Hannah Arendt Texto

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HANNAH ARENDT: PODER, LIBERDADADE E DIREITOS HUMANOS Hanna Arendt http://pt.shvoong.com/humanities/1681652-hanna-arendt-principais- ideias/ Hanna Arendt foi um grande marco na filosofia do século xx. Seu pensamento é de grande importância para uma reflexão sobre as questões do nosso tempo. Ao lançar o convite para que “pense sobre o que estamos fazendo” Arendt desperta-nos para uma reflexão sobre nossa própria condição. Segundo a pensadora, “ a fonte imediata da obra de arte é a capacidade humana de pensar”. O pensamento da Hanna Arendt pode ser agrupado em três vertentes ou ocupações: o diagnóstico da contemporaneidade , a análise do totalitarismo e a tentativa de orientação de saídas dos impasses políticos. Para Arendt nosso tempo é marcado pela crise dos três sustentáculos da Civilização Ocidental: a religião, a tradição filosófica e a autoridade política. As ideias de Arendt são bastante originais e instigadoras. Pode-se destacar como as principais ideias da filósofa: a) A ideia de que a liberdade não equivale a livre- arbítrio, mas está identificada a esfera da ação, equivalendo à soberania. b) Os homens são livres, diferentemente de possuírem o dom da liberdade enquanto agem. Ser livre e agir é a mesma coisa; c) Para assegurar as condições da prática da liberdade, os seres humanos devem preservar o espaço público e renunciar a soberania. O espaço público para ser preservado requer a manutenção da cidadania e o direito a ter direitos; d) O poder é gerado na

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Ideias e concepções de Hannah Arendt acerca da não violência

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HANNAH ARENDT: PODER, LIBERDADADE E DIREITOS HUMANOS

Hanna Arendt

http://pt.shvoong.com/humanities/1681652-hanna-arendt-principais-ideias/

Hanna Arendt foi um grande marco na filosofia do século xx. Seu

pensamento é de grande importância para uma reflexão sobre as questões do

nosso tempo. Ao lançar o convite para que “pense sobre o que estamos

fazendo” Arendt desperta-nos para uma reflexão sobre nossa própria condição.

Segundo a pensadora, “ a fonte imediata da obra de arte é a capacidade

humana de pensar”. O pensamento da Hanna Arendt pode ser agrupado em

três vertentes ou ocupações: o diagnóstico da contemporaneidade , a análise

do totalitarismo e a tentativa de orientação de saídas dos impasses políticos.

Para Arendt nosso tempo é marcado pela crise dos três sustentáculos da

Civilização Ocidental: a religião, a tradição filosófica e a autoridade política. As

ideias de Arendt são bastante originais e instigadoras. Pode-se destacar como

as principais ideias da filósofa: a) A ideia de que a liberdade não equivale a

livre-arbítrio, mas está identificada a esfera da ação, equivalendo à soberania.

b) Os homens são livres, diferentemente de possuírem o dom da liberdade

enquanto agem. Ser livre e agir é a mesma coisa; c) Para assegurar as

condições da prática da liberdade, os seres humanos devem preservar o

espaço público e renunciar a soberania. O espaço público para ser preservado

requer a manutenção da cidadania e o direito a ter direitos; d) O poder é

gerado na convivência e cooperação. A violência destrói o poder, uma vez que

esta se baseia na exclusão da interação e da cooperação com os outros; e) O

pensamento não produz coisas, mas ele se torna tangível no processo de

reificação ao preço da vida; f) A liberdade política é sinônimo de ação. É

apenas no ato de agir que efetiva o processo de construção do mundo onde os

homens vivem, sendo que ela é a razão pela qual os homens vivem em

comunidades politicamente organizadas; g) A razão da política é a liberdade e

seu domínio de experiência é a ação. Um dos aspectos mais importantes no

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pensamento de Hanna Arendt é a separação que ela faz entre esfera pública e

esfera privada. A esfera pública é o espaço das palavra e da ação, onde ocorre

o agir conjunto, a existência do “nós” e a manifestação política. A esfera

privada é o reino das necessidades do homem enquanto ser que precisa

sobreviver, enquanto ser que possui necessidades biológicas.

O Poder não Violento:

Hannah Arendt (1906 -1975), filósofa judia nascida em Linden, na Alemanha

perseguida pelo nazismo e exilada nos Estados Unidos desde 1941.

Elaborou uma definição de poder que foge aos padrões convencionais, tendo

como marca distintiva a não-inclusão da violência como elemento constitutivo.

Toda a sua obra é um registro da luta contra o arbítrio do poder violento:

As Origens do Totalitarismo; Einchmann em Jerusalém;; Entre o passado e o

futuro, etc)

HnnaArdt, diz:

A convivência pacífica entre os homens leva à ação conjunta como fonte

geradora de poder.

