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Hiperparatiroidismo Secundário 1
FCNAUP Laurinda Castro 2007
Resumo:
O hiperparatiroidismo secundário (HPTS) é uma complicação comum em
doentes com insuficiência renal crónica (IRC). Esta patologia é caracterizada
pelo excesso de produção e libertação da paratormona (PTH).
A PTH actua principalmente no rim, osso e intestino. A sua produção é
estimulada, através de diversos mecanismos, hiperfosfatemia, hipocalcémia e
défice de calciferol, que estão intimamente relacionados.
A prevenção é essencial e através de um plano alimentar é possível
prevenir, ou pelo menos retardar o aparecimento e evolução desta patologia.
O tratamento passa numa primeira fase, pela instituição de um plano
alimentar pobre em fósforo. Alguns estudos referem que uma dieta pobre em
proteínas e rica em cálcio pode ser fundamental para o tratamento e apontam
mesmo que será mais eficaz que os fármacos usados até agora. No entanto a
adesão do doente nem sempre é a melhor. O nutricionista é fundamental no
acompanhamento destes doentes, tanto para educar como para motivar o
cumprimento do plano.
Palavras-chave:
Hiperparatiroidismo secundário, insuficiência renal crónica, hiperfosfatemia,
hipocalcemia, calciferol, fósforo, proteína, cálcio.
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Abstract:
Secondary hyperparathyroidism is a common complication among patients
with chronic renal failure. This pathology is characterized by the excess of
production and release of the parathormone.
The parathormone mainly effects are in the kidney, bone ant intestine.
Excessive parathormone production leads, though diverse mechanisms, to
hyperphosphatemia, hypocalcemia and low levels of vitamin D, that are closely
related and stimulate even more the parathormone production.
The prevention is essential and through a nutritional plan it is possible to
prevent, or at least delay the diagnosis or evolution of this pathology.
The treatment, in a first phase, is characterized by the application of a
nutricional plan poor in phosphorus. Some studies refer that a diet also poor in
protein and rich in calcium can be fundamental for the treatment. Some even say
that it is more effective than drugs used so far. However the patients’ compliance
is not always the best. The nutriotionist is very important in the accompaniment
of these patients, to educate but also to motivate the fulfillment of the plan.
Key words:
Secondary hyperparathyroidism, chronic renal failure, hyperphosphatemia,
hypocalcemia, vitamin D. phosphorus, protein, calcium.
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Introdução
A sequência de eventos que levaram à definição do hiperparatiroidismo
como uma entidade clínica resultou de diversos estudos desenvolvidos até à
primeira metade do século XX, culminando numa revisão de Albright &
Reifenstein em 1948 e, mais tarde, com outras técnicas e ferramentas
disponíveis, em 1990 com Albright & Ellsworth (1).
O HPTS é uma complicação comum em doentes sujeitos a diálise de longa
duração (2). Caracteriza-se por uma produção excessiva da PTH, resultado de
uma hiperfosfatemia, hipocalcémia e diminuição de calciferol, de longo prazo (3-
5).
O controlo da hiperfosfatemia tem um papel central no controlo desta
patologia (5), e tem sido demonstrado que pode prevenir o seu aparecimento.
Pode também ser um instrumento na prevenção da insuficiência renal
progressiva e calcificação de tecidos moles (6). O passo inicial é a restrição
dietética de fósforo, algo que não é fácil uma vez que se faz por restrição
proteica, podendo levar a desnutrição, e não conta muitas vezes com a
colaboração do doente (5, 6, 7).
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Desenvolvimento do tema
Glândulas paratiróides e paratormona
Um pouco de história….
A descoberta das glândulas paratiróides e do seu papel biológico ocorreu
muito depois dos trabalhos relativos à glândula tiróide (1).
As glândulas paratiróides foram descobertas no final do século XIX e o
interesse na sua função foi aumentando durante os primeiros 25 anos do século
XX (1).
O seu estudo abraçou quatro fases distintas ao longo dos últimos 100 anos,
incluindo a determinação da fisiologia das paratiróides, a patofisiologia,
caracterização química, síntese e estudo da biologia celular e molecular e o seu
potencial uso como fármaco (1).
Glândulas paratiróides
As glândulas paratiróides são quatro e formam-se entre a quinta e a décima
quarta semana de gestação. Normalmente, descem e localizam-se
posteriormente à tiróide, mas podem também ocorrer localizações ectópicas no
pescoço e no mediastino. O seu fornecimento sanguíneo advém das artérias
tiróides. O seu aspecto histológico modifica-se com a idade (4).
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Caracterização
A PTH é produzida nas glândulas paratiróides, onde é clivada e
posteriormente armazenada em vesículas secretoras (5, 8). É uma proteína de
cadeia única com peso molecular de 9500 daltons, contendo 84 aminoácidos. A
sua actividade biológica reside na porção N-terminal da molécula entre os
aminoácidos 1 a 27 (3, 4), sendo a sua principal função, manter a homeostasia do
cálcio (3, 5).
Síntese, secreção e metabolização
A PTH é sintetizada nas glândulas paratiróides, a partir de uma molécula
percursora, a pré-pró-PTH, que contém 115 aminoácidos. À medida que a
cadeia peptídica da pré-pro-PTH cresce e alcança o seu comprimento completo
nos ribossomas, é clivada e transforma-se na pró-PTH. A pró-hormona é
transportada para o aparelho de Golgi, dentro do qual ocorre o processamento
de pró-PTH em PTH, sendo parte desta acondicionada para armazenamento em
vesículas secretoras e libertada por exocitose (4, 8, 9), predominantemente sob a
forma de PTH-(1-84) (8, 10). A partir do momento que é libertada, tem uma semi-
vida de 2 a 4 dias. A proteína é então clivada em fragmentos terminal-N,
terminal-C e fragmentos da região média da PTH, que são catabolizados no rim
e fígado (3, 5). Além disso, parte da PTH recém-sintetizada pode ser transportada,
ainda nas vesículas de Golgi, directamente através da célula para libertação
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imediata (3, 4). A PTH circulante é assim constituída por PTH-(1-84) e um grupo
heterogéneo de moléculas de PTH ligado ao terminal amina (11).
Regulação da secreção
A secreção de PTH ocorre em resposta à hipocalcémia, hiperfosfatemia e à
deficiência de calciferol (4). É pulsátil, com um pico de secreção durante a noite
(independente da concentração plasmática de cálcio) (4) e diminui com o
envelhecimento (4, 10).
O regulador dominante da actividade de PTH é o nível plasmático de cálcio,
mais precisamente, a fracção ionizada do cálcio plasmático (3-5, 12). A resposta
rápida das alterações na concentração do cálcio ionizado deve-se à interacção
com um receptor sensível ao cálcio (RCa) (3). Um aumento da fixação do ião
cálcio ao componente extracelular deste receptor resulta num aumento dos
níveis intracelulares de cálcio (através da geração de trifosfato de inositol) e na
queda dos níveis de AMP cíclico (AMPc), interrompendo a exocitose dos
grânulos de secreção que contêm a PTH (3, 4). Quando a fixação do ião cálcio ao
receptor diminui, há um aumento da exocitose dos grânulos e a secreção de
PTH aumenta. Esta activação do receptor pela hipocalcémia também acarreta
aumento na síntese de PTH e redução na sua degradação dentro das células
paratiróides. Assim, a hipocalcémia faz aumentar a síntese, as reservas e a
capacidade de secreção da PTH, levando à estimulação do crescimento das
glândulas (4).
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O ião magnésio (Mg2+) pode influenciar tal como o cálcio, a secreção de
PTH. No entanto, como é um secretagogo menos eficaz, apenas uma grande
deficiência intracelular deste ião influencia a secreção de PTH (3, 4).
Os níveis séricos elevados de fósforo provocam uma diminuição transitória
no nível plasmático de cálcio ionizado, estimulando a secreção de PTH, através
de um receptor específico nas células paratiróides (3-5).
