HAMARD, A. – . Póvoa de Varzim : Livraria Povoense, 1904...

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Charles DARWIN 1809 - 1882 200 anos do seu Nascimento 150 anos da publicação “A origem das espécies” HAMARD, A. – Darwinismo, monismo, transformismo. Póvoa de Varzim : Livraria Povoense, 1904. HARTMANN, Édouard de – Le darwinisme: ce quíl y a de vrait et de faux dans cette théorie. Paris : Félix Alcan, Éditeur, 1889. LEVY, André e outros (direcção científica) – Evolução: história e argumentos. Campo Grande : Esfera do Caos Editores, lda, 2008. MARTINS, J. P. Oliveira – As raças humanas e a civilisação primitiva. Lisboa : Livraria Bertrand, 1881. (2 volumes). MARTINS, J. P. Oliveira – As raças humanas e a civilisação primitiva. Lisboa : Parceria António Maria Pereira, Livraria Editora, 1905. (2 volumes). MATOS, Júlio de – História natural illustrada. Porto : Magalhães & Moniz, Editores, s.d. (6 volumes). MATOS, Manuel Cadafaz de – “Arruda Furtado, correspondente de Darwin, apresentação, tradução e notas”. Prelo, n.º 11 (Abril/Junho 1986), p. 81-88. MILLER, Jonathan – Darwin para principiantes. Lisboa : Publicações Dom Quixote, 1982. OTTAVI, Dominique – De Darwin a Piaget: para uma história da psicologia da criança. Lisboa : Instituto Piaget, d.l. 2004. PARKER, Steve – Charles Darwin. s.l. : Edinter – Edições Internacionais, lda, 1992. PICHOT, André – A sociedade pura: de Darwin a Hitler. Lisboa : Instituto Piaget, d.l. 2002. RIES, Al ; RIES, Laura – A origem das marcas: as leis de Darwin aplicadas à inovação de produtos e à sobrevivência do seu negócio. Cruz Quebrada : Casa das Letras Editores, 2005. ROSE, Michael R. – O espectro de Darwin: biologia evolucionista no Mundo moderno. Lisboa : Dinalivro, 2000. SACARRÃO, G. F. – “O darwinismo em Portugal”. Prelo, n.º 7 (Abril/Junho 1985). p. 7-22. SACARRÃO, G. F. “Sobre o método em Darwin e a episódica relação com Arruda Furtado”. Prelo, n.º 11 (Abril/Junho 1986). p. 89-108. SPROULE, Anna – Charles Darwin: a importância da teoria da evolução de Darwin na compreensão do mundo biológico. Lisboa : Editora Replicação, d.l. 1990. TEMPLADO, Joaquin – “Darwin: ayer y hoy: centenário de la muerte, 19 de Abril de 1882”. Arbor, tomo CXIII, n.º 441-442 (1982). WHITE, Michael ; GRIBBIN, John – Darwin: uma vida de ciência. Mem Martins : Publicações Europa-América, lda, 2004. FICHA TÉCNICA Boletim bio-bibliográfico elaborado a 12 de Fevereiro de 2009, nos 200 anos do nascimento de Charles Darwin Título: Charles Darwin: 1809-1882 Layout e coordenação editorial: Manuel Costa Edição: Biblioteca Municipal Rocha Peixoto Conteúdos: Lurdes Adriano e Rogério Nogueira Grafismo, digitalização e recolha bibliográfica: Rogério Nogueira Tiragem: 100 exemplares 8

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Charles

DARWIN1809 - 1882

200 anos do seu Nascimento

150 anos da publicação “A origem das espécies”

HAMARD, A. – Darwinismo, monismo, transformismo. Póvoa de Varzim : Livraria Povoense, 1904.

HARTMANN, Édouard de – Le darwinisme: ce quíl y a de vrait et de faux dans cette théorie. Paris : Félix Alcan, Éditeur,

1889.

LEVY, André e outros (direcção científica) – Evolução: história e argumentos. Campo Grande : Esfera do Caos Editores,

lda, 2008.

