Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

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Universidade Estadual de Londrina MURILO LAUREANO PINTO HIPERCÓRTEX UMA EXPERIÊNCIA DE JORNALISMO CIENTÍFICO EM COMUNIDADES VIRTUAIS LONDRINA 2003

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Procura testar teorias relacionadas a comunidades virtuais e produção de conhecimento através da implantação de um site de divulgação e jornalismo científicos. Utilizando recursos amplamente disponíveis e em grande parte gratuitos, criou-se um ambiente complexo de comunicação entre uma equipe jornalística e a comunidade de leitores. Tentou-se ainda coletar e definir guias de como deve ser apresentada a notícia na Web, mais especificamente em ambientes cooperativos. Exemplo disso são os modos de perenizar as informações veiculadas em notícias (instituições, contatos, termos e conceitos, etc.). É mostrada a evolução da Internet e a implicação dos novos modos de leitura e escrita da Web no pensamento e transmissão dos conhecimentos. Aborda-se ainda questões de design, acessibilidade, interface, interação e redação. Apresenta-se a viabilidade técnica e econômica de implantação e manutenção de um site elaborado, que atenda às necessidades comunicativas dos novos modos de apresentação das notícias e outras informações.

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Universidade Estadual de Londrina

MURILO LAUREANO PINTO

HIPERCÓRTEX

UMA EXPERIÊNCIA DE JORNALISMO CIENTÍFICO EM

COMUNIDADES VIRTUAIS

LONDRINA

2003

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MURILO LAUREANO PINTO

HIPERCÓRTEX

UMA EXPERIÊNCIA DE JORNALISMO CIENTÍFICO EM

COMUNIDADES VIRTUAIS

Trabalho apresentado à disciplina 3NIC024 – Projeto Experimental em Jornalismo – como requisito parcial à conclusão do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, da Universidade Estadual de Londrina

Orientador: Prof. Mário Benedito Sales

LONDRINA

2003

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DEDICATÓRIA

Para adam_baum – a.k.a. Greg Allan,

João Bosco Loureiro e

Osvaldo Rosa,

que nos deixaram,

e ao Victor, que a nós se juntou,

durante o desenvolvimento deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A meus pais, por tudo.

À ANA CAROLINA, pela paciência.

A minha família, pelo apoio e presença constantes.

A todos os colaboradores, financiadores, inspiradores e membros da comunidade de

software livre, pelo trabalho dedicado e competente que permitiu a realização deste projeto.

Aos fundadores e desenvolvedores do PostNuke, pela visão original e inovadora e pelo

tempo gasto em educar e guiar-nos pelo sistema.

À ADRIANA YUMI, pela ajuda indispensável.

A NILSON GIRALDI, pela importante contribuição.

Aos amigos que participaram desta caminhada.

A todos que colaboraram de qualquer modo para a concretização deste trabalho.

Aos que não nos atrapalharam.

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Uma invasão de exércitos pode

ser resistida, mas não a de uma

idéia cujo seu tempo chegou.

Victor Hugo

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PINTO, Murilo L. Hipercórtex: uma experiência de jornalismo cientifico em comunidades

virtuais. 2003. 102p. Trabalho de Conclusão de Curso (Comunicação Social, habilitação em

Jornalismo) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina.

RESUMO

Procura testar teorias relacionadas a comunidades virtuais e produção de conhecimento

através da implantação de um site de divulgação e jornalismo científicos. Utilizando recursos

amplamente disponíveis e em grande parte gratuitos, criou-se um ambiente complexo de

comunicação entre uma equipe jornalística e a comunidade de leitores. Tentou-se ainda

coletar e definir guias de como deve ser apresentada a notícia na Web, mais especificamente

em ambientes cooperativos. Exemplo disso são os modos de perenizar as informações

veiculadas em notícias (instituições, contatos, termos e conceitos, etc.). É mostrada a evolução

da Internet e a implicação dos novos modos de leitura e escrita da Web no pensamento e

transmissão dos conhecimentos. Aborda-se ainda questões de design, acessibilidade, interface,

interação e redação. Apresenta-se a viabilidade técnica e econômica de implantação e

manutenção de um site elaborado, que atenda às necessidades comunicativas dos novos

modos de apresentação das notícias e outras informações.

Palavras-chave:Jornalismo, Internet, Comunidades Virtuais, Ambientes Cooperativos,

Ciência

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PINTO, Murilo L. Hypercortex: a science news reporting experience in virtual communities.

2003. 102p. Final paper on Social Communications - Journalism Majoring – Universidade

Estadual de Londrina, Londrina.

ABSTRACT

It trials theories related to virtual communities and knowledge production by implementation

of a science and technology news and information reporting Website. Using resources

available at large and most of them free (both as in freedom and gratis), a complex

communication environment between a journalism staff and readers community was created.

It tried yet to compile and set guidelines on how to present news on the Web, specifically in

cooperative environments. Examples of these are the means of perpetuate information

published in articles (institutions, contacts, terms and concepts, etc.). It shows the Internet

evolution and the implications of the new ways of reading and writing on the Web in

knowledge transmission and thinking. It also deals with matters of design, accessibility,

interface and writing. It presents the technical and economic feasibility of the implementation

and maintenance of such an elaborated Website, which serves the communicative needs of the

new ways of news and other information presentation.

Keywords: Journalism, Internet, Virtual Communities, Cooperative Enviroments,

Science

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS.................................................................................................iv

RESUMO ...................................................................................................................vi ABSTRACT ..............................................................................................................vii LISTA DE FIGURAS..................................................................................................xi

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1

2 HISTÓRIA DA INTERNET: DO MAINFRAME À CIBERCULTURA................... 3

2.1 O PC.............................................................................................................. 3

2.2 A INTERNET..................................................................................................... 6

2.3 A WEB............................................................................................................ 8

2.3.1 O HIPERTEXTO ............................................................................................ 9

3 O CIBERESPAÇO ............................................................................................ 13

3.1 CIBERESPAÇO: O ESPAÇO DO SABER ............................................................. 15

3.1.1 A TERRA................................................................................................... 15

3.1.2 O TERRITÓRIO........................................................................................... 16

3.1.3 O MERCADO ............................................................................................. 17

3.1.4 O SABER .................................................................................................. 18

4 AMBIENTES COOPERATIVOS ....................................................................... 21

4.1 A ARGUMENTAÇÃO HIPERTEXTUAL................................................................. 21

4.2 FERRAMENTAS DE MEMÓRIA........................................................................... 23

4.3 A QUESTÃO DA INTERFACE ............................................................................ 24

4.4 FERRAMENTAS DE INTERFACE......................................................................... 26

5 CIBERJORNALISMO ....................................................................................... 28

5.1 INTERAÇÃO.................................................................................................... 29

5.2 REDAÇÃO...................................................................................................... 31

5.3 DESIGN ......................................................................................................... 36

5.3.1 USABILIDADE ............................................................................................ 37

5.3.2 ACESSIBILIDADE........................................................................................ 40

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6 O HIPERCÓRTEX ............................................................................................ 43

6.1 GROUPWARES E CIÊNCIA ............................................................................... 43

6.2 JORNALISMO CIENTÍFICO ................................................................................ 44

6.2.1 DEFINIÇÃO ................................................................................................ 45

6.2.2 OBJETIVOS................................................................................................ 46

6.2.3 LINGUAGEM............................................................................................... 48

6.3 O SITE .......................................................................................................... 50

6.3.1 OBJETIVOS................................................................................................ 50

6.3.2 AUDIÊNCIA ................................................................................................ 50

6.3.3 RECURSOS................................................................................................ 50

6.3.4 EQUIPE ..................................................................................................... 54

6.3.5 CONTEÚDO................................................................................................ 56

6.3.5.1 Serviços ......................................................................................... 56

6.3.5.1.1 Notícias.................................................................................... 56

6.3.5.1.2 Colunas ................................................................................... 57

6.3.5.1.3 Enquetes ................................................................................. 57

6.3.5.1.4 Banco de teses ....................................................................... 58

6.3.5.1.5 Links ........................................................................................ 59

6.3.5.1.6 Fóruns ..................................................................................... 59

6.3.5.1.7 Bate-papo ................................................................................ 60

6.3.5.1.8 Tira-dúvidas ............................................................................ 61

6.3.5.1.9 Eventos.................................................................................... 61

6.3.5.1.10 Frases...................................................................................... 62

6.3.5.1.11 Recomende-nos/Envie para um amigo ................................ 62

6.3.5.1.12 Glossário................................................................................. 62

6.3.5.1.13 Galeria de Imagens ................................................................ 62

6.3.5.1.14 Boletins ................................................................................... 63

6.3.5.1.15 Banco de pesquisadores....................................................... 63

6.3.5.1.16 Clipping................................................................................... 63

6.3.5.2 Informações................................................................................... 64

7 CONCLUSÃO................................................................................................... 66

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 69

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................................. 72

APÊNDICES ............................................................................................................ 77

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO SITE ................................ 78

APÊNDICE B – MANUAL DO USUÁRIO DO HIPERCÓRTEX............................... 80

GLOSSÁRIO............................................................................................................ 87

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Elementos esperados por usuários em páginas Web, por áreas.................................38

Figura 2: Distribuição da informação em sites: profundidade vs. quantidade de opções.........39

Figura 3: Logomarca do HIPERCÓRTEX................................................................................43

Figura 4: Modos de Difusão Científica ....................................................................................45

Figura 5: Modelo tradicional, com arquivos HTML simples...................................................52

Figura 6: Modelo simplificado de processamento de dados com tecnologias server-side.......53

Figura 7: Dois exemplos de telas de Administração - visão parcial do Menu de Administração,

no alto, e Adicionar Notícia, acima. O uso do CMS escolhido elimina a necessidade de

Webmasters dedicados......................................................................................................55

Figura 8: Chamada para notícia, na capa. Pode-se ver links para o corpo da matéria, para

comentá-la, enviá-la para um amigo, criar uma versão de impressão, ver informações

sobre o autor e também para o Tópico. ............................................................................56

Figura 9: Página de capa das colunas, com logo de "O Cotidiano" .........................................57

Figura 10: Caixa de exibição aleatória de enquetes na capa: usuários registrados ..................58

Figura 11: Caixa de exibição aleatória de enquetes na capa: usuários anônimos não podem

votar ..................................................................................................................................58

Figura 12: Página inicial do Banco de Teses............................................................................58

Figura 13: Página inicial do serviço de Links ..........................................................................59

Figura 14: Destaque na capa para as estatísticas do Fórum .....................................................60

Figura 15: Caixa de entrada no Bate-papo, na capa. ................................................................60

Figura 16: Caixa com eventos do dia de hoje e próximos, na capa. Para usuários registrados,

exibe também seus compromissos pessoais. ....................................................................61

Figura 17: Glossário - página com definição de um termo (EIA) do volume Meio Ambiente.62

Figura 18: Banco de Pesquisadores - página inicial do serviço ...............................................63

Figura 19: Página inicial do serviço de clippings.....................................................................64

Figura 20: Rodapé do site, com links para páginas de informação ..........................................65

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1

1 INTRODUÇÃO

Este não é um livro sobre livros.

Manuel Castells - A Sociedade em Rede, v. 1

Em artigo recente1, o físico e colunista de Folha de São Paulo, Marcelo Gleiser,

estabelece dois tipos de cientistas: os sonhadores e os pragmáticos. Os primeiros seriam

caracterizados por uma criatividade advinda de uma pré-concepção da organização do mundo,

“geralmente inspirada por conceitos estéticos, como simetria e beleza”, mas sem que isso se

torne uma coisa menor. Dá como exemplo Johannes Kepler. Os outros seriam os que

consideram a ciência fruto de observação, análise de dados e experiências, o que põe a ciência

em íntima relação com o desenvolvimento tecnológico necessário para a aquisição desses

dados. O exemplo de Gleiser para esse tipo de cientista é Thycho Brahe. Ambos, Brahe e

Kepler, trabalharam juntos, este como assistente daquele. Os dados do primeiro possibilitaram

ao segundo comprovar sua visão do mundo, que confirmariam Copérnico e dariam base à

Teoria da Gravitação Universal, de Newton2.

Nessa perspectiva, este é um trabalho pragmático: ele se propõe, basicamente, a

comprovar a visão e conceitos propostos principalmente por Pierre Lévy, em suas obras

relacionadas à inteligência coletiva e ao estabelecimento de um novo modo de cognição

surgido com as novas tecnologias de comunicação e representação da informação. Partindo de

sua visão, cujos escritos datam do início da década de 90 e que em grande parte tratam ou

baseiam-se em aplicações incipientes e novas práticas de organização e comunicação ainda

tímidos na época, utilizamos tecnologias hoje amplamente difundidas e em pleno emprego

para a efetivação de algumas das ferramentas comunicacionais propostas por ele.

Para isso, criamos um site de divulgação e jornalismo científicos com foco na cidade de

Londrina, nesta Universidade em especial. A escolha do tema deu-se pela lacuna existente na

mídia local na cobertura desses assuntos e, principalmente, pela proximidade dos ideais do

formato de publicação e da ciência. Esta, como as comunidades virtuais, preza pela discussão

livre de idéias, a crítica entre pares e o acesso público às informações e a construção

colaborativa do conhecimento.

_____________ 1 GLEISER, Marcelo. Pragmatismo e Sonho. Folha de São Paulo, São Paulo, 12 jan. 2003. Mais, p. 15. 2 Ibid.

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2

Apresentamos a história das inovações que levaram à Web no capítulo 2, História da

Internet: do Mainframe à Cibercultura. Nele diferenciamos os diversos protocolos de

transmissão que a Internet suporta dos meios de comunicação, linguagens e práticas

comunicacionais que surgem deles, numa tentativa de eliminar ambigüidades no uso de

termos e conceitos. Também iniciamos a definir as diferenças observadas na cognição e na

sociedade humanas com o surgimento desses novos modos de comunicação.

Isso é continuado no capítulo seguinte, O Ciberespaço. Apresentamos também a visão

antropológica de Lévy sobre a Web, a interação inevitável entre técnica, cultura e

conhecimento, e a evolução dessas relações na história humana.

O quarto capítulo, Ambientes Cooperativos, restringe a abordagem a uma forma de

comunicação na Web, aquela estabelecida nos groupwares ou comunidades virtuais.

Apresentamos as implicações e possibilidades específicas desse modo de comunicação na

organização de um grupo, suas características técnicas e comunicacionais e damos alguns

exemplos de sistemas com esse conceito. Mostramos ainda a importância da interface nos

processos comunicacionais e como os groupware lidam com alguns dos problemas da Web.

Como o jornalismo se enquadra no cenário estabelecido é o tema do capítulo 5,

Ciberjornalismo. Abordamos a redação jornalística, o design Web e a importância da

participação da equipe do site nas discussões e no dia-a-dia da comunidade.

Na seqüência é mostrado o projeto do HIPERCÓRTEX, o site de divulgação e

jornalismo científicos baseado em comunidades virtuais. Especificamos o conceito de

jornalismo científico, suas características de linguagem e procedimentos e alguns paralelos

com a Web. Também são considerados os serviços e seções do HIPERCÓRTEX, seu

público-alvo, as especificidades da cobertura e redação propostas e os aspectos técnicos do

trabalho.

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3

2 HISTÓRIA DA INTERNET: DO MAINFRAME À CIBERCULTURA

Computadores são inúteis. Eles só podem te dar respostas.

Pablo Picasso

2.1 O PC

Sou um digitador, não um escritor. Até minha letra está se

desintegrando, tornando-se cada vez menos a minha letra, e mais o

garrancho anônimo de alguém que está aprendendo a escrever.

Steven Johnson – Cultura da Interface

A história das inovações que levaram à Internet pode ser contada a partir das

tecnologias decorrentes dos esforços da Segunda Guerra Mundial. Os investimentos militares

americanos em pesquisa propiciaram que, em 1946, fosse criado o primeiro computador de

uso geral, o Eniac (Eletronic Numeric Integrator And Computer, ou Computador E Integrador

Numérico Eletrônico), que “pesava 30 toneladas, foi construído sobre estruturas metálicas

com 2,75 m de altura, tinha 70 mil resistores e 18 mil válvulas a vácuo e ocupava a área de

um ginásio esportivo. Quando ele foi acionado, seu consumo de energia foi tão alto que as

luzes de Filadélfia piscaram.”3 Nos anos 50, desenvolveram-se versões comerciais por

diferentes empresas, sempre mais potentes.

Esse modelo computacional, baseado em Mainframes*, só começaria a mudar em 1971,

com a invenção do microprocessador, que incluía todo um computador em um único chip. Em

1975, Ed Roberts, um engenheiro fabricante de calculadoras, criou o Altair, o primeiro – e

primitivo – microcomputador. O Altair foi utilizado como base para os Apple I e II, este um

sucesso comercial desenvolvido nas garagens dos pais dos jovens Steve Wozniac e Steve

Jobs, fundadores da Apple Computers, em 1976. Nessa época, “o nec plus ultra [o que havia

de melhor, limite] era construir seu próprio computador a partir de circuitos de segunda mão.

_____________ 3 FORESTER (1987), apud CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede - A era da informação: economia, sociedade e cultura. 5 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 617p. * Palavras marcadas com asterisco são encontradas no Glossário.

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4

As máquinas em questão não tinham nem teclado, nem tela, sua capacidade de memória era

ínfima [...] Esses computadores não serviam para quase nada, todo o prazer estava em

construí-los.”4 Um fator fundamental na massificação dos computadores pessoais deveu-se à

adaptação do software Basic para o Altair, feita em 1976 por Bill Gates e Paul Allen,

desistentes de Harvard que fundariam a Microsoft tempos depois.

A IBM* reagiu em 1982, lançando a marca que iria eternizar o objeto: Personal

Computer, o PC. A tecnologia utilizada pela IBM não era própria, mas desenvolvida por

terceiros, o que impediu um controle rígido dos clones, que se difundiram pelo mundo e

possibilitaram a supremacia dos PCs, apesar da superioridade técnica dos Apple.5

Em 1984, a Apple lançou o Macintosh, primeira versão comercial e funcional dos

conceitos desenvolvidos pela Xerox de Palo Alto, com o uso intensivo da interface chamada

de wimp: Windows, Icons, Mouse, Pointer (Janelas, Ícones, Mouse e Ponteiro; mas também

“fraco, insípido, ineficaz”), que tornou os computadores amigáveis: não era mais preciso

programar para usá-los; bastava apontar-e-clicar, ou olhar-e-sentir, no slogan da Apple na

época6.

O desenvolvimento da capacidade de processamento dos chips (Consultar a Tabela 1)

vem cada vez mais diminuindo a presença dos mainframes em favor das arquiteturas

cliente/servidor e, mais recentemente, Peer-to-peer*. Tais configurações otimizam o uso dos

recursos e capacidade de processamento dos diversos computadores conectados, chegando a

reduzir o “custo médio do processamento da informação de aproximadamente US$75 por

milhão de operações, em 1960, para menos de um centésimo de centavo de dólar em 1990”7.

Essas arquiteturas, Grid computing*, peer-to-peer, em rede, só se tornaram possíveis

com a evolução simultânea da capacidade de formação de redes e transmissão de dados. Mas

estas também só foram possíveis devido ao aumento da capacidade de computação e novos

dispositivos eletrônicos (comutadores, roteadores, fibras óticas). A velocidade da mudança

pode ser medida pela evolução da velocidade de transmissão de dados: 1956, cabos

transatlânticos, 50 circuitos de voz compactada; 1995, cabos de fibra ótica, 85 mil circuitos de

voz compactada8. A isso, somam-se as tecnologias que permitem uma melhor utilização do

“espaço físico” de transmissão, como TCP*/IP e ATM*.

_____________ 4 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência – O futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2001. 208p. 5 CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede. Op. cit. 6 JOHNSON, Steven. Cultura da Interface – Como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. 181p. 7 CASTELLS, Manuel. Loc. cit.. 8 Ibid.

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5

Tabela 1: Evolução da tecnologia dos computadores e redes de transmissão eletrônica

Ano Processadoresa Memóriab Transmissãoc

1972 200 KHz

1974 2 MHz (Altair)

1.024 bytes

1979 5 MHz (8088) 64 Kb

56 mil bits/s (Arpanet)

1982 6 MHz (286)

1985 16 MHz Sem dados s/d

1989 25 MHz (486) 1 Mb 1,5 milhões de bits/s (Arpanet)

1993 60 MHz 16 Mb 45 milhões de bits/s (NFSNET)

1995 150MHz (Pentium)

Escala de Gigabits, suficiente

para envio de uma Biblioteca do

Congresso Norte-americano por

segundo, em protótipo

1997 200 MHz

s/d

1999 450 MHz 256 Mb

1999 1 GHz

1999 1,4 GHz s/d

2000 1,5 GHz 1 Gb

2001 2 GHz

2002 3,06 GHz s/d

s/d

Fontes: a) Folha de São Paulo, 20/11/2002. Micro chega aos 3 GHz. b) Manuel Castells, op. cit. c) Id. Ibid. Velocidade de links* principais da rede. b e c: Valores e datas aproximados. s/d: sem dados.

Page 17: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

6

2.2 A INTERNET

O computador é um meio de comunicação! Eu sempre tinha pensado

nele como uma ferramenta, talvez um veículo – uma concepção muito

fraca... Se o computador pessoal [era] um meio verdadeiramente novo,

o próprio uso dele iria realmente mudar os padrões de pensamento de

uma geração inteira.

