Guiadaespecie Ede Campo Jagube 95

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    Jagube Banisteriops caapi

    GUIA DA ESPCIE

    1. Descrio genrico-popular da espcie - Discrio geral da planta, seusnomes e informaes sobre a origem do seu uso.

    2. Descrio Botnica da espcie - Descrio da espcie incluindo ficha botnicaquando existente. O jagube (B. caapi) uma trepadeira robusta de porte mdio a

    grande com caules revestidos por uma casca fina, spera e arroxeada. A principalrea de distribuio estende-se ao longo dos afluentes dos rios Orinoco eAmazonas, principalmente na rea onde fica o Estado do Acre e os pases do Perue Colmbia. Embora algumas vezes seja cultivado, o jagube coletadoprincipalmente em estado silvestre. Para conseguir o cip, os coletores vo emgrupos para a mata e o cortam rente ao cho, sempre deixando 10 a 15 cm decaule para a recuperao. Para soltar a parte de cima, preciso subir e cortar noalto.

    3. Descrio dos produtos - Inclu a descrio dos produtos obtidos da espcie,sua utilizao e definio das suas caractersticas morfolgicas, fsicas e qumicase suas implicaes para o manejo. O ch. A Ayahuasca (Vegetal, Uasca ou Santo

    Daime) uma mistura de duas plantas (Cip Mariri e Chacrona) que, apscozidas, resultam num ch de gosto amargo e alucingeno, que normalmenteevoca vises e imagens religiosas (a chamada "mirao"), costumando por vezesprovocar vmitos ou diarria. Os defensores da planta dizem que ela provoca umalimpeza. O ch contm dois alcalides potentes: a harmalina, no cip, e adimetiltriptamina (DMT), que vem da chacrona. O DMT uma substnciacontrolada e foi proscrita para uso humano pelo Escritrio Internacional deControle de Narcticos, rgo da ONU encarregado de estudar substnciasqumicas e aconselhar os pases membros quanto sua regulamentao. Ogoverno dos EUA afirma que seu uso perigoso mesmo sob superviso mdica, eseu uso proibido em pases que possuem legislao antidrogas, masrecentemente os EUA liberaram o uso APENAS para uma pequena seita brasileiraem territrio americano, enquanto no Brasil ele liberado para uso religioso.

    Advogados da Unio do Vegetal (UDV) dizem que especialistas atestaram que och inofensivo, mas o CONAD (Conselho Nacional Antidrogas) em seu parecerno fala nada sobre ser inofensivo, e libera apenas seu uso teraputico, emcarter experimental, e que o "controle administrativo e social do uso religioso daayahuasca somente poder se estruturar, adequadamente, com o concurso dosaber detido pelos grupos de usurios". No site do IPPB, vemos no artigo do Dr.

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    Luiz Otvio Zahar que explica que "a DMT (dimetiltriptamina) naturalmenteexcretada pela glndula pineal, e que desempenha um papel no processo desonhar e possivelmente nas experincias prximas morte e em outros estadosmsticos. A mistura das duas plantas potencializa a ao das substncias ativas,pois o DMT oxidado pela enzima Monoaminoxidase (MAO), a qual est inibidapela harmina, acarretando um aumento nos nveis de serotonina, o que causaimpulso motora para o sistema lmbico no sentido de aumentar a sensao debem-estar do indivduo, criando condies de felicidade, contentamento, bomapetite, impulso sexual, equilbrio psicomotor e alucinaes.". A ingesto ritual deAyahuasca por parcelas da populao urbana inicia-se no Brasil, na dcada de 30,em Rio Branco.Referncias:Artigo da Veritatis Splendor;Consideraes sobre Ayahuasca na Lista Voadores (1), (2), (3);A Ayahuasca como teraputica para o uso de drogas;Plantas de poder;The Scientific Investigation of Ayahuasca;

