Hoje Macau 10 DEZ 2013 #2991

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• 500 ANOS CHINA/PORTUGAL Jorge Álvares vai ser homenageado PÁGINA 7 • DIREITOS HUMANOS Novo Macau entrega relatório à ONU PÁGINA 6 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 TERÇA-FEIRA 10 DE DEZEMBRO DE 2013 ANO XIII Nº 2991 PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB hojemacau O Chefe do Executivo falou pela primeira vez sobre o modelo de contrato do serviço de autocarros. Para Chui Sai On, o trabalho da Administração é sempre feito de acordo com a lei, negando que o Comissariado Contra a Cor- rupção tenha referido erros no modelo. “O CCAC não menciona que exista algo de errado com a nova política.” Mas, o comissá- rio Vasco Fong mantém a mesma posição: para que o modelo de serviço de autocarros seja legal, deveria ter sido feito um contrato de concessão de serviço público e não um acordo de prestação de serviços. AUTOCARROS Chui Sai On refuta posição do CCAC Tudo sobre rodas • ESQUEMA DE IMIGRAÇÃO ADVOGADO ACUSADO DE FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS ÚLTIMA CARMO CORREIA Fotógrafa apresenta “Ponte de Luz” na Casa Garden CENTRAIS PÁGINA 7 CARMO CORREIA

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Edição do jornal Hoje Macau N.º2991 de 10 de Dezembro de 2013

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• 500 ANOS CHINA/PORTUGAL

Jorge Álvares vaiser homenageado

PÁGINA 7

• DIREITOS HUMANOS

Novo Macau entrega relatório à ONU

PÁGINA 6

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 1 0 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 3 • A N O X I I I • N º 2 9 9 1

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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O Chefe do Executivo falou pela primeira vez sobre o modelo de contrato do serviço de autocarros. Para Chui Sai On, o trabalho da Administração é sempre feito de acordo com a lei, negando que o Comissariado Contra a Cor-rupção tenha referido erros no modelo. “O CCAC não menciona

que exista algo de errado com a nova política.” Mas, o comissá-rio Vasco Fong mantém a mesma posição: para que o modelo de serviço de autocarros seja legal, deveria ter sido feito um contrato de concessão de serviço público e não um acordo de prestação de serviços.

AUTOCARROS Chui Sai On refuta posição do CCAC

Tudo sobre rodas• ESQUEMA DE IMIGRAÇÃO

ADVOGADO ACUSADO DE FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS

ÚLTIMA

CARMO CORREIA • Fotógrafa apresenta “Ponte de Luz” na Casa Garden CENTRAIS

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2 hoje macau terça-feira 10.12.2013ENTREVISTA

BANDA DE FUNK/R&B ‘KOOL & THE GANG’ ESTREIA-SE EM MACAU, NO PALCO DO VENETIAN

“Mantemos o funk vivo”Numa entrevista que nos leva numa viagem por grandes nomes da música, ficamos a saber quem são os Kool & The Gang, como começaram, quem os influenciou e as histórias por detrás de algumas canções. Sentamo-nos com o líder do grupo funk dos anos 70, Robert ‘Kool’ Bell, antes de um concerto que fez todo o público dançar e comprovou que a banda tem fãs dos nove aos 80. Para o ano, fica a promessa, há novo álbum com a participação de jovens produtores

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Às vezes [o sentimento de tocar] até é melhor [que antigamente], porque eu sinto-me novo quando estou a ficar velho. E a multidão continua connosco, temos a mesma reacção de sempre em todo o mundo. Temos fãs dos 9 aos 80. No outro dia, tocávamos em Atlantic City e um miúdo de nove anos disse-me que gostava muito de uma música nova que tínhamos feito. Perguntei-lhe que música era e ele respondeu ‘Jungle Boogie’. A família, provavelmente, toca as nossas músicas em casa e mantém-nos vivos. ROBERT ‘KOOL’ BELL

3 entrevistahoje macau terça-feira 10.12.2013

JOANA [email protected]

Porquê criar os Jaziacs quando Robert ‘Kool’ Bell era apenas um adolescente?Andávamos juntos na escola e partilhávamos o nosso amor pela música. O meu irmão [Ronald Bell] e eu viemos de Youngstown, Ohio. A música estava na nossa família. A minha avó tocava piano, o meu pai, Bobby Bell, era lutador de pesos leves/pluma, mas o Miles Davis costumava enfiar-se com ele nos ringues e o meu pai até brincava a dizer ‘Miles, fica-te ape-nas por tocares trompeta’. (risos) Isto para dizer que havia música à nossa volta. Fomos para Nova Jérsia, conhecemos o [Robert] ‘Spike’ Mickens, Butch Mickens e Dennis Thomas [membros dos Kool & The Gang] e formámos esse primeiro grupo, chamado os Jaziacs. Gostávamos muito de jazz e música, no geral.

Depois tiveram uma série de outros nomes, mas acabaram finalmente por mudar para Kool & The Gang. Porquê manter este até hoje? Tivemos os Jaziacs, os Soul Town Band, Kool & The Flames... depois mudámos para Kool & The Gang porque, naquela altura, havia o Ja-mes Brown & The Famous Flames e não queríamos problemas com o ‘padrinho’. Por isso, mudámos o nome. ‘Kool’ foi uma alcunha que me deram ao crescer, em Nova Jérsia...

Isso, porque era um ‘cool’?(Risos) Sim e fumava também. (Risos). E aqui estamos nós, os Kool and The Gang.

Aqui estão vocês, desde 1964. Qual é o segredo para uma banda como a vossa ter tanto sucesso na indústria musical?Trabalho árduo, esforço em con-junto e, sobretudo, mantermo-nos juntos. Temos de lidar com os altos e baixos da indústria musical, que tem sempre isto. Ainda hoje temos quatro dos oito membros da banda inicial. Os outros quatro morreram: Woddy, Spike, Ricky e Charles. Actualmente, somos eu, o DT [Dennis Thomas], o meu irmão e George [Brown]. A nossa ‘família’ sempre se manteve unida, apesar de termos pessoas a saírem e entrarem do grupo durante os últimos 15 anos. Mas, sim, os quatro membros originais ainda se mantêm.

Têm membros novos, então, na banda?Sim. Há pessoas que estão comigo por 15 anos, 20 anos. O Lavelle [Evans] quase há dez anos, já. É o mais novo da banda.

Quem são as vossas influências a nível musical? Como disse, crescemos em Nova

Jérsia. Por um lado, a ouvir John Coltrane, Miles Davis... por outro lado, tínhamos a Motown. Os Temptation, o Smokey Robinson & The Miracles, Júnior Walker & The All Stars... O nosso som começou a desenvolver-se entre o Jazz e o R&B, que fez com que criássemos o primeiro som de Kool & The Gang, que foi o nosso primeiro álbum, em 1969.

Que mensagem pretendiam transmitir com as vossas mú-sicas?Amor, paz e compreensão. Até escrevemos uma música chamada ‘Love and understanding’.

Alguma vez pensou que iriam ter todo este sucesso e ser uma influência no mundo da música?Não no início. Tinha 14 anos, o nosso plano era, como amáva-mos a música, irmos a concursos musicais, bailes de finalistas e, de repente, as coisas começaram a acontecer. Conhecemos o nosso primeiro manager, Gene Redd, que nos apresentou, através da minha mãe, a outro homem, o pai dele, que era quem conduzia o autocarro para o James Brown e era também o road manager dele.

Como é que vê a indústria musica de hoje em dia, mais no que diz respeito ao R&B e ao Funk?É um círculo completo. Ouvindo o som dos grupos mais recentes de R&B, ouvindo Justin Timberlake, que está a enveredar pelo funk... é um círculo completo. As Lady Gaga, os Justin Bieber... Bruno Mars, por exemplo, que soa como um novo Kool & The Gang. Isto é a forma como vejo.

Então, o Funk não está morto?O Funk... não. Nós mantemos o Funk vivo.

Kool, tem uma música favorita de todas as que escreveu e toca?Summer Madness. Claro, Cele-bration e Jungle Boogie. Mas, se for para escolher ‘a’ preferida... Summer Madness.

Têm duas músicas em dois filmes diferentes, ‘Saturday Night Fe-ver’ e ‘Pulp Fiction’. Como é que surgiu isto e como se sentiram? É uma grande emoção. Com o pri-meiro, que tocou ‘Open Sesame’, foi a nossa editora discográfica que negociou que a nossa música entrasse na banda sonora. Claro que foi bestial, era uma banda

sonora, até o Michael Jackson nos ‘nocautear’ com o Thriller (risos). Depois, também com o John Travolta, o ‘Pulp Fiction’, com [a música] Jungle Boogie. Isso, porque, o Quentin Taranti-no era um fã nosso e gostava da Jungle Boogie.

Na mesma sequência, como se sentiram ao receber sete Ameri-can Music Awards, dois Grammy e mais de 70 milhões de discos vendidos? Estamos gratos a Deus, pelas bênçãos que nos dá. Claro, tam-bém estamos gratos aos nosso fãs, por todo o apoio. Esta vida, este negócio é uma viagem de montanha-russa e ter o apoio dos fãs durante todos estes anos e até hoje... mesmo que andemos a ‘rockar’ um bocadinho. No ano passado, fizemos uma tour com Kid Rock, com quem fizemos dez concertos, a juntar a 48 concertos com Van Halen... Divertimo-nos. É uma boa combinação.

São responsáveis por trazer mú-sicas de festa às pessoas, como ‘Celebration’ ou ‘Get Down On It’, normalmente tocadas em momentos felizes. Têm algumas

histórias engraçadas, por trás da elaboração destas músicas?Há algumas. A ‘Ladies Night’... fomos a dois American Music Awards e estávamos a celebrar o facto de termos ganho dois Ame-rican Music Awards (risos). O meu irmão teve esta ideia de, no fim da nossa música ‘Ladies Night’, cantar ‘vamos lá celebrar, esta é a nossa noite’. Eu disse ‘está aí uma música nova’. Juntámo-nos e escrevemos a ‘Celebration’, afinal estávamos a celebrar termos ganho os prémios. Uma outra história. ‘Jungle Boogie’, ‘Hollywood Swing’ e ‘Funky Stuff’: estávamos a ser pressionados pela nossa editora. O produtor queria que criássemos um ‘hit’ [mais co-mercial] e nós dissemos que não. Fomos a um estúdio de treino cha-mado ‘Baggy’s’ às oito da manhã. Quando acabámos, tínhamos estas três músicas (risos). A partir daí, sabe que a editora nos ‘comprou’.

Uma lição, portanto.Sim. Deixem-nos fazer o que sa-bemos fazer (risos).

Sei que lançaram recentemente o ‘Kool for the Holidays’, mas além desse, podemos esperar mais álbuns ou singles?O ‘Kool for the Holidays’ surgiu porque nunca tínhamos feito nada deste género e a família e amigos estavam a dizer-nos que tínhamos de fazer um álbum para o Natal e decidimos fazer um. Mas, isso leva-nos ao nosso 50.º aniversário, no próximo ano. Temos material e ideias com alguns jovens produto-res para um álbum em 2014. É um trabalho de décadas, são 50 anos.

Ainda têm o mesmo sentimento quando tocam, 50 anos depois?Sim. Às vezes até é melhor, porque eu sinto-me novo quando estou a ficar velho (risos). E a multidão continua connosco, temos a mes-ma reacção de sempre em todo o mundo. Temos fãs dos 9 aos 80. No outro dia, tocávamos em Atlantic City e um miúdo de nove anos disse-me que gostava muito de uma música nova que tínhamos feito. Perguntei-lhe que música era e ele respondeu ‘Jungle Boogie’ (risos). A família, provavelmente, toca as nossas músicas em casa e mantém-nos vivos.

Agora, por curiosidade. Quem é a ‘Joanna’ da vossa música com o mesmo nome?(Risos) Como é que se chama? Não é Joana? Então é você (risos). Bem, o Charles, o nosso baterista que já faleceu, queria fazer uma música chamada ‘Dear Mums’ e nós está-vamos no estúdio e o [nome] não estava a fluir com a música. Então, um dos nossos companheiros disse para tentarmos fazer com um nome próprio. ‘Qual??, perguntámos. E ele imediatamente disse ‘Joanna’. Tentámos, a música fluía e surgiu a ‘Joanna’.

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4 hoje macau terça-feira 10.12.2013POLÍTICA

N O segundo e último dia de apresen-tação das Linhas de Acção Gover-nativa (LAG) para o ano de 2014,

na área das Obras Públicas e Transportes, foram finalmente avançadas algumas me-didas que o Governo tem na manga para lidar com a pressão do trânsito. Uma delas passa pela imposição dos limites aos auto-carros das operadoras de jogo, que servem de transporte aos turistas. “Criámos um grupo de trabalho para estudar a introdução de algumas limitações”, disse Wong Wan, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). “Vamos negociar os itinerários de algumas concessionárias, bem como outros aspectos, uma vez que a circulação de ‘shuttle bus’ condiciona o pavimento. Estamos a analisar se há possi-bilidade desses ‘shuttle bus’ circularem em zonas menos movimentadas e em horários menos preenchidos.”

Lau Si Io, secretário da tutela, admitiu perante os deputados que “não há condições para um aumento contínuo do número de veículos”. Por isso as opções passam pela melhoria do serviço de transportes públicos e pela criação de mais percursos pedestres. “Os autocarros estão a assumir um papel importante e, existindo um desvio, o impac-to é grande. Por isso queremos optimizar o nosso sistema de transportes. No centro histórico de Macau pretendemos programar e organizar os transportes, mas temos as nossas limitações devido às limitações de

Bairros antigos Governonão avança data para nova leiO secretário para as Obras Públicas e Transportes não avançou uma data concreta para a apresentação do novo regime jurídico para o reordenamento dos bairros antigos, apesar dos deputados terem dito que são necessárias medidas concretas. “Como todos compreendem, no inicio do regime não tínhamos ainda a lei do planeamento urbanístico e de terras. As condições sofreram alterações. Temos um conselho consultivo e vamos ter em conta as leis. Com a experiência adquirida, vamos ter uma discussão mais alargada e em tempo oportuno será divulgado um calendário.” José Chui Sai Peng, do conselho consultivo que discute a matéria, levantou alguns problemas. “Muitos colegas dizem que a reconstrução de um ou dois edifícios vai levar cerca de dez anos. Há problemas de higiene e transportes nos bairros antigos. Como vão ser feitos os trabalhos de revitalização?” Lam Heong Sang disse que o Governo deve ser “protagonista” nesta matéria. “Não podemos continuar com as mesmas medidas dos anos 50 e 60. Não basta vedar os espaços e arrancar com as obras. Espero que o Governo tenha uma atitude pró-activa.”

