HISTÓRIA, IMPRENSA E POLÍTICA: A DIVISÃO DO ESTADO DO ...

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1 HISTÓRIA, IMPRENSA E POLÍTICA: A DIVISÃO DO ESTADO DO MATO GROSSO NAS PÁGINAS DA FOLHA DE S. PAULO Línive de Albuquerque Correa 1 RESUMO É notoriamente sabido pelos estudiosos da área que os jornais não apenas informam sobre fatos, mas atuam como agentes do campo político e social ao relacionar-se com os interesses partidários e econômicos vigentes. A atuação dos periódicos brasileiros na construção dos fatos relacionados à campanha separatista, a divisão do Estado do Mato Grosso e a criação do Estado do Mato Grosso do Sul que ocorrida em 1977, gerou a redefinição do mapa político do Brasil, corrobora a máxima supracitada. A divulgação do movimento divisionista, que culminou nesta cisão, realizou-se em âmbito nacional por meio da cobertura promovida por jornais cariocas e paulistas, e pelos periódicos da própria região. Para exemplificar o interesse da imprensa nacional no impasse das regiões temos a Folha de S. Paulo, jornal de circulação nacional de grande influência. Criada em 1921 com a intenção de penetrar em classes não alcançadas por outros periódicos, tornou-se com o passar dos anos, parte da “grande imprensa brasileira” e cobriu as diversas fases do movimento, caracterizando-se como fonte externa ao embate de nortistas e sulistas. Portanto, o material sobre a divisão do Estado do Mato Grosso publicado nas páginas da Folha de S. Paulo é o objeto do presente trabalho que tem por objetivo, apresentar e refletir sobre a influência dos meios de comunicação. PALAVRAS-CHAVE: Criação do Mato Grosso do Sul. Meios de Comunicação. Grande Imprensa. História e Jornalismo. Imprensa Nacional. HISTÓRIA, IMPRENSA E POLÍTICA: A DIVISÃO DO ESTADO DO MATO GROSSO NAS PÁGINAS DA FOLHA DE S. PAULO Introdução: Na última metade do século XX, a divisão do Estado do Mato Grosso promulgada no ano de 1977 é um marco da coroação da luta separatista promovida por nortistas e sulistas em embates políticos, ideológicos e até mesmo físicos que perduraram por cerca cem anos. Fatores socioeconômicos e políticos distintos contribuíram para o nascimento de ideias divisionistas, e aliados à força política e econômica dos fazendeiros do sul de Mato Grosso, colaboraram para a posterior separação das regiões Norte e Sul do Estado do Mato Grosso. A divisão do Estado, porém, nunca configurou um consenso total, nem mesmo entre os grandes proprietários de terra idealizadores da cisão, todavia, aos sulistas pareceu ser esta a única solução cabível, o sul de Mato Grosso distinguia-se pelo sentimento de pertença; superioridade econômica e por fim o desejo de elevar Campo Grande à condição de capital. 1 Graduada em História pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Campus de Aquidauana. Email: [email protected].

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HISTÓRIA, IMPRENSA E POLÍTICA: A DIVISÃO DO ESTADO DO MATO

GROSSO NAS PÁGINAS DA FOLHA DE S. PAULO

Línive de Albuquerque Correa1

RESUMO

É notoriamente sabido pelos estudiosos da área que os jornais não apenas informam sobre

fatos, mas atuam como agentes do campo político e social ao relacionar-se com os interesses

partidários e econômicos vigentes. A atuação dos periódicos brasileiros na construção dos

fatos relacionados à campanha separatista, a divisão do Estado do Mato Grosso e a criação do

Estado do Mato Grosso do Sul que ocorrida em 1977, gerou a redefinição do mapa político do

Brasil, corrobora a máxima supracitada. A divulgação do movimento divisionista, que

culminou nesta cisão, realizou-se em âmbito nacional por meio da cobertura promovida por

jornais cariocas e paulistas, e pelos periódicos da própria região. Para exemplificar o interesse

da imprensa nacional no impasse das regiões temos a Folha de S. Paulo, jornal de circulação

nacional de grande influência. Criada em 1921 com a intenção de penetrar em classes não

alcançadas por outros periódicos, tornou-se com o passar dos anos, parte da “grande imprensa

brasileira” e cobriu as diversas fases do movimento, caracterizando-se como fonte externa ao

embate de nortistas e sulistas. Portanto, o material sobre a divisão do Estado do Mato Grosso

publicado nas páginas da Folha de S. Paulo é o objeto do presente trabalho que tem por

objetivo, apresentar e refletir sobre a influência dos meios de comunicação.

PALAVRAS-CHAVE: Criação do Mato Grosso do Sul. Meios de Comunicação. Grande

Imprensa. História e Jornalismo. Imprensa Nacional.

HISTÓRIA, IMPRENSA E POLÍTICA: A DIVISÃO DO ESTADO DO MATO

GROSSO NAS PÁGINAS DA FOLHA DE S. PAULO

Introdução:

Na última metade do século XX, a divisão do Estado do Mato Grosso promulgada no

ano de 1977 é um marco da coroação da luta separatista promovida por nortistas e sulistas em

embates políticos, ideológicos e até mesmo físicos que perduraram por cerca cem anos. Fatores

socioeconômicos e políticos distintos contribuíram para o nascimento de ideias divisionistas, e

aliados à força política e econômica dos fazendeiros do sul de Mato Grosso, colaboraram para a

posterior separação das regiões Norte e Sul do Estado do Mato Grosso.

A divisão do Estado, porém, nunca configurou um consenso total, nem mesmo entre os

grandes proprietários de terra idealizadores da cisão, todavia, aos sulistas pareceu ser esta a única

solução cabível, o sul de Mato Grosso distinguia-se pelo sentimento de pertença; superioridade

econômica e por fim o desejo de elevar Campo Grande à condição de capital.

1 Graduada em História pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – Campus de Aquidauana. Email:

[email protected].

2

A imprensa fez parte do processo de divulgação do movimento na esfera local, regional

e nacional através da cobertura promovida por jornais que circulam no Estado e órgãos de

circulação nacional, possibilitando observar as relações dos meios de comunicação impressos

com os interesses políticos e econômicos vigentes, em todos os âmbitos. O material jornalístico

permite perceber a ação dos jornais na construção de representações sobre os fatos.2.

Desta forma a presente comunicação, que se insere num contexto maior de um

trabalho de conclusão de curso, tem por objeto principal as representações jornalísticas sobre

a divisão do Estado do Mato Grosso publicadas na Folha de S. Paulo entre os anos de 1975 a

1977. O objetivo central é pensar a contribuição dos impressos e a relação dos jornais na

construção dos fatos. E assim, analisar o que foi veiculado através de artigos, editoriais,

reportagens e charges para pensar a relação entre o fato publicado e os interesses políticos e

econômicos do Estado criado.

Alguns fatores foram determinantes para a escolha do jornal ‘Folha de S. Paulo’,

primeiro, sua condição de configurar uma fonte externa ao acontecido, apresentando-se como

uma pretensa “voz imparcial”; a proximidade física de seu campo de atuação, além de ter,

com as áreas envolvidas, interesses particulares a São Paulo; e sua condição de periódico de

alcance nacional. Através de pesquisa realizada no “Acervo Folha”, acervo online da Folha de S.

