Gumbrecht - Pequenas Crises
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Transcript of Gumbrecht - Pequenas Crises
PEQUENAS CRISES Experiência Estética
nos Mundos Cotidianos
Gumbrecht
Quando falamos em experiência, julgamos que:
Quando falamos em experiência, julgamos que:
Ou ela é estética
Quando falamos em experiência, julgamos que:
Ou ela é estética
Ou faz parte do cotidiano
Quando falamos em experiência, julgamos que:
Ou ela é estética
Ou faz parte do cotidiano
Mas, se isso for verdade
Não podemos vivenciar uma experiência estética no cotidiano
Experiência Estética
Religiosa
Experiência Estética
Religiosa
Imposta
Experiência Estética
Sentimentos que almejamos Religiosa
Imposta
Belo Sublime
Abordagem NÃO Venerável motivo da “fusão arte e vida"
Abordagem NÃO Venerável motivo da “fusão arte e vida"
Considera impossível alcançar esse objetivo
Abordagem NÃO Venerável motivo da “fusão arte e vida"
Considera impossível alcançar esse objetivo
A fusão da experiência estética com o cotidiano neutraliza aquilo que há de mais peculiar na experiência estética.
Abordagem SIM A experiência estética no mundo cotidiano
sempre será natural e vai ocorrer de acordo com cada indivíduo. Isso desperta em nós o desejo de entendê-la.
Abordagem SIM
Isso acontece porque se opõe ao fluxo da nossa experiência cotidiana.
A experiência estética no mundo cotidiano sempre será natural e vai ocorrer de acordo com cada indivíduo. Isso desperta em nós o desejo de entendê-la.
Abordagem SIM
Isso acontece porque se opõe ao fluxo da nossa experiência cotidiana.
Pequenas Crises
A experiência estética no mundo cotidiano sempre será natural e vai ocorrer de acordo com cada indivíduo. Isso desperta em nós o desejo de entendê-la.
3 contelações diferentes em que essas crises da experiência estética acontecem no cotidiano.
1
1
Interrupção dentro do fluxo da nossa vida cotidiana.
2
Neue Sachlichkeit Movimento “Nova Objetividade”- 1920 Quanto mais funcional, mais bonito.
2
Neue Sachlichkeit Movimento “Nova Objetividade”- 1920 Quanto mais funcional, mais bonito.
Convicção de que um máximo de adaptação da forma de um objeto à sua função, produz um mais alto valor estético.
3
Situações cotidianas que, de repente, tornam-se excepcionais.
3
Situações cotidianas que, de repente, tornam-se excepcionais.
ROUPA MODA
3
Situações cotidianas que, de repente, tornam-se excepcionais.
ROUPA MODA
COMIDA CHIQUE
3
3
Isso acontece por causa da mudança nos moldes situacionais
dentro do qual abordamos o objeto em questão.
O que é igual nas 3?
O que é igual nas 3?
São iguais na condição de “excepcionais” dentro de um contexto maior.
O que é diferente?
O que é diferente?
São diferentes porque cada uma depende de uma constelação diferente de circustâncias.
Para descrever essas 3 experiências estéticas no mundo cotidiano, será abordado:
Para descrever essas 3 experiências estéticas no mundo cotidiano, será abordado:
Kant
Para descrever essas 3 experiências estéticas no mundo cotidiano, será abordado:
Kant Heidegger
Para descrever essas 3 experiências estéticas no mundo cotidiano, será abordado:
Kant Heidegger Seel
Para descrever essas 3 experiências estéticas no mundo cotidiano, será abordado:
Kant Heidegger Seel
Crítica da faculdade do juízo
A origem da obra de arte
A estética da aparência
Kant
Kant
Concentra a análise nas condições em que a experiência estética acontece.
A experiência estética produz “sentimentos íntimos” de natureza diversa.
A experiência estética produz “sentimentos íntimos” de natureza diversa.
BELO
A experiência estética produz “sentimentos íntimos” de natureza diversa.
BELO
Sentimento da finalidade sem fim.
A experiência estética produz “sentimentos íntimos” de natureza diversa.
BELO
Sentimento da finalidade sem fim.
Ex.: Papel de Parede
A experiência estética produz “sentimentos íntimos” de natureza diversa.
BELO
Sentimento da finalidade sem fim.
Ex.: Papel de Parede
SUBLIME
A experiência estética produz “sentimentos íntimos” de natureza diversa.
BELO
Sentimento da finalidade sem fim.
Ex.: Papel de Parede
SUBLIME
Excede as dimensões e os conceitos que
usamos para enfrentar o mundo
A experiência estética produz “sentimentos íntimos” de natureza diversa.
BELO
SUBLIME
Sentimento da finalidade sem fim.
