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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL AÉCIO FLÁVIO DE SOUZA LACERDA JÚNIOR UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU SÃO PAULO - 2016

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

AÉCIO FLÁVIO DE SOUZA LACERDA JÚNIOR

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

SÃO PAULO - 2016

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

AÉCIO FLÁVIO DE SOUZA LACERDA JÚNIOR

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Arquitetura e Urbanismo da

Universidade São Judas Tadeu para a obtenção

do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Área de concentração: Arquitetura e Cidade.

Linha de pesquisa: Projeto, Produção e

Representação.

Orientadora:

Profª. Drª. Edite Galote Carranza.

SÃO PAULO

2016

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

E-mail: [email protected]

Lacerda Júnior, Aécio Flávio de Souza

L131h Habitação de Interesse Social: Jardim Edith da favela ao conjunto

residencial / Aécio Flávio de Souza Lacerda Júnior. - São Paulo, 2016.

155 f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Edite Galote Carranza.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo,

2016.

1. Habitação popular. 2. Urbanização – São Paulo (SP). 3. Favelas -

Urbanização. 4. Projeto - Arquitetura. I. Carranza, Edite Galote. II.

Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

em Arquitetura e Urbanismo. III. Título

CDD 22 – 711.4

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca

da Universidade São Judas Tadeu Bibliotecária: Tathiane Marques de Assis - CRB 8/8967

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

Nome: LACERDA JR., Aécio Flávio de Souza

Título da Defesa:

Habitação de Interesse Social: JARDIM EDITH da favela ao conjunto residencial

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Arquitetura e Urbanismo da

Universidade São Judas Tadeu para a obtenção do

título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Área de concentração: Arquitetura e Cidade.

Linha de pesquisa: Projeto, Produção e

Representação.

Data da Defesa:

09 de Dezembro de 2016.

Comissão Examinadora

Profª. Dra.: Edite Galote Carranza

IES: Universidade São Judas Tadeu

Profª. Dra.: Ana Maria Tagliari Florio

IES: Universidade Estadual de

Campinas (UNICAMP)

Prof. Dr.: Luis Octávio Pereira Lopes

de Faria e Silva

IES: Universidade São Judas Tadeu

Resultado Final: APROVADO

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À família.

Aos amigos.

Aos mestres.

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AGRADECIMENTOS

À professora Dra. Edite Galote Carranza, por sua benevolência.

Ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e

Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu, em especial à professora Dra. Paula

de Vincenzo Fidelis Belffort Mattos.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo

apoio financeiro e concessão de bolsas.

Aos líderes comunitários do Jardim Edith: Sr. Gerôncio Henrique Neto (in memoriam),

Sr. José Vilson Bezerra Vanderley e Sr. José Henrique da Silva (filho do Sr. Gerôncio).

Aos arquitetos Eduardo Ferroni (H+F) e Marta Moreira (MMBB), pelas entrevistas e

materiais cedidos.

À Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo (SEHAB), pelo acesso a

informações e projetos do Jardim Edith.

A Débora Sanches pelo dedicação e incentivo em expandir os estudos sobre

Habitação Social.

Aos professores e parceiros da Universidade Nove de Julho, pelo apoio e incentivo.

Aos amigos e colegas da vida e do mestrado.

Muito obrigado!

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“Aos que transformam a vida num eterno aprendizado”

Flávio Lacerda

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APRESENTAÇÃO

O interesse pelo tema Habitação de Interesse Social surgiu em 2007, quando

participei da Iniciação Cientifica sob a orientação da Professora Orientadora Débora

Sanches. A pesquisa: Avaliação Pós-Ocupação dos Empreendimentos de Habitação

de Interesse Social na Área Central de São Paulo, tinha como objetivo realizar

levantamentos fotográfico e entrevistas com moradores dos empreendimentos

habitacionais no Centro de São Paulo, para analisar o perfil da qualidade vida,

manutenção dos prédios e gestão dos condomínios

Essa experiência foi a primeira oportunidade de aproximação com uma realidade que

a teoria não ensina. Participar das reuniões e visitar os empreendimentos trouxeram

uma visão mais ampla sobre os espaços projetados para a população de baixa renda.

A segunda oportunidade foi realizar uma proposta em uma área central e valorizada

no Trabalho Final de Graduação (TFG), onde pude aplicar os conhecimentos

adquiridos e questionar sobre produção da moradia digna e a arquitetura social de

forma que integrassem soluções dentro de padrões e normas tão restritas.

Ao realizar o TFG, não sabia a exata dimensão que envolvia o problema da habitação

social. A questão da moradia digna é um assunto que se agrava constantemente e

aparenta não ter uma solução efetiva para acabar com o déficit habitacional.

O amadurecimento sobre o assunto veio com o tempo e permitiu retomar a pesquisa

nesta dissertação de mestrado tendo como objeto de estudo o Conjunto Residencial

Jardim Edith, que apresenta características distintas e reforça a cultura de projeto

arquitetônicos para a habitação de interesse social.

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RESUMO

Jardim Edith, era o nome de uma antiga favela que existiu na zona sul de São Paulo,

com origem nos anos de 1970, numa época em que a região não oferecia atrativos

imobiliários. O terreno ocupado pela comunidade abrangia quase todo o cruzamento

da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini com a Avenida Jornalista Roberto Marinho,

que foi desocupada e destinada a construção do viário de conexão com Marginal do

Rio Pinheiros e Ponte Estaiada. Atualmente, tornou-se o novo centro financeiro e a

área mais valorizada da cidade. A permanência de algumas famílias na parte

remanescente do terreno foi destinada a construção do Conjunto Residencial Jardim

Edith, que após muitos embates e persistência, conquistaram o direito de continuarem

no local de origem. Esta característica distinguiu-se dos parâmetros usuais, praticados

até pouco tempo na habitação social, que previa a remoção das famílias para locais

distantes das áreas em que viviam. Essa premissa tornou possível a realização de um

estudo monográfico sobre a história desta comunidade, que narra em três capítulos o

desenvolvimento do bairro, a luta pela moradia digna e a qualidade da arquitetura

social. Como método, a pesquisa realizou a revisão bibliográfica sobre o tema,

levantamento de reportagens disponíveis em periódicos da época, visitas in loco ao

conjunto habitacional e entrevistas. Esta dissertação visa não apenas conhecer,

estudar e analisar a história da comunidade Jardim Edith, mas também identificar os

elementos que tornam este projeto uma referência para a habitação social.

Palavras chave: 1. Habitação popular. 2. Urbanização – São Paulo (SP). 3. Favelas -

Urbanização. 4. Projeto - Arquitetura.

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

ABSTRACT

Jardim Edith was the name of an old favela that existed in the south of São Paulo,

which originated in the 1970s, at a time when the region offered no real estate

attractions. Today it is the most valued area of the city and has become the new

financial center. The land occupied by the community covered almost all of the

intersection of Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini and Avenida Jornalista Roberto

Marinho, which was unoccupied and destined to the construction of the connecting

road with the Rio Pinheiros and Ponte Estaiada. The permanence of some families in

a remnant part of the land was destined to the construction of the Residential Complex

Jardim Edith, after many battles and persistence they won the right to stay in the place

of origin. This characteristic was distinguished from the usual parameters, practiced

until recently in social housing, which provided for the removal of families to places far

from the areas where they lived. This premise made possible the realization of a

monographic study on the history of this community, which narrates in three chapters

the development of the neighborhood, the struggle for decent housing and the quality

of social architecture. As a method, the research carried out the bibliographic review

on the subject, survey of available articles in periodicals of the time, on-site visits to

the housing complex and interviews. This dissertation aims not only to know, study and

analyze the history of the Jardim Edith community, but also to identify the elements

that make this project a reference for social housing.

Keywords: Social housing. 2. Urbanization - São Paulo (SP). 3. Favelas - Urbanization.

4. Design - Architecture.

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LISTA DE ABREVIATURAS

AMA Assistência Médica Ambulatorial

CEI Creche de Educação Infantil

CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano

CENU Centro Empresarial Nações Unidas

CEPAC Certificado de Potencial Adicional de Construção

CRF Coordenadoria de Regularização Fundiária

DER Departamento Estadual de Estradas e Rodagem

EMURB Empresa Municipal de Urbanização

GEIPOT Grupo Executivo de Integração de Políticas de Transporte

HABI Superintendência de Habitação Popular

HIS Habitação de Interesse Social

H+F Hereñú + Ferroni Arquitetos

MMBB Marta Moreira, Milton Braga e Fernando de Mello Franco

OUC Operação Urbana Consorciada

PAR Programa de Arrendamento Residencial

PCR Pessoa em Cadeira de Rodas

PDE Plano Direto Estratégico

PMSP Prefeitura Municipal de São Paulo

PUF Programa de Urbanização de Favelas

SMDU Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano

SEHAB Secretaria Municipal de Habitação

SEMPLA Secretaria Municipal do Planejamento

TFG Trabalho Final de Graduação

UH Unidades Habitacionais

UBS Unidade Básica de Saúde

ZEIS Zona Especial de Interesse Social

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

CAPÍTULO 1 | EDITH: ORIGENS ............................................................................. 17

CAPÍTULO 2 | EDITH: A TRAJETÓRIA ................................................................... 36

CAPÍTULO 3 | EDITH: CONJUNTO RESIDENCIAL ................................................ 47

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

REFERÊNCIAS .................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

APÊNDICE .............................................................................................................. 122

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INTRODUÇÃO

A comunidade do Jardim Edith originou-se nos anos 1970, na várzea do Rio Pinheiros,

dentro de um contexto não muito diferente de outras cidades na Era Industrial. As

possibilidades oferecidas pela cidade grande e o sonho de poder mudar de vida fez

com que muitas pessoas migrassem para a capital paulista. Porém, a cidade que

promovia o trabalho e se desenvolvia, não produzia na mesma escala habitações

adequadas para abrigar e satisfazer às necessidades básicas da população de baixa

renda. Nessa época as terras alagadiças do Brooklin não atraiam investimentos,

sendo ocupadas por trabalhadores que não tinham condições de pagar um aluguel.

Posteriormente, se transformou na região da Berrini e atualmente é considerada a

área mais valorizada e o novo centro financeiro da cidade.

Com a valorização dessa região, o processo de urbanização da favela Jardim Edith

passou por muitos embates, mesmo sendo definida como Zona Especial de Interesse

Social (ZEIS) no Plano Direto Estratégico de São Paulo (PDE-SP) de 2002. A pressão

para que a comunidade abandonasse a área ocupada era intensa. A luta e

persistência das famílias tornou possível uma mudança nos parâmetros usuais

praticados até pouco tempo, como a remoção da população do local em que vivem

para áreas distantes. Outro fator importante foram as solicitações negociadas entre a

comunidade e o poder público, que proporcionou a união das Secretarias de

Habitação, Educação e Saúde, sendo possível agregar qualidade ao projeto

arquitetônico.

Portanto, estes fatos reforçam o objetivo desta dissertação que é apresentar a história

do Jardim Edith, da favela ao Conjunto Residencial.

Metodologia do trabalho

O tema desta dissertação foi determinado pela vivência acadêmica na graduação, e a

escolha do objeto de estudo pelas características apresentadas anteriormente. Após

estas definições, iniciou-se a pesquisa sobre o Conjunto Residencial Jardim Edith.

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O primeiro passo foi realizar o levantamento da bibliografia sobre o tema, cujo o livro

“Os primeiros arquitetos modernos – Habitação Social no Brasil de 1930-1950”, de

Paulo Bruna, contribuiu para aprofundar a visão sobre a arquitetura social moderna.

Em paralelo, os estudos realizados por Edite Galote Carranza, sobre o Conjunto

Zezinho Magalhães Prado (CEPAC Guarulhos) trouxeram uma aproximação com a

obra do Arquiteto Vilanova Artigas, por possuir uma semelhança com o objeto desta

dissertação.

O segundo passo foi realizar uma visita ao CECAP Guarulhos e, posteriormente ao

Jardim Edith, onde foi possível observar como os moradores se apropriam do espaço

conforme as suas necessidades, a inserção urbana e os elementos arquitetônicos,

uma experiência de observação sensorial.

O terceiro passo foi investigar informações em periódicos da época sobre o contexto

que envolvia a comunidade do Jardim Edith, para compreender a sua trajetória.

O quarto passo foi realizar as entrevistas com os arquitetos autores do projeto, que

enriqueceu com informações sobre todo o processo projetual. As constantes

alterações e decisões diante das condicionantes foi um grande desafio e que não

impediu de produzir uma arquitetura social de qualidade. Outra fonte de pesquisa

foram os vídeos com entrevistas e palestras dos arquitetos, disponíveis em sites de

arquitetura. Também foi realizada uma visita a Secretaria Municipal de Habitação

(SEHAB), porém, as pessoas que participaram dessa experiência não estavam mais

no departamento, mas foi possível realizar uma pesquisa na biblioteca e solicitar os

arquivos com as pranchas do projeto.

Conforme a pesquisa avançava foram realizadas novas visitas ao Conjunto

Residencial, onde as informações obtidas facilitavam o entendimento do projeto e as

soluções tomadas pelos arquitetos e ao mesmo tempo como os moradores se

apropriavam do espaço, e perceber outros aspectos inerentes sobre a inserção

urbana do empreendimento. Os registros fotográficos foram realizados desde a

primeira visita, sendo fundamentais para ajudar nas análises do projeto, assim como

foram importantes as conversas com os moradores do Jardim Edith.

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Concluído o levantamento das informações pelas fontes primárias e secundárias,

determinou-se a estrutura desta dissertação composta por três capítulos.

O primeiro aborda as origens do Jardim Edith com a evolução do bairro, o surgimento

da favela e o desenvolvimento da comunidade. O segundo trata da trajetória do

processo que envolveu a luta da comunidade para exigir o cumprimento da legislação

que determinou o direito de permanecerem no mesmo lugar. O terceiro apresenta a

análise do projeto desenvolvido pelos escritórios de arquitetura MMBB1 e H+F2 para

as famílias do Jardim Edith, onde os critérios são apresentados inicialmente com a

ficha técnica, seguido pela apresentação dos três equipamentos públicos e

posteriormente as habitações, as peças gráficas segue a sequência de planta, corte

e elevação, seguida das análises textuais. Os aprofundamentos desses itens serão

abordados na introdução do próprio capitulo.

A pesquisa conclui que o Jardim Edith é uma referência para a habitação de interesse

social e os elementos que identificam essa mudança são expostos nas Considerações

Finais, como, a luta da comunidade, a conquista da permanência, a aquisição da

moradia digna, a nova produção da arquitetura social, por exemplo.

Referenciais teóricos

Como metodologia e estruturação deste trabalho foram consideradas as referências

levantadas pela pesquisa bibliográfica composta por artigos, livros, dissertações de

mestrado e teses de doutorado.

O artigo Requalificação do perímetro da favela do Jardim Edith em São Paulo:

percepções iniciais sobre a hospitalidade no espaço urbano, de Airton José

Cavenaghi, Luciana Lagares Gonzales e Maria Ângela Cabianca, contribuiu na

estruturação dos capítulos por apresentar uma aproximação com o estudo

desenvolvido neste trabalho.

1 Sócios do escritório: Marta Moreira, Milton Braga e Fernando Melo Franco. 2 Sócios do escritório: Eduardo Ferroni e Pablo Hereñú.

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A dissertação de mestrado de Renata Fragoso Coradin – Habitar Social: a produção

contemporânea na cidade de São Paulo, foi muito importante para complementar a

bibliografia e ter como ponto de partida a metodologia de análise utilizada nos estudos

de caso – incluindo o Jardim Edith, outra dissertação foi a de Monika Olczyk –

Problemática e metodologia projetual da habitação de interesse social: análise do

conjunto residencial Jardim Edith, que aborda o processo projetual do arquiteto e

contribuiu para entender uma outra parte do contexto da história do objeto de estudo

dessa dissertação.

Outras dissertações de mestrado também contribuíram para a concepção visual deste

documento: Edson Lucchini Jr – Aldof Franz Heep: edifícios residenciais, um estudo

da sua contribuição para a habitação vertical em São Paulo nos anos 1950 e

Alexandre Hepner – Desenho Urbano, Capital e Ideologia em São Paulo, centralidade

e forma urbana na Marginal do Rio Pinheiros.

A tese de doutorado de Ana Tagliari – Os projetos residenciais não-construídos de

Vilanova Artigas em São Paulo, a análise das habitações unifamiliares nesse estudo

apresenta uma metodologia de análise do objeto interessante, que contribuiu para a

criação da estrutura de análise do Jardim Edith.

A tese de Elisabete França - Favelas em São Paulo (1980-2008). Das propostas de

desfavelamento aos projetos de urbanização: A experiência do Programa

Guarapiranga, assim como os livros de Mariana Fix, Parceiros da Exclusão e São

Paulo uma Cidade Global e Heitor Frúgoli Jr., Centralidades em São Paulo: trajetória,

conflitos e negociações na metrópole, contribuíram para a contextualização deste

trabalho.

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CAPÍTULO 1 | EDITH: ORIGENS

Nos dias atuais, o conjunto residencial Jardim Edith é o resultado de um longo

processo de urbanização da favela, localizado em um dos endereços mais valorizados

da cidade de São Paulo: o bairro do Brooklin Novo. O residencial é composto por três

torres e duas lâminas horizontais, compõe a paisagem predominante da região e se

mimetiza perante os edifícios corporativos de alto padrão situados à margem direita

do Rio Pinheiros. O projeto de 25.700m², implantado num terreno de

aproximadamente 19.000m² (GOMES, 2013, p.2), tornou-se uma referência de

habitação de interesse social, sendo laureado com o prêmio “O Melhor da

Arquitetura”3, em 2013, concedido pela revista Arquitetura & Construção. Talvez quem

atravesse o rio pela ponte estaiada e visualize as torres, não as identifique como

Habitação de Interesse Social, dada a solução arquitetônica pouco usual.

O bairro onde está localizado o Jardim Edith teve início a partir de uma parada de

bonde da Companhia Carris de Ferro São Paulo, que ligava os municípios de São

Paulo e Santo Amaro. A parada foi projetada pelo engenheiro Alberto Kulhmann, em

1886. Em 1900, a São Paulo Tramway, Light and Power Company (Cia. Light) assume

a administração das linhas da Cia Carris e, após treze anos, introduz o bonde elétrico

em São Paulo (MARTINS, 2012, p. 78).

A Cia. Light identificava as paradas de bonde ordenando-as numericamente, porém o

pequeno povoado denominado o Quinto Desvio recebeu o nome de Brooklin Paulista,

como referência e homenagem ao Brooklin americano (BLANES, 2006, p. 49).

Um dado importante sobre o Brooklin Paulista é que ele formava o denominado

“cinturão de loteamentos residenciais suburbanos”, e, com o seu desenvolvimento,

acabou ultrapassando os limites municipais de Santo Amaro e ocupou trechos

expressivos do município de São Paulo. Por fim, a região de Santo Amaro se integrou

por completo a São Paulo em 1935, diferentemente do que aconteceu com os

3 Desde 2008, a revista promove essa premiação. Na edição de 2013, concorreram na categoria Habitação Social os escritórios: JT Arquitetura – Conjunto Habitacional e Boldanari Arquitetura e Urbanismo – Residencial Corruíras, sendo o escritório vencedor MMBB Arquitetos & H+F Arquitetos – Jardim Edith.

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municípios de Guarulhos e São Bernardo, que permaneceram independentes

(LANGENBUCH, 1971, p. 138).

Nos primórdios, o Brooklin Paulista foi constituído pela união de três loteamentos

(Figura1): o primeiro (cor amarela) pertencia à antiga Fazenda Casa Grande,

projetado por Júlio Klaunig e Álvaro Rodrigues e com o perímetro constituído pela

Avenida Santo Amaro, Avenida Morumbi, Marginal do Rio Pinheiros e Avenida Água

Espraiada; o segundo (cor ciano) loteamento, lançado por Afonso de Oliveira Santos,

chamava-se Jardim das Acácias e situava-se entre a Avenida Morumbi e a Avenida

Roque Petroni Júnior, tendo nas extremidades a Avenida Santo Amaro e a Marginal

do Rio Pinheiros; o terceiro (cor magenta) foi lançado pela Sociedade Anônima

Fábrica Votorantim, tendo em seu perímetro a Avenida Santo Amaro, Avenida

Washington Luís, Avenida Vicente Rao e Avenida Água Espraiada (PONCIANO, 2001,

p. 37).

Figura 1 – Mapa com a identificação dos primeiros loteamentos. Fonte: CeSAD (arquivo DWG) – Adaptado pelo autor.

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Os empreendedores desses loteamentos, majoritariamente estrangeiros,

desempenharam um papel importante na valorização dessas áreas. Conforme

explana Martins:

“[...] no início do século XX, através da articulação entre as obras de

infraestrutura – energia, pavimentação, bondes e retificação dos rios – a

modernização da cidade passa a ser de fato concretizada. Várias companhias

estrangeiras aplicaram seu capital na cidade de São Paulo. Os estrangeiros

desempenharam um grande papel na valorização do território paulistano, os

terrenos adjacentes à cidade, beneficiados pelas companhias estrangeiras e

seus serviços, promoveram uma sistemática especulação, ocasião em que

companhias e proprietários de terrenos revelaram seus interesses de lotear

terras e vender” (MARTINS, 2012, p. 60).

O loteamento do Brooklin Paulista foi se destacando, assim como ocorreu com os

bairros do Campo Belo e Indianápolis4, o que contribuiu para a aproximação dos

limites do município de Santo Amaro e São Paulo (LANGENBUCH, 1971, p. 139). Na

mesma época, em 1933, o engenheiro britânico Louis Romero Sanson, diretor da

empresa Sociedade Anônima Autoestradas, completou o percurso da Autoestrada

Washington Luís5, estabelecendo a conexão rodoviária entre o centro da cidade e o

novo bairro.

Elisabete França, em sua tese de doutorado, comenta que Sanson possuía um

“espírito visionário” e planejou a cidade satélite aos moldes do que já vinha

acontecendo nos bairros Jardim América, Jardim Europa e Jardim Paulista,

executados pela City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company

Limited (Cia. City)6, responsável pela execução do primeiro bairro-jardim na capital

paulista (FRANÇA, 2009, p. 154).

Para realizar o projeto do bairro-jardim, a Cia. City contratou os urbanistas ingleses

Barry Parker e Raymond Unwin, que já haviam trabalhado com o urbanista Ebenezer

4 Em 1987, parte do bairro teve seu nome alterado para Moema através de abaixo assinado dos moradores ao prefeito Jânio Quadros (PONCIANO, 2001). 5 Atual Avenida Washington Luís. 6 Empresa de urbanização, fundada em Londres (1911), chega ao Brasil em 1912, e se instala em São Paulo. Atuou no planejamento de bairros com o conceito de “cidade-jardim”.

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Howard7 no projeto da primeira cidade-jardim Letchworth, em 1903, e que tinham

como conceitos as ruas sinuosas e arborizadas, a integração das construções e

jardins, as hortas junto às casas e cinturões verdes para a produção agrícola, que

limitavam o crescimento das cidades.

“O Jardim América foi o primeiro bairro urbanizado pela Cia. City, além das

benfeitorias públicas, das amplas áreas verdes e do traçado das ruas que

respeitava a topografia da área, o projeto de Barry Parker estabeleceu

terrenos amplos, de tamanho suficiente para abrigar grandes casas e seus

jardins espaçosos” (CIA.CITY, 2014).

Com as referências de Howard e o modelo do

Jardim América (Figura 2), Louis Romero

Sanson planejou, juntamente com o urbanista

francês Alfred Agache8, o loteamento

localizado entre as represas do Guarapiranga

e Billings (Figura 3), sendo batizado pelo

idealizador de “Interlagos Cidade Satélite da

Capital” (MARTINS, 2012, p. 97).

Figura 2 - Propaganda da Cia City - Vendas dos lotes do Jardim América. Disponível: <http://ciacity.com.br/projetos/jardim-america/>. Acesso em: 20 ago. 2016.

7 Criou o conceito cidade-jardim. Autor do livro Garden City of Tomorrow (Cidades-jardins de Amanhã), 1898. Fundou em 1899, a Garden Cities Association. Projetou as primeiras cidades-jardins no século XX. 8 Arquiteto francês diplomado pela École des Beaux-Arts de Paris em 1905. É fundador da Sociedade Francesa de Urbanistas, tendo sido secretário-geral até o período entre-guerras. Alguns lhe atribuem a criação do vocábulo ‘urbanismo’. Em 1927, é convidado para uma série de conferências sobre urbanismo no Rio de Janeiro, que culminam com sua contratação, no ano seguinte, para a elaboração de um plano urbanístico para a cidade. A partir de 1939, em seu exílio permanente no Rio de Janeiro, atua como consultor em matéria de urbanismo e elabora projetos para Porto Alegre, Goiânia, Curitiba, Campos, Cabo Frio, Araruama, Atafona, São João da Barra Petrópolis, Vitória, São Paulo e Araxá (OLIVEIRA, 2009).

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O ideal da cidade-jardim previa a

integração da cidade com o campo.

Segundo Martins (2012), Interlagos

começou a valorizar a região sul e a atrair

famílias mais abastadas da sociedade. A

S/A Autoestrada, empresa de Sanson,

também previa a construção do autódromo

e do aeroporto, criando uma região de

grande valorização (MARTINS, 2012, p.

124).

Figura 3 - Interlagos bairro-jardim.

Fonte: Acervo do Jornal Estado de São Paulo. Disponível: <http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19380827-21135-nac-0001-999-1-not>. Acesso em: 20 ago. 2016.

Esse desenvolvimento favoreceu outros bairros que foram constituídos a partir do

trajeto da linha do bonde, onde as chácaras e sítios começaram a ser loteados e

comercializados. Alguns bairros, por apresentarem um zoneamento

predominantemente residencial, arborização, baixa densidade populacional e ruas

silenciosas, com características de bairro-jardim, foram povoados, majoritariamente,

por alemães e portugueses.

A primeira parte do Brooklin Paulista a ser loteada partia da Avenida Santo Amaro e

se estendia até a Autoestrada Washington Luiz, delimitada pela Avenida Professor

Vicente Rao até o córrego Água Espraiada (que foi canalizado e se transformou em

avenida de mesmo nome, atualmente denominada Avenida Jornalista Roberto

Marinho). Esse quadrante futuramente seria denominado como Brooklin Velho (Figura

4).

A segunda parte do bairro passou a se chamar Brooklin Novo, por fazer parte da nova

expansão de loteamentos que levava o desenvolvimento em direção à margem do Rio

Pinheiros. O desenho dos arruamentos e lotes seguiam a malha ortogonal, em

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“quadrícula”9. Conforme o Arquiteto Valdir Martins, “não foi possível apoiar a expansão

da cidade no modelo de Howard, mas sim na expressiva malha xadrez” (2012, p. 133).

A nova parte do Brooklin era delimitada pelas avenidas: Santo Amaro, Roque Petroni

Jr., Nações Unidas e dos Bandeirantes. Com a retificação do Rio Pinheiros promove-

se uma nova dinâmica na mobilidade da cidade de São Paulo, intensificando o

desenvolvimento de industrialização nessa parte da cidade no ano de 1940.