Paulo, foram encontradas diversas matérias consideradas relevantes para a construção do trabalho. Tal

relevância se constitui na representação apresentada dos fatos interligados, quais sejam: os

desdobramentos da questão divisionista, a divisão do Mato Grosso e criação do Mato Grosso do Sul.

1. Os dois Mato Grosso

O processo de expansão lusitana no Brasil em direção ao oeste tem início durante a

primeira metade do século XVIII, contemplando regiões como Mato Grosso e Goiás. Para

este fim foram designados bandeirantes3 protegidos e auxiliados pela União Ibérica. Segundo

Jovam Vilela da Silva, na segunda década do século XVIII encontrou-se ouro na região de

2 BOURDIEU (200, P. 164; 170) Apud: SOTANA, 2010. 3 “[...] bandeiras, movimentos de penetração territorial que alargaram as fronteiras brasileiras muito além do

Tratado de Tordesilhas. No Brasil colonial (século XVI ao XVIII), as bandeiras tiveram vários objetivos, entre

eles o aprisionamento de índios [bandeira apresadora], a busca do ouro, a guerra contra índios e negros

amotinados. Seu principal local de origem era a capitania de São Vicente, hoje São Paulo. Através de vias

fluviais e antigos caminhos indígenas, essas expedições ligaram São Paulo à margem esquerda do rio Paraná,

fizeram a penetração para o interior e para o norte, e muitas vezes se chocaram com as missões dos jesuítas

espanhóis.” OLIVEIRA, Lucia Lippi. Bandeirantes e Pioneiros – As fronteiras no Brasil e nos Estados Unidos.

Revista Novos Estudos nº37, novembro 1993 (pg.214-224). Disponível em:

http://novosestudos.uol.com.br/v1/files/uploads/contents/71/20080625_bandeirantes_e_pioneiros.pdf. Acesso

em: 01.12.2013.

3

Cuiabá às margens do córrego Coxipó-Mirim, possibilitando a ocupação efetiva da área por

meio de expedições bandeirantes.

As notícias com proporções lendárias e fantasiosas a respeito da descoberta do ouro

na região atraíram pessoas de todas as partes, porém foram maiores que a própria quantidade

do metal precioso. A grande quantidade de imigrantes alocados em Cuiabá provocou a

escassez dos recursos locais já limitados, de forma que se fez necessário que paralelo à

mineração tivesse início a atividade agropecuária de subsistência, contemplando a exploração

de cana de açúcar e a criação de gado, além do extrativismo vegetal. O “ciclo do ouro

cuiabano”, porém, entrou em decadência rapidamente, já na primeira metade do século XVIII

Cuiabá sofreu com o êxodo populacional e passou a viver num isolamento após o

encerramento de seu curto ciclo econômico. Alheia à mineração, a região sul do Estado

constitui-se nesse período meramente um cenário do tráfego em direção a Cuiabá, sofrendo

ainda pequenas infiltrações dos espanhóis e do Guaicuru.

Dessa forma é possível verificar que norte e sul receberam influências distintas já em

sua colonização, o que acabou por gerar conflitos de interesses entre as duas regiões. Os

migrantes que chegaram ao norte desde o período da descoberta do ouro em Cuiabá eram, em

sua maioria, lavradores sem terra ou sitiantes que vendiam suas possessões para tornarem-se

“pequenos fazendeiros” no Mato Grosso. Já os responsáveis pela ocupação do sul foram

atraídos pelas terras férteis, baratas e pela quantidade de gado bravio dos campos de vacaria,

aí encontrados abundantemente em detrimento da ausência do ouro. Nenhuma atividade

econômica, porém, foi capaz de integrar o Norte e o Sul de Mato Grosso.

Durante a Primeira República (1889-1930) a pecuária figurou como uma das maiores

riquezas do sul de Mato Grosso atraindo brasileiros e estrangeiros interessados nessa indústria

pastoril, tendo seu desenvolvimento impulsionado pela proximidade com os grandes

mercados consumidores. Assim, o sul do Mato Grosso despontava como uma economia

disponível substitutiva da antiga e devastada economia mineradora do norte de Mato Grosso.

A despeito da crise econômica, Cuiabá permanece como centro político e administrativo

estadual.

A importância sócio-econômica e política do Sul de Mato Grosso acentua-se, na

medida em que ocorre a sistematização da criação do gado, a posse da terra e a

formação de vilas e cidades, concomitante a esses fatores ocorre a instalação da

4

Companhia Matte Larangeira e a ligação ferroviária entre o Sul de Mato Grosso e

São Paulo.4

A Companhia ervateira “Matte Larangeira”5, fundada em 1891 por Thomaz

Larangeira, com sede inicial em Concepción no Paraguai, exerce até 1930 a maior influência

política e econômica do Estado do Mato Grosso, tendo alcançado seu apogeu por volta de

1920. A Matte possibilitou o povoamento de uma extensa região, porém adquiriu tamanha

visibilidade a ponto de “constituir um verdadeiro Estado no Estado.” 6 Em 1918, a empresa

instalou-se no extremo sul do Mato Grosso na Fazenda Campanário, que se tornou sede da

Companhia, posteriormente transferida para Porto Murtinho (também região sul), espraiando

ainda mais seus domínios sobre o Estado. A área de atuação da companhia era praticamente

um “latifúndio correspondendo a área de vários países da Europa” 7, porém as terras não lhe

pertenciam, eram terras devolutas pertencentes ao Estado e arrendadas à Matte.

No final do século XIX e início do século XX levas de migrantes gaúchos começam

a chegar ao sul do Mato Grosso, “alguns em consequência de desavenças políticas no seu

Estado, [...]. Outros vinham atraídos pela semelhança da região de Ponta Porã com os campos

de suas querências8”, que com clima ameno permitia-lhes exercer a criação de gado. Assim os

rio-grandenses se estabelecem nos ervais da Companhia, aliando-se, inicialmente, a seus

dirigentes, porém com a chegada contínua dos migrantes, surgiram as primeiras divergências

com os arrendatários da terra, “as complexas relações sócio-econômicas e políticas entre

proprietários e não proprietários fortalecem, politicamente alguns grupos de famílias, dando

origem à formação das oligarquias sulinas desvinculadas das já existentes no Norte.”9.

À Matte Larangeira, nunca interessou a divisão do Estado, pois a porção sul

praticamente já lhe pertencia e caso a divisão ocorresse a Companhia teria de partilhar com os

posseiros as terras de seus ervais e o seu monopólio sobre a exploração da erva mate.

