Histórico - RPG Vampiro
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Transcript of Histórico - RPG Vampiro
Nome: Eduardo Monteiro de Saboia
Nascimento: 30/01/1917
Eduardo nasceu em Fortaleza, em 30 de janeiro de 1917, prematuro,
pesando bem menos que o esperado. A parteira que o trouxe para este mundo,
também governanta da casa dos Monteiro, desacreditou a família de que
aquela criança pudesse viver mais de 2 dias. Qual não foi sua surpresa quando
o pequeno completou uma semana, um mês, um ano.
Durante a infância, foi uma criança pequena e de estrutura frágil, o
que influía diretamente em sua personalidade. Menor que as outras crianças da
mesma idade, Eduardo se contentava em assistir as partidas de futebol. Tinha
receio em participar delas e acabar se machucando. Sempre que se
machucava, sangrava, e tinha horror a sangue.
Conforme crescia, seu corpo parecia não acompanhar o tempo e
aos 13 anos de idade, era 50cm mais baixo que o mais baixo dos garotos da
vizinhança. Ao completar 14 anos, no entanto, seu corpo começou a se
desenvolver de forma acelerada, quase como se acordasse de um sono
profundo, percebesse o tempo que perdeu e tentasse compensar trabalhando
dobrado. Aos 16 anos possuía estatura pouco a cima da média e aos 21
apresentava-se no auge de sua forma física, medindo 1,89m e pesando 87 Kg.
Eduardo havia se tornado um homem forte, mas o seu
temperamento não havia mudado. O corpo havia desenvolvido, mas os medos
e os bloqueios adquiridos na infância não haviam desaparecido. Era um
homem alheio à sociedade e não parecia se enquadrar em nenhum círculo
social, preferindo sempre permanecer sozinho, de fato, apreciava o silencio
que acompanhava a solidão.
A família preocupada havia, durante anos, tentado forçar o filho a
“ser uma pessoal normal”. Fizeram-no ter aulas de história, geografia,
matemática, física, latim, dentre tantas outras matérias com os melhores
professores particulares que se podia pagar, trazidos da capital Rio de Janeiro
e algumas vezes de outros países como Portugal e Espanha, mas nada
parecia de interesse do garoto.
A verdade que os pais não conseguiam, ou talvez não pudessem
compreender, é que Eduardo se interessava por tudo ao mesmo tempo em que
não se interessava por nada. Era ávido por conhecimento, queria aprender
tudo sobre todos os assuntos, mas uma vez que o fazia, perdia o interesse e
focava em outra coisa, de forma que possuía vasto conhecimento em diversas
disciplinas, mas nenhuma vontade de aplica-los em situações práticas.
Exasperados e sem saber o que fazer, quase desistindo do filho, que
apesar de todos os esforços, parecia seguir a caminho de se tornar um ser
humano inútil, Sr. e Sra. Monteiro resolveram entregar o filho ao serviço militar.
A princípio, o curso básico da Academia Militar parecia ser a pior
coisa que jamais aconteceria a Eduardo, mas com o tempo o jovem começou a
se adequar e a desenvolver as qualidades que sempre faltaram em sua
personalidade, chegando a surpreender pela capacidade de liderança e pela
calma e frieza de raciocínio em situações de perigo. Estava completamente
formado, tanto em corpo quanto em espírito, um dos melhores soldados que o
exército brasileiro teve o prazer de possuir.
As conquistas e promoções vieram de forma inevitável. Em 2 anos
Eduardo se apresentava como cabo e em 4 anos já ocupava a posição de
sargento. Quando em 1942 o Brasil declarou sua entrada na II Guerra Mundial,
Eduardo foi designado como treinador dos recrutas que viriam a integrar a 11º
Regimento de Infantaria da Força Expedicionária Brasileira (FEB), liderada pelo
General Mascarenhas de Morais.