“O único fator indispensável para a geração do poder é a convivência entre

homens. Todo aquele que, por algum motivo, se isola e não participa dessa

convivência, renuncia ao poder e torna-se impotente, por maior que seja sua

força e por mais válidas que sejam suas razões”

A geração do poder:

Consequência da ação conjunta dos homens, que propicia, pelo

discurso, a revelação de cada indivíduo em sua específica

singularidade

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A ação não violenta é a única forma de ação que possibilita o

encontro dos homens pela palavra.

Então a não violência como elemento aglutinador, pois na

atividade humana da ação, não se objetiva atingir determinado fim,

mas a descoberta de uma meta comum.

Quando deixa de haver a convivência entre homens, quando as

pessoas são meramente 'pró' ou 'contra' os outros, como nos

estados de guerra – nesse sentido o discurso transforma de fato

em mera 'conversa' – meio de alcançar um fim, que para iludir

o inimigo, quer para ofuscar a todos com propaganda.

“A violência destrói o poder, mas não o cria ou substitui, pois o

poder para ser gerado, exige a convivência”.

“A violência baseia-se na exclusão da interação/cooperação com os

outros”

“Governantes e governados frequentemente não resistem à

tentação de substituir o poder que está desaparecendo pela

violência.”

(Violência: capacidade técnica de gerar sofrimento e submissão).

“ (…) A violência sempre pode destruir o poder; do cano de uma arma

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emerge o comando mais efetivo, resultando na mais perfeita e

instantânea obediência. O que nunca emergirá daí é poder”

Onde há sociedade há poder.

A ideia de poder acoplada a violência não é equivalentemente

perfeita, e nem mesmo a coincidência histórica pode fazer disso uma

verdade.

A associação de poder com violência é uma demonstração do

desvirtuamento conceitual da ideia de poder*.

“Ceder espaço ao advento da força é negar o princípio da ação e da

busca de consensos por meio (…) de submissão e de abuso da

condição humana.”

*O Poder corresponde à habilidade humana não apenas para agir, mas para

agir em concerto. O poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a

um grupo e permanece em existência apenas na medida em que o o grupo

conserva-se unido. (…) sem um povo ou ou grupo não há poder (…) quando

falamos de um 'homem poderoso' ou de uma 'personalidade poderosa' já

usamos a palavra 'poder' metaforicamente; aquilo a que nos referimos sem a

metáfora é o 'vigor'[strenght] “ (Arendt, Sobre a violência, 1994, p. 36).

Gandhi e a não-violência

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Mahatma Gandhi foi quem se aproximou de forma prática, no sec. XX, a

teoria

sobre o poder de Hannah Arendt.

A não-violência é o ponto principal do pensamento político de Gandhi,

definida na

palavra ahimsa, em sânscrito.

Agarrar-se a verdade (satyagraha) a força da verdade que vem da alma

ou do

espírito. E isso exclui o uso da violência, porque o homem não é capaz de punir

conhecendo a força absoluta da verdade.

“Satyagraha foi concebida como uma arma forte e exclui o uso de violência em

qualquer forma ou feitio”.

“Satyagraha eu descobri (…) que a busca da verdade não admite que a

violência seja utilizada contra um oponente, mas que ele deve ser avisado de

seu erro pela paciência e simpatia.. Porque o que parece ser a verdade para

um pode sererr para outro, e paciência significa autosofrimento.

Gandhi aplica a ideia da libertação espiritual (swaraj), pela doutrina

satyagraha, do indivíduo, como coletiva, para o campo da libertação política

coletiva.

Para muitos as posições de Gandhi coadunavam numa desobediência

civil.

LEITURA EXTRA:

Como Arendt construiu sua concepção?

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sobre o que é ser livre. Por se tratar de um tema clássico, a autora teve que

abordar

outras definições de liberdade. Nessa medida, ela retoma conceitos da filosofia

cristã,

do republicanismo e do liberalismo. Ainda, a autora trata dos eventos históricos

que

considera como os principais momentos em que a liberdade apareceu como

uma

experiência tangível: a Democracia Ateniense, a República Romana, as

Revoluções

Americana e Francesa. Ela também analisa os eventos que obliteraram a

liberdade,

como os regimes totalitários.

O conceito de liberdade arendtiano está intimamente ligado ao

exercício das atividades públicas

a razão de ser da política e o seu sentido é a liberdade: se os homens

não tivessem a capacidade de se relacionar livremente, não haveria a

política; e se os homens não tivessem a potencialidade de estabelecer

sua própria realidade, a política não teria sentido algum.

