Hipercórtex: uma experiência de jornalismo científico em comunidades virtuais
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Universidade Estadual de Londrina
MURILO LAUREANO PINTO
HIPERCÓRTEX
UMA EXPERIÊNCIA DE JORNALISMO CIENTÍFICO EM
COMUNIDADES VIRTUAIS
LONDRINA
2003
MURILO LAUREANO PINTO
HIPERCÓRTEX
UMA EXPERIÊNCIA DE JORNALISMO CIENTÍFICO EM
COMUNIDADES VIRTUAIS
Trabalho apresentado à disciplina 3NIC024 – Projeto Experimental em Jornalismo – como requisito parcial à conclusão do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, da Universidade Estadual de Londrina
Orientador: Prof. Mário Benedito Sales
LONDRINA
2003
DEDICATÓRIA
Para adam_baum – a.k.a. Greg Allan,
João Bosco Loureiro e
Osvaldo Rosa,
que nos deixaram,
e ao Victor, que a nós se juntou,
durante o desenvolvimento deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
A meus pais, por tudo.
À ANA CAROLINA, pela paciência.
A minha família, pelo apoio e presença constantes.
A todos os colaboradores, financiadores, inspiradores e membros da comunidade de
software livre, pelo trabalho dedicado e competente que permitiu a realização deste projeto.
Aos fundadores e desenvolvedores do PostNuke, pela visão original e inovadora e pelo
tempo gasto em educar e guiar-nos pelo sistema.
À ADRIANA YUMI, pela ajuda indispensável.
A NILSON GIRALDI, pela importante contribuição.
Aos amigos que participaram desta caminhada.
A todos que colaboraram de qualquer modo para a concretização deste trabalho.
Aos que não nos atrapalharam.
Uma invasão de exércitos pode
ser resistida, mas não a de uma
idéia cujo seu tempo chegou.
Victor Hugo
PINTO, Murilo L. Hipercórtex: uma experiência de jornalismo cientifico em comunidades
virtuais. 2003. 102p. Trabalho de Conclusão de Curso (Comunicação Social, habilitação em
Jornalismo) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina.
RESUMO
Procura testar teorias relacionadas a comunidades virtuais e produção de conhecimento
através da implantação de um site de divulgação e jornalismo científicos. Utilizando recursos
amplamente disponíveis e em grande parte gratuitos, criou-se um ambiente complexo de
comunicação entre uma equipe jornalística e a comunidade de leitores. Tentou-se ainda
coletar e definir guias de como deve ser apresentada a notícia na Web, mais especificamente
em ambientes cooperativos. Exemplo disso são os modos de perenizar as informações
veiculadas em notícias (instituições, contatos, termos e conceitos, etc.). É mostrada a evolução
da Internet e a implicação dos novos modos de leitura e escrita da Web no pensamento e
transmissão dos conhecimentos. Aborda-se ainda questões de design, acessibilidade, interface,
interação e redação. Apresenta-se a viabilidade técnica e econômica de implantação e
manutenção de um site elaborado, que atenda às necessidades comunicativas dos novos
modos de apresentação das notícias e outras informações.
Palavras-chave:Jornalismo, Internet, Comunidades Virtuais, Ambientes Cooperativos,
Ciência
PINTO, Murilo L. Hypercortex: a science news reporting experience in virtual communities.
2003. 102p. Final paper on Social Communications - Journalism Majoring – Universidade
Estadual de Londrina, Londrina.
ABSTRACT
It trials theories related to virtual communities and knowledge production by implementation
of a science and technology news and information reporting Website. Using resources
available at large and most of them free (both as in freedom and gratis), a complex
communication environment between a journalism staff and readers community was created.
It tried yet to compile and set guidelines on how to present news on the Web, specifically in
cooperative environments. Examples of these are the means of perpetuate information
published in articles (institutions, contacts, terms and concepts, etc.). It shows the Internet
evolution and the implications of the new ways of reading and writing on the Web in
knowledge transmission and thinking. It also deals with matters of design, accessibility,
interface and writing. It presents the technical and economic feasibility of the implementation
and maintenance of such an elaborated Website, which serves the communicative needs of the
new ways of news and other information presentation.
Keywords: Journalism, Internet, Virtual Communities, Cooperative Enviroments,
Science
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS.................................................................................................iv
RESUMO ...................................................................................................................vi ABSTRACT ..............................................................................................................vii LISTA DE FIGURAS..................................................................................................xi
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1
2 HISTÓRIA DA INTERNET: DO MAINFRAME À CIBERCULTURA................... 3
2.1 O PC.............................................................................................................. 3
2.2 A INTERNET..................................................................................................... 6
2.3 A WEB............................................................................................................ 8
2.3.1 O HIPERTEXTO ............................................................................................ 9
3 O CIBERESPAÇO ............................................................................................ 13
3.1 CIBERESPAÇO: O ESPAÇO DO SABER ............................................................. 15
3.1.1 A TERRA................................................................................................... 15
3.1.2 O TERRITÓRIO........................................................................................... 16
3.1.3 O MERCADO ............................................................................................. 17
3.1.4 O SABER .................................................................................................. 18
4 AMBIENTES COOPERATIVOS ....................................................................... 21
4.1 A ARGUMENTAÇÃO HIPERTEXTUAL................................................................. 21
4.2 FERRAMENTAS DE MEMÓRIA........................................................................... 23
4.3 A QUESTÃO DA INTERFACE ............................................................................ 24
4.4 FERRAMENTAS DE INTERFACE......................................................................... 26
5 CIBERJORNALISMO ....................................................................................... 28
5.1 INTERAÇÃO.................................................................................................... 29
5.2 REDAÇÃO...................................................................................................... 31
5.3 DESIGN ......................................................................................................... 36
5.3.1 USABILIDADE ............................................................................................ 37
5.3.2 ACESSIBILIDADE........................................................................................ 40
6 O HIPERCÓRTEX ............................................................................................ 43
6.1 GROUPWARES E CIÊNCIA ............................................................................... 43
6.2 JORNALISMO CIENTÍFICO ................................................................................ 44
6.2.1 DEFINIÇÃO ................................................................................................ 45
6.2.2 OBJETIVOS................................................................................................ 46
6.2.3 LINGUAGEM............................................................................................... 48
6.3 O SITE .......................................................................................................... 50
6.3.1 OBJETIVOS................................................................................................ 50
6.3.2 AUDIÊNCIA ................................................................................................ 50
6.3.3 RECURSOS................................................................................................ 50
6.3.4 EQUIPE ..................................................................................................... 54
6.3.5 CONTEÚDO................................................................................................ 56
6.3.5.1 Serviços ......................................................................................... 56
6.3.5.1.1 Notícias.................................................................................... 56
6.3.5.1.2 Colunas ................................................................................... 57
6.3.5.1.3 Enquetes ................................................................................. 57
6.3.5.1.4 Banco de teses ....................................................................... 58
6.3.5.1.5 Links ........................................................................................ 59
6.3.5.1.6 Fóruns ..................................................................................... 59
6.3.5.1.7 Bate-papo ................................................................................ 60
6.3.5.1.8 Tira-dúvidas ............................................................................ 61
6.3.5.1.9 Eventos.................................................................................... 61
6.3.5.1.10 Frases...................................................................................... 62
6.3.5.1.11 Recomende-nos/Envie para um amigo ................................ 62
6.3.5.1.12 Glossário................................................................................. 62
6.3.5.1.13 Galeria de Imagens ................................................................ 62
6.3.5.1.14 Boletins ................................................................................... 63
6.3.5.1.15 Banco de pesquisadores....................................................... 63
6.3.5.1.16 Clipping................................................................................... 63
6.3.5.2 Informações................................................................................... 64
7 CONCLUSÃO................................................................................................... 66
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 69
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................................. 72
APÊNDICES ............................................................................................................ 77
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO SITE ................................ 78
APÊNDICE B – MANUAL DO USUÁRIO DO HIPERCÓRTEX............................... 80
GLOSSÁRIO............................................................................................................ 87
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Elementos esperados por usuários em páginas Web, por áreas.................................38
Figura 2: Distribuição da informação em sites: profundidade vs. quantidade de opções.........39
Figura 3: Logomarca do HIPERCÓRTEX................................................................................43
Figura 4: Modos de Difusão Científica ....................................................................................45
Figura 5: Modelo tradicional, com arquivos HTML simples...................................................52
Figura 6: Modelo simplificado de processamento de dados com tecnologias server-side.......53
Figura 7: Dois exemplos de telas de Administração - visão parcial do Menu de Administração,
no alto, e Adicionar Notícia, acima. O uso do CMS escolhido elimina a necessidade de
Webmasters dedicados......................................................................................................55
Figura 8: Chamada para notícia, na capa. Pode-se ver links para o corpo da matéria, para
comentá-la, enviá-la para um amigo, criar uma versão de impressão, ver informações
sobre o autor e também para o Tópico. ............................................................................56
Figura 9: Página de capa das colunas, com logo de "O Cotidiano" .........................................57
Figura 10: Caixa de exibição aleatória de enquetes na capa: usuários registrados ..................58
Figura 11: Caixa de exibição aleatória de enquetes na capa: usuários anônimos não podem
votar ..................................................................................................................................58
Figura 12: Página inicial do Banco de Teses............................................................................58
Figura 13: Página inicial do serviço de Links ..........................................................................59
Figura 14: Destaque na capa para as estatísticas do Fórum .....................................................60
Figura 15: Caixa de entrada no Bate-papo, na capa. ................................................................60
Figura 16: Caixa com eventos do dia de hoje e próximos, na capa. Para usuários registrados,
exibe também seus compromissos pessoais. ....................................................................61
Figura 17: Glossário - página com definição de um termo (EIA) do volume Meio Ambiente.62
Figura 18: Banco de Pesquisadores - página inicial do serviço ...............................................63
Figura 19: Página inicial do serviço de clippings.....................................................................64
Figura 20: Rodapé do site, com links para páginas de informação ..........................................65
1
1 INTRODUÇÃO
Este não é um livro sobre livros.
Manuel Castells - A Sociedade em Rede, v. 1
Em artigo recente1, o físico e colunista de Folha de São Paulo, Marcelo Gleiser,
estabelece dois tipos de cientistas: os sonhadores e os pragmáticos. Os primeiros seriam
caracterizados por uma criatividade advinda de uma pré-concepção da organização do mundo,
“geralmente inspirada por conceitos estéticos, como simetria e beleza”, mas sem que isso se
torne uma coisa menor. Dá como exemplo Johannes Kepler. Os outros seriam os que
consideram a ciência fruto de observação, análise de dados e experiências, o que põe a ciência
em íntima relação com o desenvolvimento tecnológico necessário para a aquisição desses
dados. O exemplo de Gleiser para esse tipo de cientista é Thycho Brahe. Ambos, Brahe e
Kepler, trabalharam juntos, este como assistente daquele. Os dados do primeiro possibilitaram
ao segundo comprovar sua visão do mundo, que confirmariam Copérnico e dariam base à
Teoria da Gravitação Universal, de Newton2.
Nessa perspectiva, este é um trabalho pragmático: ele se propõe, basicamente, a
comprovar a visão e conceitos propostos principalmente por Pierre Lévy, em suas obras
relacionadas à inteligência coletiva e ao estabelecimento de um novo modo de cognição
surgido com as novas tecnologias de comunicação e representação da informação. Partindo de
sua visão, cujos escritos datam do início da década de 90 e que em grande parte tratam ou
baseiam-se em aplicações incipientes e novas práticas de organização e comunicação ainda
tímidos na época, utilizamos tecnologias hoje amplamente difundidas e em pleno emprego
para a efetivação de algumas das ferramentas comunicacionais propostas por ele.
Para isso, criamos um site de divulgação e jornalismo científicos com foco na cidade de
Londrina, nesta Universidade em especial. A escolha do tema deu-se pela lacuna existente na
mídia local na cobertura desses assuntos e, principalmente, pela proximidade dos ideais do
formato de publicação e da ciência. Esta, como as comunidades virtuais, preza pela discussão
livre de idéias, a crítica entre pares e o acesso público às informações e a construção
colaborativa do conhecimento.
_____________ 1 GLEISER, Marcelo. Pragmatismo e Sonho. Folha de São Paulo, São Paulo, 12 jan. 2003. Mais, p. 15. 2 Ibid.
2
Apresentamos a história das inovações que levaram à Web no capítulo 2, História da
Internet: do Mainframe à Cibercultura. Nele diferenciamos os diversos protocolos de
transmissão que a Internet suporta dos meios de comunicação, linguagens e práticas
comunicacionais que surgem deles, numa tentativa de eliminar ambigüidades no uso de
termos e conceitos. Também iniciamos a definir as diferenças observadas na cognição e na
sociedade humanas com o surgimento desses novos modos de comunicação.
Isso é continuado no capítulo seguinte, O Ciberespaço. Apresentamos também a visão
antropológica de Lévy sobre a Web, a interação inevitável entre técnica, cultura e
conhecimento, e a evolução dessas relações na história humana.
O quarto capítulo, Ambientes Cooperativos, restringe a abordagem a uma forma de
comunicação na Web, aquela estabelecida nos groupwares ou comunidades virtuais.
Apresentamos as implicações e possibilidades específicas desse modo de comunicação na
organização de um grupo, suas características técnicas e comunicacionais e damos alguns
exemplos de sistemas com esse conceito. Mostramos ainda a importância da interface nos
processos comunicacionais e como os groupware lidam com alguns dos problemas da Web.
Como o jornalismo se enquadra no cenário estabelecido é o tema do capítulo 5,
Ciberjornalismo. Abordamos a redação jornalística, o design Web e a importância da
participação da equipe do site nas discussões e no dia-a-dia da comunidade.
Na seqüência é mostrado o projeto do HIPERCÓRTEX, o site de divulgação e
jornalismo científicos baseado em comunidades virtuais. Especificamos o conceito de
jornalismo científico, suas características de linguagem e procedimentos e alguns paralelos
com a Web. Também são considerados os serviços e seções do HIPERCÓRTEX, seu
público-alvo, as especificidades da cobertura e redação propostas e os aspectos técnicos do
trabalho.
3
2 HISTÓRIA DA INTERNET: DO MAINFRAME À CIBERCULTURA
Computadores são inúteis. Eles só podem te dar respostas.
Pablo Picasso
2.1 O PC
Sou um digitador, não um escritor. Até minha letra está se
desintegrando, tornando-se cada vez menos a minha letra, e mais o
garrancho anônimo de alguém que está aprendendo a escrever.
Steven Johnson – Cultura da Interface
A história das inovações que levaram à Internet pode ser contada a partir das
tecnologias decorrentes dos esforços da Segunda Guerra Mundial. Os investimentos militares
americanos em pesquisa propiciaram que, em 1946, fosse criado o primeiro computador de
uso geral, o Eniac (Eletronic Numeric Integrator And Computer, ou Computador E Integrador
Numérico Eletrônico), que “pesava 30 toneladas, foi construído sobre estruturas metálicas
com 2,75 m de altura, tinha 70 mil resistores e 18 mil válvulas a vácuo e ocupava a área de
um ginásio esportivo. Quando ele foi acionado, seu consumo de energia foi tão alto que as
luzes de Filadélfia piscaram.”3 Nos anos 50, desenvolveram-se versões comerciais por
diferentes empresas, sempre mais potentes.
Esse modelo computacional, baseado em Mainframes*, só começaria a mudar em 1971,
com a invenção do microprocessador, que incluía todo um computador em um único chip. Em
1975, Ed Roberts, um engenheiro fabricante de calculadoras, criou o Altair, o primeiro – e
primitivo – microcomputador. O Altair foi utilizado como base para os Apple I e II, este um
sucesso comercial desenvolvido nas garagens dos pais dos jovens Steve Wozniac e Steve
Jobs, fundadores da Apple Computers, em 1976. Nessa época, “o nec plus ultra [o que havia
de melhor, limite] era construir seu próprio computador a partir de circuitos de segunda mão.
_____________ 3 FORESTER (1987), apud CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede - A era da informação: economia, sociedade e cultura. 5 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 617p. * Palavras marcadas com asterisco são encontradas no Glossário.
4
As máquinas em questão não tinham nem teclado, nem tela, sua capacidade de memória era
ínfima [...] Esses computadores não serviam para quase nada, todo o prazer estava em
construí-los.”4 Um fator fundamental na massificação dos computadores pessoais deveu-se à
adaptação do software Basic para o Altair, feita em 1976 por Bill Gates e Paul Allen,
desistentes de Harvard que fundariam a Microsoft tempos depois.
A IBM* reagiu em 1982, lançando a marca que iria eternizar o objeto: Personal
Computer, o PC. A tecnologia utilizada pela IBM não era própria, mas desenvolvida por
terceiros, o que impediu um controle rígido dos clones, que se difundiram pelo mundo e
possibilitaram a supremacia dos PCs, apesar da superioridade técnica dos Apple.5
Em 1984, a Apple lançou o Macintosh, primeira versão comercial e funcional dos
conceitos desenvolvidos pela Xerox de Palo Alto, com o uso intensivo da interface chamada
de wimp: Windows, Icons, Mouse, Pointer (Janelas, Ícones, Mouse e Ponteiro; mas também
“fraco, insípido, ineficaz”), que tornou os computadores amigáveis: não era mais preciso
programar para usá-los; bastava apontar-e-clicar, ou olhar-e-sentir, no slogan da Apple na
época6.
O desenvolvimento da capacidade de processamento dos chips (Consultar a Tabela 1)
vem cada vez mais diminuindo a presença dos mainframes em favor das arquiteturas
cliente/servidor e, mais recentemente, Peer-to-peer*. Tais configurações otimizam o uso dos
recursos e capacidade de processamento dos diversos computadores conectados, chegando a
reduzir o “custo médio do processamento da informação de aproximadamente US$75 por
milhão de operações, em 1960, para menos de um centésimo de centavo de dólar em 1990”7.
Essas arquiteturas, Grid computing*, peer-to-peer, em rede, só se tornaram possíveis
com a evolução simultânea da capacidade de formação de redes e transmissão de dados. Mas
estas também só foram possíveis devido ao aumento da capacidade de computação e novos
dispositivos eletrônicos (comutadores, roteadores, fibras óticas). A velocidade da mudança
pode ser medida pela evolução da velocidade de transmissão de dados: 1956, cabos
transatlânticos, 50 circuitos de voz compactada; 1995, cabos de fibra ótica, 85 mil circuitos de
voz compactada8. A isso, somam-se as tecnologias que permitem uma melhor utilização do
“espaço físico” de transmissão, como TCP*/IP e ATM*.
_____________ 4 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência – O futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2001. 208p. 5 CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede. Op. cit. 6 JOHNSON, Steven. Cultura da Interface – Como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. 181p. 7 CASTELLS, Manuel. Loc. cit.. 8 Ibid.
5
Tabela 1: Evolução da tecnologia dos computadores e redes de transmissão eletrônica
Ano Processadoresa Memóriab Transmissãoc
1972 200 KHz
1974 2 MHz (Altair)
1.024 bytes
1979 5 MHz (8088) 64 Kb
56 mil bits/s (Arpanet)
1982 6 MHz (286)
1985 16 MHz Sem dados s/d
1989 25 MHz (486) 1 Mb 1,5 milhões de bits/s (Arpanet)
1993 60 MHz 16 Mb 45 milhões de bits/s (NFSNET)
1995 150MHz (Pentium)
Escala de Gigabits, suficiente
para envio de uma Biblioteca do
Congresso Norte-americano por
segundo, em protótipo
1997 200 MHz
s/d
1999 450 MHz 256 Mb
1999 1 GHz
1999 1,4 GHz s/d
2000 1,5 GHz 1 Gb
2001 2 GHz
2002 3,06 GHz s/d
s/d
Fontes: a) Folha de São Paulo, 20/11/2002. Micro chega aos 3 GHz. b) Manuel Castells, op. cit. c) Id. Ibid. Velocidade de links* principais da rede. b e c: Valores e datas aproximados. s/d: sem dados.
6
2.2 A INTERNET
O computador é um meio de comunicação! Eu sempre tinha pensado
nele como uma ferramenta, talvez um veículo – uma concepção muito
fraca... Se o computador pessoal [era] um meio verdadeiramente novo,
o próprio uso dele iria realmente mudar os padrões de pensamento de
uma geração inteira.
Alan Kay, citado por Steven Jonson – Cultura da Interface
A Internet teve origem também na Segunda Guerra Mundial, pois foi, até certo ponto,
uma resposta aos avanços tecnológicos russos. Em plena Guerra Fria, no final dos anos 50, a
União Soviética lançou o Sputinik, ultrapassando os Estados Unidos na corrida espacial. Para
inverter a situação, a Darpa* (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada, do Departamento
de Defesa norte-americano) investiu em diversas pesquisas ousadas. Uma delas promovia
uma idéia de Paul Baran, da Rand Corporation: Criar um sistema de comunicação
invulnerável a ataques nucleares. Para isso, a tecnologia de comunicação por comutação de
pacotes foi usada, tornando a rede de comunicação independente de centros de comando e
controle; se um pacote de dados ou todo um nó se perdesse devido a um ataque, por exemplo,
a mensagem ainda poderia ser recomposta integralmente em qualquer ponto da rede.9
Assim, em 1969, foi lançada a Darpanet*, dirigida aos centros de pesquisa que
cooperavam com o Departamento de Defesa. Mas os cientistas não se limitaram a usar a rede
nas pesquisas militares, tanto que, em 1983, a Arpanet foi dividida com a criação da Milinet,
destinada exclusivamente para estas. Neste ano também foi adotado o padrão TCP/IP para
ambas as redes. Nos anos 80, a Fundação Nacional da Ciência (NSF*) criou, com a IBM, a
CSNET* e também a BITNET*, voltada para assuntos não-científicos. Todas essas redes
usavam a infraestrutura da Arpanet, de forma que esta logo foi chamada de Arpa-Internet e,
por fim, Internet, ainda mantida pelo Departamento de Defesa e operada pela NFS. O
aumento de tráfego exigia o aumento de capacidade de transmissão (consultar a Tabela 1).