    Descrio e efeitos das substncias qumicas na planta;Los efectos psi de la Ayuhuasca y los registros de la funcin cerebral;Informaes sobre a Oasca pela Unio do Vegetal;Guia basica sobre la Ayahuasca

    4. Ocorrncia da espcie/gnero/grupo - Regio de ocorrncia daespcie/grupo. Ocorre em vrios tipos de floresta, onde podemos citar a FlorestaOmbrfila Densa (Floresta Amaznica e Mata Atlntica). Trata-se de uma espcieque ocorre em mata juntamente com a Tabebuia heptaphylla, e caracterizada porapresentar fololos inteiros ou suavemente serreados. Geralmente encontrado emestado silvestre por todo o Brasil, em Floresta Tropical e Floresta Amaznica, noEstado do Acre considerado uma espcie rarssima, pois se encontranaturalmente em baixssimas densidades. Estudos realizados no Sudoeste daAmaznia em Manaus mostram que h maior nmero de indivduos de pau-darco-roxo (Tabebuia spp.) em florestas abertas com presena de bambu (tabocal)quando comparadas com florestas abertas sem bambu (restinga). Segundo

    (Oliveira 2000) o ip esta entre as dez espcies mais favorecidas pela presena dobambu, o que justifica a escolha do ambiente

    5. Aspectos Ecolgicos e Silviculturais - Descrio do comportamento da plantaem relao luz, umidade e temperatura, suas caractersticas em relao estrutura populacional, capacidade de regenerao, cicatrizao e rebrota e asimplicaes destas caractersticas no manejo florestal.

    6. Biologia Reprodutiva e Fenologia - Descrio das caractersticas e calendriode florao, frutificao, disperso de sementes e germinao e suas implicaespara o manejo florestal.

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    7. Produo e Produtividade - Inclui dados de produo por indivduo ou rea,taxas de crescimento/recuperao e fatores que influenciam a produo eprodutividade da espcie.

    8. Medidas recomendadas de precauo - Baseado nas informaes tcnicasapresentadas so propostas recomendaes para o manejo baseadas no princpioda precauo. Medidas para prevenir e reduzir impactos:

    Cortar o cip aproveitando o mximo de material sem danificar a vegetao;No extrair o cip atravs de derrubada de rvores;Cortar deixando entre 10 e 30 cm de toco;Respeitar o dimetro mnimo (10 cm);Retirar o cip da floresta sem uso de mquinas ou veculos motorizados;Evitar o excesso de pisoteio de pessoas e animais de carga.

    9. Pauta de Necessidades para Pesquisa - Uma srie de indicaes dasperguntas que precisam de respostas para aprimorar o manejo florestal da

    espcie/grupo. Quanto aos diferentes tipos de cip existentes e conhecidos(alguns dos quais citados nestes trabalhos) h algumas hipteses de que so osmesmos vegetais, porm que sofreram influncia dos variados tipos de solos eambientes que colonizaram. Para tanto sugiro uma ampla pesquisa com o objetivode se identificar botanicamente as espcies utilizadas e encontradas nas variadasregies, sempre correlacionando com os ambientes e solos nos quais foramencontradas, seus cdigos genticos, com as variedades etnobotnicasconhecidas (nomes populares) e suas nuances dos efeitos provocados. Talpesquisa nos levar ao conhecimento desta importante parte de nossa flora,garantindo ainda mais nossa soberania cultural e cientfica e subsidiando os quedela se utilizam, de maneira a aprofundar suas relaes com o aspectobotnico/ecolgico destes vegetais. Alguns dados tambm poderiam serlevantados aproveitando-se o plantio de mudas, estacas ou sementes no interior

    da mata nativa, capoeira e/ou campo de maneira a se encontrar fatoresidade/volume de acordo com os variados ambientes, se avaliar os mtodos deplantio mais eficientes, espcies mais adaptadas ao variados locais, ou seja, tudoque possa retroalimentar os planos de manejo elaborados de maneira a torn-loscada vez mais adaptados aos aspectos locais especficos, tanto humanos comoecolgicos.

