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ALMANAQUE HISTÓRICO Oswaldo Cruz o médico do Brasil Oswaldo Cruz GUIA DO professor professor

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A L M A N A Q U E H I S T Ó R I C OOswaldo Cruz – o médico do BrasilOswaldo Cruz

G U I A D O

professorprofessor

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Um homem se confunde, gradualmente,

com a forma de seu destino; um homem,

é, afinal, suas circunstâncias.

Jorge Luis Borges

AOS PROFESSORES

Este guia é um convite para que você, professor, apre-sente a seus alunos o Almanaque histórico Oswaldo

Cruz — o médico do Brasil. Esperamos que você se encantecom a trajetória do grande cientista e com o rico momentoda história em que ele viveu e atuou. Ao dividir esseencantamento com os jovens, o exemplo deixado por maisum brasileiro notável será colocado em seu devido lugar: naconsciência da geração que construirá o Brasil do séculoXXI. Afinal, nada tem mais frutos do que as sementesplantadas por vocês, educadores.

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APRESENTAÇÃO

Oswaldo Cruz está na memória da maioria dos brasileiros como o grande médico esanitarista que enfrentou as epidemias da passagem do século XIX para o século XX

no Brasil, momento crucial no processo de modernização do país. Poucos, no entanto,conhecem seus reais feitos na área de saúde pública, os embates políticos em que seengajou, as pressões que recebeu da imprensa e da sociedade de seu tempo.

Por querer implantar uma política séria de saúde e saneamento para o Rio de Janeiro,tomando a capital federal como modelo para o resto do país, Oswaldo foi duramenteironizado em charges, piadas e críticas de todo tipo. Enfrentou o Congresso Nacional, osopositores do regime republicano e até mesmo a ira do povo, que transbordou tragicamentena Revolta da Vacina, em 1904.

A princípio, as “ações de guerra” que empreendeu contra a febre amarela, a peste bubônicae a varíola não foram compreendidas pela população. Seu espírito de homem da ciência, porém,falou mais alto. Mesmo com os grandes reveses que enfrentou, Oswaldo Cruz conseguiu setornar “o médico do Brasil”, cuidando desse paciente com obstinada perseverança.

Percorreu o país em inéditas e custosas expedições sanitárias. Como um bandeirante damodernidade, desvendou o Brasil sertanejo, tão distante e desconhecido da numerosa emais desenvolvida população da faixa litorânea.

Foi com base nesse trabalho que se iniciou a desmistificação da idéia de que osproblemas nacionais poderiam ser explicados pela composição racial do povo, pelo climaquente dos trópicos e até mesmo pela preguiça. As conclusões tiradas do trabalho deOswaldo Cruz e sua equipe levaram os brasileiros a olhar para o país com novos olhos. Énesse novo contexto que Monteiro Lobato, alguns anos mais tarde, se sentirá obrigado arepensar uma de suas criações mais conhecidas, o Jeca Tatu, caipira indolente e ignoranteque simbolizaria o espírito do homem do interior. “Ele não é assim porque é preguiçoso”,afirmará Lobato. “Ele está assim porque está doente!”

O saldo do trabalho de Oswaldo e seus parceiros também foi extremamente positivopara o desenvolvimento da ciência. À frente de um instituto precário, localizado na distanteFazenda de Manguinhos, nas imediações do Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz transformou aescassez em abundância. Construiu um grande castelo, com o que havia de mais modernoem termos de pesquisa experimental, e deu à ciência um merecido templo, ainda hoje ematividade. Contratou grandes pesquisadores brasileiros e estrangeiros, criou cursos deespecialização e expandiu as fronteiras do conhecimento.

Infelizmente, Oswaldo Cruz não viveria para ver os desdobramentos de suas iniciativas.Morreu cedo, aos 44 anos — mas deixou em seu lugar uma legião de cientistas e intelectuaisque deram continuidade ao seu trabalho.

Neste almanaque, a vida do sanitarista pode ser conhecida em detalhes, tanto do pontode vista científico como no plano pessoal. Pois Oswaldo Cruz, além de se dedicar demaneira irrestrita à ciência, o que lhe garantiria um lugar especial na memória brasileira,fez de sua vida uma extraordinária experiência humana, em que não faltaram afeto,coragem e entusiasmo.

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5G u i a d o p r o f e s s o r

POR QUE OSWALDO CRUZ EM ALMANAQUE?

Alinguagem de almanaque nunca deixou de ser atual. Com passatempos,informações, curiosidades, poesias, trechos literários, anedotas etc., sempre

garantiu uma leitura prazerosa e cheia de significados.Os vários tipos de almanaque que circularam no Brasil nos séculos XIX e XX

retrataram diferentes momentos da história, e se mostraram um registro de costumesda cultura popular. Muitos ainda se lembrarão dos almanaques Biotônico Fontoura,O Tico-Tico, Eu sei tudo, Bertrand e muitos outros, que fizeram mais rico e divertidoo cotidiano das pessoas.

A diversidade de tipos de texto que os almanaques permitem explorar foi decisivana escolha da peça editorial que traria Oswaldo Cruz para a escola. As ações dessegrande homem público ficam mais claras ao serem contextualizadas nos ambientesfamiliar, social, profissional e político, numa linguagem que amplia os fatos emrepresentações culturais de sua época. É possível contemplar, assim, os saberespopular, tradicional, cultural, acadêmico e científico, expressos em textos históricos,literários e jornalísticos, além de músicas, receitas culinárias, anotações sobre moda,ditos e crendices populares etc.

O ALMANAQUE HISTÓRICO OSWALDO CRUZ COMO EIXO INTEGRADOR DAS DIVERSAS DISCIPLINAS

Oobjetivo deste guia do professor é sugerir alguns dos muitos usos possíveis doconteúdo do Almanaque histórico Oswaldo Cruz na escola, especificamente

em classes de quinta a oitava séries do Ensino Fundamental. Com evidentes aberturas aos temas transversais — saúde, meio ambiente, plura-

lidade cultural, ética e cidadania —, o almanaque possibilita um trabalho integradoentre as várias disciplinas.

História, ciências, língua e literatura, artes, matemática, geografia e música sãocontempladas nas atividades interdisciplinares propostas. Essas atividades estãointegradas de forma a compor um projeto coletivo, que pode incluir desde umtrabalho menor, realizado com a classe, até outro, mais abrangente, que envolva aescola e sua comunidade. Assim, cria-se o encontro necessário para que os conhe-cimentos se integrem no aprendizado do aluno.

A proposta central para o trabalho é compreender e ampliar os conteúdos doalmanaque, dispostos nos mais variados gêneros de textos. Desse eixo partirãosugestões de temas a serem explorados, sempre através de pesquisas, reflexões,contextualizações e debates. São propostas também atividades que envolvam análisede textos, experimentações, expressões artísticas, racionalizações numéricas etc.para auxiliar na dinamização do processo.