A invenção do Unix* em 1969 pelos Bell Labs, da AT&T*, um monopólio privado
financiado pelo governo, também foi importante. O Unix trazia suporte nativo à conexão entre
computadores e foi fundamental para a Internet, depois que pesquisadores de Berkeley,
_____________ 9 CASTELLS, Manuel. Op. cit.
7
patrocinados pela Arpa, adaptaram o protocolo TCP/IP para o sistema, em 1983. O
financiamento público do projeto possibilitou que o Unix fosse distribuído a preço de custo.
Paralelamente a esses grandes inventos, patrocinados por fundos estatais e generosos, e
cientistas profissionais, havia uma enorme comunidade de usuários, boa parte universitários
influenciados pela contracultura dos anos 60-70. Liberdade era o grande referencial dessa
cultura. Assim, dois estudantes, Ward Christensen e Randy Suess, inventaram em 1978 um
aparelho que possibilitasse a eles transferir arquivos entre computadores via telefone, para que
pudessem evitar as ruas de Chicago no inverno: o Modem*. No ano seguinte, criaram o
padrão Xmodem*, que permite a conexão ponto-a-ponto, sem a necessidade de um servidor.
Ambas as tecnologias foram distribuídas sem custo. No mesmo ano, alunos de universidades
não incluídas na Arpanet resolveram seus problemas com iniciativas próprias, modificando o
Unix para que utilizasse linhas telefônicas comuns. Criaram o Usenet10*, que também teve
sua tecnologia difundida gratuitamente e, hoje, é um fórum de discussões tão grande e
abrangente que tem difícil utilização prática. Diversas redes pequenas começaram a ser
formadas e elas podiam se interconectar, desde que houvesse uma linha telefônica e modens
entre elas.
Foi desse modo que culturas inicialmente opostas, a militar e a contracultura,
contribuíram para o surgimento da Internet11. Tinham em comum a origem universitária, que
foi e é decisiva na definição da cultura predominante da Rede, por ser sempre a precursora nas
inovações e modos de usá-las. Os esforços de cada um na realização de seus objetivos
possibilitaram a abertura do sistema e o desenvolvimento tecnológico em saltos. Também, a
contracultura deixou sua marca libertária e utópica: a Internet ainda não vê com bons olhos a
publicidade e comercialização excessiva, inspira a informalidade e tem como grande
referencial a auto-regulação. A abertura é tamanha que o único modo de se manter totalmente
protegido ou “fechado” na Rede é não estar nela.
Na década de 90, percebendo o potencial da rede, a NSF privatizou diversos de seus
serviços, dando início à Internet. Desde então, o embate militar/hippie expandiu-se e passou a
incluir o business. A comercialização da Internet é cada vez maior, mas nada indica que deva
se tornar majoritariamente uma mídia de massa, como a televisão, rádio ou jornais, como
veremos adiante.
_____________ 10 news://news.usenet.org . É necessário um leitor de newsgroup11 CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede. Op. cit.
*.
8
2.3 A WEB
Esta proposta diz respeito ao gerenciamento de informações
em geral sobre aceleradores e experimentos no CERN. Ela
discute os problemas de perda de informações sobre sistemas
que evoluem de modo complexo e infere uma solução baseada
em um sistema distribuído de hipertexto.
Tim Berners-Lee - Information Management: A Proposal, a
proposta original da World Wide Web
A Web é definida como implementação gráfica da Internet. Nesta altura, é importante
diferenciar a Internet, meio de transmissão, e os diversos protocolos que se utilizam dela, os
meios de comunicação, ou, como prefere Meditsch, “meios de expressão”12.
É útil, como ilustração, compará-la com outros meios de comunicação e transmissão: a
Internet está para a Web como as ondas eletromagnéticas estão para o rádio. Do mesmo modo
que a Internet transmite, além da Web, o E-mail*, mensagens de IRC*, etc., as ondas “de
rádio” transmitem também as mensagens da televisão, do rádio-amador, da telefonia celular e
da própria Internet... Ninguém classificaria estes diferentes sistemas que se utilizam das ondas
eletromagnéticas como um único; o mesmo deve ser feito com a Internet. O que talvez seja o
grande contribuinte para essa confusão é o fato de que com a Rede, pela primeira vez, tanto
em modos de comunicação muitos/muitos (bate-papo), um/um (e-mail pessoal) ou um/muitos
(sites de jornais), o mesmo equipamento utilizado para recepção é utilizado na emissão e,
mais que isso, na produção das mensagens.
Para diferenciar de forma mais apropriada a Internet da Web, recorremos a Tim Berners-
Lee, o criador desta: A Internet é uma rede de redes. Basicamente, é feita de computadores e cabos. [...] Ela distribui pacotes [de dados] – em qualquer lugar do mundo, normalmente em menos de um segundo. Muitos tipos diferentes de programas usam a Internet: [...] como a Web, [eles] codificam as informações de forma diferente e usam diferentes linguagens entre computadores (protocolos) para fornecer um serviço. A Web é um espaço abstrato (imaginário) de informações. Na Rede, você encontra computadores – na Web você encontra documentos, sons, vídeos...
_____________ 12 MEDITSCH, Eduardo. O ensino do rádio jornalismo em tempos de internet. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24, 2001, Campo Grande. Anais... [s.l.]: Intercom, 2001. CD-ROM.
9
Informações. Na Rede, as conexões são cabos entre computadores; na Web, conexões são os links de hipertexto.13
Ou seja, a Web é apenas um dos diversos protocolos que utilizam a Internet, e só foi
criada no início da década de 90, cerca de 20 anos após a Internet. Antes, utilizavam-se outros
protocolos: e-mail, News*, Gopher*, etc.
Pela analogia que fizemos no início deste capítulo, a Internet é um meio de transmissão
apenas, cujo suporte cada vez mais se torna indeterminável: a convergência digital faz com
que todo tipo de mensagem (TV, rádio, jornais, etc.) passe pelas mesmas redes de cabos. A
Web, no entanto, só é captada por computadores, principalmente os PCs (alguns PDAs* e
celulares acessam a Web, mas não exatamente a que nos referimos aqui; são linguagens e
protocolos bastante próximos, mas essencialmente diferentes, como o Wap* e a WML*). Ela
é, portanto, um suporte. Um suporte cuja linguagem é o hipertexto.
2.3.1 O HIPERTEXTO
Imaginar uma linguagem é imaginar um modo de vida.
Wittgenstein, citado por Steven Johnson – Cultura da Interface
A característica mais marcante da Web é o hipertexto. Apenas ela, de todos os
protocolos abertos da Internet, possibilita a conexão por hyperlinks. Apesar de ser possível
incluir um hyperlink em um e-mail, ele é apenas uma referência para o programa navegador
da Web. O protocolo ou o programa leitor de e-mails não irá interpretar por si mesmo o
endereço HTTP*, ainda que possa “ler” cada vez melhor páginas HTML*, com imagens e
mesmo vídeos. Tampouco é possível fazer uma referência direta à outra mensagem de e-mail
do mesmo modo que se faz a uma página da Web. Também, apesar de ser possível fazer
referência a um endereço FTP* em uma página Web, o inverso não é verdadeiro.
Embora o hipertexto seja característico da Web e se encontre implementado apenas nela,
não se pode dizer que tenha tido origem ou pertença apenas a ela. A idéia original do
hipertexto surgiu com Vannevar Bush e foi apresentada pela primeira vez em 1945 no artigo
_____________ 13 BERNERS-LEE, Tim. Press FAQ. Disponível em <http://www.w3.org/People/Berners-Lee/FAQ.html>. Acessado em novembro de 2002. Traduzido livremente por Murilo Pinto
10
As We May Think14. Em oposição aos sistemas artificiais de indexação e organização de
informações existentes, fortemente baseados em níveis e classes, ele propunha o Memex, um
sistema “natural”, semelhante ao funcionamento da mente humana, que funcionaria por
associações. Todas as fontes de informação de uma pessoa seriam centralizadas nele: uma
série de periféricos converteria livros, imagens e sons em microfilmes e fitas magnéticas. A
partir disso, o usuário poderia navegar pelas informações de forma não linear, “chamando” a
informação que necessitasse a qualquer momento, não importando onde ela estivesse
guardada originalmente, criando associações independentes (e mesmo trilhas, linhas de
pensamento) que ficariam gravadas nos documentos, podendo ser reproduzidas ao toque de
um botão. 15
Na década de 70, o conceito seria retomado por Theodore Nelson, que criaria o termo
hipertexto para designar a idéia de seu Xanadu: um imenso sistema de escrita/leitura contendo
todas as informações literárias e científicas do mundo, aberto para comentários e trocas de
informações livres a todos os usuários.16
Essas referências ideais e utópicas estão longe de serem alcançadas, mas não se pode
dizer que sejam inalcançáveis; seria mais apropriado dizer que é uma questão de tempo até
que a tecnologia que as possibilite seja desenvolvida. Desta forma, a melhor definição para o
hipertexto, como existe atualmente, vem de Pierre Lévy: Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem ser eles mesmos hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira. Funcionalmente, um hipertexto é um tipo de programa para a organização de conhecimentos ou dados, a aquisição de informações 17
Para entender a novidade que o hipertexto representa e suas implicações no modo como
lidamos com a informação, é preciso compará-lo com sistemas anteriores de escrita. Se
selecionarmos a mudança causada na ciência, leitura e escrita a partir da introdução da
impressão, teremos um resultado satisfatório.
Se as características dos livros manuscritos eram alto custo de reprodução, falta de
padronização, notações pessoais em margens e rodapés e traziam consigo implícita a
_____________ 14 Para uma reprodução integral do artigo: http://www.theatlantic.com/unbound/flashbks/computer/bushf.htm 15 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit. 16 Ibid. 17 Ibid.
11
necessidade de tutores (os donos dos livros) com vários alunos, a impressão tornou-os
paulatinamente populares – à medida que caiam os custos de impressão e aumentava a
portabilidade e usabilidade do livro – a ponto de fazer da alfabetização uma necessidade
básica e instituiu uma série de elementos de interface que, de tão disseminados e antigos
passam despercebidos: capa, cabeçalhos e títulos, numeração seqüenciada de notas, páginas e
seções, sumários e índices, referências cruzadas, etc.18 A própria espessura de um livro traz
informações sobre ele. Enfim, o livro é uma interface, bastante específica e historicamente
determinada, construída sobre um suporte existente anteriormente, que influencia há poucos
séculos o modo como lidamos com as informações.
O mesmo ocorre com o hipertexto. Ele é uma interface nova de leitura e escrita que tem
como suporte a interface amigável19: • representação figurada, diagramática ou icônica das estruturas
da informação e dos comandos (por oposição a representações codificadas ou abstratas);
• uso do mouse que permite ao usuário agir sobre o que ocorre na tela de forma intuitiva, sensoriomotora e não através do envio de uma seqüência de comandos alfanuméricos [linha de comando];
• os menus que mostram constantemente ao usuário as operações que ele pode realizar;
• a tela gráfica de alta resolução.
Toda interface traz implícita uma forma de usá-la. A leitura de um livro difere da de um
jornal. A evolução dos livros causada pela impressão e pelo agenciamento sócio-técnico do
Renascimento permitiu que a escrita deixasse de ser uma simples técnica de memorização e
armazenamento de dados ou uma arte – a caligrafia – e se tornasse uma ferramenta de
comunicação20. Reitere-se: a escrita só se tornou uma ferramenta de comunicação muitos
séculos após sua invenção, quando a impressão foi apropriada pela sociedade com esse fim.
No hipertexto, convencionou-se chamar a esse uso de navegação. Ele difere
grandemente dos usos anteriores da escrita, e mais ainda das “novas mídias” eletrônicas. Mas
para definirmos uma linguagem como própria da ou apropriada à Web, é preciso comparar
mais detidamente as características das mídias preexistentes, suas implicações sociais e como
elas se comportaram frente às mídias nascentes, o que faremos adiante.
Lévy define ainda o hipertexto como uma metáfora de diversos fenômenos sociais, num
sentido que coincide com a sociedade em rede, conceito proposto por, entre outros, Castells.
_____________ 18 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit. 19 Ibid. 20 Ibid.
12
As redes hipertextuais ou informacionais, sejam elas sociais, a Internet ou outras, têm como
características21: • Encontram-se em permanente construção e reconfiguração.
Nós – sites, pessoas, instituições, fábricas, cidades, etc. – surgem, crescem e morrem a cada instante. Cada nó individual não importa tanto quanto a rede, já que na falta dele, outro assumirá sua função;
• Os pontos da rede não são iguais. Diferem em importância (“tamanho”), função, características, etc.;
• A Rede é composta de diversas redes, constituídas por miniredes que são constituídas por microredes e assim sucessivamente. Perturbações em qualquer estágio propagam-se indefinidamente, podendo atingir um grande número de atores ou pontos da Rede não diretamente relacionados ao evento inicial;
• As redes não têm centro, exceto por diversos centros temporários, que são os nós principais;
• Todos os pontos de uma rede estão igualmente ligados, a uma mesma “distância”. A distância pode ser nula ou infinita, significando que se está dentro ou fora da rede, mas é igual entre todos os pontos de uma mesma rede. Todos os movimentos, ou eventos, na rede dependem dessa proximidade. Alterar o posicionamento de um elemento da rede implica alterar ela própria.
Essas características, somadas a outras tantas, definem o ciberespaço e a cibercultura. É
o que veremos a seguir.
_____________ 21 CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Op. cit.
13
3 O CIBERESPAÇO
[Ciberespaço:] uma representação gráfica de dados extraídos de
bancos [de dados] de todos os computadores no sistema humano.
Complexidade inimaginável. Linhas de luz vagando no não espaço da
mente, enxames e constelações de dados.
Willian Gibson – Neuromancer,
citado no site do filme Johnny Mnemonic
Chamaremos de ciberespaço22 uma forma específica da Internet e da Web. Uma forma
adequada ao que entendemos como o objetivo principal do desenvolvimento das tecnologias
de informação. Não é o único imaginável, mas é o nosso. É fundamental a defesa desse
projeto nas mais diversas esferas, já que o modelo de uso do ciberespaço ainda está
largamente indefinido e será consolidado a partir das práticas e decisões sociais, comerciais,
políticas, técnicas, etc. que aplicarmos, implantarmos e aceitarmos. “O ciberespaço designa
menos os novos suportes de informação do que os modos originais de criação, de navegação
no conhecimento e de relação social por eles propiciados.”23
É importante ressaltar que essas escolhas, mesmo quando “apenas técnicas”, tem
conseqüências em todas as outras esferas. Num exemplo próximo, a Universidade Estadual de
Londrina, ao optar por usar em seus servidores sistemas fechados, proprietários – servidores
Web IIS*, da Microsoft, e banco de dados Oracle – praticamente impede a utilização de
programas (ou scripts) livres, de menor custo ou mesmo gratuitos, adaptáveis e que
transmitem conhecimento – como no caso do servidor Apache ou do banco de dados
MySQL* – em vez de simplesmente consumi-los. Uma decisão simplesmente técnica, tomada
pelos administradores da rede, tendo em vista facilitar a manutenção de sistemas criados por
terceiros, dada a alta rotatividade de desenvolvedores (alunos e professores), e totalmente
justificável sob esse aspecto24. Mas com implicações amplas no contexto maior. Este projeto,
por exemplo, que tem custo zero em termos de software, não poderia ser hospedado nela. “É _____________ 22 LEITE, Sílvia. Internet e ciência: O potencial da Internet como contribuinte para o desenvolvimento da ciência. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24, 2001, Campo Grande. Anais... [s.l.]: Intercom, 2001. CD-ROM. 23 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva – por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Ed. Loyola, 2000. 212p. 24 Leonardo Pinheiro, administrador da rede UEL. Conversa pessoal com Murilo Pinto.
14
preciso deslocar a ênfase do objeto (o computador, o programa, este ou aquele módulo
técnico) para o projeto (o ambiente cognitivo, a rede de relações humanas que se quer
instituir.”25
Nesse sentido, entendemos o Ciberespaço como um contraponto à sociedade do
espetáculo, da televisão, da mídia de massa, do entretenimento, do tempo real. Uma superação
dela. A Internet não estará consumada com a implantação ampla da banda larga e do vídeo
sob demanda. Não queremos uma mesma televisão, apenas on-line e “interativa”. Isso é para a
TV digital. Nem um shopping global, como Bill Gates expressa em seus projetos Hailstorm*
e .Net*. Ou um pan-ótico orwelliano, como o instituído pelos Estados Unidos com seus
Echelon*, Carnivore* e TIA*.
Com Lévy26, pensamos que os princípios do Ciberespaço, a serem defendidos em
diferentes níveis, são representados por: • instrumentos que favorecem o desenvolvimento do laço social pelo
aprendizado e pela troca do saber; • agenciamentos de comunicação capazes de escutar, integrar e restituir a
diversidade, em vez daqueles que reproduzem a difusão midiática tradicional;
• sistemas que visam o surgimento de seres autônomos, qualquer que seja a natureza dos sistemas (pedagógicos, artísticos, etc.) e dos seres (indivíduos, grupos humanos, obras, seres artificiais);
• engenharias semióticas que permitem explorar e valorizar, em beneficio da maioria, os jazigos de dados, o capital de competências e a potência simbólica acumulada pela humanidade.
Isso não significa que esses projetos sejam auto-excludentes. Eles podem e deverão
coexistir, embora nem sempre de forma pacífica. É o que tentaremos mostrar no próximo
capítulo.
_____________ 25 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit. 26 Id. A inteligência coletiva. Op. cit.
15
3.1 CIBERESPAÇO: O ESPAÇO DO SABER
Os seres humanos não habitam apenas no espaço do físico ou
geométrico, vivem também, e simultaneamente, em espaços afetivos,
estéticos, sociais, históricos; espaços de significação, em geral.
Michel Serres, citado por Pierre Lévy – A inteligência coletiva
Lévy propõe uma visão antropológica do Ciberespaço a partir do conceito dos Espaços
antropológicos, que define como um sistema de proximidade (espaço) próprio do mundo humano (antropológico), e portanto dependente de técnicas, de significações, da linguagem, da cultura, das convenções, das representações e das emoções humanas. [...] As pessoas de pé à minha volta, no metrô, estão mais distantes de mim, em um espaço afetivo, do que minha filha ou meu pai, que estão a quinhentos quilômetros daqui. 27
Ele define também a existência de quatro espaços antropológicos: Terra, Território, das
Mercadorias e do Saber, cujas características ele aborda através das identidades humanas, das
semióticas, do tempo e do espaço e das relações com o conhecimento. Nessa perspectiva,
explicitaremos as características e diferenças dos Espaços.
3.1.1 A TERRA
Só os seres humanos vivem sobre a Terra;
os animais habitam nichos ecológicos.
Pierre Lévy – A inteligência coletiva
A Terra é a natureza recoberta pela ação – e significação – humana. Nela, o individuo se
reconhece por seu nome, seu clã, seus ascendentes, deuses e mitos. Seu corpo é o veículo e a
mensagem, cuja marca é a presença física necessária do emissor e do receptor no mesmo
contexto. A geografia, na Terra, é criada pelas trilhas dos povos nômades e animais. Ela é
também a memória dos homens, que se referem a acidentes geográficos em seus mitos e
_____________ 27 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Op. cit. Toda a teoria deste capítulo remete largamente a esta obra.
16
histórias. O tempo é circular: os eventos, como as estações, se repetem indefinidamente; as
lendas, ferramentas de memória e conhecimento, são eternas, mesmo quando se referem a
uma novidade – um deus ou algo do gênero, situado no passado infinito, sempre estará
presente. Os rituais, que reforçam identidades, são também os mesmos, sempre, e sempre se
referem ao divino ou mitológico.
O saber está encerrado na carne, nas pessoas, que o transmitem oralmente à
comunidade.
3.1.2 O TERRITÓRIO
O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo
cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou
pessoas suficientemente simples para acreditá-lo.
Jean-Jacques Rousseau – Discurso sobre a origem e os
fundamentos da desigualdade entre os homens
O Território estabeleceu-se há cerca de 5000 anos, com o desenvolvimento de
tecnologias que permitiram ao homem fixar sua residência e administrar as novas relações
sociais e econômicas que surgiram, em especial a agropecuária e a escrita. Elas propiciaram o
nascimento do Estado, que exigiu também o desenvolvimento de exércitos, leis,
administrações, cidades. O Território sobrepuja a Terra: explorando seus recursos em
beneficio próprio; limitando as ações através da delegação de poder; inaugurando a
propriedade, pedaço da Terra cercado pelo Território. A hierarquia e tudo que se organiza por
meio de fronteiras, escalas e níveis, são as marcas deste espaço, que se percebe em relações
sociais, familiares, educacionais, etc.
