HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA CURRALEIRO DE DIFERENTES IDADES, MACHOS E FÊMEAS, GESTANTES E NÃO GESTANTES João Batista de Paula Neto Orientadora: Profª. Drª. Maria Clorinda Soares Fioravanti GOIÂNIA 2004

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA

CURRALEIRO DE DIFERENTES IDADES, MACHOS E FÊMEAS,

GESTANTES E NÃO GESTANTES

João Batista de Paula Neto

Orientadora: Profª. Drª. Maria Clorinda Soares Fioravanti

GOIÂNIA

2004

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JOÃO BATISTA DE PAULA NETO

HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA

CURRALEIRO DE DIFERENTES IDADES, MACHOS E FÊMEAS,

GESTANTES E NÃO GESTANTES

Dissertação apresentada para

obtenção do grau de Mestre em Ciência

Animal junto à Escola de Veterinária da

Universidade Federal de Goiás

Área de Concentração: Sanidade Animal

Orientadora: Profª Drª Maria Clorinda Soares Fioravanti Comitê de Orientação Prof. Dr. Dirson Vieira Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva Prof. Dr. José Carlos Seraphim

GOIÂNIA 2004

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a eles que são meu maior alicerce e fonte de incentivo: meus pais, João Batista de Paula Júnior e

Maria Eloide de Paula, e a minha irmã Ana Karla Almeida de Paula com muito amor, carinho e orgulho.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pela força, determinação, saúde e

a oportunidade de ter realizado este trabalho, abençoando-me com mais uma

experiência de vida.

Às três pessoas mais importantes da minha vida, minha mãe, meu pai e

minha irmã, que sempre estiveram comigo nas horas mais difíceis dessa jornada,

amparando-me e incentivando-me a prosseguir e alcançar meus ideais.

À professora Maria Clorinda Soares Fioravanti dileta orientadora,

conselheira e grande amiga, pelos inúmeros ensinamentos, dedicação, zelo

profissional, invejável nível ético, conduta ilibada e caráter ímpar, algoz das

injustiças e ícone da Clínica Buiatrica.

Ao professor Dirson Vieira, co-orientador deste trabalho, que foi para

mim um mestre, seja pelos ensinamentos ou pelo grande valor moral e incentivos

nessa jornada que trilhamos, sempre de bom humor, pela costumeira atenção,

com proveitosas sugestões, notável devêlo profissional, pelo excelente convívio e

pela crescente amizade.

A Coodernação de Aperfeiçoamento de Pessoal (CAPES) pela bolsa

concedida.

À Associação Brasileira dos Criadores do Gado Curraleiro (ABCGC), na

pessoa da Srª Vanda Maria Boaventura, pelo apoio e amizade, colocando-nos em

contado com os criadores para realizarmos nosso trabalho.

Ao professor Luiz Antônio Franco da Silva pelos ensinamentos,

conselhos e incentivos desde minha graduação, motivando-me a lutar e a

alcançar a realização profissional e sem dúvidas pela frutífera e perene amizade

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construída ao longo desses anos sempre de portas abertas para ajudar-me e

orientar-me no que fosse possível.

Ao professor José Carlos Seraphim, pelos ensinamentos e orientação

na estatística deste trabalho, boa convivência e amizade.

Aos meus amigos pela amizade sólida que formamos e mantemos ao

longo desses anos, torcendo para que perdure por toda vida. Em especial, aos

meus mega amigos Carlos Eduardo Chiquetto, Alberto Teixeira França Filho,

Leonardo Andrade, Adson Santa Cruz Oliveira e Gustavo Guimarães Alves,

juntamente com suas famílias maravilhosas, que de certa forma me acolheram ao

longo dessa jornada, pelo fantástico apoio e ajuda durante a realização deste

trabalho, perene amizade e formidável companheirismo. Hoje acredito que amigos

verdadeiros existem e estes sim são pra vida toda... Amigos pra sempre.

A todos os meus parentes que de uma forma direta ou indireta

contribuíram para essa vitória.

Aos alunos da graduação Anúzia, Joyce, Aline, Madalena, Viviane,

Marina, Alex, Bruno Trindade, Renata e Bruno Cesar pela dedicação,

solidariedade, responsabilidade, profissionalismo, bom convívio, frutífera amizade

e pelo apoio constante durante as fases de colheita e processamento do material,

constituindo-se, portanto, membros compartes de importância inestimável na

realização deste trabalho fundamentado no espírito de equipe.

Aos meus amigos de pós-graduação, em especial, Marlos Castanheira,

Mirella Carvalho, Liliana Borges, Francis Cristian Carvalho, Marcos Almeida,

Aracele Pinheiro, Klayto Gonçalvez, Túlio Élvio, Christiane Amorim, Tatiana

Vieira, Valter Bueno e Henrique Maêda pelo excelente convívio e camaradagem

durante esta marcha de inquestionáveis conquistas e alegrias.

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Aos prestativos proprietários das fazendas Barra Mansa (TO), Três

Lagoas (TO) e Rio dos Peixes (GO), pela valorosa colaboração, hospitalidade e

confiança em nosso trabalho. Aos Senhores, Teodoro Machado Hungria e Neuber

Joaquim dos Santos, da fazenda Trijunção (BA), por terem acreditado em nosso

trabalho, pelo apoio concedido, pela calorosa hospitalidade, pela paciência e

amizade.

À professora e grande amiga Naida Cristina Borges e família pela

carinhosa, impecável e inesquecível hospitalidade durante minha estadia em sua

residência, no período de treinamento no Laboratório de Análises Clínica da

Universidade Estadual de São Paulo Campus Jaboticabal.

À Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás, academia

que sempre foi fonte de conhecimentos e aprendizados para mim, onde

conquistei grandes amizades.

À Universidade Estadual de São Paulo (UNESP – Campus Jaboticabal)

na pessoa do professor Doutor José Jurandir Fagliari por ter me recebido e

orientado durante o treinamento nos laboratórios de análises clínicas, sempre

prestativo e com proveitosas sugestões, pelo excelente convívio, pelo grande

valor moral e pela crescente amizade. Assim como, à Renata Lemos Nagib Jorge

e ao Eugênio de Campos Filho, responsáveis pelos laboratórios análise clínicas,

que são pessoas maravilhosas e que não mediram esforços para me ajudar,

orientar e transmitir ensinamentos, assim como experiências adquiridas por eles

no dia a dia, sempre de bons humores e com muita paciência.

Ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás pelo suporte

dado a nossa pesquisa e pela utilização da sua infra-estrutura física e humana.

Em especial, ao Wesley Francisco Neves, responsável pelo laboratório de

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análises clínicas do hospital, pelas proveitosas sugestões, ensinamentos, apoio

de todas as formas possíveis, ajuda nas análises das amostras, pelo bom

convívio e a grande amizade, e a Maria Francisca, auxiliar técnica no laboratório,

pela torcida, pela ajuda incessante, pelos incentivos constantes durante esta

jornada e a grande amizade.

Aos motoristas da Universidade Federal de Goiás que colaboraram

neste trabalho, pela amizade, solidariedade, compreensão e as imensuráveis

ajudas durante realização das colheitas, não medindo esforços para que os

objetivos fossem alcançados da melhor forma possível, um verdadeiro trabalho de

equipe.

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"A mente que se abre a uma nova idéia

jamais volta ao seu tamanho original”.

Albert Einstein

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SÚMARIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................... 2

2.1 Origem e histórico do gado Curraleiro..................................................... 2

2.2 Hematologia............................................................................................. 5

2.2.1 Raça..................................................................................................... 6

2.2.2 Idade..................................................................................................... 9

2.2.3 Sexo...................................................................................................... 17

2.2.4 Gestação.............................................................................................. 19

3 OBJETIVOS................................................................................................ 21

4 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................... 22

4.1 Local de realização do estudo................................................................. 22

4.2 População experimental.......................................................................... 22

4.3 Avaliação clínica...................................................................................... 23

4.4 Exames laboratoriais............................................................................... 23

4.4.1 Colheita de amostras............................................................................ 23

4.4.2 Realização do hemograma................................................................... 24

4.5 Analise estatística.................................................................................... 26

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 27

5.1 Idade........................................................................................................ 27

5.2 Sexo......................................................................................................... 37

5.3 Gestação................................................................................................. 38

5.4 Comportamento das variáveis em relação a outras raças...................... 42

6 CONCLUSÃO............................................................................................. 44

REFERÊNCIAS............................................................................................. 45

ANEXOS........................................................................................................ 55

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Bovino, macho pertencente à Estação Experimental de Estudo

do Gado Curraleiro das Fazendas Trijunção, Bahia.................03

Figura 2 Representação gráfica do número de hemácias (x 106/µL) nas

diferentes faixas etárias.............................................................28

Figura 3 Representação gráfica do teor de hemoglobina (g/dL) nas

diferentes faixas etárias.............................................................29

Figura 4 Representação gráfica do volume globular (%) nas diferentes

faixas etárias.............................................................................30

Figura 5 Representação gráfica do volume corpuscular médio (µL) nas

diferentes faixas etárias.............................................................31

Figura 6 Representação gráfica da hemoglobina corpuscular média (pg)

nas diferentes faixas etárias......................................................32

Figura 7 Representação gráfica da concentração de hemoglobina

corpuscular média (g/dL) nas diferentes faixas etárias.............33

Figura 8 Representação gráfica do número de leucócitos, linfócitos e

neutrófilos segmentados (/µL) nas diferentes faixas

etárias........................................................................................34

Figura 9 Representação gráfica dos valores dos monócitos,eosinófilos,

bastonetes, basófilos (/µL) nas diferentes faixas

etárias........................................................................................35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Valores médios (m), desvio-padrão (s) e coeficiente de variação

(cv) dos constituintes do eritrograma de bovinos sadios da raça

Curraleiro, conforme a faixa etária............................................27

Tabela 2 Valores médios, desvio-padrão e coeficiente de variação dos

constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça

Curraleiro, segundo a faixa etária.............................................36

Tabela 3 Valores médios e avaliação estatística das variáveis hemácias

(x 106/µL), hemoglobina (g/dL), Volume globular (%), volume

corpuscular médio (µ3), concentração de hemoglobina

corpuscular média (%), Hemoglobina corpuscular média (pg),

em função do sexo...................................................................37

Tabela 4 Valores médios e avaliação estatística das variáveis leucócitos

(/ µL), basófilos (/µL), bastonetes (/µL), segmentados (/µL),

eosinófilos (/µL), linfócitos (/µL) e monócitos (/µL), em função

do sexo......................................................................................38

Tabela 5 Valores médios e avaliação estatística das variáveis hemácias

(x 106/ µL), hemoglobina (g/dL), volume globular (%), volume

corpuscular médio (µ3), concentração de hemoglobina

corpuscular média (%), hemoglobina corpuscular média (pg),

em função da gestação.............................................................39

Tabela 6 Valores médios, desvio-padrão e coeficiente de variação do

eritrograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, distribuídos

de acordo com o estado fisiológico...........................................40

Tabela 7 Valores médios, desvio-padrão e coeficiente de variação dos

elementos constituintes do leucograma de bovinos sadios da

raça Curraleiro, segundo o estado fisiológico...........................41

Tabela 8 Valores médios e avaliação estatística das variáveis leucócitos

(/µL), basófilos (/µL), bastonetes (/µL), segmentados (/µL),

eosinófilos (/µL), linfócitos (/µL) e monócitos (/µL), de acordo

com o estado fisiológico............................................................42

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABCGC Associação Brasileira de Criadores do Gado Curraleiro

CHCM Concentração de hemoglobina corpuscular média

cv Coeficiente de variação

dL decilitro

g gramas

HCM Hemoglobina corpuscular média

He hemácias

Hg hemoglobina

Ht hematócrito

mm3 Milímetro cúbico

µL microlitros

µ3 microcubo

pg picogramas

p Nível de significância

VCM Volume corpuscular médio

VG Volume globular

s Desvio-padrão

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RESUMO

Para a determinação dos valores dos constituintes sangüíneos do hemograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, foram examinadas 300 amostras, colhidas em quatro propriedades nos estados de Goiás, Tocantins e Bahia. Avaliou-se a influência da idade, do sexo e da gestação. Para tanto os animais foram distribuídos conforme a faixa etária (0 a 3, 4 a 6, 7 a 12, 13 a 24, 25 a 36, > 36 meses), sexos e a condição fisiológica (gestantes e não gestantes). Os parâmetros estudados foram eritrograma, leucograma e plaquetograma. Realizou-se a estatística descritiva dos dados, obtendo-se as médias, desvio padrão e coeficiente de variação para todos os parâmetros avaliados. As comparações entre médias foram feitas por meio de testes não-paramétricos. A contagem de

hemácias (9,99 2,46 x 106/µL), teor de hemoglobina (12,80 2,16 g/dL), volume

globular 38,0 4,73 %) nos animais mais jovens foram maiores em relação aos

animais adultos (7,14 1,75 x 106/µL, 11,89 2,12 g/dL, 33,90 4,34 %, 702,50 240,17x103/µL) respectivamente, diminuindo com o desenvolvimento etário. Os índices hematimétricos (VCM e HCM) foram menores nos animais mais jovens

(39,28 6,63 µ3 e 13,17 2,38 pg, respectivamente), aumentando com evoluir da

idade. A contagem dos leucócitos (12.728,13 3.854,09/µL), linfócitos (8.494,38

3.078,82/µL), segmentados (3.834,50 2.645,01/µL) e monócitos (276,13

306/µL) diminuíram e os eosinófilos (110,94 136,73/µL) aumentaram com o avançar da idade, enquanto os valores absolutos dos bastonetes e basófilos não sofreram variações significativas em função da idade. Os valores médios do número hemácias (8,39 x 106/µL), número totais de leucócitos (11.705,13/µL) e valores absolutos de linfócitos (8109,48/µL) nos animais machos foram maiores em relação às fêmeas (8,14 x 106/µL, 10.330,53/µL, 6470,72/µL) e o número absoluto de eosinófilos foi maior nas fêmeas ( 717,33/µL) em relação aos machos (415,80/µL). A gestação influenciou significativamente apenas no leucograma, onde os valores absolutos de segmentados (2.851,64/µL) e eosinófilos (999,34/µL) foram superiores nas fêmeas em gestação em relação às não gestantes (2.545,88/mm3 segmentados e 702,06/µL eosinófilos). A comparação do hemograma dos bovinos Curraleiros com o de outras raças demonstrou semelhanças com a maioria delas, sendo as que mais assemelharam foram as raças Gir, Girolando, Guzerá, Simbrasil, Simental, Brangus e Brahma e as menos semelhantes foram as raças Holandesa, Nelore e Angus. Palavras-chave: Hematologia, bovinos, Curraleiro, raça Curraleiro, hemograma