Neste guia, são apresentadas sugestões de trabalho, acompanhando a divisãotemática da vida de Oswaldo Cruz proposta no almanaque. A idéia é que os

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professores das diversas disciplinas atuem de forma conjunta. Embora cada umenfoque as especificidades de suas áreas, os resultados do trabalho realizado com osalunos na exploração do conteúdo devem ser integrados.

No site do Projeto Memória – www.cidadania-e.com.br – estará disponível, a partirde junho de 2003, uma página sobre Oswaldo Cruz, onde poderão ser obtidas maisinformações sobre o cientista e sua época para enriquecer as atividades aqui propostas.

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TEMPO DE FORMAÇÃO

O nascimento e os primeiros anos de vida de Oswaldo Cruz na cidade paulista de SãoLuís do Paraitinga. Os estudos no Rio de Janeiro. O casamento com Miloca

Disciplinas integradas — História e português

A vida de Oswaldo Cruz� Apresentação, aos alunos, da proposta de trabalho sobre Oswaldo Cruz. Os professores

podem fazer uma pequena explanação sobre o assunto, usando o cartaz que acompanhao almanaque.

� Os alunos poderão traçar um paralelo entre a linha cronológica da biografia de OswaldoCruz e os acontecimentos no Brasil no fim do Império e na República Velha, escrevendopequenos textos após analisar os fatos abordados.

� A leitura da cronologia deverá acompanhar os fatos contados no almanaque; a linha dotempo poderá ser traçada em papel-manilha e afixada em uma das paredes da classe.

ENCONTRO COM A CIDADE LUZ

A especialização em microbiologia. O conhecimento da técnica de vidraria. A paixãopela fotografia

Disciplinas integradas — Ciências e artes

Como a microscopia revolucionou a pesquisa científica� Pesquisa sobre o microscópio: invenção, importância, uso (no tempo de Oswaldo Cruz e

nos dias de hoje).� Confecção de uma lupa para observação de pequenos animais e folhas; avaliação das

possibilidades que a visão ampliada oferece (capacidade de enxergar detalhes invisíveisa olho nu) [ver anexo 1 — Como fazer uma lupa].

Disciplinas integradas — História e ciências

Cientistas fazem história� Pesquisa sobre outros personagens importantes na ciência experimental. Louis Pasteur

poderá ser o primeiro cientista pesquisado entre os vários que aparecerão durante ahistória de Oswaldo Cruz, dando início a um projeto paralelo. Tendo como tema “Cientistasfazem história”, este projeto poderá ser desenvolvido durante a leitura do almanaque.

� Pesquisa sobre a pasteurização: o que é, como surgiu, sua importância na medicina e naindústria alimentícia etc.

Disciplina — Artes

A paixão de Oswaldo Cruz pela fotografia� Análise das reproduções fotográficas do almanaque, tendo como ponto de partida a

discussão sobre a paixão que a fotografia exercia sobre Oswaldo Cruz. As imagens deépoca podem ser comparadas com fotos atuais (Rio de Janeiro, Paris, São Luís doParaitinga).

� Pesquisa sobre a invenção da máquina fotográfica e a história da fotografia (antigos mo-

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delos de câmeras, possibilidades tecnológicas das atuais). Podem ser propostas: a cons-trução de uma máquina fotográfica de lata e a promoção de uma exposição de fotos empreto-e-branco, feitas pelos alunos [ver anexo 2 — Máquina fotográfica de lata].

A moda em Paris� Comparação entre as vestimentas da época de Oswaldo Cruz e as atuais; a influência

francesa da moda de roupas e cosméticos até hoje; os grandes estilistas franceses e aindústria da moda no Brasil.

� Levantamento de informações sobre a moda no início do século XX: entrevistas compessoas mais velhas, seleção de fotos antigas (de família ou de revistas), coleta de peçasde vestuário antigas (luvas, chapéus, bengalas etc.). Ao final da atividade, poderão serrealizados um desfile ou uma representação teatral com o material coletado.

� Análise da influência da Belle Époque na moda e nas artes através de fotografias epinturas desse período histórico.

Disciplinas integradas — Português e história

A culinária francesa � Estudo do texto informativo (receita culinária): estrutura, linguagem, características,

especificidades; pesquisa de receitas de outros pratos franceses que influenciaram nossaculinária; a receita de omelete à provençal (página 4) poderá ser preparada pelos alunos.

UMA GRANDE PARCERIA

O combate à peste bubônica em Santos. O início de uma amizade pessoal eprofissional com Adolfo Lutz e Carlos Chagas. Oswaldo Cruz inicia seu trabalho emManguinhos

Disciplina — Ciências e história

A transmissão de doenças� Pesquisa e discussão: como aconteciam os surtos de peste ao longo da história. O que é

a peste bubônica? Quais são suas manifestações e qual tratamento era feito na época? Ehoje em dia?

Disciplinas integradas — História e ciências

Cientistas fazem história� Pesquisa: quem foram Vital Brazil e Adolfo Lutz, suas descobertas científicas, história,

importância e atividades do Instituto Adolfo Lutz e do Instituto Butantan. Esses dadosirão compor mais uma parte do projeto "Cientistas fazem história".

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O RIO NO TEMPO DE OSWALDO CRUZ

Um cenário de contrastes caracteriza a capital federal no final do século XIX. A cidadeé assolada por epidemias e os estrangeiros evitam passar pelo porto

Observação: Esse tema em especial dá abertura para que os professores de todas as disciplinasfaçam paralelos com as questões de saúde, ambiente, ética, cidadania e pluralidade cultural.

Disciplinas integradas — História, português e artes

A urbanização do Rio de Janeiro� Contextualização do período em que ocorreu a urbanização do Rio de Janeiro; a ocu-

pação dos morros e o início das favelas; a derrubada dos cortiços; o caso do navioLombardia (página 15).

� Análise da crônica de Luís Edmundo (página 16) [ver anexo 3 — Dados biográficos deLuís Edmundo].

� Desenhos interpretativos do texto de Luís Edmundo; orientados pelo professor, os alunospodem representar em imagens a riqueza visual que o texto sugere.

Disciplinas integradas — História e música

As influências africanas na cultura brasileira� Retrospectiva da história dos escravos e sua influência na culinária brasileira, tendo como

objeto de análise a receita “Feijoada completa”, música de Chico Buarque (página 17). � Análise da letra (dupla mensagem do texto musical): como fazer uma feijoada e a feli-

cidade de se ter amigos ao redor desse prato, retratando o modo de ser do brasileiro. Amúsica é facilmente encontrada e poderá ser aprendida pelos estudantes.

