Haja Saúde! Maio-Junho 2015

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HajaBraga! HajaExplicação! HajaHumor! No enanto, para os estudantes minhotos, maio é também sinó ´nimo de uma tradiaço: o Enterro da Gata! Al-Shabaab - o que querem no Este de África? NÃO IMPORTA É GOURMET! PÁG. 8 PÁG. 20 PÁG. 10

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Edição de maio-junho 2015

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HajaBraga! HajaExplicação! HajaHumor!No enanto, para os estudantes minhotos, maio é também sinó´nimo de uma tradiaço: o Enterro da Gata!

Al-Shabaab - o que querem no Este de África?

NÃO IMPORTA É GOURMET!

PÁG. 8 PÁG. 20PÁG. 10

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HajaEditorial! 3

HajaBreves! 4

HajaMemória! 5

Haja Ciência! 6

HajaTecnologia! 7

HajaBraga! 8

HajaCinema! 9

HajaExplicação! 10

HajaConto! 12

HajaSexualidade! 13

HajaDesporto! 14

HajaNEMUM! 14

HajaDesafio! 15

HajaPassatempos! 17

HajaGula! 18

HajaAgenda Cultural! 19

HajaHumor! 20

HajaPaciência! 23

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HajaEditorial!

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Nesta   edição   do   HajaSaúde!,  apresentamos-­‐te   uma   edição   mais  “leve”  e  livre.  Apesar  da  ausência  de  um   tema   específico,   poderás   ler   as  habituais   crónicas   e   confrontar-­‐te  com  assuntos   que  assolam  o  mundo  (como   o   terrorismo   abordado   no  Ha j a E xp l i c a ç ão ! )   ou   r e l a x a r  enquanto   lês   os   Conselhos   da  Rebecca.  Como  podes  ver,  quer  sejas  uma   pe s soa   p reocupada   ou  descontraída,  o   teu   HajaSaúde!  tem  sempre   algo   para   O,   nem   que   seja  uma   receita   (para   já   ainda   não  fazemos   serviço   de   pastelaria,   mas  quiçá  um  dia  o  façamos).

Relembramos,   ainda,   que   quem  esOver   interessado,   poderá   fazer  parte   desta   equipa,   integrando   este  projeto  de  e  para  alunos,  escrevendo  textos,  ajudando   na  parte   gráfica  ou  noutras  vertentes.

Chegando  ao   final  de  um  ano   leOvo,  a  equipa  do  HajaSaúde!  deseja  muito  boa  sorte  a  todos  aqueles   que  vão  a  exames   finais   and   may  the   odds   be  ever  in  your  favor.  Àqueles  que  já  se  encontram  de  férias  (ou  semi-­‐férias),  desejamos   um   bom   descanso   e  que  

n ã o   d e i x em   d e   s e   i n s t r u i r  culturalmente,   seja   a   ler,   a   ir   a  concertos,   ou   a   outras   aOvidades  culturais.

Além   disso,   a  equipa  do   HajaSaúde!  congratula   e   agradece,   ainda,   a  todos  aqueles  que  contribuíram  para  que  Medicina  fosse  o  curso  vencedor  do   Cortejo   das   Monumentais   Festas  do   Enterro   da   Gata   2015,   pois   “o  médico   que   só   sabe   de   Medicina,  nem  de  Medicina  sabe”.

A todos, umas

boas férias e

umas boas e

abundantes

leituras!

Joana Silva, 3º Ano

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João Lima, 1º AnoH

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reve

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iMED  7.0,  a  maior  conferência  para  estudantes  de  medicina  da  Europa

O  iMed  7.0  é  a  maior  Conferência  para  estudantes  de  Medicina  da  Europa  e  ocorre  

já  em  Setembro,  em  Lisboa.

O  objeOvo  é,  não  só,  os  parOcipantes  entrarem  em  contacto  com  as  mais  recentes  

inovações  no  campo  da  medicina,  mas  também  que  se  sintam  inspirados  pelas  

pessoas  que  as  fizeram.  Além  disso,  será  promovida  a  Innovate  CompeOOon,  

dirigida  àqueles  estudantes  que  querem  iniciar  o  seu  próprio  projeto  de  

invesOgação.  Há  12000€  em  bolsas  para  oferecer  aos  dois  vencedores!

Por  outro  lado,  para  todos  os  que  se  sentem  empolgados  com  os  diagnósOcos  mais  

desafiantes,  haverá  o  Clinical  Mind  Compe..on.  As  três  equipas  melhor  

classificadas  na  compeOção  têm  a  oportunidade  de  realizar  um  estágio  de  

voluntariado  em  África!

Bodyinteract

Com  o  intuito  de  melhorar  o  treino  de  competências  clínicas,  parOcularmente  o  

raciocínio,  a  Escola  de  Ciências  da  Saúde  da  Universidade  do  Minho  invesOu  e,  agora,  

os  alunos  de  medicina  podem  usufruir  de  um  novo  instrumento,  o  bodyinteract,  que  é  

um  produto  desenvolvido  pela  empresa  portuguesa  Take  The  Wind.  É  um  sohware  de  

treino  que  simula  casos  clínicos  virtuais  e  interaOvos  que  devem  ser  resolvidos  pelos  

uOlizadores.  Esta  plataforma  é  usada  numa  mesa  táOl  de  grandes  dimensões  e  permite  

a  criação  de  diferentes  cenários  clínicos,  em  diferentes  áreas  de  especialidade  médica,  

num  ambiente  realista  e  controlado.  A  interação  entre  alunos,  professores  e  doente  

virtual,  criada  durante  uma  sessão  que  dura  cerca  de  meia  hora,  esOmula  a  parOlha  de  

conhecimentos  e  o  treino  do  raciocínio  clínico  em  circunstâncias  que  são  dikceis  de  

reproduzir  em  situações  reais  do  dia-­‐a-­‐dia.

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É   intemporal   a   existência   de   uma   clara  associação  do  verão  a  férias  e  a  descanso,  porém,  e   se   nos   focarmos   no   passado,   conseguimos  perceber  que,  com  o  passar  dos  anos,  houve  uma  clara  alteração  do  padrão  de  comportamento  das  pessoas.   Assim   sendo,   é   irrefutável   a   ideia   de  mudança  de  comportamentos  não   só   fomentada  pelo   aumento   das   condições   de   vida   das  populações   mas   também   pelo   desenvolvimento  das  novas  tecnologias.

  Talvez   sejamos   todos   demasiado   novos  para  nos  podermos  perceber   das  mudanças   que  têm   vido  a  acontecer   e   a  verdade  é  que   só   nos  apercebemos   delas   quando   falamos   com   os  nossos   pais   e,   principalmente,   com   os   nossos  avós.   De   um   modo   geral,   a   infância   deles,  nomeadamente   as   férias,   são   descritas   como  momentos  de  enorme  alegria  onde  toda  a   gente  se   conhecia   e   brincava   até  ao   chamamento  das  mães  que  os  vigiavam  atentamente.

 

  O   avanço   tecnológico,   tal   como   referido,  foi   um   dos   principais   responsáveis   pelas  mudanças   de   comportamentos.   Assim,   1972   foi  um   ano   que  ficou   marcado   pelo   nascimento   da  primeira  consola  de  jogos  e  que  permiOu  o  grande  crescimento  da  indústria  nas  úlOmas  décadas.  Na  época   do   seu   lançamento   nunca   se   pensou   no  

sucesso   que   viria   fazer   nem   na   mudança   de  comportamentos  que  acabaria  por  insOgar.  

 

  Se   por   um   lado   virou   um   fenómeno   de  vendas,  por  outro  levou  ao  sedentarismo  de  uma  forma  bastante  acentuada.

  A   este   fenómeno   seguiram-­‐se   muitos  outros  que  acabaram  por   provocar   o   isolamento  das  crianças   com   uma  enorme  agravante  não   só  para  a  sua  condição  ksica  mas  também  psíquica.  Deste  modo,  e  embora  os  seus  criadores  tenham  defendido  desde  sempre  que  estes   instrumentos  se   tornariam   fundamentais   para  o   raciocínio  das  crianças,   a   verdade   é   que  são   vários  os   estudos  que   provam   que   o   chamado   “vício”   torna   as  crianças   mais   retraídas   e   menos   comunicaOvas  acabando  por  funcionar  com  uma  barreira  social.  

É   já   anOga   a   máxima   “Mudam-­‐se   os  tempos,  mudam-­‐se  as  vontades”,  porém,  é  talvez  das   poucas   que   com   o   passar   dos   anos   não  deixara   de   se   manter   como   uma   verdade  absoluta.   Não   é   preciso   recuarmos   muito   para  podermos  perceber  que  a  mudança  é  imprevisível  e   que   a   ela   estão,   muitas   vezes,   subjacentes  comportamentos  impensáveis.

HajaM

emória!

5Gonçalo Cunha, 2º Ano

O  VERÃO  E  A  TECNOLOGIA

Primeira consola de jogos

“O Verão de Antigamente”

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  Em  ciência  existem  apenas  duas  certezas.  A  primeira  é  que  ainda  sabemos  pouco;  a  segunda  é   que   o   pouco   sabemos   hoje   poderá   não   ser  verdade   amanhã .   Um   es tudo   recente ,  desenvolvido   na   Escola   de   Medicina   da  Universidade   de   Virginia   (UVA),   demonstrou-­‐nos  mais   uma   vez   isto   mesmo,   ao   ter   revelado   a  existência  de  uma  ligação  direta  entre  o  cérebro  e  o  sistema  imunitário,  que  se  pensava  não  exisOr.  A  descoberta  de  vasos  linfáKcos  meníngeos  é  não  só   transformadora   sobre   a   perspeOva   atual   de  interação   entre   sistema   nervoso   central   e   o  sistema   imunitário   periférico,   mas   também  profundamente   surpreendente  pelo   facto  destes  vasos   terem  permanecido   ocultos  aos  olhos   dos  invesOgadores,  apesar  do  sistema  linfáOco  ter  sido  já  extensivamente  estudado.  

