Heidegger e o Problema Da Metafísica

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Alguns apontamentos sobre Heidegger e o problema da tradição metafísica. 1 Por Marina Coelho 2 Resumo: Neste trabalho tentaremos demonstrar a maneira como Heidegger tenta resolver o problema da metafísica ocidental focando em sua postura crítica sobre o problema da metafísica da subjetividade resgatando a questão fundamental, a questão do ser, por meio de sua analítica existencial. Tentaremos demonstrar também que, com a necessidade de se fazer uma ontologia fundamental, Heidegger a pensará como meio de fundar a metafísica ocidental. Depois de sua ontologia como analítica existencial em Ser e Tempo, o autor desenvolve melhor seu confronto com a metafísica numa interpretação original e inédita da história da mesma como velamento do pensamento do ser como fundamentação do ser do ente da totalidade ao longo da história. Com a crise de fundamento da ontologia dogmática cristã, a realidade transcendente é posta em dúvida e necessitase de um fundamento que assegure o conhecimento. Esse conhecimento, com Descartes, é assegurado pelo sujeito. A metafísica tornase problema do conhecimento e, em Kant, abandonase o conteúdo do mundo como a coisaemsi incognoscível e discutese as formas sobre como o conhecimento nos pode ser dado. 1 Trabalho final da disciplina de Metafísica ministrada pelo Professor Doutor Luiz Hebeche na UFSC no semestre 20151. 2 Estudante de graduação da UFSC.

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  • AlgunsapontamentossobreHeideggereoproblemadatradio

    metafsica. 1

    PorMarinaCoelho 2

    Resumo:

    Neste trabalho tentaremos demonstrar a maneira como Heidegger tenta resolver

    o problema da metafsica ocidental focando em sua postura crtica sobre o problema da

    metafsica da subjetividade resgatando a questo fundamental, a questo do ser, por

    meio de sua analtica existencial. Tentaremos demonstrar tambm que, com a

    necessidade de se fazer uma ontologia fundamental, Heidegger a pensar como meio

    de fundar a metafsica ocidental. Depois de sua ontologia como analtica existencial em

    Ser e Tempo, o autor desenvolve melhor seu confronto com a metafsica numa

    interpretao original e indita da histria da mesma como velamento do pensamento

    dosercomofundamentaodoserdoentedatotalidadeaolongodahistria.

    Com a crise de fundamento da ontologia dogmtica crist, a realidade

    transcendente posta em dvida e necessitase de um fundamento que assegure o

    conhecimento. Esse conhecimento, com Descartes, assegurado pelo sujeito. A

    metafsica tornase problema do conhecimento e, em Kant, abandonase o contedo do

    mundo como a coisaemsi incognoscvel e discutese as formas sobre como o

    conhecimentonospodeserdado.

    1TrabalhofinaldadisciplinadeMetafsicaministradapeloProfessorDoutorLuizHebechenaUFSCnosemestre20151.2EstudantedegraduaodaUFSC.

  • A partir de Kant, todo conhecimento s pode ser dado transcendentalmente, isto

    , somente a partir do sujeito e das formas apriorsticas da razo que o sujeito faz a

    experincia. inegvel que a contribuio de Kant seja uma ontologia do sujeito

    transcendental e que, a partir deste ponto, a metafsica no pode mais retroceder a

    uma filosofia que no passe pela postura crtica que coloca o homem como centro da

    condio de possibilidade do conhecimento. Nesse momento a filosofia assegura a

    condio de possibilidade para que a realidade seja conhecida por meio dos entes

    intramundanoscomofaz,porexemplo,acincia.

    Kant um divisor de guas na histria da filosofia. Tambm no sentido em que

    cinde crtica moral e razo pura. Como fundamentar os conhecimento filosficos acerca

    do homem, de Deus, da arte, da religio e da cincia em uma filosofia unificadora? Ou

    seja, como sair da formalidade do conhecimento para a coisaemsi sem retornar a uma

    postura prcrtica? O idealismo absoluto alemo, com Hegel, far a tentativa de

    conciliar sujeito e objeto como curso da histria do esprito teleolgico absoluto. Desta

    forma, o sujeito do conhecimento se mostrar ativo e passivo ao mesmo tempo no

    fundamento do conhecimento atravs da histria. No entanto, de acordo com o

    professorErnildoStein:

    "Na raiz da problemtica transcendental se esconde a questo da responsabilidade crtica. Esta foi esquecida pelo idealismo absoluto, que, em vez de uma progressiva conquista da posio transcendental, coloca como dogma e ponto de partida a transcendentalidade de todo o real (todo real racional e todo racionalreal)." 3

    Desta forma, o transcendentalismo, na poca pshegel, possui mbitos

    inquestionados. Estes mbitos vo alm da postura positivista das cincias e permitem

    questionar a possibilidade da relao sujeitoobjeto da metafsica, como na

    fenomenologiaelaboradaporHusserl,atravsdaintencionalidade.