Poluição Combate com novasregras para carrosDepois do director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) ter dito que a poluição advém sobretudo do “fumo dos restaurantes”, Lau Si Io garantiu que a mesma acontece devido aos veículos e que “é uma prioridade tratar os critérios na emissão de gases”. “Temos de rever os diplomas legais nesta matéria, que já estão concluídos. Temos de recorrer a um novo regime de inspecção de carros, para que haja maior rigor e com prazos de inspecção diferentes, a fim de eliminar os carros poluentes. Vamos combater a poluição do ar através destas medidas.”

Não intervém no sector privado da habitação, mas “incentiva a oferta de casas” e quer “limitar o investimento” externo. O secretário para os Transportes e Obras Públicas afirma que tem de se pensar no que fazer para que o mercado “corresponda ao nível de vida da população”

HABITAÇÃO PÚBLICA RELATÓRIO PRONTODaqui a oito a dez dias será divulgado o relatório sobre o futuro da habitação pública do Governo. Lau Si Io não quis adiantar pormenores, mas avançou com algumas ideias. “Foi feito um relatório sobre a futura política de habitação económica e poderemos aguardar entre oito a dez dias para divulgar o relatório. Há opiniões contraditórias mas existem dois modelos: ou a habitação económica com mais luxo ou então como acontece em Hong Kong, em que o Governo disponibiliza os terrenos a privados, ou ainda ser o próprio Governo a promover a construção.” Uma coisa é certa: vão mudar os limites salariais de acesso a uma casa económica ou social, com a garantia de que mais pessoas tenham acesso aos concursos. “As habitações públicas estão ligadas ao preço dos imóveis e temos de enfrentar factores que nos são externos. Vamos fazer uma estimativa tendo em conta o número de casais que vão aumentar.”

TRÂNSITO EXECUTIVO QUER LIMITES PARA ‘SHUTTLE BUS’

Travar aumento contínuo de veículos

HABITAÇÃO PÚBLICA LAU SI IO DIZ QUE SÓ PODEM “TRABALHAR NA OFERTA”

Governo recusa mexerno mercado imobiliárioANDREIA SOFIA [email protected]

A apresentação das Linhas de Ac-ção Governativa (LAG) para 2014

na área dos Transportes e Obras Públicas terminou sem uma acção concreta para travar o aumento dos preços dos imóveis. Segun-do as palavras de Lau Si Io na Assembleia Legislativa (AL), o Governo continua a não querer comprometer-se com o mercado privado. “Só podemos trabalhar na oferta de habitação pública e incen-tivamos a oferta de casas no mercado. Não pretendemos proceder a qualquer controlo ou limitação na compra de casa própria, mas queremos

limitar o investimento. Temos diferentes dados em relação aos preços, e temos de pensar o que é que se pode fazer para que o mercado possa corres-ponder ao nível de vida da população.”

O secretário falou ainda dos terrenos revertidos à RAEM. “Quanto à oferta de fracções no mercado podemos

trabalhar com os terrenos sem planos, e vamos tentar acelerar o seu planeamento e a avalia-ção de projectos, para haver uma maior oferta de casas no mercado.”

No segundo dia de debate na AL, os deputados voltaram a pedir medidas concretas para a resolução da especulação imobiliária e dos elevados

preços praticados. Lam Heong Sang, vice-presidente da AL, foi um deles. “Não há oferta no mercado privado, mesmo com compradores e preços definidos. Com a habitação pública, e segundo o regime definido, como devemos tratar a questão da oferta? Temos muitas políticas que limitam só a compra de casa, mas o limite

é para quais pessoas, os resi-dentes? Devemos restringir a compra aos não residentes?”

Quanto aos novos aterros, estará disponível um fundo habitacional com cerca de 33 a 44 mil casas. Mas o Governo não tem mais planos. “Não sabemos ainda se será para habitação pública ou privada. Espero que na terceira ronda de consulta pública surjam mais questões e opiniões.”

DADOS “NÃO APROFUNDADOS”O secretário foi ainda con-frontado com a polémica dos dados apresentados pelo Che-fe do Executivo, de que 80% dos residentes teriam casa. “Foram dados facultados ao Chefe do Executivo, segundo os Serviços de Estatística e Censos. Avançámos com os dados e qualquer pessoa pode fazer a sua interpretação. Não há uma interpretação aprofun-dada e vamos contactar com os serviços para nos darem dados periodicamente a fim de ajudar às nossas políticas.”

De frisar que explicações da parte da DSEC ao HM explicam que se trata de 80% de famílias com casa, e não residentes.

espaço. Queremos criar incentivos para a deslocação a pé e temos de criar condições para isso.”

Segundo Wong Wan, o Governo deve “definir melhor as faixas para autocarros”, estando já previstas uma série delas em vários pontos do território, por forma a escoar o trânsito. “Entre 2014 e 2016 vamos ter entre 30 a 40 carreiras em articulação com o Metro Ligeiro. Vamos criar faixas de menor velocidade e menos curvas.”

DOME VAI TER MAIS TRÂNSITOLau Si Io garante que, mal terminem os projectos com o Metro Ligeiro, o Execu-tivo vai tomar atenção à situação futura do trânsito no Cotai. “O trânsito vai aumentar devido ao desenvolvimento de toda a zona do Cotai. No futuro vamos criar mais vias públicas e atribuir mais vias junto à rotunda Flor de Lótus. Existindo mais vias públicas livres vamos construir mais passagens aéreas. Temos planos para o trânsito”, disse.

As respostas surgiram depois de vários deputados terem posto em causa a pressão actualmente sentida nas estradas, nomea-damente ao nível dos táxis e autocarros. Foi referida que a paragem de táxis na avenida Almeida Ribeiro não veio escoar os turistas que procuram transporte, e que são muitas as carreiras de autocarros que passam numa das vias mais movimentadas de Macau.

Kou Ho In criticou ainda o facto dos turistas, à chegada, se verem deparados com a dificuldade em apanhar um táxi ou autocarro, o que não ajuda à imagem da RAEM. O secretário disse que estão a ser feitas medidas. “É muito natural que os turistas estejam logo em contacto com as nossas instalações de primeira linha, nos terminais e nas fronteiras. Vamos dar atenção à sua preservação e estamos a pensar criar espaços próprios de espera dos autocarros. Com o novo terminal as condições vão ser melhoradas.” – A.S.S.

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SALÁRIOS APÓS AS ACTUALIZAÇÕES

SUBSÍDIOS

5 políticahoje macau terça-feira 10.12.2013

JOANA [email protected]

O S valores de di- versos subsí-dios para a função pública

vão aumentar, anunciou o Conselho Executivo na passada sexta-feira, e vão ser sempre aumentados conforme a actualização salarial dos trabalhadores. O Governo anunciou que, no âmbito de actualização de vencimentos dos traba-lhadores da Administração, “já foi estabelecido um mecanismo fixo”, onde se propõe a indexação do montante destes subsídios ao vencimento dos trabalhado-res. Ou seja, isto vai permitir que o montante destes sub-sídios seja ajustado sempre

O S salários dos vencimentos do Chefe do Executivo e dos titu-lares dos principais cargos vão

aumentar em 10%. O anúncio foi feito na sexta-feira por Leong Veng Teng, porta-voz do Conselho Executivo.

Os salários destes responsáveis são sempre actualizados quando há altera-ções à tabela indiciária dos vencimentos dos trabalhadores da função pública, mas, à parte disso, não sobem desde o ano 2000. No âmbito deste aumento estão inseridos não só Chui Sai On, líder do Governo, como os secretários, os membros do Conselho Executivo, os deputados à Assembleia Legislativa e os magistrados. “[Estes] constituem uma composição fundamental do sis-tema político da RAEM. De acordo com o regime vigente, a remuneração dos titulares de cargos políticos e dos magistrados corresponde a uma deter-minada percentagem do vencimento do Chefe do Executivo, pelo que se não

NO mesmo dia em que anunciou o aumento dos ven-cimentos do Chefe do Executivo e dos titulares dos

principais cargos, o Conselho Executivo comunicou ainda que vai entrar em vigor um Regime de Garantia para estes responsáveis. Ainda não há data para a proposta, mas o objectivo é dar regalias aos principais cargos “a aguardar posse, em efectividade e após cessação de funções”.

No essencial, o regime prevê, por exemplo, que o Chefe do Executivo receba um subsídio equivalente a 90% da sua remuneração mensal enquanto Chefe do Executivo no período que medeia entre a nomeação e a tomada de posse e ainda que lhe seja reconhecido apoio administrativo. A lei vai ainda prever que, em matéria penal, “sem prejuízo de poder sujeitar-se a moção de censura e de ser comunicada ao Governo Popular Central a sua exoneração”, o procedimento penal não seja aplicável ao Chefe do Executivo durante o seu mandato.

Mas há mais. “Tendo em conta o estatuto político do Chefe do Executivo, propõe-se a criação de uma subvenção mensal em virtude da cessação de funções para o ex-titular do cargo, de valor equivalente a 70% da remuneração men-sal do Chefe do Executivo à data da cessação de funções. Essa subvenção mensal deixa de ser atribuída no primeiro dia em que o ex-titular passe a exercer actividade privada remunerada. Por outro lado, o local de trabalho e a segurança pessoal devem ser assegurados ao Chefe do Executivo após a cessação das suas funções.”

Já no que diz respeito aos titulares dos principais cargos, prevê-se na proposta de lei que lhes sejam asseguradas as garantias e condições de trabalho necessárias, sendo-lhes atribuídos mensalmente um subsídio equivalente a 70% da remuneração mensal do principal cargo para o qual estão nomeados, assim como apoio administrativo e logístico. O regime ainda propõe a criação de um mecanismo de compen-sação em virtude da cessação de funções para os titulares dos principais cargos, em que estes recebem um valor equivalente ao produto resultante da multiplicação de 14% da remuneração mensal auferida na data da cessação de funções pelo número de meses de exercício do cargo, contados desde a data da tomada de posse até à cessação de funções. - J.F.

• Subsídio de residência: de 1500 para 2100 patacas • Prémio de antiguidade: de 500 para 700 patacas • Subsídio de família: de 400 para 700 patacas • Subsídio de casamento: de 2300 para 3150 patacas• Subsídio de nascimento: de 2300 para 3150 patacas• Subsídio de funeral: de 2700 para 3850 patacas

• Chefe do Executivo: 269,725 patacas

• Secretários: 187, 309 patacas

• Comissário contra a Corrupção: 179, 816 patacas

• Comissário de Auditoria: 179, 816 patacas

• Principal responsável pelos serviços de polícia: 131,866 patacas

• Principal responsável pelos Serviços de Alfândega: 119, 878 patacas

CHEFE DO EXECUTIVO E TITULARES DE PRINCIPAIS CARGOS COM AUMENTO SALARIAL

Volume de trabalho é causa principalRegime de Garantias para líderdo Governo e principais cargos

FUNÇÃO PÚBLICA SUBSÍDIOS AUMENTAM E SERÃO AJUSTADOS CONSOANTE ACTUALIZAÇÃO DE SALÁRIOS

Os apoios que faltavamque haja uma actualização salarial da função pública.

O prémio de antiguidade e os subsídios de residência, família, casamento, nasci-mento, funeral e do mon-tante de comparticipação nas despesas com a trasladação de restos mortais vão subir, tudo devido ao “aumento constante do índice de preços do consumidor nos últimos anos” e a taxa de inflação.

Os subsídios de casa-mento, nascimento e fune-ral não eram actualizados desde 1995 e o montante de comparticipação nas despesas com a trasladação de restos mortais está em vigor desde 1999, daí que sejam os apoios com maiores aumentos. (ver tabela)

O subsídio de residência vai subir em 600 patacas, com Leong Heng Teng,

porta-voz do Conselho Executivo, a explicar que o aumento se deve ao mercado imobiliário. “A subida do preço da habitação que se tem verificado nos últimos anos levou a um aumento do nível das rendas, o que impli-ca para os trabalhadores dos serviços públicos maiores encargos com as despesas de habitação. Assim, para aliviar os encargos dos

trabalhadores dos serviços públicos com as despesas de habitação, propõe-se que o subsídio de residência seja actualizado para 2100 patacas.”

A actualização destes subsídios tem sido pedida há muito pelas associações que representam os trabalhado-res da função pública, como a Associação dos Trabalha-dores da Função Pública de

Macau (ATFPM), presidida pelo deputado José Pereira Coutinho, deputado que levou inclusive o assunto à Assembleia Legislativa. O Governo admite que os trabalhadores dos serviços públicos que auferem re-munerações mais baixas podem ficar com maior pressão económica e, por isso, anunciou ainda mais medidas. “Essas incluem um abono de subsistência para os trabalhadores que aufiram baixas remunera-ções, abono para reparação de veículos para os traba-lhadores que conduzam viaturas oficiais ou que, por motivo de serviço, venham a desempenhar funções de condução e abono para os trabalhadores no activo ou aposentados que tenham necessidade de recorrer ao serviço de tele-assistência doméstica”, pode ler-se em comunicado.

Ainda não há data para que a proposta de lei que estabelece estes aumentos entre em vigor.