  Como   desde   já   imaginarão,   esta  descoberta  acarreta  importantes  implicações  para  o  tratamento  de  doenças  neurológicas,  tais  como  a   doença   de   Alzheimer   ou   a   Esclerose  MúlOpla.  Segundo  Jonathan  Kipnis,  PhD,  professor  na  UVA  -­‐  Dep.   de   Neurociências   e   director   do   Center   for  Brain   Immunology   and   Glia   (BIG),   “esta  descoberta   altera   por   completo   a   nossa  perspeOva  sobre  as  interações  neuro-­‐imunes,  que  sempre   perspeOvámos   como   algo   esotérico   que  não   pode   ser   bem   estudado;   agora   podemos  responder   a   questões   mecanísOcas   e   torna-­‐se  dikcil   imaginar   que   estes   vasos   não   parOcipem  numa   qualquer   doença   neurológica   que   tenha  uma  componente  imunitária”,  referiu  Kipnis.  

  A   descoberta   foi   tornada   possível   pelo  trabalho  de  Antoine  Louveau,  PhD  e  pós-­‐doc.  no  laboratório   de   Kipnis.   Os   vasos   linfáOcos   foram  detectados   após   Louveau   ter   desenvolvido   um  método  para  montar   as  meninges  de  raOnho  em  lâmina,   de   modo   a   que   estas   pudessem   ser  observadas  e  examinadas  como  um  todo.  “Houve  um  segredo:  fixámos  inicialmente  as  meninges  à  superkcie  interna  do  crânio,  de  modo  a  que  estas  

manOvessem  a  sua  estrutura  fisiológica,  e  depois  procedemos  à  sua  disseção.  Se  o  Ovéssemos  feito  de   outra   forma,   não   teria   resultado”,   explica  Louveau.   Até   Kipnis   permaneceu   céOco  inicialmente.   “Eu   pensava   que   o   corpo   humano  estava   mapeado.   Acreditava   que   este   Opo   de  descobertas  Onha  acabado   por  volta  da  primeira  metade  do   século  passado.  Mas  aparentemente,  não  acabaram.”  disse  Kipnis  após  explicar  que  os  vasos   linfáOcos   em   questão   acompanham   o  trajeto   dos   grandes   vasos   sanguíneos   que  percorrem  os  seios  cavernosos.  

    Com   esta   descoberta   abrem-­‐se   novas  perspeOvas   quanto   à   eOologia   e   tratamento   de  doenças   como   o   AuOsmo,   Esclerose   MúlOpla   e  Doença  de  Alzheimer.  Kipnis  dá  um  exemplo:  “  Na  doença   de   Alzheimer   ocorre   a   acumulação   de  agregados   proteicos   em   diversas   regiões   do  cérebro.   Achamos   que   estes   agregados   poderão  estar  a  acumular-­‐se  no  cérebro,  por  não  estarem  a  ser   devidamente   removidos   pela   drenagem  linfáOca   agora   idenOficada.   Notámos   ainda   que  estes   vasos   linfáOcos   apresentam   diferenças   em  animais  mais  velhos,  levantando  a  possibilidade  de  puderem   desempenhar   um   papel   aOvo   no  envelhecimento”,  explica  Kipnis.  

  No  fundo,  são  inúmeras  as  perguntas  que  emergem   relaOvamente   a   diferentes   doenças  neurológicas,  face  à  presença  de  algo  que  a  ciência  insisOa  que  não  exisOa.  Lá  está,  em  ciência  existem  apenas  duas  certezas…

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António Mateus-Pinheiro, 4º Ano

Descoberta  uma  “ligação  direta”  entre  o  cérebro  e  o  sistema  imunitárioO  laboratório  de  Jonathan  Kipnis  acaba  de  anunciar  uma  descoberta  que  revoluciona  a  forma  como  perspeOvamos  as  interações  neuro-­‐imunes.  Esqueçam  o  que  aprenderam  nos  livros  de  texto:  afinal,  existem  mesmo  vasos  linfáOcos  no  sistema  nervoso  central.  

Mapa   do   sistema   linfáOco   antes   (à   esquerda)   e   após   (à  direita)   a   descoberta   de   vasos   linfáOcos   meníngeos  (adaptado,  Univ.  Virginia)

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  Até  à  data,   a  monitorização  da  aOvidade  eletrofisiológica  do   cérebro   tem   sido  assegurada  essencialmente   pelo   eletroencefalograma   (EEG),  uma  técnica   parOcularmente  úOl,   não   só   para  o  d iagnósOco   e   seguimento   de   patologia  epilepOforme,  mas  como   também  para  avaliação  de  patologia  do  sono,  avaliação  de  coma  e  morte  cerebral,   monitorização   de   anestesia   e   como  indicador   indireto   de   perfusão   cerebral   em  procedimentos   como   a   endarterectomia  carotdea.   Contudo,   esta   técnica   apresenta-­‐se  com   algumas   limitações,   nomeadamente   a  reduzida  resolução  espacial,  especialmente  a  nível  das   zonas   cerebrais   profundas,   assim   como   o  facto   de   que   a   monitorização   não   é   contnua,  sendo   que   a   avaliação   inter-­‐ictal   (em   caso   de  patologia   epiléOca)   pode   não   ser   tão   relevante  como  a  monitorização  durante  a  crise.

  Esta   problemáOca   da   necessidade   de  monitorização  contnua  tem  sido  adereçada  com  a  criação   de   circuitos   eletrónicos   flexíveis  adaptáveis  a  estruturas  naturais,  que  podem  ser  implantados  a  nível  cerebral.  Um  estudo  recente,  publicado   na  revista  Nature   Nanotechnology   (Lia  et.  al,  2015),  apresenta  uma  abordagem  simples  e  inovadora   que   ultrapassa   os   obstáculos  supracitados   em   relação  ao   EEG:   foi   introduzido  um   circuito   eletrónico   sub-­‐micrométrico   em  cérebros   de   raOnho,   mais   especificamente   em  regiões  profundas,   nomeadamente   o   hipotálamo  e   ventrículo   lateral,   através   de   uma   agulha   de  vidro  de  0,1  mm  de  diâmetro.  Após  a  introdução  deste,  o  circuito   desdobra-­‐se  e   recupera  80%   da  sua   configuração   in ic ia l ,   sem   qualquer  compromisso  da  sua  funcionalidade.  

  Esta   abordagem   proposta   no   estudo   é  dotada   de  algumas  caracterísOcas  que   a   tornam  extremamente   úOl:   a   integração   estável   com   o  tecido,   com   danos  muito   limitados  às  estruturas  envolventes,   a   reduzida   imunorreaOvidade  

crónica  em  várias  regiões  do   cérebro  (não  houve  evidência  de  reação  em  5  semanas  de  avaliação)  e  a   capacidade   de   monitorização   da   aOvidade  cerebral  contnua  in  vivo.  Além  disso,  a  técnica  de  introdução  com  uma  seringa  permite  a  introdução  destes  circuitos  através  de  estrutura  rígidas  (como  o  crânio  ósseo),  a  injeção  de  elevada  quanOdade  de   material,   devido   à   sua   flexibilidade,   assim  como  a  co-­‐injeção  de  outros  materiais.

  Em   suma,   a   nova   abordagem   proposta  neste   estudo   inovador   vem   tentar   colmatar  algumas  das   falhas  de  um   dos  principais  exames  de   avaliação   eletrofisiológica,   sendo   dotada   de  propriedades   que   a   tornam   muito   úKl,  nomeadamente   a   monitorização   contnua   e   de  estruturas   quer   superficiais,   quer   profundas   do  cérebro.

HajaTecnologia!

7Jorge Silva, 4º Ano

Mind-­‐Controlling  Chips:  Mais  Úteis  do  que  imaginamos.

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  P a r a   a  ma i o r i a   d a s  pessoas  maio  é  s inón imo   de  fl o r e s   e   d e  cerejas  e  do  dia  do   trabalhador  e   de  mais   uma  série  de   coisas.  No   entanto ,  p a r a   o s  

estudantes   minhotos,  maio  é  também  sinónimo  de  uma  tradição:  o  Enterro  da  Gata!

  Antes  de  mais,  comecemos  por  fazer  uma  breve  descrição  destas  Monumentais  Festas,  para  o  caso  de  alguém  ainda  não   ter  percebido   como  funcionam   ou   de   nunca   se   ter   importado   com  isso.  Assim,  a  abertura  destas  Festas  começa  com  o   Velório   da   Gata   (com   a   leitura   do   respeOvo  “testamento”)   e   a   Serenata,   que   se   realizam   na  sexta-­‐feira.  No  sábado,  para  além  da  Imposição  de  Insígnias  e  da  Missa  dos  Finalistas,  poderás  visitar  o  Gatódromo   (aka  “o   recinto”),   que  abre  as  suas  portas   nessa   noite.   Durante   o   resto   da   semana  (desde   sábado   até   sexta   da   semana   seguinte)  poderás  visitar  o  recinto  e  na  quarta-­‐feira  à  tarde  decorre   o   Cortejo   das   Monumentais   Festas   do  Enterro   da   Gata   pelas   ruas  da  cidade  de   Braga.  Para   finalizar   estas   festas,   ainda   tens   o   Arraial  Minhoto  na  Quinta  da  Malafaia  no  sábado.

Isto  é  tudo  muito  bonito  e  uma  semana  sempre  “a  bombar”,  mas  afinal  de  onde  

surgiu  esta  tradição?

