Guia digital flip 2014

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NA FLIP 2014

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Page 1: Guia digital flip 2014

na flip 2014

APRESENTACcedilAtildeO COSAC NAIFY PROGRAMACcedilAtildeO AUTORESCOSAC NAIFY NA FLIP

mathieu lindonbernardo kucinskieduardo viveiros de castroalmeida fariajorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO AUTORESCOSAC NAIFY NA FLIPINHA

laura teixeiradaniel kondomarilda castanha

sumaacuterio

a Cosac naify eacute reconhecida por seu cataacutelogo de alto niacutevel e pela qualidade de suas publicaccedilotildees atualmente o acervo da editora inclui mais de 900 tiacutetulos distribuiacutedos em segmentos como arte arquitetura design fotografia ensaios ficccedilatildeo claacutessica e contemporacircnea assim como um cataacutelogo de livros infantis Em 2013 a Cosac naify recebeu o The Bologna Prize for Best Childrenrsquos Publisher of theYear escolhida como a melhor editora de livros para crianccedilas entre as editoras da ameacuterica latina que participam da feira de Bologna o evento literaacuterio mais importante do mundo dedicado a publicaccedilotildees infantojuvenis Contribuir para a expansatildeo dos horizontes dos leitores formar novos puacuteblicos e intervir no debate cultural e artiacutestico do Brasil satildeo alguns dos objetivos da Cosac naify

cosac naify na flip 2014

PROGRAMACcedilAtildeO FLIP 2014

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO21h30 MESA BOcircNUSporque era ele porque era eu

Mathieu Lindon e Silviano Santiagomediaccedilatildeo paulo Roberto pires

SAacuteBADO 02 DE AGOSTO12h MESA 12memoacuterias do caacutercere 50 anos do golpe

Bernardo Kucinski Marcelo Rubens paiva e persio aridamediaccedilatildeo lilia Schwarcz

17h15 MESA 14tristes troacutepicos

Beto Ricardo e Eduardo Viveiros de Castromediaccedilatildeo Eliane Brum

DOMINGO 03 DE AGOSTO14h MESA 19os sentidos da paixatildeo

Almeida Faria e Jorge Edwardsmediaccedilatildeo paulo Roberto pires

16h MESA 20livro de cabeceira

andrew SolomonEduardo Viveiros de CastroEtgar Keretfernanda TorresGraciela MochkofskyJoel DickerJuan VilloroMarcelo Rubens paiva

mathieulindon

Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-

critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration

Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com

um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-

-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)

Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de

Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma

realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-

famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila

da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento

de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos

autores franceses

mathieu lindon

O QUE AMAR QUER DIzER

Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis

mathieu lindon

traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia

Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto

Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a

ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids

O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes

conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele

Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer

mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011

traduccedilatildeo

mariacutelia garcia

Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo

Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta

ma

th

ieu lin

do

no

qu

e am

ar q

ue

r diz

er

o

que

amar

quer

dizer

lindon

mathieu

bull CAPA_O que amar quer dizer_provaindd 1 100714 1758

O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]

Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria

mathieu lindon

apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer

mathieu lindon

bernardokucinski

B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-

fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo

Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-

grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor

e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche

Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo

cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-

vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente

no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin

America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais

alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-

mento em Tempo e do site Carta Maior

BERnaRDO KuCinSKi

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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APRESENTACcedilAtildeO COSAC NAIFY PROGRAMACcedilAtildeO AUTORESCOSAC NAIFY NA FLIP

mathieu lindonbernardo kucinskieduardo viveiros de castroalmeida fariajorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO AUTORESCOSAC NAIFY NA FLIPINHA