MONTANTE DE COMPARTICIPAÇÃO NAS DESPESAS COM A TRASLADAÇÃO DE RESTOS MORTAIS• Hong Kong – Macau (47 mil patacas)• Macau – Portugal (200 mil patacas) • Qualquer outro lugar – Macau (200 mil patacas) • Trasladação de Hong Kong – Macau (62.410 patacas)• Trasladação de qualquer outro lugar para Macau (265.580 patacas)

for actualizado o vencimento deste, mantém-se inalterada a remuneração daqueles. De facto, desde o retorno de Macau à Pátria, especialmente nos anos recentes, registou-se um desen-

volvimento rápido da economia de Macau e os assuntos sociais tornam-se cada vez mais complexos, pelo que o volume de trabalho do Governo, da Assembleia Legislativa e dos órgãos judiciais aumentou significativamen-te”, pode ler-se num comunicado do Conselho Executivo, que acrescenta ainda que o aumento se deve a uma intensa carga de trabalho. “Há um número de processos tratados pelos órgãos judiciais e pressão que estes estão a suportar com recursos humanos limitados, verifica-se um desequilíbrio entre a remuneração que os magistrados auferem e o esforço e contributo que são feitos. Uma situação idêntica existe no caso dos titulares de cargos políticos. Por isso, a actualização atempada e adequada da remuneração do Chefe do Executivo no sentido de actualizar também a remuneração dos titulares de cargos políticos e dos magistrados contribui para valorizar as atribuições que são cometidas ao titular do cargo de Chefe do Executivo e aos titulares de cargos políticos e dos órgãos judi-ciais, em prol do aperfeiçoamento do seu regime remuneratório.”

A juntar a isto, o Conselho Executi-vo justifica o aumento com os salários actuais auferidos no mercado privado, a taxa de inflação e a situação financeira do Governo. Com esta subida, Chui Sai On vai passar a receber cerca de 270 mil patacas. O Executivo vai gastar cerca 17.194.926 patacas anuais com as actualizações. – J.F.

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RELATÓRIO DE 2013 SOBRE DIREITOS HUMANOS PELA ANM

6 política hoje macau terça-feira 10.12.2013

RITA MARQUES [email protected]

A Associação Novo Macau Democrático (ANM) diz ter entregue ontem à tarde mais um relatório anual à Comité

para os Direitos Humanos da Organi-zação das Nações Unidas (ONU). A ANM fez um balanço das actividades neste ano e destaca, mais uma vez, a falta de “liberdade de expressão” e de “liberdade de imprensa”, uma perda de liberdades civis que ganhou uma relevância sem precedentes. “A situação dos direitos humanos está a deteriorar-se. No passado, raramente houve cidadãos presos e acusados de crimes durante manifestações mas este ano vemos alguns detidos pela polícia [...] São raros mas começamos a ver isto a acontecer”, salienta o presidente da associação, Jason Chao, sobre a detenção de seis pessoas no Jardim da Penha em Junho.

Muitas das questões abordadas en-volvem a própria associação, até porque os protestos que levaram à detenção de alguns activistas, contaram com mui-tos membros da ANM. Questionados sobre a imparcialidade do relatório feito, Jason Chao e Bill Chou dizem ter invocado a “objectividade” ainda

C ONFRONTADO com as últimas declarações dos deputados na As-

sembleia Legislativa sobre os não-residentes, Jason Chao, a título individual, defendeu que a reacção dos portugueses foi exagerada quando, no âmbito das Li-nhas de Acção Governativa (LAG), muitos tribunos en-tenderam que a permanência de não-residentes a longo prazo tira emprego a locais. “Na minha opinião pessoal, acredito que a comunidade portuguesa exagerou de al-guma forma sobre o trabalho que tem sido desenvolvido pelos deputados locais. Não acho que as pessoas de

• DIREITOS POLÍTICOS - “O Governo ainda não começou qualquer consulta pública sobre o sistema político nem sobre o relatório que têm de submeter ao Comité para dos Direitos Humanos sobre o calendário de transição do sistema eleitoral baseado no sufrágio universal”

• CUMPRIMENTO DA LEI - “O CCAC acusou a DSAT de violar as leis sobre contratos na introdução do novo serviço de autocarros”; “Um genuíno bilinguismo não existe no sistema judicial de Macau”

• LIBERDADE DE IMPRENSA – “A proposta de revisão da lei de imprensa removeu duas disposições que protegem a liberdade de imprensa. Os jornalistas podem perder o direito de acesso às fontes de informação se documentos confidenciais do Governo estiverem envolvidos”

• LIBERDADE DE EXPRESSÃO – “A Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) abusou do seu poder para infringir a liberdade de expressão dos candidatos [...] a CAEAL e o CCAC foram muito passivos no combate à corrupção eleitoral”

• DIREITOS DO TRABALHADOR - “Em Março, um deputado apre-sentou uma lei sindical que garante o direito de negociação colectiva para os trabalhadores”

• VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – “Apesar das repetidas campanhas de assistentes sociais, o Governo não mostrou sinais de reconsiderar na definição [de crime]. Em Outubro, um deputado apresentou um projecto-lei para tornar a violência doméstica em crime público mas, infelizmente, foi vetada”

• TRABALHADORES NÃO-RESIDENTES – “O Governo não foi activo em providenciar aconselhamento legal aos trabalhadores migran-tes e seus empregadores para a protecção dos seus direitos”

• LGBT - “O director do IAS disse à imprensa que a lei de violência doméstica não cobrirá os co-habitantes do mesmo sexo, enquanto o casamento homossexual não for permitido em Macau”.

• DIREITOS CULTURAIS – “Em 2012, cerca de 29 mil visitantes vieram a Macau. Muitos deles foram a património [inscrito na UNESCO] como as Ruínas de São Paulo e ao Templo de A-Má. O Governo não restringe o número de visitantes para ir a estes sítios classificados”

• CONDIÇÕES DA PRISÃO – “A autoridade fecha os olhos à exis-tência de gangs e abusadores entre os prisionais”

Há mais na ementa deste relatório anual sobre a situação dos direitos humanos, mas democratas focam atenções uma vez mais na “liberdade de expressão” e na “liberdade de imprensa” que tem vindo a “deteriorar-se” em Macau. No relatório que será entregue à ONU, a Novo Macau destaca “objectividade” ainda que esteja envolvida em algumas das questões abordadas

DIREITOS HUMANOS NOVO MACAU ENTREGA RELATÓRIO ANUAL À ONU

Liberdades de expressão e imprensa no cardápio

JASON CHAO DEFENDE QUE SÃO “LOCALISTAS” QUEM DEFENDE OS INTERESSES DOS RESIDENTES

“A comunidade portuguesa exagerou”Macau e os residentes chi-neses sejam xenófobos. Eles não são racistas. A maior preocupação não é com a raça, mas a definição de cidadãos e quais os direitos dos trabalhadores residentes e não-residentes”, entende, à margem de uma conferência na sede da Associação Novo Macau (ANM).

Nas últimas semanas foram alguns os deputados que defenderam a não im-portação de mais trabalha-

dores não-residentes e não só. Song Pek Kei explicou que as suas demonstrações culturais incomodavam os residentes, além de enche-rem o espaço público, pelo que não vê necessidade na contratação de mais traba-lhadores estrangeiros. “Eles são ‘localistas’ [tradução literal do inglês “localists”, utilizado por Jason Chao]. É assim que lhes chamo. Os residentes de Macau não são racistas. Não retratamos o

ódio. Não apontamos o alvo a alguma raça em particular. São aqueles que protegem os interesses deste grupo. E é formado por residentes de Macau”, salienta.

Confrontado com as úl-timas afirmações de Zheng Anting, sobre a necessidade de haver autocarros diferen-tes para não-residentes e locais, Jason Chao demite--se de comentários à postura do deputado, defendendo apenas que “deve ser cria-

da uma taxa fixa para toda a gente”. “Acho que até é injusto que os cidadãos paguem diferentes preços, se pagam por cartões ou moedas.”

Chao “dá as boas-vin-das” aos imigrantes que vêm para Macau “encontrar trabalhos e empregar-se” de-vendo, inclusivamente, “ter os mesmos benefícios que os outros trabalhadores”.

Por outro lado, o defen-sor dos direitos humanos

entende que tem de haver abertura e transparência so-bre o processo de residência. “Acho que a cidadania deve ser mais aberta, bem como os critérios da candidatura. E os critérios para aprovar a residência devem ser mais transparentes, não o são. Não sabemos quem está qualifi-cado para ser residente de Macau. Quando eles o fize-rem, podemos comentar de que forma devem rever essas regras”, observa. – R.M.R.

que concentrem em si vários papéis: activistas, políticos, jornalistas. “Há quem levante a questão de imparcia-lidade no relatório, mas escrevemo--lo tão objectivo como podemos em relação aos factos ligados às Nações Unidas”, explicou Chao. “Todos os factos escritos podem ser facilmente confirmados, de facto aconteceu, não é replicado.”

O académico Bill Chou entende que a posição da associação é essen-cial porque em Macau ainda não foi criado uma “comissão de defesa dos direitos humanos independente”. “A resposta do Governo, tanto quanto me lembro, diz que o CCAC já é eficiente o suficiente no papel de vigilante sobre os direitos humanos mas, como desta-camos no relatório, não é o caso! [...] Vamos continuar a sugerir ao Governo para o fazer para assegurar que os di-reitos humanos seguem os princípios internacionais.”

Neste campo, os membros da ANM não querem com o relatório “pressionar” o Governo, nem têm essa expectativa, mas apenas “informar o público” sobre a situação dos Direitos Humanos, sobretudo, as associações internacionais que examinam as ra-tificações de Macau a tratados neste campo e que “não confiam apenas no

relatório oficial do Governo” mas mais na de Organizações Não Governamen-tais (ONG’s). “Claro que ficaremos satisfeitos de discutir com o Governo sobre a forma como podem melhorar a sua actuação e a forma como fazem uma reforma no processo administra-tivo porque será bom para a protecção dos direitos humanos”, salienta Chou.

A ANM diz que, caso sejam con-vidados, estarão presentes na próxima reunião com a Comité para os Direitos Humanos e, sobretudo, fazem questão de dar apoio ás organizações de defesa da violência doméstica como crime público que mostraram intenção de se deslocarem até ao organismo da ONU.

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O HM ERROU

7 políticahoje macau terça-feira 10.12.2013

RITA MARQUES [email protected]

A praça Jorge Álvares, onde se encontra a estátua do navega-

dor português que desem-barcou há 500 anos na costa do Sul da China, será palco, no próximo sábado, de uma “singela homenagem” às relações sino-portuguesas.

A iniciativa é dirigida por um grupo de residentes de Macau, que incluiu portu-gueses e chineses, e pretende apenas depositar coroas de flores e declamar algumas palavras junto ao memorial.

Albano Martins, um dos organizadores da actividade, ressalva desde logo que “não se pretende politizar a questão”. “Não somos colonialistas. Não estamos

Na edição de sexta-feira, na tabela intitulada “Cronolo-gia do Caso das Campas”, onde se lê que, “em 2001, foi feita uma atribuição de sepulturas justificada com a prestação de serviços a Macau”, deve ler-se que essa atribuição foi feita sem critérios. Aos leitores, as nossas desculpas pelo erro.

Chui Sai On assegura que tomou parte em todas as decisões sobre o modelo de contrato de autocarros, mesmo que os trabalhos para isto tenham começado no Governo de Edmund Ho e descarta que haja interesses privados envolvidos no incidente com os contratos com as operadoras. Chui Sai On anuncia ainda que vai ser iniciado processo para efectivar responsabilidades. Para o comissário Vasco Fong, a posição do CCAC mantém-se a mesma

AUTOCARROS CHUI SAI ON DESCARTA QUE EXISTA ALGO DE ERRADO COM MODELO

Posição do CCAC mantém-se desde o início

JOANA DE [email protected]

N ÃO há “misturas” entre o modelo de contrato adoptado para os au-tocarros e a política do

Governo, nem interesses privados em questão. Foi Chui Sai On quem o afirmou no passado domingo, dia em que o Chefe do Executivo falou pela primeira vez sobre o incidente relacionado com o novo modelo de serviços de autocarros, duramente criticado pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC).

O líder do Executivo diz que o trabalho da Administração é sempre feito de acordo com a lei e, em comunicado, avança que é necessário corrigir os problemas de concessão, mas nega que o relatório do CCAC refira erros no modelo contratual. “O relatório do CCAC não menciona que exista algo de errado com a nova forma ou a nova

política”, disse à TDM. “O caso não envolve qualquer interesse privado ilegal, mas [prevê] como prestar um melhor serviço de transporte aos cidadãos.”

Sem descartar as culpas para o Governo anterior, dirigido por Ed-mund Ho, Chui Sai On faz questão de mencionar que já em Janeiro de 2008 foi encomendado um estudo sobre o modelo de contrato de autocarros e que, em Setembro de 2009, após a apresentação desse estudo ao Governo, foi assinado um primeiro documento relaciona-do com o concurso de adjudicação dos serviços. “[Aí], o processo de alteração do modelo de serviço de autocarros e o concurso entraram formalmente em funcionamento”, frisa o comunicado. “Em 2009, relativamente à promoção do novo modelo de serviço de autocarros, houve sempre contacto e comuni-cação entre o Chefe do Executivo, na altura Edmund Ho, e [eu] pró-

prio, que aguardava a tomada de posse do cargo de Chefe do Exe-cutivo, no sentido de o serviço de autocarros poder melhor satisfazer as necessidades dos cidadãos e corresponder à inovação de modelo de serviço e respectivas políticas, nomeadamente a optimização de rotas de autocarros.” Apesar de ter sido iniciado quando Ho ainda estava no cargo, Chui Sai On diz que apoiou e concordou com todas as decisões e que o documento do concurso foi apresentado com o seu “consentimento pleno”. “Depois, todo o processo decorreu durante o mandato do terceiro Governo da RAEM.”

DISCORDÂNCIA MANTÉM-SEEnquanto Chui Sai On afirma que o incidente vai ser resolvido, mantém-se a discordância entre o líder do Governo e o autor do rela-tório que ditou deficiências graves no modelo de serviço de autocarros

RELAÇÃO DE 500 ANOS ENTRE PORTUGALE CHINA ASSINALADA JUNTO A “JORGE ÁLVARES”

Sem politiquicessaudosistas do passado. Apenas queremos come-morar o intercâmbio entre as duas comunidades [por-tuguesa e chinesa]”, enfatiza o economista ao HM.