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ABSTRACT To determine the average values of cell blood count in healthy Curraleiro bovines, 300 samples obtained from four different farm properties in Goiás, Tocantins and Bahia were examined. The influences of age, sex and pregnant were evaluated. Animals were distributed according to age groups (0 a 3, 4 a 6, 7 a 12, 13 a 24, 25 a 36, > 36 months), sex and fisiological conditions (pregnant and not pregnant). Parameters studied were erythrogram, leukogram and platelets number. Data were submitted to descriptive statistic analysis. Comparisons of average values

were performed by non-parametric tests. Average red blood cell count (9,99 2,46

x 106/µL), hemoglobin (12,80 2,16 g/dL), packed cell volume (38,0 4,73%) and

platelet number (1.036,35 322,5 x 103/µL) in the younger subjects were righer

when compared to older animals (7,14 1,75 x 106/µL, 11,89 2,12 g/dL, 33,90

4,34%, 702,50 240,17x103/µL, respectively). Erythrocyte indices (MCV and

MCH) were lower in youngers animals (39,28 6,63 µ3 and 13,17 2,38 pg,

respectively), increasing with age. Leucocytes Count (12.728,13 3.854,09/µL),

lymphocytes (8.494,38 3.078,82/µL) and monocytes (276,13 306/µL) count decreased, while eosinophils count increase with age. On the other hand, neutrophils and basophils did not undergo any significant changes as a function of age. Average number of erythrocyte (8,39 x 106/µL), number total of leukocytes (11.705,13/µL) and absolute values of lymphocytes (8109,48/µL) were higher in male subjects when compared to females, while eosinophils count were higher in female animals ( 717,33/µL) when compared to males (415,80/µL). Pregnancy had a significant influence only on the leukogram, where absolute count for neutrophils (2.851,64/µL) and eosinophils (999,34/µL) where higher non pregnant females. The comparison of the blood count of Curraleiro bovine with that of other breeds showed large similarities, particularly with Gir, Girolando, Guzerá, Simbrasil, Simental, Brangus and Brahma, while Holstein-Friesian, Nelore and Angus exhibited fewer similarities. Keywords: hematology, bovine, breed Curraleiro, hemogram

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1 INTRODUÇÃO

Embora não existam estatísticas confiáveis sobre a atual população de

bovinos da raça Curraleiro, sabe-se que ele há um pequeno número, principalmente

em regiões isoladas, nos estados do Piauí, Maranhão, Tocantins e Goiás. Embora,

atualmente, estejam vulneráveis à extinção são animais que demonstram peculiares

ímpares de uma raça nativa que vem sofrendo ao longo do tempo a ação da seleção

natural a ponto de apresentarem características específicas de tais condições, entre

elas a rusticidade. Estas características são notáveis justificativas para manter este

recurso genético potencialmente importante, visto a possibilidade de que elas, puras

ou em cruzamentos, se tornem mais produtivas do que as raças exóticas

melhoradas, em determinadas condições de exploração, além de constituírem fonte

de material genético capaz de melhorar a resistência de outras raças às condições

hostis do ambiente.

A clínica médica veterinária tem um papel excepcional no contexto da

saúde animal, pois para um rebanho ser produtivo deve antes de tudo ser sadio.

Para que os clínicos possam estabelecer os diagnósticos das diferentes

enfermidades que acometem os animais de modo a determinar os prognósticos,

instituir as terapias e aplicar as medidas profiláticas adequadas, devem ser utilizados

todos os recursos disponíveis. Neste contexto, o estudo dos constituintes

sangüíneos constitui um valioso e fundamental aliado, uma vez que é utilizado na

avaliação do estado nutricional e das alterações patológicas teciduais e metabólicas

das diversas enfermidades. Entretanto, para que sejam convenientemente

interpretados e utilizados, há necessidade de conhecer os padrões para as

diferentes espécies, raças e idades de animais sadios, assim como os fatores

causadores de suas variações.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Origem e histórico do gado Curraleiro

Na época da colonização, em meados do século XVI, a criação de gado

começou no Brasil no governo de Tomé de Sousa, revelando-se de grande

importância para a colônia recém-descoberta. Os bovinos eram oriundos de Portugal

e da Espanha, trazidos pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Como na

América do Sul não existiam animais da espécie bovina, foi necessário trazer da

Península Ibérica e, eventualmente, das ilhas Canárias e de Cabo Verde, o gado

indispensável à produção de leite e carne durante a longa fase da colonização. Os

animais desembarcaram na Bahia e foram trazidos junto com os escravos e trocados

por açúcar e outras mercadorias. As raças nativas importadas deram início ao

povoamento dos campos naturais do Brasil, adaptaram-se ao novo ambiente,

formando grandes rebanhos que originaram diversas variedades, algumas das quais

hoje já melhoradas (SANTIAGO, 1975; SANTIAGO, 1985; CAMARGO, 1990;

PRIMO, 1992; BRITTO, 1998). De acordo com ATHANASSOF (1958) e NOGUEIRA

NETO (1980) estes bovinos pertenciam a três troncos: Bos taurus ibericus, Bos

taurus aquitanicus e Bos taurus batavicus.

O Curraleiro, também conhecido como Pé-duro (Figura 1), é o gado típico

dos sertões do Brasil, e provém da união das raças Alentajana e Galega (raças

portuguesas) com animais de origem espanhola introduzidos por meio das colônias

do Prata (raças pertencentes ao tronco Bos taurus ibericus) (VIANA, 1927). Segundo

ATHANASSOF (1957) o Curraleiro é o descendente direto do gado da raça

Mirandesa e mais particularmente da variedade Beiroa, que se encontra na

Espanha, na província de León. Entretanto, parece pouco provável que apenas

bovinos mirandeses tenham dado origem ao gado Curraleiro, mas sim um conjunto

de animais de diferentes grupos genéticos, àquela época ainda não estabelecidos

como raças (CARVALHO & GIRÃO, 1999).

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FIGURA 1 - Bovino macho pertencente à Estação Experimental de Estudo do Gado Curraleiro das Fazendas Trijunção, Bahia.

Baseado em dados históricos, as raças Curraleiro, Crioulo Lageano e

Pantaneiro, provavelmente possuem um ancestral comum, o Bos taurus ibericus,

enquanto que as raças Caracu e Mocho Nacional, tenham como provável ancestral

o Bos taurus aquitanicus (PRIMO, 1992). A avaliação da distância genética e da

variabilidade genética de raças naturalizadas do Brasil permitiu a conclusão que em

alguns animais das raças nativas, principalmente das raças Crioulo Lageano, Mocho

Nacional e Pantaneiro, houve introdução de genes zebuínos; portanto o controle

desta miscigenação é necessário, para se evitar a preservação de animais mestiços

ao invés de animais das raças nativas, ameaçadas de extinção. As raças Caracu,

Crioulo Lageano, Curraleiro e Pantaneiro podem ser consideradas entidades

genéticas distintas, comprovando assim, a unicidade de suas populações e a

importância da conservação dessas. A menor distância genética foi estabelecida

entre as raças Crioulo Lageano e Curraleiro, confirmando a mesma origem destas

(Bos taurus ibericus) (Serrano, 2001).

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As raças bovinas nativas brasileiras formaram-se ao longo de séculos de

seleção natural. Estes animais adquiriram características únicas de adaptação aos

nichos ecológicos onde se desenvolveram (PRIMO, 1992; MARIANTE et al., 1998).

Para CARVALHO (1985), a raça bovina Pé-duro ou Curraleiro, produto

secular da adaptação a condições adversas, é dotada de excepcional rusticidade,

além de ser muito dócil. Sua seleção e utilização em cruzamentos, inclusive para a

formação de raças mais resistentes e produtivas, poderão permitir a exploração

econômica de pastagens naturais em áreas desfavoráveis. É uma raça que poderá

ser de grande utilidade para o pequeno produtor rural, fornecendo-lhe carne, leite e

animais de trabalho, sem necessidade de grandes investimentos na infra-estrutura

da propriedade.

Como todas as raças bovinas brasileiras naturalizadas, o gado Curraleiro

também entrou em franco processo de extinção, com o domínio da pecuária

nacional pelas raças zebuínas. O desaparecimento dessas raças representa uma

perda irreparável para a ciência, pois com eles desaparecerão também as inúmeras

informações contidas na sua estrutura genética, desenvolvida através de séculos

(seleção natural), como a adaptação e a maior resistência a doenças e parasitas

(MARIANTE & CAVALCANTE, 2000).

Em 1997, apoiada pela EMBRAPA, foi registrada, no Ministério da

Agricultura e Abastecimento, a Associação Brasileira de Criadores de Curraleiro,

sediada em Mara Rosa - GO, que tem por finalidade a preservação da raça. Além

disso, a EMBRAPA vem mantendo em São João do Piauí, na zona semi-árida do

estado, uma fazenda para conservar o gado Pé-duro, evitando assim, o seu

desaparecimento (ABCCURRALEIRO, 2000). Em 2000 a Universidade Federal de

Goiás em parceria com as Fazendas Trijunção, visando à cooperação técnica na

execução de programas, projetos e atividades, montou nesta propriedade, uma

Estação Experimental de Estudo do Gado Curraleiro. As Fazendas Trijunção são um

conjunto de propriedades rurais situadas na região de divisa dos Estados de Goiás,

Bahia e Minas Gerais (origem do nome Trijunção). As propriedades desenvolvem

em seus limites, produções pecuárias bovina (Caracu e Curraleiro), ovina e caprina,

além da criação de animais silvestres. As fazendas estão situadas em uma área de

ecótono do Cerrado e da Caatinga, onde os órgãos ambientais federais e não

governamentais identificaram cerca de meio milhão de hectares preservados.

Localizam-se na latitude 14o 47’ 421S e longitude 0,46o 00’ 161W, abrangendo uma

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5

área de 35.056,56 hectares, dos quais aproximadamente 7.000 são reserva

particular de patrimônio nacional.

2.2 Hematologia

De acordo com MORRIS et al. (1993) freqüentemente são obtidos dados

laboratoriais, não somente para auxiliar na avaliação da sanidade animal, ou um

problema do rebanho, mas também para ajudar no diagnóstico de entidades

nosológicas confusas ou auxiliar na confirmação de diagnóstico. Para KRAMER &

HOFFMANN (1997) o ideal é que cada laboratório utilize seus próprios valores de

referência.

Com o desenvolvimento da hematologia clínica veterinária demonstrou-se

cientificamente, que fatores de variabilidade primários, tais como: condições

ambientais, tipo de criação, alimentação, raça, idade e sexo, influem sobre os

constituintes sanguíneos em várias espécies e as diferenças entre os valores

normais obtidos por vários pesquisadores devem-se a estes fatores (JAIN, 1993). No

bovino, as condições ambientais e regionais, o tipo de criação e alimentação, a

qualidade do alimento, higiene, condições do solo, variações estacionais, idade e

número de animais, sexo, raça e condições patológicas subclínicas, influenciam

significativamente nos resultados laboratoriais desta espécie (HAIDER et al., 1989;

BIRGEL JUNIOR, 1991; OBBA, 1991; BIRGEL, 1997; FAGLIARI et al., 1998c).

No caso particular do bovino, é importante ressaltar que as várias raças

desses animais criados no Brasil pertencem a duas espécies distintas: os taurinos

(Bos taurus) e os zebuínos (Bos indicus), o que implica em maiores variações e,

conseqüentemente, o estabelecimento de valores de referência específicos para

cada uma das raças que compõe o nosso rebanho, é fundamental (COSTA, 1994).

A interpretação dos resultados laboratoriais na Medicina Veterinária

baseia-se nos valores de referência obtidos de uma população representativa, mas

JENSE et al. (1992) constataram que uma enfermidade pode afetar algum parâmetro

laboratorial no indivíduo e o resultado encontrar-se dentro do intervalo

correspondente para a população, mas fora do seu próprio intervalo de referência.

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6

Como já está clara a ocorrência de variações individuais, ressalta-se a

importância da obtenção dos valores regionais de referência da população. Esta

observação também é feita por BIRGEL JUNIOR (1991), que relatou que os valores

padrões encontrados na literatura internacional e considerados como de referência

nos países do Hemisfério Norte não devem ser adotados no Brasil, podendo levar a

erros grosseiros de interpretação. Os valores obtidos para os animais criados em

uma região não podem ser considerados, sem uma adequada avaliação, como

padrão de referência fora desta região.

Vários fatores podem interferir nos valores hematológicos dos bovinos,

dentre eles podem ser citados a raça, a idade, o sexo e o estado fisiológico.

2.2.1 Raça

Apesar de na década de 70, TENNANT et al. (1974) e SCHIESSLER et al.

(1977) não terem encontrado diferenças entre os valores hematológicos de bovinos

de várias raças, existe na atualidade, praticamente um consenso entre

pesquisadores da área, sobre a influência dos fatores raciais na variabilidade dos

resultados do eritrograma e do leucograma dos animais desta espécie. Entre os

autores que pesquisaram e verificaram a influencia dos fatores raciais destacam-se

RUSSOF et al. (1954) que, ao avaliarem o resultado do hemograma em 15 touros

sendo cinco da raça Jersey, cinco da raça Guernsey e cinco da raça Holandesa,

observaram diferenças significativas entre os resultados obtidos para o volume

globular e o número de leucócitos. Para o volume globular, os maiores valores foram

observados nos bovinos da raça Guernsey, e os menores nos bovinos da raça

Holandesa, e quanto ao número de leucócitos sendo maior nos bovinos raça Jersey

e menor na raça Guernsey.