Alan Kay, citado por Steven Jonson – Cultura da Interface

A Internet teve origem também na Segunda Guerra Mundial, pois foi, até certo ponto,

uma resposta aos avanços tecnológicos russos. Em plena Guerra Fria, no final dos anos 50, a

União Soviética lançou o Sputinik, ultrapassando os Estados Unidos na corrida espacial. Para

inverter a situação, a Darpa* (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada, do Departamento

de Defesa norte-americano) investiu em diversas pesquisas ousadas. Uma delas promovia

uma idéia de Paul Baran, da Rand Corporation: Criar um sistema de comunicação

invulnerável a ataques nucleares. Para isso, a tecnologia de comunicação por comutação de

pacotes foi usada, tornando a rede de comunicação independente de centros de comando e

controle; se um pacote de dados ou todo um nó se perdesse devido a um ataque, por exemplo,

a mensagem ainda poderia ser recomposta integralmente em qualquer ponto da rede.9

Assim, em 1969, foi lançada a Darpanet*, dirigida aos centros de pesquisa que

cooperavam com o Departamento de Defesa. Mas os cientistas não se limitaram a usar a rede

nas pesquisas militares, tanto que, em 1983, a Arpanet foi dividida com a criação da Milinet,

destinada exclusivamente para estas. Neste ano também foi adotado o padrão TCP/IP para

ambas as redes. Nos anos 80, a Fundação Nacional da Ciência (NSF*) criou, com a IBM, a

CSNET* e também a BITNET*, voltada para assuntos não-científicos. Todas essas redes

usavam a infraestrutura da Arpanet, de forma que esta logo foi chamada de Arpa-Internet e,

por fim, Internet, ainda mantida pelo Departamento de Defesa e operada pela NFS. O

aumento de tráfego exigia o aumento de capacidade de transmissão (consultar a Tabela 1).

A invenção do Unix* em 1969 pelos Bell Labs, da AT&T*, um monopólio privado

financiado pelo governo, também foi importante. O Unix trazia suporte nativo à conexão entre

computadores e foi fundamental para a Internet, depois que pesquisadores de Berkeley,

_____________ 9 CASTELLS, Manuel. Op. cit.

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7

patrocinados pela Arpa, adaptaram o protocolo TCP/IP para o sistema, em 1983. O

financiamento público do projeto possibilitou que o Unix fosse distribuído a preço de custo.

Paralelamente a esses grandes inventos, patrocinados por fundos estatais e generosos, e

cientistas profissionais, havia uma enorme comunidade de usuários, boa parte universitários

influenciados pela contracultura dos anos 60-70. Liberdade era o grande referencial dessa

cultura. Assim, dois estudantes, Ward Christensen e Randy Suess, inventaram em 1978 um

aparelho que possibilitasse a eles transferir arquivos entre computadores via telefone, para que

pudessem evitar as ruas de Chicago no inverno: o Modem*. No ano seguinte, criaram o

padrão Xmodem*, que permite a conexão ponto-a-ponto, sem a necessidade de um servidor.

Ambas as tecnologias foram distribuídas sem custo. No mesmo ano, alunos de universidades

não incluídas na Arpanet resolveram seus problemas com iniciativas próprias, modificando o

Unix para que utilizasse linhas telefônicas comuns. Criaram o Usenet10*, que também teve

sua tecnologia difundida gratuitamente e, hoje, é um fórum de discussões tão grande e

abrangente que tem difícil utilização prática. Diversas redes pequenas começaram a ser

formadas e elas podiam se interconectar, desde que houvesse uma linha telefônica e modens

entre elas.

Foi desse modo que culturas inicialmente opostas, a militar e a contracultura,

contribuíram para o surgimento da Internet11. Tinham em comum a origem universitária, que

foi e é decisiva na definição da cultura predominante da Rede, por ser sempre a precursora nas

inovações e modos de usá-las. Os esforços de cada um na realização de seus objetivos

possibilitaram a abertura do sistema e o desenvolvimento tecnológico em saltos. Também, a

contracultura deixou sua marca libertária e utópica: a Internet ainda não vê com bons olhos a

publicidade e comercialização excessiva, inspira a informalidade e tem como grande

referencial a auto-regulação. A abertura é tamanha que o único modo de se manter totalmente

protegido ou “fechado” na Rede é não estar nela.

Na década de 90, percebendo o potencial da rede, a NSF privatizou diversos de seus

serviços, dando início à Internet. Desde então, o embate militar/hippie expandiu-se e passou a

incluir o business. A comercialização da Internet é cada vez maior, mas nada indica que deva

se tornar majoritariamente uma mídia de massa, como a televisão, rádio ou jornais, como

veremos adiante.

_____________ 10 news://news.usenet.org . É necessário um leitor de newsgroup11 CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede. Op. cit.

*.

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8

2.3 A WEB

Esta proposta diz respeito ao gerenciamento de informações

em geral sobre aceleradores e experimentos no CERN. Ela

discute os problemas de perda de informações sobre sistemas

que evoluem de modo complexo e infere uma solução baseada

em um sistema distribuído de hipertexto.

Tim Berners-Lee - Information Management: A Proposal, a

proposta original da World Wide Web

A Web é definida como implementação gráfica da Internet. Nesta altura, é importante

diferenciar a Internet, meio de transmissão, e os diversos protocolos que se utilizam dela, os

meios de comunicação, ou, como prefere Meditsch, “meios de expressão”12.

É útil, como ilustração, compará-la com outros meios de comunicação e transmissão: a

Internet está para a Web como as ondas eletromagnéticas estão para o rádio. Do mesmo modo

que a Internet transmite, além da Web, o E-mail*, mensagens de IRC*, etc., as ondas “de

rádio” transmitem também as mensagens da televisão, do rádio-amador, da telefonia celular e

da própria Internet... Ninguém classificaria estes diferentes sistemas que se utilizam das ondas

eletromagnéticas como um único; o mesmo deve ser feito com a Internet. O que talvez seja o

grande contribuinte para essa confusão é o fato de que com a Rede, pela primeira vez, tanto

em modos de comunicação muitos/muitos (bate-papo), um/um (e-mail pessoal) ou um/muitos

(sites de jornais), o mesmo equipamento utilizado para recepção é utilizado na emissão e,

mais que isso, na produção das mensagens.

Para diferenciar de forma mais apropriada a Internet da Web, recorremos a Tim Berners-

Lee, o criador desta: A Internet é uma rede de redes. Basicamente, é feita de computadores e cabos. [...] Ela distribui pacotes [de dados] – em qualquer lugar do mundo, normalmente em menos de um segundo. Muitos tipos diferentes de programas usam a Internet: [...] como a Web, [eles] codificam as informações de forma diferente e usam diferentes linguagens entre computadores (protocolos) para fornecer um serviço. A Web é um espaço abstrato (imaginário) de informações. Na Rede, você encontra computadores – na Web você encontra documentos, sons, vídeos...

_____________ 12 MEDITSCH, Eduardo. O ensino do rádio jornalismo em tempos de internet. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24, 2001, Campo Grande. Anais... [s.l.]: Intercom, 2001. CD-ROM.

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9

Informações. Na Rede, as conexões são cabos entre computadores; na Web, conexões são os links de hipertexto.13

Ou seja, a Web é apenas um dos diversos protocolos que utilizam a Internet, e só foi

criada no início da década de 90, cerca de 20 anos após a Internet. Antes, utilizavam-se outros

protocolos: e-mail, News*, Gopher*, etc.

Pela analogia que fizemos no início deste capítulo, a Internet é um meio de transmissão

apenas, cujo suporte cada vez mais se torna indeterminável: a convergência digital faz com

que todo tipo de mensagem (TV, rádio, jornais, etc.) passe pelas mesmas redes de cabos. A

Web, no entanto, só é captada por computadores, principalmente os PCs (alguns PDAs* e

celulares acessam a Web, mas não exatamente a que nos referimos aqui; são linguagens e

protocolos bastante próximos, mas essencialmente diferentes, como o Wap* e a WML*). Ela

é, portanto, um suporte. Um suporte cuja linguagem é o hipertexto.

2.3.1 O HIPERTEXTO

Imaginar uma linguagem é imaginar um modo de vida.

Wittgenstein, citado por Steven Johnson – Cultura da Interface

A característica mais marcante da Web é o hipertexto. Apenas ela, de todos os

protocolos abertos da Internet, possibilita a conexão por hyperlinks. Apesar de ser possível

incluir um hyperlink em um e-mail, ele é apenas uma referência para o programa navegador

da Web. O protocolo ou o programa leitor de e-mails não irá interpretar por si mesmo o

endereço HTTP*, ainda que possa “ler” cada vez melhor páginas HTML*, com imagens e

mesmo vídeos. Tampouco é possível fazer uma referência direta à outra mensagem de e-mail

do mesmo modo que se faz a uma página da Web. Também, apesar de ser possível fazer

referência a um endereço FTP* em uma página Web, o inverso não é verdadeiro.

Embora o hipertexto seja característico da Web e se encontre implementado apenas nela,

não se pode dizer que tenha tido origem ou pertença apenas a ela. A idéia original do

hipertexto surgiu com Vannevar Bush e foi apresentada pela primeira vez em 1945 no artigo

_____________ 13 BERNERS-LEE, Tim. Press FAQ. Disponível em <http://www.w3.org/People/Berners-Lee/FAQ.html>. Acessado em novembro de 2002. Traduzido livremente por Murilo Pinto

Page 21: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

10

As We May Think14. Em oposição aos sistemas artificiais de indexação e organização de

informações existentes, fortemente baseados em níveis e classes, ele propunha o Memex, um

sistema “natural”, semelhante ao funcionamento da mente humana, que funcionaria por

associações. Todas as fontes de informação de uma pessoa seriam centralizadas nele: uma

série de periféricos converteria livros, imagens e sons em microfilmes e fitas magnéticas. A

partir disso, o usuário poderia navegar pelas informações de forma não linear, “chamando” a

informação que necessitasse a qualquer momento, não importando onde ela estivesse

guardada originalmente, criando associações independentes (e mesmo trilhas, linhas de

pensamento) que ficariam gravadas nos documentos, podendo ser reproduzidas ao toque de

um botão. 15

Na década de 70, o conceito seria retomado por Theodore Nelson, que criaria o termo

hipertexto para designar a idéia de seu Xanadu: um imenso sistema de escrita/leitura contendo

todas as informações literárias e científicas do mundo, aberto para comentários e trocas de

informações livres a todos os usuários.16

Essas referências ideais e utópicas estão longe de serem alcançadas, mas não se pode

dizer que sejam inalcançáveis; seria mais apropriado dizer que é uma questão de tempo até

que a tecnologia que as possibilite seja desenvolvida. Desta forma, a melhor definição para o

hipertexto, como existe atualmente, vem de Pierre Lévy: Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem ser eles mesmos hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira. Funcionalmente, um hipertexto é um tipo de programa para a organização de conhecimentos ou dados, a aquisição de informações 17

Para entender a novidade que o hipertexto representa e suas implicações no modo como

lidamos com a informação, é preciso compará-lo com sistemas anteriores de escrita. Se

selecionarmos a mudança causada na ciência, leitura e escrita a partir da introdução da

impressão, teremos um resultado satisfatório.

Se as características dos livros manuscritos eram alto custo de reprodução, falta de

padronização, notações pessoais em margens e rodapés e traziam consigo implícita a

_____________ 14 Para uma reprodução integral do artigo: http://www.theatlantic.com/unbound/flashbks/computer/bushf.htm 15 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit. 16 Ibid. 17 Ibid.

Page 22: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

11

necessidade de tutores (os donos dos livros) com vários alunos, a impressão tornou-os

paulatinamente populares – à medida que caiam os custos de impressão e aumentava a

portabilidade e usabilidade do livro – a ponto de fazer da alfabetização uma necessidade

básica e instituiu uma série de elementos de interface que, de tão disseminados e antigos

passam despercebidos: capa, cabeçalhos e títulos, numeração seqüenciada de notas, páginas e

seções, sumários e índices, referências cruzadas, etc.18 A própria espessura de um livro traz

informações sobre ele. Enfim, o livro é uma interface, bastante específica e historicamente

determinada, construída sobre um suporte existente anteriormente, que influencia há poucos

séculos o modo como lidamos com as informações.

O mesmo ocorre com o hipertexto. Ele é uma interface nova de leitura e escrita que tem

como suporte a interface amigável19: • representação figurada, diagramática ou icônica das estruturas

da informação e dos comandos (por oposição a representações codificadas ou abstratas);

• uso do mouse que permite ao usuário agir sobre o que ocorre na tela de forma intuitiva, sensoriomotora e não através do envio de uma seqüência de comandos alfanuméricos [linha de comando];

• os menus que mostram constantemente ao usuário as operações que ele pode realizar;

• a tela gráfica de alta resolução.

Toda interface traz implícita uma forma de usá-la. A leitura de um livro difere da de um

jornal. A evolução dos livros causada pela impressão e pelo agenciamento sócio-técnico do

Renascimento permitiu que a escrita deixasse de ser uma simples técnica de memorização e

armazenamento de dados ou uma arte – a caligrafia – e se tornasse uma ferramenta de

comunicação20. Reitere-se: a escrita só se tornou uma ferramenta de comunicação muitos

séculos após sua invenção, quando a impressão foi apropriada pela sociedade com esse fim.

No hipertexto, convencionou-se chamar a esse uso de navegação. Ele difere

grandemente dos usos anteriores da escrita, e mais ainda das “novas mídias” eletrônicas. Mas

para definirmos uma linguagem como própria da ou apropriada à Web, é preciso comparar

mais detidamente as características das mídias preexistentes, suas implicações sociais e como

elas se comportaram frente às mídias nascentes, o que faremos adiante.

Lévy define ainda o hipertexto como uma metáfora de diversos fenômenos sociais, num

sentido que coincide com a sociedade em rede, conceito proposto por, entre outros, Castells.

_____________ 18 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit. 19 Ibid. 20 Ibid.

Page 23: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

12

As redes hipertextuais ou informacionais, sejam elas sociais, a Internet ou outras, têm como

características21: • Encontram-se em permanente construção e reconfiguração.

Nós – sites, pessoas, instituições, fábricas, cidades, etc. – surgem, crescem e morrem a cada instante. Cada nó individual não importa tanto quanto a rede, já que na falta dele, outro assumirá sua função;

• Os pontos da rede não são iguais. Diferem em importância (“tamanho”), função, características, etc.;

• A Rede é composta de diversas redes, constituídas por miniredes que são constituídas por microredes e assim sucessivamente. Perturbações em qualquer estágio propagam-se indefinidamente, podendo atingir um grande número de atores ou pontos da Rede não diretamente relacionados ao evento inicial;

• As redes não têm centro, exceto por diversos centros temporários, que são os nós principais;

• Todos os pontos de uma rede estão igualmente ligados, a uma mesma “distância”. A distância pode ser nula ou infinita, significando que se está dentro ou fora da rede, mas é igual entre todos os pontos de uma mesma rede. Todos os movimentos, ou eventos, na rede dependem dessa proximidade. Alterar o posicionamento de um elemento da rede implica alterar ela própria.

Essas características, somadas a outras tantas, definem o ciberespaço e a cibercultura. É

o que veremos a seguir.

_____________ 21 CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Op. cit.

Page 24: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

13

3 O CIBERESPAÇO

[Ciberespaço:] uma representação gráfica de dados extraídos de

bancos [de dados] de todos os computadores no sistema humano.

Complexidade inimaginável. Linhas de luz vagando no não espaço da

mente, enxames e constelações de dados.

Willian Gibson – Neuromancer,

citado no site do filme Johnny Mnemonic

Chamaremos de ciberespaço22 uma forma específica da Internet e da Web. Uma forma

adequada ao que entendemos como o objetivo principal do desenvolvimento das tecnologias

de informação. Não é o único imaginável, mas é o nosso. É fundamental a defesa desse

projeto nas mais diversas esferas, já que o modelo de uso do ciberespaço ainda está

largamente indefinido e será consolidado a partir das práticas e decisões sociais, comerciais,

políticas, técnicas, etc. que aplicarmos, implantarmos e aceitarmos. “O ciberespaço designa

menos os novos suportes de informação do que os modos originais de criação, de navegação

no conhecimento e de relação social por eles propiciados.”23

É importante ressaltar que essas escolhas, mesmo quando “apenas técnicas”, tem

conseqüências em todas as outras esferas. Num exemplo próximo, a Universidade Estadual de

Londrina, ao optar por usar em seus servidores sistemas fechados, proprietários – servidores

Web IIS*, da Microsoft, e banco de dados Oracle – praticamente impede a utilização de

programas (ou scripts) livres, de menor custo ou mesmo gratuitos, adaptáveis e que

transmitem conhecimento – como no caso do servidor Apache ou do banco de dados

MySQL* – em vez de simplesmente consumi-los. Uma decisão simplesmente técnica, tomada

pelos administradores da rede, tendo em vista facilitar a manutenção de sistemas criados por

terceiros, dada a alta rotatividade de desenvolvedores (alunos e professores), e totalmente

justificável sob esse aspecto24. Mas com implicações amplas no contexto maior. Este projeto,

por exemplo, que tem custo zero em termos de software, não poderia ser hospedado nela. “É _____________ 22 LEITE, Sílvia. Internet e ciência: O potencial da Internet como contribuinte para o desenvolvimento da ciência. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24, 2001, Campo Grande. Anais... [s.l.]: Intercom, 2001. CD-ROM. 23 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva – por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Ed. Loyola, 2000. 212p. 24 Leonardo Pinheiro, administrador da rede UEL. Conversa pessoal com Murilo Pinto.

Page 25: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

14

preciso deslocar a ênfase do objeto (o computador, o programa, este ou aquele módulo

técnico) para o projeto (o ambiente cognitivo, a rede de relações humanas que se quer

instituir.”25

Nesse sentido, entendemos o Ciberespaço como um contraponto à sociedade do

espetáculo, da televisão, da mídia de massa, do entretenimento, do tempo real. Uma superação

dela. A Internet não estará consumada com a implantação ampla da banda larga e do vídeo

sob demanda. Não queremos uma mesma televisão, apenas on-line e “interativa”. Isso é para a

TV digital. Nem um shopping global, como Bill Gates expressa em seus projetos Hailstorm*

e .Net*. Ou um pan-ótico orwelliano, como o instituído pelos Estados Unidos com seus

Echelon*, Carnivore* e TIA*.

Com Lévy26, pensamos que os princípios do Ciberespaço, a serem defendidos em

diferentes níveis, são representados por: • instrumentos que favorecem o desenvolvimento do laço social pelo

aprendizado e pela troca do saber; • agenciamentos de comunicação capazes de escutar, integrar e restituir a

diversidade, em vez daqueles que reproduzem a difusão midiática tradicional;

• sistemas que visam o surgimento de seres autônomos, qualquer que seja a natureza dos sistemas (pedagógicos, artísticos, etc.) e dos seres (indivíduos, grupos humanos, obras, seres artificiais);

• engenharias semióticas que permitem explorar e valorizar, em beneficio da maioria, os jazigos de dados, o capital de competências e a potência simbólica acumulada pela humanidade.

Isso não significa que esses projetos sejam auto-excludentes. Eles podem e deverão

coexistir, embora nem sempre de forma pacífica. É o que tentaremos mostrar no próximo

capítulo.

_____________ 25 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit. 26 Id. A inteligência coletiva. Op. cit.

Page 26: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

15

3.1 CIBERESPAÇO: O ESPAÇO DO SABER

Os seres humanos não habitam apenas no espaço do físico ou

geométrico, vivem também, e simultaneamente, em espaços afetivos,

estéticos, sociais, históricos; espaços de significação, em geral.

Michel Serres, citado por Pierre Lévy – A inteligência coletiva

Lévy propõe uma visão antropológica do Ciberespaço a partir do conceito dos Espaços

antropológicos, que define como um sistema de proximidade (espaço) próprio do mundo humano (antropológico), e portanto dependente de técnicas, de significações, da linguagem, da cultura, das convenções, das representações e das emoções humanas. [...] As pessoas de pé à minha volta, no metrô, estão mais distantes de mim, em um espaço afetivo, do que minha filha ou meu pai, que estão a quinhentos quilômetros daqui. 27

Ele define também a existência de quatro espaços antropológicos: Terra, Território, das

Mercadorias e do Saber, cujas características ele aborda através das identidades humanas, das

semióticas, do tempo e do espaço e das relações com o conhecimento. Nessa perspectiva,

explicitaremos as características e diferenças dos Espaços.

3.1.1 A TERRA

Só os seres humanos vivem sobre a Terra;

os animais habitam nichos ecológicos.

Pierre Lévy – A inteligência coletiva

A Terra é a natureza recoberta pela ação – e significação – humana. Nela, o individuo se

reconhece por seu nome, seu clã, seus ascendentes, deuses e mitos. Seu corpo é o veículo e a

mensagem, cuja marca é a presença física necessária do emissor e do receptor no mesmo

contexto. A geografia, na Terra, é criada pelas trilhas dos povos nômades e animais. Ela é

também a memória dos homens, que se referem a acidentes geográficos em seus mitos e

_____________ 27 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Op. cit. Toda a teoria deste capítulo remete largamente a esta obra.