Paulo Godinho, outro dos promotores da inicia-tiva, acrescenta que “será uma cerimónia sem cariz político, mas que visa as-sinalar a passagem dos 500 anos da chegada do primeiro navegador português à costa do sul da China depois de um ano em que pouco foi feito para comemorar a data entre os dois países”.

O politólogo fez chegar um texto ao HM que “está a ser subscrito por diversos residentes de Macau, quer de origem portuguesa quer de origem chinesa, e será divulgado, juntamente com a lista dos subscritores, durante os próximos dias”, antes da cerimónia a reali-zar no dia 14 de Dezembro, pelas 16 horas. “Estando perto do fim o ano em que se completam cinco séculos sobre a chegada do primeiro navegador português à costa do sul da China, um grupo de residentes de Macau, amigos

da China e de Portugal, en-tendem ser seu dever orga-nizar uma cerimónia pública que assinale esse momento histórico que marcou o início das multisseculares relações entre chineses e portugueses”, conta a nota, naquela que é vista como “uma última oportunidade”.

Jorge Álvares, que che-gou em 1513 ao estuário do Rio das Pérolas, “terá sido muito bem recebido pela população local, criando as condições para posteriores contactos que conduziram a que os portugueses se

estabelecessem em Macau”, frisa o comunicado. “Esse primeiro encontro, entre dois povos de extremos opostos do vasto continen-te Euro-asiático, iniciou o intercâmbio cultural entre a China e Portugal e marcou definitivamente a história de ambos os países, tendo estado na origem deste local único que é a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) da Repúbli-ca Popular da China.”

O evento será público pelo que a organização convoca qualquer “amigo da China e/ou de Portugal” a estar pre-sente. Ainda não é estimado o número de pessoas associadas à iniciativa, mas a ideia da organização é encontrar um equilíbrio entre a participação chinesa e portuguesa.

e a violação da lei “mais grave” de sempre: o CCAC.

Em declarações à TDM, Vasco Fong assegurou que, para que o modelo de transporte público fosse mais eficiente, deveria ter sido feito um contrato de concessão de servi-ço público. O mesmo, recorde-se, não foi feito, sendo que o Governo optou por assinar um acordo de prestação de serviços, algo que, de acordo com a lei, não é possível. “Se quiséssemos tornar o serviço de autocarros mais eficiente, o sistema de concessão de serviços públicos daria ao Executivo um posição de mais força e liderança e seria mais fácil ao Governo resolver os proble-mas de transporte”, começou por dizer o comissário. “Actualmente, a lei [quanto a isto] não foi alterada e o Governo mudou, ainda assim, para outro sistema. Para nós é es-tranho. Os factos falam mais altos que as palavras. Após a análise, o CCAC mantém a posição que tem mantido.”

Chui Sai On acrescentou ainda que vai ser iniciado um processo relativamente a quem devem ser exigidas responsabilidades. “Relativamente à questão da res-ponsabilidade a que todos estão atentos, [vai ser garantido] o início do respectivo processo, porque a própria legislação da Administra-ção Pública e os regulamentos que incluem oficiais e dirigentes são muito claros quanto à necessidade de se iniciar o respectivo processo.” O líder do Executivo pede, contu-do, tempo à população para que os trabalhos comecem.

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8 hoje macau terça-feira 10.12.2013CHINA

MARIA JOÃO BELCHIOREm Pequim

N A mensagem de fi-nal de ano do Clube dos Corresponden-tes Estrangeiros

na China, as conclusões não são novas mas vêm provar a tendência do último ano e que é a de que é cada vez mais difícil ser jornalista estran-geiro na China continental. Novas regras para emissão de vistos, novas regras para autorizações de entrevistas ou de locais para filmar, têm vindo a tornar-se um cerco cada vez mais apertado para quem trabalha na China.

Perante uma comunidade de várias centenas de jorna-listas estrangeiros, residentes a trabalhar no país, o governo central definiu novas regras desde 2008 e, particular-mente, em consequência de alguns dos eventos do último ano. No entanto, se no geral,

a profissão de jornalista en-contra algumas facilidades na China, em casos particulares está a tornar-se cada vez mais difícil.

Melissa Chan do canal Al-Jazeera teve um visto negado em 2012, tendo sido expulsa do país em virtude disso. Este ano é a vez dos jornalistas do New York Ti-mes e da cadeia de notícias Bloomberg estarem ainda à espera de saber se poderão renovar o visto ou não, sendo que o prazo termina no fim de Dezembro, data que, a não terem visto, os jornalistas terão de abandonar o país. Desde a publicação de duas reportagens sobre as fortunas pessoais do antigo primeiro--ministro Wen Jiabao e do novo presidente Xi Jinping, os dois meios de comuni-cação têm sido alvo de um boicote de acesso a alguns eventos. Na primeira apre-sentação pública dos mem-

bros do Politburo ficaram ambos excluídos da lista de jornalistas convidados para estar presentes. Em muitas situações oficiais, o cartão de jornalista não é suficiente para garantir a entrada, tendo cada jornalista de levantar um convite personalizado.

As medidas que parecem de retaliação aos dois meios de comunicação estendem-se igualmente ao facto de dois jornalistas, o editor-chefe Philip Pan do New York Ti-mes e o correspondente Chris Buckley, estarem há um ano à espera da emissão de visto de trabalho para a China.

A mensagem do Clube dos Correspondentes Es-trangeiros chama também a atenção para as novas áreas consideradas agora interditas a jornalistas. Além do Tibete, tradicionalmente o local mais difícil para um jornalista es-trangeiro entrar, também as áreas do planalto tibetano se

têm tornado problemáticas e, mais recentemente, algumas áreas da província de Xinjiang entraram para a lista de zonas difíceis.

Em Pequim, as restrições tornaram a praça Tiananmen uma zona livre de jornalistas e tirando as ocasiões espe-ciais, só se pode filmar com autorização. O mesmo se tem aplicado a outras áreas da cidade, numa regra criada depois de 2011 e que define a necessidade de autorização para entrevistas. Se por um lado, considera o Clube dos Correspondentes Estrangei-ros, se têm facilitado a reali-zação de algumas entrevistas, por outro lado, o número de obstáculos ao trabalho tem aumentado consideravel-mente, numa contradição da mensagem oficial que diz que se procura proporcionar cada vez melhores condições de trabalho para os correspon-dentes estrangeiros.

MARTIN WOLF

APESAR de a economia chinesa ter registado um crescimento extraordinário, a sua dimensão

continua aquém da economia dos EUA e, claro, do somatório das economias americana e japonesa.

Como poderemos manter uma economia global aberta e, ao mesmo tempo, gerir tensões entre uma autocracia em ascensão e democracias em relativo declínio económico? Eis a questão que se colocou em finais do século XIX com a entrada em cena da Alemanha imperial, potência económica e militar da Europa. Exactamente a mesma pergunta que fazemos actualmente perante a ascensão da China. Hoje, como então, as acções da potência emergente trazem con-sigo o risco de conflito. Sabemos como essa história terminou em 1914, mas qual será o desfecho desta, um século depois?

A decisão de Pequim de criar uma “zona de identifi-cação de defesa aérea no mar da China Oriental” - que abarca as águas territoriais das ilhas Senkaku/Diaoyu, alvo de disputa entre o Japão e a China - é, sem dúvi-da, provocadora. O que pode acontecer se houver um confronto entre aviões militares chineses e japoneses? Os sinais são mistos, como é habitual nestas situações. Além disso, os EUA mantêm uma atitude ambígua, o que aumenta o risco de conflito.

Acontecimentos aparentemente menores podem ganhar proporções catastróficas. O actual presidente chinês, Xi Jinping, é um nacionalista assertivo, epíteto que também se aplica a Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês. A isto acresce o facto de os EUA estarem obriga-dos por tratado a defender o Japão em caso de ataque, o que amplia ainda mais as probabilidades de um conflito.

O que levaria o presidente chinês a desencadear tal acção? Para o observador desinteressado, os ganhos de controlar um punhado de rochedos desabitados são largamente esmagados pelos riscos de conflito que daí adviriam para a China, país que introduziu recentemente complexas reformas económicas, está profundamente embrenhado na economia global e ainda tem um longo caminho a percorrer até atingir uma das suas principais metas: tornar-se um país de rendimento elevado.

Na opinião de peritos militares, a China perde se entrar em conflito directo. Apesar de a economia chinesa ter registado um crescimento extraordinário, a sua dimensão continua aquém da economia dos EUA e, claro, do somatório das economias americana e japonesa. Acima de tudo, quem controla o mar são os EUA. O que significa que, em caso de conflito, Washington pode suspender o comércio internacio-nal com Pequim. Tal como pode reter boa parte dos activos líquidos que a China detém no estrangeiro. As consequências económicas seriam devastadoras para o mundo inteiro, mas sê-lo-iam mais nefastas para a China do que para os EUA e seus aliados.

Importa não esquecer que a China é uma enorme potência excepcionalmente aberta, com um rácio co-mércio/PIB superior ao do Japão e dos EUA, mas que, devido à escassez de recursos naturais, é obrigada a importar grande parte das matérias-primas que alimen-tam o seu crescimento. Embora os progressos tecno-lógicos sejam assinaláveis, continua mais dependente do ‘know-how’ e do investimento directo estrangeiro do que o resto mundo das suas competências. Um conflito poderia obrigar muitas empresas ocidentais e japonesas a deslocar a sua produção para paragens mais seguras, colocando em risco as suas reservas em moeda estrangeira, equivalentes a 40% do PIB.

A China não está interessada num conflito. Os ganhos, quer ao nível da interdependência comercial e económica quer geoestratégica, seriam marginais. Porém, a História ensinou-nos que as fricções entre status quo e potências revisionistas pode muito bem levar a um conflito, por mais ruinosas que as conse-quências possam ser.

IMPRENSA CORRESPONDENTES ESTRANGEIROS COM POUCO ESPAÇO DE MANOBRA

Regras mais apertadas

Estará a Chinainteressada num conflito?

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9 chinahoje macau terça-feira 10.12.2013

A imprensa oficial chi-nesa minimizou ontem as consequências da extensão da zona de

defesa aérea sul-coreana, anun-ciada no domingo por Seul, depois de Pequim ter avivado as tensões regionais ao instaurar novas regras de controlo aéreo.

A zona foi alargada em direc-ção a sul e inclui agora o espaço aéreo sobre o ilhote submerso de Ieodo, administrado, de facto, por Seul, que instalou no local uma plataforma de investigação científica, mas que Pequim diz ser parte da sua Zona Económica Exclusiva. “A China não vai fazer um caso”, referiu um editorial do jornal Global Times. “A China respeita os interesses coreanos”, acrescentou.

O jornal China Daily fez igual-mente prova de moderação, após o anúncio pela Coreia do Sul de uma extensão da sua zona de defesa aérea, com entrada em vigor no próximo domingo.

“Pequim e Seul sabem que nem o anúncio da China, nem a extensão decidida pela Coreia

O vice-presidente chinês, Li Yuanchao, representará a China no funeral de Nelson

Mandela, anunciou o ministério chinês dos negócios estrangeiros no domingo à noite.

Li Yuanchao viajará na quali-dade de “representante especial do presidente Xi Jinping”, indicou a mesma fonte.

Antigo director do departa-mento de organização do Partido Comunista Chinês, Li Yuanchao, 63 anos, é também membro do Politburo do PCC.

A morte de Nelson Mandela, no passado dia 05, com 95 anos, causou uma consternação invulgar na China. “Não me lembro de ter visto tanta consternação pela mor-te de um líder estrangeiro”, disse um apresentador da Televisão Central da China.

Mandela visitou a China duas vezes: em 1992, como líder do ANC, e em 1999, já na qualidade de presidente da África do Sul.

Foi durante a presidência de Mandela que a África do Sul cor-

Inflação abrandoupara 3% em NovembroO Índice de Preços no Consumidor (IPC) na China, um dos principais indicadores da inflação, abrandou para 3% em Novembro passado, menos 0,2 pontos percentuais do que no mês anterior, disse ontem o Gabinete Nacional de Estatísticas da China. Os produtos alimentares, que representam um terço do cabaz com base no qual é calculado o IPC, subiram 5,9% em relação a Novembro de 2012, mas caíram 0,2% face a Outubro passado, e o preço dos outros produtos aumentaram 1,6%, precisou a mesma fonte. Fazendo a média do ano, o IPC chinês aumentou 2,6%, abaixo da meta de 3,5% fixada pelo governo. A China é a segunda maior economia do mundo, a seguir aos Estados Unidos. O seu crescimento tem vindo a abrandar, mas deverá continuar acima dos 7,5% em 2013. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia chinesa deverá crescer este ano 7,6%, uma descida de 0,1 pontos percentuais em relação a 2012, que foi já o mais baixo crescimento da última década.

Tailândia PM anuncia pedido de dissoluçãodo parlamentoA primeira-ministra tailandesa, Yingluck Shinawatra, anunciou ontem o pedido de dissolução do parlamento, enquanto milhares de manifestantes ocupam as ruas de Banguecoque exigindo a sua demissão. “Com base nas consultas com diversos partidos, submeti a dissolução do Parlamento” à aprovação do rei, disse a primeira-ministra durante um discurso transmitido na televisão, após a demissão em massa dos deputados do partido democrata, na oposição. Yingluck Shinawatra pediu a realização de eleições parlamentares “o mais rápido possível” depois de anunciar o pedido de dissolução do Parlamento. “Vou consultar a Comissão Eleitoral para fixar a data das eleições o mais rápido possível”, disse. A Tailândia tem vivido nas últimas semanas momentos de tensão com milhares de pessoas nas ruas a exigirem a demissão de Yingluck, irmã do antigo chefe do Governo Thaksin Shinawatra, deposto por um golpe militar em 2006. As eleições ficaram marcadas para dia 2 de Fevereiro do próximo ano.

REGIÃO

IMPRENSA CHINESA MINIMIZA DECISÃO SUL-COREANADE AMPLIAR ZONA DE DEFESA AÉREA

Discurso moderado

MANDELA VICE-PRESIDENTE LI YUANCHAO NO FUNERAL

Representante especial de Xi Jinping

do Sul são medidas agressivas”, sublinhou o diário, citando um perito naval.

