CONSIDERAÇÕES POLÍTICAS E ECONÔMICAS SOBRE PORTUGAL 1808-1812
Henrique Martyn Luz inteiramente gasta por Deus (1781-1812)
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Henrique Martyn
Luz inteiramente gasta por Deus
(1781-1812)Ajoelhado na praia da ndia, Henrique Martyn derramava a alma perante o Mestre e orava: "Amado
Senhor, eu tambm andava no pas longnquo; minha vida ardia no pecado... desejaste que eu me
tornasse, no mais um tio para espalhar a destruio, mas uma tocha brilhando por ti (Zacarias
3.2). Eis-me aqui nas trevas mais densas, selvagens e opressivas do paganismo. Agora, Senhor, quero
arder at me consumir inteiramente por ti!"
O intenso ardor daquele dia sempre motivou a vida desse moo. Diz-se que o seu "o nome mais
herico, que adorna a histria da Igreja da Inglaterra, desde os tempos da rainha Elisabete."
Contudo, at entre seus patrcios, ele no bem conhecido.
Seu pai era de fsico franzino. Depois de o seu progenitor falecer, os quatro filhos, inclusive Henrique,no tardaram a contrair a mesma enfermidade, a tuberculose.
Com a morte do pai, Henrique perdeu seu intenso interesse pela matemtica e se interessou
grandemente na leitura da Bblia. Diplomou-se com mais honras do que todos da sua classe. O
Esprito Santo, porm, falou sua alma: "Buscas grandes coisas para ti. No as busques!" Acerca dos
seus estudos testificou: "Alcancei o ponto mais alto que desejara, mas fiquei desapontado ao ver
como, apenas, tinha agarrado uma sombra."
Tinha por costume levantar-se cedo, de madrugada, e andar sozinho, pelos campos para desfrutar de
comunho ntima com Deus. O resultado foi que abandonou para sempre o plano de ser advogado,
um plano que, at a, ainda seguia, porque "no podia consentir em ser pobre pelo amor de Cristo."
Ao ouvir um sermo sobre "O Estado Perdido dos Pagos" resolveu dar a sua vida como missionrio.
Ao conhecer a vida abnegada do missionrio Guilherme Carey, na sua grande obra na ndia, sentiu-se
dirigido a trabalhar no mesmo pas.
O desejo de levar a mensagem de salvao aos povos que no conheciam a Cristo, tornou-se como
um fogo inextinguvel na sua alma pela leitura da biografia de David Brainerd, o qual morrera quando
ainda muito jovem, com a idade de vinte e nove anos (sua vida fora gasta inteiramente no servio de
amor intenso aos silvcolas da Amrica do Norte). Henrique Martyn reconhecia que, como foram
poucos os anos da obra de David Brainerd, havia tambm para ele pouco tempo, e se acendeu nele a
mesma paixo de gastar-se, inteiramente por Cristo, no breve espao de tempo que lhe restava. Seus
sermes no consistiam em palavras de sabedoria humana, mas sempre se dirigia ao povo como "um
moribundo, pregando aos moribundos".
Havia um grande embarao para Henrique Martyn: a me da sua noiva, Ldia Grenfel, no consentiria
que eles se casassem, se ele insistisse em lev-la para o estrangeiro. Henrique amava a Ldia e o seu
maior desejo terrestre era estabelecer um lar e trabalhar junto com ela na seara do Senhor. Acerca
disto, ele escreveu no seu dirio: "Continuei uma hora e mais em orao, lutando contra o que me
ligava... Cada vez que estava perto de ganhar a vitria, o corao voltava para o seu dolo, e
finalmente, deitei-me sentindo grande mgoa."Ento se lembrou de David Brainerd, o qual negava a
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si mesmo todos os confortos da civilizao, andava grandes distncias sozinho na floresta, passava
dias com fome e depois de assim se esforar por cinco anos, voltou para falecer tuberculoso nos
braos da sua noiva, Jerusa, filha de Jnatas Edwards.
Por fim, Henrique Martyn, tambm, ganhou a vitria, obedecendo chamada para sacrificar-se
salvao dos perdidos. Ao embarcar para a ndia, em 1805, escreveu: "Se eu viver ou morrer, queCristo seja magnificado pela colheita de multides para Ele".
A bordo do navio, ao afastar-se da sua ptria, Henrique Martyn chorou como uma criana. Contudo
nada podia desvi-lo da sua firme resoluo de seguir a direo divina. Ele era "um tio arrebatado
do fogo" e repentinamente dizia: "Que eu seja uma chama de fogo no servio divino".
Depois de nove longos meses a bordo, e quando j se achava perto do seu destino, passou um dia
inteiro em jejum e orao. Sentia quo grande era o sacrifcio da Cruz e como era, igualmente,
grande a sua responsabilidade para com os perdidos na idolatria da ndia. Continuava a repetir:
"Tenho posto vigias sobre os teus muros, Jerusalm; eles no se calaro jamais em todo o dia nem
em toda a noite: no descanseis vs os que fazeis lembrar a Jeov, e no lhe deis a Ele descanso, atque estabelea, e at que ponha a Jerusalm por objeto de louvor na terra!" (Isaas 62.6).
