HISTÓRICA - Revista Eletrônica do Arquivo do Estado caipira

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    Artigo publ icad o na edi o n 52 de Fevereiro de 2012.

    CADA TOADA REPRESENTA

    UMA SAUDADE:

    O ponto de vista caipira da urbanizao

    Carlos Gregrio dos Santos Gianelli [*1]

    A msica s ertaneja surge no m omento em que se faz uma opos iodo gnero em relao cidade. Ou seja, sem a cidade no existiria amsica caipira ou a msica rural. Para quem do campo, sua ms icas receber esse nome a partir do mom ento em que ela estiver inseridano contexto urbano. At ento, o cururu, a catira, a moda de viola, etc.,eram ritmos mus icais (muitos de origem luso-indgena) que faziam partede uma festividade religiosa em especfico (Festa do Divino, de SoGonalo, Folia de Reis e outras).

    A msica s ertaneja surge no m omento em que se faz uma opos iodo gnero em relao cidade. Ou seja, sem a cidade no existiria amsica caipira ou a msica rural. Para quem do campo, sua ms icas receber esse nome a partir do momento em que ela estiver inseridano contexto urbano. At ento, o cururu, a catira, a moda de viola, etc.,eram ritmos mus icais (muitos de origem luso-indgena) que faziam parte

    de uma festividade religiosa em especfico (Festa do Divino, de SoGonalo, Folia de Reis e outras).

    O retrato dessa dicotomia existente entre campo e cidade no seriauma novidade trazida com o surgimento da msica sertaneja. Ela jestava presente em outras linguagens artsticas no Brasil. O teatro e aliteratura j mostravam esse contraste entre o homem rstico (do campo)e o homem moderno (o citadino). Jos Ramos Tinhoro, fazendo jus fama de arquelogo cultural, recorre ao sculo XIX para exemplificar isso.Em 1838, quando se inicia o movimento do teatro de costumes, o escritorMartins Pena tem como sua comdia de estreia a pea O juiz de paz daroa. Dois anos depois, Pena ainda apresenta sua segunda pea comessa temtica: A famlia e festa da roa[*2] . Nesses dois exemplosTinhoro lembra que a figura retratada ainda no era a do caipirapitoresco que conhecemos hoje, perdido com as novas possibilidades da

    cidade, mas o dono de terras afortunado que no se enquadrava nomesmo perfil de comportamento (indumentria, vocabulrio, sotaque,referncias culturais) de seus companheiros de m esmo poder aquisitivopor ter um jeito mais rude ou simples. A figura conhecida hoje como ocaipira, estereotipada e divulgada em festas juninas pelo Brasil ou aindaretratada em livros, desenhos e filmes, ser composta pelo atorSebastio Arruda no ano de 1916:

    Esse caipira de botinas grosseiras, chapu de palha desfiada, camisa xadrez

    e calas remendadas mais ou menos descrito por Monteiro Lobato no JecaTatu do livro de conto Urups, de 1918, e logo popularizado pela divulgaoda histria em quadrinhos do Jeca-Tatuzinho, editada pelo LaboratrioFontoura surge no teatro popular de So Paulo em 1916 atravs de umacriao do ator Sebastio Arruda.[*3]

    A boa receptividade que teve a representao de Arruda deve-se emparte ao momento cultural e econmico em que se encontravam asgrandes cidades do Brasil no perodo da Primeira Guerra Mundial. Com omercado externo abalado pelo conflito, o momento agora era de umabusca por mercado e desenvolvimento interno do pas. Aquele pblico dointerior, que antes era tratado somente como mais mo de obra barata

    ara trabalhar nas fbricas da ca ital assa a ser observado e

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    ,valorizado como uma nova frente migratria de trabalhadores quetrariam consigo uma bagagem cultural de grande valor, tal como osItalianos no Sudeste ou os Alemes no Sul. Comea uma valorizao dadita cultura popular ou rs tica do povo do interior[*4] .

