Hoje Macau 14 ABR 2015 #3309

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HOJE MACAU Em dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa da sua pasta, o Secretário Alexis Tam deu a conhecer o trabalho efectuado nos cem dias desde que tomou posse e anunciou algumas novidades. O destino do antigo Hotel Estoril deixa de ser um incógnita: vai passar a albergar actividades artísticas. Na área da Saúde foi anunciado um novo director para o Hospital S. Januário e manifestada a intenção de se criar um sistema de saúde público-privado mais abrangente. O caminho faz-se caminhando e Alexis Tam mostra não estar parado. Multas em actualização Música dos quatro cantos CONSTRUÇÃO BEISHAN DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 14 DE ABRIL DE 2015 ANO XIV Nº 3309 hojemacau SOCIEDADE PÁGINA 7 EVENTOS CENTRAIS AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB LAG2015 ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA Os novos caminhos de Alexis PÁGINAS 4-5 MARIA GUIOMAR LIMA Histórias da religião a Oriente ENTREVISTA PÁGINAS 2-3

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Hoje Macau N.º3309 de 14 de Abril de 2015

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Em dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa da sua pasta, o Secretário Alexis Tam deu a conhecer o trabalho efectuado nos cem dias desde que tomou posse e anunciou algumas novidades. O destino do antigo Hotel Estoril deixa de ser um incógnita: vai passar a

albergar actividades artísticas. Na área da Saúde foi anunciado um novo director para o Hospital S. Januário e manifestada a intenção de se criar um sistema de saúde público-privado mais abrangente. O caminho faz-se caminhando e Alexis Tam mostra não estar parado.

Multas em actualização

Música dos quatro cantos

construção

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Director carlos morais josé www.hojemacau.com.mo Mop$10 t e r ç a - f e i r a 1 4 D e a b r i l D e 2 0 1 5 • a N o X i V • N º 3 3 0 9

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sociedade PágiNa 7

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lag2015 assuntos sociais e cultura

os novos caminhosde alexis

páginas 4-5

Maria guioMar liMa

Históriasda religiãoa oriente

entrevista PágiNas 2-3

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2 hoje macau terça-feira 14.4.2015entrevistaMaria GuioMar LiMa autora da biografia de d. José da Costa NuNes

“aqui há uma ideia de religião constante”“Nascido para Vencer” é o nome da obra que traça o percurso do cardeal e bispo de Macau D. José da Costa Nunes, hoje apresentada na Fundação Rui Cunha. Numa conversa sobre o cardeal, a religião e a Igreja Católica na Ásia, Maria Guiomar Lima recorda o jornalismo e assume querer escrever sobre Jaime Garcia Goulart, primeiro bispo de Díli

AndreiA SofiA [email protected]

Esta era uma biografia há muito esperada. Como surgiu a opor-tunidade de fazer este projecto? Tinha trabalho recolhido sobre o cardeal Costa Nunes e resolvi aprofundar a minha investigação. Conheço o Rogério Beltrão Coe-lho (da editora Livros do Oriente) há muitos anos e achei que seria interessante publicar em Macau, porque Costa Nunes esteve sempre muito ligado a esta terra e achei que ele devia gostar que a sua biografia fosse publicada aqui. Ele esteve cá desde jovem até 1941 e voltou várias vezes. Gostava muito das pessoas de cá.

Sentiu desafios na elaboração da biografia?Houve coisas em que foi compli-cado chegar a uma conclusão. Há um longo material sobre o bispo do Porto, António Ferreira Gomes, e o cardeal Costa Nunes teve uma acção quase directa no seu exílio, e esse foi um grande desafio. Tive outros... com a criação da diocese de Díli, ele fez tudo o que pôde para que fosse criada. No final da vida, as cartas que escreveu, por-que ele pedia a Deus que lhe desse a morte. Ele tinha 96 anos e era o mais velho dos cardeais, tinha levado uma vida extremamente saudável. Depois de todos parti-rem, fez um testamento espiritual, aos 80 anos, que é uma obra prima, com a plena aceitação da sua vida e pleno amor a Deus. As últimas cartas são muito tocantes, porque escreve aos amigos.

Há muito que se debruça sobre o estudo da Igreja Católica a Oriente...Não é há muito tempo. Quando deixei o jornal (O Independente), de repente fiquei sem nada para fa-zer. E resolvi começar a investigar a vida de um outro arcebispo, que estava em Goa quando se deu a indexação e que tinha substituído o Dom José da Costa Nunes. De-pois escrevi textos sobre a Igreja a Oriente. E é muito engraçado como se mantiveram regras de funcionamento e posturas que se foram adaptando às mudanças políticas de todo o mundo. O Costa Nunes saiu de Macau em plena II Guerra Mundial. Estudar a vida dele fez-me perceber a história do Oriente durante muito tempo. Não fazia ideia da guerra Sino-Japonesa, que esteve aqui às portas de Macau. Entretanto ele

era muito optimista e via sempre a parte melhor das situações. Numas cartas que escreveu a um amigo, que estava nos Açores, escreveu que estavam a viver uma revolução, mas que estavam protegidos pela bandeira portuguesa. Na Macau metropolitana, tentava-se que a vida fosse normal.

Disse que descobriu muitas coi-sas que não sabia. A investigação na área da história abriu-lhe mais portas para outros mundos que o jornalismo já não estava a fazer? Abriu, sobretudo por um fascínio pelo Oriente muito grande. Con-tinuarei, se puder, mas também já não tenho muito tempo.

E porquê esse fascínio pelo Oriente e pela presença da Igreja aqui? Porque a Igreja vai continuando, vai-se adaptando e vai sobreviven-do. Ontem (sábado) fui à missa na Sé, que foi celebrada por um sacerdote timorense, em portu-guês, num território da China. Sei que os orientais não têm muito a

ideia de Deus, com tantos anos de Budismo. Mas tanto quanto sei o Seminário de São José tem mais seminaristas timorenses que ma-caenses. É natural que daqui a uns tempos os sacerdotes de Macau e da China sejam timorenses, os bispos também. O Papa Francisco fala da Igreja da periferia e é uma maneira de se expandir. Nós, europeus, estamos muito fartos e cansados, mimados e cheios de coisas boas, não precisamos de Deus se não

quando alguém morre. E aqui não é assim: aqui há uma ideia de religião constante, mas não nos chineses. Aí é difícil.

Porque é que acha que isso está a acontecer na Europa? Houve a Revolução Francesa e desde esse tempo que a Igreja é mal vista. Houve a I República em Portugal, a Igreja foi muito maltratada, expro-priada, os bispos foram deportados e exilados. Depois houve o regime salazarista, em que se confundiu tanto a Igreja com o regime que ficou completamente desacreditada. E o anti-clericalismo ainda é muito forte nos nossos dias. Não temos muito tempo para Deus.

Tem a ver com a sociedade de consumo.Sim. Mas talvez os mais novos vão perdendo... por exemplo, os meus sobrinhos canadianos não acreditam em Deus.

Isso não tem a ver com o facto dos ideais da Igreja Católica poderem estar afastados das pessoas e dos jovens?

“O Costa Nunessaiu de Macau em plena II Guerra Mundial. Estudar a vida dele fez-me perceber a história do Oriente durante muito tempo”

“O saber vai-se acumulando e espero que o meu trabalho seja continuado e que alguém faça uma tese de mestrado com recursoa fontes chinesas, que eu não tive”

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3 entrevistahoje macau terça-feira 14.4.2015

um olhar sobre a realidade da política portuguesa

“Continuo a gostar muito do Paulo Portas”

maria guiomar lima autora da biografia de d. José da Costa NuNes

“aqui há uma ideia de religião constante”

Saiu do Independente em 2005. Sente saudades desse tempo?Do tempo do Paulo Portas sinto. Nesse tempo tínhamos uma relevância jornalística que é difícil de imaginar. O Independente saía às sextas de manhã, abria o noticiário da manhã, da hora de almoço e às oito horas. Era fruto de muito trabalho, o Paulo [Portas] trabalhava muito. Éramos poucos e novos. Depois ainda teve a Constança Cunha e Sá, que tinha um projecto que não deu certo. E tinha o Isaías Gomes Teixeira, que era um bom tipo, fez

“A Igreja Católica, durante muito tempo, gastou demasiado dinheiro. Os grandes monumentos que conhecemos custaram imenso dinheiro. Mas quem sou eu para criticar as estátuas do Miguel Ângelo?”

Os mais jovens querem outras coisas. Se calhar queriam que os padres casassem, que as pessoas divorciadas pudessem voltar a casar pela Igreja. Mas isso tem de ser muito devagarinho, porque a Igreja tem uma estrutura muito

pesada. Há coisas que são dogmas de fé. Não sei até que ponto é que o celibato é dogma de fé. Se calhar não é. Mas o engraçado é que não vejo que a igreja Protestante seja mais forte, onde os padres se po-dem casar. Mas a Igreja Católica na

América do Sul tem uma enorme força. Não é por acaso que este Papa (Francisco) é argentino.

Sobre a memória de D. José da Costa Nunes em Macau. Este livro veio colmatar um vazio?O meu trabalho continua apenas o trabalho das pessoas que já escreveram antes de mim. O pa-dre Tomás Bettencourt Cardoso reuniu tudo o que Dom José da Costa Nunes publicou, que foi imenso. Um amigo do cardeal, Machado Lourenço, escreveu um livro de amigos, com depoimen-tos. O saber vai-se acumulando e espero que o meu trabalho seja continuado e que alguém faça uma tese de mestrado com recurso a fontes chinesas, que eu não tive. Os arquivos do Vaticano estão fechados durante 125 anos após a morte da pessoa, excepto quando o Papa abre excepções. Então é melhor não contar com os arquivos do Vaticano.

O que é que gostaria de investigar mais sobre esse legado da Igreja na Ásia?Estou com muita vontade de es-crever sobre o primeiro bispo de Díli, Jaime Garcia Goulart. Faltam--me dados. Teve a particularidade de ser o primeiro bispo e andou no seminário em Macau, depois ordenou-se na sua terra natal. Depois Timor foi invadido pelos japoneses e ele foi interrogado, massacrado. Fugiu e andou nas montanhas e foi para a Austrália. Só foi ordenado bispo depois de terminada a guerra. Era um homem muito interessado, sereno, irónico. Muito culto também.

Falando da Igreja Católica ao nível da comunicação, este é um dos papas mais comunicativos de sempre.É o Papa mais comunicativo de sempre. Ele tornou a Igreja mais apetecida, noticiável, simpática. Mas as coisas não mudaram ainda.

Em que sentido?A teoria religiosa não mudou, a doutrina, o casamento é como era. Ele hostiliza menos os não casados, as pessoas divorciadas, baptiza os filhos das mães sol-teiras, aceita os homossexuais. Mas a tese não mudou.

Mas o Papa Francisco não re-presenta uma porta de abertura para a Igreja Católica?É uma porta de abertura, não sei por quantos anos mais. O Papa entra-nos em casa todos os dias e

dá-nos atenção. Antigamente isso não acontecia.

Nem com o Papa João Paulo II?Esse foi um Papa político excep-cional. Dava-nos muita atenção também. Mas também João XXIII.