A política, a propriedade, a religião, a nacionalidade, a corporação, escola ou sindicato
são as definidoras da identidade dos homens – fronteiras.
Com a escrita e a impressão, a mensagem é separada do contexto onde é produzida. A
fala também é sedentarizada: Os signos já não são apenas trocados na situação, mas podem ser separados de seus autores, separados das potências vivas a que se apegavam no regime semiótico da Terra. [...] Os signos representam as coisas: tornam presentes as coisas ausentes. [...] Entre os signos e as coisas interpõe-se de agora em diante o Estado, a hierarquia e seus escribas. [...] A coisa está ausente, ela nos
17
escapa; pois só a apreendemos mediante seu nome, seu conceito, sua imagem, sua percepção, sempre signos. A coisa só aparece aqui sob a forma neutra, pálida e sem vida de seu representante. Não é mais que seu inacessível ‘referente’ . A coisa em si é transcendente.28
O tempo também é fixado pelo Território. Períodos são marcados a partir de dinastias e
reis; a agricultura submete-se a regras e políticas de estoque, baseadas nas previsões feitas. O
tempo é linear e lento, regrado. A geografia são mapas, latitudes, coordenadas – escrita.
O saber é contido por especialistas, em obras herméticas. E é universal, pois independe
do contexto.
3.1.3 O MERCADO
Como o rei Midas transformava inevitavelmente em ouro tudo o que
tocava, o capitalismo transforma inelutavelmente em mercadoria tudo
o que consegue incluir em seus circuitos.
Pierre Lévy – A inteligência coletiva
À dominação do Território, segue-se agora a do Mercado. Como todo Espaço
emergente, o Mercado reorganiza o Território e a Terra, utiliza-se deles, os explora e supera:
a globalização elimina fronteiras, desterritorializa, diz o senso comum.
Pode-se fixar seu período de maior relevância nos séculos XIX e XX. A teoria de Marx,
centrada na economia, serve como exemplo da predominância – porque, vale lembrar, os
espaços coexistem e não podem simplesmente deixar de existir – do Mercado no período.
Nele, a identidade é dada pelo salário, pelo status social, pelo consumo. O trabalho,
antes ele mesmo uma identidade, serve mais para uma satisfação do desejo de consumir.
O espaço no Mercado é traçado por redes globais, desnacionalizadas. As fronteiras -
comerciais, políticas, culturais – são forçadas e tentadas a cair. O tempo da Mercadoria é
acelerado: os estoques planejados do Território são desprezados em favor de um fluxo
ininterrupto de produtos, just in time. O tempo real, não mais seqüencial, mas paralelo, anula
a linearidade da história – simultaneidade. A geografia do Mercado é criada por estatísticas e
gráficos: tudo é média, captada instantaneamente, em fluxos, sobretudo os econômicos.
_____________ 28 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Op. cit.
18
No campo da comunicação, a imagem, e não só mais a fala, é também separada de seu
contexto de criação: “o signo é desterritorializado”29. O referente, a coisa, encontra-se tão
distante do signo que já nem é necessário – ilusão e ausência. A moeda continua a circular, na ausência do padrão-ouro. A melodia ouvida no rádio ou gravada no disco jamais foi cantada como a ouço: trata-se apenas de um efeito de estúdio, só existe na esfera do espetáculo. A imprensa e a televisão criam o acontecimento, produzem a realidade midiática, evoluem em seu próprio espaço em vez de nos enviar os sinais das próprias coisas. A referência só remete à midiasfera. A grande loja do signo, ou o Espetáculo, torna-se uma espécie de super-realidade pela qual toda fala, ou toda imagem, deve passar, caso pretenda ter alguma eficácia. A passagem nos circuitos midiáticos destrona a representação: ‘Visto na TV’... [...] É isso o Espetáculo: todo o real é passado para o lado do signo. Os fatos, as pessoas, as obras são signos. E são tratados, reproduzidos, difundidos como tais.30
O conhecimento é aberto, pelas universidades, pela mídia, pelas indústrias inovadoras.
Como as fronteiras nacionais, as ciências se misturam em interdisciplinaridade e se difundem
por bibliotecas, revistas, seminários, bancos de dados. O hipertexto – sistema de referências,
notas de rodapé e citações – se revela como memória coletiva humana e sujeito do saber. A
teoria, explicação do Livro universal, é suplantada por modelos e simulações, menos
definitivos e com respostas mais imediatas.
O Espaço do Saber insinua-se.
3.1.4 O SABER
Sejamos francos: o Espaço do saber não existe.
Pierre Lévy – A inteligência coletiva
Lévy afirmava em 1994 – antes, por exemplo, do surgimento da Internet comercial no
Brasil – que o Espaço antropológico do Saber não existia, no sentido de não ter se realizado
em lugar algum; existia potencialmente (ou virtualmente), mas poderia nunca ser cristalizado,
jamais atingir um ponto de não-retorno. Hoje, pelo lado das mercadorias, o Espaço do saber ainda se encontra submetido às exigências da competitividade e aos cálculos do capital. No Território, ele se subordina aos objetivos de potência e à gestão burocrática
_____________ 29 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Op. cit.. 30 Ibid.
19
dos Estados. Na Terra, enfim, ele é sempre absorvido nos mundos cerrados e nas mitologias arcaicas da new age [...]31
A emergência de um Espaço novo traz complicações aos que a vivem. Como a maioria
da população pode se reconhecer em relação ao Saber? Todos compramos e nos relacionamos
com o Mercado; todos habitamos um Território, falamos uma língua; todos temos um nome e
uma religião, mesmo que seja a da negação total. Mas quantos produzem ou consomem
Saber?
Se o conceito de Saber for limitado à produção científica, a resposta será poucos. Mas
não é o caso: Saber, aqui e como em Lévy, refere-se a todo o escopo das relações humanas,
que produzem conhecimentos diversos continuamente, e não somente de forma racional. “Não
se trata de autonomia do conhecimento científico em si mesmo, que tem seu direito
reconhecido há pelo menos vinte e cinco séculos, mas de um espaço do vivre-savoir e do
pensamento coletivo que poderia organizar a existência e a sociabilidade das comunidades
humanas.”32
Mas, ainda assim, como é definida a identidade no Espaço do Saber, ou como
chamaremos doravante, Ciberespaço? De forma geral, a identidade é dada pelas comunidades
virtuais, ou intelectuais coletivos, das quais os indivíduos participam. Essas identidades são
temporárias, por vezes efêmeras, e se formam a partir das interações que o indivíduo realiza
com a comunidade e seus membros. E são também múltiplas, já que os membros de uma
comunidade são livres para se associar a outras tantas. E a comunidade serve também de
instrumento de identificação às outras comunidades, que também se afirmam de forma
dinâmica, a partir das ações de seus membros. E essa ação é principalmente, senão
essencialmente, significante.
O Ciberespaço provoca o retorno do “real” ao campo da significação. As separações
entre signo e referente do Território e do Mercado são anuladas pela ação efetiva, recíproca,
dinâmica e necessária dos indivíduos em suas comunidades intelectuais, que reconfiguram a
todo instante não só a mensagem, mas o próprio contexto.
Exemplo disso é a nova relação com o tempo. Se ele era determinado pelo cosmo, na
Terra, pelas leis humanas e científicas no Território, e pela velocidade dos circuitos e da
economia no Mercado, os intelectuais coletivos assumem controle de suas temporalidades de
forma subjetiva. O tempo são ritmos interiores que se ajustam em um espaço coletivo.
_____________ 31 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Op. cit. 32 Ibid.
20
A geografia do Ciberespaço é definida pelos intelectuais coletivos, “comunidades
humanas comunicando-se consigo mesmas, pensando a si próprias, partilhando e negociando
permanentemente suas relações e seus contextos de significações comuns”33. Toda ação, ou
falta de ação, reconfigura o ambiente, o espaço, o contexto, a mensagem enfim. Ao ler uma
notícia ou baixar um documento, mesmo sem a intenção, o usuário reforça a credibilidade do
link. Como formigas, o usuário está reforçando a trilha ao utilizá-la. Tecnologias de sucesso,
como a do serviço de busca Google34, são baseadas nessa receita.
Os inteligentes coletivos contêm o conhecimento de forma integrada, dinâmica e
contínua, não compartimentada em disciplinas ou fragmentada em fluxos de dados. As
comunidades virtuais são ambientes de troca de informações e conhecimentos. Este é seu
objetivo, um “meta-objetivo”. Diferentemente do Mercado, que tem como objetivo o lucro, do
Território, que visa o poder e o controle, ou da Terra, que busca o divino, o Ciberespaço tem
como Norte o saber, por si mesmo. “Os produtos das novas indústrias de tecnologia da
informação são dispositivos de processamento da informação ou o próprio processamento da
informação.”35
Neste ponto, poderíamos passar a uma conclusão sobre a existência ou não do Espaço
do Saber atualmente. Mas fazê-lo não tem propósito. Como já foi dito, o Ciberespaço existe,
virtual, potencialmente. Cabe a nós atualizá-lo e cristalizá-lo. Isso só é possível com esforço
cotidiano no sentido de concretizar o projeto.
Antes de irmos ao projeto específico de nosso trabalho, definiremos a relevância das
escolhas técnicas na constituição da sociedade e cultura, e como essas ferramentas intelectuais
alteram o modo como nos relacionamos com o conhecimento.
_____________ 33 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Op. cit. 34 http://www.google.com.br, no Brasil. 35 CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Op. cit.
21
4 AMBIENTES COOPERATIVOS
Não sou “eu” que sou inteligente, mas “eu” com o
grupo humano do qual sou membro, com minha
língua, com toda uma herança de métodos e
tecnologias intelectuais.
Pierre Lévy – A Inteligência Coletiva
Os ambientes cooperativos, groupwares, são ferramentas on-line de auto-organização
de sistemas sociais. Empresas e instituições podem ser vistas como sistemas sociais e, mais
importante, comunicacionais, nos quais as mensagens e conversas, mais que simples trocas
de informações, são “atos de linguagem, que comprometem aqueles que os efetuam frente a si
mesmo e aos outros”36. O groupware surge como uma ferramenta de organização dessa rede
de interações e coordenação das ações dos indivíduos.
Abordaremos suas características e relações com o conhecimento e o pensamento.
4.1 A ARGUMENTAÇÃO HIPERTEXTUAL
O objetivo de uma discussão ou debate não
deveria ser a vitória, mas o progresso.
Joseph Joubert
Uma das principais características do groupware é a forma com que as mensagens são
trocadas em sua rede: em uma conversa, a argumentação é muitas vezes superficial, menos
sistematizada, hierarquizada e organizada que textos escritos, em função das deficiências da
memória humana de curto prazo. “Usamos processos retóricos mais do que raciocínio passo a
passo. Reafirmamos nossos argumentos em vez de avaliar em conjunto as provas e
justificativas de cada inferência”37. Mesmo o texto escrito traz uma estrutura argumentativa
_____________ 36 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit. 37 Ibid.
22
que nem sempre se encadeia da mesma forma que o pensamento, o que pode levar a mal-
entendidos.38
O groupware, estruturado em hipertexto, permite uma representação gráfica da estrutura
de argumentos, além de sua ligação com outros documentos de referência, que ampliam e
aprofundam o debate e embasam a discussão.39
Em certa medida, as discussões em um ambiente cooperativo perdem em personalismo.
O que é dito importa mais do que quem o diz, apesar da identidade, construída em cima da
acuidade e correção das observações avaliada pelos outros membros da comunidade – e não
sobre títulos ou posições –, ser um fator importante na credibilidade do emissor. Mas a
mensagem principal é resultado da discussão progressiva e acumulativa, na qual até o menor e
banal argumento pode se revelar um insight relevante. Não se pensa em réplica e tréplica, mas
em uma cadeia de argumentos, mesmo que discordantes, em torno da solução de um problema
comum aos integrantes. Como tende a ser também extensivamente documentada, a discussão
é um modo efetivo de transmissão de conhecimentos.
Duas aplicações podem ser facilmente reconhecidas como groupwares: sistemas de
fóruns e de notícias que permitam comentários. No primeiro, qualquer usuário envia uma
mensagem, iniciando uma discussão (thread). Colocará um problema, uma pergunta, ou fará
uma proposição. Outros, de acordo com seus interesses e conhecimentos individuais, irão
responder a ela, negando sua validade, discutindo melhores abordagens, simplesmente
referendando a posição original, dizendo como o problema também os afeta ou como lidaram
com ele. Muitas vezes, a discussão muda totalmente de objetivo à medida que vão sendo
acrescentadas observações. O mesmo ocorre com sistemas de notícias que permitem
comentários. Um exemplo aleatório: o portal de jornalismo e comunicação Comunique-se40
noticiou o disparo efetuado contra uma equipe de reportagem londrinense. Uma nota curta é
expandida em discussão sobre punição para menores, a situação dos jornalistas e da
criminalidade e até os efeitos da corrupção do prefeito recentemente retirado do cargo.
Lévy propõe que o hipertexto seja atualmente a metáfora mais apropriada do modo do
pensamento e comunicação humanos: A operação elementar da atividade interpretativa é a associação; dar sentido a um texto é o mesmo que ligá-lo, conectá-lo a outros textos, e portanto é o mesmo que construir um hipertexto. […] Para que as coletividades compartilhem um mesmo sentido, portanto, não basta que cada um de seus membros receba a mesma mensagem [já que os contextos e referências intelectuais de cada um podem ser muito divergentes]. O papel dos
_____________ 38 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit.. 39 Ibid. 40 http://www.comunique-se.com.br
23
groupwares é exatamente o de reunir, não apenas os textos, mas também as redes de associações, anotações e comentários às quais eles são vinculados pelas pessoas. Ao mesmo tempo, a construção do senso comum encontra-se exposta e como que materializada: a elaboração coletiva de um hipertexto. […] Mais uma vez, é preciso inverter completamente a perspectiva habitual segundo a qual o sentido de uma mensagem é esclarecido por seu contexto. Diríamos antes que o efeito de uma mensagem é o de modificar, complexificar, retificar um hipertexto, criar novas associações em uma rede contextual que se encontra sempre anteriormente dada. O esquema elementar da comunicação não seria mais ‘A transmite alguma coisa a B’, mas sim ‘A modifica uma configuração que é comum a A, B, C, D, etc.’.41
4.2 FERRAMENTAS DE MEMÓRIA
Numa comparação entre sociedades orais, as baseadas na escrita e as “digitais”, Lévy42
reforça as implicações desses diferentes modos de cognição no conhecimento e cultura
humanos.
Como já dissemos ao abordar o Espaço antropológico da Terra, nas sociedades orais o
conhecimento é encarnado nos anciãos. Ele precisa ser transmitido, na forma de histórias,
mitos, lendas, reiteradamente, sob risco de liquidar o conhecimento caso a história seja
esquecida pelo grupo, ou devido à morte de um membro-chave. Os rituais são um modo de
atualizar e disseminar esses conhecimentos.
Com o surgimento da escrita – mais especificamente após a impressão – o modo de
conhecimento das sociedades orais foi desvalorizado em favor da erudição literária. A escrita,
tecnologia própria do Território, permitiu a emergência da teoria como forma predominante
de conhecimento. A teoria define-se como uma proposição universal, independente de um
contexto, auto-suficiente, mas que ao mesmo tempo se refere ou interpreta outras teorias e
tradições. O livro possibilita a acumulação e aprofundamento dos conhecimentos e
mensagens, ao servir de memória de longo prazo e também suporte perene das
argumentações.
Para Lévy, a escrita separou a memória dos sujeitos e comunidades. Ao ser objetivada
em um conhecimento universal, impessoal, permitiu que uma outra questão, filosófica,
surgisse: a verdade também independe dos sujeitos? Em outras palavras, o surgimento do
pensamento racional teria sido condicionado – mas não determinado – pela existência da
escrita.
_____________ 41 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit. 42 Ibid.
24
A prosa escrita não é um simples modo de expressão da filosofia, das ciências, da história ou do direito. Ela os constitui, já que estes domínios do conhecimento, tal como os conhecemos hoje, não preexistem a ela. [...] Descartes ou Leibniz [...] jamais teriam sido aquilo que foram sem a impressão. Mas nem Descartes nem Leibniz podem ser deduzidos da prensa mecânica inventada por Gutenberg. [...] Não se trata de identificar a prensa mecânica com a ‘ciência’ou o ‘progresso’: no século XVI, foram impressos tratados de ocultismo e libelos incitando as pessoas a guerras religiosas, para não falar daquilo que se publica hoje! Mas, ainda assim, podemos sustentar que a invenção de Gutenberg permitiu que um novo estilo cognitivo se instaurasse.43
A informática ampliou exponencialmente a capacidade de armazenamento, transporte e
velocidade de consulta das tecnologias intelectuais no que diz respeito ao suporte à memória,
além de adicionar novos modos de comunicação, como o audiovisual. Esse aumento da
informação disponível gera não só benefícios, mas também novos problemas, em especial:
credibilidade e valor de uma informação entre tantas, como encontrar “a agulha no palheiro”,
fragmentação da mensagem e efemeridade das informações.
Mas falamos aí de um banco de dados “em estado natural”. Para remediar esses
problemas, adicionamos, sistematicamente, interfaces.
4.3 A QUESTÃO DA INTERFACE
De forma geral, interface significa contato entre meios diferentes, tradução, mediação,
uma relação semântica44. Um controle remoto é uma interface homem/televisão, obviamente
diferente, mesmo em suas implicações, do comando “direto” via painel frontal. Mas um
vídeo-cassete também é uma interface homem/tevê.
Em termos informáticos, pode ser um modem, que põe em contato meios diferentes (o
analógico dos telefones e o binário dos computadores). Mas usualmente se refere à interface
homem/máquina (HCI, na sigla em inglês), que é definida pelo “conjunto de programas e
aparelhos materiais que permitem a comunicação entre um sistema informático e seus
usuários humanos”45.
Lévy considera “a interface” como uma rede de interfaces, camadas que se superpõem
sucessivamente a cada inovação tecnológica. Assim, ele ilustra, um livro, interface mais
comum de leitura há séculos, é constituído das interfaces: escrita, que é a interface visual da
_____________ 43 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit.. 44 JOHNSON, Steven. Cultura da Interface. Op. cit. 45 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit.
25
língua e do pensamento; fonemas; alfabetos, romano, árabe ou outro; caligrafia ou tipologia;
material ou suporte sobre o qual está registrado, que pode tão diferente quanto um papiro ou
uma tábua de argila, o que acarreta usos obviamente diferentes. “A interface condiciona a
dimensão pragmática, aquilo que pode ser feito com a interface ou o ‘conteúdo’, termo tão
inadequado”46.
Qual então o papel da interface groupware na Web? Uma visão bastante popular da
Internet é a que afirma sua condição fragmentária, efêmera, poluidora, ruidosa. É difícil não aderir a esse consenso geral. [...] A notícia chega de fato em blocos cada vez mais curtos (embora talvez não a ponto de se reduzir a notícia nenhuma), e o espectador ideal da maior parte dos entretenimentos visuais sofre indubitavelmente de um caso crônico do distúrbio do déficit de atenção. [...] No entanto, contra todo esse deslocamento, sobrecarga e multiplicidade, há a interface. Quase sempre falamos sobre a interface gráfica como se ela fosse a culminação lógica da revolução digital, sua glória máxima, mas a verdade é que a interface serve em geral como um antídoto para as forças desencadeadas pela era da informação.47
Assim, um sistema de busca serve como filtro para a infinidade de sites, em grande
parte insignificantes. As melhores engines, softwares, logaritmos – interfaces – terão mais
sucesso por serem mais úteis aos usuários. Voltando ao controle remoto: ele nos livra de
levantar e rodar um sintonizador com números que significam quase nada, nos aproximarmos
da tevê para abaixar o volume só para descobrirmos, ao voltarmos ao sofá, que ficou baixo
demais; as tecnologias – interfaces – que automaticamente buscam sintonizar a imagem nos
separam de um complicado e preciso procedimento de ajuste, que muitas vezes é prejudicado
pela falta de destreza manual do usuário. Dito de outra forma, ele também filtra as
informações, reduzindo as opções ou variáveis nos processos. É por isso que deveríamos conceber a interface, em última análise, como uma forma sintética, em ambos os sentidos da palavra. Ela é uma espécie de embuste, uma paisagem falsa que passa pela coisa real, e – o que talvez seja mais importante – é uma forma que trabalha a serviço da síntese, reunindo elementos díspares num todo coeso. [...] A turbulência conceitual – a impressão de que o mundo está se acelerando à nossa volta, puxando-nos em milhares de direções ao mesmo tempo – é uma tradição profundamente moderna, com raízes que remontam a cem anos atrás. O que distingue nosso próprio momento histórico é que surgiu uma balança projetada precisamente para contrabalançar essa tendência, combater a fragmentação e a sobrecarga com síntese e interpretação. [...] Ela torna a informação assimilável por nós ao encobrir a maior parte dela – pela simples razão que ‘a maior parte dela’ é multitudinária demais para ser imaginada num único pensamento48
_____________ 46 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Op. cit.. 47 JOHNSON, Steven. Cultura da Interface. Op. cit 48 Ibid.