9 Malha utilizada na implantação de diversos bairros de São Paulo, que não considerava a topografia existente.

Figura 4 - Identificação das nomenclaturas do Brooklin Paulista – Novo e Velho. Fonte: CeSAD (arquivo DWG) – Adaptado pelo autor.

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Nessa época, boa parte das terras marginais do Pinheiros pertencia a grandes

proprietátios como as loteadoras Cia. City e Cia. Cidade Jardim, a Dumont Villares,

que pretendia fazer um distrito industrial no Jaguaré, a Votorantim, no Brooklin, e a

própria Cia. Light, na região do Guarapiranga (KAYO, 2013, p. 42).

A retificação do Rio Pinheiros transformou a paisagem e o uso das áreas vazias da

várzea do rio. Essas áreas foram destinadas à indústria, além dos loteamentos

residenciais, sendo povoada por uma população operária e de classe média baixa. A

região não possuía uma infraestrutura, o que refletia nos valores dos imóveis,

tornando-os acessíveis a essa população. Segundo Rafael Faleiros de Pádua (2009),

no artigo “Refletindo sobre a desindustrialização em São Paulo”:

“[...] Santo Amaro se industrializou a partir da década de 1950, com a

instalação de grandes indústrias fordistas, com grande massa de mão-de-

obra, várias linhas de montagem na mesma indústria, com a direção da

empresa junto da fábrica. Era um momento de instalação da grande indústria

no Brasil e, como nas proximidades do Rio Pinheiros havia uma grande

disponibilidade de terrenos (devido também à drenagem das várzeas e à

retificação do rio, que foram concluídos na década de 1940), montou-se, em

Santo Amaro, um grande e diversificado parque industrial” (PÁDUA, 2009).10

O desenvolvimento do Brooklin Novo, à margem do Rio Pinheiros, passa a ter

características diferentes, tais como: gabarito, parcelamento do uso do solo e

população, apresentando a ocupação por classes média e média-baixa. De acordo

com Wagner Iglecias, o bairro do Brooklin é:

“... uma região que sofre processos de especulação e valorização imobiliária

desde o início do século XX. O bairro que tinha, até meados dos anos de

1970, uso predominantemente residencial e, em menor escala, industrial,

tornou-se, a partir dos anos de 1980, o entorno da mais marcante intervenção

do capital privado sobre o traçado urbano da história da cidade de São Paulo”

(IGLECIAS, 2002, p. 53).

10 PÁDUA, R. F. de. Refletindo sobre a desindustrialização em São Paulo. Confins [Online], n. 7, out. 2009. Disponível: <http://confins.revues.org/6125>; DOI: 10.4000/confins.6125. Acesso em: 16 jun. 2016.

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As nomenclaturas: Velho e Novo nascem, portanto, de uma interpretação que

determinou as fases dos loteamentos do Brooklin Paulista. Em 1970, o bairro passa a

fazer parte de duas subprefeituras, que são: subprefeitura de Santo Amaro - distrito

de Campo Belo, que compreende a porção entre as Avenidas Santo Amaro e

Washington Luís e a área que segue em direção à margem do Rio Pinheiros,

pertencendo à subprefeitura de Pinheiros – distrito do Itaim Bibi, sendo definido pelos

seguintes bairros: Chácara Itaim, Vila Olímpia, Vila Funchal, Brooklin Novo, Brooklin

Paulista, Vila Cordeiro, Vila Gertrudes, Vila Uberabinha, Cidade Monções, Jardim

Edith (Fig.5) (PMSP, 2016a).

EDITH: BAIRRO DE VÁRZEA

De acordo com Alexandre Hepner, “o vale do Pinheiros era ocupado por áreas de

várzea inundável” e “as áreas industriais ocupavam as extremidades norte e sul do

Figura 5 - Indicação do perímetro do Bairro Jardim Edith. Fonte: CeSAD (arquivo DWG) – Adaptado pelo autor.

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rio, nos trechos próximo ao Rio Tietê e às represas” (Guarapiranga e Billings). A

retificação do Rio Pinheiros foi realizada pela Cia. Light, entre os anos 1940 e 1970,

assim como a drenagem das áreas inundáveis ao longo do rio (HEPNER, 2010, p.

109). A Cia. Light, detentora do monopólio de produção e distribuição de energia, e

proprietária dessas áreas, promoveu o loteamento e a venda de terras, dando início

ao processo de urbanização (FIX, 2007, p. 29).

Com a retificação dos rios Tietê e Pinheiros, as Marginais se transformaram em vias

expressas, conforme proposto pelo Grupo Executivo de Integração de Políticas de

Transporte (GEIPOT), do Ministério do Transporte, criando o pequeno e grande anel

viário de ligação (NOBRE, 2000, p. 162).

Assim como previu o visionário engenheiro Louis Romero Sanson, nos anos 1930,

que a cidade se desenvolveria em direção aos lagos de Santo Amaro (MARTINS,

2012, p. 96), a empresa Bratke-Collet empreendeu na Avenida Berrini, impulsionando

o desenvolvimento do polo empresarial com o lançamento de cinquenta prédios, a

partir do fim dos anos 1970, sendo o primeiro edifício, o Bandeirantes, concluído em

1977. Depois, outras empresas foram atraídas para a região pela viabilidade de

escritórios mais amplos, com mais tecnologia e valores mais acessíveis que os

praticados na Avenida Paulista, o que consolidou a nova centralidade de São Paulo

(FIX, 2001, p. 15-16).

Os antigos loteamentos residenciais, que definiram o Brooklin Novo, passaram por

uma profunda transformação na década de 1970. A empresa Bratke-Collet, dos

arquitetos Carlos Bratke, Roberto Bratke e Francisco Collet, por exemplo, vislumbrou

o potencial dos terrenos das áreas alagadas na região da Berrini, cujos valores eram

baixos e atrativos, além da facilidade de acesso, da possibilidade de expansão por

conta do zoneamento e da ausência de instalações industriais (o que facilitaria as

desapropriações), em 1974 (FIX, 2001, p. 15).

Com a abertura de uma avenida, que futuramente se chamaria Engenheiro Luís

Carlos Berrini, no fim dos anos 1970 (FIX, 2007, p. 29), a região se transformaria no

novo polo do setor terciário da capital paulista. Essa pequena parcela do Brooklin

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Novo, compreende os bairros Cidade Monções e Jardim Edith, pertencentes ao distrito

do Itaim Bibi, subprefeitura de Pinheiros (PMSP, 2016a).

Desde a gestão do prefeito Prestes Maia (1961-1964), com a Lei de Melhoramento

Urbano, já era previsto um plano para canalizar o córrego e criar a Avenida Água

Espraiada, o que só ocorreu décadas depois. Esse projeto foi revisto em 1970, pelo

Departamento Estadual de Estradas e Rodagem (DER), para que essa avenida

fizesse parte do minianel viário metropolitano, onde seria construída uma via expressa

ligando a Marginal Pinheiros à Rodovia dos Imigrantes. Contudo, o projeto sofreu nova

alteração pela Câmara Metropolitana dos Transportes, que transferiu o Anel Viário

para a avenida Roque Petroni (FIX, 2001, p. 87).

A decisão da Câmara Metropolitana dos Transportes foi posterior ao início das

desapropriações. Durante esse período, as áreas foram ocupadas irregularmente. O

abandono da faixa desocupada, à margem do córrego Água Espraiada, tornou as

áreas vulneráveis às invasões dos imóveis que não foram demolidos, além de

favorecer a construção de barracos ao longo do trajeto proposto para a nova avenida.

O resultado desse processo foi a grande ocupação desordenada dessa área, o que

culminou no surgimento de diversas favelas, entre elas, o Jardim Edith.

EDITH: A FAVELA

Diferentemente das favelas do Rio de Janeiro, que surgiram no final do século XIX, as

favelas em São Paulo começaram a ser reconhecidas como tal a partir do 1º.

Congresso Brasileiro de Urbanismo, em 1941; embora a cidade possuísse “habitações

subnormais”, como os cortiços, desde o final do século XIX (KEHL, 2010, p. 35).

A favela Jardim Edith surge nos anos 1970, em pleno Milagre Econômico, quando a

cidade possuía uma taxa de crescimento da ordem de 3%, muito menor do que a taxa

de crescimento das favelas, que era da ordem de 20,16%. As favelas paulistanas

seguiam ocupando encostas, beiras de cursos d’água, áreas de mananciais e várzeas

de rios – como a Edith, na várzea do rio Pinheiros – tornando-se um ‘problema’ urbano

nas décadas seguintes (KEHL, 2010, p. 55).

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Na análise de Kehl (2010, p. 97), a favela:

“[...] é uma construção comunitária: nela cada tijolo é uma biografia. Ao

contrário da ‘cidade formal’, e exatamente como as antigas aldeias da pré-

história, a favela é um ambiente que foi inteiramente construído, com as

próprias mãos, pelos mesmos homens que a habitam” e, portanto, não “fala

a mesma linguagem, nem apresenta o mesmo padrão de desenho da vizinha

ou do entorno”.

Desde seu início aos dias atuais, as favelas se transformaram fisicamente de barracos

de madeira e chão de terra batida para habitações de alvenaria assobradadas e laje

de cobertura, e, em termos sociais, é habitada por “trabalhadores pobres que

produzem e consomem e que não encontram na metrópole local acessível de moradia

no mercado formal” (PASTERNAK, 2002, p. 10). A favela Jardim Edith também era

constituída por barracos de madeira, e antes da sua desocupação, em 2005, já

existiam também construções em alvenaria.

Embora a questão da favela tenha sido tratada no decorrer dos anos como um

problema a ser eliminado, devido às suas dimensões e consolidação, tornou-se uma

realidade a ser contemplada, conforme opinião do então secretário da habitação do

Estado de São Paulo, Lair Krähenbühl (2009, p. 20), já que a favela é fruto da

“desigualdade econômica e social que precisa ser combatida”, e hoje não se pode

“imaginar que favelas como Heliópolis ou Paraisópolis (ou Jardim Edith) vão sumir do

mapa”, uma vez que são espaços estabelecidos e dotados de infraestrutura.

A questão do direito de moradia digna e do acesso aos meios de subsistência está

resguardada a todos os cidadãos brasileiros, conforme a Constituição Federal. Porém,

a realidade para muitas famílias é bem diferente. Na impossibilidade de participar da

cidade formal, muitas vezes a alternativa é habitar uma favela. “Ninguém decide morar

numa favela porque quer. A favela é o que mercado imobiliário disponibiliza para quem

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tem pouca renda, em geral em áreas que o mercado formal não pode ou não quer

ocupar” (ROLNIK, 2009)11.

A favela, portanto, é uma questão complexa, marcada pela história de forma negativa

e excludente. Conforme afirma Raquel Rolnik, que corrobora com a opinião do

Secretário Krähenbüh:

“Se, em função da distribuição da renda e riqueza do país, um grande número

de pessoas não tem acesso a condições adequadas de moradia pela via do

mercado, é obrigação do poder público garantir políticas para que este direito

seja implementado para todos” (ROLNIK, 2009)12.

Para a superintendente de Habitação Popular, Elisabete França (PMSP, 2010, p. 11),

“as favelas paulistanas são um fenômeno urbano, surgido a partir do desenvolvimento

de São Paulo, e estão inseridas na estrutura da cidade como um de seus elementos

morfológicos, que, embora informais, definem seu partido urbanístico”, complementa

ainda que as favelas da cidade real são distinguidas por duas características distintas:

[...] A primeira é que sua formação não obedece a nenhuma das regras

urbanas ou legislativas: as ruas não são definidas antes da construção das

casas e as redes de água e esgoto são implementadas depois da construção

das moradias. A segunda é que as unidades habitacionais são construídas

de acordo com a disponibilidade de lotes vazios. [...] (PMSP, 2010, p. 11).

Compreender as diferenças entre a cidade formal e informal é fundamental para

orientar as políticas públicas na solução desses territórios como parte integrante da

cidade, e não isolada ou segregada da sociedade, excluindo qualquer estereótipo

sobre as favelas.

As políticas públicas devem implementar programas que permitam a urbanização de

favelas e considerem a cidade como um território diversificado, que investe na

11 O texto foi publicado originalmente no jornal O Estado de São Paulo, em 18/10/09, versão digital, mapas e gráfico sobre moradia popular. Porém, o link não estava mais disponível, somente no blog da autora. 12 Disponível em: https://raquelrolnik.wordpress.com/tag/favela/ - Acessado em: 25 jul. 2016.

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integração e uso misto, onde os “cidadãos devem ter seus direitos sociais garantidos

e afeiçoadas a seus territórios” (FRANÇA, 2009, p. 20).

Foi dessa forma que a favela Jardim Edith foi considerada. Assim, ela foi incorporada

ao Programa de Urbanização de Favelas, o que garantiu uma melhor integração da

população com a cidade, dando qualidade e preservando as relações já adquiridas

pela ocupação, como acesso a redes comunitárias, a empregos e, a equipamentos

públicos, conforme previsto na Constituição Federal. Entretanto, deve ser considerado

que mesmo em processos de urbanização, as remoções podem ser necessárias.

Nesse sentido, a Jardim Edith foi removida temporariamente até que o projeto fosse

concluído. Contudo, a permanência dela no local de origem não foi tão simples. Os

problemas enfrentados pela comunidade serão tratados com mais detalhes no

capítulo 2.

Em 1970, após a mudança nos planos do governo para a construção do anel viário da

cidade, as terras ao longo do córrego Água Espraiada, se encontravam

desapropriadas. Muitos dos imóveis indenizados foram ocupados pelos próprios

funcionários do DER e as terras serviram para a construção de moradias precárias,

habitadas por migrantes que vinham trabalhar em São Paulo e, posteriormente, por

moradores de outras regiões da cidade (FIX, 2007, p. 97).

A desapropriação realizada pelo DER fez com que as ocupações fossem acontecendo

progressivamente. As favelas foram se consolidando nos diversos bairros à margem

do córrego. Nas terras localizadas entre a Marginal Pinheiros e a Avenida Berrini,

nasceu a favela Jardim Edith, que em 1995, chegou a ocupar uma área de 68 mil

metros quadrado e a abrigar uma população de 3 mil famílias (FIX, 2001, p. 37).

Segundo o que o Sr.Gerôncio13, morador e líder comunitário do Jardim Edith, relata,

a “favela era tão grande” que ocupava todo o terreno onde está a sede da Rede Globo

até a rua James Joule, atrás do Centro Empresarial Nações Unidas (CENU) (Figura

6).

Em seu texto, Elisabete França ressalta que:

13 Visita realizada em 22 de agosto de 2015, o Sr.Gerôncio faleceu em 16 de setembro de 2015.

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“É importante entender que as favelas foram construídas como uma reação

à exclusão social e à segregação espacial e se tornaram, ao mesmo tempo,

uma alternativa de autoproteção para seus milhares de moradores, que se

estabeleceram nas áreas periféricas das cidades durante um processo de

crescimento urbano acelerado” (PMSP, 2010, p. 11).

Da mesma forma que a favela Jardim Edith se desenvolvia, o processo de urbanização

da Avenida Berrini era cada vez mais intenso. A empresa Bratke-Collet, avançava com

os planos de desenvolvimento da nova centralidade de São Paulo.

Figura 6 - Favela Jardim Edith - 1995 – Fonte: FRÚGOLI JR. (2000, p. 258) – Adaptado pelo autor.

A construção da Avenida Berrini, sinalizou a melhoria da infraestrutura e a valorização

da região para receber mais investimentos e se tornar o polo empresarial do setor

terciário, como veremos a seguir.

Avenida Eng. Luís Carlos Berrini CENU

Favela Jardim Edith

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EDITH: A “ESQUINA DA RIQUEZA”14

Entre os anos de 1974 e 1976, a empresa Bratke-Collet adquiriu 30 terrenos na

extensão do Rio Pinheiros, limitados ao bairro do Brooklin, entre as avenidas

Bandeirantes e Roque Petroni (FRÚGOLI JR., 2000, p. 177). Os terrenos adquiridos,

com valores abaixo do mercado, em sua maioria, se localizavam nos bairros Cidade

Monções e Jardim Edith, este último segundo Nunes (2010), era delimitado pelo

perímetro que compreendia a margem do Rio Pinheiros, rua Arizona, Rua Guaraiuva

e a margem do córrego Água Espraiada até encontrar a Marginal.

Dessa forma, a Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini15 pode ser considerada uma

invenção da Bratke-Collet, o que originou o apelido ‘Bratkelândia’ para a região. A

Empresa desenvolveu projetos de várias torres de escritórios, monopolizando quase

toda a região, que aos poucos foi deixando de ser um bairro residencial e adquirindo

característica comerciais. Assim, a partir de 1975, os edifícios de escritórios e a

população de funcionários corporativos atraíram investimentos em comércio e

serviços, além de benfeitorias na infraestrutura urbana, gerando oportunidades de

emprego. Mesmo a população residente na

favela Jardim Edith, às margens do córrego

Água Espraiada, pôde se inserir, com

ofertas de empregos, nos comércios e

serviços da região.

A favela Jardim Edith se tornou, então,

vizinha de megaprojetos que começaram a

surgir na região, entre eles a Bolsa de

Imóveis do Estado de São Paulo, em 1980,

que planejou a concepção do CENU

(Figura 7), um imponente conjunto

composto por três torres, símbolo do poder

14 O título é utilizado por Mariana Fix no livro “São Paulo: cidade global”, nesta dissertação utilizo a mesma expressão, por traduzir a conclusão da evolução sobre a origem do Jardim Edith. 15 Neste trabalho, a partir desse momento, por ser mais usual a denominaremos por Avenida Berrini.

Figura 7 - Indicação das áreas do CENU e Jardim Edith. Fonte: FIX (2007, p. 82) - Adaptado do autor.

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e dinheiro. O terreno de 32.367 metros quadrados para a realização do projeto ficava

entre a Marginal Pinheiros e a Avenida Berrini, e a divisa de lote se dava com a favela

Jardim Edith. Essa proximidade contribuiu na diminuição dos valores negociados, o

que tornou a aquisição mais acessível. A incorporadora previa o grande potencial de

valorização da área caso a remoção da população favelada acontecesse. Em 1989, o

escritório Botti Rubin foi contratado para realizar o projeto do CENU. A primeira

proposta contemplava a construção de quatro torres, mas, por questões de

investimento, uma das torres foi subtraída da concepção inicial. Em 1992, inicia-se a

construção das três torres, contribuindo com o skyline da Berrini (FIX, 2007, p. 80).

O progresso da região fez com que os projetos de melhorias na infraestrutura da

Avenida Água Espraiada fossem retomados. As análises do projeto tiveram início na

gestão de Jânio Quadros (1985-1988), com base na Lei de Melhoramentos de 1964.

A proposta foi redesenhada para atender ao novo limite da implantação do bairro, mas

nada foi feito nesta gestão. A sucessora, Luiza Erundina (1989-1992), também fez

revisões no projeto e, em 1990, incluiu a proposta numa Operação Urbana16 (FIX,

2007, p. 90).

As modificações realizadas pelas gestões anteriores não foram executadas, e

somente na gestão de Paulo Maluf (1992-1996) foram concretizadas com as devidas

alterações do então atual prefeito. O projeto foi idealizado pela Empresa Municipal de

Urbanização (Emurb), ainda na gestão Erundina, e previa intervenções no sistema de

drenagem, sistema viário e a realocação das favelas (dentro do mesmo quadrilátero).

Na gestão Maluf, o projeto da Operação Urbana foi retirado da Câmara e voltou para

a Emurb e, ao contrário do que defendia, foi reelaborado e, de uma via local passou

para uma via expressa, a fim de conectar a Marginal Pinheiros com a Rodovia dos

Imigrantes, conforme determinação do prefeito em exercício (FIX, 2001, p. 92).

Essa decisão afetou diretamente toda a população da favela Jardim Edith que residia

no final do córrego, sendo este o principal obstáculo para a conexão direta da futura

16 A Operação Urbana, assim como a Legislação inerente a esse estudo serão abordadas no Capítulo 2.

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avenida com a marginal do rio. A remoção de uma parcela da população, que se

formou a partir dos anos 1970, fez com que as famílias do Jardim Edith se sentissem

ameaçadas, pois as transformações urbanas e o interesse do mercado imobiliário

pressionavam a saída da favela.

Como os empresários da região tinham interesse na valorização dos

empreendimentos, constituíram a Associação de Promoção Habitacional e Social, em

1995, para ajudar a Prefeitura no processo de remoção da favela. O pool de

empresários arrecadou 8 milhões de reais para a compra de um terreno e a construção

de um conjunto habitacional localizado a 15 quilômetros da Av. Berrini, no Jardim

Educandário (FIX, 2001, p. 32). Contudo, o processo de remoção não foi amigável e,

ainda na gestão Maluf, teve início o processo de canalização do córrego Água

Espraiada, para a construção da avenida homônima.

No cadastramento para a remoção, os moradores tinham três opções: comprar uma

moradia financiada pela Prefeitura, receber uma verba em dinheiro ou ganhar uma

passagem de volta à ‘terra natal’ (FIX, 2001, p. 32). Famílias que optaram pela

moradia seriam reassentadas em terrenos da Prefeitura a 50 quilômetros da Berrini,

na Zona Leste, no Barro Branco, Cidade Tiradentes. A segunda opção era uma ajuda

de custo de R$ 1.500,00 para ajudar na mudança (sem um destino exato), a Prefeitura

fazia o transporte de graça. A terceira opção, era o retorno das famílias para os

estados de origem, como Pernambuco, Bahia e Paraíba.

Em paralelo ao processo de remoção da população favelada, os investimentos na

infraestrutura da região se intensificavam nessa época, houve até uma proposta para

construção de um aeroporto de helicópteros com área de 20 mil metros quadrados em

parte do terreno da favela Jardim Edith. As obras do minianel viário na avenida

Bandeirantes, o complexo Maria Maluf e a avenida Água Espraiada seguiam em obras

(CORADIN, 2014, p. 157).

Em 2003, o primeiro projeto da ponte estaiada Octávio Frias de Oliveira (Figura 8) foi

avaliado na gestão da prefeita Martha Suplicy (2001–2004), porém, o alto investimento

fez com que o projeto fosse revisto, retornando em 2005, na gestão de José Serra

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(2005-2006). A atualização do projeto deu origem à ponte executada, bem diferente

da proposta inicial. A conclusão das obras aconteceu em 2008, sendo inaugurada na

gestão do prefeito Gilberto Kassab (2009-2012).

Figura 8 – Maquete virtual do projeto da Ponte Estaiada (projeto não executado) - gestão da Marta Suplicy (2001-2004) - Fonte: FIX (2007, p. 111).

Com a inauguração da ponte estaiada, a favela Jardim Edith passou a ter maior

visibilidade, por estar no endereço mais caro e cobiçado da região de São Paulo,

exatamente no cruzamento das avenidas Berrini e Jornalista Roberto Marinho.

No próximo capítulo será abordado o processo que a população da favela enfrentou

para conquistar a permanência no local de origem. O diálogo será realizado com base

no Estatuto da Cidade, Plano Diretor Estratégico e Operação Urbana Consorciada,

documentos legais que promulgam o direito adquirido pela comunidade do Jardim

Edith.

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CAPÍTULO 2 | EDITH: A TRAJETÓRIA

Neste capítulo, pretende-se abordar os principais acontecimentos que determinaram

a permanência da comunidade do Jardim Edith no local de origem até a sua

urbanização. Esse processo teve início em 1993 e findou em 2008, com a

determinação do juiz para o cumprimento da legislação com a construção de novas

moradias destinadas à população remanescente, processo que durou, então, de 2008

a 2013.

Na gestão de Paulo Maluf (1993-1996), teve início o projeto de construção da avenida

que ligaria a Marginal Pinheiros à Av. Washington Luís. O início das obras de

canalização e construção da Av. Água Espraiada removeu, grande parte dos

moradores da favela. De acordo com Rodrigo Gomes, em reportagem da Rede Brasil

Atual17, na época “foram removidas para os extremos da cidade cerca de 30 mil

moradores que viviam a pelo menos duas décadas no local”.

Ao que parece, o então, prefeito Paulo Maluf não levou em consideração as palavras

de Ulisses Guimarães, proferidas em seu histórico discurso na Assembleia Nacional

Constituinte ao promulgar a Constituição Federal, em 1988, quando destacou a

importância da participação popular: “O povo passou a ter a iniciativa de leis. Mais do

que isso, o povo é o super legislador habilitado a rejeitar pelo referendo os projetos

aprovados pelo Parlamento”. Ele também afirmou que a Constituição não era perfeita,

mas que abriria novos caminhos: “É caminhando que se abrem caminhos. Ela vai

caminhar e abri-los. Será redentor o caminho que penetrar nos bolsões sujos, escuros

e ignorados da miséria.”18

Naquele episódio, as famílias da favela Jardim Edith tiveram participação na decisão

municipal, embora o direito à moradia fosse assegurado pelo Artigo 6º, Título II - Dos

Direitos e Garantias Fundamentais, que define que:

17 Fonte: www.redeatualbrasil.com.br – Acesso em: 25 nov. 2015. 18 Discurso de Ulysses Guimarães. Disponível em:

<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/camara-e-historia/339277-integra-do-discurso-presidente-da-assembleia-nacional-constituinte,--dr.-ulysses-guimaraes-(10-23).html>. Acesso em: 17 ago. 2016.

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São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a

moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade

e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição

(BRASIL, 1988, grifo nosso)

Considerada uma das constituições mais democráticas do mundo, a ‘Constituição

Cidadã’ viabiliza novos instrumentos urbanísticos de controle do uso do solo,

possibilita o acesso à terra e a democratização do solo urbano (FONTES, 2011, p.

29). Os Artigos 182 e 183, que versam sobre políticas urbanas, pré-definem

parâmetros importantes sobre o Plano Diretor e a função social da cidade:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público

municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar

o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-

estar de seus habitantes (BRASIL, 1988, grifo nosso).

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e

cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem

oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o

domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural

(BRASIL, 1988, grifo nosso).

Tais diretrizes constitucionais anteciparam, por exemplo, o conceito de urbanização

de favelas que só se consolidou após a Segunda Conferência das Nações Unidas

sobre Assentamentos Humanos (Habitat II), realizada em Istambul, Turquia, em 1996.

Nesse encontro foram tratados assuntos que definiram um plano internacional de

ações sobre o desenvolvimento social e a erradicação da pobreza (PMSP, 2008, p.

18). O objetivo seria o de enfrentar o problema dos assentamentos precários

existentes na maioria das periferias das cidades, o programa urbanização de favelas

traz propósitos que influenciam diretamente na vida da população de baixa renda. De

acordo com a Prefeitura Municipal de São Paulo (2008):

A urbanização de favelas tem como propósito central a superação de um conjunto de déficits relacionados à infraestrutura, acessibilidade, disponibilidade de equipamentos sociais e serviços públicos, como também a construção de novas e dignas moradias. [...] O conceito central desse tipo de intervenção é o da permanência da maioria dos moradores e da garantia de continuidade dos investimentos realizados na construção da moradia (PMSP, 2008, p. 19).

