história da flauta doce

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    Traduo:Prof. Romero Damio

    A flauta doce o membro mais desenvolvido da antiga famlia das flautas de tubo interno, flautas com umajanela (windway) fixa formada por uma pea de madeira chamada de bloco. distinta de outra flauta de tubo

    interno com buracos para sete dedos e o buraco para o dedo polegar que tambm serve como abertura de oitava.Talvez a ilustrao mais antiga e incomparvel seja a de uma flauta doce que est no The Mocking of Jesus(posterior a 1315), um afresco da Igreja de Staro Nagoricvino, perto de Kumanova na (Yugoslavia) Macednia,pintada pela casa de pintores Michael e Eutychios no qual um msico toca uma flauta de tubo cilndrico, com owindow/labium claramente visvel, e ao p da qual h um buraco aberto para o dedo mindinho.

    3The Mocking of Jesus

    Antes disso, h vrias ilustraes de tubos parecidos que pode (ou no) ser flautas-tubo que podem (ou no) serflautas doce. Entre as mais antigas est a ilustrao da Dana de Salom (cerca de 1020), tambm conhecidacomo a Coluna de Bernward, um elenco de bronze da Catedral de Hildesheim (Alemanha) na qual Salom danaao acompanhamento de um estreito tubo cilndrico que tem quatro buracos visveis, os mais baixos ligeiramentedeslocados. Este instrumento segurado com as duas mos e na parte de cima h um entalhe (window). O bocal de bico moldado, e o tocador (um homem) no tem a caracterstica de bochechas sopradas dos tocadores deshawm. H vrios outros exemplos do sculo XI, inclusive uma escultura do dcimo primeiro sculo quedescreve os msicos em um pilar de pedra na igreja Boubon-l'Achambault, St George, Frana (repr. Thomson1974, quadro 1) que mostra um tubo parecido que pode ser uma flauta-tubo (flageolet ou flauta doce),acompanhada por rabeca e harpa.

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    Pilar da Igreja Boubon-l'Achambault, St George, Frana.

    O instrumento mais antigo e completo sobrevivendo, a chamada flauta doce de Dordrecht datada de meados dosculo XIII. Esta "flauta doce medieval" caracterizada obviamente por seu corpo estreito e cilndrico (otranscurso largo do tubo interno no meio do instrumento responsvel pela afinao e resposta sonora).

    A Flauta Doce de Dordrecht

    A segunda flauta doce medieval mais ou menos completa e datando do sculo XIV foi reportado de Gttingen(norte da Alemanha) onde foi achada em uma latrina na Weender Straer nmero 26 em 1987. Esta assim

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    denominada flauta doce de Gttingen faz parte da coleo do Stadtarchologie Gttingen e foi descrita porHakelberg (1995), Homo-Lechner (1996) e Reiners (1997). feita em duas partes e tem aberturas para setededos e o buraco do polegar (thumbhole), os buracos mais baixos so dobrados. Tem 256 mm de extenso etambm feita de madeira de frutas (uma espcie de Prunus). Seu bico est estragado, o que provavelmenteexplica por que estava descartada. H morsas na pea entre o primeiro e segundo buracos, e entre o segundo e

    terceiro, como tambm uma marca acentuada atrs do stimo buraco. A pea se expande a 14.5 mm ao fim doinstrumento e tem um p bulboso distinto.

    A Flauta Doce de Gttingen

    Reconstrues de flautas doce medievais produzem um tom que doce e agudo. Em geral, elas tm uma escala

    que diminui tanto quanto o instrumento aumenta de tamanho, percorrendo de um 1/12 de escala para umsopranino a um nono de escala para um contralto. Alguns fabricantes conseguiram estender a escala das flautasdoce de corpo cilndrico para duas ou mais oitavas. Tais flautas doce soam melhor com outros instrumentossuaves do dcimo terceiro ao dcimo quinto sculos, tais como o psaltery, a rabeca, a viela, o alade e tambm avoz.

    Durante o sculo XV fabricantes de instrumento comearam a produzir conjuntos de flautas doce e outrosinstrumentos em diferentes tamanhos. A flauta doce desenvolvida neste perodo foi a "flauta doce da renascena"que alcanou seu apogeu em meados do sculo XVI. Flautas doce da renascena foram conhecidas por umgrande nmero de exemplos sobreviventes. Seus corpos eram cnicos, se afilando suavemente para o p. Estasflautas doce tm uma escala limitada para uma oitava e um sexto, com timbre rico e de qualidade em nveldinmico ao longo da escala. Elas eram fabricadas idealmente para um desempenho da msica vocal einstrumental polifnica do dcimo quinto a incio do dcimo stimo sculos, misturando prontamente e emequilbrio entre si com conjuntos inteiros ou contrastando em condies iguais com outros instrumentosrenascentistas ou vozes.

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    As Flautas Doce da Renascena

    Sopranino Denner

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    Soprano Terton

    Durante o sculo XVII a flauta doce foi completamente redesenhada para uso como instrumento solo. Antes feitaem uma ou duas partes, era agora feita em trs o que permitiu faz-la com uma forma mais acurada. Foi feitauma furao mais precisa que feita anteriormente e tinha assim uma escala cromtica precisa de duas oitavas efinalmente se alcanava as duas oitavas e um quinto. Era feita para produzir sons com boa intensidade, ter umtom cheio e penetrante, e grande poder de expressividade. Muitos esplndidos exemplos originais de taisinstrumentos sobrevivem hoje em condies de uso. Estas flautas doce barrocas so feitas admiravelmente para odesempenho da msica de cmara e concerto. Nesta forma a flauta doce sobreviveu at mais tarde como uminstrumento profissional no sculo XVIII e como um instrumento amador de algum modo no sculo XIX at quefoi temporariamente eclipsada pela flauta transversal.

    A Flauta Doce Barroca

    Rampe e Zapf (1998), afinal, solucionaram o problema da Fiauti d'echo de Bach no Concerto de Brandenburgnmero 4. Parece que a flauta de eco era um par de flautas doce em f' unidas em uma armao pela cabea e pelop, cada uma com corpo diferente e expressando assim caractersticas tonais diferentes. Um exemplar de Heytzsobrevive ainda hoje em Leipzig.