GREATOREX (1954) afirmou que a razão da raça influenciar de maneira

significativa sobre os valores do hemograma de bovinos, era, em parte, resultado

das diferenças na conformação e na potencialidade de produção (quantitativa e

qualitativa) que existiria entre as várias raças de bovinos. Posteriormente, a

influência dos fatores raciais sobre a variação do hemograma de bovinos foi

confirmada, por RAYAN (1978a, b) que pesquisou o quadro hematológico de

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bovinos das raças Jersey, Holandesa, Shorthorn, Hereford, Charolesa e Aberdeen

Angus.

MENEZES et al. (1980), ao compararem os hemogramas de bovinos das

raças Jersey e Holandesa, demonstrando maior número de leucócitos nos animais

da raça Jersey do que nos da raça Holandesa. Na contagem diferencial dos

leucócitos, constataram que nos animais da raça Jersey existia uma maior

porcentagem de linfócitos e uma menor porcentagem de neutrófilos, do que a

observada nos animais da raça Holandesa. Já os valores para o eritrograma das

duas raças estudadas não apresentaram diferenças que pudessem ser atribuídas a

influência dos fatores raciais.

NICOLETTI et al. (1981), ao avaliarem o hemograma de 60 vacas, sendo

20 animais da raça Holandesa, 20 animais da raça Gir e 20 animais híbridos do

cruzamento da raça Gir com a Holandesa, destacaram que os menores valores para

os elementos constituintes do eritrograma e do leucograma foram obtidos nos

animais da raça Holandesa.Obtiveram as médias e desvio padrão dos valores do

hemograma das raças Gir, Holandesa e Girolando, para a variável hemácias

(103/mm3) foram 6.821,5 737,58, 6.034,5 461,9 e 6.412 748,0,

respectivamente. Para o volume globular (%) foram 34,87 3,47, 29,60 1,31 e

31,20 1,64, respectivamente, e para o número total de leucócitos (/mm3) obtiveram

10.050 1.475, 9.380 1.585 e 9.535 1.651, respectivamente.

DITTRICH et al. (1996) utilizaram 119 fêmeas adultas da raça Holandesa

preta e branca no estado do Paraná, em várias propriedades, no intuito de

estabelecer os valores do leucograma particulares para a raça, obtendo-se a média

e o desvio padrão das médias do numero total de animais para as variáveis do

leucograma. Os valores de referência para o número total de leucócitos e absolutos

de linfócitos obtidos para esta raça foram 3.600 a 9500/µl e 1540 a 6840/µl,

respectivamente.

De acordo com GONÇALVES et al. (2001) os hemogramas dos bovinos

da raça Guzerá mostraram-se dentro da faixa da normalidade citada na literatura

internacional para outras raças bovinas, e próximos aos valores relatados para

outras raças zebuínas do Estado de São Paulo. Os valores médios totais

observados para as variáveis hemácias (106/µL), volume globular (%), hemoglobina

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(g/dL), VCM (fl) e CHCM (%) foram 7,18 1,25; 38,32 4,12; 12,31 1,55; 54,85

7,8 e 32,15 3,45, respectivamente.

FAGLIARI et al. (1998b) ao analisarem amostras de sangue de bovinos

lactentes (46 a 180 dias), desmamados (181 a 360 dias) e adultos (1 a 8 anos) das

raças Nelore (Bos indicus) e Holandesa (Bos taurus) e de bubalinos da raça Murrah,

concluíram que as contagens de leucócitos (10,84 x 103/ µL) e neutrófilos totais

(3573 /µl) de bovinos desmamados da raça Holandesa foram superiores às da raça

Nelore (9,45 leucócitos x 103/µL e 2855 neutrófilos totais /µL) e semelhantes às dos

bubalinos (10,08 leucócitos x 103/µl e 3592 neutrófilos totais /µL). Assim,

demonstrando a influência racial sobre essas variáveis do leucograma.

PAES et al. (2003a) no estudo do leucograma de bovinos das raças

Nelore, Simental, Simbrasil e mestiços Nelore x Simental de mesma idade (10 a 12

meses) em regime de confinamento verificaram que o número total de leucócitos

das raças Simental e Simbrasil apresentou valores acima dos limites de referência

mais utilizados no país para a espécie, com valores médios de 10,8; 12,9; 12,5 e

10,0 (x 103 células/ml), para as raças: Nelore, Simental, Simbrasil e mestiços Nelore

x Simental, respectivamente. Esta leucocitose é justificada pela variável linfocitose

em 51,2% das amostras, resultando em valores médios de 7,33; 9,03; 9,07 e 6,54 (x

103 células/ml), para as raças: Nelore, Simental, Simbrasil e mestiços Nelore x

Simental, respectivamente. Nas variáveis eosinófilos e basófilos, nenhuma amostra

apresentou valores alterados. Concluíram que não houve diferenças significativas no

leucograma das raças em estudo, ao passo que na avaliação do leucograma deve-

se ter cautela quanto à utilização dos valores de referência da literatura

internacional.

PAES et al. (2003b) no estudo da influência da raça no eritrograma de

bovinos submetidos ao mesmo regime de manejo, compararam os valores do

eritrograma de sete raças bovinas diferentes, com idade variando entre 10 e 12

meses. Os resultados do hematócrito (%) de todos animais encontraram-se dentro

dos limites dos valores de referência mais adotados no país para a espécie, com

mediana de 38,0 para as raças Nelores, mestiços Nelore x Red Angus, Nelore x

Simental; 37,5 para a raça Brangus; 37,0 para as raças Simbrasil e mestiços Nelore

x Brahma; 31,0 para a raça Simental. Nesta variável houve diferença significativa

entre as raças Nelore e Simental. Os animais da raça Simental (origem Européia)

apresentaram os menores valores na comparação aos valores dos outros seis

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grupos nas variáveis numero total de hemácias e concentração de hemoglobina.

Nestas variáveis alguns animais apresentaram valores discretamente acima dos

valores de referência para a espécie. Nos índices hematimétricos, a mediana do

volume corpuscular médio (VCM) dos animais mestiços Nelore x Red Angus diferiu

significativamente dos animais mestiços Nelore x Brahma e da concentração de

hemoglobina corpuscular média (CHCM) dos animais Simbrasil diferiu

significativamente dos animais da raça Nelore, com alguns animais com valores de

VCM abaixo dos valores de referência. Contudo, a análise dos dados obtidos sugere

que animais de origem européia possuem menores valores eritrocitários quando

comparados a animais com variados níveis de sangue de origem indiana (Zebu).

PAES et al. (2003c), no estudo do leucograma de bovinos Nelore,

Brangus e mestiços Nelore x Angus com idade entre 10 e 12 meses, submetidos ao

mesmo regime manejo, verificaram não existir diferenças significativas no

leucograma entre a raça nelore pura e diferentes graus de cruzamento com a raça

Angus. Na análise dos resultados, obtiveram-se os valores totais médios de

leucócitos de 10,8; 13,8 e 12,5 (x 103 células/ml) e os valores médios dos linfócitos

de 7,33; 9,77 e 7,95 (x 103 células/ml) para as raças: Nelore, Brangus e mestiços

Nelore x Angus, respectivamente.

2.2.2 Idade

Desde a década de 30 despertou-se o interesse pelo estudo dos

constituintes hematológicos. SCARBOROUGH (1931), ao analisar a influência dos

fatores etários, sobre o hemograma de bovinos, verificou que os números de

hemácias e de leucócitos eram maiores em bezerros do que em bovinos adultos e

que o numero relativo de linfócitos era maior nos bezerros.

Na década de 50, GREATOREX (1954, 1957a,b) desenvolveu estudos

objetivando avaliar a influência dos fatores etários sobre o hemograma de bovinos,

utilizando 233 bezerros, com idade variando do nascimento até os 12 meses e 49

vacas adultas. A interpretação dos resultados foi apresentada em três trabalhos

razão pelo qual eles foram considerados em conjunto. Verificou-se que a variação

do número de hemácias durante os quatro primeiros meses de vida dos bovinos era

muito irregular, porém, decresciam posteriormente, de maneira acentuada, até os 12

meses de idade, quando não mais diferiram daqueles obtidos nos animais adultos. O

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valor médio do volume globular sofreu um pico de elevação nos animais com idade

variando entre quatro e seis meses de idade, depois diminuiu com o avançar do

desenvolvimento etário. Essas variações refletiam sobre os índices hematimétricos

absolutos, sendo o maior valor do volume corpuscular médio foi detectado

imediatamente após o nascimento, sofrendo um decréscimo a seguir até os quatro

meses de idade, para finalmente aumentarem nos animais mais velhos. O número

total de leucócitos, com pequenas variações, aumentou até os 12 meses de idade,

sendo menores nos bovinos adultos. Já quanto ao quadro leucocitário, observou-se

que entre cinco e nove meses de idade, havia diminuição do número relativo dos

neutrófilos e aumento de linfócitos. Com o desenvolvimento etário, detectou-se nos

bovinos adultos, maior número relativo de neutrófilos e conseqüentemente menor

porcentagem de linfócitos. O número relativo de eosinófilos aumentou de maneira

acentuada durante o primeiro ano de vida dos animais, ocorrendo em maior

porcentagem nos animais adultos.

Em relação ao eritrograma, HOLMAN (1956) observou que o número de

hemácias permanecia estável até os quatro meses de idade e, a partir daí, diminuía

até os 24 meses, o volume globular e a taxa de hemoglobina diminuíram do

nascimento até os dois meses de idade, a seguir observava-se o aumento destes

valores, entre o segundo e o quarto mês de idade. No sexto mês de idade ocorria

uma segunda redução da taxa de hemoglobina. As variações no quadro leucocitário,

em relação ao número total de leucócitos, demonstraram que a partir dos 12 meses

de idade ocorria a diminuição dos valores médios em função da diminuição do

número absoluto de linfócitos.

THEILEN et al. (1967) estudaram o hemograma de 434 bovinos,

provenientes de rebanho de rebanhos livres da leucose enzoótica bovina,

estratificados em sete grupos etários (0 6 meses, 12 24 meses, 24 36 meses,

36 48 meses, 48 60 meses e acima de 60 meses de idade). A avaliação dos

resultados permitiu afirmar que o número de hemácias diminui com o avançar da

idade, enquanto os índices hematimétricos absolutos, volume corpuscular médio e

hemoglobina corpuscular média, aumentaram com a evolução da idade. Os valores

do volume globular, da taxa de hemoglobina e os valores da concentração de

hemoglobina corpuscular média não mostraram variações que pudessem ser

atribuídas à influência de fatores etários. Em relação ao quadro leucocitário,

destacaram que o número total de leucócitos, bem como o número absoluto total

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dos linfócitos, apresentaram aumento dos seus valores nos animais com idade

variando entre seis e 12 meses de idade, para a seguir diminuírem, gradativamente,

com o desenvolvimento etário. Em contraposição, os números absolutos de

linfócitos atípicos e monócitos, no mesmo período diminuíram, ao passo que o

número de eosinófilos aumentou com o evoluir da idade.

GARZIEN (1968) avaliou os valores do quadro leucocitário de 707

bovinos, machos e fêmeas, de varias raças, observando que o número total de

leucócitos e número absoluto de linfócitos aumentavam até doze meses de idade, e

a partir de então, diminuíam com o desenvolvimento etário, sendo a variação do

número de leucócitos atribuída, exclusivamente, ao comportamento dos linfócitos T.

As contagens de leucócitos e de neutrófilos decresceram com a idade,

indicando possível efeito de glicocorticóides ao nascimento, pois EBEHART & PATT

(1971) constataram rápida diminuição do cortisol plasmático nas primeiras doze

horas após o nascimento e, então, mais gradual até os doze dias de idade.

TENNANT et al. (1974) estudaram o eritrograma de bezerros das raças

Jersey e Holandesa, do nascimento até seis meses de idade, detectando que o

número de hemácias, o volume globular e a taxa de hemoglobina diminuíam durante

a primeira semana de vida, permanecendo estáveis até um mês de idade, para a

seguir, aumentarem, gradativa e lentamente, até o final do experimento, quando os

bezerros completaram seis meses de idade. Conseqüentemente, os índices

hematimétricos absolutos, volume corpuscular médio e hemoglobina corpuscular

média aumentaram do nascimento ao seis meses de idade.

Em 1978, foram publicados os resultados de duas pesquisas coordenadas

pela comissão da Comunidade Econômica Européia, que objetivava estabelecer os

valores padrões de referência do hemograma de bovinos sadios, criados em oito

países da Europa Ocidental, avaliando-se o quadro hematológico de 11 raças

bovinas, pertencentes a 18 rebanhos livres da leucose enzoótica bovina, para avaliar

a influência dos fatores etários, os bovinos foram agrupados em nove faixas etárias

(até um ano, um a dois anos, dois a três anos, três a quatro anos, quatro a cinco

anos, cinco a seis anos, seis a sete anos, sete a oito anos e mais de oito anos de

idade). No primeiro trabalho, coordenado por LORENZ et al. (1978), abordou-se

apenas a influência sobre o leucograma, afirmando que o número de leucócitos

diminuía gradativamente com o desenvolvimento etário. Entretanto para algumas

raças, ocorreu, inicialmente, até dois anos de idade, um aumento, e, a partir daí,

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ocorreu à diminuição dos valores com o avançar da idade. O número absoluto dos

eosinófilos apresentou um acentuado aumento de seus valores até os dois anos de

idade, persistindo, com menor magnitude, até os seis anos de idade quando se

estabilizaram. O número absoluto de monócitos diminui com a evolução da idade e

o número absoluto de neutrófilos e basófilos não foram influenciados pelos fatores

etários. Os pesquisadores não comentaram a respeito das variações dos números

absolutos dos linfócitos, porém, na analise dos resultados apresentados, observa-se

que os valores diminuem com o desenvolvimento etário. No segundo trabalho

coordenado por MAMMERICKX et al. (1978b), onde foi avaliada a influência dos

fatores etários sobre o hemograma desses bovinos, relataram que o número de

hemácias diminui com o desenvolvimento etário, estabilizando-se após os seis anos

de idade. Já os valores dos índices hematimétricos absolutos, volume corpuscular

médio e hemoglobina corpuscular média aumentaram com o desenvolvimento etário.