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Na década de 1980, em São Paulo, as primeiras experiências aconteciam de forma

isolada; mas fizeram com que o assunto fosse incorporado à agenda da política

habitacional e, posteriormente, fosse também transformado num dos componentes da

política habitacional, pois o programa ajudava a melhorar o estoque de soluções

habitacionais (PMSP, 2008, p. 18). O primeiro projeto de urbanização de favelas em

larga escala foi o Programa Guarapiranga, em 1990, com resultado positivo sobre o

bem-estar e a qualidade de vida das famílias moradoras das áreas especificadas

(PMSP, 2008, p. 18). Segundo Elisabete França, naquela época “... Eram poucas e

isoladas as experiências similares que pudessem servir como exemplo”. Centenas de

áreas foram trabalhadas, com erros e acertos, que permitiram concluir e considerar o

programa de mananciais um precursor da urbanização de favelas e como componente

importante da política habitacional nas cidades brasileiras (FRANÇA, 2009, p. 194).

França participou de vários projetos habitacionais (HIS), convidando alguns escritórios

de arquitetura para desenvolver estudos e propostas de empreendimentos, como o

Jardim Edith, que veremos adiante.

Os direitos da comunidade Jardim Edith só começaram a ser, efetivamente,

observado, quando o Sr. Gerôncio Henrique Neto se tornou líder comunitário, a partir

de 1995. A luta para garantir o direito dos moradores em permanecer na área

remanescente que não havia sido desocupada pela gestão Paulo Maluf, motivou o

líder a compreender e estudar a legislação e a Constituição; participou da União dos

Movimentos de Moradia (UMM) e das Jornadas pela Moradia Digna e formalizou a

comunidade na Associação de Moradores do Jardim Edith. Em 1996, com a

inauguração da Av. Água Espraiada19, a favela não sofreu mais intervenções e a

região passou por uma grande transformação e valorização fundiária. A situação dos

moradores do Jardim Edith se manteve inalterada até 2002, quando uma nova

perspectiva se abriu em função do Estatuto da Cidade.

Em 2001, o Estatuto da Cidade foi promulgado pela Lei 10.257, de 10 de julho, que

regulamenta os artigos 182 e 183 da ‘Constituição Cidadã’ e trata diretamente sobre

a política urbana. Denominada “Estatuto da Cidade” a Lei estabelece normas que

definem o “interesse social” e que regula o uso da propriedade urbana “em prol do

19 Atual Avenida Jornalista Roberto Marinho.

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bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio

ambiental” (BRASIL, 2001). O Estatuto da Cidade implementou inovações nas

práticas tradicionais da gestão urbana no Brasil, ou seja, a partir dele, os Planos

Diretores deveriam ser elaborados exclusivamente pelos poderes municipais,

devendo ser aprovados pela Câmara Municipal. Dessa forma, o Plano Diretor seria o

instrumento garantidor do desenvolvimento das funções sociais da cidade e do bem-

estar de seus cidadãos (FONTES, 2011, p. 31).

Em 2005, a SEHAB criou o Programa de Urbanização de Favelas (PUF), cujo foco

seria a urbanização e regularização fundiária de áreas degradadas, ocupadas

desordenadamente e sem infraestrutura. Dessa forma, para estimular a produção de

habitacional, a SEHAB melhorou a dinâmica e a sua administração, agilizando a

aprovação de projetos e estimulando a produção de habitações pelo mercado

imobiliário (PMSP, 2008). O PUF também previa a qualificação do espaço público,

tendo como objetivo principal a integração e inserção na malha urbana. Dessa forma,

projetos destinados a este fim deveriam apresentar soluções para os problemas de

saneamento, drenagem, acessibilidade, estabilidade e eliminação de riscos, além de

enfrentar o desafio central, articular os espaços e equipamentos públicos para criar

área de convivência social (PMSP, 2008, p. 19). Além disso, os projetos deveriam

considerar a morfologia urbana, a arquitetura existente e o terreno. Esses

condicionantes permitem criar soluções que proporcionam ao morador o acesso: aos

serviços básicos de infraestrutura, a novos equipamentos públicos e a espaços

coletivos, o que torna possível a socialização e a cidadania.

O Estatuto da Cidade, o Plano Diretor Estratégico e o Programa de Urbanização de

Favelas, em conjunto, representam uma mudança significativa das políticas públicas

em relação aos assentamentos precários e às comunidades carentes. A partir dessa

nova ‘visão de mundo’ a comunidade de Jardim Edith começa a ser beneficiada. Em

2001, foi aprovada a primeira Operação Urbana Consorciada para a região do córrego

Água Espraiada. Isto só foi possível devido ao Estatuto da Cidade e ao Plano Diretor

Estratégico de São Paulo (PDE) promulgado mediante à Lei 13.430, de 13 de

setembro de 2002 e normas complementares mediante à Lei 13.885, de 25 de agosto

de 2004, que garantiram a participação da população nas decisões.

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As Operações Urbanas Consorciadas, como a do Jardim Edith – mediante Art.32 do

Estatuto da Cidade e Art.225 do Plano Diretor Estratégico - são intervenções pontuais

de melhorias urbanas, sociais e ambientais em regiões específicas, que devem ser

coordenadas pelo Poder Público. Contudo, a escolha das melhores soluções e a

decisão a ser tomada deve ser mediante consulta pública.

Dessa forma, com o Plano Diretor Estratégico de 2002, o Jardim Edith foi consultado

e conquistou o direito de ter a área que ocupava, há mais de quarenta anos definida

como uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), destinada à promoção de

Habitação de Interesse Social (HIS).

A Operação Urbana Consorciada Água Espraiada (OUCAE) foi promulgada pela Lei

13.260/2001, aprovada logo após o Estatuto da Cidade, e teve como diretriz principal

a revitalização da região de sua abrangência, com intervenções que incluem sistema

viário, transporte coletivo, habitação social e criação de espaços públicos de lazer e

esportes (PMSP, 2016b). A área ocupada pela comunidade do Jardim Edith pertence

ao Setor 2-Berrini, compondo um total de seis setores o perímetro total da OUCAE (1-

Marginal Pinheiros, 3-Chucri Zaidan, 4-Brooklin, 5-Jabaquara e 6-Americanópolis)

(Figura 9).

Figura 9 - Perímetro e Setorização da OUCAE – Fonte: EMURB - Acesso: 27 ago. 2016.

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Portanto, a conquista da permanência da comunidade do Jardim Edith só foi possível

devido à mudança de ‘visão de mundo’ do poder público associado à persistência do

líder comunitário Sr. Gerôncio. Ele, junto com a Defensoria Pública, lutou pela garantia

dos direitos desses moradores, previamente estabelecidos pela ‘Constituição Cidadã’.

A definição da área da favela como ZEIS1 determinou os futuros embates promovidos

pelo interesse nessa área, principalmente pelo pool de empresários que se

organizaram para que a favela do Jardim Edith saísse do lugar que estava. As

pressões também aconteciam por parte do mercado imobiliário e políticos (informação

verbal), e, segundo relato do Sr. Gerôncio à Rede Brasil Atual: “A nossa Zeis foi

demarcada três vezes. Sempre na surdina. Mas a gente acompanhava tudo de perto,

teve muita gente que ajudou, dava toques. E a gente brigava, ia na Defensoria, no

Ministério Público. Até demarcar a zona de novo”. Outro depoimento do líder

comunitário à RBA foi sobre o incêndio que aconteceu no dia 4 de setembro de 2007:

“Fizeram uma audiência pública sobre a Operação Urbana na subprefeitura de Pinheiros, em setembro, e não queriam que a gente participasse. Nós lotamos o lugar e teimamos que íamos participar. Eles não conseguiram fazer a reunião, então remarcaram para um clube, para caber todo mundo”20.

Concluindo o relato:

“A reunião foi dia 3 de setembro, no dia 4 pegou fogo na favela. A coisa foi tão estranha que, no dia seguinte, cedinho, estavam todos aqui: secretários de assistência social e habitação, e o prefeito Kassab, com muitas alternativas para que as pessoas deixassem a favela”.

Naquela época, a favela era composta por 842 famílias21 e, provavelmente, a

estratégia para desarticular a comunidade e enfraquecer a liderança funcionou

parcialmente, pois parte dessa população acabou aceitando uma opção das propostas

ofertadas, por conta da incerteza sobre o futuro, por não acreditarem mais que

conseguiriam a moradia no mesmo lugar ou mesmo para não correr mais riscos de

acidentes.

Depois, em outubro de 2007, o Sr. Gerôncio entrou com uma ação na Justiça para

reivindicar que a Lei fosse cumprida e que a comunidade tivesse o direito de

permanecer no local original. Segundo informações disponíveis na Prefeitura

20 Fonte: www.redebrasilatual.com.br – Acessado em: 15 ago. 2016. 21 Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br - Acessado em: 21 jun. 2016.

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Municipal de São Paulo22, as famílias remanescentes da comunidade teriam que

escolher entre três opções: 1) compra de um imóvel em área pública escolhida pelo

proprietário no valor de R$ 8 mil; 2) recebimento do valor de R$ 5 mil que poderia

servir para retornar à cidade natal ou 3) receber Carta de Crédito a fim de viabilizar o

financiamento pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU). No

entanto, devido à ação judicial empreendida por Sr. Gerôncio, uma ordem judicial

suspendeu as remoções e promoveu a conciliação entre as partes envolvidas. Ainda

em 2007, um acordo foi estabelecido prevendo que fossem construídas unidades

habitacionais pela OUCAE - o residencial Jardim Edith -, o que fez aumentar as

opções para que as famílias pudessem agora escolher entre seis possibilidades: 1)

Programa de Arrendamento Residencial (PAR) Raposo Tavares; 2) escolha entre dois

empreendimentos da CDHU no Campo limpo ou em José Bonifácio; 3) a opção pela

Carta de Crédito; 4) escolha entre outros dois empreendimentos da OUCAE Estevão

Baião e Jardim Edith.

Dessa forma, algumas famílias da comunidade Jardim Edith aceitaram as propostas

da Prefeitura Municipal de São Paulo e seguiram destinos diferentes, pois muitos

deles não acreditavam que conseguiriam continuar a viver no mesmo local da favela

e que teriam o direito à habitação digna, conforme Tabela 1:

Destino dos moradores do Jardim Edith23:

Famílias Propostas

244 Ajuda de custo de R$ 5.000,00

130 Auxílio para compra de outro imóvel no valor de até R$ 8.000,00

54 Optaram por apartamentos no Residencial Estevão Baião - OUCAE

04 Optaram pelo empreendimento da CDHU em José Bonifácio

114 Optaram pelo empreendimento da CDHU em Campo Limpo

01 Optou pela carta de crédito para viabilizar o financiamento de um imóvel

pela CDHU.

240 Optaram por apartamentos no Residencial Jardim Edith.

Tabela 1 - adaptada pelo autor com informações disponíveis na página virtual da PMSP – 2009.

22 Ibidem. 23 Ibidem.

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Ao final do processo, foi fixado o número de 252 famílias destinadas a receber as

unidades habitacionais do futuro Conjunto Residencial Jardim Edith. Portanto, 252

famílias acreditaram na “teimosia” do líder comunitário Sr. Gerôncio.

Depois de um longo processo, o Jardim Edith seria efetivamente uma ZEIS 1, ou seja,

uma área urbana dotada de infraestrutura, equipamentos sociais, áreas verdes e

comércio, serviços e oportunidades de emprego, conforme define Fontes:

“As ZEIS dentro de uma operação urbana devem ter definido seus padrões específicos de parcelamentos, edificação, uso e ocupação do solo, e afixar preço e forma de financiamento, de transferência ou de aquisição das unidades habitacionais a serem produzidas, além de definir os critérios para a construção de áreas superior ao coeficiente de aproveitamento, viabilizando, assim, a oferta de Habitação de Interesse Social” (FONTES, 2011, p. 47)

Sem a ação da comunidade perante a justiça, provavelmente o mercado imobiliário

seria implacável na ocupação desta área, e as famílias do Jardim Edith seriam

expulsas para as periferias, repetindo a história de segregação na habitação popular.

“A utilização das ZEIS, como um zoneamento especial, tem significado de

mudança profunda na forma de utilização deste instrumento como

instrumentos de planejamento urbano, na medida em que passa a reconhecer

a ilegitimidade urbana como parte da cidade, bem como estabelece uma

forma de utilização do zoneamento com objetivo inverso da segregação

urbana” (ROMEIRO, 2010, p. 49).

A favela do Jardim Edith, originalmente, ocupava terrenos pertencentes tanto ao

Estado de São Paulo quanto ao Município de São Paulo (Figura 10). Apenas em 2007,

a Prefeitura Municipal iniciou o processo de remoção da população para destinar a

área a produção de habitações de interesse social (HIS).

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Figura 10 - Indicação dos lotes do Estado e Município. Fonte: Associação de Moradores do Jardim Edith –

Disponível em: <http://jardimedith.blogspot.com.br/> - Acessado em: 17 jul. 2016.

Dessa forma, pela primeira vez na história da cidade de São Paulo, uma HIS seria

construída com verba das Operações Urbanas Consorciadas24: Água Espraiada. Na

época, a Prefeitura Municipal descreveu a intervenção da seguinte maneira:

“No Jardim Edith, no Brooklin, serão construídas 252 unidades habitacionais divididas em dois tipos. Um com cinco pavimentos, com dois quartos, sala, cozinha, banheiro, distribuídos em 50 m² de área útil, e outro composto por três torres com 15 andares e apartamentos de 52 m². Esse último possui a inovação da utilização de elevadores. [...] O projeto envolve ainda a construção de uma Assistência Médica Ambulatorial (AMA), uma Unidade Básica de Saúde (UBS), uma creche e um restaurante-escola (onde se ministraram aulas de gastronomia). [...] Todos os condomínios são fechados com gradis, muros e portões. Possuem áreas de lazer coberta e descoberta, jardins, playground, quiosque, quadras de esporte e paisagismo”. (Portal da Prefeitura de São Paulo)25

No programa de necessidade acima descrito, destaca-se a verticalidade da proposta

e a presença de equipamentos públicos - AMA, UBS e Creche, estes só incluídos no

projeto mediante solicitação da comunidade, segundo Sr. Gerôncio26 (informação

verbal).

24 Operações urbanas são projetos de melhoria ambiental e de infraestrutura em áreas determinadas da cidade, financiados pela venda de potencial construtivo. 25 Ibidem. 26 Em visita ao conjunto residencial Jardim Edith, em 22 ago. 2015.

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No período de 2008 a 2013, foram desenvolvidas quatro propostas diferentes para o

Condomínio Residencial Jardim Edith, as quais foram objeto da dissertação de

mestrado de Monika Olczyk27. Segundo Olczyk, foram inúmeras as mudanças, desde

o número de famílias a serem contempladas até o perímetro do terreno, que na

primeira proposta era muito maior do que a área disponibilizada para a proposta final.

Esse fato se deve as propostas ofertadas pela Prefeitura às famílias do Jardim Edith,

os incrédulos optaram por outras moradias ou voltar para a cidade natal. Essa questão

faz refletir sobre o “lugar do pobre”, o destino será sempre a periferia, longe das

relações já consolidadas de emprego e escola, por exemplo, o Jardim Edith promove

a requalificação na vida da comunidade e a integração com a cidade, a

sustentabilidade social deve agregar valores aos projetos de habitação.

Segundo entrevista com a arquiteta Marta Moreira, do escritório MMBB, responsável

pelo desenvolvimento do projeto juntamente com o escritório H+F, “após diversos

estudos e propostas conforme a demanda solicitada pela SEHAB”, o projeto foi

totalmente concluído e entregue aos moradores em 2013. Elisabete França, então

superintendente da SEHAB entre os anos de 2005 e 2012, comenta o resultado:

“Trata-se de um momento importantíssimo para a cidade de São Paulo, principalmente para as famílias de baixa renda que há tanto tempo lutam para ter moradia digna nessas regiões valorizadas da cidade, onde residem há anos, mas das quais acabavam sendo removidas por causa das obras viárias”. (Portal da Prefeitura de São Paulo)28

O terceiro capítulo irá apresentar a análise do projeto arquitetônico do Conjunto

Residencial Jardim Edith, que pertence ao metro quadrado mais valorizado da cidade

de São Paulo, onde podemos verificamos a transformação e inserção da população

de baixa renda nos centros urbanos, sendo uma conquista particular dessa

comunidade que se uniu, lutou e acreditou que a Lei pudesse ser respeitada e

cumprida.

27 Dissertação: Problemática e metodologia projetual para habitação de interesse social: análise do conjunto residencial Jardim Edith – Ano: 2015. 28 Disponível em: < http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao/noticias/?p=23970> - Acessado em: 02 set.2015.

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CAPÍTULO 3 | EDITH: CONJUNTO RESIDENCIAL

Antes de iniciar a análise do projeto Jardim Edith, se fez necessário apresentar

algumas referências da arquitetura social que antecedem a proposta deste Conjunto

Residencial.

O tema da habitação era um assunto constante nos Congressos Internacionais da

Arquitetura Moderna (CIAMs), as discursões e propostas para a “casa mínima”, foram

praticadas na arquitetura moderna nos projetos de habitação coletiva.

O 2º Congresso CIAM, realizado em 1929, Frankfurt, Alemanha, tinha como tema “A

Habitação para o Mínimo de Vida”, destaca a presença dos alemães, em sua maioria

socialistas ou trabalhando para administrações progressistas (BRUNA, 2010, p.46).

O 3º Congresso CIAM, realizado em 1930 em Bruxelas, apresentou o tema “Métodos

Construtivos Racionais”, as discussões foram sobre a verticalização das propostas

habitacionais, Le Corbusier tinha uma posição favorável aos edifícios de grande altura,

altas densidades, habitações com elevadores e a rua-corredor em altura (BRUNA,

2010, p. 54), a convicção do arquiteto fez com que anos mais tarde materializasse a

Unitè Habitacion.

Walter Gropius com sua palestra “Construção Baixa, Média ou Alta?”, também

defendia a verticalização dos edifícios habitacionais como sendo econômicos e

racionais, incluindo também as necessidade psicológicas e socais da moradia

(BRUNA, 2010, p. 55).

Verifica-se que as propostas de habitações como o Jardim Edith, já eram discutidas

pelos arquitetos modernos há muito tempo. Le Corbusier concretizou está utopia em

1952, com a Unitè d’Habitation de Marselha, França, onde utilizou os cinco conceitos

da arquitetura moderna que desenvolveu em 1920, além de produzir as unidades

habitacionais pelas proporções modulares, advindas dos estudos realizados com o

Modulor, em 1948.

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O projeto da Unitè d’Habitation, possuía um programa concebido para moradias,

serviços, comercio, lazer, no qual as pessoas pudessem usufruir de uma estrutura

vertical com dezoito pavimentos mais a cobertura, espaços privados e coletivos.

No Brasil, em 1930, “Era Vargas”, foram criados os Institutos de Aposentadoria e

Pensões (IAPs) geridos pelos órgãos previdenciários de cada classe trabalhadora,

que contratavam os arquitetos para projetar os edifícios habitacionais, que se

tornaram expressivos exemplares da arquitetura moderna, refletindo os temas

debatidos nos primeiros CIAMs.

O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Morais, conhecido popularmente como

Pedregulho, concluído em 1952, Rio de Janeiro, é um exemplar da arquitetura

moderna social, concebido pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy. O projeto previa

além dos blocos de habitação, instalações para lavanderia coletiva mecânica,

mercado, posto de saúde, creche, escola primária, ginásio, piscina, clube, campo de

jogos e recreação (BRUNA, 2010, p. 164).

Em São Paulo, os arquitetos Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Flávio

Penteado, projetaram o Conjunto Habitacional Cecap Zezinho Magalhães Prado, na

cidade de Guarulhos, em 1967, que seguiam os conceitos de Le Corbusier, pilotis,

planta e fachada livre, janelas em fita, só não utilizaram o teto jardim, mas

acrescentaram ao projeto armários embutidos na alvenaria, que ampliava a área da

“casa mínima”, além de produzir um efeito linear na volumetria do edifício e ajudar na

proteção dos caixilhos.

“O projeto sintetizou conceitos de funcionalidade, racionalidade e ideais

sociais democráticos que moveram arquitetos e urbanistas modernos [...].

Concebido como protótipo, o Cecap atendeu a um amplo programa com

comércio, centro educacional, centros comunitário e de saúde, estádio, áreas

verdes e unidades habitacionais de 64 m² distribuídas em blocos de três

pavimentos sobre pilotis” (CARRANZA; CARRANZA, 2015).

Esses exemplos construíram referências significativas, que permanecem contribuindo

com a arquitetura até os dias atuais. Os conceitos modernos da Unitè d’Habitation,

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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ainda reverberam como exemplo de uma arquitetura de qualidade. Assim como os

projetos de Pedregulho e Cecap, apresentam a linearidade desse pensamento e se

destacam na habitação social.

O Conjunto Residencial Jardim Edith, apresenta características que remetem às

referências citadas, talvez, por uma suposta herança deixada por Vilanova Artigas ao

seu legado.

Como metodologia foi adotado a seguinte estrutura29:

Ficha Técnica: Será apresentada no início das análises, com o objetivo de

organizar as informações sobre o projeto, contendo os seguintes itens:

- Localização;

- Tipo de obra;

- Programa;

- Ano de início do projeto;

- Ano de conclusão da obra;

- Área do terreno;

- Área construída;

- Coeficiente de aproveitamento;

- Clientes;

- Coordenador;

- Projeto Arquitetônico;

- Projetos complementares;

- Consultorias;

- Fornecedores.

Desenhos técnicos: Serão apresentados seguindo a ordem: plantas, cortes,

e fachadas, com escala gráfica e textos de análise.

29 A apresentação deste capítulo teve como referência a dissertação de mestrado do Arq. Edson Lucchini Jr.

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Ordenação das pranchas: Devido os diferentes programas do projeto, definiu-

se como critério de apresentação das pranchas a seguinte ordem:

1- Planta de Situação;

2- Implantação;

3- Restaurante-escola;

4- Unidade Básica de Saúde (UBS);

5- Creche;

6- Torres Habitacionais (1, 2 e 3);

7- Lâminas Habitacionais (1 e 2);

8- Unidades Habitacionais (UH).

Siglas de identificação: Para uma leitura mais dinâmica foram adotadas as

siglas para identificação dos desenhos, conforme a Figura 11:

A- Torre 1;

B- Restaurante-escola;

C- Lâmina 1;

D- Unidade Básica de Saúde (UBS);

E- Torre 2;

F- Torre 3;

G- Lâmina 2

H- Creche.

Símbolos de apresentação: No cabeçalho de cada prancha será apresentada

a planta de situação da prancha em análise, conforme Tabela 2:

Figura 11 - Planta de Localização – Fonte: SEHAB (arquivo DWG) – Adaptado pelo autor.

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Tabela 2 - Símbolos - Planta de Situação - Elaborado pelo autor.

Na análise das unidades habitacionais será acrescentado no cabeçalho a Planta de

Localização da tipologia em estudo inserida no pavimento tipo. Dessa forma a UH e

as suas repetições serão identificadas com maior rapidez, independente do seu

arranjo simétrico, reflexão ou rotação, de acordo com o exemplo da Tabela 3:

IMPLANTAÇÃO

QUADRA 1

QUADRA 2

TORRES 1, 2 e 3

LÂMINAS 1 e 2

RESTAURANTE-ESCOLA

UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

CRECHE

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Título da prancha: Informa o nome da prancha em análise.

Contextualização: As informações de caráter geral e comum entre os

desenhos serão apresentadas no início da prancha.

Análises gerais: Para realizar o estudo do projeto definiu-se alguns temas

para análise:

- Terreno, implantação e entorno;

- Pavimentos: térreo, condominial e habitacional;

- Unidades Habitacionais (UH);

- Estrutura e detalhes construtivos;;

- Qualidade arquitetônica;

Análises específicas: Após o título e as análises especificas, serão

apresentadas na sequência de acordo com os temas, indicados anteriormente,

e os critérios abaixo:

1- Acessos, fluxos e circulações;

2- Setorização dos ambientes;

3- Leiaute dos ambientes;

4- Iluminação e ventilação;

5- Instalações: hidráulicas e elétricas.

TORRE 1

UH - analisada

UH - repetição

LÂMINA 1

UH - analisada

UH - repetição

Tabela 3 - Planta de Localização da UH - Elaborado pelo autor.

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CONJUNTO RESIDENCIAL JARDIM EDITH:

O PROJETO

Figura 12 - Estudos para o Conjunto Residencial Jardim Edith - Fonte: MMBB Arquitetos – Intervenção do autor.

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Figura 13 - Vista aérea do Conjunto Residencial Jardim Edith - Fonte: Google Earth – Intervenção do autor.

FICHA TÉCNICA30

Localização: Avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini com a esquina da Avenida

Jornalista Roberto Marinho - São Paulo, SP

Tipo de obra: Habitação popular

Programa: Unidades habitacionais, restaurante-escola, unidade básica de saúde e

creche

Ano de início do projeto: 2008

Ano de conclusão da obra: 2013

Área do terreno: 19.000 m²

Área construída: 25.714 m²

Coeficiente de aproveitamento: 1,35

Clientes: Prefeitura Municipal de São Paulo - Secretaria Municipal de Habitação

(SEHAB) | Superintendência de Habitação Popular (HABI) e Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Urbano (SMDU)

Coordenador SEHAB (à época): Luiz Fernando Arias Fachini

PROJETO ARQUITETÔNICO31

MMBB Arquitetos

Arquitetos: Marta Moreira, Milton Braga e Fernando de Mello Franco;

Colaboradores: Eduardo Martini, Marina Sabino, Giovanni Meirelles, Cecilia Góes,

Gleuson Pinheiro, Adriano Bergemann, André Rodrigues Costa, Maria João

Figueiredo, Naná Rocha, Tiago Girao, Guilherme Pianca, Gisele Mendonça, Eduardo

Pompeu, Rafael Monteiro e Lucas Vieira;

30 Elaborado pelo autor a partir das informações disponíveis nos sites: MMBB, H+F, Vitruvius e Archdaily – Acessado em: 15 jun.2016. 31 Informações obtidas nos sites dos escritórios de arquitetura MMBB e H+F.

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H+F Arquitetos

Arquitetos: Eduardo Ferroni e Pablo Hereñu;

Colaboradores: Tammy Almeida, Joel Bages, Natália Tanaka, Diogo Pereira, Gabriel

Rocchetti, Tiago Benucci, Mariana Puglisi, Luca Mirandola, Thiago Moretti, Bruno

Nicoliello e Renan Kadomoto.