  A   referência   mais   anOga   do   Enterro   da  Gata  encontra-­‐se  no  jornal  “Aurora  do  Minho”  de  2  de  junho  de  1889,  que  descreve  um  cortejo  em  que  os  estudantes  levavam  “uma  gata  preta  n’um  caixão   gracioso   de   papel   acartonado,   exornado  com   coroas   de   cabos   de   cebolas   e   resteas  

d’alhos.”,   culminando   “no   local   das   ceremonias  mortuárias,   [onde]   houve   discursos   facetos   de  vários   escholares,   alusivos   á   gata   que   se  enterrava”.  Acredita-­‐se  que  esta  tradição  poderá  ter  origem  nos  “enterros  do  Carnaval”,  que  eram  comuns   sobretudo   no   norte   do   país,   e   cujo  objeOvo   era   garanOr   um   ano   próspero   e   férOl,  assim   como   uma   vida   saudável.   No   entanto,   no  caso   do   Enterro   da  Gata,   a   “gata”   simbolizava  o  “chumbo”   e,   sendo   enterrada,   afastava-­‐se   esse  mal   do   percurso   de   um   estudante,   sendo  acompanhado  do  “Testamento  da  Gata”  (tradição  conservada  mesmo  nos  dias  de  hoje).

  No   ano  de  1934   deixou   de   se   realizar   o  Enterro   da   Gata   sobretudo   devido   a   questões  políOcas  -­‐   o  regime  salazarista  controlador,  tendo  e s t a   t r a d i ç ã o   r e s s u r g i d o   em   1 9 5 9 ,  presumivelmente  devido  aos  anOgos  alunos  do  Sá  de   Miranda.   Nos   anos   que   se   seguiram,   esta  tradição   académica   ter-­‐se-­‐á   expandido   mais,  acrescentado  ao  habitual  Cortejo,  a  realização  da  Serenata   Monumental   no   Largo   do   Paço,   de  bailes,  concertos  e  saraus   (no  Salão  Medieval  da  Biblioteca  Pública,  no  Theatro  Circo  ou  no  Casino  do   Bom   Jesus),   assim   como   “provas   de   perícia  automóvel”   na   Avenida   Central.   Contudo,   1970  seria   o   úlOmo   ano   da   realização   do   Enterro   da  Gata  devido   à   crise   de   1969,   ficando   decretado  “numa  reunião  geral  [em  1971]   que,   enquanto   o  regime  não  mudasse  a  sua  natureza  corporaOva  e  imperial,   a   Academia   de   Braga   não   voltaria   a  promover  os  festejos.  Os  académicos  bracarenses  abdicavam   do   folclore   para   se   dedicar   a   coisas  sérias  (A.  Moura)”.

  Não   obstante,   a   história   do   Enterro   da  Gata  não  fica  por  aqui!  Depois  do  nascimento  da  Universidade   do  Minho   em   1974,   os   estudantes  começaram   a   absorver   as   tradições   das  universidades  mais  anOgas,  mormente  a  semana  académica   conhecida   como   Queima   das   Fitas.  

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8Joana Silva, 3º Ano

AS  MONUMENTAIS  FESTAS  DO  ENTERRO  DA  GATA

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João Dourado e Núria Mascarenhas, 2º Ano

  Não  é  só  a  qualidade  da  realização  ou  do  elenco  de  uma  película  que  determina  o   quanto  gostamos  ou  não,  de  um  dado  filme;  na  verdade,  há   muitos   outros   fatores   que   contribuem   para  essa   perceção.   Neste   HajaCinema!   discuOmos  essas  mesmas  condicionantes.

  O   local   onde   visualizamos   uma   obra  cinematográfica   influencia   bastante   o   nosso  julgamento  final  sobre  a  mesma.  Uns  são  adeptos  do  sofá,  outros  dos  cadeirões  das  salas  de  cinema;  uma   coisa   é   certa,   todos   têm   os   seus   prós   e  os  seus  contras.

  Um   dos   grandes   inconvenientes   de   nos  deslocarmos  a  um  centro  comercial  para  assisOr  a  um  filme  é  a  presença  de  terceiros  desconhecidos  na   sala.   Desde   tagarelas   a   crianças   ou  adolescentes   irritantes   ou   simplesmente   adultos  destruidores   de   pipocas   com   os  dentes   (não   se  limitam   a   ser   comedores),   há   uma   panóplia  

enorme   de   personagens   que   podem   assombrar  uma  ida  ao  cinema.

  Além  disso,  nem  todos  somos  adeptos  da  fantásOca   pausa   de   sete   a   dez   minutos   a   que  somos  obrigados  a  suportar  a  meio  do  filme,  mais  coisa   menos   coisa.   Por   outro   lado,   talvez   haja  quem   precise   de   mais   pausas,   seja   para   se  reabastecer  de  manOmentos,  seja  para  evacuar  os  já  digeridos.

  Estes   dois   aspetos   são   facilmente  ultrapassados  permanecendo   no   sofá   lá  de   casa,  quer  fazendo  uso  do  velhote  leitor  de  DVDs  e  da  televisão,  quer  uOlizando  o  atual  computador.

  No   entanto,   certamente   se   perde   uma  certa  magia   da   séOma   arte;   não   estão   incluídas  nesta  opção  a  reação  global  da  plateia  ou  o   ultra  sistema   sonoro   próprio   dos   estabelecimentos  referidos  anteriormente.  Por  úlOmo,  não  esquecer  

Todavia,   o   ano   de   1988   foi   um   ano   altamente  marcado   pelo   ressurgimento   das   Tradições  Académicas,   de   um   voltar   às   origens   e   em   que  Academia   Minhota   assumiu   a   sua   própria  idenOdade.   Assim,   a   Queima   das   Fitas   da  Universidade   do   Minho   passa   a   Monumentais  Festas  do  Enterro  da  Gata  e  é  também  retomada  a  realização  do  1.º  de  Dezembro  (evento  este  que  será  abordado  numa  próxima  edição).  

  Para  toda  a  gente  as  Monumentais  Festas  do  Enterro  da  Gata  não  passam   de  uma  semana  em  que  os  estudantes  vivem  a  vida  boémia  no  seu  esplendor.   E   sim,   é   uma   semana   com   bastante  alegria   –   quer   de   espírito   quer   de   substâncias  substâncias   psicoaOvas   [álcool]   -­‐,   com   novas  amizades   a   surgir   –   às   vezes   mais   do   que  amizades…-­‐,  uma  semana  onde  se  revêem  velhos  amigos  e  se  invocam  as  memórias  de  um  passado  distante   ou   próximo.   Mas   desenganem-­‐se!   O  Enterro  da  Gata  é  mais  do  que  isso,  não  é  apenas  

uma  altura  de  mera  folia,  mas  também  uma  altura  (sobretudo  no  Cortejo)   em  que  usamos  de  forma  mais  significaOva  a  nossa  liberdade  de  expressão  e  nos   insurgimos   contra   o   que   está   errado   e  exaltamos   o   correto,   honrando   o   espírito   dos  estudantes  da  Academia  Minhota  de  1640   assim  como   o   espírito   de   todos   aqueles   que   lutaram  para   que   fôssemos   uma   Academia   com   uma  idenOdade  própria.  A  todos  eles,  (e  como  apenas  posso  falar  por  mim)  o  meu  enorme  obrigada.

P.S.-­‐  para  mais  informação  poderás  consultar  o  livro  “Tradições  

Académicas  de  Braga”,  da  autoria  da  Associação  Académica  da  

Universidade  do  Minho.

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o   tempo   necessário   para   que   um   filme   esteja  disponível   para   ver   em   casa   (quer   pelos   meios  legais,   quer   pelos  meios  não   tão   legais);   sejamos  realistas,   às   vezes   simplesmente   não   dá   para  esperar.

  Outro  fator  a  ter  em  conta  é,  obviamente,  a   companhia.   Claramente   que   certos   géneros  cinematográficos   “combinam”   melhor   com  determinados  acompanhantes;   todos   sabemos   o  que   é   vivenciar   awkward   moments   quando  começam  a   rolar  cenas  de  temperatura   elevada,  digamos,  e  ao  nosso   lado  estão  os   nossos   pais;  definiOvamente  «50  Sombras  de  Grey»  é  um  filme  a  evitar  assisOr  com  familiares.

  No   entanto,   entre   amigos,   família,  companheiros  ou  all  by  yourself,  a  escolha  de  com  quem   se   assiste   a   uma   película   em   muito  influencia  a  nossa  perceção  final  sobre  a  mesma,  

isso  é  certo;  como  tal,  tenham  isso  em  conta  após  visualização   do   trailer,   para   que   possam  aproveitar   ao   máximo   a   vossa   experiência   da  séOma  arte.

 

 

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Kelly Pires, 1º Ano

Al-­‐Shabaab  -­‐  O  que  querem  no  Este  de  África?

  Em  abril  de  2015  o  grupo  terrorista  somali  al-­‐Shabaab   matou   147   estudantes   de   uma  Universidade   em   Nairobi.   Foi   o   pior   ataque  terrorista  no  Quénia  desde  1998.  Já  há  vários  anos  os   EUA   e   outros   governos   corroborantes   têm  combaOdo   al-­‐Shabbab.   Mas   de   onde   vem  exactamente   este   grupo   e   o   quão   poderoso   é?  Nesta  edição  do  HajaSaúde!   tens  uma  explicação  muito  simplificada  de  um  tema  muito  complicado,  mas   esperamos   resolver   algumas   dúvidas   e  

atualizar-­‐te  sobre  o  que   se  passa  noutras  partes  do  mundo.