Há momentos da história em que a Igreja Católica poderia ter tido um papel mais preponderante na ajuda ao próximo?A Igreja Católica, durante muito tempo, gastou demasiado dinhei-ro. Os grandes monumentos que conhecemos custaram imenso dinheiro. Mas quem sou eu para criticar as estátuas do Miguel Ângelo? Estão lá, foram enco-mendas por Papas, fazem parte do património da humanidade. Mas eles dividem-se tanto, os missio-nários combonianos, que andam no terreno, lutaram imenso no Sudão para se criar o Sudão do Sul. E isso não deu grande coisa. Os missionários empenharam--se na independência dos países africanos e, em alguns casos, isso também não deu grande coisa. O D. José da Costa Nunes dizia que era preciso cuidado com o ensinar os gentios timorenses, que era preciso que eles conseguissem integrar a informação que tinham, que não valia a pena vesti-los só de civilizados, sem eles se senti-rem assim. O resultado podia ser muito mau e em alguns países foi assim.

O património do Vaticano é imenso. É altura da Igreja dar mais contributo social?Para o património render de ma-neira a gerar riqueza e trabalho, sim. Agora andar a dar esmolas não me parece grande ideia nem as pessoas precisam disso. Em Portugal a Igreja tem a Cáritas, as Misericórdias. Os padres ga-nham mal, não ganham o salário mínimo, mas é pouco mais. E são todos mestrados e doutorados. [No Vaticano], sabem, têm um comité para decidir essas coisas.

tudo o que pôde para que o jornal continuasse. Mas já não tínhamos alma.

E porque é que essa alma se perdeu?Porque mudámos de director.

Não teve a ver com o fim do Cavaquismo?Também. Mas o director não fechava a porta do gabinete, era um trabalho colectivo conjunto. O [Paulo Portas] sabia o que cada um estava a fazer, a cada momento.

Como o vê hoje como vice-primeiro-ministro?Continuo a gostar muito dele. Percebo que ele não é nada popular, não faço ideia do que lhe vai acontecer quando ele deixar a política, espero que tenha tomado conta disso, que vá para um cargo internacional qualquer, e que não fique em Portugal. Não creio que tenha grande futuro. Até pode ser que voltem a ganhar, não sei.

Como vê o jornalismo político em Portugal?

Sem enquadramento, noticiam uma coisa e não vão buscar as razões. Há um bom jornal, online, o Observador, fora isso não vejo nada que me surpreenda. Ao mesmo tempo as experiências que têm havido na Grécia, o Podemos, não sei o que vão dar, não conhecemos o que se pode esperar.

Mas neste momento a esquerda em Portugal não atravessa um bom período, o Bloco de Esquerda (BE) desintegrou-se.O Bloco desintegrou-se e

aguentou mais tempo do que eu esperava.

O Francisco Louçã era a força motriz do BE?Acho que a força motriz era o Miguel [Portas]. Quando o Louçã saiu e fiquei à espera que se candidatasse à presidência da República. Pensei que era isso que queria. Mas parece que não. Mas ele também já não tem muito tempo, porque um presidente da República eleito em Portugal é sempre eleito por dez anos.

Estas presidenciais, depois dos dois mandatos de Cavaco Silva, e em tempos de crise, poderão ser diferentes?Caminhamos para uma grande abstenção, superior a 50%. - A.S.S.

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4 hoje macau terça-feira 14.4.2015lag 2015

Empresade Suncity mudará de sede para MacauA Sun Entertainment Culture Limited, que tem a sua sede em Hong Kong e é uma das empresas subsidiárias do grupo local Suncity, vai passar a estar sediada na RAEM, anunciou AlexisTam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. “A SunEntertainment Culture Limited já prometeu estabelecer-se em Macau, com produtos de cinema”, assegurou o dirigente. A novidade teve lugar durante a sua primeira intervenção ontem, na apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) desta tutela. Recorde-se que um dos proprietários da empresa é Alvin Chau, recentemente nomeado para o Fundo das Indústrias Criativas. A nomeação foi justificada pelo facto de Chau saber da área, devido ao investimento no cinema na região vizinha. O estabelecimento da empresa em Macau foi justificado pelo dirigente com mais uma novainfra-estrutura de apoioa esta área.

Escolas Seac Pai Van com mais de mil vagas em 2018Alexis Tam anunciou ontem que o complexo escolar de Seac Pai Van vai começar a aceitar alunos no ano lectivo de 2018/2019. De acordo com o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, são mais de 1365 as vagas disponíveis para alunos do ensino infantil (315 vagas), primário (615) e secundário (420).

São Januário Director do hospital vai ser substituído

Leonor Sá [email protected]

as instalações do antigo Hotel Esto-ril vão ser trans-formadas num

espaço destinado às activi-dades culturais e criativas e para onde vão passar as escolas artísticas do territó-rio. Quem o disse foi Alexis

O director do Centro Hospita-lar Conde de são Januário

vai ser substituído no cargo. Isso mesmo anunciou ontem Alexis Tam, secretário para os Assuntos sociais e Cultura, que disse que Chan Wai sin será substituído por Kuok Cheong U já a partir de 1 de Maio.

Kuok Cheong U é, actual-mente assessor do gabinete de Alexis Tam, tendo sido indicado anteriormente por Rui Furtado, presidente da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa,

como um dos melhores nomes para substituir Chan Wai sin.

Na Assembleia Legislativa a apresentar as LAG para a sua tutela, Alexis Tam frisou que “apesar dos êxitos na reforma da saúde”, ainda havia muito a fazer. “É necessário acelerar a reforma do sistema de gestão da saúde, a saber a nomeação, como director do Centro Hospitalar de Conde de são Januário, a partir do próximo dia 1 de Maio, de Kuok Cheong U”, referiu.

Recorde-se que, em Dezem-

bro do ano passado, o secretário já tinha admitido a má gestão dos serviços de saúde (ss), tendo estabelecido o prazo de um ano para que fossem registadas me-lhorias. Na passada quarta-feira, ficou a saber-se que a comissão de serviço do director dos ss, Lei Chin Ion, iria ser renovada por mais um ano. Já Chan Wai sin, desde 2008 nos comandos do hospital, deixa o cargo, desco-nhecendo-se se deixa também de ser subdirector dos ss, lugar que também acumula. - J.F.

Hotel estoril ESCOLAS E ACTIVIDADES CuLTuRAIS

Destino finalmente traçaDo

“Vamos criar um espaço totalmente novo na cidade de Macau”

Tam, secretário para os As-suntos Culturais e Cultura, durante a apresentação das Linhas de Acção Governati-va (LAG) da sua pasta.

“Vamos criar um espaço totalmente novo na cidade de Macau”, disse Tam, referindo-se ao “novo plano global” para a reconstrução daquele local.

O espaço, daqui em

diante dedicado à prática e realização de actividades artísticas e criativas, vai passar a ter salas reser-

vadas para dança, teatro e música, sectores con-siderados pelo dirigente como indispensáveis para a população local.

Assim, as escolas de música e dança que actual-mente funcionam sob a égide do Conservatório deverão passar para o hotel, que está devoluto há mais de uma década.

“Queremos que o hotel seja um centro de for-mação artística onde os estudantes possam assistir a actividades extracurri-culares de artes”, frisou Alexis Tam.

O espaço, bem como a piscina, terá ainda que sofrer remodelações antes que possa operar a 100%, não havendo ainda data

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Criação de sistema públiCo-privado

5 lag2015hoje macau terça-feira 14.4.2015

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura mostrou-se ontem orgulhoso com o facto

de ter diminuído o tempo de espera nas consultas do Centro Hospitalar Conde de São Januário. A área da Saúde tem sido uma das mais mediáticas e aquela que parece ser uma das principais prioridades de Alexis Tam.

Em resposta a vários deputados, o Secretário avançou que o tempo de espera na área de triagem do hospital Conde de S. Januário diminuiu cerca de 20%, tendo sido possível atender mais 6% das pessoas do que no mesmo período de 2014.

“Por exemplo na triagem, já nos primeiros dois meses, no Hospital Conde S. Januário, conseguimos ter mais 6% de doentes atendidos e o tem-po de espera reduziu 20% [na triagem] e no não urgente é só de 50 minutos, ou seja, já conseguimos reduzir cerca de 30% em relação a 2014”, disse. “O tempo de espera para uma primeira consulta de médica especializada de Cardiologia reduziu-se em 66,4% em relação ao período homólogo do ano passado, em Ortopedia conseguiu-se diminuir em 28,6% e em Ginecologia em 19,8%”, explicou ainda Alexis Tam no seu discurso introdutório.

O atendimento de doentes em locais de saúde privados e sem fins lu-crativos, como são as clínicas perten-centes aos Operários, ajudou também a este “sucesso” na saúde. De acordo com Tam, estas instituições viram um aumento 40% no número de doentes.

A deputada Angela Leong acusou ontem o Governo de não es-

tar a seguir um caminho claro no que toca ao cumprimento do plano de proibição total de fumo nos casinos. A depu-tada queixa-se das despesas com a criação de salas de fumo, para que agora, refere, estas possam eventualmente deixar de existir.

“As linhas condutoras do Governo quanto às políticas de proibição do fumo não estão muito claras”, frisou a deputada. “Foram já gastos

Tabaco acusações de falTa de rumo para proibição em casinos

Milhões gastos para nada?mais de mil milhões de pa-tacas para alterar [as salas de fumo]. No entanto, conside-ramos que este dinheiro pode ser investido para aumentar os benefícios dos nossos trabalhadores”, começou por dizer. “Queremos ter li-nhas condutoras mais claras para não desperdiçarmos os nossos recursos a construir

salas de fumo que depois terão que ser demolidas”, continuou a deputada.

A também presidente da SJM argumentou ontem que foram já gastos milhões de pa-tacas na construção das salas de fumo, algo que o Governo tornou obrigatório no ano passado, a partir do momento em que o referido regime

deixou de possibilitar o fumo dentro dos casinos e junto às mesas de Jogo. No entanto, o próximo passo deverá passar por proibir o fumo de forma efectiva e total.

“Isto reproduz-se na cria-ção de salas de fumadores? Será que podemos permitir salas de fumadores nos ca-sinos?”, insistiu.

A intervenção de Angela Leong surge depois da res-posta de Alexis Tam a Ella Lei, que questionava o diri-gente quanto à entrada em vigor da proibição total. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura referiu que concorda plenamente com a proibição total de fumo dentro dos casinos locais e

disse ainda que a revisão do diploma legal de controlo do tabagismo está dentro do prazo previsto.

“Muito em breve vamos apresentar aos serviços competentes e ao gabinete do Chefe do Executivo a proposta e não estamos atra-sados no processo”, frisou o dirigente. A resposta foi dada a Ella Lei, que questio-nava a existência de atrasos na aprovação deste regime. O referido documento legal dita a proibição total de fumo nos casinos. - L.S.M.

HoTel esToril Escolas E actividadEs culturais

desTino finalmenTe TraçadoEducAré prEcisOAlexis Tam quer reforçar a aposta na educação, tendo referido ontem a criação de programas de intercâmbio juvenil ao nível do ensino não-superior. Outras medidas discutidas ontem foram já anunciadas anteriormente, mas não deixam de ser consideradas prioritárias para o dirigente. Exemplo disso são a reforma curricular e a introdução de “valores patrióticos” no ensino local. Esta foi novamente uma matéria criticada pela ala democrata do hemiciclo, nomeadamente por Ng Kuok Cheong, que questionou a viabilidade desta disciplina e a sua implementação. De acordo com Alexis Tam, serão ainda reforçados o sistema de inspecção escolar e o fomento da actividade desportiva entre os mais jovens. “Já estamos a meio do plano de dez anos do ensino superior e já planeámos aumentos os investimentos no ensino não superior para aumentar a escolaridade até aos 15 anos e elevar a qualidade profissional do pessoal docente (...) vamos optimizar os currículos dos cursos e a cooperação com a província de Guangdong, vamos atribuir subsídios a alunos que estejam a frequentar cursos nesta província”, assegurou Alexis Tam, numa resposta a Chui Sai Cheong.

dEficiEntEs VAgAs VãO AumEntAr De acordo com Alexis Tam, as instituições dedicadas à reabilitação e acolhimento de cidadãos com deficiência deverão ter mais de 10 mil vagas até ao próximo ano. Isso mesmo disse o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, quando questionado pelo deputado Chan Meng Kam acerca do valor dos prémios oferecidos aos atletas com deficiência, que diferem dos atletas sem estes problemas. Tam respondeu que a hipótese será estudada para equilibrar as quantidades no que diz respeito àquilo que os restantes desportistas recebem.

para o início das operações, mas a ideia de Alexis Tam é que o hotel se interligue com os espaços culturais já existentes no Tap Seac, como é o caso da biblio-teca municipal e da Casa de Vidro.

