafo:

“O Presidente Kennedy foi hoje alvejado e as-sassinado por um homicida. Morreu devido a uma lesão no cérebro causada pela bala da espingarda disparada contra ele enquanto percorria o centro de Dallas em caravana automóvel. O vice-presidente Lyndon Baines Johnson, que seguia no terceiro carro atrás de Kennedy, foi investido como 36º Presidente dos EUA 99 minutos após a morte do antecessor.”

Nada de floreados, nada de torrente emocional, nenhuma concessão ao sentimen-

talismo. O jornalista encheu o seu relato de informação -- os substantivos não cediam espaço aos adjectivos nesta prosa clara e tensa, como o disparo de uma objectiva fotográfica. Isto apesar de naquele dia Wicker não ter perdido apenas o presidente em que votara: perdeu também alguém que lhe era muito próximo e com quem conviveu diariamente durante três anos -- primeiro como repórter da campanha democrata de 1960, depois como correspondente credenciado na Casa Branca.

Esta peça jornalística viria a ser estudada em cursos da especialidade, contribuindo

para a fama de um repórter que tinha como ambição máxima continuar a escrever notícias. E assim foi até se aposentar, em 1991. Acaba de falecer, aos 85 anos. Com a convicção, há muito reforçada, de ter sido observador em primeira mão de um momento irrepetível -- e de se ter mostrado à altura dele enquanto cronista do imediato. Jornalismo é isto mesmo.

QUINTA, 15 Portugal perde no confronto com Espanha em termos de estabilidade polí-tica. Isto regista-se não só ao nível governativo mas também nas próprias lideranças da opo-sição. Apenas isto explica que três primeiros--ministros (Felipe González, José María Aznar e agora Mariano Rajoy) tenham perdido duas eleições legislativas antes de ascenderem ao poder, cada qual só à terceira vez. Algo impensável em Portugal, onde os partidos funcionam como máquinas trituradoras de políticos na oposição. Veja-se o que sucedeu ao PS durante o ciclo cavaquista (Vítor Cons-tâncio - Jorge Sampaio - António Guterres), e ao PSD durante os ciclos guterrista (Fernando Nogueira - Marcelo Rebelo de Sousa - Durão

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caderno d iá r i oPedro Correia

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OPINIÃO

Na Assembleia, em Portugal e noutra qualquer, é normal falar de porcos sem saber o que é um curral.Por Fernando

Ciclone

Barroso) e socrático (Santana Lopes - Marques Mendes - Luís Filipe Menezes- Manuela Ferr-reira Leite - Passos Coelho). Se compararmos a estabilidade ao nível da fixação do texto constitucional as diferenças entre Portugal e Espanha acentuam-se. A nossa Constituição de 1976 foi alvo de três grandes revisões (em 1982, 1989 e 1997) e outras alterações (em 1992, 2002, 2004 e 2005). Em Espanha, a Constituição de 1978 foi apenas alvo de duas alterações: a de 1992, decorrente do Tratado de Maastricht, que introduziu duas palavras ao artigo 13.2 para alargar aos imigrantes o direito a votar e a ser eleito nas eleições municipais, por efeitos do Tratado de Maastricht; e a de Setembro passado, que introduz o princípio da estabilidade orça-mental (provocando a modificação e ampliação do artigo 135º). Que diferença, nesta matéria, em comparação com o sucedido durante o mesmo período em Portugal...

SEXTA, 16 Percebemos que a degradação do jornalismo atingiu níveis alarmantes quando lemos, em prosa assinada pelo editor de cultura de um dos principais jornais portugueses, que

Benjamin Franklin foi presidente dos Estados Unidos da América.

A falta de exigência profissional, o esva-ziamento das bases culturais, a perda de refe-rências históricas, a incapacidade de formular raciocínios e exprimir ideias que ultrapassem o patamar das conversas de café são notórias nas páginas da generalidade dos periódicos. E este -- não tenhamos ilusões -- é um dos principais motivos do crescente divórcio entre jornais e leitores. Se enquanto consumidor regular da Internet posso ter mais e melhor leitura, sem gastar dinheiro e sem sair de casa, por que motivo me darei ao trabalho de adquirir um jornal que ainda por cima me trata como se eu fosse intelectualmente desprezível?