    10. Referncias - Incluindo instituies que trabalham com a espcie/grupo,bibliografia, abreviaes e glossrio.

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    levemente serceas. Folhas com o pecolo de 9 a 25 mm de comprimento,esparsamente sercea ou glabra, sem glndulas ou com um par delas em formade cpulas prxima ao seu pice, com lmina de 5,0 a 20 cm de comprimento ede 2,5 a 11,5 cm de largura, menor na inflorescncia, normalmente coriceaquando madura, ovalada, obtusa ou truncada na base, acuminada no pice,margem lisa ou levemente ondulada, apresentando de 2 a 5 pares de glndulasssseis prximas a margem ou nesta e um par adicional prximo nervuracentral na base, adaxialmente glabra, podendo ser adaxialmente glabratambm. Inflorescncia em umbelas cimosa e axilares com 4 flores, com folhasmuito reduzidas ou que caem anteriormente a antese, esparsamentetomentosa ou aveludada; brcteas e bractolas de 1,0 a 1,8 mm decomprimento, triangulares a elpticas, ligeiramente pubescentes abaxialmente eglabras adaxialmente, caem anteriormente ou durante florescimento, raramenteimediatamente depois do florescimento. Pedicelos ssseis, de 7 a 11 mm decomprimento e 0,4 a 0,6 mm de dimetro, sendo de 0,3 a 0,5 mm sem pelos,ligeiramente serceos ou tomento-serceos. Spalas serceas adaxialmente,diminutamente tomentosa adaxialmente, elptica, obtusa no pice, de 2,0 a 3,5mm de comprimento e de 1,5 a 2,0 mm de largura, todas sem glndulas oucom as spalas laterais biglanduladas, com glndulas de 0,5 a 2,2 mm decomprimento e 0,4 a 1,2 mm de largura e de 1,2 a 2,0 mm de altura; ptalasrseo-albas tornando-se amareladas com a idade, franjadas, as 4 ptalaslaterais refletidas entre as spalas, unha de 1 a 1,5 mm de comprimento, 0,2 a0,4 mm de dimetro, o limbo de 5,0 a 8,5 mm de comprimento e de 4,0 a 6,0

    mm de largura, a ptala posterior com a unha ereta, de 2,5 a 3,0 mm decomprimento e mais de 1,0 mm de largura, constrita no pice, limbo de 5,0 a7,0 mm de comprimento, 2,5 a 4,5 mm de largura, obovada com a franja basalcom glndulas. Estames conados na base, de filamentos de 2,0 a 4,0 mm decomprimento, em nmero de 10. Jagube ou Mariri possui, popularmente,alguns tipos pouco distintos um do outra a primeira vista, mas que possuempropriedades qumicas que variam de maneira significativa.

    Ao longo de conversa com vrios participantes mais antigos foram levantadosnomes como Jagube Peixe, Ouro ou Caboclinho, Jagube Arara (Fig1a), MaririTucunaca, Mariri Caupuri, etc. Aparentemente o Jagube Peixe e o MaririTucunac so as mesmas plantas. O Mariri Caupuri apresenta nsproeminentes desde a base e o Vegetal preparado com ele, alm de trazer a

    fora e a luz, provoca reaes corpreas como tremores, calor, etc. Noexistem bases slidas para se diferenciar taxonomicamente essas variedades,uma vez que as diferenas mais marcantes so com relao ao tamanho dofruto, das flores e consistncia e tamanho das folhas, caracteres quenormalmente apresentam variao dentro da mesma espcie B. caapi similarao B. membranifolia, diferindo principalmente pelas folhas ovaladas maiscoriceas, pedicelos mais curtos, flores menores e frutos sem alas laterais elculo pubescente interiormente. Tambm prximo ao B. muricata,semelhante no pequeno tamanho das flores, clice com ou sem glndulas, nodesenho das ptalas posteriores e nos estiletes tenros. Difcil saber de onde nativo uma vez que amplamente cultivado no Peru, Equador, Colmbia eAmaznia Brasileira por populaes nativas para ser usado na preparao dabebida sacramental. No mapa em anexo podemos verificar a distribuio do B.

    caapi () bem como de outras espcies do mesmo gnero. Cerca de 2/3 dasespcies deste gnero so inteiramente brasileiras em sua distribuio.