O edifício, que perten-cia ao magnata do Jogo Stanley Ho, foi pensado para albergar a Escola

Portuguesa, que acabou por não mudar de local. Recentemente, recorde--se, o Governo disse ao HM não ter ainda planos para o espaço, sendo que alguns especialistas em urbanismo contactados na altura pelo HM pediam uma consulta pública para decidir o que fazer com o prédio.

prOmEtidA fOrmAçãO dE 116 EnfErmEirOsQuestionado ontem sobre a falta de recursos humanos na área da Saúde, Alexis Tam anunciou a formação, ainda este ano, de pelo menos 116 enfermeiros que sairão de instituições locais. “A escola do Kiang Wu vai formar 62 novos enfermeiros, enquanto o Instituto Politécnico de Macau forma 54 enfermeiros” explicou o Secretário, que acrescentou que se devem ir buscar “cerca de 70 ao privado”. Tam acrescentou ainda que “neste momento 970 enfermeiros estão no serviço público” de Macau e que, no total, se houver cerca de 188 enfermeiros já preenchem as vagas necessárias. No total, serão recrutados mais de 520 profissionais de saúde, dos quais apenas 32 serão médicos e 14 deles especializados. Numa resposta ao deputado Au Kam San – que questionou o Secretário sobre o número de pessoas necessário para o funcionamento do hospital das Ilhas –, Alexis Tam referiu que o número anunciado é “razoável e racional”.

saúde diminuição nas esperas HospiTalares

Tempo “de orgulho”

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura mostrou ontem vontade de implementar um

sistema de saúde local que aliasse as forças públicas e privadas, mas de uma forma mais abrangente do que actualmente existe. Hoje em dia, as clínicas privadas e sem fins lucrativos apoiam os Serviços de Saúde no atendimento de doentes, mediante um método de “aquisição de serviços”, onde o Executivo paga pelo serviço. Neste mecanismo ontem anunciado, o Governo funcionaria enquanto organismo fiscalizador das entidades de saúde privadas, que seriam responsáveis pela colocação em prática das medidas determinadas

pelo Executivo. Para já, esta opção foi apenas viabilizada no papel. “Vamos fazer um estudo sobre como é possível ter um serviço em que o serviço público fiscaliza e o privado fornece [os serviços de Medicina]”, anunciou o Secretário. Este é um tipo de regime em vigor em vários países, nomeadamente em Portugal, onde tanto o sistema educativo como o de saúde funcionam em três tipos de regimes: público, privado e público-privado. Não foram, no entanto, avançadas quaisquer informações sobre o funcionamento deste mecanismo, especialmente no que diz respeito ao financiamento destas instituições médicas privadas.

Tudo isto, frisou, teve lugar desde que tomou posse, ou seja, nos últimos cem dias. Algo que deixa o respon-sável da tutela orgulhoso. “Já conse-guimos estes números e, por isso, é de orgulhar. Sinto bastante orgulho.”

Embora frise que o sistema de saúde local é “coeso”, Alexis Tam admitiu que o tempo de espera de algumas especialidades é ainda excessivo e que um dos problemas principais da região tem que ver com o crescente envelhecimento

da população, algo directamente relacionado com a falta de lares de idosos.

“Estou neste lugar há cem dias e já fui fazer muitas visitas a centros de saúde e ao hospital para saber a situação e também já tive encontros com associações de médicos e enfer-meiros para saber bem da situação. O sistema é coeso, mas a cidade está a enfrentar a situação de envelheci-mento da população (…)”, referiu o governante. - L.S.M.

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6 hoje macau terça-feira 14.4.2015sociedade

Joana Freitas [email protected]

a recolha de dados pes-soais à entrada dos prédios residenciais é permitida por lei e,

ainda que “tenha de ser feita com limites”, não é necessário pedir autorização ao Gabinete de Protec-ção de Dados Pessoais (GPDP). É o que garante o organismo ao HM, acrescentando que há espaços que apenas necessitam de notificar o gabinete sobre a recolha. Contudo, ainda há muitas lacunas na forma como os dados são tratados.

O HM questionou o Gabinete depois de receber diversas queixas de residentes, que consideram uma violação à sua privacidade o facto de terem de se identificar antes de entrar em alguns prédios habita-cionais, como é o caso dos Nova Taipa e dos Nova City. Em algumas situações, o número do BIR é tam-bém pedido, bem como o número de telefone. O GPDP explica que a recolha não é ilegal, mas indica que há medidas a ser cumpridas, que passam, por exemplo, pelo tratamento feito aos dados.

“A recolha e o tratamento de dados pessoais dos visitantes por proprietários, usuários ou gestores dos edifícios com base na fina-lidade de segurança [do prédio] não são proibidos por lei. Não é preciso pedir autorização, mas a notificação é obrigatória. E não podem ser os porteiros a determinar os tipos de dados recolhidos, tem de se saber quem é o responsável”, começa por explicar ao HM uma porta-voz do GPDP.

De acordo com a informação cedida, será o proprietário do edifício – ou empresa responsável – quem tem de decidir que tipo de dados são pedidos aos visitantes. Há ainda medidas que têm de ser cumpridas, mas que não são.

“O responsável tem de elaborar a Declaração da Recolha de Dados

“É de especial importância salientar que o livro de registo deve ser conservado adequadamente, não podendo ser lido por pessoas não autorizadas, nem colocado em locais com acesso fácil”Gabinete de Protecçãode dados Pessoais

A recolha de dados pessoais à porta de edifícios habitacionais é legal, assegura o GPDP, que diz, contudo, que deve haver limites. Contudo, continuam a existir falhasna conservaçãoda identificaçãodos visitantes por parte dos prédios

Registo de visitas em pRédios é legal mas tem falhas

dúvidas razoáveis

Pessoais, para consulta dos visitan-tes antes da recolha”, começa por apontar um parecer do GPDP feito a pedido da Polícia Judiciária. Esta declaração tem de estar visível – algo que, como o HM comprovou facilmente, não acontece – e tem de incluir “a identidade do responsá-vel pelo tratamento, as finalidades dos dados, as categorias dos desti-natários a quem são comunicados os dados, as condições do direito

de acesso e as consequências no caso de recusa do fornecimento de dados”.

BIR secRetoMas há mais situações em que a forma como são recolhidos os da-dos não respeita a lei. Pelo menos em alguns edifícios. Isto, porque são os visitantes quem preenche os seus dados pessoais na mesma lista onde estão já outros registados. De

acordo com o parecer do GPDP, esta é uma situação que não pode acontecer.

“É de especial importância sa-lientar que o livro de registo deve ser conservado adequadamente, não podendo ser lido por pessoas não autorizadas, nem colocado em locais com acesso fácil. Se os visitantes preencherem os seus próprios dados, o livro deve ser di-vidido adequadamente ou possuir

medidas de ocultação, de modo a que os outros visitantes não vejam os dados dos visitantes anteriores.”

Outra das situações, como descreveram alguns residentes ao HM, é a recolha do número do BIR que, de acordo com o GPDP também deve ser evitado. “Só se deve recolher os números dos documentos de identificação dos visitantes quando haja necessidade e, mesmo assim, deve tentar-se não recolher números completos. Os dados não podem ser excessivos.”

tRatamento IncógnIto Segundo o GPDP, o número de no-tificações entregues ao organismo “tem tido tendência de aumento”. De 2014 a 2015 foram mais de dez estas notificações, todas partindo de empresas detentoras ou gestoras de edifícios habitacionais.

Tal como o HM, também a PJ foi confrontada com a questão da recolha de dados de visitantes por “associações e organismos”, sendo que, diz a polícia, “como isto envol-ve a privacidade, alguns visitantes recusam-se a recuperar”.

Sobre o assunto, o parecer do GPDP entregue à PJ, a que o HM teve acesso, indica que estes dados são “mais gerais”, incluindo nome da visita e da pessoa visitada, horas de entrada e saída e finalidade da visita. Ainda assim, estes continuam a me-recer prévia autorização do visitante.

“Regra geral, só podem ser rea-lizadas após a obtenção do consen-timento inequívoco dos titulares dos dados”, ou seja, “a manifestação de vontade livre e informada”, realça o GPDP, relembrando que o BIR, por exemplo, não pode ser retido por terceiros. Ainda assim, diz, o prédio pode decidir se deixa ou não entrar o visitante, caso este se negue a ceder os seus dados.

O HM não conseguiu apurar como é feito o tratamento aos dados em prédios habitacionais, ainda que o GPDP tenha garantido ao nosso jornal que este deve ser da responsa-bilidade do gestor ou proprietário do edifício e que este tem de “obedecer à Lei de Protecção de Dados Pes-soais”, como por exemplo, destruir os dados depois de algum tempo e mantê-los confidenciais.

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7 sociedadehoje macau terça-feira 14.4.2015

Flora [email protected]

o pai de uma rapariga morta por atropelamento por um autocarro do casino

Galaxy queixou-se à Direcção dos Serviços para Assuntos de Tráfego (DSAT), depois do tribunal ter rejeitado a atribuição de indemni-zação pela companhia de seguros, pedindo ao Governo para pagar o montante. Lai Weng Ian é o nome da vítima do acidente ocorrido há três anos na Ponte da Amizade. Na altura, Lai Weng Ian ia como pen-dura na mota de um amigo, tendo sido atropelada pelo shuttle-bus.

O pai de Lai Weng Ian entregou ontem uma carta de reclamação à DSAT, onde acusa o condutor do autocarro da prática de homicídio por negligência. Mas o Tribunal Judicial de Base (TJB) acabaria por decidir que a mota ultrapassou o autocarro e que causou o acidente, não tendo sido comprovada a culpa do condutor do shuttle-bus.

Turismo Sugerido que Macau siga HK

licenças especiais pedidas sanções para actos ilegais A deputada Ella Lei pede ao Governo que aja “com rigor” sobre os actos ilegais cometidos por veículos na posse de licenças especiais. Em declarações ao Jornal do Cidadão, Ella Lei acusa os condutores de “abusarem” das Licenças Especiais de Condução para conduzirem autocarros dos casinos, actuando de forma ilegal junto às Portas do Cerco. A deputada considera que o Executivo não supervisiona a utilização das licenças, apontado que é necessária a revisão da lei, a obtenção de mais provas e maior rigor na emissão desses documentos.

Na apresentação do relatório de saúde e segurança ocupacional de 2014, responsáveis dos Serviçospara os Assuntos Laborais confirmaram que as multas na construção civil podem quintuplicar de valor e até passarem a crime. Pressa na conclusão das obras no Cotaié a grande causa das mortes já registadas, diz o organismo

Construção Governo quer aumentar penas e introduzir fiGura de crime

Cortar o mal pela raizandreia soFia [email protected]

É mais uma lei que data dos finais dos anos 80 e que mantém valores de multa irrisórios na área da cons-

trução civil. Actualmente, o valor das sanções a aplicar nas obras com irregularidades ronda as 14 mil pa-tacas, mas tendo em conta o elevado número de acidentes ocorridos nos últimos meses, o Governo pretende actualizar os valores. E não só: caso os responsáveis não paguem, tal poderá ser considerado um crime.