4 SANTOS, Alisolete Antonia Weingartner dos. Movimento Divisionista em Mato Grosso do Sul (1889-1930). 1.

Ed. Porto Alegre: Edições Est, 1995. p.22. 5 Diversos autores se utilizam de variadas grafias para nominar a Companhia Matte Larangeira, optou-se neste

trabalho por manter as diferentes formas utilizadas por cada autor, porém quando por nós citada grafa-la “Matte

Larangeira” por conta da origem hispânica (paraguaia) das palavras e até mesmo por ser “Larangeira” o

sobrenome do idealizador da Companhia. 6 Joaquim Murtinho, 1951. Apud: VALLE, 1996. p.19. 7 SILVA, Jovam Vilela da. A Divisão do Estado de Mato Grosso: Uma Visão Histórica - 1892- 1977. – Cuiabá:

EdUFMT, 1996. p.20. 8 VALLE, Pedro. “A Divisão de Mato Grosso.” – Brasília: Royal Court, 1996. p.19., p.20. 9 SANTOS, Alisolete Antonia Weingartner dos. Movimento Divisionista em Mato Grosso do Sul (1889-1930). 1.

Ed. Porto Alegre: Edições Est, 1995. p.22.

5

Considerando-se a influência das migrações, sobretudo gaúchas e mineiras, surgem neste

período ideais separatistas, os idealizadores da causa são nominados por Alisolete Antônia

como “coronéis guerreiros”, por defenderem os ideais da divisão através da luta armada.

Para Marisa Bittar, “o regionalismo dos sulistas consiste na causa mais remota da

divisão, [...] os sulistas transformaram o seu regionalismo em divisionismo” 10, sendo assim

quase um século antes da criação de fato do Estado do Mato Grosso do Sul teve início a

trajetória divisionista. Ainda segundo a autora as ideias separatistas sugiram em 1892 nos

confrontos armados entre coronéis sulistas e nortistas. A partir dos êxitos obtidos, sobretudo

com a pecuária, as oligarquias sul-mato-grossenses, se fizeram política e economicamente tão

importantes ao desenvolvimento do Estado quanto às do norte.

Nos últimos anos da segunda década do século XIX inicia-se no sul do Estado, de

forma mais pontual, a penetração de compradores paulistas do gado pantaneiro o que, aliado à

decadência das atividades dos saladeiros mato-grossenses, possibilita aos fazendeiros sul-

mato-grossenses negociar diretamente com os compradores paulistas, fortalecendo ainda mais

os vínculos entre a economia de ambas as regiões.

Em 1901, Barros Cassal e Joaão Caetano Muzzi, líder do recém-criado Partido

Autonomista – partido de oposição ao Partido Republicano local – levantaram a bandeira

separatista. Nesta primeira fase do movimento, os interesses particulares das oligarquias

dominantes confundiam-se com as disputas e objetivos políticos entre aqueles que pretendiam

o poder estadual. O fracasso e consequente aniquilamento das forças autonomistas

exterminou, aparentemente, o ideal divisionista do território sul-mato-grossense.

A construção da estrada de ferro Noroeste do Brasil em 1914 ligou “São Paulo a

Corumbá, na fronteira com a Bolívia, [...] atravessando todo o Sul do Estado” 11, Campo

Grande gradativamente centralizou no sul do Mato Grosso as principais atividades políticas e

econômicas de então, passando de entreposto comercial à condição de pólo irradiador de

ideias. A futura capital do Estado de Mato Grosso do Sul teve seu desenvolvimento facilitado

por situar-se fora da área de controle da Matte Larangeira e ainda por sua localização que

proporcionava à ferrovia o atendimento de seus objetivos econômicos e estratégicos,

transformando-se na capital econômica do sul de Mato Grosso. Proporcionando ao sul-mato-

10 BITTAR, Marisa. “Mato Grosso do Sul a construção de um estado: regionalismo e divisionismo no sul de

Mato Grosso”. Volume I. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2009. p.24. 11 BRASIL. Assessoria de Relações Públicas da Presidência da República. A Divisão de Mato Grosso – ARP,

BRASÍLIA, outubro de 1977. p.06.

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grossense a interação dos acontecimentos políticos, seja pelas viagens mais rápidas ou pelos

jornais do eixo Rio-São Paulo que chegavam com maior frequência. A influência de São

Paulo ultrapassa os limites da economia e se expressa também na constituição dos núcleos

familiares da porção sul que se fizeram quase que independentes dos formados no norte do

Estado.

Esse trânsito de influências entre o sul do Mato Grosso e São Paulo, gera, sobretudo,

nos anos de 1919-1925, prosperidade econômica para as cidades sul-mato-grossenses e

proporciona a propagação do movimento divisionista também nos centros urbanos. Assim a

causa extrapola o limite dos ervais nos anos 20 e atinge as cidades criadoras de gado, com

destaque para Campo Grande. Pode-se afirmar que a ideia divisionista esteve amplamente

relacionada às diversas correntes migratórias que compõe o sul do Estado, à expansão

pecuarista gerada a partir destes habitantes, ao regionalismo que marcou estes movimentos -

resultando na formação das oligarquias- ao desenvolvimento das cidades, a interação entre

sul-mato-grossenses e militares constantemente remanejados e a implantação da ferrovia.12.

A partir de 1930 o movimento divisionista tornou-se mais organizado com a

participação de outros grupos sociais que se aliaram aos políticos sulinos exercendo pressão

sobre o governo federal, a causa então se expande e ganha forma tendo ainda o respaldo de

grupos econômicos não ligados à Matte Larangeira. Em julho de 1932 eclode, em São Paulo,

a chamada Revolução Constitucionalista , além das fronteiras paulistas, o sul do Mato Grosso

foi o único a aderir o movimento revolucionário e, evidenciando mais uma vez o

distanciamento das regiões, o norte permaneceu legalista alinhando-se ao poder central.

...Mato Grosso é um prolongamento de São Paulo. As nossas principais e mais

antigas famílias vieram da brava gente paulista, dos bandeirantes que fizeram os

limites do Brasil. Foram os paulistas que levantaram as nossas principais cidades.

Fomos uma parte de São Paulo.13

As forças revolucionárias situadas no sul do Estado e as estabelecidas em São Paulo,

porém, foram vencidas pelo Governo da União, Vespasiano Martins (líder da Revolução no

Estado) e outros membros do governo tiveram de se exilar no Paraguai. O movimento não

alcançou seus objetivos, entretanto os esforços dos revoltosos não foram em vão, criou-se em

12 BITTAR, Marisa. “Mato Grosso do Sul a construção de um estado: regionalismo e divisionismo no sul de

Mato Grosso”. Volume I. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2009. 13SILVA, Jovam Vilela da. A Divisão do Estado de Mato Grosso: Uma Visão Histórica - 1892- 1977. – Cuiabá:

EdUFMT, 1996. p.153.

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fins de 1932 a Liga Sul-mato-grossense que auxiliaria os divisionistas na organização e

planejamento de atividades em prol da causa separatista. A divisão do Mato Grosso passou a

ser defendida por escrito através de vários documentos. Os proponentes da Liga clamavam às

autoridades competentes que se promovesse o desmembramento do sul de Mato Grosso e a

formação de outro Estado ou Território Federal, explicitando a desagrado com a vigência do

governo estadual.