A secreção de PTH também é regulada pela vitamina D. O aumento dos
níveis séricos de calciferol, devido a uma secreção aumentada de PTH, suprime
directamente a síntese e secreção desta hormona, devido ao consequente
aumento de cálcio e retrocontrolo pelo calciferol, das glândulas paratiróides (4, 5).
Acções da hormona paratiróide
A função primária e mais conhecida da PTH é a manutenção da
homeostasia do cálcio. Os tecidos-alvo da sua acção são o osso e o rim, de uma
forma directa, e o intestino de uma forma indirecta (3-5, 13). Contudo, também
pode actuar noutros sistemas como o sistema nervoso, o sistema
cardiovascular, pulmões, linfócitos, músculo esquelético e ilhas pancreáticas (13).
No osso, a PTH actua de forma directa, como consequência da estimulação
crónica das paratiróides pela hipocalcémia, acelerando a remoção de cálcio (4).
Desta forma, o fluxo de cálcio para o sangue é maior, aumentando a sua
concentração plasmática (3-5). A remoção de cálcio pode ocorrer devido a três
processos:
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Através da estimulação da osteólise, em que há transferência de
cálcio do líquido canicular ósseo para o interior do osteócito (3-5, 9);
Através da activação da bomba de cálcio pela PTH, saindo pelo lado
oposto da célula e entrando no líquido extracelular (o fósforo não parece ser
mobilizado com o cálcio neste processo) (3-5, 9);
Ou, mais lentamente, pela activação dos osteoclastos (3-5, 9), que
recebem um sinal secundário desconhecido, enviado pelos osteoblastos e
osteócitos, levando à activação dos osteoclastos já formados e/ou à formação
de novos osteoclastos, o que leva a uma maior reabsorção óssea (9), em que,
tanto o cálcio como o fósforo serão libertados e transferidos para o líquido
extracelular (3-5).
Entretanto, a PTH também exerce acções anabólicas sobre o osso.
Quando administrado em doses muito baixas e de maneira intermitente, a PTH
estimula a formação do osso em seres humanos. Essas acções anabólicas são
mediadas por aumentos locais nos factores de crescimento semelhantes à
insulina (IGF – insulin growth factors) e nos factores transformadores de
crescimento (TGF – transforming growth factors), cuja síntese é estimulada pela
PTH (3-5, 14, 15).
A PTH é secretada em resposta à hipocalcémia, e actua directamente no
rim, acelerando a reabsorção de cálcio pela ansa ascendente de Henle e pelo
túbulo distal do rim. Desta forma, aumenta a concentração plasmática de cálcio.
A reabsorção deste é mediada pelo aumento do AMPc que activa
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proteinocinases, localizadas na bordadura em escova, e que participam na
reabsorção do cálcio. O receptor sensível ao cálcio também está presente no
interior das células tubulares renais e modula a reabsorção do cálcio por essas
células (3-5, 14, 15).
O efeito mais marcante da PTH sobre o rim consiste em inibir a reabsorção
de fósforo, eliminando assim o excesso libertado pela reabsorção óssea
estimulada pela PTH. Caso contrário, poderia ocorrer elevação plasmática
simultânea na concentração do cálcio e de fósforo, podendo ocorrer precipitação
de complexos de cálcio-fósforo. Em contraste, nas situações com privação
primária de fósforo, a concentração plasmática de cálcio tende a aumentar e,
dessa forma, inibe a secreção de PTH, tornando-se assim possível uma maior
reabsorção de fósforo tubular, conservando esse mineral essencial.
A PTH estimula, no rim, a síntese de vitamina D (3-5, 14, 15).
Graças ao aumento dos níveis de AMPc, a proteinocinase A fosforila, e
activa uma fosfatase proteica que, de seguida, desfosforila a ferroproteina
renoredoxina, essencial para a actividade da enzima 1- -hidroxilase renal. Em
situações de hipocalcémia, a expressão dessa enzima é aumentada,
aumentando assim a produção da forma activa da vitamina D, que é um potente
estimulador da absorção intestinal de cálcio (3-5, 14, 15).
A PTH também actua no intestino, mas de forma indirecta, aumentando a
eficiência da absorção intestinal de fósforo e/ou cálcio devido aos efeitos da
hormona sobre o calciferol (3-5).
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Existem muitas manifestações extra-esqueléticas do excesso de PTH:
encefalopatia, anemia, calcificação extra esquelética, neuropatia periférica,
insuficiência cardíaca, hiperlipidemia e impotência (5).
Medição dos níveis de paratormona
A hormona paratiróide tem um papel central na regulação do metabolismo
ósseo e mineral. Desta forma, uma medição exacta da sua actividade é
necessária numa grande variedade de circunstâncias clínicas, como por
exemplo na insuficiência renal crónica (11, 12, 16, 17).
Uma medição ideal do nível de PTH deve discriminar entre a molécula
bioactiva PTH-(1-84) e os fragmentos de PTH, incluindo os (7-84) (13), uma vez
que antagoniza os efeitos da PTH-(1-84) (18) e ocorre acumulação do mesmo em
doentes com insuficiência renal (5).
Patofisiologia
No hipoparatiroidismo, em que há uma diminuição acentuada da secreção
de PTH, em geral observa-se aumento da massa óssea, causando hipocalcémia
e hiperfosfatemia. Esta resposta é reversível quando ocorre um excesso de PTH
(3, 4).
O excesso de secreção de PTH pode ter duas formas:
1) No hiperparatiroidismo primário, o excesso de produção de PTH deve-se
à presença de tumor nas paratiróides (adenoma). As manifestações mais
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comuns desta patologia são: hipercalcémia, hipofosfatemia, litíase renal e
descalcificação do osso (3, 4, 17).
2) O hiperparatiroidismo secundário resulta de uma patologia exterior às
glândulas paratiróides, levando a uma excessiva secreção de PTH. Esta
situação é típica da insuficiência renal crónica (IRC): como os rins não
conseguem reabsorver o cálcio, o nível deste no sangue vai diminuir,
estimulando continuamente a secreção da hormona. O hiperparatiroidismo
secundário também pode resultar de uma dieta insuficiente em cálcio ou
vitamina D ou com excesso de fósforo. Um dos efeitos mais proeminentes é a
descalcificação do osso e perda de massa óssea (3, 4).
O excesso de PTH leva ao aumento da excreção de fósforo nos túbulos
renais, levando a uma hipofosfatemia. Esta condição agrava a hipercalcémia,
devido ao aumento da síntese de calciferol, aumenta a sensibilidade do osso à
PTH e também pode interferir com a mineralização normal do osso, podendo
originar desta forma um cenário misto de aumento de reabsorção e deficiente
mineralização (3).
Proteína relacionada com a hormona paratiróide (PTHrP)
A PTH e a PTHrP são proteínas distintas e produto de diferentes genes
mas têm uma homologia funcional e estrutural (3).
A PTHrP é produzida em vários tipos de células (cérebro, coração,
pâncreas, pulmão, tecido mamário, placenta, células endoteliais e músculo liso),
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é responsável pela hipercalcémia em doentes com cancro, uma situação que se
assemelha ao hiperparatiroidismo, e tem um papel no desenvolvimento fetal e
na fisiologia do adulto (3).
Os modelos animais sugerem que a PTHrP é importante na regulação do
desenvolvimento do esqueleto da homeostasia do cálcio, no feto, já que a
eliminação do gene que a codifica resulta em várias deformações esqueléticas
ou em mutações letais (9).
Metabolismo normal de:
Cálcio
A regulação da homeostasia do cálcio, bem como do fósforo, depende da
acção da PTH e do calciferol (1,25 - diidrocolecalciferol), o metabolito activo da
vitamina D (19).