PROJETOS COMPLEMENTARES

Estrutura: Kurkdjian e Fruchtengarten Engenheiros Associados (Projeto 2008) e

Projetal Projeto Estrutural e Consultoria (Projeto 2010)

Fundações: MAG Projesolos Engenheiros Associados (Projeto 2008) e Portella

Alarcon Engenheiros Associados (Projeto 2010)

Sondagem: Geosolo Geotecnia e Engenharia de Solos

Instalações: PHE Projetos Hidráulicos e Elétricos

Paisagismo: Suzel Márcia Maciel (Projeto 2008) e Ricardo Vianna [Bonsai

Paisagismo] (Projeto 2010)

Orçamento: Nova Engenharia

Construtora: KALLAS Engenharia

Gerenciadora: Consórcio Bureau Sistema PRI

CONSULTORIAS

Projeto geométrico: System Engenharia

Impermeabilização: Proiso Projetos e Consultoria de Impermeabilização

Estrutura metálica: Cia de Projetos

FORNECEDORES

Esquadrias de alumínio: Trialux Esquadrias Metálicas

Esquadrias de aço: Serralheria Arcobox

Esquadrias de madeira: Eucatex

Elevadores: Otis

Tubulações: Tigre e Amanco

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PLANTA DE SITUAÇÃO

O Conjunto Residencial Jardim Edith está localizado na Zona Sul da cidade de São

Paulo. O terreno de aproximadamente 19 mil metros quadrados possui em seu

perímetro ruas com características bem distintas, a principal avenida, a Berrini,

responsável pelo desenvolvimento do bairro e pela concentração edifícios ocupados

por escritórios coorporativos, em sua maioria do setor terciário, além de fazer a

conexão da Rua Funchal com a Av. Dr. Chucri Zaidan, a Av. Jornalista Roberto

Marinho possui um viário de fluxo intenso, e, futuramente será prolongada para fazer

a ligação com a Rodovia doa Imigrantes conforme proposta da OUCAE, as ruas

Charles Coloumb, George Ohm e Araçaíba possuem um fluxo menos intenso e

preservam um pouco das características do antigo bairro, assim como a Praça Arlindo

Rossi, que favorece a integração das pessoas que moram em seu entorno. No

desenvolvimento do projeto a praça foi considerada como uma extensão para o lazer

dos futuros moradores do Jardim Edith. Outra consideração proposta foi o

prolongamento da Rua George Ohm até a Av. Jornalista Roberto Marinho, que dividiu

o antigo terreno em duas quadras (Figura 15).

Planta de Situação

Rua Charles Coloumb

Av

. B

err

ini

Ru

a G

eo

rge

Oh

m

Praça

Arlindo

Rossi

Figura 14 - Localização do Conjunto Residencial Jardim Edith – Fonte: H+F Arquitetos - Adaptado pelo autor.

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IMPLANTAÇÃO

O projeto do Conjunto Residencial Jardim Edith contemplou além das 252 unidades

habitacionais, três equipamentos públicos, divididos nas duas quadras (Figura 16).

Cada UH possui aproximadamente 50 m² distribuídos em três torres e duas lâminas,

conforme Tabela 4:

QUADRO DE ÁREAS E DISTRIBUIÇÃO

TERRENO EQUIPAMENTOS PÚBLICOS UNIDADES HABITACIONAIS

QUADRA 1

Restaurante-escola (850 m²) Torre 1 (60 UH) Lâmina 1

(40 UH) UBS (1.300 m²) Torre 2 (60 UH)

QUADRA 2

Creche (1.400 m²) Torre 3 (60 UH) Lâmina 2

(32 UH)

Tabela 4 – Quadro de Áreas e Distribuição. Fonte: Revista Projeto Design, julho de 2013 – Elaborado pelo autor.

Para atender todos programas dentro do limite do terreno, os arquitetos utilizaram

como solução a sobreposição de usos, constituindo a seguinte distribuição vertical:

1) Embasamentos (térreo): acessos independentes aos equipamentos públicos, torres

e lâminas habitacionais;

2) Pavimento condominial (primeiro andar): espaço reservado para a vivência e lazer

dos moradores;

Planta de Situação

Figura 15 – Implantação do Conjunto Residencial Jardim Edith - Adaptado pelo autor.

Acesso as Unidade Habitacionais Acesso aos Equipamentos Públicos

QUADRA 1 QUADRA 2

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3) Pavimento habitacional: encontram-se distribuídas nas torres do 2º ao 15º andar, e

nas lâminas, do 2º ao 4º andar.

De acordo com a Figura 17, os equipamentos públicos estão localizados no pavimento

térreo nas Quadras 1 e 2. As duas lâminas habitacionais localizam-se sobrepostas ao

embasamento do térreo, onde a Lâmina 1(C) encontra-se sobre o restaurante-escola

(B) e a UBS (D), e a Lâmina 2 sobre a creche (H). As entradas principais desses usos

estão voltadas para a Rua Charles Coloumb. As três torres encontram-se

posicionadas de forma paralela nas Quadras 1 e 2. A Torre 1 (A) tem seu acesso

principal pela Av. Berrini, as Torres 2 (E) e 3 (F), pela Rua George Ohm.

A distribuição dos acessos proporciona uma maior circulação de pedestres pela Rua

Charles Coloumb, que possui um fluxo local e proporciona a sensação de segurança.

As calçadas possuem medidas generosas e proporciona passeio confortável, o

alargamento foi possível devido a decisão dos arquitetos em ceder à cidade o recuo

das quadras dos conjuntos. O mesmo não acontece na Av. Jornalista Roberto

Marinho, que possui a característica de via expressa e torna o passeio menos

agradável, o que determina um fluxo menor de pessoas. Segundo Marta Moreira,

refletindo sobre as decisões projetuais “...talvez hoje optasse pela entrada da UBS

pela Roberto Marinho, poderia torná-la menos inóspita”32. E conclui: “... a questão de

32 Entrevista realizada no escritório MMBB, em 27 jan.2016.

Figura 16 - Indicação dos programas e sobreposição dos usos - Adaptado pelo autor.

Equipamentos públicos Pavimento condominial

Torres habitacionais Lâminas habitacionais

Av. Berrini Rua George Ohm

Rua Araçaíba

Rua Charles Coloumb

Av. Jornalista

Roberto Marinho

A B C D E F G H

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incorporar esses espaços de exigência legal ao passeio público, acaba imprimindo

uma qualidade”.

Com o alargamento das calçadas foi possível prever algumas vagas para automóveis

na Rua Charles Coloumb, com características de uso público e que ocupa parte do

recuo do limite do terreno do conjunto. Essa solução revela outra decisão projetual,

segundo Marta Moreira:

“A questão do estacionamento, isso era uma outra decisão naquele lugar da cidade tão bem servido de transporte público, não ocupar o térreo com vagas de estacionamento. Se você imaginar que uma unidade tem 50m² e uma vaga ocupa em média 25m², além do que existe o custo para a realização dessa vaga, então isso era outra questão. O estacionamento na verdade, eles estão localizados no alargamento da própria via para garantir algumas vagas. Então essa questão dos recuos fez com que o limite estivesse coincidindo com o limite da construção. Então os recuos na verdade foram incorporados no alargamento do passeio público, para que tivessem calçadas que fossem mais confortáveis e que pudessem criar essas vagas ao longo da via”.33

Conforme projeto de implantação foram previstas 44 vagas: 24 vagas estão na Quadra

1 e outras 20 vagas disponíveis na Quadra 2. Por ser de uso público e estar no recuo

do conjunto, alguns moradores acabaram se apropriando e demarcando a vaga com

o número do apartamento. De acordo com um morador, “... no início era um pouco

difícil a convivência com as pessoas que trabalham próximo ao Edith, porque usavam

as vagas e não respeitavam os moradores, e após algumas tentativas de negociação

resolveram o assunto” (informação verbal)34. De certa forma a demarcação acaba

inibindo outras pessoas de usarem as vagas, que podem ser utilizadas quando estão

vazias, devido ao caráter de uso público.

Uma outra curiosidade sobre o alargamento da calçada foi no momento da solicitação

da entrada de energia para o conjunto, pois esta deve estar localizada no limite do

lote para que a concessionária de energia faça a instalação, e como no projeto do

Jardim Edith o limite do lote era uma linha virtual, que gerou uma incompatibilidade

pela rigidez das normas da concessionária, devido a esse fato a solução foi instalar

diversos postes onde seria o limite do lote para que a energia fosse instalada.

33 Ibidem. 34 Visita realizadas em 27 fev.2016.

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QUADRA 1

A Quadra 1 é composta pela implantação da Torre 1 (A) e Torre 2 (E), ambas possuem

17 pavimentos, sendo, Pavimento Térreo, Pavimento Condominial e Pavimentos

Habitacionais (15 andares com 4 UH); da Lâmina 1 (C) que possui 6 pavimentos,

sendo, Pavimento Térreo, Pavimento Condominial e Pavimentos Habitacionais (4

andares com 10 UH, no 2º e 3º andar e 20 UH, no 4º andar), as soluções projetuais

das habitações serão apresentadas adiante.

Os equipamentos públicos dessa quadra são compostos pelo Restaurante-escola (B),

que ainda não está em funcionamento, porém, foi possível visualizar pelas janelas a

existência de alguns mobiliários ainda lacrados, segundo os novos líderes

comunitários Sr. Vanderlei e Sr. José Henrique “... o espaço ainda não foi ocupado

porque para fazer a ligação da energia elétrica a concessionária precisa do CNPJ do

futuro proprietário”35; e pela UBS, que atende toda a população do entorno, sendo um

benefício para os moradores do Jardim Edith, por proporcionar um maior conforto

principalmente aos moradores idosos.

35 Ibidem.

Planta de Situação

Figura 17 - Perspectiva da Quadra 1 – Fonte: H+F Arquitetos – Adaptado pelo auto.

Rua George Ohm

Av. Jornalista

Roberto Marinho

A

B

C

D

E

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QUADRA 2

A Quadra 2 é composta pela Torres 3 (F), com as mesmas características das torres

da Quadra 1, com 17 pavimentos, divididos em Pavimento Térreo, Pavimento

Condominial e Pavimentos Habitacionais, cada torre possui 60 UH, totalizando 180

UH; e pela Lâmina 2 (G), projetada como a Lamina 1, sendo diferenciada pela

quantidade total de UH, esta possui 32 UH e a primeira 40 UH, somando juntas 72

UH. O Conjunto Residencial Jardim Edith atende 252 famílias, composta de no mínimo

4 pessoas, ou seja, o Programa de Urbanização de Favelas conseguiu assistir 1.00836

pessoas (esse número não é exato, pois o núcleo familiar é bastante diversificado).

A Creche de Educação Infantil – CEI (H), atende toda a população do entorno e

localiza-se no final da Rua Charles Coloumb (que se torna mais tranquila com o

distanciamento da Av. Berrini) com a Rua Araçaíba, está sob a Lâmina 2 (G) e foi

projetada para estar em frente à Praça Arlindo Rossi, onde atividades recreativas e

pedagógicas pode contribuir para a socialização das crianças.

36 Para obter esse número, multiplicou-se as 252 UH por 4 pessoas (número mínimo que compõe uma família).

Planta de Situação

Figura 18 - Perspectiva da Quadra 2 – Fonte: H+F Arquitetos - Adaptado pelo autor.

Rua Charles Coloumb

Rua Araçaíba

G

H

F

Praça Arlindo Rossi

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IMPLANTAÇÃO DO CONJUNTO RESIDENCIAL JARDIM EDITH

Planta de Situação

Rua George Coloumb

Av.

Berr

ini

Rua C

harl

es O

hm

A

A

Figura 19 - Implantação do Conjunto Residencial Jardim Edith – Fonte: H+F Arquitetos – Adaptado pelo autor.

Figura 20 - Corte Longitudinal - Conjunto Residencial Jardim Edith – Fonte: H+F Arquitetos - Adaptado pelo autor.

Praça Arlindo Rossi

H G F

D

E B A

C

H G F D E B A C

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RESTAURANTE-ESCOLA

O Restaurante-escola é o primeiro equipamento público a ser apresentado conforme

implantação do projeto arquitetônico. Assim como a UBS e a Creche, também foi uma

reinvindicação da Associação de Moradores do Jardim Edith. E após três anos da

finalização da obra ainda não foi inaugurado. O Sr. Gerôncio, na época, acreditou ser

de grande importância para que as pessoas da comunidade pudessem aprender uma

profissão e ter a oportunidade de emprego, devido a demanda da região.

O Restaurante-escola localiza-se entre a Torre 1 (A) e a UBS (D), e está sob a Lâmina

1 (C). O acesso principal do Restaurante-escola (1) acontece pela Rua Charles

Coloumb, onde também está o estacionamento (2) com algumas vagas para

automóveis e espaço para carga e descarga. O acesso secundário refere-se a entrada

de serviços (3) e está localizada na esquina da Av. Berrini com a Av. Jornalista

Roberto Marinho, na lateral direita da Torre 1 (A).

Planta de Situação

Figura 21 – Planta de fluxos – Restaurante-escola – Fonte: SEHAB (arquivo DWG) – Adaptado pelo autor.

A D

C

1

3

2

Acesso ao Público

Acesso Restrito

Acesso controlado

B B

A

A

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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A setorização do Restaurante-escola possui a seguinte distribuição: setor público –

atendimento aos clientes; setor técnico – restrito ao profissionais e estudantes; setor

de ensino – sala de aula (Figura 22).

31

29

4

6 7

13

5

8

11

14

17

18 19

24

28

22 25 21

16

20

12

9

26

10

Figura 22 - Planta de Setorização - Restaurante-escola – Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

27

1- Hall acesso público;

2- Acesso veículos / serviço;

3- Acesso de serviços;

4- Espera;

5- Hall de sanitários públicos;

6- Administração;

7- Caixa;

8- Despensa;

9- Saladas (pré-preparo e finalização);

10- Bar;

11- Vestiário masculino;

12- Confeitaria, panificação, massas;

13- Salão (138 lugares);

14- Depósito de máquinas;

15- Cocção;

16- Finalização;

15

17- Vestiário Feminino;

18- Vestiário Acessível;

19- Depósito de material de limpeza (DML);

20- Lavagem;

21- Recebimento de mercadorias;

22- Rouparia;

23- Varanda de circulação;

24- Sala de aula;

25- Área de carga/descarga;

26- Pátio de serviço/estacionamento;

27- Reservatório do restaurante e UBS;

28- Jardim;

29- Abrigo de água;

30- Abrigo de gás;

31- Sala de energia.

23

30

1

3

2

A D

C

B B

A

A

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Analisando o projeto do Jardim Edith, pode-se concluir que a localização do

Restaurante-escola, próximo da Av. Berrini, foi definida pelo grande fluxo de pessoas

no horário do almoço, portanto, mais convidativo aos futuros clientes.

O programa do Restaurante-escola é bem distribuído, sua forma retangular encontra-

se entre duas áreas permeáveis: pátio de carga/descarga (Figura 24) voltado para a

área técnica (cozinha), e o jardim (Figura 25), onde o salão do restaurante (13) foi

posicionado. Além de proporcionar conforto visual aos clientes, auxilia na iluminação

e ventilação natural do ambiente.

O acesso secundário, está conectado diretamente com a cozinha, que possui uma

área de recebimento (21), e um corredor que interliga as várias praças que compõem

a cozinha, como exemplo, área de preparação de pratos frios, quentes, massa,

Figura 23 - Pátio de carga/descarga - Restaurante-escola - Fonte: Arquivo do autor, 2016.

Figura 24 - - Restaurante-escola - Salão e vista do jardim - Fonte: Nelson Kon (cedido por H+F Arquitetos)

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confeitaria, entre outros (ver Figura 23). Verifica-se uma circulação com acessos bem

definidos para todos os espaços, sem o cruzar os fluxos.

A sala de energia (31) localiza-se em uma parte do pavimento térreo da Torre 1. A

sala de aula (24) do Restaurante-escola, se mescla com a área da UBS (C), porém

sem nenhuma conexão direta, seu acesso acontece por uma varanda de circulação

(23) que passa pelo jardim (28), onde se encontram as torres dos reservatórios (27)

do restaurante e da UBS.

Figura 27 - Corte BB - Restaurante-escola - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 26 – Corte AA - Restaurante-escola - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 25 – Fachada do Restaurante-escola - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

13

24 22 25 21 23

4

13

4- Espera;

13- Salão (138 lugares);

21- Recebimento de mercadorias;

22- Rouparia;

23- Varanda de circulação;

24- Sala de aula;

25- Área de carga/descarga;

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UBS – UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

A Unidade Básica de Saúde37 (UBS), sendo o segundo equipamento público a ser

apresentado conforme implantação do projeto arquitetônico. Está localizada entre o

Restaurante-escola (B) e a Torre 2 (E), e sob a Lâmina 1 (C). O acesso principal (1)

acontece pela Rua Charles Coloumb, e ao lado existe o acesso para o pátio de serviço

e estacionamento (30).

Ao entrar na UBS encontra-se um amplo salão de espera para os pacientes. O espaço

é iluminado e ventilado pelas três claraboias construídas na laje do pavimento

condominial. As fachadas (norte e sul) da UBS receberam elementos vazados que

permitem a ventilação cruzada e mantem a privacidade da circulação técnica (11)

utilizada por médicos e funcionários, como podemos verificar na Figura 30.

37 Unidades Básicas de Saúde (UBS) são locais onde você pode receber atendimentos básicos e gratuitos em Pediatria, Ginecologia, Clínica Geral, Enfermagem e Odontologia. Os principais serviços oferecidos pelas UBS são consultas médicas, inalações, injeções, curativos, vacinas, coleta de exames laboratoriais, tratamento odontológico, encaminhamentos para especialidades e fornecimento de medicação básica. Fonte: https://www.spdm.org.br/onde-estamos/outras-unidades/unidade-basica-de-saude-ubs - Acessado em: 28 out.2016.

Planta de Situação

1

30

Figura 28 - Planta de fluxos - UBS - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Acesso ao Público Acesso Restrito Acesso controlado

B

C

E

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 68

1- Vestíbulo acesso a farmácia;

2- Farmácia e depósito;

3- Acesso público;

4- Espera 80/100 pessoas;

5- Atendimento;

6- Administração;

7- Recepção;

8- Gerência;

9- Arquivo;

10- Consultórios médicos;

11- Varanda de circulação técnica;

12- Sala programa acompanhamento idoso;

13- Sala de fisioterapia;

14- Sala de terapia ocupacional;

15- Sala de grupos;

16- Sala de emergência;

17- DML;

18- Esterilização;

19- Expurgo;

20- Consultório odontológico e Raio-X;

21- Sala de curativo;

22- Sala de inalação;

23- Sala de coleta;

24- Sala de imunização;

25- Fraldário;

26- Acesso sanitários;

27- Almoxarifado;

28- Compressor;

29- Sala de aula;

30- Pátio de serviço/estacionamento;

31- Copa;

32- Banheiro/vestiário feminino;

33- Banheiro/vestiário masculino;

34- Sala de agentes;

35- Abrigo lixo;

36- Medidores Elétrica;

37- Medição de água e gás.

30

1 2

5 6

9 31

4

26

28

11

18

29

15 14

13 12

10

11

10 20

21 22 23 24

3

7

8

10 10 10 10 10 10

16

17

19

10

25

27

32

33

34

35

36

37

Figura 29 - Planta de Setorização – UBS – Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

B

C

E

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 69

A setorização da UBS acontece pela distribuição dos consultórios preenchendo o

perímetro do salão de espera. Nas laterais, direita e esquerda, localizam-se os

consultórios médicos (10) e outras especialidades. No fundo do salão existe uma sala

(29) para reuniões, cursos e palestras, que se abre para o jardim do Restaurante-

escola, compartilhado visualmente e que traz iluminação e ventilação a este ambiente

(Figura 31).

A parte administrativa (6) antecede os ambientes, estando próximo à entrada da UBS,

onde é realizado o atendimento (5) dos pacientes. Da mesma forma como o

Restaurante-escola ocupa uma parte da UBS e do pavimento térreo da Torre 1, a UBS

ocupa a metade da área do pavimento térreo da Torre 2, seu acesso acontece pela

circulação técnica (11), passa pelo pátio de serviço (30) e chega ao apoio da UBS,

onde estão os vestiários (32 e 33), a copa (31) e sala dos agentes (34). Mas esta

solução não agrada aos moradores da Torre 2 (E), segundo o síndico “... é uma

situação desconfortável, o nosso térreo não possui a mesma área das outras torres”

(informação verbal)38. A parte de instalações são acessadas pela parte externa,

próximo ao acesso da entrada, onde estão o abrigo de lixo (35), medidores de elétrica

(36), água e gás (37).

38 Visita realizada em 09 abr. 2016.

Figura 30 - Salão de espera e sala de reunião com vista para o jardim - Fonte: Nelson Kon (cedido por H+F Arquitetos).

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 70

Figura 32 - Corte AA - UBS - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 33 - Corte BB - UBS - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 31 - Claraboias - Pavimento Condominial - Lâmina 1 - Fonte: Arquivo do autor, 2015.

30

5

4 29

3

3

9 27

33

3- Acesso público;

4- Espera 80/100 pessoas;

5- Atendimento;

6- Administração;

7- Recepção;

9- Arquivo;

27- Almoxarifado;

29- Sala de aula;

30- Pátio de serviço/estacionamento;

33- Banheiro/vestiário

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 71

CRECHE: PAVIMENTO TÉRREO

A Creche é o terceiro e último equipamento público a ser apresentado, conforme a

sua implantação do projeto arquitetônico. Localiza-se na Quadra 2, no final da Rua

Charles Coulomb, onde o fluxo de veículos é menor. Está posicionada em frente à

Praça Arlindo Rossi. Seu programa está dividido em dois pavimentos, um térreo e

outro superior.

Planta de Situação

Figura 34 - Planta de fluxos - Creche Pavimento Inferior - Fonte SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 35 - Planta de fluxos - Creche Pavimento Superior - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Acesso ao Público Acesso Restrito Acesso controlado

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 72

Sua forma trapezoidal surge do desenho da esquina do terreno da Rua Araçaíba, que

possibilitou um volume interessante para o equipamento. A volumetria da rampa é

marcada na fachada principal (Figura 40) dando movimento, os elementos vazados

contribuem com seus vazios para a permeabilidade. Internamente os volumes e cores

estimulam a criativa das atividades infantis.

Ao acessar a creche (1), logo no vestíbulo (espaço intermediário entre o público e

privado), está a Secretaria (3), posterior a este ambiente encontra-se as Salas:

Coordenador pedagógico (25), Diretoria (24), que compõem o setor administrativo.

Figura 36 - Planta de Setorização - Creche Pavimento Inferior - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

2

8

3

4 5

22 21

6

16

17

26

18 19 20

13

10

9 11

11 11

11

12

11

11

14

15

1

7

24 25

10

26

27

27

1- Acesso;

2- Vestíbulo;

3- Secretaria;

4- Pátio coberto;

5- Reservatório;

6- Tanque de areia;

7- Jardim;

8- Brinquedoteca;

9- Sala dos professores;

19- DML;

20- Lavanderia;

21- Abrigos;

22- Vestiários de funcionários;

23- Sanitários;

24- Diretória;

25- Coordenador pedagógico;

26- Rampa;

27- Escada;

10- Almoxarifado;

11- Sala minigrupo;

12- Sanitário infantil;

13- Sanitário acessível;

14- Depósito;

15- Circulação coberta;

16- Refeitório;

17- Cozinha;

18- Despensa;

23

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 73

No térreo, um grande pátio descoberto e gramado (7) permite que as crianças maiores

possam brincar e interagir, o refeitório (16) e a cozinha (17) estão dispostos na parte

posterior do acesso principal. Pelo refeitório se tem acesso a rampa (27) que conduz

ao pavimento superior. O setor pedagógico se constitui pelas salas dos minigrupos

(11), conjunto de sanitários (12 e 13), brinquedoteca (8) e sala dos professores (9),

localizadas no pavimento térreo.

No pavimento superior estão os berçários (30) e o banho/troca (31), o lactário (28) e

sua cozinha de apoio (29). Pode-se concluir, que a localização destes dois espaços

se deve ao grande pátio descoberto (Figura 39), que pode ser utilizado como solário

aproveitando-se os melhores horários - antes das 10 horas ou após às 16 horas -

quando os raios ultravioletas são menos intensos para a exposição dos bebês entre

10 e 20 minutos por dia. A creche aproveita toda a insolação do dia nas orientações

leste, norte e oeste, por não ter nenhuma edificação vizinha que a prejudique.

Figura 37 - Planta de Setorização - Creche Pavimento Superior – Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

26

27

28 26 28

29 31 31

33 G

30 32 32

26- Rampa;

27- Escada;

28- Pátio descoberto;

29- Lactário;

32- Banho e troca;

33- Terraço berçário.

30- Cozinha;

31- Berçário;

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 74

Figura 40 - Corte AA - Creche - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 41 - Corte BB - Creche - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 39 – Fachada – Creche - Fonte: Arquivo do autor, 2016.

Figura 38 - Pátio Descoberto e laje superior - Fonte: Arquivo do autor, 2016.

20 11 11

7

11

28 33

28 31 32

4 11

3

3- Secretaria;

4- Pátio coberto;

5- Reservatório;

7- Jardim;

11- Sala minigrupo;

20- Lavanderia;

28- Pátio descoberto;

31- Berçário;

32- Banho e troca;

33- Terraço berçário.

5

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 75

TORRES: 1, 2 e 3 – PAVIMENTO TÉRREO

Todas as torres possuem as mesmas características a partir do segundo pavimento,

porém existem variações no pavimento térreo e condominial, apresentadas adiante. A

implantação das torres acontece paralelamente e possui orientações leste e oeste.

Todas possuem conexão direta com a rua. No térreo estão os acessos ao hall dos

elevadores (5), escada enclausurada (4), bicicletário (6), depósito de lixo (7) e acesso

a caixa d’água no subsolo (3).

Planta de Situação

1- Acesso;

2- Hall de entrada;

3- Acesso ao reservatório;

4- Escada;

1

7 8

5

3

3

4

6 B

6

D 2

4 4

5 5

1 1 2 2

3

3 3

3

6

12

7 7

8 8

G

13 13 13

11- Lixeira da Lâmina 2;

12- Sala de estudos;

13- Abrigo de água e gás.

5- Hall dos elevadores;

6- Bicicletário;

7- Lixeira das torres;

8- Energia;

Figura 42 - Planta do Pavimento Térreo - Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 76

A Torre 1 e 2 dividem a área do térreo com equipamentos públicos: restaurante-escola

(B) e UBS (D), respectivamente (Figura 43). A Torre 3 é a única que não divide a área

do pavimento térreo com equipamentos públicos, porém, a lixeira da Lâmina 2 (G),

encontra-se na parte posterior, na lateral direita desta torre.

Ao analisar a planta do pavimento térreo da Torre 1 (Figura 43) foram projetadas

rampa e escada de acesso, porém, não foi executado (Figura 44), verifica-se a

realização da calçada rampada. Nas Torres 2 e 3 (Figura 46 e 47) foram executadas.

Na Torre 2, os moradores realizaram benfeitorias no Hall dos elevadores revestindo

de granito (Figura 44). A Torre 3 permanece como foi entregue (Figura 47).

Figura 44 – Hall dos Elevadores - Fonte: Arquivo do autor, 2016.

Figura 43 - Entrada Principal da Torre 1 - Fonte: Arquivo do autor, 2016.

Figura 45 - Entrada Principal - Torre 2 - Fonte: Arquivo do autor, 2016.

Figura 46 - Entrada Principal - Torre 3 - Fonte: Arquivo do autor, 2016.