“A opinião da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) é transformar essas multas num crime para os empreiteiros que não pagarem as multas. A multa vai ser ajustada e aumentada e poderá ser aumentada três a cinco vezes mais. Mas neste momento ainda estamos numa fase de discussão”,

disse Lam Iok Cheong, chefe do Departamento de Segurança e Saúde Ocupacional da DSAL.

Segundo a mesma responsável, as multas são normalmente aplica-das aos empreiteiros, sendo que “a ordem de suspensão das obras é mais eficiente do que a aplicação da multa, porque os montantes das multas são muito baixos”.

Apesar de quererem aplicar

alterações ao Regulamento de Saúde e Segurança Ocupacional, os responsáveis da DSAL não apontaram uma data concreta para o arranque das negociações no seio do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS).

Os dados do relatório mostram que, só no primeiro trimestre deste ano, já foram feitas nove suspensões nas obras, número que praticamente iguala as dez suspensões ocorridas em 2014, ano em que foram feitas 5200 fiscalizações. Actualmente, a DSAL possui 22 fiscais e afirma que, para já, são suficientes.

O ano passado a DSAL aplicou um total de 83 multas, com o valor de 479 mil patacas, enquanto que em 2013 foi inferior, 295 mil pa-tacas, referentes a 64 ocorrências.

Rapidez oRiginou moRtes O relatório da DSAL traça ainda um cenário negativo no que ao

DsAt PAi De rAPArigA AtroPelADA PeDe inDemnizAção

De quem é a culpa afinal? O presidente da Associação de Indústria Turística de

Macau, Wu Keng Kuong, sugere que o Governo siga o exemplo de Hong Kong e implemente um limite aos vistos para turistas do interior da China. A opinião de Wu Keng Kuong chega depois da imprensa de Hong Kong ter anunciado que os vistos indivi-duais de residentes da cidade de Shenzhen, na província de Guangdong, vão ser limitados a uma entrada por semana na região vizinha.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o presidente da Associação considera que a me-dida não vai influenciar Macau. Isto, porque os vistos individuais da província de Guangdong para Macau são emitidos durante um prazo de três meses, o que equivale, diz, a quatro entradas por ano.

Ainda assim, Wu sugere que se limite a vinda de turistas do interior da China para Macau durante as férias. Citando o relatório sobre a capacidade de recepção de turistas do Instituto de Formação Turística, o respon-

sável relembra o problema da lotação do território e sugere que se restrinja o número de vistos individuais do interior da China para Macau durante as férias e feriados, algo que já foi, aliás, pedido na sociedade.

“Assim, pode ser que existam turistas que escolham vir a Ma-cau em períodos que não sejam de férias ou feriados e acredito que isso ajudaria a equilibrar a vida da população e o turismo”, realçou.

O HM tentou questionar o Go-verno sobre a eventual aplicação desta medida, mas até ao fecho desta edição não foi possível obter qualquer resposta. - Flora Fong

O pai da vítima queixa-se ainda que o condutor é do interior da Chi-na e conduzia, à data, o autocarro de forma ilegal, possuindo apenas a Licença Especial de Condução emitida pela DSAT, a qual apenas permite transportar determinados produtos e passageiros do con-tinente para Macau. No entanto, o autocarro terá feito o percurso desde as Portas do Cerco até ao Galaxy, no Cotai.

Perante a decisão do TJB, a companhia de seguros rejeitou o pagamento do seguro de danos

contra terceiros, no valor de 750 mil patacas, defendendo que a responsabilidade do pagamento da indemnização é do condutor do autocarro. Contudo, o pai da vítima conta que este não tem possibilida-des de pagar esse montante.

Por isso, o homem diz esperar que se faça justiça. “A DSAT devia pagar a indemnização, porque emi-tiu a licença especial e a ilegalidade dessa licença matou uma pessoa”, frisou. O homem pondera recorrer da decisão do TJB caso o Governo não pague a indemnização.

número de mortes nos estalei-ros diz respeito. Fala da morte de oito trabalhadores (sete em 2014, mais um morto este ano), mas deixa de fora as quatro mortes entretanto já ocorridas este trimestre.

Lam Iok Cheong não tem dúvidas: a pressa na conclusão dos empreendimentos do Cotai, com data de abertura apontada para 2016, é a principal causa das mortes dos trabalhadores da construção civil.

“Uma das causas é porque os empreendimentos estão na fase final e há pressa [para concluir os trabalhos]. Também há falta de trabalhadores, o que levou a estes acidentes”, frisou a responsável. A maioria dos acidentes acontece em altura ou com equipamentos, o que levou a DSAL a organizar para este ano mais acções de formação e seminários.

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8 hoje macau terça-feira 14.4.2015eventos

Coimbra Igreja de São Domingos desclassificada como monumento nacional

A capela-mor da Igreja de São Domingos, em Coimbra, foi

ontem desclassificada como mo-numento nacional, de acordo com uma determinação publicada em Diário da República (DR) e que conclui um processo iniciado em Junho de 2014.

No texto ontem publicado em DR, lê-se que da igreja de São Domingos, erguida na segunda metade do século XVI, no âmbito

de um projecto nunca concluído, apenas resta a capela de Jesus: “o transepto ruiu quase por inteiro com o terramoto de 1755, a capela do Tesoureiro foi trasladada, os espaços interiores ainda restantes foram ocupados, depois de 1834, por garagens e oficinas, ali funcio-nando hoje um centro comercial que alterou totalmente a estrutura”.

“E a capela-mor, objecto da classificação, resume-se à sua pare-

de fundeira, descaracterizada, que serve de fachada ao espaço comer-cial”, adianta o DR, na sustentação da desclassificação do monumento, assinada pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.

“Considera-se, desta forma, que aquilo que resta actualmente da Igreja de São Domingos, e mesmo da sua capela-mor, quer no que respeita à integridade dos vestígios materiais, quer no que respeita à sua

carga simbólica e dignidade, foi de tal forma desvirtuado e descaracte-rizado que perdeu as características patrimoniais e culturais anteriormen-te valorizadas e julgadas essenciais à manutenção da classificação de âmbito nacional”, adianta o DR.

Em Janeiro, a Direcção-Geral do Património Cultural propôs a desclassificação do monumento, processo ontem concluído com a pu-blicação em Diário da República.

Fil ipa araú[email protected]

É já este fim-de-semana que a região vizinha de Zhuhai recebe um dos momentos mais musi-

cais do ano, o Festival de Mú-sicas do Mundo de Beishan. Ao fim de cinco edições, o Festival tem ganho corpo e cada vez mais visitantes. No próximo sábado e domingo, Beishan – a cerca de 15 mi-nutos de carro da fronteira de Zhuhai - recebe músicos de vários países e regiões, como Brasil, Japão, Malásia, Estados Unidos da América, Argentina e até Macau.

A primeira noite, como descreve o jornal Ponto Final, será dedicada à música jazz. Explica a publicação que o “cartaz da quinta edição do festival dá principal destaque ao jazz, estilo que tem vindo a ser de preferência da orga-nização ao longo dos anos e que acreditou que trazer o estilo musical originário de New Orleans para Zhuhai seria inovador”.

A fazer as honras estará o cantor italiano Boris Sa-voldelli, considerado um dos melhores cantores deste registo dos últimos tempos. De Macau surge a Associa-ção de Percussão, criada em

o escritor alemão Gün-ter Grass morreu ontem, na cidade de

Lübeck, na Alemanha, aos 87 anos. O autor do livro “Des-cascando a Cebola” estava internado numa clínica, e a confirmação do seu desapare-cimento foi dada pela editora Steidl.

Günter Grass, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1999, era considerado um porta-voz da sua geração. De-fensor de causas de esquerda, manifestou-se contra as inter-venções militares no Iraque, tendo sido durante décadas considerado uma espécie de “consciência moral” da Alemanha. Foi na Alemanha que Grass nasceu, a 16 de Outubro de 1927, oriundo de uma família humilde e católica. Os pais geriam uma

Óbito Morreu Günter Grass, PréMio nobel da literatura

Era a “consciência moral” alemã mercearia em Gdansk (outro-ra Danzig) -, sendo que Grass cresceu sob essa influência religiosa, mas também fez parte da Juventude Hitleriana e das Waffen-SS. Estas foram experiências das quais falou, embora apenas várias décadas depois, o que causou grande polémica.

Em 2012, Grass foi con-siderado persona-non-grata por Israel, depois de ter comparado a acção deste país com os regimes ditatoriais. Ficou proibido de entrar no país, tendo recebido até crí-ticas dos próprios alemães. Houve mesmo um pedido à Academia Sueca, que foi rejeitado, para que ao escritor fosse retirado o Nobel da Literatura.

Escreve o jornal O Públi-co que, também em 2012, o

escritor publicou um poema de apoio à Grécia, ao qual chamou “A Vergonha da Europa” e não se conteve nas críticas à atitude da chanceler alemã Angela Merkel. O No-bel da Literatura lembrava a história da Grécia, a quem a Europa muito deve.

“Tu vais definhar privada de alma sem o país que te concebeu, tu, Europa”, es-creveu Günter Grass, num poema com 12 estrofes de dois versos cada.

Percurso de vidaIntelectual, romancista, dra-maturgo e poeta, da sua obra constam obras de referência como “Descascando a Ce-bola”, um livro de carácter autobiográfico, onde aborda a sua passagem pelas SS alemãs, “O gato e o rato”, “A

passo de caranguejo” e “O pregado”. Membro da Aca-demia das Artes de Berlim, Günter Grass, que ganhou o reconhecimento internacio-nal com O Tambor de Lata, publicado em 1959, recebeu, além do Nobel, distinções tão importantes como o Prémio Literário Príncipe das Astú-rias, o Prémio Internacional Mondello ou a Medalha Alexander-Majakovsky.

Antes de dar nas vistas como escritor, Günter Grass interessou-se por arte, estu-dou escultura, design gráfico, fez parte de uma banda jazz e, sobretudo, viajou muito.

Em 1956 ficou-se em Pa-ris, onde permaneceu alguns anos, vivendo modestamente com a primeira mulher. Aí co-meçou a sua carreira literária, com “O Tambor de Lata”.

Chega a 5.ª edição do Festival de Música do Mundo de Beishan. Sábado e domingo dedicado à música

Zhuhai Festival de Música do Mundo eM Beishan este FiM-de-seMana

a festa é já aqui ao lado2006, tendo sido a primeira do território. Actuam no dia 18 de Abril juntamente com os seus conterrâneos, a Tuna de Macau, que mistura sons chineses e portugueses, devi-do às suas ligações históricas. A já muito conhecida banda local Blademark também foi convidada para esta edição do Festival.