Os níveis séricos de cálcio são controlados, com bastante precisão, entre
8,5 e 10,5 mg/dl (2,1 a 2,6 mmol/L) (5, 9, 20), devido ao facto deste mineral ter um
papel importante em diversos processos biológicos, nomeadamente: contracção
dos músculos esquelético, cardíaco e liso, coagulação sanguínea, transmissão
de impulsos nervosos, entre outros (20). No entanto, os níveis séricos pouco
reflectem a quantidade total de cálcio no organismo uma vez que apenas
corresponde a 0,1 ou 0,2% do cálcio extracelular (1% do cálcio total). Desta
forma, o osso corresponde a um grande reservatório de cálcio, libertando-o
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quando a sua concentração extracelular diminui e armazenando-o quando a sua
concentração aumenta (5, 9, 20).
O cálcio extracelular encontra-se sob diversas formas:
40-50% corresponde a cálcio ionizado, fisiologicamente activo (5, 9, 19,
20), que se difunde através das membranas dos capilares (10);
40% encontra-se ligado à albumina e proteínas globulares (5, 13, 19, 21)
e, por esta razão, não se difunde através dos capilares (9);
10% está ligado a aniões (5, 9, 19, 20).
O balanço efectivo de cálcio varia com a idade, sendo ligeiramente positivo
para crianças e jovens adultos e neutro, com tendência a tornar-se negativo, a
partir dos 25 a 35 anos, idade em que o osso pára de crescer (5).
Em relação à ingestão dietética de cálcio, apenas 25 a 45% desta é
absorvida, podendo a taxa de absorção aumentar se a dieta for pobre em cálcio
ou se estiverem a ser administrados compostos de vitamina D (5).
O local de excreção primário de cálcio é o rim. No entanto, há uma
secreção diária obrigatória de aproximadamente 130mg de cálcio pelo intestino
(5).
Os indivíduos saudáveis têm mecanismos de protecção contra uma
sobrecarga de cálcio, através da diminuição da absorção intestinal de cálcio e
aumento da excreção renal do mesmo (5, 19).
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A interacção entre a PTH e os metabolitos de vitamina D, com o órgão alvo
mantém o nível sérico de cálcio ionizado dentro de valores normais (5). Assim,
quando o cálcio plasmático diminui, aumenta a libertação de PTH, que:
Estimula a reabsorção de osso, mediada pelos osteoclastos (20);
Estimula a reabsorção de cálcio pelo rim e a absorção de cálcio no
intestino delgado mediada pelo calciferol (20).
Apesar da vitamina D ser o factor mais importante para a regulação da
absorção de cálcio, existe uma grande variedade de outros factores que também
desempenham um papel na regulação, tais como: PTH, hormona de
crescimento, estrogénios, entre outros (19).
Quando a concentração sérica de proteínas diminui, devido a desnutrição,
doenças de fígado, síndrome nefrótico, entre outras, o cálcio total diminui mas a
fracção ionizada mantém-se constante devido aos mecanismos referidos
anteriormente (20).
Fósforo
Este mineral é um grande constituinte do esqueleto e tem grande
relevância em diversos processos celulares, para além de ser um importante
tampão para a regulação da secreção ácida do rim (19).
Os níveis de fósforo são mantidos entre 2,5 e 4,5 mg/dl (0,8 a 1,5 mmol/L)
(5). Pode-se encontrar armazenado no osso (85%), nas células (14 a 15%) e no
fluido extracelular (menor que 1%) (9). A sua homeostasia, regulada pela PTH e
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calciferol, está dependente, tal como o cálcio, da interacção entre três sistemas
de órgãos: tracto intestinal, osso e rim (19).
Através da ingestão média diária fornecida por uma dieta “tipo
mediterrânica”, são fornecidos cerca de 1000 a 1500 mg de fósforo, sendo a
maior parte excretada pelo rim e uma menor parte pelo tracto intestinal As
grandes fontes de fósforo na dieta são: carnes, lacticínios e grãos e cereais (5).
O rim é o principal órgão envolvido na regulação da homeostasia do fósforo
(19) e a sua excreção renal é controlada por um mecanismo de over-flow (9).
Assim, quando a função renal e a taxa de filtração diminuem, há uma
compensação da taxa de reabsorção tubular de fósforo, mediada em parte pelo
aumento da PTH sérica, sendo os níveis de fósforo mantidos dentro dos
parâmetros referidos anteriormente. Quando a taxa de filtração glomerular (TFG)
desce para níveis inferiores a 20 ou 25 ml/min, o aumento da PTH sérica já não
irá conseguir manter os níveis de fósforo, aumentando assim a excreção deste,
e desenvolvendo-se a hiperfosfatemia. Nos estádios avançados de IRC, os
níveis de fósforo são bem mantidos no início, mas com consequente
agravamento do hiperparatiroidismo secundário (5).
Os principais factores que afectam a resposta renal ao fósforo são (23):
O fósforo alimentar e plasmático,
O aumento do volume do fluido extracelular (provoca um aumento na
excreção do fósforo),
A concentração de cálcio,
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A acidose (leva a uma diminuição da reabsorção de fósforo),
PTH, calciferol, calcitonina, insulina, glucose, glucagon,
glucocorticóides,
Diuréticos.
A administração de calciferol aumenta a absorção intestinal de fósforo. No
entanto, a ingestão de elevadas quantidades de cálcio, bem como a presença de
alumínio no lúmen intestinal, levam a uma diminuição da absorção de fósforo
pelo intestino (19).
Vitamina D
A vitamina D3, metabolicamente inactiva (5, 9), formada na pele através da
transformação do 7-dehidrocolesterol pela radiação UV do sol (10, 20, 22), é
convertida em 25-hidrocolecalciferol, no fígado, tendo um efeito inibitório sobre si
próprio. Posteriormente, no rim, através da acção da enzima 1- -hidroxilase, é
transformado em 1,25-dihidrocolecalciferol, reacção que necessita de PTH.
Assim, forma-se o metabolito mais activo de vitamina D. Desta forma, na
ausência de PTH, a vitamina D perde quase a totalidade da sua funcionalidade.
Igualmente, quando existe hipercalcémia, a PTH ao ser inibida, impede a
formação de 1,25-dihidrocolecalciferol (5, 9, 20, 22, 23).
A função mais importante do calciferol é no intestino delgado, onde regula a
absorção de cálcio e, em menor grau, a de fósforo (5, 19). O calciferol suprime
directamente a síntese de PTH e aumenta a formação de osteoclastos, pelo que
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parece ser importante para a renovação normal do osso. Assim, níveis baixos de
cálcio, aumentam a secreção de PTH, que, por sua vez, estimula a actividade da
1- -hidroxilase no rim, o que faz aumentar os níveis séricos de calciferol,
levando ao aumento do cálcio sérico. O aumento dos níveis plasmáticos de
vitamina D e de cálcio, diminuem a secreção de PTH (5).
A 1- -hidroxilase é estimulada por: calciferol, PTH, baixa concentração de
cálcio, estrogénio, prolactina e hormona de crescimento (5).
A vitamina D tem várias acções no organismo de um indivíduo (9):
Tem um potente efeito no aumento da absorção de cálcio pelo tracto
intestinal, através do aumento da formação de proteínas de ligação de cálcio;
Promove a absorção de fósforo pelo intestino;
Diminui, embora de uma maneira fraca, a excreção renal de cálcio e
fósforo;
Na sua ausência, o efeito da PTH na absorção óssea é francamente
reduzido;
Em pequenas quantidades promove a calcificação óssea.
Causas de hiperparatiroidismo secundário
Esta patologia pode ocorrer em doentes com insuficiência renal crónica,
osteomalacia (deficiência de vitamina D) e pseudohipoparatiroidismo (3, 15, 24).
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Os mecanismos que, na presença de osteomalacia, levam a uma situação
de HPTS são semelhantes aos que ocorrem no decurso de uma IRC,
relativamente à diminuta quantidade de vitamina D.
A) Pseudohipoparatiroidismo
B) Osteomalacia
C) Insuficiência renal crónica.
A) Pseudohipoparatiroidismo:
Esta patologia é caracterizada por hipocalcémia, hiperfosfatemia e aumento
da concentração de PTH-(1-84) (24).