Na conjuntura destes acontecimentos, a causa separatista ganhou força, no entanto os

manifestos da Liga e da Mocidade surtiram pouco efeito, a despeito disso a luta pela divisão

persistiu. A este tempo Cuiabá também manifestava-se procurando abafar as movimentações

e estratégias da Liga Sul-mato-grossense, para tanto as autoridades centristas passaram a taxar

como subversivas as aspirações sulistas pela separação e as delegacias de Cuiabá passaram a

receber ordens de se exercer rigorosa vigilância contra os movimentos divisionistas. No

entanto, durante o chamado “Estado Novo” (1937-1945), a luta divisionista atraiu a simpatia

de diversos políticos, alguns até mesmo ligados ao governo de Getúlio.

Porém com o fim da ditadura Varguista, a eleição de Vespasiano Martins ao senado

pelo Sul e a instalação da nova Assembleia Constituinte em 1945, a causa ganhou novo

ânimo. Segundo Valle, na década de 40, não houve, com relação a divisão do Mato Grosso,

“nenhum movimento de monta, e o movimento dividisionista somente viria à tona com maior

intensidade na década de 50”14 acompanhado por significativas mudanças como a chegada da

rodovia ao Estado. A partir de 1952 a Escola Superior de Guerra e suas regionais das

Associações dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG), em Campo Grande e

Cuiabá, voltam a abordar a ideia separatista, visualizando-se, entre os chefes militares uma

tendência pró-divisão do Estado de Mato Grosso, e assim, na Escola Superior de Guerra do

Estado Maior das Forças Armadas, o ideal divisionista obteve importantes adesões como as

dos generais Ernesto Geisel e Golbery de Couto e Silva.

No final da década, o movimento voltou a intensificar-se e tomou novo fôlego com a

candidatura de Jânio Quadros, nascido em Campo Grande15, à presidência da República.

Eleito, Jânio Quadros declarou que o estado precisava de uma integração maior proporcionada

pelos novos meios de comunicação e para o desapontamento dos separatistas “sentenciou que,

14 VALLE, Pedro. “A Divisão de Mato Grosso.” – Brasília: Royal Court, 1996. p.178. 15 Há controvérsias quanto a cidade de origem do ex-presidente, em seu livro “Pedro Pedrossian, o Pescador de

Sonhos – Memórias”- 2006, o ex-governador afirma ter Jânio Quadros nascido em Miranda-MS.

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depois de seu Governo, ninguém mais iria pensar em Dividir o Estado.” 16. Dos anos

seguintes até 1963, a Liga Sul-mato-grossense fundou comitês pró-divisão por todas as

cidades sulistas, procurando divulgar, conscientizar e promover a separação das regiões e a

criação do Estado do Mato Grosso do Sul.17.

O grande marco da década de 60, porém, foi o Golpe Militar de 31 de março de

1964. Com a ação, os separatistas novamente se recolheram, porém, a chama é reacesa com a

chegada a Cuiabá dos coronéis Ernesto Geisel e Golbery de Couto e Silva, destacados para

tratar de assuntos referentes à redivisão do Estado. No contexto da ditadura, “o divisionismo

se conjugou a um interesse nacional” 18 desta forma, o governo, promovia a ocupação de

“espaços vazios” em prol da segurança nacional, aliando seu projeto de “Brasil Potência” aos

interesses da elite agrária sul-mato-grossense.

Com base nos estudos com vistas à divisão do Estado realizados desde a década de

60, pelos já mencionados generais, foi entregue, em meados de 1974, ao Governo Federal o

prospecto do plano de divisão. Constando a divisão do Estado em quatro partes, dois Estados

(Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e dois territórios federais (Xingu e Aripuanã).19 Por

conta das eleições ocorridas no referido ano de 1974, planos foram alterados e num

pronunciamento em outubro, o ministro Rangel Reis, transferia a divisão para o ano seguinte,

além de afastar a possibilidade da criação de dois territórios. Em 1975 surge a primeira

manifestação pública e oficial das elites a respeito da divisão, “as Associações de Diplomados

da Escola Superior de Guerra – que desde 1952 já vinham debatendo o problema, resolveram

publicar dois relatórios e divulgá-los simultaneamente em Cuiabá e Campo Grande” 20,

reacendendo as polêmicas entre as regiões do Estado.

No início de 1977, pronunciamentos oficiais tornaram mais próxima à realização do

sonho divisionista, em 04 de maio de 1977, após nota oficial da Presidência da República, a

notícia de que o presidente Geisel aprovara os estudos do Ministério do Interior e de que o

projeto de lei que criaria o Mato Grosso do Sul seria encaminhado ao Congresso, difundiu-se

por todo o país. A informação causou reações adversas nas populações envolvidas.

16 VALLE, Pedro. “A Divisão de Mato Grosso.” – Brasília: Royal Court, 1996. p.36. 17 Idem, p.179. 18 BITTAR, Marisa. “Mato Grosso do Sul a construção de um estado: poder político e elites dirigentes sul-mato-

grossenses”. Volume 2. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2009. p.26. 19 VALLE, Pedro. “A Divisão de Mato Grosso.” – Brasília: Royal Court, 1996. p.183. 20 Idem.

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O ideal da divisão perdurou através dos tempos, e os anseios divisionistas somente

foram atendidos quase um século após o primeiro brado separatista, a Lei Complementar

nº31, promulgada em 11 de outubro de 1977, em Brasília, criou o Estado de Mato Grosso do

Sul, constituído de 55 municípios agrupados e 07 microrregiões homogêneas. Por conta da

situação, a Liga Sul-mato-grossense deu ao presidente Geisel o cognome de “o grande artífice

da criação do nosso Estado.” 21

Apesar de divulgada como fruto do anseio popular, a verdade é que nenhuma das

populações envolvidas foi consultada a respeito da divisão e somente tomaram parte dos

planos do Governo Federal para a região depois da exposição de motivos, e da conclusão da

lei complementar, “... não houve manifestações populares que antecedessem e apoiassem a

sua criação, também não houve manifestações que a ela se opusessem. [...]. Em síntese: as

duas regiões aceitaram o ato consumado” 22. Alguns interpretam a separação como uma

consequência lógica da configuração geográfica do Estado do Mato Grosso, outros a

classificam como “uma decisão pessoal, um ato de arbítrio do presidente Geisel” 23, há ainda

quem creia numa ação a serviço do Governo Federal para multiplicar espaço político através

da criação de novas Unidades da Federação. O fato é que, “... nas bases, o que realmente

motivou essa decisão, e assim como motivará outras, ‘é que esta foi a que melhor serviu, no

caso, aos mais altos interesses nacionais! ’” 24, resta saber há que interesses e a quem eles

contemplam.

2. A Folha de S. Paulo

Criada em 1921, a Folha da Noite nasceu da iniciativa de um grupo de profissionais

advindos do jornal “O Estado de S. Paulo (OESP)”.