Page 27: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

16

histórias. O tempo é circular: os eventos, como as estações, se repetem indefinidamente; as

lendas, ferramentas de memória e conhecimento, são eternas, mesmo quando se referem a

uma novidade – um deus ou algo do gênero, situado no passado infinito, sempre estará

presente. Os rituais, que reforçam identidades, são também os mesmos, sempre, e sempre se

referem ao divino ou mitológico.

O saber está encerrado na carne, nas pessoas, que o transmitem oralmente à

comunidade.

3.1.2 O TERRITÓRIO

O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo

cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou

pessoas suficientemente simples para acreditá-lo.

Jean-Jacques Rousseau – Discurso sobre a origem e os

fundamentos da desigualdade entre os homens

O Território estabeleceu-se há cerca de 5000 anos, com o desenvolvimento de

tecnologias que permitiram ao homem fixar sua residência e administrar as novas relações

sociais e econômicas que surgiram, em especial a agropecuária e a escrita. Elas propiciaram o

nascimento do Estado, que exigiu também o desenvolvimento de exércitos, leis,

administrações, cidades. O Território sobrepuja a Terra: explorando seus recursos em

beneficio próprio; limitando as ações através da delegação de poder; inaugurando a

propriedade, pedaço da Terra cercado pelo Território. A hierarquia e tudo que se organiza por

meio de fronteiras, escalas e níveis, são as marcas deste espaço, que se percebe em relações

sociais, familiares, educacionais, etc.

A política, a propriedade, a religião, a nacionalidade, a corporação, escola ou sindicato

são as definidoras da identidade dos homens – fronteiras.

Com a escrita e a impressão, a mensagem é separada do contexto onde é produzida. A

fala também é sedentarizada: Os signos já não são apenas trocados na situação, mas podem ser separados de seus autores, separados das potências vivas a que se apegavam no regime semiótico da Terra. [...] Os signos representam as coisas: tornam presentes as coisas ausentes. [...] Entre os signos e as coisas interpõe-se de agora em diante o Estado, a hierarquia e seus escribas. [...] A coisa está ausente, ela nos

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17

escapa; pois só a apreendemos mediante seu nome, seu conceito, sua imagem, sua percepção, sempre signos. A coisa só aparece aqui sob a forma neutra, pálida e sem vida de seu representante. Não é mais que seu inacessível ‘referente’ . A coisa em si é transcendente.28

O tempo também é fixado pelo Território. Períodos são marcados a partir de dinastias e

reis; a agricultura submete-se a regras e políticas de estoque, baseadas nas previsões feitas. O

tempo é linear e lento, regrado. A geografia são mapas, latitudes, coordenadas – escrita.

O saber é contido por especialistas, em obras herméticas. E é universal, pois independe

do contexto.

3.1.3 O MERCADO

Como o rei Midas transformava inevitavelmente em ouro tudo o que

tocava, o capitalismo transforma inelutavelmente em mercadoria tudo

o que consegue incluir em seus circuitos.

Pierre Lévy – A inteligência coletiva

À dominação do Território, segue-se agora a do Mercado. Como todo Espaço

emergente, o Mercado reorganiza o Território e a Terra, utiliza-se deles, os explora e supera:

a globalização elimina fronteiras, desterritorializa, diz o senso comum.

Pode-se fixar seu período de maior relevância nos séculos XIX e XX. A teoria de Marx,

centrada na economia, serve como exemplo da predominância – porque, vale lembrar, os

espaços coexistem e não podem simplesmente deixar de existir – do Mercado no período.

Nele, a identidade é dada pelo salário, pelo status social, pelo consumo. O trabalho,

antes ele mesmo uma identidade, serve mais para uma satisfação do desejo de consumir.

O espaço no Mercado é traçado por redes globais, desnacionalizadas. As fronteiras -

comerciais, políticas, culturais – são forçadas e tentadas a cair. O tempo da Mercadoria é

acelerado: os estoques planejados do Território são desprezados em favor de um fluxo

ininterrupto de produtos, just in time. O tempo real, não mais seqüencial, mas paralelo, anula

a linearidade da história – simultaneidade. A geografia do Mercado é criada por estatísticas e

gráficos: tudo é média, captada instantaneamente, em fluxos, sobretudo os econômicos.

_____________ 28 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Op. cit.

Page 29: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

18

No campo da comunicação, a imagem, e não só mais a fala, é também separada de seu

contexto de criação: “o signo é desterritorializado”29. O referente, a coisa, encontra-se tão

distante do signo que já nem é necessário – ilusão e ausência. A moeda continua a circular, na ausência do padrão-ouro. A melodia ouvida no rádio ou gravada no disco jamais foi cantada como a ouço: trata-se apenas de um efeito de estúdio, só existe na esfera do espetáculo. A imprensa e a televisão criam o acontecimento, produzem a realidade midiática, evoluem em seu próprio espaço em vez de nos enviar os sinais das próprias coisas. A referência só remete à midiasfera. A grande loja do signo, ou o Espetáculo, torna-se uma espécie de super-realidade pela qual toda fala, ou toda imagem, deve passar, caso pretenda ter alguma eficácia. A passagem nos circuitos midiáticos destrona a representação: ‘Visto na TV’... [...] É isso o Espetáculo: todo o real é passado para o lado do signo. Os fatos, as pessoas, as obras são signos. E são tratados, reproduzidos, difundidos como tais.30

O conhecimento é aberto, pelas universidades, pela mídia, pelas indústrias inovadoras.

Como as fronteiras nacionais, as ciências se misturam em interdisciplinaridade e se difundem

por bibliotecas, revistas, seminários, bancos de dados. O hipertexto – sistema de referências,

notas de rodapé e citações – se revela como memória coletiva humana e sujeito do saber. A

teoria, explicação do Livro universal, é suplantada por modelos e simulações, menos

definitivos e com respostas mais imediatas.

O Espaço do Saber insinua-se.

3.1.4 O SABER

Sejamos francos: o Espaço do saber não existe.

Pierre Lévy – A inteligência coletiva

Lévy afirmava em 1994 – antes, por exemplo, do surgimento da Internet comercial no

Brasil – que o Espaço antropológico do Saber não existia, no sentido de não ter se realizado

em lugar algum; existia potencialmente (ou virtualmente), mas poderia nunca ser cristalizado,

jamais atingir um ponto de não-retorno. Hoje, pelo lado das mercadorias, o Espaço do saber ainda se encontra submetido às exigências da competitividade e aos cálculos do capital. No Território, ele se subordina aos objetivos de potência e à gestão burocrática

_____________ 29 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Op. cit.. 30 Ibid.

Page 30: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

19

dos Estados. Na Terra, enfim, ele é sempre absorvido nos mundos cerrados e nas mitologias arcaicas da new age [...]31

A emergência de um Espaço novo traz complicações aos que a vivem. Como a maioria

da população pode se reconhecer em relação ao Saber? Todos compramos e nos relacionamos

com o Mercado; todos habitamos um Território, falamos uma língua; todos temos um nome e

uma religião, mesmo que seja a da negação total. Mas quantos produzem ou consomem

Saber?

Se o conceito de Saber for limitado à produção científica, a resposta será poucos. Mas

não é o caso: Saber, aqui e como em Lévy, refere-se a todo o escopo das relações humanas,

que produzem conhecimentos diversos continuamente, e não somente de forma racional. “Não

se trata de autonomia do conhecimento científico em si mesmo, que tem seu direito

reconhecido há pelo menos vinte e cinco séculos, mas de um espaço do vivre-savoir e do

pensamento coletivo que poderia organizar a existência e a sociabilidade das comunidades

humanas.”32

Mas, ainda assim, como é definida a identidade no Espaço do Saber, ou como

chamaremos doravante, Ciberespaço? De forma geral, a identidade é dada pelas comunidades

virtuais, ou intelectuais coletivos, das quais os indivíduos participam. Essas identidades são

temporárias, por vezes efêmeras, e se formam a partir das interações que o indivíduo realiza

com a comunidade e seus membros. E são também múltiplas, já que os membros de uma

comunidade são livres para se associar a outras tantas. E a comunidade serve também de

instrumento de identificação às outras comunidades, que também se afirmam de forma

dinâmica, a partir das ações de seus membros. E essa ação é principalmente, senão

essencialmente, significante.

O Ciberespaço provoca o retorno do “real” ao campo da significação. As separações

entre signo e referente do Território e do Mercado são anuladas pela ação efetiva, recíproca,

dinâmica e necessária dos indivíduos em suas comunidades intelectuais, que reconfiguram a

todo instante não só a mensagem, mas o próprio contexto.

Exemplo disso é a nova relação com o tempo. Se ele era determinado pelo cosmo, na

Terra, pelas leis humanas e científicas no Território, e pela velocidade dos circuitos e da

economia no Mercado, os intelectuais coletivos assumem controle de suas temporalidades de

forma subjetiva. O tempo são ritmos interiores que se ajustam em um espaço coletivo.

_____________ 31 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Op. cit. 32 Ibid.

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20

A geografia do Ciberespaço é definida pelos intelectuais coletivos, “comunidades

humanas comunicando-se consigo mesmas, pensando a si próprias, partilhando e negociando

permanentemente suas relações e seus contextos de significações comuns”33. Toda ação, ou

falta de ação, reconfigura o ambiente, o espaço, o contexto, a mensagem enfim. Ao ler uma

notícia ou baixar um documento, mesmo sem a intenção, o usuário reforça a credibilidade do

link. Como formigas, o usuário está reforçando a trilha ao utilizá-la. Tecnologias de sucesso,

como a do serviço de busca Google34, são baseadas nessa receita.

Os inteligentes coletivos contêm o conhecimento de forma integrada, dinâmica e

contínua, não compartimentada em disciplinas ou fragmentada em fluxos de dados. As

comunidades virtuais são ambientes de troca de informações e conhecimentos. Este é seu

objetivo, um “meta-objetivo”. Diferentemente do Mercado, que tem como objetivo o lucro, do

Território, que visa o poder e o controle, ou da Terra, que busca o divino, o Ciberespaço tem

como Norte o saber, por si mesmo. “Os produtos das novas indústrias de tecnologia da

informação são dispositivos de processamento da informação ou o próprio processamento da

informação.”35

Neste ponto, poderíamos passar a uma conclusão sobre a existência ou não do Espaço

do Saber atualmente. Mas fazê-lo não tem propósito. Como já foi dito, o Ciberespaço existe,

virtual, potencialmente. Cabe a nós atualizá-lo e cristalizá-lo. Isso só é possível com esforço

cotidiano no sentido de concretizar o projeto.

Antes de irmos ao projeto específico de nosso trabalho, definiremos a relevância das

escolhas técnicas na constituição da sociedade e cultura, e como essas ferramentas intelectuais

alteram o modo como nos relacionamos com o conhecimento.

_____________ 33 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Op. cit. 34 http://www.google.com.br, no Brasil. 35 CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Op. cit.

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21

4 AMBIENTES COOPERATIVOS

Não sou “eu” que sou inteligente, mas “eu” com o

grupo humano do qual sou membro, com minha

língua, com toda uma herança de métodos e

tecnologias intelectuais.

Pierre Lévy – A Inteligência Coletiva

Os ambientes cooperativos, groupwares, são ferramentas on-line de auto-organização

de sistemas sociais. Empresas e instituições podem ser vistas como sistemas sociais e, mais

importante, comunicacionais, nos quais as mensagens e conversas, mais que simples trocas

de informações, são “atos de linguagem, que comprometem aqueles que os efetuam frente a si

mesmo e aos outros”36. O groupware surge como uma ferramenta de organização dessa rede

de interações e coordenação das ações dos indivíduos.

Abordaremos suas características e relações com o conhecimento e o pensamento.

4.1 A ARGUMENTAÇÃO HIPERTEXTUAL

O objetivo de uma discussão ou debate não

deveria ser a vitória, mas o progresso.

Joseph Joubert

Uma das principais características do groupware é a forma com que as mensagens são

trocadas em sua rede: em uma conversa, a argumentação é muitas vezes superficial, menos

sistematizada, hierarquizada e organizada que textos escritos, em função das deficiências da

memória humana de curto prazo. “Usamos processos retóricos mais do que raciocínio passo a

passo. Reafirmamos nossos argumentos em vez de avaliar em conjunto as provas e

justificativas de cada inferência”37. Mesmo o texto escrito traz uma estrutura argumentativa

_____________ 36 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit. 37 Ibid.

Page 33: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

22

que nem sempre se encadeia da mesma forma que o pensamento, o que pode levar a mal-

entendidos.38

O groupware, estruturado em hipertexto, permite uma representação gráfica da estrutura

de argumentos, além de sua ligação com outros documentos de referência, que ampliam e

aprofundam o debate e embasam a discussão.39

Em certa medida, as discussões em um ambiente cooperativo perdem em personalismo.

O que é dito importa mais do que quem o diz, apesar da identidade, construída em cima da

acuidade e correção das observações avaliada pelos outros membros da comunidade – e não

sobre títulos ou posições –, ser um fator importante na credibilidade do emissor. Mas a

mensagem principal é resultado da discussão progressiva e acumulativa, na qual até o menor e

banal argumento pode se revelar um insight relevante. Não se pensa em réplica e tréplica, mas

em uma cadeia de argumentos, mesmo que discordantes, em torno da solução de um problema

comum aos integrantes. Como tende a ser também extensivamente documentada, a discussão

é um modo efetivo de transmissão de conhecimentos.

Duas aplicações podem ser facilmente reconhecidas como groupwares: sistemas de

fóruns e de notícias que permitam comentários. No primeiro, qualquer usuário envia uma

mensagem, iniciando uma discussão (thread). Colocará um problema, uma pergunta, ou fará

uma proposição. Outros, de acordo com seus interesses e conhecimentos individuais, irão

responder a ela, negando sua validade, discutindo melhores abordagens, simplesmente

referendando a posição original, dizendo como o problema também os afeta ou como lidaram

com ele. Muitas vezes, a discussão muda totalmente de objetivo à medida que vão sendo

acrescentadas observações. O mesmo ocorre com sistemas de notícias que permitem

comentários. Um exemplo aleatório: o portal de jornalismo e comunicação Comunique-se40

noticiou o disparo efetuado contra uma equipe de reportagem londrinense. Uma nota curta é

expandida em discussão sobre punição para menores, a situação dos jornalistas e da

criminalidade e até os efeitos da corrupção do prefeito recentemente retirado do cargo.

Lévy propõe que o hipertexto seja atualmente a metáfora mais apropriada do modo do

pensamento e comunicação humanos: A operação elementar da atividade interpretativa é a associação; dar sentido a um texto é o mesmo que ligá-lo, conectá-lo a outros textos, e portanto é o mesmo que construir um hipertexto. […] Para que as coletividades compartilhem um mesmo sentido, portanto, não basta que cada um de seus membros receba a mesma mensagem [já que os contextos e referências intelectuais de cada um podem ser muito divergentes]. O papel dos

_____________ 38 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit.. 39 Ibid. 40 http://www.comunique-se.com.br

Page 34: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

23

groupwares é exatamente o de reunir, não apenas os textos, mas também as redes de associações, anotações e comentários às quais eles são vinculados pelas pessoas. Ao mesmo tempo, a construção do senso comum encontra-se exposta e como que materializada: a elaboração coletiva de um hipertexto. […] Mais uma vez, é preciso inverter completamente a perspectiva habitual segundo a qual o sentido de uma mensagem é esclarecido por seu contexto. Diríamos antes que o efeito de uma mensagem é o de modificar, complexificar, retificar um hipertexto, criar novas associações em uma rede contextual que se encontra sempre anteriormente dada. O esquema elementar da comunicação não seria mais ‘A transmite alguma coisa a B’, mas sim ‘A modifica uma configuração que é comum a A, B, C, D, etc.’.41

4.2 FERRAMENTAS DE MEMÓRIA

Numa comparação entre sociedades orais, as baseadas na escrita e as “digitais”, Lévy42

reforça as implicações desses diferentes modos de cognição no conhecimento e cultura

humanos.

Como já dissemos ao abordar o Espaço antropológico da Terra, nas sociedades orais o

conhecimento é encarnado nos anciãos. Ele precisa ser transmitido, na forma de histórias,

mitos, lendas, reiteradamente, sob risco de liquidar o conhecimento caso a história seja

esquecida pelo grupo, ou devido à morte de um membro-chave. Os rituais são um modo de

atualizar e disseminar esses conhecimentos.

Com o surgimento da escrita – mais especificamente após a impressão – o modo de

conhecimento das sociedades orais foi desvalorizado em favor da erudição literária. A escrita,

tecnologia própria do Território, permitiu a emergência da teoria como forma predominante

de conhecimento. A teoria define-se como uma proposição universal, independente de um

contexto, auto-suficiente, mas que ao mesmo tempo se refere ou interpreta outras teorias e

tradições. O livro possibilita a acumulação e aprofundamento dos conhecimentos e

mensagens, ao servir de memória de longo prazo e também suporte perene das

argumentações.

Para Lévy, a escrita separou a memória dos sujeitos e comunidades. Ao ser objetivada

em um conhecimento universal, impessoal, permitiu que uma outra questão, filosófica,

surgisse: a verdade também independe dos sujeitos? Em outras palavras, o surgimento do

pensamento racional teria sido condicionado – mas não determinado – pela existência da

escrita.

_____________ 41 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit. 42 Ibid.

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24

A prosa escrita não é um simples modo de expressão da filosofia, das ciências, da história ou do direito. Ela os constitui, já que estes domínios do conhecimento, tal como os conhecemos hoje, não preexistem a ela. [...] Descartes ou Leibniz [...] jamais teriam sido aquilo que foram sem a impressão. Mas nem Descartes nem Leibniz podem ser deduzidos da prensa mecânica inventada por Gutenberg. [...] Não se trata de identificar a prensa mecânica com a ‘ciência’ou o ‘progresso’: no século XVI, foram impressos tratados de ocultismo e libelos incitando as pessoas a guerras religiosas, para não falar daquilo que se publica hoje! Mas, ainda assim, podemos sustentar que a invenção de Gutenberg permitiu que um novo estilo cognitivo se instaurasse.43

A informática ampliou exponencialmente a capacidade de armazenamento, transporte e

velocidade de consulta das tecnologias intelectuais no que diz respeito ao suporte à memória,

além de adicionar novos modos de comunicação, como o audiovisual. Esse aumento da

informação disponível gera não só benefícios, mas também novos problemas, em especial:

credibilidade e valor de uma informação entre tantas, como encontrar “a agulha no palheiro”,

fragmentação da mensagem e efemeridade das informações.

Mas falamos aí de um banco de dados “em estado natural”. Para remediar esses

problemas, adicionamos, sistematicamente, interfaces.

4.3 A QUESTÃO DA INTERFACE

De forma geral, interface significa contato entre meios diferentes, tradução, mediação,

uma relação semântica44. Um controle remoto é uma interface homem/televisão, obviamente

diferente, mesmo em suas implicações, do comando “direto” via painel frontal. Mas um

vídeo-cassete também é uma interface homem/tevê.

Em termos informáticos, pode ser um modem, que põe em contato meios diferentes (o

analógico dos telefones e o binário dos computadores). Mas usualmente se refere à interface

homem/máquina (HCI, na sigla em inglês), que é definida pelo “conjunto de programas e

aparelhos materiais que permitem a comunicação entre um sistema informático e seus

usuários humanos”45.

Lévy considera “a interface” como uma rede de interfaces, camadas que se superpõem

sucessivamente a cada inovação tecnológica. Assim, ele ilustra, um livro, interface mais

comum de leitura há séculos, é constituído das interfaces: escrita, que é a interface visual da

_____________ 43 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit.. 44 JOHNSON, Steven. Cultura da Interface. Op. cit. 45 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit.

Page 36: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

25

língua e do pensamento; fonemas; alfabetos, romano, árabe ou outro; caligrafia ou tipologia;

material ou suporte sobre o qual está registrado, que pode tão diferente quanto um papiro ou

uma tábua de argila, o que acarreta usos obviamente diferentes. “A interface condiciona a

dimensão pragmática, aquilo que pode ser feito com a interface ou o ‘conteúdo’, termo tão

inadequado”46.

Qual então o papel da interface groupware na Web? Uma visão bastante popular da

Internet é a que afirma sua condição fragmentária, efêmera, poluidora, ruidosa. É difícil não aderir a esse consenso geral. [...] A notícia chega de fato em blocos cada vez mais curtos (embora talvez não a ponto de se reduzir a notícia nenhuma), e o espectador ideal da maior parte dos entretenimentos visuais sofre indubitavelmente de um caso crônico do distúrbio do déficit de atenção. [...] No entanto, contra todo esse deslocamento, sobrecarga e multiplicidade, há a interface. Quase sempre falamos sobre a interface gráfica como se ela fosse a culminação lógica da revolução digital, sua glória máxima, mas a verdade é que a interface serve em geral como um antídoto para as forças desencadeadas pela era da informação.47

Assim, um sistema de busca serve como filtro para a infinidade de sites, em grande

parte insignificantes. As melhores engines, softwares, logaritmos – interfaces – terão mais

sucesso por serem mais úteis aos usuários. Voltando ao controle remoto: ele nos livra de

levantar e rodar um sintonizador com números que significam quase nada, nos aproximarmos

da tevê para abaixar o volume só para descobrirmos, ao voltarmos ao sofá, que ficou baixo

demais; as tecnologias – interfaces – que automaticamente buscam sintonizar a imagem nos

separam de um complicado e preciso procedimento de ajuste, que muitas vezes é prejudicado

pela falta de destreza manual do usuário. Dito de outra forma, ele também filtra as

informações, reduzindo as opções ou variáveis nos processos. É por isso que deveríamos conceber a interface, em última análise, como uma forma sintética, em ambos os sentidos da palavra. Ela é uma espécie de embuste, uma paisagem falsa que passa pela coisa real, e – o que talvez seja mais importante – é uma forma que trabalha a serviço da síntese, reunindo elementos díspares num todo coeso. [...] A turbulência conceitual – a impressão de que o mundo está se acelerando à nossa volta, puxando-nos em milhares de direções ao mesmo tempo – é uma tradição profundamente moderna, com raízes que remontam a cem anos atrás. O que distingue nosso próprio momento histórico é que surgiu uma balança projetada precisamente para contrabalançar essa tendência, combater a fragmentação e a sobrecarga com síntese e interpretação. [...] Ela torna a informação assimilável por nós ao encobrir a maior parte dela – pela simples razão que ‘a maior parte dela’ é multitudinária demais para ser imaginada num único pensamento48

_____________ 46 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit.. 47 JOHNSON, Steven. Cultura da Interface. Op. cit 48 Ibid.