SANEAMENTO: PALAVRA DE ORDEM

A reforma urbana e o saneamento na cidade do Rio. Oswaldo Cruz é nomeado diretorgeral de Saúde Pública

Disciplinas integradas — História e geografia

A história de Oswaldo Cruz no contexto da República Velha� Estudo sobre o período da República Velha, com abordagem de questões político-eco-

nômicas (política de encilhamento e cafeeira, proximidade da Primeira Guerra Mundiale a inserção da economia brasileira, antes prioritariamente agropecuária, na era indus-trial), político-partidárias (os positivistas, os simpatizantes do Império, os diversossegmentos políticos entre os militares). O entendimento ampliado do quadro históricogeral auxiliará os estudantes na compreensão das medidas tomadas por Rodrigues Alves,Oswaldo Cruz e Pereira Passos [ver anexos 4 e 5 — Dados biográficos de Rodrigues Alvese Pereira Passos].

� Análise do movimento migratório no período, suas conseqüências para o Brasil até os diasde hoje na formação cultural, na mistura das raças e no cenário de desigualdade social.

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Disciplina — Ciências

A transmissão de doenças � Debate sobre a importância das ações de Oswaldo Cruz no combate às epidemias; os

conceitos de endemia, epidemia e pandemia.

Disciplinas integradas — Artes e português

Urbanização e cidadania� Representação do cenário urbano do Rio de Janeiro da época através de desenhos feitos

pelos alunos, em releitura da arquitetura antiga e da escolhida por Pereira Passos, aosmoldes da que Haussmann promoveu em Paris. Os trabalhos podem ser feitos em grafiteou nanquim sobre papel canson e expostos na escola.

� Leitura do texto de Olavo Bilac, "As picaretas regeneradoras" (página 19). Análise davisão política defendida pelo autor, após interpretação coletiva do texto [ver anexo 6 —Dados biográficos de Olavo Bilac].

GUERRA AOS MOSQUITOS / CAÇA AOS RATOS

As grandes batalhas sanitárias empreendidas por Oswaldo Cruz para conter asepidemias de febre amarela e de peste bubônica

Disciplinas integradas — Ciências e história

A transmissão de doenças� Paralelo entre o combate que Oswaldo Cruz fez ao mosquito da febre amarela e a política

atual de combate à epidemia de dengue no Brasil, transmitida pelo mesmo mosquito; aprofissão de mata-mosquitos, naquela época e hoje; as doenças transmitidas pelos ratos;comparativo entre as formas de combate hoje e à época de Oswaldo Cruz; os caça-ratosou compradores de ratos.

� Pesquisa: as teorias sobre transmissão de doenças; os papéis de vetores e hospedeiros;as formas de prevenção, transmissão e tratamento das doenças contagiosas. Pode serproposta como experiência a criação de um observatório de moscas [ver anexo 7 — Quetal ser um criador de moscas?].

Disciplinas integradas — Português e artes

A eficácia das campanhas populares� Comparação entre os instrumentos de comunicação usados para promover campanhas

de prevenção e tratamento de enfermidades, àquela época e hoje; análise dos atuaisfolhetos educativos e dos “Conselhos ao povo” escritos por Oswaldo Cruz nos jornais,evidenciando o conteúdo dos informes, muito parecidos nos dois casos [ver anexo 8 —Conselhos ao povo].

� Após o estudo dos textos informativos, os grupos podem fazer folhetos e cartazes sobrea prevenção da dengue para serem usados com a comunidade local.

O olhar literário sobre o fato cotidiano� Apresentação aos alunos do caso "O suspeito senhor Amaral" (página 24). Em seguida,

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leitura dos textos de João do Rio (página 25) e Pedro Nava (página 27) para comparaçãoda abordagem literária que cada autor fez sobre o mesmo fenômeno da época – oaparecimento da figura do "ratoeiro" ou comprador de ratos [ver anexos 9 e 10 — Dadosbiográficos de João do Rio e Pedro Nava].

� Uma nova versão do fato, sob forma previamente escolhida de um gênero literário, po-derá ser escrita pelos estudantes e depois trocada entre eles, para que comparem ediscutam diferenças e semelhanças entre as visões de cada um.

Disciplina — Matemática

Análise de dados sobre doenças transmissíveis� Análise dos textos matemáticos do capítulo “A guerra aos mosquitos”: a tabela, o gráfico

e os números atuais das doenças no Brasil. Os alunos podem desenvolver gráficos sobrea incidência da dengue, por região, nos últimos anos.

Disciplina — Geografia

Doenças regionais� Pesquisa sobre as doenças regionais, a começar pela febre amarela e a dengue. Fixar o

mapa político do Brasil em um cartaz para que a distribuição das doenças por região sejamarcada em legendas.

Disciplina — Música

A música como instrumento de cultura popular� Leitura das letras das músicas “Espere um pouco... eu vou a Cuba” (página 20) e “Rato,

rato” (página 26), com discussão sobre os fatos da época; a segunda música pode ser“tirada” no violão pelo professor ou por algum aluno que saiba ler cifras.

EM BUSCA DA SAÚDE DOS PORTOS

Oswaldo Cruz viaja aos principais portos marítimos e fluviais do Brasil

Disciplinas integradas — História e geografia

A atividade portuária no Brasil� O assunto pode ser explorado a partir da expedição sanitária que Oswaldo Cruz

empreendeu aos portos marítimos e fluviais do Brasil, entre setembro de 1905 e fevereirode 1906; pesquisa sobre a história das atividades dos portos e comparação (usar ummapa) entre o número de portos em operação hoje e na época [ver anexo 11 — Expediçãoaos portos].

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ABAIXO A VACINA OBRIGATÓRIA / A REVOLTA DA VACINA

A luta de Oswaldo Cruz para implantar a obrigatoriedade da vacina antivariólicaprovoca forte reação. O cientista é atacado pela imprensa e enfrenta furiosa resistênciada população

Diversas disciplinas

Cidadania, liberdade de imprensa, responsabilidades e papéis do poder público� Pesquisa sobre a Revolta da Vacina, acontecimento histórico pouco abordado pelos livros

de história do Brasil. Com base na leitura dos capítulos “Abaixo a vacina obrigatória” e“A Revolta da Vacina”, e da interpretação dos artigos e caricaturas publicados naimprensa sobre os acontecimentos — alguns reproduzidos no almanaque —, diversasatividades podem ser propostas sob as diferentes óticas de cada disciplina: interpretaçãode um tema polêmico atual através da linguagem jornalística (inclusive caricatura),debates entre equipes que se posicionam contra ou a favor da obrigatoriedade da vacina;peças ou cenas de teatro representando episódios característicos da revolta etc. Para essa atividade, observar as caricaturas das páginas 54 a 57.

Disciplinas integradas — Português e artes

A publicidade como produção cultural e histórica� A partir da observação da peça publicitária "Xarope de rabano iodado" (página 35), fazer

uma análise da intervenção dos elementos e formas visuais usados na época.� Comparação com as propagandas de medicamentos veiculadas em revistas e jornais da

atualidade. Levantamento da diversidade de significados existentes nas imagensproduzidas no início do século XX e nas atuais, e suas influências na vida cotidiana.