A 23 de Novembro, a China instaurou, unilateralmente, uma

tou as relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu o governo de Pequim como o único legitimo representante do povo da China, em 1998.

Na mensagem de condolên-cias enviada na sexta-feira ao homólogo sul-africano, o presi-dente chinês disse que a China nunca esquecerá o “extraordinário contributo de Mandela para o desenvolvimento das relações sino-sul-africanas e a causa do progresso humano”.

Mais de meia centena de chefes de Estado e de Governo confir-maram a presença no funeral de estado do líder sul-africano Nelson Mandela, revelou no domingo a ministra dos Negócios Estrangei-ros, Maite Nkoana-Mashabane.

A morte do primeiro Presi-dente negro da África do Sul, Nelson Mandela, aos 95 anos, foi anunciada na quinta-feira à noite pelo chefe do Estado sul-africano, Jacob Zuma, motivando, de ime-diato, reacções de pesar a nível mundial.

nova zona de defesa aérea sobre parte do Mar da China Oriental, que desencadeou uma onda de protestos pela Coreia do Sul e Japão, uma vez que o novo pe-

rímetro cobre também as ilhas Diaoyu, administradas, de facto, por Tóquio, mas cuja soberania é também reclamada por Pequim.

Desde então, a China tem res-pondido à tempestade diplomática desencadeada com declarações duras contra o Japão. “Não foi a China que alterou o status quo e que agravou as tensões na região. Foi o Japão, pelo contrário”, afir-mou na semana passada um porta--voz do Ministério dos Negócios Estrangeiro chinês.

Na sequência da declaração da nova zona de defesa aérea, que irritou os países vizinhos e os Estados Unidos, Pequim requer agora que os aviões que sobrevoam a área se identifiquem previamente e comuniquem os seus planos de voo.

IMPRENSA CORRESPONDENTES ESTRANGEIROS COM POUCO ESPAÇO DE MANOBRA

Regras mais apertadas

Page 10: Hoje Macau 10 DEZ 2013 #2991

“DISNEY ON ICE” AQUECE VENETIAN

10 hoje macau terça-feira 10.12.2013EVENTOS

JOSÉ C. [email protected]

A fotógrafa Carmo Correia apresenta hoje, pelas 18h30, na Casa Garden, o seu último projecto,

“Ponte de Luz”, que retrata através de 188 fotografias a preto e branco a presença dos portugueses no Orien-te. “Ponte de luz” é uma viagem pela Ásia na peugada da presença portuguesa, passando por países e

• Apresentado pelos únicos Mickey, Minnie, Pateta e

Pato Donald, o “Disney on Ice” aqueceu os corações

de pequenos e graúdos no Venetian. Histórias de

príncipes e princesas, piratas e meninos voadores

e leões reis trouxeram de volta o imaginário de Walt

Disney, mas em cima de patins. Três dias de contos de

fadas – de sexta-feira a domingo -, onde os amigos

Simba, Timon e Pumba foram, sem dúvida, os mais

acarinhados pelo público.

FOTÓGRAFA CARMO CORREIA APRESENTA “PONTE DE LUZ” NA CASA GARDEN

Portugueses no Orienteregiões como Goa, Damão, Diu, Cochim, Malaca, Timor-Leste, Ja-pão, Sri Lanka, Tailândia, Indonésia e Macau.

O projecto era um desejo antigo que a fotógrafa, radicada em Ma-cau há vários anos, vê finalmente concretizado. “Já queria fazer este projecto há muitos anos, mas esteve guardado na gaveta porque envolvia muitas coisas. Era preciso ser mais conhecida e ter mais experiência em temos de publicação de livros. Um

projecto desta envergadura também implicava inevitavelmente ter apoios ao nível financeiro porque envolve muitos custos. Foram dois anos de trabalho que agora chega ao fim,” disse ao HM.

Macau é referência obrigatória para a fotógrafa. Questionada so-bre o risco que o território corre de perder parte da sua identidade com a construção desenfreada a que se assiste diariamente, Carmo Correia foi peremptória. “Uma parte da

identidade já está perdida, e é claro que continua a existir o risco de se perder mais ainda, mas penso que a parte do património português será de alguma forma preservada. Temos de ter em conta de que 20 dos locais classificados pela Unesco são de arquitectura portuguesa e à partida irão continuar a ser preservados, até porque são das principais atracções turísticas de Macau.”

Para além da apresentação do livro ,“Ponte de Luz”, quem for

à Casa Garden poderá também assistir à exibição de um documen-tário de vídeo sobre o ‘making-of’ do projecto e uma mostra de 50 imagens.

O livro, que teve como patrocina-dores, entre outros, o BNU, a Lusa, a SJM a Veritas e a Fundação Macau, é edição trilingue (português, inglês e chinês) que conta com textos do historiador Jorge Santos Alves e do escritor e jornalista Carlos Morais José. É uma edição limitada de 2500 exemplares numerados à mão, de 240 páginas que reúnem 188 fotografias a preto e branco. Porquê a preto e branco? “Primeiro, porque adoro o preto e branco. É a minha paixão. Depois, porque o projecto tem um carácter histórico e senti que o preto e branco era o que aqui fazia mais sentido. Isto aliado à minha paixão pela fotografia a preto e branco facilitou a minha decisão”, afirmou Carmo Correia.

As fotografias que estarão em exibição para venda na Casa Garden até 19 de Janeiro são, tal como o livro, uma edição limitada numerada e assinada.

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11 eventoshoje macau terça-feira 10.12.2013

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

PREDADORES • Pepetela“Predadores” é um retrato contundente e brutal de 30 anos da história de Angola, de 1974 -ano que antecede a independência - a 2004. É sobretudo uma crítica à nova burguesia angolana que se formou após a independência do país, aqui personificada pelo ambicioso Vladimiro Caposso. Caposso, nascido José, de origem humilde e inicialmente avesso à política, foi capaz de modificar toda a sua vida, inventar um passado, um novo nome e até mesmo um novo pai para subir na escala social. Pepetela, através deste personagem, mostra os meios lícitos e ilícitos utilizados para conquistar o que se deseja, fora da vontade colectiva.

PADEIRA DE ALJUBARROTA • Maria João Lopo de CarvalhoMuitas histórias correram sobre a humilde mulher que, em 1385, numa aldeia perto de Alcobaça, pôs a sua extrema força e valentia ao serviço da causa nacional, ajudando assim a assegurar a inde-pendência do reino, então seriamente ameaçada por Castela. É nos seus lendários feitos e peripécias, contados e acrescentados ao longo dos tempos, que se baseia este romance, onde as intri-gas da corte e os tímidos passos da rainha-infanta D. Beatriz de Portugal se cruzam com os caminhos da prodigiosa padeira de Aljubarrota, Brites de Almeida, símbolo máximo da resiliência e bravura de todo um povo.

MARIA JOÃO BELCHIOREm Pequim

U MA arte sem forma física e em que o que se mostra é mais do que aquilo que se vê. O

progresso é o quê? – pergunta uma criança aos visitantes que entram na sala branca. E vazia. Não há refe-rências visuais para não distrair a atenção de quem responde e procura naquele momento imagens visuais entre a sucessão de tudo o que pa-rece acontecer mentalmente quando se fala de progresso. A resposta pertence a quem entra no espaço da galeria UCCA em Pequim, um pouco na surpresa de não saber que tipo de arte vai ver. E da categoria de visitante passa-se a participante.

Tino Seghal, artista de origem germano-britânica, e que venceu este ano o Leão de Ouro para me-lhor artista na Bienal de Veneza, é conhecido por não “mostrar” arte enquanto objecto físico e por, através das suas instalações e per-formances, deixar uma sensação de que, de facto, algo aconteceu na vida de quem passou por ali.

Tal como o júri da Bienal de Veneza deste ano salientou, os tra-balhos de Sehgal abrem caminhos a novas disciplinas e interacções.

Em Pequim, o trabalho do artis-ta, residente em Berlim, levava os visitantes num passeio entre corre-dores imaginários desenhados num

espaço vazio e branco. Seguindo a primeira pergunta sobre o que é o progresso, abria-se a estrada que ninguém sabia ao certo onde ia chegar. Apenas que se tratava de um caminho em frente onde, da primeira criança se passava a um outro jovem que seguia o racio-cínio da conversa como se fosse um diálogo a muitas vozes entre o visitante e os outros participantes, parte fundamental da performance.

Uma arte de reflexão que obriga a pensar enquanto se anda, progre-dindo nas ideias de certa maneira guiadas por aqueles que vão acom-panhando a visita. Dá-se mais uma volta pela história, e Hegel aparece a lembrar novamente a teoria do progresso que segue dois caminhos paralelos sintetizados entre quem pergunta e quem responde.

As imagens que aparecem entre tanto espaço que é dado para pensar são aleatórias e, seguramente, nunca as mesmas. Só que na aparente li-berdade de que tudo pode acontecer e de que tudo pode ser uma resposta ao progresso, o trabalho de Sehgal segue uma ordem criada e pensa-da pelo próprio artista que cede o espaço à criatividade dos outros.

Na visita um casal com mais de cinquenta anos recebe os visitantes da mão dum outro jovem de trinta anos que nos tinha deixado no pensamento de Hegel. Ninguém ao certo sabe até quando segue

a descoberta do progresso. Num inglês rápido e estudado, o senhor mais velho recupera a história da revolução cultural e conta como tudo era proibido, como tanta coisa, e qualquer coisa, podia tornar-se pe-rigosa desde que associada a ideais contrários aos da revolução. Como é que se consegue viver perante este deserto de criação e tamanha homogeneização do pensamento, parece perguntar o senhor que guia a visita. O que fazer para nunca deixar de progredir perante estes perigos do pensamento? Esse pro-gresso que faz parte do crescimento consegue-se pela aprendizagem, nunca deixar de aprender, e ten-tar sempre saber um pouco mais sobre alguma coisa. Foi a única maneira de conseguirmos aguentar, diz. E termina – nunca deixem de aprender. Despede-se com um resto de bom dia e, ao olhar para trás, reconhece-se o caminho desenhado entre o espaço vazio como se não houvesse outra maneira de fazer o mesmo percurso. Haveria de certeza. Na dúvida sobre se era ali o fim da visita a uma casa branca e vazia, a mensagem final parecia ser aquela e o caminho levava no-vamente à porta aberta do início. Perante alguma dúvida sobre o que acontecera naqueles minutos, naquele exacto local vinha à ideia a máxima de que aquele fim podia ser apenas um novo início.

“O Japão na era das Grandes Nave-

gações – Visto pelas documentações históricas portuguesas” da autoria de Koichiro Takase e “O Tra-tado Namban: Os comer-ciantes e os missionários” da autoria de Mihoko Oka foram os grandes vence-dores do prémio literário “Rodrigues, o Intérprete” deste ano.

O prémio literário

“Rodrigues, o Intérprete” foi instituído em 1990, com base num fundo doado por um antigo fun-cionário da Embaixada de Portugal em Tóquio, Jor-ge Midorikawa. Através deste prémio distinguem--se bianualmente obras editadas no Japão, em japonês, sobre temas, autores ou traduções por-tuguesas. Ao longo das suas edições muitos foram

os autores premiados. Entre as obras premiadas contam-se traduções de escritores portugueses e inéditos sobre temas portugueses.

João Rodrigues, mis-sionário jesuíta, viveu no Japão entre 1577 e 1610. Serviu Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi como intérprete, ganhan-do assim o epíteto de “Tçuzu”, como aliás é

conhecido entre os histo-riadores e conhecedores da sua obra. Para além de intérprete, foi um dos autores e coordenador do Vocabulário da Lingoa de Japan, editado em 1603 – primeiro dicionário de japonês-português -, da Arte da Língua de Japam (1608), Arte Breve da Língua de Japam (1620) e autor de A História da Igreja de Japam (1634).

TRABALHO DE TINO SEHGAL EM PEQUIM

Afinal o progresso é o quê?

Koichiro Takase e Mihoko Oka vencem prémio literário

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12 hoje macau terça-feira 10.12.2013

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS luz de inverno Boi Luxo

T ENDO há duas semanas falado de O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, um filme brasi-leiro urbano onde a ruralidade se

infiltra na cidade através da permanência de certo tipo de comportamentos e exercícios de poder, não é pura coincidência que esta semana se fale de Girimunho, que vem igual-mente dessa ruralidade. Contudo, onde aquele é áspero este é macio. Os dois juntos, na exibição dos seus contrastes e similitudes, oferecem, generosamente, um retrato alar-gado do Brasil e um retrato amável do seu cinema contemporâneo.

Recentes, o primeiro de 2012 e o segun-do de 2011, ambos se afastam do filme bra-sileiro sobre favelas ou novelesco, mas am-bos insinuam a banalidade e a continuidade através do som. Coincidentemente come-çam os dois com trechos musicais intensa-mente marcados. Este é um aviso: a música e o som vão encantar-nos.

Há uma outra semelhança entre estes dois filmes. Existe uma imobilidade, não demasiado opressora, mas suficientemente pesada, que nos pode levar a perceber que a imobilidade do sertão e a imobilidade da cidade não são assim tão diversas. Se os vir-mos como objectos de propaganda ao en-canto da imobilidade não poderemos estar muito errados.

Em ambos há uma certeza por trás das imagens que os seus autores nos oferecem, a certeza de que há sempre muito mais para lá do que vemos, a certeza de que estamos,

não a ser enganados, mas a ser advertidos dessa nossa incapacidade.

Se o som em Girimunho (como em O Som ao Redor) faz tanto parte do seu rosto isso pode querer dizer que as imagens não são suficientes. Mas o som também não o é. Nestes dois filmes há uma qualidade, como há nos filmes de Pedro Costa ou Apichat-pong Weerasethakul, que é o de confirmar, para lá de qualquer dúvida, a existência do invisível. Não deixa de ser quase comovente que nas imagens destes quatro autores, de proveniências tão diversas, possamos en-contrar uma disposição, e um talento, tão semelhantes. Pode dizer-se que é um invisí-vel poético mas talvez isso fosse tornar tudo isto demasiado bonito e detestavelmente viscoso, e se há coisa que estes filmes não são é viscosos.

