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HISTÓRIAS E ESTÓRIAS NO SÍTIOExtensão e Comunicação Rural no RS

Marco Antonio Medronha da Silva

2011

DIRETORIA DA ABER (Biênio 2011 – 2012)

- Presidente: Hur Ben Correia da Silva (PR)- Vice-Presidente: Mário Varela Amorim (RN)- Diretoria Administrativa e Financeira: Valdir Marques Giusti- Diretoria Cultural e Acervo Histórico: Diogo Guerra (RS)- Diretoria de Relações Institucionais: José Silva Soares (MG)- Diretoria de ATER Contemporânea: Ivamney A. Lima. (SP)- Diretoria de Comunicação e Divulgação: Marcos Inácio Fernandes (AC)

Conselho Fiscal Titular:- Verneck Abrantes de Sousa (PB)- Gabriel Miranda dos Anjos (MT)- Willy Gustavo de La Piedra Mesons (MG)

Suplentes:- Marcos Antonio de Oliveira (AL)- Abdon Jordão Filho (BA)- Maria Angélica Andrade Freitas (SE)

Articuladores Regionais:Região Norte: Edimar Vizolli (AM)Região Nordeste: Marcos Antônio Dantas de Oliveira (AL)Região Sudeste: Willy Gustavo de La Piedra Mesons (MG)Região Centro-Oeste: Valdir Marques Giusti (DF)Região Sul: Diogo Guerra (RS)

Silva, Marco Antonio Medronha da Histórias e estórias no sítio: extensão e comunicação rural no RS / Marco Antonio Medronha da Silva; Designer Gráfico Wilmar de Oliveira Marques; Revisão Textual Karla Teresinha Costa dos Reis. - Brasília : ASBRAER, 2011. 104. p. : il.

Esta publicação teve o apoio da AcademiaBrasileira de Extensão Rural – ABER. 1. Comunicação. 2. Extensão Rural. 3. Rio Grande do Sul. I. Silva, Marco Antonio Medronha da. II. Academia Brasileira de Extensão Rural. IlI. Marques, Wilmar de Oliveira. IV. Reis, Karla Teresinha Costa dos. V.Título. CDU 63.001.8:659.3

M492h

CIP-Brasil. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação.Bibliotecária Cleusa Alves da Rocha, CRB 10/2127.

EXTENSÃO RURAL BRASILEIRA: UM REENCONTRO COM A SUA HISTÓRIA

Quando em 2007, a inspiração visionária de José Silva So-ares, então Presidente da ASBRAER, idealizou a constituição de uma Academia Brasileira de Extensão Rural – ABER, que congregasse extensionistas de todo Brasil com um acúmulo de suas experiências profissionais no serviço, nascia ali uma ins-tituição para ocupar um “espaço de encontros, mas também de achados, de descobertas”, conforme se encontra na pági-na eletrônica da ABER.

Um espaço para um reencontro com a nossa história, com mais de 60 anos de existência, de um projeto dos mais generosos do nosso povo, que é a Extensão Rural Brasileira. São poucas as instituições públicas que podem apresentar uma trajetória institucional tão extensa, tão exitosa e tão iden-tificada com os valores ético-humanistas e com os princípios Republicanos de respeito aos recursos públicos e aos usuários dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural.

Nós temos muitas histórias e estórias para contar, para relembrar, para compartilhar com a sociedade brasileira. E nada melhor de conhecer esses relatos, através das pessoas que a viveram e vivenciaram no serviço de ATER. Nesse senti-do, a Academia Brasileira de Extensão Rural – ABER, em per-feita consonância com sua missão e objetivos que é de “pro-mover a Extensão Rural a partir de sua identidade histórica e intelectual”, bem como, de “organizar o acervo histórico e do-cumental da Extensão Rural Brasileira”, sente-se orgulhosa de contribuir e emprestar sua chancela para a publicação do livro: Histórias e estórias no Sítio – Extensão e Comunicação Rural no RS, organizado pelo Marco Antonio Medronha da Silva.

Com esse trabalho, tecido a muitas mãos, pelos abnega-dos extensionistas do Rio Grande do Sul e organizado e sis-tematizado pelo Marco Medronha, que insistiu, perseverou e

lutou pela sua publicação, que se “desencanta” na véspera do 63º aniversário da Serviço de Extensão Rural no Brasil, a nossa Academia se congratula com os Extensionistas do Rio Grande e do Brasil e compartilha esse presente em forma de livro, que fala da gente e faz com que a nossa emoção sobreviva.

Hur Ben Correia da SilvaPresidente da Academia Brasileira de Extensão Rural - ABER

SUMÁRIO

Apresentação ................................................................................ 11 Introdução ..................................................................................... 13

Parte I 1 Primeiro a ASCAR ................................................................... 15 1.1 Depois a EMATER/RS ................................................................ 191.2 Agora a EMATER/RS-ASCAR ..................................................... 221.2.1 A comunicação como ferramenta de gestão ........................ 28

Parte II2 Comunicação rural e extensão ...................................................... 31 2.1 Os pioneiros da comunicação rural .......................................... 322.2 A linguagem no rural ................................................................ 342.3 A comunicação rural dialógica ................................................. 352.4 Os multimeios educativos ........................................................ 39 2.4.1 Conceitos e considerações sobre multimeios e métodos ...... 42

Parte III3 Do megafone ao sítio .................................................................. 513.1 A Comunicação na era da informação ..................................... 523.1.1 A visibilidade pela assessoria de imprensa ........................... 533.1.2 O rádio do sítio e para o mundo ............................................ 553.1.3 A Emater/RS entra na sua casa pela TV ................................ 573.1.4 O Programa Terra Sul ............................................................ 573.1.5 O Programa Rio Grande Rural ............................................... 58

Parte IV4 O sítio .......................................................................................... 614.1 Prosa extensionista ................................................................. 63 4.1.1 Até onde irá essa seca? ......................................................... 644.1.2 Nunca jogue graspa no fogo! ................................................ 66 4.1.3 A Sesteada ............................................................................ 684.1.4 O “pai” do Beto ..................................................................... 704.1.5 Desafio .................................................................................. 714.1.6 Os ovos da Cecília .................................................................. 734.1.7 O nome da cadela ................................................................. 744.1.8 Gaúcho Desesperado ........................................................... 75

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4.1.9 Área do Chiqueiro ................................................................. 77 4.1.10 Minha primeira experiência com multimeios .................... 78 4.1.11 Oração para mordida de cobra ............................................ 79 4.1.12 O revólver do Leovaldo ......................................................... 81 4.1.13 O pneu ................................................................................ 834.1.14 Algumas histórias extensionistas da Emater ...................... 85 4.1.15 Galinha bem alimentada ..................................................... 88

Poesia - Lá vai o extensionista ........................................................ 91

Crônica - A Emater/RS é um Boeing .............................................. 95

Índice de fotos ............................................................................... 97

Referências bibliográficas ............................................................ 101

NOTA SOBRE O AUTOR

Marco Medronha, antes de tudo, é um extensionista. Vi-venciou todas as etapas evolutivas por que passa um agente de extensão rural. Técnico agrícola, orientou agricultores e co-munidades rurais na busca de seu desenvolvimento.

Mas, a paixão pelo trabalho extensionista sempre foi di-vidida com a comunicação. Se é que dá para chamar de divi-são. Afinal, Paulo Freire já havia constatado que extensão é comunicação. O extensionista é apaixonado por duas funções, com aparências diferentes, mas que, no fundo, são a mesma.

Foi operador de unidade móvel na Emater/RS. Em gran-des ou pequenos eventos de extensão rural, lá estava o Marco operando o som e as “malas pretas” com os audiovisuais so-norizados.

Daí para o curso de comunicação foi um pulo. Formado em jornalismo, também foi professor das disciplinas de televi-são, telejornalismo e comunicação rural na Universidade Ca-tólica de Pelotas. Veio o mestrado, e, com ele, novos desafios.

Foi gerente de Comunicação na Emater/RS. Mas, seu vín-culo maior é com a metade sul do Rio Grande, onde atua como jornalista no escritório regional da Emater/RS, em Pelotas.

Do megafone ao computador e outras novas mídias, Mar-co acompanhou todas estas transformações, sem endeusar a tecnologia. Afinal, ela é apenas um meio para um fim maior: ajudar a comunidade a viver melhor, com sustentabilidade, abrangendo todas as suas variáveis, desde a econômica, até a social, ambiental, política, cultural e ética.

José Mário Santos GuedesGerente de ComunicaçãoEmater/RS-Ascar

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Apresentação

A comunicação social elementar entre as pessoas e a intera-ção mediada de todas as formas e recursos disponíveis são proces-sos que estão em plena evolução, de tal forma que uma esfera influi na outra. As instituições que não acompanharem estas mudanças e não registrarem os seus desenvolvimentos podem ficar à mar-gem do que acontece. Por isso, acolho com grande alegria a idéia do colega e amigo Marco Medronha que, com a originalidade que lhe é peculiar, está nos presenteando com esta obra histórica, deci-siva para que se compreenda o que aconteceu, o que acontece e o que está se projetando para a comunicação na área da extensão rural.

E o Rio Grande do Sul tem felizmente e de forma emblemática, muitas histórias e estórias para contar. Esse trabalho de pesquisa está aqui, pois o autor identificou-as e trouxe esses registros ím-pares para que fiquem gravados para sempre neste livro, que por certo será fonte de consulta para todos quantos se interessam pela comunicação rural.

Não se pode perder de vistas a filosofia extensionista e sua importância estratégica para o País, ainda que seja difícil contar uma história linear da área. Registramos com tristeza altos e baixos na atividade extensionistas em alguns Estados brasileiros. Posso dizer que o Rio Grande é quase um caso à parte. Infelizmente sempre tem esse tal de “quase”. Pois estes valorosos esteios da extensão traba-lham diretamente com as comunidades rurais, com as famílias, com as pessoas e talvez por isso mesmo sejam diferentes. São gente aci-ma de tudo, com alto compromisso e sensibilidade, que assumem a tarefa de fazer a comunicação essencial e de levar a boa nova, como verdadeiros missionários que são, uma vez que mediadores entre o saber técnico e o popular.

Acompanho esse trabalho com muita atenção e sei o quanto a nossa extensão contribui e contribuiu para mudar a realidade sofri-da do homem que vive nas áreas rurais, especialmente aquele que mais necessita. São homens e mulheres de valor esses amigos da extensão e são comunicadores por vocação, porque são os elos que

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fortalecem a corrente do conhecimento, que deve acontecer num circuito continuo, eis que muito se aprende no contato com os mais simples e originais trabalhadores do campo.

Por isso este é um livro necessário, por que conta algumas destas histórias, que ficariam esquecidas ou apenas na lembrança dos nossos extensionistas. O Medronha está nos trazendo uma Ex-tensão Rural mais popular, democrática e vigorosa para observar-mos com atenção. Está trazendo, como jornalista que é, uma grande reportagem sobre este assunto e nos deixa ver esse funcionamento de forma privilegiada, por meio do bom texto e de sua particular perspicácia na abordagem.

A publicação se agrega à troca necessária que deve ocorrer no processo educacional que cumpre à Extensão Rural, com a fala de um dos seus mais destacados técnicos em comunicação. Sei disso muito bem, trabalhei com o Marco Medronha desde 1990 nas agen-das técnicas de comunicação, integrando de forma pioneira no País a Embrapa e a Emater-RS. Tínhamos um bordão nos programas de TV que dizia “Embrapa/Emater, essa união produz” e foi assim que fomos desbravando a comunicação televisiva e radiofônica, criando programas como o Terra Sul, que está até hoje no ar.

Aos leitores deste livro, portanto, saibam que passam a ter algo precioso, que é o registro de um tempo, uma fase forte de vida e integração. Tenham a certeza, tudo isso é uma parte da experiên-cia das pessoas. Especialmente de gente que têm visão de futuro e capacidade de socializar conhecimentos, deixando de lado as vai-dades personalistas que nos acostam, como seres complexos que somos. Uma boa leitura a todos.

Antonio Luiz Oliveira HeberlêProfessor doutor em comunicação da UCPelPesquisador da Embrapa Clima Temperado

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Introdução

A Extensão Rural no Rio Grande do Sul expressa, na sua histó-ria, as transformações dos processos de comunicação. Desde a sua criação na década de 50, a maneira de conversar com a sociedade se modificou, adaptando-se às mudanças tecnológicas no tratamento das mensagens, ao mesmo tempo em que é a própria referência em tecnologias para o meio rural.

A sociedade gaúcha reconhece atualmente a EMATER/RS--ASCAR como a primeira fonte de informações fidedignas quando precisa saber da situação das lavouras, das criações, do preço dos alimentos, de como vivem as pessoas do meio rural. A formação de uma equipe consciente de profissionais, presente em quase todos os municípios do estado, foi possível graças a ações anônimas e soli-dárias dos extensionistas rurais, uma “rede” consistente de pessoas praticando ações sociais, e preconizando técnicas de preservação e sustentabilidade rural, pode ser comparado à ideia de “teia” ou (web em inglês) de Tim Bernes–Lee, criador da web, que reforça a teoria das cadeias ou vasos comunicantes com a finalidade de me-lhor informar. Uma coisa pode parecer não ter nada a ver com a outra, mas tem, na medida em que hoje o “sítio” da EMATER/RS--ASCAR é uma ferramenta de comunicação institucional usada para comunicar, postar notícias, imagens, vídeos, áudios, depoimentos, hipertextos com a finalidade de apresentar virtualmente os serviços presenciais prestados pela Extensão Rural.

A proposta desse livro é a de resgatar a história dos pioneiros que construíram a Extensão Rural do Rio Grande do Sul, os quais em-prestaram seus nomes e lideram processos, em três etapas distintas contadas na primeira parte. Na segunda, a publicação resgata concei-tos e métodos da comunicação rural, também com foco no pioneiris-mo. A terceira parte trata da evolução da comunicação no sistema de Extensão Rural gaúcho, ao trazer informações sobre a trajetória dos extensionistas na utilização dos meios de comunicação. Na quarta e última parte os próprios extensionistas, patrimônio da instituição, contam estórias e histórias, fatos inusitados do cotidiano de uma das atividades mais apaixonantes que existem, a Extensão Rural.

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Histórias e estórias são encontradas em relatórios anuais, re-vistas e livros divulgados pela mídia, além de tantas outras relatadas no dia a dia ou escondidas na memória, algumas até pitorescas, mas não menos importante para entender o cerne destes obstinados educadores do meio rural. As personagens constituem-se no maior patrimônio da instituição, gente preparada e protagonista de uma das mais belas histórias de amor à profissão, à causa extensionista e às comunidades rurais.

Acreditamos também que nós, enquanto indivíduos, não te-mos exclusividade sobre nossas ideias, porque somos uma cons-trução de tudo o que lemos, ouvimos, sentimos e vivemos. Desta forma, caso você se identifique com o texto, ficaremos felizes, pois temos algo em comum e, acima de tudo, este trabalho é escrito e contado, conjuntamente, por muitos autores.

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Parte I

1 Primeiro a ASCARUm grupo obstinado de idealizadores concebeu a ASCAR. O

serviço de extensão rural no Estado começou quando o titular da Inspetoria Agrícola Federal do Rio Grande do Sul, Diretor Estadual, Afonso Nascimento Mibielli, por solicitação do Ministro da Agricul-tura, na época, Daniel de Carvalho, realizou contatos com o serviço de extensão rural de Minas Gerais (iniciado em 1948), com a finali-dade de observar os benefícios para os pequenos agricultores.

Segundo documentos encontrados no atual Núcleo de Docu-mentação e Arquivo, da Gerência de Comunicação da EMATER/RS-AS-CAR, o Diretor Mibielli, em seu retorno, fez considerações favoráveis a lideranças do Rio Grande do Sul, especialmente ao representante do setor industrial, Anton Jacob Renner. Este, compromissado com outros projetos, passou a missão de concretização da idéia ao Diretor do Banco Agrícola Mercantil S/A, Kurt Weissheimer. O projeto foi fina-lizado em 2 de junho de 1955, com a criação da ASCAR. Weissheimer foi eleito por unanimidade o primeiro Presidente da ASCAR, que teria como Vice-presidente Geraldo Veloso Nunes Vieira, como Secretário Mário Fonseca e como Tesoureiro Adel Carvalho.

Pioneiros na criação da ASCAR

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O caráter realizador sempre esteve associado a parcerias, desde a fundação da ASCAR em 1955, quando, em 7 de julho, foi firmado um contrato entre o Ministério da Agricultura, o Escritório Técnico da Agricultura Brasil Estados Unidos, com sede no Brasil, e a Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio do Estado. O ob-jetivo da Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural era “de-senvolvimento da agricultura e o bem-estar das populações rurais, através do crédito supervisionado ao pequeno agricultor, criador e assistência aos mesmos e sua família”.