MARTINS, J. P. Oliveira – As raças humanas e a civilisação primitiva. Lisboa : Livraria Bertrand, 1881. (2 volumes).

MARTINS, J. P. Oliveira – As raças humanas e a civilisação primitiva. Lisboa : Parceria António Maria Pereira, Livraria

Editora, 1905. (2 volumes).

MATOS, Júlio de – História natural illustrada. Porto : Magalhães & Moniz, Editores, s.d. (6 volumes).

MATOS, Manuel Cadafaz de – “Arruda Furtado, correspondente de Darwin, apresentação, tradução e notas”. Prelo,

n.º 11 (Abril/Junho 1986), p. 81-88.

MILLER, Jonathan – Darwin para principiantes. Lisboa : Publicações Dom Quixote, 1982.

OTTAVI, Dominique – De Darwin a Piaget: para uma história da psicologia da criança. Lisboa : Instituto Piaget, d.l. 2004.

PARKER, Steve – Charles Darwin. s.l. : Edinter – Edições Internacionais, lda, 1992.

PICHOT, André – A sociedade pura: de Darwin a Hitler. Lisboa : Instituto Piaget, d.l. 2002.

RIES, Al ; RIES, Laura – A origem das marcas: as leis de Darwin aplicadas à inovação de produtos e à sobrevivência do seu

negócio. Cruz Quebrada : Casa das Letras Editores, 2005.

ROSE, Michael R. – O espectro de Darwin: biologia evolucionista no Mundo moderno. Lisboa : Dinalivro, 2000.

SACARRÃO, G. F. – “O darwinismo em Portugal”. Prelo, n.º 7 (Abril/Junho 1985). p. 7-22.

SACARRÃO, G. F. “Sobre o método em Darwin e a episódica relação com Arruda Furtado”. Prelo, n.º 11 (Abril/Junho

1986). p. 89-108.

SPROULE, Anna – Charles Darwin: a importância da teoria da evolução de Darwin na compreensão do mundo biológico.

Lisboa : Editora Replicação, d.l. 1990.

TEMPLADO, Joaquin – “Darwin: ayer y hoy: centenário de la muerte, 19 de Abril de 1882”. Arbor, tomo CXIII, n.º 441-442

(1982).

WHITE, Michael ; GRIBBIN, John – Darwin: uma vida de ciência. Mem Martins : Publicações Europa-América, lda, 2004.

FICHA TÉCNICABoletim bio-bibliográfico elaborado a 12 de Fevereiro de 2009, nos 200 anos do nascimento de Charles DarwinTítulo: Charles Darwin: 1809-1882Layout e coordenação editorial: Manuel CostaEdição: Biblioteca Municipal Rocha PeixotoConteúdos: Lurdes Adriano e Rogério NogueiraGrafismo, digitalização e recolha bibliográfica: Rogério NogueiraTiragem: 100 exemplares

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CHARLES DARWIN: breve nota biográficaCharles Darwin nasceu em 1809. Filho de Susannah, descendente do magnata industrial da cerâmica, Josiah Wedgwood,

e de Robert Darwin, um abastado médico do Shropshire, Charles Robert Darwin era uma figura que pouco

provavelmente se tornaria um cientista revolucionário. Após a sua formação com medíocre aproveitamento em

Shrewsbury, seguiu as pisadas paternas, frequentando a Universidade de Edimburgo e cursando medicina. Em 1827,

iniciou novos estudos em Teologia, na Universidade de Cambridge, por influência do seu pai que decidira interromper

o acanhado progresso do filho na carreira médica, em favor de uma mais sólida e realista perspectiva como membro da

Igreja Anglicana.