Arie & John também marcam presença, permi-tindo aos seus seguidores, uma vez mais, usufruir de uma noite com sons que misturam o pop, o folk e o rock. Da Argentina surge Juan ‘Pollo’ Raffo Quatet, um quarteto que conquista

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9 eventoshoje macau terça-feira 14.4.2015

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

a SíRia em pedaçoS • Bernardo Pires de LimaPoucos momentos na história recente sofreram tantas alterações como estes quatro anos no Norte de África e no Médio Oriente. Este livro passa esses anos em análise, tendo a Síria como centro de gravidade. Acompanha as motivações da «Primavera Árabe», a ascensão e o equilíbrio entre as potências sunitas e xiitas, os posicionamentos das grandes potências externas, o papel das organizações internacionais, o roteiro dos grupos islamitas radicais, e o foco de jihadismo na Europa que o ataque ao Charlie Hebdo aproximou do caos sírio. Tudo isto em fotogramas sobre o que o rodeou, consumiu, minou e sobreviveu. Numa Síria em pedaços.

aS pRimeiRaS víTimaS de HiTleR • timothy W. rybackEm 1933, durante um período de seis semanas dramáticas, um homem correu contra o tempo para expor os nazis como assassinos na véspera do Holocausto. Esta é a história espantosa de As Primeiras Vítimas de Hitler. No dia 13 de Abril de 1933, às nove da manhã, o procurador-adjunto Josef Hartinger recebeu um telefonema solicitando a sua presença no recém-inaugurado Campo de Concentração de Dachau, onde quatro presos tinham sido alvejados a tiro. Os guardas SS falaram em tentativa de fuga mas o que Hartinger encontrou – uma jaula de arame farpado no meio de um deserto industrial, cadáveres atirados sem cerimónia para um paiol, ferimentos de bala a curta distância nas cabeças dos quatro judeus – convenceu-o de que algo estava terrivelmente errado.

O romance inédito da escritora norte--americana Harper

Lee, de 88 anos, autora de “Mataram a cotovia”, é editado em Portugal, pela Editorial Presença, “no úl-timo trimestre deste ano”, disse ontem à agência Lusa fonte editorial.

A obra inédita da norte--americana Harper Lee “Go set a watchman”, no qual se encontram locais e figuras de “Mataram a cotovia”, é edi-tada a 14 de Julho nos países de língua inglesa e, segundo a editora portuguesa, “este livro deu origem a um dos leilões mais disputados entre casas editoriais dos mais diversos países em todo o mundo”.

Segundo a mesma fonte, “a acção de ‘Go set a watch-man’ decorre em meados da década de 1950 e apresenta muitas das personagens de ‘Mataram a cotovia’, vinte anos mais tarde”.

“Scout (Jean Louise Finch), agora uma jovem mulher, regressa a May-comb, sua terra natal, vinda de Nova Iorque, para visitar o pai, Atticus, vê-se forçada a confrontar-se com assuntos pessoais e políticos e tenta compreender a atitude do pai em relação à sociedade, bem como os seus próprios sentimentos relativamente ao local onde nasceu e pas-

Zhuhai Festival de Música do Mundo eM Beishan este FiM-de-seMana

a festa é já aqui ao lado

No próximo sábado e domingo, Beishan – a cerca de 15 minutos de carro da fronteira de Zhuhai - recebe músicos de vários países e regiões, como Brasil, Japão, Malásia, Estados Unidos da América, Argentina e até Macau

com a música criada pelo saxofone, bateria, baixo e teclas.

incontornáveLNo domingo, a cantora e compositora malaia Bihzhu apresenta o seu novo ál-bum. Dos Estados Unidos da

Romance de haRpeR Lee vai chegaR a poRtugaL

Inédito inestimável

sou a infância”, adianta a apresentação da obra.

O cenário é a pequena cidade do Estado do Ala-bama, sob as fortes tensões raciais dos anos 1950, que também serviria de cenário a “Mataram a cotovia”.

A escritora, citada pela Presença, reconheceu que, “em meados dos anos 1950”, escreveu um ro-mance intitulado “Go set a watchman”.“Tinha como principal personagem uma mulher, ainda jovem, chama-da Scout. Na época, o meu editor, entusiasmado com os ‘flashbacks’ da infância de Scout, convenceu-me a escrever um romance a partir da perspectiva de Scout ain-da criança’”, afirma Harper Lee, num texto enviado à Lusa pela Editorial Presença.

“Eu estava a dar os pri-meiros passos como escrito-ra e, por isso, fiz o que ele me disse. Não fazia ideia de que a obra tinha sobrevivido, julgava que o manuscrito se tinha perdido, pelo que fiquei muito surpreendida e encantada quando soube que a minha amiga e advo-gada Tonja Carter, o tinha descoberto no Outono do ano passado”, conta a autora.

descoBerta PreciosaDepois da publicação de “Mataram a Cotovia”, em 1960, e que valeu a Harper

Lee um Prémio Pullitzer, a escritora “pôs de parte o manuscrito de ‘Go set a wa-tchman’ e nunca mais pensou nele, e foi até dado como perdido, mas, no Outono do ano passado, Tonja Car-ter descobriu-o num lugar seguro, apenso ao original dactilografado de ‘To kill a mockingbird’ (‘Mataram a Cotovia’)”.

“Depois de muito pensar sobre o assunto e de algu-ma hesitação, mostrei-o a algumas pessoas da minha confiança e senti uma grande satisfação por acharem que valeria a pena publicá-lo. Sinto-me orgulhosa e ma-ravilhada por o livro ir ser publicado ao fim de todos estes anos”, remata Lee.

“Mataram a cotovia”, que foi publicado em Portu-gal em 1964, é um romance sobre racismo e preconceito, nos anos da Grande Depres-são, nos Estados Unidos, na década de 1930.

O livro conta a história de um advogado que defende um homem negro acusado de violar uma jovem branca.

A obra deu origem ao filme de Robert Mulligam, distribuído em Portugal com o título “Na Sombra e no Silêncio”, com Mary Badham no papel de Scout Finch, e Gregory Peck, como seu pai, o advogado Atticus Finch, desempenho que lhe garantiu o Óscar de melhor actor.

O grupo norte-ameri-cano HarperCollins chan-cela a edição original de “Go set a watchman” e, segundo o seu presidente, Michael Morrison, a obra é “brilhante”

“É brilhante este livro! Adorei ‘Go set a watchman’, sei que esta obra-prima será admirada pelas gerações fu-turas”, afirmou Morrison.

América voam Liza Carbe e Jean-Pierre (JP), duo criado em 1995 e com vasta expe-riência em composição. Com actuações em todos os pontos do mundo, a música deste duo há muito que invade os nossos rádios e televisores.

Da Coreia do Sul surge

Baraji com todo o seu traço espiritual. Contrários são o Trio Juninho, composto por três nacionalidades diferen-tes: Canadá, Brasil e Portugal, que prometem um ritmo de funk e samba.

Ao citar a nota da orga-nização, o jornal explica que “fazer um festival só de jazz numa cidade que não tem essa cultura iria causar alguma estranheza, mas a verdade é que em cinco anos o Fes-tival Beishan já é um ponto essencial na agenda cultural de Zhuhai e está a crescer no sul da China”.

As portas abrem às 17h00 e os bilhetes custam 99 yuan.

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10 hoje macau terça-feira 14.4.2015

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A facilidade com que se alcança hoje informação sobre cer-to tipo de assuntos liberta o cronista de ter de a facultar.

Assim, este escusa-se à repetição de con-siderações sobre a Nova Vaga Checos-lovaca – matéria em geral aborrecida e repetitiva.

Baste que se lembre que vários países da Europa de Leste atravessaram períodos de experimentalismo como os que anima-ram muitos outros países - da França ao Japão ou da Alemanha ao Brasil - e que se lembre que muitos dos filmes que hoje os historiadores e críticos de cinema anima-damente arrumam neste círculo aí foram parar por excesso de zelo classificativo e contra a vontade dos seus criadores.

O cinema feito nos anos 60 e 70 na Polónia e na Checoslováquia é do mais merecidamente conhecido entre as cine-matografias da Europa de Leste.

Da Polónia retenho os nomes de An-drzej Munk (Pasazerka continua a ser um dos filmes sobre o nazismo mais certos que conheço e que se pode hoje em dia ver em eficaz conjunto com a ópera de Mieczyslaw Weinberg – composta nos anos 60 mas só estreada em 2006 - com o mesmo nome e baseada na mesma peça radiofónica em que o filme se baseou); Jerzy Kawalerowicz (Motka Joanna od Aniolow ainda hoje provoca um frisson ateu e voluptuário intenso); Andrzej Wajda (de fama internacional firme mas um pou-co posterior e cujo Czlowiek z marmuru/Man of Marble, deve ter sido o primeiro filme polaco visto por muito cinéfilo lisboeta)

luz de inverno Boi Luxo

Spalovac mrtvol (the cremator), 1969, JuraJ herz

e, por exemplo, Skolimovski e um Roman Polanski ainda novo (cujo último filme, La Vénus à la fourrure, é um perfeito exemplo de actualidade que recomendo sem re-servas). Ou ainda um filme de 1960 cha-mado Do widzenia, do jutra/Goodbye, see you tomorrow, de Janusz Morgenstern, pleno de tiques e actrizes amorosos.

A Hungria e a antiga Jugoslávia tam-bém produziram um grupo considerável de autores alucinados que ganharam al-guma distinção, como Miklós Jancsó (Vizi privati, pubbliche virtù/Vícios Privados, Públicas Virtudes, levou muito jovem lúbrico ao ci-nema); István Szabó ou Márta Mészáros (húngaros), ou o jugoslavo Dusan Maka-vejev (Mistérios do Organismo e Um Filme Doce, famosos em Portugal pelas suas ou-sadias carnais).

Mas não escondo que é o que se fez na Checoslováquia que mais me anima. Cingindo-me aos anos 60 e 70 é impos-sível não lembrar Vera Chytilová (autora do adorável Sedmikrásky já aqui vítima de luxuoso elogio); Milos Forman; Jaromil Jires (Valerie a týden divu, Valerie and her Week of Wonders ainda se não insinuou nestas pá-ginas não sei bem se por preguiça se por excesso de amor); Jiri Menzel (se me pe-dissem para listar 20 filmes europeus des-ta época nunca esqueceria Ostre Sledované vlaky, Closely Watched Trains, também sobre o período do nazismo e também finamen-te absurdo); Jan Svankmajer (nem sei o que dizer dos seus filmes de animação e longas metragens de ficção, tal a sua capa-cidade inventiva e lírica violência e capa-cidade de utilização do som – Lekce Faust,

de 1994, já aqui foi admirado); Frantisek Vlacil (Marketa Lazarová é um dos filmes mais importantes de toda a história do cinema, um sobre o qual nunca escrevi e provavelmente nunca escreverei); ou Ju-raj Herz – cujo Spalovac mrtvol, The Crema-tor, finalmente, mórbida e animadamente aqui nos traz.

É destes países que saiu algum do ci-nema mais consistentemente absurdista que conheço.

The Cremator é a história de um trans-porte, a transformação de um homem checoslovaco decente num seguidor empedernido do nacional socialismo de estirpe alemã. A história da lenta con-taminação da Europa pelo nazismo, du-rante os anos 30, é bestial. A minúcia e a eficácia burocrática com que aos poucos se começaram a introduzir os seus valo-res totalitários e racistas (profundamente racistas no sentido também da exclusi-vidade, da obsessão na manutenção da monorracialidade) são menos conhecidas que a fase que se reporta ao período final do nazismo.

O filme de Juraj Herz fá-lo, igualmen-te, de modo imperceptível e o humor é o artifício que torna a transformação de Kopfrkingl ainda mais absurda e inacre-ditável.

Não conheço lugar nenhum (divague-se um pouco) como o livro Austerlitz, de W.G.Sebald, onde se descreva com tanta eficácia o odioso processo que neste filme se exibe, o processo das purgas, do inven-tário dos objectos e imóveis expropria-dos, das vendas forçadas de propriedade

a preços irrisórios, da lenta mas metódica exclusão social de partes da população de países onde o ódio nazi se espalhou, a impossibilidade da utilização dos ban-cos, dos serviços de correios, dos parques e jardins, dos clubes desportivos, das es-colas, etc.