Inspirado nas experiências positivas das regiões Sudeste e Nordeste, o Presidente Kurt Weisheimer nomeou o primeiro Secre-tário Executivo da ASCAR, o engenheiro agrônomo Euclides Gonçal-ves Martins, técnico que despontou como extensionista na Associa-ção de Crédito e Assistência Rural (ACAR), de Minas Gerais, e, na Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural do Nordeste (ANCAR). Começava aí o alicerce técnico da extensão rural gaúcha, na qual, concomitantemente, eram designados outros dirigentes: Archimínio Almeida Teixeira, para serviços administrativos, e a eco-nomista doméstica, Ella Mae Crosby, para atuação na área social.

Os primeiros extensionistas da ASCAR foram recrutados a par-tir de anúncios colocados em escolas e associações de profissionais. Uma curiosidade na seleção dos candidatos era a exigência de al-gum conhecimento da língua alemã ou italiana. A primeira turma de 28 profissionais, sendo 15 da área de bem-estar e 13 da área de agronomia, realizou o pré-serviço (treinamento), durante três me-ses, na Fazenda Ipanema, em São Paulo.

O curso na Fazenda Ipanema privilegiava a Extensão e o Cré-dito Rural Supervisionado, com os seguintes conteúdos: extensão rural; filosofia; ecologia e sociologia rural; crédito rural supervisio-nado; processos de educação, de aprendizagem e de comunicação; relações humanas; planejamento e administração da propriedade e do lar; economia rural e doméstica; higiene rural, enfermidades e endemias mais comuns no meio rural; primeiros socorros; traba-lhos manuais; apresentações práticas e demonstrações; exposições orais; teoria da comunicação; uso de audiovisuais, de rádio, de jor-nal, de cartas circulares e de recreação.

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Participantes do 1º Curso Nacional de Extensão Rural, em 1955.

O pré-serviço da primeira turma, em 1955, possuía um conte-údo programático extenso, no qual os conhecimentos de comuni-cação foram fundamentais para compreender o nível de excelência dos extensionistas nas manifestações junto às comunidades. Não podemos dizer que somente a comunicação é suficiente, muito pelo contrário, sem os conhecimentos técnicos, sociológicos e ambien-tais (local/global), o extensionista rural estaria jogando palavras ao vento. A comunicação propõe uma interação entre técnico e produ-tor do tipo com-saber, caracterizada da seguinte maneira por Pas-quali (1973, p. 14):

Ela só é possível entre sujeitos depositários do com-saber e ca-

pacitados para a transmissão-recepção. Tem haver e implica diálo-go. É um intercâmbio de mensagens com a possibilidade de retorno não-mecânico. Daí ser um termo privativo das relações dialógicas inter-humanas.

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Primeiro grupo de extensionistas partindo para o campo em jeep’s, veículo pioneiro no serviço de extensão rural

Os extensionistas rurais, formados por grupos de pessoal téc-nico e administrativo, tinham como atribuições prestar a necessária ajuda, com prioridade para os pequenos produtores rurais, no me-lhoramento da agricultura e da vida rural. Ao começar a saga exten-sionista, “moços” e as “moças” da ASCAR, contratados e treinados entram em seus veículos e partem para concretizarem o método mais tradicional da extensão rural: a visita às propriedades rurais. No início, a população rural estranhava o fato de casais de jovens técnicos percorrerem as comunidades para levar informações agrí-colas e crédito supervisionado. Provavelmente, não imaginavam o grande significado daquela ação para o desenvolvimento rural do Rio Grande do Sul. Depois, além do método simples da visita, ou-tros métodos simples e complexos foram aplicados para possibilitar a comunicação com as famílias rurais. Hoje, a EMATER/RS-ASCAR é referência no uso de metodologias de comunicação, e a presença nas comunidades rurais não causa mais estranheza, faz parte do ce-nário, está enraizada no campo e tornou-se vital para a população rural e para o desenvolvimento das políticas públicas do Estado.

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No período da ASCAR, o engenheiro agrô-nomo Bento Pires Dias ocupou o cargo de Secretário Executivo. Foi o primeiro Exten-sionista Rural a assumir um cargo de diri-gente. A gestão ocorreu de 1956 a 1973.

1.1 Depois a Emater/RSPara revigorar e integrar o Sistema Nacional de Assistência Téc-

nica e Extensão Rural, foi constituída, no dia 14 de março de 1977, a EMATER/RS – Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural. Sob a coordenação nacional da EMBRATER - Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural, a EMATER/RS inaugura uma nova etapa de relacionamentos com parceiros e sociedade.

A solenidade de posse da primeira diretoria ocorreu em 30 de abril de 1977, na sede da FETAG. A diretoria era composta pe-los engenheiros agrônomos Rodolpho Tácito Ferreira, presidente; José Inácio Pereira da Silva, diretor técnico; e Edmundo Henrique Schmitz, diretor administrativo. Entre as autoridades presentes no evento estavam o ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli; o presidente da EMBRATER, Renato Simplício Lopes; o secretário da Agricultura, Getúlio Marcântonio; o secretário do Trabalho e Ação Social, Carlos Alberto Chiarelli; dirigentes da FETAG, OCERGS e FAR-SUL; técnicos da Secretaria da Agricultura, da ASCAR e de entidades ligadas ao setor agropecuário do Estado.

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Getúlio Marcantônio, secretário da Agricultura do RS, na posse do 1° presidente da Emater/RS, Rodolpho Tácito Ferreira.

A EMATER/RS passava a se relacionar com a Secretaria da Agri-cultura, sendo a responsável pela formulação e execução da política de assistência técnica e extensão rural oficial no Estado do Rio Gran-de do Sul, e passaria a atuar conjuntamente com a ASCAR, mediante protocolo firmado. Sobre a nova configuração, o secretário de Agri-cultura, Getúlio Marcântonio, falou: “A EMATER é a vitória dos produ-tores gaúchos. Foram eles, através de suas entidades de classe – FE-TAG, FARSUL e OCERGS – que soergueram, quase do chão, a bandeira da extensão rural, onde a incompreensão a havia jogado”. Acrescen-tou ainda, “A nossa EMATER, que não pôde ser uma empresa pública a exemplo dos demais estados brasileiros, onde contou, inclusive, em todos eles, com o apoio da oposição, passa agora a ser uma radio-sa realidade através de uma sociedade civil. Foi esta fórmula que os nossos produtores encontraram para não ficarem à margem do Sis-tema Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural”.

O ministro Alysson Paulinelli disse em seu discurso: “Conside-ro histórica essa reunião, onde o Rio Grande do Sul, suplementando as dificuldades e, até mesmo, injustificáveis incompreensões, acei-tou uma proposição de uma organização única, racional, objetiva e eficiente para dar atendimento a uma requisição que a cada dia mais sofrem os governos, que é a prestação de assistência técnica e extensão rural à atividade agrícola brasileira”.

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Na continuação de seu discurso, o ministro Paulinelli pediu à diretoria da EMATER/RS para trabalhar no sentido de tornar a exten-são rural gaúcha a mais forte do País e que o espírito empreendedor fosse repassado e incorporado por todos os “liderados”. A solicita-ção do ministro foi atendida com relativa facilidade, pois os exten-sionistas da ASCAR possuíam, na sua essência, a condição realizado-ra, minimizando, desta forma, a tarefa da diretoria empossada.

A nova EMATER/RS, pela capacitação de seus empregados desenvolvia, cada vez mais, aptidões de lideranças. Extensionistas Rurais com experiência de campo passaram a exercer cargos em di-retorias da instituição.

Edmundo Henrique SchmitzDiretor Administrativo

Gestão 1977/1983

José Inácio Pereira da SilvaDiretor Técnico

Gestão 1977/1979

Lino Ivanio HamannPresidente

Gestão 1977/1983

Paulo Ebling RodriguesDiretor Técnico

Gestão 1977/1983 - 1984/1987

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1.2 Agora a EMATER/RS-ASCAR O início de um novo governo em 1985 foi particularmente

traumático para os extensionistas, a inflação descontrolada foi o pretexto para o lançamento de um “pacote de medidas”, em feve-reiro de 1986. Entre essas, o plano cruzado, confisco da poupança e a desarticulação dos serviços de Extensão Rural, e o desmonte do Sistema EMBRATER, pelo governo Federal.

No campo, o alto custo dos produtos como fertilizantes, má-quinas agrícolas, inseticidas e herbicidas, associados ao mau uso dos agrotóxicos acarretaram em prejuízos à saúde das famílias ru-rais, desgaste do solo e conseqüente desemprego, ainda somado a invasões de terras. Era preciso mudar, repensar a Extensão Rural.

A filosofia extensionista de trabalhar para melhorar a qualida-de de vida das famílias rurais, necessitava estar mais próxima das co-munidades para ser, efetivamente exercida. Uma Extensão Rural mais popular, democrática, onde todos os envolvidos no processo tivessem oportunidade de participar das decisões. Escolher o que é melhor para a comunidade depende muito mais de quem nela vive, o extensionista passa a exercer o papel fundamental de moderador e o saber do agricul-tor é mais valorizado. Conforme Emater (2005, p. 69) “É nessa troca que ocorre todo o processo educacional da Extensão Rural, onde o agricultor como cidadão e como profissional da agricultura, tem o seu saber res-peitado e confrontado com o saber dos técnicos. Essa relação dialógica encerra a filosofia da Extensão Rural”.

Nesse contexto outros valores vieram à tona, pois era neces-sário superar barreiras com criatividade e um dos caminhos foi colo-car em prática a comunicação dialógica, para todos os servidores. O momento exigia reflexão da Casa e na nossa história é assim: temos que reagir rápido, em 1987 foi realizado “O repensar da Extensão Rural”, um seminário que deu ênfase ao “Enfoque Participativo”.

Este movimento no Rio Grande do Sul reforçou convicções e promoveu identidade na Extensão Rural gaúcha, fortalecendo a ima-gem institucional, enquanto em nível nacional, a ideia era de que o trabalho de extensão servia aos interesses do produtor capitalizado. A situação se agravou com o fim do crédito subsidiado e as reformas do Estado, a partir da década de 1990, o serviço de Extensão Rural é submetido a uma operação de desmonte. A EMBRATER é extinta em

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16 de março de 1990, no governo Fernando Collor de Mello, sob a alegação de que a entidade apenas transferia recursos para as em-presas estaduais. No mesmo ano é extinto o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural SIBRATER, ficando cada estado responsável pelo serviço em seu território.

Mudanças ocorreram no ambiente institucional a EMATER/RS passa a se relacionar com a Secretaria de Agricultura, através de convênio executa a política oficial de Assistência Técnica e Extensão Rural no Estado do Rio Grande do Sul, em conjunto com a ASCAR, uma sociedade civil, com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos.

Começa uma nova Extensão Rural com recursos oriundos de convênios com os Municípios, Estado e a União. Inverte-se a balan-ça, o Estado passa a ser a principal fonte de recursos para realização dos serviços. A cada administração no Rio Grande do Sul é necessá-rio uma negociação para renovar o convênio, a manutenção da EMA-TER/RS-ASCAR vem se garantido graças à qualificação das pessoas, da estrutura ágil, instrumentalizada, e principalmente, pelo retorno positivo nas áreas sociais e econômicas da agropecuária gaúcha.

O valor do serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural ao Estado foi agregado a Classificação e Certificação de Alimentos, a in-corporação da extinta CLAVESUL, em 1988, fortaleceu a instituição. A missão extensionista de “Semear Ideias para Colher Alimentos”, passou a ter, na mesma Casa, o respaldo da “lei nº 9.972, de 25 de maio de 2000, na qual institui a classificação de produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico, com posterior re-gulamentação em 17 de novembro, bem como atos complementa-res e instruções normativas”, Emater (2005, p.72).

A nova lei torna obrigatória a classificação de todos os produtos destinados à alimentação humana, sendo o certificado de classificação o instrumento legal que atesta a conformidade do produto de acordo com a lei e é exigido pela fiscalização do Ministério da Agricultura.

Os Extensionistas Rurais continuaram a missão de promover o desenvolvimento técnico-social das comunidades e ocuparam cada vez mais espaço na sociedade: Secretárias de Estado, entidades re-presentativas do setor rural, dos produtores, dos empregados, nos poderes executivo e legislativo.

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Eniltur Annes ViolaDiretor Técnico

Gestão 1988/1989 – 1989/1991

Caio Tibério Dornelles da RochaPresidente

Gestão 1989/1991 – 2003/2006

Cezar Henrique Ferreira Diretor Administrativo

Gestão 1991/1995 – 1995/1996

Ricardo CapelliDiretor Técnico

Gestão 1991/1995 – 1995/1996

A partir de 1988, muitos extensionistas conquistaram cargos nas diretorias da EMATER/RS-ASCAR. A capilaridade estadual e o grande prestígio da instituição no meio rural, estimulou os empregados a alçar vôos maiores.

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Jair SeidelDiretor Técnico

Gestão 1996/1999

Almeri Cândido ReginattoPresidente

Gestão 1998/1999

Nilton Pinho de BemDiretor Administrativo

Gestão 1999/2002

Francisco Roberto CaporalDiretor Técnico

Gestão 1999/2002

Ricardo Altair SchwarzDiretor Técnico/Presidente

Gestão 2003/2006

Dirlei Matos de SouzaDiretor Técnico

Gestão 2006

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Cilon Fialho da SilvaDiretor Administrativo

Gestão 2007/2010

Paulo Edgar da SilvaDiretor Técnico

Gestão 2007/2008

Águeda Marcéi MezomoDiretora Técnica/Presidenta

Gestão 2009/2010

Alencar Paulo RugeriDiretor Técnico

Gestão 2010

Gervásio PaulusDiretor Técnico

Gestão 2011/2014

Valdir Pedro ZoninDiretor Administrativo

Gestão 2011/2014

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A proximidade cada vez maior com o Governo do Estado in-fluenciou no planejamento de ações conjuntas. Na busca da susten-tabilidade socioambiental, a promoção da cidadania e por novas fon-tes de trabalho e renda, a EMATER/RS-ASCAR implantou, no biênio 2009-2010, um conjunto de metas prioritárias a serem cumpridas. A diretoria implantou 12 Frentes Programáticas, as quais englobaram atividades extensionistas: Oportunidades do Agronegócio, Classifica-ção Certificação e Rastreabilidade, Estratégias de Matrizes Produtivas, Assistência Técnica e Extensão Rural, Inclusão Social e Cidadania, Rio Grande Mulher, Alimentos para Todos, Comunicação, Rio Grande Jo-vem, Geoprocessamento, Irrigação e Uso Múltiplos das Águas e Res-ponsabilidade Ambiental.

A comunicação passou a fazer parte de um programa prioritário da Extensão Rural, com uma função especial de transversalidade nos demais programas. A Frente Programática Comunicação teve como proposta:

Estruturar sistemas de comunicação e informatização, criando canais que fomentem o diálogo com os produ-tores, e suas organizações sociais e segmentos da socie-dade, de forma ágil, dinâmica e eficiente, propiciando a socialização das informações. Emater (2010, p.13).

O constante investimento no quadro de pessoal, o desem-penho dos extensionistas no campo e a visibilidade proporcionada pela comunicação fez com que a instituição fosse vista pela socieda-de como “Referência de qualidade em Extensão Rural”, a EMATER/RS-ASCAR passou a receber ano após ano, prêmios de reconheci-mento: Prêmio Responsabilidade Social, Top de Marketing, Selo Eco-lógico da Expointer, Prêmio Semente de Ouro da Expodireto, Prêmio Tecnologia Social, Prêmio Folha Verde, Prêmio Selo Verde, Prêmio Responsabilidade Ambiental, Troféu Destaque em Agronegócio, Tro-féu Amigo da Água e do Meio Ambiente, entre outros.

A nova gestão administrativa 2011/2014 continuou com for-tes laços ao Governo do Estado RS, no entanto a EMATER/RS-ASCAR passou a fazer parte de uma nova secretaria, mais identificada com a agricultura familiar, a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR). Mesmo com a mudança, a comunicação institucional não sofreu mudanças estruturais, continua sendo uma

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ferramenta de gestão e importante portal de informações das ações extensionistas.

1.2.1 Comunicação como ferramenta de gestãoA exigência da sociedade da informação trouxe um novo olhar

para a comunicação institucional, aproximou os jornalistas da dire-toria, com assessorias e criação de uma Gerência de Comunicação (GEC), com a missão de gerenciar as atividades de comunicação da Instituição, produzindo programas e materiais afins, dando suporte e assessoramento a planos estaduais e regionais de comunicação, à proposição de estratégias ao acompanhamento e execução de pla-nos de comunicação das diversas Unidades Operativas, com o pro-pósito de dar visibilidade pública à EMATER/RS-ASCAR, assim como, contribuir para a divulgação de mensagens educativas, dentro das premissas que norteiam a Missão Institucional.