Page 37: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

26

Alguns dos principais elementos da interface de ambientes cooperativos são o tema do

próximo item.

4.4 FERRAMENTAS DE INTERFACE

Um dos modos mais comuns de filtragem de informações atualmente é o comentário.

Pode ser o comentário incluído no rodapé da notícia, o feito através de blogs ou de colunistas,

todos textos que comumente remetem a outros e, ao fazê-lo, modificam seus sentidos, filtram-

los. A própria mensagem dos comentários é importante, mas outro filtro está também

implicado em muitas interfaces: as trilhas.

As trilhas podem ser definidas como os caminhos que os usuários traçaram ao navegar

por um site. Essa navegação é, sempre, registrada. Em sistemas groupware, o principal

objetivo desse registro é utilizar essa informação, essa navegação, no que ela possa significar

para a coletividade. Assim, ao emitir um comentário, mesmo que depreciativo, o usuário está

valorizando aquela informação no que ela pode ter de novidade. A trilha, aqui, se reflete na

quantidade de respostas, comentários ou mesmo leitores de determinada discussão ou notícia.

Da mesma forma, uma enquete será, ao menos inicialmente, considerada mais relevante se

mais pessoas estiverem participando dela, um arquivo terá mais valor se tiver sido mais

baixado, e um link deverá ser melhor – ou assim será considerado – se tiver mais visitas.

Obviamente, o critério não poderia ser simplesmente numérico, apesar de este ser

efetivo, já que diferentemente de outros métodos de quantificação reflete as ações reais dos

usuários. Para aumentar a validade dos dados, utilizam-se recursos de avaliação e voto: dá-se

maior nota aos recursos – notícias, downloads, links, usuários – que mais auxiliaram o

navegante. Ao longo do tempo, essas informações são preciosas para os usuários novatos ou

recém-chegados.

Os sistemas de busca também são ferramentas importantes de interface. Compare um

site com um livro – principalmente os sem índice remissivo – e terá imediatamente uma idéia

das diferenças.

Todos esses recursos trabalham juntos. Nos resultados de uma busca, por exemplo, os

códigos tendem a mostrar primeiro os recursos com melhor índice de incidência dos termos

pesquisados, que podem ser balanceados para privilegiar os mais bem-avaliados e exibir a

quantidade de comentários feitos sobre o resultado proposto, por exemplo. Alguns sistemas

Page 38: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

27

indicam também as buscas mais comuns relacionadas ao tema ou valorizam os links com mais

visitações.

Ainda, se na televisão o zapping de canais é fragmentador, a navegação por hyperlinks é

agregadora: Um surfista de canais fica saltando entre diferentes canais porque está entediado. Um surfista da Web clica num link porque está interessado. [...] um link é uma maneira de traçar conexões entre coisas, uma maneira de forjar relações semânticas [...] [ele] deveria ser compreendido em geral como um recurso sintético, uma ferramenta que une múltiplos elementos num mesmo tipo de unidade ordenada.49

Essa confusão, entre o zapping da televisão e a navegação da Web, bastante comum

principalmente entre críticos de mídia, talvez explique a falta de uso massivo de hyperlinks

significativos, em meio ao texto, como complementos dele, em vez dos apenas burocráticos,

distribuídos ao lado ou ao final do texto principal, que têm como destino outros “cadernos” de

jornais, outras “últimas notícias” ou empresas citadas na matéria. Por não se compreender

plenamente a natureza do meio e sua linguagem, escreve-se de forma linear e isso é, no

mínimo, um desperdício de recursos. Por essa razão, mais uma vez, não é apropriado

propormos aqui uma linguagem própria da Web ou, ainda pior, da Internet, mas do

Ciberespaço. Ou, tratando-se de jornalismo, de jornalismo on-line, digital, webjornalismo,

etc., em vez de ciberjornalismo.

_____________ 49 JOHNSON, Steven. Cultura da Interface. Op. cit

Page 39: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

28

5 CIBERJORNALISMO

Optamos pelo termo ciberjornalismo por precisão. Digital remete a uma gama muito

ampla de modos de comunicação e se propõe mais, quando relacionado ao jornalismo, à

convergência de mídias e meios de transmissão e às ferramentas de produção dos conteúdos.

On-line implica a conexão simultânea, a atualização constante, a disponibilidade imediata e

em tempo real das mensagens e interlocutores, o que não ocorre sempre e, principalmente, em

groupwares; as discussões em fóruns por exemplo se estendem por longos períodos de tempo

cronológico e se sujeitam aos tempos subjetivos e à disponibilidade dos usuários. Ambos

abrangem desde vídeo on-demand até mensagens via pager ou e-mail.

O termo Webjornalismo restringe a atuação aos sites Web, mas se apresenta muito

contaminado pela moda e o modo que se faz jornalismo para a Web atualmente, deslumbrado

com as possibilidades da multimídia, mesmo sem ter dado a devida atenção às inovações

ainda exploráveis do texto – ou hipertexto – escrito, e ligado de forma muito estreita ao

conceito de tempo real.

Ciberjornalismo, por outro lado, se relaciona diretamente ao conceito de Ciberespaço

que apresentamos anteriormente. Evoca também, através do antepositivo ciber-, a idéia do

governo do jornal – ou site – pelo leitor50. Ele é o elemento principal, que deve ser valorizado

nesse ambiente. A interação integrada ao núcleo produtivo do site, somada ao uso das

ferramentas de interface também já apresentadas e outros elementos de linguagem e

navegação são as características delineadoras desse modo específico de jornalismo para a

Web.

No entanto, independentemente do tipo de site ou conteúdo em que apareça, o noticiário

para a Web deve seguir alguns padrões que se impõe: atualizar constantemente do conteúdo,

fornecer informação de fundo, ser concebido para a Web, conter bases de dados, áudio,

imagens e vídeo, aproveitar as possibilidades do meio e ser submetido à lógica de navegação

associativa e não seqüencial51, a fim de facilitar a apreensão da informação pelos usuários.

São ainda campos potenciais de análise do jornalismo para a Web: “o processo de

fabrico de conteúdos on-line e a reconversão das práticas profissionais, as fontes e o uso da

Internet para a investigação jornalística ou a credibilidade da informação on-line e a

_____________ 50 DICIONÁRIO Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa v. 1.0. CD-ROM 51 SOUZA, Jorge P. Qualidade percebida de quatro jornais on-line brasileiros. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24, 2001, Campo Grande. Anais... [s.l.]: Intercom, 2001. CD-ROM.

Page 40: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

29

problematização do tradicional papel de gatekeeper do jornalista [...] a qualidade dos jornais

on-line”52, o formato, linguagem e redação da notícia, o uso do site pelo público, a multimídia

e a convergência digital, entre outros.

Com essa perspectiva, elegemos como temas principais, na perspectiva do trabalho, os

que se relacionam diretamente com a linguagem jornalística e a relação que o público

estabelece com a informação em sites Web e com os próprios sites, considerados como

sistemas sociais ou entidades.

5.1 INTERAÇÃO

Leitores são abundantes;

pensadores são raros.

Harriet Martineau

Se destacamos a necessidade de interação real, integrada intrinsecamente ao processo de

produção de conteúdo do site, isto deve-se ao menosprezo com que ela vem sendo tratada,

quando não nos discursos muitas vezes publicitários, na prática. Caio Túlio Costa, então

responsável pelo portal UOL*, dá um exemplo da maneira compartimentada com que se vê as

áreas, ao falar da audiência do site: “uns 30% [vem] da área de interação, os chats, etc... a

área de notícias eu diria por volta de 18 a 20%.” [grifo nosso]53.

O termo é assim definido pelo Houaiss: n substantivo feminino 1 influência mútua de órgãos ou organismos inter-relacionados Ex.: <i. do coração e dos pulmões> <i. do indivíduo com a sociedade a que pertence> 2 ação recíproca de dois ou mais corpos 3 atividade ou trabalho compartilhado, em que existem trocas e influências recíprocas 4 comunicação entre pessoas que convivem; diálogo, trato, contato 5 intervenção e controle, feitos pelo usuário, do curso das atividades num programa de computador, num CD-ROM etc. [...] 8 Rubrica: sociologia. conjunto das ações e relações entre os membros de um grupo ou entre grupos de uma comunidade [grifo nosso]54

_____________ 52 SOUZA, Jorge P. Qualidade percebida de quatro jornais online brasileiros. Op. cit. 53ACESSAMOS Caio Túlio Costa, do UOL, maior provedor do mundo em língua não inglesa. Revista Imprensa, São Paulo, n. 150, jul. 2000. 54 DICIONÁRIO Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa v. 1.0. Loc. cit.

Page 41: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

30

Apesar dessa definição, bastante apropriada, percebe-se que os recursos considerados

interativos pelo UOL – bate-papo, fórum, enquete, etc. – são de interação homem-máquina ou

usuário-usuário, vistos ou empregados comumente mais como enfeites ou gracejos, não partes

integrantes do próprio fazer jornalístico.

Poucos sites nacionais, em especial os maiores, possibilitam o comentário das notícias a

não ser em fóruns muitas vezes desorganizados e desvalorizados a ponto de serem inúteis.

Mesmo quando tal ferramenta existe, a redação não se envolve no debate, não reage a ele, seja

de forma imediata ou posterior. Não se ouve a comunidade e menos ainda se responde a ela.

Nesse sentido, em vez de se fazer uma matéria tradicional e apenas adicionar a ela

ferramentas de debate entre os leitores, os próprios jornalistas deveriam participar da

discussão que se seguir. Por exemplo, o portal Comunique-se noticiou uma suposta

intervenção do governo paranaense no jornal O Estado do Paraná para demissão de um

jornalista. A discussão desenvolveu-se com acusações diversas contra o próprio site, contra o

jornal, o governo anterior e o próprio jornalista demitido. A repórter do site e o demitido

usaram o sistema de comentários para se defender, assim como o diretor do sindicato

paranaense e outros profissionais para esclarecem e abordarem outras questões.

No longo prazo, isso se refletiria no conteúdo e prestígio do site. O repórter ou editor

estaria intimamente ligado à comunidade, conhecedor de suas vontades, e seria também

reconhecido pelos leitores como um membro, não um estranho. Steve Outing já fazia essa

recomendação, de tornar os jornalistas do site em “personalidades”, há alguns anos. Para ele,

as mesmas notícias estão presentes em tantos diferentes sites (ou commoditizada) que é

preciso estabelecer relações pessoais entre leitores e jornalistas específicos55. “Como a

Internet é um meio claramente de dupla via, os sites plenamente interativos são aqueles que

unem as pessoas, que facilitam a comunicação entre usuários e entre os usuários e a equipe de

produção do site.”56

Essa visão de interação vai além do reducionismo que se vê comumente, que considera

ser uma “situação de interatividade [... o leitor] poder escolher, dentre a malha hipertextual,

aqueles links que ele deseja e que lhe darão a continuidade da informação”57. Sim, a “simples

_____________ 55 OUTING, Steve. Introduza alguma personalidade na Internet impessoal. Parem as máquinas, [s.l., 2000?]. Disponível em <http://www.uol.com.br/parem>. Acessado em [2000?]. 56 PRIMO; CASSOL, 1999. apud LEITE, Sílvia. Internet e ciência: O potencial da Internet como contribuinte para o desenvolvimento da ciência. Op. cit. 57 MIELNICZUK, Luciana. Interatividade e hipertextualidade no jornalismo online: mapeamentos para uma discussão. [s.l., sd.].

Page 42: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

31

ação de navegar pelo jornal online é por si só uma atividade interativa”58, mas nem de longe a

mais produtiva, adequada ou representativa do jornalismo para Web.

Deve ser ressaltado que a comunicação normalmente não se dá através de um canal

exclusivo, mas envolve interações simultâneas entre os usuários, seus contextos e ambientes.

5.2 REDAÇÃO

They don’t.

Jakob Nielsen – How users read on the Web

Apesar de haver um sem-número de discordâncias quanto a “normas” e o espaço para

experimentações com o texto para a Web ainda ser extremamente amplo, pode-se encontrar

algumas similaridades e opiniões majoritárias, com resultados testados em experimentos

controlados. Pretendemos aqui compilar esses dados e fazer escolhas pertinentes entre

diversas correntes de opinião.

As opiniões majoritárias e raramente refutadas são apoiadas por estudos de usabilidade,

que medem o comportamento e a eficácia de diferentes ações dos usuários, no caso, de um

site na busca de informações determinadas, sob condições diversas. Os resultados vêm sendo

reafirmados reiteradamente, por estudos diferentes realizados por instituições diferentes em

períodos diferentes e distantes.59

Basicamente, esses resultados semelhantes podem ser atribuídos às condições

intrínsecas ao uso da Web, sejam comunidades virtuais ou sites mais tradicionais: monitores,

mesmo os de alta performance, têm uma definição muito inferior à do papel; e a absoluta

maioria dos usuários acessa a Internet em computadores desktop, algo desconfortáveis.

Tais condições, principalmente, implicam certas características na apreensão das

informações. Elas também são fundamentais porque não se vê no horizonte de 5 a 10 anos ou

mais, dependendo das condições econômicas e sociotécnicas que se apresentarem no período

– tecnologias que vão alterar profundamente esses modos de uso da Web e dos computadores,

_____________ 58 MIELNICZUK, Luciana. Interatividade e hipertextualidade no jornalismo online: mapeamentos para uma discussão. [s.l., sd.] 59 Dos quais destacam-se os efetuados por Jakob Nielsen (disponível em http://www.useit.com/papers/webwriting/writing.html), mais geral, e pelo Poynter Institute (www.poynter.org), voltado para jornais Web.

Page 43: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

32

principalmente no que se refere à busca por conhecimento e informações profissionais e

científicas. Ainda, mesmo após a disseminação de monitores de altíssima resolução, levará

tempo até que novos hábitos de leitura se estabeleçam.

De forma geral, portanto:

a) os usuários não lêem na Web de forma sistemática, mas em vez disso

varrem a tela procurando por palavras ou frases que remetam à informação

que desejam. O estudo da Poynter, citado por Nielsen60, aponta que mesmo

quando já está interessado pelo artigo, o usuário não costuma ler mais que

75% do texto;

b) a leitura no monitor é em média 25% mais lenta que a em papel61. Isso

deve-se não só à falta de definição, mas também devido à luminosidade da

tela, que cansa os olhos. O problema não causa apenas uma lentidão na

leitura, o que poderia levar à crença de que uma redução de 25% do tamanho

do texto o poria em equivalência ao papel: trata-se também de uma questão

de conforto, bem-estar, o que leva o usuário a querer permanecer ainda

menos tempo lendo uma página. A recomendação é que se escreva um texto

50% menor do que normalmente se faria para a imprensa, ou que se “quebre”

esse texto em blocos em páginas diferentes;

c) os usuários navegam de forma intercalada entre várias janelas de

diferentes sites.62

Além destas condições básicas, foi identificada nesses estudos a preferência pelo estilo

de escrita o direto, objetivo, 63 em pirâmide invertida, com idéias centrais separadas em cada

parágrafo e escrito de forma simples e informal.64

Vê-se que muito do velho jornalismo ainda se aplica. Mas, principalmente no que diz

respeito à apresentação e à organização do texto, as diferenças aumentam.

Uma crítica comum a esses resultados é a de que eles implicam uma simplificação

extrema das informações. Isto não é verdade. O que eles na verdade significam é que não se

deve utilizar o recurso, comum na imprensa, de unir assuntos relacionados sob uma mesma _____________ 60 NIELSEN, Jakob. Eyetracking Study of Web Readers. Alertbox, 14/maio/2002. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/20000514.html>. Acessado em 10/dez./2002. 61 Id. Be Succint! (Writing for the Web). Alertbox, 15/mar/1997. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/9703b.html>. Acessado em 10/dez./2002. 62 Id. Eyetracking Study of Web Readers. Op. cit. 63 Ibid. e MORKES, John; NIELSEN, Jacob. Concise, Scannable, and Objective: How to Write for the Web. 1997.[s.l.]. Disponível em <http://www.useit.com/papers/webwriting/writing.html>. Acessado em 10/dez./2002. 64 MORKES, John; NIELSEN, Jacob. Loc. cit.

Page 44: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

33

matéria. Cada item de informação precisa ser separado em uma página – ou matéria – própria,

ainda que sejam relacionados intimamente. Se não formarem uma unidade forçosa, devem ser

separados em outras páginas, quantas forem necessárias. Isto porque, também, leitores

diferentes procurarão diferentes níveis de informação e todos eles devem ser atendidos. Esses

níveis mais profundos podem ser artigos, comentários, análises, elementos multimídia,

oportunidades de interação, material de contextualização, entrevistas de perfil, infográficos,

etc., ou mesmo outros blocos informativos que ultrapassem o principal da história.

O estilo de pirâmide invertida se aplica também a cada um desses blocos, que não

necessitam incluir informações de fundo reiteradamente. O mesmo ocorre com suítes ou

matérias que retomem casos antigos ou já tratados no jornal – ou mesmo em outros locais da

Web65: basta “lincá-los”.

Todos esses blocos, no entanto, devem poder ser redigidos – e programados – de modo

a permitir ao usuário identificar de imediato onde se encontra e do que se trata a página

específica. Isto porque muitas vezes ele entrará nela vindo de lugares diferentes, como um

serviço de busca ou links externos, e também porque estará constantemente trocando de

janelas ao navegar. E também precisam indicar, para fisgar a atenção do leitor, quais as

opções de que dispõe para continuar a navegar pela história.

Essas indicações de “para onde ir” podem ser proporcionadas por uma série de

elementos de interface e linguagem. Crawford Kilian os chamam de “olho” (blurb)66 e propõe

que sejam escritos de modo a indicar que tipo de informação o usuário encontrará ao clicar no

link, que deve ser escrito em uma das seguintes formas, que são semelhantes a modelos

tradicionais de aberturas de lides: citação, comparação/contraste, conflito, pergunta e direto.

Nielsen67 propõe que ambos, olho e link, sejam unidos em um único elemento, o que é

possível com o uso do atributo TITLE dos elementos HTML 4.0 na tag <A>, que indica o

link.68 Para ele, essa construção deve seguir às seguintes recomendações:

a) o nome do site ou subsite, se for diferente do atual;

b) detalhes adicionais sobre o tipo de informação da página de destino e

sua relação com a atual;

_____________ 65 NIELSEN, Jakob. Inverted Pyramids in Cyberspace. Alertbox, jun./1996. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/9606.html>. Acessado em 10/dez./2002. 66 KILIAN, Crawford. Hook Your Readers with a Blurb. The Online Writer, 19/jun./2000. Disponível em <http://www.content-exchange.com/cx/html/newsletter/2-2/ck2-2.htm> Acessado em 5/dez./2002. 67 NIELSEN, Jakob. Using Link Titles to Help Users Predict Where They Are Going. Alertbox, 11/jan./1998. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/980111.html> Acessado em 5/dez./2002. 68 Um exemplo de como ficaria a sintaxe do elemento <A> é: <a href=”http://www.uel.br” title=”Informações sobre os cursos de graduação e órgãos da UEL”>Universidade Estadual de Londrina</a>.

Page 45: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

34

c) condições de acesso ou problemas do link de destino, como a

necessidade de ser assinante ao indicar um site do UOL ou sites com

conteúdo potencialmente ofensivo;

d) o texto do elemento TITLE não deve ultrapassar 60 caracteres, sendo 80

o limite;

e) evitar usar sempre o TITLE, especialmente quando o contexto onde o

link aparece dá indicações suficientes do que se esperar ao visitá-lo. Use-o

em links que apareçam em texto corrido, por exemplo;

f) mesmo com a utilização desse elemento, o link em si deve ser

facilmente identificável e compreensível – não se deve forçar o usuário a

apontar para o link para entendê-lo.

Um exemplo de texto Web construído dessa forma seria: “Notícias urgentes devem ir

para o site do jornal imediatamente”, onde o elemento em negrito apontaria o link para o site

de que trata o texto, com o seguinte TITLE: “Jornal Tal: Últimas Notícias”. Em todo caso, a

função do “olho” do link é dar mais informações para o usuário antes que ele efetue o clique

ou até para que ele o faça. Vale lembrar aqui que, por razões de acessibilidade, não se deve

usar links como “clique aqui”: eles atrapalham a “leitura” em navegadores auditivos, como os

utilizados por cegos, e também não fazem sentido em navegadores textuais ou de dispositivos

móveis, que não utilizam o mouse. Também tornam o texto menos legível quando impresso.

