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FLAVIA CLAUDIA KRAPIEC JACOB DE BRITO

REOGARNIZANDO O HIPERDIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Dourados – MS

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2011

FLAVIA CLAUDIA KRAPIEC JACOB DE BRITO

REOGARNIZANDO O HIPERDIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Relato de experiência apresentado à

Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul, como requisito para conclusão do curso

de Pós Graduação à nível de especialização

em Atenção Básica em Saúde da Família.

Orientadora: Prof. Me. Elizandra de

Queiroz Venâncio.

Dourados – MS

2011

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RESUMO

As ações comuns dos profissionais de saúde são: promoção à saúde (ações educativas com ênfase em mudanças do estilo de vida, correção dos fatores de risco e produção do material educativo); treinamento de profissionais; encaminhamento a outros profissionais quando indicado; ações assistenciais individuais e em grupo; e gerenciamento do programa HIPERDIA. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência vivenciada através de rodas de conversa que tinha como foco principal na educação em saúde com foco em orientar, sensibilizar, fortalecer vínculos ampliando acesso da clientela do hiperdia ao serviço de saúde. Foram realizadas roda de conversa na recepção da unidade, após reunião de equipe, todas as três primeiras quartas-feiras do mês, com divisão por micro-área, duas a duas num total de 6 micro-áreas de abrangência, a fim de otimizar a sensibilização e atingir o maior número de usuários. Sendo que no momento em que os auxiliares de enfermagem, aferiam a pressão arterial e glicemia era passado vídeos com informações sobre fatores de risco, exercícios, alimentação e palestras com os ACS, enfermagem e o médico. A abordagem metodológica utilizada foi de natureza qualitativa, esta se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ela trabalha com o universo de significados, motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos, busca entender o contexto onde algum fenômeno ocorre, permitindo a observação de vários elementos simultaneamente em um pequeno grupo, o importante não são os números, mas sim, todo o conteúdo. O plano de ação se manterá, a fim de reduzir as complicações da hipertensão e diabetes, melhorando a qualidade de vida, ocorrendo em concomitante, treinamentos e atualizações dos profissionais, encaminhamento a outros profissionais o mínimo possível, apenas com indicação clara, atingindo a redução das internações hospitalares por agravos dessas patologias.A maior dificuldade encontrada era dos trabalhadores formais, cujo seus patrões não entendiam a necessidade mensal de atraso em um período apenas para ir aos encontros, visto que não estavam “doentes”, e em alguns relatos houve a fala de que prevenção é brincadeira.Futuramente objetivamos a redução de seqüelas e complicações dessas patologias, sendo que um indivíduo e mais que zero, sendo assim, todos os usuários que realizaram a mudança em seus estilo de vida e hábito alimentar, deixará a equipe com esperança que a prevenção faz a diferença, basta tentar. Assim foi possível considerar que as atividades desenvolvidas possibilitou significativas contribuições para o nosso processo ensino-aprendizagem, em especial, os conceitos teóricos introdutórios sobre hipertensão e diabetes, que viabilizaram uma aproximação adequada da vida e história dos usuários, atualizando também o conhecimento da equipe. Assim com a periodicidade dessas ações pela equipe multiprofissional e a adesão crescente aos medicamentos e aos hábitos de vida diferenciados, poderemos avaliar este plano de intervenção, principalmente verificando a redução das internações destas patologias e principalmente suas complicações, pois o nosso objetivo foi a melhoria da qualidade de vida que se dará a longo prazo e se esta geração, já portadora dessas doenças crônico-degenerativas não obtiver totalmente a qualidade que buscamos, esperamos que as nossa ações sensibilizem as futuras gerações que hoje acompanham seus tios, avós, parentes ou vizinhos a nossa roda de discussão.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .....................................................................................................................5

METODOLOGIA......................................................................................................................12

RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................13

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................16

REFERÊNCIAS...........................................................................................................17

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INTRODUÇÃO

O Brasil, ao seguir a tendência mundial, tem passado por processos de transição

demográfica, epidemiológica e nutricional desde a década de 60, resultando em alterações

nos padrões de ocorrência de patologias, como um aumento significativo da prevalência

das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Visando responder a esse quadro

desafiador, o Ministério da Saúde organizou a vigilância de DCNT (MALTA, 2006).