A gerência formada por um grupo multidisciplinar é consti-tuída por jornalistas, publicitários, relações públicas, fotógrafos, ci-negrafistas, sonoplastas, editores, bibliotecários, assistentes admi-nistrativos, entre outros fortaleceu e qualificou a informação. Com o aparelhamento material e pessoal, a estrutura de comunicação passou a ser uma ferramenta poderosa de gestão, interagindo com seus interlocutores e disponibilizando informações com rapidez e segurança para as tomadas de decisão.

A nova configuração dos sistemas de informação aponta para agilidade dos processos de comunicação. A informatização dos meios propicia acesso instantâneo ao mundo das notícias. A comunicação passa a ser uma commodity com valor ilimitado quando trabalhada em tempo real. Esta agilidade é capaz de subsidiar os assistidos da Ex-tensão Rural na tomada de decisões, inserindo-o no contexto global com informações atualizadas.

O objetivo principal é oferecer ao público da Extensão Rural informações ágeis e confiáveis que possam contribuir para o forta-lecimento do setor. Entre os específicos: facilitar o acesso das infor-mações aos extensionistas de forma rápida e segura, disponibilizar aos seus públicos informações úteis para a tomada de decisões.

A evolução da comunicação social com o advento da informá-tica, do satélite e agora com a digitalização dos meios (rádio, jornal

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e televisão) exige uma nova postura dos profissionais que atuam na comunicação ou na educação não formal.

A EMATER/RS-ASCAR possui tradição no uso de metodologias de comunicação com o público assistido e a sociedade. Desta forma precisa aprimorar sua competência comunicacional e assim conti-nuar sua trajetória de instituição de referência em Extensão Rural.

Os agricultores gaúchos necessitam de conhecimentos para promover o desenvolvimento sustentável e a comunicação funciona como alavanca nas comunidades rurais. É possível dizer que onde não existe comunicação não há desenvolvimento comunitário e bem-estar social.

Além das metodologias de Extensão Rural utilizadas no campo pelos extensionistas, a EMATER/RS-ASCAR possui no Escritório Cen-tral uma Gerência de Comunicação estruturada para divulgar ações extensionistas, técnicas sociais e programas governamentais. A es-trutura é formada por quatro núcleos: Núcleo de Rádio e TV, Núcleo de Assessoria de Imprensa, Núcleo de Criação e Produção Gráfica, Núcleo de Documentação e Arquivo.

Atualmente a EMATER/RS-ASCAR veicula programas de TV em canais abertos, cabo e satélite, para consolidar a participa-ção estão sendo realizados novos convênios com emissoras de cunho educativo. Os programas de rádio são propagados por todo Estado, com especial incentivo a ocupação de espaços em emissoras locais, pela participação dos extensionistas.

As ações visam atender as demandas dos diversos públicos assistidos, são produzidos programas de rádio e de TV, realiza-ção de vídeos, eventos, publicação de mensagens no site, jornal, revistas e materiais impressos, além do trabalho de Assessoria de Imprensa, que se relaciona com a mídia local, estadual e na-cional.

A comunicação institucional propõe a ampliação do uni-verso de comunidades e pessoas que possam ter acesso às in-formações geradas pela EMATER/RS - ASCAR, mantendo cotidia-namente bem informada a opinião pública sobre as atividades e realizações institucionais, além de contribuir objetivamente com o processo educativo.

Entre os instrumentos de comunicação utilizados pela EMA-

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TER/RS-ASCAR destacam-se os programas de televisão “Rio Grande Rural” e “Terra Sul”. A Instituição mantém convênios com as atuais 12 emissoras, com previsão de mais 03 novos convênios. Desta for-ma passariam a ser veiculadas anualmente, 870 edições do progra-ma Rio Grande Rural, e 58 edições do programa Terra Sul.

No rádio, são produzidos nove diferentes formatos de pro-gramas, veiculados diariamente em 83 emissoras, sendo 09 da ca-pital e 74 do interior do Estado. Esses programas são divulgados de forma gratuita em emissoras parceiras. Esta ação representa a veiculação anual de 26.040 programas de rádio.

A relação custo-benefício da participação da EMATER/RS--ASCAR em Eventos esta sendo avaliada, atualmente a instituição participa de 119 Feiras e 203 Eventos correspondendo a 44% de 730 Feiras e Eventos existentes no para o no Estado.

A principal função de uma Assessoria de Imprensa é apro-ximar a instituição dos veículos de comunicação. Para isso, os jor-nalistas produzem releases e distribuem para todos os veículos de comunicação que compõem o mailing. Os releases são matérias jor-nalísticas, que podem ser publicados pelos veículos ou servir como sugestão de pauta e de entrevista.

Todas as informações divulgadas pela assessoria de imprensa são de interesse público e podem se tornar notícias e publicadas sem custo para a instituição. O trabalho resulta em uma média su-perior a 300 publicações mensais de matérias relativas à EMATER/RS-ASCAR nos principais meios impressos do Estado.

Outros produtos e serviços:• Produção e edição de programas de caráter educativo, técnico,

informativo, publicitário e marketing institucional para rádio, te-levisão, Internet e outros meios de comunicação;

• Produção de audiovisuais para atendimento de demandas institu-cionais, e ou de parceiros;

• Estabelecimento de contatos com os meios de comunicação e assessorias de comunicação de empresas privadas e órgãos pú-blicos;

• Assessoria e participação em organização de eventos voltados aos públicos interno e externo;

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• Produção de fotografias para impressão de materiais gráficos ou veiculação em mídia institucional;

• Criação e execução projetos de apresentação gráfica e arte-final para jornais, revistas, desenhos e ilustrações, vinhetas e aberturas para programas de TV, Internet e outros veículos de comunicação;

• Elaboração de arte-final de impressos (cartaz, folder, volante, li-vreto e material administrativo de uso corrente);

• Impressão de materiais para uso interno da instituição e outros que se fizerem necessários;

• Treinamento de pessoal para utilização adequada da comunica-ção com a mídia e relacionamentos com o público da extensão rural;

• Acesso a programas de rádio e televisão no site da instituição.

Parte II

2 Comunicação rural e extensãoAntes de falar da evolução da comunicação na extensão rural

gaúcha, resgato alguns conceitos do mestre Juan Diaz Bordenave (1983, p. 7). O primeiro diz respeito à própria definição de comu-nicação rural: “É o conjunto de fluxos de informação, de diálogo e de influência recíproca existentes entre os componentes do setor rural e entre eles e os demais setores afetados pelo funcionamen-to da agricultura, ou interessados no melhoramento da vida rural”. Fico pensando nesse conceito e percebo que, mesmo na atualida-de, dá conta de todas as interfaces e reciprocidades que a comuni-cação merece, ele relaciona a necessária interação que deve exis-tir entre os principais protagonistas que compõem o mundo rural, compreendidos pelas entidades (todas), Estado (município, estado e união) e população rural (famílias rurais). Bordenave identifica também os fluxos de comunicação como verticais, horizontais, unilaterais e multilaterais. Esses conceitos deixam claro que a in-teração, para ser concretizada, deve ficar em um imaginário de fle-chas convergentes, flechas do bem, que nos atingem no sentido de transformar, construir.

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2.1 Os pioneiros na comunicação ruralAs primeiras tentativas de comunicação com o público rural

são registradas no ano de 1900, em São Paulo, pelo Serviço Agro-nômico do Estado. De acordo com os registros cabia à Secretaria de Agricultura a “direção e distribuição de publicações oficiais sobre agricultura em geral”, assim como a “publicação de uma revista sob o título Boletim da Agricultura” (Bordenave, 1983, p. 23). A partir de 1907, o serviço tornou-se regular, com a distribuição de várias publi-cações e folhetos. Cerca de 40 anos mais tarde, o governo brasileiro criou o Serviço de Publicidade Agrícola no Ministério da Agricultura.

A maior expressividade da comunicação rural aconteceu nas décadas de 40 e 50, com a criação do Serviço de Informação Agríco-la, do Ministério da Agricultura. Conhecido como SIA, o serviço era um poderoso instrumento de comunicação, pois utilizava diversos meios de difusão de notícias e ensinamentos técnicos. Diariamen-te, o noticiário era enviado à imprensa e ao rádio. Graças à criação de um setor de difusão coordenado pelo SIA, a informação agrícola conheceu o caminho da radiodifusão. Começava então a descoberta do rádio, o meio de comunicação preferido até hoje, para difundir mensagens ao público rural.

Entre os meios de divulgação na época, o cinema foi utilizado na década de 50 pelo Serviço de Informação Agrícola do Ministério da Agricultura (BORDENAVE, 1983, p. 24). Foram produzidos cerca de 350 filmes, exibidos em circuitos nacionais. “As instalações cine-matográficas do SIA em Benfica, Rio de Janeiro, eram as mais sofisti-cadas de toda América Latina”.

As iniciativas começam a dar origem aos canais e meios pelos quais irão circular os fluxos de informações de natureza pessoal for-mal ou informal – por exemplo: contato, visitas, feiras, exposições, festas, seminários, congressos. De natureza impessoal, ou seja, co-municação mediada por meios como rádio, jornal, televisão, folder, cartaz, revista.

Extensão ou comunicação? Não tenho dúvidas quanto ao questionamento de Paulo Freire, pois o bom extensionista é um co-municador. Generalizando podemos dizer que o meio agrícola co-nhece bem o termo “Técnico da Emater” referindo-se logicamente àquele que faz extensão rural. Nos aconselhamentos dos veteranos

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durante meu ingresso na Casa ouvia dizer com freqüência “todo o comunicador é um bom técnico, mas nem todo o bom técnico é necessariamente um bom comunicador”. Provavelmente, a comu-nicação intrapessoal, “da pessoa consigo”, possa ser uma forma de descobrir-se como extensionista rural, e nisso a EMATER/RS-ASCAR sempre apostou: na qualificação dos seus servidores.

No campo das teorias da comunicação o trabalho do professor Pedro Gilberto Gomes (2004, p. 14), parece “cair como uma luva”, quando se faz a relação comunicação com extensão, vejamos: “O conceito pedagógico afirma que a comunicação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações novas, para adaptá-las à vida social. É o processo de transmissão de experiências e ensina-mentos. Na extensão rural, o processo de transmitir experiências comprovadas por outros produtores rurais e pela pesquisa agrope-cuária acontece cotidianamente. Os extensionistas utilizam diversas metodologias de comunicação, entre elas o “Dia de Campo”, encon-tro de produtores e técnicos em uma propriedade rural para mos-trar uma prática, ou várias, em estações pré-definidas.

O professor Gomes (2004, p.14) descreve: “O conceito histó-rico concebe a comunicação como única forma de sobrevivência so-cial, como o próprio fundamento da existência humana, solidificada por meio da cooperação e da coexistência”. Ora, nada mais adequa-do que o extensionista trabalhar para melhorar a qualidade de vida das famílias rurais, utilizando a cooperação das parcerias, pois ele só se realiza como profissional e passa a existir na comunidade quando os resultados acontecem pela sua interação com os assistidos.

Quando a família assistida responde ao estímulo do exten-sionista e passa a ser parte integrante da comunidade, sentindo-se incluída socialmente, é observado o conceito sociológico, “explica a comunicação como instrumento que possibilita e determina a inte-ração social; é o fato marcante pelo qual os seres vivos se encontram em união com o mundo”, Gomes (2004, p.14).

A vida do educador rural é um trabalho missionário, e uma ca-racterística do extensionista é ser comprometido com a instituição. Isso acontece no cotidiano através da transmissão de estímulos, com a intenção de transformar realidades. Missão da EMATER/RS--ASCAR: Promover ações de assistência técnica e social, de extensão

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rural, classificação e certificação, cooperando no desenvolvimento rural sustentável.

A essência humanitária do serviço logo foi percebida e não só pelas comunidades, mas por estudiosos das relações com os grupos sociais. Facilmente, o ato de “estender o conhecimento” passou a ser compreendido como função educadora e de comunicação.

A linguagem utilizada na comunicação rural foi, e continua sendo, fundamental na ação de transformar realidades. O próprio jornalismo ainda carece de mais intimidade com a cultura rural.

2.2 A linguagem no ruralO processo de comunicação humana é universal, o entendi-

mento dos princípios deve ser compreendido por qualquer grupo, independentemente se é urbano ou rural, pois as mensagens devem ser propagadas a todas as pessoas, indistintamente. Por outro lado, a população rural possui hábito de vida diferenciado, seu comporta-mento gira em torno das atividades agrícolas, essas por sua vez tem características próprias, marcantes e peculiares ao habitat rural.

Diálogos entre técnico e produtor, médico e paciente, professor e aluno, mãe e filha possuem características iguais e ao mesmo tem-po diferentes. Os signos são os mesmos, mas a maneira de utilização do idioma para expressar as idéias é diferente. Podemos dizer que a linguagem muda em função do destinatário.

Dentro de uma mesma comunicação podem existir diferen-tes tipos de linguagem, os enunciadores e receptores envolvidos formam um perfil diferenciado a cada interação. De acordo com Wartchow (1999, P. 34), as linguagens se estruturam de formas di-ferentes “Cada uma tem suas próprias características e de acordo com seu grau de exploração ou aperfeiçoamento maior ou menor, o repertório de signos e as regras de combinação e de uso variam conforme o contexto na qual são inseridas”. As linguagens científi-cas, no entanto, são menos flexíveis.

A linguagem é um conjunto de signos criados pelos homens para decodificar significados comuns as coisas que queremos comunicar na forma oral ou escrita. Na lingüística, os conceitos tradicionais que estu-dam a linguagem definem como um sistema de signos vocais arbitrários usados para a comunicação humana (Bordenave, 2000 p.77).

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As mensagens escritas dirigidas ao público rural devem levar em conta as características culturais dos leitores encontrados na-quele meio. Embora, pela própria contribuição da extensão rural as coisas venham mudando, a população rural possui pouco hábito de leitura, interpretação literal e concreta, curto período de atenção, falta de familiaridade com o vocabulário técnico-científico. Simplifi-car o texto escrito ou a fala é sempre a melhor saída para comunicar. Por exemplo: é sempre melhor usar comprar e não adquirir, necessi-dade e não requisito, barreira e não obstáculo.

Na linguagem científica, alguns pesquisadores das ciências agrárias encontram dificuldades de diálogo com os produtores ru-rais, mesmo atuando em áreas afins. Os nomes científicos de cultu-ras, pragas e doenças conflitam com os nomes comuns compreendi-dos pelos produtores rurais. Enquanto que para os técnicos termos como: micose, solanum sculentum e fertilizante são usuais em seus vocabulários, os produtores rurais compreendem melhor se trocar-mos por: fungo, tomate e adubo.

Com a mesma formação técnica ou superior dos pesquisado-res, os extensionistas rurais encontram mais facilidade de comuni-cação com os produtores rurais. O que é perfeitamente compreensí-vel, pelo maior contato e convivência nas comunidades rurais. Claro que isto não é regra, pelo fato de existirem técnicos com dificulda-des de comunicação e pesquisadores dispostos a realizar pesquisas mais próximas da realidade de suas comunidades.

Já se foi o tempo em que o profissional das ciências agrárias marcava presença ou adquiria credibilidade somente pelo conhe-cimento técnico, atualmente entidades e instituições preferem a competência comunicacional (verbal e escrita) como um dos requi-sitos fundamentais na contratação de um profissional, seguido pela observância dos critérios éticos e morais no seu comportamento.

2.3 Comunicação rural dialógicaO entendimento sobre comunicação na extensão rural gaúcha

nasceu com uma mentalidade madura de que “extensão é educação e educação é comunicação”, linha de pensamento preconizada pelo Sistema ABCAR – Associação Brasileira de Crédito e Assistência Ru-ral, mais tarde substituída pela EMBRATER. Atualmente trabalha-se

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a idéia de que todos, indistintamente da categoria funcional pos-suem responsabilidades com a educação e a comunicação, pois ser da Emater/RS é ser extensionista, e ser extensionista é assumir a responsabilidade de agir proativamente em todos os relacionamen-tos. “A educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados”. Freire (1985, p. 69)

Quanto melhor a interação entre os sujeitos melhor será a co-municação, o antigo modelo emissor – mensagem – receptor ser-ve para explicar o fluxo de transmissão da mensagem, tal esquema sempre foi muito criticado por não representar no seu fluxo o re-torno do receptor ao emissor. Longe de querer entrar nesta discus-são, entendo que algumas coisas estão implícitas, pois a mensagem, mais cedo ou mais tarde encontra eco. Provavelmente, a emissão melhor elaborada encontrará mais facilidade na recepção, assim a forma qualitativa da emissão da mensagem está ligada a receptivi-dade, ao necessário feedback.

Os constantes diálogos dos extensionistas com as comunidades rurais foram fundamentais para estudiosos da comunicação, o plane-jamento das atividades de extensão rural nas unidades municipais e regionais não sobreviveriam mais sem os métodos de comunicação.

Na década de 70, os objetivos a serem alcançados dependiam de estratégias e planejamento de atividades, onde a comunicação passou a ser parte integrante e decisiva na obtenção dos resulta-dos. Nesta época os métodos de comunicação pessoais diretos mais utilizados foram: visitas, reuniões, demonstrações e excursões. Os métodos considerados massais indiretos: rádio, publicações, jornal e carta circular.