E depois, quando o usuário entra na página, também devem ser dadas informações

suficientes para que ele se localize o mais rápido possível. Os elementos de design e redação

que permitem essa orientação são: título da página, manchetes e subtítulos.

O título das páginas deve incluir o nome do site e uma breve descrição da página.69 O

título é mostrado em serviços de busca e também na barra de tarefas dos sistemas

operacionais como o Windows, e esse tipo de construção permite uma identificação mais

rápida e eficiente também nessas condições. Ele não deve passar de 60 caracteres e ainda

assim bastar-se, já que diferentemente das manchetes de jornais, o título da página ou a

manchete de uma matéria costumam ser exibidos fora de contexto, em serviços de busca,

RSS*, linhas de assunto de e-mails, etc., sem nenhum auxílio de fotos, chamadas, linha fina...

Por esse mesmo motivo, é recomendável que seja iniciado por palavras significativas,

evitando sinais gráficos ou artigos.

_____________ 69 NIELSEN, Jakob. Top Ten Guidelines for Homepage Usability. Alertbox, 12/maio/2002. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/20020512.html> Acessado em 5/dez./2002.

Page 46: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

35

Um outro modo de dar informações contextuais sobre o que trata um texto específico é

utilizar “in-line links”, links que aparecem no próprio texto, como no exemplo acima. Tal link

deve ser feito preferencialmente nas palavras de abertura ou ligação do texto. Mas devem ser

evitados termos que indiquem seqüência, continuidade, como “‘A próxima coisa que iremos

considerar...’ ou ‘A única solução para esse problema é...’”70 – eles serão confusos.

Os outros elementos pertencem ao próprio texto do documento, e em alguns sistemas a

manchete será usada também no título da página. Os subtítulos permitem separar o texto em

blocos de significação menores, mas que não chegam a ser independentes o suficiente para

merecer uma página própria. Eles permitem também uma hierarquização do assunto, com

vários níveis de títulos e texto. Apenas os elementos HTML permitem 6 níveis diferentes de

títulos (de H1, maior, até H6, menor). Costuma-se ignorar esses elementos em favor de

programações “sujas”, que misturam a estrutura do documento com sua apresentação; a

melhor abordagem é a separação total desses dois aspectos, com o uso apropriado dos

elementos Headline e definindo sua aparência através de CSS*.

O texto corrido deve também auxiliar essa hierarquização e permitir ao leitor fixar o

olho nas informações principais, nas idéias centrais de cada matéria. Os recursos que

permitem isso são principalmente negrito, listas com marcadores e parágrafos espaçados.71

Escrever um resumo da matéria também ajuda a prender a atenção do usuário – novamente, o

lide se apresenta. Deve-se ainda optar por fontes de corpo grande e utilizar gráficos com

sensatez, apenas quando acrescentarem dados ao texto.72

Há ainda a questão do uso de alguns termos comuns nas outras formas de jornalismo

que precisam ser evitados na Web:

a) referências a datas: não faz sentido usar advérbios de tempo como

“ontem, hoje pela manhã, neste mês, neste ano”, etc. A matéria publicada na

Web tende a ficar perenemente publicada e pode ser acessada muito tempo

depois da data a que tais termos se referiam, perdendo contexto. A data deve

ser explicitada no texto, porque mesmo a existência de indicadores de data de

publicação na página não garante que tal dado será mantido numa eventual

reprogramação visual do site, em bancos de dados específicos que ignorem

essa informação, ou em sistemas RSS/XML*;

_____________ 70 BERNERS-LEE, Tim. Style Guide for online hypertext. 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998. [s.l.]. Disponível em <http://www.w3.org/Provider/Style/All.html>. Acessado em 18/jan./2003 71 MORKES, John; NIELSEN, Jacob. Op. cit. 72 Ibid.

Page 47: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

36

b) nomes de pessoas devem aparecer sempre integralmente, evitando

referir-se à personagem ou fonte da notícia apenas pelo sobrenome em

citações posteriores. Isso evita que o leitor se perca quando rolar a página ou

se ao editar a matéria o trecho acabe ficando em outra página.

c) a idéia da interação também pode estar presente no próprio modo de escrever o texto:

Todos estamos acostumados a consumir e criar parágrafos impessoais, dedicados a ninguém e até construídos para dar a impressão de que são verdades acima de qualquer interferência exercida pelo ser humano comum. (...) Assim, o título deixa de ser “receita libera mais lote da restituição de Imposto de Renda”, para “Veja se a sua restituição do Imposto de Renda foi liberada”. E isso é algo que não pode ser feito por nenhum outro meio.73

5.3 DESIGN

O design Web é, claro, diferente do impresso. As principais razões para isso são:74

a) Dimensionalidade: a página impressa é bidimensional, com um

tamanho definido previamente e design resumido, normalmente, a uma

unidade isolada. A Web é simultaneamente unidimensional (o que vem

primeiro, ao rolar a página) e multidimensional (devido aos links). A

disposição precisa dos elementos na página, como no design bidimensional,

impresso, tampouco é adequada à linguagem HTML, tanto que isso

normalmente é feito através de tabelas, que deveriam suportar apenas dados.

Por isso, “ao analisar a ‘aparência-e-sensação’ de um site, a sensação

domina completamente a experiência do usuário. Afinal, fazer é mais

memorável e cria um impacto emocional mais forte que ver”75;

b) Velocidade e Definição: o papel é mais rápido e simples de “navegar”,

permite usar imagens mais amplas e com melhor definição, oferece uma

variedade praticamente infinita de fontes e possui muito mais espaço para

colocação de elementos visuais. A Web é limitada nesses aspectos pelo

_____________ 73 AQUINO, Luciane. A descoberta do público. Press. Porto Alegre, n. 8, 2000. apud PICCININ, Fabiana. Comunicação coordenada: jornalismo digital – a linguagem em foco. O texto jornalístico on-line: um estudo sobre a linguagem da notícia na internet. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24, 2001, Campo Grande. Anais... [s.l.]: Intercom, 2001. CD-ROM. 74 NIELSEN, Jakob. Differences Between Print Design and Web Design. Alertbox, 24/jan./1999. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/990124.html> Acessado em 5/dez./2002. 75 Ibid.

Page 48: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

37

tamanho e resolução da tela do usuário, pela velocidade de conexão e pelas

fontes que se encontram instaladas no computador do visitante, e não do

designer ou gráfica – todos esses são elementos que variam imensamente de

usuário a usuário, impedindo que sejam feitas decisões definitivas, forçando

um design “líquido”, adaptável a essas diferenças;

c) Multimídia, Interatividade e Camadas: a Web permite uma variedade

enorme de recursos interativos, que permitem ao usuário explorar as

informações, gráficos ou dados apresentados, que podem reagir às ações do

“leitor”. Alguns desses elementos podem ser sobrepostos, permitindo a

apresentação separada de diferentes níveis de informação na mesma página;

d) O papel é sobre “ver”, a Web sobre “manipular”. Ao “usar” um jornal,

os olhos têm uma função essencial e ficam com a maior parte do trabalho; na

Web, boa parte do esforço se faz pela mão, usando o mouse para lidar com

as informações. E mesmo os olhos podem ser dispensados, como em

navegadores auditivos para cegos.

Essas características do meio Web criam a necessidade de seguir alguns princípios, que

são definidos pelos conceitos de usabilidade e acessibilidade.

5.3.1 USABILIDADE

Usability: qualidade do que pode ser usado; conveniente, adequado, pronto para o uso.76

Usado essencialmente em Webdesign no Brasil, o termo usabilidade se refere aos meios de se

tornar os sites mais práticos, funcionais e simples do ponto de vista do usuário. Para isso, leva

em conta seus hábitos – reais, medidos, ou relatados – de uso das páginas, de navegação e de

leitura das informações em ações com objetivos diferentes, como compras, apreensão e

interpretação de uma notícia, encontrar determinada informação estatística ou de suporte, etc.,

e também as limitações dos diferentes navegadores. Relaciona-se de forma íntima com a

escrita para a Web e também com a acessibilidade, mas aqui será considerada apenas no que

se relaciona com o design.

_____________ 76 ZANE. Webster’s New World Dictionary on PowerCD: Version 2.1. Zane Publishing. Dalllas, 1995. CD-ROM. Traduzido livremente por Murilo Pinto.

Page 49: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

38

A usabilidade costuma ser criticada, ou ignorada, já que limita as opções de

planejamento gráfico e das informações de um site; no entanto, a experiência, mesmo a

pessoal, mostra que páginas que correspondem às expectativas e necessidades dos usuários

são mais úteis, mais simples, portanto mais apreciadas e visitadas. Além disso, os “usuários

passam a maior parte de seu tempo em outros sites. Isso significa que eles preferem que seu

site funcione do mesmo modo que os outros sites que eles já conhecem.”77 Ainda pior, devido

ao hábito de “navegação intercalada”, os usuários não têm – ou não desejam ter – essa noção

de “não, esse site funciona assim; já este outro é assim”.

Um exemplo de “regra” de usabilidade é manter um link para a página inicial do site em

todas as suas páginas internas no alto da tela à esquerda, no logo do site. Todos esperam que

ele exista e sentem-se frustrados ao ter que pensar sobre onde clicar para voltar a essa página.

Estudo da Universidade Estadual de Wichita78 aponta quais são os locais da página em

que se espera encontrar diversos elementos de navegação. Eles estão resumidos na Figura 1.

A D

E G G F G

B

C

G C A

A – Link para a página inicial B – Menu de Navegação/Links internos do site C – Links externos D – Banners publicitários E – Ferramenta de login/cadastro F – Ferramentas de ajuda G – Caixa de busca

Figura 1: Elementos esperados por usuários em páginas Web, por áreas

O mesmo estudo identificou também que o design fluido, líquido, é o preferido, já que

se ajusta ao monitor e evita a perda de informações devido ao transbordamento da página na

margem direita, que força a rolagem horizontal da tela.

A falta de uma estrutura da informação padronizada é um dos problemas principais

enfrentados pelos usuários ao navegar por um site.79 Para contrabalançar essa questão, deve-

se utilizar uma estrutura informacional, seqüências de links, categorias e termos que _____________ 77 NIELSEN, Jakob. End of Web Design. Alertbox, 23/jul./2000. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/20000723.html> Acessado em 5/dez./2002. 78 BERNARD, Michael. Criteria for optimal web design (designing for usability). 30/oct./2001. Disponível em <http://psichology.wichita.edu/optimalweb/> Acessado em 9/dez./2001. 79 Ibid.

Page 50: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

39

correspondam às expectativas dos usuários e não dos criadores do site. Cada público tende a

agregar as informações de modo diferente, e isso precisa ser considerado no planejamento do

site. O uso de elementos que indiquem essa estrutura, como os breadcrumbs80 (links no

formato “Capa > Nível 1 > Nível 2 > Página Atual”, por exemplo).

A organização das informações mais adequada é a que mostra a maior quantidade de

opções de navegação e menos níveis de profundidade.81 Mas caso sejam necessários mais de

três níveis, um modelo côncavo é mais indicado, conforme indica a Figura 2.

B

Páginas Mais Profundas

Páginas Intermediárias: 32 links

Página Inicial: 16 links

Páginas MaisProfundas

C

Quarto Nível: 8 links

Páginas Intermediárias: 2 Links

Página Inicial: 8 links

Páginas MaisProfundas

Terceiro Nível:8 links

Páginas Intermediárias: 8 links

Página Inicial:8 links A

Figura 2: Distribuição da informação em sites: profundidade vs. quantidade de opções

Tal distribuição facilita ao usuário navegar pelo site. Modelos muito aprofundados, com

poucos links em cada página, sobrecarregam a memória humana de curto prazo e demandam

maior esforço dos usuários para se lembrarem dos caminhos certos. Além disso, essas

estruturas forçam descrições mais genéricas nos níveis superiores, por estarem mais distantes

das páginas de destino82. Por outro lado, outros estudos83 indicam que links que cruzam esses

diferentes níveis são mais desejados pelos usuários e proporcionam uma melhor percepção de

facilidade de navegação em oposição a links que vão a apenas um nível acima ou abaixo.

No que diz respeito às fontes a serem usadas, as que parecem reduzir menos a

velocidade de leitura são Tahoma e Times New Roman, seguidas por Verdana, Arial e Comic,

aparentemente contrariando a expectativa de que fontes sem serifa são lidas mais facilmente

em monitores. Mas o mesmo estudo84 indica que Arial e outras fontes sem serifa foram

preferidas pelos usuários; Times New Roman ficou entre as menos citadas. As idades dos

usuários desse estudo variavam de 17 a 45 anos; um outro, citado no mesmo documento _____________ 80 Migalhas de pão, em referência à história infantil “João e Maria”. 81 BERNARD, Michael. Criteria for optimal web design (designing for usability). Op. cit. 82 Ibid. 83 Kim and Yoo (2000) apud BERNARD, Michael. Op. cit. 84 BERNARD, Michael. Loc. cit.

Page 51: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

40

aponta que usuários mais velhos também possuem as mesmas preferências, mas com uma

preferência generalizada por fontes maiores. Deve-se optar por um sistema que permita a

alteração dos tamanhos das fontes pelos usuários, seja pelo uso de medidas de tamanho

relativas, seja pelo uso de tecnologias de scripting (JavaScript ou Server-side).

As combinações de cores com melhores resultados85 são as de grande contraste, com

fundo claro sob texto escuro. A mais preferida foi preto sobre branco, vermelho sobre amarelo

e branco sobre azul. No entanto, cores vivas provocam cansaço visual e não devem ser usadas

puras, mas amenizadas. O uso do branco puro também deve ser evitado devido à cintilação da

tela, que também cansa a visão, especialmente nos mais velhos.

Outro fator de usabilidade é a utilização dos elementos do modo como se espera que

eles funcionem. Por exemplo, não se deve fazer um botão de formulário executar uma ação

qualquer exceto quando o mouse o clicar – e não ao passar por cima dele. Do mesmo modo,

links devem ser indicados com sublinhado e, se possível, no tradicional azul (antes de serem

clicados; vermelhos quando ativos e, quando já visitados, roxos) ou em cores de destaque e

diferentes do texto e de acordo com os diferentes status. Nenhum texto que não seja um link

deve ser sublinhado.

5.3.2 ACESSIBILIDADE

Desenho universal é uma forma de conceber produtos, meios de

comunicação e ambientes para serem utilizados por todas as pessoas,

o maior tempo possível, sem a necessidade de adaptação, beneficiando

pessoas de todas as idades e capacidades

Rede Saci86

O conceito de acessibilidade designa que as informações devem ser disponibilizadas

para o maior número possível de pessoas, o mais independentemente possível de suas

peculiaridades em termos de idioma, navegador (Internet Explorer/Netscape ou mesmo

navegadores textuais ou auditivos), deficiências visuais (pela idade, daltonismo ou outras),

resolução de tela, sistema operacional, ou outras.

_____________ 85 BERNARD, Michael. Op. cit.. 86 http://www.saci.org.br/

Page 52: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

41

De modo geral, devem ser evitados recursos em JavaScript ou DHTML, suportados na

totalidade por poucos navegadores, e nem sempre com as mesmas reações aos mesmos

comandos. Boa parte desses recursos pode ser transferida para linguagens de servidor, que

retornam sempre HTML simples para os navegadores. Plug-ins multimídia também devem

ser evitados: o conteúdo em Flash, vídeo ou som deve ser identificado no link (em um “olho”,

TITLE, etc.) e usado apenas quando realmente tiver significação. No caso de animações

simples, não interativas, por exemplo, uma imagem animada (em formato GIF) pode ter os

mesmos resultados que o arquivo Flash. Esses recursos também devem ser evitados em menus

de navegação, textos, formulários e qualquer outro elemento em que não sejam estritamente

necessários.

Como já abordado, os links devem manter as cores padrão, ou o mais próximo disso.

Também devem ser identificados com sublinhado. O uso de JavaScript em links também deve

ser evitado, por duas razões: alguns navegadores simplesmente não vão reconhecê-lo; muitos

usuários, cada vez mais, bloqueiam janelas pop-up criadas por essa linguagem, numa tentativa

de bloquear publicidade abusiva e invasiva.

O uso adequado dos elementos Heading permite uma estruturação do texto não apenas

visual, mas também em termos de dados. Alguns navegadores auditivos coletam esses

elementos e criam um resumo ou índice do documento. O mesmo ocorre com outros

elementos, como Blockquote que deve ser usado apenas em citações, por exemplo.

Imagens, ilustrações e ícones auxiliam a percepção de determinadas informações de

forma muito mais rápida que um texto e podem auxiliar na navegação. No entanto, elas

devem ser utilizadas de modo que o conteúdo que elas transmitem seja ao menos conhecido

por aqueles que não a poderão ver. Um navegador auditivo lerá o atributo ALT do elemento

IMG: este deve indicar com precisão o propósito da imagem ou resumir suas informações. Na

falta deste atributo, o navegador lê o nome do arquivo da imagem ou simplesmente a ignora,

prejudicando a apreensão da informação pelos usuários desse tipo de software. Imagens que

propositadamente não transmitam nenhuma informação, como as que fazem bordas

arredondadas ou “espaçadoras” devem trazer um atributo ALT vazio, nulo, para que seja

ignorado por tais navegadores. No caso de infográficos, é recomendada a criação de uma

página de descrição para esses dados, que deve ser especificada pelo atributo LONGDESC do

elemento IMG.

Arquivos de áudio e vídeo devem ter suas transcrições publicadas. Elas podem ser

incluídas entre as tags do elemento OBJECT, utilizado para inserir essas mídias nas páginas

HTML. Se o navegador não possuir o plug-in apropriado ou de outra forma não for capaz de

Page 53: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

42

executar o arquivo multimídia, o conteúdo alternativo especificado entre as tags

<OBJECT></OBJECT> será exibido. Este pode ser o texto completo da transcrição ou um

link para ele. Mas independentemente da capacidade de reproduzir ou não o conteúdo

multimídia, é útil incluir sempre um link para a transcrição fora do elemento OBJECT. Ela

será útil também para aqueles que a acessarem em ambientes onde se exige silêncio, como

bibliotecas, ou excessivamente barulhentos, ou àqueles que não possuírem placas de áudio ou

caixas de som.

Page 54: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

43

6 O HIPERCÓRTEX

Eu não só uso todos os cérebros que tenho como

todos os que eu posso tomar emprestado.

Woodrow Wilson

O HIPERCÓRTEX é um site de divulgação e jornalismo científicos baseado na noção

de comunidade virtual, onde o papel do usuário como produtor de informações é fundamental.

A criação, armazenamento e transmissão de conhecimentos são potenciadas pelo groupware e

pelo caráter coletivo do uso do site.

O nome vem do córtex cerebral, onde se realizam funções cerebrais elaboradas, e do

hipertexto, a aplicação da Internet que permite a integração de pessoas. Aparece na obra de

Pierre Lévy e outros autores.

Figura 3: Logomarca do HIPERCÓRTEX

6.1 GROUPWARES E CIÊNCIA

Os ambientes cooperativos oferecem um novo modo de comunicação científica, tanto

formal (publicações) como informal (e-mails pessoais, listas de discussão, fóruns).87 Isto se

deve às características do conhecimento científico: “ser fundamentado ou sujeito de

verificação; ser sustentado numa lógica racional; ter garantia da própria validade; ser baseado

em argumentação e reflexão e sujeito a contínua revisão e correção, conseqüentemente em _____________ 87 LEITE, Sílvia. Internet e ciência: O potencial da Internet como contribuinte para o desenvolvimento da ciência. Op. cit.

Page 55: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

44

permanente estado de elaboração. Desta forma, é um patrimônio da humanidade.”88 Outra

característica importante é o caráter interdisciplinar e cooperativo da ciência atual.89

Além disso, a comunicação informal entre pares é fundamental para a ciência.

Congressos, associações profissionais, telefonemas, e-mails, conversas cara-a-cara, entre

outras, são importantes na troca de informações entre cientistas, principalmente pelo feedback

imediato, mas perdem muito na capacidade de armazenamento da discussão, capacidade que é

marcante no material impresso90.

Mas este perde em eficiência (demora no processo de publicação), custos, baixa

circulação, limitação produtiva da indústria frente à produção científica, espaço físico para

armazenamento, feedback lento e sistema de validação, que privilegia algumas instituições e

retarda a publicação.91

Nesses pontos, a Internet tem larga vantagem: o custo de publicação – dependendo das

opções técnicas – é baixo; a circulação é muito mais ampla, porque limitada apenas em

termos de usuários simultâneos; o espaço físico necessário para armazenamento de

informações é insignificante e os processos de feedback e gerenciamento da comunicação são

ágeis. Além disso, o alcance é ilimitado, e sistemas apropriados podem servir conteúdo em

vários idiomas.

A publicação na Internet seria prejudicada em questões como credibilidade e

permanência, que não são intrínsecas ao meio.92 Ser credível ou não depende pouco do meio e

muito dos avaliadores e editores da publicação. E a permanência também depende do

compromisso dos mantenedores do site e de, mais uma vez, opções técnicas adequadas.

As ferramentas de comunicação informal na Internet, basicamente listas de discussão e

fóruns, aliam as vantagens da comunicação pessoal e formal: não há hierarquia explícita;

todos os assinantes participam da discussão, que é documentada, recebendo e produzindo

informações; o feedback não é imediato, mas tende a ser rápido.