As principais ações estratégicas colocadas em prática foram: organização de área

específica na Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, a Coordenação-

Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT); indução de ações de vigilância

de DANT em Secretarias de Estado e Municipais de Saúde; definição de indicadores de

monitoramento dessas ações na Programação Pactuada Integrada (PPI) de vigilância em

saúde; capacitação de recursos humanos; realização de inquérito para conhecer a

prevalência de fatores de risco em 15 capitais e no Distrito Federal em 2003, estabelecendo

uma linha de base para o monitoramento; definição de indicadores padronizados para

monitoramento das doenças e fatores de risco e proteção; advocacy junto a gestores de

saúde com o propósito de recomendar as ações para DANT como uma prioridade do

Sistema Único de Saúde (SUS); apoio a pesquisas para ampliar o conhecimento do

problema e definir estratégias para sua condução (MALTA, 2006).

Atualmente ainda enfrentam-se muitos problemas no setor saúde, a maioria

decorrentes de mudanças ocorridas ao longo da década, na administração pública, na

economia nacional, nas formas nacionais de trabalho, nas políticas que se relacionam com

trabalho, finanças públicas e educação – alterações que criam uma nova realidade

administrativa e novos desafios (SEMINÁRIO INTERNACIONAL, 2002).

Um dos grandes problemas enfrentados pelo sistema é a alocação de recursos,

mesmo que estes sejam repassados pela União aos Estados e Municípios de maneira

proporcional, sempre haverá desigualdades que refletirão na saúde, pois a capacidade de

arrecadação de recursos e gastos públicos é diferente em cada esfera, o que ressalta a

necessidade da União em incentivar essas esferas de governo quanto à oferta de serviços, a

fim de melhorar o acesso por parte da população (SILVA, 2006).

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O SUS pode ser influenciado por vários fatores, por exemplo, interferências

culturais, cabendo aos gestores compreendê-las e integrá-las para que as ações sejam

concretizadas.

Um dos grandes problemas enfrentados pelo sistema é a alocação de recursos,

mesmo que estes sejam repassados pela União aos Estados e Municípios de maneira

proporcional, sempre haverá desigualdades que refletirão na saúde, pois a capacidade de

arrecadação de recursos e gastos públicos é diferente em cada esfera, o que ressalta a

necessidade da União em incentivar essas esferas de governo quanto à oferta de serviços, a

fim de melhorar o acesso por parte da população (SILVA, 2006). O SUS pode ser

influenciado por vários fatores, por exemplo, interferências culturais, cabendo aos gestores

compreendê-las e integrá-las para que as ações sejam concretizadas.

As ações de saúde objetivam elevar a qualidade de vida da população, controlar as

doenças endêmicas e parasitárias e reduzir as enfermidades (FERREIRA, 2002).

As ações comuns dos profissionais de saúde são: promoção à saúde (ações

educativas com ênfase em mudanças do estilo de vida, correção dos fatores de risco e

produção do material educativo); treinamento de profissionais; encaminhamento a outros

profissionais quando indicado; ações assistenciais individuais e em grupo; e gerenciamento

do programa (BRASIL, 1998).

Uma concepção difundida de saúde é a de um estado de harmonia e equilíbrio

funcional do corpo. Tudo o que faz o ser humano sofrer, que o limita e impede de exercer

suas atividades normais, dá ao homem a consciência de um corpo que deixou de "funcionar

em silêncio" e que, portanto, dá mostra de alterações que podem significar um estado de

doença. No entanto, "não sentir nada", nem sempre significa ausência de doenças, pois

vários processos e lesões podem permanecer "calados" por muito tempo sem serem

percebidos por seus portadores.

A relação existente entre saúde e doenças não é apenas uma relação

de bom ou mau funcionamento do corpo, mas uma interação muito mais ampla do homem

com os ambientes, que o cercam de sua maneira de expressar, criatividade e desenvolver-

se como pessoa.

Segundo o Ministério da Saúde (2010) hipertensão arterial (HA) é quando a pressão

que o sangue faz na parede das artérias para se movimentar é muito forte, ficando o valor

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igual ou maior que 140/90 mmHg ou 14 por 9, patologia de início silencioso com

repercussões clínicas importantes para os sistemas cardiovascular e renovascular,

acompanhada freqüentemente de co-morbidades de grande impacto para os indicadores de

saúde da população.

