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ii HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL PERÍODO JESUÍTICO MONOGRAFIA SUBMETIDA À COORDENAÇÃO DE PÓS GRADUA- ÇÃO EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR DA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTA EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR ORIENTADOR: PROFESSOR NELSOM MAGALHÃES ALUNO : PAULO DE OLIVEIRA RIO DE JANEIRO JANEIRO/23005

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

PERÍODO JESUÍTICO

MONOGRAFIA SUBMETIDA À COORDENAÇÃO DE PÓS GRADUA-ÇÃO EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR DA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTA EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

ORIENTADOR: PROFESSOR NELSOM MAGALHÃES ALUNO : PAULO DE OLIVEIRA

RIO DE JANEIRO JANEIRO/23005

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FICHA CATALOGÁFICA

HÍSTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

PERÍODO JESUÍTICO XX+XPP

MONOGRAFIA ( ESPECIALIZAÇÃO ) -UCAM

1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 2 PERÍODO JESUÍTICO

3 FORMAÇÃO JESIÍTICA 4 CARACTERÍSTICA DA EDUCAÇÃO JESUÍTICA

5 A AÇAO DA IGREJA

I Universidade Candido Mendes II TITULO

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“Não posso estar no mundo de luvas nas mãos

constatando apenas.

Constatando, intervenho, educo e me educo.

Ensino porque busco, porque indaguei

Porque indago e me indago.

Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço

E comunicar ou anunciar a novidade.

que me faz esperançoso

Não é tanto a certeza do achado,

Mas mover-me na busca.

Não é possível buscar sem esperança,

Nem tampouco, na solidão.”

Paulo Freire.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

Orientador: Professor Nelsom Magalhães Aluno: Paulo de Oliveira

RIO DE JANEIRO JANEIRO/2005

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SUMÁRIO

Pág.

Introdução 1

Objetivo Geral 2

Justificativa 3

Metodologia 4

Período Jesuítico 5

1. Os Jesuítas e seus Métodos de Educação 7

1.1. História 7

1.2. Formação dos Jesuítas 9

2. Características da Educação Jesuítica 11

3. A Didática dos Jesuítas 15

3.1 Os pioneiros no Magistério no Brasil 15

4. A Ação da Igreja 18

5. Conclusão 20

6. Referências Bibliográficas 21

7. Índice de Anexos 22

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PERÍODO JESUÍTICO

(1549 – 1759)

Os primeiros jesuítas chegaram ao território brasileiro em março de

1549 juntamente com o primeiro governador geral, Tomé de Souza.

Comandados pelo Padre Manoel da Nóbrega, quinze dias após a chegada

edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, tendo como

mestre o Irmão Vicente Rodrigues, contando apenas 21 anos. Irmão Vicente

tornou-se o primeiro professor nos moldes europeus e durante mais de 50 anos

dedicou-se ao ensino e a propagação da fé religiosa.

O mais conhecido e talvez o mais atuante foi o noviço José de Anchieta,

nascido na Ilha de Tenerife e falecido na cidade de Reritiba, atual Anchieta, no

litoral sul do Estado do Espírito Santo, em 1597. Anchieta tornou-se mestre-

escola do Colégio de Piratininga; foi missionário em São Vicente, onde escreveu

na areia os “Poemas à Virgem Maria” (De beata virgine Dei matre Maria),

missionário em Piratininga, Rio de Janeiro e Espírito Santo; Provincial da

Companhia de Jesus de 1579 a 1586 e reitor do Colégio do Espírito Santo. Além

disso foi autor da Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil.

No Brasil os jesuítas se dedicaram a pregação da fé católica e ao

trabalho educativo. Perceberam que não seria possível converter os índios à fé

católica sem que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica

estendeu-se para o sul e em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era

composta por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São

Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de

Janeiro, Pernambuco e Bahia).

Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento,

escrito por Inácio de Loiola, o Ratio atque Instituto Studiorum, chamado

abreviadamente de Ratio Studiorum. Os jesuítas não se limitaram ao ensino das

primeiras letras; além do curso elementar eles mantinham os cursos de Letras e

Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas,

de nível superior, para formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se

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Gramática Latina, Humanidade e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-se

Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Os que

pretendiam seguir as profissões liberais iam estudar na Europa, na

Universidade de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no campo das ciências

jurídicas e teológicas, e na Universidade de Montpellier, na França, a mais

procurada na área da medicina.