Em  2006  o  governo  transitório  da  Somália  estava  numa  guerra  civil,  iniciada  após  a  queda  do  ditador   Mohamed   Barre,   com   o   Conselho  Supremo   das   Cortes   Islâmicas   (CSCI)   que  controlava  o  sudoeste  do  país  incluindo  a  capital,  Mogadíscio.  Com  o  apoio  dos  EUA,  tropas  etopes  invadiram   a   Somália   que,   eventualmente,  recuperaram   a  capital.   Após   a  derrota  em  2007,  alguns  militantes  extremistas  do  CSCI   separaram-­‐se  do  grupo  e  conOnuaram  a  combater  a  invasão  militar.

Esta   insurgência   é   agora   Harakat   al-­‐Shabaab   al-­‐Mujahidin,   geralmente   conhecida  como   al-­‐Shabaab,   que   já   recrutou   jihadistas  externos,   incluindo   40   muçulmanos   americanos.  Reconquistaram  Mogadíscio  em  2009  e,  ao  longo  dos  anos,  foram  responsáveis  por   vários  ataques  

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bombistas,   cujos   alvos   são,   proeminentemente,  cristãos.   As   aOvidades   terroristas   focam-­‐se   na  Somália,   mas   afetam   também   as   regiões  próximas,  como  Kampala,  capital  da  Uganda,  que  em   2010   foi  alvo  de  ataques  bombistas  suicidas,  sofrendo  a  perda  de  mais  de  70  cidadãos.

A  meio  de  2011,  o  grupo   insurgente  teve  de  abandonar  Mogadíscio   e  uma  unidade  militar  temporária   com   tropas   do   Quénia,   Somália   e  EKópia   iniciou   uma  tentaOva   de  eliminar   toda   a  sua  presença.  Em  2012,  com  7000-­‐9000  membros,  al-­‐Shabaab   jurou   fidelidade   ao   al-­‐Qaeda.  Contudo,   várias   fontes,   incluindo   um   ex-­‐recruta  do   grupo,   afirmam   que,   contrariamente   ao   al-­‐Qaeda,  os  objeOvos  de  al-­‐Shabbab  focam-­‐se  mais  em  dominar  os  territórios  do  Este  de  África  do  que  afiliarem-­‐se   à   globalização   da   Lei   Chária.   Esta  separação  de  interesses  enfraqueceu  a  ligação  e  levou  a  lutas  internas.

No  ano  passado,  criou-­‐se  novamente  uma  operação   militar   conjunta,   composta   por   tropas  da  Somália,   da  União   Africana   e   dos   EUA,   que  desencadeou  ataques  aéreos  e  locais,  reclamando  o   território   ocupado   pela   insurgência.   Ao   longo  dos  úlOmos  meses,   vários   líderes  do   al-­‐Shabaab  foram   assassinados,   pelo   menos,   700   militantes  desertaram  para  o  governo  somali  e  grande  parte  da  Somália  foi  reconquistada.

Os  recentes  ataques  no  Quénia   dos  quais  se  destacam  o  que  ocorreu  no  Centro  Comercial  Westgate   (em  2013   e  que   provocou  a  morte  de  67  cidadãos)  e  o  que  ocorreu  na  Universidade  de  

Nairobi  (em  abril  deste  ano  com  na  morte  de  147  estudantes   cristãos)   foram   interpretados   como  um   sinal   de   desespero   do   grupo,   pois   sendo  incapazes  de  atacar  as  tropas  militares,  decidiram  matar   civis   inocentes.   O   Council   on   Foreign  Rela>ons   declarou   que,   presentemente,   al-­‐Shabaab   se  encontra  no   seu  maior  momento  de  fraqueza  e   o   avanço   dos  militares   irá  diminuir   o  território  por  eles  ocupado.

1. Em 1998 foi bombeada a embaixada dos EUA por extremistas islâmicos. 2. Milícia fundamentalista islâmica reunida num sistema de tribunais e

liderada por Hassan Aweys. 3. União continental, criada em 2002, constituída por 54 países africanos e,

atualmente, presidida por Mohammed Abdelaziz. Trabalha na promoção da democracia, direitos

humanos e desenvolvimentos económico.

4. Entidade sediada em Nova Iorque dedicada a compreender a política

e negócios internacionais dos EUA.

HajaExplicação!

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Bandeira  de  al-­‐Shabaab

Mapa  dos  principais  ataques  de  al-­‐Shabaab

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VIAGEM  DE  COMBOIO   A  manhã  levantava-­‐se  já  solene  em  si.  A  frescura  lá  fora  era  imensa  e  intensa,  com  o  sol  da  manhã  já  a  querer  levantar-­‐se  num  céu  um  tanto  alaranjado.  Na  rua  começava  já  algum  frenesim,   com   as   vendedoras   do   mercado   a   preparar   as   suas   bancas   para   as   primeiras  transações   do   dia.   As   primeiras   senhoras   saíam   também   das   primeiras  missas   do   dia,   em  carreiro   certeiro   das   entradas  dos   céus.   Aquela   brisa  húmida  da  manhã  entrava   agora  por  dentro  do  meu  quarto,  com  as  portadas  abertas  de  par  em  par  e  as  janelas  escancaradas  para  o  sopro  maOnal.       Aproveito  para  me  levantar  e  senOr  a  brisa  roçar  o  meu  dorso  e  aqueles  primeiros  raios  de  sol  bater  na  minha  cara.  O  dia  começava  bem  e  eu  fui  tomar  um  banho  rápido,  mesmo  antes  de  tomar  o  pequeno-­‐almoço.  Havia-­‐me  levantado  cedo  e  Onha  ainda  muito  que  esperar,  pelo   que   pude   fazer   tudo   nas   calmas,   sem   correria   alguma.   VesO-­‐me   com   os   calções  castanhos-­‐claros  e  uma  camisa  de  linho  branco,  muito  fresca  e  apta  a  caminhadas.  Peguei  na  minha  mochila  e  fiz-­‐me  à  rua.     Fui  devagar  até  à  estação  de  comboio,  passeando  com  vagar  por  entre  as  ruas  da  cidade,   ainda  adormecidas  nos  primeiros  movimentos  frescos  e  renovados  da  manhã.   Devo  dizer,   senOa-­‐me  muito  bem,  com  uma  boa  sensação  em  relação  ao  que  iniciava  aquele  dia.  Chegado   à  estação,  tratei   logo   de  comprar   o  bilhete  para  o  expresso  seguinte.   Passei  ainda  pela  banca  dos  jornais,  onde  comprei  um  dos  meus  diários  prediletos  e  sentei-­‐me  calmamente  à  espera  da  chegada  do  comboio.       Chegava  agora  uma  pequena  excursão  de  crianças,  também  a  preparar-­‐se  para  uma  viagem  maOnal  nos  comboios,  não  sei  para  onde,  mas  também  esboçando  largos  risos  nas  suas  caras.   Brincavam  intensamente  uns  com  os  outros,   à  macaca  e  a   tudo   o  mais,   enchendo  o  edikcio  imponente  com  as  suas  portentosas  gargalhadas.  Eu  ria-­‐me  para  a  situação.       O  comboio  aproximava-­‐se  da  estação,  o  revisor  via  a  sua  indumentária  uma  úlOma  vez  e  os  maquinistas  viam  uma  úlOma  vez  a  escala  de  serviço  nos  seus  mapas.  Com  um  som  de  apito   forte,  o  comboio  entra  na  estação  e  abre-­‐se  para  os  passageiros.  Pego  no   jornal   e  na  minha  mochila  e  entro,  com  o   bilhete  prontamente  picado  pelo  revisor.  Sentei-­‐me  perto  da  janela,  à  espera  de  poder  ver  a  paisagem  lá  fora.     Com  a  parOda  do  comboio   em  velocidade  crescente,  estava  a  carruagem  cheia  de  crianças,  idosos  e  pessoas  de  todas  as  idades.  Mais  à  frente  um  casal  enamorava-­‐se,  pensando  eu   no   que   também   poderia   fazer   dentro   de   algumas   horas.   A   viagem   encurtava-­‐se   numa  paisagem  deslumbrante  à  nossa  volta,  com   campos  verdejantes  a  perder   de   vista  e  um   rio  cristalíssimo   por   debaixo   da   ponte   que   atravessávamos.   Estava   tudo   de   uma   forma   tão  harmoniosa  que  não  havia  igual.     SenO  o  comboio  a  abrandar  uma  úlOma  vez,  anunciando-­‐se  em  alta  voz  a  chegada  a  uma  nova  estação,   aquela   que  eu   mais   almejava.   O   motor   abrandava   agora  e  muitos   dos  passageiros,  eu  incluído,  levantávamo-­‐nos  também.  Parou  enfim  a  carruagem  e  eu  saí  para  a  movimentadíssima  estação,   onde  o   frenesim  era   imenso  e  os   senhores   de   fato   apressados  eram  muitos.  No  entanto,  não  eram  eles  que  me  apoquentavam.  Eu  tentava  agora  perscrutar  a  estação  por  aquela  que  aquecia  o  meu  coração.  Ela  encontra-­‐me  primeiro  e  salta-­‐me  às  costas,  viro  a  minha  cara  para  a  dela  posta  acima  de  mim  e,  depois  de  um  sorriso  inocente  e  infanOl,  beijamo-­‐nos  longamente,  com  um  delicioso  perscrutar  dos  lábios  um  do  outro,  como  se  num  só  nos  tornássemos.  Estávamos  agora  unos,  a  viagem  conKnuaria  agora  só  connosco.