Alguns leitores estarão a recordar um outro filme que, no entanto, não utiliza o humor negro do filme de Juraj Herz para documentar este processo: Il Giardino dei Finzi-Contini (Vittorio de Sica, 1970, um ano após o filme checoslovaco), outra história de exclusão sistemática dos direi-tos dos judeus, esta centrada em duas fa-mílias da alta sociedade de Ferrara, Itália.

O Dr. Bettelheim, o médico do filme checo, exprime confiança no avanço da Europa civilizada dos anos 30, uma ino-cência de que o próprio Kopfrkingl parti-lha antes da transformação que lhe impõe o familicídio. Após a sua conversão so-mos confrontados com a inevitabilidade do afastamento do elemento judeu.

Uma interessantíssima recensão críti-ca de Ian Buruma, constante da edição de 14 de Agosto de 2014 da NYRB, intitu-lada “A Very Superior German Liberal”, sobre o livro Not I: Memoirs of a German Chil-dhood, de Joachim Fest (biógrafo de Hitler e Albert Speer), lança uma luz útil sobre a crença inocente do Dr. Bettelheim.*

Nela define-se, de início, a figura do Bildungsbürger. Este é, nas palavras de Bu-ruma “a member of the pre-war bourgeois German elite whose status was marked less by birth than by a solid classical education. Some of the proud-est Bildungsbürger were Jews (…) the minimum

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11 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 14.4.2015

Outra vez, a escuridão do céu 

Início do Inverno, camadas e camadas de nuvens obscurecem os dias,

ontem, uma aberta luminosa, hoje tudo, tudo negro.

O pólen fino dos cardos revolteia por mil léguas,

na aldeia solitária, o vento sopra, levanta estandartes.

As ondas do rio empurram a areia dourada da margens,

nuvens e neve enclausuradas na montanha, rinocerontes rugem.

Olhem bem para este velho de Duling, perdido por terras distantes,

surdo do ouvido esquerdo, caíram-lhe metade dos dentes.

Alojado no pavilhão, junto ao rio 

As cores do crepúsculo sobem pelas veredas da montanha,

em cima, a minha casa debruça-se sobre águas transparentes.

Uma nuvem suspensa descansa na extrema da falésia,

a lua solitária eleva-se nas ondas do rio.

As garças voam, bandos perfeitos em silêncio,

os lobos uivam, não encontram comida.

Eu não durmo, sempre a preocupação com a guerra,

impensável a harmonia entre céu e terra.

requirement for a Bildungsbürger was a sound knowledge of Latin and Greek, the classics of Eu-ropean literature, and of course German classical music ”.

O que nos interessa é fixar, através do artigo de Ian Buruma, que Fest partilha da opinião de seu pai, Johannes Fest (que se incompatibilizou com Thomas Mann por esta razão), de que a classe educada não deveria permanecer afastada da política e que foi este afastamento, esta dedicação exclusiva à Kultur, que permitiu a ascensão da demagogia.

Aqueles Bildungsbürger que escolheram a via da intervenção política acabaram por se ver odiados por um lado pela esquerda mais radical, incluindo os comunistas, as-sim como pela parte nazi. Johannes Fest, recusando-se a colaborar na fúria totali-tarista (o Not I, do título da tradução do livro em questão, Ich nicht), perde o em-prego e a posição social mas não chega a ser vítima das perseguições que os judeus e outros alemães “inferiores” sofreram.

Mais interessante ainda é que à se-melhança do Dr. Bettelheim e do Sr. Kopfrkingl do início do filme de Herz, o típico Bildungsbürger não conseguia acredi-tar que um povo civilizado, como o povo alemão, se deixasse definitivamente sedu-zir por Hitler e pelo seu “bando de crimino-sos”.

Os Fest não eram judeus mas o Dr. Meyer, um dos amigos da família Fest, outro Bildungsbürger, era-o. Também o Dr. Meyer não acreditava que o país que pro-duzira Beethoven e Goethe pudesse al-guma vez colocá-lo em perigo. Johannes Fest, conta-nos Buruma, confessou ao seu filho que: “men like himself had placed too much trust “in reason, in Goethe, Kant, Mozart, and the whole tradition which came from that.” They had never believed that a “primitive gangster like Hitler” could take power in such a cultured country”.

Kopfrkingl vê-se elevado, como espe-cialista em cremações com 20 anos de ex-periência, a responsável de um programa de cremações de massa. O absurdo resul-ta do facto do seu empenho se identificar, para o fim, cada vez mais intensamente com uma ideal budista de salvação das almas que o acompanha desde o início do filme. A partir de certa altura as alu-cinações com um monge tibetano (ele próprio) que o proclama como a seguinte encarnação de Buda começam a ser mais reqüentes. No fim, a chamada para o iní-cio do exercício das suas novas funções confunde-se com a chamada para o início do exercício das suas funções espirituais.

* Fest é o autor de Der Untergang: Hitler und das Ende das Dritten Reiches, 2002 (Inside Hitler’s Bunker: The Last Days of the Third Reich), o livro que informou o filme Der Untergang (The Downfall), 2004, de Oliver Hirschbiegel, aqui alvo de apreciação numa crónica.

António GrAçA de Abreu

Poemas de du Fu復陰

方冬合沓玄陰塞

昨日晚晴今日黑

萬裏飛蓬映天過

孤城樹羽揚風直

江濤簸岸黃沙走

雲雪埋山蒼兕吼

君不見夔子之國杜陵翁

牙齒半落左耳聾。

 宿江邊閣

暝色延山徑

高齋次水門

薄雲巖際宿

孤月浪中翻

鸛鶴追飛靜

豺狼得食喧

不眠憂戰伐

無力正乾坤

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12 China hoje macau terça-feira 14.4.2015

T aiwan poderá integrar o novo banco internacional proposto pela China, mas com “uma identidade

apropriada” e não como membro fundador, estatuto reservado a estados soberanos reconhecidos como tal por Pequim, indicou ontem um porta-voz do governo chinês.

“iremos continuar a ouvir a opinião das várias partes para lidar correctamente com a questão da participação de Taiwan” no asian infrastructure investment Bank (aiiB)”, disse Ma Xiaoguang, do Gabinete do Conselho de Estado chinês para os assuntos de Taiwan.

O aiiB “é aberto e inclusivo e saúda a adesão de Taiwan sob um nome apropriado”, acrescentou Ma Xiaoguang.

Taiwan - a ilha onde se re-fugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista tomar o poder no continente - é vista por Pequim como uma província da China e não uma entidade politica soberana.

a ilha faz parte de organizações internacionais como o Comité Olímpico internacional e Banco asiático de Desenvolvimento (aDB) sob a designação de “Chi-nese Taipei” ou “Taipei, China” (Taipei é a capital de Taiwan).

Três milhões vão morrer de cancro nos próximos cinco anos Os casos de cancro continuam a aumentar na China e prevê-se que até três milhões de pessoas morram devido a esta doença nos próximos cinco anos, segundo um estudo médico divulgado ontem. Na última década, o número de casos e as mortes devido a esta doença “aumentaram significativamente” na China e vão continuar a aumentar nos próximos 20 anos, informa um relatório do Registo Nacional de Cancro citado pela Rádio Internacional da China. Segundo os dados mais recentes, cerca de 3,3 milhões de pessoas foram diagnosticadas com cancro em 2011 na China, dois terços das quais faleceram. O cancro do pulmão continua a ser o “mais mortífero”, causando a morte de até 530 mil pessoas por ano, segundo o relatório.

Comércio externo cai 6% no primeiro trimestre

O comércio externo da China caiu 6% no primeiro trimestre

de 2015 apesar de as exportações terem aumentado 4,9% em relação a igual período do ano anterior, anunciou ontem a agência noti-ciosa oficial Xinhua.

a queda foi provocada pela acentuada descida das importa-ções, que diminuíram 17,3% face ao primeiro trimestre de 2014.

Pelas contas divulgadas ontem pela administração-geral das al-fândegas Chinesas, Março foi um mês particularmente fraco para o comércio externo chinês.

no mês passado, as exportações diminuíram (14,6%) e as importa-ções também (12,3%), baixando o excedente comercial da China para 18.160 milhões de yuan, menos 62,6% do que em Março de 2014.

Mesmo assim, no primeiro trimestre deste ano, o excedente comercial da China aumentou seis vezes em relação a igual período de 2014, para 755.300 milhões de yuan, indicou a mesma fonte.

as exportações chinesas entre Janeiro e Março de 2015 somaram 3,15 biliões de yuan.

Em 2014, o crescimento do comércio externo chinês abrandou para 3,4% (cerca de metade da meta preconizada pelo governo), mas o excedente comercial da China aumentou 45,9%, atingindo o valor recorde de 382.400 milhões de dólares.

no conjunto, a economia chinesa abrandou para 7,4%, o crescimento mais baixo desde há 24 anos, e para 2015, a meta é “cerca de 7%”.

Segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, a Chi-na é também o maior exportador do planeta, à frente da alemanha e do Japão, e representa 12% do comércio global.

TaIwaN aCeITe NO NOvO baNCO maS SOb “NOme apROpRIadO”

Troca de identidade

O AIIB “é aberto e inclusivo e saúda a adesão de Taiwan sob um nome apropriado”Ma Xiaoguang gabinete do Conselho de Estado chinês para os assuntos de Taiwan

Brasil entre os potenciais fundadores O Brasil foi aprovado com potencial membro fundador do novo banco internacional proposto pela China, o asian infrastructure investment Bank (aiiB), anunciou o ministério chinês das Finanças no domingo. Quatro outros países ocidentais (Dinamarca, Finlândia, Holanda e Geórgia) obtiveram idêntico estatuto, elevando para 46 o número dos potenciais fundadores do aiiB, indicou a mesma fonte. apesar da inicial resistência de Washington, que começou por encarar o AIIB como um desafio à ordem financeira internacional, mais de uma dezena de países ocidentais, entre os quais Portugal, aderiram à iniciativa chinesa. Os membros fundadores, que apresentaram o pedido de adesão até ao final do mês passado, poderão participar na definição das regras do novo banco, enquanto os que aderirem depois daquela data terão apenas direito de voto. Pelo menos três países (islândia, israel e Portugal) formalizaram a adesão no dia 31 de Março.

Pequim defende a “reunifica-ção pacífica” com Taiwan segundo a mesma formula adoptada em Hong Kong e Macau (“um país, dois sistemas”, mas ameaça “usar a força” se a ilha declarar a inde-pendência.

O aiiB, visto inicialmente em Washington como um desafio à ordem financeira internacional, em competição com o Fundo Mo-netário internacional e o Banco Mundial, será estabelecido até ao final de 2015 com um capital inicial de 50.000 milhões de dó-lares e sede em Pequim.

Casos exCepCionaisExceptuando os Estados Unidos e o Japão, todas as grandes eco-nomias, incluindo as maiores da zona euro (alemanha, França e itália), aderiram ao novo banco.

Portugal, Brasil, austrália, Co-reia do Sul, Espanha, indonésia, israel, Luxemburgo, nova Zelândia, Rússia, Suécia e Suíça pediram igualmente para integrar o núcleo

de fundadores do aiiB, cuja lista completa deverá ser anunciada esta quarta-feira.

Bangladesh, Birmânia, Bru-nei, Cambodja, Cazaquistão, China, Filipinas, Índia, indonésia,

Kuwait, Laos, Malásia, Mongólia, nepal, Omã, Paquistão, Qatar, Singapura, Sri Lanka, Tailândia e Vietname foram os primeiros 21 proponentes do aiiB, em Outubro passado.