Com a descoberta os índios ficaram à mercê dos interesses alienígenas:

as cidades desejavam integrá-los ao processo colonizador; os jesuítas desejavam

converte-los ao cristianismo e aos valores europeus; os colonos estavam

interessados em usá-los como escravos. Os jesuítas então pensaram em afastar

os índios dos interesses dos colonizadores e criaram as reduções ou missões, no

interior do território. Nestas Missões, os índios, além de passarem pelo processo

de catequização, também são orientados ao trabalho agrícola, que garantiam

aos jesuítas uma de suas fontes de renda.

As Missões acabaram por transformar os índios nômades em

sedentários, o que contribuiu decisivamente para facilitar a captura deles pelos

colonos, que conseguem, às vezes, capturar tribos inteiras nestas Missões.

Os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira

durante duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de todas as

colônias portuguesas por decisão de Sebstião José de Carvalho, o marquês de

Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777. No momento da

expulsão os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários,

além de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as

cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. A educação brasileira, com

isso, vivenciou uma grande ruptura histórica num processo já implantado e

consolidado como modelo educacional. (Site: www.user.rd.-rio.br.jesuita)

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6. Os Jesuítas e seus métodos de educação

História

A Companhia de Jesus foi fundada na França por Inácio de Loiola em 1534,

com objetivos catequéticos, em função da Reforma Protestante e a expansão de

luteranismo na Europa.

A Companhia de Jesus foi aprovada pelo Papa Paulo III em 27 de setembro de 1540.

Já em 1549 desembarcavam, no Brasil Colônia, os primeiros Jesuítas: o Pe.

Manoel da Nóbrega e mais 4 companheiros, juntamente com o primeiro governador

geral Tomé de Souza. Em 1553 chegou ao Brasil o Pe. José de Anchieta. A primeira

escola foi edificada em Salvador, tendo com mestre o irmão Vicente Rodrigues,

contando apenas 21 anos.

O Pe Antonio Vieira também teve um papel histórico aliado ao Pe Manoel da

Nóbrega, juntos fundaram o colégio de São Paulo, que deu origem à cidade São

Paulo.

O mais conhecido e talvez o mais atuante foi o noviço José de Anchieta, os

jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Perceberam

que não seria possível converter os índios á fé católica sem que soubessem ler e

escrever.

Com a descoberta os índios ficaram a mercê dos interesses estrangeiros: as

cidades desejavam integrá-los ao processo colonizador; os colonos estavam

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interessados em usa-los como escravos. Os jesuítas então pensaram em afastar os

índios dos interesses dos colonizadores e criaram as reduções e missões. Então os

índios, além de passar pela catequização, são orientados ao trabalho agrícola, o que

garantiam aos jesuítas uma de suas fontes de renda.

As missões transformaram os índios em nômades e sedentários, tornando-os

alvos fáceis para captura pelos colonos.

Os jesuítas foram expulsos do Brasil em 1759, pelo Marquês do Pombal,

Primeiro Ministro de D. José I, rei de Portugal, e a Companhia de Jesus foi supressa

em todo o mundo em 1773 pela Bula "Dominus ac Redenptor", do Papa Clemente

XIV, cedendo a pressões principalmente dos governos da França, da Espanha, de

Portugal e de Nápoles. Finalizando o período de mentores da educação brasileira.

A restauração da Companhia de Jesus se deu em 7 de agosto de 1814. Mas

somente, em 1842 os jesuítas entraram novamente no Brasil (via Porto Alegre),

vindos da Argentina. Foi de pouca de duração encerrando em 1854 por motivos de

febre amarela.

Principais Jesuítas no Brasil

¬ Manoel da Nóbrega

¬ Pero Correa

¬ Inácio de Azevedo

¬ Jose de Anchieta

¬ Francisco Pinto

¬ Roque Gonzáles

¬ Antonio Vieira

¬ Gabriel Malagrida

¬ João Batista Réus

¬ João Bosco Penido Bornier

¬ Vicente Canas

¬ Leonel Franca (www.users.rdr.puc.rio.br/jesuita)

Formação dos Jesuítas

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O Processo de Formação da

Companhia de Jesus segue as

diretrizes canônicas das Ordens

Religiosas, acrescido de algumas

peculiaridades introduzidas no

tempo de Santo Inácio e aprovado

pelo Papa.

Quando já formados, os jesuítas

pertencem a uma das duas classes

distintas: a dos padres e a dos irmãos,

com iguais deveres e os mesmos

direitos no que se refere à vida religiosa

e comunitária.