A verdadeira paixão de Darwin pela História Natural já era contudo bem patente. Em Edimburgo, enquanto membro da

Plinian Society, liderada por estudantes, Darwin viu-se atraído por um mundo de debates radicais e materialistas,

sofrendo predominantemente a influência de Robert Grant, um pensador evolucionista, perito em invertebrados

marinhos, que acompanhou várias vezes em trabalho de campo e tentou igualar no campo das observações

experimentais e pesquisas sobre as esponjas. Enriqueceu e aprofundou estas influências em Cambridge, onde

desenvolveu as suas próprias observações e estudos, versando a vida das plantas e dos insectos. Acompanhou Adam

Sedgwick, um eminente professor de Geologia, numa expedição ao norte de Gales. Desta forma, sedimentou os seus

próprios conhecimentos sobre geologia e – facto ainda mais importante – tornou-se amigo próximo do Reverendo John

Henslow, professor de botânica, cujo entusiasmo por todas os aspectos do seu trabalho contagiou Darwin. Darwin

vislumbrava em Henslow o modelo vitoriano ideal do clérigo-naturalista, isto é, o resultado da fértil relação simbiótica

que poderia existir entre o exercício das funções de pároco de uma pequena congregação e o desenvolvimento das suas

próprias pesquisas científicas. Contudo, antes mesmo de Darwin conseguir assegurar um estilo de vida semelhante,

Henslow recomendou-o como naturalista e acompanhante do Capitão James Fitzroy na expedição ao hemisfério sul,

a bordo do navio HMS Beagle. Os efeitos de tal viagem viriam a revelar-se marcantes a vários níveis.

Entre 1831 e 1836, o cargo de naturalista a bordo do HMS Beagle permitiu-lhe aprofundar conhecimentos sobre um mundo

natural totalmente novo. A sua incursão científica nas terras da América do Sul tornou-se uma experiência formativa,

exercendo uma profunda e duradoura influência na sua visão inventiva da natureza, modelando definitivamente

o arrojado mecanismo explicativo, cujos frutos se revelariam vinte anos mais tarde no livro A Origem das Espécies (1859).

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ARIZA, Luís Miguel – “Darwin discutido 200 anos depois”. Parques e vida selvagem, n.º 26 (22 de Dezembro de 2008

a 20 de Março de 2009). P. 38-41.

ARNOULD, Jacques – A teologia depois de Darwin: a teologia da criação numa perspectiva evolucionista. Lisboa :

Instituto Piaget, d.l. 1999.

ARNOULD, Jacques – Darwin, Teilhard de Chardin: a igreja e a evolução. Lisboa : Instituto Piaget, d.l. 1999.

AVELAR, Teresa ; MATOS, Margarida ; REGO, Carla - Quem tem medo de Charles Darwin: o problema da selecção natural.

Lisboa : Relógio d’Água Editores, d.l. 2004.

BEHE, Michael – A caixa negra de Darwin. Lisboa : Esquilo – Edições e Multimédia, lda, 2008.

BRAGA, Teófilo – “Carlos Darwin”. O Occidente, 5, n.º 123 (Maio 1882) p. 118.

CANDEIAS, Alberto – A vida e a obra de Darwin. Lisboa : Cosmos Editores, imp. 1941.

CHAPEVILLE, B. – O darwinismo hoje. Lisboa : Publicações Dom Quixote, 1981.

CHAUVIN, Rémy – O darwinismo ou o fim de um mito. Lisboa : Instituto Piaget, d.l. 1999.

DARWIN, Carlos – A origem do homem: a selecção natural e a sexual. Porto : J. Ferreira dos Santos Editor, 1910.

(2 volumes).

DARWIN, Charles – A expressão das emoções no homem e nos animais. Lisboa : Relógio d'Água Editores, d.l. 2006.

DARWIN, Charles – A origem das espécies. Lisboa : Publicações Europa-América, lda, 2005.

DARWIN, Charles – Autobiografia. Lisboa : Relógio d'Água Editores, cop. 2004.

DARWIN, Charles – Diário de viagem. Amadora : Ediclube – Edição e Promoção do Livro, d.l. 1998.

DARWIN, Charles – Uma viagem a bordo do Beagle. Lisboa : Parque Expo'98, 1997.