O tipo clássico de peudohipoparatiroidismo caracteriza-se por resistência
intra-orgânica à PTH, causada por um defeito genético, resultando numa sub-
unidade anormal de regulação da proteína-G do complexo da adenil ciclase (20).
Esta patologia é devida à escassez, ou até mesmo ausência, de receptores de
vitamina D ou de receptores de PTH (24).
A confirmação do diagnóstico é feita pela demonstração da incapacidade
do AMP cíclico, plasmático ou urinário, aumentarem em resposta à infusão de
PTH (3, 20).
Numa situação de hiperparatiroidismo secundário, o AMPc aumenta
imediatamente antes da elevação dos níveis de fósforo na urina (3).
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B) Osteomalacia (défice de vitamina D):
A PTH estimula a 1- -hidroxilase, enzima responsável pela conversão da
vitamina D3, no seu metabolito activo. Desta forma, um défice alimentar de
vitamina D, estimula cronicamente a secreção de PTH (8, 24).
C) Insuficiência renal crónica:
A IRC define-se como a diminuição progressiva, permanente e irreversível
da TFG ao longo de um tempo variável, por vezes ao longo de anos, expressa
por TFG inferior a 60 ml/min/1,73m2. Também se pode definir como a presença
de dano renal persistente durante pelo menos 3 meses, secundário a uma
redução lenta, progressiva e irreversível do número de nefrónios com o
consequente síndrome clínico derivado da incapacidade renal para levar a cabo
funções depurativas, excretoras, reguladoras e endócrino-metabólicas (27 - 29).
O HPTS é uma complicação frequente em doentes com IRC e é a causa da
principal alteração esquelética apresentada por indivíduos em programas de
diálise (7).
O rim perde progressivamente a sua capacidade de excretar fósforo,
produzir calciferol e manter a homeostasia do cálcio. Desenvolve-se assim
hiperparatiroidismo secundário, à medida que a TFG vai diminuindo e são
necessários níveis cada vez maiores de PTH para manter a homeostasia do
fósforo (3, 5, 19, 25).
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Com a melhoria da qualidade da diálise, o tempo de permanência da
população de doentes renais crónicos neste tipo de tratamento tem crescido,
aumentando desta forma o aparecimento de doentes com hiperparatiroidismo
secundário (7).
Mecanismos de desenvolvimento do hiperparatiroidismo secundário
No decurso da doença renal crónica, os factores implicados na patogénese
do hiperparatiroidismo secundário incluem: alterações metabólicas do fósforo e
cálcio, deficiência de calciferol, alteração do funcionamento das glândulas
paratiróides e resistência óssea à acção calcémica da PTH (30). Estes factores
encontram-se fortemente relacionados. No entanto serão descritos
separadamente, ressalvando que nenhum se apresenta de forma isolada, e que
a alteração de um destes factores leva a alterações nos restantes.
a) Alterações do metabolismo do fósforo (hiperfosfatemia) e do cálcio
(hipocalcémia);
b) Deficiência de calciferol
c) Alterações do funcionamento das glândulas paratiróides
d) Resistência óssea à acção calcémica da PTH
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a) Alterações do metabolismo do fósforo (hiperfosfatemia) e do cálcio
(hipocalcémia):
A hiperfosfatemia corresponde ao evento inicial e é o principal factor de
manutenção e agravamento do estado de hiperparatiroidismo (7, 30).
Em fases mais precoces de insuficiência renal, os níveis de fósforo são
mantidos dentro de valores fisiologicamente normais devido a um
hiperparatiroidismo compensatório (6). No entanto, com o decurso da patologia, à
medida que a TFG e a massa renal diminuem, diminui também a excreção renal
do mineral, havendo uma acumulação de fósforo sérico (19).
A hiperfosfatemia induz a hiperplasia das glândulas paratiróides (31) e leva
directamente a um excesso de secreção de PTH. Também aumenta os níveis
desta hormona indirectamente, devido a outros efeitos que provocam:
Hipocalcémia: como o cálcio é um importante regulador da acção
da PTH, a diminuição da sua concentração é um forte estímulo ao
desenvolvimento de hiperparatiroidismo secundário (3, 5, 7, 19, 22, 31);
Inibição da produção de calciferol pelo rim, devido à inibição da
actividade da 1- -hidroxilase: induz directamente um aumento da libertação de
PTH e uma diminuição da absorção intestinal de cálcio, originando desta forma
hipocalcémia (3, 5, 7, 19, 22, 25, 32);
Efeitos directos nas glândulas paratiróides (3, 5, 7, 19, 22, 25, 32).
Esta sequência de eventos é conhecida como a “trade-off hypothesis”, que
foi confirmada quando se demonstrou que a restrição dietética de fósforo,
Hiperparatiroidismo Secundário 22
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proporcional à diminuição da TFG, teria sucesso na prevenção do
desenvolvimento de hiperparatiroidismo secundário (19). A hiperfosfatemia é
também responsável pela diminuição da resposta óssea à acção calcémica da
PTH, que tem também um papel importante no desenvolvimento de
hipocalcémia, e pode ainda provocar a proliferação das células das glândulas
paratiróides (7, 24).
Quando os níveis séricos de cálcio se encontram baixos, a glândula
paratiróide liberta PTH para compensar o balanço de cálcio através de (33):
Libertação de cálcio dos ossos,
Retenção de cálcio que normalmente seria excretado;
Aumento da absorção de cálcio pelo tracto intestinal.
A hipocalcémia é também responsável pela diminuição da activação e
expressão de receptores sensíveis ao cálcio, que permitiriam às células
paratiróides saber quais os níveis de cálcio no fluido extracelular, promovendo,
desta forma, a síntese e secreção de PTH (34).
b) Deficiência de calciferol:
O rim é o principal órgão produtor de calciferol, o metabolito activo da
vitamina D. Desta forma, quando há uma diminuição da massa renal e da TFG,
a capacidade do rim de produzir calciferol está também diminuída. Assim, e
devido ao facto de não ocorrer a dupla hidroxilação que levaria à formação de
calciferol (outra das razões para tal não acontecer é a hiperfosfatemia), há uma
Hiperparatiroidismo Secundário 23
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diminuição da síntese do metabolito activo da vitamina D (19, 22, 23, 24, 32), levando
ao desenvolvimento de hiperparatiroidismo secundário (19, 23, 24, 32):
Por mecanismos directos sobre as glândulas paratiróides,
independentemente do cálcio, através da diminuição da supressão da
transcrição do gene da PTH e aumentando a proliferação de células
paratiróides;
Por mecanismos indirectos, através da diminuição da absorção
intestinal de cálcio e levando à deterioração da resposta óssea à acção
calcémica da PTH. Desenvolve-se assim uma situação de hipocalcémia, que
estimula a secreção de PTH.
Por outro lado, o défice de calciferol associa-se a uma regulação negativa
do receptor de vitamina D e dos receptores sensíveis ao cálcio, facilitando assim
a síntese e secreção de PTH (7).
c) Alterações do funcionamento das glândulas paratiróides:
Estas alterações incluem a hiperplasia das glândulas, diminuição da
expressão dos receptores de vitamina D e dos receptores sensíveis ao cálcio (7,
35).
Nas glândulas paratiróides de doentes com hiperparatiroidismo grave
podem-se encontrar áreas nodulares que representam expansões
mononucleares. As células destes nódulos têm um número diminuído de
receptores de vitamina D, que pode resultar numa perda da capacidade do
Hiperparatiroidismo Secundário 24
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calciferol em inibir a síntese da PTH e o crescimento das células paratiróides. As
áreas de hiperplasia nodular representam assim uma diminuição do número de
receptores sensíveis ao cálcio que, juntamente com a hipocalcémia, com a
retenção de fósforo e com a deficiência de vitamina D, contribuem para a
hiperplasia das glândulas paratiróides em doentes com IRC (7, 35).