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    2. Descrio da estrutura populacional em reas com e sem explorao

    3. Descrio do Mtodo de estabelecimento de parcelas de monitoramento -verificao de Impacto Ambiental ao longo do tempo, incluindo Indicadorespara o acompanhamento da Regenerao, Mortalidade e Crescimento daespcie. - Para um monitoramento eficaz necessrio o estabelecimento deparcelas de pelo menos 1 ha tendo como centro indivduos da espcie emquesto, nas mais variadas tipologias florestais. Para tanto importante arepetio por tipologia de pelo menos 3 parcelas. Nestas parcelas vriasinformaes podero ser levantadas como regenerao do cip, nmero deindivduos por ha, crescimento em dimetro e em volume, correlacionando osdois entre si e com a idade. Outras observaes com relao a predao,agentes patognicos, e outras interaes ecolgicas podem ser observadas,bem como possveis mudanas que ocorram na estrutura e funo do meiocom a explorao.

    ESTRUTURA POPULACIONAL E BIOLOGIA REPRODUTIVA.

    A poca de florao, segundo dados de membros das comunidadesvisitadas, agosto (final de julho a incio de setembro), vindo a frutificar emsetembro/outubro. H referncias em literatura de coletas com flor nosmeses de dezembro a agosto e com fruto de maro a agosto (Gates, 1982)e foram encontrados pelo autor indivduos em plena frutificao no perodode novembro/dezembro. A sua disperso de sementes se d pelo ventosendo a sua taxa de germinao de quase 100%, em viveiro, e um poucomenor na floresta. Poucos, no entanto sobrevivem na floresta aps agerminao devido s intempries, mas os que tm sucesso, tanto nafloresta como no campo, no sofrem presso de herbivoria devido constante presena de formigas em suas glndulas.

    Existe um consenso de que o cip mais comum em terrenos onde existepelo menos um pouco de luz, uma vegetao no to cerrada e um soloque no encharcado. Por isso ocorre mais em terra firme do que embaixios ou vrzeas e mais visto em capoeiras e florestas secundrias doque em reas de estgio sucessional mais avanado. Em campo aberto, seno tiver uma conduo, forma moitas com muita folha e pouco caule.

    4. Quadro resumo com informaes de nmero mdio de indivduosreprodutivos por (ha), produo mdia por indivduo, na rea de estudo -

    5. Descrio do Clculo do Volume Mdio Potencial por ha a ser exploradopor Tipologia Florestal, descrevendo as Tipologias existentes no local deestudo - Base de clculo para realizao de plantio e reposio florestal,necessrios obteno da autorizao de transporte. De acordo com aPortaria do IBAMA n 117, de 17 de agosto de 1998, necessrio para seregulamentar a explorao de produtos florestais para fins cientficos e oureligiosos o projeto de plantio para fins de reposio florestal e a estimativa daquantidade e identificao das espcies a serem transportadas anualmente

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    para poder se obter a Autorizao de Transporte de Produtos Florestais

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    (ATPF). Abaixo segue um exemplo de clculo que pode servir como base paraa elaborao do projeto e para a estimativa em questo.Dados relativos ao consumo anual de Daime:- Consumo de Daime por trabalho (X): x litrosExemplo: Concentrao: 5 litrosHinrio: 10 litros