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 77

TORRES: 1, 2 e 3 – PAVIMENTO CONDOMINIAL

O pavimento condominial das torres foi projetado para integrar os espaços de

convivência dos moradores das duas torres e da lâmina. Na Torre 1, está localizado

o salão de festas (Figura 48) e na Torre 2 a sala de estudos, essa conexão se dá pelo

nível condominial da lâmina (será analisado em prancha especifica), ou seja, mesmo

com os acessos distintos pelo térreo existe a comunicação entre eles por este

pavimento, proposto pelos arquitetos.

Planta de Situação

4- Escada;

5- Hall dos elevadores;

16

14 15

15 15

15 15

12 16

5 5

5

4

4 4 17

17 17

17

17

15

14

15- Sanitários;

16- Salão condominial;

17- Passarela;

Figura 47 - Planta do Pavimento Condominial - Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

12- Sala de estudos;

14- Copa;

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 78

Na visita realizada constatou-se que todos os acessos neste pavimento estavam

fechados, de acordo com um morador, essa decisão foi tomada como medida de

segurança, pois os vários acessos e diversas passagens proporcionavam rotas de

fuga para atividades ilícitas no começo da ocupação das moradias (informação

verbal)39.

39 Visita realizada em 22 ago. 2015.

Figura 48 - Salão de festas - Torre 1 - Fonte: Arquivo do autor, 2016.

Figura 49 - Passarela entre a Torre 1 e o Pavimento Condominial da Lâmina 1 - Fonte: Arquivo do autor, 2016.

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 79

TORRES: 1, 2 e 3 – PAVIMENTO TIPO

O pavimento tipo das torres possuem características semelhantes e serão analisadas

em conjunto. A orientação solar é leste e oeste, porém, nas Torres 1 e 2 a circulação

horizontal está voltada a leste e as unidades habitacionais a oeste, e na Torre 3 a

circulação horizontal está voltada a oeste e as unidades habitacionais a leste (a

análise das unidades serão realizadas em prancha especifica).

Cada pavimento tipo é definida pela composição de quatro unidade habitacionais,

sendo projetadas duas Tipologias: 1 e 2, e espelhadas. A unidade acessível é uma

variação da Tipologia 2, identificada como Tipologia 3.

Planta de Situação

5

4

4

5

4

5

Figura 50 - Planta do Pavimento Tipo - Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

4- Escada;

5- Hall dos elevadores;

A A

B

B

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 80

Os vazios formados pelos desenhos das tipologias abraçam as circulações verticais:

a escada (4) e os elevadores (5), implantados separadamente, que se interligam pela

circulação horizontal, que dá acesso as moradias.

A circulação horizontal possui a largura de 1,74 m, onde 1,20m serve a passagem dos

moradores e 0,54, resultante de uma viga invertida (ver Figura 56), que pode ser

utilizada como um banco para proporcionar o encontro e convivência entre os

vizinhos.

Nesta mesma circulação encontra-se os shafts das instalações elétricas e de incêndio.

A vedação dessa área acontece com elementos de

cheios e vazios, que proporcionam a ventilação e

iluminação natural para as unidades habitacionais que

estão voltadas para a circulação.

O gradil aplicado nas fachadas proporciona dinamismo e

movimento, configurando a identidade do conjunto

Jardim Edith, sendo de fácil reconhecimento e se

tornando uma referência.

Figura 51 - Detalhe do shaft de instalações – Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

PRUMADA DE

FORÇA

TELEFONIA

TV CABO INTERFONE GÁS / ÁGUA HIDRANTE

Figura 52 - Detalhe do gradil da fachada (cheios e vazios) - Fonte: Arquivo do autor, 2016.

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 81

TORRES: 1, 2 e 3 – ÁTICO e COBERTURA

No ático encontra-se a caixa

d’água e a casa de máquinas do

elevador. O acesso é realizado

pela continuidade da caixa de

escada a esse espaço interno.

Na varanda do ático temos uma

escada marinheiro que leva até

a cobertura.

No projeto arquitetônico existe a

indicação para a instalação de

painéis para captação de

energia solar na cobertura,

favorecido pela insolação

durante todo o dia e livre que

qualquer obstáculo aéreo ou da

sobra dos edifícios vizinhos. No

entanto, na visita realizada,

verificou0se que a sugestão

não foi implementada.

Planta de Situação

a

d

b a

c

c

e

Figura 53 - Planta do Ático – Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 54 - Planta da Cobertura - Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

a-Reservatório superior;

b- Ático;

c – Duto de respiro da escada;

d- Pátio do ático.

c c

e

e- Placas fotovoltaicas.

c c

a

a

a

a

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 82

TORRE 1 – CORTE

As edificações foram construídas em estrutura moldada in loco mais alvenaria

convencional. Na Figura 56, mostra o detalhe da viga invertida, sendo utilizada como

banco e o armário, que proporciona um volume na fachada, proporcionando ritmo e

movimento.

Planta de Situação

Figura 56 - Corte AA e BB - Torre 1 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 55 - Detalhe da viga invertida e volume do armário - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 83

LÂMINA 1 – PAVIMENTOS: TÉRREO e CONDOMINIAL

A entrada da Lâmina 1, localiza-se entre o Restaurante-escola e a UBS, por estar

sobrepostas o primeiro acesso leva ao pavimento condominial.

Neste pavimento encontramos o acesso as unidades habitacionais, com o auxílio das

cinco escadas (4) posicionadas no pátio coberto. O pátio descoberto, foi proposto para

o lazer dos moradores, porém, como os acessos são fechados é uma área sem uma

utilização.

Planta de Situação

1 11

14

3 3

4

15

4

1- Acesso;

2- Hall de entrada;

3- Acesso ao reservatório;

4- Escada;

14- Medição elétrica;

15- Pavimento condominial;

17- Passarelas

18- Claraboias da UBS;

2

A E

Figura 57 - Planta do Pavimento Térreo - Lâmina 1 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 58 - Planta do Pavimento Condominial - Lâmina 1 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

18

17

17 17

17

4 4 4 4 4

15 15 15

18 18

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 84

Figura 60 - Planta do Pavimento Condominial - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

LÂMINA 2 – PAVIMENTOS: TÉRREO e CONDOMINIAL

Assim como a Lâmina 1, para acessar o pavimento condominial os moradores dessa

lâmina passam pelo pátio descoberto (19), onde existe uma área gramada (21) para

o lazer e outras áreas verdes (21) para jardins.

Planta de Situação

16

19 21 21

21 20 14 4

21 16

19 11

3

13

1 4

4 4 4 4 4

15 20

17

19

H

23 23 23

23

F

Figura 59 - Planta do Pavimento Térreo - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

1- Acesso;

3- Acesso ao reservatório;

4- Escada;

11- Lixeira da Lâmina 2;

13- Abrigo de água e gás;

14- Medição elétrica;

15- Salão condominial;

16- Rampa;

17- Passarela;

19- Área condominial descoberta;

20- Área condominial coberta;

21- Jardim;

23- Área técnica.

H

F

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 85

LÂMINAS: 1 e 2 – PAVIMENTO TIPO

O Pavimento Tipo da Lâmina 1 acontece pela disposição das tipologias refletidas,

conectadas pelas escadas (4), que dá acesso a duas unidades por andar. Nesta

mesma circulação, localiza-se os shafts das instalações de gás, água, TV, interfone,

hidrante (destaque). O arranjo da escada em “U”, permite a centralização da porta

além de uma área de permanência maior utilizado pelo morador como convivência.

Na Lâmina 2, a escada em formato linear e os shafts encontram-se paralelos em

paredes opostas e o acesso as unidades ficam a frente, conforme Figura 59.

Figura 61 - Planta do Pavimento Tipo - Lâmina 1 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

4

4

Figura 62 - Planta do Pavimento Tipo - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Shaft’s Acesso

Shafts Acesso

Planta de Situação

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 86

LÂMINAS: 1 e 2 – CORTE AA

Planta de Situação

Figura 63 - Corte AA - Lâmina 1 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 64 - Corte AA - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Unidades Duplex

Acesso

Escada

Unidades Duplex

Acesso

Escada

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 87

LÂMINAS: 1e 2 – CORTE BB

Planta de Situação

Figura 65 - Corte BB - Lâmina 1 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 66 - Corte CC - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Unidades Duplex - Superior

Unidade Duplex - Inferior

Unidade habitacional

Unidade habitacional

Escada

Unidades Duplex - Superior

Unidade Duplex - Inferior

Unidade habitacional

Unidade habitacional

Escada

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 88

TORRES: 1, 2 e 3 - TIPOLOGIA 01

1- Acesso, fluxo e circulação

O acesso a Tipologia 01 acontece pela circulação horizontal do pavimento, onde a

vedação acontece com abertura “piso/teto”, com cheios e vazios. O fluxo desta

unidade preserva a conexão direta com todos os ambientes, exceto a cozinha. A

circulação é otimiza a funcionalidade dos ambientes.

2- Setorização dos espaços

A unidade possui área útil de 45,14m², composto pelos setores: social (1); serviços (2,

3) e íntimo (4, 5), sendo o social é o eixo de conexão entre serviço e íntimo. Essa

distribuição preserva a privacidade dos moradores e sua adaptação conforme a

necessidade da família.

Planta de Situação

Planta de Localização – Torres 1, 2 e 3

1-Sala de estar e jantar;

2-Cozinha;

3-Lavanderia;

4-Banheiro;

5-Dormitórios;

6-Armários (elementos

de fachada).

1 2

3

4

5

5

6

6

Figura 67 - Planta Leiaute - Tipologia 1 - Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 89

3- Leiaute dos ambientes

Dimensionada para atender uma família de quatro pessoas, a sobreposição de

funções se torna uma solução para otimizar o espaço, como exemplo, a sala de estar

e jantar. O quarto dos filhos conforme do leiaute proposto permite no ambiente uma

área de estudos, porém, a disposição das camas é desconfortável. O banheiro

apresenta uma disposição invertida das louças e chuveiro, essa disposição acontece

pela solução dos volumes dos armários nas fachadas.

4- Iluminação e ventilação natural

Esta unidade é favorecida pela orientação solar por possuir três fachadas para as

melhores orientações: a leste favorece a cozinha e lavanderia, a norte a sala de estar

e a oeste os dormitórios e o banheiro. A ventilação cruzada nesta unidade é bastante

intensa, proporcionada pelas aberturas nas mesmas fachadas.

5- Instalação hidráulica

As áreas molhadas estão dispostas separadamente, sendo necessário projetar dois

shafts, uma para atender o banheiro, outros para a cozinha e lavanderia, essa solução

não otimiza a disposição das instalações hidráulicas em um único eixo.

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TORRES: 1, 2 e 3 - TIPOLOGIA 02

Figura 68 - Planta Leiaute - Tipologia 2 - Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

1- Acesso, fluxo e circulação

Nesta tipologia o acesso é realizado pelo setor serviço (2), no leiaute proposto o fluxo

faz um desvio pelo posicionamento da mesa de refeições, a circulação fica um pouco

comprometida no momento em que a cozinha está sendo utilizada.

2- Setorização dos espaços

Esta unidade habitacional possui área útil de 45,12m², e mantem uma boa distribuição

dos setores, porém, o setor serviço (2) antecede o setor social (1). Esta tipologia

trabalha o conceito de espaços integrados (1 e 2), o que permite a sensação de

amplitude dos espaços.

Planta de Situação

Planta de Localização – Torres 1, 2 e 3

1-Sala de estar;

2-Cozinha;

3-Lavanderia;

4-Banheiro;

5-Dormitórios;

6-Armários (elementos

de fachada). 1

2

3

4

5

5 6

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 91

3- Leiaute dos ambientes

Dimensionada para atender uma família de quatro pessoas, os ambientes: cozinha e

sala de estar são integrados, o espaço atrás da porta favorece a instalação de

armários de forma linear para atender os dois ambientes. Os quartos possuem um

leiaute mais confortável e melhor distribuição, porém não existe uma área de estudos.

4- Iluminação e ventilação natural

A unidade está localizada no centro do pavimento tipo (ver planta de localização), e

possui as janelas do setor serviço (2 e 3), voltadas para o corredor de acesso, o que

se certa forma recebendo uma iluminação indireta. A ventilação é cruzada e permite

troca de ar com maior eficiência, porém, privacidade do morador fica comprometida

em alguns momentos. O banheiro possui sua janela voltada para a lavanderia. Os

setores social e íntimo estão voltados para a orientação oeste.

5- Instalação hidráulica

Nesta tipologia existe a otimização da instalação hidráulica, onde todas as áreas

molhadas: cozinha (2), lavanderia (3) e banheiro (4) foram projetadas utilizando um

único shaft.

Figura 69 -Enquadramento da vista - Tipologia 02 - Fonte: Arquivo do autor, 2016.

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TORRES: 1, 2 e 3 - TIPOLOGIA 03 - ACESSÍVEL

1- Acesso, fluxo e circulação

A Tipologia 3 é uma variação da Tipologia 2, projetada para ser a unidade acessível40

e atender pessoas com deficiência. O acesso acontece pelo setor serviço (2),

conforme leiaute, no fluxo são consideradas as áreas para a rotação de 360º (diâmetro

da circunferência de 1,50 m) conforme NBR 9050:200441 (em vigor à época), e livre

de obstáculos. A circulação preserva a aproximação para a realização adequada das

40 Conforme NBR 9050:2004, no item 3.2, a definição de acessível refere-se: “espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto acessibilidade física como de comunicação”. 41 A informação sobre as medidas presentes nas duas versões: 2004 – item 4.3.3, e 2015 - item 4.3.4, permanecem as mesmas.

Planta de Situação

Planta de Localização – Torres 1, 2 e 3

1-Sala de estar;

2-Cozinha;

3-Lavanderia;

4-Banheiro;

5-Dormitórios;

6-Armários (elementos

de fachada).

1

2

3

4

5

5 6

Figura 70 - Planta Leiaute - Tipologia 3 Acessível - Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

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| 93

funções, na lavanderia é possível fazer a aproximação frontal do tanque e uma rotação

de 180º (1,50 m x 1,20 m), no banheiro a circulação permite que as funções possam

ser realizadas com a aproximação frontal (lavatório), lateral ou diagonal (vaso

sanitário), e lateral na transferência para o banco na área de banho. Com relação aos

quartos, somente um quarto permite a rotação de 360º.

2- Setorização dos espaços

A unidade possui uma área útil de 45,12m², para ser adaptada ao uso de uma pessoa

em cadeira de rodas (PCR), o projeto previu a movimentação algumas paredes para

permitir a acessibilidade dos espaços e suas funções. A unidade acessível possui a

mesma distribuição de setores da Tipologia 2: o primeiro setor é o de serviço, o

segundo o social e por último, o íntimo. Para atender a norma do Art. 4942 do Decreto

44.667 de 26 de abril de 2004 (em vigor durante o desenvolvimento do projeto), prevê

que 3% do total das UH, sejam acessíveis. No Jardim Edith, o total de UH são de

252, aplicando os 3%, conforme a norma, o resultado corresponde a 0843 unidades

acessíveis, localizadas no segundo pavimento de cada torre que corresponde ao

primeiro andar habitacional, exceto na Torre 2, onde existem no segundo pavimento,

para atender as 08 UH, que se apresenta dessa forma: Torre 1 = 02 UH, Torre 2 = 04

UH e Torre 3 = 02 UH.

3- Leiaute dos ambientes

Na Tabela 5 são apresentadas as variações da unidade acessível:

ITEM AMBIENTE ADAPTAÇÃO

Paredes

Banheiro Avança no sentido da cozinha e da circulação para

os quartos;

Instalação de uma porta de correr pela restrição

de medidas;

Cozinha Redução a largura e novo leiaute de mobiliário;

Quarto de solteiro Redução a largura para manter a circulação;

42 Art. 49. O Conjunto Vertical deverá prever condições de adaptação para uso da população portadora de deficiência física de, no mínimo 3% (três por cento) das unidades habitacionais, preferencialmente naquelas localizadas junto ao acesso do empreendimento e às áreas comuns. 43 O resultado deve ser arredondado para cima.

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| 94

Paredes Quarto de casal Instalação da porta de correr para manter o

espaço necessário para a circulação;

Com o avanço do banheiro criou-se um espaço

para o armário, que não prejudica a circulação;

Com a cama encostada na parede da janela

restringe o uso do armário/fachada;

Sala Redução da parede onde fica o sofá;

Louças

Lavanderia O tanque foi posicionado frontalmente para

facilitar a funcionalidade;

Banheiro Foram instalados todos os itens de acessibilidade,

a inversão do lavatório com o vaso sanitário facilita

a transferência e permite uma melhor

aproximação a área de banho. A caixa de

descarga fica embutida na parede.

Tabela 5- Análise da Unidade Acessível - Formulado pelo autor.

4- Iluminação e ventilação natural

A iluminação acontece com maior intensidade e diretamente na orientação oeste, e

em menor quantidade pela orientação leste, por ser iluminação indireta. A ventilação

é cruzada, sendo mais eficiente quando as janelas que estão posicionadas para o

corredor ficam abertas, perdendo um pouco da privacidade, apontado anteriormente.

5- Instalação hidráulica

A racionalização das tubulações é mantida nesta unidade acessível.

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LÂMINAS: 1 e 2 - TIPOLOGIA 04

1- Acesso, fluxo e circulação

O acesso é realizado diretamente com o fluxo que leva a conexão dos espaços

rapidamente e a circulação preserva a funcionalidade da tipologia.

2- Setorização dos espaços

Está unidade possui uma área útil de 45,04m², ótima setorização e distribuição dos

espaços, a entrada centralizada otimiza o acesso aos setores: social (1), serviço (2),

onde a cozinha e a lavanderia (3) são separadas por uma porta. No setor íntimo, a

1-Sala de estar;

2-Cozinha;

3-Lavanderia;

4-Banheiro;

5-Dormitórios;

6-Armários (elementos

de fachada).

1

2 4

5

5

6

6

3

Planta de Localização – Lâmina 1 e 2 Planta de Situação

Figura 71 - Planta Leiaute - Tipologia 4 - Lamina 1 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 72 - Tipologia 4 (variação) - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

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| 96

privacidade é mantida sendo antecedida pelo banheiro, o qual faz a transição dos

setores. Essa tipologia está localizada no primeiro e segundo pavimento.

3- Leiaute dos ambientes

Nesta tipologia os setores são bem definidos e permite que a cozinha seja isolada da

sala de estar mantendo a privacidade dos ambientes a qualidade do espaço. Não há

a sobreposição das funções. A disposição dos dormitórios possibilitou a criação de

mais espaço para armários, porém, não apresenta uma área de estudos.

4- Iluminação e ventilação natural

Esta tipologia, assim como a Tipologia 1 das torres, tem os seus ambientes com

aberturas voltados para a parte externa do edifício proporcionando a instalação de

janelas nas suas fachadas, favorecendo a ventilação cruzada na unidade. A

lavanderia não possui caixilho, o que permite a ventilação constante, promove a troca

de ar com o banheiro por ter uma janela instalada voltada para esta área. As fachadas

deste apartamento estão orientadas para o norte e sul, onde o único inconveniente é

a disposição de um dormitório para a face sul.

5- Instalação hidráulica

As áreas molhadas: cozinha (2), lavanderia (3) e banheiro (4), estão todas

concentradas no mesmo núcleo, otimizando a racionalização hidráulica.

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LÂMINAS: 1 e 2 - TIPOLOGIA 05 - DUPLEX

1- Acesso, fluxo e circulação

Esta tipologia possui característica distintas por ser um duplex, possuem dois

pavimentos: inferior e superior com acesso interno. O acesso a unidade acontece pelo

setor social (1), o fluxo permite a conexão dos espaços e a escada interna permite a

circulação mínima e suficiente para a integração dos setores.

2- Setorização dos espaços

As tipologias Duplex estão localizadas no terceiro pavimento. A sua setorização está

dividida em dois níveis: o inferior formado pelo setor social e serviço (2) e o superior

composto pelo setor íntimo (4 e 5) e serviço (3) definido pela lavanderia. Sua

localização próxima aos dormitório e banheiro otimiza o percurso da pessoa que

cuidará das roupas, porém, a pessoa responsável pelas atividades do lar (geralmente

Planta de Situação

Planta de Localização – Lâmina 1 e 2 Planta de Situação

1-Sala de estar;

2-Cozinha;

3-Lavanderia;

4-Banheiro;

5-Dormitórios;

6-Armários (elementos

de fachada).

1 2

6

5

5

6

4

3

6

Figura 74 - Planta Leiaute - Tipologia 5 - Pavimento Superior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 73 - Planta Leiaute - Tipologia 5 - Pavimento Inferior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

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| 98

mulheres) deverá se adaptar para realizar as tarefas da cozinha e da lavanderia

separadamente.

3- Leiaute dos ambientes

Por ser uma unidade duplex, a setorização permite uma distribuição dos setores de

forma objetiva, onde no pavimento inferior estão o social (1) e serviço (2), entre os

setores está a circulação vertical, onde existe um espaço que pode ser utilizado como

armário. O pavimento superior é composto pelo íntimo (4 e 5) e serviço (3). A divisão

do setor serviço em duas partes, pode ser considerada pela sua relação de

proximidade das funções, onde a cozinha está próxima ao setor social e a lavanderia,

por estar próximo aos dormitórios e banheiro.

4- Iluminação e ventilação natural

Essa unidade está orientada para o norte e o sul. A sua disposição favorece a maioria

dos ambientes com a fachada norte, com exceção de um dormitório que está voltado

para a face sul. A ventilação do pavimento inferior acontece pela disposição dos

caixilhos em uma única fachada, no pavimento superior a ventilação é cruzada. A

lavanderia (3) não possui caixilhos e recebe a janela do banheiro (4), por ter uma

ventilação constante auxilia a troca de ar.

5- Instalação hidráulica

Nesta tipologia as áreas molhadas são separadas, não houve a otimização da

racionalização hidráulica, em função a solução da tipologia, sendo possível aumentar

o número de UH.

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LÂMINAS: 1 e 2 - TIPOLOGIA 06 - DUPLEX

1- Acesso, fluxo e circulação

Nesta unidade o acesso é realizado pelo setor social (1), que está mais próximo a

circulação vertical, permitindo um fluxo direto sem precisar cruzar nenhum ambiente.

Esta disposição é possível pelos arranjos e encaixes da variação de cada tipologia. A

circulação nesta tipologia é mais racionalizada.

2- Setorização dos espaços

Os setores desta unidade possuem a mesma distribuição da Tipologia 5, a área

retangular é composta pela sala de estar (1) e a cozinha (2) no pavimento inferior e,

dormitórios (5), banheiro (4) e lavanderia (3) no pavimento superior, que teve como

solução a rotação dos ambientes tendo como eixo a escada, que permitiu a

Planta de Localização – Lâmina 1 e 2 Planta de Situação

1-Sala de estar;

2-Cozinha;

3-Lavanderia;

4-Banheiro;

5-Dormitórios;

6-Armários (elementos

de fachada).

1 2

6

5

5

6

4

6

3

Figura 75- Planta Leiaute - Tipologia 6 – Pavimento Inferior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 76 - Planta Leiaute - Tipologia 6 – Pavimento Superior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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distribuição dos espaços onde uma tipologia se encaixa na outra (ver planta de

localização).

3- Leiaute dos ambientes

A principal diferença nesta unidade acontece na cozinha, devido a inversão da escada

pelo arranjo da tipologia foi possível criar um nicho, que pode ser utilizado para

posicionar a geladeira e ganhar espaço na pia e fogão, no preparo das refeições. A

mesa torna-se um delimitador de espaço definindo os ambientes.

4- Iluminação e ventilação natural

Devido a solução simétrica das tipologias (reflexão e rotação) essa unidade

habitacional possui a maioria dos seus ambientes orientados para a face sul, onde

somente um quarto está voltado para orientação norte, ao contrário da Tipologia 5

somente um dos dormitórios ficou voltado para a orientação norte, todos os outros

ambientes estão dispostos na para a face sul. A ventilação no pavimento superior é

cruzada e no inferior os caixilhos estão instalados em uma única fachada.

5- Instalação hidráulica

Nesta tipologia as áreas molhadas são separadas, não houve a otimização da

racionalização hidráulica, em função a solução da tipologia, sendo possível aumentar

o número de UH.

Figura 77 - Unidade Duplex - Pavimento Inferior - Fonte: Arquivo do autor, 2015.

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LÂMINAS: 1 e 2 - TIPOLOGIA 07 - DUPLEX

1- Acesso, fluxo e circulação

Nesta unidade o acesso é realizado pelo setor social (1), para acessar a circulação

vertical é necessário cruzar o ambiente. O fluxo conecta todos ambientes e a

circulação é confortável para execução das funções.

2- Setorização dos espaços

Os setores desta unidade possuem a mesma distribuição da Tipologia 5, a área

retangular é composta pela sala de estar (1) e a cozinha (2) no pavimento inferior e,

dormitórios (5), banheiro (4) e lavanderia (3) no pavimento superior, que teve como

solução a rotação dos ambientes tendo como eixo a escada, que permitiu a

Planta de Localização – Lâmina 1 e 2 Planta de Situação

1-Sala de estar;

2-Cozinha;

3-Lavanderia;

4-Banheiro;

5-Dormitórios;

6-Armários (elementos

de fachada).

2

1

6

5

5

6

4

6

3

Figura 78 - Planta Leiaute - Tipologia 7 - Pavimento Inferior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 79 - Planta Leiaute - Tipologia 7 - Pavimento Superior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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3- Leiaute dos ambientes

Nesta unidade a cozinha, ganha mais espaço pelo nicho criado pelo posicionamento

da escada, onde é possível fazer um armário ou posicionar a geladeira no local. Por

ter a proposta de ambiente integrados, os mobiliários determinam a função de

organizar os ambientes, como por exemplo, a mesa da cozinha delimita o espaço com

a sala de estar.

4- Iluminação e ventilação natural

Esta unidade habitacional possui a maioria dos seus ambientes orientados para a face

norte, onde um quarto está voltado para orientação sul, não sendo adequado para

ambientes de longa permanência. A lavanderia e o banheiro estão na mesma

orientação, porém, são ambientes de pouca permanência. A ventilação no pavimento

superior é cruzada e no inferior os caixilhos estão instalados em uma única fachada.

5- Instalação hidráulica

Nesta tipologia as áreas molhadas são separadas, não houve a otimização da

racionalização hidráulica, em função a solução da tipologia.

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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LÂMINAS: 1 e 2 - TIPOLOGIA 08 - DUPLEX

1- Acesso, fluxo e circulação

Nesta unidade o acesso é realizado pelo setor social (1), com uma circulação mais

racionalizada permite o permite um fluxo direto ao pavimento superior sem passar por

outro ambiente.

2- Setorização dos espaços

Os setores desta unidade possuem a mesma distribuição da Tipologia 5, a área

retangular é composta pela sala de estar (1) e a cozinha (2) no pavimento inferior e,

dormitórios (5), banheiro (4) e lavanderia (3) no pavimento superior, que teve como

solução a rotação dos ambientes tendo como eixo a escada, que permitiu a

Planta de Localização – Lâmina 1 e 2 Planta de Situação

1-Sala de estar;

2-Cozinha;

3-Lavanderia;

4-Banheiro;

5-Dormitórios;

6-Armários (elementos

de fachada).