Outra consequência da diminuição dos receptores sensíveis ao cálcio é o
aumento da secreção da PTH como resultado da diminuição da resposta das
glândulas paratiróides ao cálcio (7).
d) Resistência óssea à acção calcémica da PTH:
A resistência óssea à acção da PTH foi descoberta no início dos anos 70 e,
desde então, tem sido reconhecida como um dos maiores mecanismos para a
patogénese do HPTS em doentes com IRC (36).
Os doentes com IRC não conseguem aumentar os níveis de cálcio sérico,
por muito que a PTH aumente, necessitando assim de níveis consequentemente
maiores de PTH para manter os níveis de cálcio e a remodelação óssea normais
(7). A patogénese da resistência óssea ao efeito calcémico da PTH, no contexto
de uma IRC, é multifactorial e inclui retenção de fósforo, deficiência de calciferol
(25) e diminuição da expressão dos receptores da PTH (7) nas células ósseas,
como consequência da retenção de fósforo e de toxinas urémicas (7).
Hiperparatiroidismo Secundário 25
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Complicações de hiperparatiroidismo secundário não tratado:
O HPTS é a maior causa de morbilidade e mortalidade, em doentes com
IRC, devido a um grande número de consequências clínicas (5, 39-41). A PTH é
uma toxina urémica, responsável por um elevado número de complicações,
incluindo osteodistrofia renal e mudanças na estrutura e função cardíacas (41).
A consequência mais proeminente do HPTS é a doença óssea metabólica,
que frequentemente causa dor e invalidez entre doentes com IRC em tratamento
dialítico. Geralmente é acompanhada de uma diminuição da massa óssea,
alteração na microarquitectura do osso e fracturas ósseas (40).
A hiperfosfatemia e os níveis constantemente elevados de PTH originam
uma série de complicações extra-ósseas, incluindo calcificações vasculares.
Estas manifestações extra-ósseas do HPTS têm recebido cada vez mais
atenção, como um potencial factor de risco não tradicional para a mortalidade e
morbilidade cardiovascular em doentes em diálise de longo termo (5, 39, 40).
A osteodistrofia renal é um termo não específico usado para descrever as
complicações ósseas e minerais associadas à doença renal. Classifica-se
frequentemente, de acordo com dados histopatológicos, em (5, 39-42):
o Osteíte fibrosa cística (lesão de elevada renovação óssea):
caracteriza-se por um estado de elevada remodelação óssea com aumento das
taxas de formação e reabsorção ósseas;
o Doença óssea de baixa remodelação: semelhante à osteomalacia,
devido à sua baixa taxa de remodelação;
Hiperparatiroidismo Secundário 26
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o Osteodistrofia urémica mista: caracteriza-se por uma substancial
supressão da formação e reabsorção ósseas com um defeito na mineralização.
Esta não é uma manifestação por si só de HPTS, mas desenvolve-se
frequentemente após o tratamento desta patologia com esteróis de vitamina D.
Os riscos associados incluem fractura óssea e osteomalacia.
A calcificação de tecidos moles é uma complicação extra-óssea comum da
IRC e os níveis séricos elevados de fósforo têm sido constantemente associados
como um importante factor de risco para esta complicação (5, 40, 41). A terapia com
vitamina D pode agravar a calcificação de tecidos moles tanto pelo consequente
aumento de cálcio, como pela promoção directa de deposição mineral através
de vias específicas (5, 40). A calcificação de tecidos moles pode ocorrer em
qualquer tecido, particularmente, na pele e tecido subcutâneo, córnea e
conjuntiva, músculo, pulmão, tracto gastrointestinal e sistema cardiovascular (39,
40).
A etiologia das complicações cardiovasculares em doentes com IRC é
complicada e não é totalmente conhecida. Vários factores de risco
cardiovasculares estão presentes em doentes com IRC, como hipertensão
arterial, diabetes mellitus, intolerância à glicose, alteração do metabolismo
lipídico, dislipidemia e alterações no metabolismo da homocisteína (5, 39-41, 43).
Estes doentes têm frequentemente os níveis de colesterol HDL demasiado
baixos, os níveis de LDL elevados, bem como os de triglicerídeos, o que
aumenta ainda mais o risco de doença cardiovascular (5, 40).
Hiperparatiroidismo Secundário 27
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A anemia é comum entre doentes com IRC moderada a severa e tem sido
identificada comum um factor de risco independente para a hipertrofia do
ventrículo esquerdo e para as constantes idas ao hospital devido a problemas
cardíacos e não cardíacos (5, 40, 41). O HPTS pode originar fibrose medular e
piorar a anemia. Elevados níveis de PTH podem também aumentar a fragilidade
dos eritrócitos, diminuindo o seu tempo de vida e inibindo directamente a
eritropoiese (40).
Tratamento
Os factores responsáveis pela patogénese, discutidos anteriormente,
constituem a base do tratamento de doentes com esta patologia, variando de
acordo com o nível de função renal, e pode ter várias abordagens de acordo
com a gravidade e função renal, nomeadamente, a abordagem dietética,
farmacológica e, em último recurso, cirúrgica (5).
O tratamento do HPTS não é um processo isento de riscos (44) e, uma vez
no seu estado avançado, é extremamente difícil de reverter (45). Deste modo, e
associado ao facto de que uma considerável percentagem de doentes com IRC,
com uma TFG de 80 a 60 ml/min/1.73 m2, apresentar valores elevados de PTH
(5, 45), torna-se imperativa uma intervenção o mais cedo possível, no sentido da
prevenção da doença (5, 45, 46). A intervenção precoce deve tentar evitar a
secreção excessiva da PTH (46), impedir ou retardar a hiperplasia das glândulas
paratiróides (5, 45, 46) e diminuir o risco de mortalidade nestes doentes (46).
Hiperparatiroidismo Secundário 28
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A) Abordagem dietética:
O controlo da hiperfosfatemia é crucial para a prevenção do
desenvolvimento do HPTS e osteodistrofia renal (7, 46-49).
Apesar da retenção de fósforo ocorrer muito cedo no decurso da IRC
(provavelmente no estádio 1, mas definitivamente no estádio 2), os seus níveis
séricos não se encontram alterados (49, 50). No entanto, quando a TFG é menor
que 80 a 60 ml/min/1,73m2, existe já um aumento dos níveis de PTH (45, 50),
ocorrendo aumento dos níveis séricos de fósforo apenas no estádio 4 da IRC
(50).
Desta forma, os níveis plasmáticos de PTH são melhores marcadores, no
início da IRC, relativamente à necessidade de se efectuar restrição alimentar de
fósforo (50).
A terapia nutricional é fundamental. As alterações que desencadeiam o
aparecimento de HPTS podem ser largamente, ou até mesmo totalmente,
eliminadas através da restrição alimentar de fósforo e, consequentemente, uma
dieta hipoproteica (51).
O primeiro passo para a prevenção e tratamento destes doentes é a
restrição dietética de fósforo (45, 50, 52), para 800 a 1000 mg/dia (ajustado às
necessidades proteicas), quando os níveis plasmáticos de PTH se encontram
acima do valor considerado normal para o estádio de IRC em que o doente se
encontra e/ou quando os valores séricos de fósforo estão elevados (maior que
4,6 mg/dl, para os estádios 3 e 4; maior que 5,5 mg/dl, no estádio 5) (50).
Hiperparatiroidismo Secundário 29
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Existem bastantes evidências de que uma dieta hipoproteica e baixa em
fósforo pode atrasar a progressão da insuficiência renal. No então, no início da
IRC, em que o paciente ainda se encontra assintomático, pode ser complicado e
difícil instituir uma terapêutica alimentar, principalmente se esta for
excessivamente restritiva. No entanto, os profissionais que o acompanham,
nomeadamente o nutricionista, devem explicar ao doente com clareza quais as
razões e vantagens da prescrição de um plano alimentar, e quais as
consequências que advêm do seu não cumprimento, e de acordo com os
restantes elementos da equipa multidisciplinar.