Estatísticas citadas na impren-sa chinesa indicam que nesta dé-cada, a Ásia-Pacífico precisará de 8 biliões de dólares (biliões) para melhorar as suas infra-estruturas.

Há duas semanas, após uma visita a Pequim, o secretário norte--americano do Tesouro, Jacob Lew, revelou que washington não se oponha ao novo banco.

“Os Estados Unidos estão prontos a saudar novos contributos para o desenvolvimento da arqui-tectura internacional, incluindo o aiiB, desde que essas instituições completem as instituições finan-ceiras internacionais existentes e partilhem o forte empenhamento da comunidade internacional num genuíno processo de decisão mul-tilateral e melhorem os padrões e garantias dos empréstimos”, disse Jacob Lew.

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hoje macau terça-feira 14.4.2015 13desporto

pub

r odolfo Ávila iniciou a temporada de 2015 da Taça Porsche Carrera Ásia com uma subida ao

pódio no Circuito Internacional de Xangai, na República Popular da China.

o piloto que defende as cores do Team Jebsen, o braço despor-tivo do Grupo Jebsen, a mais antiga concessionária da marca Porsche na República Popular da China, começou o fim-de-se-mana da melhor forma, ao obter a “pole-position” para as duas corridas da jornada de abertura da temporada. Contudo, o piloto português de Macau debateu-se com um comportamento pouco cooperante do seu carro nas duas corridas.

Ainda na tarde de sábado realizou-se a primeira corrida. Ávila rapidamente se viu relegado para a quarta posição, posição em que viria a terminar. Na segunda corrida, disputada no domingo e depois de pequenas alterações na afinação da sua viatura, Ávila esteve num duelo a três pela vitó-ria até à derradeira volta, vendo a bandeirada de xadrez no segundo lugar entre os 28 participantes.

“foram duas corridas extre-mamente complicadas, o que dá um sabor especial a esta subida ao pódio. É sempre uma honra hastear

Jonas, Salvio e Samaris em risco para o clássicoO Benfica desloca-se no próximo sábado, ao Estádio do Restelo, com três jogadores em risco de exclusão. Jonas, Salvio e Samaris são os elementos do plantel que não podem ver cartão amarelo diante do Belenenses, sob pena de falharem a receção ao FC Porto. Recorde-se que Maxi Pereira estava em idêntica situação, tendo visto nova cartolina no último sábado, frente à Académica, falhando por isso o derby da 29.ª jornada da Liga.

ROdOLFO ÁviLA SOBE AO PódiO EM XAngAi

Entrar com o pé direito

“Foram duas corridas extremamente complicadas, o que dá umsabor especial a esta subida ao pódio. É sempre uma honra hastear a bandeira da RAEM num evento com esta dimensão”

a bandeira da RAEM num evento com esta dimensão. As nossas afi-nações de qualificação resultaram na perfeição e a velocidade está

lá. Agora temos que continuar a trabalhar nas afinações de corrida, pois o nosso carro ficou aquém das expectativas. Estes dois resultados

colocam-nos na segunda posição do campeonato, a um ponto apenas do líder, o que é o meu melhor ar-ranque de temporada dos últimos

anos”, disse confiante o piloto do carro nº20.

Ávila voltará ao volante do Porsche 911 GT3 Cup (Tipo 991) do Team Jebsen no fim-de-semana de 16 e 17 de Maio, quando a ca-ravana da Taça Porsche Carrera Ásia visitar pela primeira vez o Circuito Internacional de Yeongam na Coreia do Sul.

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tempo pouco nublado min 16 max 26 hum 30-75% • euro 8.4 baht 0.24 yuan 1.28

João Corvo

U m d i s c o h o j e

fonte da inveja

“Back in Black”(ac/dc, 1980)

começamos a semana com rock, do bom, daquele que apenas algumas bandas sabem fazer. É o caso dos Ac/dc, que em 1980 nos brindaram com o álbum “Back in Black”. A banda australiana conseguiu com este cd chegar ao top de vendas de todos os tempos, sendo que “Back in Black” alcançou a lista dos álbuns mais vendidos de todo o mundo, além de se encontrar no Rock And Roll hall of Fame. já com Brian johnson como vocalista, o álbum foi refeito com músicas de sucesso como ‘hells Bells’, ‘You shook me All Night Long’ e, claro, a minha favorita, ‘Back in Black’. - Joana Freitas

14 hoje macau terça-feira 14.4.2015(F)utilidades

c i N e m ACineteatro

aconteceu Hoje 14 de abril

o titanic embate num iceberg e naufraga na viagem inaugural• A 14 de Abril assinala-se o naufrágio do Titanic, que provocou mais de 1500 mortos. O transatlântico inglês vê interrompida a viagem rumo a Nova Iorque, embatendo num iceberg quatro dias após ter partido do porto de Southampton.Em 2012, cumpriu-se o 100.º aniversário do naufrágio do RMS Titanic, que embateu num iceberg no dia 14 de Abril, no Oceano Atlântico, afundando 2h40 mais tarde, na madrugada do dia seguinte.Ao longo de um século, a história do naufrágio do navio mereceu uma exaustiva análise, sendo que uma cadeia de eventos provocou o acidente, numa noite de diversos comportamentos negligentes, mas sem que se possa apontar um responsável.O inafundável Titanic deixara o porto de Southampton (Inglaterra), rumo a Nova Iorque (EUA), a 10 de Abril de 1912, com o Capitão Edward J. Smith no comando do navio, numa viagem que terminaria quatro dias de-pois. O naufrágio do Titanic provocou a morte de 1523 pessoas, de um total de 2240 que seguiam a bordo.O Titanic foi construído em Belfast, Irlanda do Norte, para competir com os navios Lusitânia e Mauritânia, da empresa rival Cunard Line. E superou todos os rivais, no que diz respeito ao luxo e à opulência, além de diversos recursos tecnológicos avançados para a época. Estava preparado para tudo, excepto para um embate com um iceberg...A 14 de Abril, assinalam-se outros factos históricos, além do embate do RMS Titanic num gigantesco pedaço de gelo. No ano 43 aC, no decurso da Batalha do Fórum Gallorum, Marco António cerca o assassino de Júlio César, Marcus Junius Brutus, em Mutina, e derrota as forças do cônsul Pansa, que acaba morto. No mesmo dia, mas em 193, Lucius Septimius Severus é coroado imperador de Roma.Em 1611, pronuncia-se pela primeira vez a palavra “telescópio”, pelo príncipe Federico Cesi. E no ano de 1777, Nova Iorque – que viria anos mais tarde a ser o destino interrompido do Titanic – adpota nova Constituição, como estado independente. Charles Dickens lança neste dia, em 1859, o livro ‘A Tale of Two Cities’ e Abraham Lincoln, 16.º presidente dos EUA, sofre um atentado, da autoria de John Wilkes Booth, em 1865.

Sala 1FaSt and FuriouS 7 [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, Vin Diesel, Dwayne Johnson14.15, 16.45, 21.45

FaSt and FuriouS 7 [3d] [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, Vin Diesel, Dwayne Johnson19.15

Sala 2two thumbS up [c]Filme de: Lau Ho-IeungCom: Francis Ng, Simon Yam, Leo Ku, Patrick Tam, Cheng Ho-nam14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Sala 3Sponge bob movie: Sponge out oF the water [a]FALADO EM CANTONêSFilme de: Paul Tibbitt16.00

Sponge bob movie: Sponge out oF the water [3d] [a]FALADO EM CANTONêSFilme de: Paul Tibbitt21.30

home [a]FALADO EM CANTONêSFilme de: Tim Johnson14.15, 17.45, 19.30

Hoje PINTURA AO VIVO POR PAKEONG SEqUEIRA Galeria da Fundação Rui Cunha, das 10h00 às 19h00entrada livre

APRESENTAçãO DO LIVRO “NASCIDO PARA VENCER”, DE MARIA GUIOMAR LIMA Fundação Rui Cunha, 18h30entrada livre

SábadoFESTIVAL DE MúSICA DO MUNDO DE BEISHANBeishan, Zhuhai, 17h00Bilhetes a 99 patacas

DomingoFESTIVAL DE MúSICA DO MUNDO DE BEISHANBeishan, Zhuhai, 14h00Bilhetes a 99 patacas

Diariamente ExPOSIçãO DE FOTOGRAFIA DE ERWIN OLAF(ATé 8 DE MAIO) Casa Gardenentrada livre

ExPOSIçãO “LANDFALL”, DE ERIC FOK (ATé 25 ABRIL)Art for Allentrada livre

ExPOSIçãO “HOMENAGEM A MESTRES INSPIRADORES” (ATé 10 DE MAIO) Armazém do Boi entrada livre

ExPOSIçãO “VALqUíRIA”, DE JOANA VASCONCELOS (ATé 31 DE OUTUBRO)MGM Macau, Grande Praça entrada livre

O que fazer esta semana?

Absurdamente, por vezes, é o absurdo que nos dá algum apego à vida.

Page 15: Hoje Macau 14 ABR 2015 #3309

JACK

HAL

EY, B

ULLS

15opiniãohoje macau terça-feira 14.4.2015

Q uando as luzes da ribalta se apagam e o atleta deixa de ser notícia, o mundo esquece rapidamente o ídolo, o herói, voltan-do- lhe as costas, ficando quase sempre arrumado na prateleira da indife-rença e do esquecimento.

Viver sem o brilho da notícia de primeira pá-gina ou da abertura dos

noticiários, não deve ser coisa fácil. Se a tudo isso juntar- mos a desgraça de terem sido milionários e acabarem na miséria, então o drama é ainda maior!

Se acontecer, que depois do seu afasta-mento, a saúde lhes falta e a esperança média de vida for mais curta do que para o comum dos mortais, aí somos obrigados a refletir e perguntar: que raio de vida foi essa? Que tipos de profissão tiveram?

Esta espécie de introdução tem a ver com notícias recentemente publicadas nos Eua, relativamente aos dois desportos mais queridos naquele país: o basquetebol da nBa e o futebol americano.

Em relação ao primeiro, a notícia é surpreendente e assustadora: mais de 100 ex-atletas da nBa morreram sem terem atingido os 55 anos de vida, com doenças do foro cardíaco, em desastres de automóveis e de suicídio. alguns sem tempo para gozarem os altos rendimentos, que amealharam ao longo das suas carreiras!

Tratando-se de atletas de elite, com compleição atlética impressionante e com um estilo de vida supostamente saudável, era suposto que esta espécie humana, dotada de adjetivos e que perecem dar e vender saúde, vissem a sua esperança de vida aumentada e não contrário!

Quanto a mortes consideradas precoces, provocadas por problemas relacionados com hipertrofia cardíaca e cardiomiopatias, a explicação pode ter a ver com as elevadas cargas de esforço a que estão sujeitos os atletas, desde muito jovens, nos treinos e nos jogos.

a última morte foi a de Jack Haley dos Chicago Bulls ocorrida recentemente. Jack foi companheiro de equipa do famoso Michael Jordan em meados da década de noventa e faleceu com 55 anos com enfarte do miocárdio!

Mas existem também outras causas, in-cluindo o suicídio, e desastres de automóveis.

o primeiro, suicídio, acontece quando os ex-atletas passam de multimilionários a falidos financeiramente por desbaratar mi-lhões em luxos com a compra de mansões, automóveis de alta gama, jactos privados, em divórcios milionários e nos casinos.

desporto e não sófernando vinhais guedes

Atletas de elite. A outra face

Não se pense que são poucos os ex- atletas da NBA que acabam falidos! Estudos recentes publicados na revista americana, “Sports Illustrated” dão conta, que mais de 50% acabam cinco anos depois de se terem afastado da competição, arruinados, sem dinheiro e sem o património

no que respeita a desastres com auto-móveis, a maior parte ocorre por excesso de velocidade por excesso de álcool ou por efeito de drogas.

não se pense que são poucos os ex- atle-tas da nBa que acabam falidos! Estudos recentes publicados na revista americana, “Sports Illustrated” dão conta, que mais de 50% acabam cinco anos depois de se terem afastado da competição, arruinados, sem dinheiro e sem o património.