    Nmero de pessoas por trabalhos (Y): y pessoasExemplo: Concentrao: 50 pessoasHinrio: 50 pessoas- Consumo mdio por pessoa por trabalho (a): X/Y litros/pessoaExemplo: Concentrao: 5 litros/50 pessoas = 100 ml/pessoaHinrio: 10 litros/50 pessoas = 200 ml/pessoa- Nmero de trabalhos anuais (N): n trabalhosExemplo: Concentraes: 20 trabalhos por anoHinrios: 20 trabalhos por ano- Consumo anual de Daime por pessoa (A): N x aExemplo: Concentrao: 100 ml x 20 trabalhos por ano = 2 litros anuaispor pessoaHinrio: 200 ml x 20 trabalhos por ano = 4 litros anuais porpessoaA = 6 litros anuais por pessoa

    Deve-se considerar a quantidade consumida nos diferentes tipos detrabalhos, encontrando subtotais por tipo de trabalhos para s entototalizar um consumo total anual por pessoa. Tais valores servem para seter noo do aumento da demanda de Daime ao longo do ano conformeforem chegando novos membros na igreja/ncleo.Dados referentes demanda anual de cip.

    - Quantidade de sacos de cip num determinado feitio/preparo (C): c sacos.Exemplo: 15 sacos de cip.- Quantidade mdia de sacos por cip colhido (S): s sacos.

    Exemplo: 5 sacos/cip.- Quantidade de Daime/Vegetal obtido num feitio/preparo (D): d litros.Exemplo: 200 litros de Daime- Quantidade de Daime produzido com 1 saco do cip (E): D/S litros/sacoExemplo: 200 litros/15 sacos = 13 litros de Daime por saco- Quantidade de pessoas abastecidas por um cip de tamanho mdio,pronto para a colheita(F): S.E/A => 5.13/6 = 10 pessoas por ano.

    No caso do exemplo considerado v-se que 1 cip suficiente paraabastecer 10 pessoas assduas aos trabalhos durante 1 ano. Deve-se, noentanto, considerar todos os trabalhos realizados durante o ano e estimar

    um crescimento dos membros da igreja/ncleo, entre associados ou no,para se ter um valor mais exato. Nesse exemplo, no entanto, vemos que oplantio de 1 cip por ano para cada 10 membros suficiente para suprir ademanda de material utilizado. As diferentes linhas utilizam diferentesconcentraes da bebida, o que impossibilita a generalizao da quantidadecom relao quantidade de ps a serem plantados por ano por pessoa.

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    Dados referentes ao plantio:

    Se considerarmos um plantio numa rea de floresta para a igreja fictcia dosexemplos citados, com uma distncia de 10 m entre os ps (usa-seespaamento de 6m x 6m num plantio), numa linha (picada) imaginria, trslinhas distantes pelo menos 10 metros entre si seriam suficiente para osustento da igreja ao longo dos anos, se considerarmos que aos 3 anos ocip est pronto para ser colhido. Deve-se fazer um rodzio, explorando-seuma linha por ano. Como preveno e para possibilitar a colheita dos cipscom um pouco mais de idade, seria aconselhado se plantar mais linhas. Aprincpio seriam necessrios apenas 5 indivduos em cada linha, pormcomo garantia, considerando j o crescimento da igreja, a produo deDaime para outras igrejas e trabalhos adicionais que por ventura venham aser feitos podemos estimar o plantio de 1 cip para cada 5 pessoas porlinha (no caso), o que daria 10 indivduos por linha.

    Considerando este exemplo fictcio, teramos 1 cip a cada 100 metrosquadrados de floresta. No caso de 30 indivduos, necessitaramos de umarea de 3.000 metros quadrados, no caso de 40 indivduos, uma rea de

    4.000 metros quadrados e assim por diante.