    A flauta doce conquistou o seu espao no Novo Mundo a partir de uma data relativamente cedo e muitos dosprimeiros colonos da Amrica do Norte estavam familiarizados com ela. Capito Smith notificou no seu Mapada Virgnia que os ndios usavam "uma cana para as suas msicas" e que eles transportam como uma flautadoce. A presena fsica de flautas doce na Amrica do Norte foi documentada j em 1633 quando um inventriode uma plantao em New Hampshire listou 15 flautas doce, e um inventrio semelhante feito em outrapropriedade de New Hampshire informou a presena de 26 flautas doce (Msica 1983; Pichierri 1960: 14). Aprimeira banda conhecida a emergir na Amrica foi fundada em New Hampshire em 1653 e consistiu em pelo

    menos dois tambores, 15 obos e "flautas doce" (Bevan. 1984: 123). Escrevendo de New Hampshire 300 anosdepois, Brewster (1859-1873) fez as seguintes anotaes: "Para msica, h dois tambores durante os dias detreinamento, enquanto no menos de quinze hautboys e flautas doce so usadas para alegrar os imigrantes nassuas solides. . ." A flauta doce encontrou uso como um instrumento de marcha na guerra civil americana

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    (Waitzman 1967: 224). "Flautas", flageolets, "flautas comuns" e "flautas inglesas" so por varias vezesmencionadas no incio do sculo XVIII em anncios de jornais americanos. Nestas referncias de "flauta" bastante provvel estar includa a flauta doce; "flauta comum" e "flauta inglesa" poderiam indicar a flauta doce,entretanto a posterior pelo menos poderia se referir ao denominado flageolet ingls, popular no sculo XIX (vejaHigbee 1960). Os mais recentes de tais anncios apareceram em 1815, mais de 200 anos depois da meno da

    flauta doce do Capito Smith (Msica 1983).

    A flauta doce foi pela primeira vez introduzida no Japo no sculo XVI atravs de contatos com europeus (Tada1982). Em 1549, Francisco Xavier veio a Kagoshima para introduzir o Cristianismo, e durante anos, muitosJesutas o seguiram trazendo com eles instrumentos europeus inclusive flautas doce. Porm, a flauta no eramuito popular no Japo. Em 1639, o shogunato Tokugawa suprimiu o Cristianismo e fechou o Japo para todosos pases estrangeiros exceto a Holanda. O shogonato destruiu e queimou tudo o que era ligado ao Cristianismo, msica da Europa e os instrumentos musicais sem nenhuma exceo. At a revogao da lei de isolamentonacional em 1873 pela Restaurao de Meiji, no estavam permitidos o Cristianismo, sua msica auxiliar e seusos instrumentos. A flauta doce no foi re-introduzida at 1929 quando um japons graduado na Universidade deCambridge trouxe algumas flautas doce para casa, e em 1930 o governo alemo enviar alguns flautas doce emsica como presentes para dois professores japoneses.

    Logo aps a segunda guerra mundial, um residente americano no Japo (um virtuoso no shakuhachi) provounum mpeto a flauta doce. Em 1948 foi adotado pelo Ministrio da Educao um novo currculo de msicaescolar levando os fabricantes produo de instrumentos de plstico. Inicialmente as flautas doce feitas noJapo empregavam a chamada digitao alem, mas, depois a mudana foi feita para a digitao inglesa. Em1961, a primeira apresentao usando s tocadores japoneses foi feita com a execuo do Concerto Brandenburgnmero 4 de Bach. Subseqentes visitas feitas por Hans-Martin Linde (1962), Gustav Scheck (1963), FransBrggen (1973), Carl Dolmetsch, Michael Vetter e Hans Maria Kneihs deram mpeto adicional e crescenteinteresse pela flauta doce no Japo. Deste tempo, vrios estudantes japoneses foram para a Europa estudar comestes e outros professores. Em 1975 quatro de tais estudantes formaram um conjunto de flautas doce e ganharamo primeiro prmio na competio internacional de flauta doce do Festival de Flanders em Bruges.

    Hoje a flauta doce desfruta imensa popularidade no Japo em nvel amador e profissional. H um extenso

    repertrio de msica para o instrumento de compositores japoneses (veja Msica Japonesa para Flauta Doce), evrios fabricantes de flauta doce tais como: Aulos, Yuzuru Fukushima, Shigeharu Hirao, Kunito Kinoshita,Suzuki, Hiroyuki Takeyama, Toyama (que fabrica: Alouette, Aulos, Canto de Bel, Elite & Robin de plstico),Jun Tsukada, Yamaha, e Zen-On.

    As Flautas Doce Suzuki de Plstico

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    As Flautas Doce Dolmetch de Plstico

    Quarteto Yamaha de madeira

    Indubitavelmente a flauta doce tem uma histria que espera ser descoberta em outros pases colonizados poreuropeus, inclusive a Austrlia, Canad, Nova Zelndia, frica do Sul, e os muitos pases de Amrica do Sul.Um comeo foi feito pelo delicioso e fascinante artigo de Stobart (1996) relativo introduo da flauta doce nosculo XVI na Bolvia pela Espanha e sua possvel influncia no desenvolvimento da nativa pinkillu, uma flautade tubo de seis furos feita em seis tamanhos diferentes. A pinkillu tocada amplamente na Amrica do Sul,incluindo a Argentina (Gonzalo Juan, pers. com.). Paul Loeb van Zuilenburg (1999) registrou detalhes da recentehistria da flauta doce na frica do Sul.

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    O conto seguinte vem de outra nao-estado, ou seja, do Sul da Austrlia. Em 1965 duas flautas de voz originaisdo sculo XVIII (flautas doce tenor em d) de Bressan foram compradas de um negociante de usados emAdelaide por Mrs Mary McKenzie que se informou com Edgar Hunt o quanto elas valeriam. Elas foramvendidas ao colecionador e negociante americano Wesley Oler de quem logo foram adquiridas por FransBrggen. Um pequeno conserto foi feito por von Huene no bico de um dos instrumentos. At que eu ouvisse

    falar delas em 1974 o seu rastro tinha desaparecido realmente; Hunt (pers. comm.), por exemplo, tinha destrudoa correspondncia relativo a elas. O ponto que nada foi esclarecido de quem as trouxe para a Austrlia e paraque, ou com que inteno elas poderiam ter sido usadas. Felizmente, algo foi salvado deste pedao arrependidode vandalismo cultural nas fotografias e desenhos detalhados dos instrumentos que foram publicados porMorgan (1981).