A taxa de hemoglobina, o volume globular e a concentração da hemoglobina

corpuscular média não sofreram influência dos fatores relacionados com a idade.

MENEZES et al. (1980) determinaram o volume globular, a taxa de

hemoglobina e a contagem total e diferencial dos leucócitos, em 269 vacas das

raças Jersey e Holandesa, e estratificando a amostragem em oito grupos etários (0

6 meses, 6 12 meses, 12 24 meses, 24 36 meses, 36 48 meses, 48 60

meses, 60 72 meses e mais de 72 meses de idade). Enfatizaram que o volume

globular e a taxa de hemoglobina foram os parâmetros hematológicos que

apresentaram maiores valores nos animais com menos de 12 meses de idade, e que

o número total de leucócitos aumentou a partir dos seis meses de idade,

permanecendo em níveis elevados até os 24 meses de idade, para a seguir

diminuírem com o desenvolvimento etário. A avaliação dos diversos tipos de

leucócitos foi feita apenas, em valores relativos, observando-se que a porcentagem

de neutrófilos e eosinófilos aumentaram com o avançar da idade, e que, em

contraposição, o número relativo de linfócitos diminuiu durante o desenvolvimento

da idade. Já os valores relativos dos basófilos, monócitos e bastonetes não

apresentaram variações expressivas que pudessem ser atribuídas à influência dos

fatores etários.

KATUNGUKA-RWAKISHAYA et al. (1985) estudaram o hemograma de 30

bezerros das raças Blonde D`Aquitaine, Limousin e Frísia, com idades variando

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entre uma e 22 semanas de idade, verificando o aumento do número de hemácias e

a diminuição dos índices hematimétricos absolutos, do volume corpuscular médio e

hemoglobina corpuscular média, durante o desenvolvimento etário. Os valores do

volume globular e da taxa de hemoglobina diminuíam até a sétima semana de

idades. Não foram observadas variações expressivas dos resultados obtidos para a

contagem total e diferencial dos leucócitos, portanto estes autores não destacam

variações do leucograma conseqüentes à influência dos fatores etários.

MARÇAL (1989) estabeleceu os valores de referência do eritrograma de

bovinos sadios da raça Holandesa, criados em São Paulo, avaliando a influência dos

fatores etários sobre a crase sangüínea. Foram utilizadas 321 fêmeas bovinas,

subdivididas em grupos experimentais formados por bovinos com idades variando

entre um e 134 meses. Os resultados mostram haver influência sobre o eritrograma

dos bovinos estudados, sendo os maiores valores para o número de hemácias, taxa

de hemoglobina e volume globular encontrado nos animais jovens, refletindo esta

variação nos valores dos índices hematimétricos absolutos. O autor observou uma

gradativa e significativa diminuição do número de hemácias até os 24 meses de

idade, quando esses valores se estabilizaram, em contraposição os índices

hematimétricos absolutos, apresentaram aumento dos valores do volume

corpuscular médio e da hemoglobina corpuscular média, durante o desenvolvimento

etário. A variação do volume globular foi considerada inusitada, e responsabilizou os

fatores de manejo, quer no aspecto nutricional como sanitário pelos baixos

resultados encontrados aos seis e 24 meses de idade.

A diminuição do teor de ferro em bovinos, com o avanço da idade, assim

como o teor hemoglobínico e o volume globular, possivelmente, pode ser o fator

desencadeante de quadros de anemia em bezerros recém-nascidos, descritos por

BOSTEDT (1990).

BIRGEL JÚNIOR (1991) estabeleceu os valores padrões de referência

para o hemograma de bovinos da raça Jersey no Estado de São Paulo avaliando a

influência dos fatores etários, sexuais e da infecção pelo vírus da leucose dos

bovinos sobre a crase sanguínea. Avaliando os resultados em 449 bovinos da raça

Jersey, de diferentes faixas etárias, observou que o eritrograma desses animais

sofria influência significativa de fatores etários e sexuais, pois verificou que o número

de hemácias diminuía gradativamente do nascimento até os 24 meses, para a seguir

estabilizarem-se. O volume globular apresentou variações sob influência do

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desenvolvimento etário apenas até os seis meses de vida, sendo maiores os valores

obtidos nos animais mais jovens, para a partir deste período, estabilizarem-se.

Todavia as variações verificadas nos valores médios da taxa de hemoglobina

durante o desenvolvimento etário, não foram gradativas ou uniformes e, por isso o

autor não as atribui a influência etária, e sim às variações individuais. Os valores

médios dos índices hematimétricos absolutos, volume corpuscular médio e

hemoglobina corpuscular média aumentaram até 24 meses de idade e, a partir de

então não demonstraram mais variações que pudessem ser atribuídas à influência

dos fatores etários.

COSTA (1994) no estudo do leucograma de zebuínos sadios, da raça

Nelore, criados no Estado de São Paulo, verificou a influência dos fatores etários

onde os animais jovens apresentaram o número total de leucócitos

significativamente maiores do que os adultos, sendo o quadro celular diferencial

predominantemente linfocitário, apresentando um aumento gradativo e significativo

dos seus valores até um ano de vida. Já os valores médios dos eosinófilos

aumentaram significativamente com o desenvolvimento etário. Até os três meses de

idade os animais apresentaram número maior de neutrófilos do que os animais

velhos, sendo os segmentados responsáveis por esta variação. Segundo Garcia-

Navarro et al. (1994), animais em crescimento apresentam índices linfócitarios mais

elevados que os adultos, pois neles a atividade imunogênica é mais intensa.

MARÇAL et al. (1995) na avaliação cronológica da variação no volume

globular sangüíneo de bovinos leiteiros verificaram que o volume globular de fêmeas

bovinas da raça Holandesa preta e branca diminui de forma significativa até os 12

meses de idade, para a seguir aumentar significativamente, estabilizando-se a partir

de 48 meses de idade. O volume globular médio obtido nesta pesquisa foi igual a

30,122,41%, já o valor médio máximo observado, 32,412,71%, foi obtido no grupo

experimental formado por bezerras, com idade variando do nascimento até três

meses de idade. E o valor mínimo, ou seja, 28,842,64% foi observado nos animais

com idade entre seis e 12 meses. Estes últimos resultados estabilizaram-se nos

animais com até 24 meses de idade, para a seguir mostrar gradativo e significante

aumento dos valores médios, que se estabilizam novamente, aos 72 meses de

idade, quando são iguais a 31,092,75%. Ressaltando que estes últimos valores

equivalem-se aos obtidos em bezerras ate três meses de idade. O volume globular

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sangüíneo aumentou, gradativa e significativamente entre 12 e 72 meses de idade,

para se estabilizar posteriormente.

BIONDO (1996) observou diferenças significativas somente quanto aos

fatores etários, tal fato não observado para o fator sexual, em bovinos da raça

Nelore no primeiro mês de vida. Os resultados mostraram diminuição significativa

dos valores do número de hemácias, taxa de hemoglobina e volume globular até os

três a sete dias, com aumento até os 21 a 30 dias e um resultado inverso para o

CHCM. Também verificou diferença no leucograma quanto aos fatores etários, com

curva de regressão cúbica significativa com maior percentual de neutrófilos do que

linfócitos ao nascimento e inversão desta relação em torno dos sete dias, com

manutenção da relação até os 21 a 30 dias. Demonstrou que o neonato bovino

possui características hematológicas peculiares, em especial nos primeiros quinze

dias de vida e que se deve utilizar para avaliação destes animais valores de

referência específicos, sem os quais provavelmente ter-se-á erros na interpretação.

TÁVORA (1997) verificou que o hemograma de bovinos das raças

Holandesa, Girolando e Gir sofreu influência significativa no desenvolvimento etário.

Os valores do número de hemácias e do volume globular diminuíram gradativa e

significativamente com o evoluir da idade, fato não observado para a taxa de

hemoglobina. Em contraposição, detectou-se aumento dos índices hematimétricos

absolutos VCM e HCM. O número total de leucócitos sofreu variações significativas

durante o desenvolvimento etário, caracterizadas, inicialmente, por aumento dessas

células até 24 meses de idade (14,6 3,3 x 103 leucócitos/ mm3), seguida de uma

gradativa diminuição desses valores, atingindo-se o valor mínimo, nos bovinos com

mais de 72 meses de idade (10,8 4,1 x 10 leucócitos/ mm3). As variações do

número de leucócitos deveu-se exclusivamente às oscilações do valor absoluto de

linfócitos, pois o aumento gradativo e significativo do número absoluto de eosinófilos

foi de pequena magnitude.

A diferenciação das células sangüíneas brancas é influenciada pela

atividade da glândula adrenocortical com aumento da concentração plasmática do

cortisol, sendo comumente referenciado como estresse no leucograma. Este é

caracterizado por uma leucocitose composta primariamente de uma neutrofilia com

linfopenia, monocitopenia e ausência de eosinófilos. Após as primeiras 12 horas de

vida, a concentração plasmática de cortisol decresce, causando neutropenia,

linfocitose, monocitose e eosinofilia. Dentro de uma semana de idade a relação

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neutrófilos: linfócitos é similar a dos bovinos adultos. Durante o período neonatal, é

comum ter um pequeno número de neutrófilos imaturos, provavelmente refletindo

uma resposta fisiológica normal ao cortisol durante as primeiras horas de vida.

Durante o período pré-parto, vacas exibem um estresse no leucograma como

resultado da inativação da adrenocortical (COLE et al., 1997a).

O volume corpuscular médio (VCM), concentração de hemoglobina

corpuscular média (CHCM) e o volume globular (VG) são geralmente altos ao

nascimento. Durante as primeiras 48 horas de vida do bovino, os valores podem

reduzir até 10%. Valores de eritrócitos baixos são observados em uma semana de

idade em bovinos. O declínio na contagem das células sangüíneas foi largamente

atribuído a uma deficiência de ferro. Entretanto, a baixa concentração de ferro no

soro, não tem sido consistentemente documentada em bovinos. No momento,

mecanismos como hemodiluição, baixa atividade da medula óssea e baixos níveis

de circulação de eritropoetina têm sido propostos como explicação dessa diminuição

das células sangüíneas em bovinos neonatos (COLE et al., 1997b).

Segundo FAGLIARI et al. (1998a) a concentração de hemoglobina dos

bovinos tendem ao decréscimo a partir do nascimento, o mesmo evidentemente,

com o número de hemácias. Porém, não ficou fortemente evidenciada a ocorrência

da anemia fisiologia descrita por ADAMS et al. (1992) estando relacionada com

diversos fatores como menor média dos eritrócitos fetais, baixa concentração de

eritropoetina e maior conteúdo no sangue do recém-nascido.

As contagens de eosinófilos em bovinos elevaram-se com a idade, sendo

que valores obtidos para monócitos em bovinos revelaram perfil semelhante ao de

eosinófilos, porém com menor variação (CANFIELD, 1994; FAGLIARI et al., 1998a).

FAGLIARI et al (1998a) estudaram os constituintes sangüíneos de

bovinos recém-nascidos da raça Nelore (Bos indicus) e Holandesa (Bos taurus) e de

bubalinos (Bubalus bubalis) da raça Murrah e os resultados indicaram que a

contagem de hemácias de bubalinos foi inferior à de bovinos nos primeiros 30 dias

de idade, no entanto o teor de hemoglobina de bubalinos foi superior à de bovinos,

assim como as contagens de leucócitos, neutrófilos e linfócitos, que decresceram

com avanço da idade. BOMFIM (1995) no estudo do mielograma e hemograma em

bezerros bubalinos (Bubalus bubalis), do nascimento até um ano de idade, os

fatores sexuais não exerceram influência, ao contrário dos fatores etários que foram

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bastante significativos, na qual os valores de hemácias, hemoglobina e volume

globular aumentaram até entorno três meses e diminuindo até um ano de idade.

MONKE et al. (1998) identificaram significativas diferenças associadas à

idade, em diferentes variáveis hematológicas de bovinos Holandês em diferentes

faixas etárias, sendo o número de hemácias maior nos bovinos adultos em relação

às categorias jovens e a taxa de hemoglobina, volume globular e o VCM (volume

corpuscular médio) aumentaram progressivamente com a idade e mostraram

diferenças significativas entre os grupos etários. Já o CHCM (concentração

hemoglobínica corpuscular média) foi maior nos animais mais jovens. Os valores dos

leucócitos sofreram um decréscimo com o evoluir da idade estando associado à

principalmente a redução dos linfócitos. Já os valores referentes aos basófilos,

segmentados, eosinófilos e monócitos foram maiores nos animais jovens.

KNOWLES et al. (2000) observaram mudanças no perfil hematológico de

14 bezerros, entre o nascimento até os 83 dias de idade, onde a principal

observação foi nas contagens de leucócitos e neutrófilos que aumentaram entre três

e 27 dias de idade.

COSTA et al. (2000) verificaram que zebuínos da raça Nelore com até

três meses de idade apresentaram número significativamente maior de neutrófilos

do que animais mais velhos, sendo os neutrófilos com núcleo segmentado

responsáveis por essa variação, em contraposição, a elevação significativamente

dos eosinófilos é verificada a partir dos 24 meses de idade e os números absolutos

de neutrófilos bastonetes, basófilos e monócitos não sofreram variações

influenciadas pela evolução etária.

De acordo com GONÇALVES et al. (2001), os animais com até um mês

de idade apresentam valores médios superiores no número de hemácias e volume

globular e inferiores no volume corpuscular médio (VCM), em relação às demais

idades.

2.2.3 Sexo

SCARBOROUGH (1931), em um trabalho de revisão bibliográfica,

analisando os resultados obtidos por 15 pesquisadores, verificou que os bovinos

machos apresentaram, aproximadamente um milhão de hemácias a mais do que as

fêmeas bovinas.

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GRAZIEN (1968) estudou a influência do sexo e da castração sobre o

leucograma de 146 bovinos da raça Hereford, com idade variando entre um e dois

anos. Destes animais, 101 eram fêmeas e 45 machos castrados, apresentando este

ultimo grupo de bovinos maiores valores médios para o número total de leucócitos e

de linfócitos.