    O questionamento original que far Heidegger possvel tambm pela

    necessidade de uma ontologia que fundamente a experincia ntica do mundo, legada

    ao universo cientfico, isto , o problema do sujeitoobjeto na filosofia transcendental.

    3Stein,E.Questodomtodonafilosofia.1976.Ed:livrariaDuascidades.Pg153.

  • Heidegger parte de consideraes inegveis de toda tradio metafsica, seus

    problemas e legados a partir de Kant, e o rumo da filosofia fora do mbito da

    subjetividade.

    vlido mencionar aqui, brevemente, a interpretao niilista da filosofia, que

    teve Nietzsche por maior expresso. Fazemos isso para mostrar como a filosofia sentia

    os sintomas de uma certa debilidade e ausncia de peso e demandava um fundamento

    em suas consideraes e experincias no mundo. Assim como vinha tona a

    necessidade do desgarramento ou a problematizao da metafsica como um todo, e

    no apenas no sentido formal kantiano ou da dialtica teleolgica hegeliana. Nietzsche,

    assim como Kierkegaard, um pensador que contribuiu para a edificao da filosofia

    heideggeriana tanto em sua analtica existencial quanto em seu confronto com a

    metafsica,apartirdesuainterpretaoacercadoniilismocomoesquecimentodoser.

    A volta s coisas mesmas da fenomenologia Husserliana permite a Heidegger a

    possibilidade de pensar novamente o ser do fenmeno, ou seja, o ser daquilo que se

    manifesta, que se mostra o ente para o ente privilegiado, o sera. Privilegiado pois

    compreendeaquestodosentidodoseremsuaprpriaexistnciaconcreta.

    Heidegger coloca novamente a pergunta "que o homem?", pergunta essencial

    acerca de ns mesmos, de modo que em sua fenomenologia possibilite mostrar como

    se d a compreenso desse homem, desse ser. Essa compreenso do homem se d

    existencialmente. Assim, Heidegger poder desenvolver sua analtica existencial na

    tentativa de mostrar como esse homem nos seus diversos modos de ser, alm de

    desenvolver essa pergunta at onde ela possa se mostrar mais autentica, no prprio

    compreenderdohomemdesuacondioexistencialfinita.

    O sera, ento, tem uma compreenso prontolgica do ser a partir de sua

    existncia. Desta forma, toda fenomenologia heideggeriana vai se basear numa

    concepo da diferena entre ntico e ontolgico. Em sua analtica existencial do

    sera, o autor explicitar os modos de como este ser, que abertura, movese atravs

    de um horizonte existencial. Nos questionamentos a partir da tradio metafsica, o

  • autor busca mostrar que o problema do ser a questo que sustenta e move toda

    tentativadedeterminaodeumfundamentofilosficoatravsdahistria.

    Nesse sentido, j se mostra como Heidegger vai conceber uma ontologia

    fundamental que acabe com as ontologias tradicionais e que fundamente a metafsica e

    o sujeito transcendental em busca do fundamento de sua prpria transcendentalidade

    atravs da explicitao da existncia concreta do sera, este ente que compreende a

    diferena ontolgica entre ser pois existe e ente. Falamos nestes termos para

    mostrar que Heidegger, alm do embate com outros filsofos da tradio metafsica,

    precisou superar o sujeito transcendental da metafsica kantiana para construir sua

    prpria ontologia revolucionria. Portanto, o sera se d como "ente metafsico por

    excelncia" , pois o fato de o sera ser ontolgico, se compreender em seu ser, "a 4

    primeira e originria abertura da qual deve partir toda teoria sobre o ser" e o 5

    fundamentodequalquerfilosofia.

    Com a diferena ontolgica podese dizer que houve uma superao da

    metafsica tradicional que, ao tentar fundamentar o princpio ltimo do ente, deixava o

    ser impensado. O esquecimento do ser e do primado ontolgico do homem

    aprofundam um vazio na historia do ocidente e na filosofia que pode ser chamado de

    niilismo. A confrontao com a tradio metafsica que Heidegger faz, para alm da

    analtica existencial exposta em Ser e Tempo, se d atravs de "seguir as pistas"

    daquiloquepermaneceuimpensadonatradio.