O especialista em comunicação, Wilson Schmitt realizou em 1971, um trabalho intitulado “Análise dos métodos de comunicação usados no serviço de extensão rural do Rio Grande do Sul”, com o objetivo de efetuar, com base nos Estatísticos dos Métodos Plane-jados e Realizados pelos Escritórios Municipais, uma análise do uso da metodologia de comunicação em toda a área de atuação da AS-CAR. O enfoque da análise estudou a freqüência e a combinação de métodos nos projetos, sem considerar o conteúdo das mensagens e sua influência em termos de resultados alcançados.

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O trabalho revelou uma característica dos profissionais da época, os quais preferiam utilizar os métodos pessoais diretos, com destaque para as “visitas”, que superaram as metas planejadas. Os métodos massais “jornal” e “carta circular” apresentaram, segundo o trabalho, os piores índices de realizações. Para Schimitt, os núme-ros comprovavam a fraca propensão dos agentes para o uso dos mé-todos escritos. O “rádio” e as “publicações” foram os métodos mas-sais preferidos, “pois sua utilização exige um menor esforço mental por parte dos agentes”, disse Schmitt (1971, p.07).

O uso do meio rádio é atualmente na extensão rural uma das ferramentas de comunicação mais utilizadas pelos extensionistas, o trabalho da época mostrou uma tendência. As publicações evoluí-ram de forma extraordinária, hoje estão muito além da carta circu-lar, entendida como meio massal na época. Na EMATER/RS-ASCAR existe atualmente na Gerência de Comunicação, um Núcleo de Cria-ção e Produção Gráfica produzindo diariamente materiais educati-vos (folder, cartaz, jornal, folheto, livreto, boletim, etc).

Wilson Schmitt realizou análise dos métodos, com Diniz, incentivador dos multimeios educativos

As análises de Schmitt foram decisivas para que a comunicação se tornasse instrumento básico nos programas educativos na Extensão Ru-

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ral. “Ela constitui a ferramenta de trabalho do extensionista, que procura atingir o seu público visando mudar as atitudes e ações por intermédio da divulgação, informação, motivação e ensino” Schmitt (1971, p. 01).

Os extensionistas passaram a utilizar a comunicação de forma estratégica, esta passou a fazer parte do grupo de soluções disponí-veis para superar aspectos problemáticos das realidades locais. Para cada situação uma forma de comunicar, um tratamento da mensa-gem diferenciada, de acordo com o nível de conhecimento, desejos e aspirações do destinatário.

A comunicação na década de 80 passa a considerar mais o desenvolvimento integral do homem, principalmente o rural, antes mesmo de perguntar ou informar torna-se necessário conhecer mi-nimamente o meio do outro, com o propósito de promover uma comunicação dialógica.

Se a comunicação rural fosse concebida com a finali-dade única de informar por informar ou de distrair os produtores rurais, talvez não exigisse muitas modifica-ções. Entretanto, as informações sobre fatos, aconteci-mentos, políticas governamentais e institucionais, mer-cados, preços, tecnologias e etc., bem como a distração não teriam sentido se não existisse uma intenção por parte da agência ou instituição que informa ou que de-cide proporcionar entretenimento. Informar por infor-mar ou distrair por distrair não se dão sem intenção em nenhum sistema social. (Friedrich, 1988, p. 41).

Em 1985, o extensionista oriundo da EMBRATER, Odilo Anto-nio Friedrich, propõe objetivos para a comunicação rural, entre eles o de incrementar os conhecimentos técnico-científicos, econômicos e sócio-culturais dos produtores, com vistas a promover as modifi-cações estruturais e comportamentais requeridas para o desenvol-vimento rural.

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Diretor técnico Suimar Bressan, Odilo Friedrich, Paulo Rodrigues, José Inácio, Edu-ardo Bicca, Nara Todt e o presidente Clóvis Schwertner, no lançamento do livro na biblioteca da EMATER/RS-ASCAR, em Porto Alegre/RS.

A contribuição de Friedrich veio em forma de uma publicação inti-tulada Comunicação rural: proposição crítica para uma nova concepção.

Os extensionistas começaram a utilizar a comunicação de forma estratégica, esta passou a fazer parte do grupo de soluções disponíveis para superar aspectos problemáticos das realidades lo-cais. Para cada situação uma forma de comunicar, um tratamento da mensagem diferenciada, de acordo com o nível de conhecimento, desejos e aspirações do destinatário.

2.4 O audiovisual e os multimeios educativosAinda nos anos 80, a EMATER/RS começou a investir em uma

estrutura Central de comunicação com ramificações nos cinco Re-gionais existentes: Pelotas, Porto Alegre, Santa Maria, Passo Fundo e Santa Rosa. Cada Região recebeu uma unidade móvel dirigida por um operador de audiovisuais. Nascia uma nova função na comuni-cação, um profissional capacitado para operar equipamentos e ir-radiar mensagens. As kombis dos regionais eram veículos munidos de gerador de energia, alto-falantes, gravador de som, projetor de slides, projetor de cinema, amplificador de som, microfones, toca discos e o prático e inseparável megafone.

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Nas comunidades rurais quando chegavam as Kombis chega-va a tecnologia, em reuniões com grupos pequenos ou grandes ao abrir a “mala preta” (mala de madeira forrada com couro preto, com toca fitas e projetor de slides) abria-se a novidade. Nas comunida-des sem energia elétrica era um momento mágico, as pessoas não tiravam os olhos da tela, o extensionista rural via sua tarefa de ensi-nar, comunicar mais facilitada.

Unidade móvel com equipamentos recepcionando participantes em Dia de Campo

Nesta época o Escritório Central produzia o audiovisual so-norizado, um conjunto de slides onde a imagem parada de forma seqüencial e sincronizada com o áudio (narrativa) mostrava os pro-blemas e encaminhava alternativas de soluções propostas pela ex-tensão rural. Os audiovisuais sonorizados eram os principais insu-mos de comunicação e suporte para as reuniões extensionistas.

O grande dilema, que na verdade não chegava a ser um proble-ma era de cunho pedagógico e metodológico: passar o audiovisual antes ou depois da exposição técnica? A dúvida surgiu em virtude da expectativa criada pelo “filme da Emater”, a qualidade de pro-dução, fotografia e áudio eram tão convincentes, que o audiovisual passou a ser, em algumas situações, a atração principal. Digo isso por experiência própria, e por ter sido operador de unidade móvel, fase decisiva na vida e na opção pela comunicação social – jornalismo.

Atrair, prender a atenção dos agricultores e despertar neles interesse pelo assunto em pauta, era função primeira do audiovisu-al. Olhar o produtor como a figura central no processo de aprendi-zagem. “Uma mensagem deve atingir o homem como um todo. O audiovisual utilizando elementos básicos como a palavra, a imagem

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e o som, em suas diversas combinações, cria sem dúvida condições para a mais completa comunicação humana” (Diniz 1985, p. 01).

A produção de audiovisuais sonorizados foi apenas um dos legados comunicacionais do sociólogo Raimundo Diniz, o cearense deixou na Emater/RS extensa contribuição sobre o uso de multi-meios educativos e estruturação da comunicação na extensão rural gaúcha. Um toque de qualidade na comunicação faz uma grande diferença, Diniz preconizava os multimeios educativos como uma forma de representar a realidade na forma mais real possível ao produtor. Um recurso/meio/instrumento capaz de codificar e ser decodificado pelo receptor da mensagem, através do vídeo, som, imagens ou fotografia.

E, por trás da criação de qualquer audiovisual, há uma preocupação constante na busca do equilíbrio entre o conteúdo e a forma dos assuntos trabalhados: na sim-plicidade, honestidade, realismo e precisão. E, acima de tudo um profundo respeito à pessoa mais impor-tante para a extensão rural, o AGRICULTOR – nosso público. (Diniz, 1985, p.01)

Nesta concepção, ressalta Diniz, de nada adiantam os mul-timeios educativos se o comunicador I (apresentador) que possui um conhecimento, um saber, não esteja instrumentalizado ou co-

dificado a mensagem que será decodificada pelo comunicador II. “Este diá-logo deve ser estimulado, compreendido e vivencia-do por ambos para que a comunicação cumpra sua verdadeira função”.

Raimundo Diniz realizou estudos sobre os multimeios educativos.

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No início dos anos 90, surge o projeto Nova Estrutura de Co-municação – Um Instrumento de Trabalho e Administração, finaliza-do por Raimundo Diniz e José Mário Guedes. A equipe de trabalho contou também com a participação dos comunicadores: Luciano Al-meida, Rogério Antunes, José Rodrigues e Sérgio Batsow. O projeto começou por iniciativa da Diretoria da EMATER/RS, que percebeu a importância da comunicação para a extensão rural na interação com seus públicos. O objetivo geral foi a unificação das áreas da comunicação, na época dispersa em quatro unidades diferentes na estrutura organizacional.

Entre os objetivos específicos o projeto indicava para a im-plementação de uma estrutura ágil, mais enxuta, desburocratizada, com liberdade de ação, acesso direto aos canais de decisão para coordenar ações de comunicação/metodologia em nível central, re-gional e municipal. O trabalho preparou os extensionistas rurais e os comunicadores para o futuro, com bases conceituais e tecnológicas fortes na transição para uma nova era.

2.4.1 Conceitos e considerações sobre multimeios e métodosA EMATER/RS possui um grupo de profissionais das áreas téc-

nica, planejamento, recursos humanos e comunicação trabalhando constantemente no acompanhamento, avaliação e processamento das informações, com objetivo promover capacitações aos novos empregados e atualização dos conhecimentos aos que trabalham na instituição.

Os multimeios são entendidos como instrumentos de apoio às apresentações extensionistas, com vistas a uma melhor didáti-ca. Levando em consideração, que as pessoas captam as mensagens de diferentes modos ao utilizar os sentidos que mais favorecem o aprendizado, especialmente pela visão e a audição. A eficiência dos diversos métodos de ensino da Extensão Rural é avaliada a cada es-tágio do processo de desenvolvimento, a começar pelo diagnóstico, priorização, planejamento, execução, adoção e avaliação.

A escolha de um determinado método deve levar em conta também, o tempo de aprendizagem, pois ele não acontece em uma mesma velocidade. “É provável que alguns agricultores(as) este-jam em um determinado estágio de experimentação de uma nova

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prática e querendo conhecer os detalhes de como fazer, enquanto outros(as) estão apenas inicialmente interessados”, Pereira (2009, p.7). Cabe ao extensionista rural, em sua rotina de trabalho, iden-tificar qual a metodologia mais adequada, sempre considerando o público e os recursos disponíveis.

A publicação mais recente, coordenada pelo engenheiro agrô-nomo Marcos Newton Pereira, trata dos “Métodos e Meios de Co-municação em Extensão Rural”. O trabalho teve a participação de um grupo de apoio técnico: Adriane Cauduro, Celso de Almeida Freitas, Marcelo Porto Nicola, Maria de Lurdes Sbroglio, Maureen Spanenberg, Paul Heinz Krahenhofer (in memorian) e este autor.

Destacamos alguns métodos da publicação, entre eles aqueles que são dirigidos a um número limitado de pessoas, mas não menos importantes, pois fazem parte do cotidiano extensionista. Os mé-todos individuais, Pereira (2009, p.9), “São aqueles que objetivam atender as pessoas individualmente. Os métodos individuais, em-bora sejam de menor abrangência, são importantes para o exten-sionista no conhecimento que se deve adquirir da comunidade e na confiança, que poderá ganhar dos líderes do público rural, além de ser de grande eficiência no aprendizado”. Por sua vez, os métodos grupais são aqueles que visam atender grupo de pessoas e propor-cionam troca de idéias entre grupos e o extensionista. Conceitos dos métodos individuais e grupais:

VisitaÉ um método importante da extensão, que fornece um meio

de comunicação pessoal entre a família rural e o extensionista, em um ambiente onde eles podem discutir assuntos e trocar informa-ções em privacidade, sem distrações e interrupções. A visita envolve uma ação planejada, visando a execução da programação do traba-lho de Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER.

ContatoÉ um método não planejado, que ocorre em situações im-

previstas e em diferentes locais, seja na sede, no escritório ou no campo, em que o técnico troca informações e esclarecimentos com o público relacionado ao trabalho de ATER. O público atingido nos contatos é bastante diversificado, podendo ser formado de pessoas ligadas diretamente, ou indiretamente, ao plano de trabalho.

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O contato em um atendimento no Escritório pode acontecer pelo interesse de um visitante por algo, na expectativa que a equi-pe de extensionistas tem a oferecer. O atendimento de Escritório é mais cômodo por não ter deslocamento à propriedade, mas nem sempre a pessoa que visita fica à vontade. O produtor prefere, na maioria das vezes, receber o técnico na propriedade.

Um registro cuidadoso do atendimento do Escritório fornece uma base para o seguimento da atividade de extensão.

O contato num atendimento ao telefone serve a um propósito semelhante ao atendimento do escritório. Embora o contato face a face esteja impossibilitado, os telefonemas têm a vantagem de poderem ser iniciados pelo agricultor ou pelo extensionista. Os te-lefones são proveitosos no pedido e transmissão de informação es-pecifica, tal como o tratamento de uma doença conhecida, ou para pedir uma publicação.

EntrevistaÉ um método realizado no escritório, sede e campo, em que o

extensionista tem como objetivo conhecer situações e fatos, identi-ficar problemas, e avaliar o trabalho. Deve ser planejada com todo o cuidado e bem conduzida.

Entrevista semi-estruturadasTrata-se de uma entrevista que é guiada por 10 a 15 pergun-

tas-chave determinadas previamente. Esta ferramenta facilita um ambiente aberto de diálogo e permite que a pessoa entrevistada se expresse livremente, sem as limitações criadas por um questiona-mento. A entrevista semi-estruturada pode ser realizada com pes-soas líderes ou de prestígio nas localidades.

ReuniãoÉ um método de trabalho planejado, realizado junto a um

público que possui interesses e objetivos comuns. Tem a finalida-de de introduzir ou melhorar técnicas; transmitir informações a um grande número de pessoas ao mesmo tempo; planejar o trabalho; proporcionar troca de conhecimento e experiências; promover a or-ganização comunitária; e/ou motivar o público a ser trabalhado.

As reuniões podem ser distinguidas pelo número de pessoas envolvidas e conforme seu objetivo. Tem-se a reunião técnica que visa transmitir conhecimentos e motivar mudanças de hábitos e ati-

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tudes, sendo desenvolvida pelo técnico com o auxílio de recursos audiovisuais.

Numa reunião técnica poderemos utilizar técnicas de dinami-zação e caberá ao técnico selecionar a forma mais adequada para o assunto, em função de seus objetivos e do público que participará do evento.

Tem-se a reunião prática com alguma demonstração técnica do assunto em pauta. Esta é um tipo de reunião que visa transmitir conhecimentos e desenvolvimento de habilidades, oportunizando aos beneficiários da ação a condição de “aprender a fazer, fazendo”. As reuniões práticas têm como finalidade, entre outras: introduzir práticas não conhecidas; ou melhorar o uso das práticas já existen-tes no meio de trabalho.

A reunião pode ser também com ênfase na dinamização e arti-culação do grupo trabalhado. É um tipo de reunião, mediante a qual o extensionista procura estimular a criatividade de um grupo de pessoas, para identificação de problemas e necessidades, buscando soluções e a tomada de decisões para a ação, incluindo, necessaria-mente, a troca de informações e debates.

Demonstração de técnica ou métodoA Demonstração de Técnica ou de Método promove o desen-

volvimento adequado de uma técnica conhecida e comprovada pela pesquisa, dado em forma objetiva pelo agente de extensão ou téc-nico especialmente preparado, para um grupo de pessoas, com a finalidade de desenvolver destrezas e habilidades, procurando que os beneficiários de ação “aprendam a fazer fazendo”.

ConferênciaÉ uma reunião planejada, formal, com periodicidade prevista,

no qual, em uma única sessão, um conferencista apresenta um tema específico a um público com interesses comuns.

Convenção ou encontroÉ uma reunião envolvendo um grupo grande de pessoas, que

se reúne para discutir problemas de interesse comuns, utilizando combinações de outros métodos, como palestra, fórum e painel du-rante um ou mais dias. Ele é utilizado para explorar ou tentar solu-ções para um problema ou decidir sobre uma linha de ação.

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FórumÉ um método em que um especialista disserta sobre um as-

sunto previamente determinado, seguido por discussão, onde os presentes podem participar. Ele é comumente utilizado quando se tem um problema, que deve ser explorado pela audiência, ou para atualização dos informes e análises recentes, interpretações de fa-tos e esclarecimentos a respeito de pontos de controvérsia.

