Hipertensão - alterações

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17 DE MAIO DIA MUNDIAL DA HIPERTENSÃO ARTERIAL O Dia Mundial da Hipertensão Arterial, celebrado no dia 17 de maio é uma iniciativa da Liga Mundial de Hipertensão. O objetivo é divulgar a importância da prevenção, da deteção e do tratamento da hipertensão (2). É uma doença crónica, onde a pressão sanguínea encontra-se constantemente elevada. Quando esta situação não é tratada, verificam-se danos nas artérias e órgãos vitais por todo o corpo (3). Existem vários fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de desenvolver Hipertensão Arterial, sendo que alguns são modificáveis, como o estilo de vida (1,3,5). A Hipertensão Arterial é a principal causa de doença cardiovascular e de morte prematura em todo o mundo (1). Na maior parte do tempo, não há sintomas, daí esta doença ser muitas vezes chamada de "assassina silenciosa" (4, 5). A Hipertensão Arterial necessita da terapêutica e vigilância continuada no tempo, sendo importante não esquecer que a interrupção da terapêutica, absoluta ou intermitente, pode associar-se a um agravamento da situação clínica, embora, num grande número de casos, a hipertensão arterial evolua de uma forma benigna e seja fácil de controlar (6,7).

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DIA MUNDIAL DAHIPERTENSÃO ARTERIAL

O Dia Mundial da Hipertensão Arterial, celebrado no dia 17 de maio éuma iniciativa da Liga Mundial de Hipertensão. O objetivo é divulgar aimportância da prevenção, da deteção e do tratamento da hipertensão(2).

É uma doença crónica, onde a pressão sanguínea encontra-seconstantemente elevada. Quando esta situação não é tratada,verificam-se danos nas artérias e órgãos vitais por todo o corpo (3).

Existem vários fatores de risco que podem aumentar a probabilidade dedesenvolver Hipertensão Arterial, sendo que alguns são modificáveis,como o estilo de vida (1,3,5).

A Hipertensão Arterial é aprincipal causa de doençacardiovascular e de morteprematura em todo o mundo (1).

Na maior parte do tempo, não hásintomas, daí esta doença sermuitas vezes chamada de"assassina silenciosa" (4, 5).

A Hipertensão Arterial necessita da terapêutica e vigilância continuada no tempo, sendo importantenão esquecer que a interrupção da terapêutica, absoluta ou intermitente, pode associar-se a um

agravamento da situação clínica, embora, num grande número de casos, a hipertensão arterial evoluade uma forma benigna e seja fácil de controlar (6,7).

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O diagnóstico de HTA é feito tendo em conta a elevação persistente, em várias medições repetidas e em diferentesocasiões (dias), da pressão arterial sistólica igual ou superior a 140 mmHg e/ou da pressão arterial diastólicaigual ou superior a 90 mmHg (6,4). Esta definição de HTA é válida para a população adulta, que não seja sujeita atratamento farmacológico e que não apresente patologia aguda ou se encontre grávida. Para além disso, umindivíduo que esteja a receber tratamento farmacológico, considera-se à partida como hipertenso,independentemente dos seus valores de pressão arterial (6,9).

A Hipertensão Arterial (HTA) ocorre quando a pressãoarterial se encontra elevada de forma crónica. A pressãoarterial tem duas medidas: a pressão arterial sistólicaou "máxima" e a pressão arterial diastólica ou"mínima". A primeira corresponde ao momento em queo coração contrai, enviando o sangue para todo o corpo.A segunda ocorre quando o coração relaxa para se voltara encher de sangue (4,8).

CUIDADOS NA MEDIÇÃO DAPRESSÃO ARTERIAL

PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA

DIAGNÓSTICO

DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES DOS NÍVEIS DE PRESSÃOARTERIAL

O valor é apresentado em mmHg (milímetros de mercúrio) (7).

Em Portugal, cercade 40% da populaçãoé hipertensa. Cercade 25% desconheceque tem a doença esó 75% estãomedicados. Paraalém disso, só 43%das pessoas estãocontroladas (3,7).

EM PORTUGAL

Redução do consumo de sal e de produtos com teor de sal elevado;Aumento do consumo de hortofrutícolas; Diminuição do consumo de carnes vermelhas, gema de ovo, manteiga, queijoscurados, produtos de charcutaria e alimentos pré-cozinhados, ricos em gordurasaturada;Redução do consumo de álcool;Prática regular de exercício físico, sobretudo com movimentos aeróbios (marcha,corrida, natação ou dança);Não fumar;Redução e/ou controlo do peso, caso se verifique excesso de peso ou obesidade,para valores de IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m2.

PREVENÇÃO - TRATAMENTO

A HTA, como doença crónica que é, necessita da terapêutica e vigilância continuada no tempo, sendoimportante não esquecer que a interrupção da terapêutica, absoluta ou intermitente, pode associar-se a umagravamento da situação clínica (3,4,7).