Pedro Peixoto, 4º Ano

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ATUAR  NA  CABEÇA  DAS  MULHERES

  Originalmente   um   composto   estudado  para   o   tratamento   da   hipertensão   e   doença  coronária,   o   sildenafil   (o   tão   reconhecido  “Viagra”)   veio   revolucionar   a  Medicina  como  um  tratamento  eficaz  para  a  disfunção  eréOl.  As  suas  indicações   e   efeitos   adversos   têm   sido  extensamente  estudados  e  estão  já  estabelecidos  no   seu   uso   para   o   homem.   Contudo,   não   nos  restrinjamos   e   perguntemo-­‐nos:   será   que   a  mulher   poderá   também   beneficiar   deste   ou   de  tratamentos   similares?   Afinal,   o   desejo   sexual  hipoaOvo   é   uma   das   disfunções   sexuais   mais  frequentes  na  mulher.

  Possíveis   aplicações   do   sildenafil   na  mulher   têm   já   sido   estudadas:   um   importante  efeito  adverso   da   terapêuOca  anOdepressiva   é   a  disfunção   sexual,   sendo  que  um  estudo  reportou  que   o   sildenafil   foi   eficaz   na   reversão   desta  disfunção   em  mulheres   (Nurnberg   et.   al,   1999);  por   outro   lado,   foi   também   denotado   um  moderado   efeito   no   tratamento   da   disfunção  sexual   associada   às   alterações   da   menopausa  (Kaplan   et.   al,   1998).   Contudo,   o   uso   deste  fármaco   na   mulher   nunca   foi   extensivamente  divulgado   e   não   há   indicações   claras   para   o  mesmo.

  Recentemente,   tem   surgido   controvérsia  acerca  de  um  novo  fármaco,  denominado  como  o  “Viagra   para   mulheres”,   a   flibanserina.   Este  f á rmaco ,   um   modu lador   de   rece to res  serotoninérgicos,  que  ao  invés  de  atuar  a  nível  dos  órgãos   genitais   (como   o   verdadeiro   “Viagra”),  atua   a   nível   central   na   modulação   do   desejo  sexual,  fora  já  rejeitado  pela  FDA  em  2010  e  2013,  pela   falta   de   estudos   acerca   da   sua   segurança,  mas   conseguiu   a   sua   aprovação   em   junho   de  2015.   As   conclusões   acerca   da   sua   eficácia  parecem   ser   consensuais:   este   novo   fármaco  parece   melhorar   moderadamente   a   libido   da  mulher;   contudo,   a   controvérsia   instaurou-­‐se  acerca  do  seu  risco-­‐benekcio.  Os  principais  efeitos  adversos  reportados  passam  por  náuseas,  fadiga  e  

sonolência,   mas   a   maior   preocupação   tem   sido  com   os   efeitos   a   longo   prazo,   até   à   data  desconhecidos.

  O   principal   debate   acerca   da   aprovação  da  flibanserina  associa-­‐se  ao  facto  de  que,  sendo  este   o   primeiro   fármaco   verdadeiramente  disponível   e   com   principal   indicação   no  tratamento  do  desejo  sexual  hipoaOvo  na  mulher,  que   poderão   haver   razões   financeiras   e   de  marke.ng   que   impulsionaram   a   disponibilidade  do  fármaco  e  que  os  efeitos  deste  não  jusOfiquem  os   riscos:   a   própria   FDA   admite   que  o   fármaco  pode   ser   eficaz,   mas   em   grau   reduzido.   Esta  preocupação   associa-­‐se   também   ao   uso   do  fármaco:  enquanto  o  sildenafil  é  usado  apenas  nas  ocasiões  em  que  é  necessário,  a  flibanserina  terá  indicação  para  a  sua  toma  crónica,  devido  ao  seu  mecanismo  de  ação.

  É   importante   permanecer   alerta   para  estas   problemáOcas   acerca   da   farmacologia   e  sexualidade:   o   aspeto   financeiro,   associado   à  necessidade  e  procura,  por  parte  das  mulheres,  de  um   tratamento   eficaz   para   a   disfunção   sexual,  poderá   condicionar   algumas   aOtudes   que  eventualmente  não  serão  as  mais  corretas.

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Jorge Silva, 4º Ano

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Entre  1  de  Julho  e  20  de  Agosto  o  NEMUM  vai   receber   cerca  de  30  alunos  estrangeiros  de  diferentes  países,  que  irão  estagiar  no  Hospital  ou  no  ICVS.

Que r emos   p r opo r c i o n a r -­‐ l h e s   uma  experiência  única  e   para   isso   precisamos   da  vossa  ajuda!

Se  sabes  falar  inglês,  ou  até  o  queres  melhorar!  Gostavas   de   conhecer   Pessoas   dos   4   Cantos   do  Mundo!

Tens  ideias,  gostas  de  organizar  saídas  e  passeios!Estás   disponível   para   ajudares   e   te   diverOres,  inscreve-­‐te  como  Contact  Person!  

Ajuda  na  organização  de  acOvidades  e  acompanha  os  Incomings  na  sua  estadia  em  Portugal!!

Não   te   esqueças,   dá     PONTOS   PARA   A  SERIAÇÃO   DE   INTERCÂMBIOS   dos  próximos  anos.  

Não  percas  esta  oportunidade!  Inscreve-­‐te  em  nemum.com/

cps  !

David Gonçalves, 1º Ano

Rui Bragança conquista ouro em Baku:

O  português  Rui  Bragança,  estudante  de  Medicina  na  Universidade   do  Minho,   conquistou,   a   16   de  junho,   a   medalha   de   ouro   em   Taekwondo   nos  Jogos   Europeus   de  Baku   (Azerbaijão),   ao   vencer  na  final  o  espanhol  Jesus  Cabrera  por  6-­‐5.O   vimaranense,   terceiro   favorito,   começou   por  derrotar  o  turco  Gorkem  Sezer  (12-­‐0),  seguindo-­‐se  vitórias  diante   do   sérvio   Milos  Gladovic   (13-­‐7)   e  do  belga  Si  Mohamed  Ketbi  (11-­‐4).Depois  de  quatro   vitórias  no  caminho  até  à  final,  Rui   Bragança   acabou   por   dominar   também   o  combate  que  valeu  o  ouro,  ttulo  que  junta  ao  de  campeão  europeu  conquistado  em  maio  de  2014,  no  Azerbaijão.É  a  segunda  medalha  de  ouro  para  Portugal  nesta  edição   dos   Jogos   Europeus   depois  da   vitória  da  Seleção  de  ténis  de  mesa,  a  quinta  a  juntar  à  prata  de  João   Silva  no   triatlo  e   às  duas  igualmente  de  prata  de  Fernando  Pimenta  na  canoagem.

Jorge Jesus no Sporting ate 2018:

Bruno   de  Carvalho   Presidente  do   SporOng   C.P.   ,  em   conferência   de   imprensa:   «Anuncio  formalmente   a   contratação   de   Jorge   Jesus   como  treinador   principal   do   nosso   clube   para   as  próximas  três  temporadas.»«A  única  garanOa  que  o  nosso  novo  treinador  me  exigiu   foi   vir   treinar   o   clube   do   seu   coração»,  prosseguiu   Bruno   de   Carvalho,   destacando   «o  novo  ciclo»  que  se  inicia  no  clube.«Foram   estes   dois   anos   de   trabalho   em   prol   do  reequilíbrio   financeiro   do   clube   que   tornaram  poss íve l   estarmos   aptos   a   aumentar   o  invesOmento   na   nossa   equipa   de   futebol   com  recursos   financeiros   próprios   –   quero   esclarecer  para   que   não   permaneça   qualquer   dúvida   –  recursos  financeiros  próprios»,  vincou.Assim,  Jorge  Jesus  troca  o  Benfica  pelo  outro  lado  da  Segunda  Circular,  troca  esta  tão  polémica  como  não  víamos  acontecer  desde  Figo.