� Em grupos, os alunos podem compor uma peça publicitária para um produto previa-mente selecionado. Para a tarefa, as equipes deverão subdividir-se em redatores, dese-nhistas, editores e produtores publicitários, planejando antecipadamente suas ações. Aofinal, compor uma "mostra", aberta à comunidade, de todas as propagandas produzidas.

PÁGINA LITERÁRIA: “O QUEBRA-LAMPIÃO”, DE LIMA BARRETO

Disciplinas integradas — Português e artes

� Análise do texto, enfatizando as especificidades do gênero literário, sua forma e estilopeculiar, a força da imaginação, a crítica social e a intenção estética.

� Estudo sobre o estilo que Lima Barreto usa para reproduzir as experiências vividas peloscariocas durante a Revolta da Vacina; proposta de reflexão sobre os diversos gênerosliterários e a autonomia que têm para descrever e interpretar a realidade. Comparartextos científicos, históricos e jornalísticos.

� Redação individual de textos pelos alunos, como se fossem personagens da revolta.Como seria a Revolta da Vacina contada por Prata Preta, por Oswaldo Cruz, por um alunoda Academia Militar, pelo presidente Rodrigues Alves, por um representante da Ligacontra a Vacina Obrigatória, por uma moradora de um cortiço etc.

� Desenhos interpretativos do texto de Lima Barreto. Orientados pelo professor para

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interpretar a riqueza de informação visual que se obtém da leitura, os alunos poderãousar os elementos percebidos para enriquecer o cenário que irão representar.

O NOVO RIO

A população carioca começa a sentir os efeitos das reformas e das campanhassanitárias

Diversas disciplinas

Cidades saudáveis� Debate entre os alunos, mediado por professores de diversas disciplinas, sobre o tema:

“Os resultados da reforma urbana e do saneamento na cidade do Rio de Janeiro”. Podemser abordadas questões como as condições mínimas de vida para garantir dignidade aoscidadãos, os direitos e deveres de cada um em relação à cidade; o sentimento doscariocas antes e depois da reforma. Esse tópico pode ser enriquecido com a leitura eanálise do texto de Olavo Bilac sobre a inauguração da avenida Central (página 39) [veranexo 6 — Dados biográficos de Olavo Bilac].

� A leitura das informações sobre “Agenda 21” e “Cidades saudáveis” (páginas 38 e 39), sepossível com consulta aos textos originais, será imprescindível para que se amplie anoção dos jovens sobre qualidade de vida.

LOUROS E GLÓRIAS

Oswaldo Cruz é reavaliado pelo povo e pela imprensa, que começa a reconhecer aimportância de seus feitos

Disciplina — Ciências

Cientistas fazem história� Pesquisa sobre os atuais pesquisadores brasileiros que têm seu trabalho reconhecido e

premiado em sociedades científicas e culturais internacionais. As pesquisas de cientistasbrasileiros sobre o Projeto Genoma é um excelente exemplo a ser conhecido e divulgado.

Disciplina — Português

A evolução da linguagem escrita� Análise de trecho da carta que Oswaldo Cruz escreve à sua esposa Miloca, onde conta,

com admiração, a modernidade que encontrou em Nova York; comparação entre o por-tuguês original (linguagem arcaica) e o atual (linguagem moderna) para estudo da evo-lução da escrita.

� Redação de “cartas históricas” pelos alunos.

Disciplinas integradas – Português e artes

� Debate sobre o papel da imprensa nas questões de cidadania. Fazer um comparativoentre as caricaturas contra Oswaldo Cruz (páginas 54 e 55) e a favor (páginas 56 e 57).

� Os alunos poderão apresentar as conclusões do debate sob forma de caricaturas,acompanhadas de pequenos textos usando o discurso direto.

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UMA LUTA PERDIDA

Oswaldo Cruz perde a batalha contra a tuberculose e deixa o cargo de diretor geral deSaúde Pública

Diversas disciplinas

A ética nas ações públicas� Discussão sobre a questão ética que envolve as pessoas que ocupam cargos públicos; a

tarefa pode ser precedida por atividades em várias disciplinas, como levantamento emjornais de bons e maus exemplos (atuais) de profissionais da área pública; pesquisahistórica sobre fatos polêmicos; a legislação que rege a questão etc. [ver anexo 12 —Dados biográficos de Afonso Pena].

O SENHOR DO CASTELO

O trabalho à frente do Instituto de Manguinhos. A ciência brasileira ganha seumerecido templo. As expedições sanitárias coordenadas por Oswaldo Cruz. OMovimento Sanitarista

Disciplinas integradas — História e artes

A influência européia na arquitetura carioca� Observação das imagens do Castelo de Manguinhos (fotos atuais e de época); pesquisa

sobre a influência européia na construção e o material utilizado; a evolução dos materiaisconstrutivos; comparação entre o croquis feito por Oswaldo Cruz e o castelo pronto.

� Com base na atividade anterior, uma pesquisa sobre a arquitetura local pode ser feitapelos alunos.

Diversas disciplinas

As expedições sanitárias feitas pelos cientistas de Manguinhos mostram um Brasildesconhecido� Pesquisa sobre as expedições dos cientistas viajantes: Oswaldo Cruz, Carlos Chagas,

Artur Neiva, Belisário Pena, Astrogildo Machado, João Pedroso; os dois “Brasis” queexistiam na época: o do sertão e o do litoral.

� Debate entre os alunos sobre a importância das expedições sanitárias para o desenvol-vimento do país, mediado por professores das diversas disciplinas; podem ser abordadasquestões como a descoberta do Trypanossoma cruzi por Carlos Chagas, a erradicação dafebre amarela no Pará promovida por Oswaldo Cruz e o trabalho sanitário junto aosoperários da construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré.

� Análise do estágio de desenvolvimento nessa época, depois do trabalho de Oswaldo Cruze dos outros cientistas: estudo do mapa das doenças regionais e das estatísticas dasdoenças; interpretação da forma de viver do povo sertanejo, através de informaçõesencontradas em livros, pinturas e músicas de época.

� Leitura da biografia de Carlos Chagas e pesquisa sobre seus feitos científicos, conti-nuando o projeto “Cientistas fazem história”.

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Disciplinas integradas — História, português e artes

O homem do sertão� Discussão sobre a importância do Movimento Sanitarista; análise e contextualização dos

textos de Monteiro Lobato — um dos líderes do movimento. A simbologia do personagemJeca Tatu e os fatos que fizeram seu autor rever os motivos de sua preguiça [ver anexos13 e 14 — Texto sobre Jeca Tatuzinho e dados biográficos de Monteiro Lobato].

� Retrato do caipira ou sertanejo, baseado no rico material encontrado no folclore nacional;pesquisar textos, músicas, crendices e trovas que expressem essa cultura.