Excede as dimensões e os conceitos que
usamos para enfrentar o mundo
Ex.: Papel de Parede Ex.: Espetáculo arrebatador do mar
A experiência estética é diferente das outras situações em que reagimos ao
mundo.
A experiência estética é diferente das outras situações em que reagimos ao
mundo.
Porque ela (e só ela) nos obriga a julgar sem a
possibilidade de recorrer a
dimensões e conceitos estáveis.
dimensões e conceitos estáveis.
A falta de
A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA É “PRAZER DESINTERESSADO”
Prazer desinteressado
Prazer desinteressado Prazer que independe dos propósitos e das funções que buscamos no cotidiano.
Prazer desinteressado Prazer que independe dos propósitos e das funções que buscamos no cotidiano.
Apesar disso:
Prazer desinteressado Prazer que independe dos propósitos e das funções que buscamos no cotidiano.
Apesar disso:
A experiência estética depende de um alto grau das disposições e preferências individuais. Espontaneamente, isso faz com que a gente ache que o nosso belo e sublime, será o belo e o sublime de todos.
Heidegeer
TERRA
TERRA
Conteúdo da experiência estética
TERRA
Conteúdo da experiência estética
Significa que podemos ver qualquer
coisa como é. Em seu ser desvelado, individual e tangível
TERRA MUNDO
Conteúdo da experiência estética
Significa que podemos ver qualquer
coisa como é. Em seu ser desvelado, individual e tangível
TERRA MUNDO
Conteúdo da experiência estética
Significa que podemos ver qualquer
coisa como é. Em seu ser desvelado, individual e tangível
O que está sendo desvelado não é uma ideia e nem protótipo
universal de um objeto.
E sim, que, como objeto individual,
pertence a situações históricas específicas
Logo, o conteúdo da experiência estética não é um templo grego e sim: o céu e sol, o mar e o rochedo em volta do rochedo – no estado de desvelamento, sendo que o templo é o catalisador que desencadeia o desvelamento.
Martin Seel
CONTEÚDO DA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
CONTEÚDO DA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
NÃO É
Simplesmente um objeto
CONTEÚDO DA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
NÃO É É
Simplesmente um objeto Um objeto associado ao conceito que lhe
atribuimos na nossa linguagem
POR CAUSA DISSO:
O efeito da “Aparência”
Separação do objeto e de todos os
conceitos que ele pertence.
Uma obra de arte é um objeto e conceito aptos para descontextualização.
4 conceitos para a descrição da experiência estética
1 Conteúdo da experiência estética
1 Conteúdo da experiência estética
Sentimentos íntimos, as impressões e as imagens que nossa consciência produz.
1 Conteúdo da experiência estética
Sentimentos íntimos, as impressões e as imagens que nossa consciência produz.
Desvinculação de seu contexto.
2 Objetivos da experiência estética
2 Objetivos da experiência estética
Seriam coisas suscetíveis de desencadear tais sentimentos, impressões e imagens.
2 Objetivos da experiência estética
Seriam coisas suscetíveis de desencadear tais sentimentos, impressões e imagens.
O Templo grego do Heidegeer Ornamentos de papel de parede
Mar para Kant Qualquer objeto para Seel
3 Condições da experiência estética
3 Condições da experiência estética
Circustâncias situacionais historicamente específicas nas quais a experiência estética está baseada.
3 Condições da experiência estética
Circustâncias situacionais historicamente específicas nas quais a experiência estética está baseada.
“Desinteresse” É a distância diante de todos os
propósitos práticos que nós adotamos como uma condição
universal da experiência estética.
4 Efeitos da experiência estética
4 Efeitos da experiência estética
Consequências e as transformações decorrentes da experiência estética – que permanecem válidos além do momento em que ela
acontece.
Em cada situação, esses planos da experiência estética encontrarão uma concretização específica (ou “típicas”)
AMBIENTE CULTURAL
AMBIENTE CULTURAL
Faz com que a gente perca, cada vez mais, o contato com a materialidade das coisas.
Logo:
Apreciamos, enquanto conteúdo da experiência estética, a impressão de uma oscilação entre efeitos de significação e efeitos de presença.
entre os conceitos e as funções que associamos aos objetos, por um lado, e sua tocabilidade.
Temos um desejo e uma apreciação pelo grão do mundo.
Temos um desejo e uma apreciação pelo grão do mundo.
PUNCTUM
Temos um desejo e uma apreciação pelo grão do mundo.
Mais do que nunca, estamos dispostos a aceitar qualquer objeto cotidiano
como um objeto da experiência estética.
Quanto às condições ela experiência estética, estamos hoje particularmente atentos para uma temporalidade específica que lhes pertence.
Os conteúdos da experiência estética se nos apresentam como epifánicos, isto é, eles aparecem repentinamente ("como um relâmpago") e desaparecem de repente e irreversi velmente, sem permitir-nos permanecer com eles ou de estender sua duração.