26
Alguns dos principais elementos da interface de ambientes cooperativos são o tema do
próximo item.
4.4 FERRAMENTAS DE INTERFACE
Um dos modos mais comuns de filtragem de informações atualmente é o comentário.
Pode ser o comentário incluído no rodapé da notícia, o feito através de blogs ou de colunistas,
todos textos que comumente remetem a outros e, ao fazê-lo, modificam seus sentidos, filtram-
los. A própria mensagem dos comentários é importante, mas outro filtro está também
implicado em muitas interfaces: as trilhas.
As trilhas podem ser definidas como os caminhos que os usuários traçaram ao navegar
por um site. Essa navegação é, sempre, registrada. Em sistemas groupware, o principal
objetivo desse registro é utilizar essa informação, essa navegação, no que ela possa significar
para a coletividade. Assim, ao emitir um comentário, mesmo que depreciativo, o usuário está
valorizando aquela informação no que ela pode ter de novidade. A trilha, aqui, se reflete na
quantidade de respostas, comentários ou mesmo leitores de determinada discussão ou notícia.
Da mesma forma, uma enquete será, ao menos inicialmente, considerada mais relevante se
mais pessoas estiverem participando dela, um arquivo terá mais valor se tiver sido mais
baixado, e um link deverá ser melhor – ou assim será considerado – se tiver mais visitas.
Obviamente, o critério não poderia ser simplesmente numérico, apesar de este ser
efetivo, já que diferentemente de outros métodos de quantificação reflete as ações reais dos
usuários. Para aumentar a validade dos dados, utilizam-se recursos de avaliação e voto: dá-se
maior nota aos recursos – notícias, downloads, links, usuários – que mais auxiliaram o
navegante. Ao longo do tempo, essas informações são preciosas para os usuários novatos ou
recém-chegados.
Os sistemas de busca também são ferramentas importantes de interface. Compare um
site com um livro – principalmente os sem índice remissivo – e terá imediatamente uma idéia
das diferenças.
Todos esses recursos trabalham juntos. Nos resultados de uma busca, por exemplo, os
códigos tendem a mostrar primeiro os recursos com melhor índice de incidência dos termos
pesquisados, que podem ser balanceados para privilegiar os mais bem-avaliados e exibir a
quantidade de comentários feitos sobre o resultado proposto, por exemplo. Alguns sistemas
27
indicam também as buscas mais comuns relacionadas ao tema ou valorizam os links com mais
visitações.
Ainda, se na televisão o zapping de canais é fragmentador, a navegação por hyperlinks é
agregadora: Um surfista de canais fica saltando entre diferentes canais porque está entediado. Um surfista da Web clica num link porque está interessado. [...] um link é uma maneira de traçar conexões entre coisas, uma maneira de forjar relações semânticas [...] [ele] deveria ser compreendido em geral como um recurso sintético, uma ferramenta que une múltiplos elementos num mesmo tipo de unidade ordenada.49
Essa confusão, entre o zapping da televisão e a navegação da Web, bastante comum
principalmente entre críticos de mídia, talvez explique a falta de uso massivo de hyperlinks
significativos, em meio ao texto, como complementos dele, em vez dos apenas burocráticos,
distribuídos ao lado ou ao final do texto principal, que têm como destino outros “cadernos” de
jornais, outras “últimas notícias” ou empresas citadas na matéria. Por não se compreender
plenamente a natureza do meio e sua linguagem, escreve-se de forma linear e isso é, no
mínimo, um desperdício de recursos. Por essa razão, mais uma vez, não é apropriado
propormos aqui uma linguagem própria da Web ou, ainda pior, da Internet, mas do
Ciberespaço. Ou, tratando-se de jornalismo, de jornalismo on-line, digital, webjornalismo,
etc., em vez de ciberjornalismo.
_____________ 49 JOHNSON, Steven. Cultura da Interface. Op. cit
28
5 CIBERJORNALISMO
Optamos pelo termo ciberjornalismo por precisão. Digital remete a uma gama muito
ampla de modos de comunicação e se propõe mais, quando relacionado ao jornalismo, à
convergência de mídias e meios de transmissão e às ferramentas de produção dos conteúdos.
On-line implica a conexão simultânea, a atualização constante, a disponibilidade imediata e
em tempo real das mensagens e interlocutores, o que não ocorre sempre e, principalmente, em
groupwares; as discussões em fóruns por exemplo se estendem por longos períodos de tempo
cronológico e se sujeitam aos tempos subjetivos e à disponibilidade dos usuários. Ambos
abrangem desde vídeo on-demand até mensagens via pager ou e-mail.
O termo Webjornalismo restringe a atuação aos sites Web, mas se apresenta muito
contaminado pela moda e o modo que se faz jornalismo para a Web atualmente, deslumbrado
com as possibilidades da multimídia, mesmo sem ter dado a devida atenção às inovações
ainda exploráveis do texto – ou hipertexto – escrito, e ligado de forma muito estreita ao
conceito de tempo real.
Ciberjornalismo, por outro lado, se relaciona diretamente ao conceito de Ciberespaço
que apresentamos anteriormente. Evoca também, através do antepositivo ciber-, a idéia do
governo do jornal – ou site – pelo leitor50. Ele é o elemento principal, que deve ser valorizado
nesse ambiente. A interação integrada ao núcleo produtivo do site, somada ao uso das
ferramentas de interface também já apresentadas e outros elementos de linguagem e
navegação são as características delineadoras desse modo específico de jornalismo para a
Web.
No entanto, independentemente do tipo de site ou conteúdo em que apareça, o noticiário
para a Web deve seguir alguns padrões que se impõe: atualizar constantemente do conteúdo,
fornecer informação de fundo, ser concebido para a Web, conter bases de dados, áudio,
imagens e vídeo, aproveitar as possibilidades do meio e ser submetido à lógica de navegação
associativa e não seqüencial51, a fim de facilitar a apreensão da informação pelos usuários.
São ainda campos potenciais de análise do jornalismo para a Web: “o processo de
fabrico de conteúdos on-line e a reconversão das práticas profissionais, as fontes e o uso da
Internet para a investigação jornalística ou a credibilidade da informação on-line e a
_____________ 50 DICIONÁRIO Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa v. 1.0. CD-ROM 51 SOUZA, Jorge P. Qualidade percebida de quatro jornais on-line brasileiros. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24, 2001, Campo Grande. Anais... [s.l.]: Intercom, 2001. CD-ROM.
29
problematização do tradicional papel de gatekeeper do jornalista [...] a qualidade dos jornais
on-line”52, o formato, linguagem e redação da notícia, o uso do site pelo público, a multimídia
e a convergência digital, entre outros.
Com essa perspectiva, elegemos como temas principais, na perspectiva do trabalho, os
que se relacionam diretamente com a linguagem jornalística e a relação que o público
estabelece com a informação em sites Web e com os próprios sites, considerados como
sistemas sociais ou entidades.
5.1 INTERAÇÃO
Leitores são abundantes;
pensadores são raros.
Harriet Martineau
Se destacamos a necessidade de interação real, integrada intrinsecamente ao processo de
produção de conteúdo do site, isto deve-se ao menosprezo com que ela vem sendo tratada,
quando não nos discursos muitas vezes publicitários, na prática. Caio Túlio Costa, então
responsável pelo portal UOL*, dá um exemplo da maneira compartimentada com que se vê as
áreas, ao falar da audiência do site: “uns 30% [vem] da área de interação, os chats, etc... a
área de notícias eu diria por volta de 18 a 20%.” [grifo nosso]53.
O termo é assim definido pelo Houaiss: n substantivo feminino 1 influência mútua de órgãos ou organismos inter-relacionados Ex.: <i. do coração e dos pulmões> <i. do indivíduo com a sociedade a que pertence> 2 ação recíproca de dois ou mais corpos 3 atividade ou trabalho compartilhado, em que existem trocas e influências recíprocas 4 comunicação entre pessoas que convivem; diálogo, trato, contato 5 intervenção e controle, feitos pelo usuário, do curso das atividades num programa de computador, num CD-ROM etc. [...] 8 Rubrica: sociologia. conjunto das ações e relações entre os membros de um grupo ou entre grupos de uma comunidade [grifo nosso]54
_____________ 52 SOUZA, Jorge P. Qualidade percebida de quatro jornais online brasileiros. Op. cit. 53ACESSAMOS Caio Túlio Costa, do UOL, maior provedor do mundo em língua não inglesa. Revista Imprensa, São Paulo, n. 150, jul. 2000. 54 DICIONÁRIO Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa v. 1.0. Loc. cit.
30
Apesar dessa definição, bastante apropriada, percebe-se que os recursos considerados
interativos pelo UOL – bate-papo, fórum, enquete, etc. – são de interação homem-máquina ou
usuário-usuário, vistos ou empregados comumente mais como enfeites ou gracejos, não partes
integrantes do próprio fazer jornalístico.
Poucos sites nacionais, em especial os maiores, possibilitam o comentário das notícias a
não ser em fóruns muitas vezes desorganizados e desvalorizados a ponto de serem inúteis.
Mesmo quando tal ferramenta existe, a redação não se envolve no debate, não reage a ele, seja
de forma imediata ou posterior. Não se ouve a comunidade e menos ainda se responde a ela.
Nesse sentido, em vez de se fazer uma matéria tradicional e apenas adicionar a ela
ferramentas de debate entre os leitores, os próprios jornalistas deveriam participar da
discussão que se seguir. Por exemplo, o portal Comunique-se noticiou uma suposta
intervenção do governo paranaense no jornal O Estado do Paraná para demissão de um
jornalista. A discussão desenvolveu-se com acusações diversas contra o próprio site, contra o
jornal, o governo anterior e o próprio jornalista demitido. A repórter do site e o demitido
usaram o sistema de comentários para se defender, assim como o diretor do sindicato
paranaense e outros profissionais para esclarecem e abordarem outras questões.
No longo prazo, isso se refletiria no conteúdo e prestígio do site. O repórter ou editor
estaria intimamente ligado à comunidade, conhecedor de suas vontades, e seria também
reconhecido pelos leitores como um membro, não um estranho. Steve Outing já fazia essa
recomendação, de tornar os jornalistas do site em “personalidades”, há alguns anos. Para ele,
as mesmas notícias estão presentes em tantos diferentes sites (ou commoditizada) que é
preciso estabelecer relações pessoais entre leitores e jornalistas específicos55. “Como a
Internet é um meio claramente de dupla via, os sites plenamente interativos são aqueles que
unem as pessoas, que facilitam a comunicação entre usuários e entre os usuários e a equipe de
produção do site.”56
Essa visão de interação vai além do reducionismo que se vê comumente, que considera
ser uma “situação de interatividade [... o leitor] poder escolher, dentre a malha hipertextual,
aqueles links que ele deseja e que lhe darão a continuidade da informação”57. Sim, a “simples
_____________ 55 OUTING, Steve. Introduza alguma personalidade na Internet impessoal. Parem as máquinas, [s.l., 2000?]. Disponível em <http://www.uol.com.br/parem>. Acessado em [2000?]. 56 PRIMO; CASSOL, 1999. apud LEITE, Sílvia. Internet e ciência: O potencial da Internet como contribuinte para o desenvolvimento da ciência. Op. cit. 57 MIELNICZUK, Luciana. Interatividade e hipertextualidade no jornalismo online: mapeamentos para uma discussão. [s.l., sd.].
31
ação de navegar pelo jornal online é por si só uma atividade interativa”58, mas nem de longe a
mais produtiva, adequada ou representativa do jornalismo para Web.
Deve ser ressaltado que a comunicação normalmente não se dá através de um canal
exclusivo, mas envolve interações simultâneas entre os usuários, seus contextos e ambientes.
5.2 REDAÇÃO
They don’t.
Jakob Nielsen – How users read on the Web
Apesar de haver um sem-número de discordâncias quanto a “normas” e o espaço para
experimentações com o texto para a Web ainda ser extremamente amplo, pode-se encontrar
algumas similaridades e opiniões majoritárias, com resultados testados em experimentos
controlados. Pretendemos aqui compilar esses dados e fazer escolhas pertinentes entre
diversas correntes de opinião.
As opiniões majoritárias e raramente refutadas são apoiadas por estudos de usabilidade,
que medem o comportamento e a eficácia de diferentes ações dos usuários, no caso, de um
site na busca de informações determinadas, sob condições diversas. Os resultados vêm sendo
reafirmados reiteradamente, por estudos diferentes realizados por instituições diferentes em
períodos diferentes e distantes.59
Basicamente, esses resultados semelhantes podem ser atribuídos às condições
intrínsecas ao uso da Web, sejam comunidades virtuais ou sites mais tradicionais: monitores,
mesmo os de alta performance, têm uma definição muito inferior à do papel; e a absoluta
maioria dos usuários acessa a Internet em computadores desktop, algo desconfortáveis.
Tais condições, principalmente, implicam certas características na apreensão das
informações. Elas também são fundamentais porque não se vê no horizonte de 5 a 10 anos ou
mais, dependendo das condições econômicas e sociotécnicas que se apresentarem no período
– tecnologias que vão alterar profundamente esses modos de uso da Web e dos computadores,
_____________ 58 MIELNICZUK, Luciana. Interatividade e hipertextualidade no jornalismo online: mapeamentos para uma discussão. [s.l., sd.] 59 Dos quais destacam-se os efetuados por Jakob Nielsen (disponível em http://www.useit.com/papers/webwriting/writing.html), mais geral, e pelo Poynter Institute (www.poynter.org), voltado para jornais Web.
32
principalmente no que se refere à busca por conhecimento e informações profissionais e
científicas. Ainda, mesmo após a disseminação de monitores de altíssima resolução, levará
tempo até que novos hábitos de leitura se estabeleçam.
De forma geral, portanto:
a) os usuários não lêem na Web de forma sistemática, mas em vez disso
varrem a tela procurando por palavras ou frases que remetam à informação
que desejam. O estudo da Poynter, citado por Nielsen60, aponta que mesmo
quando já está interessado pelo artigo, o usuário não costuma ler mais que
75% do texto;
b) a leitura no monitor é em média 25% mais lenta que a em papel61. Isso
deve-se não só à falta de definição, mas também devido à luminosidade da
tela, que cansa os olhos. O problema não causa apenas uma lentidão na
leitura, o que poderia levar à crença de que uma redução de 25% do tamanho
do texto o poria em equivalência ao papel: trata-se também de uma questão
de conforto, bem-estar, o que leva o usuário a querer permanecer ainda
menos tempo lendo uma página. A recomendação é que se escreva um texto
50% menor do que normalmente se faria para a imprensa, ou que se “quebre”
esse texto em blocos em páginas diferentes;
c) os usuários navegam de forma intercalada entre várias janelas de
diferentes sites.62
Além destas condições básicas, foi identificada nesses estudos a preferência pelo estilo
de escrita o direto, objetivo, 63 em pirâmide invertida, com idéias centrais separadas em cada
parágrafo e escrito de forma simples e informal.64
Vê-se que muito do velho jornalismo ainda se aplica. Mas, principalmente no que diz
respeito à apresentação e à organização do texto, as diferenças aumentam.
Uma crítica comum a esses resultados é a de que eles implicam uma simplificação
extrema das informações. Isto não é verdade. O que eles na verdade significam é que não se
deve utilizar o recurso, comum na imprensa, de unir assuntos relacionados sob uma mesma _____________ 60 NIELSEN, Jakob. Eyetracking Study of Web Readers. Alertbox, 14/maio/2002. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/20000514.html>. Acessado em 10/dez./2002. 61 Id. Be Succint! (Writing for the Web). Alertbox, 15/mar/1997. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/9703b.html>. Acessado em 10/dez./2002. 62 Id. Eyetracking Study of Web Readers. Op. cit. 63 Ibid. e MORKES, John; NIELSEN, Jacob. Concise, Scannable, and Objective: How to Write for the Web. 1997.[s.l.]. Disponível em <http://www.useit.com/papers/webwriting/writing.html>. Acessado em 10/dez./2002. 64 MORKES, John; NIELSEN, Jacob. Loc. cit.
33
matéria. Cada item de informação precisa ser separado em uma página – ou matéria – própria,
ainda que sejam relacionados intimamente. Se não formarem uma unidade forçosa, devem ser
separados em outras páginas, quantas forem necessárias. Isto porque, também, leitores
diferentes procurarão diferentes níveis de informação e todos eles devem ser atendidos. Esses
níveis mais profundos podem ser artigos, comentários, análises, elementos multimídia,
oportunidades de interação, material de contextualização, entrevistas de perfil, infográficos,
etc., ou mesmo outros blocos informativos que ultrapassem o principal da história.
O estilo de pirâmide invertida se aplica também a cada um desses blocos, que não
necessitam incluir informações de fundo reiteradamente. O mesmo ocorre com suítes ou
matérias que retomem casos antigos ou já tratados no jornal – ou mesmo em outros locais da
Web65: basta “lincá-los”.
Todos esses blocos, no entanto, devem poder ser redigidos – e programados – de modo
a permitir ao usuário identificar de imediato onde se encontra e do que se trata a página
específica. Isto porque muitas vezes ele entrará nela vindo de lugares diferentes, como um
serviço de busca ou links externos, e também porque estará constantemente trocando de
janelas ao navegar. E também precisam indicar, para fisgar a atenção do leitor, quais as
opções de que dispõe para continuar a navegar pela história.
Essas indicações de “para onde ir” podem ser proporcionadas por uma série de
elementos de interface e linguagem. Crawford Kilian os chamam de “olho” (blurb)66 e propõe
que sejam escritos de modo a indicar que tipo de informação o usuário encontrará ao clicar no
link, que deve ser escrito em uma das seguintes formas, que são semelhantes a modelos
tradicionais de aberturas de lides: citação, comparação/contraste, conflito, pergunta e direto.
Nielsen67 propõe que ambos, olho e link, sejam unidos em um único elemento, o que é
possível com o uso do atributo TITLE dos elementos HTML 4.0 na tag <A>, que indica o
link.68 Para ele, essa construção deve seguir às seguintes recomendações:
a) o nome do site ou subsite, se for diferente do atual;
b) detalhes adicionais sobre o tipo de informação da página de destino e
sua relação com a atual;
_____________ 65 NIELSEN, Jakob. Inverted Pyramids in Cyberspace. Alertbox, jun./1996. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/9606.html>. Acessado em 10/dez./2002. 66 KILIAN, Crawford. Hook Your Readers with a Blurb. The Online Writer, 19/jun./2000. Disponível em <http://www.content-exchange.com/cx/html/newsletter/2-2/ck2-2.htm> Acessado em 5/dez./2002. 67 NIELSEN, Jakob. Using Link Titles to Help Users Predict Where They Are Going. Alertbox, 11/jan./1998. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/980111.html> Acessado em 5/dez./2002. 68 Um exemplo de como ficaria a sintaxe do elemento <A> é: <a href=”http://www.uel.br” title=”Informações sobre os cursos de graduação e órgãos da UEL”>Universidade Estadual de Londrina</a>.
34
c) condições de acesso ou problemas do link de destino, como a
necessidade de ser assinante ao indicar um site do UOL ou sites com
conteúdo potencialmente ofensivo;
d) o texto do elemento TITLE não deve ultrapassar 60 caracteres, sendo 80
o limite;
e) evitar usar sempre o TITLE, especialmente quando o contexto onde o
link aparece dá indicações suficientes do que se esperar ao visitá-lo. Use-o
em links que apareçam em texto corrido, por exemplo;
f) mesmo com a utilização desse elemento, o link em si deve ser
facilmente identificável e compreensível – não se deve forçar o usuário a
apontar para o link para entendê-lo.
Um exemplo de texto Web construído dessa forma seria: “Notícias urgentes devem ir
para o site do jornal imediatamente”, onde o elemento em negrito apontaria o link para o site
de que trata o texto, com o seguinte TITLE: “Jornal Tal: Últimas Notícias”. Em todo caso, a
função do “olho” do link é dar mais informações para o usuário antes que ele efetue o clique
ou até para que ele o faça. Vale lembrar aqui que, por razões de acessibilidade, não se deve
usar links como “clique aqui”: eles atrapalham a “leitura” em navegadores auditivos, como os
utilizados por cegos, e também não fazem sentido em navegadores textuais ou de dispositivos
móveis, que não utilizam o mouse. Também tornam o texto menos legível quando impresso.
E depois, quando o usuário entra na página, também devem ser dadas informações
suficientes para que ele se localize o mais rápido possível. Os elementos de design e redação
que permitem essa orientação são: título da página, manchetes e subtítulos.
O título das páginas deve incluir o nome do site e uma breve descrição da página.69 O
título é mostrado em serviços de busca e também na barra de tarefas dos sistemas
operacionais como o Windows, e esse tipo de construção permite uma identificação mais
rápida e eficiente também nessas condições. Ele não deve passar de 60 caracteres e ainda
assim bastar-se, já que diferentemente das manchetes de jornais, o título da página ou a
manchete de uma matéria costumam ser exibidos fora de contexto, em serviços de busca,
RSS*, linhas de assunto de e-mails, etc., sem nenhum auxílio de fotos, chamadas, linha fina...