    Mas, voltemos questo do sera como ente metafsico por excelncia.

    Heidegger mostra que o sera enquanto portador da experincia existencial se funda

    no nada. O sera, enquanto sernomundo, capaz de ter a experincia de

    "individuao mais radical" pois experimenta sua abertura total e ftica atravs da 6

    angstia. Importante notar que este sentimento, que integra os momentos do 7

    4Dubois,C.Heidegger,introduoumaleitura.2005Zahar.pg725Stein,E.pg1586Heidegger,Martin.Seretempo.pg787 A considerao mais apurada do fato de ser um sentimento, a angstia, que coloca o sera na experincia de sua existncia ftica e do nada em que est imerso no ser feita aqui, pois implicaria numa considerao do papel importante das tonalidades afetivas como existenciais do sernomundo, o qual no oobjetivo.

  • sernomundo, no parte de uma abordagem objetiva ou conceitual. Ele se d na

    prpria experincia da existncia do sernomundo, isto , em sua condio de

    estarlanado na abertura da compreenso de suas possibilidades. Toda analtica

    existencial se faz num esforo de abrir os "comos" fenomenolgicos dos existenciais do

    sera sem cair num objetivismo ou numa conceitualizao do homem e do mundo. Nas

    vrias anlises que mostram como o homem chamado a compreender a sua prpria

    existncia, a angstia aquela que traz a experincia do nada em que o sera est

    enraizado.

    Na angstia, o ente intramundano passa para um "segundo plano", irrelevante,

    "no nos incita a nada" No determinante para ns. Na angustia se manifesta a 8

    estranheza, quebra da familiaridade com o mundo, individuao. experincia do nada

    que o sera est suspenso e a sua capacidade prpria de transcender para o ente. A

    experincia do nada leva o sera diante do ente enquanto tal. Portanto, o sera o

    ente metafsico por excelncia, pois vai alm do ente "afim de retomlo como tal em

    sua totalidade" e mesmo poder fixlo conceitualmente". A angstia abre de "maneira

    originria e direta o mundo como mundo" , ela remete o sera para o seu 9

    podersermaisprpriodiantedesuaspossibilidadesexistenciais.

    Desta forma, a questo do nada fundamental para, na fenomenologia de

    Heidegger enquanto analtica existencial , unificar a questo da fundao de toda

    metafsica nesse primado ontolgico do sera enquanto possibilidade na totalidade

    ftica mundana ser suspenso no nada. Ou seja, indeterminado, aberto, sem sentido

    objetivo, sem nada por detrs. A experincia do nada mostra a condio de transcender

    oentee,atmesmo,fundlometafisicamenteemdeterminaesnticasconceituais.

    O papel da tradio metafsica foi perceber o ente esquecendo a questo do

    nada, isto , a questo do prprio ser que pergunta e que possibilita sua manifestao.

    A questo do nada a prpria compreenso da condio existencial do sera que

    compreende sua existncia. A tradio deixou mal pensada a questo de "por que

    antes o ser e no antes o nada", e esqueceu dessa tenso fundamental, que o prprio

    8Dubois,C.pg779Heidegger,M.Seretempopg254.

  • nada a condio de possibilidade da questo e daquele que questiona, para

    fundamentar o ser do ente que se manifesta. Na possibilidade do nada se deixa para

    trs toda segurana metafsica, toda base firme como fundamento. Heidegger se

    esfora por mostrar que no h dimenso exterior que fixe o homem num sentido, sua

    analtica existencial tenta problematizar o sera em sua propriedade e originariedade,

    sua existncia finita como possibilidade e, mais radicalmente, como possibilidade de

    impossibilidadenoconstrutoserparamorte.

    A metafsica est em causa no homem porquanto no homem est sempre em

    jogo o seu ser. A metafsica implica na questo da essncia do homem, sua existncia.

    A questo da existncia do homem, de seu ser, vai alm de qualquer interpretao ou

    cunhagem do homem como sujeito e o mundo como seu objeto, alm da interpretao

    do sensvel e do suprasensvel. A questo do ser , justamente, aquela que permite ao

    homem se dar como abertura no mundo e no seu poderser mais prprio diante de suas

    possibilidades existenciais. Heidegger trata longamente em Ser e tempo o modo como

    o sera se d no mundo fenomenologicamente, seus modos de sernomundo, como a

    decadncia que, propriamente, o impede de se compreender mais autenticamente

    assimcomoa"realidade"legadapelatradiometafsica.