Segundo depoimentos de Pedro Cunha, um de seus fundadores, e de Paulo Duarte,

um de seus colaboradores de primeira hora, a causa imediata do surgimento da

Folha da Noite, em 1921, foi a extinção, logo após o término da Primeira Guerra, do

jornal conhecido como Estadinho, editado como vespertino pelos proprietários de O

Estado de S. Paulo.25

21 SILVA, Jovam Vilela da. A Divisão do Estado de Mato Grosso: Uma Visão Histórica - 1892- 1977. – Cuiabá:

EdUFMT, 1996. p.193. 22 BITTAR, Marisa. “Mato Grosso do Sul a construção de um estado: poder político e elites dirigentes sul-mato-

grossenses”. Volume 2. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2009. p.432. 23 VALLE, Pedro. “A Divisão de Mato Grosso.” – Brasília: Royal Court, 1996. p.56. 24 SILVA, Jovam Vilela da. A Divisão do Estado de Mato Grosso: Uma Visão Histórica - 1892- 1977. – Cuiabá:

EdUFMT, 1996. p.194. 25 Ibidem p.36.

10

Desta forma, a lacuna deixada pelo Estadinho26, tanto em termos econômicos quanto em

termos ideológicos, foi ambicionada e preenchida por esses colaboradores. Surge assim a Folha da

Noite que, segundo Mota e Capelato27, buscava atuar junto a um leitorado não atingido pelo OESP,

sendo por isso definido por seus dirigentes como um “jornal popular” que buscava representar e

dirigir-se as classes médias urbanas, ambicionando também “uma suposta penetração na classe

operária”. Assim, “o traço fundamental do jornal [no período] será o de fiscal do governo.28

Como evidência do êxito obtido pelo periódico já firmado no mercado, surge em 1925 a

“Folha da Manhã” que “definia-se como um jornal urbano, local, mas não mais popular, no entanto

apenas na apresentação acabavam se diferenciando as duas Folhas – o conteúdo seria praticamente o

mesmo.29”. Constituia-se como um jornal matutino, representava um complemento das funções do

primeiro periódico que era distribuído no período da tarde e que por isso não tinha tempo de dar

algumas notícias.

O ano de 1929 se estabeleceu como marco de uma grande modificação na linha do jornal que

se distanciou das categorias de oposição oferecendo apoio integral ao poder constituído, pareando-se

com as oligarquias. Desta forma, os jornais que iniciaram a sua trajetória numa postura crítica à

política dominante, buscando aproximação com as classes populares, encerra a década de 20 tornando-

se inteiramente governista. Outra característica do período digna de destaque é o fato de que passam a

protagonizar nos jornais os interesses de São Paulo em detrimento das chamadas “aspirações

populares”. “Há uma exacerbação do regionalismo. Tudo se explica e justifica em nome da “grandeza

de São Paulo.” 30.

A “segunda fase” da história do jornal tem início com a chamada “Revolução de 1930”,

quando, após serem empasteladas e deixarem de circular, as Folhas da Noite e da Manhã tiveram seus

despojos vendidos ao grupo de Octaviano Alves de Lima (fazendeiro e comerciante do café), os

jornais só voltaram a circular no ano de 1931, com um caráter marcadamente rural. Seus proprietários,

homens ligados à lavoura, viam no jornal um veículo de seus interesses. As Folhas caracterizaram-se

no período como “jornais da lavoura”, Octaviano identificava os interesses da classe (a “nobre classe

dos lavradores”) aos da Nação. Nesta “segunda fase” alcançou-se ainda a emancipação financeira e

uma fisionomia empresarial. Fazer um jornal popular já não era mais a proposta dos dirigentes, desta

26 Cabe ressaltar que o Estadinho era apenas um caderno publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo durante a

primeira Guerra Mundial e não o jornal O Estado de S. Paulo em si. 27 MOTA, Carlos Guilherme e CAPELATO, Maria Helena. História da Folha de S. Paulo: 1921-1981. São

Paulo: IMPRES, 1981. 28 Idem, p.24. 29 Ibidem, p.28. 30 MOTA, Carlos Guilherme e CAPELATO, Maria Helena. História da Folha de S. Paulo: 1921-1981. São

Paulo: IMPRES, 1981.p.48.

11

forma a Folha da Noite, que inicialmente tinha como objetivo atender a este público, foi perdendo a

sua importância dentro da lógica do projeto jornalístico de Alves de Lima.

Nesta “segunda fase”, não era o lucro o principal interesse do grupo de proprietários, era o

café a maior preocupação do jornal, perpassando desde a lavoura ao comércio e fomentando, por isso,

o preconceito aos industriais. Para os idealizadores do “novo” jornal, a causa da lavoura deveria “ser

considerada como a causa de S. Paulo e do Brasil.” 31. Porém, a luta e o empenho de Alves de Lima

não foram suficientes, quinze anos depois da compra, Alves de Lima desistiu do projeto, vendeu o

periódico e abandonou a carreira jornalística.

Assim, em 1945, juntamente com o início do período de redemocratização pós-ditadura

Vargas, chega ao fim a “segunda fase” das Folhas, tendo como bandeira de luta a consolidação da

democracia, José Nabantino Ramos dá início à “terceira fase” da história do jornal, “o novo diretor das

Folhas representava a renovação do capitalismo e trazia uma nova mentalidade à empresa.” 32. Porém,

não se estabelece uma ruptura propriamente dita com a “fase” anterior, mas sim um aprofundamento,

até por volta de 1950 o jornal passará a representar firmemente os ideais dos capitalistas agrários, após

este período, no entanto, há um retorno a ênfase urbana e se estabelece também um viés industrialista.

Nabantino Ramos é apontado como o grande responsável pelas mudanças ocorridas no

período de 1945 a 1962, figurando como mentor de transformações que conduziram os jornais a uma

fisionomia moderna, Ramos modernizou o jornal, reestruturou a administração e racionalizou o

trabalho colocando-os em termos de empresa. A visão progressista instaurada por Nabantino Ramos

foi influenciada por acontecimentos no campo político, econômico, social e cultural, o diretor

demonstrou-se sensível a essas transformações e imprimiu aos periódicos uma nova mentalidade, tanto

do ponto de vista jornalístico quanto do empresarial. Em finais da década de 40 (1946/48), as Folhas,

se tornaram porta-voz da ideologia das classes médias urbanas do Estado de São Paulo, “um jornal da

classe média para a classe média” 33, afirmava Ramos.

Nesta “terceira fase”, a Folha da Noite, que já vinha paulatinamente perdendo sua

importância, tornou-se praticamente inexpressiva, de forma que em julho de 1949 é criada a Folha da

Tarde, um jornal matutino e mais popular com o propósito de substituir o primeiro. Em janeiro de

1960 deu-se a unificação dos jornais que passaram a chamar-se “Folha de S. Paulo” mantendo três

edições diárias. A construção dos “novos periódicos” deu-se através de uma diversificação de

assuntos, na busca por novos públicos atestando cada vez mais o seu caráter empresarial.

31 TASCHNER, Gisela. Folhas ao vento: Análise de um conglomerado jornalístico. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

1992. p.52. 32 MOTA, Carlos Guilherme e CAPELATO, Maria Helena. História da Folha de S. Paulo: 1921-1981. São

Paulo: IMPRES, 1981. p.101. 33 Idem, p.7.