Manuel António Pina, um dos comentado-res portugueses que mais respeito, transcrevia recentemente na sua habitual coluna do Jornal de Notícias um despacho da Lusa dando nota que “o Tribunal da Relação de Coimbra con-denou os proprietários de uma loja de Aveiro a pagar 6500 euros a uma trabalhadora que obrigou a cumprir o horário laboral sentada virada para a parede e sem nada fazer”. E,

justificadamente, chamava a esta peça uma quase-notícia. Porquê? “O nome da empresa (o ‘Quem?’ da teoria clássica do jornalismo) [era] pudicamente omitido.” Um reparo muito per-tinente. “Ficam, pois, todos os ‘proprietários[s] de loja[s]’ de Aveiro sob suspeita de assédio no local de trabalho”, concluía com amarga ironia este prestigiado escritor, um veterano das lides jornalísticas.

Outro jornalista veterano, Wilton Fonseca, dava há dias nota, numa coluna regular que mantém no diário i, do seu desencanto perante a falta de qualidade do que lê na imprensa de hoje. E socorria-se, para o efeito, do recente desabafo do provedor do leitor do Público, José Queirós, perante a manifesta degradação do conteúdo genérico da imprensa escrita. Citando alguns exemplos: Georges Braque mencionado como “escritor”; a Cisjordânia transformada em ‘West Bank’ numa legenda preguiçosa; o Fidel Castro de 1976 ilustrado numa imagem junto a Che Guevara, assassinado nove anos antes...

Concluía José Queirós: “O número de pro-fis si o nais a quem cabe zelar pela cor rec ção da escrita dos tex tos do Público dimi nuiu dras ti ca-

mente nos últi mos anos e vários pro ce di men tos de con trolo de qua li dade foram eli mi na dos. [Mas] quais quer que sejam as res tri ções finan-cei ras, há limi tes abaixo dos quais um jor nal de qua li dade não pode des cer sem des me re cer esse rótulo. É uma ques tão de res peito pelos direi tos dos consumidores.” Será difícil não lhe dar razão.

Wilton Fonseca, no entanto, ia ainda mais longe: “A meu ver, não são apenas os revisores residuais. São os editores residuais, os chefes de redacção e os directores residuais, jornalistas residuais a fazer jornalismo residual para uma sociedade em que todos os valores também parecem ser residuais.”

O problema é precisamente este. Falta acrescentar: um jornalismo residual conduz a uma democracia residual. O que basta para constituir motivo de preocupação para todos nós.

SÁBADO, 17 A frase da semana: «A vida só faz sentido se existir mais vida para além da que vou viver.» (Luís Miguel Cintra, em entrevista à SIC Notícias)

Page 20: Hoje Macau 17 DEZ 2011 #2516

SEGUNDA-FEIRA 19.12.2011www.hojemacau.com.mo

IRAQUE TROPAS AMERICANAS DEIXAM PAÍS Os últimos militares dos Estados Unidos destacados no Iraque deixaram ontem o país, colocando um ponto final em nove anos de guerra. O comboio de veículos militares abandonou o Iraque através da fronteira terrestre com o Kuwait ao início do domingo provocando uma explosão de alegria e celebração de todos os soldados. Ao longo dos nove anos de guerra, além dos elevados custos da operação militar, o Pentágono anunciou que os Estados Unidos perderam 4.474 militares, dos quais 3.518 morreram em combate.

FILIPINAS SERVIÇOS DE METEOROLOGIA NA MIRA A imprensa e populares filipinos acusam os serviços de meteorologia de não terem alertado a tempo as populações do elevado perigo da tempestade «Washi», quando as equipas de resgate procuram ainda 300 desaparecidos. Os Estados Unidos lançaram os primeiros alertas sobre a tempestade «Washi» no início da semana e advertiram para o aumento da sua força, enquanto que os Serviços Meteorológicos das Filipinas não dispunham de informação na sua página na Internet, assegurou a cadeia de televisão GMA. «Com um dia de antecipação não era suficiente ? Os primeiros boletins de informação surgem na quinta-feira com a previsão de que poderia atingir as Filipinas no sábado ou domingo», escreve o colunista Nini B. Cabaero no «Sun Star».