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, nesta mesma população, o

limite de pressão arterial aferida no ambulatório e que não caracteriza hipertensão é de

125/85 mmHg.

Tabela 1

CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL (>18 ANOS)

Classificação Pressão Sistólica

(mmHg)

Pressão Diastólica

(mmHg)

Ótima < 120 < 80

Normal < 130 < 85

Limítrofe 130 – 139 85 – 89

HIPERTENSÃO

Estágio 1 (leve) 140 – 159 90 – 99

Estágio 2 (moderada) 160 – 179 100 – 109

Estágio 3 (grave) ≥ 180 ≥ 110

Sistólica Isolada ≥ 140 < 90

*O valor mais alto de sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro hipertensivo. Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação do estágio.

Fonte: IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – SBH/SBC/SBN – 2002

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O Diabetes Mellitus (DIA) é uma doença de causa múltipla que ocorre, quando há

falta de insulina ou ela não atua de forma eficaz, causando um aumento da taxa de glicose

no sangue (Hiperglicemia). A insulina é produzida pelo pâncreas e é essencial para que

nosso corpo funcione bem e possa utilizar glicose (açúcar) como principal fonte de energia.

Os sintomas clássicos são perda de peso inexplicada, polidipsia (sede

exagerada) e poliúria (aumento da quantidade de urina).

A hiperglicemia pode causar alterações funcionais ou patológicas por um longo

período antes que o diagnóstico seja estabelecido. Os danos em longo prazo incluem

disfunção e falência de vários órgãos, especialmente, rins, olhos, nervos, coração e vasos

sangüíneos.

A prevalência de diabetes, no Brasil, semelhante a dos vários países desenvolvidos,

em indivíduos entre 30 e 70 anos de idade é de 7,6%. A prevalência varia de 2,6% para o

grupo etário de 30 a 49 anos a 17,4% para o grupo de 60 a 69 anos, sendo que 90% são do

tipo dois, 5 a 10% do tipo um 1 e 2% do tipo secundário ou associado a outras síndromes.

No país, estima-se que cerca de cinco milhões de indivíduos adultos com diabetes

desconheçam o diagnóstico e, portanto, a doença será identificada freqüentemente pelo

aparecimento de uma de suas complicações. Atingindo igualmente homens e mulheres e

seu risco aumenta com a idade.

Tabela 2

QUANDO SUSPEITAR DE DIABETES

SINAIS / SINTOMAS CONDIÇÕES DE RISCO

Poliúria, Nictúria, Polidipsia, Boca Seca.

Polifagia – Emagrecimento rápido.

Fraqueza , Astenia , Letargia.

Prurido vulvar – Balanopostite.

Redução rápida da acuidade visual.

Encontro casual de hiperglicemia ou

Acima dos 40 anos

História familiar

Obesidade

Doença vascular aterosclerótica antes dos

50 anos

Presença de fatores de risco (hipertensão,

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glicosúria em exames de rotina.

Paralisia oculomotora

Infecções urinárias ou cutâneas de

repetição, etc.

dislipidemia, etc.)

História prévia de diabetes,

hiperglicemia, glicosúria ou intolerância à

glicose.

Mães de recém-nascidos com mais de 4

kg.

Mulheres com antecedentes de abortos

freqüentes, abortos prematuros, mortalidade

perinatal, polidrâmnio.

Uso de medicamentos diabetogênicos

(corticóides, anticoncepcionais, etc).

* Diabetes tipo 1: crianças e adolescentes não compartilham destes fatores de risco. A sintomatologia

não inclui manifestações de complicações crônicas e freqüentemente apresenta-se em cetoacidose.

Fonte: Programa Harvard.Joslin.SBD Educação em Diabetes no Brasil 1996.

O diabetes gestacional, uma condição transitória durante a gravidez, ocorre em

torno de 2 a 3% das gestações. A tolerância diminuída à glicose tem prevalência de 7,8%

(semelhante à do diabetes) e representa uma situação em que as medidas de intervenção

podem impactar, modificando sua evolução.

A hipertensão arterial é cerca de duas vezes mais freqüente entre os

pacientes diabéticos quando comparados à população geral. A doença cardiovascular é a

principal responsável pela redução da sobrevida de diabéticos, sendo a causa mais

freqüente de mortalidade.