12

Porém, com dificuldades financeiras e administrativas, além de problemas internos advindos

da greve de funcionários no ano anterior, Ramos retirou-se da Folha em agosto 1962, dando início a

“quarta fase” da história dos jornais, agora sob a tutela de Octávio Frias de Oliveira, ligado ao capital

financeiro, e Carlos Caldeira Filho, do setor da construção civil, a estrutura empresarial que havia sido

previamente montada por Nabantino Ramos, seria levada a cabo pelo grupo Frias-Caldeira.

Conforme Mota e Capelato, a reformulação da empresa realizou-se em três etapas: 1º –

reorganização financeiro-administrativa e tecnológica (1962-1967), 2º - a “revolução” tecnológica

(1968-1974) e 3º - definição de um projeto político cultural (1974-1981). Ainda segundo os autores,

“em 1963 a Folha tornara-se o jornal de maior circulação paga do Brasil” 34, condição impulsionada

pela nova concepção de distribuição dos jornais a partir da aquisição de frota própria, e pela primazia

tecnológica estimulada pelos novos proprietários.

No campo político a Folha do grupo Frias-Caldeira, buscou um posicionamento de

neutralidade, e entusiasta da ideologia legalista, assumiu o papel de defensora da ordem, sendo capaz

de, em nome desta, apoiar o Golpe de 1964, assim como a maior parte da grande imprensa. Na prática

política, o neutralismo apregoado não se efetivou, a Folha aproximou-se da UDN e, assumindo o seu

papel de formadora de opinião, contribuiu com “a preparação ideológica de seus leitores para a

aceitação do Movimento Militar de 1964.” 35.

De fato, em todos os períodos, a Folha sempre esperou primeiro as definições das situações

políticas para só então assumir uma postura. Para Dias, esta estratégia do jornal deu certo na medida

em que o apoio ao Golpe de 1964 (denominado de “Revolução de 64” pela Folha até o ano de 1974

quando o jornal passou a utilizar a terminologia “Movimento de 64”) rendeu à Folha um grande

crescimento econômico observável também no período pós-golpe. Diferentemente de outros jornais,

durante a ditadura militar a Folha não possuía censores em sua redação, “só recebia a relação ou

indicações de temas proibidos por telefone da Polícia Federal” 36, praticando a autocensura.

No período denominado como “revolução tecnológica” (1968-1974), a Folha de S. Paulo

revelou-se uma empresa inovadora através de seus investimentos em maquinários importados e

grandes tecnologias de prensa. Tais alterações projetaram-se no aumento do público, fazendo com que

em 1969, segundo pesquisa do IBOPE37, a Folha figurasse como o jornal mais lido do interior do

Estado de São Paulo, superando o OESP. A esta altura a empresa, recuperada financeiramente, já

desfrutava de certa autonomia econômica, porém ainda era difícil uma independência política real.

34 MOTA, Carlos Guilherme e CAPELATO, Maria Helena. História da Folha de S. Paulo: 1921-1981. São

Paulo: IMPRES, 1981.p.192. 35 Idem, p.179. 36 Ibidem.p.207. 37 Dados citados por: MOTA, Carlos Guilherme e CAPELATO, Maria Helena. História da Folha de S. Paulo:

1921-1981. São Paulo: IMPRES, 1981. p.203.

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No período chamado de “definição de um projeto político cultural (1974-1981)”, a Folha

que anteriormente defendera o Golpe, agora se distanciava dele. Dentre os motivos deste afastamento

se destacam uma “decepção” com os rumos do regime em 1965, distanciando-se ainda mais com o

agravamento da violência em 1968. Em meados da década de 70, sob o risco de perder os leitores que

esboçavam descontentamento com o governo, a empresa assumiu uma posição mais crítica.

Em meados de 1975 com a chamada “Distensão Política” do esquema Geisel-Golbery, o

jornal teve uma autonomia maior, e em busca de uma imagem mais definida, aliou-se a outros

segmentos da sociedade civil na defesa de bandeiras como a redemocratização do país, a liberdade de

imprensa e os direitos humanos, adotando, para isto, “a tática de criticar o governo, mas elogiar o

presidente” 38 Geisel, que representava a possibilidade otimista de uma abertura política dentro da

ditadura instituída.

A principal mudança da empresa Folha de S. Paulo no período Frias-Caldeira, porém, dá-se

na medida em que esta se transforma em um conglomerado da indústria cultural. Tal conquista deu-se

com a aquisição de títulos como “Última Hora” e “Notícias Populares”, ambos de São Paulo

comprados em 1964 e 1965, respectivamente, jornais afetados pela crise econômica do início dos anos

60, porém, com públicos estabelecidos que passariam ao campo de influência da Folha. O grupo

assumiu também em 1968 o controle da Fundação Cásper Líbero, o que fez com ao longo da década

de 60 tivessem controle sobre cerca de 50% do mercado de leitores no que se refere à venda avulsa na

grande São Paulo39. Frias e Caldeiras transformaram algumas empresas em crise e até mesmo em

ruínas, num “império jornalístico”. A partir de 1992, Octávio Frias de Oliveira passou a deter a

totalidade do controle acionário do conglomerado jornalístico Folha de S. Paulo40.

3. A Folha de S. Paulo e a Divisão do Estado do Mato Grosso

A pesquisa no “Acervo Folha”, disponível na página da empresa Folha de S. Paulo,

foi realizada com base em um recurso simples. Optou-se por digitar as expressões “Mato

Grosso” e “Mato Grosso do Sul” no espaço de busca. Com isso, encontramos um montante

inicial de 1370 páginas, muitas, porém, não tratavam do objeto abordado na pesquisa. Após

verificação inicial do material, 180 notícias foram selecionadas para redação do trabalho,

38 MOTA, Carlos Guilherme e CAPELATO, Maria Helena. História da Folha de S. Paulo: 1921-1981. São

Paulo: IMPRES, 1981.p. 216. 39 TASCHNER, Gisela. Folhas ao vento: Análise de um conglomerado jornalístico. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

1992. p.151. 40 Para maiores informações consultar:

http://www1.folha.uol.com.br/institucional/historia_da_folha.shtml.

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principalmente por abordarem: a) a divisão do Mato Grosso; b) a criação do Mato Grosso do

Sul; c) os desdobramentos da questão divisionista.

Dados oficiais de 1974 e 1975 trazem informações da realização de estudos

geopolíticos para a criação de um novo Estado, comandados pelo general Golbery do Couto e

Silva. A Folha, porém, mencionou a possibilidade da divisão já em 15 de junho de 1965, em

nota presente na página 6 do primeiro caderno, sob o título: “Elementos do Codigo Penal no

ginasio” 41, a próxima notícia com menção à divisão dá-se tão somente seis meses depois:

“AL discutirá divisão de Mato Grosso” 42.

Ainda em abril de 1968, no caderno denominado “Suplemento Especial”, a Folha

trouxe um conjunto de reportagens sob o título “Mato Grosso: muita terra e pouca gente”, que

fazia parte da “Série Realidade Brasileira: Centro-Oeste”. No decorrer de 23 páginas o tema

foi dividido em outros seis subtítulos: “1. Tão grande quanto rico; 2. Pecuária, escalada do

progresso; 3. A rodovia e o desenvolvimento de Mato Grosso; 4. Tamanho é problema?