Os padres exercem o ministério

sacerdotal, preparados dentro das

exigências da Igreja, com Faculdade de

Filosofia e Teologia.

Os irmãos exercem na Companhia de Jesus uma missão muito específica.

Não se destinam ao Sacerdócio, mas através de sua formação religiosa, intelectual e

profissional dão suporte e apoio à infra-estrutura e organização das comunidades,

como leigos consagrados pelos mesmos votos e obrigações dos seus companheiros

sacerdotes, numa mesma missão e vivência comunitária.

Independente da classe a que pertence, cada jesuíta, ao terminar o

Noviciado faz seus votos particulares de pobreza, castidade e obediência,

definitivos e perpétuos, que após a Terceira Provação são emitidos de forma

oficial, pública e solene.

O voto de pobreza lhe dá uma identificação com Jesus Cris-to, simples e

pobre, com quem se identifica através de uma vivência, comunitária e pessoal, de

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trabalho, desprendimento e afinidade com os marginalizados e sofridos. O jesuíta

abre mão de qualquer posse ou administração pessoal de bens ou recursos

financeiros em proveito próprio. Tudo o que vier a receber pelo trabalho, ministérios

ou herança passa a pertencer à comunidade ou tem o destino que com Superior for

combinado. Salvo o que lhe couber de direito, a Companhia não pode se beneficiar

de suas obras em proveito próprio. Todo saldo ou lucro que houver deve reverter

para a respectiva obra. Por sua vez, a Companhia assume e se responsabiliza por tudo

o que precisar quanto aos estudos, manutenção, pensão, tratamentos etc.

Pela castidade, como os demais religiosos, não circunscreve e restringe

seu afeto e sexualidade à constituição de uma família, com o exercício da

paternidade e conjugalidade. Através da vinculação afetiva e efetiva a uma

comunidade, como um grupo de amigos no Senhor, dedica e consagra sua vida

afetiva e sexual, a um comportamento que exprime um amor universal,

identificando-se com forma de viver de Jesus.

A obediência deve ser para o jesuíta sua marca e ponto de honra colocar-

se em disponibilidade ao serviço e exercício do que, onde e quando for

necessário, como sinal da vontade.

Deus no contexto de um engajamento e compromisso corporativo. Supõe

um discernimento de ambas as partes: do Superior que deve mandar e o Súdito

que está pronto a acolher através de uma obediência inteligente e ativa, dentro

de uma visão mais ampla dentro e fora da Companhia. Por isso, todos os níveis,

os superiores são assessorados por consultores oficiais que devem ajudá-los a

analisar e discernir quais as melhores medidas ou atitudes a serem tomadas,

seja em relação à pessoa, seja sobre atividades e obras.

Etapas da Formação de um Jesuíta:

Noviciado - 2 anos (Iniciação na vida religiosa e comunitária).

Juniorado - 1 ou 2 anos (Estudos e formação humanístico-cultural-

religiosa).

Curso de Filosofia - 3 anos (Formação Filosófica, Seminarística e

Oficial).

Estágio (Magistério)- 1 ou mais anos (Experiência ou Estudos Especiais).

Teologia - 4 anos, com ordenação entre o 3º e o 4º ano

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(Formação Sacerdotal).

Terceira Provação- um semestre- curso conclusivo de formação( depois

da Ordenação ou, no caso dos Irmãos, após 15 anos de Companhia).

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Características da Educação Jesuítica

A educação no Brasil se iniciou respondendo aos interesses políticos da

Metrópole e aos objetivos religiosos e políticos da Companhia de Jesus, que

propunha desde suas origens, a combater o protestantismo, ocupando uma posição

proeminente nas lutas que travavam na Europa contra a reforma e o “modernismo”

que se representava.

À Metrópole interessava a catequização dos índios, que assim, se

tornariam mais submissos e poderiam mais facilmente aceitar o trabalho que

deles exigiam os colonizadores. Já a Igreja, desenvolvia planos ambiciosos de

evangelização da América Latina, toda ocupada por países de tradição católica.

Os padres jesuítas desempenhavam um papel importante na tentativa de

implantar uma sociedade estruturada com base na fé católica. Para catequizar

os índios, os jesuítas decidiram vesti-los e tirá-los de seu habitat. Já os senhores

de engenho tentavam escravizá-los. Nos dois, o resultado era o extermínio e a

fuga dos primitivos habitantes.