Em 1944, o 11º Regimento desembarcou na Itália com o objetivo de
“romper a Linha Gótica”, ultima defesa nazista antes de se entrar em território
alemão. Durante um ano, Eduardo lutou diversas batalhas e fez parte do
contingente que libertou as cidades de Massarosa, Camaiore e Monte Prano,
combatendo em seguida nos Apeninos.
Em 1945, foi entregue à FEB a missão mais importante que esta já
havia recebido, tomar a cidade de Montese. Os soldados brasileiros lutaram
bravamente e em 17 de abril de 1945, conquistaram o objetivo, abrindo as
portas para a invasão da Alemanha e dando início à Ofensiva da Primavera,
ultima efetuada e que culminou no fim da guerra em 2 de setembro de 1945.
Eduardo havia sobrevivido à guerra e voltava para o Brasil como
herói, mas seu ingresso no exército não havia lhe proporcionado somente
medalhas e títulos, havia lhe dado também um motivo para viver. O jovem que
antes não prendia seu foco em nada agora era um soldado, um guerreiro,
versado nas artes da estratégia e do combate e no instante em que
desembarcou em solo brasileiro ficou claro para ele: nunca havia levado
nenhum projeto adiante porque nunca tinha realmente gostado de nada.
Sempre fora um guerreiro, mas só recentemente descobrira isso.
A recepção foi calorosa, mas não tardou a esfriar os ânimos dos
combatentes. O governo brasileiro temia que os membros da FEB galgassem
degraus na política capitalizando a vitória obtida e trataram de separá-los. Os
veteranos que decidiram dar baixa do serviço militar foram proibidos de
ostentar em público medalhas ou o uniforme do qual tanto se orgulhavam e os
que decidiram continuar a servir a pátria foram realocados para regiões de
fronteira ou distantes dos grandes centros.
Independente da escolha que fizessem, os dias de guerra haviam
acabado para os membros da FEB. Justo agora que Eduardo havia finalmente
encontrado um propósito. Já que não podia mais lutar, pediu despensa do
serviço militar e voltou para Fortaleza. Por um tempo curtiu o status temporário
de celebridade que adquiriu e o orgulho que a família sentia. Contava histórias
das batalhas, que em sua voz, eram talvez até mais fascinantes que se
tivessem sido vivenciadas pelos expectadores.
Mas como acontece sempre que não há uma lembrança contínua,
as pessoas esqueceram e de herói Eduardo passou a apenas mais um ex-
militar. Com o tempo a ânsia pela batalha se tornou mais forte até que
consumiu sua mente e apesar do exterior terno, tudo em que pensava era em
morte, no cheiro de sangue, no suor derramado nos campos de batalha e no
barulho dos corpos caindo ao chão.
O exterior amável e amigável que ostentava se tornava cada vez
mais difícil de manter e em uma noite de descontrole acabou entrando em uma
briga com um bêbado falador. Havia muitas pessoas assistindo ao ‘espetáculo’
e Eduardo, apesar de não mais ser tão amado pelos cidadãos da cidade ainda
tinha uma imagem a zelar, não podia deixar que sua máscara caísse. Os
pensamentos e anseios que tinha eram errados e iam contra qualquer ideia de
moral e ética praticados na província ou mesmo no país. Eduardo se conteve.
Recompôs-se e voltou para casa, mas não chegou na hora em que deveria ter
chegado considerando a hora que saiu. Veio aparecer de madrugada, quase
com o sol raiar, com um sorriso de satisfação, sangue nas mãos e a manga da
camisa rasgada. Ninguém o viu chegando, assim como ninguém nunca mais
viu o homem com quem ele havia brigado.
No dia seguinte o homem calmo que deixara a casa na noite anterior
para refrescar-se no bar da praça tomava café com a família como se nada
tivesse acontecido e até mesmo se surpreendeu ao saber do sumiço de seu
oponente. Sua atuação foi tão boa que nem mesmo a família do desaparecido
levantou suspeita dele. O que estava acontecendo? Porque estava tão calmo?