TENNANT et al. (1974) estudaram o hemograma de bovinos das raças

Jersey e Holandesa, avaliando o eritrograma de bezerros, com até seis meses de

idade e o leucograma em bezerros cuja idade variavam do nascimento até 21 dias

de idade. A análise dos resultados permitiu aos referidos autores afirmassem não

existir diferenças significativas entre os valores médios do número de hemácias, do

volume globular, da taxa de hemoglobina e dos índices hematimétricos, como

também entre o número total de leucócitos e da contagem diferencial dessas células

obtidos em bezerros machos e fêmeas.

KATUNGUKA-RWAKISHAYA et al. (1985) observaram em 30 bezerros da

raça Holandesa (20 machos e 10 fêmeas), com idade variando entre uma e 22

semanas, o comportamento das variações dos valores obtidos para os elementos

constituintes após a avaliação dos resultados, concluíram não haver modificações

significativas que pudessem ser atribuídas a influência de fatores sexuais.

BIRGEL JÚNIOR (1991) na avaliação da influência dos fatores sexuais

sobre o eritrograma de bovinos da raça Jersey no Estado de São Paulo, verificou

que os bovinos do sexo masculino apresentavam valores significativamente maiores

do número de hemácias, do volume globular e taxa de hemoglobina do que as

fêmeas.

De acordo com AYRES (1994) o número de hemácias de animais Bos

indicus, diminui significativamente durante o desenvolvimento etário, independente

do sexo.

BIONDO (1996) estudando o hemograma de bovinos (Bos indicus) sadios

da raça Nelore no primeiro mês de vida, criados no estado de São Paulo e a

influência de fatores etários e sexuais, concluiu que não houve diferença quanto aos

fatores sexuais no eritrograma e leucograma dos neonatos bovinos da raça Nelore.

GONÇALVES et at. (2001) verificaram influência do sexo eritrograma,

com valores inferiores nas fêmeas em relação aos machos, nas variáveis número

total de hemácias, concentração de hemoglobina, volume globular e superiores no

volume corpuscular médio.

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Segundo BENESI et al. (2002), no estudo dos componentes do

leucograma de zebuínos sadios da raça Nelore, não houve influência significativa do

sexo sobre a maioria dos componentes do leucograma, exceção feita aos eosinófilos

que demonstraram influência significativa em relação ao sexo, na qual as fêmeas

apresentaram maiores valores em relação aos machos.

2.2.4 Gestação

A influência da gestação nos valores da crase sangüínea foi outro fator de

variabilidade, freqüentemente mencionado na literatura especializada. O estudo

sobre este importante fator de variabilidade foi relatado pela primeira vez por

MORRIS (1944), onde avaliou o quadro hematológico de uma vaca da raça

Shorthorn durante a gestação e o puerpério, concluindo haver acentuadas

modificações no hemograma, durante o ciclo reprodutivo dos bovinos. A fase final

da gestação caracterizou-se por apresentar leucocitose por neutrofilia associada a

eosinopenia, ressaltando-se, ainda, uma diminuição do número de hemácias.

Posteriormente, HOLMAN (1955) observou que, nas proximidades do

momento do parto, a fêmea bovina não apresentava variações do quadro

leucocitário, porém, em relação ao eritrograma, constatou, aumento do número de

hemácias e também do volume globular.

Estas pesquisas forma complementadas por MOBERG (1955) citado por

GREATOREX (1957a), destacando um aumento do número de leucócitos até o

quarto mês de gestação, havendo, a partir de então, uma diminuição destes valores.

Entretanto, estas variações não foram maiores do que 1.000 células por milímetro

cúbico. O autor ainda ressaltou, que no momento do parto, verificou um quadro de

leucocitose por neutrofilia, associado a eosinopenia.

CONNER et al. (1967) ao estudar a influência da gestação sobre o

hemograma de 60 vacas da raça Holandesa, afirmaram que a gestação não é um

fator indutor de variações expressivas dos valores do quadro leucocitário, apenas

observando-se aumento do número de hemácias no período final da gestação.

CHEVRIER & GAYOT (1988) observaram que os valores do leucograma

diminuíam durante o período de gestação.

NEELU et al. (1996) realizaram um estudo comparativo de certos

parâmetros hematológicos em fêmeas bovinas, em vários estados fisiológicos.

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Foram estudadas fêmeas até seis meses de idade, novilhas, vacas com três a seis

meses de gestação e vacas não prenhas, na qual as novilhas apresentaram valores

de eritrócitos, hemoglobina e volume globular significativamente maior que os outros

grupos. Porém, as vacas prenhas apresentaram maior concentração de

hemoglobina celular do que os outros grupos.

FAGLIARI et al. (1998c) no estudo dos constituintes de vacas da raça

Nelore (Bos indicus) e Holandesa (Bos taurus) e de bubalinas da raça Murrah

durante a gestação, no dia do parto e no puerpério, concluíram que a gestação e o

puerpério não influenciaram o eritrograma, porém no dia do parto a contagem de

hemácias e o teor de hemoglobina de vacas Holandesas e de bubalinas foram

inferiores aos demais períodos.

A hemoconcentração nas fêmeas pode se resultante de influências

hormonais, e também por fatores como manejo, gestação e lactação, já que a

progesterona e o estrogênio atuam no sistema renina-angoitensina-aldosterona,

aumentando volemia, o que favorece a hemodiluição (GONÇALVES et al., 2001).

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Determinar os valores dos constituintes sanguíneos de bovinos sadios da raça

Curraleiro.

3.2 Objetivos Específicos

Estabelecer os valores do eritrograma (contagem de hemácias, índices

hematimétricos, teor de hemoglobina e volume globular), do leucograma

(contagem absoluta e relativa de leucócitos);

Avaliar a influência da idade nos parâmetros sangüíneos;

Avaliar a influência do sexo nos parâmetros sangüíneos;

Avaliar a influência da gestação nos parâmetros sangüíneos;

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Local de realização do estudo

O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análises Clínicas do

Hospital Veterinário (LAC/HV) da Escola de Veterinária da Universidade Federal de

Goiás (EV/UFG) - Goiânia, GO e em propriedades localizadas nos Estados de

Goiás, Bahia e Tocantins, no período de setembro a dezembro de 2003.

As propriedades foram selecionadas junto à Associação Brasileira dos

Criadores do Gado Curraleiro (ABCGC), situada na cidade de Mara Rosa-GO. O

principal critério utilizado foi a pureza zootécnica dos animais.

4.2 População experimental

Para cumprirem-se os objetivos desta pesquisa foi utilizada uma amostra

constituída por 300 animais da raça Curraleiro (Bos taurus), hígidos previamente

selecionados, mantidos em regime extensivo. O tamanho da amostra foi

determinado em função da dimensão da população nacional de animais dessa raça,

que se encontra reduzida, estimando-se existir entorno de 2000 animais. Os animais

foram alocados em grupos divididos de acordo com a faixa etária e sexo (Quadro 1).

QUADRO 1 – Caracterização dos grupos experimentais em função da idade e sexo

Grupos Idade (meses)

Fêmeas Machos Total

1 0 a 3 09 07 16

2 3 a 6 08 13 21

3 6 a 12 32 13 45

4 12 a 24 43 14 57

5 24 a 36 32 07 39

6 > 36 103 19 122

Total 227 73 300

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Para a avaliação da influência da gestação formou-se um grupo com

fêmeas, baseado nos diagnósticos de gestação, com idade acima de 25 meses

(135 animais), distribuídas em dois subgrupos: fêmeas gestantes, independente do

tempo (fase) de gestação (68 animais) e fêmeas não gestantes (67 animais).

4.3 Avaliação clínica

Os bovinos foram submetidos ao exame clínico, conforme o protocolo

descrito por ROSENBERGER (1993).

4.4 Exames laboratoriais

4.4.1 Colheita de amostras

Para a realização dos exames foram obtidos 5 mL de sangue, por

venopunção da jugular, em tubo a vácuo descartável de 13x75 mm (Vacutainer),

com anticoagulante EDTA (ácido etilediaminotetracético, sal dissódico) a 10%. Para

a venopunção foram utilizadas agulhas descartáveis 25x8. As amostras destinadas à

hematimetria, quando possível, foram analisadas imediatamente após a colheita na

propriedade, ou permaneceram sob refrigeração até o momento da realização das

análises, que estavam concluídas antes de decorridas 24 horas da colheita.

Criteriosamente, antes da realização da punção venosa para a colheita,

procedeu-se à anti-sepsia local com álcool iodado.

Com o sangue in natura, distendiam-se dois esfregaços sangüíneos

destinados à contagem diferencial de leucócitos. Após a secagem, as lâminas eram

acondicionadas em caixas de plástico apropriadas, para posteriormente serem

coradas e avaliadas.

A conduta adotada após a colheita dependia da localização das

propriedades. As amostras provenientes da propriedade do Estado da Bahia, devido

à longa distância desta até o laboratório, foram processadas e analisadas no local,

imediatamente após a colheita. A única exceção foi a leitura da hemoglobina,

Becton Dickinson Ind. Cirúrgicas Ltda, Brasil.

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realizada no LAC/HV da EV/UFG. As amostras procedentes de propriedades

localizadas no Estado do Tocantins foram enviadas por meio de transporte aéreo

para o Laboratório HV/UFG onde foram processadas e analisadas.

4.4.2 Realização do hemograma

Para a determinação do hemograma foi realizado o eritrograma

(contagem do número de hemácias, dosagem do teor de hemoglobina,

determinação do volume globular, determinação dos índices hematimétricos

absolutos (VCM – volume corpuscular médio, HCM – hemoglobina corpuscular

média e CHCM – concentração da hemoglobina corpuscular média), o leucograma

(contagem total e diferencial de leucócitos).

a) Eritrograma

Após a prévia homogeneização das amostras, o sangue era aspirado em

pipetas hematimétricas específicas para contagem de hemácias e diluído, em

líquido de Gower, na proporção de 1:200. Com esta suspensão, após a

homogeneização, preenchia-se a câmara de Neubauer espelhada, efetuando-se a

contagem das hemácias, na objetiva de 40x, sobre uma área de 1/5 de mm2 do

retículo central. O número de células contadas, a seguir, era multiplicado por 10.000

e, desta forma, obtinha-se o número de hemácias por µL de sangue. As contagens

foram efetuadas de acordo com as recomendações de MEYER (1995).

Hemoglobina

A determinação do teor de hemoglobina no sangue foi feita pelo método

da cianometahemoglobina, que transforma a hemoglobina em

cianometahemoglobina com leitura da coloração desenvolvida em

espectrofotômetro, utilizando reagentes comerciais (Labtest) e comprimento de

onda igual a 520nm. Nas determinações, a amostra de sangue, após a

homogeneização, era diluída na proporção de 1: 250 e após 5 minutos fazia-se à

leitura no espectrofotômetro obtendo-se a absorbância do teste (amostra). Para a

propriedade localizada no estado da Bahia foram feitas diluições em duplicatas e

estas protegidas por papel alumínio para posterior leitura no laboratório do HV/UFG,

onde o valor obtido foi a média das leituras das duplicatas. O teor de hemoglobina

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da amostra foi calculado da seguinte forma: Hemoglobina (g/dL) = Absorbância do

teste/ Absorbância do padrão x 10. A Absorbância do padrão era obtida através da

média de três amostras do padrão (COLES, 1986).

Volume globular

A técnica utilizada para a determinação do volume globular foi a do

microhematócrito, usando-se tubos capilares homogêneos com 75mm de

comprimento e 1mm de diâmetro, preenchidos com sangue até dois terços do seu

volume e, fechamento com massa de modelagem de uma das extremidades. O

sistema assim preparado era centrifugado, em uma microcentrífuga, durante cinco

minutos com, aproximadamente, 11.000 rpm. A leitura foi feita em um cartão de

escala para avaliação do microhematócrito, sendo o resultado expresso em

porcentagem (MEYER, 1995).

Índices hematimétricos absolutos

Utilizando-se os valores obtidos na contagem de hemácias (He),

dosagem de hemoglobina (Hb) e do volume globular (Ht) calcularam-se os índices

hematimétricos absolutos. Utilizou-se as seguintes fórmulas: volume corpuscular

médio (VCM) = Ht x 10 ÷ He, sendo o resultado obtido expresso em micro cubo (µ3),

a hemoglobina corpuscular média (HCM)= Hb x 10 ÷ He, sendo o resultado obtido

expresso em picograma (pg) e a Concentração hemoglobina corpuscular média

(CHCM)= Hb x 100 ÷ Ht, sendo o resultado expresso em porcentagem (COLES,

1986).

b) Leucograma

Contagem de leucócitos

Após a homogeneização da amostra, o sangue era aspirado em pipetas

hematimétricas específicas para contagem de leucócitos e diluído em líquido de

Türk, na proporção de 1:20. Com esta suspensão, após a homogeneização e

eliminação de um terço do conteúdo da pipeta, preenchia-se a câmara de Neubauer

espelhada, efetuando-se a contagem dos leucócitos sobre uma área de dois

milímetros quadrados dos retículos periféricos. O número de leucócitos, a seguir,

era multiplicado por 100 e, desta forma, obtinha-se o número total de leucócitos por

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milímetros cúbicos de sangue. As contagens foram efetuadas de acordo com as

recomendações de JAIN (1993) e MEYER (1995).

Contagem diferencial de leucócitos

As contagens diferenciais dos leucócitos foram feitas em esfregaços

sangüíneos corados pelo corante Rosenfeld, segundo a técnica padronizada por

BIRGEL (1982). Em cada esfregaço sangüíneo, diferenciavam-se 100 leucócitos,

procurando classificá-los de acordo com suas características morfológicas e

tintoriais conforme JAIN (1993).

4.5 Análise estatística

Inicialmente realizou-se a estatística descritiva dos dados, obtendo-se as

médias, desvio padrão e coeficiente de variação para todos os parâmetros

avaliados, nas diferentes categorias de amostras. Foi calculado o coeficiente de

variação para determinar a instabilidade relativa de cada um dos parâmetros

avaliados (SAMPAIO, 1998). Após esta avaliação, optou-se por aplicar os testes

não-paramétricos para comparação das médias, pelo fato dos dados obtidos não

apresentarem uma curva normal de distribuição. Para comparação das médias entre

as diferentes faixas etárias, foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis e para comparação

entre os diferentes sexos e estado fisiológico (gestantes e não gestantes), aplicou-se

o teste de Wilcoxon, ambos em nível de significância 5% (SAMPAIO, 1998; RIBEIRO

JÚNIOR, 2001). Estas análises estatísticas foram realizadas com auxílio do

programa: Sistema de Análise Estatísticas e Genéticas – SAEG (RIBEIRO JÚNIOR,

2001).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Idade

Os resultados obtidos no eritrograma estão demonstrados, na Tabela 1.