6.2 JORNALISMO CIENTÍFICO

_____________ 88 Ibid. 89 Ibid. 90 LEITE, Sílvia. Internet e ciência: O potencial da Internet como contribuinte para o desenvolvimento da ciência. Op. cit. 91 Ibid. 92 Ibid.

Page 56: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

45

6.2.1 DEFINIÇÃO

É mais fácil ensinar um poeta a ler um balanço

do que um contador a escrever.

Henri Luce, fundador da Time/Fortune

O jornalismo científico é uma forma específica de comunicação científica, caracterizada

pela divulgação de informações científicas e tecnológicas pelos meios de comunicação de

massa de acordo com critérios e modos de produção jornalísticos.93 Outras formas de

comunicação dirigidas ao público leigo, como enciclopédias, livros didáticos ou artigos e

colunas sobre ciência escritos por cientistas encontram-se no campo da divulgação científica,

da qual o jornalismo científico é uma subdivisão. Um outro modo de comunicação científica

formal é a disseminação, destinada não ao leitor comum, mas aos próprios cientistas e

pesquisadores da área. Pode ser identificada em seminários, ensaios e revistas científicas.94 O

quadro (Figura 4) resume esses conceitos.

Características Modos de Comunicação

Público-alvo Linguagem Autores Exemplos

Disseminação

Cientistas e pesquisadores, produtores de

ciência

Técnica, apropriada à

ciência específica

Cientistas e pesquisadores

Seminários, ensaios e artigos

científicos

Divulgação Público leigo,

usuários de ciência

Simplificada, ilustrativa

Cientistas e pesquisadores

Palestras, livros didáticos,

enciclopédias

Jornalismo Público leigo,

usuários de ciência

Simplificada, ilustrativa, de acordo com

critérios e técnicas jornalísticas

Jornalistas

Jornais e revistas de circulação geral, artigos sobre ciência

Figura 4: Modos de Difusão Científica

_____________ 93 JORNALISMO Científico. Portal do Jornalismo Científico. Disponível em <http://www.jornalismocientifico.com.br/conceitojornacientifico.htm>. Acessado em 18/jan./2003 94 Ibid.

Page 57: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

46

6.2.2 OBJETIVOS

A elevação de barreiras cada vez mais altas para o entendimento dos

assuntos científicos certamente diminui a ciência em si. Acima de tudo,

é uma ameaça a uma de suas características essenciais: sua

transparência para o exame e a avaliação externos

Donald Hayes – The Growing Inaccessibility of Science

Do lado dos cientistas, a divulgação de seus feitos é uma responsabilidade social: A razão principal para isso não é atrair mais público para a química, por exemplo, mas informar o público geral. Quando as pessoas adquirem algum conhecimento científico, podem compreender melhor as decisões, o que é fundamental numa sociedade democrática. Caso contrário, poderão se tornar vítimas de demagogos e especialistas.95 O debate informado depende do conhecimento dos fatos. [...] Devemos comunicar os resultados de seus estudos sobre as conseqüências reais e potencias da tecnologia ao público mais vasto possível e em termos facilmente entendidos pelo cidadão comum. As descobertas importantes devem ser analisadas e discutidas em termos críticos através de todos os meios disponíveis de comunicação. Se quisermos que a tecnologia seja usada criativamente para o benefício da humanidade como um todo, precisaremos de um público esclarecido e apto a avaliá-la imparcialmente.96

É, também, um interesse próprio da classe: Só divulgando seus feitos pode-se atingir

potenciais financiadores (públicos ou privados) e garantir prioridade na distribuição de verbas

e investimentos. E ao tornar o texto menos hermético, podem também educar, ao servir de

fonte complementar para professores do ensino fundamental, médio ou superior. Até mesmo

cientistas, mas de outras áreas do conhecimento, podem ser excluídos de um texto

especializado.97

Democratizar o conhecimento científico e tecnológico é também o principal

compromisso do jornalismo científico. O combate ao analfabetismo científico – aquilo que

todos deveriam saber sobre ciência, mas não sabem98 – promove a cidadania, ao permitir que

usuários, beneficiários ou prejudicados pelo progresso tenham consciência crítica do processo

_____________ 95 HOFFMAN, Roald. apud VIEIRA, Cássio. Pequeno Manual de Divulgação Científica: dicas para cientistas e divulgadores de ciência. 2ª ed. Rio de Janeiro:Ciência Hoje/Faperj, 1999. 48p. 96 KNELLER, George. apud VIEIRA, Cássio. Loc. cit. 97 VIEIRA, Cássio. Loc. cit. 98 DURANT, John apud BITENCOURT, Luciano. Jornalismo Científico: Exercício de Interlocução. 1996. 88p. Monografia (Graduação em Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina.

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47

em que se inserem. Essas informações não se limitam ao próprio saber científico, mas

abrangem também suas correlações sociais, políticas e econômicas. E, principalmente, o

impacto na vida cotidiana do indivíduo e sua comunidade.

Numa época em que os conhecimentos mudam e inovações surgem a todo o momento,

aos profissionais da comunicação social cabe uma tarefa crucial, ainda mais importante num

país como o Brasil, onde o nível de educação básica, quanto mais a científica, é muito baixo:99

[É dever da divulgação científica] criar um fluir constante de informação e uma utilização racional dos meios de informação que contribuam de maneira decisiva para o conhecimento e a divulgação científica.100

No que se refere ao jornalismo, isso pode ser feito com o fornecimento de “informação

compreensível, qualificada e contextualizada”101, de modo a combater os três níveis de

ignorância da população, quais sejam:

a) A ignorância de base – É preciso um esforço considerável para esclarecer mesmo os conceitos mais basilares, principiando com células, cromossomos, mitose e meiose etc., pois eles são ignorados até mesmo entre intelectuais;

b) A ignorância sobre o que está acontecendo – A pesquisa genética está entre os campos mais produtivos da ciência, hoje, com publicação copiosa de trabalhos. É fundamental acompanhá-los e cobri-los, jornalisticamente, o que equivale a dizer: com critério, hierarquizando e noticiando com destaque somente o que de fato for importante;

c) A ignorância das implicações – Investigar e expor as conseqüências éticas, jurídicas, sociais e políticas das biotecnologias - do monopólio da produção de sementes à patente de seres vivos, da nova eugenia à discriminação genética no emprego e por seguradoras. É talvez a mais complexa de resolver, pois dela padecem inclusive jornalistas. 102

Transparece nesses objetivos o compromisso político e a necessidade do jornalismo

científico de combater a visão de neutralidade objetiva da ciência, questionar o que pode

parecer um consenso natural imposto pela Verdade científica, sem se deixar levar pelo

maniqueísmo de qualquer tipo. A afirmação, já óbvia, de que informação, a ciência e a

tecnologia são as principais mercadorias atualmente serve para ressaltar o fato de que são

_____________ 99 LEITE, Marcelo. A contribuição do Jornalismo Cientifico ao desenvolvimento científico brasileiro. Portal do Jornalismo Científico. Disponível em <http://www.jornalismocientifico.com.br/artigomarceloleitebrasilia.htm> .Acessado em 18/jan./2003 100 VERGA, Alberto. Periodismo y educación permanente. Comunicação & Sociedade, São Paulo, ano IV, n. 7, p. 45-49. Mar. 82. Tradução livre de Murilo Pinto. 101 LEITE, Marcelo. Loc. cit. 102 Ibid..

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48

mercadorias, sujeitas aos interesses comerciais, a ações de marketing e relações públicas, aos

lobbies e monopólios transnacionais103.

Para atingir esses objetivos, a Internet parece surgir como uma solução viável:

Para aterrar esse outro fosso, ou seja, entre as instituições de pesquisa e os órgãos de imprensa, é preciso criar um serviço de informações para jornalistas ágil e confiável. [...] É preciso começar a pensar num serviço nacional e centralizado de informações sobre pesquisas para jornalistas especializados em ciência. Com os recursos hoje oferecidos pela internet [sic], ele não teria custos proibitivos de implantação. [...] É fundamental que o serviço disponha de um filtro de caráter editorial, ou seja, que só dê guarida a comunicações que cumpram requisitos mínimos de qualidade científica (como a publicação em revistas com revisão por pares, ou a aceitação em congressos científicos nacionais e internacionais) e de relevância jornalística.104

6.2.3 LINGUAGEM

A redação de uma notícia sobre ciência deve considerar aspectos próprios da

especialidade. “O diálogo entre a ciência e o público, intermediado pelo jornalista, viabiliza-

se na linguagem.”105 É dever do jornalista escrever de forma que permita a seu público

decodificar os conhecimentos científicos de modo adequado, para que ele entenda a questão e

possa assim assumir seu papel social.106 Essa linguagem, portanto, é diferente da de textos de

disseminação científica. Ela deve ser leve, clara, rica em analogias, entre outras coisas.

Um ponto comum do jornalismo é a necessidade de atrair a atenção do leitor desde o

início. O uso de leads bem construídos e criativos é fundamental.107 Além disso, no lead ou

próximo a ele, é importante utilizar um parágrafo de significância. Este contém o gancho da

notícia, o motivo de se estar escrevendo a história e porque os leitores devem lê-la. Ou seja, o

que essa história significa e importa para eles. Deve poder servir de base para olhos ou linhas

_____________ 103 BUENO, Wilson. Os novos desafios do Jornalismo Científico. Portal do Jornalismo Científico. Disponível em <http://www.jornalismocientifico.com.br/artigojornacientificowbuenodesafios.htm> Acessado em 18/jan./2003 104 LEITE, Marcelo. Loc. cit. 105 BITENCOURT, Luciano. Jornalismo Científico: Exercício de Interlocução. Op. cit. 106 BONI, Paulo. Apud BITENCOURT, Luciano. Ibid. 107 VIEIRA, Cássio. Pequeno Manual de Divulgação Científica. Op. cit.

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49

finas.108 Nunca deve aparecer, numa abertura de matéria, informações complicadas, conceitos

e jargão especializado, ou fórmulas matemáticas.109

Ferramenta essencial do jornalismo científico são as analogias. “Ela torna concretos

conceitos abstratos, dá ao leitor uma base de comparação [...] O ideal é que sejam

consideradas ilustrativas, e não explanatórias. [... e] precisam comparar coisas

comparáveis.”110

É crítica comum à popularização da ciência considerá-la deturpadora do sentido das

pesquisas111. Por mais que o problema possa ocorrer, não é definidor do jornalismo científico.

Menos é causado pela linguagem simplificada ou pelo uso correto de analogias.

Independentemente do nível de linguagem adotado, as informações devem ser sempre

corretas e precisas. Conseguir transmitir um conceito complexo de modo aproximado é

melhor que mantê-lo sem significado e incompreensível para a maioria, em nome de precisão

e preciosismo.112 Por isso,

a didática aconselha (...) que se formule o conceito parcialmente correto para que, em futuro estágio de aprendizado, se venha a aprender de forma rigorosa. É por isso que as professoras do primeiro grau ensinam a seus pequeninos alunos que “substantivo concreto é aquilo que se pode pegar” e “substantivo abstrato é aquilo que não se pode pegar”.113

Mas o excesso de didatismo também precisa ser evitado, para que o leitor comum não se

sinta ofendido. A regra é adequação ao público. E nesse aspecto, mesmo doutores

desconhecem conceitos básicos de outras áreas: “Os estudantes de Física podem chegar à pós-

graduação sem terem a menor noção da função desempenhada pelo DNA na reprodução, e

sem dúvida os estudantes de Zoologia são igualmente insipientes quanto à natureza das ondas

de rádio ou às teorias das valências químicas”114.

Se for indispensável a apresentação mais aprofundada de determinado conceito, deve-se

colocá-lo em box ou glossário específico, no caso da Web apresentado via links. Uma

diferença importante na questão da notícia científica na Web é o uso de ilustrações. No

impresso, elas são um ponto de entrada no texto, devendo por isso repetir informações do

_____________ 108 BURKETT, Warren. Jornalismo Científico. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1990. 229p. 109 VIEIRA, Cássio. Op. cit. 110 Ibid. 111 BURKETT, Warren. Loc. cit. 112 VIEIRA, Cássio. Loc. cit. 113 SACCONI, Luiz. Não Erre Mais! apud VIEIRA, Cássio. Loc. cit. 114 ZIMAN, John. A Força do Conhecimento. apud VIEIRA, Cássio. Ibid.

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50

texto principal.115 Na Web ocorre o inverso: a ilustração é lida depois do texto, como forma de

aprofundá-lo. Por isso, deve ir além dos dados do texto, mas sempre mantendo uma

significação completa mesmo se lida de forma isolada.

6.3 O SITE

6.3.1 OBJETIVOS

Os objetivos do site116 são:

a) Promover a integração das diversas áreas do conhecimento através de

fóruns, bancos de monografias, teses e dissertações, entre outros serviços;

b) Aumentar a visibilidade dos conhecimentos produzidos na UEL, de

forma que retorne à sociedade de forma útil;

c) Permitir a crítica e o debate franco entre os usuários e a equipe do site e

sobre o conteúdo veiculado.

6.3.2 AUDIÊNCIA

O público-alvo principal do site são pesquisadores, professores e estudantes de ensino

médio e superior, em especial londrinenses, e de modo geral aos interessados em ciência e

tecnologia.

6.3.3 RECURSOS

O site utiliza servidor Web Apache117, linguagem de scripting PHP118 e servidor de

banco de dados MySQL119 e Gerenciador de Conteúdo PostNuke120.

_____________ 115 VIEIRA, Cássio. Op. cit. 116 O endereço do HIPERCÓRTEX é http://www.emlondrina.com/hipercortex 117 http://www.apache.org 118 http://www.php.net

Page 62: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

51

O espaço ocupado em disco é de cerca de 10 Mb, sem conteúdo. A quantidade de

informações, em especial de teses e multimídia, e usuários é determinante na questão do

espaço, mas um mínimo de 25 Mb é recomendado para um site em pleno uso.

Para a produção das reportagens utilizaram-se programas editores de imagem121 e de

texto122 ou HTML123, gravador de fitas cassete comum, computador pessoal (Pentium III

550, 128Mb RAM) e câmera fotográfica digital (FujiFilm FinePix 1200, 1.3 MegaPixels,

4MB SmartMedia). O trabalho foi iniciado com conexão à Internet discada (UOL,

56kbps) e posteriormente usou-se banda larga ADSL Sercomtel124 (Supervia 256 kbps).

O HIPERCÓRTEX foi hospedado no provedor profissional Locasite125, em uma

conta conjugada Windows 2000/Linux com os seguintes recursos:

a) espaço Web: 400 Mb

b) contas de e-mail: contas POP (que podem ser acessadas via Outlook

Express, por exemplo) ilimitadas, com opção de redirecionamento. O

acesso também pode ser feito via Webmail em endereço próprio do site,

com um ótimo sistema de bloqueio contra spam. Cada usuário tem controle

independente de sua conta e senha. Espaço total para armazenamento de e-

mail: 200 Mb

c) tráfego: o limite de tráfego (visitas) no domínio é de 2 Gb para Web e 1

Gb para e-mail. É o padrão do mercado. Excessos são cobrados a parte.

d) linguagens/ambientes de programação/scripting: suporte a: PHP,

ASP,.NET, JSP e CGI (Perl, C) com os bancos de dados Access, MySQL e

PostgreSQL;

e) recursos adicionais: a Locasite permite ainda configuração

personalizada de páginas de erro (404 - não encontrada, por exemplo),

bloqueio de acesso a páginas individuais, para intranet, por exemplo,

recurso de URLs curtas (o que facilita a citação em rádios, jornais, etc.

Exemplo: www.emlondrina.com/hipercortex/noticia283 , em vez de

119 http://www.mysql.org 120 http://www.postnuke.com 121 Recomenda-se o gratuito Gimp (http://www.gimp.org). 122 Todo sistema operacional traz algum integrado, como o Notepad ou Wordpad no Windows. Outra opção para Windows é o Programmer’s File Editor: http://www.lancs.ac.uk/people/cpaap/pfe/ 123 Um editor gratuito para Windows é o First Page 2000: http://www.evrsoft.com 124 http://www.sercomtel.com.br 125 http://www.locasite.com.br . Fasthost Tecnologia e Comunicações Ltda. Av. Brigadeiro Luis Antonio, 2482, 4º andar. 01402-000 - São Paulo – SP. 0800-703-8282.

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52

www.emlondrina.com/hipercórtex/articles.php?id=283&mode=thread&etc

=...)

f) subdomínios: a hospedagem permite a criação de subdomínios, como

www.projetos.emlondrina.com, ou seja, um site independente, com um

domínio fácil de lembrar e hospedado no mesmo espaço do site principal

g) acesso/administração: o site pode ser manejado via FTP e Telnet, além

de uma interface Web, que dá acesso ao sistema de subdomínios, e-mails,

banco de dados, usuários etc.

O custo da hospedagem é de R$ 29,90 mensais, e seria o único de manutenção previsto.

Só seria ampliado em caso de excesso de visitantes – e conseqüente sucesso do site – que faria

com que fosse ultrapassado o limite de tráfego. Esse valor é possível de ser mantido pelas

tecnologias escolhidas para o desenvolvimento do site, todas livres e gratuitas.

No entanto, A natureza da tecnologia utilizada no desenvolvimento do

HIPERCÓRTEX não permite a simples gravação dos arquivos HTML, padrão da Internet,

em uma mídia, qualquer que seja, para que possa ser simplesmente aberto em um navegador.

A arquitetura tradicional dos arquivos HTML é feita de forma que a maior parte do

processamento dos dados relativos ao conteúdo da página seja feita pelo cliente (Figura 5),

através do programa navegador. Isso traz uma vantagem: a portabilidade. Mas apenas essa. As

desvantagens, no entanto, são várias: limitação de recursos de tratamento do conteúdo (como

Servidor WWW 1. Solicitação de Dados

OU

Disco Rígido Local Cliente

(Navegador)

2. Leitura de Arquivos HTML

Arquivos

HTML

3. Resposta do Servidor ou do

Disco Rígido – Comandos

HTML a serem interpretados

pelo navegador e exibidos na

tela

Figura 5: Modelo tradicional, com arquivos HTML simples

Page 64: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

53

personalização de conteúdos, controle de acesso, etc.), prejuízos nos procedimentos de

manutenção da publicação (alteração de dados, como menus de navegação ou correções de

textos), entre outras.

O método adotado utiliza recursos de bancos de dados e linguagens de programação

dinâmicas, genericamente conhecidas como server-side scripting. Elas se opõem, em termos

de vantagens e desvantagens, aos client-side scripting: permitem personalização dos

conteúdos, controle de acesso, processos de manutenção e publicação facilitados, não-

portabilidade, etc. Como as vantagens superam, de longe, as desvantagens, optamos pelas

tecnologias de servidor citadas acima.

5. Resposta do Servidor web

(dados HTML)

4. Comandos HTML

gerados

instantâneamente

3. Consulta ao Banco de Dados

2. Consulta a

Arquivos PHP

Arquivos PHP

(Processamento de

instruções de

programação)

Servidor de Banco

de Dados

Servidor WWW

1. Solicitação de Dados

Cliente

(Navegador)

Figura 6: Modelo simplificado de processamento de dados com tecnologias server-side

Como o nome diz, essas tecnologias exigem que a maior parte do processamento dos

dados seja feita pelo servidor (Figura 6). Ela não exclui o cliente, pois ainda são gerados, ao

final do processo, dados HTML a serem interpretados pelo navegador, mas impede o

salvamento simples das páginas por um motivo fundamental: elas não existem antes da ação

do usuário. As páginas Web, neste caso, só existem na melhor acepção da palavra virtual: elas

estão potencialmente no servidor, mas só são geradas, concretizadas, atualizadas no exato

momento que o usuário decide ativar aquele conteúdo específico.

Page 65: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

54

Uma simples conversão de arquivos não permitiria representar a realidade do

funcionamento do site. As diferentes possibilidades de combinação de situações seriam tantas

que gerariam uma quantidade de dados impossível de ser calculada ou tratada, sem que com

isso se esgotassem as possibilidades: dias diferentes, navegadores diferentes, usuários

diferentes, configurações individuais diferentes, escolhas pessoais no momento da navegação,

resoluções de monitor e muitas outras variáveis se somam no processo de montagem de cada

página. Por isso, é necessário visitar o site através da Internet, no endereço

http://www.emlondrina.com/hipercortex.

6.3.4 EQUIPE

São previstos os seguintes papéis e funções:

a) repórter: responsáveis pela produção de notícias e informações

relacionadas, clippings, boletins, glossários, etc;

b) editor: avaliam, editam e autorizam a publicação de notícias e outros

materiais;

c) moderador: monitoram discussões nos fóruns e comentários das

notícias, coibindo excessos. Também avalia as opiniões dos usuários,

identificando necessidades e desejos que possam melhorar o site;

d) administrador: responsável pela configuração do site, o administrador

tem função esporádica, somente em casos de alteração das opções de uso do

site, alteração de permissões de usuários, etc.

Não há a necessidade de webmaster/designer após a instalação inicial do site, exceto em

caso de reformulação, atualização do sistema, etc. Essas funções podem ser acumuladas pelas

mesmas pessoas e algumas, como moderador de fóruns específicos, até realizadas por

usuários.

