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HANNAH ARENDT: PODER, LIBERDADADE E DIREITOS HUMANOS
Hanna Arendt
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Hanna Arendt foi um grande marco na filosofia do século xx. Seu
pensamento é de grande importância para uma reflexão sobre as questões do
nosso tempo. Ao lançar o convite para que “pense sobre o que estamos
fazendo” Arendt desperta-nos para uma reflexão sobre nossa própria condição.
Segundo a pensadora, “ a fonte imediata da obra de arte é a capacidade
humana de pensar”. O pensamento da Hanna Arendt pode ser agrupado em
três vertentes ou ocupações: o diagnóstico da contemporaneidade , a análise
do totalitarismo e a tentativa de orientação de saídas dos impasses políticos.
Para Arendt nosso tempo é marcado pela crise dos três sustentáculos da
Civilização Ocidental: a religião, a tradição filosófica e a autoridade política. As
ideias de Arendt são bastante originais e instigadoras. Pode-se destacar como
as principais ideias da filósofa: a) A ideia de que a liberdade não equivale a
livre-arbítrio, mas está identificada a esfera da ação, equivalendo à soberania.
b) Os homens são livres, diferentemente de possuírem o dom da liberdade
enquanto agem. Ser livre e agir é a mesma coisa; c) Para assegurar as
condições da prática da liberdade, os seres humanos devem preservar o
espaço público e renunciar a soberania. O espaço público para ser preservado
requer a manutenção da cidadania e o direito a ter direitos; d) O poder é
gerado na convivência e cooperação. A violência destrói o poder, uma vez que
esta se baseia na exclusão da interação e da cooperação com os outros; e) O
pensamento não produz coisas, mas ele se torna tangível no processo de
reificação ao preço da vida; f) A liberdade política é sinônimo de ação. É
apenas no ato de agir que efetiva o processo de construção do mundo onde os
homens vivem, sendo que ela é a razão pela qual os homens vivem em
comunidades politicamente organizadas; g) A razão da política é a liberdade e
seu domínio de experiência é a ação. Um dos aspectos mais importantes no
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pensamento de Hanna Arendt é a separação que ela faz entre esfera pública e
esfera privada. A esfera pública é o espaço das palavra e da ação, onde ocorre
o agir conjunto, a existência do “nós” e a manifestação política. A esfera
privada é o reino das necessidades do homem enquanto ser que precisa
sobreviver, enquanto ser que possui necessidades biológicas.
O Poder não Violento:
Hannah Arendt (1906 -1975), filósofa judia nascida em Linden, na Alemanha
perseguida pelo nazismo e exilada nos Estados Unidos desde 1941.
Elaborou uma definição de poder que foge aos padrões convencionais, tendo
como marca distintiva a não-inclusão da violência como elemento constitutivo.
Toda a sua obra é um registro da luta contra o arbítrio do poder violento:
As Origens do Totalitarismo; Einchmann em Jerusalém;; Entre o passado e o
futuro, etc)
HnnaArdt, diz:
A convivência pacífica entre os homens leva à ação conjunta como fonte
geradora de poder.
“O único fator indispensável para a geração do poder é a convivência entre
homens. Todo aquele que, por algum motivo, se isola e não participa dessa
convivência, renuncia ao poder e torna-se impotente, por maior que seja sua
força e por mais válidas que sejam suas razões”
A geração do poder:
Consequência da ação conjunta dos homens, que propicia, pelo
discurso, a revelação de cada indivíduo em sua específica
singularidade
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A ação não violenta é a única forma de ação que possibilita o
encontro dos homens pela palavra.
Então a não violência como elemento aglutinador, pois na
atividade humana da ação, não se objetiva atingir determinado fim,
mas a descoberta de uma meta comum.
Quando deixa de haver a convivência entre homens, quando as
pessoas são meramente 'pró' ou 'contra' os outros, como nos
estados de guerra – nesse sentido o discurso transforma de fato
em mera 'conversa' – meio de alcançar um fim, que para iludir
o inimigo, quer para ofuscar a todos com propaganda.