Quanto aos efeitos contemporâneos da experiência estética, tenho a impressão de que, num ambiente cultural e social, cujo ritmo frenético (porém vazio) Jean-François Lyotarcl uma vez caracterizou metaforicamente como "mobilização universal", estamos almejando, acima de tudo, um sentimento de tranqüilidade e estabilidade interior como ele é evocado pelo conceito de "serenidade"
Primeira Modalidade da Experiência Estética
Primeira Modalidade da Experiência Estética
Experiência Estética é uma interrupção inesperada no fluxo cotidiano.
Primeira Modalidade da Experiência Estética
Experiência Estética é uma interrupção inesperada no fluxo cotidiano.
Ou seja: um obejto familiar passa a ser estranho do nada.
As orelhas se destacam.
As orelhas se destacam. Efeito de estranhamento
As orelhas se destacam. Efeito de estranhamento
Desencadeia uma oscilação entre os momentos em que procuramos voltar ao normal e os momentos em que não podemos nos surpreender com isso.
Ornamentos funcionam como múltiplos frames.
Frames?
Percepções visuais
Percepções visuais
Sonoras
Percepções visuais
Sonoras
Culinárias
Não hesito em reunir todos esses efeitos deliberadamente produzidos sob o conceito de “experiência estética na vida cotidiana”.
Segunda Modalidade da Experiência Estética
Segunda Modalidade da Experiência Estética
Experiência estética em mundos cotidianos depende de um nível particulamente alto da adaptação de um objeto à sua função.
Segunda Modalidade da Experiência Estética
Experiência estética em mundos cotidianos depende de um nível particulamente alto da adaptação de um objeto à sua função.
Assim fica óbvio que a “interrupção” não pode ser um conceito adequado para descrever a relação entre uma experiência e o cotidiano.
Feita para se adaptar ao corpo humano para gerar conforto
Feita para se adaptar ao corpo humano para gerar conforto
Se você senta na cadeira, cada vez mais gosta dela.
Feita para se adaptar ao corpo humano para gerar conforto
Se você senta na cadeira, cada vez mais gosta dela.
Cada vez mais e não “repentina"
Feita para se adaptar ao corpo humano para gerar conforto
Se você senta na cadeira, cada vez mais gosta dela.
Cada vez mais e não “repentina"
Ou seja, a experiência estética ocorre num grau gradual de emergência.
Feita para se adaptar ao corpo humano para gerar conforto
Se você senta na cadeira, cada vez mais gosta dela.
Cada vez mais e não “repentina"
Ou seja, a experiência estética ocorre num grau gradual de emergência.
Conforto como experiência estética
Um objeto pronto a mão (adaptação da cadeira de design a sua função)
torna-se Um objeto presente-à-mão (consciência do
conforto de suas condições)
Um objeto pronto a mão (adaptação da cadeira de design a sua função)
torna-se Um objeto presente-à-mão (consciência do
conforto de suas condições)
A alta tecnologia passa a ser algo real. É o desvelamento do Ser.
Um objeto pronto a mão (adaptação da cadeira de design a sua função)
torna-se Um objeto presente-à-mão (consciência do
conforto de suas condições)
A alta tecnologia passa a ser algo real. É o desvelamento do Ser.
Algo que “cresce em nós”.
Terceira Modalidade da Experiência Estética
Terceira Modalidade da Experiência Estética
Cotidiano é dado por um plano situacional primário em que certas práticas e certos comportamentos acontecem normalmente.
Fascínio por jogos bonitos
Fascínio por jogos bonitos
Pode ser descrito como: Epifania de uma forma complexa,
corpórea e temporalizada.
Fascínio por jogos bonitos
Pode ser descrito como: Epifania de uma forma compleza,
corpórea e temporalizada.
Não precisa ter uma bagagem acadêmica para viver a
experiência estética.
Você não só ingere calorias, mas sim, desfruta do prato que está comendo.
Tá, mas qual a importância de discutir se certos eventos são experiências estéticas?
Por causa da convicção de que os moldes “oficiais” da experiência estética foram de uma estranha inflexibilidade durante os últimos 2 ou 3 séculos.
ANTES
ANTES
As condições da experiência estética eram pequenas e rígidas
ANTES HOJE
As condições da experiência estética eram pequenas e rígidas
Esses moldes tradicionais alcançaram uma exaustão
ANTES HOJE
As condições da experiência estética eram pequenas e rígidas
Esses moldes tradicionais alcançaram uma exaustão
Por exemplo discutir se arte é arte e literatura é literatura. Isso fazia sentido no passado, que havia um desinteresse na produção e recepção de obras de arte e textos literários.
A situação não pode ser dramática. As condições para ser experiência estética devem ser flexíveis.
É isso.