ÚLTIMAS AÇÕES

Vítima de insuficiência renal, Oswaldo Cruz entra nos anos finais de sua vida

Diversas disciplinas

Cidade saudável� Discussão do plano de Oswaldo Cruz para a prefeitura de Petrópolis; traçar um paralelo

com planos atuais de administração de cidades; pesquisa sobre a cidade de Petrópolishoje para elaboração de redações, em pequenos grupos, sobre como seria essa cidade seOswaldo Cruz tivesse tido tempo de implantar seus projetos. Essa reflexão poderámotivar os alunos a conhecer as propostas sociais dos diversos candidatos a cargospúblicos eletivos.

O LEGADO DE OSWALDO CRUZ

As homenagens que Oswaldo Cruz recebeu após sua morte

Disciplinas integradas — História e ciências

Cientistas fazem história� Pesquisa sobre a atividade científica experimental no Brasil de hoje; as atividades da

Fiocruz, ontem e hoje (página 53 e site www.fiocruz.br); levantar outras instituições depesquisa no Brasil.

Diversas disciplinas

� Trabalho-homenagem a Oswaldo Cruz, feito em grandes grupos, após a conclusão doestudo sobre sua vida, que os alunos ajudaram a recontar; as manifestações podem serfeitas através de textos, cartazes, pinturas, músicas e representações teatrais. A leitura eanálise do testamento de Oswaldo Cruz [anexo 15] podem ajudar na composição doperfil do cientista.

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AVALIAÇÃO DO TRABALHO COM O ALMANAQUE HISTÓRICO OSWALDO CRUZ

Estudantes e professores que participaram do projeto sobre Oswaldo Cruz poderão fazeruma avaliação dos resultados, numa dinâmica que analise a proposta integrada pararealização do trabalho, a aquisição de novos conhecimentos e a compreensão ampliada domomento histórico. A dinâmica escolhida para a avaliação deve considerar todo o materialproduzido pelos jovens: mapas, cartazes, peças de teatro, músicas, experimentos, folhetosde campanha, desenhos e fotos, engenhocas, propagandas, entre outros.

O objetivo é a compreensão de que a história é um constante debate em aberto. Areleitura crítica dos acontecimentos passados auxilia na reflexão sobre o presente e nasprojeções de ações coletivas e individuais que comporão o futuro.

Uma nova etapa começa...

Se os resultados do trabalho forem considerados positivos, professores e alunos podemse sentir motivados a dar início a um novo projeto. Poderá ser, por exemplo, a construçãode um almanaque histórico da cidade, do estado ou de alguma personalidade importanteda região.

Será prazeroso para o grupo contar a história escolhida sob a forma de almanaque. Ospassatempos, anedotas, provérbios, crendices, datas das efemérides acompanharão a poesia,a prosa literária, o texto histórico, o cartográfico, o científico, o matemático, as represen-tações (fotos, desenhos, caricaturas etc.). Esse exercício metalingüístico contemplará asfunções emotiva, fática, apelativa, referencial e poética da linguagem, proporcionando a cadajovem um avanço em sua capacidade de leitura e interpretação, além do valioso processo deautoria, tão necessário para auto-estima e confiança pessoal.

Bons vôos!

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ANEXOS PARA O GUIA DO PROFESSOR

Anexo 1 COMO FAZER UMA LUPA

Pegue um fio de cobre e uma lente de óculos usada. Prenda bem o fio em volta da lente,unindo as pontas para formar o cabo. Use sua nova lupa para ver detalhes das joaninhasou as ranhuras das pequenas folhas do jardim.

As lupas fazem os objetos parecerem maiores devido à velocidade com que a luzatravessa a lente, diferente do microscópio, que amplia a imagem do objeto. O uso da lupanos permite entender como é importante enxergar detalhes invisíveis a olho nu.

Anexo 2 MÁQUINA FOTOGRÁFICA DE LATA

Material� uma lata de leite em pó� papel preto (pode ser plástico, camurça ou color-set)� cola branca, durex� um prego grosso e martelo � uma agulha� papel fotográfico preto-e-branco

Como fazerLimpe a lata e cole o papel preto na parte interna, cobrindo toda a superfície, e deixe secar.

Faça um furo com o prego grosso na parte lateral da lata. Em seguida, corte dois quadradosde 2 cm x 2 cm de papel preto. Faça um furo com a agulha no centro de um deles, e prendao quadrado com durex sobre o furo da lata, de modo que os furos coincidam. Ponha o outroquadrado dentro da lata, na direção do furo, e prenda com durex.

Preparando a máquina para fotografarNum cômodo totalmente vedado para impedir a entrada de luz, e com uma lâmpada de

segurança (uma lâmpada vermelha de, no máximo, 15 watts), corte o papel fotográfico numtamanho suficiente para cobrir a metade da superfície interna da “câmera”. Fixe o papel nointerior da lata (com durex, se preciso), deixando o lado sensível à luz de frente para o furo.Em seguida, feche a lata.

Nunca fotografe com o lado do furo da lata virado para o sol: a luz direta vela o filme.Deixe a máquina sobre um apoio estável — uma cadeira, um muro ou até mesmo o chão. Otempo de exposição para fazer a foto depende da quantidade de luz do local. Se houverbastante luz do sol, destampe o furo por vinte segundos. Se a luz estiver mais fraca, quarentasegundos. Se não der certo na primeira vez, vá ajustando o tempo de exposição conforme aluz. Não se esqueça de abrir a máquina somente quando estiver no quarto escuro.

Para informações sobre a revelação das fotos, acesse http://eba.vfmg.br/cfalieri/pinhole.htmVeja galeria de fotos com máquinas de lata em http://www.latamagica.art.br

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Anexo 3 LUÍS EDMUNDO DE MELO PEREIRA DA COSTA (1878 - 1961)Jornalista, poeta, memorialista, cronista, teatrólogo e orador, Luís Edmundo nasceu na

cidade do Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1878.Foi diretor da Revista Contemporânea e jornalista de vários jornais da cidade. Publicou

seu primeiro livro de poesias, Nimbus, em 1899. Tornou-se um poeta bastante popular. Eraum apaixonado pelo Rio de Janeiro e escreveu muitas crônicas sobre o cotidiano carioca.

Faleceu em 8 de dezembro de 1961, em sua cidade natal.

Anexo 4 FRANCISCO DE PAULA RODRIGUES ALVES (1848 - 1919)

Nasceu em Guaratinguetá (SP) em uma rica família de cafeicultores. Formou-se emdireito em São Paulo. No mesmo ano foi nomeado promotor de Justiça em sua cidade natal,e depois, promotor público na capital paulista.

Teve extensa carreira política: foi membro da Câmara Provincial, que equivale à atualAssembléia Legislativa, deputado federal, presidente da província (estado) de São Paulo porduas vezes, ministro da Fazenda em dois governos diferentes, senador e, por fim, presidenteda República.

