História da Revista no Brasil

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• Há mais de 200 anos as primeiras revistas começaram a ser editadas no Brasil. Graficamente, as primeiras edições eram semelhantes aos livros e jornais da época. Com o tempo foram se modificando, incluindo novos conteúdos, acrescentar número de páginas, notícias culturais, colunas de opiniões, ilustrações e fotografias. • Em 1812, na Bahia, surge a 1º revista não oficial, lançada pelo jornal Idade d’Ouro do Brasil, sob o título “As Variedades ou Ensaios de Literatura”, criada por Manoel Antonio d Silva Serva. Seus redatores eram influenciados pela monarquia de Portugal, super conservadora. • Em 1828, no Rio de Janeiro, nasce a Revista Semanaria dos Trabalhadores Legislativos da Câmera dos Senhores Deputados. •As primeiras revistas não mantêm preocupação em refletir os acontecimentos da vida social. Configuram-se como publicações muito mais eruditas do que noticiosas, de modo que nem se destacam perante a sociedade nem causam fortes impactos. •A situação começa a mudar no início da década de 1860, quando as revistas passam a oferecer ao leitor notícias de

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• Há mais de 200 anos as primeiras revistas começaram a ser editadas no Brasil. Graficamente, as primeiras edições eram semelhantes aos livros e jornais da época. Com o tempo foram se modificando, incluindo novos conteúdos, acrescentar número de páginas, notícias culturais, colunas de opiniões, ilustrações e fotografias.

• Em 1812, na Bahia, surge a 1º revista não oficial, lançada pelo jornal Idade d’Ouro do Brasil, sob o título “As Variedades ou Ensaios de Literatura”, criada por Manoel Antonio d Silva Serva. Seus redatores eram influenciados pela monarquia de Portugal, super conservadora.

• Em 1828, no Rio de Janeiro, nasce a Revista Semanaria dos Trabalhadores Legislativos da Câmera dos Senhores Deputados.

•As primeiras revistas não mantêm preocupação em refletir os acontecimentos da vida social. Configuram-se como publicações muito mais eruditas do que noticiosas, de modo que nem se destacam perante a sociedade nem causam fortes impactos.

•A situação começa a mudar no início da década de 1860, quando as revistas passam a oferecer ao leitor notícias de interesse social que abrangem desde aspectos mais “sublimes” a momentos trágicos. É também quando se dá a inserção de fotografias e ilustrações nas diferentes edições.

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• Em 1865,na Guerra do Paraguai (1864-1870), merece atenção da Semana Ilustrada, periódico de Henrique Fleuiss, desenhista alemão radicado no Brasil. Ao tempo em que os jornais se limitam a transcrever informações oficiais ou publicam cartas enviadas por correspondentes que se encontram no campo de batalha, a Semana Ilustrada, que vai do ano de 1860 a 1876, coliga-se a um grupo de oficias que estão à frente e se tornam os mais novos repórteres do semanário, que recebe, com efetiva periodicidade, informações efotografias.

• Nasce com “[...] aqueles repórteres de última hora, um gênero jornalístico novo no Brasil: a fotorreportagem, sob a forma de textos curtos que acompanhavam a imagem”.

• No entanto, a bem da verdade, trata-se de um “nascimento” sem pretensões fotojornalísticas: os oficiais usam a fotografia apenas como base para ilustrar a informação.

• Outro destaque da Semana Ilustrada, ainda no século XIX, é a utilização da charge padrão. Assemelha-se a uma foto em dois planos (corpo pequeno – cabeça grande.

• Entre o final do século XIX e o primeiro decênio do século XX, acontece, mais sistematicamente, a inserção de fotografias em jornais e revistas. É uma fase que coincide com o declínio do folhetim e a chegada da informação como cerne das publicações periódicas.

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• A inclusão de temas políticos, esportivos e policiais como também de colaborações literárias faz com que essas matérias comecem a ser separadas da paginação dos jornais como um todo, e apareçam à parte.