As estratégias preventivas, se aplicadas precocemente na vida, apresentam um potencial enorme para preveniro desenvolvimento da HTA. Para diminuir a pressão arterial e o risco cardiovascular, as alterações no estilo devida são largamente consensuais e devem ser instituídas a todas as pessoas, independentemente danecessidade de terapêutica anti-hipertensora (4,7,9).

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Ingestão de sal limitada a 5g/dia (2000mg de sódio) (1 colher de chá rasa);Escolha alimentos frescos;Limite o consumo de alimentos curados ou fumados (ex: bacon, presunto, salpicão…);Limite o consumo de alimentos conservados em salmoura (ex: picles, legumes em conserva,azeitonas…);Não use sal de mesa;Evite as refeições pré-preparadas congeladas, molhos e fast-food;Lave os alimentos enlatados, como o feijão, para remover algum sódio;Verifique a informação no rótulo relativo ao conteúdo de sal ou sódio. O teor de sódio doalimento deverá ser menos de 140 mg/porção (1,5 g de sal por 100g) ou menos de 5% dadose diária recomendada;Use especiarias em vez de sal nos seus cozinhados, temperando com o sabor de ervas, limão,lima e vinagre evitando assim o uso do sal e tornando na mesma a sua comida apetitosa.

A avaliação do consumo de sal pode ser feita através da excreção de sódio ou através doconsumo alimentar. O consumo de sódio pela população portuguesa (0-84 anos) no Inquérito Alimentar Nacional2015-2016, foi estimado em 2962 mg/dia, o que equivale a 7,4 g de sal, sendo superior noshomens relativamente às mulheres (3431 vs. 2547 mg/dia). Em particular, nos adultosportugueses a ingestão foi estimada em 3107 mg/dia, correspondendo a 7,8 g de sal (10).Numa subamostra destes adultos, a estimativa de excreção de sódio através de colheita deurinas de 24h, correspondeu a 3489 mg por dia (8,7 g/dia de sal) (11). Este valor de salcorresponde a uma ingestão cerca de 2x acima do valor recomendado pela Organização Mundialde Saúde (OMS) – menos de 5g por dia (1,3). Num estudo anterior, em 2010-2011, com estimativade excreção de sódio através de colheita de urinas de 24h, o consumo de sódio pela populaçãoadulta portuguesa foi estimado em 10,7 gramas por dia (12).

O sódio é responsável não só pelo aumento da pressão arterial, mas também peladescoordenação de vários eixos hormonais que, pela sua ação, prejudicam, tambémdiretamente, os vasos sanguíneos e a atividade cardíaca (1,7,12).

Recomendações:

Um padrão alimentar que tem sido extensivamente estudado na prevenção outratamento de HTA, é o padrão que promove o consumo combinado de fruta,hortícolas e laticínios com baixo teor de gordura (13). Este padrão também inclui oconsumo de cereais integrais, carne magra, peixes e frutos gordos; e reduzidaquantidade de carnes vermelhas, doces, bebidas açucaradas, e outros alimentos ricosem açúcar e gordura saturada. Assim, este padrão promove maior ingestão denutrientes protetores como potássio, cálcio, magnésio, fibras e proteínas vegetais e,ao mesmo tempo, menor ingestão de hidratos de carbono refinados e gordura saturada(14).

CONSUMO DE SAL

ALIMENTAÇÃO E HTA

É importante ressaltar que os efeitos benéficos deste padrão alimentar não estão limitados à pressãoarterial (14) e alguns estudos relataram melhorias significativas na sensibilidade à insulina (15), inflamação(16), stress oxidativo (17) e fatores de risco cardiovascular reconhecidos, incluindo concentrações de glicoseem jejum (18) e colesterol total (19).

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As pessoas podemherdar os genes queas tornam maispropensas adesenvolver HTA.

Hereditariedade

FATORES DE RISCO PARA HTAConsumo excessivo de sal e álcoolBaixa ingestão de potássio, magnésio ecálcio (baixo consumo de lacticíniosreduzidos em gordura e hortofrutícolas)

Estilo de vida - Alimentação

A obesidade (IMC> 30 kg/m2) é umfator de risco cada vez maisprevalente para o desenvolvimentode HTA.

Estado Ponderal

Sedentarismo. Indivíduos poucoativos, têm mais 30 a 50% deprobabilidade de desenvolver HTA.Tabagismo.

Estilo de vida - Hábitos

A PA tende a aumentar à medida que aspessoas envelhecem. Cerca de dois terços daspessoas com idade superior a 65 anos sãohipertensas.

Idade

Cerca de 60% das pessoas que têmdiabetes também têm pressão arterialelevada.

Diabetes

O risco para a hipertensão arterial pode aumentar ainda mais quando um destes fatores de risco écombinado com outro(s) (3,5,7).

A hipertensão arterial poderá ser reversível, desde que se adotem hábitos de vidasaudáveis (7,8).