“A violência destrói o poder, mas não o cria ou substitui, pois o
poder para ser gerado, exige a convivência”.
“A violência baseia-se na exclusão da interação/cooperação com os
outros”
“Governantes e governados frequentemente não resistem à
tentação de substituir o poder que está desaparecendo pela
violência.”
(Violência: capacidade técnica de gerar sofrimento e submissão).
“ (…) A violência sempre pode destruir o poder; do cano de uma arma
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emerge o comando mais efetivo, resultando na mais perfeita e
instantânea obediência. O que nunca emergirá daí é poder”
Onde há sociedade há poder.
A ideia de poder acoplada a violência não é equivalentemente
perfeita, e nem mesmo a coincidência histórica pode fazer disso uma
verdade.
A associação de poder com violência é uma demonstração do
desvirtuamento conceitual da ideia de poder*.
“Ceder espaço ao advento da força é negar o princípio da ação e da
busca de consensos por meio (…) de submissão e de abuso da
condição humana.”
*O Poder corresponde à habilidade humana não apenas para agir, mas para
agir em concerto. O poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a
um grupo e permanece em existência apenas na medida em que o o grupo
conserva-se unido. (…) sem um povo ou ou grupo não há poder (…) quando
falamos de um 'homem poderoso' ou de uma 'personalidade poderosa' já
usamos a palavra 'poder' metaforicamente; aquilo a que nos referimos sem a
metáfora é o 'vigor'[strenght] “ (Arendt, Sobre a violência, 1994, p. 36).
Gandhi e a não-violência
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Mahatma Gandhi foi quem se aproximou de forma prática, no sec. XX, a
teoria
sobre o poder de Hannah Arendt.
A não-violência é o ponto principal do pensamento político de Gandhi,
definida na
palavra ahimsa, em sânscrito.
Agarrar-se a verdade (satyagraha) a força da verdade que vem da alma
ou do
espírito. E isso exclui o uso da violência, porque o homem não é capaz de punir
conhecendo a força absoluta da verdade.
“Satyagraha foi concebida como uma arma forte e exclui o uso de violência em
qualquer forma ou feitio”.
“Satyagraha eu descobri (…) que a busca da verdade não admite que a
violência seja utilizada contra um oponente, mas que ele deve ser avisado de
seu erro pela paciência e simpatia.. Porque o que parece ser a verdade para
um pode sererr para outro, e paciência significa autosofrimento.
Gandhi aplica a ideia da libertação espiritual (swaraj), pela doutrina
satyagraha, do indivíduo, como coletiva, para o campo da libertação política
coletiva.
Para muitos as posições de Gandhi coadunavam numa desobediência
civil.
LEITURA EXTRA:
Como Arendt construiu sua concepção?
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sobre o que é ser livre. Por se tratar de um tema clássico, a autora teve que
abordar
outras definições de liberdade. Nessa medida, ela retoma conceitos da filosofia
cristã,
do republicanismo e do liberalismo. Ainda, a autora trata dos eventos históricos
que
considera como os principais momentos em que a liberdade apareceu como
uma
experiência tangível: a Democracia Ateniense, a República Romana, as
Revoluções
Americana e Francesa. Ela também analisa os eventos que obliteraram a
liberdade,
como os regimes totalitários.
O conceito de liberdade arendtiano está intimamente ligado ao
exercício das atividades públicas
a razão de ser da política e o seu sentido é a liberdade: se os homens
não tivessem a capacidade de se relacionar livremente, não haveria a
política; e se os homens não tivessem a potencialidade de estabelecer
sua própria realidade, a política não teria sentido algum.
Nesse contexto:
- A concepção de liberdade de Arendt contrasta fortemente com
outras noções consagradas no pensamento filosófico.
A tradição cristã obscurece a noção de liberdade ao transpô-la
para o domínio interno do sujeito e ao reduzi-la ao livre arbítrio.
Com o liberalismo - a autora concorda com boa parte de seus autores
a respeito da Modernidade, a saber:
As atividades privadas e as liberdades civis são valorizadas em
detrimento da
participação política. Entretanto, ela critica o liberalismo por naturalizar este
processo.