Os doentes com IRC, em pré-dialise requerem uma ingestão proteica de
0,55 a 0,6 g/kg peso/dia, mantendo assim um balanço azotado neutro, ao
mesmo tempo que diminui os sintomas da uremia. Para assegurar uma ingestão
adequada de aminoácidos essenciais, entre 50% a dois terços da ingestão
proteica deve ser de alto valor biológico (50, 51, 53). Para os doentes que não
consigam cumprir estes objectivos, o teor de proteína é aumentado até 0,8 g/kg
peso/dia. Se o teor ingerido for superior, os sintomas de uremia serão
exacerbados, bem como o contributo para a acidose metabólica e a
osteodistrofia renal (50, 51).
Como os alimentos ricos em fósforo são simultaneamente ricos em
proteínas, torna-se difícil restringir a ingestão deste mineral e, ao mesmo tempo,
seguir as directrizes, relativamente à ingestão proteica, publicadas pela National
Kidney Foudation. Segundo as guidelines desta fundação (DOQI), para doentes
Hiperparatiroidismo Secundário 30
FCNAUP Laurinda Castro 2007
em programas dialíticos, a dieta deve fornecer 1,2 a 1,3 g proteína/Kg peso/dia,
sendo 50% de alto valor biológico, e o valor calórico total deve ser de 30 ou 35
Kcal/Kg peso/dia, dependendo se o doentes tem mais ou menos de 60 anos,
respectivamente e, tendo em conta outras patologias que possa ter (50).
Contrariamente às guidelines referidas, alguns estudos referem que estes
doentes beneficiariam de uma dieta baixa em fósforo e hipoproteica (39, 46, 49, 55, 56,
58) e contestam a afirmação de que uma dieta pobre em proteínas iria levar a um
quadro de desnutrição, sugerindo que os “sintomas de desnutrição” muitas
vezes observados nestes doentes são devidos a complicações e problemas
inerentes à IRC e não à baixa quantidade de proteínas, pelo que não é possível
corrigi-los através do aumento proteico da sua dieta (45, 46, 49, 51, 52, 55, 56). Assim,
uma dieta restrita em proteínas, para além de reduzir os produtos de excreção
do metabolismo proteico que se acumulam, suprime a proteinúria e melhora a
tolerância à glicose e outras complicações metabólicas da uremia. Estes estudos
referem que a ingestão de proteína deve ser no mínimo de 0,6 g/kg peso/dia
para doentes sem complicações (51, 46) e 0,8 g/kg peso/dia quando há perda de
massa muscular. Nos casos em que existe proteinúria, a ingestão proteica deve
ser menor ou igual a 0,8 g/kg peso/dia, acrescentando mais 1g de proteina por
cada grama de proteinúria (46). Outra abordagem para o cálculo das
necessidades proteicas está relacionada com a TFG, de forma que, à medida
que esta diminui deve ser diminuída a quantidade proteica da dieta: desde 1 a
Hiperparatiroidismo Secundário 31
FCNAUP Laurinda Castro 2007
0,9 g/Kg peso/dia quando a TFG se encontra entre 100 e 50 ml/min/1,73 m2 até
0,9 a 0,8 g/Kg peso/dia quando a TFG é menor que 25 ml/min/1,73m2 (45).
No entanto, outros estudos contestam estes, afirmando que ao diminuir a
ingestão de proteína, o doente estará em risco de desnutrição, devido à baixa
palatabilidade da dieta e à progressiva perda de apetite destes doentes, que irá
levar a uma menor ingestão alimentar, e também devido ao stress catabólico a
que estão sujeitos (48, 45).
O risco de desnutrição não deve ser ignorado. Mas, com o correcto
acompanhamento e monitorização do doente, com a constante revisão e
adequação da dieta e com o cumprimento rigoroso desta por parte do doente, é
um problema que poderá ser contornado (46, 58).
Outro obstáculo relativo à terapia dietética pobre em proteína e em fósforo,
é a consequente diminuição da ingestão de cálcio, que deve ser tanto maior
quanto menor for a TFG (20 m/Kg peso/dia, quando a TFG está entre 100 e 50
ml/min/1,73,2; e 40 mg/Kg peso/dia, quando a TFG é menor que 25
ml/min/1,73m2) (53, 58).
Dados experimentais têm revelado que uma dieta elevada em cálcio pode
suprimir o HPTS (54, 58) pela activação do receptor de cálcio nas paratiróides.
Experiências em ratos demonstraram que uma dieta com elevado teor em cálcio
e baixo em fósforo previne a hiperplasia das glândulas, de uma forma tão
eficiente quanto os análogos de vitamina D, e através das mesmas vias
moleculares (54). No entanto, a grande maioria destes doentes tem uma ingestão
Hiperparatiroidismo Secundário 32
FCNAUP Laurinda Castro 2007
muito baixa em cálcio, quer devido às imposições de um plano alimentar restrito
em proteínas, quer devido à falta de apetite que muitas vezes apresentam (53).
Assim, a suplementação em cálcio deve ser parte integrante de todo o
tratamento do HPTS. Os sais de cálcio ligam-se ao fósforo no intestino, podendo
ser desta forma um auxiliar para o controlo da hiperfosfatemia (52, 59). Entre os
benefícios do uso de suplementos de cálcio destaca-se o aumento das
concentrações de cálcio sérico, a diminuição dos níveis de fósforo e de PTH e
uma menor incidência de fracturas (52). No entanto é necessário ter atenção a
eventuais sintomas decorrentes de hipercalcémia, tais como: náuseas, vómitos,
letargia, prurido, entre outros (52).
O nível de cálcio é afectado pela quantidade de proteína ingerida, e tanto
uma dieta hiperproteica como uma dieta excessivamente restrita em proteínas,
pode originar uma diminuição da absorção intestinal de cálcio e, como tal,
diminuir os níveis séricos deste mineral (60, 61). De acordo com este ponto de
vista, a dieta deveria ter um teor proteico entre 1 a 1,5 g/Kg peso/dia (60) e nunca
inferior a 0.8 g/Kg peso/dia (61).
Estima-se que por cada grama de proteína ingerida, são consumidos 15mg
de fósforo. Os produtos derivados de leite representam cerca de 20 a 30% da
ingestão total de fósforo, tal com a carne, peixe, ovos e cereais, que contribuem
com uma percentagem semelhante (51). Algumas formas naturais de fósforo
estão menos disponíveis, como por exemplo em presença de fitatos, presentes
na camada externa dos grãos de cereais (51, 62). Esta camada externa do grão é
Hiperparatiroidismo Secundário 33
FCNAUP Laurinda Castro 2007
muito rica em fósforo e, apesar de se encontrar menos biodisponível (51), deve-se
privilegiar o consumo de pão e outros farináceos brancos (feitos com farinha
refinada), como arroz, massa, bolachas, e outros, em detrimento da variante
integral (51, 62-64).
O conteúdo de fósforo de um alimento é também influenciado pelo tipo de
processamento envolvido na sua preparação. Um exemplo é o queijo, em que o
queijo Cheddar que sofreu uma maturação natural tem quase metade do fósforo
que um queijo mais processado (145 mg de fósforo por cada 28g de queijo
Cheddar, versus 257mg em 28g de queijo processado) (51).
O consumo actual de fósforo é bastante aumentado pela quantidade de
aditivos usados na indústria alimentar. Existem mais de 45 aditivos que contêm
fósforo, salientando-se o ácido fosfórico e os compostos de polifosfato. O
aumento da ingestão de ácido fosfórico no processamento alimentar é
consistente com o aumento do consumo de refrigerantes, especialmente os que
são à base de cola, e têm sido associados a graves problemas de saúde:
aumento da incidência de litíase renal, diminuição da densidade óssea e
consequente aumento do risco de fractura, etc. Ainda se desconhece se estes
efeitos estão relacionados com o facto do ácido fosfórico provocar hipocalcémia
(51). Este e outros aditivos à base de fósforo estão presentes em grandes
quantidades em alimentos enlatados, pré-confeccionados, preparados de forma
instantânea, entre outros. Assim, o consumo destes alimentos deve ser muito
bem controlado e evitado (51, 62-65).