TABELA 1 - Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv) dos constituintes do eritrograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2004

Grupos G1

n =16 G2

n =21 G3

n =45 G4

n =57 G5

n =39 G6

n =122

Nº hemácias média 9,99a 10,39a 9,26a 8,77ab 7,51bc 7,14c

(x106 / µL) s 2,46 2,23 1,69 2,38 1,57 1,75

cv 24,62 21,46 18,25 27,13 20,9 24,47

Hemoglobina média 12,80a 13,69ab 11,96b 11,87b 11,53b 11,89b

(g/dL) s 2,16 2,00 1,75 2,19 1,49 2,12

cv 16,87 14,60 14,63 18,44 12,92 17,83

VG média 38,00ab 39,81a 35,65bc 35,03bc 35,05bc 33,90c

(%) s 4,73 3,14 4,21 5,04 3,42 4,34

cv 12,44 7,88 11,8 14,38 9,75 12,8

VCM média 39,28a 39,90a 39,35a 43,11a 48,06b 49,29b

(µ3) s 6,63 8,48 6,31 15,21 7,97 9,22

cv 16,87 21,25 16,03 35,28 16,58 18,71

CHCM média 33,70a 34,33a 33,65a 33,89a 33,03a 35,17a

(%) s 3,90 3,79 3,92 4,02 4,15 5,25

cv 11,57 11,03 11,64 11,86 12,56 14,92

HCM média 13,17ab 13,53ab 13,22a 14,46ab 15,75bc 17,21c

(pg) s 2,38 2,39 2,52 4,86 2,60 3,82

cv 18,07 17,66 19,06 33,60 16,50 22,19

* letras diferentes indicam diferenças significativas entre faixas etárias pelo teste de Kruskal - Wallis (p < 0,05) He= Hemácias; Hg= Hemoglobina; VG = Volume globular; VCM = Volume corpuscular médio; CHCM = Concentração de hemoglobina corpuscular média; HCM = Hemoglobina corpuscular média

A avaliação dos resultados mostrou influência da idade em quase todas

as variáveis do eritrograma, com exceção do CHCM (concentração de hemoglobina

corpuscular média), como mostra a tabela 1. A influência da idade no eritrograma

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também foi relatada por MARÇAL (1989), HAIDER et al. (1989), BIRGEL JUNIOR

(1991), OBBA (1991), JAIN (1993), COSTA (1994), MARÇAL et al. (1995), BIONDO

(1996), BIRGEL (1997), COLE et al. (1997b), TÁVORA (1997), FAGLIARI et al.

(1998ac), MONKE et al. (1998), KNOWLES et al. (2000) e GONÇALVES et al.

(2001).

O número de hemácias foi influenciado pela idade apresentando um

ligeiro aumento do nascimento até os seis meses de idade, conforme demonstrado

na Figura 2, e a partir daí uma redução inversamente proporcional ao

desenvolvimento etário (p < 0,05) (Tabela 1). Este comportamento também foi

observado por outros autores na avaliação do eritrograma bovino de diversas raças

(SCARBOROUGH, 1931; GREATOREX,1954a; HOLMAN, 1956; THEILEN et al.,

1967; TENNANT et al., 1974; MAMMERICKX et al., 1978b; KATUNGUKA-

RWAKIISHAYA et al., 1985; MARÇAL, 1989; BIRGEL JÚNIOR, 1991; TÁVORA,

1997; GONÇALVES et al., 2001).

0

2

4

6

8

10

12

14

0 a 3 4 a 6 7 a 12 13 a 24 25 a 36 > 36

Meses

(x 1

06/

µL)

FIGURA 2 – Representação gráfica do número de hemácias (x106/ µL) em diferentes faixas etárias

COLE et al. (1997b), ADAMS et al. (1992) e BOSTEDT (1990)

observaram baixos valores de hemácias em bovinos com uma semana de idade,

conseqüentemente evidenciaram a ocorrência de uma anemia fisiológica nesses

animais recém-nascidos, tal quadro não foi observado neste estudo, visto que os

valores encontrados para os recém-nascidos encontram-se dentro dos valores de

referência para bovinos (Figura 2).

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29

Os valores médios de animais recém-nascidos (Tabela 1), assemelharam-

se aos valores encontrados por BIONDO (1996), a partir dos 21 até 30 dias de

idade, em bezerros da raça Nelore.

Os valores descritos neste estudo foram semelhantes, considerando faixa

etária equivalente, aos observados por BONFIM (1995) na avaliação do eritrograma

de bubalinos (Bubalus bubalis), do nascimento até um ano de idade.

A taxa de hemoglobina durante o desenvolvimento etário aumentou até os

seis meses de idade, ocorrendo em seguida uma redução brusca até os doze

meses, estabilizando posteriormente com o avançar da idade (Figura 3).

As variações e diferenças verificadas no teor de hemoglobina (Tabela 1)

com a evolução da idade foram significativas (p<0,05). O comportamento observado

para a taxa de hemoglobina (Figura 3) foi similar ao descrito por HOLMAM (1956),

TENNANT et al. (1974) MENEZES et al. (1980), MARÇAL (1989), BONFIM (1995) e

FAGLIARI et al. (1998a).

Nos estudos de THEILEN et al. (1967), MAMMERICKX et al. (1978b),

KATUNGUKA-RWAKISHAYA et al. (1985), BOSTED (1990), BIRGEL JÚNIOR

(1991), TÁVORA (1997) e MONKE et al. (1998) a dinâmica de variação da taxa de

hemoglobina foi diferente, não tendo sido verificado variações dos valores em

relação ao fator etário.

10

10,5

11

11,5

12

12,5

13

13,5

14

0 a 3 4 a 6 7 a 12 13 a 24 25 a 36 > 36

Meses

(g/d

l)

FIGURA 3 – Representação gráfica dos teores de hemoglobina (g/dL) nas diferentes faixas etárias

Page 44: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

30

Os animais mais jovens, até seis meses de idade, apresentaram volume

globular superior em relação aos animais com idade mais avançada, sendo visível

uma redução posterior dos valores durante o desenvolvimento, atingindo valores

inferiores na fase adulta (Figura 4).

O volume globular (VG) elevou-se ate os seis meses de idade, diminuindo

posteriormente com o desenvolvimento etário (p<0,05) (Tabela 1). Fato semelhante

foi observado e relatado por GREATOREX (1954, 1957a), HOLMAN (1956),

TENNANT et al. (1974), MENEZES et al. (1980), KATUNGUKA-RWAKISHAYA et al.

(1985), MARÇAL (1989), BIRGEL JÚNIOR (1991), MARÇAL et al. (1995), TÁVORA

(1997), BOMFIM (1995) e GONÇALVES et al. (2001), porém não observado por

THEILEN et al., 1967, MAMMERICKX et al. (1978b) em seus estudos similares a

este.

3031

32333435

36373839

4041

0 a 3 4 a 6 7 a 12 13 a 24 25 a 36 > 36

Meses

(%)

FIGURA 4 – Representação gráfica do volume globular

(%) nas diferentes faixas etárias

BIONDO (1996) estudando a dinâmica da crase sangüínea em bovinos

neonatos da raça Nelore verificou uma diminuição dos valores do volume globular

na primeira semana e, posteriormente, um aumento até os 30 dias de idade.

Observação esta, que não pôde ser verificada neste estudo pelo fato da faixa etária

dos recém-nascidos não ter sido registrada em dias, mas sim, em meses.

Os valores dos índices hematimétricos absolutos, VCM (volume

corpuscular médio) e HCM (hemoglobina corpuscular média), mostraram aumento

gradativo e significativo (p <0,05) com a evolução da idade (Tabela 1), atingindo os

Page 45: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

31

maiores valores na fase adulta (Figuras 5 e 6). No caso HCM, como há diminuição

constante, gradativa e evidente do número de hemácias era de se esperar que para

isto a quantidade de hemoglobina por hemácias (HCM) aumentasse, ou seja,

proporcionalmente há uma diminuição maior de hemácias do que hemoglobina.

0

10

20

30

40

50

60

0 a 3 4 a 6 7 a 12 13 a 24 25 a 36 > 36

Meses

µ3

FIGURA 5 – Representação gráfica do volume corpuscular médio – VCM (µ3) em diferentes faixas etárias

Já valores médios do CHCM demonstraram valores praticamente

uniformes e lineares com o evoluir da idade (Figura 7), sendo que os animais com

mais de 36 meses de idade apresentaram os valores maiores em relação ao mais

jovens, apesar de não ter havido diferenças significativas entre as distintas faixas

etárias (Tabela 1). Como o CHCM é a quantidade de hemoglobina pela massa total

de hemácias (VG), e há uma queda do hematócrito mais intensa que a de

hemoglobina, há um pequeno aumento do CHCM, ou seja, a quantidade total de

hemoglobina presente na massa total de hemácias quase não se alterou.

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32

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 a 3 4 a 6 7 a 12 13 a 24 25 a 36 > 36

Meses

pg

FIGURA 6 – Representação gráfica da hemoglobina corpuscular média - HCM (pg) nas diferentes faixas etárias

O aumento gradativo dos índices pode ser explicado pela presença de

hemácias jovens (macrocíticas) ocasionada pela maturação do sistema

hematopoiético, finalidade que passa a ser exercida principalmente pela medula

óssea, e por uma velocidade de remoção de hemácias menor que a de produção.

Estas variações nos índices hematimétricos absolutos coincidem com as

observações de GREATOREZ (1954, 1957a), THEILEN et al. (1967), TENNANT et

al. (1974), MAMMERICKX et al. (1978b), MARÇAL (1989), BIRGEL JÚNIOR (1991),

TÁVORA (1997), MONKE et al. (1998) e GONÇALVES et al. (2001).

Nesta pesquisa, os valores de CHCM permaneceram estáveis do

nascimento até a fase adulta (Tabela 1), com discreto aumento não significativo

(p<0,05) nos animais adultos acima de 36 meses (Figura 7), conforme citado por

JAIN (1993). BIONDO (1996), ao analisar somente o índice hematimétrico CHCM

em neonatos bovinos com até 30 dias de idade, verificou que este índice aumentou

a partir do vigésimo primeiro dia de idade.

COLE et al. (1997b) fizeram importantes observações, em bovinos recém-

nascidos, verificando que o VCM e o CHCM são geralmente altos ao nascimento e

declinam cerca de 10% após 48 horas de nascidos, em função dos níveis de cortisol

durante o parto, variações estas que não puderam ser observadas neste presente

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33

estudo, pois não houve um estudo específico dentro de uma faixa etária, como feito

por estes autores.

Segundo JAIN (1993), os valores das células vermelhas nas primeiras

semanas de vida são altos ao nascimento, mas diminuem rapidamente alguns

meses pós-nascimento, posteriormente, estabilizando-se nos animais adultos. Essa

diminuição se dá pelo rápido crescimento corporal, destruição das hemácias fetais,

que têm uma vida média menor, e uma hemodiluição pela expansão do volume

plasmático, maior do que a velocidade de produção de hemácias.

20

25

30

35

40

45

50

0 a 3 4 a 6 7 a 12 13 a 24 25 a 36 > 36

Meses

g/d

L

FIGURA 7 – Representação gráfica da concentração de

hemoglobina corpuscular média – CHCM (g/dL) nas diferentes faixas etárias

Na avaliação dos resultados obtidos para o leucograma dos bovinos

sadios da raça Curraleiro, observou-se aumento do número de leucócitos até os seis

meses de idade (Figura 8), e posteriormente um declínio com o avançar da idade.

Este comportamento refletiu a dinâmica do número absoluto de linfócitos que

apresentou mesmo padrão de distribuição (Figura 8), visto que animais em

crescimento apresentam índices linfócitarios mais elevados que os adultos, pois

neles a atividade imunogênica é mais intensa (GARCIA-NAVARRO et al., 1994). O

comportamento dos monócitos também foi semelhante (Figura 9) e os menores

valores foram verificados nos animais acima de 36 meses de idade. Resultados

semelhantes foram descritos por HOLMAN (1956), GREATOREX (1957ab),

THEILEN et al. (1967), GARZIEN (1968), EBEHART & PATT (1971), LORENZ et al.

(1978), COSTA (1994), BIONDO (1996), TÁVORA (1997) e COLE et al. (1997a).

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34

A gradual diminuição do número de linfócitos em humanos com a idade é

atribuído ao declínio primário de linfócito T, em razão da diminuição da função do

timo, sendo que o numero de linfócito B permanece estável. Em bovinos, o número

de células também diminui (JAIN, 1993).

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

0 a 3 4 a 6 7 a 12 13 a 24 25 a 36 > 36

Meses

/µL

Leucócitos Linfócitos Segmentados

FIGURA 8 – Representação gráfica do número de leucócitos, linfócitos e segmentados neutrófilos (/µL) nas diferentes faixas etárias

As variações observadas no leucograma neste estudo (Figura 8 e 10), até

seis meses de idade levando em consideração o fator etário, não foram observadas

no estudo de KATUNGUKA-RWAKISHAYA et al. (1985), que destacaram não haver

influência dos fatores etários no leucograma de animais com idade até cinco meses.

Os valores médios absolutos dos monócitos apresentaram uma elevação

até seis meses de idade e um declínio a partir dos 12 meses de idade, e

posteriormente estabilizando a partir dos 36 meses de idade nos animais adultos

(Figura 9). FAGLIARI et al. (1998a) em relação aos monócitos, observaram aumento

com o avançar da idade, porém em menor amplitude.

Quanto aos valores médios absolutos de segmentados neutrófilos apesar

de não terem apresentado diferenças estatísticas significativas (p<0,05) (Tabela 2),

observou-se uma variação de importância biológica, onde os valores diminuindo

levemente a medida que aumentava a idade (Figura 8). Resultados semelhantes

Page 49: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

35

foram encontrados por COSTA et al. (2000) em relação aos segmentados

neutrófilos.