INDONÉSIA NAUFRÁGIOFAZ 167 MORTOSUm navio de que deveria transportar pelo menos 200 passageiros, muitos imigrantes do Médio Oriente, naufragou ontem ao largo da ilha de Java, na Indonésia, tendo sido resgatadas 33 pessoas, noticia a imprensa local. A polícia disse à agência de notícias Antara que o naufrágio ficou a dever-se à sobrecarga do navio e que «aparentemente» transportava mais do dobro da capacidade. Um dos sobreviventes, Esmat Adine, disse que o «navio começou a balançar de um lado para o outro, provocando o pânico entre os passageiros. As pessoas, estavam muito apertadas e sem espaço, não tinham para onde ir», disse ainda Adine, 24 anos.

car toonpor Steff

VENEZUELA CHÁVEZE A URNA DE CRISTALO presidente venezuelano Hugo Chávez presidiu sábado aos actos evocativos do 181º aniversário da morte de Simón Bolívar, com o descerramento do novo sarcófago onde irão repousar os restos mortais do libertador no Panteão Nacional. «Bolívar saiu da urna, fez-se povo e não haverá força neste mundo que volte a enterrá-lo ou congelá-lo novamente, está vivo neste povo, nos nossos soldados, nas nossas batalhas», disse Hugo Chávez durante o acto que contou com a presença dos embaixadores da Bolívia, Equador, Panamá, Colômbia e Peru. Feito em madeira de caoba, o novo sarcófago contém um baú de cristal onde repousam os restos de Simón Bolívar que viveu entre 24 Julho 1783 e 17 Dezembro 1830.

MORREU O ESCRITOR CHRISTOPHER HITCHENSO controverso jornalista e escritor britânico Christopher Hitchens, considerado um dos mais importantes representantes do novo ateísmo, morreu quinta-feira, aos 62 anos, num hospital do Texas, após uma batalha de 18 meses contra um cancro no esófago. A doença foi-lhe diagnosticada em Junho de 2010, pouco depois de publicar as suas memórias, intituladas «Hitch-22», e sucumbiu agora a uma pneumonia, no Anderson Cancer Center em Houston, noticiou a Vanity Fair. Hitchens iniciou a sua carreira em Londres, mas mudou-se para os Estados Unidos em 1981, obtendo grande êxito devido à sua prosa elegante e opiniões radicais, acompanhadas de uma atitude provocadora, oscilando os seus alvos entre Deus e a madre Teresa de Calcutá e Henry Kissinger, por exemplo.

ITÁLIA CONDUTOR APANHADO A FALAREM DOIS TELEFONESUm condutor italiano foi mandado parar por um polícia na cidade de Bari, no sul de Itália, quando foi visto a falar em dois telefones, com um aparelho em cada mão e sem controlo sobre o volante. Quando questionado pela polícia, o homem de 43 anos disse que estava a falar com a a mulher quando a mãe lhe telefonou e que não podia desligar nenhuma das chamadas, noticia o Corriere della Sera, citado pela AP. O homem, condutor profissional de camiões, chegou mesmo a admitir que é frequente falar aos dois telefones durante as suas longas viagens de trabalho. O delito valeu-lhe uma multa de 152 euros.

Reforma do sistema político até ao fim do mês

Pequim decide

ADEUS IRAQUE

O governo de Pequim vai tomar decisões até ao fim deste mês quanto às alterações a efectuar no

sistema político de Macau, no que diz respeito às eleições para Chefe do executivo e para a Assembleia Legislativa. O Comité Permanente do Congresso Nacional Popular reúne-se entre 26 e 31 de Dezem-bro em Pequim, de acordo com uma decisão tomada na passada

sexta-feira, numa reunião presidida por Wu Bangguo. As declarações prestadas à saída desta reunião não esclarecem quais as alterações que o Governo Central tem em mente.

Recorde-se que o Chefe do Executivo prometeu a reforma do sistema político nas Linhas de Acção Governativa para 2012. Mas Chui Sai On remeteu para Pequim as decisões. No entanto, fontes jurídicas contactadas pelo Hoje

Macau, garantiram que de acordo com a Lei Básica, a RAEM não tem nada de depender do Governo Central para proceder a alterações das suas leis eleitorais. “A decisão deveria ser tomada em Macau e depois comunicada a Pequim. É assim que se lê num dos anexos da Lei Básica”, explicaram.

Ao que se sabe, ninguém da RAEM participará nas reuniões de Pequim.