    As primeiras gravaes ou regis tros desse tipo de msica dohomem do campo foram feitas nas gravadoras Zon-O-Phone e Odeon. Ocantor Baiano gravou no ano de 1902 o poema A Cabocla. Em 1912,Eduardo das Neves gravou o Cateret Paulista; nesse mesmo ano,Cadete gravou o lundu Caipira Paulista[*5] . De acordo com RosaNepomuceno, emboladas, lundus e modas de viola eram enquadrados

    no gnero sertanejo [*6]. Por volta do ano de 1918, Angelino de Oliveira,natural de Ituporanga, So Paulo, mas radicado em Botucatu, apresentanos saraus da regio sua obra mais famosa que viria a se tornar um dosprincipais hinos da msica caipira: Tristezas do Jeca. Essa composiofoi gravada no ano de 1926 pela Orquestra Brasil-Amrica [*7]. O arranjoutilizado era bem diferente do original, ou do que s e poderia encontrar nascidades do interior, tendo em vista a imensa quantidade de timbres epossibilidades de harmonia que um a orquestra pode oferecer. Para umamelhor aceitao ou um baixo ndice de rejeio da msica vinda dohomem simples do campo, faz-se necessrio esse novo arranjo.Apenas com uma dupla de violeiros e sons de batidas de palm a, amsica soaria rude, simples, primria, ou seja, sem o status de umagrande composio. O aparato de uma orquestra d conta de fornecer asvariaes de harmonia, dinmica, ritmo e melodia necessrias para umarranjo elaborado que facilitasse a difuso desse novo gnero. Todavia, o

    que se destaca nesse episdio que a escolha dessa msica para serregistrada j demonstra a curiosidade despertada pela musicalidadecaipira.

    O caipirlogo

    O primeiro promotor cultural que levou grande parte da culturacaipira para a cidade foi Cornlio Pires [*8] . Ele foi o responsvel peloincio do consumo, em escala industrial, do pblico urbano em relao msica e cultura do interior. A msica caipira passa a ser comercializada,divulgada e ganha espao nas rdios e em todos os meios decomunicao aps as iniciativas feitas por Cornlio. Com certeza, elepode ser considerado o primeiro grande empresrio ou produtor musicalde msica sertaneja no Brasil. Antes de atuar no ramo musical, CornlioPires passou por vrias profisses, de professor de Educao Fsica a

    jornalis ta, chegando tambm a trabalhar num a olaria de sua famlia emsua cidade natal, Tiet, SP[*9] . Sua estreia como caipirlogo ocorre naobra de poesias Musa Caipir/ema, lanada no ano de 1910. Da vidabomia que levou em cidades do interior paulista, como Botucatu e

    Piracicaba, o autor condensa nessa obra muitos costumes da vida caipira.

    Chegaria a escrever cerca de vinte e cinco livros de contos, poesias e

    anedotas que procuravam decifrar o silogismo caipira: sua linguagem, sua

    rotina de trabalho, a religiosidade, a musicalidade, etc. Outros ttulos

    podem ser citados: Cenas e Paisagens de Minha Terra (1912), Conversas

    ao P do Fogo (1921), Tragdia Cabocla (1926), Seleta Caipira (1927),

    Sambas e Caterets (1932), Enciclopdia de Anedotas e Curiosidades

    (1945), entre outros [*10].

    A grande aceitao e admirao por parte da classe intelectual pelaobra de Cornlio Pires se deve em grande parte ao momento em que

    suas pesquisas foram publicadas. O Modernismo, corrente artstico-cultural mais forte do incio do sculo XX no Brasil, tinha como um dosprincipais objetivos o resgate e retrato desse homem rstico trazido porCornlio. Ali residiria o brasileiro autntico, ligado natureza. No cabiaaqui um retrato pitoresco ou at mesmo cmico do caipira. Mas areproduo fiel daquele homem ligado natureza, de valores ainda nocontaminados pelos ideais trazidos com o crescimento das cidades. Ocaipira que Cornlio Pires retrata, e que os modernistas gostariam de ver,se as semelha s constataes feitas por Antnio Cndido no seu livro Osparceiros do Rio Bonito. A relao com a natureza evidente. Ela norteiaos rumos do homem do campo:

    A vida social do caipira assimilou e conservou os elementos condicionadospelas suas origens nmades. A combinao dos traos culturais indgenas eportugueses obedeceu ao ritmo nmade do bandeirante e do povoador,conservando as caractersticas de uma economia largamente permeada pelasprticas de presa e coleta, cuja estrutura instvel dependia da mobilidade dosindivduos e dos grupos. [*11]

    A primeira apresentao da cultura caipi ra feita por Cornlio Piresaconteceu no ano de 1910, no auditrio do Colgio Mackenzie, na cidadede So Paulo. Para finalizar uma srie de conferncias sobre o tema, foiencenado um velrio caipira. Durante a cerimnia foram entoadas

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    canes de trabalho (presentes nas aes de mutiro do meio rural),modas de viola, cururus e caterets. Nessa apresentao, o caipira deTiet consegue abordar diversos temas de maneira performtica eresumida, mostrando como o homem do campo lidaria com a morte. Oucomo a famlia do morto lidava com a situao perante seu grupo social.As msicas cantadas, o sotaque, o vocabulrio, enfim , uma srie derepresentaes demonstradas ali para a elite cultural paulistana. Adifuso da msica caipira ocorrer quase vinte anos depois, quando negociada com a gravadora Columbia a prensagem de vinte e cinco milcpias dos primeiros discos da Turma Caipira Cornlio Pires. Algunsartistas que integravam o grupo eram Zico Dias e Ferrinho, Caula eMariano, Arlindo Santana e Sebastiozinho, Loureno e Olegrio, entreoutros [*12].