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Os indígenas sofreram uma reviravolta completa nos seus hábitos,

valores, condutas e sentimentos. Eles não aprendiam apenas uma nova língua,

uma nova interpretação da vida e da morte; não ganhavam apenas um novo

deus, trazido de longe para reinar com a pompa típica do mundo de onde

vinham.

A introdução dessa racionalidade na vida dos nativos, sem dúvida,

revolucionava os seus hábitos e reorganizava o seu cotidiano. Porém, tanto a

Igreja quanto o senhor de engenho fracassaram nos esforços de enquadrar o

índio no sistema de colonização que iria criar a economia brasileira. Fora de seu

habitat natural, o índio não se adaptava como escravo e morria de infecções,

fome e tristeza.

Embora os jesuítas se propusessem a catequizar e instruir os indígenas,

na realidade, eles se dedicavam mais à catequização, reservando a instrução,

sobretudo para os filhos dos colonizadores e para a formação de novos

sacerdotes.

As atividades educacionais jesuíticas se iniciaram rapidamente. Houve

criação de escolas de ler e escrever. O sistema educacional que

progressivamente implantaram estendeu-se a todo o território nacional.

Nas escolas primárias, pelo ensino da gramática, os indígenas reforçavam

o aprendizado do português, que praticavam também com os filhos dos colonos

e com os padres. Por outro lado, os jesuítas aprenderam a língua “tupi” com o

objetivo de catequizar mais facilmente os indígenas.

Os jesuítas estenderam o ensino além da escola elementar. Nos colégios

do Rio de Janeiro e de Pernambuco foram instituídas aulas de humanidades e

na Bahia formavam-se bacharéis em 1575 e mestres em artes, em 1578.

Os jesuítas, no século XVII, possuíam além de escolas para meninos e

outros colégios menores, onze colégios propriamente ditos distribuídos em

vários estados brasileiros. Mas, o ensino superior existia somente para o clero

regular ou secular. Os que não se destinavam ao sacerdócio deveriam, se as

condições econômicas permitissem, complementar seus estudos, de nível

superior, na Metrópole. Os colégios jesuítas eram procurados mesmo pelos que

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não se interessavam pela carreira religiosa, pois constituíam a única via que

assegurava a formação das elites e, foi importante o número de intelectuais

(escritores, clérigos, magistrados) que passaram por esses colégios.

Os padres jesuítas contribuíram para conservar a unidade lingüística e

cultural da colônia. Procuravam controlar a influência das culturas indígenas e

africanas substituindo-as pela cultura européia, ao passo que levavam pequenos

índios a “abominar” os usos de seus progenitores (no dizer de Anchieta) e, dessa

forma, teriam sido agentes “de desintegração de valores nativos”.

É inegável que o peso da educação europeizada que ofereciam tenha sido

muito importante, é preciso no entanto, lembrar que os jesuítas também foram,

de uma certa forma, influenciada pelas culturas indígenas e africanas. A prova

disso está no registro de muitos escritos deixados pelos sacerdotes, onde

encontravam-se referências a crenças e superstições próprias dessas culturas e

que parece terem sido incorporadas por eles, o que certamente contribuiu para

imprimir um caráter particular ao catolicismo brasileiro.

Por outro lado, diante do insucesso no combate à “licenciosidade” e à

corrupção vigentes na Colônia, na imposição de uma rígida moral católica a

todos, os jesuítas tiveram que se “acomodar” e conviver com os paradoxos do

moralismo das aparências. E muitos foram os sacerdotes que se

“contaminaram” com a corrupção vigente.

Outro fator a ser mencionado diz respeito aos maus tratos, em particular

às meninas e às vítimas de exploração sexual. Os jesuítas nada faziam para

protegê-las. A crianças negras não tinham acesso às escolas. Tanto os sacerdotes

quanto os senhores consideravam desnecessário educá-las e até mesmo

evangelizá-las. Apenas os mulatos, já no século XVI, por ordem expressa do rei

de Portugal, deveriam ter direito à educação escolar.

O maior apoio que os jesuítas encontravam na pregação de suas idéias

era junto às esposas dos colonos, de quem eram os confessores e conselheiros.

Poucas mulheres (mesmo das famílias mais abastadas) recebiam instrução

escolar. A educação feminina se limitava às boas maneiras e às prendas

domésticas.

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Incontestavelmente, a influência da ação educacional dos jesuítas no

Brasil ultrapassou os limites do período em que aqui estiveram. Essa ação

marcou profundamente nossa cultura. E, não apenas em termos de propagação

do catolicismo, mas também pela orientação religiosa que imprimiram ao

ensino. Um ensino bem estruturado, mas que não era modelo de excelência. Ao

contrário, caracterizava-se por uma orientação rígida, dogmática, anticientífica,

acanhada, voltada quase que exclusivamente para os interesses religiosos e

políticos.