• E, ao que tudo indica, é, também, por conta dessas transformações que as revistas ilustradas proliferam com relativa rapidez. Se, inicialmente, têm a charge como principal manifestação imagética, posteriormente, as revistas transformam-se em principais veículos de difusão de imagens fotográficas. Este é o momento histórico de diversos títulos, como Semana Ilustrada; Revista da Semana; O Malho; Kosmos; Fon-Fon!; Careta; A Cigarra; Revista Ilustrada São Paulo; Diretrizes; Manchete; Realidade; e Veja.

• A Revista da Semana, fundada por Álvaro Tefé, em 1900, consta como a primeira publicação brasileira a utilizar a fotografia para ilustrar suas reportagens. Em momento posterior, passa à propriedade do Jornal do Brasil, circulando como seu suplemento literário. Desvinculase do JB em 1915, quando é adquirida pela Companhia Editora Americana. Nesse mesmo ano, obtém maquinários modernos vindos dos EUA. E acompanha, com propriedade, as inovações tecnológicas e os avanços da fotografia da época inerentes à virada do século XX. Nessa nova fase, sob a direção de Carlos Malheiros Dias, desde o citado 1915, a pauta da Revista da Semana é ocupada por atualidades sociais, políticas e policiais. Torna-se leve, alegre e elegante, com ilustrações dos cartunistas ao ponto de se transformar, a partir de 1915, em mais uma revista feminina. Sua edição prossegue até 1962

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• No ano 1902, aparece O Malho, outra importante revista de conteúdo humorístico e, posteriormente, também político, fundada por Luís Bartolomeu. Durante sua sobrevivência – vai até 1954 –, sofre várias mudanças. Sua especialidade é a crítica política, que aparece, com freqüência, sob a estratégia de famosas caricaturas assinadas por J. Carlos, Raul Pederneiras, pelo citado K Lixto e outros cartunistas. Como conseqüência, O Malho é uma publicação vista até os dias de hoje como uma das mais importantes revistas de crítica, na fase da República Velha. A partir de 1904, seu caráter político se consolida ainda mais, mediante a colaboração de grandes nomes, como Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Olavo Bilac); Pedro Rabelo e Emílio de Rebelo.

• Em janeiro de 1904, nasce a de Kosmos, que circula somente por dois anos, e, portanto, suas edições vão até 1906. Seu conteúdo privilegia crônicas, manifestações artísticas e reportagens sobre eventos sociais da elite carioca. Além disto, mantém certo rigor, o que lhe assegura popularidade, sem contar com o fato de que, dentre seus colaboradores, tal como ocorre 88 com O Malho, estão nomes respeitados e consagrados, a exemplo de Olavo Bilac, Francisco Braga e Artur Azevedo.

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• Fon-Fon!, título nitidamente inspirado em buzina de automóveis, em seus primeiros oito anos, entre 1907 e 1915, é editada por três intelectuais de filiação simbolista, Luís Gonzaga Duque Estrada, Mário Pederneira e Lima Campos. Trata-se de uma revista de costumes e de notícias e que enfatiza o esnobismo carioca da época, com uso de muita ilustração, muitas fotografias e muitas matérias literárias. Um de seus pontos de maior impacto é a contribuição do famoso artista plástico e pintor Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti, como capista de algumas edições, alusiva a um número de 1915. Vai até o ano 1958.

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• No dia 6 de junho de 1908, Jorge Schimdt lança a primeira Careta, cujo diretor

artístico é J. Carlos, até 1921. Passa, então, a exercer a função de diretor gráfico do

grupo Pimenta de Melo, responsável também pela publicação de O Malho, o que

corresponde a uma significativa mudança no mercado editorial de então. A primeira

capa de Careta traz divertida caricatura do Presidente Afonso Augusto Moreira

Pena, que governa o Brasil de 15 de novembro de 1906 a 14 de junho de 1909.

Careta constrói verdadeiras críticas políticas. Seus textos e suas ilustrações estão

carregados de forte dose de ironia e de humor, de tal forma que suas matérias

consistem em verdadeiras crônicas acerca da Capital (Rio de Janeiro) e do Brasil dos

primeiros anos de século XX. Tudo isto concorre para que se mantenha nas bancas

por mais de 50 anos, até que chega ao último número, em 5 de novembro de 1960.