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55

Figura 7: Dois exemplos de telas de Administração - visão parcial do Menu de Administração, no alto, e

Adicionar Notícia, acima. O uso do CMS escolhido elimina a necessidade de Webmasters dedicados.

Page 67: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

56

6.3.5 CONTEÚDO

6.3.5.1 Serviços

A grande maioria dos serviços implica ou simplifica a participação do usuário. De

modo geral, o usuário envia uma sugestão de artigo, link, evento, etc.; a sugestão é

analisada por um membro da equipe e pode ser então publicada ou rejeitada.

6.3.5.1.1 Notícias

As notícias são divididas de acordo com o tema, de forma semelhante às

editorias. Esse tema é indicado com um selo que ao ser clicado lista todas as matérias

sobre esse assunto. Uma entrada no menu de navegação principal, à esquerda da

página, também permite a navegação pelos assuntos. Ainda pode-se navegar pelo tipo

de matéria: notícia, reportagem, entrevista ou opinião.

Figura 8: Chamada para notícia, na capa. Pode-se ver links para o corpo da matéria, para comentá-la,

enviá-la para um amigo, criar uma versão de impressão, ver informações sobre o autor e também para o

Tópico.

A criação de Tópicos, nome técnico do sistema, é feita de acordo com a

necessidade. Ao se cobrir uma matéria sobre transgênicos, por exemplo, desenha-se

um ícone que passa a ser utilizado em todas as notícias sobre esse tema.

Os Tópicos devem seguir a lógica do público-alvo. No serviço de notícias, esse

público é mais geral e heterogêneo, então se deve utilizar nomes comuns e não

Page 68: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

57

recorrer a jargão técnico ou acadêmico. Uma consulta aos jornais locais e nacionais

pode indicar guias para os termos a serem utilizados.

Os arquivos são organizados por mês e há também a opção por uma listagem de

todas as matérias já publicadas.

A possibilidade dada aos usuários de comentar as notícias possibilita a expansão

da discussão e permite feedback imediato.

O serviço conta ainda com o recurso de criar versões de impressão e enviar a

notícia ao e-mail de um amigo.

6.3.5.1.2 Colunas

As colunas são também representadas por ícones que ao serem clicados mostram

os títulos de cada edição.

Figura 9: Página de capa das colunas, com logo de "O Cotidiano"

Para o piloto, foi publicada apenas a coluna de Nelson Giraldi, do Núcleo de

Bioética de Londrina e colaborador da Rádio Universidade FM, com uma coluna sobre

o tema.

Também utiliza versões de impressão.

6.3.5.1.3 Enquetes

Page 69: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

58

As enquetes são criadas de acordo com temas polêmicos relacionados à comunidade ou

a notícias veiculadas. São apresentadas na área inferior da página de capa, de forma aleatória.

Figura 10: Caixa de exibição aleatória de enquetes na capa: usuários registrados

Figura 11: Caixa de exibição aleatória de enquetes na capa: usuários anônimos não podem votar

6.3.5.1.4 Banco de teses

Figura 12: Página inicial do Banco de Teses

Page 70: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

59

O serviço de downloads será utilizado de duas formas: disponibilizar textos

integrais de pesquisas (teses, monografias, dissertações) e artigos científicos,

apresentações de produtos e palestras e também programas e modelos de documentos,

fichas, registros, planilhas, bancos de dados, etc. que podem auxiliar nos assuntos

tratados pelo site.

Por ser voltado mais a pesquisadores e acadêmicos, as divisões de assuntos

devem seguir as de áreas de conhecimento e cursos, em especial os seguidos na UEL.

6.3.5.1.5 Links

Uma base de links selecionados possibilita o acesso rápido e simples dos usuários a

informações e serviços de qualidade. Além de links sugeridos por leitores e selecionados

pela equipe, todos os sites referidos em notícias e outros serviços devem ser adicionados à

base de dados.

Figura 13: Página inicial do serviço de Links

6.3.5.1.6 Fóruns

Fóruns são painéis de debate online, que permitem a discussão descentralizada de

problemas e soluções, idéias e casos específicos, temas polêmicos, etc. São de grande

auxílio em todas as áreas do conhecimento e podem evitar dores de cabeça aos usuários,

mas também dependem dos próprios usuários para serem eficientes, já que a qualidade

das repostas e discussões não é diretamente controlada pelo site.

Page 71: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

60

Membros com conhecimentos elevados costumam participar de modo construtivo

dos debates porque isso conta pontos para eles, na forma de reputação positiva.

Figura 14: Destaque na capa para as estatísticas do Fórum

No início, no entanto, pode ser necessária a participação mais efetiva da equipe do

site, de modo a não criar um excesso de perguntas não respondidas, por exemplo, e levar

à perda do valor do serviço.

Depois de certo tempo, a quantidade de informações armazenadas nos fóruns os

tornam uma base de conhecimentos indispensável.

6.3.5.1.7 Bate-papo

Além da ajuda via fórum, os usuários do site contarão com um serviço de bate-

papo, onde poderão conversar com outros usuários, entrar em contato com a equipe do

site, ou participar de entrevistas coletivas com “celebridades”.

Figura 15: Caixa de entrada no Bate-papo, na capa.

Neste último caso, as entrevistas são moderadas pela equipe do site e ficam

disponíveis posteriormente a todos os usuários.

Page 72: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

61

6.3.5.1.8 Tira-dúvidas

Outro modo de auxiliar os usuários é um serviço específico de perguntas e

respostas. O visitante encontra uma lista de perguntas já respondidas pela equipe do site,

que pode incluir a sua. Caso seja uma dúvida ainda não-atendida, ele pode enviar sua

questão, que ficará armazenada. A um grupo de usuários qualificados, é dada a

possibilidade de ver as novas perguntas feitas e respondê-las, separando-as em

categorias pré-definidas como seja mais adequado. Então, a pergunta e a resposta são

incluídas na base de dados e publicadas a todos os usuários.

6.3.5.1.9 Eventos

Os usuários, empresas e instituições poderão divulgar eventos como feiras,

palestras, seminários, lançamentos, etc. que ficarão em um serviço próprio.

Figura 16: Caixa com eventos do dia de hoje e próximos, na capa. Para usuários registrados, exibe

também seus compromissos pessoais.

Os usuários também podem manter calendários particulares e divulgar ou não seus

compromissos pessoais.

Page 73: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

62

6.3.5.1.10 Frases

As frases são exibidas de forma aleatória, a cada página carregada.

6.3.5.1.11 Recomende-nos/Envie para um amigo

Os usuários que gostarem do site ou de uma matéria específica podem enviá-la

para um amigo, possibilitando a ampliação da audiência e o reconhecimento do site

como referência na área.

6.3.5.1.12 Glossário

O serviço é semelhante a uma enciclopédia: traz termos, suas definições e termos

relacionados. São importantes para todos os usuários não diretamente relacionados ao

termo específico, muitas vezes extremamente técnico ou complexo.

Figura 17: Glossário - página com definição de um termo (EIA) do volume Meio Ambiente

6.3.5.1.13 Galeria de Imagens

As fotografias e ilustrações em geral utilizadas no site e outras adicionais ficam

publicadas de forma permanente no Banco de Imagens.

Page 74: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

63

6.3.5.1.14 Boletins

Boletins são informativos enviados via e-mail periódica ou eventualmente para os

usuários que optam pelo seu recebimento. São previstos dois, com notícias, eventos e

destaques diários e semanais.

6.3.5.1.15 Banco de pesquisadores

Uma lista de endereços, com informações gerais de contato e específicas relevantes a

pesquisadores e acadêmicos. A adição de nomes e informações é feita apenas pela equipe do

site.

Figura 18: Banco de Pesquisadores - página inicial do serviço

6.3.5.1.16 Clipping

Notícias de outras fontes são publicadas no serviço de clippings. São publicadas apenas

as chamadas das matérias, muitas vezes retiradas da publicação de origem. O texto completo

deve ser lido no próprio site da publicação original, que fica cadastrada em nosso serviço.

Page 75: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

64

Figura 19: Página inicial do serviço de clippings.

Alguns veículos em nosso cadastro: Agência Brasil (http://www.radiobras.gov.br), BBC

Brasil - Saúde e Tecnologia (http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/), Ciência Hoje

(http://www.uol.com.br/cienciahoje/), ComCiência/Labjor (http://www.comciencia.br/),

Diário da Região/S.J. Rio Preto (http://www.diarioweb.com.br), Folha de São Paulo

(http://www.folha.com.br), IDG Now! (http://www.idgnow.com.br), Info e-gov

(http://www.governoeletronico.e.gov.br/), International Institute of Infonomics

(http://www.infonomics.nl), Jornal da Ciência/SBPC (http://www.jornaldaciencia.org.br),

Jornal de Londrina (http://www.jornaldelondrina.com.br), MSNBC (http://www.msnbc.com),

Nasa (http://www.nasa.gov), Nature (http://www.nature.com), New Scientist

(http://www.newscientist.com/), Notícia Digital/UEL (http://www.uel.br/noticia/digital),

Pesquisa Fapesp (http://www.revistapesquisa.fapesp.br), Science News

(http://www.sciencenews.org), Scientific American (EUA) (http://www.sciam.com),

Scientific American Brasil (http://www.sciam.com.br), Space Weather

(http://www.spaceweather.com) , Stanford Report (http://news.stanford.edu/),

Superinteressante (http://www.superinteressante.com.br), Terra Ciência

(http://noticias.terra.com.br/ciencia/), The New York Times (http://www.nytimes.com), UOL

Inovação (http://noticias.uol.com.br/inovacao/).

6.3.5.2 Informações

As seguintes seções de informação geral sobre o site foram criadas:

a) sobre o site: motivo, equipe, ajuda aos usuários (com informações sobre

as funcionalidades do site, um “manual do usuário”);

b) contato: endereço, telefone, e-mail;

c) copyright, termos de uso: informações sobre a licença adotada e regras

de uso do site e seu conteúdo;

d) política de privacidade: as normas que regem a política de privacidade.

Page 76: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

65

Figura 20: Rodapé do site, com links para páginas de informação

Page 77: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

66

7 CONCLUSÃO

O pouco tempo de publicação do site impede uma avaliação adequada dos recursos

e usos dos sistemas comunicativos comunitários, que dependem da participação de

usuários e tendem a ter maior valor conforme as opiniões e contribuições acumulam-se e

somam-se ao conteúdo. O mesmo problema impediu uma medição segura dos resultados

do questionário (cf. Anexo A) de avaliação da qualidade do site percebida pelos usuários.

No entanto, pode-se perceber que as propostas, em especial no que se refere à escrita

não linear da matéria, evitando repetições de informações que se adequariam melhor a

outros serviços, são válidas e possíveis de serem adotadas, e configuraram um diferencial

importante no material do site.

O que inicialmente aparentava ser um aumento da quantidade de trabalho para

publicação, na verdade significou uma relativa redução de trabalho, se considerados o

longo prazo e o valor do serviço prestado. Em vez de manter equipes ou tarefas

específicas para, por exemplo, manutenção de links recomendados ou termos em

glossários, qualquer matéria publicada contribui para o aumento global de informações

permanentes. Desde nossa primeira matéria, isso ficou registrado.

Uma simples notícia sobre um evento da Embrapa, que poderia render poucas linhas

apenas, permitiu a adição do site da unidade londrinense da empresa aos links; alguns dos

pesquisadores entrevistados, mesmo que não tenham sido citados na matéria final, foram

adicionados ao Banco de Pesquisadores; suas fotos e outras produzidas para a mesma

reportagem foram disponibilizadas na Galeria de Imagens, em formato maior do que o

utilizado na matéria; alguns termos foram ainda adicionados ao glossário.

Considerando que essas informações ficarão permanentemente publicadas no site,

de forma sistematizada e organizada em seus próprios serviços (em vez de apenas

agrupadas sob as notícias) e poderão ser reutilizadas também em outras matérias, percebe-

se que o trabalho será progressivamente reduzido. Mas, principalmente, o valor

informativo do site como um todo terá crescido muito mais que o trabalho adicional.

Os principais serviços que podem se valer dessas características são:

a) glossário: consultar e anotar explicações de termos específicos e

conceitos;

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67

b) eventos: se houver eventos relacionados à entrevista ou assunto

abordado na reportagem, obter o máximo de dados possível;

c) fóruns: oferecer ao entrevistado o espaço do fórum para discussão

especializada ou geral do assunto;

d) links: obter sites recomendados pelo entrevistado e outros, e armazená-

los no serviço específico;

e) banco de teses: se o entrevistado tiver um artigo, dissertação,

monografia, relatório, etc. que deseje publicar, já recolher o material em

formato eletrônico;

f) enquetes: identificar uma enquete possível de ser criada;

g) galeria de imagens: divulgar as fotos do entrevistado, do material, etc. e

gráficos e ilustrações que possam servir para o entendimento do tema;

h) banco de pesquisadores: obter informações de contato.

Essas informações não devem ser repetidas na matéria, mas linkadas. Por exemplo,

termo que é explicada no glossário deve ser o link para ele; o nome do entrevistado, o link

para suas informações de contato. Essas informações devem ser explicitadas com o uso do

atributo TITLE do elemento <A>.

Além disso, muitas publicações acabam não tendo continuidade devido à falta de

recursos humanos e técnicos. O HIPERCÓRTEX exigiu apenas um responsável por toda

a parte técnica e de conteúdo, à exceção de alguns colaboradores, e seu custo de

manutenção é insignificante quando comparado a qualquer outra mídia. A título de

ilustração, seu custo é próximo ao de cerca de 600 fotocópias comuns e diz respeito

exclusivamente ao espaço em servidor Web com os recursos exigidos.

Isso mostra ainda que decisões técnicas refletem-se em aspectos aparentemente não

relacionados. Se tivéssemos optado por um sistema não dinâmico, que exigisse a

utilização constante de FTP, implicando uma função de Webmaster dedicado, que

centralizaria toda a publicação, provavelmente teríamos um site muito mais limitado, sem

quase nenhum dos serviços implantados, e certamente com menos recursos em todos eles.

Também não seria possível realizar o projeto se optássemos por um sistema de publicação

pago ou, pior, que não libere o código-fonte. Apenas desse modo pudemos adaptar

diversas áreas e serviços do CMS utilizado para nossos próprios usos e objetivos.

Outro ponto que se destaca quando falamos da necessidade de envolvimento de outros

aspectos em decisões técnicas é o a que nos referimos no capítulo 5. Algumas das propostas

Page 79: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

68

de usabilidade e redação apresentadas foram impedidas de serem utilizadas, porque ao serem

submetidas à lógica do CMS, as informações e conteúdos devem seguir o disposto pelo

sistema, que refletem a visão dos programadores. Essa distância entre a necessidade dos

usuários e criadores de conteúdo e os objetivos dos programadores só pode ser sanada através

da participação dos primeiros nos ambientes dos últimos, que normalmente falham em pensar

do modo como outros, menos habilidosos ou experientes, poderiam utilizar-se dos sistemas de

modo mais fácil. Utilizando a visão da comunidade criadora e portadora do conhecimento desde a

escolha do sistema operacional até à especialização jornalística por que optamos, esperamos

ter mostrado a importância de defender um ideal que, além dos aspectos morais e humanistas

positivos que apresenta, é também recompensador em termos produtivos e comunicacionais.

A idéia aqui não é a de se posicionar contra outras visões, mas de defender o

Ciberespaço como um projeto em construção, em vez de se lançar sobre ele com críticas

confusas ou impróprias, relacionadas apenas a um ou outro uso específico da Internet, como

se fosse já algo concreto, imutável, aplicável a todos os aspectos da Rede.

Page 80: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

69

REFERÊNCIAS

ACESSAMOS Caio Túlio Costa, do UOL, maior provedor do mundo em língua não inglesa. Revista Imprensa. São Paulo, n. 150, jul. 2000.

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BERNERS-LEE, Tim. Press FAQ. Disponível em <http://www.w3.org/People/Berners-Lee/FAQ.html>. Acessado em novembro de 2002. Traduzido livremente por Murilo Pinto

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CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede - A era da informação: economia, sociedade e cultura. 5 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 617p.

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APÊNDICES

Page 89: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

78

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO SITE126

Dê uma nota de 1 (pior) a 5 (melhor).

1 AVALIAÇÃO DO CONTEÚDO

1.1 Atualidade da informação ( )

1.2 Interesse da informação

1.2.1 Interesse pessoal, profissional, acadêmico ( )

1.2.2 Interesse público ( )

1.3 Qualidade geral da informação: avalie a profundidade, pluralidade de fontes,

pertinência das análises, acuidade dos dados, etc.

1.3.1 Material informativo produzido pelo site (notícias, entrevistas, etc.) ( )

1.3.2 Material opinativo produzido por convidados e parceiros do site

(colunas, artigos) ( )

1.3.3 Material produzido pelos usuários do site (fóruns, artigos, bate-papo,

etc., exceto monografias) ( )

1.4 Informação de fundo: informações complementares vinculadas ao documento que

se consulta, podendo aparecer em janelas, hiperlinks, etc. ( )

1.5 Redação adaptada à Internet, com links em palavras e imagens ( )

1.6 Expressividade das imagens: utilidade e necessidade da imagem para

entendimento ou complementação da matéria

1.6.1 Selos e logos: considere a capacidade do selo ou logo de seção auxiliar

na identificação do tema tratado ou característica do texto (opinativo ou

informativo, por exemplo)

1.6.2 Fotografias (estáticas) ( )

1.6.3 Infográficos (imagens estáticas, tabelas, quadros, mapas com dados

sintéticos que auxiliam a apresentar e atraem para a matéria)

1.6.3.1 Estáticos ( )

1.6.3.2 Animados ( )

1.7 Expressividade de elementos audiovisuais: filmes ilustrativos ou informativos ( )

1.8 Expressividade de elementos exclusivamente sonoros ( )

1.9 Banco de textos: qualidade das monografias apresentadas ( )

1.10 Banco de imagens ( )

1.11 Base de sons ( ) _____________ 126 Baseado em proposta de SOUZA, Jorge P. Qualidade percebida de quatro jornais on-line brasileiros. Op. cit.

Page 90: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

79

1.12 Base de audiovisuais ( )

2 ERGONOMIA DO SISTEMA

A ergonomia é o estudo das relações homem/máquina com vistas à segurança e

eficiência da interação entre eles127. No caso de sites Web, é chamada comumente de

“usabilidade”.

2.1 Organização interna do site ( )

2.2 Facilidade de navegação ( )

2.3 Intuitividade do funcionamento do site ( )

2.4 Uniformidade (uso restrito de fontes, estilo coerente de imagens e visual

uniforme, barras e menus de navegação consistentes, fixados) ( )

3 INTERATIVIDADE E IMPLICAÇÃO DO USUÁRIO

3.1 “Funcionalidade em geral e simplicidade (estilo funcional invariável, economia do

tempo do usuário através do recurso às imagens, palavras e sons estritamente

necessários, disposição e agrupamento adequados dos elementos na tela, de forma

a facilitar a apreensão dos conteúdos, etc.)”128 ( )

3.2 Funcionalidade dos links dinâmicos intra-site ( )

3.3 Hiperlinks para sites e páginas de interesse ( )

3.4 Possibilidade de feedback pelos usuários ( )

3.5 Serviços de fórum, bate-papo, enquetes ( )

3.6 Feedback por parte da equipe do site aos usuários ( )

3.7 Arquivo de notícias ( )

3.8 Recursos de busca ( )

_____________ 127 DICIONÁRIO eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Op. cit. 128 SOUZA, Jorge P. Qualidade percebida de quatro jornais on-line brasileiros. Op. cit.

Page 91: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

80

APÊNDICE B – MANUAL DO USUÁRIO DO HIPERCÓRTEX

Introdução O HIPERCÓRTEX é um site baseado na idéia de comunidade. Isso significa que o seu

papel como usuário é muito importante e valorizado! Diferente dos sites chatos, planos e não

interativos, o HIPERCÓRTEX permite - encoraja - a interação e participação de seus

usuários.

Você pode, por exemplo, sugerir artigos e notícias para publicarmos, divulgar sua tese,

artigo ou outro trabalho monográfico ou adicionar eventos ao nosso calendário.

Esses recursos só estão disponíveis para usuários cadastrados.Você precisa se registar

ou entrar em sua conta para utilizar esses serviços. Outros recursos disponíveis apenas para

membros são:

• comentar notícias

• envio de mensagens no fórum

• sugerir de links

• utilizar o comunicador instântaneo

• votar nas enquetes

• avaliar produtos e serviços

• assinar os boletins

• manter uma agenda pessoal de eventos

• fazer perguntas no Tira-Dúvidas

• ver as estatísticas de uso do site

Sua conta

Se você já possui uma conta de usuário, pode acessá-la neste link. Será necessário

fornecer o nome de usuário escolhido no momento do registro e a senha. Caso tenha

esquecido a senha, pode tentar recuperá-la.

Caso utilize um computador particular, pode ser útil marcar a opção "Lembre-se de

mim". Isto evitará fechar sua conta após um certo tempo de inatividade, mas representa um

risco de segurança se outra pessoa utilizar o mesmo computador, já que ele entrará

automaticamente em sua conta ao acessar o site. Simplesmente ignore essa opção para evitar o

risco. Se você utilizar computadores públicos, como em bibliotecas, certifique-se de clicar em

"Sair" no menu do Usuário para fechar a conexão com sua conta. E aguarde a conclusão do

processo.