O governo Rodrigues Alves ficaria conhecido como “Quadriênio Progressista”. Eleitopresidente mais uma vez em 1918, não chegou a ser empossado, pois morreu em janeiro doano seguinte, vítima de gripe espanhola.

Anexo 5 FRANCISCO PEREIRA PASSOS (1836 - 1913)

Filho do barão de Mangaratiba, nasceu em São João do Príncipe, no Rio de Janeiro.Cursou a Escola Militar, graduando-se em engenharia civil. Ingressou na carreiradiplomática e foi para Paris como adido à legação brasileira. Lá complementou os estudosem engenharia e freqüentou, como ouvinte, os cursos de arquitetura, estradas de ferro,portos de mar, canais e melhoramentos de rios navegáveis, direito administrativo eeconomia política. No Brasil, trabalhou nas mais importantes construções ferroviárias,realizações do barão de Mauá. De 1902 a 1906, nomeado pelo presidente Rodrigues Alves,comandou a prefeitura do Distrito Federal, então a cidade do Rio de Janeiro, período emque executou uma ampla reforma urbana na capital. Morreu em 1913, a bordo do navioAraguaia, a caminho da Europa.

Anexo 6 OLAVO BRAZ MARTINS DOS GUIMARÃES BILAC (1865 - 1918)

Nasceu no Rio de Janeiro. Cursou medicina em sua cidade e direito em São Paulo, masnão concluiu nenhum dos cursos. Desde cedo dedicou-se ao jornalismo e à literatura.Fundou vários jornais e revistas, como A Cigarra, O Meio e A Rua. Foi eleito “príncipe dospoetas brasileiros” num concurso promovido pela revista Fon-Fon! em 1913. SubstituiuMachado de Assis na seção “Semana” da Gazeta de Notícias, escrevendo-a durante anos.

Autor da letra do Hino à Bandeira, Olavo Bilac é o representante maior do parnasianismobrasileiro, o movimento literário que marcou o começo do século XX. Os sonetos de Bilaccostumavam ser decorados e declamados por toda parte, nos saraus e serões literários da época.

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Grande orador, representou o país em conferências diplomáticas no exterior. Em 1916fundou a Liga de Defesa Nacional. Foi também um dos fundadores da Academia Brasileirade Letras.

Anexo 7 EXPERIÊNCIA — QUE TAL SER UM CRIADOR DE MOSCAS?

Muitas das doenças combatidas por Oswaldo Cruz e suas expedições científicas sãocausadas por mosquitos que infectam as vítimas. A febre amarela, a dengue e a malária,por exemplo, são causadas por microorganismos que se hospedam nos mosquitos. Aspicadas são portas de entrada para a corrente sangüínea. Dessas três doenças, existe vacinaapenas para a febre amarela. Cientistas de todo o mundo trabalham no desenvolvimento devacinas para as outras doenças.

Criar um observatório caseiro pode ser uma forma de conhecer os hábitos desses insetos.Você poderá se divertir e aprender bastante!

Material� Uma garrafa transparente de plástico pequena� Uma banana� Fermento biológico para pão� Gelatina transparente (em folhas)� Algodão� Gaze� Lupa� Água

Preparando o meio de culturaCom um garfo, amasse um pouco a banana. Dissolva duas folhas de gelatina numa

panela com um pouco de água, em fogo baixo. Acrescente a banana amassada à gelatinadissolvida e cozinhe mais um pouco. Tire do fogo. Reserve a mistura na garrafa e deixeesfriar. Ela ficará com uma consistência macia e compacta. Dissolva um pouco de fermentoem água, e pingue de três a cinco gotas na mistura da garrafa, quando já estiver fria.

Caçando moscasO tipo de mosca que você vai pesquisar é a drosófila, também conhecida como mosca

da banana. Para isso, deixe um pedaço de banana envelhecendo numa vasilha aberta, nacozinha. Logo aparecerão várias drosófilas sobre ela. Coloque então esse pedaço de bananadentro da garrafa.

Vedando a garrafaPara impedir que as moscas saiam da garrafa, faça uma rolha com algodão enrolado em

gaze, de modo que o ar possa entrar na garrafa, e tampe-a.

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Observando as moscasCom a lupa, você poderá observar as moscas diariamente, acompanhando suas

mudanças, desde o surgimento das larvas, o crescimento, a quantidade de patas, como sãoos olhos, as asas... Talvez até você descubra algo novo sobre elas!

Sobre as drosófilasAs drosófilas são moscas que adoram banana, mas não ficam apenas na cozinha. São

bastante usadas em laboratórios científicos, principalmente na área de genética. Pesquisascom drosófilas ajudaram muitos cientistas a descobrir mais sobre o cruzamento dos genes.

Elas vivem por um período de setenta dias e deixam uma prole muito grande: cada fêmeapõe aproximadamente três mil ovos!

Baseado em texto da revista Ciência Hoje das Crianças, número 128, setembro de 2002,publicada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

Anexo 8 Conselhos ao Povo*, artigo de Oswaldo Cruz publicado pelo Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, de 28 abril de 1903 *(grafia original)

1. Destruir os mosquitos e as suas larvas;2. Evitar que os mosquitos mordão as pessoas, porque póde accontecer que alguns delles

tenhão mordido um doente de febre amarella;3. Impedir que os mosquitos mordão os doentes de febre amarella, porque desse modo

impede-se que elles fiquem carregados dos germens da molestia. 4. Para destruir dentro das casas os mosquitos já crescidos, o melhor meio é queimar pó da

Persia dentro dellas. Para isso torna-se um fogareiro ou qualquer outra vasilha, enche-se de brazas bem acesas epor cima se lança o pó de pyrethro, tambem chamado Pó da Persia, na dóse de tres colheresde sopa para um quarto de tamanho regular; põe-se o fogareiro no meio do aposento,fechão-se bem as janellas e as portas e tapa-se com papel qualquer abertura que ficar. No fim de tres horas entra-se no quarto e abrem-se as janellas, passa-se com cuidado umpanno humido sobre o chão e por cima dos moveis, sacodem-se as roupas, para assimapanhar todos os mosquitos que tenhão cahido suffocados pela fumaça do pó da Persia;os mosquitos apanhados serão lançados ao fogo, porque a fumaça do pó da Persia ásvezes não os mata de todo; elles ficão ao apenas tontos e se não forem queimados podemvoar outra vez.A fumaça do pó da Persia não é irritante, no quarto onde se tenha acabado de queimaro pó da Persia póde-se entrar e permanecer algum tempo sem o menor incommodo.Contudo não se deve de modo nenhum queimar o pó da Persia no quarto de algumdoente enquanto elle ahi estiver.

Na falta do pó da Persia, servem as folhas frescas de eucalypto ou então o fumo: a fumaçade fumo mata o mosquito mais depressa ainda que o pó da Persia, mas convém lembrarque é um pouco irritante para quem a respira em grande quantidade.