(Divisão do Estado: solução que muitos defendem); 5. Conflito entre passado e o futuro e 6.

Um Estado com três Capitais.”43. A Folha de S. Paulo deixa transparecer, já na introdução

das reportagens, o seu posicionamento com relação à divisão do Estado do Mato Grosso, o

jornal faz declarações com relação à “superioridade” do Sul do Estado em detrimento do

Norte.

Assim, a Folha apresenta a região Sul de Mato Grosso como tendo a sua ocupação

populacional mais bem distribuída, padrão de desenvolvimento econômico mais elevado e

uma economia dinâmica, “em franco processo de consolidação, com a industrialização

rompendo a hegemonia agropecuária” 44, fatos que se devem, segundo o periódico, à

“benéfica” influência de São Paulo e Minas Gerais sobre a região. O suplemento ainda

apresenta a cidade de Campo Grande como “centro de irradiação do progresso em vasta área

de Mato Grosso”45. Enquanto ao Norte coube a alcunha de “incorporado ao vazio amazônico”

41 ELEMENTOS do Codigo Penal no ginásio. Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 de junho de 1965. Primeiro

Caderno, p.6. Disponível em:

http://acervo.folha.com.br/resultados/buscade_talhada/?utf8=%E2%9C%93&fsp=on&all_words=&phrase=mato

+grosso+do+sul. Acesso em: 04.10.2013. 42 AL discutirá divisão de Mato Grosso. Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 de janeiro de 1966. Primeiro Caderno,

p.5. Disponível em:

http://acervo.folha.com.br/resultados/buscade_talhada/?utf8=%E2%9C%93&fsp=on&all_words=&phrase=mato

+grosso+do+sul. Acesso em: 04.10.2013. 43 MATO Grosso: muita terra e pouca gente. Folha de S. Paulo, São Paulo, 21 de abril de 1968. Suplemento

Especial. p.19-42. Disponível em: http://acervo.folha.com.br/fsp/1968/04/21/139/. Acesso em: 28.11.2013. 44 Idem 45 Ibidem.

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constituindo-se “num desafio ao pioneirismo”.46. A posição da Folha de S. Paulo nos embates

do divisionismo apresenta-se de forma latente, sendo ainda corroborada por dados de períodos

seguintes.

Definiu-se como recorte temporal para amostragem do material divulgado pelo

jornal, no que tange a campanha divisionista, divisão do Mato Grosso e criação do Estado sul

mato grossense, as datas de 01 de janeiro de 1975 a 31 de dezembro de 1977. Desta forma, a

pesquisa tem início no ano em que ocorre, a primeira manifestação pública e oficial das elites

a respeito da divisão do Mato Grosso e tem como data final o último mês do ano em que foi

homologado o decreto de criação do Mato Grosso do Sul.

O emprego da nomenclatura “Mato Grosso” como termo de busca para o período

delimitado entre 01 de janeiro de 1977 a 31 de dezembro de 1977, gerou um montante de

1.280 notícias. Porém, por não conter um dispositivo de desambiguação, muitas informações,

apareceram relacionando Mato Grosso a situações de ordens diversas, fazendo com que o

número aparentemente grande fosse reduzido a apenas 97 notícias de conteúdo relevante para

elaboração desta pesquisa. Realizou-se ainda uma segunda investigação para a qual se utilizou

a seguinte delimitação de datas: 01 de janeiro de 1975 a 31 de dezembro de 1977,

empregando como termo de busca a terminologia “Mato Grosso do Sul”. Obteve-se assim,

um resultado de 90 páginas, no entanto os recortes acabam por compreender datas análogas e

das 24 notícias a que se reduziu o montante inicial, apenas 03 não foram contempladas na

primeira pesquisa. Desta forma os dados considerados para elaboração do presente artigo

advêm da leitura e análise de 100 notícias publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo no período

de 01 de janeiro de 1975 a 31 de dezembro de 1977.

Tânia de Luca chama atenção para a importância de se “atentar para o destaque

conferido ao acontecimento, assim como para o local em que se deu a publicação” 47. Há

também uma hierarquia de seções, a seção “nacional”, tem maior visibilidade do que a

“interior”, por exemplo. Ainda segundo a autora, os procedimentos tipográficos e as

ilustrações também conferem significado ao discurso e “a ênfase em certos temas, linguagem

e a natureza do conteúdo tampouco se dissociam do público que o jornal [...] pretende

atingir.” 48.

46 MATO Grosso: muita terra e pouca gente. Folha de S. Paulo, São Paulo, 21 de abril de 1968. Suplemento

Especial. p.19-42. Disponível em: http://acervo.folha.com.br/fsp/1968/04/21/139/. Acesso em: 28.11.2013. 47 LUCA, Tânia Regina de. Fontes impressas: História dos, nos e por meio dos periódicos (p.111-153). In:

PINSKY, Carla Bassanegi org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto. 2005. Pg.140 48 Idem.

16

Desta forma decidiu-se por apresentar os dados por meio de tabela representativa da

alocação das notícias dentro do periódico, por entendermos que a escolha do espaço em que

se insere a informação numa página determina a intenção e o alcance desta. Assim temos que,

do valor total de 100 notícias, apenas 03 não se inserem no chamado “Primeiro Caderno”,

definido como lócus de dedicação da editora “à vida política, institucional e aos movimentos

sociais.” O primeiro caderno divide-se ainda, em diversas categorias como Nacional, Interior

e Opinião, constituindo-se, sobretudo, pela representação de assuntos relacionados aos

desdobramentos da política recente, informando sem nunca deixar de formar. Assim,

compreende-se, portanto, a alocação das notícias relativas à divisão do Mato Grosso neste

caderno. Desta forma temos o seguinte quadro:

Quadro 1 – Quadro representativo da distribuição de notícias obtidas a partir da

nomenclatura “Mato Grosso” dentro do Primeiro Caderno da Folha de S. Paulo – 01.01.1977

a 31.12.197749

LOCAL QUANTIDADE PORCENTAGEM

Nacional 61 65%

Opinião 14 15%

Interior 08 8,5%

Primeira página 05 5,3%

Análise/Tendências 04 4,2%

Economia 01 1%

Folhinha 01 1%

Total de notícias no 1º caderno: 94 100%

Fonte: Folha de S. Paulo – Acervo Folha (acervofolha.com.br).

No período pesquisado, o tema da divisão do Estado do Mato Grosso ganha destaque

na primeira página por cinco vezes50. Sob o título de “Mato Grosso dividido”, ladeado pela

49 O quadro de número 1 contempla apenas as 94 notícias alocadas no chamado Primeiro Caderno e veiculadas

no ano de 1977.

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foto do então governador Garcia Neto e pelo novo mapa da região, apresentando a divisão dos

territórios, é divulgada “oficialmente” já em 04 de maio de 1977 a criação do Estado de

Campo Grande (nome que se especulava a época), e a atitude da população campo-grandense

que saiu às ruas “manifestando sua alegria e improvisando um grande carnaval”.51.