KNOWLES et al. (2000) verificaram que as contagens de leucócitos e

neutrófilos segmentados aumentaram entre o terceiro e vigésimo sétimo dia de

idade, evento que não foi observado nesta pesquisa pelo fato de terem sido

avaliados animais recém-nascidos com variação etária mais ampla (Quadro 1).

As contagens de leucócitos e de neutrófilos decresceram com a idade,

indicando possível efeito de glicocorticóides ao nascimento, pois EBEHART et al.

(1971) constataram rápida diminuição do cortisol plasmático nas primeiras doze

horas após o nascimento e, então, mais gradual até os doze dias de idade.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 a 3 4 a 6 7 a 12 13 a 24 25 a 36 > 36

Meses

/µL

Monócitos Basófilos Bastonetes Eosinófilos

FIGURA 9 - Representação gráfica dos valores dos monócitos, eosinófilos, bastonetes, basófilos (/µL) nas diferentes faixas etárias

Os números absolutos de basófilos e bastonetes obtidos neste trabalho,

não apresentaram variações significativas (p<0,05) durante o desenvolvimento

etário (Tabela 3). Como não foram detectadas diferenças significativas, atribuiu-se

as flutuações dos valores a fatores aleatórios. Observação semelhante foi feita por

LORENZ et al. (1978) e COSTA et al. (2000).

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36

TABELA 2 - Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (CV) dos constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária – Goiânia, 2004

Idade (meses) G1

n= 16 G2

n= 21 G3

n= 45 G4

n= 57 G5

n= 39 G6

n= 122

Leucócitos média 12.728,13a 13.697,62ab 12.197,78a 11.619,30ab 9.760,90bc 9.140,50c

(/ µL) s 3.854,09 6.591,22 2.882,73 3.049,38 3.372,9 2.731,93

cv 30,28 48,12 23,63 26,24 34,56 29,89

Bastonetes média 41,38a 59,29a 31,11a 89,70a 32,46a 49,28a

(/ µL) s 98,9 163,56 57,08 210,91 78,9 92,69

cv 239,00 275,86 183,48 235,13 243,07 188,09

Segmentados média 3.834,50a 3.055,12a 2.732,46a 3.064,25a 2.526,1a 2.771,47a

(/ µL) s 2645,01 1871,59 1870,9 1527,54 1865,21 1675,64

cv 68,98 61,26 68,47 49,85 73,84 60,46

Eosinófilos média 110,94a 122,48a 327,61a 650,61b 630,5b 923,19b

(/ µL) s 136,73 120,69 366,56 533,66 475,46 704,97

cv 123,25 98,54 111,89 82,02 75,41 76,36

Linfócitos média 8.494,38ab 10.074,26ab 8.660,17a 7.539,39ab 6.533,58b 5.228,54c

(/ µL) s 3078,82 5772,71 2377,79 2514,93 2184,77 1849,47

cv 36,25 57,30 27,46 33,36 33,44 35,37

Monócitos média 276,13ab 386,48a 385,52a 299,37ab 167,81ab 172,58b

(/ µL) s 306 334,49 336,29 295,38 156,66 201,6

cv 110,82 86,55 87,23 98,67 93,36 116,82

Basófilos média 0a 0a 6,04a 7,02a 9,03a 2,29a

(/ µL) s 0 0 40,55 30,54 40,19 14,91

cv 0 0 671,36 435,04 445,07 651,09

* letras diferentes indicam diferenças significativas entre as faixas etárias pelo teste de Kruskal- Wallis(p < 0,05)

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37

O número de eosinófilos sofreu influência do fator etário, pois os

valores obtidos aumentaram gradativa e significativamente (p<0,05) com o evoluir

da idade, apresentando um aumento a partir dos seis meses e atingindo os

maiores valores na fase adulta, nos animais com mais de 36 meses de idade

(Figura 9 e Tabela 2), corroborando com as observações feitas por THEILEN et

al. (1967), LORENZ et al. (1978), FAGLIARI et al. (1998a) e COSTA et al. (2000).

Os eosinófilos podem ser observados em animais adultos de muitas espécies,

provavelmente como resultado de uma imunidade de memória, ou seja,

experiência imunológica, particularmente depois de um parasitismo (JAIN, 1993).

5.2 Sexo

Após a avaliação dos resultados e interpretação da análise estatística

do eritrograma em função do sexo, observou-se que os valores não apresentaram

diferenças significativas (p<0,05), entre machos e fêmeas (Tabela 3). Resultados

similares foram apontados por FRASER (1930), SCARBOROUGH (1931),

TENNANT et al. (1974), BIRGEL JÚNIOR (1991), AYRES (1994) e GONÇALVES

et al. (2001).

TABELA 3 – Valores médios, desvio-padrão e avaliação estatística das variáveis

hemácias (x 106/µL), hemoglobina (g/dL), Volume globular (%), volume corpuscular médio (µ3), concentração de hemoglobina corpuscular média (%), Hemoglobina corpuscular média (pg), em função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo He Hg VG VCM CHCM HCM

Fêmeas 8,14

± 2,41

11,99

± 2,20

34,96

± 4,97

45,67

± 11,26

34,39

± 4,67

15,61

± 4,15

Machos 8,39

± 1,79

12,12

± 1,97

35,79

± 4,28

43,97

± 7,88

33,94

± 4,22

14,82

± 2,79

p (%) 6,90 37,33 7,91 11,09 44,15 7,31

* Valores estatisticamente diferentes pelo teste de Wilcoxon (p < 5%). He= Hemácias; Hg= Hemoglobina; VG = Volume globular; VCM = Volume corpuscular médio; CHCM = Concentração de hemoglobina corpuscular média; HCM = Hemoglobina corpuscular média

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38

O leucograma apresentou variações nos valores do número absoluto

de leucócitos e linfócitos, onde os valores encontrados nos machos foram

superiores em relação às fêmeas (Tabela 4). GRAZIEN (1968) verificou que os

machos apresentaram valores de leucócitos e linfócitos superiores ao das

fêmeas, relatando que o sexo é um dos fatores que influência com o leucograma.

TENNANT et al. (1974), KATUNGUKA-RWAKISHAYA et al. (1985),

BIONDO (1996) e BENESI et al. (2002) não observaram influência do fator sexo

no eritrograma e/ou leucograma, porém BENESI et al. (2002) citam um número

maior de eosinófilos em fêmeas em relação aos machos. Neste estudo o mesmo

comportamento foi observado para os eosinófilos (Tabela 4).

TABELA 4 – Valores médios, desvio-padrão e avaliação estatística das variáveis

leucócitos (/µL), basófilos (/µL), bastonetes (/µL), segmentados (/µL), eosinófilos (/µL), linfócitos (/µL) e monócitos (/µL), em função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Leuc Bas Bast Segm Eos Linf Mon

Fêmeas 10.330,53

± 3.853,99

4,76

± 39,12

50,26

± 119,17

2.867,67

±1.897,71

717,33

± 644,91

6.470,76

±2.902,64

244,52

±317,17

Machos 11.705,13

±5.075,50

3,05

±18,05

58,73

± 115,40

2.861,69

±1.821,74

415,80

± 460,73

8.109,48

±4.117,00

261,78

± 348,17

p (%) 2,53* 43,21 36,55 49,81 0,005* 0,02* 20,69

* Valores estatisticamente diferentes pelo teste de Wilcoxon (p < 5%).

5.3 Gestação

A avaliação dos resultados obtidos na presente pesquisa não mostrou

influência significativa (p<0,05) do fator gestação (Tabela 5 e 6) nas variáveis do

eritrograma, independente do tempo (fase) de gestação de cada animal. O

mesmo foi descrito por HOLMAN (1955), CONNER et al. (1967) e FAGLIARI et al.

(1998c) em variados momentos da gestação. Porém, observou-se no leucograma

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39

diferença significativa (p<0,05) em relação aos neutrófilos e eosinófilos (Tabela 7

e 8), sendo os valores médios nas gestantes superiores ao das não gestantes,

porém sem evidenciar leucocitose por neutrofilia ou eosinofilia relatada por

MORRIS (1944), MOBERG (1955) citado por GREATOREX (1957a) e NEELU et

al. (1996).

TABELA 5 – Avaliação estatística e médias das variáveis hemácias (x106/µL),

hemoglobina (g/dL), volume globular (%), volume corpuscular médio (µ3), concentração de hemoglobina corpuscular média (%), hemoglobina corpuscular média (pg), em função da gestação – Goiânia, 2004

Estado Fisiológico

He Hg VG VCM CHCM HCM

Gestante n=68

7,17 11,88 34,41 49,68 34,65 17,03

Não gestante

n=67 7,18 11,42 33,90 4,26 33,83 16,54

p (%) 34,60 7,33 17,72 35,89 18,09 17,13 * Valores estatisticamente diferentes pelo teste de Wilcoxon (p < 5%). He= Hemácias; Hg= Hemoglobina; VG = Volume globular; VCM = Volume corpuscular médio; CHCM = Concentração de hemoglobina corpuscular média; HCM = Hemoglobina corpuscular média

Não foram evidenciadas neste estudo as diminuições dos valores do

leucograma descritas por CHEVRIER & GAYOT (1988) e nem a

hemoconcentração nas gestantes citada por GONÇALVES et al. (2001).

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40

TABELA: 6 - Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv) do eritrograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, distribuídos de acordo com o estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Gestante

n= 68

Não gestante

n= 67

Média Total

n= 135

Nº hemácias média 7,17 7,19 7,18

(x106 /µL) s 1,63 1,95 1,79

cv 22,73 27,12 24,93

VG média 11,88 11,42 11,65

(%) s 1,82 2,03 1,92

cv 15,32 17,78 16,55

Hemoglobina média 34,41 33,9 34,15

(g/dL) s 3,76 4,86 4,31

cv 10,93 14,34 12,63

VCM média 49,68 49,26 49,47

(µ3) s 8,69 9,35 9,02

cv 17,49 18,98 18,24

CHCM média 34,65 33,83 34,24

(%) s 5,04 4,77 4,90

cv 14,55 14,10 14,32

HCM média 17,04 16,54 16,79

(pg) s 2,88 3,55 3,21

cv 16,90 21,46 19,18

He= Hemácias; Hg= Hemoglobina; VG = Volume globular; VCM = Volume corpuscular médio; CHCM = Concentração de hemoglobina corpuscular média; HCM = Hemoglobina corpuscular média

Page 55: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

41

TABELA: 7 - Valores médios, desvio-padrão e coeficiente de variação dos elementos constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo o estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado Fisiológico Gestante

n= 68

Não gestante

n= 67

MédiaTotal n= 135

Leucócitos média 9112,5 8911,76 9012,1

(/µL) s 2175,62 2934,29 2555

cv 23,88 32,93 28,40

Basófilos média 5,4 2,06 3,73

(/µL) s 28,75 16,98 22,86

cv 532,41 824,27 678,34

Bastonetes média 37,53 44,91 41,22

(/µL) s 87,63 84,01 85,82

cv 233,49 187,06 210,28

Segmentados média 2851,64 2545,88 2698,8

(/µL) s 1609,96 1756,75 1683,4

cv 56,46 69,00 62,73

Eosinófilos média 999,34 702,06 850,7

(/µL) s 770,23 590,91 680,57

cv 77,07 84,17 80,62

Linfócitos média 5122,9 5469,64 5296,3

(/µL) s 1723,92 1777,29 1750,6

cv 33,65 32,49 33,07

Monócitos média 174,78 160,65 167,72

(/µL) s 233,3 142,15 187,73

cv 133,48 88,48 110,98

Page 56: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

42

TABELA 8 – Valores médios e avaliação estatística das variáveis leucócitos (/µL), basófilos (/µL), bastonetes (/µL), segmentados (/µL), eosinófilos (/µL), linfócitos (/µL) e monócitos (/µL), de acordo com o estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico

Leuc Bas Bast Segm Eos Linf Mon

Gestante 9.112,50 5,4 37,53 2.851,64 999,34 5.122,90 174,78

Não gestante 8.911,76 2,06 44,91 2.545,88 702,06 5.469,64 160,65

p (%) 19,56 15,77 17,34 3,6* 0,07* 13,92 29,76

* Valores estatisticamente diferentes pelo teste de Wilcoxon (p < 5%).

5.4 Comportamento das variáveis em relação a outras raças

Os resultados encontrados para os bovinos da raça Curraleiro, quando

comparados os resultados do número de hemácias e de leucócitos e volume

globular descritos por NICOLETTI et al. (1981) em vacas das raças Gir, Girolando

e Holandesa, mostraram que os valores assemelham-se mais aos da raça Gir, um

pouco menos aos das Girolando. A maior diferença encontrada foi em relação à

raça Holandesa quanto ao número de hemácias (6.034 461,9 x 103/µL) e o

volume globular (29,60 1,31 %) que foi inferior as vacas da raça Curraleiro,

tanto gestantes como não gestantes (Tabela 7).

Os resultados do eritrograma deste estudo, em comparação aos

valores médios do número de hemácias, volume globular, hemoglobina e CHCM

encontrados na raça Guzerá (GONÇALVES et al., 2001), mostraram

semelhanças, com exceção do VCM que foi superior na raça Guzerá em relação

à raça Curraleiro.

Ao analisar os valores do volume globular obtido por PAES (2003b),

em seis raças diferentes com idade variando de dez a doze meses, com os

obtidos nos bovinos da raça Curraleiro com faixa etária de sete a doze meses

(Tabela 1), observa-se semelhança entre os valores obtidos nas diferentes raças

independentes de serem de origem européia ou indiana, porém valor maior foi

verificado em relação a raça Simental.

Page 57: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

43

Comparando os resultados desta pesquisa com os citados por

DITTRICH et al. (1996) ao determinar os valores de referência para o leucograma

de 119 fêmeas da raça Holandesa, criadas em diversas propriedades no estado

do Paraná. A principal diferença foi quanto ao número de leucócitos (6.550

2.950 leucócitos/µL na raça Holandesa), inferior ao encontrado para os

Curraleiros adultos (Tabela 2), podendo tal diferença ser atribuída aos fatores

ambientais.