Por esse mesmo motivo, é recomendável que seja iniciado por palavras significativas,
evitando sinais gráficos ou artigos.
_____________ 69 NIELSEN, Jakob. Top Ten Guidelines for Homepage Usability. Alertbox, 12/maio/2002. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/20020512.html> Acessado em 5/dez./2002.
35
Um outro modo de dar informações contextuais sobre o que trata um texto específico é
utilizar “in-line links”, links que aparecem no próprio texto, como no exemplo acima. Tal link
deve ser feito preferencialmente nas palavras de abertura ou ligação do texto. Mas devem ser
evitados termos que indiquem seqüência, continuidade, como “‘A próxima coisa que iremos
considerar...’ ou ‘A única solução para esse problema é...’”70 – eles serão confusos.
Os outros elementos pertencem ao próprio texto do documento, e em alguns sistemas a
manchete será usada também no título da página. Os subtítulos permitem separar o texto em
blocos de significação menores, mas que não chegam a ser independentes o suficiente para
merecer uma página própria. Eles permitem também uma hierarquização do assunto, com
vários níveis de títulos e texto. Apenas os elementos HTML permitem 6 níveis diferentes de
títulos (de H1, maior, até H6, menor). Costuma-se ignorar esses elementos em favor de
programações “sujas”, que misturam a estrutura do documento com sua apresentação; a
melhor abordagem é a separação total desses dois aspectos, com o uso apropriado dos
elementos Headline e definindo sua aparência através de CSS*.
O texto corrido deve também auxiliar essa hierarquização e permitir ao leitor fixar o
olho nas informações principais, nas idéias centrais de cada matéria. Os recursos que
permitem isso são principalmente negrito, listas com marcadores e parágrafos espaçados.71
Escrever um resumo da matéria também ajuda a prender a atenção do usuário – novamente, o
lide se apresenta. Deve-se ainda optar por fontes de corpo grande e utilizar gráficos com
sensatez, apenas quando acrescentarem dados ao texto.72
Há ainda a questão do uso de alguns termos comuns nas outras formas de jornalismo
que precisam ser evitados na Web:
a) referências a datas: não faz sentido usar advérbios de tempo como
“ontem, hoje pela manhã, neste mês, neste ano”, etc. A matéria publicada na
Web tende a ficar perenemente publicada e pode ser acessada muito tempo
depois da data a que tais termos se referiam, perdendo contexto. A data deve
ser explicitada no texto, porque mesmo a existência de indicadores de data de
publicação na página não garante que tal dado será mantido numa eventual
reprogramação visual do site, em bancos de dados específicos que ignorem
essa informação, ou em sistemas RSS/XML*;
_____________ 70 BERNERS-LEE, Tim. Style Guide for online hypertext. 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998. [s.l.]. Disponível em <http://www.w3.org/Provider/Style/All.html>. Acessado em 18/jan./2003 71 MORKES, John; NIELSEN, Jacob. Op. cit. 72 Ibid.
36
b) nomes de pessoas devem aparecer sempre integralmente, evitando
referir-se à personagem ou fonte da notícia apenas pelo sobrenome em
citações posteriores. Isso evita que o leitor se perca quando rolar a página ou
se ao editar a matéria o trecho acabe ficando em outra página.
c) a idéia da interação também pode estar presente no próprio modo de escrever o texto:
Todos estamos acostumados a consumir e criar parágrafos impessoais, dedicados a ninguém e até construídos para dar a impressão de que são verdades acima de qualquer interferência exercida pelo ser humano comum. (...) Assim, o título deixa de ser “receita libera mais lote da restituição de Imposto de Renda”, para “Veja se a sua restituição do Imposto de Renda foi liberada”. E isso é algo que não pode ser feito por nenhum outro meio.73
5.3 DESIGN
O design Web é, claro, diferente do impresso. As principais razões para isso são:74
a) Dimensionalidade: a página impressa é bidimensional, com um
tamanho definido previamente e design resumido, normalmente, a uma
unidade isolada. A Web é simultaneamente unidimensional (o que vem
primeiro, ao rolar a página) e multidimensional (devido aos links). A
disposição precisa dos elementos na página, como no design bidimensional,
impresso, tampouco é adequada à linguagem HTML, tanto que isso
normalmente é feito através de tabelas, que deveriam suportar apenas dados.
Por isso, “ao analisar a ‘aparência-e-sensação’ de um site, a sensação
domina completamente a experiência do usuário. Afinal, fazer é mais
memorável e cria um impacto emocional mais forte que ver”75;
b) Velocidade e Definição: o papel é mais rápido e simples de “navegar”,
permite usar imagens mais amplas e com melhor definição, oferece uma
variedade praticamente infinita de fontes e possui muito mais espaço para
colocação de elementos visuais. A Web é limitada nesses aspectos pelo
_____________ 73 AQUINO, Luciane. A descoberta do público. Press. Porto Alegre, n. 8, 2000. apud PICCININ, Fabiana. Comunicação coordenada: jornalismo digital – a linguagem em foco. O texto jornalístico on-line: um estudo sobre a linguagem da notícia na internet. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24, 2001, Campo Grande. Anais... [s.l.]: Intercom, 2001. CD-ROM. 74 NIELSEN, Jakob. Differences Between Print Design and Web Design. Alertbox, 24/jan./1999. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/990124.html> Acessado em 5/dez./2002. 75 Ibid.
37
tamanho e resolução da tela do usuário, pela velocidade de conexão e pelas
fontes que se encontram instaladas no computador do visitante, e não do
designer ou gráfica – todos esses são elementos que variam imensamente de
usuário a usuário, impedindo que sejam feitas decisões definitivas, forçando
um design “líquido”, adaptável a essas diferenças;
c) Multimídia, Interatividade e Camadas: a Web permite uma variedade
enorme de recursos interativos, que permitem ao usuário explorar as
informações, gráficos ou dados apresentados, que podem reagir às ações do
“leitor”. Alguns desses elementos podem ser sobrepostos, permitindo a
apresentação separada de diferentes níveis de informação na mesma página;
d) O papel é sobre “ver”, a Web sobre “manipular”. Ao “usar” um jornal,
os olhos têm uma função essencial e ficam com a maior parte do trabalho; na
Web, boa parte do esforço se faz pela mão, usando o mouse para lidar com
as informações. E mesmo os olhos podem ser dispensados, como em
navegadores auditivos para cegos.
Essas características do meio Web criam a necessidade de seguir alguns princípios, que
são definidos pelos conceitos de usabilidade e acessibilidade.
5.3.1 USABILIDADE
Usability: qualidade do que pode ser usado; conveniente, adequado, pronto para o uso.76
Usado essencialmente em Webdesign no Brasil, o termo usabilidade se refere aos meios de se
tornar os sites mais práticos, funcionais e simples do ponto de vista do usuário. Para isso, leva
em conta seus hábitos – reais, medidos, ou relatados – de uso das páginas, de navegação e de
leitura das informações em ações com objetivos diferentes, como compras, apreensão e
interpretação de uma notícia, encontrar determinada informação estatística ou de suporte, etc.,
e também as limitações dos diferentes navegadores. Relaciona-se de forma íntima com a
escrita para a Web e também com a acessibilidade, mas aqui será considerada apenas no que
se relaciona com o design.
_____________ 76 ZANE. Webster’s New World Dictionary on PowerCD: Version 2.1. Zane Publishing. Dalllas, 1995. CD-ROM. Traduzido livremente por Murilo Pinto.
38
A usabilidade costuma ser criticada, ou ignorada, já que limita as opções de
planejamento gráfico e das informações de um site; no entanto, a experiência, mesmo a
pessoal, mostra que páginas que correspondem às expectativas e necessidades dos usuários
são mais úteis, mais simples, portanto mais apreciadas e visitadas. Além disso, os “usuários
passam a maior parte de seu tempo em outros sites. Isso significa que eles preferem que seu
site funcione do mesmo modo que os outros sites que eles já conhecem.”77 Ainda pior, devido
ao hábito de “navegação intercalada”, os usuários não têm – ou não desejam ter – essa noção
de “não, esse site funciona assim; já este outro é assim”.
Um exemplo de “regra” de usabilidade é manter um link para a página inicial do site em
todas as suas páginas internas no alto da tela à esquerda, no logo do site. Todos esperam que
ele exista e sentem-se frustrados ao ter que pensar sobre onde clicar para voltar a essa página.
Estudo da Universidade Estadual de Wichita78 aponta quais são os locais da página em
que se espera encontrar diversos elementos de navegação. Eles estão resumidos na Figura 1.
A D
E G G F G
B
C
G C A
A – Link para a página inicial B – Menu de Navegação/Links internos do site C – Links externos D – Banners publicitários E – Ferramenta de login/cadastro F – Ferramentas de ajuda G – Caixa de busca
Figura 1: Elementos esperados por usuários em páginas Web, por áreas
O mesmo estudo identificou também que o design fluido, líquido, é o preferido, já que
se ajusta ao monitor e evita a perda de informações devido ao transbordamento da página na
margem direita, que força a rolagem horizontal da tela.
A falta de uma estrutura da informação padronizada é um dos problemas principais
enfrentados pelos usuários ao navegar por um site.79 Para contrabalançar essa questão, deve-
se utilizar uma estrutura informacional, seqüências de links, categorias e termos que _____________ 77 NIELSEN, Jakob. End of Web Design. Alertbox, 23/jul./2000. Disponível em <http://www.useit.com/alertbox/20000723.html> Acessado em 5/dez./2002. 78 BERNARD, Michael. Criteria for optimal web design (designing for usability). 30/oct./2001. Disponível em <http://psichology.wichita.edu/optimalweb/> Acessado em 9/dez./2001. 79 Ibid.
39
correspondam às expectativas dos usuários e não dos criadores do site. Cada público tende a
agregar as informações de modo diferente, e isso precisa ser considerado no planejamento do
site. O uso de elementos que indiquem essa estrutura, como os breadcrumbs80 (links no
formato “Capa > Nível 1 > Nível 2 > Página Atual”, por exemplo).
A organização das informações mais adequada é a que mostra a maior quantidade de
opções de navegação e menos níveis de profundidade.81 Mas caso sejam necessários mais de
três níveis, um modelo côncavo é mais indicado, conforme indica a Figura 2.
B
Páginas Mais Profundas
Páginas Intermediárias: 32 links
Página Inicial: 16 links
Páginas MaisProfundas
C
Quarto Nível: 8 links
Páginas Intermediárias: 2 Links
Página Inicial: 8 links
Páginas MaisProfundas
Terceiro Nível:8 links
Páginas Intermediárias: 8 links
Página Inicial:8 links A
Figura 2: Distribuição da informação em sites: profundidade vs. quantidade de opções
Tal distribuição facilita ao usuário navegar pelo site. Modelos muito aprofundados, com
poucos links em cada página, sobrecarregam a memória humana de curto prazo e demandam
maior esforço dos usuários para se lembrarem dos caminhos certos. Além disso, essas
estruturas forçam descrições mais genéricas nos níveis superiores, por estarem mais distantes
das páginas de destino82. Por outro lado, outros estudos83 indicam que links que cruzam esses
diferentes níveis são mais desejados pelos usuários e proporcionam uma melhor percepção de
facilidade de navegação em oposição a links que vão a apenas um nível acima ou abaixo.
No que diz respeito às fontes a serem usadas, as que parecem reduzir menos a
velocidade de leitura são Tahoma e Times New Roman, seguidas por Verdana, Arial e Comic,
aparentemente contrariando a expectativa de que fontes sem serifa são lidas mais facilmente
em monitores. Mas o mesmo estudo84 indica que Arial e outras fontes sem serifa foram
preferidas pelos usuários; Times New Roman ficou entre as menos citadas. As idades dos
usuários desse estudo variavam de 17 a 45 anos; um outro, citado no mesmo documento _____________ 80 Migalhas de pão, em referência à história infantil “João e Maria”. 81 BERNARD, Michael. Criteria for optimal web design (designing for usability). Op. cit. 82 Ibid. 83 Kim and Yoo (2000) apud BERNARD, Michael. Op. cit. 84 BERNARD, Michael. Loc. cit.
40
aponta que usuários mais velhos também possuem as mesmas preferências, mas com uma
preferência generalizada por fontes maiores. Deve-se optar por um sistema que permita a
alteração dos tamanhos das fontes pelos usuários, seja pelo uso de medidas de tamanho
relativas, seja pelo uso de tecnologias de scripting (JavaScript ou Server-side).
As combinações de cores com melhores resultados85 são as de grande contraste, com
fundo claro sob texto escuro. A mais preferida foi preto sobre branco, vermelho sobre amarelo
e branco sobre azul. No entanto, cores vivas provocam cansaço visual e não devem ser usadas
puras, mas amenizadas. O uso do branco puro também deve ser evitado devido à cintilação da
tela, que também cansa a visão, especialmente nos mais velhos.
Outro fator de usabilidade é a utilização dos elementos do modo como se espera que
eles funcionem. Por exemplo, não se deve fazer um botão de formulário executar uma ação
qualquer exceto quando o mouse o clicar – e não ao passar por cima dele. Do mesmo modo,
links devem ser indicados com sublinhado e, se possível, no tradicional azul (antes de serem
clicados; vermelhos quando ativos e, quando já visitados, roxos) ou em cores de destaque e
diferentes do texto e de acordo com os diferentes status. Nenhum texto que não seja um link
deve ser sublinhado.
5.3.2 ACESSIBILIDADE
Desenho universal é uma forma de conceber produtos, meios de
comunicação e ambientes para serem utilizados por todas as pessoas,
o maior tempo possível, sem a necessidade de adaptação, beneficiando
pessoas de todas as idades e capacidades
Rede Saci86
O conceito de acessibilidade designa que as informações devem ser disponibilizadas
para o maior número possível de pessoas, o mais independentemente possível de suas
peculiaridades em termos de idioma, navegador (Internet Explorer/Netscape ou mesmo
navegadores textuais ou auditivos), deficiências visuais (pela idade, daltonismo ou outras),
resolução de tela, sistema operacional, ou outras.
_____________ 85 BERNARD, Michael. Op. cit.. 86 http://www.saci.org.br/
41
De modo geral, devem ser evitados recursos em JavaScript ou DHTML, suportados na
totalidade por poucos navegadores, e nem sempre com as mesmas reações aos mesmos
comandos. Boa parte desses recursos pode ser transferida para linguagens de servidor, que
retornam sempre HTML simples para os navegadores. Plug-ins multimídia também devem
ser evitados: o conteúdo em Flash, vídeo ou som deve ser identificado no link (em um “olho”,
TITLE, etc.) e usado apenas quando realmente tiver significação. No caso de animações
simples, não interativas, por exemplo, uma imagem animada (em formato GIF) pode ter os
mesmos resultados que o arquivo Flash. Esses recursos também devem ser evitados em menus
de navegação, textos, formulários e qualquer outro elemento em que não sejam estritamente
necessários.
Como já abordado, os links devem manter as cores padrão, ou o mais próximo disso.
Também devem ser identificados com sublinhado. O uso de JavaScript em links também deve
ser evitado, por duas razões: alguns navegadores simplesmente não vão reconhecê-lo; muitos
usuários, cada vez mais, bloqueiam janelas pop-up criadas por essa linguagem, numa tentativa
de bloquear publicidade abusiva e invasiva.
O uso adequado dos elementos Heading permite uma estruturação do texto não apenas
visual, mas também em termos de dados. Alguns navegadores auditivos coletam esses
elementos e criam um resumo ou índice do documento. O mesmo ocorre com outros
elementos, como Blockquote que deve ser usado apenas em citações, por exemplo.
Imagens, ilustrações e ícones auxiliam a percepção de determinadas informações de
forma muito mais rápida que um texto e podem auxiliar na navegação. No entanto, elas
devem ser utilizadas de modo que o conteúdo que elas transmitem seja ao menos conhecido
por aqueles que não a poderão ver. Um navegador auditivo lerá o atributo ALT do elemento
IMG: este deve indicar com precisão o propósito da imagem ou resumir suas informações. Na
falta deste atributo, o navegador lê o nome do arquivo da imagem ou simplesmente a ignora,
prejudicando a apreensão da informação pelos usuários desse tipo de software. Imagens que
propositadamente não transmitam nenhuma informação, como as que fazem bordas
arredondadas ou “espaçadoras” devem trazer um atributo ALT vazio, nulo, para que seja
ignorado por tais navegadores. No caso de infográficos, é recomendada a criação de uma
página de descrição para esses dados, que deve ser especificada pelo atributo LONGDESC do
elemento IMG.
Arquivos de áudio e vídeo devem ter suas transcrições publicadas. Elas podem ser
incluídas entre as tags do elemento OBJECT, utilizado para inserir essas mídias nas páginas
HTML. Se o navegador não possuir o plug-in apropriado ou de outra forma não for capaz de
42
executar o arquivo multimídia, o conteúdo alternativo especificado entre as tags
<OBJECT></OBJECT> será exibido. Este pode ser o texto completo da transcrição ou um
link para ele. Mas independentemente da capacidade de reproduzir ou não o conteúdo
multimídia, é útil incluir sempre um link para a transcrição fora do elemento OBJECT. Ela
será útil também para aqueles que a acessarem em ambientes onde se exige silêncio, como
bibliotecas, ou excessivamente barulhentos, ou àqueles que não possuírem placas de áudio ou
caixas de som.
43
6 O HIPERCÓRTEX
Eu não só uso todos os cérebros que tenho como
todos os que eu posso tomar emprestado.
Woodrow Wilson
O HIPERCÓRTEX é um site de divulgação e jornalismo científicos baseado na noção
de comunidade virtual, onde o papel do usuário como produtor de informações é fundamental.
A criação, armazenamento e transmissão de conhecimentos são potenciadas pelo groupware e
pelo caráter coletivo do uso do site.
O nome vem do córtex cerebral, onde se realizam funções cerebrais elaboradas, e do
hipertexto, a aplicação da Internet que permite a integração de pessoas. Aparece na obra de
Pierre Lévy e outros autores.
Figura 3: Logomarca do HIPERCÓRTEX
6.1 GROUPWARES E CIÊNCIA
Os ambientes cooperativos oferecem um novo modo de comunicação científica, tanto
formal (publicações) como informal (e-mails pessoais, listas de discussão, fóruns).87 Isto se
deve às características do conhecimento científico: “ser fundamentado ou sujeito de
verificação; ser sustentado numa lógica racional; ter garantia da própria validade; ser baseado
em argumentação e reflexão e sujeito a contínua revisão e correção, conseqüentemente em _____________ 87 LEITE, Sílvia. Internet e ciência: O potencial da Internet como contribuinte para o desenvolvimento da ciência. Op. cit.
44
permanente estado de elaboração. Desta forma, é um patrimônio da humanidade.”88 Outra
característica importante é o caráter interdisciplinar e cooperativo da ciência atual.89
Além disso, a comunicação informal entre pares é fundamental para a ciência.
Congressos, associações profissionais, telefonemas, e-mails, conversas cara-a-cara, entre
outras, são importantes na troca de informações entre cientistas, principalmente pelo feedback
imediato, mas perdem muito na capacidade de armazenamento da discussão, capacidade que é
marcante no material impresso90.
Mas este perde em eficiência (demora no processo de publicação), custos, baixa
circulação, limitação produtiva da indústria frente à produção científica, espaço físico para
armazenamento, feedback lento e sistema de validação, que privilegia algumas instituições e
retarda a publicação.91
Nesses pontos, a Internet tem larga vantagem: o custo de publicação – dependendo das
opções técnicas – é baixo; a circulação é muito mais ampla, porque limitada apenas em
termos de usuários simultâneos; o espaço físico necessário para armazenamento de
informações é insignificante e os processos de feedback e gerenciamento da comunicação são
ágeis. Além disso, o alcance é ilimitado, e sistemas apropriados podem servir conteúdo em
vários idiomas.
A publicação na Internet seria prejudicada em questões como credibilidade e
permanência, que não são intrínsecas ao meio.92 Ser credível ou não depende pouco do meio e
muito dos avaliadores e editores da publicação. E a permanência também depende do
compromisso dos mantenedores do site e de, mais uma vez, opções técnicas adequadas.
As ferramentas de comunicação informal na Internet, basicamente listas de discussão e
fóruns, aliam as vantagens da comunicação pessoal e formal: não há hierarquia explícita;
todos os assinantes participam da discussão, que é documentada, recebendo e produzindo
informações; o feedback não é imediato, mas tende a ser rápido.
6.2 JORNALISMO CIENTÍFICO
_____________ 88 Ibid. 89 Ibid. 90 LEITE, Sílvia. Internet e ciência: O potencial da Internet como contribuinte para o desenvolvimento da ciência. Op. cit. 91 Ibid. 92 Ibid.
45
6.2.1 DEFINIÇÃO
É mais fácil ensinar um poeta a ler um balanço
do que um contador a escrever.