2

1

6

5

5

6

4

3

Figura 80 - Planta Leiaute - Tipologia 8 - Pavimento Inferior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 81 - Planta Leiaute - Tipologia 8 – Pavimento Superior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 104

distribuição dos espaços onde uma tipologia se encaixa na outra (ver planta de

localização).

3- Leiaute dos ambientes

A principal diferença nesta unidade acontece na cozinha, devido a inversão da escada

pelo arranjo da tipologia foi possível criar um nicho, que pode ser utilizado para

posicionar a geladeira e ganhar espaço na pia e fogão, no preparo das refeições. A

mesa torna-se um delimitador de espaço definindo os ambientes.

4- Iluminação e ventilação natural

Esta unidade possui a maioria dos seus ambientes orientados para a face norte, onde

somente um quarto está voltado para orientação sul. A ventilação no pavimento

superior é cruzada e no inferior os caixilhos estão instalados em uma única fachada.

5- Instalação hidráulica

Nesta tipologia as áreas molhadas são separadas, não houve a otimização da

racionalização hidráulica, em função a solução da tipologia, sendo possível aumentar

o número de UH.

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

| 105

TORRE 1: FACHADAS LESTE E OESTE

O Conjunto Residencial Jardim Edith possui uma composição cromática que

determina a orientação e identificação dos equipamentos públicos e as habitações.

Todas as paredes são pintadas com tinta acrílica fosca, de acordo com a seguinte

especificação:

Figura 82 - Torre 1 - Fachada Oeste - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 83 - Torre 1 - Fachada Leste - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Planta de Situação

2- Branco Gelo 1- Cinza Nobre 3- Uva Passa

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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TORRE 2: FACHADAS LESTE E OESTE

As cores das paredes externas da Torre 2 são pintadas com tinta acrílica fosca, de

acordo com a seguinte especificação:

Figura 84 - Torre 2 - Fachada Lesta - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 85 - Torre 2 - Fachada Oeste - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Planta de Situação

3- Branco Gelo

4- Verde Fauna

1- Cinza Nobre

2- Verde Kiwi

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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TORRE 3: FACHADAS LESTE E OESTE

As cores das paredes externas da Torre 3 são pintadas com tinta acrílica fosca, de

acordo com a seguinte especificação:

Figura 86 - Torre 3 - Fachada Oeste - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 87 - Torre 3 - Fachada Leste - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Planta de Situação

3- Cinza Nobre 2- Azul Índigo 1- Branco Gelo

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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CONJUNTO RESIDENCIAL JARDIM EDITH:: FACHADAS NORTE E SUL

1- Cinza Nobre 2- Azul Relâmpago 3- Branco Gelo 4- Calendoscópio

H G F D E B A C

A B C D E F G H

Figura 89 - Fachada Sul – Conjunto Residencial Jardim Edith - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

Figura 88 - Fachada Norte – Conjunto Residencial Jardim Edith - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho, propôs um estudo sobre a história do Jardim Edith, que se destacou

entre os projetos de habitação de interesse social, por compor a paisagem urbana da

área mais valorizada da cidade de São Paulo, a região Berrini. A conquista da

comunidade em adquirir o direito de permanecer no local de origem, é uma questão

importante, que determinou a concretização de uma referência da arquitetura social

contemporânea.

Com a redemocratização do Brasil nos anos 1980, e após a aprovação da Constituição

Cidadã, sonhos democráticos como do Sr. Gerôncio, poderiam se tornar realidade.

Todavia, a luta que envolveu a favela Jardim Edith na conquista deste sonho levou

anos para ser concretizado.

A fé do Sr. Gerôncio, que acreditou em continuar na terra que ocupavam desde 1970,

foi determinado em 2001, pelo Plano Diretor Estratégico de São Paulo, onde a área

da favela foi definida como uma ZEIS (Zona de Interesse Social). Pode-se considerar

essa ação como uma mudança para a inserção da população de baixa renda em áreas

centrais e dotadas de infraestrutura na cidade formal. No caso da favela Jardim Edith,

além de garantir a permanência e preservar a identidade da comunidade, com suas

relações já consolidadas a mais de 40 anos, permitiu a construção e integração de

usos mistos na cidade, previsto no PDE.

A intensa participação da Associação de Moradores do Jardim Edith, nas reuniões

com a SEHAB, definiu a construção de habitações e equipamentos públicos como,

um restaurante-escola, uma creche e uma UBS. Todas as solicitações feitas pela

comunidade foram articuladas pela SEHAB, juntamente com outras Secretarias, para

que o projeto contemplasse a integração dos diferentes. Certamente, a união das

Secretarias representa outra mudança, não sendo uma tarefa fácil por questões

burocráticas, mas que se tornou possível neste projeto multiuso, que promove a

integração da população com a cidade.

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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Os escritórios de arquitetura trabalharam em busca das soluções viáveis para a

integração dos programas. É importante ressaltar que o longo processo enfrentado

pela comunidade com o cadastramento das famílias e desocupação do terreno,

refletia no tempo projetual, tendo um processo de aproximadamente cinco anos entre

projeto e a construção. Este fato, tomou possível a revisão das propostas anteriores

e consequentemente a melhoria de detalhes e soluções viáveis às diferentes

informações passadas pela SEHAB.

Outro momento de mudança a ser considerado foi a verticalização e a inserção de

elevadores no projeto Jardim Edith. Decisão que mimetiza o Conjunto Residencial

com o seu entorno, composto de altos edifícios comerciais.

Pode-se observar que a implantação promoveu o contato direto com a rua, onde os

recuos da edificação ampliaram os passeios, que qualificaram o lugar. Da mesma

forma, os equipamentos públicos mantem o térreo com fluxo constante de pessoas.

A diversidade de unidades habitacionais de 50 m², trouxe desenhos diferenciados que

permite algumas adaptações conforme a necessidade da família. Esses arranjos não

são visíveis externamente, o que confere uma unidade volumetria e plástica ao

conjunto, principalmente pelos armários internos que ampliam a área da unidade e

funcionam como elementos de fachada proporcionando movimento a arquitetura.

É possível verificar essa solução em outros projetos de habitação, porém, o projeto

de João Batista Vilanova Artigas – Conjunto Zezinho Magalhães Prado, se torna

emblemático pelo momento histórico em que foi concebido, pela flexibilidade de

disposição dos setores, racionalização dos recursos e qualidade da arquitetura, onde

os armários entre os caixilhos promovem os volumes externo. Segundo a arquiteta

Marta Moreira: “... unidade é maravilhosa totalmente adaptável a qualquer situação,

... aliás aquela unidade da lâmina a gente olhou bastante a planta do CECAP”. A

referência foi mantida para as unidades das torres, permanecendo com a mesma

linguagem, dando unidade ao projeto.

Portanto, o Conjunto Residencial Jardim Edith representa uma mudança e concretiza

o sonho de um cidadão que lutou pelo cumprimento do seu direito garantido por lei.

Toda a trajetória, resultado da ‘teimosia ‘ do Sr. Gerôncio foi importante para que esta

história fosse registrada, sendo um exemplo para outras comunidades. Também foi

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fundamental o engajamento de Elisabete França, como representante da SEHAB (à

época), em propor a união das Secretarias, que pode vir a ser uma prática normal

futuramente. Os escritórios de arquitetura MMBB e H+F, promoveu a solução

arquitetônica dos diferentes programas sobreposição dos usos, o que gerou a

verticalidade do projeto, que é amenizada com as lâminas preservando um gabarito

mais baixo, além de permitir um distanciamento mais confortável. O projeto ainda

privilegia as unidades com aberturas generosas para diferentes paisagens, incluindo

a ponte estaiada.

Dessa forma, este projeto pode ser considerado uma referência, que promoveu

mudanças que contrariam a prática usual quando se trata sobre habitação popular. A

transformação acontece quando a hegemonia decorrente das expulsões da população

para as periferias toma outro novo caminho.

Portanto, espera-se que este trabalho colabore para ampliar o conhecimento sobre a

cultura de projeto para habitação social, assim como, reverberar exemplos que

servem como estudo para as cidades que projetamos.

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REFERÊNCIAS

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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APÊNDICE

APÊNDICE A

Entrevista com Eduardo Ferroni

Escritório H+F

APÊNDICE B

Entrevista com Marta Moreira

Escritório MMBB

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APÊNDICE A – Entrevista com o Arquiteto Eduardo Ferroni, 08/01/2016, em seu

escritório H+F Arquitetos Associados

Aécio – Eduardo, como que surgiu o projeto do Jardim Edite? Foi concurso? Foi

alguma proposta?

EDUARDO FERRONI – Nós fizemos alguns estudos para a Prefeitura em 2008, que

eram como estudo de viabilidade para verificar quais os perímetros das ZEIS que

tinham nesses terrenos. A Prefeitura tinha um levantamento ainda não completamente

definido, vamos dizer, onde os terrenos disponíveis ainda não estavam

completamente solucionados assim, qual seria a desapropriação que a Prefeitura

faria, se teria alguns terrenos pertenciam a órgãos públicos e outros terrenos tinham

que ser desapropriados. Então “a gente” começou com alguns estudos de viabilidade

junto com o MMBB, para verificar um pouco também em função da legislação

existente, quais eram as possibilidades de ocupação desse lugar. Esse projeto teve

um histórico longo que passou por várias fases, eu não lembro exatamente o

momento, a situação de cada um dos trabalhos que “a gente” fez para a Prefeitura. O

primeiro foi esse que era um estudo de viabilidade para uma ocupação maior do que

a que foi construída, que incluída as ZEIS, o perímetro inteiro das ZEIS e aí isso ficou

lá, como um documento que se juntou com o processo que estava na época na

Prefeitura em andamento entre os moradores e a Prefeitura, surgiu uma pressão, uma

demanda dos moradores para que fosse feito o conjunto. Então a Prefeitura foi

apresentando propostas, versões foram sendo negociadas e o processo inicial. Mas

a nossa participação foi essa, de fazer alguns estudos de viabilidade, verificar o que

cabia ali, quais eram as alturas dos prédios, etc.

Aécio – O Jardim Edith está implantado na quadra da Berrini com a Roberto Marinho.

Em alguns estudos realizados verifiquei que existe uma proposta de construção na

quadra da Berrini com a Charles Coloumb?

EDUARDO FERRONI – Na verdade, porque as ZEIS têm uma demarcação que vai

até, acho que um pedaço dessa quadra em frente aqui (indicando no desenho da

implantação), então sempre o horizonte de ocupação desse conjunto era todo o

perímetro das ZEIS, só que isso foi um processo bastante longo de [...} acho que

envolveu a desapropriação de alguns lotes, envolveu a incorporação de lotes que

pertenciam ao Departamento de Estradas e Rodagem, outros órgãos. Então a

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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incorporação do terreno pela Prefeitura foi um processo que passou por várias fases,

passou por vários perímetros possíveis de ocupação e essa versão foi a versão que

se teve consolidada no momento em que resolveram fazer a obra.

Então, até aquele momento tem versões que ocupam o terreno em frente, tem muitas

propostas. Uma vez determinada essas duas quadras “aí”. Iniciada a obra, desde esse

momento “a gente” também fez propostas de ocupação dos terrenos remanescentes,

mas as versões de 2000 e... não sei se final de 2008, talvez. Mas tem versões do

projeto em que a gente dava um uso diferente para essa quadra na frente aqui, a

gente chegou a propor um equipamento que pudesse ter um uso compartilhado, não

ser habitação, mas um equipamento público, depois a gente chegou a propor uma

praça com um restaurante-escola voltado para ela, depois já teve proposta de

habitação também para esse terreno, muitas alternativas.

Aécio – Então a versão que foi construída seria a versão 20, 30?

EDUARDO FERRONI – Não sei te dizer, têm pelos menos cinco, umas cinco versões.

É mais ou menos, depois precisava tentar sistematizar se for o caso a gente pode

depois tentar achar.

Aécio – A solução para esse final ou para essa versão se integra muito com o entorno

e tem uma leitura unificada, por que só percebe que é uma habitação realmente, na

hora que você para e observa com mais atenção. Ele (o Conjunto Jardim Edith) chama

a atenção, mas não indica o que é. No meu ponto de vista é muito agradável esse

projeto.

EDUARDO FERRONI – Acho que teve um momento que a gente considerou que seria

possível fazer uma associação entre apartamentos que tinham elevador, blocos que

tinham elevador e blocos que não tinham. Então, quando a gente tomou essa decisão

de ter essas duas categorias, acho que isso ajudou o conjunto a ficar um pouco mais

misturado, parecido com o entorno, porque ele tem também essas três torres de 15

andares que de alguma forma faz essa transição, [...]. Então essa altura acho que

ajudou essas três lâminas altas, ajudam um pouco a fazer com que o conjunto pareça

com o resto das quadras, isso ajuda.

Aécio – Uma outra questão: a verticalização e o uso de elevadores. Como foi fazer

essa proposta e ser aceita pela Secretaria da Habitação?

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EDUARDO FERRONI – O elevador na verdade, ele é um equipamento que é usado

em alguns conjuntos, já existia experiência anterior com relação, COHAB, CDHU, têm

umas tipologias com elevador, então acho que para eles isso não era

necessariamente um impedimento, existe uma preocupação pra fazer com que o

elevador pudesse ser um equipamento mais seguro, mais resistente ao vandalismo,

existia um estudo nesse sentido, mas também existia uma intenção em fazer valer o

coeficiente de aproveitamento desse terreno que era em torno de 2,5 e aproveitar isso

e fazer um conjunto mais denso e ai acho que essa altura de 15 andares foi uma

questão bastante discutida uma vez usando elevador, porque outras versões já tinha

elevador mas era um uso mais restrito. A gente chegou a fazer uma versão que tinham

8 andares com o elevador parando a cada três. Depois pesquisando melhor o próprio

elevador, porque essa solução de parar a cada três foi muito utilizada nos anos 60 e

70, considerando o custo principalmente das portas e das paradas, mas acho que hoje

isso mudou um pouco a condição da tecnologia do elevador, já não tem uma economia

tão grande em fazer, o que custa mais acho que é o comprimento dos cabos, também

a máquina, o preço é o mesmo então não faria tanta diferença fazer paradas em todos

os andares, isso também foi levado em consideração e ai essa altura de 15 andares

parecia um altura apropriada nesse caso, embora não tenham tantos prédios com

essa altura eu acho feitos pela COHAB, eu acho que tem a CDHU talvez não. Nesse

caso a gente considerou, principalmente também porque a equipe social da Prefeitura

fez um acompanhamento, diferença bastante grande, existia uma parte da população

que teria uma faixa de renda capaz de suportar um condomínio com a manutenção

do elevador. Então essa diferença existe, o valor do condomínio da torre é bastante

diferente do condomínio da lâmina e as famílias optaram por morar nas torres e são

essas famílias que tinham essa condição. Essa foi a ideia e eu tenho a impressão que

tenha sido implementado dessa forma, a última vez que eu perguntei o condomínio

da torre era R$160,00 e o da lâmina era R$60,00, acho que teve muita gente que

preferiu ir para a torre, porque tem as facialidades, tem o próprio elevador, tem a vista,

então eu acho que isso se adequo assim um pouco a condição da população.

Aécio – As tipologias tanto das torres quanto das lâminas, elas são diferentes. Nas

torres temos duas tipologias, que sofre uma modificação nos primeiros pavimentos

para atender a acessibilidade. Em algum momento houve a participação dos

moradores para definição das tipologias?

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EDUARDO FERRONI – Durante o desenvolvimento do projeto, teve momentos que a

gente fez reuniões com a liderança, e a liderança colocava demandas e avaliava a

situação, a relação entre os edifícios, mas não chegou a discutir em detalhes os

espaços internos, a gente não chegou a tanto, a gente não discutiu muito as unidades

propriamente. A gente mostrou as motivações das decisões tomadas, a disposição,

quantidade de quartos, o tamanho da unidade, os armários. Não teve uma discussão

geral em assembleia sobre, detalhada. E eu não de ter discutido a unidade do

cadeirante com os moradores, eu acho que não, acho que ninguém inclusive levantou

essa questão entre os moradores. Isso foi feito por Lei para cumprir a norma, na

quantidade que a norma exigia, de acordo com a determinação da norma nas

unidades de deficiente.

Aécio – Então a participação deles (a comunidade) era nas exigências do que deveria

ter?

EDUARDO FERRONI – Eles estação preocupados em discutir o programa dos

equipamentos, que esses equipamentos são a questão mais especificamente

trabalhada nesse projeto. Para nós é a maior ênfase que a gente quis dar, no sentido

do que a gente entendia como melhoria do conjunto, não fazer com que fosse só

habitação, incluir esses equipamentos no próprio edifício, essa foi a nossa maior

questão levada para nós junto da SEHAB e que precisou de uma energia, uma

discussão, um convencimento, nossa maior preocupação estava aí. A liderança

também estava preocupada em discutir que equipamentos seriam esses, porque eles

entenderam que isso também contribuiria para a qualidade do conjunto, para vida que

o conjunto teria, até para o atendimento deles próprios também, porque os

equipamentos são públicos e eles também têm direito de usar, mas não só para eles.

E o restaurante escola foi uma coisa que eles próprios devotaram, que é um serviço

que a câmara dos vereadores tem e que é gerido por uma ONG, e se tinha

conhecimento disso e eles acharam que esse conjunto poderia ter isso, e para os

moradores, eles tinham interesse em um programa que pudesse também gerar

formação, provavelmente emprego. Então, o restaurante escola foi um equipamento

que eles discutiram bastante, o que quero dizer é que eles estavam interessados em

discutir questões mais amplas, eles não estavam preocupados em discutir a

habitação. E é um ponto que eu acho bastante interessante, porque acho que eles

tinham uma confiança de que o apartamento era um apartamento meio um programa

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padrão de HIS, mas a condição ambiental do apartamento acho que eles entenderam

que a gente estava tomando as medidas para que ela fosse a melhor possível, acho

que eles entenderam isso e não quiseram discutir muito essa questão. Porque o

apartamento tem sempre duas fachadas e uma orientação para o Sol e uma

ventilação, acho que eles entenderam que isso estava sendo cuidado e aí não

discutiram muito.

Aécio – Então eles discutiam o que provavelmente podia ficar em segundo plano?

EDUARDO FERRONI – Que é o que na verdade era mais importante nesse projeto,

quero dizer que eles estavam mais antenados com as questões mais fundamentais

mesmo, que é o programa, o que está no térreo. E acho que a gente chegou a discutir

que teria alguns apartamentos que são duplex, que são os que estão aqui (indicando

a unidade no projeto). A gente também apresentou esses apartamentos, muitos

acharam interessante em ter e morar ali no que tinha dois andares, mas sempre de

um jeito assim, consciente das diferenças dos apartamentos, mas isso se adequou

bem as diferenças que eles próprios tinham.

Aécio – Acredito que depois que se resolve a habitação, basicamente a creche

resolve a questão da educação e com o restaurante escola, a questão profissional.

EDUARDO FERRONI – É, mais os programas apareceram também, a gente propôs,

não é que vieram só dos moradores. Os moradores acompanharam isso e

propuseram o restaurante, o resto são equipamentos que as secretarias precisavam

fazer por ali e tinham um estudo de alcance. A creche, por exemplo, alugava um

imóvel numa situação difícil e pagava caro. Então, isso tudo veio também com o

planejamento das secretarias.

Aécio – Na visita que realizei ao Jardim Edith, o único equipamento que ainda não

está em funcionamento é o restaurante escola.

EDUARDO FERRONI – Sim, porque depois que o restaurante foi feito, fizemos umas

consultas com o pessoal que gerencia o restaurante da câmara, a gente acertou a

cozinha, tudo isso, a sala de aula em função dessa experiência deles. E a SEHAB

nesse conjunto, mas também em outros, porque a gente também fez outros projetos

para a SEHAB nesse momento, o Renova São Paulo que é urbanização de favelas e

a SEHAB acabou nesse momento assumindo o papel de Inter secretarial, que é muito

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além da habitação, por exemplo, o restaurante escola quem que poderia gerenciar

esse programa, a própria SEHAB foi atrás de vários possíveis parceiros, mas isso

extrapola muito a atribuição da SEHAB. Então isso na verdade é um problema de

gerenciamento dos equipamentos públicos ou papel das secretarias. Não seria uma

coisa da SMDU hoje em dia deveria encampar talvez, é um problema difícil. É desses

prédios que vem o problema que vem para ser de alguma forma o órgão público tem

que ir procurando achar caminhos para viabilizar a ideia que são coisas que em outros

países, por exemplo, tem uma organização institucional capaz de dar uso para isso

de uma forma mais organizada. A gente se baseou em outras experiências. Então,

por exemplo, a Holanda tem já uma experiência de uso misto com habitação social, e

é evidente que isso é possível fazer, mas precisa ter uma organização institucional

que ainda não tem aqui, que acho que é uma coisa que vai se conquistando também.

Aécio – O Plano Diretor vem inovando em alguns aspectos referente a habitação,

acredito que seja o momento de se reestruturar e se organizar para que isso aconteça

de forma eficaz. Uma outra pergunta que tenho é: como acontece o diálogo entre as

secretarias, é um processo rápido?

EDUARDO FERRONI – Não, isso partiu da SEHAB. Como a gente estava provocando

essa discussão e a SEHAB nesse momento estava muito bem mobilizada para

viabilizar essas iniciativas. Tiveram outros e essas questões surgiram acho que em

vários projetos, não só... uso misto, acho que era mais esse mesmo. Eles tinham

outras questões e aí a SEHAB estava empenhada em fazer esse papel, essa relação

com as outras secretarias. Em si já é um pouco uma distorção, a SEHAB assumiu o

papel maior do que aquele... mas para poder viabilizar e isso foi muito interessante,

mas o problema continua no sentido de que as secretarias não ser capaz de fazer

com que elas trabalhem em conjunto em conjunto na cidade. Então acho que isso

ainda vai precisar superar é uma questão ainda para resolver, acho que a SMDU hoje

em dia talvez procure ter esse papel de ser uma espécie de coordenadora das outras

secretarias no que diz respeito a ocupação urbana, a construção dos edifícios. Mas é

uma tentativa antiga os CEUS, por exemplo, da Prefeitura de São Paulo são uma

tentativa de fazer uma ação Inter secretarial, tentativa bem-sucedida. São acho que

coisas que os próprios arquitetos vão propor. Acho que vem como uma iniciativa dos

arquitetos, que acho que os edifícios, os projetos urbanos e de equipamentos públicos

apontam para essa necessidade de uma coordenação mais efetiva. Então, acho que

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isso vem com demanda, demandas vão acontecendo. Os CEUS provocaram uma

necessária relação Inter secretarial que não existia, eles provocaram e foi

necessário... isso aqui também, acho que os projetos têm que demandar isso mesmo,

agora isso é uma pena porque essa relação institucional ainda não está amadurecida.

Tanto não está que tem um equipamento como esse que é importante, que é

pertinente, é necessário e ainda não conseguiu ser ocupado mesmo. Mas para as

próprias secretarias isso provavelmente foi um ganho, talvez você consiga ir lá e

pesquisar e ter uma informação mais precisa sobre isso, mas eu entendo que é assim

se a secretaria da educação precisasse achar um terreno ali, nesse lugar, comprar o

terreno, desapropriar, ou construir uma creche seria inviável, fazer a creche aí acho

que faz muito sentido, para o programa de saúde também. Ai o uso a sobreposição

de usos é uma coisa que precisa também ser avaliada, ver quais são os problemas

que ocorreram, o que a creche tem enfrentado, a relação com os moradores assim

que eles mudaram para lá, eles queriam colocar uma tela para impedir que os

moradores jogassem coisas..., mas a gente achou que seria mais eficiente do que

isso fazer uma conversa com o condomínio para orientar, para levantar essa questão,

para esclarecer. Enfim, essa relação entre condomínio e creche precisava ser

mediada, se não a coisa não ia dar certo. Não adiantava sair protegendo antes de

conversar, porque isso inclusive podia gerar uma reação negativa, você protege e isso

pode levar o cara a querer jogar. Enfim, toda essa relação é uma coisa que não está

pronta e pode ser que você na pesquisa consiga descobrir, entrevistar as pessoas.

Aécio – O projeto é “inovador” com as sobreposições dos usos?

EDUARDO FERRONI – É engraçado porque com essa palavra, às vezes vem essa

questão da inovação. É curioso, porque em outros países é muito comum uma creche

no térreo de uma habitação de interesse social, tipo “carne de vaca”. Mas se aqui não

é, é curioso porque ao mesmo tempo a cidade inteira é de uso misto e é muito presente

em São Paulo, essa convivência já está arraigada culturalmente, mas acho que nos

órgãos públicos dá a impressão às vezes é quase como se vivesse em outro mundo

e dá a impressão que tudo realmente é uma novidade, quando na verdade se você

andar por aqui ou se você vai para qualquer bairro um pouco mais verticalizado, você

vai encontrar muito uma creche privada, que seja, que ocupa uma casa vizinha a um

prédio de um recuo de três metros, que possui uma janela que está a três metros de

uma criança, nem por isso a criança foi atacada pelo morador, você tem uma situação

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que já está posta, já existe na cidade. Embora, às vezes vem como um projeto nasce

de uma coisa governamental e às vezes às pessoas tendem a entender e achar que

isso é uma loucura, uma novidade, mas está presente em muitas situações parecidas.

É muito comum encontrar uma creche que está na frente de um apartamento, mas até

fosse interessante você procurar na cidade, você encontra três ou quatro situações,

vai para Perdizes, qualquer bairro e você vai encontrar uma janela de apartamento

que dá para uma creche e essa situação é uma relação física é muito parecida. Então

eu acho que você vai encontrar, isso é interessante até. Agora, por exemplo aqui por

isso que a gente fez nesse caso da UBS como... porque na creche é um pátio aberto

e aqui é um espaço que a gente entendeu que seria melhor fazer um espaço interno

fechado [...] E esse espaço aqui foi pensado para que tivesse essa ventilação natural,

teve até um trabalho feito de conforto ambiental para saber dimensionar, porque isso

aqui tem um desenho que ele respira por cima (indicando os três elementos de

solução zenital), ele fecha assim e a chaminé está aqui e isso aqui foi dimensionado

para ter exatamente a área necessária para que o ar que entre por aqui saia por ali, a

laje tem uma espessura “tal” e um revestimento termo acústico capaz de preservar

uma temperatura agradável e evitar que a pessoa pulando aqui, jogando futebol e ao

mesmo tempo esse anteparo foi feito, foi desenhado para que fosse muito difícil ou

impossível destruir tudo, ou jogar alguma coisa ali, ou quebrar o vidro e ao mesmo

tempo isso foi feito com um ângulo “tal” que dificultasse a destruição ou a visão, etc.

Então no momento onde esse conflito se colocava com mais força, a gente procurou

dar um desenho que responda a isso, que evite e consiga mediar a relação entre um

uso e o outro. Isso foi pensado para resolver, acho que o tempo pode depois... é

interessante fazer.... Faz quanto tempo que ele foi construído? Uns dois ou três anos.