Nuno LopesLusa

O jornalista Paulo Aido, que foi director em Macau do jornal Ponto Final, estreia-se na ficção com o roman-

ce histórico “A primeira derrota de Salazar” cuja acção decorre nas vésperas da entrada das tropas indianas no Estado Português da Índia, há 50 anos. A ideia de contar “as histórias de milhares de portugueses que estiveram aprisionados durante meio ano num campo de concen-tração” surgiu quando há quatro anos, quando Paulo Aido realizou uma reportagem com antigos militares que prestaram serviço nos territórios.

“Essas entrevistas, permitiram-me constatar que havia um enorme desconhecimento da sociedade portuguesa sobre o que passou naquela altura na Índia Portuguesa”, disse Paulo Aido à Lusa. “Achei inacreditável que nada se soubesse e quase assumi o compromisso com esses antigos militares portugueses de contar uma parte significativa das suas histórias”, acrescentou.

A entrada das tropas indianas nos territórios sob ban-deira portuguesa “ocorreu na madrugada de 17 para 18 de Dezembro de 1961” pondo fim a 450 anos da presença de Portugal na Índia.

O autor considera que “a questão indiana foi sempre pouco debatida na sociedade portuguesa, e ainda o é hoje, e isso tinha de ser ultrapassado”.

“Este livro poderá – confia o autor - conseguir que os leitores tenham uma aproximação ao que se passou na Índia em 1961, o que não conseguiriam através de um trabalho eminentemente académico”.

Para reforçar este quadro histórico, que é assumido como cenário narrativo no qual se movimentam as per-sonagens, Paulo Aido fez “uma pesquisa exaustiva” em jornais da época, revistas e alguma bibliografia crítica.

“Fui tão exaustivo e rigoroso quanto possível. Por exemplo, a ementa de bordo dos aviões da TAP que é referida no livro, é precisamente a que era utilizada em Agosto de 1961”, disse.

A história movimenta um triângulo constituído por uma assistente de bordo, um agente da polícia política da ditadura, a PIDE, e um jornalista que “têm entre si algo em comum, nunca tinham estado na Índia e nem têm

assim um conhecimento tão aprofundado quanto isso sobre a questão, e vão para lá com olhar limpo, digamos, o mesmo primeiro olhar que terão os leitores”, afirmou.

“O agente da PIDE era inevitável tendo em conta a época, mas permitiu-me contar um pouco dos bastidores da diplomacia pelas ligações que ele tinha com Lisboa. Queria contar esta batalha diplomática, pois o Governo de Salazar tentou até à última que Nehru não concretizasse a ameaça de anexação de Goa, Damão e Diú. Era necessário contar esta história”, explicou.

“O jornalista tem um olhar interrogativo sobre a rea-lidade, sempre atento a todos os pormenores, enquanto o lado de romance, o colorido da narrativa, é dado pela assistente de bordo”, prosseguiu.

Referindo-se ao título, “A primeira derrota de Salazar. Goa, 1961. A impotência do Estado Novo na queda da Índia Portuguesa”, que remete para a área do ensaio, o autor afirmou que “era necessário que se percebesse, de facto, que tudo o que aconteceu em 1961, na Índia Portuguesa, teve como consequência uma derrota de Salazar que ele não conseguiu iludir ou esconder da opinião pública, nem nacional nem internacional”.

“Porém, por detrás de todo este cenário histórico au-têntico está o drama humano que tentei também contar”, salientou.

Além da consulta de jornais e documentos, Paulo Aido contou com “a memória viva de muitos que viveram o drama”.

Fazer este livro “foi uma maneira de contar a história e homenagear os militares portugueses que estiveram naquele tempo na Índia e cuja memória nunca foi devi-damente reconhecida”, disse, salientando “o exemplo do general Vassallo e Silva” que, por ter desobedecido a Salazar, “evitou um holocausto e a destruição de grande parte do património histórico de Goa”.

Paulo Aido levou quatro anos a compor o romance, tendo dedicado seis meses à escrita efectiva, com um trabalho diário de 10 a 12 horas. “A primeira derrota de Salazar” é editado pela Zebra Publicações, e o seu autor pensa regressar ao romance. “Fiquei rendido a este prazer de poder contar uma história com factos verídicos. Deu-me tanto trabalho, mas foi um trabalho delicioso, e deu-me muito gozo fazê-lo”, sublinhou à Lusa.

ROMANCE DE PAULO AIDO CONTA A ENTRADA DAS TROPAS INDIANAS EM GOA

A impotência de Salazar