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  Romeu  e  Julieta  –  Uma  Reviravolta  na  Clepsidra     Naquela  fatdica  noite,  os  mochos  esvoaçavam  levemente,  batendo  as  suas  asas  ao  vento,  a  Lua  mostrava  a  sua  pálida  face  e  o  vento  assobiava  num  murmúrio  lento  e  grave.   Romeu  encontrava-­‐se  envolto  pela  escuridão  do  túmulo  e  Julieta,  com  suas  rosas  brancas  como  mármore  e  seus  cabelos  dourados  como  ouro  puro,  reluzia  com  os  reflexos  da  Lua  prateada.   O  jovem  Montéquio  contemplava  a  face  de  sua  amada  e  proferia  numa  voz  decidida,  sem  que  se  apercebesse  que  pronunciava  alto  tais  palavras:  “Tem  de  ser,  tem  de  ser…”   De  súbito,   Julieta  abre   as   suas   leves  pálpebras   permiOndo   que  os   raios   incidissem  nos   seus  olhos  que  rejuvenesciam  agora  num   brilho  de  pureza  e  inocência.  Os  seus  lábios,   repenOnamente  escarlate  vivo,  lentamente  se  abriram,  enchendo-­‐se-­‐lhe  o  peito  do  ar  gélido  da  noite.   “Romeu!...”   proferiu   a  sua  voz   cristalina  e   límpida,   como   a   água  que   suavemente  cai   numa  cascata.   “Julieta!”  exclamou  o  rapaz,  vendo  aquele  rosto  agora  iluminado.   “Que  é  que  tem  de  ser?”   “Julieta,  nosso  amor  não  pode  conOnuar…”   “Porquê?”   a   sua   voz   feminina   vacilou   com   o   receio   do   anúncio   de   um   futuro   ainda   mais  tenebroso.   “Julieta,  eu…  (suspiro)  Como  hei-­‐de  dizer  isto?”   “Di-­‐lo  simplesmente.  Não  me  deixes  neste  sufoco,  não  me  deixes  presa  a  estas  correntes  frias  que  me  não  deixam  ser  livre  e  viver…”   “Eu  sou…  Eu  sou  homossexual”   “Como?”  perguntou  incrédula  a  jovem.  Seus  joelhos  pousados  na  laje  fria  agora  tremiam  com  toda   aquela  mensagem.   Na   sua   cabeça   remoinhos   de   pensamentos   turbilhavam   numa   confusão  obsOnada,  transformando-­‐se  numa  intensa  névoa  negra.   “Sou  homossexual”  repeOu  Romeu.  “Gosto  de  homens.  Não  me  é  possível  a  todo  este  meu  ser  meramente  mortal   resisOr  ao  desejo  carnal  de  senOr  aqueles  ombros  e  aqueles  braços  fortemente  traçados  e  esculpidos.”   “Mas  como  pode  isso  ser?  Nosso  amor  foi  apenas  um  sonho,  uma  ilusão?”   “Não”  contrapôs.  “Nosso  amor  foi  verdadeiramente  senOdo  e  intenso.  Este  meu  ser  já  se  Onha  revelado  em  breves  momentos,  mas  eu  Onha  resisOdo  a  esses  insOntos  e  me  obriguei  a  ficar  conOgo”   “Então  nossa  relação  era  um  rio  sem  leito  por  onde  correr,  uma  árvore  cortada  à  nascença…”   “Julieta…”   “Não  fales”   retorquiu   a  rapariga.  “Não  me  magoes  mais  com  as  tuas  doces  palavras  que  vão  perfurando   meu   ingénuo   coração   que   tristemente   verte   o   sangue   que   vai   escorrendo   lento   e  melancólico.  Responde-­‐me  apenas  a  esta  questão:  a  quem  pertence  o  teu  genOl  coração?”   “A  Frei  Lourenço.  A  ele  devo  toda  a  minha  alma”   “Romeu…”   “Sim?”   “Não  quero  arrancar  teu  coração  como  arrancaste  o  meu,  mas  o  Frei  Lourenço…  Ele  não  é  frei…  É  freira…”   “Oh  Julieta!  Porque  roubas  assim  o  meu  coração  deixando  meu  corpo  cair  ledo  e  mudo  neste  silêncio  que  me  trespassa  como  espadas  afiadas?”   “Desculpa   que   não   era   minha   intenção…   Apenas   desejei   que   tua   alma   soubesse   a   pura  verdade”.  Tinham  começado  a  escorrer  lágrimas  pela  sua  face  que  caíam  no  chão  que,  seco  e  solto,  agora  se  juntava  em  pequenos  amontoados  de  areia.

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Haj

aDes

afio!

16“Pois  bem,  se  assim  tem  de  ser…  Que  seja  a  morte  a  dona  de  toda  a  minha  alma  e  não  uma  

desprezável  mulher  num  corpo  tão  formoso  e  esbelto  de  um  homem!”.  Romeu  desembainha  a  sua  espada  e  perfura  as  suas   vestes  e   a  sua  carne.   Rapidamente  o   solo  ficou   coberto   por   uma  vasta  mancha  desta  vida  e  o  bafo  quente  e  metálico  do  sangue  dissipava-­‐se  pelo  ar  frio  da  noite.

Julieta  estava  agora  ofegante  sem  saber  o  que  pensar  ou  proferir  até  que,  irrompendo  pelo  túmulo  adentro,  surge  Páris,  parecendo  tomado  de  uma  loucura  total.

“Páris!”  exclamou  Julieta.No  entanto,  o  jovem  príncipe  não  lhe  dirigiu  uma  única  palavra,  tendo-­‐se  ajoelhado  perante  

Romeu   e,   ficando   envoltos   pelas   trevas,   pareciam   um   só,   um   corpo   uniforme   onde   não   se  disOnguiam  os  términos.

“Páris!”  voltou  a  invocá-­‐lo  a  jovem  Capuleto.  “Páris  não  me  ignores!  Também  tu?  Não  tornes  este  meu  sofrimento  mais  pesado,  este  sofrimento  que  me  atormenta  e  me  acorrenta  a  uma  vida  vazia  e  sem  senOdo.”

Subitamente,   o   jovem   voltou   o   seu   majestoso   rosto   agora   coberto   de   uma   viscosidade  vitalícia  que  envolvia  suas  belas  feições  tornando-­‐as  imperfeitas.  Seus  dentes  outrora  pérolas  suaves  e  brilhantes,  estavam  agora  afiados  e  de  um  escarlate  que  escorria  pelos  seus  lábios  e  pela  sua  fronte  abaixo.

Todo  este  cenário  assustou  deveras  Julieta,  tornando  sua  beleza  de  obra-­‐prima  em  traços  de  horror  e  manifestações  contra  o   seu  escultor  e  pintor.  Apoderando-­‐se  de  uma  força  sobrenatural,  levantou   todo  o  seu  corpo  numa  leveza  de  anjo  e  assentou  seu  peso  nos  seus  pés  delicados,  quais  raízes  que  suportam  a  videira,  e  que  agora  pisavam  o  chão  molhado  que  se  encontrava  debaixo  de  si.

“Tenho  de  fugir”  pensou  “a  minha  existência  tem  de  desvanecer  deste  mundo  cruel  que  me  julgará  e  me  aprisionará  em  grades  gélidas  como  seus  corações”

Daí   a   meses,   Julieta   estava   numa   gruta   húmida.   Em   seu   redor,   surgiam   e   elevavam-­‐se  estalacOtes  e  estalagmites  imponentes,  erguendo-­‐se  em  todo  o  seu  esplendor.  Lá  fora,  o  Sol  brilhava,  os  passarinhos   chilreavam,   as   flores   emanavam   os   seus  perfumes   e   os   frutos  os   seus   deliciosos  aromas.   Seu  intenso  estudo  e   suor  derramado  Onha  finalmente   senOdo   os  calorosos  raios  de  Sol.  Julieta,   como   era  mulher   e,  por   isso,   extremamente   inteligente,   Onha  conseguido.   A   Máquina  do  Tempo  estava  construída  e  nada  poderia  fracassar.  E,  realmente,  nada  falhou.

Tudo   desaparecera  num   remoinho   hipnoOzador   preto   e   branco   até   que,   por   fim,   Julieta  aterrou  num  mundo  inóspito,  onde  intensas  auréolas  de  luz  ofuscavam  os  seus  olhos.

Daí  a  alguns  anos,   seu  corpo  foi  encontrado  inerte  na  sua  elegante  e  luxuosa  banheira  de  ouro  com  seus  cabelos  flutuando  na  límpida  e  cristalina  água.  A  causa:  overdose.

Poder-­‐se-­‐ia  afirmar  que  Julieta  Onha  fracassado,  mas  a  verdade  estava  bem  longe  disso.  Ultrapassara  todos  os  momentos  de  trevas  no  seu  quarto  de  bordel,  começara  a  cantar,  a  criar  o  seu  próprio  esOlo,  sucesso  e  lançara  um  álbum  após  o  qual  se  tornara  ArOsta  Revelação  do  Ano.  O  seu  nome  artsOco?  Lady  Gaga.

 

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HajaPassatem

pos!17

Ana Sofia Milheiro, 4º Ano

Soluções

SUDOKU SAMURAINÍVEL:DIFÍCIL

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INGREDIENTES

-­‐  4  ovos;

-­‐  125g  de  manteiga;

-­‐  1dL  de  azeite;

-­‐  1,250kg  de  farinha  de  trigo;

-­‐  700g  de  açúcar;

-­‐  0,5L  de  água;

-­‐  100g  de  fermento  de  padeiro;

-­‐ Canela.

PREPARAÇÃO

1.   Põe-­‐se  a  farinha  num  alguidar,  faz-­‐se  um  buraco  no  meio  onde  se  deita  a  água  morna  com  o  fermento  desfeito  e  uma  pitada  de  sal;

2.   Vai-­‐se  amassando   e   junta-­‐se   a  manteiga   derreOda   com   o  azeite   e  ovos   baOdos  mornos  (aquecidos  em  “Banho-­‐Maria”);

3.   Bate-­‐se  a  massa  como  se  fosse  massa  de  pão,  deixando-­‐a  um  bocadinho  para  o  mole  e  a  levedar  coberta  por  um  pano;

4.   Põe-­‐se  às  camadas  num  tabuleiro  untado  com  manteiga.  As  camadas  são  esOcadas  c  a  mão  e  não  com  o  rolo  p  não  ficarem  calcadas.  A  primeira  camada  deve  ser  mais  grossa  e  com  as  bordas  para  cima  do  tabuleiro.  Espalha-­‐se  o  açúcar  e  canela  muito  bem  sucessivamente  até  à  úlOma  camada  (são  em  média  5).  A  úlOma  só  leva  açúcar;

5. Viram-­‐se   as  bordas  da  massa  p  dentro  do  tabuleiro   unindo-­‐se   a  úlOma,   formando   um  rolo.   No   final   pica-­‐se   com   um   palito   sem   chegar   ao   fundo.   Leva-­‐se   a   forno   bem  quente   durante   uma  hora.  Depois  de   cozida  desenforma-­‐se  com   a   face  do   açúcar  

virada  para  cima.  Tabuleiro  24x35.

   

DOCES  SAUDAÇÕES,  PEQUENOS  GULOSOS!!

Haj

aGul

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Joana Silva, 3º Ano

Bola  doce  mirandesaNesta edição, tendo em consideração que dia 10 de junho foi o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, decidi trazer-vos uma receita doce tipicamente portuguesa. Trata-se da bola doce mirandesa, iguaria tradicional de Miranda do Douro e extremamente viciante! Deliciem-se, mas façam exercício físico para compensar as calorias ganhas!