PainelÉ um método em que 4 a 8 pessoas, conhecedoras de um as-

sunto, discutem informalmente, sob a direção de um coordenador, diante de um auditório, apresentando seus pontos de vista. O painel ajuda a audiência a analisar os diversos aspectos de um problema, pois os painelistas normalmente são profundos conhecedores do tema em debate, e costumam apresentar pontos de vista antagô-nicos. O painel não tem como fim chegar a solução para o assunto, embora possa levar a conclusões que conduzam a uma solução. Os assuntos mais adequados a esta técnica são os de interesse comum, as matérias de controvérsia e aqueles em que é oportuno o desen-volvimento de idéias.

Palestra ou preleçãoÉ um método em que o orador disserta sobre um assunto cui-

dadosamente elaborado e previamente determinado, perante um grupo de pessoas. A palestra é utilizada para apresentar informa-ções, de modo a esclarecer pontos de controvérsia, informar e ana-lisar fatos, explorar facetas de um problema.

SeminárioSeminário é um método planejado de aprendizagem ativa, em

que um grupo de pessoas se reúne em sessões previamente pro-gramadas, para estudar um tema de interesse comum, em busca de solução de problemas, sob a direção de um coordenador. Usa-se para possibilitar o aprofundamento das discussões em torno do pro-blema e alcançar maior objetividade nas conclusões. Pode-se dividir o tema do seminário em partes ou sub-temas. A divisão deve ser feita em função dos objetivos de trabalho da organização promotora e dos problemas existentes sobre o tema, os quais devem ser es-clarecidos e solucionados durante o desenvolvimento da atividade.

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SimpósioÉ um método em que, um grupo de especialistas, ou profun-

dos conhecedores de um assunto, sob a direção de um coordena-dor, apresenta a uma audiência uma série de breves palestras, numa sequência de diferentes aspectos de um mesmo problema. A dura-ção do simpósio pode ser de um ou vários dias, de acordo com o tema escolhido. O método permite uma exploração das idéias de forma sistemática, relativamente completa e ininterrupta. O sim-pósio deve ser utilizado quando se deseja apresentar informações básicas sobre determinado assunto, quando não há necessidade de interação entre os participantes; e se deseja prestar informação de forma direta e informal.

O trabalho diário dos extensionistas na utilização dos méto-dos individuais e grupais, pode ecoar nos meios de comunicação de massa, sendo esses também poderosas ferramentas de apoio aos serviços de Extensão Rural. Pereira (2009, p.19) “São classificados em sonoros (telefone e rádio), escritos (jornais e revistas), audiovi-sual (televisão e cinema). Em seu uso múltiplo constituem a multi-mídia e a hipermídia”.

Denomina-se de multimídia a utilização de diversos meios si-multaneamente e hipermídia a reunião de vários meios em um úni-co equipamento.

Estes meios de comunicação visam atingir as pessoas em mas-sa, isto é, um número significativo e indeterminado de pessoas. Eles não permitem o contato direto entre o extensionista e seu público, mas apresentam um custo unitário bastante baixo pelo grande nú-mero de pessoas atingidas e pela rapidez com que as mensagens chegam até ao público. Prestam-se para estimular interesses, criar ansiedade e atrair a atenção. Serão descritos como métodos ou meios massais, os seguintes: Rádio; Televisão; Filmes; Jornal; Arti-go especializado; E-mail; Website; Rede Mundial de Computadores; Comunicador instantâneo ou Ferramenta de chat.

RádioÉ um método massal que atinge todos os destinatários, até

mesmo os analfabetos, chegando aos lugares mais longínquos, onde outros meios de extensão não conseguem chegar. O rádio é menos dispendioso, tanto para o agricultor como para quem faz os

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programas de extensão, e é mais susceptível para os agricultores captarem e assimilarem a informação.

TelevisãoÉ um meio de comunicação audiovisual de massa por excelên-

cia, mas pode ser usado em grupos de todos os tamanhos. A junção do poder da imagem com o poder das palavras transmite a informa-ção com mais força e com maior autenticidade. Em um programa de televisão usam-se combinações de vários meios de comunicação visual e audiovisual, com elementos projetáveis ou não. Atinge um elevado número de agricultores com baixo custo dos contatos entre informador e agricultor. Observa-se muito boa susceptibilidade por parte dos agricultores para captarem e assimilarem a informação.

Filmes ou DVDOs filmes de cinema na forma de DVD podem ser usados em

várias circunstâncias, motivadoras ou de complementação a infor-mação extensionista, dependendo das possibilidades do apresenta-dor, público, local, etc.

JornalQuer nas grandes cidades, quer nos pequenos centros, o jor-

nal é um ótimo veículo divulgador de fatos e coisas. Nas pequenas cidades, cada número novo de jornal é uma fonte de informações preciosas.

Uma notícia é uma informação breve, objetiva e impessoal sobre algo que tenha acontecido recentemente, que está aconte-cendo, ou está por acontecer. Quando se escreve uma notícia para um jornal, deixa-se os fatos, e não uma opinião pessoal, servindo, assim, de base para que o leitor forme a opinião própria.

Artigo especializadoO artigo especializado é de grande utilidade para o extensio-

nista. Pode ser usado para dar publicidade a uma organização, lan-çar um ideia nova, ou uma prática aconselhável. Os extensionistas freqüentemente usam o artigo especializado para conseguir que os agricultores adotem novas práticas. Por exemplo, um agrônomo pode oportunizar certo número de produtores a adotar práticas de conservação do solo, através de uma série de artigos de jornal.

Correio EletrônicoO correio eletrônico ou e-mail é um serviço disponível na In-

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ternet que possibilita o envio e o recebimento de mensagens desde que conectado a um provedor, local, regional, estadual ou nacional. Essas mensagens podem conter texto ou imagens, muitas vezes em arquivos a ela anexados. Quando o destinatário ler a mensagem, poderá copiar para o seu computador os arquivos que lhe foram en-viados. O e-mail para o serviço de extensão rural tem um potencial de crescimento impressionante, com recursos e possibilidades su-periores às correspondências tradicionais e a carta circular. Para co-municação interna institucional e entre parceiros é muito utilizada, mas ainda esbarra no pouco acesso dos agricultores a este serviço digital, pois é necessário estar conectado à internet para receber e enviar as mensagens eletrônicas. A leitura e a resposta podem ser feitas com a conexão desligada, desde que se tenha aberto e res-pondido a mensagem com o computador conectado ao provedor, entretanto um computador pessoal é fundamental.

WesiteUm website, site ou sítio é um conjunto de páginas virtual-

mente localizado em algum ponto da Web. As páginas num site são organizadas a partir de um URL básico, onde fica a página principal, e geralmente residem no mesmo diretório de um servidor. As pági-nas são organizadas dentro do site numa hierarquia observável no URL, embora as hiperligações entre elas controlem o modo como o leitor percebe a estrutura global, modo esse que pode ter pouco a ver com a estrutura hierárquica dos arquivos do site.

Um site normalmente é o trabalho de um único indivíduo, em-presa ou organização, ou é dedicado a um tópico ou propósito em particular. Ele é um dos instrumentos de publicidade mais eficien-tes que existem, servindo de apoio a campanhas de publicidade de outros meios de comunicação como o rádio, televisão, jornal, pla-cas, folhetos, etc., Um website pode constituir um empreendimento completo ou parcial prestando serviços, vendendo produtos ou sim-plesmente informando com custos reduzidos em relação ao negócio “não virtual”, como acontece com o Portal Vitrine Rural.

Comunicador instantâneo ou ferramenta de chatO comunicador instantâneo ou ferramenta de chat, também

conhecido por IM (do inglês Instant Messaging), é uma aplicação que permite o envio e o recebimento de mensagens de texto em

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tempo real. Através destes programas o usuário é informado quan-do algum de seus interlocutores, cadastrado em sua lista de con-tatos, está on-line, isto é, conectou-se à rede. A partir daí, eles po-dem manter conversações através de mensagens de texto as quais são recebidas pelo destinatário instantaneamente. Normalmente estes programas incorporam diversos outros recursos, como envio de figuras ou imagens animadas, conversação em áudio - utilizando as caixas de som e microfone do sistema, além de vídeo conferên-cia (webcam).

BlogConceitua-se como Blog a contratação do termo “web log”.

É também chamado de blogue, e consiste num site estruturado, onde se faz a atualização rápida de textos e imagens. Estes, em ge-ral, organizados de forma cronológica, tem como foco uma temá-tica definida.

Muitos blogs fornecem comentários ou notícias sobre um as-sunto em particular, outros funcionam como diários on line.

Videoconferência ou teleconferênciaSão meios de transporte de sinais entre o ponto gerador do

sinal de um programa e o ponto receptor. São estruturas montadas para produção de sons e imagens na qual podem ser mostradas em tempo real uma prática, entrevista ou vídeo para uma sala ou audi-tório, com equipamentos próprios para recepção do sinal.

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Parte III

3 Do megafone ao sítioA evolução dos meios de comunicação trouxe a necessidade

de permanente atenção do extensionista rural às mudanças de com-portamento da sociedade e particularmente do público rural. As tra-dicionais formas de mediação, pontes ou suportes para comunicar são constantemente superadas, por equipamentos modernos que causam fascínio e espanto pelas facilidades da tecnologia.

O megafone (do grego megas “grande” e fone “voz”) é um aparelho em forma de cone utilizado para amplificar sons. Sua prin-cipal qualidade é não necessitar de uma estrutura de som completa (microfone, amplificador ou alto-falante), pois é portátil. O megafo-ne pode ser considerado um equipamento símbolo na vida do ex-tensionista rural.

Utilizado geralmente em dias de campo para irradiar mensa-gens, organizar grupos, informar, comunicar, o megafone a exemplo de outros meios, sempre teve pessoas como protagonistas. Outros meios de comunicação foram utilizados por pioneiros da extensão: flanelógrafo, imanógrafo, álbum seriado, diapositivos, flip chart, re-troprojetor, gravador de fita entre outros. Junto a estes encontra-mos a grande contribuição dos meios de comunicação de massa, es-pecialmente o rádio, a televisão e na contemporaneidade a internet.

Megafone para ampliar o som — Comunicação: microfone e álbum seriado em Dia de Campo

Sendo o conceito de interação oriundo de épocas remotas, o mesmo não acontece com o conceito de interatividade, que surge com o desenvolvimento da informática. Montez (2005, p. 49) coloca uma questão por ele mesmo respondida: Interação é o mesmo que

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interatividade? “Não. A interação pode ocorrer entre dois ou mais atuantes, ao contrário da interatividade, que é necessariamente in-termediada por um meio eletrônico”, referindo-se ao computador. Justifico tal questionamento para marcar o capítulo da evolução do extensionista rural, o qual deflagrou processo de interação com ele mesmo e com os outros, para depois estender a comunicação do megafone ao sitio, até chegar à era da interatividade.

Os meios de comunicação de massa são ferramentas que es-tão à disposição da extensão rural e são freqüentemente utilizadas pelos agentes, quando se pretende dar ampla divulgação dos resul-tados de trabalho. As ferramentas de apoio podem ser classificadas em meios sonoros (telefone e rádio), escritos (jornais, boletins e re-vistas) e audiovisual (televisão e cinema). Em seu uso múltiplo cons-tituem a multimídia – utilização de diversos meios simultaneamente (rádio, televisão e jornal) e a hipermídia, a reunião de vários meios em um único equipamento (Exemplo: Sitio da Emater/RS).

Os meios de comunicação de massa visam atingir um núme-ro significativo e indeterminado de pessoas. Por suas características não permitem o contato direto do extensionista com o seu público, mas possuem um custo-benefício muito baixo, visto que as mensa-gens chegam a um número muito grande de pessoas, com rapidez e eficiência. Os meios massais utilizados pela extensão rural são: rá-dio, televisão, jornal, e-mail, website, rede mundial de computado-res, comunicador instantâneo ou ferramenta de chat.

3.1 A comunicação na era da informaçãoO uso de métodos e meios de comunicação mais apropriados

sempre esteve presente na EMATER/RS-ASCAR. O principal objetivo é superar barreiras de comunicação com os diversos públicos tra-balhados: índios, quilombolas, pescadores artesanais, assentados da reforma agrária, agricultores familiares, jovens rurais, mulheres rurais, idosos, agricultores em geral e demais segmentos da socie-dade. Neste contexto, a extensão rural gaúcha utiliza através dos tempos, de um arsenal metodológico capaz de fazer chegar a infor-mação de forma rápida, clara, objetiva e precisa, qualidades ineren-tes a boa comunicação.

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3.1.1 A visibilidade pela assessoria de imprensaOs atuais dez Escritórios Regionais (Porto Alegre, Pelotas, San-

ta Maria, Bagé, Caxias do Sul, Passo Fundo, Erechim, Santa Rosa, La-jeado e Ijuí) possuem uma estrutura mínima de comunicação, com a presença de pelo menos um jornalista. É justamente o jornalista, a personagem central da mudança para uma nova era na extensão rural gaúcha, coincidindo com a virada do milênio.

A principal função da Assessoria de Imprensa é dar visibilidade a instituição e promover a aproximação aos veículos de comunica-ção. Para isso, os jornalistas produzem releases e distribuem à im-prensa através do mailing (lista de veículos). Os releases são maté-rias jornalísticas, que podem ser publicadas ou servir como sugestão de pauta à imprensa.

A EMATER/RS-ASCAR é notícia e sempre fonte de informação prestigiada, porque ao longo de sua existência construiu credibilida-de. Onde quer que exista uma comunidade no Rio Grande do Sul, existe também um extensionista rural. Estes são freqüentemente chamados a falar em nome da instituição. A assessoria de impren-sa do Escritório Central, juntamente com os jornalistas dos Escri-tórios Regionais criou instrumentos para auxiliar os extensionistas. Relaciono as “Dicas para facilitar o contato entre os empregados da Ascar-Emater/RS e os veículos de comunicação”.

“* Ao conceder uma entrevista, nos tornamos a imagem da institui-ção. Por isso, a responsabilidade de quem atende o repórter é muito grande. Seja claro e objetivo nas respostas, certificando-se de que a informação foi bem entendida, evitando riscos de distorção. Evite termos técnicos.

* Antes de conceder uma entrevista, deve-se estar preparado e bem informado sobre o assunto, especialmente se for uma entrevista ao vivo.

* No caso de entrevista na TV ou quando há fotógrafo, use pin ou boné da instituição (quando for em lavouras), divulgando a logomarca.

* Não há perguntas indiscretas, só respostas. Nunca responda: Nada a comentar.

* Tudo que for dito para um jornalista pode ser publicado. Por isso, evite passar informações que não podem ser publicadas, o chamado

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off. Quando achar que o off é necessário, avalie previamente com a assessoria de imprensa.

* Seja pontual.

* Seja agradável, sem bajular.

* Nunca peça para ver o texto antes de ser publicado, nem mesmo para o repórter repetir as respostas durante a entrevista. Se achar necessário, repita as informações mais importantes para garantir a total compreensão da resposta.

* Se a matéria for publicada com algum erro, o assessor de imprensa deve ser acionado para contatar o repórter em busca da reparação.

* Procure ocupar o espaço de opinião que os jornais oferecem atra-vés da produção de artigos.

* À assessoria de imprensa cabe avaliar se é pertinente para a ins-tituição atender a solicitação de entrevista. Da mesma forma deve ser avaliado o uso de notas oficiais, principalmente em momentos de crise.

* Mantenha contato freqüente com a imprensa local”.

(Brixius 2003, p.06)

A comunicação precisa ser tratada em todos os níveis, para falar a sociedade é necessário ajustar dentro, saber quem somos, o que podemos e para onde vamos. O caminho para chegar a algum lugar começa pelo entendimento da missão e comprometimento de todos, assim a comunicação interna é tão ou mais importante quan-to falar para fora.

Produzir informação qualificada para os meios de comuni-cação de massa ou simplesmente um boletim interno é uma res-ponsabilidade cumprida com muita eficiência pelos jornalistas da EMATER/RS-ASCAR. Graças a este trabalho, anteriormente relegado ao segundo plano, a instituição passou a ser a mais lembrada pela sociedade quando perguntada sobre agricultura, assistência técnica e extensão rural.

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Reunião com jornalistas das assessorias regionais para nivelamento de ações

A produção de notícias ou a produção para a massa é para Baldessar (2003, p. 27) “...resultado do trabalho dos jornalistas que está inserido na trama social, que possui múltiplas determinações: a classe social, o mercado, a lógica do lucro, entre outros. A ativida-de dos jornalistas é, pois, uma atividade de comunicação entre os sujeitos, mas esta atividade se realiza a partir de certo tipo de práti-cas produtivas e dos valores e rotinas organizadas socialmente”. O jornalista é possuidor de um conjunto de competências capazes de dar conta do conjunto de atribuições de ordem institucional, assim como acontece na EMATER/RS-ASCAR, onde a assessoria regional executa múltiplas funções (produção de textos, criação a arte, locu-ção para rádio, reportagem para televisão, protocolo, cerimoniais, clipagem, fotografia, cinegrafismo e tudo mais que se relaciona a comunicação).