As complicações: o diabetes é a principal causa de amputações não

traumáticas de membros inferiores; na ordem de 50 a 70% e a principal causa de cegueira

adquirida; no diabetes tipo 1, cerca de 30 a 40% dos pacientes desenvolverão nefropatia

num período entre 10 a 30 anos, após o início da doença. No diabetes tipo 2, até 40% dos

pacientes apresentarão nefropatia após 20 anos da doença.

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O risco do paciente diabético sofrer amputação de membros inferiores é 15 vezes

maior que o observado em pacientes não-diabéticos. Após 20 anos da doença, quase todos os diabéticos tipo 1 e mais de 60% dos tipo 2 desenvolverão retinopatia diabética.

No diabetes tipo 1, a hipertensão se associa a nefropatia diabética e o controle da

pressão arterial é crucial para retardar a perda de função renal. No diabetes tipo 2, a

hipertensão se associa à síndrome metabólica, à insulina e ao alto risco cardiovascular.

O tratamento não-farmacológico (atividade física regular e dieta apropriada) torna-

se obrigatório para reduzir a resistência à insulina. O controle do nível glicêmico contribui

para a redução do nível de pressão.

Todos os anti-hipertensivos podem ser usados no diabético sendo que os diuréticos

podem ser utilizados em baixas doses. Há evidências de que betabloqueadores em hipertensos aumentam o risco de desenvolvimento de diabete.

Diante disso, o Ministério da Saúde viu a necessidade de criar um programa que,

através de um sistema pudesse cadastrar e acompanhar pessoas hipertensas e diabéticas.

Sendo assim, criou em 04 de março de 2002, através da Portaria nº 371/GM, o programa

Hiperdia (BRASIL, 2002). A intenção do programa hiperdia é diagnosticar, tratar e

controlar a hipertensão arterial e diabetes dos pacientes do município, através da

assistência primária e secundária oferecida na rede básica de saúde.

O programa hiperdia (BRASIL, 1996) tem como principais objetivos:

1. Criação de um sistema informatizado nacional, que permite o cadastramento

de pacientes e o acompanhamento de seu tratamento, bem como servir como banco

de dados para definição do perfil epidemiológico das doenças e assim subsidiar

estratégias para sua prevenção e tratamento;

2. Adoção de medicamentos essências, preconizados pela Organização

Mundial de Saúde e referendados por Comitê do Programa, como padrão para

prescrição e dispensação em todas as Unidades de Saúde do Sistema Único de

Saúde.

O HIPERDIA é um Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos

e Diabéticos captados no Plano Nacional de Reorganização da Atenção à hipertensão

arterial e ao Diabetes Mellitus, em todas as unidades ambulatoriais do Sistema Único de

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Saúde, gerando informações para os gerentes locais, gestores das secretarias municipais,

estaduais e Ministério da Saúde (BRASIL, 2001)

Além do cadastro, o Sistema permite o acompanhamento, a garantia do

recebimento dos medicamentos prescritos, ao mesmo tempo que, a médio prazo, poderá ser

definido o perfil epidemiológico desta população, e o conseqüente desencadeamento de

estratégias de saúde pública que levarão à modificação do quadro atual, a melhoria da

qualidade de vida dessas pessoas e a redução do custo social (BRASIL, 2001)

A maioria dos pacientes cadastrados no programa HIPERDIA, não compreende

corretamente a importância dos dados da prescrição médica, relativos à dose, nome da

medicação, intervalo de uso, indicação do tratamento e tempo de duração do tratamento.

Assim, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência vivenciada através de rodas

de conversa que tinha como foco principal na educação em saúde com foco em orientar,

sensibilizar, fortalecer vínculos ampliando acesso da clientela do hiperdia ao serviço de

saúde.

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METODOLOGIA

Este relato é fruto do plano de ação desenvolvido na estratégia de saúde da família-

34 Parque do Lago II, Dourados- MS que abrangem os bairros Parque do Lago II, Jardim

Novo Horizonte e Estrela Porã,

Foram realizadas roda de conversa na recepção da unidade, após reunião de equipe,

todas as três primeiras quartas-feiras do mês, com divisão por microárea (duas a duas),

totalizando 6 microáreas de abrangência desta ESF, a fim de otimizar a sensibilização e

atingir o maior número de usuários. Sendo que no momento em que os auxiliares de

enfermagem, aferiam a pressão arterial e glicemia era passado vídeos com informações

sobre fatores de risco, exercícios, alimentação e palestras com os ACS, enfermagem e o

médico.