    6. Descrio da forma de explorao - A explorao do cip tem comoindicativo bsico a demanda de produo de Daime/Vegetal, nocorrespondendo a nenhum calendrio baseado nas caractersticas fenolgicasdas espcies em questo. Duas etapas so consideradas pelas comunidadespara a explorao do cip: Pesquisa e Colheita. Primeiramente efetua-se umapesquisa para se encontrar o cip na mata. Normalmente, no caso dasigrejas/ncleos de Rio Branco, j se conhece os locais de ocorrncia do cipprecisando-se apenas confirmar o local exato e estimar a quantidade que tempara planejar-se a prxima etapa de explorao que a colheita propriamente

    dita. Para a pesquisa selecionada uma equipe de mateiros, j acostumadosou no a tal atividade, dispostos a andarem na mata a procura do cip. Algunscrem existir uma Veia de Jagube na mata, trilha virtual que interliga os cips.A prxima etapa a de colheita. Aos ps do cip dado o primeiro corte,tendo-se o cuidado de deixar uma parte de sua base para que possa rebrotar. comum tambm o cuidado de no danificar o cip ao cortar. Para tanto osseguidores da linha do Alto Santo tm o hbito de dar apenas 1 golpe com oterado e terminar o corte com pequenos golpes de uma marreta de madeirasobre o terado (Fig.3). Outro corte precisa ser feito o mais alto possvel. Paraisso comum a prtica de se subir pelo prprio cip at aonde der (Fig.4).Feito o corte no alto para se liberar o cip este pode ser puxado para baixo. Noprprio local ele pode ser cortado em pedaos de cerca de 30 cm (Fig.8b) eensacado ou arrumado em feixes para ser retirado da mata (Fig.8a). O restante

    do cip que por ventura fique no alto das copas das rvores deixado. Emhiptese alguma so derrubadas rvores para se retirar o cip. O nico fatorque foi citado por todos que fazem a colheita do cip a fase da lua pois talatividade s exercida no terceiro dia da lua nova, o que no vem a ser, noentanto, fator limitante para a colheita. De maneira geral, depois de 3 anos deidade a rama do cip pode ser colhida. Normalmente espera-se o cip frutificar

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    pela primeira vez para s ento cort-lo. Todo o caule do cip aproveitado,sendo descartados apenas os ramos ainda verdes, que podem seraproveitados para produo de mudas. O corte do cip deve ser realizado comcuidado, procurando-se no destruir os elementos do meio que estejamservindo para a sua sustentao e procurando-se deixar de 10 a 50 cm decaule na base para que possa rebrotar e estar pronto para ser colhido depoisde 3 anos ou mais. importante frisar que no necessria a derrubada denenhuma rvore para a remoo do cip.

    7. Cronograma (poca) de explorao do(s) produto(s) durante o ano comindicaes fenolgicas gerais (gnero e ou espcie) mais aproximadaspossvel com dados do etnoconhecimento das populaes -

    8. Diagnstico das operaes de pr-beneficiamento - ou beneficiamento dosprodutos em nvel de comunidades de forma simples, descrevendo os mtodos.Todo o processo de manuseio do Jagube e preparao de Daime so feitoritualisticamente e tomando-se Daime. O Jagube, ao ser colhido, cortado em

    pedaos de aproximadamente 30 cm e ensacado ou organizado em feixes paraposterior corte. Os pedaos de cip so cortados de maneira mais homogneapossvel. Antes se ser cozido juntamente com a folha da Rainha ele limpocom muito cuidado para serem retirados quaisquer elementos estranhos aocip (terra, fungo, lquen, outros cips, etc.) sem ser retirada a casca onde h amaior concentrao do princpio ativo. Em seguida ele batido no processoconhecido como bateo onde aproximadamente 10 homens batem o cip commarretas de madeira (no mesmo ritmo ou no, depende da linha de trabalho)de maneira a soltar suas fibras. O p resultante da bateo recolhidoseparadamente do bagao (fibras) e aproveitado no preparo do ch. A prximaetapa a preparao do Santo Daime ou Vegetal propriamente dito que seencontra devidamente ilustrada em anexo. O processo ilustrado um exemplodo utilizado pela linha do CEFLURIS (Cu do Mapi), que se identificou como