3.1.2 O rádio no sítio e para o mundo “A qualquer hora, em qualquer lugar”, o slogan representa a

importância do rádio, como uma ferramenta poderosa de comuni-cação. Os programas de rádio produzidos pelos comunicadores da EMATER/RS-ASCAR possuem mais de 30 anos, veiculado nas princi-pais emissoras do Estado, entre elas Rádio Gaúcha AM e Rádio Gua-íba AM. Os programas são gravados diariamente e possuem duração e formatos diferentes: Programa da Emater, Recados da Emater, Ter-

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ra e Gente, Campo e Lavoura, Rádio na Extensão Rural, Comentário Técnico da Emater, Boletins da Emater e Rio Grande Rural.

Comunicadores sociais gravando com, técnicos, produtores e persona-lidades que marcaram o cenário rural.

A foto, que ilustra a gravação de um programa de rádio, re-presenta o pioneirismo da EMATER/RS-ASCAR no uso do meio, o trabalho afinado dos diversos profissionais da área, a passagem de conhecimentos para os mais novos e a constante evolução tecnoló-gica. Atualmente os programas são disponibilizados no sitio.

A característica do rádio como meio de comunicação repre-senta para a extensão rural uma possibilidade impar de comunica-ção com a sociedade e principalmente com os assistidos. Os produ-tores rurais possuem o hábito de ouvir as informações pelo rádio, inclusive quando estão trabalhando, isso facilita a comunicação dos extensionistas com seu público.

A importância do rádio deve-se principalmente a capacidade impar de multiplicar mensagens, no caso da EMATER/RS, levando a informação para milhares e milhões de pessoas. O uso do rádio como método de comunicação na extensão rural multiplica de for-ma imensurável o raio de ação do extensionista.

O meio possui a capacidade de superar barreiras geográficas e os níveis de instrução, até mesmo os não alfabetizados podem compreender as mensagens. Com frio, calor, chuva, sol, geada... em qualquer tempo, rádio motiva, ensina, vende idéias. É um alia-do do extensionista e companheiro do produtor.

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3.1.3 A Emater/RS entra na sua casa pela TVA característica da televisão como meio de divulgação, que

combina som e imagem, possui a propriedade de transmitir a men-sagem na sua forma mais literal, sendo desta forma, um importante veículo de comunicação com a sociedade.

Embora a televisão tenha chegado ao Brasil na década de 50, somente em meados dos anos 70, a programação destinada ao pú-blico rural teria início no Rio Grande do Sul. O programa Campo e Lavoura da RBS TV, afiliada da Rede Globo, foi o primeiro a tratar de assuntos relevantes para a população rural. Mais tarde, em 1980, a própria Rede Globo estreava um programa em nível nacional: o Glo-bo Rural. Os dois programas, ainda hoje, ocupam as primeiras horas das manhãs de domingo.

3.1.4 O programa Terra SulEm 1993 surge o Terra Sul – Produzido pela parceria EMATER/

RS-ASCAR (Regional de Pelotas) e EMBRAPA (Clima Temperado), o programa trata de questões da agropecuária regional, e mostra aos telespectadores as ações da extensão rural e a pesquisa agropecuá-ria. Mesmo direcionado ao produtor rural, a comunidade acadêmica e o público urbano semanalmente recebem informações sobre as tecnologias, os métodos de produção e notícias sobre os eventos regionais.

Parceria EMATER/RS – EMBRAPA, em 1996 e renovação da equipe com acadêmicos de jornalismo, em 2010.

O Terra Sul teve sua estréia no primeiro domingo de março de 1993, na Rede Pampa, afiliada na época do SBT. O jornalista Roberto Engelbrecht foi o primeiro apresentador do programa e a primeira

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reportagem foi “A cultura do feijão em Piratini”, produzida e apre-sentada por esse autor. Neste período respondia pela comunicação regional da EMATER/RS-ASCAR e juntamente com o jornalista Antô-nio Heberlê da EMBRAPA foi idealizado e colocado no ar, em televi-são aberta, um programa produzido por profissionais da pesquisa e extensão rural.

Outras emissoras começam a olhar de forma diferente para o público rural e novos programas, inclusive canais com programação direcionada para o agrobusines. Caso específico do Canal Rural, que em 1996 passa a transmitir técnicas, aspectos econômicos e sociais ao setor rural. Neste mesmo ano surge outra iniciativa da parceria EMATER/RS-ASCAR (Regional Pelotas) e EMBRAPA (Clima Tempera-do), o programa “Gente da Terra”, na RBS TV Sucursal de Pelotas, o programa tinha duração de 15 min. e ficou 14 meses no ar.

O Terra Sul continua até hoje no ar e atualmente é exibido aos domingos na TV Nativa-Pelotas/RS, afiliada da Rede Record.

3.1.5 O Programa Rio Grande RuralDesde novembro de 1998 no ar, o Rio Grande Rural é reconheci-

do pelo público rural e urbano em diversas regiões do Estado e do País, por convênios de veiculação nos canais por cabo e televisão aberta em dezenas de emissoras conveniadas. Na TVE/RS, o programa disputa os primeiros lugares em audiência, na Rede Vida de Televisão, o Brasil conhece a tecnologia gerada pela Extensão Rural gaúcha e nos Canais Universitários o campo fica mais perto da cidade e da academia.

O Rio Grande Rural é um programa de TV produzido pela Ge-rência de Comunicação da EMATER/RS-ASCAR, com duração de 54 minutos. A base editorial do programa é o trabalho desenvolvido pelos extensionistas e públicos prioritários da Extensão Rural: agri-cultores familiares, pescadores artesanais, comunidades indíge-nas e quilombolas. Prioriza o desenvolvimento rural sustentável, abrangendo tecnologias de produção agropecuária, comercializa-ção, turismo rural, saneamento básico, aproveitamento integral dos alimentos, educação, juventude rural, organização social. A linha editorial não se limita à produção agropecuária, também enfoca ações da diretoria e valoriza o resgate das culturas das diferentes etnias que formam o povo do Rio Grande do Sul.

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Apresentadores do programa em 2002 e novo estúdio, sem bancada e estilo despo-jado em 2010.

O enfoque do Rio Grande Rural é centrado na organização co-munitária, no associativismo e na solidariedade. O programa tam-bém divulga e informa à comunidade sobre tecnologias agropecuá-rias e gestão agrícola voltadas ao desenvolvimento rural.

O Rio Grande Rural conta com uma equipe de TV no Escritório Central (jornalistas, cinegrafistas, editores e estagiários de cursos de comunicação social) e estruturas descentralizadas nas dez regiões administrativas. Cada semana uma reunião de pauta define os as-suntos de cada edição do programa, de acordo o calendário agríco-la, informações aos produtores (preços agrícolas, mercados, crédito rural, eventos, campanhas, etc.) e com as demandas dos extensio-nistas, as quais são, na maioria das vezes, a divulgação dos resulta-dos do Plano Anual de Atividades.

Quanto ao formato, o Rio Grande Rural é dividido em quatro blocos de 13h30min em média, com três intervalos. É uma revista semanal para televisão, com reportagens técnicas-educativas, en-trevista com especialistas e técnicos da área, cotações (grãos, car-nes, hortigranjeiros, leite), fatos da semana, agenda de eventos que ocorrem no Estado. O último bloco é destinado à apresentação de uma receita, normalmente mostra o regate da culinária regional, com o objetivo de valorizar o aproveitamento integral de alimentos. Antes de terminar o programa tem a sessão de cartas e e-mail’s, os apresentadores respondem a perguntas, esclarecem dúvidas, retri-buem agradecimentos e enviam recados.

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Reportagens de campo mostram atividades dos agricultores familiares.

As comunicações recebidas dos telespectadores indicam que as mensagens do Rio Grande Rural são úteis para o cotidiano das pessoas, e que essas se identificam com a proposta do programa rural de TV determinado a mostrar de forma simples e direta, o co-tidiano do meio rural, no tempo e na linguagem pela qual se identi-ficam. As comunicações também mostram a tradição do meio rural de escrever cartas, do seu jeito, com o próprio punho. E a mudança dos tempos, com a inclusão digital através da internet nas comuni-dades do meio rural.

O programa de televisão Rio Grande Rural recebe cartas de todo o Brasil

Recentemente a equipe do programa Rio Grande Rural teve seu tra-balho reconhecido durante a realização, em setembro de 2010, do II Fes-tival Nacional de Cinema e Vídeo Rural em Piratuba/SC, com o troféu de Melhor Reportagem de TV na categoria Causa Ambiental, com a matéria Agricultura Biodinâmica, feita pelo jornalista José Mário Guedes e pelo ci-negrafista José Carlos Martins Cabral. O Festival reuniu 123 produções au-diovisuais de 21 estados brasileiros.

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Parte IV

4 O SítioO mundo virtual carrega em si uma conotação de que não é

real, de que virtualidade é uma coisa e realidade é outra. A reprodu-ção de tudo que existe no mundo concreto pode ser entendida como realidade virtual. O encantamento da rede mundial de computado-res liga o planeta e a informação virtual torna-se real em segundos.

Em meados do ano de 2008, o Brasil superava a marca de 50 milhões de computadores pessoais com acesso à internet, a rapidez da informação passou a ser a qualidade mais buscada, principal-mente pelos jornalistas. Para Siqueira (2008, p. 131), o mundo tinha aproximadamente 1,8 milhão de internautas.

Toda essa expansão chamou a atenção das instituições sociais que vislumbraram possibilidades infinitas de falar com seus clientes, fornecedores, público alvo, etc. Cada vez mais era necessário ser um ponto, mas que ponto! Conectado com o mundo, capaz de ser encontrado por milhões.

Na internet, os sítios são poderosos instrumentos de publici-dade, talvez os mais importantes que existem. Servem de apoio para outros meios de comunicação como rádio, jornal, televisão, produ-ção de folders, cartazes, revistas e etc. Siqueira (2008, p. 219), define sítio ou site como: “Conjunto de páginas e outros conteúdos reuni-dos na internet sob um endereço. Também chamado de website”.

Tecnologia, palavra tão peculiar Extensão Rural possui veloci-dades que aceleram com o passar do tempo. Até mesmo o homem do campo, teve sua vida pacata invadida pelos bit’s. As mudanças tecnológicas mais significativas para a humanidade começam com válvula eletrônica (1906), o rádio (1920), a televisão (1926), o com-putador (1946), o transistor (1947), os satélites (1957), as fibras óticas (1966), o celular (1981) e a internet (1990). A quebra de pa-radigmas foi constantemente necessária desde a criação da ASCAR (1955) até a definitiva inclusão digital da EMATER/RS-ASCAR (2010).

O investimento em tecnologia é um constante desafio, pois é preciso adaptar-se a cada segundo, do megafone ao sitio existe oce-anos de conflitos e desafios apaixonantes contados em um ponto com o mundo.

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O sítio da EMATER/RS-ASCAR é também uma grande bibliote-ca virtual, onde estão armazenadas informações úteis à sociedade, registros históricos, artigos técnicos, agenda de eventos, notícias, fo-tos, vídeos, softweres, catálogos, link’s, etc.

A vida no real pode passar como uma onda no mar, mas na realidade virtual ela fica armazenada e pode ser acessada. Exem-plo são as estórias pitorescas contadas por extensionistas rurais e que são encontradas no sítio www.emater.tche.br, um caminho para chegar também a “Prosa Extensionista”.

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4.1 Prosa ExtensionistaA Prosa Extensionista é um meio eletrônico de comunicação

interna, que tem como propósito resgatar e compartilhar histórias marcantes, momentos pitorescos da vida extensionista, descrita por seus protagonistas. Os textos ilustrados foram cuidadosamente adaptados ao meio, os quais fazem parte de um projeto de resgate da memória da extensão rural gaúcha.

A ideia é buscar a participação de todos que tenham uma boa “prosa” para contar, envolvendo o riquíssimo universo de interação do Extensionista Rural com as comunidades. As prosas são publica-das no site da instituição e fazem parte de um acervo virtual.

Queremos, nesta publicação, contar alguns episódios verídi-cos, todos podem ser entendidos como uma história que, segundo o dicionário Michaelis é uma “Narração ordenada, escrita dos aconte-cimentos e atividades humanas descritas no passado” ou “exposição de fatos, sucessos e particularidades relativas a determinado objeto digno de atenção pública”. Ou ainda, como uma série de desenhos, em uma série de quadros que apresentam uma estória, com legen-das ou sem elas”. Na Wikepédia encontramos a seguinte definição: “estória é um neologismo proposto por João Ribeiro (membro da Academia Brasileira de Letras) em 1919, para designar, no campo do folclore, a narrativa popular, o conto tradicional”. Esses conceitos foram a inspiração desta proposta de contar histórias da Extensão Rural, com o objetivo de não perdê-las no tempo.

A prosa extensionista é uma excelente oportunidade de conhe-cer também o traço qualificado do ilustrador Wilmar Marques, um co-nhecedor da vida extensionista, que há mais de 30 anos trabalha com imagens e textos no Núcleo de Produção e Criação Gráfica da EMA-TER/RS-ASCAR. Agora, impressas nessa publicação ganham materia-lidade e podem ser apreciadas por quem gosta de uma boa estória.

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4.1.1 Até onde irá essa seca?

Lá pelos anos 70, quando iniciei minha vida profissional, na Extensão Rural do município de Piratini, costumava pegar o ônibus via Canguçu para Pelotas, onde moravam meus familiares. Numa dessas viagens, eu estava sentada na terceira fila atrás do motorista e na minha frente dois agricultores, gente humilde e simples como a maioria dos passageiros. O ônibus “daqueles” bem antigos, tipo da novela “Tieta do Agreste”, era um sobe e desce de passageiros, por aquela estrada de chão empoeirada. Os ditos cujos agriculto-res só falavam da seca, pois naquela época foi brava mesmo. Todos estavam apavorados com ela, pois aonde quer que fôssemos o as-sunto era a tal da seca. O ônibus parava a todo instante, para pegar e deixar gente, e os dois agricultores continuavam no assunto da tal seca: quando o ônibus parava ficavam quietos e era só o ônibus continuar e o assunto era sempre o mesmo: a seca. Numa dessas paradas, entrou uma velhinha toda de preto, alta e muito magra, que ficou de pé ao lado dos dois agricultores, pois o ônibus estava sempre cheio, e os passageiros iam de pé, quase em cima dos que estavam sentados. A dita velhinha, toda de preto, alta e magra, ia numa seriedade preocupante. Foi quando um deles perguntou para

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o outro: “Até onde irá essa seca?” O que a velhinha num alto e bom tom respondeu: “Vocês não tem nada que saber”. Depois de uma breve pausa respondeu bem alto: “Vou para Canguçu.” Os dois mur-charam, ficaram mudos e foram toda a viagem em silêncio. Eu fiquei também quieta, rindo sozinha.

Miriam Carvalho da Silva (Escritório Regional de Pelotas)

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4.1.2 Nunca jogue graspa no fogo

O ano era 1982, estação do ano inverno, município Erval Seco, localidade Coxilha da Liberdade... neste cenário bucólico ocorreu um fato pitoresco que ao longo dos anos foi contado como mais um dos causos da Extensão Rural, mas com uma peculiaridade: o fato realmente ocorreu.

Estávamos fazendo uma vistoria de Proagro numa proprieda-de rural daquele município me acompanhava o técnico agrícola res-ponsável por aquela área do município, vistoriamos a lavoura abaixo de uma garoa fina, característica de nosso inverno e um friozinho cortante. Após a vistoria o produtor nos convidou para entrarmos num galpão de chão batido onde havia um fogo de chão aquecendo o ambiente. Aconchegamos-nos na beira do fogo pra nos esquentar-mos um pouco e prosearmos com o agricultor. Conversa vai, conver-sa vem, um gole de graspa para aquecer e de repente o agricultor dá uma saída e o colega me diz...” que coisa forte parece álcool puro, derrama um pouco no fogo pra ver”... eu mais que depressa soltei um trago no fogo....Jesus! Subiu uma labareda...pegou fogo num maço de erva mate que o vivente estava secando sobre a fogueira pendurado numa corda...a tal graspa era forte mesmo teor alcoólico

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mais de 92º, eu e o colega tentamos apagar o fogo, mas a erva esta-va já seca pegou fogo queimou tudo...inclusive o galpão do cidadão. Corremos pra fora mais assustados que cusco em tiroteio, gritamos pro vivente vim ajudar mas era tarde o fogo consumiu tudo...conta-mos que havia saído uma faísca de fogo e pegou a erva e queimou tudo e ficou por isso mesmo, como o agricultor era um “granjeiro” não deu bola e ainda riu da nossa cara de assustados. Pegamos o velho fuscão amarelo e fomos embora, na metade do caminho nos deu um ataque de risadas que tivemos que parar o fuscão para não causarmos mais um acidente naquele dia. Serviu a lição: nunca mais tomei a tal de graspa na minha vida, muito menos joguei no fogo.