A abordagem metodológica utilizada foi de natureza qualitativa, esta se preocupa

com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ela trabalha com o universo de

significados, motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes o que corresponde a um

espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos, busca entender o

contexto onde algum fenômeno ocorre, permitindo a observação de vários elementos

simultaneamente em um pequeno grupo, o importante não são os números, mas sim, todo o

conteúdo (Minayo, 2002).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A intervenção no Hiperdia caracterizou-se num processo rico e complexo de

aproximação da realidade a fim de conhecê-la e apreendê-la, não em sua totalidade, mas

que o conhecimento obtido poderá subsidiar formas de intervenção na mesma.

Segundo Reveles e Takahashi (2007) na Enfermagem a educação em saúde é um

instrumento fundamental para uma assistência de boa qualidade, pois o enfermeiro além de

ser um cuidador é um educador, tanto para o paciente quanto para a família, realizando

orientações.

A Enfermagem atua nessa atividade como um dos principais agentes transmissor de

conhecimento para a população, sendo este profissional preparado desde sua graduação

para realizar tal atividade com destreza e resolutividade. Após a exposição dos temas os

usuários puderam esclarecer suas dúvidas e adquirir mais conhecimentos sobre suas

patologias, e ao final foi entregue um material didático (folder) fornecido aos participantes

e a unidade de saúde.

Os pacientes que raramente participavam do hiperdia, os que estavam a mais de três

meses evadidos, mantiveram o hábito e retornaram a periodicidade do programa, pela

importância que entronizaram em sua vida.

O plano de ação se manterá, a fim de reduzir as complicações da hipertensão e

diabetes, melhorando a qualidade de vida, ocorrendo em concomitante treinamentos e

atualizações dos profissionais, encaminhamento a outros profissionais o mínimo possível,

apenas com indicação clara, atingindo a redução das internações hospitalares por agravos

dessas patologias.

A maior dificuldade encontrada era dos trabalhadores formais, cujo seus patrões

não entendiam a necessidade mensal de atraso em um período apenas para ir aos

encontros, visto que não estavam “doentes”, e em alguns relatos houve a fala de que

prevenção é brincadeira.

A necessidade do emprego para a manutenção da família, muitas vezes reduziu a

freqüência e adesão ao programa, deixando o indivíduo susceptível as complicações

conseqüentes da irregularidade quanto ao uso das medicações.

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Futuramente objetivamos a redução de seqüelas e complicações dessas

patologias, sendo que um indivíduo e mais que zero, sendo assim, todos os usuários que

realizaram a mudança em seus estilo de vida e hábito alimentar, deixará a equipe com

esperança que a prevenção faz a diferença, basta tentar.

O profissional enfermeiro desempenha função importante para a população, pois

participa de programas e atividades de educação em saúde, visando à melhoria da saúde do

indivíduo, da família, e da população em geral, orientando a população, mostrando

alternativas para que esta tome atitudes que lhe proporcione saúde e previna doenças e/ou

suas complicações, que na maioria das vezes são degenerativas.

 Perguntamos, sempre, ao paciente hipertenso e/ou diabéticos se o mesmo estava

tomando, com regularidade, os medicamentos e se está cumprindo as orientações de dieta,

atividades físicas, controle de peso, cessação do hábito de fumar e da ingestão de bebida

alcoólica, porém a resposta foi sempre imparcial. Cerca de metade dos entrevistados

assumiu que não faz dieta alimentar e quase dois terços disseram que não realizam

atividade física.

As atividades ocorreram todas as três primeiras Quartas-Feiras do mês à partir das

7:00 horas da manhã na unidade, participaram aproximadamente 30 usuários, onde foi

questionado e esclarecido a satisfação e o motivo da irregularidade da adesão

medicamentosa, sendo então discutido o que é hiperdia, o que é hipertensão arterial e

diabetes mellitus e seus sinais e sintomas, no caso de diabetes mellitus os tipos, possíveis

complicações de ambas as  patologias, orientações sobre alimentação, exercícios, hábitos

saudáveis no geral, bem como a importância do uso correto dos medicamentos e como se

deve aplicar a insulina, os locais de aplicação e destacamos a importância de estar

realizando o rodízio destes locais na prevenção de certas complicações.