Matara um homem não havia nem 24h e a vida continuava como antes. Era
tudo como antes. Não. Não era como antes. Eduardo estava em paz. Estava
realizado, sentindo-se bem consigo mesmo.
Como o menino tímido e isolado da sociedade, que antes tinha
medo de se machucar e não aguentava ver sangue se tornara tão frio? Refletiu
durante muito tempo sobre o que tinha feito, mas não sentia remorso, pelo
contrário. Sempre que se transportava em pensamento à cena da noite anterior
e se lembrava de como desarmara o homem e o cortara com sua própria faca,
de como arrastara o corpo e o jogara em um córrego que desembocava no mar
e principalmente de como se sentira ao fazê-lo, Eduardo sorria. O resultado
das reflexões? Mataria de novo. Era a única certeza que tinha.
Cometeu outros assassinatos durante os anos em que residiu em
Fortaleza, mas ninguém nunca os associou a ele. Não a ele, que já havia sido
um importante soldado, um herói de guerra. Não a ele, um homem de posses e
versado em mais áreas do conhecimento que a maioria das pessoas sequer
conhecia a existência. Mas a cidade ficou pequena. Chata. E seus adversários
não eram dignos. Matava bêbados, pescadores, serventes, nunca encontrara
um desafio de verdade.
Em 1949 Eduardo deixou Fortaleza. Viajou pelo Brasil, depois pela
América Latina, visitou os estados Unidos e retornou à Europa algumas vezes.
Visitou países da África, da Ásia e da Oceania.
Regressou em 2007. A maior parte das pessoas que conhecera no
tempo em que vivia na cidade havia morrido e os poucos que ainda estavam
vivos não se lembrariam dele, nem se sentassem de frente e conversassem
durante horas.
Não ficara ‘à toa’ no mundo. Quando não sentia necessidade de
“brincar”, fazia uso de seus conhecimentos e acabara arrecadando um bom
dinheiro e se consagrara como empresária de sucesso, um homem de
negócios extremamente discreto, que controlava todas suas aplicações sem
nunca ser visto por ninguém. Era um homem rico agora e podia ir a onde
quisesse, mas no momento estava exatamente onde queria estar.
A cidade crescera, possuía agora quase 2,5 milhões de habitantes.
Perfeita. A cidade da qual saiu porque era pequena, tediosa e não lhe
apresentava um ‘entretenimento de qualidade’. Perfeita. A cidade que ele uma
vez abandonara mas agora o acolhia de volta, o ultimo lugar do mundo onde
esperava encontrar o que procurava. Perfeita. Aquela nova Fortaleza era
PERFEITA!
Como essa é minha primeira ficha de vampiro eu não sabia muito bem o que
queria do personagem. Sai escrevendo a história e vendo até onde ela
levava. Lendo de novo o texto inteiro identifiquei pontos que poderiam indicar
um dos três arquétipos de natureza abaixo, embora ache que o personagem
seja mais do tipo solitário.
Natureza: Caçador de Emoções, Excêntrico, Solitário
Estou meio confuso quanto ao ‘comportamento’, os sites que encontrei sobre
o RPG mostravam características com mesmo nome e descrição da Natureza
e definia Comportamento como o que você deixa transparecer para a
sociedade, sua máscara. Achei essas duas mais parecidas com o
personagem que escrevi, mas pode ser uma outra, estou aberto a sugestões.
Comportamento: Autocrata, Malandro
Nos sites que encontrei sobre a mecânica do jogo dizia que Conceito é como
o personagem se via ou se comportava antes de ser abraçado. Acho que
essa seria uma descrição atemporal dos anos em que o personagem passou
fora de Fortaleza. E já que na história que escrevi ele não recebeu o abraço,
imagino que tenha recebido durante este tempo, de forma que o conceito que
escrevi, a meu ver, é válido.
Conceito: Antes de ser abraçado era um personagem discreto e meticuloso,
inteligente, mas que sucumbia a instintos primários, quase
animalescos e dificilmente estava satisfeito com o local onde se
encontrava.