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MÚSICA ESPECTÁCULOS CINEMA

GINGER  AND  THE  GHOSTQUI  18  JUN

Livraria  Mavy,  Braga

WE  TRUSTSEX  19  JUN

Theatro  Circo,  Braga

“E  REPENICA!”  -­‐  I  GALASÁB  20  JUN

Theatro  Circo,  Braga

BUDDA  POWER  BLUESSÁB  27  JUN

Theatro  Circo,  Braga

MATMOSSÁB  27  JUN

GNRaKon,  Braga

CONCERTO  ORQUESTRA  DO  BONFIM

DOM  28  JUNTheatro  Circo,  Braga

ALCEU  VALENÇASÁB  11  JUL

Theatro  Circo,  Braga

CARMINHOSÁB  18  JUL

Theatro  Circo,  Braga

REAL  COMBO  LISBONENSESEX  21  AGO

Theatro  Circo,  Braga

LINDA  MARTINISEX  28  AGO

Theatro  Circo,  Braga

ANGEL  OLSONSÁB  05  SET

Centro  Cultural  Vila  Flor,  Guimarães

“NO  ALVO”17  |  18  JUN

Theatro  Circo,  Braga

ROBOTSEX  26  JUN

Theatro  Circo,  Braga  

ESCADAS  ZERO  17  |  18  JUL

Theatro  Circo,  Braga

“ATTENDS,  ATTENDS,  ATTENDS...  (POUR  MON  PÉRE)”

SEXT  24  JULTheatro  Circo,  Braga

CARMENESTREIA:  QUA  1  JUL

A  REDE  DO  CRIMEESTREIA:  QUI  2  JUL

EXTREMINADOR_GENYSISESTREIA:  QUI  2  JUL

MAGIC  MIKE  XXLENTREIA:  QUI  2  JUL

GUILHERME  TELLENTREIA:  QUI  5  JUL

IDADE  À  FLOR  DA  PELEENTREIA:  QUI  9  JUL

HOMEM-­‐FORMIGAENTREIA:  QUI  16  JUL

LOVE&MERCYESTREIA:  QUI  16  JUL

BEYOND  THE  REACHESTREIA:  QUI  23  JUL

MÍNIMOSESTREIA:  QUI  23  JUL

MR.  HOLMESESTREIA:  QUI  23  JUL

VATICAN  TAPES  O  REGRESSO  DO  MAL

ESTREIA:  QUI  23  JUL

A  SUPREMACIA  DOS  ROBOTSESTREIA:  QUI  30  JUL

CIDADES  DE  PAPELESTREIA:  QUI  30  JUL

PIXELSESTREIA:  QUI  30  JUL

HajaAgenda C

ultural!19

Ana Sofia Milheiro, 4º Ano

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Haj

aHum

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20

Warning:  A  seguinte  rubrica  pretende  despertar   senKmentos   de   espanto   e  estupefação   com   a   estupidez.   Obrigado.  Reader  discre>on  is  advised  (or  not).

(Previously)  Anonymous  writer  is  wishing  for  Summer  

to  arrive  soon

Capítulo  5:  Prémios  Fantás>cos  e  Leilões  Que  Não  Podes  Recusar

Queres  ganhar  20  anos  de  bacon?Então  só  tens  de  comprar  a  raspadinha  de  2$  que  a  lotaria  Hoosier  está  a  vender  no  Indiana,  EUA,  e  habilitar-­‐te  a  ganhar  o  grande  prémio  de  20  anos  de   bacon,   à   borla!   Para   além   deste   fantásOco  prémio   também   podes   ganhar   alguns   trocos,   e  caso   não   tenhas   a   sorte   de   ganhar   o   grande  prémio,   10.000$   dão   sempre   jeito   para   comprar  umas   belas   faOas   de   bacon…   Ou   outras   coisas,  caso  o  vosso  interesse  pelo  produto  não  seja  assim  tão…  aguçado.

Mas  o  bónus  de  comprar  estas  raspadinhas  é  que  começas   logo   ganhar   a   parOr   do   momento   da  compra  porque  a  raspadinha  tem  cheiro  a  bacon.  Espero  que   ninguém  se   sinta  tentado   a   comer   a  sua,  antes  da  entrega  dos  prémios…  A  única  coisa  que   a   lotaria   não   revela   é   que   quanOdade   é  equivalente  a  20   anos  de  bacon  e   se  o   vencedor  recebe   tudo   duma   vez   ou   às   prestações.   Haja  fome  para  tanto  bacon.  (5  pontos  extra  por  usar  o  nome  do  jornal  na  notcia,  ping)

Prison  Break,  New  York  Edi>onTal  como  o  nome  sugere,  mas  só  ao  de  leve,  esta  notcia  é  sobre  fugas  de  prisões,  em  Nova  Iorque.  Chocante!  Não  estavam  nada  à  espera,  pois  não?  A   notcia,   que   surgiu   nos   úlOmos  dias,   relembra  grande   parte   dos   clichés   sobre   fugas   que   se  conhecem.  Passemos  então  ao  relato  dos  eventos  sucedidos:

Os   prisioneiros,   dois   homens   de   34   e   48   anos,  conseguiram   fugir   de   uma   cadeia   de   alta  

segurança   (ping)   uOlizando   ferramentas  elétricas  para  perfurar   as  paredes   (ping)   (bem,  o   facto  de  serem   elétricas   não   é   assim   tanto   cliché,   mas  prosseguindo),  e  uOlizando  as  tubagens  por  baixo  da  cadeia  (ping).  A   sua  fuga  foi   apenas  detetada  na   manhã   seguinte,   quando   os   guardas   foram  revistar  a  cela  e  encontraram  roupas  e  almofadas  nas   camas   dos   reclusos   para   disfarçar   a   sua  ausência   (ping).   A   cadeia   de   alta   segurança   do  estado   de   Nova   Iorque   funciona   desde   1845,  alberga  3000  prisioneiros,  e  esta  é  a  primeira  fuga  registada  até  hoje  (ping).

A   única  coisa  que   podemos  dizer   que  é  original  nesta  fuga  é  o  senOdo  de  humor  dos  fugiOvos,  que  deixaram   um   post-­‐it   aos   guardas,   como  recordação   pelos   bons   tempos   que   passaram  juntos.

Leilões  Bizarros.  Alguém  quer  licitar?Bem,   vou-­‐vos   dar   3   sugestões   de   leilões  estupendos  que   encontrei  na   internet,   e  desafio  os  leitores  a  escolherem  um  para  comprar.  Façam  uma  boa  escolha.

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1  –  Bernand,  o  amigo  imaginário.Uma  britânica  de  22  anos  colocou  à  venda  no  Ebay  o  seu  amigo  imaginário  Bernard,  após  o  seu  psiquiatra  lhe  ter  dito  que  estava  na  hora  de  dizer  adeus  ao  seu  amigo.  A  jovem  aceitou  o  conselho  e  tentou  vender  o  amigo  para  “lhe  arranjar  uma  nova  casa”.

Na  descrição  do  leilão,  a  jovem  escreveu  que  receber  200£  por  ele  seria  um  preço  justo  e  que  o  amigo  seria  “enviado  através  da  imaginação  para  a  licitação  vencedora”.

2  –  Pote  de  “Molho  Mistério”O   produto   apareceu   no   site   holandês  2dehands,   sendo   que  na  descrição   se  podia   ler   que  o   vendedor  “tentou  preparar  100  gramas  do  molho  mistério  mas  acidentalmente,  acabou  por  cozinhar  200  gramas”  e  por  isso  queria  vender  os  100  gramas  extra.  O  maior  mistério  sobre  esta  venda  é  que  a  licitação  escalou  rapidamente  do  preço  de  abertura  de  0.80€,  e  aOngiu  em  poucas  horas  o  valor  astronómico  de  10  milhões  de  euros!  Alguém  devia  estar  mesmo  com  muita  fome…  Mais  valia  terem  invesOdo  o  dinheiro  na  lotaria  do  bacon.

3  –  Lâmpada  feita  a  parOr  da  perna  de  um  amputadoUm  holandês  de  53  anos,  resolveu  que,  “tal  como  algumas  pessoas  também  guardam  pedras  dos  rins  em  frascos,  eu  também  tenho  o  direito  de  preservar  a  minha  perna”.  Após  ter  sido  amputado  cirurgicamente  em  2014  no  seguimento  de  uma  infecção  desencadeada  por  um  traumaOsmo,  o  holandês  conseguiu  que  um   patologista   lhe   preservasse   o   membro   após   a   cirurgia   e   que   um   designer   a   transformasse   numa  lâmpada,  colocando  o  membro  dentro   de  um   recipiente  em   formol.   O   holandês   tentou   então   vender   a  lâmpada   no   Ebay   para   comprar   uma   perna   biónica   com   o   dinheiro.   Antes   do   Ebay   ter   intervindo   e  cancelado  o  leilão,  por  ser  proibida  a  venda  de  partes  do  corpo  humano  no  seu  site,  a  lâmpada  chegou  a  ser  licitada  por  80.000$.

Não  percas  o  próximo  Haja,  porque  eles  também  não!

Me  out!  (sim,  é  suposto  ler-­‐se  miaut,  esKlo  gato  francês)

HajaH

umor!

21

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Não  importa,  é  Gourmet   Todos   sabemos  que   tudo   o   que   possamos   imaginar   se   passa   nos   Estados   Unidos  da  

América  (“Murica”  para  os  websurfers).  Desde  chuva  de  lampreias  no  Alaska  a  avistamentos  de  

OVNI’s   a   cada   esquina,   tudo   é   possível   no   país   dos   50   estados.   Entre   essa   panóplia   de  

acontecimentos,  surge  um  indivíduo  com  420  pedras  nos  rins  por  comer  muito  tofu.  Podia  fazer  

imensas  piadas  sobre  esta  notcia  mas  não  quero  ser  eu  a  aOrar  a  primeira  pedra.  