Acho, talvez que tenha passado pouco tempo, daqui há oito anos vai ser legal voltar

lá e ver o que aconteceu com essas coisas. Acho que esse espaço da UBS, nem

percebe que lá em cima tem “um cara” ali usando uma área condominial

completamente privativo, acho que esse isolamento aconteceu. Esse outro também,

esse jardim eu não sei como ele está lá hoje, mas ele foi plantado para ser um jardim,

essas árvores são dimensionadas para terem aqui quando crescerem essa situação

(indicando no desenho o nível condominial). O jardim tem um problema de

manutenção, porque ele foi pensado para ser mantido pelo restaurante, justamente o

restaurante abraça o jardim, a UBS olha o jardim, quem entra aqui na habitação olha

o jardim, mas não precisa cuidar do jardim. Quem arcaria com a manutenção do jardim

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seria o restaurante, mas como o restaurante não está ocupado o jardim deve estar

meio que morrendo lá, que é uma pena, porque é um jardim que inclusive deve ter

custado meio caro para a Prefeitura. Foi feito conforme o projeto (paisagístico), com

solicitação das árvores, isso foi feito... Isso também foi pensado para funcionar de fato

isolado embora relacionado, o jardim está relacionado mas não é cuidado, o morador

não tem que... se o morador ficar jogando coisas, o funcionar embaixo da laje, mas

ele aproveita o jardim, não sai no jardim, não vai ficar o “cara” lá, mas o jardim tem um

pouco essa função de ambientar o restaurante e ao mesmo tempo criar uma situação

onde as coisas se olham, os programas se frequentam visualmente, mas eles não...

não deixam de ser umas apostas que para funcionar todos depende também de uma

conversa, a gente conversou com o pessoal da creche e isso ajudou. A creche, acho

que eles fecharam esse espaço aqui, mas eu ainda não vi fechado, porque tem um

refeitório que a gente propôs fazer em varanda e acho que no inverno fica frio, então

eles colocaram caixilho.

Aécio – Você explicou o processo construtivo da cobertura da UBS que é também a

área coletiva do condomínio, como foi a escolha dos materiais? Porquê na habitação

social precisa atender alguns custos e no Jardim Edith temos fachadas por todos os

lados. Aproveito perguntar como surgiu o desenho, trabalhando as aberturas, a opção

pelos gradis, os volumes das fachadas, como foi esse processo?

EDUARDO FERRONI – É uma coisa de implantar os prédios um pouco valorizada,

vamos dizer assim, então a gente aqui ao implantar os prédios procurou criar um

pouco a espacialidade dessa praça, tirar partido dela de forma que a creche pudesse

ter uma relação visual com a praça e o acesso da creche frente à praça, também de

forma que em algum momento eventualmente as crianças possam usar com a

professora, ir para a praça que é uma coisa que normalmente se faz quando a creche

está na frente da praça e ao mesmo tempo aqui, por exemplo, ampliar um pouco esse

recinto, afastar um pouco o edifício do viaduto que já está alto, conformar mais a caixa

da rua aqui. As torres, elas têm uma implantação que também de alguma forma

estabelece uma relação com a Berrini. Então marca essa torre bem em frente a Berrini,

ela tem a função um pouco de marcar a presença do conjunto na esquina e ao mesmo

tempo a gente com isso tinha uma condição tranquila para orientar os apartamentos.

Os de fachada dupla esses são os melhores, eu acho, porque eles tem a circulação

que não passa em frente ao apartamento e tem uma abertura bem maior para o

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exterior e eles inclusive até por isso que eles são muito abertos a gente até admitiu,

achou que seria admissível fazer essas fachadas mais para Sul, porque os

apartamentos são muito bem servidos de janelas nas duas fachadas e a gente achou

que era razoável por essa razão fazer o edifício voltado também para o Sul, porque a

outra face do apartamento é Norte e o apartamento é curtinho, então se o Sol entra

no Norte está muito perto do Sul. Então, tem até os quartos para Sul aqui (indicando

na planta) que são esses. Não é bem Sul é um Sudoeste, mas de qualquer maneira

isso a gente discutiu bastante, achou que por essa condição o apartamento ficaria

ambientalmente confortável mesmo tendo essa condição de orientação, porque a

gente achava bastante importante que o edifício constituísse a caixa da rua, que

estivesse presente na rua e “tal”, por isso esses apartamentos estão orientados assim.

Depois aqueles outros são Leste e Oeste, e a discussão era um pouco mais do que

ambiental, considerando que talvez fosse melhor abrir tudo para Leste, por outro lado

aqui por exemplo. Inclusive a gente chegou a discutir fez versões em que o prédio

voltado para lá, por causa da orientação solar e aí eu realmente acho que foi bom ter

deixado ele aberto para cá, porque a ideia de que o prédio tenha a sua frente voltada

para a avenida simbolicamente tem um significado importante, se constitui a caixa da

avenida, se abre uma espécie de... faz uma relação franca com a avenida e ao mesmo

tempo o rio Pinheiros, tem o panorama ali que é o cartão postal, embora a gente ache

que essa ponte seja o fim do mundo como obra pública, ela é o cartão postal da

cidade, ela é uma referência simbólica. Então fazer esse apartamento abrir para nesse

lugar é mais, no nosso ponto de vista, mais importante do que fazer com que o

apartamento tenha o Sol da manhã, por exemplo, então em certos os apartamentos

têm o Sol da tarde. Também aqui a gente entendeu que, achou importante fazer com

que essas duas torres constituíssem a calha dessa rua, existia um espaço, um recinto

que é interessante acho que urbanisticamente que dá um caráter para a rua mesmo

nesse ponto super curto (refere-se à rua entre a torre 2 e torre 3) e ao mesmo tempo

essa possibilidade para nós, a gente acho que era mais interessante fazer com que

os espaços de permanência tivessem uma provisão. Mais interessante isso do que

fazer, por exemplo, o edifício voltado para Leste. Eu acho que em produção ambiental

ela considera uma série de questões, que às vezes são até simbólicas mesmo, a

relação com a cidade, do que o morador olha quando ele abre a porta do apartamento

e é também a questão do conforto ambiental. A gente considerou importante que

batesse Sol dentro dos apartamentos, mas por outro lado a gente fez uma proteção

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dos caixilhos para que eles pudessem estar abertos mesmos em dias de chuva, que

esses armários pudessem ser uma proteção da fachada, porque numa construção

como essa, porém, tem sempre uma exigência de uma economia de meios, então a

fachada é um elemento importante, como você faz uma fachada que por um lado

possa ser mais do que só janela e passa a ter uma profundidade interna e como fazer

isso sem ter um custo muito alto, aí tem o Zezinho Magalhães que tem esse armário,

mas que é uma coisa antiga. Esse armário é uma coisa meio recorrente nos prédios

de Frank Lloyd Wright, Mies Van der Rohe, aí tudo bem tem o Zezinho Magalhães que

inclusive a gente foi lá visitar para ver às alturas. No Zezinho Magalhães é super

incorporado.

Aécio – Eu também visitei o Zezinho Magalhães e depois o Jardim Edith, que possui

uma semelhança. Depois pesquisei os escritórios, imaginei a relação do Artigas e a

formação de vocês na FAUUSP.

EDUARDO FERRONI – O que eu quero dizer é que não tem... o Artigas é obviamente

e sempre vai ser uma referência, mas não foi o Artigas que inventou esse armário, é

uma coisa meio recorrente. Tem uns prédios do Fábio Penteado também feitos com

esse armário, enfim, é uma coisa que já está aí, mas o Zezinho Magalhães a gente foi

lá para medir, ver como é, como é apropriado pelos moradores, tem coisas que deram

muito certo nesse conjunto.

Aécio – É interessante perceber como os moradores utilizam esses armários, alguns

usam muito bem e outros que não aproveitam.

EDUARDO FERRONI – Quando nós fomos lá fotografar tinham uns apartamentos

que não tinham... o “cara” não usou mesmo, porque também custa caro colocar ou

não.

Aécio – Acredito que uma simples prateleira poderia resolver a utilização desse

espaço.

EDUARDO FERRONI – Já resolve, mas as coisas não são sempre assim. Mas é

interessante que tem alguns “caras” que fizeram uma coisa super... fizeram armário,

cavalete, gaveteiro, tem gente que vai ou tem gente que nunca vai usar ou que criança

usa e coloca brinquedo. Mas de qualquer maneira isso é bom, porque protege um

pouco a fachada.

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Aécio – Com certeza e foge da fachada chapada, sem movimento, monótona.

EDUARDO FERRONI – E aí as soluções são assim um pouco para durar o gradil

também é assim. Tem várias versões para isso, mas a gente queria fazer uma

circulação que pudesse ser avarandada. Tem muitas versões de projeto para tentar

fazer uma circulação avarandada. Visitamos vários prédios do Franz Heep. Franz

Heep fazia muito isso, usava elementos vazados, se chove ou não chove nesses

lugares até que ponto isso incomoda. E que fez várias versões e chegou a essa

porque também é muito simples e mais fácil de executar do que qualquer outro.

Parede é um elemento mais usual, um serviço que se executa, parede bloco de

concreto e esse elemento é um elemento que vem pronto e você parafusa, é muito

mais fácil fazer do que qualquer elemento vazado e acho que é mais fácil de ficar bem

feito e durar mais, embora a gente tenha feito também as versões com elementos

vazados, só que aumentou.

Aécio – O efeito visual é muito marcante!

EDUARDO FERRONI – É, aí tem essa intercalação uma coisa que eu acho que é

uma coisa que é simples e capaz de dar um caráter para o prédio.

Aécio – A questão do térreo ser elevado, a laje dos equipamentos públicos se

transforma na área social de convívio.

EDUARDO FERRONI – Isso é uma tipologia, um clássico como se fosse o Conjunto

Nacional. Aí tem uma questão que você antes de pegar a escada sem ter que

enclausurar a escada por isso tem um duplex, porque o duplex é um jeito de você

acrescentar um andar a mais, portanto a quantidade de unidades, porque você chega

a 12 metros na sala. Então isso determinou a técnica, a estrutura da laje do térreo,

porque você tem esse limite, como você faz isso sem aumentar muito o papel

estrutural. Nesse caso, isso é uma laje maciça, o pessoal chama de laje cogumelo é

uma laje sem viga que é muito apropriada tanto para a creche quanto para a UBS,

porque são os programas que não tem muita uma ou se você vai ter que seguir uma

modulação de vigas você fica muito restrito, são programas muito específicos, quero

dizer assim ambulatórios coisas que tem uma dimensão muito rígidas e às vezes ter

uma liberdade maior para depois detalhar uma estrutura que você tenha que ficar

depois fazendo um desenho muito específico, isso é bom.

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Aécio – Eu percebi isso na UBS, onde os consultórios ficam livres da estrutura, a

flexibilidade é total, o uso pode ser modificado futuramente.

EDUARDO FERRONI – É uma arquitetura de fato a mais flexível também, por isso a

gente fez essa estrutura, porque como ela tem bastante apoios.

Aécio – E as áreas sociais, de lazer para as crianças, por exemplo, houve proposta?

EDUARDO FERRONI – É interessante essa questão, porque a gente detalhou uns

brinquedos muito bons inclusive, de um fabricante que eu não lembro o nome, que

fornece para órgão público, brinquedos bons e interessantes. Mais aí na obra isso não

se viabilizou por custo, chegou um momento que teve que cortar todos os custos e os

brinquedos não foram comprados. Mais essa laje aqui (referindo-se a cobertura da

UBS) inclusive ficou muito dura sem os brinquedos, você vai lá e acho que em todos

não foi realizado, a princípio as crianças dessa quadra teriam esse espaço para

brincar e da outra quadra teriam o espaço que está no térreo aqui, que também tinham

brinquedos especificados. Tem um problema da gestão de condomínio, porque eles

não estão exatamente compartilhando esse espaço, esse espaço foi pensado para

servir os três prédios e como eles configuraram cinco condomínios separados, essa

relação Inter condominial não ficou ainda bem resolvida, entende. Então isso é um

problema que os condomínios têm que resolver para que o edifício/conjunto possa

oferecer os espaços que foram de fato dimensionados para isso. Isso é um problema

e o outro é que... agora o condomínio poderia algum dia fazer esses brinquedos é um

negócio muito simples, fazer umas pinturas no piso, talvez já resolvesse. Por outro

lado, é interessante, eu acho. Eu acho que ficaria muito melhor com os brinquedos,

mas por outro lado, acho muito bom que as crianças brinquem na calçada na minha

opinião, porque chegou a propor em algum momento que não tivesse isso (a calçada),

você sabe que isso é uma questão de legislação, a Lei, uma norma de habitação de

interesse social prescreve que você tenha que ter tantos metros quadrados, 20% da

área do terreno dedicada a área de lazer condominial, isso para nós foi uma questão

colocada em discussão, porque o Copan, por exemplo, que tem 1.100 apartamentos

mais ou menos, não tem... ele tem zero, para 1.100 apartamentos tem zero de área

condominial privativa, de lazer, zero, não tem! E ao mesmo tempo o quê que

acontece? As pessoas vão para a rua. A rua de menor movimento é uma rua muito

frequentada pelas crianças e pelos moradores. Eu continuo achando que isso

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH

DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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inclusive deveria ser posto em questão, ao mesmo tempo esse conjunto está ali na

frente a uma praça grande que hoje em dia é até uma praça um pouco mal apropriada.

Eu acho até que sobra espaço de lazer e acho que esse espaço de lazer quando

sobram viram nada, é o contrário, acho que deveria ter menos espaço de lazer. Eu

acho que, inclusive o espaço condominial interno, talvez não seja adequado um caso

para pensar mesmo, uma crítica que talvez fosse necessária fazer e talvez devesse

ter mais área de calçada e menos área de lazer. Também aqui os terrenos é uma

questão da legislação, acho que essa legislação, ela impõe recuos que são

completamente arbitrários. Esse terreno aqui, essa calçada ampliada, na verdade é a

área interna do terreno. Nossa proposta era doar essa... você aprova o projeto e

depois doa isso para a prefeitura, ou seja, calçada, isso é uma inadequação total,

como esse prédio da Galeria Metrópole, todos os prédios do centro não têm recuo são

mais do que suficiente, mais do que necessário para você comprovar que esses

recursos são completamente arbitrários, recuo frontal, loucura! Arbitrariedade total,

desnecessário, você faz a calçada larga. O problema eu acho que os lotes, essa

calçada da Berrini atualmente tem 1,5 metros, as calçadas aqui 1,5 metros ou 2 metros

e por Lei pela Operação Urbana deveriam ter diminuído o perímetro ocupado pelo

prédio, mas isso deveria ter se transformado, ter se incorporado na área pública, teria

sido melhor ou algum dia talvez ainda possa vir a ser, mas atualmente são área

condominiais que é uma área enorme.

Aécio – É quase uma avenida de calçada!

EDUARDO FERRONI – Uma calçada potencialmente tem mais uso de lazer do que

qualquer outro lugar e isso de fato acontece aqui, não acho que seja demagogia.

Inclusive eu acho que isso é uma coisa até... poderia fazer uma crítica, ver que rua é

essa que foi produzida por esse conjunto, a rua... qual é o resultado, porque em geral

os conjuntos são feitos e depois tem uma cerca em volta deles e eles tem essa área

privativa condominial. Qual que é a rua que é produzida por um conjunto assim? E

qual que é a rua que é produzida por um conjunto onde essa grade deixa de existir,

eu tenho a impressão de que se você vai lá à noite, agora vai lá, agora visitar, sábado

à noite o lugar é muito, muito cheio, a calçada é cheia e é capaz de que essa área

condominial esteja vazia. Acho que isso é muito significativo e tinha de alguma forma

ser registrado, faz uma diferença brutal.

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Aécio – Na visita que fiz tive essa percepção de que a população frequenta mais essa

rua que tem que a outra, onde está a ponte.

EDUARDO FERRONI – Aqui eu acho que tinha uma discussão assim, como tem o

início da rampa da ponte e fica mais alto ali a gente ficou se perguntando como poderia

ser essa relação do térreo nesse ponto, porque essa alça lateral de acesso a Berrini

também é muito carregada de trafego. Então, a gente ficou muito em dúvida se fazia

os equipamentos abrindo para lá ou para cá. No final, a gente achou que era melhor

privilegiar essa rua, que é uma rua mais de bairro mesmo e a outra é completamente

deserta por pedestre. É uma questão, o que aconteceria se a UBS tivesse o acesso

abrindo para cá ou invés dali? Será que isso teria sido capaz de gerar ou de criar um

uso? Nessa aposta, a gente resolveu não arriscar e abrir para lá. Enfim, é uma questão

que acho que precisa pensar mesmo, precisa olhar, ver resultado. Embora eu acho

que a condição dessa via aqui impõe que essa calçada de fato não seja tão

frequentada, porque não é agradável andar por ali, se você pode andar por aqui não

vai querer andar por lá. Eu acho que não tem muito jeito, sabe. Acho que não é uma

coisa que a arquitetura não conseguiria reverter num prédio, mas fica a dúvida!

Aécio – Na visita que fiz ao Sr. Gerôncio, existe o quarteirão à frente da quadra do

Jardim Edith e segundo ele, ainda estava em discussão com a Prefeitura e que em

dezembro/15 começaria uma nova obra. Existe alguma proposta?

EDUARDO FERRONI – A gente soube que a SEHAB... a gente fez várias versões

desse projeto, fez inclusive uma mais recente para essa gestão para esse terreno com

habitação. Tinha também que o terreno se desdobrava em dois lotes e aí existia um

interesse da Polícia... não sei agora se era o Governo ou a Prefeitura, mas tinha o

interesse de algum prédio da Polícia aqui por uma questão de planejamento geral da

Berrini para essa área, seria bom ter uma delegacia ou um quartel. Então se discutiu

isso na época e depois eu não sei onde isso foi parar. A gente fez esse estudo para

habitação reservando um lote que poderia ser usado ou pela polícia ou por outra

instituição. E esse estudo a gente não teve continuidade, não teve resposta ou uma

demanda para que a gente fizesse nada lá, além dos estudos que a gente fez. Então

eu não sei, o nosso trabalho se encerrou aqui e no estudo que a gente fez para lá

depois. Não sei se a SEHAB depois foi lá e desenvolveu esse estudo ou fez outro,

não sei. Mas eu tive notícia de que eles iam construir ali, também não sei se vão

construir.

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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL

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Aécio – Provavelmente na minha próxima visita terei alguma notícia.

EDUARDO FERRONI – É, pode ser que você saiba de alguma coisa.

Aécio – Eduardo, para o momento você me esclareceu muitas coisas.

EDUARDO FERRONI – Eu acho interessante se fosse você... um pouco assim, eu

tenho a impressão, por exemplo, tem coisas que você pode ir lá ver que seriam úteis

para o Poder Público até a crítica é importante de ver como as coisas estão sendo

usadas. Por exemplo, você vai lá em diferentes horas do dia ver como os acessos são

usados, ver como os condomínios estão se relacionando, que espaços são

frequentados pelos moradores, como fica essa relação das vagas, porque as vagas,

a gente não achava coerente fazer vagas internas, achava que não fazia sentido lotear

vagas privativas, os moradores nesse lugar diante da oferta de transporte público que

o lugar tem, por outro lado tem gente que trabalha com o carro, tem o carro para

trabalhar. Então tem as vagas que estão numa condição dúbia, porque elas são

públicas, ou seja, elas estão na rua por outro lado elas estão na parte dentro do

terreno. Sei que alguns oradores pintaram lá, seria interessante pesquisar e ver como

funciona essa dinâmica de fato, na hora que o “cara” sai alguém pode parar? A gente

imaginou, pelo menos no mundo ideal, as vagas são públicas, elas são usadas

preferencialmente pelos moradores que estão lá na frente e eles sabem os horários

que conseguem usar a vaga. Então o “cara” que tem carro teria condição de usar a

vaga tranquilamente por estar no espaço público foi o nosso entendimento. E aí na

hora que esse “cara” está trabalhando e o horário que chega gente para trabalhar na

Berrini, então essas vagas seriam disputadas por quem está vindo trabalhar, a gente

achou que essa vaga ia ser bem frequentadas e bem usada, mas que esse conflito

talvez pudesse ser mais tranquilo. Eu não sei, talvez seja interessante ver e perceber

as dinâmicas como foram apropriadas. Essa coisa da rua, quem usa? Eu acho que a

rua a calçada aqui é muito viva por causa do conjunto, mas é uma suposição minha.

Eu acho que é. Já estive lá várias vezes e sempre perguntei para os moradores, já

estive lá em vários momentos que o chão, acho também que existe a questão da

sociabilidade de poder ter uma relação tranquila com a calçada de usar a calçada

mesmo, que é muito bom que é de fato quando você chega ao final de semana e as

mães, tem uns banquinhos umas coisas aqui, tem mãe com criança que sempre brinca

na calçada e fica lá sentada mesmo na calçada. Então, isso de fato acontece e acho

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que acontece por causa do conjunto, mas é uma suposição, talvez fosse importante

aferir mesmo, porque essa informação é relevante e isso está muito em discussão,

você faz um conjunto habitacional que não se transformar numa área muito isolada,

muito violenta. Acho que isso contribui.

Aécio – Perfeito Eduardo. Obrigado pela oportunidade e suas considerações e dicas

sobre o projeto!

EDUARDO FERRONI – Você querendo conversar mais, você me fala. Tem muita

coisa você pode baixar no site. Você precisando de mais coisas me avisa e a gente

vai conversando.

Aécio – Mais uma vez, muito obrigado!

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APÊNDICE B – Entrevista com a Arquiteta Marta Moreira, 27/01/2016, em seu

escritório de arquitetura MMBB.

Aécio – Como foi que aconteceu o projeto do Jardim Edith para o escritório MMBB?

MARTA MOREIRA – O primeiro contato foi por contato da SEHAB, que na época

tinha a Elisabete França, como superintendente da região Centro. Ela entrou em

contato com o escritório, porque eles queriam fazer um estudo das possibilidades do

Jardim Edith, que está no contexto da Operação Urbana Águas Espraiadas e uma

serie de investimentos haviam sido feitos, inclusive naquela ponte Estaiada

gigantesca. Eles iam inaugurar a ponte e a favela Jardim Edith estava ainda colocada

ali como uma grande questão. É uma favela muito antiga, tem uma série de histórias

a respeito do processo longo, uma comunidade que era bastante articulada com a

Prefeitura durante muito tempo. Então foi nesse contexto que a gente foi chamado,

MMBB, foi numa época que a gente estava com bastante trabalho e nós chamamos

para colaborar no projeto o H+F, que é um escritório do Eduardo Ferroni e Pablo

Hereñú, que já haviam trabalhado no escritório. Eles trabalharam alguns anos aqui e

depois abriram o seu próprio escritório e aí eles fizeram em parceria com a gente o

projeto.

Aécio – Então estamos num cenário da inauguração da ponte Estaiada com uma área

valorizada e o Jardim Edith que sempre existiu no local.

MARTA MOREIRA – É! Uma área supervalorizada sem dúvida, só que a área da

favela era uma ZEIS, porque tinha essa questão “nossa um dos terrenos mais caros

de São Paulo”, porém ela está dentro de uma perspectiva legal de ser uma ZEIS,

destinada a construção de habitação de interesse social para aquela comunidade.

Aécio – Especificamente.

Aécio – O histórico de famílias que foram cadastradas é de aproximadamente 800...

MARTA MOREIRA – Então, quando a gente entrou no processo já havia uma relação

longa da comunidade com a Prefeitura. O Jardim Edith tem uma série de processos

jurídicos, a comunidade fez... tinha toda uma conversa da comunidade com a

Prefeitura e havia uma relação de famílias que deveriam ocupar o Jardim Edith, que

não eram as que estavam lá instaladas, eu não me lembro se eram oitocentas, eu

acho que não eram tantas famílias assim, talvez você tenha esse dado e eu não tenho,

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mais existia uma comunidade que historicamente estava... morava lá, e tinha uma

comunidade que era flutuante de famílias que iam e vinham. Então, existia lá uma

relação. Tanto é que quando a gente começou a desenvolver o projeto a demanda

inicial eram 500 unidades e a demanda final foi de 250 unidades, hoje no Jardim Edith

têm 252 unidades. Então existia uma demanda muito maior do que a que depois...

isso por questões entre a Prefeitura e a comunidade de lá.

Aécio – É porque tiveram pessoas que receberam dinheiro para voltar para a “terra

natal”, outros foram para outros programas habitacionais, enfim...

MARTA MOREIRA – Inclusive durante o projeto a gente teve contato com a

comunidade, principalmente com o Sr. Gerôncio, que era o representante por muito

tempo, ele faleceu foi atropelado no final do ano passado. Hoje que está no lugar dele

é o Vanderlei, talvez você já conheça.

Aécio – Ainda não.

MARTA MOREIRA – Então, que quem está no lugar dele não, porque a última vez

que eu falei com o Vanderlei, eles estavam todos super tristes...

Aécio – Sem saber o que fazer ainda.

MARTA MOREIRA – ...ainda. Então ele era a interlocução daquele momento, não sei

como eles se organizaram agora, porque depois que eles ocuparam o conjunto eles

tinham um outro tipo de organização. Cada um dos edifícios tinha um síndico, então

eles estavam se organizando de outra maneira, do que originalmente quando

começamos a fazer o trabalho.

Aécio – Começamos a falar do projeto em si. O Jardim Edith ocupava uma área

enorme e de repente temos uma área, mais restrita para o desenvolvimento do projeto.

Como foi trabalhado a inserção do projeto dentro do urbano?

MARTA MOREIRA – Então, primeiro essa questão, hoje inclusive eles estão

construindo na quadra da frente, né, tem uma obra lá. A última vez que eu fui no final

do ano passado (2015) tinha um canteiro de obras sendo instalado lá. Eu não faço

ideia o número complementando. O que havia paralelo a tudo isso é que existia uma

negociação da Prefeitura com os proprietários das casas daquela quadra em frente,

porque a favela ocupava tanto o lugar onde foi construído o conjunto Jardim Edith,

aquelas duas quadras ali, quanto parte daquela quadra de traz e a outra parte eram

ocupadas com algumas casas e existia uma negociação lá, da Prefeitura com essas

pessoas sobre o que construir ali. Uma briga toda ali muito complicada.