Os valores médios dos leucócitos na faixa etária de sete a doze meses

(Tabela 2), foram superiores aos valores encontrados por FAGLIARI et al.

(1998b), nas raças Holandesa e Nelore.

Os resultados obtidos por PAES et al. (2003a) no leucograma de

bovinos das raças Nelore, Simental, Simbrasil e mestiços Nelore x Simental com

idade entre dez e doze meses, em relação os obtidos nesta pesquisa, mostraram

maior semelhança quanto ao valor médio de leucócitos, com as raças Simbrasil e

Simental e valores mais elevados com os das raças Nelore e mestiços Nelore x

Simental. Nesta comparação de raças, observou-se semelhança mais estreita

com animais de origem européia. Um quadro leucocitário predominantemente

linfocitário foi verificado em todas as raças.

Os valores médios de leucócitos dos bovinos Curraleiros com idade

entre sete e doze meses (Tabela 2) foram semelhantes aos dos bovinos mestiços

(Nelore X Angus), maiores que os do Nelore (Bos indicus) e menores que o

Brangus (Bos taurus). Em relação aos linfócitos apresentou valores superiores

em relação aos Nelore e mestiços (Nelore X Angus) e inferiores ao Brangus

(PAES et al., 2003c).

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44

6. CONCLUSÃO

A avaliação dos resultados dos hemogramas dos 300 animais sadios

da raça Curraleiro possibilitou as seguintes conclusões:

1- Os constituintes morfológicos sanguíneos dos bovinos da raça Curraleiro

sofreram significativas influências dos fatores etários, sexuais e da gestação;

2 – A idade influenciou nos valores médios do número hemácias, taxa de

hemoglobina e volume globular que foram maiores nos animais mais jovens,

diminuindo com o desenvolvimento etário. Os índices hematimétricos absolutos

(VCM e HCM) foram menores nos animais mais jovens, aumentando com evoluir

da idade. Os valores dos leucócitos, neutrófilos segmentados, linfócitos e

monócitos diminuíram e os eosinófilos aumentaram com o avançar da idade,

enquanto os valores dos bastonetes e basófilos não sofreram variações

significativas em função da idade;

3 – O sexo influenciou nos valores médios do número de leucócitos e linfócitos

que foram maiores nos animais machos em relação às fêmeas e no número

absoluto de eosinófilos que foi maior nas fêmeas;

4 – A gestação influenciou apenas no leucograma, na qual os valores absolutos

de segmentados e eosinófilos foram superiores nas fêmeas em gestação em

relação às não gestantes;

5 – A comparação do hemograma dos bovinos Curraleiros com o de outras raças

demonstrou semelhanças com a maioria delas, sendo as que mais assemelharam

foram as raças Gir, Girolando, Guzerá, Simbrasil, Simental, Brangus e Brahma e

as menos semelhantes foram as raças Holandesa, Nelore e Angus.

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55

ANEXOS

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56

ANEXO 1 – Valores médios e desvio-padrão do hemograma dos bovinos da

raça Curraleiro

Parâmetro Média Desvio Padrão

Nº hemácias (x106 /µL) 8,84 2,01

Hemoglobina (g/dL) 12,29 1,95

VG (%) 36,24 4,14

VCM (µ3) 43,16 8,97

CHCM (%) 33,96 4,17

HCM (pg) 14,55 3,09

Leucócitos(/µL) 11.524,04 3747,04

Bastonetes (/µL) 50,53 117,00

Segmentados (/µL) 2.997,31 1909,31

Eosinófilos (/µL) 460,88 389,67

Linfócitos (/µL) 7.755,05 2963,08

Monócitos (/µL) 281,31 271,73

Basófilos (/µL) 4,06 21,03

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57

ANEXO 2 - Análise de variância não-paramétrica para idade

Teste de Kruskal-Wallis (p < 0,05)

Tabela 1: Análise de variância não-paramétrica do número de hemácias em

função da idade, pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 9,99 16

4 – 6 10,39 21

7 – 12 9,26 45

13 – 24 8,77 57

25 – 36 7,51 39

> 36 7,14 122

Valor do Teste = 85.039 Prob. (P=0.05) = 11.070 Tabela 2: Análise de variância não-paramétrica da taxa de hemoglobina em

função da idade, pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 12,80 16

4 – 6 13,68 21

7 – 12 11,96 45

13 – 24 11,87 57

25 – 36 11,53 39

> 36 11,89 122

Valor do Teste = 17.879 Prob. (P=0.05) = 11.070 Tabela 3: Análise de variância não-paramétrica para volume globular em função

da idade, pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 38,00 16

4 – 6 39,81 21

7 – 12 35,65 45

13 – 24 35,03 57

25 – 36 35,05 39

> 36 33,90 122

Valor do Teste = 40.388 Prob. (P=0.05) = 11.070

Page 72: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

58

Tabela 4: Análise de variância não-paramétrica para VCM em função da idade,

pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 39,28 16

4 – 6 39,90 21

7 – 12 39,35 45

13 – 24 43,10 57

25 – 36 48,06 39

> 36 49,29 122

Valor do Teste = 67.819 Prob. (P=0.05) = 11.070

Tabela 5: Análise de variância não-paramétrica para VCM em função da idade, pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 33,70 16

4 – 6 34,33 21

7 – 12 33,65 45

13 – 24 33,89 57

25 – 36 33,03 39

> 36 35,17 122

Valor do Teste = 7.907 Prob. (P=0.05) = 11.070 Tabela 6: Análise de variância não-paramétrica para HCM em função da idade,

pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 13,17 16

4 – 6 13,53 21

7 – 12 13,22 45

13 – 24 14,46 57

25 – 36 15,74 39

> 36 17,22 122

Valor do Teste = 76.712 Prob. (P=0.05) = 11.070

Page 73: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

59

Tabela 7: Análise de variância não-paramétrica para Nº totais de leucócitos em função da idade, pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 12.728,12 16

4 – 6 13.697,62 21

7 – 12 12.197,78 45

13 – 24 11.619,30 57

25 – 36 9.760,90 39

> 36 9.131,96 122

Valor do Teste = 51.969 Prob. (P=0.05) = 11.070 Tabela 8: Análise de variância não-paramétrica para VCM em função da idade,

pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 0,00 16

4 – 6 0,00 21

7 – 12 6,04 45

13 – 24 7,02 57

25 – 36 9,02 39

> 36 2,27 122

Valor do Teste = 0.263 Prob. (P=0.05) = 11.070 Tabela 9: Análise de variância não-paramétrica para Nº absoluto de bastonetes

em função da idade, pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 41,37 16

4 – 6 59,28 21

7 – 12 31,11 45

13 – 24 89,68 57

25 – 36 32,46 39

> 36 48,88 122

Valor do Teste = 3.005 Prob. (P=0.05) = 11.070 Tabela 10: Análise de variância não-paramétrica para Nº absoluto de

segmentados em função da idade, pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 3.834,50 16

4 – 6 3.055,12 21

7 – 12 2.732,45 45

13 – 24 3.064,25 57

25 – 36 2.526,10 39

> 36 2.769,33 122

Valor do Teste = 7.739 Prob. (P=0.05) = 11.070

Page 74: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

60

Tabela 11: Análise de variância não-paramétrica para Nº absoluto de bastonetes

em função da idade, pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 110,94 16

4 – 6 122,47 21

7 – 12 327,61 45

13 – 24 650,60 57

25 – 36 630,50 39

> 36 921,60 122

Valor do Teste = 96.806 Prob. (P=0.05) = 11.070 Tabela 12: Análise de variância não-paramétrica para Nº absoluto de linfócitos em

função da idade, pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 8.494,37 16

4 – 6 10.074,26 21

7 – 12 8.660,16 45

13 – 24 7.539,39 57

25 – 36 6.533,58 39

> 36 5.224,19 122

Valor do Teste = 91.415 Prob. (P=0.05) = 11.070 Tabela 13: Análise de variância não-paramétrica para Nº absoluto de monócitos

em função da idade, pelo teste de Kruscal-Wallis – Goiânia, 2004

Idade (meses) Médias Nº amostras

0 – 3 276,12 16

4 – 6 386,47 21

7 – 12 385,52 45

13 – 24 299,37 57

25 – 36 167,81 39

> 36 172,49 122

Valor do Teste = 24.477 Prob. (P=0.05) = 11.070

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61

ANEXO 3 - Análise de variância não-paramétrica para o sexo

Teste de Wilcoxon (p < 0,05) Tabela 1: Análise de variância não-paramétrica do número de hemácias em

função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 8,14 226

Machos 8,39 73

Valor do Teste = 1.48314 Variância = 412442.50000 Significância = 0.06902 Tabela 2: Análise de variância não-paramétrica para a taxa de hemoglobina, em

função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 11,99 226

Machos 12,12 73

Valor do Teste = 0.32311 Variância = 412408.71875 Significância = 0.37331 Tabela 3: Análise de variância não-paramétrica para o volume globular, em

função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 34,96 226

Machos 35,79 73

Valor do Teste = 1.41130 Variância = 410298.28125 Significância = 0.07908 Tabela 4: Análise de variância não-paramétrica para o volume corpuscular médio,

em função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 45,67 226

Machos 43,97 73

Valor do Teste = 1.22154 Variância = 412448.62500 Significância = 0.11095

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62

Tabela 5: Análise de variância não-paramétrica para concentração hemoglobínica corpuscular média, em função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 34,39 226

Machos 33,94 73

Valor do Teste = 0.14715 Variância = 412441.46875 Significância = 0.44151 Tabela 6: Análise de variância não-paramétrica para a hemoglobina corpuscular

média, em função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 15,61 226

Machos 14,82 73

Valor do Teste = 1.45277 Variância = 412449.90625 Significância = 0.07315 Tabela 7: Análise de variância não-paramétrica para a taxa de hemoglobina, em

função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 10.330,53 226

Machos 11.705,13 73

Valor do Teste = 1.95425 Variância = 412409.09375 Significância = 0.02534 Tabela 8: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto Basófilos,

em função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 4.77 226

Machos 3,05 73

Valor do Teste = 0.17097 Variância = 36135.08594 Significância = 0.43213

Page 77: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

63

Tabela 9: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto Bastonetes, em função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 50,26 226

Machos 58,74 73

Valor do Teste = 0.34380 Variância = 259104.62500 Significância = 0.36551 Tabela 10: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto

Segmentados, em função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 2.867,67 226

Machos 2.861,70 73

Valor do Teste = 0.00467 Variância = 412448.96875 Significância = 0.49814 Tabela 11: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto

Eosinófilos, em função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 717,33 226

Machos 415,80 73

Valor do Teste = 3.89592 Variância = 411940.71875 Significância = 0.00005 Tabela 12: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto Linfócitos,

em função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 6.470,76 226

Machos 8.109,49 73

Valor do Teste = 3.45286 Variância = 412449.15625 Significância = 0.00028

Page 78: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

64

Tabela 13: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto Monócitos, em função do sexo – Goiânia, 2004

Sexo Médias Nº amostras

Fêmeas 244,52 226

Machos 261,78 73

Valor do Teste = 0.81697 Variância = 406686.84375 Significância = 0.20698

Page 79: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

65

ANEXO 4 - Análise de variância não-paramétrica para a gestação

Teste de Wilcoxon (p<0,05)

Tabela1: Análise de variância não-paramétrica para o número de hemácias em

função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 7,16 68

Não gestantes 7,18 67

Valor do Teste = 0.39607 Variância = 52787.51953 Significância = 0.34603 Tabela 2: Análise de variância não-paramétrica para a taxa de hemoglobina, em

função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 11,88 68

Não gestantes 11,42 67

Valor do Teste = 1.45160 Variância = 52783.61328 Significância = 0.07331 Tabela 3: Análise de variância não-paramétrica para o volume globular, em

função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 34,41 68

Não gestantes 33,90 67

Valor do Teste = 0.92587 Variância = 52428.88281 Significância = 0.17727

Tabela 4: Análise de variância não-paramétrica para o volume globular, em função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 49,68 68

Não gestantes 49,26 67

Valor do Teste = 0.36125 Variância = 52790.03516 Significância = 0.35897

Page 80: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

66

Tabela 5: Análise de variância não-paramétrica para o volume globular, em função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 34,64 68

Não gestantes 33,83 67

Valor do Teste = 0.91183 Variância = 52789.03125 Significância = 0.18094 Tabela 6: Análise de variância não-paramétrica para o HCM, em função do estado

fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 17,03 68

Não gestantes 16,54 67

Valor do Teste = 0.94881 Variância = 229.76219 Significância = 0.17137 Tabela 7: Análise de variância não-paramétrica para o nº totais de leucócitos, em

função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 9.112,50 68

Não gestantes 8.911,76 67

Valor do Teste = 0.85749 Variância = 52780.96875 Significância = 0.19560 Tabela 8: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto de

basófilos, em função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 5,40 68

Não gestantes 2,06 67

Valor do Teste = 1.00372 Variância = 4522.50391 Significância = 0.15776 Tabela 9: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto de

bastonetes, em função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 37,53 68

Não gestantes 44,91 67

Valor do Teste = 0.94077 Variância = 33039.18359 Significância = 0.17342

Page 81: HEMOGRAMAS DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA ...constituintes do leucograma de bovinos sadios da raça Curraleiro, segundo a faixa etária.....36 Tabela 3 Valores médios e avaliação

67

Tabela 10: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto de

segmentados, em função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 2.851,64 68

Não gestantes 2.545,88 67

Valor do Teste = 1.79316 Variância = 52790.53906 Significância = 0.03648 Tabela 11: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto de

eosinófilos, em função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 999,34 68

Não gestantes 702,06 67

Valor do Teste = 3.17506 Variância = 52789.53516 Significância = 0.00075 Tabela 12: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto de

linfócitos, em função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 5.122,90 68

Não gestantes 5.469,64 67

Valor do Teste = 1.08373 Variância = 52790.16406 Significância = 0.13925 Tabela 13: Análise de variância não-paramétrica para número absoluto de

monócitos, em função do estado fisiológico – Goiânia, 2004

Estado fisiológico Médias Nº amostras

Gestantes 174,87 68

Não gestantes 160,65 67

Valor do Teste = 0.53118 Variância = 51889.91797 Significância = 0.29766