    Atravs da histria da metafsica, ocorre a tentativa de encontrar uma

    consistncia para as coisas e para o homem e sua relao consigo mesmo, a filosofia

    ento tenta correlacionar ser com verdade. Para Heidgger o sera e est na verdade.

    Sendo essencialmente a sua abertura, abrindo e descobrindo aquilo que se mostra, o

    sera essencialmente verdadeiro. O sera pode ser de diversos modos no mundo, 10

    tambm pode ser enquanto encobridor desse carter existencial na sua decadncia. O

    sera, portanto tambm est na noverdade. O sera a sua faticidade e tambm o

    seu poder ser mais prprio como abertura da verdade de sua existncia. Desse modo

    ser e verdade coincidem porque o sera o descobridor que tambm pode se engajar

    numa verdade objetiva que pe em evidncia o ente e o leva ao logos. Desta forma,

    10Heidegger,Martin.Seretempo.Pg291

  • toda tentativa de explicitar o ser do ente ontolgica, mesmo que funde no ente a

    determinaodeumaverdadeedeixedeladoaquestoprpriadoser.

    Na metafsica, para Heidegger, toda verdade deve ser desvelada, arrancada,

    assim, de seus mltiplos encobrimentos. A histria da metafsica enquanto

    esquecimento da questo do ser "cunhagem determinada do ser que, a cada vez,

    liberam o espao de apario do ente, seu regime geral de visibilidade." Assim como 11

    na tradio metafsica h a incompreenso existencial da temporalidade assumida

    como a interpretao do tempo como uma sucesso de agoras. "Somente h

    transcendncia onde no se est capturado pela imanncia do presente. O tempo da

    sucesso de momentos, da presencialidade, somente pode ver, fazer sentido, se no

    estiverpresoemsimesmo." 12

    Com Plato o ser dotado como ideia, visibilidade, "aquilo que torna apto

    paraa saber, o ente para ser ente. O ser obtm o trao essencial do elemento

    possibilitador . O ente, anteposto como ideia, atrai para si o comportamento do homem 13

    para o conhecimento da ideia. O conhecimento do homem a ligao que ele tem com

    a interpretao do ser. No caso de Plato, a ideia se manifesta como verdade da

    aparncia, e portanto, do visvel." O ser interpretado como pura presena e , ao

    mesmo tempo, possibilitao do ente" A ideia portanto a interpretao de ser como 14

    a possibilidade do ente enquanto tal. Quando essa interpretao do ser do ente

    degenera com a dogmtica crist, o homem se torna o centro e possibilitador do ente

    como aquele que representa. A ideia se transforma na percepo do homem que

    coloca o ente diante de si mesmo. "a ideia se torna aquilo que o representar do homem

    coloca diante de si e, em verdade, como aquilo que possibilita o que precisa ser

    representadonasuarepresentatividade." 15

    O ser, agora, interpretado como representao do homem e todo seu

    conhecimento dirigido para aquilo que pode ser percebido constantemente. O homem

    11Dubois,C.Pgina95.12Seibt,CezarLuiz.TemporalidadeepropriedadeemSeretempodeHeidegger.pg263In__Rev.Fil.Aurora,Curitiba,V.22,n30.pg247266.jan\jun2010.13Heidegger,Martin.NietzschevolII.pg172173.14ibdem15Ibdempg174

  • vira sujeito que possibilita o objeto na representao por meio de condies que o

    permitem se relacionar com os objetos. Por isso a problemtica filosfica da teoria do

    conhecimentosobrecomopossvelrepresentaroente.

    Notase que a ideia platnica como elemento possibilitador se transforma nas

    condies de que o sujeito precisa dispor (condies de sua percepo) para se

    relacionarcomosobjetosemsuavisibilidade.

    Heidegger nos coloca essa observao " O mais ntimo da histria da metafsica

    moderna consiste no processo por meio do qual o ser obtm o trao essencial

    inconteste de ser condio de possibilidade do ente..." . Na filosofia moderna o sujeito 16

    e sua representao so condies de possibilidades dos objetos. O sujeito,

    assegurandose a si mesmo, determina a verdade como adequao sua

    representao, ou seja, sua seguridade de representao transforma a verdade como

    certeza. Certeza do ente na condio de possibilidade que lhe dada a se manifestar.

    Sua certeza vem da tentativa de assegurar o ente e fundamentar o ser que, na verdade,

    um problema metafsico advindo mais propriamente desde Plato. Por isso, a

    ontologia fenomenolgica heideggeriana vai tratar do problema do ser no que diz

    respeito ao privilgio de sua compreenso existencial. Afinal, aquilo que Plato concebe

    como verdade do ser, a ideia, j no mais possvel para a percepo do homem que

    condiciona seu conhecimento.Na poca moderna a interpretao do ser do ente agora

    dada como o asseguramento de suas categorias "determinaes essenciais do ente

    enquanto tal, (...) por esse carter, verdade tornase certeza. A representatividade, 17

    comoessnciadaobjetividade,agoraaessnciadoser.