A chegada de Henrique Martyn ndia, no ms de abril de 1806, foi tambm em resposta orao
de outros. A necessidade era to grande nesse pas, que os poucos obreiros concordaram em se
reunirem em Calcut, de oito em oito dias, para pedirem a Deus que enviasse um homem cheio do
Esprito Santo e poder ndia. Martyn, logo ao desembarcar, foi recebido alegremente por eles como
a resposta s suas oraes.
difcil imaginar o horror das trevas em que vivia esse povo, entre o qual Martyn se achava. Um dia,
perto do lugar onde se hospedara, ouviu uma msica e viu a fumaa de uma das piras fnebres de
que ouvira falar antes de sair da Inglaterra. As chamas j comeavam a subir do lugar onde uma vivase achava sentada ao lado do cadver de seu marido morto. Martyn, indignado, esforou-se, mas no
pde conseguir salvar a pobre vtima.
Em outra ocasio, foi atrado pelo rudo do cmbalo, a um lugar onde o povo fazia culto aos
demnios. Os adoradores se prostravam perante o dolo, obra das suas prprias mos, do qual
adoravam e temiam! Martyn sentia-se "mesmo na vizinhana do Inferno".
Cercado de tais cenas, ele se aplicava mais e mais e sem cansar, dia aps dia, a aprender a lngua.
No desanimava com a falta de fruto da sua pregao, reconhecendo ser de maior importncia
traduzir as Escrituras e coloc-las nas mos do povo. Com esse alvo, perseverava no trabalho de
traduo, cuidadosamente, aperfeioando a obra, pouco a pouco, e parando de vez em quando para
pedir o auxlio de Deus.
Como a sua alma ardia no firme propsito de dar a Bblia ao povo, v-se no seguinte trecho de um
dos seus sermes conservado no Museu Britnico:
"Pensai na situao triste do moribundo, que apenas conhece bastante da eternidade para temer a
morte, mas no conhece bastante do Salvador para olhar o futuro com esperana. No pode pedir
uma Bblia para saber algo sobre o que se firmar nem pode pedir a esposa ou ao filho que lhe leiam
um captulo para o confortar. A Bblia, ah! um tesouro que eles nunca possuram! Vs que tendes
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um corao para sentir a misria do prximo, vs que sabeis como a agonia de esprito mais que
qualquer sofrimento do corpo, vs que sabeis que vem o dia em que tendes de morrer, oh! dai-lhes
aquilo que lhes ser um conforto na hora da morte!"
Para alcanar esse alvo, de dar as Escrituras aos povos da ndia e da Prsia, Martyn aplicou-se obra
de traduo de dia e de noite, at mesmo quando descansava e quando em viagem. No diminua asua marcha quando o termmetro registrava o intenso calor de 70" nem quando sofria da febre
intermitente, nem com o avano da peste branca que ardia no seu peito.
Como David Brainerd, cuja biografia sempre serviu para inspir-lo, Henrique Martyn passou dias
inteiros em intercesso e comunho com o seu "Amado", seu querido Jesus. - "Parece", escreveu ele,
"que posso orar para sempre sem nunca cansar. Quo doce andar com Jesus e morrer por Ele..."
Para ele, a orao no era uma formalidade, mas o meio certo de quebrantar os endurecidos e
vencer os adversrios.
Seis anos e meio depois de ter desembarcado na ndia, enquanto empreendia longa viagem, faleceu
com a idade de 31 anos. Separado dos irmos, do resto da famlia, com a noiva esperando-o naInglaterra, e cercado de perseguidores, foi enterrado em lugar desconhecido.
Era grande o nimo, a perseverana, o amor, a dedicao com que trabalhava na seara do seu
Senhor! O zelo ardeu at ele se consumir neste curto espao de seis anos e meio. -nos impossvel
apreciar quo grande foi a sua obra feita em to poucos anos. Alm de pregar, conseguiu traduzir
pores das Sagradas Escrituras para as lnguas de uma quarta parte de todos os habitantes do
mundo. O Novo Testamento em hindu, hindusto e persa e os Evangelhos em judaico-persa so
apenas uma parte das suas obras.
Quatro anos depois da sua morte, nasceu Fidlia Fiske, no sossego da Nova Inglaterra. Quando ainda
aluna na escola, leu a biografia de Henrique Martyn. Andou quarenta e cinco quilmetros de noite,sob violenta tempestade de neve, para pedir sua me que a deixasse ir pregar o Evangelho s
mulheres da Prsia. Ao chegar Prsia reuniu muitas mulheres e lhes contou o amor de Jesus, at
que o avivamento em Oroomiah se tornou em outro Pentecoste.
Se Henrique Martyn, que entregou tudo para o servio do Rei dos reis, pudesse visitar a ndia, e a
Prsia, hoje, quo grande seria a obra que encontraria, obra feita por to grande nmero de fiis
filhos de Deus nos quais ardeu o mesmo fogo pela leitura da biografia desse pioneiro.
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