    O pioneirismo da empreitada est em diversos fatores: a quantidadede discos pedida por Cornlio Pires era cerca de cinco vezes maior doque o recomendado pela Indstria; o preo cobrado por cada disco eracerca de dois mil ris maior do que o preo praticado na poca; a primeiraleva de discos foi vendida em dois carros que circulavam junto com atrupe de artistas que faziam suas apresentaes pelo interior paulis ta. E ofator mais arriscado (que acaba sendo a maior inovao) a abertura deum novo nicho mercadolgico dentro da radiodifuso e indstriafonogrfica. No existiam outros grupos de msica caipira (ou folclricado interior paulis ta) sendo com ercializados. No entanto, a vasta vendagemdos discos demonstrou a existncia de uma grande procura do pblicopor esse tipo de msica. O estudioso do tema, Waldenyr Caldas, aponta

    como um dos principais fatores para a boa repercusso do estilo nascidades o xodo rural causado pela crise do caf, levando um bomnmero de pessoas do interior para a capital. Agora consumiriam suamsica nativa no meio urbano. Houve tambm o consum o desse novoestilo por parte da elite intelectual. A msica sertaneja surge como umacuriosidade vinda do interior, algo a ser descoberto, tendo em vista aindatodo o clima modernista no qual estava imersa a intelectualidade dapoca. A msica sertaneja ainda no era vista como algo queexpressasse o mau gosto[*13] . Dentro disso, Caldas conclui em outrolivro:

    No meio de toda a euforia, mais um fato seria comprovado: definitivamente, amsica sertaneja j no era mais um fenmeno de massa apenas no interior.Era no meio urbano tambm. Nascia um novo produto da indstria cultural. Oseu pblico aumentou de tal forma na cidade, em parte decorrente do xodo

    rural causado pela crise econmica de 1929, que as gravadoras foramprazerosamente obrigadas a aumentar as tiragens dos discos sertanejos[*14].

    A msica sertaneja , apesar de ter em sua origem toda amusicalidade caipira, surgir e ser difundida pelo contraste em relaoao meio urbano. A msica que o caipira compe retrata o tema daurbanizao do pas, e acaba sendo amplamente consumida pelocaipira-urbanizado que se v nas letras das canes. A identificao sed no momento em que o compositor usa do vocabulrio do interior e doaparato musical (viola caipira, msicas cantadas em dupla). Seguemalguns exemplos dessa dicotomia retratada por artistas caipiras. Oprimeiro a msica de Cornlio Pires, Situao Encrencada, feita em1930, que retrata de m odo bem original a crise ocorrida ps 1929 no setorcafeeiro no interior paulista:

    [...] J quebrou uns fazendeiro/ assim que o governo qu/ tamo todos semcarreira/ com a baixa do caf/ acab o movimento/ at l pra noroeste/ povotodo to gritando:/ - a curpa do Jlio Prestes!Quase todo fazendeiro/ andava de Chevrolet/ j to andando a cavalo/ com abaixa do caf/ aqueles grande banqueiro/ cheio de libra esterlina/ encostocarro de lado/ por farta de gasolina![*15]

    Nessa msica de Cornlio, fica claro o problema que assolava asfazendas do interior paulista com a crise cafeeira decorrente do crack dabolsa em 1929. interessante observar que o eu lrico da letra ohomem simples do campo falando da nova situao que se encontra oseu superior. O autor usa as palavras curpa [sic] e farta [sic] paraapontar quem fala. No entanto, esse caipira j mostra conhecimentosobre poltica ao apontar que o povo j grita de quem era a culpa: de JlioPrestes, governador do Estado de So Paulo na poca da crise. Mostra

    tambm um a noo de economia ao citar a nova situao dos banqueirose a economia no consumo de gasolina que o fazendeiro teria que fazeragora com os bolsos vazios. Do mesmo compositor, dessa vez emparceria com o compositor Mariano da Silva, a msica Bonde Camaroretrata a dificuldade de adaptao do caipira ao meio de transporteurbano:

    Aqui em So Paulo/ o que mais me amola/ esses bonde/ que nem gaiola./

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    Cheguei, abriro a portinhola,/ levei um tranco/ e quebrei a viola./ Inda puisdinheiro na caxa de esmola.[*16]

    O segundo exemplo mais explcito em relao temtica domovimento migratrio, ocorrido com fora nos anos 1950, claramenteretratada na ms ica de Sorocabinha: Sodade [sic] do Tempo Veio:

    s eu peg na viola, me vem a recordao/ o tempo do meu sitinho/ que tudoera bom, ai.../ que tudo era bom [...]/ Hoje eu me vejo em So Paulo,/ nessarica povoao,/ trabaiando de operrio/ sendo que j fui patro, ai.../ sendoque j fui patro. [*17]

    Outro exemplo que segue no mesmo tema a musica Caboclo naCidade, de autoria de Dino Franco e Nh Chico:

    Seu moo eu j fui roceiro/ no tringulo mineiro/ onde eu tinha meu ranchinho/[...] ento aconteceu isso/ resolvi vender o stio/ e vim morar na cidade/ Nemsei como se deu isso/ Seu moo naquele dia/ eu vendi minha famlia/ e a minhafelicidade.[*18]

    Nessa composio fica evidente a noo de tradio, de nostalgiaem relao ao seu local de origem. A msica sertaneja retrataria ento opopular como local do tradicional. Essa relao entre esses doistermos sintetizada por Augusto Arantes da seguinte maneira:

    Pensar a cultura popular como sinnimo de tradio reafirmarconstantemente a idia de que a sua Idade de Ouro deu-se no passado. Emconseqncia disso, as sucessivas modificaes por que necessariamente

    passaram esses objetos, concepes e prticas, no podem sercompreendidas, seno como deturpadoras ou empobrecedoras. Aquilo que seconsidera como tendo tido vigncia plena no passado s pode serinterpretado, no presente, como curiosidade.[*19]

    Os livros didticos muitas vezes fazem a escolha de gneros queseriam mais nobres, de um discurso mais elaborado, que teria maisrespaldo intelectual para elucidar determinado tema histrico. De modomais amplo isso acaba contribuindo para a dicotomia presente entre odesprezo da mentalidade rural para o estabelecimento de umamentalidade urbano-industrial sendo portadora de verdades, valores edirees irrefutveis.

    O gesto aparentemente simples, de se excluir essa produomusical caipira ou sertaneja, vem contribuir ainda mais para o aumentodo preconceito e menosprezo da sociedade pelo gnero e pelo discursoque ele pode produzir. No caso do uso em sala de aula, umaoportunidade incrvel que se perde de mostrar algo novo, de sedesmistificar esse posicionamento inferior que a cultura de massaatrelada inds tria cultural construiu do caipira.

    Essas msicas conseguem exemplificar um vasto repertriopresente no cancioneiro da msica sertaneja, que retrata o processo deurbanizao ocorrido nas capitais brasileiras. A escolha desse tema porparte dos compositores se d principalmente pelo fato de que osmesmos passaram por esse processo, por essas mudanas em seucotidiano. Portanto, essencialmente importante a utilizao da lentecaipira para a observao do fenmeno de urbanizao e surgimento dasgrandes cidades no Brasil.

    Referncias bibliogrficas

    ANDRADE, Mrio de. Dicionrio Musical Brasileiro. Belo Horizonte: EditoraItatiaia, 1989.ARANTES, Antonio Augus to. O que cultura popular. 11. ed. So Paulo:Brasiliense, 1986. 83p.CALDAS, Waldenyr. Acorde na aurora : msica sertaneja e indstriacultural. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 1977.______. O que musica sertaneja. So Paulo: Brasiliens e, 1987. 84p.CANDIDO, Antonio. Os parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipirapaulista e a transformao dos seus meios de vida. 3. ed. So Paulo:Livraria Duas Cidades, 1975. 284p.CHAVES, Edilson Aparecido. Lies do Caipira. Rio de Janeiro: 2007.Disponvel em:. Acesso em: 6 jan. 2012.ERRETE, J. L. Capito Furtado: viola caipira ou sertaneja? Rio de Janeiro:Instituto Nacional de Msica; Diviso de Msica Popular, 1985. 131p.NEPOMUCENO, Rosa. Msica caipira: da roa ao rodeio. 2. ed. So Paulo:Ed. 34, 2005. 437p.TINHORO, Jos Ramos. Pequena histria da msica popular: damodinha a lambada. 6a ed. rev. e aum. So Paulo: Art, 1991. 294p.______. Histria social da msica popular brasileira. So Paulo: Ed. 34,1998. 365p.

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