Durante toda a pesquisa pode-se localizar a presença de uma única charge, por esta

particularidade optou-se por sua reprodução abaixo:

Fonte: Folha de S. Paulo, maio/1977 – Acervo Folha (acervofolha.com.br)

Presente na segunda página da seção “Opinião” do 1º caderno publicado no dia 08 de

maio de 1977, a presente charge teve destaque na constituição da página, alocada de maneira

central, sem ser, porém, ladeada por notícias complementares ou referenciada por legenda.

Afora a divisão do Estado do Mato Grosso, a ilustração também tinha por intenção fazer

menção a “Lei do Divórcio” que discutida no período foi sancionada em dezembro daquele

ano. A charge ia ao encontro da declaração feita pelo então arcebispo de Cuiabá, Dom

Bonifácio Piccinini, durante procissão na cidade e publicada pela Folha em 28 de abril de

1977, o clérigo conclamava a população para que rogassem a Deus “que nos livre de dois

50 Mato Grosso dividido – 04/05/77; Campo Grande confia em sua riqueza – 08/05/77; Geisel assina a divisão de

Mato Grosso – 25/08/77; Divisão de Mato Grosso ainda esta semana – 12/09/77; Criado o Estado de MT do Sul

– 12/10/77. Fonte: acervofolha.com.br 51 Mato Grosso dividido – 04/05/77 – Folha de S. Paulo, 1ª página.

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grandes males: a divisão da família e a divisão do Estado” 52 e ia além ao afirmar: “não

votamos para que façam a infelicidade de nossa família e de nossa gente”53. Enquanto,

segundo a publicação, “alguns fiéis agitavam faixas com dizeres contrários ao divórcio e à

divisão do Estado”.54.

Manchetes podem ser definidas como “o principal ponto de atração de uma notícia,

juntamente com a foto. [...] têm as funções de resumir a notícia, impactar e atrair o leitor de

forma a persuadi-lo a ler o texto por inteiro.” 55. A primeira manchete localizada sobre a

temática divisionista data de 01 de maio de 1975, “Senador apoia divisão de Mato Grosso” e

em 12 de fevereiro de 197656 lê-se na primeira página que a “Divisão de Mato Grosso sairia

logo”. Outras quatro manchetes de períodos distintos também merecem destaque, são elas:

“Em janeiro de 79, Mato Grosso do Sul e do Norte” (22.03.77); “Garcia Neto desconhece

divisão” (23.03.77); “Anunciada divisão de Mato Grosso” (04.05.77) e “Redivisão é

necessária” (11.10.77). A ênfase dedicada às notícias através das manchetes deixa

transparecer, nos exemplos citados, a posição da Folha que endossava a divisão antecipando-

se a ela (nos cinco primeiros exemplos) e corroborando-a (no último), valendo-se da máxima

de que “a visão do leitor sobre determinado fato pode ser construída a partir de uma única

frase.” 57. Assim temos que o destaque conferido a uma notícia marca também um

posicionamento, as notícias estão sempre a “serviço de”, cabendo ao leitor e ao pesquisador

investigar a quem ela serve. Compreendemos, portanto, que a análise deve ser ainda mais

abrangente, entendendo a mídia como integrante do jogo político e da construção do

acontecimento histórico58.

52 IGREJA contra divisão de MT. Folha de S. Paulo, São Paulo. 28 de abril de 1977 – pg.09 – 1º Caderno.

Acervo Folha de S. Paulo. Disponível em: acervofolha.com.br. Acesso em: 14.06.2014 53 Idem 54 Ibidem. 55 FERNANDES, Mario Luiz; ANDRADE, Danusa Santana. O jornal Correio do Estado, de Campo Grande,

no processo de divisão de Mato Grosso do Sul. p. 07. Disponível em: http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-

nacionais-1/9o-encontro-2013/artigos/gt-historia-do-jornalismo/o-jornal-correio-do-estado-de-campo-grande-no-

processo-de-divisao-de-mato-grosso-do-sul Acesso em: 05.06.14. 56 Notícias não relacionadas no quadro de número 1 por terem sido publicadas em período anterior ao

contemplado. 57 FERNANDES, Mario Luiz; ANDRADE, Danusa Santana. O jornal Correio do Estado, de Campo Grande,

no processo de divisão de Mato Grosso do Sul. p. 07. Disponível em: http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-

nacionais-1/9o-encontro-2013/artigos/gt-historia-do-jornalismo/o-jornal-correio-do-estado-de-campo-grande-no-

processo-de-divisao-de-mato-grosso-do-sul Acesso em: 05.06.14. 58 SOTANA, Edvaldo Correa. A paz sob suspeita: representações jornalísticas sobre a manutenção da paz

mundial, 1945-1953. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Ciências e Letras de Assis - Universidade

Estadual Paulista. -- Assis, SP, 2010. p.22-23.

19

A Folha prova desta forma que “os jornais podem ser aliados importantes de um

governo, assim como, também, opositores ferrenhos” 59, demonstrando o seu papel de

formadores de opinião capazes de direcionar discursos de acordo com seus próprios

interesses. A imprensa é ora moldada pela realidade político social na qual se insere, ora

artífice desta.

A Folha de S. Paulo noticiou a sequencia de fatos relacionados à criação do Mato

Grosso do Sul, publicou e produziu séries de reportagens, artigos de opinião e charge,

materiais que quando analisados revelam um posicionamento da empresa explicável através

de uma reconstituição histórica. Como “o grande jornal da classe média brasileira” 60, e como

baluarte da defesa de São Paulo, é em nome destes e de sua relação com o sul do Mato Grosso

que a Folha define e explicita o seu posicionamento favorável à divisão, por vezes apontada

como uma luta histórica e justa dada a exploração da região Sul pelo Norte e a existência de

diferenças culturais a distanciá-los.

A Folha de S. Paulo, no período pesquisado, demonstrou nitidamente ser impossível

ignorar “a posição política dos jornais e, principalmente, as relações sociais construídas ao

longo das suas trajetórias” 61, ao analisar o posicionamento dos meios de comunicação diante

de acontecimentos históricos.

Ainda que se pretenda imparcial e objetiva, a imprensa nunca se limita a meramente

transmitir informações, não só informa como também forma e deve, por isso, ser

compreendida como agente do campo político. Segundo Luiz Antônio Dias, “[...] os jornais

sempre buscam atrair seus leitores para uma causa, quer seja ela política ou econômica” 62.

59 DIAS, Luiz Antônio. O poder da Imprensa e a Imprensa do poder: a Folha de São Paulo e o Golpe Militar de

1964. Dissertação (Mestrado em História) – UNESP/Assis, outubro de 1993.p.32. 60 MOTA, Carlos Guilherme; CAPELATO, Maria Helena. História da Folha de S. Paulo: 1921-1981. São

Paulo: IMPRES, 1981. p.234. 61 SOTANA, Edvaldo Correa. O discurso pacifista nas páginas da imprensa escrita brasileira: uma análise dos

jornais O Estado de S. Paulo e Correio da Manhã. Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de

História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. p.6. 62 DIAS, Luiz Antônio. O poder da Imprensa e a Imprensa do poder: a Folha de São Paulo e o Golpe Militar de

1964. Dissertação (Mestrado em História) – UNESP/Assis, outubro de 1993. p. 32.

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