O meu conhecimento muito limitado sobre o cinema brasileiro não me permite muitas impertinências, mas uma mais mo-desta não pode deixar de me levar, ao rever Girimunho, a pensar num filme brasileiro an-tigo, de 1930, mudo, porventura esquecido e que se chama Limite, do realizador Mário Peixoto. Neste também encontramos o mesmo afecto pela água e pelo céu e pela permanência das imagens da passagem do tempo, mesmo que este afecto se exprima de um modo mais livre na sua actualização muda.

Girimunho tem já uma longa história de cinema por trás. Limite foi feito num tempo em que o cinema estava ainda numa fase de

descoberta. Não se pode pedir ao cinema do século XXI que mantenha a curiosidade e a capacidade para provocar o espanto que o cinema mudo mostra. No entanto, pensar no filme de Mário Peixoto ao ver o de Cla-rissa Campolina e Helvécio Marins Jr é um dos maiores elogios que se pode fazer a este.

A relação é fácil de estabelecer, através dos planos de água, através de uma máquina de costurar e de uma estrada. Mas mais do que a estrada é, em ambos, a certeza de que não há um mistério para lá da sua última cur-va mas apenas uma presença inefável.

O que é este filme? Anda, fragmentaria-mente, em torno de uma senhora de 80 anos cujo marido, o Sr. Feliciano, morreu. Anda em torno da sua sabedoria mas sábios po-pulares há muitos. Ao invés, anda especial-mente em torno do seu charme popular e da sua coragem. A viúva desfaz-se de objectos do seu falecido deixando-os afundar-se len-tamente num favor fluvial - o fim quase total de Feliciano, o marido que quase não vemos mas apenas apercebemos por instantes, afo-gado em televisão e cachaça. Este continua a aparecer-lhe fantasmagoricamente mas na senhora, agora muito mais avó que esposa, permanece a ausência de medo e de misté-rio. A impressão que causa tudo isto, muito epidérmica, resulta, para lá da presença da velha, das escolhas fotográficas e da utiliza-ção do som e da música, muito mais do que do seu interesse etnográfico ou sentimental.

Seria fácil falar no apego à terra, de um modo realistazinho, mas que me interessa a

mim o sertão e a terra? Seria também fácil de falar do seu carácter documental, mas que me interessa a mim o seu carácter documen-tal?

Felizmente que esta pequena história, profundamente anti-industrial, tem um so-pro que pára antes da melancolia, pois este filmezinho podia tornar-se insuportável ao mostrar o céu e o rio ou se tivesse sucum-bido à pequenina disposição que mostra no seu final para um realismo mágico que, feliz-mente, não cumpre.

O que ele cumpre à perfeição, logo após o frenético batuque inicial, é um quadro de linhas rectas compostas por paredes e portas e diagonais compostas por rastos de luz. Tal como em Weerasethakul e Pedro Costa es-tas linhas transformam-no num objecto que não é apenas fílmico. Se nos filmes do au-tor tailandês a câmara exibe uma tremenda ousadia em afastar-se, alucinada, da história, em Pedro Costa as paredes dos exteriores e interiores das casas formam quase uma his-tória dentro da história, uma histeria gráfica que deste Girimunho (isto é, turbilhão) se ab-sorve sofregamente.

Em Girimunho há uma constante variação entre o exterior e o interior, assim como entre o visível e o invisível, o dia e a noi-te, o claro e o escuro. Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr colocam a determinada senhora em todo este complexo com total gentileza porque eles, como ela, sabem que “a gente não começa nem acaba. a gente não é nem velho nem novo. a gente vive”.

GIRIMUNHOCLARISSA CAMPOLINA E HELVÉCIO MARINS JR., 2011

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13 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 10.12.2013

próximo oriente Hugo Pinto

“Como é que uma cidade historicamente ima-culada podia demonstrar natureza pecadora e lucrativa dos seus vícios? Francisco Xavier, quando pôs o pé em terra, no que mais depres-sa pôs os olhos e a vontade foi na obra duma igreja. E em dois dias lha fizeram, e não passou dia que ele não dissesse nela missa e pregasse a doutrina. ‘Já não parecia aquela praia feita de enganos e usuras, uma praça de fogo, brigas e desmanchos, um ajuntamento de gente rica, farta, ociosa, dissoluta, sem respeito de Deus, dos homens, da honra (...)’ Este quadro é o que foi sempre, e seria grande milagre que o céu e o inferno convivessem em boa paz.”

Agustina Bessa-Luís,“A Quinta Essência”

D ESDE meados da década passada que, nas suas “po-líticas de desenvolvimen-to”, o Partido Comunista

Chinês tem compensado o jargão da “abertura ao capitalismo” original de fi-nais de década de 1970 com a retórica da “igualdade”, “partilha” e “harmonia”. No entanto, apesar da tonitruante má-quina da propaganda, ao povo chinês continuam a soar mais cristalinas as ve-lhinhas ideias de Deng Xiaoping.

“Enriquecer é glorioso”, proclamou o antigo líder, que, ainda assim, sempre foi avisando: para que todos sejam ricos é necessário que uns tenham que “enri-quecer primeiro”, expressão pela qual, de resto, ficou conhecida a estratégia anunciada em 1978, quando a China admitiu abertamente o capitalismo e o investimento estrangeiro, mas apenas em algumas regiões e beneficiando de-terminadas pessoas.

O mundo deu voltas e Deng, se fos-se vivo, teria milhões de razões para estar orgulhoso: nas últimas décadas, o número de chineses ricos não tem pa-rado de crescer.

Em 2003, de acordo com o Hurun Report, não havia na China um único bilionário (alguém com uma fortuna equivalente a, pelo menos, mil milhões de dólares americanos); este ano, fo-ram identificados 315.

O aparecimento da maioria destes novos super-ricos explica-se pela au-têntica corrida louca ao imobiliário de-cretada pelos colossais planos de urba-nização, que não passam somente por vastos projectos de blocos de edifícios residenciais e mastodônticas infra-es-truturas, mas também pela construção

A FEBRE DE DENG

de cidades inteiras desde a raiz. Aos milhares.

Esta ideia, que na China não é nova – a criação massiva de metrópoles e outras urbes dura, pelo menos, desde princípios dos anos 1980 –, foi recen-temente considerada perigosa por Ge-orge Soros, quando o super-rico ame-ricano de origem húngara esteve em Hong Kong.

Em declarações ao South China Morning Post, Soros, investidor que especulou com a moeda de respeitá-veis estados soberanos, tendo deixado alguns à beira do colapso, aconselhava distância em relação ao mercado imo-biliário chinês. O sector, avisava, está sobreaquecido e vulnerável, porque muitos estão a tratar a propriedade como uma forma de poupança, com as famílias a acumularem mais do que um apartamento, aproveitando uma altura em que os empréstimos para a habita-ção são facilmente acessíveis. E Soros vaticinava: “Pelo menos os apartamen-tos vazios terão que ser vendidos ou taxados. Julgo que, neste momento, é um investimento arriscado.”

Ainda que reconhecesse que a lide-rança chinesa tem conseguido evitar “grandes choques” com o desenvol-vimento económico traçado até aqui (mas não um fosso entre ricos e pobres absolutamente intransponível de tão incrivelmente fundo, cabe acrescen-tar), George Soros mostrava-se, con-tudo, reticente quanto à prioridade dada a acelerar a urbanização de forma agressiva. “Talvez estejam a tornar-se demasiado confiantes na sua capacida-de de delinear o futuro. Existe o risco de que estejam a levar isso demasiado longe.”

À custa do “plano de integração re-gional”, também Macau vai crescendo e transformando-se numa “nova” cida-de, alargando, paulatinamente, uma periferia de limites incertos.

Aqui, à semelhança do que aconte-ce na China, mais do que um perigo o risco é entendido como uma oportuni-dade. Mas nesta terra, mais do que uma oportunidade, o risco é, na realidade, uma cultura e um vício tornado numa forma de vida que sempre foi celebra-da como se se estivesse constantemen-te em festa. Um delírio. Uma febre. É com esse estado de espírito que muitos se sentam a uma mesa de jogo ou fo-lheiam o catálogo de um empreendi-mento habitacional de luxo.

Do outro lado das Portas do Cerco ainda chega alguma retórica, uma cam-panha esforçada de doutrinas cheias de “conceitos”, “estratégias”, “teorias” e até “ideologia”. Aqui, nada disso. Nem uma réstia. Joga-se. Arrisca-se.

Apenas perdura a ressonância de que enriquecer deve ser glorioso. “Deve” porque é razoável a dúvida, já que, apesar do ouro que reluz, não se vislumbra “glória”. Só resta “enrique-cer”, a única medida com que se avalia o “desenvolvimento” e o “crescimen-to”, a única linguagem com a qual se articula irracionalmente um discurso arrogante e mesquinho que exclui ir-remediavelmente os que vivem fora do círculo de privilegiados; em suma, o único fim com que se justificam todos os meios.

Qual a grandiosidade e a honra de uma riqueza que não se basta nunca, se numa casa onde não há fome e sobra pão todos continuam a ralhar e nin-guém tem razão?

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14 hoje macau terça-feira 10.12.2013h

António GrAçA de Abreu

C HEGO a Haikou ao fim da manhã. O aeroporto de Meilan fica a uns 30 qui-lómetros do centro, mas

há um autocarro direitinho ao coração da cidade. Pesquisei hotel na net, com consulta a uns tantos outros, e depois de olhar fotos, preços, localização, mapa, etc., decidi-me pelo财富立方宾馆Caifu Lifeng Binguan ou seja, o Fortune Club Hotel Haikou, em lín-gua inlesa, situado na rua 南宝Nanbao mesmo por detrás da praça Minzhu, ri-gorosamente o centro da cidade. Quer o nome da rua Nanbao que significa “Tesouro do Sul” quer o do Hotel que se pode talvez traduzir por “Residencial do Lugar da Riqueza” auguram óptima estadia. E o preço, 100 yuans por noi-te, 13 euros para um três estrelas, tam-bém não mexe muito com o meu pouco abonado bolso. Descubro facilmente o hotel, fica mesmo no meio de um enor-me mercado ao ar livre que se estende por várias ruas estreitas, com bancas por todo o lado vendendo fruta, legu-mes, alguns estranhíssimos vegetais, mais peixe vivo, peixe moribundo, pei-xe morto e peixe seco, mariscos, mo-luscos, patos, frangos, carne de porco, vaca, carneiro, mais moscas e mosqui-tos, mais roupa e sapatos, e variedades infindáveis de quinquilharia, a granel. Imaginem estar alojados numa pensão no interior de uma espécie do Mercado da Ribeira, em tempos já idos, logo ali ao Cais do Sodré, Lisboa, num merca-do a descoberto, multiplicado por dez, a regurgitar de gente.

Instalam-me no sexto andar. O ho-tel parece velho e mal cuidado, mas a cama tem lençóis limpos, dá para dor-mir.

Saio para conhecer Haikou. Com-pro um mapa da cidade, todo em carac-teres chineses o que dificulta um tanto a descoberta do burgo, mas que servirá para me orientar e não me perder. Se a língua e os caracteres não me são estra-nhos, só daqui a mais três reencarna-ções saberei bem chinês.

Procuro um autocarro que vá para as praias, atravessando a cidade. Saio no parque Wanlu, junto ao mar, boniti-nho, ajardinado, com relvados, plantas tropicais, mais coqueiros, palmeiras, pequenos bosques de bambus e um

UM POUCO DE TUDO E DE NADANA CIDADE DE HAIKOUILHA DE HAINAN

AQUI AS CASAS DE DOIS ANDARES ASSEMELHAM-

-SE AOS PRÉDIOS DA AVENIDA ALMEIDA RIBEIRO, EM

MACAU, A ARQUITECTURA COM TRAÇOS EUROPEUS

DE FINAIS DO SÉCULO XIX. ATÉ O GUIA LONELY

PLANET REFERINDO-SE AO LUGAR FALA NA “DECAYING

COLONIAL CHARM IN THE SINO-PORTUGUESE

ARCHITECTURE”

parque de diversões. Mas junto ao mar, que susto… A boiar nas águas espalha--se tudo quanto é lixo, mais centenas de peixes mortos, creio que pela polui-ção. O mar, a bater suavemente nas pe-dras que delimitam o jardim é um lago de pedaços de esferovite, sacos de plás-tico, papéis, embalagens das mais es-tranhas e desordenadas proveniências. Em frente, ancorados a uns quinhentos metros da costa, descansam uma deze-na de ferries que fazem os vinte qui-lómetros de ligação entre Hainan e o continente chinês.

Novo autocarro, mais uns três qui-lómetros bordejando o mar, para oeste, e eis-me nas que me dizem ser as me-lhores praias de Haikou, com nome à inglesa XiXiu Beach e Holiday Beach. São pequenas tiras de areia não muito fina sobre o mar, as águas pouco limpas e umas centenas de chineses acarician-do o corpo no soçobrar das ondas do-ces do Oceano Pacífico. Deu para eu molhar os pés.

Ao anoitecer regresso ao meu For-tune Club Hotel. Em volta continua a barafunda dos mercadinhos, os chei-ros intensos incomodam a minha pi-tuitária, muita gente, carroças, motas, pequenas viaturas, sempre a extenuan-te azáfama que dura quase até à meia noite, de quem transporta os mais va-riegados produtos, a azáfama de quem compra tudo e de quem vende quase tudo. É a China dos mercados de rua em estado puro, interessante, sem dúvi-da, mas que eu já conheço de tantas ou-tras paragens sínicas. A única novidade é eu estar agora instalado exactamente no meio do mercado.