    Foi discutido convincentemente que a flauta doce na verdade tem uma existncia contnua do XVII ao XIXsculos (Reyne 1985, 1987). Ns j vimos como nos E.U.A. a flauta doce foi jogada bem no meio do sculo XIXno estado de New Hampshire. Na Europa, trs geraes da famlia de Walch de Berchtesdaden, Alemanha,fabricaram flautas doce, nominalmente Lorenz Walch (meados do dcimo oitavo sculo), Lorenz Walch II (fl.1809-1862) e Paul Walch (1862-1873). Instrumentos existentes de todos eles foram catalogados por Young(1993: 249-251). Na Inglaterra, Goulding & Cia. (1786-1834) fabricou flautas doce, como fez John Townsend(1816-1869) em Manchester (Blanchfield 1990). Corcoran (1965) anotou que um Thomas Davies, de Halkwin,

    Flintshire, Inglaterra que nasceu em 1830 possua uma flauta doce de Steenbergen do sculo XVIII com a qualtocou desde sua juventude at o fim de sua vida. O seu neto se lembra dele tocando em 1914. Hunt (1977) anotaa existncia na coleo da Senhora G. de Thibault Chambure de uma cpia de uma velha flauta doce tenor com ainscrio P.R. Recordao de Couture, 1875, e J.B. Martin ao amigo Paul Roche. A nota de Hunt que um

    instrumento isolado no constitui uma revificao parece completamente perdida.

    Realmente, o msico amador do sculo XIX poderia tocar decididamente msica romntica em tipos diferentesde flauta de tubo, dependendo de onde ele era. Em Paris tinha o flageolet, o galoubet, ou at mesmo a flautaharmnica. Em Londres o flageolet solo, em dupla ou at mesmo tripla. Em Viena o flageolet de Wiener, csakanou flte douce. A ltima simplesmente era uma flauta doce, como essas feitas pela famlia de Walsh. Realmente,um catlogo ilustrado da firma Markneukirchen de Kmpffe de 1835 inclui uma flauta doce de estilo barroco eum esfrego de limpeza (repr. Betz 1992: 38). Das outras, s o csakan de interesse nosso aqui, pois, era fe ito

    com uma abertura de oitava (thumbhole) e buracos para sete dedos; o restante no tinha um thumbhole e, como aflauta, buracos para s seis dedos.

    O csakan, com efeito, uma flauta doce com chaves, primeiro apareceu em 1807 ao redor de Viena eprovavelmente era uma inveno de Anton Heberle. Inicialmente o instrumento foi equipado com uma chave d #(como na flauta transversal antiga) e tinha uma escala de 2 oitavas e um quinto que correspondem notao c' -g'' ' mas soando ab'-eb '''' o que quer dizer que o csakan foi considerado um instrumento transpondo em ab. Nosanos 1820, fabricantes de instrumento proveram a csakan moldada com outra madeira como a do obo eclarinete. Assim no csakan brotaram chaves adicionais para g #, f, f #, bb, uma chave de trinado b/c, um baixo c#... Algumas csakans tiveram at dez chaves e uma escala que se estende a um g' adicional soando graas a umachave. Vrios fabricantes fizeram csakans e fltes douces, entre eles Hell, Kmpffe, Nielson e Zimmermann.Tutoriais para o instrumento foram publicados por Koehler, Koch, Krhmer e Barth, entre outros.

    Os csakan continuaram sendo tocados at por volta do sculo XX, como comprovado pelo instrumento deKoehler (1880) e Barth (1910) que pelo tempo tinha se tornado um instrumento em C, com ou sem chaves. Umcatlogo de 1899 de um fabricante de instrumento de Leipzig, Julius Heinrich Zimmermann anuncia csakanssem chaves, com uma chave e com seis chaves (repr. Reyne 1987: 5; Betz 1992: 48, fig. 26). Um catlogo deZimmerman de 1905 (repr. Betz 1992: 92, fig. 34) listas um conjunto inteiro de Blockflten SATB em umavariedade de afinaes como segue: soprano (C ou D), contralto (G, F, E ou D), tenor (C ou A), Baixo (G, F, E,D ou C). Assim a tradio de fabricar flautas doce existiu por muito tempo antes do renascimento comumentesuposto deste instrumento no sculo XX, como um velho instrumento para a msica antiga.

    Da virada do sculo at os anos trinta, o csakan era associado na Alemanha com o Schulflte e oWienerflageolett, correspondendo a um instrumento em D com s 6 buracos para digitao e com um mximo de6 chaves. Este Schulcsakan alemo deu caminho eventualmente a re-descoberta da flauta doce soprano (Reyne1987).

    A revificao da flauta doce aconteceu no fim do sculo XIX, quando foram reunidas colees de instrumentosmusicais antigos de grandes museu e o pelo interesse crescente em msica pr-clssica, ajudando a produzir um

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    clima no qual a flauta doce pde florescer novamente. Em 1885 um grupo do Conservatrio de Bruxelas tocouuma Sinfonia Pastorale do Eurydice de Jacopo Peri executado com flauti dolci na Exposio Internacional deInventos nas galerias do Albert Hall em Kensington do Sul, Londres, junto a uma exposio de instrumentosmusicais, alguns trazidos por Victor-Charles Mahillon do Conservatrio de Bruxelas (Times 1885 Musical). NaInglaterra durante os anos 1890 e incio de 1900, as pesquisas e conferncias de Cnon Francis Galpin, Dr

    Joseph Cox Bridge e Christopher Welch chamaram a ateno adicional para a flauta doce em crculos musicais,entretanto, nada era conhecido sobre sua tcnica ou repertrio.