Quem acompanha o basquetebol da nBa, recorda-se de nomes como: Scottie Pippen, que fez parte da selecção dos Esta-dos unidos, ou de dennis Rodman, que há tempos visitou a Coreia do norte a convite do seu líder, falidos por não terem acautelado o seu futuro.

outros como Ray Williams, que fez dez épocas na nBa receber 3.5 milhões por época, acabou a viver na rua. antoine Walker campeão na época de 2006,que recebeu cerca de 100 milhões, perdeu nos casinos tudo quanto tinha, inclusive o famoso anel de campeão da nBa, que hipotecou por 5 milhões. Latrell Sprewell, que em 2005 rejeitou uma proposta de 26 milhões, vive hoje sem capacidade de pagar o subsídio de alimentação para os filhos, após o divórcio. allen Iverson, considerado o jogador mais valioso da nBa, na época de 2001, ganhando 250 milhões, desbaratou toda a fortuna com os vícios do jogo de casino e com o álcool. Poderia invocar mais nomes mas fico-me por aqui.

deixando o basquetebol e falando no futebol americano, onde cada praticante

tem em média mais 1m e 80cm de altura e cerca de 100 kg de peso, uns verdadeiros “tanques de combate” o problema existente está a chocar os cidadãos americanos, prin-cipalmente as famílias dos atletas.

uma equipa de neurologistas provou, que 76 de 79 ex-jogadores da liga da nFa, sofreram lesões cerebrais graves e muito graves, durante o período em que praticarem a modalidade! Recentemente as vítimas criaram uma associação, já com 4.500 ex-atletas, reclamando à liga de futebol americana uma indemnização

de mil milhões de dólares por danos ir-reparáveis na sua saúde!

Esta doença, que está relacionada com os impactos violentos, que ocorrem duran-te os jogos é designada por encefalopatia traumática crónica.

os investigadores recorreram a testes de impacto, que demonstraram a brutalidade deste desporto. Há contactos com a carga de 150 kg por centímetro quadrado!

a comunidade cientifica americana está cada vez mais convencida, que os elevados índices de morte precoce de ex-atletas, depressões e suicídios está re-lacionada com a morte de células cerebrais evidenciada após exames aos cérebros de atletas já falecidos, doados por familiares das vitimas.

Este tema já foi abordado no congresso dos Eua, mas não existe ainda uma tomada de posição a não ser a de proibir a prática a menores de 14 anos!

Claro que a importante liga de futebol americana tem feito tudo para descredibilizar os estudos efectuados.

Os interesses financeiros destas duas modalidades tão apreciadas, verdadeiras bandeiras do desporto nos Eua estão pro-tegidos por lóbis extremamente poderosos. Quer uma, quer outra, constituem indústrias altamente rentáveis, que movimentam mi-lhões de dólares!

Porém, à medida que vão sendo conhe-cidos mais casos, o assunto vai merecendo, cada vez mais, a atenção dos media e tal como no basquetebol, as famílias das viti-mas têm tido um papel muito importante na divulgação dos dramas vividos.

uma só diferença separa estas duas modalidades: a primeira, o basquetebol, tem como regra proibir os contactos físicos, ao passo que na segunda, futebol americano, os contactos físicos são o gesto mais habitual, ao ponto de os atletas estarem protegidos por viseiras e ombreiras de aço e ainda por protecções especiais nos joelhos e cotovelos, acessórios típicos de quem vai mais para um combate do que para uma prática desportiva!

Mesmo com todas essas protecções há relatos de atletas que sofreram já, mais de uma dezena de choques violentos, com perda total ou parcial da consciência.

alguns tiveram de abandonar os estádios a caminho do hospital e as notícias nestes casos, são muitas vezes filtradas pelos diri-gentes da liga, e as famílias são aconselhadas a não falar da gravidade das lesões dos seus familiares.

neste “desporto” entre comas, que de desporto tem apenas o nome, mesmo ao mais alto nível, existe sempre o reverso da moeda e nestes casos o reverso, não tem brilho, antes pelo contrário é opaco e triste.

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Edite Ribeiro; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Page 16: Hoje Macau 14 ABR 2015 #3309

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

hoje macau terça-feira 14.4.2015

Joana [email protected]

A Grupo Sanderson--Design de Parques Temáticos vai ter mesmo de pagar uma

indemnização à Companhia de Seguros China (Macau) devido ao acidente que fez com que uma mulher do interior da China ficas-se paraplégica numa ocorrência numa das infra-estruturas do parque de diversões da Doca dos Pescadores. A decisão provém de um acórdão ontem tornado público.

O caso remonta a 2006, quando a mulher – turista da China continental – levou o filho de oito anos para andar no ‘River of Fire’, uma das diversões oferecidas na Doca dos Pescadores, dentro da infra--estrutura que se assemelhava a um vulcão e que acabou por ser destruída. Devido a uma avaria no aparelho, a mulher, com 34 anos, foi projectada para fora do carrossel, juntamente com o filho, tendo caído à água que rodeia o espaço.

Apesar da criança ter sofrido apenas ferimentos ligeiros, dos quais já se curou, a mulher não teve a mesma sorte: fracturas na coluna, nas costelas e no tórax, juntaram-se a lacerações nos órgãos e levaram a que a senhora ficasse paraplégica.

Flora [email protected]

a Associação dos Direitos dos Taxistas de Macau pediu à Direcção dos Serviços para

Assuntos de Tráfego (DSAT) que a emissão de licenças de táxi seja feita directamente para taxistas. Numa carta entregue ao organismo, a As-sociação pede que seja ponderado o aumento constante das despesas dos motoristas com o aluguer dos carros a quem detém as licenças, como justificação para a emissão directa da licença.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a associação entre-gou ontem uma carta pedindo um encontro com a DSAT. O presi-dente, Cheong Chin Hang, referiu ainda que, como a bandeirada de táxi é decidida e supervisionada pelo Governo, com o seu possível aumento, o aluguer do táxi deverá também aumentar, logo, defende, é preciso supervisionar estes pos-síveis aumentos.

Recorde-se que o Governo vai abrir um concurso público, no primeiro semestre deste ano, para atribuir 200 licenças de táxi. No entanto, para conseguir algumas das licenças de táxi – as que não sejam de serviço por chamada - é preciso ir a leilão, onde se paga, regra geral, pelo menos um milhão de patacas ao Executivo. Depois, os carros são alugados aos taxistas.

“Normalmente os taxistas tra-balham dez horas por dia e o ren-dimento mensal médio é 12 mil patacas, mas a renda do táxi e o custo de combustível ocupam metade do seu rendimento, ou seja, isto faz com que fique mais baixo do que a mediana do rendimen-to mensal da população de Macau”, argumenta Cheong Chin Hang.

Chui Sai On em Fujian para reunião de alto nível O Chefe do Executivo, Chui Sai On, vai participar numa reunião de alto nível em Fuzhou, capital da Província de Fujian. O líder da RAEM desloca-se à região a 20 e 21 de Abril, onde participará na Reunião de Alto Nível Macau-Fujian, “com vista a aprofundar o intercâmbio e cooperação entre as duas regiões”. Em Fujian, o Chefe do Executivo vai reunir-se com o Secretáriodo Comité do Partido Comunista Chinês da Província, You Quan, e como Governador, Su Shulin. Também está agendada uma visita ao Pavilhãode Planeamento Urbano de Fuzhou, “onde poderá conhecer os avançosna área urbanística daquela cidade”.

REjEiTAdO RECURSO A EMPRESA dONA dE CARROSSEl COM dEFEiTO

Mais um caso encerrado

Pedida eMissão de licenças aos taxistas

Directo ao condutor

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Acrescentou ainda o presidente que existem actualmente 80 táxis desocupados em Macau, algo que está relacionado com o facto de as licenças serem atribuídas a quem não é motorista de táxi. Esta é uma das razões por que o responsável sugere que, no futuro, o Executivo emita licenças directamente para os taxistas, abolindo esta ponte entre quem consegue as licenças e quem conduz.

Contra taxas extraO presidente da Associação de Au-xílio Mútuo de Condutores de Táxi de Macau, Tony Kuok, considera injusto que os táxis por chamada possam cobrar uma tarifa extra, algo que não está acessível aos táxis pretos.

“Tony Kuok calcula que uma tarifa entre cinco e as dez patacas não será suficiente para suportar o serviço de rádio táxis em Macau, por outro lado, um valor entre 20 e 30 patacas não será aceite pelos cidadãos. Nesse contexto, o res-ponsável sugere a criação de um empresa social sem fins lucrativos para explorar o futuro serviço dos táxis amarelos”, avançou ontem o Jornal Tribuna de Macau.

Por sua vez, Fong Nim Seong, antigo director da Companhia de Rádio Táxis Vang Iek, acredita que o serviço de chamadas não irá sobreviver.

Após o acidente, a Macau Fisherman’s Wharf Companhia de Investimento Internacional, de David Chow, pagou aos lesados um total de 376 mil patacas, a título de despesas médicas e de alojamento e refeições para os familiares que visitaram as vítimas em Macau. Também a Companhia de Seguros da China (Macau) S.A., sendo a seguradora da Grupo Sanderson-Design de Parques Temáticos, que concebeu e construiu o carrossel, pagou uma indemnização no montante global de 3,8 milhões de yuan.

Ainda que a seguradora tenha pago as indemnizações, contra-tou uma companhia para fazer uma investigação ao acidente. A empresa, de Hong Kong, de-cretou que a responsabilidade era da Sanderson-Design, que criou o carrossel. Com base nesse resultado, a companhia de seguros intentou uma acção no Tribunal Judicial de Base (TJB) contra a empresa.

Culpas e reCursosO tribunal reconheceu a culpa da Sanderson-Design, tendo decidido que a empresa tinha de pagar à seguradora pouco mais de dois milhões. A empresa recorreu, então ao Tribunal de Segunda Instância (TSI), alegando que “não se deve reconhecer a sua culpa no acidente, porque são

os funcionários da Doca dos Pescadores os responsáveis pela fiscalização do funcionamento do parque” e que “não se deve reconhecer a paraplegia da turista, pelo que devem ser indeferidos todos os pedidos de indemnização relacionados com a paraplegia”. A companhia dizia ainda que não deveria ficar responsável pelo pagamento das despesas de contratação de uma pessoa para cuidar da lesada e que a indemni-zação por danos não patrimoniais tinha sido “excessiva”.

Ora, o TSI assegura que “não foi a [Doca dos Pescadores] a responsável pela fiscalização e ma-nutenção do funcionamento” do carrossel, mas sim a entidade que o concebeu e instalou, e que se “pode chegar à conclusão de que a turista tenha ficado permanentemente paralisada” devido ao acidente, pelo que rejeitou parte da tese do recurso da Sanderson-Design. O tribunal acredita também que era necessária uma pessoa para cuidar da vítima e que a indemnização não foi excessiva, tendo apenas dado razão à seguradora no tocante à parte da responsabilidade.

“O Colectivo julgou par-cialmente procedente o recurso, condenou [a Sanderson-Design] no pagamento à [companhia de seguros] da importância de 943,825 patacas e 882,705 yuan a título de indemnização.”