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81

Se ainda não se cadastrou, pode utilizar esta página. As únicas exigências são:

ter mais de 13 anos de idade ou autorização dos responsáveis

• aceitar nossos termos de uso e política de privacidade

• informar um e-mail válido

O e-mail informado será utilizado para o envio de mensagens da administração e senha,

quando necessário. Você pode informar um outro endereço para ser mostrado ao público.

Campos do registro

Estes são os campos no formulário de registro:

Nome de Usuário: o nome utilizado para você se identificar no site. Também é exibido

em alguns locais como um "apelido"

Senha: a senha que você optar. No mínimo 5 caracteres.

Confirme: digite novamente a senha, para confirmar que não houve erro de digitação

E-mail: seu e-mail, utilizado apenas pela administração

Os outros campos são opcionais:

Nome verdadeiro: seu nome real

Seu site: o endereço de seu site pessoal ou profissional

Sua careta: um ícone usado em alguns locais para identificá-lo

Seu ICQ: seu número de ICQ

Seu AIM: seu login no AIM

Seu MSN: seu login no MSN

Sua localidade: a cidade, estado, etc.

Sua ocupação: sua profissão, cargo, etc.

Seus interesses: alguns temas de seu interesse

Assinatura: a assinatura é exibida em algumas mensagens e nos comentários às notícias.

Informações extras: outras informações sobre você

Permitir que usuário vejam o e-mail: se não desejar que seu e-mail seja tornado público,

não marque a caixa de opção

Aceitação dos termos: você precisa marcar a caixa de opção "Aceito estar sujeito..."

para concluir o cadastro.

Essas informações podem ser alteradas depois no Seu Perfil. Lá também é possível

solicitar o apagamento de sua conta.

Perdeu sua senha?

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82

Para recuperar sua senha, você deverá fornecer seu e-mail ou nome de usuário usados

no registro. Uma nova senha será enviada para o endereço de e-mail usado no registro.

Envio de Notícias & Artigos Você pode submeter um artigo, notícia, release, nota, etc. para publicação no

HIPERCÓRTEX através do link Envie um Artigo.

Seu nome de usuário é automaticamente preenchido pelo sistema e não pode ser

alterado.

O Título deve ter cerca de 70 caracteres, ser descritivo do conteúdo do texto, claro e

simples. É obrigatório.

O Tópico é o assunto de que trata a matéria. Caso não haja um adequado, não escolha

nenhum, deixando o menu na opção Selecionar Tópico.

O Idioma deve ser o Português Brasileiro, já que o HIPERCÓRTEX não publicará

nessa primeira fase material em outros idiomas.

A Chamada da Matéria é o texto que aparece na capa do site ou editorias. Deve ser

curto e é obrigatório.

O Texto Extendido é o corpo da matéria. Pode ter qualquer quantidade de texto e os

seguintes comandos HTML podem ser utilizados:

<a> <b> <blockquote> <br> <center> <div> <em> <form> <hr> <i> <li> <ol> <p>

<pre> <strong> <table> <td> <th> <tr> <tt> <ul>

Você também pode dividir o texto com o comando [pagebreak].

Seu preenchimento não é exigido.

Concluído o preenchimento dos campos, você deve clicar em Pré-visualizar e conferir,

na página seguinte, a aparência da matéria, com a aplicação das marcações HTML. É uma boa

hora de conferir se os links estão corretos ou se há algum tipo de erro de digitação.

Após corrigir eventuais erros, pode-se enviar a matéria, clicando em OK ou optar por

atualizar a visualização.

A página seguinte apresenta a confirmação do recebimento da matéria ou eventuais

erros, como campos faltando, e a quantidade de matérias que aguardam a apreciação dos

editores, que são notificados imediatamente após você confirmar o envio da notícia.

Comentários Você pode configurar a exibição dos comentários às notícias do modo que mais lhe

agrade. Essa página está disponível no Seu Perfil.

Page 94: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

83

O modo padrão de exibição é o Agrupado, que deixa todos so comentários visíveis e

endentados, possibilitando o acompanhamento do debate de modo organizado e imediato.

Outra opção é o Simples, que ignora o agrupamento das mensagens, mas também

mostra todas os comentários de uma vez.

A terceira opção é o Discussão, que também agrupa os comentários, mas só mostra as

respostas à própria notícia. As respostas aos comentários são exibidos apenas como links, com

o assunto e o autor identificados.

Você também pode desligar os comentários, optando por Sem Comentários.

A ordem de classificação das mensagens padrão é Mais Velhos Primeiro, que permite

acompanhar o desenrolar da argumentação. Outras opções são Mais Recentes Primeiro ou

Maior Pontuação Primeiro.

Pontuação permite filtrar comentários ruins, ofensivos ou inúteis. Os administradores e

moderadores atribuem valores positivos ou negativos aos comentários, de acordo com sua

qualidade. Membros começam com 1 ponto. Manter um valor 2 ou maior pode ser

recompensador.

Você pode optar por não exibir os valores de cada comentário, mas isso não desativará o

filtro acima.

O Tamanho Máximo do Comentário também pode ser configurado. Essa opção corta

o texto do comentário neste valor (em bytes) e acrescenta um link Leia Mais.

Exceto pelas duas últimas, essas opções podem ser configuradas também em uma

notícia específica, mas as opções valerão apenas para aquela página. As outras ainda serão

exibidas no formato definido no Perfil.

Eventos & Agenda Particular Você pode utilizar este serviço de dois modos: uma agenda particular de compromissos

e também para divulgar eventos públicos.

Ambos funcionam do mesmo modo: pelo menu de navegação Participe ou, na página

do calendário, na barra superior direita.

Na página de adicionar evento, aparecem os seguintes campos:

Título do Evento: obrigatório, é mostrado na página de calendário descrevendo o

evento.

Data do Evento: data inicial do evento, deve ser maior que a data atual e é obrigatória.

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84

Opções: deve-se indicar se o evento dura o dia todo, ou tem um horário marcado de

início. Neste caso, indique também a duração, em Horas e Minutos. Caso não saiba o horário,

indique como "Dia todo"; se não souber a duração, deixe em 00h00.

Descrição do Evento: obrigatório, o campo contém informações gerais sobre o evento.

Evite repetir informações de contato, taxa, duração, local, etc.

Compartilhamento: a opção selecionada por padrão é Particular, visível apenas para

você. Como Público, ele será visto por todos que acessarem um endereço exclusivo para seus

eventos pessoais, como

www.emlondrina.com/hipercortex/index.php?module=PostCalendar&pc_username=SeuNom

eDeUsuário

Nesse mesmo endereço são mostrados os eventos Exibir como Ocupado, mas eles

não indicam aos outros usuários o título do evento, mas apenas que você não está disponível

no momento.

Eventos Globais são exibidos a todos os usuários, mas passam antes pelo crivo dos

editores. Utilize para divulgar eventos de interesse geral e não compromissos pessoais.

Categoria: escolha uma das categorias apresentadas, de acordo com o tipo do evento.

Dados do Evento: os dados de local, contato, taxa, etc. são todos opcionais. Preencha

apenas os disponíveis e ignore os outros.

Repetição: configure o padrão de repetição do evento de acordo com as diversas

opções. E também a data de encerramento do evento.

Publicação: escolha se a descrição deve ser tratada como HTML ou texto simples e se

você deseja conferir os dados antes de publicar (optando por Pré-Visualizar).

Banco de Teses, Dissertações e Monografias

Adicionar seu arquivo

1. O Arquivo

Antes de tudo, é preferível que seu trabalho seja enviado como PDF. Saiba como fazer.

Este formato garante a segurança de nossos leitores, por ser menos vulnerável a vírus, e

a sua, já que documentos do Word, por exemplo, mantêm diversas informações sobre o

computador e usuário que os criaram.

Além disso, usar PDF também amplia a audiência potencial de seu texto, já que muitos

leitores podem não ter um determinado software comercial ou nem mesmo ter essa opção em

alguns sistemas operacionais. O formato ainda garante a manutenção de suas informações

Page 96: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

85

intactas e a aparência do documento uniforme qualquer que seja a plataforma em que seja

lido.

Mas se não quiser ter o trabalho de converter os arquivos (o que é simples, confira),

pode mandar o arquivo em formato Microsoft Word (.doc), RichText (.rtf), Texto simples

(.txt), HTML (.htm), *zip (.zip), Powerpoint (.pps) ou ainda Windows Media (.wmf) ou

RealAudio (.ra).

O tamanho máximo do arquivo é de 2 Mb. Arquivos maiores podem ser adicionados ao

Banco de Textos, mas deve-se contatar a administração antes. Isto é feito para evitar abusos e

também evitar que os usuários sejam importunados por tempos de espera muito longos ao

fazer o upload dos arquivos e acabem desistindo do processo.

Você ainda pode optar por não armazenar o arquivo em nosso servidor. Neste caso,

ignore o primeiro campo e preencha apenas o campo URL da Página e o tamanho do

arquivo, em bytes.

2. Categoria

Escolha uma categoria para ser publicado seu trabalho. Observe que utilizamos dois

níveis de agrupamento. Por exemplo, um trabalho de Jornalismo deve ir em

Comunicação/Jornalismo, mas um de Teoria da Comunicação poderia ficar simplesmente em

Comunicação. Mas não utilizaríamos uma categoria Jornalismo, apenas.

Caso não haja uma categoria adequada, informe na Descrição qual deveria ser criada,

tendo em mente a subdivisão em dois níveis, e opte pela categoria Geral para seu trabalho.

Isso será alterado antes que seu texto seja publicado.

3. Descrição

A descrição deve seguir o resumo do texto, incluindo o limite de palavras.

4. Nome do Autor

O nome do autor é capturado automaticamente pelo sistema, mas pode ser alterado.

5. Versão

Caso não faça sentido para seu trabalho, ignore.

6. Site

Informe seu site pessoal ou outro que se relacione ao seu trabalho

Criando seu PDF 1. Por que PDF?

Os arquivos PDF são o padrão franco de arquivos textuais eletrônicos, em especial os de

maior dimensão. A razão principal é que existem programas leitores para praticamente todas

Page 97: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

86

as plataformas, mantendo sempre o mesmo visual, paginação, fontes, etc., quando exibidos ou

impressos. O formato também pode ser bastante compactado, reduzindo o espaço necessário

de arquivamento e o tempo de transferência.

2. Criando o Arquivo

Existem basicamente duas opções gratuitas e simples: utilizar o serviço online da

Adobe, criadora do padrão PDF, disponível em inglês no site Create Adobe PDF Online, ou o

software, para Windows, também em inglês, pdf995.

2.1. pdf995

Usar o pdf995 é o modo mais simples de converter um arquivo em PDF. Basta:

a) Fazer o download do arquivo, disponível no site

b) Executar o arquivo executável inserido no arquivo .zip. O programa se

instala automaticamente e cria uma impressora virtual, de nome PDF995

c) Abra seu programa editor de texto e selecione a nova "impressora" ao

imprimir uma cópia do documento. Configure as opções de tamanho de

papel, etc., como numa impressora comum. "Imprima" o documento.

d) Escolha um nome e local para o arquivo PDF prestes a ser criado.

Prefira, para o envio, utilizar o formato NomeDoAutor99, onde 99 é o ano

de apresentação ou copyright do trabalho. Outra opção é utilizar Nome do

Autor - Título do Trabalho. A primeira é preferida por ser mais universal e

garantir a abertura em praticamente qualquer plataforma. Em qualquer dos

casos, evite o uso de acentos, cedilhas e caracteres como !, por exemplo.

e) Seu novo arquivo PDF foi criado na pasta indicada.

Obs. O PDF995 é gratuito, mas exibe uma página de propaganda sempre que executado.

Se desejar se livrar desta publicidade, pode-se pagar pelo produto (cerca de US$9, ou R$30,

quando este documento foi escrito).

Muitos outros softwares foram testados, mas o PDF995 apresentou o melhor resultado.

Muitos acrescentam marcas d'água, como Trial ou são mais difíceis de usar ou exigem o uso

de outros drivers de impressoras. No entanto, não foram testados documentos complexos, com

multimídia, proteção, assinaturas, etc. Para esses casos, recomenda-se o uso do Adobe

Acrobat completo.

3. Lendo outros PDFs

Baixe o Adobe Acrobat Reader gratuitamente para ler arquivos PDF.

Page 98: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

87

GLOSSÁRIO129

.Net Plataforma da Microsoft baseada em 4 princípios: fim da separação

entre programas e Internet, o usuário não interage mais com um

servidor ou site, mas com uma rede de servidores e aplicações

distribuídos pela Internet; programas são alugados como um recurso

da Internet, não comprado em prateleiras; as informações dos usuários

são disponíveis a qualquer momento, em qualquer lugar, a partir de

qualquer equipamento; novos modos de interagir com as informações,

como reconhecimento de escrita.

Aol America Online. Provedor de conexão à Internet e conteúdo. Ligada

ao grupo AOL Time-Warner.

Arpa, Darpa (Defense) Advanced Research Projects Agency. Agência de Projetos

de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos Estados

Unidos.

Arpanet Rede do Arpa, precursora da Internet, desenvolvida para sobreviver a

ataques nucleares.

AT&T American Telephone and Telegraph. Empresa americana de telefonia.

ATM Asynchronous Transfer Mode. Protocolo de transferência de dados em

redes digitais que utiliza tamanhos fixos de pacotes de dados, mas

necessita de canais definidos de transmissão, diferentemente do

TCP/IP.

BBS Bulletin Board System. Sistema de Quadro de Mensagens. Usado

como sinônimo de fórum, atualmente. Na origem, um protocolo de

comunicação e troca/publicação de mensagens via modem, popular

antes do surgimento da Web.

Bit Binary Digit. Menor unidade na notação numérica binária, que pode

ter o valor 0 ou 1. Menor unidade de dado com que um sistema pode

lidar.a

_____________ 129 Fontes:Dicionário Prático de Informática Melhoramentos – Dic Michaelis UOL. Carlos Irineu da Costa. “Glossário”.In: Pierre Lévy. Cibercultura. Webopedia. http://www.webopedia.com Zdnet. http://www.zdnet.co.uk Darpa. http://www.darpa.mil Eletronic Privacy Information Center. http://www.epic.org Federal Bureau of Investigation. http://www.fbi.gov

Page 99: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

88

BITNET Because It’s Time ou Because It’s There Network. Rede que interligou

as universidades americanas desde o início dos anos 80. Em 1987,

fundiu-se à NSFNET.

Carnivore Programa de monitoramento (“escuta”) de comunicações por e-mail

utilizado pelo FBI.

CD-ROM Compact Disk-Read Only Memory. Memória exclusiva de leitura em

disco compacto. Disco plástico pequeno que é usado como um

dispositivo somente de leitura de alta capacidade, onde o dado é

armazenado na forma binária como orifícios gravados na superfície e

que são lidos através de um laser.a

CSNET Uma das redes fundadas no início dos anos 80 que utilizavam os

padrões que resultariam na Internet.

CSS Cascading Style Sheets. Folhas de estilo em cascata. Linguagem que

permite a separação entre apresentação de um documento (fonte,

itálico, cores, posicionamento, etc.) e as informações estruturais do

conteúdo, deixadas para o HTML (manchete, parágrafo, lista

numerada, etc.)

Echelon Parte de um sistema de vigilância global mantido pelos governos

americano e britânico que intercepta e monitora comunicações

eletrônicas em satélites em todo o mundo, detectando

automaticamente sinais “perigosos”. Lançado nos anos 60, continua

ativo hoje.

E-mail Eletronic Mail. Correio eletrônico. Modo de comunicação que permite

a troca de mensagens e arquivos de modo não simultâneo.

FAQ Frequently Asked Question. Perguntas, dúvidas comuns. Sistema de

gerenciamento dessas dúvidas.

FTP File Transfer Protocol. Protocolo de transferência de arquivos.

Permite a conexão remota com servidores Web para a publicação e

gerenciamento de arquivos.

GB Gigabyte (109 Bytes)

Gopher Sistema de organização e busca de arquivos na Internet que foi

substituído largamente pela Web.

Page 100: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

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Grid computing Tipo de rede em que são utilizados períodos de inatividade dos

computadores para processamento de informações, que normalmente

seria extremamente intenso para um dos nós isolados.

GUI Graphic User Interface. Interface Gráfica do Usuário. Interface

computador/usuário que se utiliza de janelas e ícones que,

manipulados pelo mouse, facilitam o trabalho de operação de um

software. O programa Windows da Microsoft é um exemplo de GUI. a

Hailstorm Serviços XML providos pela Microsoft para compartilhamento das

informações de usuários, evitando que ele tenha que fornecer os

mesmos dados a diferentes sites.

HTML HyperText Mark-up Language. Linguagem de Marcação de

Hipertexto. Não é considerada uma linguagem de programação, mas

de marcação, já que seus comandos são basicamente de apresentação

visual e interpretados pelo programa navegador. Ela define

HTTP HyperText Transfer Protocol. Protocolo de transferência de

hipertexto, que permite a transmissão de páginas Web/comandos

HTML dos servidores aos clientes.

IBM International Business Machines. Empresa americana de informática.

IIS Internet Information Service. Serviço de Informações Internet.

Servidor Web da Microsoft, acompanha os sistemas operacionais

corporativos da empresa.

IP Internet Protocol. Geralmente usado em referência ao Endereço IP,

seqüência de números que identifica unicamente todo computador

ligado à Internet.

IRC Internet Relay Chat. “Bate-papo retransmitido via Internet”. Protocolo

de comunicação em tempo real criado em 1980 em que as mensagens

enviadas por um usuário ao servidor são retransmitidas a todos os

outros usuários conectados ao canal.

KB Kilobyte (103 Bytes)

LAN Local Area Network. Denomina uma rede local de computadores.

Link Em hipertextos, uma referência a outros documentos do sistema. E

comunicações, uma linha ou canal de transmissão de dados.

Mainframe Computador caro e grande, capaz de lidar com muitos usuários e

Page 101: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

90

programas simultâneos.

MB Megabyte (106 Bytes)

MHz Megahertz (106 Hertz)

Modem Modulador/Demodulador. Equipamento ou programa que permite a

conexão entre computadores através de canais analógicos, como

linhas telefônicas.

MySQL Servidor de banco de dados de código livre, popular em sistemas Web.

News, Newsgroup cf. Usenet.

NSF, NSFNET National Science Foundation. Fundação Nacional de Ciência dos

Estados Unidos. A NFSNET sucedeu à Arpanet como link principal

do governo americano e foi desativada em 1995, substituída por uma

rede mais rápida.

PC Personal Computer. Computador pessoal. Refere-se normalmente ao

modelo desktop, os computadores de mesa.

PDA Neste texto, Personal Device Assistant, nome genérico para

computadores de mão, normalmente com recursos de identificação de

escrita.

Peer-to-peer Também peer2peer ou p2p. Arquitetura de rede em que todos os

computadores têm funções equivalentes.

POP Post Office Protocol. Protocolo de Correio, permite o envio de

mensagens de correio eletrônico.

RAM Random Access Memory. Memória de Acesso Aleatório. Tipo de

memória temporária que armazena informações apenas enquanto o

computador se encontra ligado.

RSS RDF (Resource Description Framework) Site Summary. Padrão

utilizado por sites que desejam publicar informações em outros sites

ou programas específicos. É atualizado automaticamente pelo site

autor e sincronizado posteriormente pelos clientes.

SMTP Simple Mail Transfer Protocol. Protocolo Simples de Transferência

de Correio, permite o recebimento de mensagens de correio

eletrônico.

SQL Structured Query Language. Linguagem de Consulta Estruturada.

Page 102: Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais

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Padrão genérico de consulta a bancos de dados relacionais.

TCP Transmission Control Protocol. Protocolo de Controle de

Transmissão, permite a conexão de dois computadores sem que haja

perda de pacotes devido a alterações do caminho feito por cada pacote

de dados.

TIA Total Information Awareness. Projeto da Darpa que pretende capturar

a “assinatura” das informações trocadas por terroristas e outros

criminosos através do monitoramento e centralização de dados sobre

finanças, visitas médicas, comunicações e viagens de indivíduos.

Essas informações passariam por um processo de filtragem que

poderia indicar associações e padrões suspeitos.

Unix Sistema operacional popular em redes e computadores de alta

performance, foi desenvolvido pela Bell Labs, uma divisão da AT&T.

Distribuído a preço de custo, com os códigos-fonte, e podendo rodar

em praticamente qualquer computador que pudesse compilar a

linguagem C, tornou-se popular também em universidades.

UOL Universo On-line. O maior provedor de conexão à Internet e conteúdo

Web nacional.

Usenet User’s Network. “Rede dos Usuários”. Designa um protocolo,

também chamado de news, nntp ou newsgroup, que permite a

comunicação muitos/muitos, como em um fórum. A primeira rede a

utilizar esse sistema (news://news.usenet.org)

Wap Wireless Application Protocol. Protocolo de Aplicações Sem Fio.

Protocolo de transmissão de dados baseado no HTTP, mas

simplificado para facilitar a conexão por telefones celulares.

WML Wireless Mark-up Language. Linguagem de Marcação Sem Fio.

Linguagem XML baseada no HTML mas voltada para a utilização em

redes Wap.

XML Extensible Mark-up Language. Linguagem de Marcação Extensível,

permite o uso de elementos personalizados e facilita a integração entre

aplicações diferentes.

Xmodem Protocolo de transferência de arquivos simples, permite a detecção

eficiente de erros de transmissão.