Henri Luce, fundador da Time/Fortune
O jornalismo científico é uma forma específica de comunicação científica, caracterizada
pela divulgação de informações científicas e tecnológicas pelos meios de comunicação de
massa de acordo com critérios e modos de produção jornalísticos.93 Outras formas de
comunicação dirigidas ao público leigo, como enciclopédias, livros didáticos ou artigos e
colunas sobre ciência escritos por cientistas encontram-se no campo da divulgação científica,
da qual o jornalismo científico é uma subdivisão. Um outro modo de comunicação científica
formal é a disseminação, destinada não ao leitor comum, mas aos próprios cientistas e
pesquisadores da área. Pode ser identificada em seminários, ensaios e revistas científicas.94 O
quadro (Figura 4) resume esses conceitos.
Características Modos de Comunicação
Público-alvo Linguagem Autores Exemplos
Disseminação
Cientistas e pesquisadores, produtores de
ciência
Técnica, apropriada à
ciência específica
Cientistas e pesquisadores
Seminários, ensaios e artigos
científicos
Divulgação Público leigo,
usuários de ciência
Simplificada, ilustrativa
Cientistas e pesquisadores
Palestras, livros didáticos,
enciclopédias
Jornalismo Público leigo,
usuários de ciência
Simplificada, ilustrativa, de acordo com
critérios e técnicas jornalísticas
Jornalistas
Jornais e revistas de circulação geral, artigos sobre ciência
Figura 4: Modos de Difusão Científica
_____________ 93 JORNALISMO Científico. Portal do Jornalismo Científico. Disponível em <http://www.jornalismocientifico.com.br/conceitojornacientifico.htm>. Acessado em 18/jan./2003 94 Ibid.
46
6.2.2 OBJETIVOS
A elevação de barreiras cada vez mais altas para o entendimento dos
assuntos científicos certamente diminui a ciência em si. Acima de tudo,
é uma ameaça a uma de suas características essenciais: sua
transparência para o exame e a avaliação externos
Donald Hayes – The Growing Inaccessibility of Science
Do lado dos cientistas, a divulgação de seus feitos é uma responsabilidade social: A razão principal para isso não é atrair mais público para a química, por exemplo, mas informar o público geral. Quando as pessoas adquirem algum conhecimento científico, podem compreender melhor as decisões, o que é fundamental numa sociedade democrática. Caso contrário, poderão se tornar vítimas de demagogos e especialistas.95 O debate informado depende do conhecimento dos fatos. [...] Devemos comunicar os resultados de seus estudos sobre as conseqüências reais e potencias da tecnologia ao público mais vasto possível e em termos facilmente entendidos pelo cidadão comum. As descobertas importantes devem ser analisadas e discutidas em termos críticos através de todos os meios disponíveis de comunicação. Se quisermos que a tecnologia seja usada criativamente para o benefício da humanidade como um todo, precisaremos de um público esclarecido e apto a avaliá-la imparcialmente.96
É, também, um interesse próprio da classe: Só divulgando seus feitos pode-se atingir
potenciais financiadores (públicos ou privados) e garantir prioridade na distribuição de verbas
e investimentos. E ao tornar o texto menos hermético, podem também educar, ao servir de
fonte complementar para professores do ensino fundamental, médio ou superior. Até mesmo
cientistas, mas de outras áreas do conhecimento, podem ser excluídos de um texto
especializado.97
Democratizar o conhecimento científico e tecnológico é também o principal
compromisso do jornalismo científico. O combate ao analfabetismo científico – aquilo que
todos deveriam saber sobre ciência, mas não sabem98 – promove a cidadania, ao permitir que
usuários, beneficiários ou prejudicados pelo progresso tenham consciência crítica do processo
_____________ 95 HOFFMAN, Roald. apud VIEIRA, Cássio. Pequeno Manual de Divulgação Científica: dicas para cientistas e divulgadores de ciência. 2ª ed. Rio de Janeiro:Ciência Hoje/Faperj, 1999. 48p. 96 KNELLER, George. apud VIEIRA, Cássio. Loc. cit. 97 VIEIRA, Cássio. Loc. cit. 98 DURANT, John apud BITENCOURT, Luciano. Jornalismo Científico: Exercício de Interlocução. 1996. 88p. Monografia (Graduação em Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina.
47
em que se inserem. Essas informações não se limitam ao próprio saber científico, mas
abrangem também suas correlações sociais, políticas e econômicas. E, principalmente, o
impacto na vida cotidiana do indivíduo e sua comunidade.
Numa época em que os conhecimentos mudam e inovações surgem a todo o momento,
aos profissionais da comunicação social cabe uma tarefa crucial, ainda mais importante num
país como o Brasil, onde o nível de educação básica, quanto mais a científica, é muito baixo:99
[É dever da divulgação científica] criar um fluir constante de informação e uma utilização racional dos meios de informação que contribuam de maneira decisiva para o conhecimento e a divulgação científica.100
No que se refere ao jornalismo, isso pode ser feito com o fornecimento de “informação
compreensível, qualificada e contextualizada”101, de modo a combater os três níveis de
ignorância da população, quais sejam:
a) A ignorância de base – É preciso um esforço considerável para esclarecer mesmo os conceitos mais basilares, principiando com células, cromossomos, mitose e meiose etc., pois eles são ignorados até mesmo entre intelectuais;
b) A ignorância sobre o que está acontecendo – A pesquisa genética está entre os campos mais produtivos da ciência, hoje, com publicação copiosa de trabalhos. É fundamental acompanhá-los e cobri-los, jornalisticamente, o que equivale a dizer: com critério, hierarquizando e noticiando com destaque somente o que de fato for importante;
c) A ignorância das implicações – Investigar e expor as conseqüências éticas, jurídicas, sociais e políticas das biotecnologias - do monopólio da produção de sementes à patente de seres vivos, da nova eugenia à discriminação genética no emprego e por seguradoras. É talvez a mais complexa de resolver, pois dela padecem inclusive jornalistas. 102
Transparece nesses objetivos o compromisso político e a necessidade do jornalismo
científico de combater a visão de neutralidade objetiva da ciência, questionar o que pode
parecer um consenso natural imposto pela Verdade científica, sem se deixar levar pelo
maniqueísmo de qualquer tipo. A afirmação, já óbvia, de que informação, a ciência e a
tecnologia são as principais mercadorias atualmente serve para ressaltar o fato de que são
_____________ 99 LEITE, Marcelo. A contribuição do Jornalismo Cientifico ao desenvolvimento científico brasileiro. Portal do Jornalismo Científico. Disponível em <http://www.jornalismocientifico.com.br/artigomarceloleitebrasilia.htm> .Acessado em 18/jan./2003 100 VERGA, Alberto. Periodismo y educación permanente. Comunicação & Sociedade, São Paulo, ano IV, n. 7, p. 45-49. Mar. 82. Tradução livre de Murilo Pinto. 101 LEITE, Marcelo. Loc. cit. 102 Ibid..
48
mercadorias, sujeitas aos interesses comerciais, a ações de marketing e relações públicas, aos
lobbies e monopólios transnacionais103.
Para atingir esses objetivos, a Internet parece surgir como uma solução viável:
Para aterrar esse outro fosso, ou seja, entre as instituições de pesquisa e os órgãos de imprensa, é preciso criar um serviço de informações para jornalistas ágil e confiável. [...] É preciso começar a pensar num serviço nacional e centralizado de informações sobre pesquisas para jornalistas especializados em ciência. Com os recursos hoje oferecidos pela internet [sic], ele não teria custos proibitivos de implantação. [...] É fundamental que o serviço disponha de um filtro de caráter editorial, ou seja, que só dê guarida a comunicações que cumpram requisitos mínimos de qualidade científica (como a publicação em revistas com revisão por pares, ou a aceitação em congressos científicos nacionais e internacionais) e de relevância jornalística.104
6.2.3 LINGUAGEM
A redação de uma notícia sobre ciência deve considerar aspectos próprios da
especialidade. “O diálogo entre a ciência e o público, intermediado pelo jornalista, viabiliza-
se na linguagem.”105 É dever do jornalista escrever de forma que permita a seu público
decodificar os conhecimentos científicos de modo adequado, para que ele entenda a questão e
possa assim assumir seu papel social.106 Essa linguagem, portanto, é diferente da de textos de
disseminação científica. Ela deve ser leve, clara, rica em analogias, entre outras coisas.
Um ponto comum do jornalismo é a necessidade de atrair a atenção do leitor desde o
início. O uso de leads bem construídos e criativos é fundamental.107 Além disso, no lead ou
próximo a ele, é importante utilizar um parágrafo de significância. Este contém o gancho da
notícia, o motivo de se estar escrevendo a história e porque os leitores devem lê-la. Ou seja, o
que essa história significa e importa para eles. Deve poder servir de base para olhos ou linhas
_____________ 103 BUENO, Wilson. Os novos desafios do Jornalismo Científico. Portal do Jornalismo Científico. Disponível em <http://www.jornalismocientifico.com.br/artigojornacientificowbuenodesafios.htm> Acessado em 18/jan./2003 104 LEITE, Marcelo. Loc. cit. 105 BITENCOURT, Luciano. Jornalismo Científico: Exercício de Interlocução. Op. cit. 106 BONI, Paulo. Apud BITENCOURT, Luciano. Ibid. 107 VIEIRA, Cássio. Pequeno Manual de Divulgação Científica. Op. cit.
49
finas.108 Nunca deve aparecer, numa abertura de matéria, informações complicadas, conceitos
e jargão especializado, ou fórmulas matemáticas.109
Ferramenta essencial do jornalismo científico são as analogias. “Ela torna concretos
conceitos abstratos, dá ao leitor uma base de comparação [...] O ideal é que sejam
consideradas ilustrativas, e não explanatórias. [... e] precisam comparar coisas
comparáveis.”110
É crítica comum à popularização da ciência considerá-la deturpadora do sentido das
pesquisas111. Por mais que o problema possa ocorrer, não é definidor do jornalismo científico.
Menos é causado pela linguagem simplificada ou pelo uso correto de analogias.
Independentemente do nível de linguagem adotado, as informações devem ser sempre
corretas e precisas. Conseguir transmitir um conceito complexo de modo aproximado é
melhor que mantê-lo sem significado e incompreensível para a maioria, em nome de precisão
e preciosismo.112 Por isso,
a didática aconselha (...) que se formule o conceito parcialmente correto para que, em futuro estágio de aprendizado, se venha a aprender de forma rigorosa. É por isso que as professoras do primeiro grau ensinam a seus pequeninos alunos que “substantivo concreto é aquilo que se pode pegar” e “substantivo abstrato é aquilo que não se pode pegar”.113
Mas o excesso de didatismo também precisa ser evitado, para que o leitor comum não se
sinta ofendido. A regra é adequação ao público. E nesse aspecto, mesmo doutores
desconhecem conceitos básicos de outras áreas: “Os estudantes de Física podem chegar à pós-
graduação sem terem a menor noção da função desempenhada pelo DNA na reprodução, e
sem dúvida os estudantes de Zoologia são igualmente insipientes quanto à natureza das ondas
de rádio ou às teorias das valências químicas”114.
Se for indispensável a apresentação mais aprofundada de determinado conceito, deve-se
colocá-lo em box ou glossário específico, no caso da Web apresentado via links. Uma
diferença importante na questão da notícia científica na Web é o uso de ilustrações. No
impresso, elas são um ponto de entrada no texto, devendo por isso repetir informações do
_____________ 108 BURKETT, Warren. Jornalismo Científico. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1990. 229p. 109 VIEIRA, Cássio. Op. cit. 110 Ibid. 111 BURKETT, Warren. Loc. cit. 112 VIEIRA, Cássio. Loc. cit. 113 SACCONI, Luiz. Não Erre Mais! apud VIEIRA, Cássio. Loc. cit. 114 ZIMAN, John. A Força do Conhecimento. apud VIEIRA, Cássio. Ibid.
50
texto principal.115 Na Web ocorre o inverso: a ilustração é lida depois do texto, como forma de
aprofundá-lo. Por isso, deve ir além dos dados do texto, mas sempre mantendo uma
significação completa mesmo se lida de forma isolada.
6.3 O SITE
6.3.1 OBJETIVOS
Os objetivos do site116 são:
a) Promover a integração das diversas áreas do conhecimento através de
fóruns, bancos de monografias, teses e dissertações, entre outros serviços;
b) Aumentar a visibilidade dos conhecimentos produzidos na UEL, de
forma que retorne à sociedade de forma útil;
c) Permitir a crítica e o debate franco entre os usuários e a equipe do site e
sobre o conteúdo veiculado.
6.3.2 AUDIÊNCIA
O público-alvo principal do site são pesquisadores, professores e estudantes de ensino
médio e superior, em especial londrinenses, e de modo geral aos interessados em ciência e
tecnologia.
6.3.3 RECURSOS
O site utiliza servidor Web Apache117, linguagem de scripting PHP118 e servidor de
banco de dados MySQL119 e Gerenciador de Conteúdo PostNuke120.
_____________ 115 VIEIRA, Cássio. Op. cit. 116 O endereço do HIPERCÓRTEX é http://www.emlondrina.com/hipercortex 117 http://www.apache.org 118 http://www.php.net
51
O espaço ocupado em disco é de cerca de 10 Mb, sem conteúdo. A quantidade de
informações, em especial de teses e multimídia, e usuários é determinante na questão do
espaço, mas um mínimo de 25 Mb é recomendado para um site em pleno uso.
Para a produção das reportagens utilizaram-se programas editores de imagem121 e de
texto122 ou HTML123, gravador de fitas cassete comum, computador pessoal (Pentium III
550, 128Mb RAM) e câmera fotográfica digital (FujiFilm FinePix 1200, 1.3 MegaPixels,
4MB SmartMedia). O trabalho foi iniciado com conexão à Internet discada (UOL,
56kbps) e posteriormente usou-se banda larga ADSL Sercomtel124 (Supervia 256 kbps).
O HIPERCÓRTEX foi hospedado no provedor profissional Locasite125, em uma
conta conjugada Windows 2000/Linux com os seguintes recursos:
a) espaço Web: 400 Mb
b) contas de e-mail: contas POP (que podem ser acessadas via Outlook
Express, por exemplo) ilimitadas, com opção de redirecionamento. O
acesso também pode ser feito via Webmail em endereço próprio do site,
com um ótimo sistema de bloqueio contra spam. Cada usuário tem controle
independente de sua conta e senha. Espaço total para armazenamento de e-
mail: 200 Mb
c) tráfego: o limite de tráfego (visitas) no domínio é de 2 Gb para Web e 1
Gb para e-mail. É o padrão do mercado. Excessos são cobrados a parte.
d) linguagens/ambientes de programação/scripting: suporte a: PHP,
ASP,.NET, JSP e CGI (Perl, C) com os bancos de dados Access, MySQL e
PostgreSQL;
e) recursos adicionais: a Locasite permite ainda configuração
personalizada de páginas de erro (404 - não encontrada, por exemplo),
bloqueio de acesso a páginas individuais, para intranet, por exemplo,
recurso de URLs curtas (o que facilita a citação em rádios, jornais, etc.
Exemplo: www.emlondrina.com/hipercortex/noticia283 , em vez de
119 http://www.mysql.org 120 http://www.postnuke.com 121 Recomenda-se o gratuito Gimp (http://www.gimp.org). 122 Todo sistema operacional traz algum integrado, como o Notepad ou Wordpad no Windows. Outra opção para Windows é o Programmer’s File Editor: http://www.lancs.ac.uk/people/cpaap/pfe/ 123 Um editor gratuito para Windows é o First Page 2000: http://www.evrsoft.com 124 http://www.sercomtel.com.br 125 http://www.locasite.com.br . Fasthost Tecnologia e Comunicações Ltda. Av. Brigadeiro Luis Antonio, 2482, 4º andar. 01402-000 - São Paulo – SP. 0800-703-8282.
52
www.emlondrina.com/hipercórtex/articles.php?id=283&mode=thread&etc
=...)
f) subdomínios: a hospedagem permite a criação de subdomínios, como
www.projetos.emlondrina.com, ou seja, um site independente, com um
domínio fácil de lembrar e hospedado no mesmo espaço do site principal
g) acesso/administração: o site pode ser manejado via FTP e Telnet, além
de uma interface Web, que dá acesso ao sistema de subdomínios, e-mails,
banco de dados, usuários etc.
O custo da hospedagem é de R$ 29,90 mensais, e seria o único de manutenção previsto.
Só seria ampliado em caso de excesso de visitantes – e conseqüente sucesso do site – que faria
com que fosse ultrapassado o limite de tráfego. Esse valor é possível de ser mantido pelas
tecnologias escolhidas para o desenvolvimento do site, todas livres e gratuitas.
No entanto, A natureza da tecnologia utilizada no desenvolvimento do
HIPERCÓRTEX não permite a simples gravação dos arquivos HTML, padrão da Internet,
em uma mídia, qualquer que seja, para que possa ser simplesmente aberto em um navegador.
A arquitetura tradicional dos arquivos HTML é feita de forma que a maior parte do
processamento dos dados relativos ao conteúdo da página seja feita pelo cliente (Figura 5),
através do programa navegador. Isso traz uma vantagem: a portabilidade. Mas apenas essa. As
desvantagens, no entanto, são várias: limitação de recursos de tratamento do conteúdo (como
Servidor WWW 1. Solicitação de Dados
OU
Disco Rígido Local Cliente
(Navegador)
2. Leitura de Arquivos HTML
Arquivos
HTML
3. Resposta do Servidor ou do
Disco Rígido – Comandos
HTML a serem interpretados
pelo navegador e exibidos na
tela
Figura 5: Modelo tradicional, com arquivos HTML simples
53
personalização de conteúdos, controle de acesso, etc.), prejuízos nos procedimentos de
manutenção da publicação (alteração de dados, como menus de navegação ou correções de
textos), entre outras.
O método adotado utiliza recursos de bancos de dados e linguagens de programação
dinâmicas, genericamente conhecidas como server-side scripting. Elas se opõem, em termos
de vantagens e desvantagens, aos client-side scripting: permitem personalização dos
conteúdos, controle de acesso, processos de manutenção e publicação facilitados, não-
portabilidade, etc. Como as vantagens superam, de longe, as desvantagens, optamos pelas
tecnologias de servidor citadas acima.
5. Resposta do Servidor web
(dados HTML)
4. Comandos HTML
gerados
instantâneamente
3. Consulta ao Banco de Dados
2. Consulta a
Arquivos PHP
Arquivos PHP
(Processamento de
instruções de
programação)
Servidor de Banco
de Dados
Servidor WWW
1. Solicitação de Dados
Cliente
(Navegador)
Figura 6: Modelo simplificado de processamento de dados com tecnologias server-side
Como o nome diz, essas tecnologias exigem que a maior parte do processamento dos
dados seja feita pelo servidor (Figura 6). Ela não exclui o cliente, pois ainda são gerados, ao
final do processo, dados HTML a serem interpretados pelo navegador, mas impede o
salvamento simples das páginas por um motivo fundamental: elas não existem antes da ação
do usuário. As páginas Web, neste caso, só existem na melhor acepção da palavra virtual: elas
estão potencialmente no servidor, mas só são geradas, concretizadas, atualizadas no exato
momento que o usuário decide ativar aquele conteúdo específico.
54
Uma simples conversão de arquivos não permitiria representar a realidade do
funcionamento do site. As diferentes possibilidades de combinação de situações seriam tantas
que gerariam uma quantidade de dados impossível de ser calculada ou tratada, sem que com
isso se esgotassem as possibilidades: dias diferentes, navegadores diferentes, usuários
diferentes, configurações individuais diferentes, escolhas pessoais no momento da navegação,
resoluções de monitor e muitas outras variáveis se somam no processo de montagem de cada
página. Por isso, é necessário visitar o site através da Internet, no endereço
http://www.emlondrina.com/hipercortex.
6.3.4 EQUIPE
São previstos os seguintes papéis e funções:
a) repórter: responsáveis pela produção de notícias e informações
relacionadas, clippings, boletins, glossários, etc;
b) editor: avaliam, editam e autorizam a publicação de notícias e outros
materiais;
c) moderador: monitoram discussões nos fóruns e comentários das
notícias, coibindo excessos. Também avalia as opiniões dos usuários,
identificando necessidades e desejos que possam melhorar o site;
d) administrador: responsável pela configuração do site, o administrador
tem função esporádica, somente em casos de alteração das opções de uso do
site, alteração de permissões de usuários, etc.
Não há a necessidade de webmaster/designer após a instalação inicial do site, exceto em
caso de reformulação, atualização do sistema, etc. Essas funções podem ser acumuladas pelas
mesmas pessoas e algumas, como moderador de fóruns específicos, até realizadas por
usuários.
55
Figura 7: Dois exemplos de telas de Administração - visão parcial do Menu de Administração, no alto, e
Adicionar Notícia, acima. O uso do CMS escolhido elimina a necessidade de Webmasters dedicados.
56
6.3.5 CONTEÚDO
6.3.5.1 Serviços
A grande maioria dos serviços implica ou simplifica a participação do usuário. De
modo geral, o usuário envia uma sugestão de artigo, link, evento, etc.; a sugestão é
analisada por um membro da equipe e pode ser então publicada ou rejeitada.
6.3.5.1.1 Notícias
As notícias são divididas de acordo com o tema, de forma semelhante às
editorias. Esse tema é indicado com um selo que ao ser clicado lista todas as matérias
sobre esse assunto. Uma entrada no menu de navegação principal, à esquerda da
página, também permite a navegação pelos assuntos. Ainda pode-se navegar pelo tipo
de matéria: notícia, reportagem, entrevista ou opinião.