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No ano de 1914, chega ao mercado outra revista, A Cigarra, com periodicidade quinzenal. Alcança popularidade durante o início do século XX, uma vez que reflete, com relativa fidedignidade, o comportamento da época. Para tanto, lança mão de fotografias, ilustrações, jogos e textos assinados por escritores como José Oswald de Sousa Andrade, José Renato Monteiro Lobato (o precursor da literatura infantil no Brasil), e, novamente, Olavo Bilac.As mulheres aparecem nas capas e são contempladas em seções, como Vida Doméstica, que veicula notícias sobre bailes, saraus e espetáculos da cidade. Em 1934, passa às mãos do proprietário dos Diários Associados, Assis Chateaubriand, e sai de circulação, em 1948.

• Revista Ilustrada São Paulo, publicação do Governo paulista dos anos 30, século XX, ano 1936, sob a responsabilidade editorial de Armando de Sales Oliveira. Com projeto gráfico arrojado, valoriza tanto o fotojornalismo como a fotomontagem. Aqui, vale o adendo deque nessa fase histórica, sobretudo, em 1939, imigram para o território brasileiro algunsfotógrafos de origem alemã. Trazem consigo influências do movimento Bahaus, com ênfase nas formas, no grafismo e no uso de recursos, tais como ampliação e montagem.

Em 1938, surge um periódico mensal de impacto, Diretrizes, que se impõe como o único veículo de comunicação que se opõe abertamente ao Estado Novo, o que é decisivo para seu fechamento, em 1944, por ordem direta do Governo Vargas. Criada por Samuel Wainer, importante figura da imprensa brasileira e mais conhecido pela posse do jornalÚltima Hora.

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• A revista Manchete, por sua vez, lança seu primeiro número, em 1952, graças à iniciativado imigrante russo naturalizado brasileiro Adolfo Bloch, que chega ao Brasil em 1922. Manchete adota concepção moderna inspirada, nitidamente, na ilustrada Paris Match. E mais, é reconhecida como o semanário que mais utiliza a fotografia como principal forma delinguagem. Atinge, logo de início, rápido sucesso. Em poucas semanas, alcança o posto de asegunda revista semanal de circulação nacional mais vendida, aquém apenas da renomada e, até então, hegemônica O Cruzeiro.

• Não obstante o predomínio dos dois títulos – O Cruzeiro e Manchete – no mercado derevistas da época, neste meio termo, a Editora Abril lança Realidade, ano 1966. Anunciada como a publicação semanal de homens e mulheres inteligentes “[...] que querem saber mais a respeito de tudo”, como anuncia seu fundador, Victor Civita, Realidade, reúne “ousadia dos temas, investigação aprofundada, texto elaborado e ensaios fotográficos antológicos”.

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• Com a promulgação do citado AI-5, em dezembro de 1968, Realidade passa à sofrer pressão da censura, fato que perdurou por anos e, acabou por resultar no fechamentodesta revista, em janeiro de 1976. De qualquer forma, confirmando as palavras dos autores ora referendados, ainda hoje é lembrada por sua abordagem criativa, pela novidade de textos escritos em primeira pessoa, e por fotos que deixam visualizar a existência de fotógrafos e designers gráficos inovadores.

• Pouco antes do AI-5, em pleno Regime Militar (1964-1985), surge uma revista até hojepresente na vida dos brasileiros e que, atualmente, século XXI, figura como o semanáriobrasileiro de informação com maior circulação e tiragem. Estamos nos referindo à Veja, cuja primeira edição data de 11 de setembro de 1968.

• Em sua fase inicial, Veja enfrenta sérios problemas com os órgãos de censura, com edições mutiladas e / ou apreendidas,até porque, um dos fundamentos da linha editorial adotada é oposição ao Regime Militar, sem abrir mão de expor opiniões críticas.

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• Sob os moldes da publicação norte-americana, Time, sua intenção inicial é ser umaresenha da semana, com espaço para coberturas exclusivas e destacado viés interpretativo.• Assim, a partir dos primeiros fascículos, já se caracteriza por um texto pessoal e padronizado, e, ao longo de sua existência, Veja consegue sobreviver e resistir bravamente a todas as dificuldades iniciais, a ponto de festejar, no dia 2 de fevereiro de 2011, sua 2.2002a edição.