    Foi dito com freqncia (erradamente) que a primeira flauta doce moderna foi feita em 1919 por ArnoldDolmetsch (1858-1940) baseada em um original de sculo XVIII de sua posse. Na luz do prvio pargrafo talvezseja pertinente dizer que Dolmetsch recebeu o seu treinamento musical no Conservatrio de Bruxelas quandoentrou pela primeira vez em contato com msicos que tocavam instrumentos musicais antigos da coleo doconservatrio. Em 1883, ele mudou-se com a famlia para Londres, para entrar na Faculdade de Msica Realrecentemente aberta, onde pode avanar no interesse pela msica antiga. De forma interessante, a flauta doce deBressan original comprada por Dolmetsch em 1905 (agora no Museu de Horniman, Londres) parece ter sidomodificada severamente por ele (Prados 1994). Seu bloco e bocal de marfim no so originais, e o windwayestreito e curvado das flautas doce de Bressan que produzem suas caractersticas, (o som cheio est ausente), foisubstitudo por um largo windway reto, assim adotado por Dolmetsch para flautas doce que emanam de sua

    prpria oficina. Inicialmente, Dolmetsch e seus scios fizeram cpias para a sua famlia e outras pessoas do seucrculo de tocadores flautas doce, deste modelo um tanto quanto moderno, oferecendo subseqentementeinstrumentos semelhantes feitos mo, para o grande pblico. Logo aparecero compradores para seusinstrumentos incluindo Judith Masefield (a filha do poeta John Masefield), o caricaturista Edmund X. Kapp, eSenhor Bernard Darwin (o filho de Charles Darwin) e George Bernard Shaw (Kelly 1990). A flauta doce figurouno primeiro Festival de Haslemere em 1925 (Hunt 1977). No segundo Festival de Haslemere em 1926,Dolmetsch apresentou um conjunto de soprano, contralto, tenor e baixo, com desenho moderno (Cambell 1975),entretanto tais conjuntos poderiam ter sido comprados em 1905 de Zimmermann em Viena.

    Uma cpia do fabricante de Munique, Gottlieb Gerlach (1909) de um contralto original do sculo XVIII de J.C.Denner, veio iluminar finalmente o caminho de Dolmetsch (Kirnbauer 1992), adiantando-o em dez anos. Oinstrumento feito por Gerlach era para uso da surpreendente Banda de Artistas de Bogenhausen (Bogenhausen

    Knstlerkapelle) que executava arranjos de Handel, Scarlatti, Gluck, Mozart e outros em flautas doce (por J.C.Denner, Jacob Denner, Bressan, Schuechbaur, Walch, Oberlender, Schell, e Anon.), e outros instrumentosoriginais de 1890, at quando foi desfeita em 1939 (Moeck 1982). Teve inclusive um aparecimento em Londresem 1900. concebvel que Arnold Dolmetsch assistiu as ltimas apresentaes da Banda.

    Os Bogenhausers se tornaram parte estabelecida da cena musical em Munique, tocando para recepes cvicas,festivais (inclusive o Munich Bach Festival de 1925) e difundindo suas msicas em rdio. Os arranjos tocadospelos Bogenhausers sobrevivem em manuscrito e incluem algumas msicas realmente muito exigentes (a partede contralto em alguns exemplos envolvem passagens rpidas na terceira oitava), (Nikolaj Tarasov, pers. comm.,2000).

    Independentemente dos Dolmetsches ou dos Bogenhausers, Willibald Gurlitt (1889-1963) comeou a usarflautas doce no seu Collegium Musicum em 1921 em Freiburg para o qual ele tinha copias feitas por Walcker &

    Cia dos originais do renascimento de Kynseker . O musiclogo Werner Danckerts (1900-1970) tambm tevecpias feitas dos instrumentos de Kynseker atravs do fabricante Nuremberg Georg Graessel em 1921. Oflautista Gustav Scheck (1901-1984), um scio de Gurlitt, comeou tocando flautas doce originais em 1924,estabelecendo um alto padro artstico que foi continuado pelos seus alunos (Conrad, Delius, Fehr, Linde, etc).

    Peter Harlan (1898-1966) comeou o que agora chamado de Movimento da Flauta Doce Alemo, ajudadopelo esprito avanado do Movimento da Juventude Alem. O meio escolhido por Peter Harlan foi um

    instrumento do povo, descomplicado e satisfatrio para avanar na causa da sociedade pela eufrica experinciado que mais tarde foi chamado de Desenvolvimento Musical, "Mussiche Bildung". Rejeitando a precisohistrica e o treinamento musical profissional, ele apoiou desde o incio a flauta doce renascentista, mas,livremente se expressou para favorecer as suas prprias fantasias como um fabricante de instrumento. Nas suasprprias palavras Harlan quis um instrumento "cujo som no pode ser aumentado, no importa com que arte sejafeito; de cuja essncia no pode ser alterada por qualquer virtuosismo". Ao contrrio da convico popular,Harlan nunca fez suas flautas doce (Moeck 1982).

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    Depois da visita de Dolmetsch no Primeiro Festival de Haslemere em 1925, ele tinha um instrumento feito porKurt Jacob e continuou desenvolvendo o desenho ao longo das diretrizes indicadas por Harlan. A primeira flautadoce de Harlan disponvel, um contralto em e', foi oferecida venda em 1926. No ano seguinte um quarteto deinstrumentos foi oferecido em E e A com digitao alem e uma escala de uma e meia oitavas. Estesinstrumentos tinham corpos largos e grandes, mas, faltavam modelos histricos exatos. O crescimento dramtico

    da indstria de instrumentos musicais Vogtland comeada por Peter Harlan (1898-1966) para abastecer odenominado Movimento de Flauta Doce Alemo (inspirado pelo Movimento da Juventude Alem) e seuassociado programa Desenvolvimento Musical, "Musiche Bildung" resultaram em uma proliferao de fbricasproduzindo flautas doce para as categorias mais simples. Entre estas fbricas esto: Adler, Gofferje, Heinrich,Herrnsdorf, Herwig, Moeck, Nagel e Mollenhauer (que tambm fez flautas doce marca Brenreiter).

    No E.U.A. no havia nada em comparao com o Movimento da Juventude Alem, reluzindo de interesses emmsica folclrica e instrumentos antigos. A turn do concerto anual de Carl Dolmetsch (comeado em 1936),com apresentaes de conjuntos como a Trapp Family Singers, e o trabalho de artesos como David Dushkin,William Koch e Friedrich von Huene, lideraram o trabalho de base para um movimento de flauta doce popular.Vale notar que entre os primeiros presidentes da Sociedade de Flauta Doce Americana (fundada em 1939)

    estava Erich Katz, assistente anterior de Wilibald Gurlitt em Freiburg (Haskell 1996).

