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acertaram 14 dezenas

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Go, jogo milenar, conquista jovens

PAULA PEREIRA

Aacolhida não é das maiscalorosas no Nihon Ki-In, associação paulista

onde se preserva a tradição mi-lenar do go. Quem chega ao pre-dinho discreto, escondido nu-ma curva da bucólica Rua Fa-brício Vampré, na Vila Maria-na, é logo interpelado pela frie-za de guardião do zeladorYoshinobu Yoshioka, de 72anos: “O que você quer?” Os no-vatos respondem com a senha:“Vim aprender a jogar go.”

Esse jogo de tabuleiro, pe-dras brancas e pretas, inventa-do há 4 mil anos pelos chinesescomo arte de adivinhação, esta-va até recentemente circunscri-to à colônia japonesa em SãoPaulo. Mas, graças à iniciativado Nihon Ki-In, começa a ga-nhar adeptos de outras origens.

Para ampliar o número de jo-gadores, muitos já passados hámuito da casa dos 60 anos, ocentro passou a oferecer aulasgratuitas às sextas e sábados epôs o go na internet. A cada se-mana, pelo menos dois interes-sados, normalmente jovens oci-dentais atraídos pela internetou pela cena do jogo no filmeUma Mente Brilhante – em queo matemático vivido por Rus-sell Crowe disputa uma partida–, arriscam tocar a campainhado centro pouco conhecido pa-ra ser iniciados no go – weichi,em chinês, baduk, em coreano.

“Vim pensando que ia en-contrar uma loja de tabulei-ros de go e passei batido por-que o lugar é meio escondi-do”, conta o universitário Da-nilo Oliveira Guirro, de 17anos, jogador há dois meses.Entrou e ficou perdido com adiferença de cul-tura que encon-trou para alémdo umbral daporta. “Estendia mão, mas fica-ram me olhandosem entender.São todos discre-tos e jogam con-centrados: é co-mo se você nãoexistisse”, diz oestudante. Dani-lo ficou desa-fiando adversá-rios recém-co-nhecidos no ta-buleiro de li-nhas cruzadasaté o fim da noi-te, comprou oseu próprio edesde então vol-ta todas as sema-nas para aperfei-çoar as jogadas.“Jogo fora da-qui também, na internet, emcasa. Mas este é o lugar.”

Horas – Cruzar o portão do nú-mero 116 é como transpor umportal para uma dimensão dehoras suspensas. O tempo é de-terminado pelas partidas joga-das no salão comprido da asso-ciação, ladeado de janelas gran-des com cortinasencardidas.

Jogadores anti-gos no go e nomundo manu-seiam com baru-lho as pedras.Embora a etique-ta do jogo não re-comende, res-mungam em ja-ponês, chinês ecoreano contra lances de mes-tre do adversário – ou maus cál-culos próprios –, sentados em32 mesas de madeira gasta, divi-das por um corredor no centro.Velhos jornais japoneses amare-lam sobre uma mesa na ante-sa-la, onde um sofá confortável eduas garrafas térmicas com ca-

fé doce e chá de arroz prepara-dos pela mulher do zelador ga-rantem o melhor da acolhida.

Ninguém levanta a vista pa-ra ver quem chega. A não ser oprofessor Didier Sousan, de 48anos, que identifica os óbviosmarinheiros de primeira via-gem e os conforta com boas-vin-das, oferecendo-se para ensinar

gratuitamente ojogo. “Os outrosjogos são mais tá-ticos, o go é maisestratégico. O goé um jogo cons-trutivo, de con-quista territorial,os outros são des-trutivos”, filoso-fa Sousan, nasci-do em Casablan-

ca e criado em Paris. Ele morahá 15 anos no Brasil.

É uma espécie de xadrez?“Não. Xadrez é gramática; goé poesia.” Os aprendizes oci-dentais não dão muita aten-ção a tanta retórica – estãomesmo interessados em apren-der logo as regras e arriscar as

primeiras partidas – rápidas,geralmente frustrantes.

Didier os auxilia com pa-ciência oriental. Está lá todasas sextas, das 17 às 22, e sába-dos, das 14 às 19 horas. Enge-nheiro de sistemas, filósofo epsicanalista de formação,adotou a profissão de profes-sor de go, credenciado na As-

sociação Internacional. Dáaulas gratuitas durante doismeses no Nihon Ki-In. Paracontinuar a freqüentar o lo-cal, é preciso se filiar à asso-ciação pagando mensalidadede R$ 45,00 (menores de ida-de estão isentos), com acessolivre a semana toda.