Figura 8: Chamada para notícia, na capa. Pode-se ver links para o corpo da matéria, para comentá-la,
enviá-la para um amigo, criar uma versão de impressão, ver informações sobre o autor e também para o
Tópico.
A criação de Tópicos, nome técnico do sistema, é feita de acordo com a
necessidade. Ao se cobrir uma matéria sobre transgênicos, por exemplo, desenha-se
um ícone que passa a ser utilizado em todas as notícias sobre esse tema.
Os Tópicos devem seguir a lógica do público-alvo. No serviço de notícias, esse
público é mais geral e heterogêneo, então se deve utilizar nomes comuns e não
57
recorrer a jargão técnico ou acadêmico. Uma consulta aos jornais locais e nacionais
pode indicar guias para os termos a serem utilizados.
Os arquivos são organizados por mês e há também a opção por uma listagem de
todas as matérias já publicadas.
A possibilidade dada aos usuários de comentar as notícias possibilita a expansão
da discussão e permite feedback imediato.
O serviço conta ainda com o recurso de criar versões de impressão e enviar a
notícia ao e-mail de um amigo.
6.3.5.1.2 Colunas
As colunas são também representadas por ícones que ao serem clicados mostram
os títulos de cada edição.
Figura 9: Página de capa das colunas, com logo de "O Cotidiano"
Para o piloto, foi publicada apenas a coluna de Nelson Giraldi, do Núcleo de
Bioética de Londrina e colaborador da Rádio Universidade FM, com uma coluna sobre
o tema.
Também utiliza versões de impressão.
6.3.5.1.3 Enquetes
58
As enquetes são criadas de acordo com temas polêmicos relacionados à comunidade ou
a notícias veiculadas. São apresentadas na área inferior da página de capa, de forma aleatória.
Figura 10: Caixa de exibição aleatória de enquetes na capa: usuários registrados
Figura 11: Caixa de exibição aleatória de enquetes na capa: usuários anônimos não podem votar
6.3.5.1.4 Banco de teses
Figura 12: Página inicial do Banco de Teses
59
O serviço de downloads será utilizado de duas formas: disponibilizar textos
integrais de pesquisas (teses, monografias, dissertações) e artigos científicos,
apresentações de produtos e palestras e também programas e modelos de documentos,
fichas, registros, planilhas, bancos de dados, etc. que podem auxiliar nos assuntos
tratados pelo site.
Por ser voltado mais a pesquisadores e acadêmicos, as divisões de assuntos
devem seguir as de áreas de conhecimento e cursos, em especial os seguidos na UEL.
6.3.5.1.5 Links
Uma base de links selecionados possibilita o acesso rápido e simples dos usuários a
informações e serviços de qualidade. Além de links sugeridos por leitores e selecionados
pela equipe, todos os sites referidos em notícias e outros serviços devem ser adicionados à
base de dados.
Figura 13: Página inicial do serviço de Links
6.3.5.1.6 Fóruns
Fóruns são painéis de debate online, que permitem a discussão descentralizada de
problemas e soluções, idéias e casos específicos, temas polêmicos, etc. São de grande
auxílio em todas as áreas do conhecimento e podem evitar dores de cabeça aos usuários,
mas também dependem dos próprios usuários para serem eficientes, já que a qualidade
das repostas e discussões não é diretamente controlada pelo site.
60
Membros com conhecimentos elevados costumam participar de modo construtivo
dos debates porque isso conta pontos para eles, na forma de reputação positiva.
Figura 14: Destaque na capa para as estatísticas do Fórum
No início, no entanto, pode ser necessária a participação mais efetiva da equipe do
site, de modo a não criar um excesso de perguntas não respondidas, por exemplo, e levar
à perda do valor do serviço.
Depois de certo tempo, a quantidade de informações armazenadas nos fóruns os
tornam uma base de conhecimentos indispensável.
6.3.5.1.7 Bate-papo
Além da ajuda via fórum, os usuários do site contarão com um serviço de bate-
papo, onde poderão conversar com outros usuários, entrar em contato com a equipe do
site, ou participar de entrevistas coletivas com “celebridades”.
Figura 15: Caixa de entrada no Bate-papo, na capa.
Neste último caso, as entrevistas são moderadas pela equipe do site e ficam
disponíveis posteriormente a todos os usuários.
61
6.3.5.1.8 Tira-dúvidas
Outro modo de auxiliar os usuários é um serviço específico de perguntas e
respostas. O visitante encontra uma lista de perguntas já respondidas pela equipe do site,
que pode incluir a sua. Caso seja uma dúvida ainda não-atendida, ele pode enviar sua
questão, que ficará armazenada. A um grupo de usuários qualificados, é dada a
possibilidade de ver as novas perguntas feitas e respondê-las, separando-as em
categorias pré-definidas como seja mais adequado. Então, a pergunta e a resposta são
incluídas na base de dados e publicadas a todos os usuários.
6.3.5.1.9 Eventos
Os usuários, empresas e instituições poderão divulgar eventos como feiras,
palestras, seminários, lançamentos, etc. que ficarão em um serviço próprio.
Figura 16: Caixa com eventos do dia de hoje e próximos, na capa. Para usuários registrados, exibe
também seus compromissos pessoais.
Os usuários também podem manter calendários particulares e divulgar ou não seus
compromissos pessoais.
62
6.3.5.1.10 Frases
As frases são exibidas de forma aleatória, a cada página carregada.
6.3.5.1.11 Recomende-nos/Envie para um amigo
Os usuários que gostarem do site ou de uma matéria específica podem enviá-la
para um amigo, possibilitando a ampliação da audiência e o reconhecimento do site
como referência na área.
6.3.5.1.12 Glossário
O serviço é semelhante a uma enciclopédia: traz termos, suas definições e termos
relacionados. São importantes para todos os usuários não diretamente relacionados ao
termo específico, muitas vezes extremamente técnico ou complexo.
Figura 17: Glossário - página com definição de um termo (EIA) do volume Meio Ambiente
6.3.5.1.13 Galeria de Imagens
As fotografias e ilustrações em geral utilizadas no site e outras adicionais ficam
publicadas de forma permanente no Banco de Imagens.
63
6.3.5.1.14 Boletins
Boletins são informativos enviados via e-mail periódica ou eventualmente para os
usuários que optam pelo seu recebimento. São previstos dois, com notícias, eventos e
destaques diários e semanais.
6.3.5.1.15 Banco de pesquisadores
Uma lista de endereços, com informações gerais de contato e específicas relevantes a
pesquisadores e acadêmicos. A adição de nomes e informações é feita apenas pela equipe do
site.
Figura 18: Banco de Pesquisadores - página inicial do serviço
6.3.5.1.16 Clipping
Notícias de outras fontes são publicadas no serviço de clippings. São publicadas apenas
as chamadas das matérias, muitas vezes retiradas da publicação de origem. O texto completo
deve ser lido no próprio site da publicação original, que fica cadastrada em nosso serviço.
64
Figura 19: Página inicial do serviço de clippings.
Alguns veículos em nosso cadastro: Agência Brasil (http://www.radiobras.gov.br), BBC
Brasil - Saúde e Tecnologia (http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/), Ciência Hoje
(http://www.uol.com.br/cienciahoje/), ComCiência/Labjor (http://www.comciencia.br/),
Diário da Região/S.J. Rio Preto (http://www.diarioweb.com.br), Folha de São Paulo
(http://www.folha.com.br), IDG Now! (http://www.idgnow.com.br), Info e-gov
(http://www.governoeletronico.e.gov.br/), International Institute of Infonomics
(http://www.infonomics.nl), Jornal da Ciência/SBPC (http://www.jornaldaciencia.org.br),
Jornal de Londrina (http://www.jornaldelondrina.com.br), MSNBC (http://www.msnbc.com),
Nasa (http://www.nasa.gov), Nature (http://www.nature.com), New Scientist
(http://www.newscientist.com/), Notícia Digital/UEL (http://www.uel.br/noticia/digital),
Pesquisa Fapesp (http://www.revistapesquisa.fapesp.br), Science News
(http://www.sciencenews.org), Scientific American (EUA) (http://www.sciam.com),
Scientific American Brasil (http://www.sciam.com.br), Space Weather
(http://www.spaceweather.com) , Stanford Report (http://news.stanford.edu/),
Superinteressante (http://www.superinteressante.com.br), Terra Ciência
(http://noticias.terra.com.br/ciencia/), The New York Times (http://www.nytimes.com), UOL
Inovação (http://noticias.uol.com.br/inovacao/).
6.3.5.2 Informações
As seguintes seções de informação geral sobre o site foram criadas:
a) sobre o site: motivo, equipe, ajuda aos usuários (com informações sobre
as funcionalidades do site, um “manual do usuário”);
b) contato: endereço, telefone, e-mail;
c) copyright, termos de uso: informações sobre a licença adotada e regras
de uso do site e seu conteúdo;
d) política de privacidade: as normas que regem a política de privacidade.
65
Figura 20: Rodapé do site, com links para páginas de informação
66
7 CONCLUSÃO
O pouco tempo de publicação do site impede uma avaliação adequada dos recursos
e usos dos sistemas comunicativos comunitários, que dependem da participação de
usuários e tendem a ter maior valor conforme as opiniões e contribuições acumulam-se e
somam-se ao conteúdo. O mesmo problema impediu uma medição segura dos resultados
do questionário (cf. Anexo A) de avaliação da qualidade do site percebida pelos usuários.
No entanto, pode-se perceber que as propostas, em especial no que se refere à escrita
não linear da matéria, evitando repetições de informações que se adequariam melhor a
outros serviços, são válidas e possíveis de serem adotadas, e configuraram um diferencial
importante no material do site.
O que inicialmente aparentava ser um aumento da quantidade de trabalho para
publicação, na verdade significou uma relativa redução de trabalho, se considerados o
longo prazo e o valor do serviço prestado. Em vez de manter equipes ou tarefas
específicas para, por exemplo, manutenção de links recomendados ou termos em
glossários, qualquer matéria publicada contribui para o aumento global de informações
permanentes. Desde nossa primeira matéria, isso ficou registrado.
Uma simples notícia sobre um evento da Embrapa, que poderia render poucas linhas
apenas, permitiu a adição do site da unidade londrinense da empresa aos links; alguns dos
pesquisadores entrevistados, mesmo que não tenham sido citados na matéria final, foram
adicionados ao Banco de Pesquisadores; suas fotos e outras produzidas para a mesma
reportagem foram disponibilizadas na Galeria de Imagens, em formato maior do que o
utilizado na matéria; alguns termos foram ainda adicionados ao glossário.
Considerando que essas informações ficarão permanentemente publicadas no site,
de forma sistematizada e organizada em seus próprios serviços (em vez de apenas
agrupadas sob as notícias) e poderão ser reutilizadas também em outras matérias, percebe-
se que o trabalho será progressivamente reduzido. Mas, principalmente, o valor
informativo do site como um todo terá crescido muito mais que o trabalho adicional.
Os principais serviços que podem se valer dessas características são:
a) glossário: consultar e anotar explicações de termos específicos e
conceitos;
67
b) eventos: se houver eventos relacionados à entrevista ou assunto
abordado na reportagem, obter o máximo de dados possível;
c) fóruns: oferecer ao entrevistado o espaço do fórum para discussão
especializada ou geral do assunto;
d) links: obter sites recomendados pelo entrevistado e outros, e armazená-
los no serviço específico;
e) banco de teses: se o entrevistado tiver um artigo, dissertação,
monografia, relatório, etc. que deseje publicar, já recolher o material em
formato eletrônico;
f) enquetes: identificar uma enquete possível de ser criada;
g) galeria de imagens: divulgar as fotos do entrevistado, do material, etc. e
gráficos e ilustrações que possam servir para o entendimento do tema;
h) banco de pesquisadores: obter informações de contato.
Essas informações não devem ser repetidas na matéria, mas linkadas. Por exemplo,
termo que é explicada no glossário deve ser o link para ele; o nome do entrevistado, o link
para suas informações de contato. Essas informações devem ser explicitadas com o uso do
atributo TITLE do elemento <A>.
Além disso, muitas publicações acabam não tendo continuidade devido à falta de
recursos humanos e técnicos. O HIPERCÓRTEX exigiu apenas um responsável por toda
a parte técnica e de conteúdo, à exceção de alguns colaboradores, e seu custo de
manutenção é insignificante quando comparado a qualquer outra mídia. A título de
ilustração, seu custo é próximo ao de cerca de 600 fotocópias comuns e diz respeito
exclusivamente ao espaço em servidor Web com os recursos exigidos.
Isso mostra ainda que decisões técnicas refletem-se em aspectos aparentemente não
relacionados. Se tivéssemos optado por um sistema não dinâmico, que exigisse a
utilização constante de FTP, implicando uma função de Webmaster dedicado, que
centralizaria toda a publicação, provavelmente teríamos um site muito mais limitado, sem
quase nenhum dos serviços implantados, e certamente com menos recursos em todos eles.
Também não seria possível realizar o projeto se optássemos por um sistema de publicação
pago ou, pior, que não libere o código-fonte. Apenas desse modo pudemos adaptar
diversas áreas e serviços do CMS utilizado para nossos próprios usos e objetivos.
Outro ponto que se destaca quando falamos da necessidade de envolvimento de outros
aspectos em decisões técnicas é o a que nos referimos no capítulo 5. Algumas das propostas
68
de usabilidade e redação apresentadas foram impedidas de serem utilizadas, porque ao serem
submetidas à lógica do CMS, as informações e conteúdos devem seguir o disposto pelo
sistema, que refletem a visão dos programadores. Essa distância entre a necessidade dos
usuários e criadores de conteúdo e os objetivos dos programadores só pode ser sanada através
da participação dos primeiros nos ambientes dos últimos, que normalmente falham em pensar
do modo como outros, menos habilidosos ou experientes, poderiam utilizar-se dos sistemas de
modo mais fácil. Utilizando a visão da comunidade criadora e portadora do conhecimento desde a
escolha do sistema operacional até à especialização jornalística por que optamos, esperamos
ter mostrado a importância de defender um ideal que, além dos aspectos morais e humanistas
positivos que apresenta, é também recompensador em termos produtivos e comunicacionais.
A idéia aqui não é a de se posicionar contra outras visões, mas de defender o
Ciberespaço como um projeto em construção, em vez de se lançar sobre ele com críticas
confusas ou impróprias, relacionadas apenas a um ou outro uso específico da Internet, como
se fosse já algo concreto, imutável, aplicável a todos os aspectos da Rede.
69
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DOTA, Maria Inez Mateus. A subjetividade da linguagem: análise de publicação científica.
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paulista. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24, 2001,
Campo Grande. Anais... [s.l.]: Intercom, 2001. CD-ROM.
STUMPF, Ida Regina. Disponibilização de teses e dissertações em comunicação em texto
completo: projeto de pesquisa. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA
COMUNICAÇÃO, 24, 2001, Campo Grande. Anais... [s.l.]: Intercom, 2001. CD-ROM.
URBAN, Teresa (comp.). Em outras palavras: meio ambiente para jornalistas. Curitiba:
SENAR-PR/SEMA, 2002. 226p.
VELA, Norah Shallymar Gamboa. Do papel e a leitura linear à multimídia, ao hipertexto e à
interatividade. [s.l.]:[s.d.]. Disponível em <http://www.reescrita.jor.br/pt%20online.htm>.
Acessado em 30/jul./2001.
VELHO, Ana Paula Machado. A infografia na mediação cientista x jornalista. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24, 2001, Campo
Grande. Anais... [s.l.]: Intercom, 2001. CD-ROM.
VOGEL, Drew. The Official PostNuke Installation & Getting Started Guide. [s.n.]:[s.d.],
2002. Disponível em <http://www.emlondrina.com/hipercortex/pnGuide>.
WILEY, David; EDWARDS, Erin. Online self-organizing social systems: the decentralized
future of online learning. Logan: Utah State University, [2002?]
77
APÊNDICES
78
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO SITE126
Dê uma nota de 1 (pior) a 5 (melhor).
1 AVALIAÇÃO DO CONTEÚDO
1.1 Atualidade da informação ( )
1.2 Interesse da informação
1.2.1 Interesse pessoal, profissional, acadêmico ( )
1.2.2 Interesse público ( )
1.3 Qualidade geral da informação: avalie a profundidade, pluralidade de fontes,
pertinência das análises, acuidade dos dados, etc.
1.3.1 Material informativo produzido pelo site (notícias, entrevistas, etc.) ( )
1.3.2 Material opinativo produzido por convidados e parceiros do site
(colunas, artigos) ( )
1.3.3 Material produzido pelos usuários do site (fóruns, artigos, bate-papo,
etc., exceto monografias) ( )
1.4 Informação de fundo: informações complementares vinculadas ao documento que
se consulta, podendo aparecer em janelas, hiperlinks, etc. ( )
1.5 Redação adaptada à Internet, com links em palavras e imagens ( )
1.6 Expressividade das imagens: utilidade e necessidade da imagem para
entendimento ou complementação da matéria
1.6.1 Selos e logos: considere a capacidade do selo ou logo de seção auxiliar
na identificação do tema tratado ou característica do texto (opinativo ou
informativo, por exemplo)
1.6.2 Fotografias (estáticas) ( )
1.6.3 Infográficos (imagens estáticas, tabelas, quadros, mapas com dados
sintéticos que auxiliam a apresentar e atraem para a matéria)
1.6.3.1 Estáticos ( )
1.6.3.2 Animados ( )
1.7 Expressividade de elementos audiovisuais: filmes ilustrativos ou informativos ( )
1.8 Expressividade de elementos exclusivamente sonoros ( )
1.9 Banco de textos: qualidade das monografias apresentadas ( )
1.10 Banco de imagens ( )
1.11 Base de sons ( ) _____________ 126 Baseado em proposta de SOUZA, Jorge P. Qualidade percebida de quatro jornais on-line brasileiros. Op. cit.
79
1.12 Base de audiovisuais ( )
2 ERGONOMIA DO SISTEMA
A ergonomia é o estudo das relações homem/máquina com vistas à segurança e
eficiência da interação entre eles127. No caso de sites Web, é chamada comumente de
“usabilidade”.
2.1 Organização interna do site ( )
2.2 Facilidade de navegação ( )
2.3 Intuitividade do funcionamento do site ( )
2.4 Uniformidade (uso restrito de fontes, estilo coerente de imagens e visual
uniforme, barras e menus de navegação consistentes, fixados) ( )
3 INTERATIVIDADE E IMPLICAÇÃO DO USUÁRIO
3.1 “Funcionalidade em geral e simplicidade (estilo funcional invariável, economia do
tempo do usuário através do recurso às imagens, palavras e sons estritamente
necessários, disposição e agrupamento adequados dos elementos na tela, de forma
a facilitar a apreensão dos conteúdos, etc.)”128 ( )
3.2 Funcionalidade dos links dinâmicos intra-site ( )
3.3 Hiperlinks para sites e páginas de interesse ( )
3.4 Possibilidade de feedback pelos usuários ( )
3.5 Serviços de fórum, bate-papo, enquetes ( )
3.6 Feedback por parte da equipe do site aos usuários ( )
3.7 Arquivo de notícias ( )
3.8 Recursos de busca ( )
_____________ 127 DICIONÁRIO eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Op. cit. 128 SOUZA, Jorge P. Qualidade percebida de quatro jornais on-line brasileiros. Op. cit.
80
APÊNDICE B – MANUAL DO USUÁRIO DO HIPERCÓRTEX
Introdução O HIPERCÓRTEX é um site baseado na idéia de comunidade. Isso significa que o seu
papel como usuário é muito importante e valorizado! Diferente dos sites chatos, planos e não
interativos, o HIPERCÓRTEX permite - encoraja - a interação e participação de seus
usuários.
Você pode, por exemplo, sugerir artigos e notícias para publicarmos, divulgar sua tese,
artigo ou outro trabalho monográfico ou adicionar eventos ao nosso calendário.
Esses recursos só estão disponíveis para usuários cadastrados.Você precisa se registar
ou entrar em sua conta para utilizar esses serviços. Outros recursos disponíveis apenas para
membros são:
• comentar notícias
• envio de mensagens no fórum
• sugerir de links
• utilizar o comunicador instântaneo
• votar nas enquetes
• avaliar produtos e serviços
• assinar os boletins
• manter uma agenda pessoal de eventos
• fazer perguntas no Tira-Dúvidas
• ver as estatísticas de uso do site
Sua conta
Se você já possui uma conta de usuário, pode acessá-la neste link. Será necessário
fornecer o nome de usuário escolhido no momento do registro e a senha. Caso tenha
esquecido a senha, pode tentar recuperá-la.
Caso utilize um computador particular, pode ser útil marcar a opção "Lembre-se de
mim". Isto evitará fechar sua conta após um certo tempo de inatividade, mas representa um
risco de segurança se outra pessoa utilizar o mesmo computador, já que ele entrará
automaticamente em sua conta ao acessar o site. Simplesmente ignore essa opção para evitar o
risco. Se você utilizar computadores públicos, como em bibliotecas, certifique-se de clicar em
"Sair" no menu do Usuário para fechar a conexão com sua conta. E aguarde a conclusão do
processo.