    Theodor Adorno (1956) foi o incentivador do Movimento de Flauta Doce Alemo declarando " A pessoa stem que ouvir o som do flauta doce- ao mesmo tempo inspido e infantil-e ento o som da flauta verdadeira. Aflauta doce a morte mais assustadora da revivida e continuamente agonizante, Pan". Agora, embora seja fcilpara ns hoje condenar ou ridicularizar os esforos de Harlan (e at mesmo os dos Dolmetsches e seus crculos)eles devem ser vistos no contexto social do seu prprio tempo.

    de nota que naquela ocasio, Raviz tentou introduzir em escolas de Paris o pipeau, um flageolet de metal ouplstico de seis furos, como fez Van de Velde em Tours.

    Tubos de bambu foram introduzidos em escolas dos E.U.A. nos anos 1920 e depois nas escolas da Gr Bretanha,quando Hilda King, diretora de uma escola em Londres, comeou a ensinar seus alunos em 1926. O Grmio deFlautistas de Bambu, fundado por Margaret James em 1932 (com o seu presidente nenhum outro que no

    Vaughan Williams), foi patrocinado por Louise Hanson-Dyer na Frana (1884-1962, uma expatriada australianae dona das Edies Lira de L'Oiseaux), onde ela pde promover compositores como Auric, Ibert, Milhaud,Roussel, Poulenc, Arthur Benjamin da Austrlia e Margaret Sutherland, para escrever para este meio. O Grmiode Flautistas de Bambu, tambm teve o patrocnio de John Manifold, outro australiano (Hall 1978). Realmente,o Grmio de Flautistas da Gr Bretanha ainda ativo. H exemplos semelhantes de patrocinadores achados nahistria de orquestras de cordas dedilhadas (bandolim e violo), orquestras de acordeo e movimentos de bandasde metais, pelo mundo afora.

    Em 1934 Edgar Hunt afianou com exclusividade uma agncia da firma alem Herwig para a fabricao deflautas na Inglaterra que foi logo comprada por Maynard Rushworth de Liverpool, (Kenworthy 1963, Cace1977). A fbrica Herwig fez flautas doce com digitao inglesa para o mercado do Reino Unido, como tambmestava oferecendo uma linha mais barata com a marca Hamlin, trazendo assim a flauta doce para o alcance dopblico em geral. As primeiras flautas doce de plstico (acetato celuloso) foram feitas na Inglaterra no incio da

    Segunda Guerra Mundial por Schott & Co (Hunt 1977), e enviadas a prisioneiros de guerra alemo,particularmente aqueles da RAF, para ajudar nos anos de cativeiro enquanto esperavam (Loretto 1995).Dolmetsch no comeou a produo de flautas doce de plstico (ie baquelita) at 1947. Rosa, Morris & Cia.(Londres) tambm era comerciante das 'Dulcet' (flautas doce de plstico) antes de 1948 e pode t -las fabricadobem antes.

    Poderia ser dito que a revivificao da flauta doce no incio deste sculo, sua popularizao pelos amadores entreas guerras, e sua produo em massa subseqente na Inglaterra e Alemanha para uso nas escolas, foi livrementebaseada no estilo de flauta doce barroca e no modelo renascentista. Porm, em realidade, nenhum modelohistrico particular foi seguido de perto por qualquer campanha.

    Hoje em dia, os desenhistas das fbricas de instrumentos para amadores e para uso em escolas, continuam

    produzindo flautas doce que tm um som um pouco mais suave que as flautas originais do sculo XVIII nasquais elas so baseadas. No entanto, estas flautas doce neobarrocas permanecem essencialmente instrumentospara solo e no so adequadas para serem tocadas em conjuntos. Como ns veremos, tais instrumentosdemandam realmente uma tcnica muito sofisticada quando tom e afinao devem ser aceitveis para qualquer

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    ouvinte. Tocadas por crianas ou adulto amadores elas geralmente soam severas e discordantes. O estilo daflauta doce mais apropriado para uso por crianas e amadores seguramente so os instrumentos do renascimento,especificamente projetados para se juntar entre si. Embora reconstrues de tais flautas doce estejam disponveis(veja abaixo), o custo delas as tira do alcance da maioria, com exceo de alguns tocadores privilegiados.

    Houve vrias tentativas para re-projetar a flauta doce e estender sua capacidade de uso em um contextocontemporneo. Porm, virtuosos tm, na sua maioria, preferido instrumentos projetados aps os modeloshistricos (ie pr-clssico).

    No incio do sculo XX inovaes incluram uma chave na flauta doce convencional para fechar o sino (p daflauta onde ficam os ltimos buracos) e facilitar a produo de certas notas altas (veja Digitao da Flauta Doce).Uma chave de sino provavelmente foi feita pela primeira vez em 1953 por John W.F. Juritz, professor de fsica efagotista em Cape Town (Waitzman 1968) cuja inveno no foi patenteada (Thomas 1987). Uma chave de sinoprojetada por Carl Dolmetsch em 1957, a primeira usada por ele publicamente em 1958, envolvia e tampava osino, abria-se e deixava um novo buraco ao lado do p que estava sendo coberto, era operada por uma chave pelodedo mindinho da mo direita. Esta chave montada ao lado efoi o assunto da Patente britnica #852165, de 8 de

    junho 1959, baseada em uma aplicao de 1958 (Madwick & Loretto 1996, Thomas 1998). Entretanto o texto daaplicao da patente tambm menciona a estratgia alternativa de fechar ou fechar parcialmente o sino que seabre (Loretto 1999). Uma inveno de menor sucesso de Carl Dolmetsch foi uma semelhante chave fechadamontada ao lado do sino e operada pelo dedo mindinho da mo esquerda que tornou possvel um f #'' '. A patentefoi concedida posteriormente tambm no dia 8 de junho 1959 (Thomas 1998). Depois uma chave que foiprojetada por Dolmetsch cobria o sino, abrindo-se por se mesma e que poderia ser operada pelo dedo mindinhoda mo direita ou, mais usualmente, pelo mindinho da mo esquerda. Em 1958 Edgar Hunt construiu uma chavede sino experimental longa, operada pelo dedo mindinho da mo esquerda, como a chave longa do F do sculoXVIII e do obo moderno (Hunt, 1961, Waitzman 1968). O dedo mindinho da mo esquerda comprimia umaalavanca para puxar um arame que passado atravs da junta do p do sino puxava uma chave contra o buraco.Tambm em 1958, William Koch de Haverhill, New Hamphsire, E.U.A., estava usando uma chave de sino paraobter notas adicionais na sua flauta doce baixo (Waitzman 1968, 1969).