DENNETT, Daniel C. – A ideia perigosa de Darwin: evolução e sentido da vida. Lisboa : Círculo de Leitores, d.l. 2000.

FEIJÓ, José – “A evolução de Darwin em exposição”. Newsletter da Fundação Calouste Gulbenkian, n.º 100 (Fevereiro

2009). p. 4-8. (texto escrito a partir de uma conversa com José Feijó, comissário da exposição).

FERRIÈRE, Èmile – Le darwinisme. Paris : Librairie Germer Baillière et Ca., s.d.

FURTADO, Arruda - Materiaes para o estudo anthropologico dos povos açorianos: observações sobre o povo

michaelense. Ponta Delgada : s.n., 1884.

GÂNDARA, Diego (textos) – Darwin: vida, pensamento e obra. Lisboa : Público – Comunicação social, SA, d.l. 2008.

GOULD, Stephen Jay – Full house: a difusão da excelência de Platão a Darwin. Lisboa : Gradiva, 2000.

GOULD, Stephen Jay – O Mundo depois de Darwin: reflexões sobre história natural. Lisboa : Editorial Presença, lda, 1988.

HAECKEL, Ernest – Histoire de la création des étres organisés d'aprés les lois naturelles: conférences scientifiques sur

la doctrine de l'évolution en général et celle de Darwin, Goethe et Lamarck en particulier. Paris : C. Reinwald et Cie.,

Libraires-Éditeurs, 1877.

Bibliografia existente na Biblioteca Municipal

Uma das primeiras descrições populares da evolução do homem - feita com maisengenho do que rigor - publicada em 1876 pelo naturalista alemão Ernst Haeckel.

DARWIN, Charles - A origem das espécies.Lisboa : Publicações Europa-América, 2005, p.13-14.

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À Volta do Mundo no “Beagle”

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150 anos da publicação de “A Origem das Espécies”

Publicada em 1859, a obra-prima de Darwin condensa os seus pontos de vista acerca da origem e da evolução das espécies.

A Origem das Espécies consagrou os princípios universais da competição entre as espécies e da Selecção Natural, regidos

pela dura lei da sobrevivência dos mais aptos, a par do conceito de mutação e variação das espécies. Num tom

profundamente lúcido e consciente das objecções que seriam apresentadas à sua teoria, Darwin baseia a sua teorização

num profundo conhecimento prático, fundamentado na sua experiência prática a bordo da fragata HMS Beagle.

A Origem das Espécies desferiu um rude golpe na teoria criacionista e foi, a longo prazo, alvo de aproveitamento

e releituras, nas mais diversas esferas do conhecimento.

Objecto de profunda contestação e sucesso imediato (a primeira edição esgotou no dia em que foi posto à venda) que fez

correr rios de tinta, a teoria de Darwin sofreu poucas alterações da época vitoriana até aos nossos dias.

Em suma, uma obra monumental e uma referência a todos os níveis.

DARWIN, Charles – A origem das espécies. Lisboa : Publicações Europa-América, 2005.

A Revista de Ciências Naturais e Sociais

“Desde que um Darwin encontra no livro Malthus, escrito com meros intuitos económicos, o principio da

concorrência vital que lhe dá a explicação duma infinidade de factos até então incoerentes e confusos, desde

que um Schlegel lança no mundo da ciência a ideia de interpretar as literaturas e, em geral, as grandes

criações do espirito colectivo, à luz das aptidões primordiais da raça, fenómeno radicalmente naturalista,

não será temeridade, cremos nós, antes profundo respeito pelos mestres do pensamento contemporâneo,

seguir na esteira desses vultos...”

Rocha Peixoto (1866-1909): a sua acção como Naturalista

Rocha Peixoto desenvolveu um trabalho de referência como naturalista, sendo responsável pela organização do

Gabinete de Mineralogia, Geologia e Paleontologia da Academia Politécnica do Porto e pela publicação dos catálogos

dessas colecções.

Dedicou-se ao estudo e ao ensino da Mineralogia e Geologia, desempenhando as funções de professor de Geografia

e de Ciências Físico-Naturais na Escola Industrial Infante D. Henrique, no Porto.