Fabio Kenji Sakata Yamashi-

ta, de 12 anos, é um prodígioque, em menos de um ano, supe-rou o mestre Sousan e os maisexperientes jogadores da asso-ciação. Conheceu o go pela in-ternet e foi parar no Nihon Ki-In levado pelo irmão. “Jogo pe-la internet, mas venho aqui to-da semana para jogar ao vivo.”Sem pedir licença, mete a mãono tabuleiro onde Sousan tentaensinar um novato. Com mãospequenas de garoto, conduz amelhor jogada.

“Perco do menino. Ele tema cabeça boa”, retruca emmau português Hsieh Ron-gjyi, de 64 anos, um taiwanêsque observa o trio de outra me-sa. Modéstia sua: joga há 30anos e já está no 2.º dan, de-grau inicial, porém nada fácilde conquistar na complexa hie-rarquia do jogo.

Membro da diretoria doNihon Ki-In, o médico FumioSakajiri, de 53 anos, 13 anos dego, 1.º dan, sorri satisfeito aover as gerações mais novas e deolhos nem tão amendoados pi-sando cada vez mais no pavi-

flex marron daassociação, fun-dada em 1989.“Os mais velhossão tímidos etêm certa dificul-dade de acolheros que chegam,mas se acostu-mam.”

O Nihon tem150 sócios, ape-nas 50 na ativa.É o mais organi-zado do País, li-gado ao institutooficial de go noJapão, que levao mesmo nomeem japonês.Sakajiri estimaque cerca de 300pessoas prati-quem o jogo noBrasil. “Desdeque começamosa divulgar, há

dois anos, recebemos umas 150pessoas, mas só umas 20 persis-tiram.” Aos ocidentais apressa-dos e pouco perseverantes, re-comenda paciência. “O go nãoé fast food, tem de ir cozinhan-do devagar.”

Chegou a hora! – Meia ho-ra antes de o centro fechar, ozelador Yoshioka recolhe as pe-dras esquecidas sobre as me-sas, esvazia cinzeiros.

“Todo primeiro domingodo mês tem campeonato aber-to, que custa R$ 10,00”, avi-sa. Abre uma prateleira de far-mácia antiga de onde tiradois livros introdutórios, R$7,50 cada. Mostra tabuleirosde borracha com peças desta-cáveis, para principiantes,que custam R$ 10,00. O pro-fissional, de madeira, custaR$ 80,00. Lembra que já são19 horas. E, implacável, come-ça a apagar as luzes. “Chegoua hora! Pode acabar.” Os re-sistentes não se incomodamcom o mau jeito. Faz parte damagia do Nihon Ki-In.

Inventado pelos chineseshá 4 mil anos, o go é tido co-mo um dos jogos mais anti-gos do mundo. Tornou-seuma das quatro artes no-bres na corte dos imperado-res chineses, ao lado da mú-sica, do desenho e da caligra-fia. Foi praticado como fer-ramenta de meditação emmosteiros budistas e até co-mo “arte marcial do espíri-to” pelos samurais, explicao professor Didier Sousan.

É um jogo de conquistaterritorial e captura de pe-dras. Ganha quem conse-guir delimitar o maior espa-ço com elas. É jogado numtabuleiro de madeira de 46centímetros de comprimen-to por 43 de largura, corta-do por 19 linhas horizontaise 19 verticais. As 361 pedras(181 pretas e 180 brancas)são posicionadas aleatoria-mente pelos jogadores nasintersecções a cada jogada –e não nas casas, como em ou-tros jogos. As pretas são“mais fracas” e têm a vanta-gem de iniciar o jogo.

Durante a partida, as pe-dras que perdem “a liberda-de” ou “espaço para respi-rar”, ou seja, que são cerca-das pelas peças do adversá-rio, são retiradas do tabulei-ro. Existem 45 níveis de for-ça no go, determinados porkyus e dans. (P.P.)

Ocidentais conhecem o jogo pela internet ou assistindo a ‘Uma Mente Brilhante’ Acolhida simpática: o professor Didier Sousan recebe os novatos que chegam

No prédio discreto da Associação Nihon Ki-In, na Vila Mariana,aulas de graça para os principiantes durante dois meses

Uma família foi atropeladapor um ônibus ontem de ma-nhã na Avenida ConselheiroCarrão, na zona leste. Mãe e fi-lha morreram na hora. A avó es-tá internada em estado grave.Testemunhas contaram que oveículo subiu na calçada, des-truiu parte de um painel lumi-noso e atingiu a bióloga Rober-ta Pereira Mariano, de 28 anos,sua filha Malu, de 3, e a médicaRegina Pereira Domingues, de57. O motorista da Viação Con-sórcio Plus, José Caetano da Sil-va Filho, de 62 anos, fugiu e,uma hora depois, se apresentouno 31.º DP. Ele vai responderem liberdade processo por ho-micídio culposo.