Tratava-se de uma ação concentrada e temporária, “heróica”, como

adjetivam alguns historiadores, para abrir espaços, sondar terreno e criar

condições para o efetivo povoamento da Colônia, que certamente, não se fazia

através daquela “ralé” que aqui se instalara ou por nativos que sequer

conheciam as técnicas mais elementares da agricultura e pastoreio, para a

produção da própria subsistência.

O modelo educacional dos jesuítas e a orientação religiosa, voltada para

as humanidades e as letras, perduraram no ensino que os sucedeu, embora com

menor rigidez.

(XAVIER – Cap. II pag. 40 a 47).

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5. CONCLUSÃO

Em virtude da crescente busca por melhor qualidade de vida a educação, sem

dúvida, aparece em primeiro lugar. E é de fundamental importância que tomamos a

história da educação desde os tempos mais remotos até a história contemporânea. O

estudo da história da educação do Brasil no período jesuítico resgata a essência da

educação de todos os tempos, pois podemos verificar aquilo que foi bom e deve ser

aplicado no ensino de nossos dias.

Se compararmos o ensino jesuítico com a legislação vigente vamos deparar

com um quadro já visto no passado, o avanço e retrocesso na educação parecem não

ter fim, no período jesuítico a população era muito pequena e relação aos dias de

hoje, mesmo assim o ensino neste período não perdurou; o desgaste com o decorrer

do tempo pode e aparecimento de novas escolas com modelos mais flexíveis, dando

mais atenção aos negros e índios que foram quase dizimados devido a imposição

deste colonizador não via nos nativos uma educação formal que não devia ser

mudado com educação importada com uma imposição cruel, desleal e sem chance

para mostrar qualquer tipo de habilidade nos colonizado.

Alguns colégios existentes hoje no Rio de Janeiro ainda podem encontrar uma

pequena parcela da educação jesuítica, sendo esta a parte considerada privilegiada,

por muitos educadores.

Os jesuítas tinham modelos educacionais, prevalecendo o dogmatismo, a

política e a religião preparava seus mestres numa doutrina fechada e não aceitavam

qualquer interferência no seu sistema educacional, aqueles que trabalhavam em

serviço pesado recebiam menos instrução com essa parte da população menos

instruída, diminua pressão e cobrança conseqüentemente.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BÁRBARA FREITAG. “Escola, Estado e Sociedade” (2) - Capítulo 2:

Política educacional: uma retrospectiva histórica, pp. 43-69.

2. CANDAU, Vera M. A. Didática e a formação de educadores – da exaltação à

negação; a busca da relevância. In: Anais do Seminário: A Didática em

Questão. PUC/RJ, dez. 1982.

3. FARIA, RICARDO DE MOURA MARQUES, ADHEMAR MARTINS,

BERUTTI, FLAVIO COSTA – Didática – Belo Horizonte – MG – Editora

Lê AS – 1997.

4. FREITAS, Bárbara. Escola, estado e sociedade. São Paulo, Cortez e Moraes,

1979.

5. GADOTTI, M. Concepção dialética da Educação. São Paulo, Cortez, 1983.

6. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo, Cortez, 1995.

7. SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. São Paulo, Cortez, 1983.

8. WEREBE, MARIA JOSE GARCIA – Grandezas e Misérias do Ensino no

Brasil – São Paulo – SP – Ed. Ática AS – 1994.

9. XAVIER, MARIA ELIZABETE, RIBEIRO, MARIA LUISA, NORONHA,

OLINDA MARIA – História da Educação – Escola no Brasil –

Características da Educação. São Paulo – SP – Editora FTD.

10. A Filosofia da Educação no Brasil e sua vinculação pela Revista Brasileira de

Estudos Pedagógicos. In: Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 1984.

11. www.users.rdr.puc-rio.br/jesuitas

12. www.ucp.br

13. www.csbrj.org.br

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7. INDICE DE ANEXOS

Anexo 1: Cronologia

Anexo 2: Colégio Santo Antonio

Anexo 3: Colégio São bento

Anexo 4: Universidade Católica de Petrópolis

Anexo 5: Instituto N. S. das Dores

Anexo 6: Colégio Jesuíta Santo Inácio

Anexo 7: Atividades Culturais