  Como  já  repararam,  sou  um  gajo  que  busca  o  saber  mais  básico  (e  secundário  também)  na  

Internet,  que  prezo  bastante  e  da  qual  reOro  bastante  prazer   (intelectual  seus  porcos!),  exceto  

quando  vou  ao  Hiddenlol   (não  vejam   este   site,   a   sério).   Numa  destas  minhas  aventuras  pelo  

universo  internáuOco,  assisO  a  um  vídeo  que  me  fez  exclamar:  “boa  forma  de  alguém  se  suicidar”.  

Então  não  é  que  um  humorista  americano  todo  fanfarrão   foi  a  uma  prisão  para  gozar   com  os  

reclusos?  É  um  Opo  de  comédia  denominada  roast,  em  português  “assado”,  em  que  o  “assador”  

faz  piadas  sobre  uma  pessoa.  Uma  espécie  de  bullying  mas  com  piadas  mais  arrojadas  do  que  “a  

tua  mãe  é  tão  gorda  que  foi  declarada  como  um  planeta”  (ATENÇÃO:  esta  piada  até  é  bastante  

razoável).    O  nome  desse  humorista  é  Jeff  Ross  e  esta  sua  iniciaOva  tornou-­‐se  bastante  mediáOca  

pelo  facto  de  “fazer  pouco”  de  serial  killers  ser  considerado  perigoso  (não  percebo  porquê),  o  que  

o  transformou  num  indivíduo  com  uma  bolsa  escrotal  de  dimensões  anormalmente  elevadas.  Em  

Portugal,  este  menino  não  se  arrisca  a  fazer  o  mesmo.  Enquanto  que  nas  prisões  da  América  está  

sujeito  a  levar  um  enxerto  de  porrada,  uma  naifada  ou  até  mesmo  um  balázio  (termos  técnicos),  

nos  estabelecimentos  prisionais  de  Portugal  estaria  sujeito  a  contas  off-­‐shore,  freeports,  gourmet  

e  outros  substanOvos  anglo-­‐saxónicos  da  corrupção.  O  úlOmo  não  sei  bem  se  era  de  corrupção...  

não  importa,  é  gourmet

Haj

aHum

or!

22Fábio Costa, 3º Ano

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HajaPaciência!

23

OS  CONSELHOS  DA  REBECCAO banho deve ser praticado a uma hora saudável.

  Houve   um   tempo   em   que   eu   era   uma  menina  inocente.   Após  este  desabafo,  está  na  altura  de  dar  início  a  mais  um  “Conselhos  da  Rebecca”.  Peço  a  todos  que  se  sentem,  exceto  os  que  estão  de  pé.Hoje  incido  sobre  uma  temáOca  fundamental,  por  ser   tão  descuidada  pela  Comunicação  Social,   que  se   defenderá   afirmando   que   o   interesse   de   a  abordar  é  nulo.  Eu  retalio  dizendo  que  a  sua  cara  é  que  é  nula.  Pimbas.  Pois,   na  minha  opinião,   tudo  isto  é  uma  cabala  para  minimizar  o  impacto  de  que  o   sujeito   em  questão   pode   ter   em   variadíssimas  vertentes.  Nomeadamente,  na  influência  que  pode  exercer  já  nas  próximas  legislaOvas,  na  escolha  do  novo   treinador   do   Benfica   (n.d.r.:   à   altura   da  elaboração   da   crónica   ainda  não   se   sabia  que   o  treinador  do  Benfica  viria  a  ser  o  Paulo  Bento)  ou  até  mesmo  na  decisão  do  melhor  degradê  para  o  enxoval   do   casamento   da   Índia   Malhoa.   Meus  amigos,   sem   mais   demoras,   este   sujeito   é   o  unicórnio.

“O  que  é  um  unicórnio?”,  perguntarão  os  mais  novos.  Não,   não   é  o   homem  cuja  mulher  o  traiu   com   um   anão,   ou   então   um   gelado   de  pepino;  também  não  é  um  útero  bicórnio,  mas  só  com   um  corno  –   ou   como  na  gíria  se  denomina,  um  “útero  normal”.  É,  pois,  uma  enOdade  mágica,  com   um  poder  de  argumentação   soberbo  e  uma  capacidade  extraordinária  em  defecar  arco-­‐íris.  O  máximo  que  eu  consegui   foi  algo  semelhante  ao  monumento  de  Washington.

O  unicórnio  que  vos  trago  hoje  é  o  Rúben.  Rúben  pode  parecer  o  comum  unicórnio:  postura  tranquila   na   escola,   sem   se   meter   em   brigas,  atento,  concentrado  e  curioso  e  com  um  negócio  em   forma   de   cenoura   espetado   na   testa.   Mas  quem  o  conhecia  sabia  das  dificuldades  que  a  vida  pregou   a  Rúben.   Filho   de   três  pais   comuns,   em  tenra  idade  teve  de  assisOr  ao  seu  divórcio  –   para  quem   acha   que   já   é   complicado   assisOr   à  separação   entre   2   progenitores,   que  meta  mais  um  elemento  ao  barulho,  cuja  função  é  apenas  a  de  achincalhar,   fazer  o   papel   de  drama-­‐queen  e  gritar   ocasionalmente   “porque   é   que   vocês   não  me   amam?   Vou   aOrar-­‐me   do   varandim!”,  

varandim   esse  que   se  encontra  3   tristes  degraus  acima  do  nível  da  relva  macia  do  quintal;  e  várias  foram   as   vezes   que   Rúben,   assisOndo   a   todas  estas  brigas,  teve  ainda  a  coragem  de  ir  socorrer  o  seu  3.º  pai   (na  hierarquia  pessoal),  ajudando-­‐o   a  recuperar   das   ridículas   feridas   que   fazia   nestas  quedas.  E  para  além  disso,  Rúben  era  asmáOco.  A  tragédia  parecia  não  acabar.

Aos   12   anos,   Rúben   já   sabia   que   queria  emigrar.   Todos  os  seus  pais   já  Onham   seguido   o  seu   caminho   –   um   casou   novamente,   outro  adotou  um  pack  de  gatos  e  o  3.º  ingressou  numa  relação  com  uma  batedeira,  com  a  qual  praOcava  um  exóOco  sexo  oral.  E  ele,  pobre  coitado,  ficara  a  viver  com  um  símio  atrevido.  Ele  queria  ser  pintor;  por   isso,   no   secundário   decidiu   seguir   Ciências.  Após  3  anos  em  que  se  foi  apercebendo  do  quão  estúpido   fora  pela  escolha  que   tomou,  pegou   na  sua  medicação  respiratória  e  não  mais  olhou  para  trás.  Com  efeito,  nunca  mais  estabeleceu  contacto  visual  com  pessoas  que  o   abordavam   vindas  das  suas  costas.  Arrependimentos:  zero.

Chegou   ao   seu   desOno:   Madeira.   Uma  língua   diferente,   uma   cultura   diferente…   para  pior.   Era   mesmo   disto   que   ele   precisava.   Na  primeira  noite  tomou  um  longo  banho  e  deitou-­‐se  num   hotel   de   fardos   de   palha   localizado   logo   à  saída  do  aeroporto.  Foi  com  surpresa  que  no  dia  a  seguir  acordou  e  reparou  que  lhe  roubaram  o  seu  rabo-­‐de-­‐cavalo   (o  de  cima  ou  o   de  baixo?   Fica  o  mistério).  Possuído,  eis  que  entra  numa  demanda  sanguinária,   comete   homicídio   em   massa   e   é  preso  por   atentado  ao  pudor   –   encontrava-­‐se  nu  durante   todo   este   episódio.   Triste   história,   a   de  Rúben,   que,   por   complicação   crónica   da   sua  doença  pulmonar,  acabou  por  sucumbir  na  prisão  enquanto   lhe   tapavam   todo   e   qualquer   buraco  que  ele  pudesse  usar  para  respirar.

Vemos,  assim,   o  poder   que  um  unicórnio  com   estudos   tem   na   sociedade  atual.   Diminuto,  mas  algum.  Vá,  o  suficiente  para  vos  fazer  ler  uma  crónica  inteira  sobre  nada.  (tu  aí,  que  saltaste  logo  para  o  fim,  volta  já  para  o  início,  ai!...).  Pelo  que  a  Rebecca   aconselha   veementemente:   nunca  durmam   com   o   cabelo   molhado.   É   a   maneira  perfeita  de  vir  a  ser  violado  até  à  morte.

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NEMUM - Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do MinhoJornal hajaSaúdeTiragem: 100 ExemplaresEdição: Joana Silva, Ana Sofia MilheiroColaboradores: Ana Sofia Milheiro; António Mateus-Pinheiro; David Gonçalves; Fábio Costa; Gonçalo Cunha; Joana Silva; João Dourado; João Lima; Jorge Silva; Kelly Pires; Núria Mascarenhas; Pedro Peixoto; Tiago Rosa.Paginação & Grafismo: Sara GuimarãesImpressão por: Copyscan NEMUM - Núcleo de Estudantes de Medicina da

Universidade do MinhoEscola de Ciências da Saúde da Universidade do MinhoCampus de Gualtar, 4710 - 057 BRAGA

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Fotografia  de  Joana  Silva,  3º  Ano

Foto  de  capa  por  Gustavo  Rodrigues,  3º  Ano

Errata  da  úlOma  edição  (“Preconceitos”,  HajaSaúde!  de  março-­‐abril):  a  rubrica  HajaMemória!  foi  também  da  autoria  de  Sofia  Leal  Santos,  4.º  ano