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Bom, o que a gente considerou que era fundamental na questão da implantação do

Jardim Edith é que ele está justamente num lugar da cidade que tem uma dinâmica

muito diferente do que a dinâmica daquela população. Então a primeira coisa que a

gente achava fundamental era criar uma situação que não fosse uma situação de

gueto, que ele existisse muito conformado a ocupação atrás do muro e que pouco se

relacionasse com aquele entorno. Então, acho que uma das coisas fundamentais era

garantir que o térreo fosse um térreo que pudesse ser muito público, que não fossem

exclusivos daquela comunidade, então, por isso que todo o embasamento ou grande

parte dele tem restaurante escola, uma creche e a UBS. Então, isso também foi uma

briga que era muito difícil não com a comunidade agora, a comunidade queriam essas

coisas, o restaurante escola inclusive foi uma que partiu da comunidade e eu acho

que é muito pertinente, embora até onde eu sei ele ainda não está ocupado, a UBS

está a creche está, mas o restaurante escola ainda não conseguiu fazer uma

articulação, mas até a minha última conversa... continuavam a Prefeitura, continuava

procurando parceiros para conseguir instalar lá no restaurante escola, porque a

demanda ainda era muito grande, tem uma série de restaurantes, então acho que era

muito pertinente a presença da escola naquele contexto. Então isso foi uma primeira

questão para nós muito importante, que era não simplesmente... a gente não estava

falando de produzir 250 unidades habitacionais, mas como criar aquele trecho da

cidade, com o fazer com que exista uma condição urbana boa. A casa na verdade é

a casa, a unidade, mas é a cidade que você encontra fora. Então garantir essa

utilização pública do térreo foi uma questão importante. Foi complicado porque, a

Secretaria da Habitação produz habitação, então, essa articulação da Secretaria com

as outras secretarias também foi uma questão de uma vontade política de se fazer, a

Elisabete França encabeçou isso e falou: “vamos fazer”, e aí começou as discussões

tanto com a Secretaria da Saúde como a Secretaria da Educação, de Abastecimento

também por causa do restaurante escola, e aí começou toda uma conversa para

conseguir viabilizar a instalação desses equipamentos naquele lugar. Ai outra coisa

que eu acho que é importante mencionar que também são decisões de projeto, então

essa questão da ocupação do térreo com a utilização que fosse para além da própria

comunidade. Os recuos, a gente ainda não tinha esse novo Plano Diretor, estamos

falando de cinco, seis anos atrás. Então todos os recuos, que são aqueles recuos

frontais, laterais que por Lei são exigidos, muitas vezes eles acabam se tornando

áreas de difícil manutenção até para aquela comunidade, porque você não consegue

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ter uma utilização efetiva. A questão do estacionamento, isso era uma outra decisão

naquele lugar da cidade tão bem servido de transporte público, não ocupar o térreo

com vagas de estacionamento. Se você imaginar que uma unidade tem 50m² e uma

vaga ocupa em média 25m², além do que existe o custo para a realização dessa vaga,

então isso era outra questão. O estacionamento na verdade, eles estão localizados

na própria via, no alargamento da própria via para garantir algumas vagas. Então essa

questão dos recuos o quê que a gente fez, a gente fez com que o limite estivesse

coincidindo com o limite da construção. Então os recuos na verdade foram

incorporados no alargamento do passeio público, para que tivessem calçadas que

fossem mais confortáveis, que a gente pudesse criar essas vagas ao longo da via.

Então acho que é bastante interessante, essa foi uma segunda decisão que eu acho

que era bastante importante e bastante significativa nesse contexto. E aí a partir disso

embora a gente tenha aquele térreo ocupado por uma série de programas, a gente

tem endereços muito claros para cada um deles, embora exista essa sobreposição de

usos, todos os edifícios tem o endereço bastante caracterizado: torre 01 naquela

esquina com a Berrini, as duas lâminas dão acesso para aquela Rua Charles

Coulomb, e aquelas outras duas torres para a rua transversal que vai dar na Roberto

Marinho. Então isso também era uma coisa importante, embora haja essa

sobreposição de uso existe claramente um endereço para cada uma dessas coisas.

Inclusive isso é uma coisa que eu olhando hoje lá, lamento um pouco, porque foi uma

decisão, porque a gente resolveu priorizar aquela Charles Coulomb por ser uma rua

mais local, então, a gente abre os equipamentos para lá, o restaurante escola, a UBS

e a creche. E porque a Roberto Marinho é um pouco inóspita, porque ela é uma alça

de acesso, tem muito transito e tudo mais. Mas eu achoe que se a UBS se voltasse

para a Roberto Marinho, porque seria também...

Aécio – Uma forma de deixar mais movimentada.

MARTA MOREIRA – ...mais movimentada, domesticar um pouco mais aquela relação

da calçada da Roberto Marinho, mas enfim, são coisas que a gente vai fazendo

escolhas e decisões de projeto e nem sempre a gente tem tão claro, mas acho que foi

uma segunda decisão, foi uma decisão bastante importante isso que eu acabei de

descrever as duas questões: o uso público e a questão de incorporar esses espaços

de exigência legal ao passeio público, então isso acaba imprimindo qualidade. E tem

umas coisas que são muito curiosas, por exemplo, entrada de energia, nossa

discussão com a Eletropaulo, você vai lá e fala para ele ou para as pessoas, a gente

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foi em três reuniões lá para discutir isso. A entrada de energia tem que está no

alinhamento do lote, aí você fala: “o alinhamento do lote é uma linha virtual, não existe,

o fechamento está no alinhamento da construção”, aí ele fala: “não, mas tem que fazer

no alinhamento do lote”, mas não existe, porque a gente gostaria de ter feito queria a

entrada de energia grudada na construção, que é o que divide o público do privado. E

não teve jeito, tem uma serie de postes, não sei se você chegou a notar isso? Mas

para mim, sempre aquilo é gritante, então uma série de postes onde virtualmente seria

o alinhamento do lote para a entrada de energia. Então são umas coisas muito

curiosas que eu acho até que o novo Plano Diretor pode vir a mudar

Aécio – Acho que são coisas que a própria arquitetura pensa em solucionar, mas que

os órgãos são rígidos a essas mudanças.

MARTA MOREIRA – E ninguém arrisca a tomar uma decisão, está na norma, o que

a norma diz é o que é seguido ao pé da letra, como se fala. E aí eu acho que a partir

dessas decisões, porque é uma coisa interessante também, porque tem alguns pátios

tanto a creche como o restaurante escola e um pátio de serviços, o restaurante escola

tem um pátio de serviços e tem um jardim, que separa o restaurante escola da UBS,

são espaços livres que eles agregam valor a habitação que está em cima, o uso

condominial dos edifícios de habitação estão a 3 metros de altura da rua estão na

cobertura desses equipamentos. Imaginando que daqui a alguns anos aqueles jardins

as árvores vão crescer, as copas das árvores vão estar nessa cota. É um vazio que a

própria habitação disfruta sem num entanto ser responsável por manter, porque isso

é interessante também, porque na hora que você ocupa com equipamentos públicos,

você devolve ao poder público a responsabilidade pela manutenção daquelas áreas,

das calçadas, da iluminação, eu quero dizer dessa manutenção mais cotidiana e

imediata, lavar a calçada, por exemplo, calçada ela é de responsabilidade do morador

(tanto é que cada um faz a sua calçada aquela coisa absurda que a gente vê). Então

você devolve ao poder público a responsabilidade pela manutenção daquele trecho

da cidade, isso também é uma coisa interessante do ponto de vista da administração,

que é o que o Plano Diretor fala como a calçada ativa, animada por esses usos que

não são usos exclusivamente habitacionais. Então acho que tudo isso é interessante.

Bom, a partir disso o uso condominial ocupa a cobertura dos edifícios dos

equipamentos embaixo e a implantação... duas lâminas que era a oportunidade de

fazer essa oferta um pouco diferenciada em termos de custo do condomínio por causa

da existência do elevador e aí elas estão todas orientadas as três torres são orientação

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leste/oeste com uma “baita” vista, porque você só tem um vizinho... as três torres têm

uma condição de ter um vizinho a 100 metros de distância, mesmos as duas que estão

junto da rua uma olha a Águas Espraiadas, outra olha a Marginal. E as duas lâminas

com orientação norte/sul, ambas com dupla orientação as unidades, elas têm

orientação para ambos os lados, tem ventilação cruzada, assim como as torres

também. São coisas que as pessoas... é engraçado que são valores que não são

vendidos, mesmo no mercado imobiliário muitas vezes você não menciona, não é

mencionado que tem uma orientação “x” ou que tem uma ventilação cruzada, mas que

a gente sabe que são valores preciosos na qualidade da habitação, mesmo nas torres

as unidades elas tem uma dupla elas tem uma ventilação cruzada, porque aquela

galeria que é aberta e as unidades que estão no centro, as da ponta abrem para fora

e aí tem as três faces, mas as duas unidades do centro elas tem uma iluminação e

ventilação que se abrem para a galeria e também garante essa ventilação cruzada. A

outra coisa é que são aqueles armários na fachada, que não é uma novidade que o

Zezinho Magalhães já tem essa solução, Mies Van der Rohe lá atrás já fazia uma

solução como essa e que a gente resolveu adotar, porque era uma forma de você

expandir um pouco essa área da unidade. Então, por uma questão de financiamento

elas têm que ter no máximo 50m², e aquela área é uma área que não entra nessa

conta porque digamos é uma solução de fachada e ao mesmo tempo é uma solução

interessante, porque a sobre saliência na hora que você recua o caixilho funciona

como uma proteção para o caixilho que é bem interessante e muitas unidade, mesmo

a casa do Vanderlei, ele é muito gentil, ele sempre leva as pessoas para visitar, ele

mora em uma das torres em uma dessas unidades do centro, ele ocupou todos os

armários, então é muito interessante. O nosso acordo com a Prefeitura foi assim: você

tem que ter lugar para o guarda roupa no quarto, ou seja, a existência do armário não

faz com que não seja preciso garantir que haja espaço para o guarda roupa, mas a

nossa presunção é que as pessoas utilizassem mesmo esses armários da fachada

como armários, porque aí tudo se amplia. Na casa do Vanderlei estão todos utilizados,

ele fez portas... é uma casa muito caprichada a casa dele. Então são essas as

decisões. (risos)

Aécio – Uma coisa que me chamou a atenção foi a orientação solar das lâminas

serem norte/sul, como se tomou partido por essa decisão?

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MARTA MOREIRA – Como eu tinha falado, essas lâminas têm dupla orientação elas

abrem para o sul, mas abrem para o norte também, ou seja, estou garantindo a

ventilação insolada.

Aécio – Nas torres além da dupla orientação também agrego o visual do entorno, você

traz essa paisagem para dentro de casa.

MARTA MOREIRA – Essa também era uma questão da verticalização, porque a

SEHAB era um pouco reticente com relação a isso. Verticalizar porque era uma

comunidade que estava acostumada a viver em casas e que tem a manutenção do

elevador, então, era sempre uma preocupação. Também de novo, não é nenhuma

novidade, mas era uma que a SEHAB tinha certa reticencia, tinha uma certa

preocupação em relação a isso. Então é óbvio que você consegue uma maior

qualidade, se a gente tivesse colocando todas aquelas unidades num gabarito de

térreo mais quatro, que na verdade a gente fez térreo mais cinco, porque o último

apartamento do último nível é um duplex, você atinge a unidade e de lá você tem

aquele segundo pavimento. Você jamais conseguiria essa qualidade de afastamentos

de um edifício para outro e tudo mais, mas ao mesmo tempo garantir que parte dessas

unidades horizontais acho que foi uma boa decisão, porque você atende... bom,

porque primeiro eu acho que a diversidade é uma coisa que interessa, você ter uma

oferta de diferentes unidades acho muito “bacana” que isso possa acontecer e depois

por causa disso que eu estava te contando, diferentes possibilidades de recursos,

então têm famílias que não tem condições de pagar o tanto a mais que o elevador

significa, acho que isso foi uma coisa importante.

Aécio – Visualmente você não adensa muito a implantação, ele transmite uma leveza.

MARTA MOREIRA – Você consegue garantir uma outra ocupação do térreo inclusive,

o que quero dizer é com áreas livres de jardim que eu acho que são importantes

também.

Aécio – A questão da verticalização sempre existiu desde o início do projeto?

MARTA MOREIRA – A gente teve vários estudos até porque começou com as 500

unidades, então, nós fizemos uma série de estudos onde, por exemplo, todos os

edifícios com oito pavimentos – gabarito de Brasília – porque ao mesmo tempo que

você verticaliza você ainda consegue manter uma relação de proximidade com a

cidade, porque oito pavimentos aquela história, você consegue chamar o menino para

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almoçar gritando pela janela. Então teve estudos que passaram por isso até que a

gente chegou nesse estudo aonde a gente fazia as três torres mais verticalizadas e

ao mesmo tempo consegue liberar muito mais espaço uma condição urbana muito

rara na verdade, porque a cidade é muito mais densa do que isso. Eu acho que aquela

área do Jardim Edith podia ter sido mais adensada e ainda com qualidade, a gente

teria condições de ter feito mais unidades, mas existia como te falei esse acordo, que

era um acordo legal da Prefeitura com a comunidade que aquilo deveria ser destinado

a 250 famílias e aí eu acho que a opção pelos equipamentos públicos foi uma outra

forma de poder adensar, ou seja, instalar os equipamentos além das unidades de

habitação era uma forma de adensar aquele lugar.

Aécio – Acho interessante essa solução com a integração das secretárias, não vejo

em outros projetos essa união para se produzir com qualidade essas propostas.

MARTA MOREIRA – É como te falei dá trabalho, é uma decisão política você querer

fazer essa articulação, acho que a Bete França resolveu encarar isso, porque é um

absurdo ficam... a Secretária da Educação fica procurando terrenos para implantar

creche e escolas, a Secretaria da Saúde, por exemplo, aquela UBS estava instalada

num imóvel alugado, a UBS que atendia aquela região, na verdade eu acho que não

era nem uma UBS, acho que era um posto de saúde que alugava uma casa naquela

região. Então quando você pensa do ponto de vista da cidade é difícil, os terrenos são

difíceis estrategicamente colocados para poder dar um bom atendimento para esses

serviços. É um absurdo você não imaginar essa sobreposição, além do que a gente

fala como... parece que não existisse um modelo, o centro da cidade está construído

todo dessa maneira... É interessante, é o jeito de construir a cidade numa qualidade

urbana maior e ao mesmo tempo é isso a calçada ativa consegue imprimir uma

dinâmica muito mais interessante do que você ter o controle das próprias unidades,

ou como grande parte da cidade guarita, entrada de carro, as calçadas acabam sendo

uma sucessão disso gradil, guarita e entrada de carro, gradil, guarita e entrada de

carro

Aécio – Uma repetição de mesmas funções sem pensar na qualidade.

MARTA MOREIRA – Ou que dê uma qualidade mais interessante para a cidade.

Aécio – O térreo elevado proporciona as áreas comuns do condomínio, quando fiz a

visita...

MARTA MOREIRA – Está tudo fechado.

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Aécio – Na lâmina 2 é deserto, eles não se apropriaram.

MARTA MOREIRA – É que aconteceu o seguinte, eles fecharam. É assim, a quadra

1 as duas torres e a lâmina tem aquela área condominial que se comunica tanto a

torre 1 como a torre 2 tem acesso àquela área e a lâmina também, então, aquela área

seria para a utilização de toda aquela população da quadra 1, as torres e a lâmina. Ai

justificativa deles eu não sei se é verdade, porque todas as vezes que eu voltei lá a

discussão era sempre a mesma, mas como vocês mantem fechar, eles fecharam tanto

a porta da torre 1 quanto a porta da torre 2, então o único edifício que ficou com acesso

aquela área é a lâmina, que tem meia dúzia de unidades, porque eles disseram que o

tráfico é muito grande nesse lugar. Imagina eles entram por uma porta e saem por

outra, eles que acabaram dominando essa dinâmica de circulação e de fluxos, mas é

um absurdo na verdade, eu acho que é uma forma de gestão infelizmente muito infeliz,

é uma tragédia.

Aécio – É porque você deixa de se apropriar por...

MARTA MOREIRA – Porque os moradores se eles quiserem acessar o uso

condominial hoje, como eles fecharam as portas, eles trancaram as portas, as duas

torres, eles não têm como acessar. Eles têm que entrar na lâmina para poder chegar

ali... e tem mais, as duas torres têm os seus salões uma tem o salão de festas e a

outra era um salão de estudos, não era salão de festas. Então na hora que eles

fecharam eles falaram: “Poxa! Mas a gente ficou sem salão de festas!” Logico, porque

o salão de festas era para ser usado pelos três edifícios e era uma sala de estudos,

não tinha cozinha e a lâmina não pode desfrutar do salão, então, eu não sei...

Aécio – A gestão é muito complicada.

MARTA MOREIRA – É complicada essa questão. É como eu te falei, tanto quanto é

uma vontade política de poder fazer, articular as secretarias... também é uma vontade

de uma gestão um pouco mais ambiciosa, porque, tudo bem a gente sabe que a

gestão de qualquer condomínio é difícil em qualquer um. Você mora em prédio?

Aécio – Sim.

MARTA MOREIRA – Então, eu também.

Aécio –É terrível! (risos)

MARTA MOREIRA – Você “bota” um monte de gente morando juntas não é fácil,

todas as decisões não são fáceis. Agora é uma pena partir para o caminho, fecha

essa porta, fecha essa porta e cada um resolve o seu e é isso.

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Aécio – Acredito que por experiências do passado eles não queiram passar

novamente.

MARTA MOREIRA – Eu não sei, acho que tudo é uma questão de aprendizado. Essa

comunidade vai aprender a gerir com uma situação diferente da que eles viviam,

porque é engraçado isso, às vezes a precariedade aceita coisas que depois na hora

que formaliza, quando está ocupado, conformado como aquele conjunto é inaceitável,

então eles conviviam com situações antes que passaram a ser inaceitáveis ali agora.

Sei lá, acho que é uma questão de aprendizado. Eu acho, nas últimas visitas que eu

fiz a existência dos equipamentos ajudam muito na gestão das negociações, a

presença de alguém que não é um morador.

Aécio – Com relação a escolha dos materiais para soluções plásticas e volumétricas

dada ao projeto, como foi trabalhada essa questão?

MARTA MOREIRA – Na verdade gostaríamos que fosse pré-fabricada a estrutura,

uma séria de coisas que a gente tinha outras soluções para a fachada, para as galerias

que não eram soluções... bom, na hora que você começa a ver qual é a mão de obra

a qual você vai trabalhar, é a Kallas que foi a construtora, é uma construtora do

mercado imobiliário. Eles, acho que são uma boa construtora, mas é um outro tipo de

raciocínio, tudo é revestimento, a estrutura não precisa ter tanta qualidade, porque

despois você vai lá e reveste e muitas vezes os projetos vem muito mais

compartimentados, mas enfim. Então, eu acho uma pena que as construções sejam

tão artesanais, sejam tão canteiro de obras, a estrutura fica... por exemplo, a estrutura

de concreto era para ser muito mais aparente do que ela é, ela foi toda revestida ou

grande parte dela. Quando você começa a ver a qualidade das fôrmas que foram

usadas na concretagem, o primeiro pavimento “OK”, o segundo e o terceiro, o quarto

era impossível de deixar aparente, então, foram uma série de coisas que inclusive

tiveram de ser... por exemplo, a galeria de circulação nas torres que acho que é

também uma questão interessante, aquela galeria é uma galeria que funciona não

exclusivamente como circulação, ela tem um certo alargamento, ela tem aquele banco

por uma necessidade de segurança tem aquela viga peitoril de 1,20m, que você

precisa ter entre um andar e o outro, então lá esse 1,20m está dobrado assim e ele

realiza aquele banco, então fica uma circulação mais alargada que a gente imaginaria

que fosso um certo quintal daquelas unidades, para aquelas quatro unidades elas

compartilham aquele espaço e acho que isso funciona, já fui em vários pavimento e

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está cheio de plantas, tem bicicletas, tem criança brincando, acho que é uma coisa

que funciona legal. Mas aquele fechamento, por exemplo, ele foi uma decisão em

função de custo. A gente tinha começado com elemento vazado era impossível porque

a mão de obra para assentar o elemento vazado em todo aquele edifício ia demorar

muito tempo, era uma coisa muito artesanal, então a gente abandonou essa solução

e partiu para a grelha, a grelha que tem lá, pegava toda a extensão e por ter um custo

muito alto, então a gente começou a fazer aquela solução que intercalava com a

alvenaria, porque nada bate o custo da alvenaria com as janelas de grelha. Então

foram uma série, por exemplo, as janelas corridas da sala e dos quartos a gente não

tem venezianas, isso também foi uma escolha a gente optou por fazer um vão muito

maior de iluminação e ventilação, porque a janela padrão a gente sabe qual, é aquela

janelinha veneziana de vidro que a gente não consegue abrir tudo, então a gente fez

uma opção que pudesse ter uma extensão maior de iluminação e de ventilação, mas

que, no entanto, não tinha o custo da veneziana, porque se não a gente não conseguia

viabilizar as duas coisas, um vão grande de ventilação e iluminação e mais a

veneziana, então, cada morador coloca a sua cortina, mas está garantido que tem um

caixilho. São uma série de coisas que foram levando isso também em consideração a

mão de obra que a gente tinha, o custo do que era possível.

Aécio – É uma batalha grande.

MARTA MOREIRA – É, mas é interessante.

Aécio – As unidades acessíveis se localizam nas torres, como foi desenvolver essa

tipologia?

MARTA MOREIRA – A gente procurou que todas as unidades tivessem bastante

flexibilidade no sentido da transformação ao longo do tempo, então, por exemplo, a

unidade da lâmina ela é uma unidade que você pode tanto consegue fechar um

terceiro dormitório pequeno ou um pequeno escritório. A lâmina, ela tem uma unidade

que você consegue isolar o núcleo molhado se quiser, ou seja, abrir tudo e deixar só

o núcleo molhado fechado com a dupla orientação, ela é uma tipologia muito, muito

boa e a gente consegue fazer algumas coisas, consegue fechar a cozinha sem

comprometer o espaço da sala, consegue fazer esse pequeno terceiro dormitório ou

fechar esse pequeno escritório, ela é uma tipologia bastante flexível nesse sentido

dessa transformação ao longo do tempo. Na torre a gente também com pouco menos

de flexibilidade de transformação, mas também as unidades da torre aquelas duas do

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centro você também consegue deixar isolada a área de serviço: o banheiro, a cozinha

e a lavanderia e consegue abrir todos os quartos se quiser, também é uma tipologia

que ao longo do tempo aceita bem essa transformação e a da esquina também,

porque você consegue abrir um dos quartos e ampliar a sala, mas isso era uma coisa

importante também para nós que pudesse ter essa flexibilidade de transformação.

Nesse sentido a tipologia que é adaptada o que acontece, o quarto um dos quartos

fica menor e a gente amplia o outro quarto para aceitar o giro da cadeira e amplia o

banheiro também. A cozinha, ela já é uma cozinha aberta e, portanto, ela está

incorporada a sala e ela é acessível, é uma transformação...

Aécio – A lavanderia o tanque muda a posição.

MARTA MOREIRA – É porque você tem que se aproximar de frente, na outra a gente

tem uma circulação para a área de serviço e o tanque está aqui e aqui tem aquela

circulação com aquela iluminação e ventilação, na adaptada o tanque está aqui na

frente, ou seja, eu acho que é uma unidade pior essa que está adaptada, são 50m² é

tão difícil você imaginar que o banheiro que fica um banheirão.

Aécio – Para atender a tudo, porque adaptando o banheiro ele vai ter quase a

dimensão de um quarto...

MARTA MOREIRA – É difícil, mas o que eu acho mais importante é que a unidade

possa ter alguma possibilidade de transformação, os filhos saem e você abre um

quarto e amplia o espaço coletivo da sala, ou volta alguém para morar e você fecha e

o quarto volta, cria o terceiro quartinho porque a avô veio morar junto, sei lá, as

dinâmicas acabam mudando tanto.

Aécio – É um movimento sociocultural. Se formos pensar habitação na época do

CECAP Guarulhos, por exemplo, era uma outra identidade, outra sociedade, um outro

momento.

MARTA MOREIRA – Mas aquela unidade é maravilhosa totalmente adaptável a

qualquer situação, porque de novo, aquela unidade, aliás aquela unidade da lâmina a

gente olhou bastante a planta do CECAP, porque ela é muito bem resolvida, você abre

tudo, você deixa só o núcleo molhado se quiser também.

Aécio – Eu fiquei impressionado quando fiz a visita. Porque eu visitei lá, há

flexibilidade para atender todos os tipos de família.

MARTA MOREIRA – São 60, 62 metros quadrados.

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Aécio – O Jardim Edith tem uma solução plástica que foge do padrão dos “carimbos”

que replica as habitações.

MARTA MOREIRA – Mas não foi somente o Jardim Edith.

Aécio – Sim, temos os outros projetos do perímetro da Operação Urbana.

MARTA MOREIRA – Exatamente, tem o Real Parque que é do Colonelli que é muito

lindo, tem na mesma Águas Espraiadas o projeto do Marcelo Suzuki, tem o Jardim

que não está pronto, mas acho que está em construção é o Jardim Lidiane que é do

Andrade Morettin, que fica ali que é muito lindo o projeto também que fica ali na

Marginal numa alça que já tem, não sei se é a ponte do Limão, que está em obras.

Aécio – Eu sei onde fica, é na ponte Júlio de Mesquita.

MARTA MOREIRA – Fica bem na rotatória, tem uns edifícios pré-existentes pintados

em cores cítricas de um outro programa e agora estão em construção o do Jardim

Lidiane. Então foram uma série de projetos, essa administração que foi de 2007 a

2012, eu acho.

Aécio – Com a Elisabete.

MARTA MOREIRA – Com a Elisabete França fez uma grande diferença brutal, porque

uma série de... eu não sei como está agora com a mudança da administração, não sei

bem em que condição está, mais ela chamou todos esses escritórios para participar.

Aécio – Acho importante quando você consegue exercitar a arquitetura...

MARTA MOREIRA – O Marcos Boldarini do Cantinho do Céu, depois ele fez também

o Corruíras acho que chama o projeto, quem mais? Mario Biselli, Piratininga, então

são muitos.

Aécio – Podemos dizer que na gestão da Elisabete França foi inaugurado um novo

pensar para a habitação social?

MARTA MOREIRA – Acho que sim, se criou uma oportunidade de se fazer acho que

com muito mais qualidade. Ela fez muita diferença, essa administração Kassab, ela

nessa posição, como que se chamava o Secretário da Habitação? Esqueci o nome

dele, porque ela era secretária adjunto, ou alguma coisa assim da SEHAB e acho que

fez uma grande diferença. É importante mencionar isso, porque a gente vê o que está

acontecendo agora. Hoje, por exemplo, eu não sei muito do que estão fazendo lá no

Jardim Edith naquele conjunto da frente, mas por exemplo, eu acho que não tem

nenhum uso além de habitação. Num dos programas que a gente insistiu muito em

colocar era um comércio. Um comércio que pudesse ser administrado, porque aquela

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comunidade deve ter um pouco de dificuldade naquele lugar, é um comércio meio

incompatível, porque é tudo supercaro.

Aécio – Já vi algumas reportagens na televisão em que eles saem de lá e vão fazer

compras em Paraisópolis.

MARTA MOREIRA – Por exemplo, eu posso entender, imagina aquela região é muito

difícil. Então, a gente insistiu muito e não foi possível e agoira esse conjunto que está

sendo feito na frente parece que não tem nada, nem comércio, nem nada.

Aécio – Então é um próximo passo para investigar.

MARTA MOREIRA – Eu acho que era legal você investigar. Eu não sei como é o

projeto, eu nunca vi. Não sei que fez a única coisa que eu acho é que não vai ter nada

e não tem uso misto, só habitação.

Aécio – Bom, por enquanto obrigado.

MARTA MOREIRA – Precisando pode entrar em contato.

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Capa e Projeto Gráfico: Aécio Flávio de Souza Lacerda Jr.

Imagem: Fachada do Conjunto Residencial Jardim Edtih.

Efeito fotográfico: Ouro, Cor de Ênfase 4 – Tom escuro.

Ano: 2016.

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