Nilton Dutra de Souza (Escritório Regional de Erechim)

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4.1.3 A Sesteada

Como decorrência de minha atividade profissional, desloquei--me, provisoriamente, da fronteira oeste para Santiago do Boqueirão.

Diversos colegas de outros municípios convergiram para aquela região, onde as adversidades climáticas haviam frustado as lavouras.

Nosso trabalho seria visitar as lavouras cujos proprietários ha-viam requerido o Seguro Agrícola (PROAGRO) a fim de realizar perí-cia e emitir o respectivo laudo.

Distribuídas as missões, coube-me seguir rumo às Missões, para o distrito de Carovi.

Seguindo a estrada de terra vermelha, ao passar um caponete de mato, depara-se com um marco, à esquerda. É o local onde tom-bou o famoso caudilho maragato Gumercindo Saraiva, em agosto de 1893, durante a Revolução Federalista, atingido por uma descarga, quando realizava o reconhecimento do terreno para o grande com-bate que se realizaria no dia seguinte.

Continuando meu caminho, cheguei ao meu destino. Consta-tei que era uma propriedade média, tipo estanciola, onde se criava gado e plantava trigo, soja e feijão.

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Terminado meu trabalho, por volta das onze e meia, prepara-va-me para seguir adiante, quando partiu do proprietário a pergun-ta de chofre, à queima roupa:

- Mas o senhor vai sestear, não vai?Surpreendido com a indagação, procurei me refazer e, mos-

trando a minha relação de perícias, respondi:- Não, ainda tenho muito trabalho pela frente.- Mas a minha mulher já preparou tudo e está lhe esperando.Aí, de surpreso passei a assustado. (Pensei comigo: vou de-

sapontar a pobre senhora, pois nem sono tenho). Mas ele insistiu:- O senhor vai gostar... Nesse ponto, eu nem sabia mais o que fazer, quando ele

completou: - Tem feijoada, carreteiro e lingüiça frita. Só então fui perceber que o convite era para almoçar. De volta à cidade fui informado que “sestear” ali, significa al-

moçar e descansar um pouco no galpão. Porque, na minha terra, sestear é dormir mesmo a sono alto e às vezes... até...

Luiz Alberto Ibarra (Escritório Central)

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4.1.4 O “Pai” do Beto

Este é um “causo” que na ocasião nos divertiu muito, pois po-demos ver a inocência das crianças e como sempre estão atentos a tudo.

Lá pelos anos 80, no início da utilização da inseminação artifi-cial, os técnicos do Escritório Municipal de Marcelino Ramos foram ao campo fazer uma visita a uma família assistida, acompanhado do técnico que realizava as inseminações artificiais.

Quando chegaram na residência, os pais estavam na lavoura e encontrava-se apenas um filho com idade aproximada de 7 anos. Quando ele viu as visitas disse que ia chamar o pai e gritou: “Paiê, o pai do Beto está aqui com o pessoal da Ascar! – Beto, no caso, era o terneiro nascido da inseminação artificial.”

Clara Claudete Moraes (Escritório Central)

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4.1.5 Desafio

No período de 1963 a 1966, exercia as funções de Supervisor Regional em Passo Fundo e tratávamos, com o município de Marau, da instalação do Escritório de Extensão Rural, naquela época Escri-tório Local da ASCAR, no município.

Já havíamos feito alguns contatos com o Sr. Prefeito e entre-gue a ele uma minuta de Convênio para ser apresentado aos verea-dores, que aprovariam ou não o mesmo.

Passados alguns dias, talvez um mês, retornamos a Marau para saber a decisão da Câmara de Vereadores. O Sr. Prefeito informou que havia sido aprovado. Disse a ele que comunicaria à Diretoria para marcar a data de assinatura do convênio, que seria elaborado no Escritório Central.

“Já está pronto e eu já assinei”, disse o Sr. Prefeito, “falta ape-nas a sua assinatura para instalarmos o escritório”.

Como eu disse que somente a Diretoria poderia assiná-lo, veio o desafio: “Mas o senhor não é autoridade? Não pode assinar um Convênio da ASCAR?”.

Dei uma de autoridade e assinei o tal convênio.Quando cheguei no Regional, liguei para o Central e contei o

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ocorrido. “Mas tu não podias assinar”, disseram-me. Mas fui desa-fiado e assinei.

A solução tomada pela Diretoria foi deixar assim mesmo o as-sunto e no próximo ano, ou quando houvesse oportunidade, assinar um novo Convênio.

Acho que foi a primeira e única vez que um Supervisor Regio-nal, atualmente chamado Gerente, assinou um Convênio para insta-lação de Escritório de Extensão Rural.

Rubens Perelló Medeiros (Escritório Regional de Pelotas)

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4.1.6 Os Ovos da Cecília

A turma de Lajeado brincava que a Cecília Pickler e eu formá-vamos o “Casal 20”, seriado de televisão da época. Trabalhar com ela era um prazer, ou melhor, satisfação, antes de interpretem errado.

Todas as semanas ela comprava bandejas de ovos. Numa tarde chuva, os ovos estavam “dando sopa” sobre a mesa. O colega Sílvio, deu a idéia de dar uma mãozinha para ela – “vamos ferver os ovos”. Fervemos os ovos, esfriamos e os recolocamos na grade.

No final da tarde, com pressa, a colega pegou os ovos, levou para sua casa e colocou na geladeira. No dia seguinte foi fazer um bolo. Pegou o primeiro ovo e tentou quebrar e nada – “Não me lem-bro de ter guardado ovo duro”. Pegou o segundo, terceiro e daí se deu conta da sacanagem. Lógico que repomos os ovos.

A equipe de Lajeado era sensacional e vivíamos assim, um preparando para o outro. Mas trabalhávamos muito e tínhamos um ótimo relacionamento com a comunidade.

Nilo Kern Cortez (Escritório Regional de Lajeado)

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4.1.7 O Nome da Cadela

Um dia apareceu no escritório uma menina com uma cade-linha. Enquanto o pai dela conversava com o agrônomo, eu puxei conversa com ela, perguntei: “Qual o nome da cadela?”

- Qualé! - respondeu.- Esta aí que tu tens no colo...- Qualé.- Esta pequeninha que está contigo - insisti.Ela respondeu: “Qualé”. Cinco vezes eu perguntei e ela sem-

pre me dizia a mesma coisa: “Qual é”. Eu já estava me irritando com essa situação. Aí disse: “Quem está perguntando sou eu, mas já que tu não quer me dizer o nome dela, agora eu é que não quero saber. Está se fazendo de difícil, imitando surdo... sempre dizendo a mes-ma coisa...”

- Mas é isto mesmo que eu estou te dizendo: o nome da minha cadela, esta que eu tenho no colo é: “Qual é”.

Aí, caímos na risada.

Cláudia Trojahn Oliveira (Escritório Municipal de São Sepé)

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4.1.8 Gaúcho Desesperado

Certo dia, pras bandas do interior de Vacaria-RS, fazendo uma visita a um pecuarista familiar, que havia implantado um parreiral pelo Pronaf Investimento, aconteceu um fato um tanto constran-gedor para um “Gaúcho Serrano”, como são conhecidos os nossos “Gaudérios” dos Campos de Cima da Serra. Nessa região do mu-nicípio a tradição da pecuária extensiva é muito forte, apesar das propriedades serem pequenas, entre 30 e 50 ha, a criação de gado de corte é a principal atividade de muitas famílias. Atualmente, mui-tas propriedades trabalham com a fruticultura, principalmente com amora-preta e uva bordô, duas culturas relativamente rústicas, que se adaptaram bem ao estilo desses produtores. Mas voltando ao “causo”, nesse dia, após ter visitado o parreiral com o produtor e seu filho, que ficava um pouco distante da residência, quando retor-namos, havia visita na casa, era um compadre do assistido, todo pil-chado, com seu cavalo tordilho amarrado na cerca. Assim que che-gamos, a esposa do casal, que estava na área da casa, prontamente nos convidou para tomarmos um café da tarde, daqueles completos, com bolo frito, cuscuz e outras delícias. Não pude recusar, acompa-nhei a família e o compadre naquela reunião gastronômica. Logo

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após o café e algumas prosas, o compadre, que comeu tudo que tinha direito, se despediu, pegou o seu cavalo e partiu. Fiquei por ali, conversando mais um pouco, fomos olhar o pomar de amora, que ficava próximo à casa, agradeci pelo café, me despedi do pessoal e peguei a estrada rumo à Vacaria. Logo adiante, na beira da estrada, que estava com a capoeira alta nas margens, observei o cavalo do compadre, aquele que meteu tudo no café da tarde. O cavalo esta-va atado na cerca e o Gaúcho agachado atrás da capoeira. Quando viu o Gol da Emater, ficou desesperado, tentou se esconder melhor, com as bombachas na altura do joelho tentou caminhar, tropeçou e foi de cara no chão. Até hoje, quando esse Gaúcho me enxerga, des-via os olhos e fica constrangido, me vem aquela imagem na cabeça, tento me conter, mas acabo esboçando uma risadinha incontida. Nunca mais consegui conversar com esse vivente.

Eduardo Pagot (Escritório Municipal de Vacaria)

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4.1.9 Área do Chiqueiro

No início da caminhada na extensão rural, em visita a uma fa-mília de pequenos agricultores, no interior do município de David Canabarro, preenchia um formulário para elaborar um plano de cré-dito.

Fiz várias perguntas ao agricultor sobre a lavoura, as culturas que havia plantado e tal. Também perguntei sobre os animais da propriedade. Quando lhe perguntei qual a área do chiqueiro, de pronto, o agricultor respondeu: “O chiqueiro não tem área”.

Tive, então, que explicar que eu queria saber a área em me-tros quadrados do chiqueiro – o tamanho.

Até hoje o colega que estava comigo corneteia ao lembrar des-se “causo”.

Ari Bassano Bertuzzi (Escritório Municipal de Ciríaco)

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4.1.10 Minha Primeira Experiência com Multimeios

Fazia pouco tempo que eu havia ingressado na empresa e esta-va trabalhando no município de Jaguarão, onde permaneço até hoje, já há 16 anos. Na minha “primeira experiência” com “multimeios” fui passar alguns slides sobre o projeto de saúde oral em uma escola de nível fundamental, no interior do município. Levei um projetor, tipo “carrossel”, emprestado do ESREG. O projetor vinha com uma indi-cação de que deveria ser ligado somente com transformador, pois a voltagem era 110. Cheguei na escola e os alunos e a professora ansiosos por assistir os slides, pois há pouco a escola contava com luz elétrica. Aprontei o material, liguei o projetor na tomada e, antes de iniciar a projetar, expliquei que iríamos ver, quando um menino me chamou: “tia, tá saindo fumacinha desse negócio...”. Eu havia ligado o projetor sem o transformador, e o slide já estava quase queimando. Desliguei tudo rápido e tive que improvisar e fazer a palestra utilizan-do o quadro negro da sala de aula, desenhando dentes e tentando chamar a atenção das crianças, que ficaram frustradas por não terem visto o “filmizinho que a tia da Emater ia passar”.

Ana Lecy Souza Pacheco (Escritório Municipal de Jaguarão)

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4.1.11 Oração para Mordida de Cobra

Um produtor estava aguardando para ser atendido, quan-do chega mais um produtor, querendo falar com o “Dr. Veteriná-rio”. Eu respondi que no momento ele não se encontrava, mas que mais tarde estaria chegando do campo. Isto foi logo que começou a implantação da bacia leiteira no município de São Sepé (1992).

Perguntei se era alguma coisa grave, se ele já havia estado na Prefeitura Municipal, onde o veterinário era o clínico da as-sociação rural e poderia ajudá-lo.

Disse-me ele que o veterinário de lá também não estava e que demoraria para chegar. Aí ele me contou:

- Sabe o que é dona, a minha vaca foi mordida por uma co-bra. Eu estou preocupado, estas vacas holandesas são muito ca-ras, não dá pra facilitar e nem perder. O que eu tenho que fazer?

Nisto o produtor que estava também aguardando, se ma-nifestou:

- Isto é fácil, comigo já aconteceu. Sabe o que tu faz? Copia num papel de caderno uma oração, pode ser um Pai Nosso, uma Ave Maria. O importante é escrever com fé. Escreve também o

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teu pedido, que é pra vaca se salvar. Daí você embrulha ele, bem amassadinho, molha no leite e dá pra vaca comer e vai dando leite, até ela engolir tudo. Sai todo o veneno e a vaca não morre. É o mesmo que tirar com a mão.

Cláudia Trojahn Oliveira (Escritório Municipal de São Sepé)

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4.1.12 O Revólver do Leovaldo

Certa vez, a Juíza da Comarca de Casca mandou para o Escri-tório Municipal da Emater/RS de David Canabarro, uma solicitação para levantamento de danos por animais numa propriedade rural. Lá fomos, eu e o colega Preto, atendermos a ordem judicial. Feito o laudo e entregue para polícia o resultado foi o esperado. Chamado a se explicar no fórum, o dono da porca causadora do estrago, dizia para Juíza: “Doutora, segundo este laudo, minha porca é um fura-cão, se largar ela numa noite come todo milho de David Canabarro”. Após isto, corria na cidade a informação de que o dono do bicho havia se enfurecido com o tamanho do dano apontado no laudo.

Passados alguns dias o “Seu Leovaldo”, dono da porca, che-ga na Emater para tirar a limpo o que foi colocado de prejuízo no tal laudo. Com um pequeno detalhe, tinha uma caixa de revólver calibre 38 na mão. Este detalhe causou certo furor no Escritório. A colega da área de BES, a Rozi, um tanto assustada, se retirou da sala e o colega Preto ficou por mais uns instantes para ver que rumo a prosa ia tomar.

Neste momento entra no Escritório, um vendedor de revistas, aqueles bem chatos, e se dirige a sala da Cleo, auxiliar administrati-

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va, onde já está também a colega de BES, para oferecer seus produ-tos. Como a prosa da outra sala já ia se acalmando, o colega Preto se junta ao grupo também para apreciar as ofertas.

Na minha sala, eu o “Seu Leovaldo” nos entendemos sobre o que havíamos colocado no laudo para justiça e enveredamos a pro-sa para a caixa do revólver. Afinal, não é todo dia que um produtor rural entra no Escritório da Emater/RS com uma caixa de revolver na mão. Diz-me o produtor que comprou o tal revólver numa loja de Passo Fundo, mas acha que foi enganado. Pedi a ele o porquê de tal desconfiança e ele me responde: “comprei um revólver com alça de mira e este aqui não tem. Espera que vou ao carro buscar para te mostrar”.

Neste momento saio de minha sala e me dirijo a mesa onde o grupo está observando as revistas. Ao chegar ao entorno do grupo, o tal vendedor me pergunta se quero adquirir alguma revista, ao que de pronto respondo: “para que se o Leovaldo foi ao carro bus-car o revólver para me matar”! Se o que aconteceu a seguir fosse combinado, talvez não ocorresse tão exato. Olhamos para a porta e vem o “Seu Leovaldo” sacando o revolver da cintura. Neste momen-to, a colega Rose e o vendedor dispararam a correr. Atravessaram a Secretaria Municipal da Agricultura onde gritaram: “o Leovaldo vai matar o João”. A colega segue um pouco adiante, pára na Biblio-teca e diz para a funcionária: “escutou o tiro? O Leovaldo matou o João”. Já o vendedor de revistas parou no segundo andar, na sala de recepção da Prefeitura Municipal, onde exclamava: ”não façam isso, sou cardíaco”. Quando olhamos para a porta da Secretaria da Agricultura vimos o Secretário Adílio, junto com o Betão que era o inseminador, vindo em nossa direção para atacar o “Seu Leovaldo”.

Não viram eles que ao entrar no Escritório, o “Seu Leovaldo” abriu o tambor do revólver, sacou as balas e me entregou a arma para examiná-la.

Até hoje damos boas risadas do acontecido. Mas vocês devem estar se perguntando sobre o vendedor de revistas. Olha, está que nem a china do Bochincho: nunca mais vi.

João Carlos Reginato (Escritório Municipal de David Canabarro)

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4.1.13 O Pneu

A colega Ilse Lovi foi uma das grandes companheiras de tra-balho. Não tinha coisa difícil com ela. Ela contava????? dizendo que era boa motorista e mecânica – e era mesmo. Mas era a época em que as mulheres defendiam a sua classe – feminismo. E os homens do escritório de Lajeado volta e meia faziam brincadeiras em cima desta situação.

Numa das saídas à campo, para Vila Fão, com o “fuquinha amarelo”, ela era a motorista e eu era o caroneiro, escutando a Rá-dio Independente. Chegando próximo à vila, furou o pneu da frente, do lado do motorista.

Ela olho para mim e disse: - Tu vai trocar? - Eu não, tu é mecânica, motorista e é do teu lado, e ainda que

igualdade do homem e da mulher.Não preciso dizer, como gringa, o que xingou. Depois dela ter

trocado o pneu, ainda perguntei: - Apertou bem a roda? Aí foi a gota d’água. Ouvi poucas e boas e muitos palavrões

que não posso nem escrever.