    A interpretao moderna da metafsica, conforme apontamos no pensamento de

    Heidegger, abre espao para, em vias de sua consumao, ser interpretada como

    termos de valores para Nietzsche. No apenas a metafsica moderna como toda a

    tradio filosfica. Para Heidegger, Nietzsche define a essncia do valor como o ser

    sendo a condio de conservao e elevao da vontade de poder. A vontade de

    poder, desta forma, tornase o ser do ente na totalidade. A metafsica em termo de valor

    16Ibdem17ibdempg174

  • interpretada como condio de possibilidade, mesmo em Plato com a ideia.

    Condies com as quais se precisa necessariamente contar como que se deixaria

    denomelasumdiavalores,osvalores,decomputlascomovalores 18

    Na interpretao heideggeriana da metafsica de Nietzsche o carter de valor

    significa, ao mesmo tempo, apreciar e comparar . Avaliar uma determinao da 19

    ligao entre coisas, relaes. O avaliar, segundo Heidegger, reside na base de todo

    calcular. O calcular uma avaliao essencial, o clculo se manifesta como um contar

    com base em algo , considerar as circunstncias daquilo que deve advir, suas 20

    condies. Ora, essas condies agora so as que condicionam o ser do ente e

    asseguram a relao do homem com o ente em sua totalidade, o calcular representa as

    condies de possibilidade que o ente pode se manifestar. nesse sentido que a

    matemtica e a fsica, como aplicao matemtica, se tornam as condies de certitude

    do manifestar do ente. O modo de ser dessa condio ser algo marcado com o carter

    devalor.

    O pensamento da metafsica enquanto valor vem tona com Nietzsche, de

    forma que ele afirma que todos os valores supremos esto degenerados e o homem

    deve se tornar senhor do ente como vontade de poder, destruindo esses valores no

    interior da metafsica e da prpria realidade. Desta forma a metafsica da subjetividade

    no pensamento heideggeriano chega ao seu fim quando interpretada como pensamento

    dos valores e submetida a uma cortante crtica dos mesmos e de toda a tradio com

    Nietzsche, juntamente com a filosofia de Hegel que leva a metafsica da subjetividade a

    suaconsumaoabsoluta.

    Na tentativa de ver a histria da metafsica como histria do esquecimento do ser

    como pensou Heidegger, tentamos mostrar apenas alguns apontamentos de

    concluses e intepretaes extraordinrias que o filsofo alemo pde tomar para

    repensarafilosofiaemummomentodeprofundacrise.

    18ibdempg17319ibdem17420ibdem

  • Um dos apontamentos principais da filosofia de Heidegger foi mostrar, atravs da

    histria da metafsica, como o homem funda sua condio ontolgica de existir, sua

    compreenso do ser, em categorias nticas, objetificando sua relao com o mundo e

    consigo mesmo em sua possibilidade mais prpria como existencial, seu projeto e sua

    responsabilidade,imersononada,indeterminado.

    O rumo que as interpretaes de mundo do ao homem caracterizamse

    enquanto esquecimento do ser como niilismo. Como mostramos, Heidegger atinge o

    cerne de uma urgncia histrica de se pensar a prpria filosofia e os rumos

    fragmentrios de sua problemtica. Sendo assim, a metafsica condiciona a prpria

    realidade, e nessa urgncia do real que devese pensla como pensamento do ser,

    um pensamento radical, total, e corrosivo como ltima possibilidade para a filosofia e

    paraohomemenquantoseraemsuapossibilidadedesermaisprprio.

  • Bibliografia:

    Heidegger,M.Oquemetafsica?

    ___________Introduometafsica

    ___________Seretempo.

    ___________ (A interpretao de ser como ideia e pensamento do valor)

    In__NietzscheVolII

    ____________AfrasedeNietzscheDeusmorreuIn__CaminosdeBosque.

    Nietzsche,Friedrich.Vontadedepotncia.

    Dubois,Christian.Heidegger,introduoumaleitura.

    Stein,Ernildo.Aquestodomtodonafilosofia.

    Seibt,CezarLuiz.TemporalidadeepropriedadeemSeretempodeHeidegger.

    In__Rev.Fil.Aurora,Curitiba,V.22,n30.pg247266.jan\jun2010.