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A Abordagem a respeito do poder e da política na concepção de Hanna. O
poder e a política está relacionada com a liberdade, cooperação, com a ética. A
pol. E o pode se manifestam no bem comum na relação entre as pessoas na
organização das diversidades em garantir a vida e na sinergia do ser humano
com o ambiente, diz também que em oposição ao poder e a politica temos a
força e a violência que está relacionada a guerra, ao aspecto ditatorial , a
imposição a violência brutal, o domínio, o extermínio da fauna e flora, a
contaminação do ar inclusive o extermínio do próprio ser humano. A força e a
violência é o domínio de poucos, com isso ela nos mostra que nós
podemos ter um Direito relacionado com a política ou poder,
que este direito vai gerar leis e princípios vai estar
relacionado com a coletividade, com o bem comum e
justamente com o povo. Nós podemos falar em democracia
quando existe poder e política, a partir do momento que
eles são substituídos pela foça e pela violência elimina-se
qualquer possibilidade de cooperação. A partir da força e da
violência pode surgir um direito e leis autoritárias que
prejudicam a existência de um povo. O importante é compreender o
que ela diz , pois a força e a violência substituiu a política e o poder. Assim
sendo, no mundo atual nós confundimos poder e política, com força, violência e
degradação e a partir desse conhecimento, devemos fazer uma distinção
básica de que só existe poder e política, só existe o direito e a lei
baseada no poder e na política, quando existe liberdade e
garantia de vida, e sinergia com a natureza, fauna, flora e
com tudo que existe. Nós devemos estar atentos com a força e a
violência que tenta destruir de qualquer maneira a política e o poder,
substituindo-os. Observamos hoje que em vários órgãos do Estado
não reina a política e o poder, mas reina sim a força e a
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violência, reina a corrupção, reina o roubo, o furto de
dinheiro que deveriam ser aplicados às necessidades das
pessoas, mas que são apropriados por pessoas que se dizem
políticos e que detêm o poder, mas não estão relacionados a
essas duas vertentes, mas sim a força e a violência. Nós
estamos distinguindo c base para discernir poder e politica em contraposição a
força e a violência. Ainda nessa linha, temos a linha de Maturana, que nos
ajudarão a compreender melhor da seguinte maneira: o bem, a cooperação,
a liberdade possui origem numa estrutura de vida, numa estrutura
sinérgica com o mundo. O mal, a falta de cooperação, a falta de
Democracia, os interesses pessoais estão relacionados a
uma estrutura humana de morte e assinérgica. Acoplando o
pensamento de Maturana e de Hannah Arendt, nós podemos
dizer que uma estrutura humana de morte e assinérgica
gera a força e a violência e uma estrutura humana de amor,
de vida, de sinergia e de cooperação gera o poder e a
política, tendo origem numa estrutura sinérgica Assim sendo
podemos ter um direito e uma lei fundamentada na política e no poder, como
também podemos ter um direito e uma lei fundamentada na força e na violência,
tem uma origem numa estrutura assinérgica e numa estrutura humana de morte.
Desta forma, temos que distinguir os tipos de seres humanos, que se dividem
em dois tipos: -aqueles com estrutura de morte, assinérgica, que olham apenas
seus interesses pessoais, apenas suas vantagens e a exploração do povo, por
outro lado os seres humanos que apresentam uma estrutura humana sinérgica,
uma estrutura de vida, comprometido com o poder e com a política, bem
comum, com relação humana, com a cooperação, com a organização da
diversidade , com a liberdade, com a garantia da flora e da fauna e garantia da
própria vida no planeta terra. Nós devemos ter a sensibilidade para
separarmos as pessoas com estrutura sinérgica que tem uma estrutura
assinérgica, as que estão comprometidas com o poder, a política, com
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o direito e a lei visando visando o bem comum e as demais que estão
comprometidas com o direito e com a lei para satisfazer os interesses
de algumas organizações e interesses pessoais. Assim sendo, devemos
observar, ter a sensibilidade de perceber a nossa própria
estrutura , se estamos agindo em sinergia ou assinergia,
com as pessoas, com o planeta terra.