Subo no elevador e vou refugiar-me no meu quarto. Como irei comprovar nos três dias em que ali vivi, ou melhor, ali dormi, o ar condicionado do pau-pérrimo aposento é um fiozinho de ar fresco que começa a arrefecer o quarto após cinco horas de trabalho árduo, os vidros das janelas – que fecham mal por isso se ouvem os ruídos da rua –, não são lavados há pelo menos cinco anos, o chão em tijoleira está inclina-do, talvez ressaca da passagem de al-gum tufão, o candeeiro da mesinha de cabeceira, tipo antiguidade, com um abat-jour às flores acastanhadas pelo lixo de muitas Primaveras e Outonos,

XINH

UA N

ANLU

XINH

UA N

ANLU

海口

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 10.12.2013

não funciona, o quarto de banho, sem porta que o separe do resto da alcova, junta, a três palmos de distância, o es-paço de uma cómica sanita e o de um chuveiro com boa água quente, o míse-ro lavatório está rachado mas dá para eu lavar a minha roupa. O quarto não tem arrumação, ninguém vem cá du-rante o dia arrumar o que quer que seja, mudar toalhas ou fazer a cama, fica tudo ao cuidado do hóspede.

Então porquê dormir num lu-gar tão desconfortável, com tantos odores esquisitos e algo barulhen-to? A cama larga não era má, o col-chão e os lençóis estavam isentos de sujidade, por isso, ainda con-segui aguentar três noites, como adiante se verá.

Descobrir 海口Haikou. O nome significa “boca do mar” e está naturalmente associado ao facto de a cidade, com 2 milhões de habi-tantes, ter o maior porto da ilha de Hainan. Saio de manhã, outra vez por entre a confusão do mercado, e caminho a pé durante dois qui-lómetros até ao五公祠 Wugong Ci que se pode traduzir por “tem-plo dos Cinco (mandarins) Justos”. Convirá recordar que Hainan, nas dinastias do passado, era conside-rada um tenebroso lugar de exílio, a “porta do inferno”, ilha de degredo para muitos mandarins ao serviço do império mas que, por múltiplas razões, haviam caído em desgraça. Rodeado de muros altos pintados a vermelho, o Wugong Ci alberga um pequeno lago, vários pavilhões em arquitectura tradicional chine-sa, ajardinados em volta. O nome dos mandarins passou para a poste-ridade porque estes homens, creio que honestos e íntegros, tiveram o azar de ser exilados para Hainan. Se tal não tivesse sucedido, estariam mais do que esquecidos, há muitos séculos. São os ilustres Li Deyu, Li Gang, Zhao Ding, Li Guang e Hu Quan que aqui viveram durante os anos de degredo, nas dinastias Tang (618-907) e Song (960-1279). No Wugong Ci todos têm uma estátua e, no interior dos pavilhões que lhes são dedicados, encontramos frases laudatórias e poemas cali-grafados ou rasgados a estilete na pedra escura. O grande poeta Su Dongbo, de quem falo atrás, tem um pavilhão só para si, embora a sua residência durante o exílio na ilha fosse em Dangzhou, a uns setenta quilómetros de Haikou.

Outro lugar da cidade que merece visita é o túmulo do mandarim海瑞 Hai Rui (1514-1587) condenado à morte mas depois exilado em Hainan durante quinze anos por, em 1556, ter ousado

criticar erros de governação cometidos pelo imperador Jia Jing. Logo no início da Revolução Cultural os hongweibing 红卫兵, os empreendedores energú-menos que davam pelo nome de “guar-das-vermelhos” arrasaram o túmulo de Hai Rui. Porquê? Em 1959 havia sido publicado um artigo “Hai Rui demitido

do seu Posto”, da autoria do dramatur-go Wu Han, depois transformado em peça de teatro e ópera de Pequim. Não era difícil subentender que a figura do probo e virtuoso Hai Rui correspondia à do marechal Peng Dehuai que em 1958, na reunião do Comité Central

do Partido, na montanha Lushan, ou-sara criticar Mao Zedong e a política desastrosa do Grande Salto em Frente, implementada por Mao e pelo Partido em 1957. Em 1965, um artigo de Yao Wenyuan – que mais tarde ficaria tris-temente famoso como um dos mem-bros do “Bando dos Quatro” –, arrasava

a figura do mandarim Hai Rui asso-ciando-o ao marechal Peng Dehuai. Considera-se que este artigo, publica-do num jornal de Xangai e rapidamente divulgado por toda a China, avançou com as bases teóricas para o lançamen-to da Grande Revolução Cultural que

teve como consequência, entre mui-tas outras, a queda em desgraça e o esmagamento de tantos proeminentes comunistas e não comunistas que ousa-ram não concordar com esta ou aquela medida de Mao Zedong. Aconteceu com o dramaturgo Wu Han, falecido no cárcere em 1969 e com o marechal

Peng Dehuai, condenado a prisão perpétua que terminou os seus dias na prisão, em 1974.

O túmulo de Hai Rui foi comple-tamente refeito e restaurado, e vale pelo recordar de um passado a não mais recordar, mas sempre presente.

Vejo na net que em Haikou, tal como tem acontecido noutras cida-de capitais de província, já funciona uma licenciatura em Língua Portu-guesa. Creio que apenas com pro-fessores chineses que estudaram a nossa língua e agora a ensinam a jo-vens chineses interessados em dar o salto para uma vida diferente graças às possibilidades abertas pela língua portuguesa em países como Angola, o Brasil ou até Portugal.

Haikou, tal como muitas outras grandes cidades da China que nos parecem feias e algo deprimentes, encerra cem surpresas. Na parte velha, recomendo vivamente um passeio pela rua Zhonshan inicial-mente aberta em 1662. Trata-se de um quarteirão que engloba também as ruas Xinhua Nanlu e Jiefang que resistiu ao recente camartelo des-truidor de parte da cidade. Aqui as casas de dois andares assemelham-se aos prédios da avenida Almeida Ri-beiro, em Macau, a arquitectura com traços europeus de finais do século XIX. Até o guia Lonely Planet refe-rindo-se ao lugar fala na “decaying colonial charm in the Sino-Portu-guese architecture.”1 As antigas casas degradadas foram, na sua maioria, reconstruídas, pintadas a branco, a azul claro ou rosa. São retratos em pedra, cimento, madeira e estuque, agora retocados, do engenho dos mestres de obras do passado. E, nes-ta atmosfera que nos faz recuar até à China do século XIX, nas artérias com sobrados baixos e arcadas como as que existem em Taipé, em Xiamen ou em Macau encontramos também um vasto leque de lojinhas onde se vendem os mais inesperados produ-tos e animais, de cachorrinhos de es-timação a lavagantes, de cortinados e papel de parede a brinquedos e pa-

tos assados. E há excelentes restauran-tes com as iguarias exóticas da cozinha local pouco capazes de entusiasmar o português de passagem.

1 - China, Lonely Planet Publications,Melbourne, 2001, pag. 709.

HAI R

UI

Page 16: Hoje Macau 10 DEZ 2013 #2991

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16 DESPORTO hoje macau terça-feira 10.12.2013

ANÚNCIO【237/2013】(N.º do processo: 69/CDH-DAG/2012)

Nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, vimos por esta via notificar o Sr. LAO IEK , responsável da Agência de Administração Predial KAN CHUNG:

Conforme as averiguações feitas por este Instituto, verificou-se que a Agência de Administração Predial KAN CHUNG, no período de administração do edifício FEI CHOI KONG CHEONG, não procedeu às reparação e manutenção dos sistemas de incêndio e dos equipamentos de prevenção contra incêndio no edifício, da iluminação no espaço comum, e desimpedimento de objectos no espaço comum, comprovadas pelas fotografias.

Este Instituto notificou, através do Ofício n.º 1304220024/DAJ, em 25 de Abril de 2013, o responsável da agência de administração predial acima referido, que devia apresentar, por escrito, a sua contestação, no prazo de 10 dias, para justificar os respectivos actos infractores, mas este responsável da agência de administração predial não a apresentou, no prazo indicado. Visto que os actos referidos constituem infracções, nos termos das alíneas f), g) e h) do artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M. De acordo com o n.º 2 do artigo 17.º do mesmo decreto-lei, está sujeito à aplicação da multa, no valor de quinze mil patacas (MOP15 000).

Mais se informa que o responsável da agência de administração predial acima referido está obrigado a sanar as infracções verificadas, de acordo com o Regulamento de Segurança contra Incêndios, no prazo de 30 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio.

Assim, deve dirigir-se ao Instituto de Habitação, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, para o pagamento da respectiva multa, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio, sob pena de a mesma ser executada coercivamente em processo civil.

E ainda, de acordo com os n.os 3 e 4 do artigo 19.º do mesmo decreto-lei, pode interpor impugnação judicial ao Tribunal Judicial de Base, a impugnação judicial não tem efeito suspensivo.

O Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos,

Iam Lei Leng04 de Dezembro de 2013

MARCO [email protected]

A selecção de fu-tebol de Macau conquistou a edi-ção de 2013 do

habitual Interport anual que realiza com uma represen-tação da vizinha província continental de Cantão. A formação orientada por Leung Sui Wing chamou a si o triunfo na competição, não obstante ter sido derrotada no encontro da segunda mão da prova. No sábado, o onze do território não conseguiu evitar uma derrota por duas bolas a zero na deslocação ao município de Zongshan. Ao grupo de trabalho do Lótus valeu a boa prestação obtida no campo da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau a 30 de Novembro.

A jogar em casa, a selec-ção orientada por Leung Sui Wing tirou partido da aposta

FUTEBOL SELECÇÃO DERROTADA EM GUANGDONG POR 2-0

Macau conquista Interport com Cantãofeita pelos responsáveis pela Associação de Futebol de Cantão, que trouxeram ao território uma selecção constituída por atletas com idade inferior a dezasseis anos. O onze local tirou partido do factor casa e não teve dificuldades para se afirmar perante um adver-sário notoriamente menos experiente, numa partida em que Hou Man Hou esteve em evidência.

O jovem avançado do Grupo Desportivo Lam Pak, de 25 anos, apontou o seu primeiro hat-trick com a camisola da selecção do território, sendo responsável por três dos quatro tentos com que Macau brindou a congénere de Cantão. Ho Man Hou teve a companhia de Niki Torrão na frente de ataque e o novo reforço da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau não defraudou, inaugurando o

marcador à passagem da meia-hora. Vencida a resis-tência da formação conti-nental, os restantes golos não tardaram a aparecer. Cinco minutos depois, Ho Man Hou deu pela primeira vez substância ao que viria a ser uma exibição de an-tologia. O jovem dianteiro do Lam Pak e antigo titular indiscutível na Selecção de

Sub-23 que disputou a Liga de Elite dilatou a vantagem de que Macau gozava no marcador antes ainda do final da primeira parte e en-cerrou a marcha do placard aos vinte e seis minutos da etapa complementar.

O grupo de trabalho orientado por Leung Sui Wing partia para o desafio da segunda mão com uma

tranquila vantagem de qua-tro golos e a goleada acabou por se revelar suficiente para que o emblema do Lótus vol-tasse a chamar a si o triunfo na competição, depois de há um ano a selecção cantonesa ter sido superior. No sábado, a história do desafio não foi tão favorável às cores do território como havia sido em Macau, mas a derrota

por duas bolas a zero aca-bou por não comprometer o triunfo na edição de 2013 do Interport Macau-Cantão. Em 2012, a formação orien-tada por Leung Sui Wing foi derrotada pelo mesmo resultado na deslocação à vizinha província continen-tal e venceu na recepção ao conjunto de Cantão, embora o triunfo por duas bolas a uma não se tenha revelado suficiente para garantir a conquista da prova.

O grupo de trabalho orientado por Leung Sui Wing não foi o único a somar uma derrota no fim--de-semana. A selecção de Sub-18 do território, orien-tada por Tam Iao San, foi na sexta-feira goleada pela congénere de Hong Kong, num desafio que terminou com o dilatado parcial de cinco bolas a zero a favo-recer a formação da antiga colónia britânica.

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C I N E M ACineteatro

hoje macau terça-feira 10.12.2013 FUTILIDADES 17

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 16 MAX 21 HUM 50-75% • EURO 10.9 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

João Corvo

Procuras Deus? Vai à taberna; evita a igreja.

fonte da inveja

SALA 1APP [C](FALADO EM HOLANDÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Bobby BoermansCom: Hannah Hoekstra, Isis Cabolet, Robert de Hoog14.30, 16.00, 19.45 21.30

SPACE PIRATE: CAPTAIN HARLOCK 3D [B](FALADO EM JAPONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)17.30

SALA 2 SPACE PIRATE: CAPTAIN HARLOCK 3D [B](FALADO EM JAPONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)14.30, 21.30

SPACE PIRATE: CAPTAIN HARLOCK [B](FALADO EM JAPONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)16.30, 19.30

SALA 3INSIDIOUS CHAPTER 2 [C]Um filme de: James WanCom: Patrick Wilson, Rose Byrne, Barbara Hershey, Lin Shaye14.30, 19.30

THE HUNGER GAMES: CATCHING FIRE [C]Um filme de: Francis LawrenceCom: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hamsworth16.30, 21.30

Constrói casa por 180 euros apenas com recursos naturais• Há uma casa situada numa floresta de Oxfordshire, Reino Unido, que está nas bocas do mundo. Não tem uma arquitectura XPTO nem tão pouco o projecto foi assinado por algum nome conceituado. O cérebro por detrás desta maravilha da natureza pertence a Michael Buck, um agricultor britânico de 59 anos. À excepção dos vidros das janelas, Michael Buck criou a casa apenas com materiais biodegradáveis. Garante Michael Buck ao Dailymail que precisou apenas de 150 libras para acabar a ‘empreitada’, qualquer coisa como 180 euros.

Mulher presa após ligar maisde 15.000 vezes para a polícia• Uma mulher de 44 anos foi presa em Osaka, no Japão, após fazer mais de 15 mil chamadas para a polícia. A japonesa, de acordo com o site de notícias “47 News”, fez as chamadas entre Maio e Novembro deste ano, e as autoridades afirmam que a mulher chegou a entrar em contacto com a polícia mais de 900 vezes num único dia. Na maioria das chamadas, a mulher pedia para que os polícias prendessem pessoas que ela conhecia. Os polícias chegaram a visitar a mulher mais de 60 vezes em sua casa, e explicaram todas as vezes que ela não poderia persistir com as chamadas excessivas. Após seis meses de ligações, a polícia finalmente decidiu prender a mulher, acusada de interferir no trabalho das autoridades.