    Em 1930 Carl Dolmetsch tambm introduziu o eco ou tecla de piano operada pelo queixo ou pelo dedo mindinho

    da mo esquerda, que abria um pequeno buraco no bloco da flauta doce por meio de um plunger e elevava aafinao do instrumento a um semitom, tornando possvel tocar com suavidade e com diminuta presso do sopro,assim como, facilitando o tocar cromtico. Este mtodo foi posteriormente abandonado em favor de umpequeno buraco adicional na parede lateral por trs da cabea da flauta e oposto a abertura da janela. Amodificao posterior tambm foi patenteada em 1958 (Patente britnica #852135), entretanto ela deriva dachave de eco de alguns flageolets do sculo XVIII. Mais recentemente, Carmichael (1999) modificou omecanismo do ltimo dispositivo para ser ativado por um plunger operado pelo lbio mais baixo do tocador, paradar controle de volume e vibrato.

    Carl Dolmetsch tambm inventou o denominado projetor de som (Patente britnica #666602), um anexo

    moldado em roda de madeira que colocado junto da janela da flauta doce, servia para captar o som e projeta-loadiante com inteno de dar para a flauta mais volume. O primeiro projetor de som, usado publicamente por CarlDolmetsch em 1949, foi substitudo depois por um modelo de plstico em dois tamanhos (um para sopranino e

    soprano, o outro para contralto e tenor). Todas as anteriores licenas de inovaes deixaram a flauta doceessencialmente inalterada e ainda pode ser tocada como qualquer outra flauta doce at o tocador ter boa razopara fazer uso dos projetores (veja Dolmetsch 1960; Dolmetsch 1996; Madgwick & Loretto 1997).

    Outra inovao de Dolmetsch foi a flauta doce muda, que consistia de uma dobra estreita de papel enganchada

    em cima do lbio da flauta. Foi primeiramente descrita por Carl Dolmetsch naparte 3 do Livro da Flauta doceEscolar (Dolmetsch, no datado).

    Tsukamoto (1975), construiu flautas doce com chaves de sinos montadas ao lado e que tinham um p alongado,elas obviamente fechavam o sino e abriam-se s. Uma flauta doce patrocinada pelo tocador americano DanielWaitzman (1978) foi substancialmente re-projetada com uma chave de sino montada no p e com um sistema dedigitao dramaticamente diferente e sem sucesso.

    O piano ou chave de sussurro foi aplicada na flauta doce tenor harmnica descrita abaixo.

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    Um exemplo da chamada flauta doce de Klingson com seis chaves feitas por Hammerschmidt de Schnbachpode ser vista na Coleo de Instrumentos Musicais de Bate. Nikolaj Tarasov (pers. comm, 2000) relata umcontralto de sua posse com sete chaves. As flautas de Klingson foram feitas em SATB (Stela & Pealver 1997:20).

    Tarasov comenta que as flautas de Klingson foram feitas por Karl Hammerschmidt & Filhos em Burgau,Alemanha. Estas flautas foram inventadas por um msico (? Schnbach) que queira executar o Concerto deBrandenburg de Bach sem os problemas habituais. Esta inveno funcionou, e um exclusivo e pequeno gruporegional aprendeu a tocar as flautas de Klingson. Uma inovao interessante que a abertura do dedo polegartem um tipo de chamin de metal que se projeta de dentro do corpo da flauta de forma que umidade nuncaescorre no dedo polegar. O projeto da flauta Klingson foi abandonado por Hammerschmidt, provavelmentedevido resistncia para o novo sistema de digitao empregado.

    A Chromette ou OrKon, inventada em 1943 (EUA patente #2330379) por Edward Verne Powell (1903-1986,filho de V.Q. Powell famoso fabricante de flauta de Nova Iorque), era essencialmente uma flauta doce sopranomodificada moldada em plstico provida com reforo de anis de metal e com simplificado sistema de chavesBoehm. Suas notas mais baixas poderiam ser tocadas ruidosamente como tambm suavemente com pequenamudana e a escala cromtica foi muito facilitada pelas chaves. Embora fosse pretendida sua produo em massapara uso nas escolas como um instrumento preparatrio para potenciais tocadores de flauta, a aventura falhou(Huene 1994).

    No fim da sua vida, o compositor Australiano/Americano Percy Grainger se interessou por instrumentosmusicais eltricos e mecnicos projetados para uso no contexto da denominada musica livre. Vrias mquinas

    de msica livre capazes de tocar sons contnuos foram desenvolvidas com um colaborador dos EUA, Burnett

    Cross, e incluiu ambos instrumentos eletrnico e de sopro. Uma mquina de 1950 sobrevive no Museu deGrainger, Melbourne na qual um apito estilizado de cabea de cisne e duas flautas doce so operadas por um rolode papel perfurado com buracos e rachas cortadas mo (Davis1984).

    Em 1958 Louis Stein (oboista principal da pera de Paris) exibiu a sua flte d'amour na Exposio de Bruxelas,um instrumento com as propores da flauta doce tenor, mas provida do mecanismo fundamental de um obo

    moderno. A flte d'amour foi feita em trs modelos com chaves redondas para oboistas, com chaves cncavaspara flautistas e com chaves de anel e um arranjo simplificado para amadores (Hunt 1977).

    No incio dos anos 1970, Gyula Foky-Gruber em Viena desenvolveu o Silberton, uma flauta doce sopranofeita de metal completamente banhada de nquel-bronze, e um contralto feito de pau-rosa com uma junta demetal na cabea e duas chaves para o buraco de dedo mnimo. Ambas se caracterizavam por um sistema deexpresso ajustvel pela alterao da posio do bloco e a altura do windway. Ambas eram de corpo cilndrico.Depois a firma alem Hopf produziu os Silberton instrumentos que eles agora oferecem como flautas com

    Sistema Gruber produzidas por Kobliczek nos modelos sopranino, soprano, e contralto. Hoje, Gruber estfabricando novamente estas flautas e assinando como flautas feitas mo em pequena srie, e tambm em pratapura.