Algumas das obras de Rocha Peixoto na área das Ciências Naturais:

O Museu Municipal do Porto (História Natural). Porto: Tipografia Ocidental, 1888.

Catálogo do Gabinete de Mineralogia, Geologia e Paleontologia. Porto: Tipografia Ocidental, 1891; 1892.

Museu: moluscos marinhos de Portugal. Porto: Tipografia Ocidental, 1897.

TELES, Basílio - Introdução. Revista de Ciências Naturais e Sociais, vol. 1 (1890), p. 3

A “Revista de Ciências Naturais e Sociais”, dirigida por Ricardo Severo e Rocha Peixoto e editada de 1890

a 1898, foi um importante repositório nas áreas das Ciências Naturais, Arqueologia, Antropologia, História

e Folclore.

Foi nesta publicação que Rocha Peixoto editou alguns dos seus primeiros estudos ligados ao domínio das

Ciências Naturais.

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Alegoria à teoria evolutiva: “O homem não passa de um verme”

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O Darwinismo em Portugal

Em Portugal, pais onde a Revolução Industrial tardou em penetrar, fazendo-o em minguadas infiltrações,

e que, portanto, não sofreu as transformações de fundo que essa remodelação da sociedade provocou

noutros lugares, não surpreenderá que o darwinismo cientifico (não a sua vertente vulgar ou deformada)

mais não tenha sido que mera curiosidade e, apenas episodicamente divulgado […].

A revolução darwiniana foi, como é sabido, um factor de extrema importância para a edificação da biologia

moderna e para a construção de uma nova concepção do homem e da sua posição no mundo. Essa revolução

é, em grande parte, o reflexo da profunda transformação, em marcha, da sociedade, que varreu velhos

conceitos, velhos sistemas de relações económicas e de modos de produção, criou novos modos de pensar,

outros hábitos e valores, etc. …Charles Darwin teve o enorme mérito de nos dar a visão de uma natureza

viva em mudança, e sobretudo, de lhe conferir rigor cientifico e a comprovação lógica e experimental,

suportada por uma imponente massa de documentos. Ora tendo ficado o Portugal do séc. XIX como num

mundo à parte do que se passava na Europa em matéria de industrialização, ciência, e empreendimento

burguês, a influencia do darwinismo, da sua imagem do mundo, não podia, isolada dessa metamorfose

social, modificar em Portugal a vida intelectual, a mentalidade das elites, o ensino, a cultura e a Universidade,

num pais onde poderosas forças conservadoras e reaccionárias se opunham a todas as ideias de mudança.

Tocou certas camadas, certos aspectos, mas sempre em escala mínima, superficial, com alguma cultura

importada e imitação de figurinos estrangeiros, em particulares franceses, ainda que houvesse, é certo,

alguns homens inovadores, com imaginação e inteligência, que todavia clamaram num deserto de

indiferenças.

SACARRÃO, G. F. - O darwinismo em Portugal. Prelo, n.º 7 (Abril/Junho 1985), p. 7-22.

Francisco de Arruda Furtado é dos raros portugueses que manifestou

entusiasmo sincero pelas novas perspectivas científicas abertas pelo

darwinismo. [...]

Ao tempo da correspondência com Charles Darwin, Arruda Furtado tinha 27

anos e o seu desejo natural era o de puder estudar os problemas da origem da

flora e fauna açorianas, mas não surpreende que não pudesse ir mais longe

por falta de um meio científico adequado onde a sua inteligencia versátil

pudesse encontrar a orientação e os meios indispensáveis, que não teve, nem

no seu arquipélago natal nem, mais tarde, na metrópole.

SACARRÃO, G. F. - Sobre o método em Darwin e a episódica relação com Arruda Furtado.Prelo, nº 11, (Abril/Junho 1986) p.81- 88.

Francisco Arruda Furtado (1854-1887): o português que se correspondeu com Charles Darwin