5. Para evitar a reproducção dos mosquitos devem-se conservar tampados todos os depositosde agua, caixas de agua, tanques, tinas, etc., aterrar e nivelar todas as escavações do

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terreno em que as aguas se possão depositar, e esgotar ou aterrar as poças de agua, lagôasou charcos proximos das habitações; assim como se deve mandar retirar as latas vazias,vasos quebrados, etc., que estejão abandonados perto das casas e em que as aguas dachuva se possão depositar.

As vasilhas cheias de agua que contiverem larvas de mosquitos deverão ser despejadasfora em lugar em que as larvas fiquem a secco e expostas ao sol, porque nesse caso ellasmorrem logo.Nas vasilhas que não puderem ser despejadas deve-se botar Kerozene, de modo que ellese espalhe bem por cima da agua, ou então um pouco de creolina; as larvas morrem empoucas horas.Nos ralos de esgotos o Kerozene será posto todas as semanas. Deve-se tambem derramarKerozene de oito em oito dias em todas as poças de agua, pantanos ou charcos que nãopuderem ser esgotados ou aterrados. Á quantidade de Kerozene destes casos é 10 grammas para um metro quadrado desuperficie.As calhas e conductores das aguas de chuvas devem ser examinados de vez em quando,concertando-se os lugares em que as aguas da chuva fiquem empoçadas; as urnas eoutros enfeites que se usão nos telhados da casas não devem ter cavidade onde a aguade possa ajuntar.

6. Em tempo de epidemia ou quando houver doentes na visinhança, todas as pessoas sãsdevem usar cortinado nas camas durante a noite, e durante o dia devem ter cuidado emque nenhum mosquito venha morder, porque o mosquito da febre amarella mordetambem de dia.

7. Quando houver algum doente de febre amarella na casa, as pessoas da familia ou osvisinhos devem participar logo á autoridade de hygiene mais proxima. As providencias que o medico da hygiene tem por obrigação applicar são todas nointeresse do povo e não trazem vexame para ninguem, nem incommodão ou prejudicamo doente.Para o hospital só serão removidos os doentes que não tiverem recursos para se trataremem casa.O que os medicos da hygiene fazem quando recebem a participação d um caso de febreamarella a participação de um caso de febre amarella é o seguinte:primeiro fazem collocar uma grade de arame muito fina ou cortina de filó mais (ilegível)da casa escolhido pela familia do doente, destroem ahi os mosquitos existentes e passão odoente para esse quarto; depois fazem queimar pó da Persia ou enxofre em todos os outroscommodos da casa, para assim matar os mosquitos que tenhão já mordido o doente etenhão sabido do quarto delle; em seguida fazem destruir as larvas dos mosquitos e oslugares em que elles se crião. Quanto ao mais, o doente fica com a liberdade de tratar-secomo entender, podendo quem quizer entrar e sahir do quarto delle á vontade. Mas uma cousa as autoridades de hygiene pedem com o maior empenho, é que os casosde febre amarella sejão communicados á hygiene desde os primeiros dias da molestia,porque é principalmente nos quatro primeiros dias da molestia que o mosquito apanhao germen da febre, para transmitti-lo á outra pessoa.

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Por isso, mesmo os doentes suspeitos devem ser isolados por meio de cortinados, aindaque depois se suspenda o isolamento, verificando-se que o caso não é de febre amarella.Num caso de febre amarella, antes mesmo de participar á hygiene, as pessoas da casa dodoente devem isola-lo do melhor modo possivel, pondo cortinado de filó nas janellas demodo que os mosquitos não possão entrar ou sahir do quarto, conservando a porta doquarto sempre fechado quando ella não tiver cortinado e collocando tambem um corti-nado na cama do doente.

8. É do interesse geral de toda a população que as medidas sejão observadas. A febre ama-rella mata no RJ grande numero de estrangeiros, na maior parte portuguezes, e ultima-mente até aos mesmos nacionaes ella não tem poupado, com especialidade as crianças.A applicação destas medidas na cidade de Havana deu o mais completo resultado,extinguindo totalmente a febre amarella, que alli matava todos os annos de 500 a 1.500pessoas; hoje, em Havana não se dá nem um só caso de febre amarella; assim em poucotempo acabou-se com uma epidemia que durava havia mais de um seculo.

Anexo 9 JOÃO PAULO EMÍLIO CRISTÓVÃO DOS SANTOS COELHO BARRETO – pseudônimo literário: João do Rio (1881 - 1921)

Nasceu em 5 de agosto de 1881 na cidade do Rio de Janeiro. Ingressou na imprensa aos16 anos. Em 1918, trabalhando no jornal Cidade do Rio ao lado de José do Patrocínio e seugrupo de colaboradores, recebeu o pseudônimo de João do Rio, com o qual se consagrariana literatura.

Seus grandes artigos eram publicados em todo o Brasil, o que lhe conferiu enormepopularidade, sendo considerado o maior jornalista de seu tempo. Foi o criador da crônicasocial moderna. Também contista e teatrólogo, deixou uma obra de valor. Faleceu em suacidade, em 23 de junho de 1921.

Anexo 10 PEDRO DA SILVA NAVA (1903 - 1984)

Natural de Juiz de Fora. Dedicou-se à carreira de médico reumatologista, formando-sepela Faculdade de Medicina de Belo Horizonte em 1927. Sempre manifestou gosto e talentopara a pintura e para a poesia, mas só em raras ocasiões publicou, em revistas literárias,algumas de suas produções. Fez parte do grupo mineiro que, em 1924, lançou, em BeloHorizonte A Revista, primeiro órgão do movimento modernista no Estado de Minas Gerais.Sua poesia é bissexta, isto é, esporádica, se concentrando entre os anos de 1925 e 1944. Foium dos mais importantes memorialistas da língua portuguesa, além de pintar e ilustrarvários livros. Faleceu no Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1984.