    Uma patente para uma flauta totalmente chaveada foi tirada em 1988 pelo saxofonista Arnfred Strathmann, deMemsdorf. A flauta de Strathmann era caracterizada pelas elaboradas chaves e a digitao de um saxofone. Coma ajuda da companhia Klein Kiel, uma srie de flautas de Strathmann foi desenvolvida com muitas caractersticasmodernas. O corpo feito de madeira ou plstico durvel, a altura do bloco ajustvel com um parafusosimples, e o buraco do polegar substitudo por uma chave que abre dois pequenos buracos no alto da cabea eatravs dela se eleva de um registro baixo para uma oitava acima. O volume de som para todas as notas maisforte que em flautas convencionais, e o timbre est entre o de uma flauta doce e uma flauta transversal. Foramfeitas flautas de Strathmann modelos soprano e contralto (Huene 1994). Agora que a companhia Klein faliu,Strathmann continua fazendo estes instrumentos sozinho, em pequenas quantidades.

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    A Flauta Doce de Strathmann

    A firma Mollenhauer recentemente incorporou uma flauta doce contralto projetada com um novo bloco ajustvel

    (ie um windway inclinado) patenteado separadamente por Strathmann em 1994 (Patente europia #0431344).

    Mais recentemente, Strathmann patenteou (1996) um dispositivo no bloco, operado pelo lbio mais baixo quealtera a afinao da flauta doce por at 5 centavos de tom. O dispositivo est baseado no princpio da chave desemitom universal que j era usada em flautas doce nos anos trinta (Moeck 1997).

    O tocador e fabricante ingls de flauta doce, Robin Read (1966), levou a cabo vrias experincias no incio dosanos 1960 resultando em um conjunto de windway (canais de vento) em cedro colocados no lugar por umatomada convencional, sendo o windway construdo como uma unidade separada. Vantagens desta inovaoincluem controle mais preciso das dimenses do windway e melhor resistncia a condensao ( de duas vezes asuperfcie normal do cedro). Com este novo desenho o windway foi anexado com uma lingeta separada que foiajustada antes de fixar no lugar, assim invertendo o procedimento normal do som.

    O fabricante Alec Loretto da Nova Zelndia projetou uma cabea giratria com uma cmara que contm umaseleo de windways como a cmara de um revolver de seis tiros. O mesmo fabricante construiu flautas docecom uma abertura grande em vez de um windway na qual windways pr-fabricados eram fixados. Todos tinhamdimenses exteriores idnticos, mas cada um continha seu prprio windway (canal de vento) aperfeioado para aafinao das notas tocadas (Madgwick & Loretto 1996: 41-42; Madgwick & Loretto 1997: 8). Ele tambmexperimentou um lbio ajustado em um flauta doce contrabaixo em F que permite mudanas feitas atravs dadistncia do lbio para o windway, da posio do lbio no soprador e do ngulo (Loretto 1970).

    O fabricante italiano Giacomo Andreola oferece flautas doce com um bico especialmente construdo (que ele dizter copiado de uma idia da flauta doce do fabricante Claude Monin) que permite a pessoa mudar de windwayquando for preciso, para variar a expresso do instrumento ou para superar problemas de condensao.

    Moeck anunciou recentemente a produo de um flauta doce moderna, projetada pela fabricante holandesaAdriana Breukink, com a inteno de ser comercializada como a flauta doce Slide. Este instrumento semelhante a flauta doce de Ganassi, mas incorcorpora um bocal de deslizamento especialmente projetado para a

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    E como a flauta doce tenor Harmnica, a flauta contralto Harmnica inclui tambm um bloco ajustvel, e umachave de trabalho (keywork) sofisticada para os buracos de tom mais baixos.

    A flauta Doce Contralto Harmnica

    O bloco ajustvel

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    As novas flautas doce de sino Adler-Heinrich Grunwald so sem igual, no s por causa dos seus sinos grandes,chamejados. Seus windways, corpos, e outras caractersticas tambm diferem radicalmente de desenhostradicionais. dito que estes instrumentos produzem um som extremamente cheio e slido do comeo ao fim daescala, e oferece uma larga variedade de digitaes alternativas que permitem variaes dinmicas. Uma gamamuito mais larga de presses de respirao pode ser usada que em instrumentos tradicionais, e uma variedade

    notvel de articulaes tambm possvel, enquanto lhes permite competir prosperamente com instrumentosmodernos altos como piano, saxofone, ou metais. Atualmente esto disponveis os modelos soprano e contralto,mas h planos de produzir todos os tamanhos do sopranino a grande baixo em varias madeiras (Verde 1996).

    Joachim Paetzold experimentou uma flauta doce de grande perfil quadrado construda com o princpio de umrgo de tubo em madeira compensada que foi patenteada e fartamente desenvolvida por Herbert Paetzold em1975. O resultado foi uma gama de instrumentos que so significativamente mais baratos de construir que osconvencionais. O tom impressionantemente forte no registro mais baixo e toca mais de duas oitavas facilmente.Joachim Paetzold foi antecedido pelo fabricante de Nova Zelndia Alec Loretto que em 1967 construiu umprottipo de flauta doce baixo com perfil quadrado, vista numa ilustrao que foi publicada em 1970 (Madgwick& Loretto 1996: 40; Madgwick & Loretto 1997: 7), entretanto faltaram as caractersticas pontas fundamentais doinstrumento de Paetzold. Mas talvez flautas doce de perfil quadrado no sejam uma inveno recente: ummanuscrito annimo do sculo XV (F Lm 391, f. 28) descreve um homem com um chapu cco que toca uma

    flauta de tubo que decididamente quadrada num corte transversal (repr. Boragno 1998: 12)