Hiperparatiroidismo Secundário 34
FCNAUP Laurinda Castro 2007
Tabela 1: Teor de alguns alimentos em fósforo (1)
(1) Adaptado de: Williams SR, editor. Basic nutrition and diet therapy. 11th ed. Mosby,
2001
Alimento Quantidade Fósforo (mg)
Pão integral 30g 65
Cenouras cruas 1 média 32
Milho cozido 80g 84
Batata
(cozinhada com casca) 1 média 115
Espinafres cozidos 75g 50
Figos secos 10 figos 128
Kiwi 1 média 31
Feijão preto cozido 250 ml 266
Ovo, inteiro 1 médio 90
Lentilhas cozinhadas 150g 356
Queijo Cheddar 28g 145
Leite magro 28g 171
Bebida à base de cola 330 ml 46
Hiperparatiroidismo Secundário 35
FCNAUP Laurinda Castro 2007
No entanto um dos grandes entraves ao pleno cumprimento da dieta é o
facto de cada vez mais os alimentos terem na sua constituição elevadas
quantidades de fósforo, que não vem discriminada nos rótulos. Por outro lado, o
doente muitas vezes não sabe interpretar os rótulos e, nestes casos, deverá ser
devidamente alertado e instruído (59).
Em anexo (Anexo 1) encontram-se algumas regras e conselhos práticos
que o doente deve ter sempre presente. Na abordagem a este, deve-se focar
que todas as regras descritas no plano alimentar e durante a consulta não
implicam que não possa comer o que gosta. No entanto, é importante que faça
uma boa gestão das escolhas alimentares, nomeadamente na redução da
quantidade de alimentos mais ricos em fósforo e/ou na substituição destes por
outros com um teor menor de fósforo (53, 62-65).
A dieta destes doentes não deverá tem qualquer alimento totalmente
proibido; deve ser controlada, equilibrada e ter em conta as suas preferências e
hábitos alimentares (46, 63).
Desta forma têm que se encontrar alternativas aos alimentos consumidos
frequentemente, sendo por isso tão importante o aconselhamento alimentar feito
pelo nutricionista (48).
O sucesso e o cumprimento da terapêutica nutricional passam, em grande
parte, pela capacidade de motivar o doente. A dieta destes doentes não é fácil,
leva a grandes mudanças na sua vida e tem que ser monitorizada
periodicamente, tendo em conta dados analíticos, adesão, preferências e as
Hiperparatiroidismo Secundário 36
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dificuldades sentidas pelo doente. No entanto, quando cumprida rigorosamente,
a terapêutica alimentar tem resultados positivos, comprovados por vários
estudos (45, 46, 49, 55, 56, 59). Estes doentes têm que ser ensinados de acordo com o
seu grau de literacia, motivados e sempre acompanhados de perto (46, 49, 53, 59).
Muitas vezes o doente não cumpre a dieta ou a doença já está num estádio
em que não é possível controlar o fósforo unicamente com plano alimentar,
sendo necessário recorrer a quelantes de fósforo e outros fármacos. Nestes
casos, a dosagem dos fármacos deve ter em conta o teor de fósforo do plano
alimentar (48, 52, 45, 66). Estes fármacos são mais eficazes quando o fósforo
alimentar é menor que 1g/dia e quando este ultrapassa as 2g/dia, a sua eficácia
é fortemente reduzida e a hiperfosfatemia pode persistir, mesmo com o uso dos
fármacos (53). É de salientar que a terapia com análogos de vitamina D não deve
ser iniciada sem que os níveis de fósforo sérico estejam normalizados (53).
Assim, com o cumprimento do plano prescrito, a quantidade de fármacos a
usar será menor e a sua eficácia maior (48, 52, 45, 66).
B) Abordagem farmacológica:
1) Quelantes de fósforo:
O uso de quelantes de fósforo começou no início dos anos 70, com os
quelantes de fósforo contendo alumínio como tratamento mais usado em
doentes com IRC (6, 19, 47). Apesar de ser muito eficiente, o seu uso a longo termo
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foi associado à acumulação de alumínio e revelou elevada toxicidade, através de
manifestações como encefalopatia, osteomalacia, anemia microcítica e miopatia
(6, 19, 33, 34, 44, 47, 48). Assim sendo, o uso de hidróxido de alumínio tem sido limitado
a terapias esporádicas e de curta duração (6, 31).
Desde os anos 90, os quelantes de fósforo à base de alumínio foram
substituídos pelos sais de cálcio (6, 44, 47, 68). Estes compostos têm uma boa
tolerância, eficácia (apesar de menor que o do hidróxido de alumínio) e relativo
baixo custo (6, 31, 47). Contudo, uma ingestão elevada destes fármacos está
associada a uma supressão excessiva da PTH, calcificação de tecidos moles e
cardiovasculares (6, 31, 33, 44, 47, 68), hipercalcémia (6, 33, 44) e aumento do produto
fósforo x cálcio (31, 47, 68).
Como alternativa, têm sido estudados os sais de magnésio (6, 44). No
entanto, a sua eficácia não é muito elevada e, para além de serem necessários
ajustes no magnésio dialisado, são também necessárias grandes doses,
surgindo assim sintomas gastrointestinais como diarreia, hipercalemia e
hipermagnesemia (6). Além disso, o magnésio pode acumular no organismo,
inibindo a mineralização óssea e suprimindo o sistema nervoso central (44).
O hidrocloreto de sevelamer (Renagel®) é um polímero quelante de
fósforo, livre de cálcio e de alumínio (6, 19, 44, 47, 68). Este composto diminui o
fósforo sérico nos doentes com IRC e é geralmente bem tolerado. Outra
vantagem do seu uso é o facto de se ligar aos ácidos biliares, aumentando a
excreção fecal destes compostos, o que faz diminuir o colesterol LDL (6, 19, 31, 47,
Hiperparatiroidismo Secundário 38
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68). Verificou-se, com o uso deste quelante, uma diminuição progressiva das
calcificações vasculares (31, 47) e regressão da hipertrofia das células paratiróides
(47). No entanto, têm sido descritos baixos níveis de bicarbonato sérico, em
administrações de longo termo, tem um elevado custo, são necessários vários
comprimidos por dia para assegurar a sua eficácia e tem sido associado a
efeitos gastrointestinais e acidose metabólica (33, 68). Apesar de tudo, sevelamer
mantém-se como uma importante terapia no controlo da hiperfosfatemia em
doentes com IRC (6, 47).
O cloreto de lantanio tem sido investigado recentemente, como um
quelante de fósforo livre de cálcio. Os seus efeitos parecem ser semelhantes
aos do sevelamer e não foram descritos efeitos adversos no osso, durante um
período de uso de 2 anos. No entanto a sua acumulação no osso tem sido
levantada e ainda não foi excluída como um possível problema (31).
O carbonato de lantanio é um elemento raro na Terra e foi aprovado
recentemente pela Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento de
hiperfosfatemia em doentes com IRC (6, 68). Em experiências laboratoriais, este
composto, em doses equivalentes, foi tão eficaz como o hidróxido de alumínio
na ligação ao fósforo da dieta (6). No geral é bem tolerado (6, 33, 47, 68) e os seus
principais efeitos secundários foram gastrointestinais, como náuseas e vómitos
que desapareceram com o tempo (6). Não existem evidências que o carbonato
de lantanio tenha maior risco que outras terapias largamente usadas (33).
Hiperparatiroidismo Secundário 39
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O interesse pelo uso de ferro trivalente tem aumentado desde a observação
de que a capacidade deste produto se ligar ao fósforo é extraordinária (6, 47). Este
composto actua através da formação de um complexo ferro-fósforo (47) e vários
estudos animais e estudos de baixa escala em humanos têm demonstrado a sua
eficácia e tolerarância (6). No entanto, apesar destes agentes serem promissores
e poderem vir a ser uma potencial alternativa de baixo custo às terapias actuais,
ainda permanecem nos estádios iniciais de experiências clínicas (6, 47).