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Anexo 11 EXPEDIÇÃO DE OSWALDO CRUZ AOS PORTOS MARÍTIMOS E FLUVIAIS DO BRASIL - 1905/1906

1ª parte: portos do Norte, a bordo do República, rebocador a serviço da Direção Geral deSaúde Pública, saindo a 28/09/1905 do Rio de Janeiro.� Vitória (ES) - 30/09/1905� Caravelas (BA) - 04/10/1905� Santa Cruz (BA) - 05/10/1905� Porto Seguro (BA) - 05/10/1905� Salvador (BA) - 06/10/1905� Penedo (SE) - 12/10/1905� Aracaju (SE) - 10/10/1905� Maceió (AL) - 14/10/1905� Tamandaré (PE) - 15/10/1905� Recife (PE) - 15/10/1905� Cabedelo (PB) - 18/10/1905� Paraíba (PB) - 19/10/1905� Natal (RN) - 20/10/1905� Macau (RN) - 22/10/1905� Areia Branca (RN) - 23/10/1905� Camocim (CE) - 25/10/1905� Fortaleza (CE) - 25/10/1905� Amarração (PI) - 29/10/1905� São Luís (MA) - 31/10/1905� Belém (PA) - 10/11/1905� Santarém e Óbidos (PA) - ?/11/1905� Manaus (AM) - 17/11/1905� Belém (PA) - 23/11/1905� Recife (PE) - 01/12/1905� Rio de Janeiro - 06/12/1905

2ª parte: Portos do Sul a bordo do Santos, partindo do Rio de Janeiro a 17/01/1906� Santos (SP) - 18/01/1906� Paranaguá (PR) - 19/01/1906� São Francisco (SC) - 20/01/1906� Itajaí (SC) - 20/01/1906� Florianópolis (SC) - 20/01/1906� Rio Grande (RS) - 23/01/1906� Montevidéu (Uruguai) - 25/01/1906

A bordo do Vênus:� Buenos Aires (Argentina) - 26/01/1906

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A bordo do Madrid� Assunção (Paraguai) - 01/02/1906

A bordo do Mato Grosso� Corumbá (MT) - 05/02/1906

Em seguida voltou a Assunção e a Buenos Aires.Chegou ao Rio de Janeiro, a bordo do Aragon, a 28 de fevereiro de 1906.

Anexo 12 AFONSO AUGUSTO MOREIRA PENA (1842 - 1909)

Mineiro de Santa Bárbara, formou-se em direito aos 23 anos, na Faculdade de Direito deSão Paulo. Foi deputado provincial e deputado geral (equivalentes hoje em dia, a deputadoestadual e deputado federal), sendo reeleito sucessivas vezes. Durante o Império foiministro da Guerra, da Agricultura e da Justiça. Assumiu a presidência (hoje em dia governodo estado) de Minas Gerais, foi senador e vice-presidente no governo Rodrigues Alves.Elegeu-se presidente da República para o período seguinte (1906-10). Morreu em 1909, noRio de Janeiro, sem completar o mandato, sendo sucedido pelo vice, Nilo Peçanha.

Anexo 13

Acesso à cópia original da história de Jeca Tatuzinho, de Monteiro Lobato: http:// www.lobato.globo.com.br/unicamp

Anexo 14 JOSÉ BENTO MONTEIRO LOBATO (1882 - 1948)

Nasceu em Taubaté, interior paulista. Formou-se em direito em São Paulo, mas estevesempre ligado às questões literárias. Considerado pioneiro da atividade editorial modernano Brasil, em 1918 publicou seu primeiro livro de contos, Urupês, um grande sucesso.

Foi fazendeiro de café, mas desistiu da lavoura por não acreditar na política agráriabrasileira. Nessa época, criou o Jeca Tatu, personagem preguiçoso e sem ambição em queo autor projetava sua visão do brasileiro do campo. Lobato vinha de uma região entãodecadente, o vale do Paraíba, que naquele momento vivia o declínio do ciclo do café. Aointegrar o Movimento Sanitarista, Lobato escreveu Jeca Tatuzinho, revendo suas posiçõesradicais sobre o caipira. As obras mais populares de Lobato têm como cenário o Sítio doPica-Pau Amarelo, e compuseram a série de livros infanto-juvenis que se tornou o maiorclássico brasileiro do gênero, além de grande fenômeno editorial. Monteiro Lobato escreveutambém muitos livros para adultos e teve uma importante militância política. A campanhapela manutenção do petróleo brasileiro em mãos nacionais lhe rendeu uma temporada naprisão, em 1941. A luta pelo petróleo foi tema até mesmo de um livro infanto-juvenil, O poçodo Visconde, em que Pedrinho, Narizinho, Visconde, Emília, Dona Benta e Tia Nastáciadescobrem e exploram petróleo em pleno Sítio do Pica-Pau Amarelo.

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Anexo 15 TESTAMENTO DE OSWALDO CRUZ

Desejo com sinceridade que se não cerque a minha morte dos atavios convencionais comque a sociedade revestiu o ato da nossa retirada do cenário da vida. Pelo respeito que votoao pensar alheio não quero capitular de ridículo esses atos: julgo-os para mimcompletamente dispensáveis e espero que a família que tanto quero, se conforme com essesinofensivos desejos que nasceram da maneira pela qual encaro a morte, fenômenofisiológico naturalíssimo ao qual nada escapa. Tão geral, tão normal, tão banal é que julgoabsolutamente dispensável de frisá-la com cerimônias especiais. Por isso desejaria que sepoupasse aos meus a cena da vestimenta do corpo que bem pode ser envolvido em simpleslençol. Nada de convites ou comunicações para enterro, nem missa de sétimo dia. Nem lutotão pouco. Este traz-se no coração e não nas roupas. Peço encarecidamente aos meus quenão prolonguem o natural sentimento que trará minha morte. Que se divirtam, quepasseiem, que ajudem o tempo na benfazeja obra de fazer esquecer. Não há vantagemalguma de amargurar com lágrimas prolongadas os tão curtos dias de nossa existência.Portanto, que não usem roupas negras que além de tudo são anti-higiênicas em nosso clima;que procurem diversões, teatros, festas, viagens, a fim de que desfaçam essa pequenanuvem que veio empanar a normalidade do viver de todos os dias. É preciso que nosconformemos com os ditames da natureza.

A meus filhos peço que se não afastem do caminho da honra, do trabalho e do dever, eque empunhem como fanal e o elevem bem alto o nome puro e honrado e imaculado queherdei como o melhor patrimônio da família, e que a eles lego como o maior bem que possuo.

À minha esposa querida, tão sensível, tão impressionável, tão difícil de se conformarcom as dores da nossa vida, peço que não encare a minha morte como desgraça irreparável;peço que se console com rapidez e não deixe anuviado pela dor esse espírito vivaz,inteligente, espirituoso, que constituía a alegria do nosso lar e o lenitivo pronto para ossofrimentos que por vezes deparávamos.

Aí ficam nossos filhos, outros tantos rebentos em que vamos reviver, garantias seguras danossa imortalidade que se encarregarão de levar através do espaço e do tempo as porções denosso corpo e de nosso espírito de que os fizemos depositários, quando ao mundo vieram.

Quanto aos bens de fortuna que deixo, espero que sejam divididos por minha esposaentre os filhos. Espero e rogo que nunca a questão de bens materiais venha trazer a menordiscórdia entre os meus: seria para mim a mais dolorosa das contingências. Peço aos meusfilhos que acatem sem discussão a divisão que deles fizer minha esposa.

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26 A L M A N A Q U E H I S T Ó R I C O Oswaldo Cruz - o médico do BrasilOswaldo Cruz

BIBLIOGRAFIA – OSWALDO CRUZ E CONTEÚDOS CIENTÍFICOS

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