Pelo menos 33 pessoas fica-ram feridas em um acidente en-tre um ônibus e um caminhãono km 42 da Rodovia SP-107,na altura de Artur Nogueira. Acolisão frontal entre o ônibusPrincesa D’Oeste e um cami-nhão carregado de ração ocor-reu por volta das 5h30.

Ganha quemdelimita maiorárea no tabuleiro

LOTOFÁCILLOTOFÁCIL Concurso n.º 41

03 04 09 12

DESAFIO

Uma partida de go no Nihon Ki-In: na associação, 32 mesas disponíveis para os experientes e para os que querem aprender o jogo

Roteiro mistura pizza do domingoà noite com Demônios da Garoa

MAURO MUG

Saborear a sagrada pizzado domingo não na frenteda TV, mas ao som do De-

mônios da Garoa. Essa é a su-gestão do Luzes da Cidade, ro-teiro lançado ontem no BarBrahma que passa por atraçõesturísticas em um microônibus.

O programa será realizado apartir do dia 11. Idealizado porÁlvaro Aoas, sócio do Brahma,ele inclui Pátio do Colégio, Tea-tro Municipal, Pinacoteca, Esta-ções da Luz e Júlio Prestes,

Anhangabaú e uma subida aoTerraço Itália, com direito adrinque. O “cardápio” acabacom um rodízio de pizzas noBrahma e o show dos Demô-nios da Garoa.

O passeio segue os moldes doDomingo Paulistano, realizadoà tarde no Brahma desde o anopassado. Segundo Aoas, eleatrai todo fim de semana cercade 170 pessoas, a lotação da ca-sa. “Turistas adoram e tem pau-listanos que choram: dizem queconheciam Nova York, BuenosAires e Paris, mas nunca ti-nham visto a própria cidade.”

■ O passeio começa às 19 horas e oshow, 3 horas depois. Preço: R$50,00, incluindo o drinque no Terra-ço Itália. Reservas pelo tel. 3333-0855

Continuava em estado graveontem o menino João PedroTeodoro da Silva, de 8 anos, in-ternado no sábado após ter pisa-do num terreno contaminadocom uma substância misteriosaem Barra Mansa (RJ). Com45% do corpo queimado, ele po-de ter as pernas amputadas. Nolocal, contato com o solo provo-ca uma pequena explosão e fo-go. Ainda não se sabe que pro-duto causou o acidente, apenasque região teria funcionado umdepósito de produtos químicos.Outras duas crianças ficaramferidas sem gravidade. A Fun-dação Estadual de Engenhariado Meio Ambiente (Feema) re-colheu amostras para análise.

Uma área na zona urbana deIbaté, na região de RibeirãoPre-to, onde funcionava a fábricaMPL Motores, de equipamen-tos para tratores, está sob sus-peita de contaminação por fe-nol, substância tóxica derivada

do petróleo. O terreno está inter-ditado. A atual dona do terre-no, Empar Americana Em-preendimentos e ParticipaçõesLtda., pediu à Cetesb, em Ara-raquara, 120 dias para apresen-tar um estudo ambiental.

Números sorteados

MUITOS

TAMBÉM

JOGAM PELA

INTERNET

Fotos Paulo Pinto/AE

Nihon Ki-In do BrasilRua Dr. Fabrício Vampré, 116 (perto do Metrô Ana Rosa)Tel: 5571-2847Terça a domingo das 13 h as 20 h, sexta até as 22 h

Restaurante Golden FishAv. Divino Salvador, 61 - MoemaTel: 5051-2536 / 5051-3294

Clube de Go de São Paulo (no restaurante Huang)Rua Conselheiro Rodrigues Alves, 382 (Metrô Ana Rosa)Tel: 5539-1501 / 5539-5168Quarta-feira a partir das 19 horas

� Mais informações:http://planeta.terra.com.br/esporte/go

Show e rodízio do pratopreferido do paulistanono Bar Brahma fechampasseio de microônibus

Ônibus sobe emcalçada e matamãe e filha

Menino se queimaao pisar em áreacontaminada

Ibaté está sob suspeita de contaminação

Acidente nointerior deixa 33pessoas feridas

ONDE JOGAR GO

%HermesFileInfo:C-8:20040706:C8 - O ESTADO DE S.PAULO CIDADES TERÇA-FEIRA, 6 DE JULHO DE 2004