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Na volta ela foi direto ao nosso gerente, Dante Fraga, e como ela estava tão braba, ele logo percebeu que era mais uma das brin-cadeiras da turma. Mas não teve jeito, me chamou, deu um “ser-mão”, pedi desculpas e ficou por isso mesmo.

Ela logo me perdoou, aceitou a gozação e continuamos traba-lhando, e muito. Tenho saudades dela.

Nilo Kern Cortez (Escritório Regional de Lajeado)

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4.1.14 Algumas histórias extensionistas da Emater/RS

No município de Tupanciretã nos anos 80/90 do século passa-do trabalhava um grande amigo, que hoje não está mais na “casa”. Voltava ele de umas visitas no interior em pleno inverno, já escuro, pois passava das 19h30min. Voltava para seu lar, mas pensando no trabalho feito e no que deveria realizar no outro dia. Seu “fuca” vi-nha serpenteando nas estradas de chão batido do interior de Tupã com luz fraca alumiando as coxilhas. De repente ele atropela algo e se assusta com o barulho feito ao passar por cima do vulto, que ele pensou que fosse um terneiro. Parou o carro e abriu o vidro do seu lado, para abrir a porta na volta, pois o trinco só funcionava naquele lado por dentro. Desceu e viu que tinha atropelado um sorro, ficou muito triste por ter matado o animal, afinal apesar de ser um sorro também era cria de Deus, embora hoje existam uns que devem ser filhos do demo, mas isto é outra história, voltemos pro fato verídico: Muito consternado pensou:

- Tá morto, não resta mais nada a fazer, mas era um belo ani-mal, vou levar para casa e vou tirar o couro. Pegou o bicho e atirou no banco de trás do fuca, sentou fechou a porta e o vidro, pois esta-va muito frio e bota frio nisto, como se diz: estava de renguear cusco

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ou sorro, apesar de estar usando um pala e seguiu viagem. Ia ao mesmo tranquito, quando de repente ouviu um barulho no banco de trás, meio assustado olhou rapidamente e viu que era o sorro, que não tinha morrido coisa nenhuma, o bicho estava vivo e mais assustado que o nosso colega. Na tentativa de sair do carro, o sorro se atirou no vidro dianteiro e caiu no colo do assustado motoris-ta. O sorro se embolou no pala e nosso amigo não conseguia nem parar o carro, nem tirar o sorro enleado no seu colo. Tanto tentou que o sorro pulou para o banco do carona e nosso amigo conseguiu parar o carro e saltar para fora, fechando a porta no reflexo. Para sua infelicidade o carro parou a subir e como ele não tinha puxado o freio de mão, o carro começou a descer e o sorro se atirando de janela em janela tentando sair. Na tentativa de parar o carro o nosso amigo se grudou na porta tentando abri-la só ai se deu conta que naquele lado ela só abria por dentro. Por sorte o aclive não era muito severo e o fuca parou no barranco quase atropelando o motorista. E o sorro continuava tentando sair. O que vou fazer pensou e resolveu verificar a porta do carona que felizmente não estava chaveada e depois de aberta e alguma negociação o sorro se mandou a lá cria e nosso amigo pode entrar e voltar para casa pensando: “isto só acontece comigo”.

Pois este mesmo amigo foi participar de uma reunião da tur-ma da pecuária em Livramento, diga-se de passagem, que o chibo na fronteira acontece há muito tempo, e de vez em quando se fazia algumas reuniões para aquele lado para unir o útil ao agradável, coi-sa que não acontece hoje em dia. O nosso amigo parou num quarto junto com um colega de Julio de Castilhos que tinha a fama e era muito esquecido e um pouco atrapalhado. Chegaram à tardinha e após se acomodarem, foram pro sacrifício do banho e se preparar psicologicamente para enfrentar as carnes uruguaias no sentido li-teral e subjetivo destas palavras, porque enfrentar aquelas carnes gordas e miúdos, timos e úberes (aargh!!!!) e etc..., não é para qual-quer um, dizem até que os churrasqueiros uruguaios usam bota com agarradeiras para poder parar de pé em frente à churrasqueira por causa da graxa no piso, não sei se é verdade pode ser até que seja. Banho tomado, perfume no cangote, melena bem rasqueada o nos-so amigo de Tupã começou a apurar o colega de quarto que ainda

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não estava pronto. Vamos fulano, tu pareces uma moça, o pessoal ta esperando lá embaixo, etc... . Até que para apurá-lo mesmo disse:

- Vou te esperar lá no corredor e vou “chamar o elevador”, apura tchê!

Com a porta do elevador aberta ele vê o companheiro (epa!!) de quarto fechando a porta do mesmo meio atrapalhado, com uma peça de roupa pendurada no ombro.

- O que é isto tchê? Pergunta o nosso amigo de Tupã olhando para o ombro do seu colega.

- Estou levando uma jaqueta, pois pode esfriar e como sou um homem prevenido...

- Mas que jaqueta homem de Deus? - O nosso amigo atrapalhado pegou a roupa do ombro e aí se

deu conta que era uma calça de brim e não a jaqueta que ele tinha pegado.

É a extensão rural pode ter efeitos colaterais...

Mario Oneide Ribeiro (Escritório Regional de Santa Maria)

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4.1.15 Galinha bem alimentada

Nos tempos do Projetão, fui acompanhar o enchimento de um silo trincheira junto com o técnico que atuava na localidade de Segredo, hoje município, e outros colegas que estavam sendo ca-pacitados. O silo era grande e a programação se estendia por todo o dia. Como prêmio para os técnicos da Emater que orientavam e ajudavam nos serviços de ensilagem, o produtor programou uma “galinhada” para o almoço.

O trabalho seguia firme até que a patroa do agricultor chamou para o almoço. Galinhada com muito queijo ralado, radiche (o assis-tido era italiano) e vinho ou limonada.

A galinhada estava buena uma barbaridade e, depois da tra-balheira da manhã, a turma atacou, sem dó, o panelão de ferro. A rapa, então, estava uma delícia.

Veio a sobremesa: um delicioso sagu com merengue. E após, o merecido descanso embaixo das árvores ao lado da casa.Lá pelas tantas, um dos colegas extensionistas perguntou

onde ficava o banheiro, e o agricultor respondeu que não tinha, mas havia uma privada higiênica, construída a pedido da Emater. E lá foi ele atender às suas necessidades.

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Não levou cinco minutos, o vivente voltou com uma cara de espanto e olhos vidrados.

Perguntei: “Ué, o que houve?”Respondeu ele: “Vai lá ver a privada. Depois tu me fala.”Saí eu e mais um colega para ver a dita privada e qual a surpre-

sa: A mesma era construída em cima de quatro estacas, dentro do espaço do galinheiro e com a porta abrindo para fora. O “usuário” sentava no “banco” da privada e na medida em que os “dejetos” iam caindo, eram, imediatamente, atacados pelas galinhas, mantendo o local “impecável”. Ficamos meio apreensivos com o que vimos. Vol-tamos ao trabalho até às 6 da tarde, quando embarcamos no fusca da Emater e partimos para Sobradinho.

Depois de alguns quilômetros rodados, sem ninguém dizer nada, o colega que havia feito uso da privada “não muito higiênica” não resistiu e bradou: “Nunca mais como galinhada no interior!”

Lino Geraldo Vargas Moura (Esreg Porto Alegre)

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Poesia

Deixo minha contribuição em forma de versos na intenção de fazer poesia daquilo que me identifico profundamente, a vida extensionista. Não sei se a rima é rica ou pobre, mas foi feita de coração no momento que escrevia o Relatório de Atividades no Escritório Municipal de Cristal.

Tenho certeza que no meu caminho, só tenho agradecimentos a fazer, aos meus colegas de trabalho, a minha família e a Deus. Muito obrigado por todos os dias de trabalho, pela amizade, pelas barreiras ultrapassadas e pela convivência.

Lá vai o extensionista

Levanta a poeira do chãologo ao clarear do dia.Cruza com a gurizadaque vai ao colégio estudar, pára na beira da estradapro caminhão do leite passar.Lá vai o extensionistasua missão ensinar.

Antes da primeira porteirapassa por uma boiadao carro breca na estradae ele se põe a admirar:“que rebanho macanudoe pensar que eu ajudei a engordar,por certo foi manejo rotativo.Gado assim, é de se comprar.”

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Continuando sua andançalá vai o extensionistae de contemplar não cansa.O mato bem preservadoe pássaros malabaristasque não param de cantar.O meio ambiente equilibradoé coisa de produtor atinado.

O passo lento dos boispuxa a carreta do milho,na mesma toada tranquilao colono e sua famíliarumam para o paiol.O cereal seco e expurgadodepois de bem armazenadoé lucro certo, diz o ditado.

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Lá vai o extensionistaAbrir a segunda porteira.Do alto do morro avistaa diversificação de culturas,a água molhando as plantas,a palha cobrindo serra,lá embaixo as criaturaslargando a semente na terra.

O agricultor de mão calejadaAperta o cinco do artistaDizendo: “passe seu doutorque nós estamos te esperandohoje na reunião da comunidadetu és nosso professornossa gente ta otimistajuntos buscamos a igualdade”.

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Vamos formar uma associaçãoquem sabe uma cooperativapara que a nossa uniãoseja clara, forte e produtiva.Com a tua companhianão vamos fazer besteiras.Queremos a tua parceriapara abrir novas porteiras.

A poeira avermelhadadesponta no horizonteo carro ruma pra casasem errar nenhuma estrada.Lá vem o extensionistatrazendo pra toda sociedadeum sentido ecologistae alimentos de verdade.

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Crônica

A Emater/RS é um Boeing

Analogias são criadas para facilitar a compreensão das coisas, dos fatos, da vida, pelo menos entendo assim. Algumas idéias ou mensagens invadem nossos pensamentos e às vezes parecem querer dizer algo. Em uma madruga dessas acordei pensando no trabalho desenvolvido por nossa instituição, em suas fortalezas, ameaças, nas pessoas e de forma instantânea uma sentença veio na mente “A Emater é um Boeing”.

Procurando entender o dito busquei desdobramentos da idéia. Vejamos: O Boeing é uma grande aeronave, na cabine estão o comandante e co-pilotos, estes são responsáveis pela direção da aeronave. Não estão ali por acaso, eles possuem credenciais, pois para chegar ao comando precisam de mui-tas horas de vôo. Normalmente são pessoas preparadas para a função e detêm a confiança e a admiração de muitos. Na comparação com a Emater os comandantes podem ser o pre-sidente e os diretores.

No organograma da casa vêm na escala hierárquica os gerentes, responsáveis pela administração de suas áreas, lide-rança na gestão de recursos humanos e materiais. Na analogia podem ser os comissários ou comissárias de bordo. No boeing orientam a tripulação, prestam esclarecimentos, proporcio-nam conforto, passam otimismo e segurança.

No entanto, na aeronave as pessoas mais importantes estão na tripulação, sem esta o Boeing não decola. Os passa-geiros com suas bagagens de conhecimento querem chegar ao destino na forma mais segura e tranqüila possível. Porém, o avião enfrenta turbulências, fatores externos fogem do con-trole de todos. Nestes casos, toda a torcida é para a habilidade dos comandantes, ases na capacidade de enfrentar situações

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difíceis. Nessas horas de instabilidades é necessário ter fé e confiar.

Quando o vôo é longo, o boeing realiza escalas para re-abastecimentos, fim do itinerário para alguns e embarque de outros, a tripulação se modifica e até mesmo os comandantes podem ser substituídos, mas a aeronave tem que continuar enfrentando as turbulências naturais da vida, afinal todos pre-cisam chegar com segurança ao destino proposto.

A Emater pode ser um grande Boeing e analogias são fei-tas para entender algumas coisas, só algumas coisas.

Marco Medronha

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Índice de Fotos

Página 15 – Pioneiros na criação da ASCAR. Foto: acervo EMATER/RS-ASCAR.

Página 17 – Participantes do 1º Curso Nacional de Extensão Rural, em 1955. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR.

Página 18 – Primeiro grupo de extensionistas partindo para o campo em jeep’s, veículo pioneiro no serviço de extensão ru-ral. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR.

Página 19 – Engenheiro Agrônomo Bento Pires Dias. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR.

Página 20 – Getúlio Marcantônio, secretário da Agricultura do RS, na posse do 1° presidente da EMATER/RS, Rodolpho Táci-to Ferreira. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR.

Página 21 – Edmundo Henrique Schmitz. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR.

Página 21 – José Inácio Pereira da Silva. Foto: Acervo EMA-TER/RS-ASCAR.

Página 21 – Lino Ivanio Hamann. Foto: Acervo EMATER/RS--ASCAR.

Página 21 – Paulo Ebling Rodrigues. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR.

Página 24 – Eniltur Annes Viola. Foto: Acervo EMATER/RS--ASCAR.

Página 24 - Caio Tibério Dornelles da Rocha. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR.

Página 24 – Cezar Henrique Ferreira. Foto: Kátia Marcon.Página 24 – Ricardo Capelli. Foto: Rejane Paludo.Página 25 – Jair Seidel. Foto: Kátia Marcon.Página 25 – Almeri Cândido Reginatto. Foto: Acervo EMA-

TER/RS-ASCAR.Página 25 – Nilton Pinho de Bem. Foto: Kátia MarconPágina 25 – Francisco Roberto Caporal. Foto: Kátia Marcon.

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Página 25 – Ricardo Altair Schwarz. Foto: Rogério Fernandes.Página 25 – Dirlei Matos de Souza. Foto: Rogério Fernandes.Página 26 – Cilon Fialho da Silva. Foto: Kátia Marcon.Página 26 – Paulo Edgar da Silva. Foto: Rogério Fernandes.Página 26 – Águeda Marcéi Mezomo. Foto: Kátia Marcon.Página 26 – Alencar Paulo Rugeri. Foto: Kátia Marcon. Página 26 – Gervásio Paulus. Foto: Kátia Marcon. Página 26 – Valdir Pedro Zonin. Foto: Kátia Marcon.Página 37 – Wilson Schmitt realizou análise dos métodos,

com Diniz incentivador dos multimeios educativos. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR.

Página 39 – Diretor técnico Suimar Bressan, Odilo Friedri-ch, Paulo Rodrigues, José Inácio, Eduardo Bicca, Nara Todt e o presidente Clóvis Schwertner, no lançamento do livro na biblio-teca da EMATER/RS-ASCAR, em Porto Alegre/RS. Foto: Acervo EMATER/RS-ASCAR.

Página 40 – Unidade móvel com equipamentos recepcionando participantes em Dia de Campo. Foto: Acervo particular do autor.

Página 40 – Raimundo Diniz realizou estudos sobre os mul-timeios educativos. Foto: Rogério Fernandes.

Página 51 – Megafone para ampliar o som. Foto: Rogério Fernandes.

Página 51 – Comunicação: microfone e álbum seriado em Dia de Campo. Foto: Kátia Marcon.

Página 55 – Reunião com jornalistas das assessorias regio-nais para nivelamento de ações. Foto: Kátia Marcon.

Página 56 – Comunicadores sociais gravando com, técni-cos, produtores. Foto: Kátia Marcon.

Página 56 – Personalidades que marcaram o cenário rural. Foto: Kátia Marcon.

Página 57 – Parceria EMATER/RS – EMBRAPA, em 1996. Foto: Acervo Embrapa Clima Temperado.

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Página 57 – Renovação da equipe com acadêmicos de jor-nalismo, em 2010. Foto: Paulo Lanzetta.

Página 59 – Apresentadores do programa em 2002. Foto: Kátia Marcon.

Página 59 – Novo estúdio, sem bancada e estilo despojado em 2010. Foto: Kátia Marcon.

Página 60 – Reportagens de campo. Foto: Kátia Marcon.Página 60 – Mostram atividades dos agricultores familia-

res. Foto: Kátia Marcon.Página 60 – O trabalho em equipe da TV resulta. Foto: Kátia

Marcon.Página 60 – Em prêmios e cartas das regiões brasileiras.

Foto: Kátia Marcon.

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Marco Antonio Medronha da Silva é natural de Camaquã/RS. Mestre em Letras pela Universidade Católica de Pe-lotas/RS e formado no curso superior de Comunicação So-cial – Habilitação Jornalismo. Iniciou na Extensão Rural, Emater/RS em 1980 como Técnico Agrícola, curso técni-co do Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça, Pelotas/RS. Trabalhou como extensio-nista Rural nos municípios de Cristal e Camaquã. Atuou na função de Gerente Estadual de Comunicação da Emater/RS e atualmente trabalha como jornalista na Assesso-ria de Imprensa do Escritório Regional de Pelotas. Na aca-demia atuou como professor universitário ministrando disciplinas de Comunicação Rural, Televisão e Telejorna-lismo. Realizou pesquisas nas áreas de gênero, linguística aplicada, análise do discurso e TV digital.

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