    sendo o de maior aproveitamento da matria prima. Cabe lembrar, no entanto,que os processos de preparo do sacramento das diferentes linhas so receitastradicionais, tendo sido passadas oralmente desde os fundadores destas. Todoo preparo ritualstico e segue procedimentos vivos dentro da conjuntura decada uma das linhas espirituais e so pouco impactantes se seguidos risca.SEGUNDO MEDINA - Para fazer o ch, o cip limpo, batido e o p e obagao resultante so cozidos com as folhas de chacrona. Em uma das formasde fazer, a mistura sofre nove cozimentos (em cada um acrescentando gua)e depois tem mais uma fervura para a apurao. A beberragem fica de cormarrom-esverdeada e tem gosto amargo. Os efeitos mais comuns so, aprincpio, vmitos, depois tremores e tonteiras, seguidos de sono ou de umestado de concentrao propcio a meditao. Durante a experincia com abebida podem ocorrem vises maravilhosas conhecidas como mirao ou

    vises e sensaes muito desagradveis conhecidas como peia. Todas aslinhas que se utilizam do ch ritualisticamente afirmam que o ch propicia umaabertura espiritual e possibilita uma maior aproximao com Deus.

    9. Descrio das medidas mitigadoras para reduo de impacto ambientalda Explorao no recurso, na flora e fauna. - Variadas prticasminimizadoras do impacto da explorao do jagube ou mariri j so realizadas

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    pelos prprios componentes das comunidades religiosas, desde a colheita ata preparao da bebida sacramental. Todo o processo feito de maneiraartesanal, sendo a extrao do recurso florestal pontual, sem danossignificativos vegetao do local, e deixando-se o toco na base o quepossibilita a rebrota. A retirada do cip da floresta feita sem usar mquinas ouanimais ( carregado pelos prprios mateiros). H uma preocupaosistemtica com o enriquecimento do local de colheita com pelo menos 10mudas ou estacas do cip para cada p colhido, com a realizao de plantiosconsorciados a espcies arbreas ou no. Toda a matria prima aproveitadae no desperdiado nenhum resduo do preparo do ch, pois mesmo obagao restante e curtido e usado como adubo. As reas de ocorrncia do cipnormalmente so bem cuidadas, deixando-se o mximo possvel de florestapara possibilitar a manuteno do cip in natura. As medidas mitigadoras quepodem ser sugeridas alm das j adotadas pelas comunidades a prtica doplantio com sementes, atravs da produo de mudas em viveiros, o queaumentaria a variabilidade gentica das espcies e a taxa de sobrevivncia dasmudas, que pequena no interior da floresta. O planejamento segundo osclculos que seguem e a realizao de rodzio das reas plantadas com o cip de fundamental importncia para a sustentabilidade das igrejas e ncleos,pois enquanto as outras reas so exploradas temos sempre algumascrescendo que poderemos retomar ao completar o ciclo da rotao, evitando-seassim o processo de se entrar cada vez mais para o interior da mata para secolher o cip.

    10. Nmero mdio de anos/meses necessrios para a sua regenerao -tempo estimados para regenerao e recomposio do nvel do estoque ou dovolume de matria-prima extrado

    11. Descrio da cultura popular sobre a espcie (histrias, contos) -Tambm, quando os velhos comeam a perder a viso e a fora para caar,

    isolam-se em um acampamento de caa e tomam a bebida. Sob seu efeito,entram no corpo de uma ona-pintada e saem caando pela mata. Por isso,dizem, perigoso caar onas-pintadas. Recentemente, o seu uso religiosotem sido apropriado pelas classe mdia e alta nas cidades. Um indicadordessa mudana a pequena, mas forte indstria de turismo da ayahuas a noPeru, Equador e Brasil.

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