2) Calcimiméticos:
Os agentes calcimimeticos são pequenas moléculas orgânicas que actuam
como activadores alostéricos do receptor sensível ao cálcio (CaSR). No tecido
das paratiróides, diminuem o limiar para a activação pelos iões de cálcio
extracelulares e diminuem directamente a secreção de PTH (25, 34, 67, 69). Desta
classe de fármacos, salienta-se o cinacalcet HCl. Este fármaco diminui
efectivamente os níveis plasmáticos de PTH, assim como os níveis séricos de
fósforo e os valores do produto fósforo x cálcio. Desta forma, o cinacalcet
influencia favoravelmente dois distúrbios bioquímicos importantes que têm sido
associados a reacções bioquímicas adversas em doentes em diálise de longa
duração (25, 34, 67, 70). Os grandes efeitos secundários são as náuseas e vómitos
(67). O seu uso parece ser bem tolerado e eficaz em aumentar os níveis séricos
de cálcio (69).
Hiperparatiroidismo Secundário 40
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3) Análogos de vitamina D:
O Maxacalcitol, 22-oxa- 2D3 (14, 71, 72) é o primeiro análogo que
demonstra uma acção selectiva nas glândulas paratiróides (14, 73). A redução dos
níveis de PTH reverteram as alterações ósseas e este composto leva a uma
menor calcificação que o calciferol (20, 49). No entanto, o maxacalcitol pode levar a
uma prolongada supressão da PTH (14, 72). Este análogo de vitamina D resulta
em menor toxicidade e na ausência de calcificações no coração e nos vasos
sanguíneos, nos estudos efectuados (71).
O Paricalcitol, 19-nor-1,25-diidroxivitamina D2 (14, 71) é o primeiro análogo de
vitamina D a causar menos calcemia que o calciferol e foi aprovado pela FDA
para uso em doentes com IRC, em 1998 (14, 72, 73). O Paricalcitol é seguro e
eficaz na redução dos níveis de PTH, com um efeito menos marcado no
aumento dos níveis séricos de cálcio ou de fósforo (14, 71-73). No entanto podem
ocorrer situações de hipercalcemia se a PTH for suprimida para níveis
demasiado baixos (14, 71, 73).
O 2, e Alfacalciferol, 1- -hidroxivitamina D3
encontra-se aprovado pela FDA para o tratamento de hiperparatiroidismo
secundário. Correspondem a pró-hormonas de vitamina D, e têm de ser
activados in vivo (14, 71, 73). Estudos iniciais mostraram que o doxecalciferol é
menos tóxico que o alfacalcidol, no entanto a razão permanece incerta (14, 71, 72).
Hiperparatiroidismo Secundário 41
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O Falecalciferol, 1,25(OH)2-26,27-F6-D3, outro análogo de vitamina D, tem
uma maior actividade in vivo que o calciferol porque é metabolizado mais
lentamente e é mais potente que este na inibição da secreção da PTH (14, 71).
Apesar dos diversos análogos de vitamina D disponíveis no mercado, os
esforços continuam para encontrar análogos com janelas terapêuticas mais
alargadas. São vários os exemplos de moléculas que ainda se encontram em
estudo, nomeadamente, 1,25(OH)2-16-ene-23-yne, -3-epi-D3 e (20S) -
-hidroxi-2-metileno-19-nor-bishomopregnacalciferol (72).
Hiperparatiroidismo Secundário 42
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Análise crítica:
Evidências e estudos publicados confirmam a importância de um
tratamento dietético, correctamente implementado, por pessoal qualificado, num
doente com HPTS, tanto na prevenção como no tratamento desta patologia. No
entanto, em Portugal, ao contrário de outros países da União Europeia, como
Espanha, França, Reino Unido e Itália, a variante nutricional do tratamento é
secundarizada, privilegiando-se o tratamento farmacológico.
É fundamental o acompanhamento de um doente com HPTS por um
nutricionista, para a instituição de um plano alimentar adequado e adaptado às
necessidades, eventuais patologias que possa ter e hábitos alimentares, para
ensinar e encontrar com o doente encontrar alternativas e, sobretudo,
desmistificar o tratamento nutricional.
Para além destes entraves à instituição e cumprimento de uma terapia
nutricional no HPTS, a rotulagem dos alimentos nem sempre refere com clareza
quais os ingredientes e raramente tem, na sua tabela nutricional, quando
presente, o teor em fósforo. Torna-se assim difícil, tanto para o profissional,
como para o doente, controlar com rigor o consumo de fósforo. No entanto,
mesmo quando aparece, é difícil para o doente, sobretudo para os que têm
menor grau de escolaridade, conseguirem interpretar. Cabe ao nutricionista
explicar e ensinar como interpretar um rótulo.
Hiperparatiroidismo Secundário 43
FCNAUP Laurinda Castro 2007
É necessário haver legislação mais específica e fiscalização para o
cumprimento desta, no que diz respeito à rotulagem de géneros alimentícios.
Por fim, é de salientar a falta de dados relevantes em relação à prevalência
de HPTS na população portuguesa, a ausência de directivas a nível nacional,
relativamente à implementação de um tratamento nutricional e a lacuna no que
diz respeito à publicação de estudos relativos aos teor de fósforo nos alimentos,
principalmente nos que mais caracterizam a alimentação em Portugal, e que são
praticamente impossíveis de encontrar em estudos estrangeiros.
Conclusão:
O HPTS pode ser prevenido e/ou controlado com plano alimentar
adequado. Entre diversos especialistas apenas há consenso quanto ao teor de
fósforo, em que todos estão de acordo que deve ser baixo.
Diversos estudos sugerem que uma alimentação pobre em proteínas e rica
em cálcio, ao mesmo tempo que com um conteúdo baixo em fósforo, é
fundamental para o controlo desta patologia; alguns sugerem mesmo que esta
abordagem é provavelmente mais eficaz do que a abordagem farmacológica.
Mas, estes estudos são refutados por outros que sugerem que diminuir a
ingestão proteica diária pode levar a uma situação de desnutrição, piorando o
estado do doente.
Hiperparatiroidismo Secundário 44
FCNAUP Laurinda Castro 2007
Num aspecto, todos estes estudos estão de acordo: a alimentação de um
doente com HPTS é parte fundamental da prevenção e tratamento.
No entanto, é necessário desenvolver mais estudos para que haja
unanimidade no tratamento dietético.
O tratamento nutricional deve ser encarado como uma forte arma de
prevenção, tratamento a atraso da progressão do HPTS. Desta forma a
instituição de um plano alimentar pobre em proteínas e fósforo o mais
precocemente possível, tendo em conta os hábitos alimentares do doente. O
ideal seria prescrever um plano alimentar mesmo antes de surgirem sintomas,
para poder conservar a função renal.
Uma redução da ingestão proteica e de fósforo, mesmo que não se atinjam
os níveis considerados óptimos, proporciona uma melhoria dos dados analíticos
e do bem-estar do doente, já que os sintomas que este poderá sentir serão
atenuados. Com o avançar do tempo, e de uma forma gradual, esta ingestão
proteica e de fósforo poderá ser diminuída, tendo sempre em conta as
dificuldades sentidas e os hábitos alimentares do doente. É necessário ter em
conta também outras patologias que o doente possa ter, como por exemplo,
diabetes, dificuldades de mobilidade, entre outras, e que possam influenciar o
sucesso do tratamento.
É preciso sobretudo avaliar correctamente, motivar e acompanhar
individualmente cada doente com HPTS.
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A interdisciplinaridade e o diálogo constante entre os profissionais das
diversas áreas envolvidas no tratamento do HPTS, tal como em todas as
patologias, são parte essencial para o sucesso do tratamento e consequente
bem-estar do doente.
Hiperparatiroidismo Secundário 46
FCNAUP Laurinda Castro 2007
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