Na maioria dos relatos, menos da metade dos pacientes que compareceram a roda

de conversa, apresentou conhecimento sobre a enfermidade, basearam-se na descrição de

que ambas as patologias, diretamente não causam “dor”, portanto apesar dos comentários,

somente agora, com a colaboração do médico eles perceberam as conseqüências e

complicações que ocorrem com o tratamento inadequado e uso irregular de medicações.

A maioria dos pacientes utiliza-se de mais de um medicamento para o controle da

pressão arterial e mais da metade assumiu que realiza auto-medicação, quando “percebe”

que esta elevada a pressão ou o diabetes.

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A maioria dos pacientes considera fácil o acesso a Farmácia pelo fato de esta

situar-se próxima à Unidade de Saúde. Apenas alguns expõem dificuldade devido ao fato

de que muitas vezes falta a medicação, o que torna mais complicado o acesso; por isso,

nem sempre podem comparecer para pegar e/ou comprar o medicamento, tarefa que fica a

cargo de um parente ou vizinho, apesar da consciência da gratuidade na farmácia popular

do Brasil.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho possibilitou significativas contribuições para o nosso processo

ensino-aprendizagem, em especial, os conceitos teóricos introdutórios sobre hipertensão e

diabetes, que viabilizaram uma aproximação adequada da vida e história dos usuários,

atualizando também o conhecimento da equipe.

A oportunidade de estar nesta unidade com um olhar sensibilizado pelas idéias,

proporcionou um conhecimento mais aprofundado das relações sociais e da forma de vida

das pessoas moradoras destas comunidades. Desta forma, começamos a vislumbrar ações

direcionadas e vinculadas à realidade das pessoas do lugar.

Além disso, o contato estabelecido com as pessoas que compõem a rede social

local, a exemplo dos moradores/as antigos/as, líderes comunitários, líderes religiosos,

profissionais de saúde e educação significou o início de parcerias saudáveis e promissoras.

Concomitantemente, outro ponto fundamental para este processo foi a identificação

das interfaces dos equipamentos sociais (a escola, a associação de moradores e algumas

igrejas) e das possíveis atividades que serão realizadas pela equipe.

Por fim, vivenciar o processo de trabalho com toda a equipe envolvida na

participação do HIPERDIA, propiciou a formação de vínculo afetivo, elemento

indispensável para o bom funcionamento das atividades entre pacientes e equipe.

Os baixos índices de adesão requerem atividades voltadas para a educação dos

pacientes, como prática voltada para a detecção, prevenção e resolução de problemas

relacionados aos medicamentos, e mudanças de hábito.

Assim com a periodicidade dessas ações pela equipe multiprofissional e a adesão

crescente aos medicamentos e aos hábitos de vida diferenciados, poderemos avaliar este

plano de intervenção, principalmente verificando a redução das internações destas

patologias e principalmente suas complicações, pois o nosso objetivo foi a melhoria da

qualidade de vida que se dará a longo prazo e se esta geração, já portadora dessas doenças

crônico-degenerativas não obtiver totalmente a qualidade que buscamos, esperamos que as

nossa ações sensibilizem as futuras gerações que hoje acompanham seus tios, avós,

parentes ou vizinhos a nossa roda de discussão.

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REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: Informação e documentação. Trabalhos Acadêmicos - Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

BRASIL, Ministério da Saúde. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=23617&janela=1 Acessado em: 25/05/11.

BRASIL, Ministério da Saúde. Plano de reorganização de Atenção à hipertensão arterial e ao diabetes Mellitus - Brasília 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Análise da Estratégia Global do OMS para Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde. 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Atualização para atenção básica: Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial: casos clínicos. Brasília: MS, 2001. 74p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diabetes Mellitus: guia básico para diagnóstico e tratamento. Brasília: MS, 1996. 81 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Hipertensão Arterial – HAS e Diabetes Mellitus – DIABETES: protocolo. Brasília: MS, 2001. 96 p. (Cadernos de Atenção Básica, 7).

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