Nesse contexto:

- A concepção de liberdade de Arendt contrasta fortemente com

outras noções consagradas no pensamento filosófico.

A tradição cristã obscurece a noção de liberdade ao transpô-la

para o domínio interno do sujeito e ao reduzi-la ao livre arbítrio.

Com o liberalismo - a autora concorda com boa parte de seus autores

a respeito da Modernidade, a saber:

As atividades privadas e as liberdades civis são valorizadas em

detrimento da

participação política. Entretanto, ela critica o liberalismo por naturalizar este

processo.

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A Abordagem a respeito do poder e da política na concepção de Hanna. O

poder e a política está relacionada com a liberdade, cooperação, com a ética. A

pol. E o pode se manifestam no bem comum na relação entre as pessoas na

organização das diversidades em garantir a vida e na sinergia do ser humano

com o ambiente, diz também que em oposição ao poder e a politica temos a

força e a violência que está relacionada a guerra, ao aspecto ditatorial , a

imposição a violência brutal, o domínio, o extermínio da fauna e flora, a

contaminação do ar inclusive o extermínio do próprio ser humano. A força e a

violência é o domínio de poucos, com isso ela nos mostra que nós

podemos ter um Direito relacionado com a política ou poder,

que este direito vai gerar leis e princípios vai estar

relacionado com a coletividade, com o bem comum e

justamente com o povo. Nós podemos falar em democracia

quando existe poder e política, a partir do momento que

eles são substituídos pela foça e pela violência elimina-se

qualquer possibilidade de cooperação. A partir da força e da

violência pode surgir um direito e leis autoritárias que

prejudicam a existência de um povo. O importante é compreender o

que ela diz , pois a força e a violência substituiu a política e o poder. Assim

sendo, no mundo atual nós confundimos poder e política, com força, violência e

degradação e a partir desse conhecimento, devemos fazer uma distinção

básica de que só existe poder e política, só existe o direito e a lei

baseada no poder e na política, quando existe liberdade e

garantia de vida, e sinergia com a natureza, fauna, flora e

com tudo que existe. Nós devemos estar atentos com a força e a

violência que tenta destruir de qualquer maneira a política e o poder,

substituindo-os. Observamos hoje que em vários órgãos do Estado

não reina a política e o poder, mas reina sim a força e a

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violência, reina a corrupção, reina o roubo, o furto de

dinheiro que deveriam ser aplicados às necessidades das

pessoas, mas que são apropriados por pessoas que se dizem

políticos e que detêm o poder, mas não estão relacionados a

essas duas vertentes, mas sim a força e a violência. Nós

estamos distinguindo c base para discernir poder e politica em contraposição a

força e a violência. Ainda nessa linha, temos a linha de Maturana, que nos

ajudarão a compreender melhor da seguinte maneira: o bem, a cooperação,

a liberdade possui origem numa estrutura de vida, numa estrutura

sinérgica com o mundo. O mal, a falta de cooperação, a falta de

Democracia, os interesses pessoais estão relacionados a

uma estrutura humana de morte e assinérgica. Acoplando o

pensamento de Maturana e de Hannah Arendt, nós podemos

dizer que uma estrutura humana de morte e assinérgica

gera a força e a violência e uma estrutura humana de amor,

de vida, de sinergia e de cooperação gera o poder e a

política, tendo origem numa estrutura sinérgica Assim sendo

podemos ter um direito e uma lei fundamentada na política e no poder, como

também podemos ter um direito e uma lei fundamentada na força e na violência,

tem uma origem numa estrutura assinérgica e numa estrutura humana de morte.

Desta forma, temos que distinguir os tipos de seres humanos, que se dividem

em dois tipos: -aqueles com estrutura de morte, assinérgica, que olham apenas

seus interesses pessoais, apenas suas vantagens e a exploração do povo, por

outro lado os seres humanos que apresentam uma estrutura humana sinérgica,

uma estrutura de vida, comprometido com o poder e com a política, bem

comum, com relação humana, com a cooperação, com a organização da

diversidade , com a liberdade, com a garantia da flora e da fauna e garantia da

própria vida no planeta terra. Nós devemos ter a sensibilidade para

separarmos as pessoas com estrutura sinérgica que tem uma estrutura

assinérgica, as que estão comprometidas com o poder, a política, com

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o direito e a lei visando visando o bem comum e as demais que estão

comprometidas com o direito e com a lei para satisfazer os interesses

de algumas organizações e interesses pessoais. Assim sendo, devemos

observar, ter a sensibilidade de perceber a nossa própria

estrutura , se estamos agindo em sinergia ou assinergia,

com as pessoas, com o planeta terra.