    A Flauta Baixo de Corpo Quadrado de Herbert Paetzold

    Fajardo (1970) descreveu o ajustamento de uma flauta doce contralto com um microfone e uma unidade dereverberao, mas esta inovao por muito tempo permaneceu um caso isolado. Mais recentemente, o fabricantefrancs de flauta doce Philippe Bolton desenvolveu uma flauta doce eletroacstica para msica contempornea,

    jazz etc. (patente pendente) que pode ser amplificada, ou tocada sem amplificao. H um buraco no lado e aotopo da junta da cabea na qual um microfone pode ser atarraxado. Ele pode ser conectado a um sistema de altofalantes, dando para o msico a possibilidade de ter um instrumento mais alto para tocar em condies difceis,ou em conjunto com instrumentos altos (de jazz, por exemplo), sem ter que ficar alguns centmetros rebitando nafrente de um microfone externo. A flauta doce eletroacstica tambm pode ser conectada a um processador deefeitos, dando uma paleta de sons mais ampla para uso em msica contempornea, ou qualquer outro contexto noqual tal efeito pode ser til. Para liberdade completa de movimento um sistema sem fios substitui o cabotradicional que conduz ao amplificador. Quando nenhuma amplificao requerida uma tomada especial podeser atarraxada no instrumento em vez do microfone, convertendo-a em um flauta doce normal.

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    Flauta Doce Eletroacstica de Philippe Bolton

    O fabricante de flauta doce japons Yukio Yamada, fez um dispositivo eletrnico para transportar a flauta doceduas ou trs oitavas sobre o tom que voc toca (Brggen em Epstein 1988: 8). Note que esta facilidade est

    disponvel na flauta doce eletroacstica de Bolton ligada a um processador de efeitos ou dispositivo MIDI. Semelhantemente, o americano Michael Barker que ensina no Conservatrio Real em The Hague desenvolveuum sistema unindo uma flauta doce contrabaixo em F Paetzold com dois sintetizadores controlados porcomputador. Este sistema nos termos de Barker, um Sistema MIDI de desempenho interativo, ou midified

    blockflute, permite misturar sons reais e sintetizados enquanto ele toca.

    A nica flauta doce puramente eletrnica, como tal feita atravs das fbricas Innovations Fm7 ou Suzuki. OMIDIWIND MW-1 da Fm7 descrito como um modelo de flauta doce especificamente projetado para omercado do ensino elementar. O controlador classificado segundo o tamanho para trabalhar bem, tanto commos de crianas como de adulto. A unidade escrava de um mdulo de som (chamado Play Station) providade uma sada de sons MIDI embutidos. A Play Station pode aceitar simultaneamente at quatro controladores deMIDIWIND e foi desenhada para uso em laboratrio de msica de sala de aula. O Suzuki SRW-100 Recorder

    Wind Controller um dispositivo eletrnico para uso com instrumentos MIDI. Usa digitao standard de flautadoce, equipado com buracos de dedo sensveis presso, e requer controle de respirao tradicional.

    Outros Instrumentos de Sopro Eletrnicos (EWI) so feitos por Akai, Casio, SSSounds, e Yamaha, entre outros.Eles so todos controlados pela respirao e vrios equipados com buracos sensveis presso, chaves ou blocos.Eles podem ser programados para produzir o som de quase qualquer instrumento, inclusive a flauta doce. Elesso capazes de fazer o glissando, o portamento, os acordes, ataque de timbre (um tipo de chorusing) e outros

    efeitos. Alguns podem ser programados para tocar com as digitaes de vrios instrumentos acsticos. Oprimeiro EWI foi denominado de Steinerphone desenvolvido do Instrumento de Vlvula Eletrnico (EVI outrompete eletrnico) prottipo de Nyle Steiner (Black 1997 Cole 1999). Steiner vendeu os seus prottipos depoisa Akai que continuou o seu desenvolvimento. Outro antigos EWIs incluem o Lyricon da Computone Inc. (1972)e seus derivados, culminando nos sintetizadores Yamaha de sopro.

    EWI da Yamaha

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    Flautas Doce de cor da Mollenhauer

    Vrios fabricantes fazem a flauta doce de materiais compostos. Mollenhauer faz a flauta doce Prima com umacabea de plstico e um corpo de madeira que encontrou aceitao entre os tocadores interessados por msicapopular, ver Jean-Franois Rousson (Frana), Evelyn Nallen (Reino Unido). Um modelo similar oferecido porMoeck como o modelo Flauto I Plus. Hohner comercializa o modelo Melodia com uma cabea de plstico e

    um corpo de madeira (pearwood). Uma inovao surpreendente da Hohner uma flauta doce com corpo e

    cabea de madeira e com plstico inserido na parte superior que forma o windway e a extremidade cortante dolbio.

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    A Flauta Doce Prima A Flauta Doce Prima Penta

    Vrios fabricantes tentaram achar uma soluo para o problema perene de condensao na estreita janela(windway) da flauta doce. Uma aplicao patenteada de 1962 ( E.U.A. Patente #3178986, Patente #1235122alem) foi feita por Hermann Moeck que mostra que o windway deveria ser fabricado no todo ou em parte pormateriais absorventes e estveis. A patente final registrada em 1974 ( E.U.A. Patente #3988956, Patente#2432423 alem) usava um desenho diferente no qual um absorvente artificial muito estvel, como giz, foiinserido no cho de um bloco de madeira normal. Porm, o material cermico do qual o suplemento absorventefoi feito corroeu por causa do coquetel de comida e a presena de lcool da respirao de tocadores de flautadoce, conquanto necessitando consertos caros. Vrios fabricantes experimentaram um sistema de canaiscolocados longitudinalmente no windway para facilitar a sada do fluxo de saliva condensada para longe destarea sensvel (Stephenson 1987). A idia posterior, inspirada por certas flautas doce de Markneukirchen feitas noincio do sculo XX, foi implementada em flautas doce de plstico soprano e contralto projetadas por Hohnerpara uso escolar.

    Alguns fabricantes experimentaram flautas doce de tamanho extremo. Num extremo est a flauta doce sub-contrabaixo, num outro a flauta doce piccolino em f''' de Twaalfhoven (uma oitava acima do sopranino). Elasprovavelmente sero para sempre a maior e menor flauta doce. Para fazer tocar a piccolino, intercalam-se osdedos de ambas as mos.

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    A Flauta Doce Sub-Contrabaixo de Adriana Breuking