FÃ DE ALTAS VELOCIDADES E DE TOPLESS

Danica Thrall, uma das loiras mais cobiçadas em Ingla-terra, além de ser fã de desportos motorizados é também, para gáudio dos seus seguidores, uma grande adepta de topless. A bela modelo, de 25 anos, antiga Miss Derby e concorrente do Big Brother Celebridades britânico, é uma apaixonada por alta velocidade seja de carro ou de moto e já confessou que o seu sonho é participar num campeonato do Mundo de motocrosse, uma modalidade que pratica desde jovem. Enquanto não consegue realizar o seu sonho, Danica vai sendo protagonista de sessões fotográficas sensuais e ousadas para revistas como a Maxim, FHM e Loaded, entre outras nas quais opta, na maioria dos casos, por se apresentar em topless, outra modalidade que parece apreciar bastante e os fãs agradecem.

HOJE NA CHÁVENA

Sabugueiro

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

Nome botânico: Sambucus nigra L.Família: Caprifoliaceae.Nomes populares: Canineiro; Gala-crista; Rosa-de-bem-fazer; Sabugo; Sabugueiro-negro; Sabugueiro--preto.

Originário da Europa, Ásia ocidental e norte de África, o Sabugueiro encontra-se com frequência nos bosques, terrenos incultos e bermas dos caminhos. Muito pitoresco, cresce até aos 4-5 metros de altura, oferendo-nos belas e aromáticas flores esbranquiçadas que se trans-formam em bagas negras. É uma das plantas mais antigas e apreciadas.A sua utilização medicinal remonta à Antiguidade Clássica, porém as suas bagas já serviam de alimento ao Homem pré-histórico. Na mitologia dos povos germânicos, o Sabugueiro era a morada de uma deusa prote-tora do lar, a Frau Holle, por isso cortar um Sabugueiro constituía um grave sacrilégio. Sacrilégio ou não, o facto é que um provérbio antigo nos sugere que quando vires um Sabugueiro, faz-lhe uma vénia. Curiosamente, este arbusto era tradicionalmente conhecido como armário dos remédios.Em fitoterapia são utilizadas sobre-tudo as flores e os frutos, mas no passado já foram usadas as folhas e as cascas do tronco e ramos.

COMPOSIÇÃOFlores: Flavonoides (rutina), anto-cianinas, ácidos orgânicos, ácidos fenólicos, óleo essencial, ácidos triterpénicos, fitosteróis, mucila-gem, pectina, taninos, sais minerais (potássio) e vitamina C.Frutos: Ricos em açúcares e vitami-na C; contêm ainda ácidos orgâni-cos, pigmentos antioxidantes e um glicósido cianogénico, inofensivo em doses moderadas.

AÇÃO TERAPÊUTICAFlores: Um dos sudoríficos e depu-rativos mais eficazes, o Sabugueiro aumenta a sudação e a eliminação de toxinas auxiliando a baixar a fe-bre, para o que contribui igualmente a sua ação diurética e laxante suave. Além disso, combate a inflamação, dissolve as mucosidades e facilita a expetoração descongestionando as vias respiratórias; diminui a capacidade infecciosa dos vírus e aumenta a resistência às infeções,

aliviando os sintomas, permitindo uma recuperação mais rápida e prevenindo recaídas; é ainda anti-biótico e antialérgico. Por tudo isto, é uma das plantas mais empregues nas constipações, gripes e doenças infecciosas que se manifestem com febre, inclusive nas doenças infantis (sarampo, rubéola, escarlatina), sendo igualmente recomendado na faringite, catarro, tosse e bronquite. Na rinite alérgica, este arbusto seca e tonifica as mucosas, reduzindo a comichão, os espirros e o pingo no nariz.A infusão pode ser aplicada externa-mente, em bochechos e gargarejos, na estomatite, amigdalite e faringite; e, em lavagens ou compressas, como tónico nos cuidados da pele, na acne, eczema, psoríase, furúnculos, feridas, queimaduras, olhos doridos e inflamados, e conjuntivite.

OUTRAS PROPRIEDADESBagas: Com idênticas propriedades são igualmente muito empregues nas afeções das vias respiratórias; são ainda tonificantes e usadas como laxante (ou purgante, con-soante as doses) e para aliviar a dor, inflamação e inchaço no reumatismo.

COMO TOMAR• Uso internoInfusão das flores: 2 a 3 colheres de chá por chávena de água fervente, 5 a 10 minutos de infusão. Beber 3 a 5 chávenas por dia. Nas afeções febris tomar bem quente.Os frutos podem ser comidos fres-cos, em compota, xarope ou sumo.O Sabugueiro é ainda comercializa-do na forma de cápsulas, normal-mente uma mistura de flor e fruto. Participa em diversas fórmulas para as afeções do Inverno e depurativas.Com as flores se prepara um deli-cioso refresco e com os frutos se faz vinho e cerveja em vários países da Europa.• Uso externoInfusão das flores: 50 a 60 g por litro de água fervente.

PRECAUÇÕESOs frutos, em doses elevadas, podem provocar náuseas e intolerância digestiva; quando verdes, não ma-duros, podem provocar diarreias. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

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hoje macau terça-feira 10.12.201318 publicidade

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

hoje macau terça-feira 10.12.2013 19OPINIÃOedi tor ia lCARLOS MORAIS JOSÉ

cartoonpor Stephff

DISSOLVIDOS

A discussão das Linhas de Acção Governativa (LAG) demonstrou o que se temia: a falta de preparação de parte dos deputados para o cargo que assumiram, incluindo a falta de chá. Do feérico Fong Chi Keong, com a sua boca foleira a Cheong U, aos ataques

descabelados a Lau Si Io vindos de vários quadrantes, tivemos variegados números circenses, que descredibilizam o hemiciclo. Não se compreende (ou talvez se compre-enda...) como podem os deputados preferir as críticas fulanizadas, ao invés de se atira-rem às ideias (ou à falta delas) do Governo e, sobretudo, a uma estranha inacção que assombra este Executivo.

Claro que ao atacarem os Secretários, os deputados estão a proteger o Chefe do Executivo. E isso é mais transparente que a água das nossas torneiras. Eles sabem que Chui Sai On vai cumprir mais um mandato, o que lhe garante estatuto de intocável, pelo menos para já. Nos bastidores contam-se as espingardas, alinham-se as influências, numa expectativa de proximidade aos futuros ocu-pantes das Secretarias. Enfim, um espectáculo lamentável, em que ao vazio das mentes corresponde a inconsequência das críticas. Bater em “mortos” tem o resultado desejado de, na realidade, não bater em ninguém, não atingir o alvo principal, com quem todos, repito todos, parecem querer estar nas boas graças. Uma tristeza de hortaliças...

As LAG em si mesmas primam por aquilo que se previa: o nada que originará o que as origina, ou seja, nada. O Governo entrou em fase terminal e muito pouco haverá a esperar durante o ano de 2014, a não ser mais do mesmo. Habitação cada vez mais cara, saúde pública cada vez mais degradada (estou para ver que médicos para aí vêm), saúde privada (leia-se Kiang Wu) cada vez mais beneficiada, trânsito mais caótico, taxistas criminosos em roda livre, poluição galopante, violência doméstica consentida, negócios públicos que não são ilegais mas que pecam por vários “vícios”. Resumindo, uma alegria para os mesmos, uma tristeza para os outros. Os peixes continuam a ser distribuídos e ninguém se preocupa em aprender a pescar. A diversificação económi-ca revela-se uma meta insondável, possível só numa galáxia distante, unicamente capaz de preocupar mentes tão alheadas deste ter-ritório como as que se sentam nas cadeiras em Pequim. O crescimento desenfreado do jogo lava tudo, embora não lave tão branco como seria de desejar.

Face à actual composição da Assembleia Legislativa, o sufrágio directo e universal

Valeria a pena sentar esses deputados no banco de um tribunal pelo facto dos seus discursos conterem elementos criminosos, estimularem o ódio entre as pessoas e esconderem uma concepção do mundo em que há homens mais homens do que os outros

O mundo ainda é um lugar perigoso

surge no horizonte (felizmente distante) como um tremendo pesadelo. Os deputados eleitos directamente revelam-se estranhos numa terra que lhes é totalmente estranha. A sua grande preocupação parece ser os trabalhadores não residentes (TNR), prin-cipalmente porque estes não têm uma voz que os defenda. Incapazes de se atirarem aos grandes tubarões destas águas turvas, gente como a menina Song e o rapaz Zheng produzem discursos dignos de um senhor de bigode da Alemanha dos anos 30 e pretendem separar as pessoas ao estilo da África do Sul dos anos 70. Fazem-no com certeza por

ignorância porque são certamente pessoas incultas, que nada percebem de História e que devem uma vaga noção de que os japoneses um dia fizeram aos seus antepassados o que eles agora querem fazer aos TNR. É, de facto, extraordinário como pessoas com as responsabilidades que lhes estão atribuídas incitam ao ódio contra o seu semelhante, em pleno século XXI. Afinal, o mundo ainda é um lugar perigoso.

Nem vale a pena explicar-lhes o que é Macau, as suas origens multiculturais, as migrações que fortaleceram esta terra, o facto de poucas famílias (incluindo a deles)

se podem gabar de estar nesta terra há mais de três gerações. E também não vale a pena mostrar-lhes como Macau não pode sobre-viver, como é evidente para quem usar dois neurónios, sem os TNR. Valeria a pena, isso sim, sentá-los no banco de um tribunal pelo facto dos seus discursos conterem elementos criminosos, estimularem o ódio entre as pessoas e esconderem uma concepção do mundo em que há homens mais homens do que os outros. Numa palavra: um nojo... Basta imaginar o que seria uma Assembleia composta por gente deste calibre a escolher um Governo...

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hoje macau terça-feira 10.12.2013

CECÍLIA L INcecí[email protected]

U M advogado e notário de Macau foi condenado pelo Tribunal Judicial de Base (TJB) a ano e meio de prisão, com pena

suspensa por dois anos, e ao pagamento de uma multa de 50 mil patacas pelo crime de falsificação de documentos num esquema de emigração descoberto pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM).

Tudo terá começado em 2002, quando um residente de Macau abriu uma empresa de imigração pela via do investimento de dois milhões de dólares de Hong Kong a dois indivíduos do continente. Quando estes obtiveram o BIR, terão pago 350 mil dólares de Hong Kong ao residente.

Nessa mesma altura, o advogado em questão entra na história. O residente consultou a sua opinião jurídica sobre

AOS 10 anos de vida, a associação que sempre

lutou pelos direitos dos ani-mais está mais viva do que nunca. Dirigida pelo eco-nomista Albano Martins, a ANIMA – Sociedade Protec-tora dos Animais de Macau ainda aguarda por uma lei de protecção animal, que tarda em chegar, e mais adoptantes para animais que sobrelotam o espaço que a organização detém em Coloane, com 330 cães e 120 gatos.

Mais há mais apoio a ser preparado para os animais que, por falta de lugar, ficam fora do abrigo. “No primeiro trimestre vamos pôr em fun-cionamento a clínica móvel, uma ambulância oferecida pela Cruz Vermelha de Ma-cau que servirá para esterili-zar os animais encontrados nas ruas, que serão poste-riormente mantidos onde os encontrámos, a não ser que estejam em perigo”, explica Albano Martins ao HM.

Apesar de recentemente ter recebido um donativo de uma empresa, no valor de 400 mil patacas, a ANIMA só

a poderá pôr em acção a “clí-nica móvel” depois de con-tratar um novo veterinário chinês e outros inspectores que farão o trabalho em cam-po. “No final de Dezembro, efectivamos o veterinário e depois começaremos a tra-balhar fora com a carrinha, em resgates e no controlo das colónias. Para já estamos a comprar o equipamento com o donativo feito para equipar a ‘clínica’”, lembra Martins, acrescentando que o trabalho fora de portas envolve 200 cães e 2000 gatos.

A festa de aniversário da ANIMA vai realizar-se no Venetian, pelas 18h30 do próximo dia 11, dia da fundação da organização, e serão entregues 12 títulos de agradecimento aos maiores doadores até hoje. Foram dirigidos convites a vários executivos de topo das em-presas de jogo e a elementos do Governo, nomeadamente, Chui Sai On, Edmund Ho e à Fundação Macau. Até ao momento, no entanto, ainda não estão confirmadas presenças. - R.M.R.

CAUSÍDICO PODE RECORRER PARA SEGUNDA INSTÂNCIA. AAM NA EXPECTATIVA

Advogado acusadode falsificar documentos

Anima celebra 10 anos

os contratos dos não-residentes e em troca cobrou cinco mil patacas.

Um ano depois, sem a autoriza-ção do advogado, um funcionário do seu escritório usou o seu carimbo para tornar legais os contratos dos indivíduos do continente. Toda estas ilegalidades foram descobertas pelo IPIM e, posteriormente, comunicadas às autoridades.

O advogado foi condenado pelo tribunal a pena de prisão suspensa e a uma multa avultada por falsificação de documentos. O dono da empresa de imigração a pena de prisão suspensa, o mesmo sucedendo ao funcionário que usou, indevidamente, o carimbo. Este últimos terão de pagar 20 mil patacas cada.

Ao HM, fonte ligada à Associa-ção de Advogados de Macau (AAM) confirmou o caso mas deixou antever a possibilidade dos arguidos poderem recorrer para o Tribunal de Segunda

Instância (TSI). “A decisão ainda não transitou em julgado, contudo em rela-ção ao advogado, sei que vai recorrer da decisão. Penso que os restantes arguidos também.”

Passível de processo disciplinar por parte da AAM, o advogado arrisca a ficar suspenso das suas actividades. Contudo, como nos explicou a mesma fonte, “é possível que AAM tome uma atitude pru-dente, enquanto não se souber se o advogado vai recorrer ou não”. “Ou aguarda a decisão do recurso para o TSI ou instaura um processo por ilícito disciplinar.”

O HM tentou, por diversas ve-zes, o contacto com o presidente do Conselho Superior de Advocacia, Henrique Saldanha, mas, até ao fecho desta edição, não foi possível confirmar se haverá lugar a algum tipo de castigo ao advogado conde-nado pelo TJB.