Os doentes com HTA têm um maior risco de morte ou desenvolvimento de determinadas patologias, como ainsuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais (AVC), enfarte agudo do miocárdio, insuficiênciarenal, perda gradual da visão, insuficiência renal, angina de peito, entre outros. A adoção de um estilo devida saudável pode prevenir o aparecimento da doença e a sua deteção e acompanhamento precocespodem reduzir o risco de vir a desenvolver estas patologias (2,4).

CONSEQUÊNCIAS

FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR

Um estilo de vida saudável tem uma influência positiva em todos estes fatores de risco.É de realçar que estes fatores interagem e potenciam-se, tendo a sua associação um efeito sinérgico,aumentando de forma considerável a possibilidade de surgimento de doença cardiovascular. É assimimportante um seguimento regular do seu médico, de forma que seja feita uma avaliação do seu riscocardiovascular global, tendo em consideração a presença concomitante destas condições, e estabelecidoum plano de intervenções individualizado que favoreça o controlo de todos os fatores de risco modificáveis(4,7,20).

modificáveis: são aqueles que, numa perspetiva de prevenção, podemos intervir e corrigir.Incluem o tabagismo, a hipertensão arterial, a dislipidemia (colesterol elevado), a diabetes, aobesidade, a inatividade física, o consumo excessivo de álcool e um padrão alimentardesequilibrado.não modificáveis: sexo, idade,...(4,7,20).

Muitos pacientes com HTA têm fatores de risco para o desenvolvimento de doençascardiovasculares. Estes Fatores de Risco Cardiovascular podem ser classificados em dois tipos:

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Read SH, Wild SH. Prevention of premature cardiovascular death worldwide. The Lancet. 2020;395(10226):758-60.

2. World Hypertension League. Disponível em: https://www.whleague.org/index.php/features/world-hypertension-day. Accessed date: 01-05-2021.

3. Associação Portuguesa dos Nutricionistas. Pressão Arterial: cultive um saudável estilo de vida. Disponívelem: https://www.apn.org.pt/documentos/ebooks/Pressao_Arterial.pdf. Accessed date: 01-05-2021.

4. Associação Portuguesa dos Nutricionistas. Disponível em:https://www.apn.org.pt/documentos/artigos/Texto_SPH.pdf. Accessed date: 01-05-2021.

5. Sociedade Portuguesa de Hipertensão. Disponível em: https://www.sphta.org.pt/pt/base8_detail/24/101.Accessed date: 01-05-2021.

6. Norma da Direção Geral de Saúde. Hipertensão Arterial: definição e classificação. Disponível em:https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0202011-de-28092011-atualizada-a-19032013-jpg.aspx. Accessed date: 01-05-2021.

7. Pereira M, Lunet N, Paulo C, Severo M, Azevedo A, Barros H. Incidence of hypertension in a prospectivecohort study of adults from Porto, Portugal. BMC Cardiovasc Disord. 2012; 12:114.

8. Sociedade Portuguesa de Hipertensão. Disponível em: https://www.sphta.org.pt/pt/base8_detail/24/89.Accessed date: 01-05-2021.

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10. Lopes C, Torres D, Oliveira A, Severo M, Alarcão V, et al. National Food, Nutrition, and Physical ActivitySurvey of the Portuguese General Population, IAN-AF2015-2016: Summary of Results, 2018. ISBN: 978-989-746-202-3. Available at: www.ian-af.up.pt.

11. Goios ACL, Severo M, Lloyd AJ, Magalhães VPL, Lopes C, Torres DPM. Validation of a new software eAT24used to assess dietary intake in the adult Portuguese population. Public Health Nutrition. 2020; 23(17):3093-103.

12. Polonia J, Martins L, Pinto F, Nazare J. Prevalence, awareness, treatment and control of hypertension andsalt intake in Portugal: changes over a decade. The PHYSA study. J Hypertens. 2014; 32(6):1211-21.

13. Filippou CD, Tsioufis CP, Thomopoulos CG, Mihas CC, Dimitriadis KS, Sotiropoulou LI, et al. DietaryApproaches to Stop Hypertension (DASH) Diet and Blood Pressure Reduction in Adults with and withoutHypertension: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. Adv Nutr. 2020;11(5):1150-60.

14. Siervo M, Lara J, Chowdhury S, Ashor A, Oggioni C, Mathers JC. Effects of the Dietary Approach to StopHypertension (DASH) diet on cardiovascular risk factors: a systematic review and meta-analysis. BritishJournal of Nutrition. 2015; 113(1):1-15.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS15. Shirani F, Salehi-Abargouei A, Azadbakht L. Effects of Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH) dieton some risk for developing type 2 diabetes: a systematic review and meta-analysis on controlled clinical trials.Nutrition. 2013; 29(7-8):939-47.

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20. Sociedade Portuguesa de Hipertensão. Disponível em: https://www.sphta.org.pt/pt/base8_detail/24/90.Accessed date: 01-05-2021