81
Se ainda não se cadastrou, pode utilizar esta página. As únicas exigências são:
ter mais de 13 anos de idade ou autorização dos responsáveis
• aceitar nossos termos de uso e política de privacidade
• informar um e-mail válido
O e-mail informado será utilizado para o envio de mensagens da administração e senha,
quando necessário. Você pode informar um outro endereço para ser mostrado ao público.
Campos do registro
Estes são os campos no formulário de registro:
Nome de Usuário: o nome utilizado para você se identificar no site. Também é exibido
em alguns locais como um "apelido"
Senha: a senha que você optar. No mínimo 5 caracteres.
Confirme: digite novamente a senha, para confirmar que não houve erro de digitação
E-mail: seu e-mail, utilizado apenas pela administração
Os outros campos são opcionais:
Nome verdadeiro: seu nome real
Seu site: o endereço de seu site pessoal ou profissional
Sua careta: um ícone usado em alguns locais para identificá-lo
Seu ICQ: seu número de ICQ
Seu AIM: seu login no AIM
Seu MSN: seu login no MSN
Sua localidade: a cidade, estado, etc.
Sua ocupação: sua profissão, cargo, etc.
Seus interesses: alguns temas de seu interesse
Assinatura: a assinatura é exibida em algumas mensagens e nos comentários às notícias.
Informações extras: outras informações sobre você
Permitir que usuário vejam o e-mail: se não desejar que seu e-mail seja tornado público,
não marque a caixa de opção
Aceitação dos termos: você precisa marcar a caixa de opção "Aceito estar sujeito..."
para concluir o cadastro.
Essas informações podem ser alteradas depois no Seu Perfil. Lá também é possível
solicitar o apagamento de sua conta.
Perdeu sua senha?
82
Para recuperar sua senha, você deverá fornecer seu e-mail ou nome de usuário usados
no registro. Uma nova senha será enviada para o endereço de e-mail usado no registro.
Envio de Notícias & Artigos Você pode submeter um artigo, notícia, release, nota, etc. para publicação no
HIPERCÓRTEX através do link Envie um Artigo.
Seu nome de usuário é automaticamente preenchido pelo sistema e não pode ser
alterado.
O Título deve ter cerca de 70 caracteres, ser descritivo do conteúdo do texto, claro e
simples. É obrigatório.
O Tópico é o assunto de que trata a matéria. Caso não haja um adequado, não escolha
nenhum, deixando o menu na opção Selecionar Tópico.
O Idioma deve ser o Português Brasileiro, já que o HIPERCÓRTEX não publicará
nessa primeira fase material em outros idiomas.
A Chamada da Matéria é o texto que aparece na capa do site ou editorias. Deve ser
curto e é obrigatório.
O Texto Extendido é o corpo da matéria. Pode ter qualquer quantidade de texto e os
seguintes comandos HTML podem ser utilizados:
<a> <b> <blockquote> <br> <center> <div> <em> <form> <hr> <i> <li> <ol> <p>
<pre> <strong> <table> <td> <th> <tr> <tt> <ul>
Você também pode dividir o texto com o comando [pagebreak].
Seu preenchimento não é exigido.
Concluído o preenchimento dos campos, você deve clicar em Pré-visualizar e conferir,
na página seguinte, a aparência da matéria, com a aplicação das marcações HTML. É uma boa
hora de conferir se os links estão corretos ou se há algum tipo de erro de digitação.
Após corrigir eventuais erros, pode-se enviar a matéria, clicando em OK ou optar por
atualizar a visualização.
A página seguinte apresenta a confirmação do recebimento da matéria ou eventuais
erros, como campos faltando, e a quantidade de matérias que aguardam a apreciação dos
editores, que são notificados imediatamente após você confirmar o envio da notícia.
Comentários Você pode configurar a exibição dos comentários às notícias do modo que mais lhe
agrade. Essa página está disponível no Seu Perfil.
83
O modo padrão de exibição é o Agrupado, que deixa todos so comentários visíveis e
endentados, possibilitando o acompanhamento do debate de modo organizado e imediato.
Outra opção é o Simples, que ignora o agrupamento das mensagens, mas também
mostra todas os comentários de uma vez.
A terceira opção é o Discussão, que também agrupa os comentários, mas só mostra as
respostas à própria notícia. As respostas aos comentários são exibidos apenas como links, com
o assunto e o autor identificados.
Você também pode desligar os comentários, optando por Sem Comentários.
A ordem de classificação das mensagens padrão é Mais Velhos Primeiro, que permite
acompanhar o desenrolar da argumentação. Outras opções são Mais Recentes Primeiro ou
Maior Pontuação Primeiro.
Pontuação permite filtrar comentários ruins, ofensivos ou inúteis. Os administradores e
moderadores atribuem valores positivos ou negativos aos comentários, de acordo com sua
qualidade. Membros começam com 1 ponto. Manter um valor 2 ou maior pode ser
recompensador.
Você pode optar por não exibir os valores de cada comentário, mas isso não desativará o
filtro acima.
O Tamanho Máximo do Comentário também pode ser configurado. Essa opção corta
o texto do comentário neste valor (em bytes) e acrescenta um link Leia Mais.
Exceto pelas duas últimas, essas opções podem ser configuradas também em uma
notícia específica, mas as opções valerão apenas para aquela página. As outras ainda serão
exibidas no formato definido no Perfil.
Eventos & Agenda Particular Você pode utilizar este serviço de dois modos: uma agenda particular de compromissos
e também para divulgar eventos públicos.
Ambos funcionam do mesmo modo: pelo menu de navegação Participe ou, na página
do calendário, na barra superior direita.
Na página de adicionar evento, aparecem os seguintes campos:
Título do Evento: obrigatório, é mostrado na página de calendário descrevendo o
evento.
Data do Evento: data inicial do evento, deve ser maior que a data atual e é obrigatória.
84
Opções: deve-se indicar se o evento dura o dia todo, ou tem um horário marcado de
início. Neste caso, indique também a duração, em Horas e Minutos. Caso não saiba o horário,
indique como "Dia todo"; se não souber a duração, deixe em 00h00.
Descrição do Evento: obrigatório, o campo contém informações gerais sobre o evento.
Evite repetir informações de contato, taxa, duração, local, etc.
Compartilhamento: a opção selecionada por padrão é Particular, visível apenas para
você. Como Público, ele será visto por todos que acessarem um endereço exclusivo para seus
eventos pessoais, como
www.emlondrina.com/hipercortex/index.php?module=PostCalendar&pc_username=SeuNom
eDeUsuário
Nesse mesmo endereço são mostrados os eventos Exibir como Ocupado, mas eles
não indicam aos outros usuários o título do evento, mas apenas que você não está disponível
no momento.
Eventos Globais são exibidos a todos os usuários, mas passam antes pelo crivo dos
editores. Utilize para divulgar eventos de interesse geral e não compromissos pessoais.
Categoria: escolha uma das categorias apresentadas, de acordo com o tipo do evento.
Dados do Evento: os dados de local, contato, taxa, etc. são todos opcionais. Preencha
apenas os disponíveis e ignore os outros.
Repetição: configure o padrão de repetição do evento de acordo com as diversas
opções. E também a data de encerramento do evento.
Publicação: escolha se a descrição deve ser tratada como HTML ou texto simples e se
você deseja conferir os dados antes de publicar (optando por Pré-Visualizar).
Banco de Teses, Dissertações e Monografias
Adicionar seu arquivo
1. O Arquivo
Antes de tudo, é preferível que seu trabalho seja enviado como PDF. Saiba como fazer.
Este formato garante a segurança de nossos leitores, por ser menos vulnerável a vírus, e
a sua, já que documentos do Word, por exemplo, mantêm diversas informações sobre o
computador e usuário que os criaram.
Além disso, usar PDF também amplia a audiência potencial de seu texto, já que muitos
leitores podem não ter um determinado software comercial ou nem mesmo ter essa opção em
alguns sistemas operacionais. O formato ainda garante a manutenção de suas informações
85
intactas e a aparência do documento uniforme qualquer que seja a plataforma em que seja
lido.
Mas se não quiser ter o trabalho de converter os arquivos (o que é simples, confira),
pode mandar o arquivo em formato Microsoft Word (.doc), RichText (.rtf), Texto simples
(.txt), HTML (.htm), *zip (.zip), Powerpoint (.pps) ou ainda Windows Media (.wmf) ou
RealAudio (.ra).
O tamanho máximo do arquivo é de 2 Mb. Arquivos maiores podem ser adicionados ao
Banco de Textos, mas deve-se contatar a administração antes. Isto é feito para evitar abusos e
também evitar que os usuários sejam importunados por tempos de espera muito longos ao
fazer o upload dos arquivos e acabem desistindo do processo.
Você ainda pode optar por não armazenar o arquivo em nosso servidor. Neste caso,
ignore o primeiro campo e preencha apenas o campo URL da Página e o tamanho do
arquivo, em bytes.
2. Categoria
Escolha uma categoria para ser publicado seu trabalho. Observe que utilizamos dois
níveis de agrupamento. Por exemplo, um trabalho de Jornalismo deve ir em
Comunicação/Jornalismo, mas um de Teoria da Comunicação poderia ficar simplesmente em
Comunicação. Mas não utilizaríamos uma categoria Jornalismo, apenas.
Caso não haja uma categoria adequada, informe na Descrição qual deveria ser criada,
tendo em mente a subdivisão em dois níveis, e opte pela categoria Geral para seu trabalho.
Isso será alterado antes que seu texto seja publicado.
3. Descrição
A descrição deve seguir o resumo do texto, incluindo o limite de palavras.
4. Nome do Autor
O nome do autor é capturado automaticamente pelo sistema, mas pode ser alterado.
5. Versão
Caso não faça sentido para seu trabalho, ignore.
6. Site
Informe seu site pessoal ou outro que se relacione ao seu trabalho
Criando seu PDF 1. Por que PDF?
Os arquivos PDF são o padrão franco de arquivos textuais eletrônicos, em especial os de
maior dimensão. A razão principal é que existem programas leitores para praticamente todas
86
as plataformas, mantendo sempre o mesmo visual, paginação, fontes, etc., quando exibidos ou
impressos. O formato também pode ser bastante compactado, reduzindo o espaço necessário
de arquivamento e o tempo de transferência.
2. Criando o Arquivo
Existem basicamente duas opções gratuitas e simples: utilizar o serviço online da
Adobe, criadora do padrão PDF, disponível em inglês no site Create Adobe PDF Online, ou o
software, para Windows, também em inglês, pdf995.
2.1. pdf995
Usar o pdf995 é o modo mais simples de converter um arquivo em PDF. Basta:
a) Fazer o download do arquivo, disponível no site
b) Executar o arquivo executável inserido no arquivo .zip. O programa se
instala automaticamente e cria uma impressora virtual, de nome PDF995
c) Abra seu programa editor de texto e selecione a nova "impressora" ao
imprimir uma cópia do documento. Configure as opções de tamanho de
papel, etc., como numa impressora comum. "Imprima" o documento.
d) Escolha um nome e local para o arquivo PDF prestes a ser criado.
Prefira, para o envio, utilizar o formato NomeDoAutor99, onde 99 é o ano
de apresentação ou copyright do trabalho. Outra opção é utilizar Nome do
Autor - Título do Trabalho. A primeira é preferida por ser mais universal e
garantir a abertura em praticamente qualquer plataforma. Em qualquer dos
casos, evite o uso de acentos, cedilhas e caracteres como !, por exemplo.
e) Seu novo arquivo PDF foi criado na pasta indicada.
Obs. O PDF995 é gratuito, mas exibe uma página de propaganda sempre que executado.
Se desejar se livrar desta publicidade, pode-se pagar pelo produto (cerca de US$9, ou R$30,
quando este documento foi escrito).
Muitos outros softwares foram testados, mas o PDF995 apresentou o melhor resultado.
Muitos acrescentam marcas d'água, como Trial ou são mais difíceis de usar ou exigem o uso
de outros drivers de impressoras. No entanto, não foram testados documentos complexos, com
multimídia, proteção, assinaturas, etc. Para esses casos, recomenda-se o uso do Adobe
Acrobat completo.
3. Lendo outros PDFs
Baixe o Adobe Acrobat Reader gratuitamente para ler arquivos PDF.
87
GLOSSÁRIO129
.Net Plataforma da Microsoft baseada em 4 princípios: fim da separação
entre programas e Internet, o usuário não interage mais com um
servidor ou site, mas com uma rede de servidores e aplicações
distribuídos pela Internet; programas são alugados como um recurso
da Internet, não comprado em prateleiras; as informações dos usuários
são disponíveis a qualquer momento, em qualquer lugar, a partir de
qualquer equipamento; novos modos de interagir com as informações,
como reconhecimento de escrita.
Aol America Online. Provedor de conexão à Internet e conteúdo. Ligada
ao grupo AOL Time-Warner.
Arpa, Darpa (Defense) Advanced Research Projects Agency. Agência de Projetos
de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos Estados
Unidos.
Arpanet Rede do Arpa, precursora da Internet, desenvolvida para sobreviver a
ataques nucleares.
AT&T American Telephone and Telegraph. Empresa americana de telefonia.
ATM Asynchronous Transfer Mode. Protocolo de transferência de dados em
redes digitais que utiliza tamanhos fixos de pacotes de dados, mas
necessita de canais definidos de transmissão, diferentemente do
TCP/IP.
BBS Bulletin Board System. Sistema de Quadro de Mensagens. Usado
como sinônimo de fórum, atualmente. Na origem, um protocolo de
comunicação e troca/publicação de mensagens via modem, popular
antes do surgimento da Web.
Bit Binary Digit. Menor unidade na notação numérica binária, que pode
ter o valor 0 ou 1. Menor unidade de dado com que um sistema pode
lidar.a
_____________ 129 Fontes:Dicionário Prático de Informática Melhoramentos – Dic Michaelis UOL. Carlos Irineu da Costa. “Glossário”.In: Pierre Lévy. Cibercultura. Webopedia. http://www.webopedia.com Zdnet. http://www.zdnet.co.uk Darpa. http://www.darpa.mil Eletronic Privacy Information Center. http://www.epic.org Federal Bureau of Investigation. http://www.fbi.gov
88
BITNET Because It’s Time ou Because It’s There Network. Rede que interligou
as universidades americanas desde o início dos anos 80. Em 1987,
fundiu-se à NSFNET.
Carnivore Programa de monitoramento (“escuta”) de comunicações por e-mail
utilizado pelo FBI.
CD-ROM Compact Disk-Read Only Memory. Memória exclusiva de leitura em
disco compacto. Disco plástico pequeno que é usado como um
dispositivo somente de leitura de alta capacidade, onde o dado é
armazenado na forma binária como orifícios gravados na superfície e
que são lidos através de um laser.a
CSNET Uma das redes fundadas no início dos anos 80 que utilizavam os
padrões que resultariam na Internet.
CSS Cascading Style Sheets. Folhas de estilo em cascata. Linguagem que
permite a separação entre apresentação de um documento (fonte,
itálico, cores, posicionamento, etc.) e as informações estruturais do
conteúdo, deixadas para o HTML (manchete, parágrafo, lista
numerada, etc.)
Echelon Parte de um sistema de vigilância global mantido pelos governos
americano e britânico que intercepta e monitora comunicações
eletrônicas em satélites em todo o mundo, detectando
automaticamente sinais “perigosos”. Lançado nos anos 60, continua
ativo hoje.
E-mail Eletronic Mail. Correio eletrônico. Modo de comunicação que permite
a troca de mensagens e arquivos de modo não simultâneo.
FAQ Frequently Asked Question. Perguntas, dúvidas comuns. Sistema de
gerenciamento dessas dúvidas.
FTP File Transfer Protocol. Protocolo de transferência de arquivos.
Permite a conexão remota com servidores Web para a publicação e
gerenciamento de arquivos.
GB Gigabyte (109 Bytes)
Gopher Sistema de organização e busca de arquivos na Internet que foi
substituído largamente pela Web.
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Grid computing Tipo de rede em que são utilizados períodos de inatividade dos
computadores para processamento de informações, que normalmente
seria extremamente intenso para um dos nós isolados.
GUI Graphic User Interface. Interface Gráfica do Usuário. Interface
computador/usuário que se utiliza de janelas e ícones que,
manipulados pelo mouse, facilitam o trabalho de operação de um
software. O programa Windows da Microsoft é um exemplo de GUI. a
Hailstorm Serviços XML providos pela Microsoft para compartilhamento das
informações de usuários, evitando que ele tenha que fornecer os
mesmos dados a diferentes sites.
HTML HyperText Mark-up Language. Linguagem de Marcação de
Hipertexto. Não é considerada uma linguagem de programação, mas
de marcação, já que seus comandos são basicamente de apresentação
visual e interpretados pelo programa navegador. Ela define
HTTP HyperText Transfer Protocol. Protocolo de transferência de
hipertexto, que permite a transmissão de páginas Web/comandos
HTML dos servidores aos clientes.
IBM International Business Machines. Empresa americana de informática.
IIS Internet Information Service. Serviço de Informações Internet.
Servidor Web da Microsoft, acompanha os sistemas operacionais
corporativos da empresa.
IP Internet Protocol. Geralmente usado em referência ao Endereço IP,
seqüência de números que identifica unicamente todo computador
ligado à Internet.
IRC Internet Relay Chat. “Bate-papo retransmitido via Internet”. Protocolo
de comunicação em tempo real criado em 1980 em que as mensagens
enviadas por um usuário ao servidor são retransmitidas a todos os
outros usuários conectados ao canal.
KB Kilobyte (103 Bytes)
LAN Local Area Network. Denomina uma rede local de computadores.
Link Em hipertextos, uma referência a outros documentos do sistema. E
comunicações, uma linha ou canal de transmissão de dados.
Mainframe Computador caro e grande, capaz de lidar com muitos usuários e
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programas simultâneos.
MB Megabyte (106 Bytes)
MHz Megahertz (106 Hertz)
Modem Modulador/Demodulador. Equipamento ou programa que permite a
conexão entre computadores através de canais analógicos, como
linhas telefônicas.
MySQL Servidor de banco de dados de código livre, popular em sistemas Web.
News, Newsgroup cf. Usenet.
NSF, NSFNET National Science Foundation. Fundação Nacional de Ciência dos
Estados Unidos. A NFSNET sucedeu à Arpanet como link principal
do governo americano e foi desativada em 1995, substituída por uma
rede mais rápida.
PC Personal Computer. Computador pessoal. Refere-se normalmente ao
modelo desktop, os computadores de mesa.
PDA Neste texto, Personal Device Assistant, nome genérico para
computadores de mão, normalmente com recursos de identificação de
escrita.
Peer-to-peer Também peer2peer ou p2p. Arquitetura de rede em que todos os
computadores têm funções equivalentes.
POP Post Office Protocol. Protocolo de Correio, permite o envio de
mensagens de correio eletrônico.
RAM Random Access Memory. Memória de Acesso Aleatório. Tipo de
memória temporária que armazena informações apenas enquanto o
computador se encontra ligado.
RSS RDF (Resource Description Framework) Site Summary. Padrão
utilizado por sites que desejam publicar informações em outros sites
ou programas específicos. É atualizado automaticamente pelo site
autor e sincronizado posteriormente pelos clientes.
SMTP Simple Mail Transfer Protocol. Protocolo Simples de Transferência
de Correio, permite o recebimento de mensagens de correio
eletrônico.
SQL Structured Query Language. Linguagem de Consulta Estruturada.
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Padrão genérico de consulta a bancos de dados relacionais.
TCP Transmission Control Protocol. Protocolo de Controle de
Transmissão, permite a conexão de dois computadores sem que haja
perda de pacotes devido a alterações do caminho feito por cada pacote
de dados.
TIA Total Information Awareness. Projeto da Darpa que pretende capturar
a “assinatura” das informações trocadas por terroristas e outros
criminosos através do monitoramento e centralização de dados sobre
finanças, visitas médicas, comunicações e viagens de indivíduos.
Essas informações passariam por um processo de filtragem que
poderia indicar associações e padrões suspeitos.
Unix Sistema operacional popular em redes e computadores de alta
performance, foi desenvolvido pela Bell Labs, uma divisão da AT&T.
Distribuído a preço de custo, com os códigos-fonte, e podendo rodar
em praticamente qualquer computador que pudesse compilar a
linguagem C, tornou-se popular também em universidades.
UOL Universo On-line. O maior provedor de conexão à Internet e conteúdo
Web nacional.
Usenet User’s Network. “Rede dos Usuários”. Designa um protocolo,
também chamado de news, nntp ou newsgroup, que permite a
comunicação muitos/muitos, como em um fórum. A primeira rede a
utilizar esse sistema (news://news.usenet.org)
Wap Wireless Application Protocol. Protocolo de Aplicações Sem Fio.
Protocolo de transmissão de dados baseado no HTTP, mas
simplificado para facilitar a conexão por telefones celulares.
WML Wireless Mark-up Language. Linguagem de Marcação Sem Fio.
Linguagem XML baseada no HTML mas voltada para a utilização em
redes Wap.
XML Extensible Mark-up Language. Linguagem de Marcação Extensível,
permite o uso de elementos personalizados e facilita a integração entre
aplicações diferentes.
Xmodem Protocolo de transferência de arquivos simples, permite a detecção
eficiente de erros de transmissão.