laura teixeiradaniel kondomarilda castanha

sumaacuterio

a Cosac naify eacute reconhecida por seu cataacutelogo de alto niacutevel e pela qualidade de suas publicaccedilotildees atualmente o acervo da editora inclui mais de 900 tiacutetulos distribuiacutedos em segmentos como arte arquitetura design fotografia ensaios ficccedilatildeo claacutessica e contemporacircnea assim como um cataacutelogo de livros infantis Em 2013 a Cosac naify recebeu o The Bologna Prize for Best Childrenrsquos Publisher of theYear escolhida como a melhor editora de livros para crianccedilas entre as editoras da ameacuterica latina que participam da feira de Bologna o evento literaacuterio mais importante do mundo dedicado a publicaccedilotildees infantojuvenis Contribuir para a expansatildeo dos horizontes dos leitores formar novos puacuteblicos e intervir no debate cultural e artiacutestico do Brasil satildeo alguns dos objetivos da Cosac naify

cosac naify na flip 2014

PROGRAMACcedilAtildeO FLIP 2014

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO21h30 MESA BOcircNUSporque era ele porque era eu

Mathieu Lindon e Silviano Santiagomediaccedilatildeo paulo Roberto pires

SAacuteBADO 02 DE AGOSTO12h MESA 12memoacuterias do caacutercere 50 anos do golpe

Bernardo Kucinski Marcelo Rubens paiva e persio aridamediaccedilatildeo lilia Schwarcz

17h15 MESA 14tristes troacutepicos

Beto Ricardo e Eduardo Viveiros de Castromediaccedilatildeo Eliane Brum

DOMINGO 03 DE AGOSTO14h MESA 19os sentidos da paixatildeo

Almeida Faria e Jorge Edwardsmediaccedilatildeo paulo Roberto pires

16h MESA 20livro de cabeceira

andrew SolomonEduardo Viveiros de CastroEtgar Keretfernanda TorresGraciela MochkofskyJoel DickerJuan VilloroMarcelo Rubens paiva

mathieulindon

Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-

critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration

Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com

um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-

-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)

Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de

Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma

realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-

famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila

da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento

de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos

autores franceses

mathieu lindon

O QUE AMAR QUER DIzER

Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis

mathieu lindon

traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia

Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto

Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a

ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids

O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes

conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele

Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer

mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011

traduccedilatildeo

mariacutelia garcia

Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo

Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta

ma

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o

que

amar

quer

dizer

lindon

mathieu

bull CAPA_O que amar quer dizer_provaindd 1 100714 1758

O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]

Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria

mathieu lindon

apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer

mathieu lindon

bernardokucinski

B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-

fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo

Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-

grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor

e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche

Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo

cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-

vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente

no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin

America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais

alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-

mento em Tempo e do site Carta Maior

BERnaRDO KuCinSKi

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
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Page 3: Guia digital flip 2014

a Cosac naify eacute reconhecida por seu cataacutelogo de alto niacutevel e pela qualidade de suas publicaccedilotildees atualmente o acervo da editora inclui mais de 900 tiacutetulos distribuiacutedos em segmentos como arte arquitetura design fotografia ensaios ficccedilatildeo claacutessica e contemporacircnea assim como um cataacutelogo de livros infantis Em 2013 a Cosac naify recebeu o The Bologna Prize for Best Childrenrsquos Publisher of theYear escolhida como a melhor editora de livros para crianccedilas entre as editoras da ameacuterica latina que participam da feira de Bologna o evento literaacuterio mais importante do mundo dedicado a publicaccedilotildees infantojuvenis Contribuir para a expansatildeo dos horizontes dos leitores formar novos puacuteblicos e intervir no debate cultural e artiacutestico do Brasil satildeo alguns dos objetivos da Cosac naify

cosac naify na flip 2014

PROGRAMACcedilAtildeO FLIP 2014

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO21h30 MESA BOcircNUSporque era ele porque era eu

Mathieu Lindon e Silviano Santiagomediaccedilatildeo paulo Roberto pires

SAacuteBADO 02 DE AGOSTO12h MESA 12memoacuterias do caacutercere 50 anos do golpe

Bernardo Kucinski Marcelo Rubens paiva e persio aridamediaccedilatildeo lilia Schwarcz

17h15 MESA 14tristes troacutepicos

Beto Ricardo e Eduardo Viveiros de Castromediaccedilatildeo Eliane Brum

DOMINGO 03 DE AGOSTO14h MESA 19os sentidos da paixatildeo

Almeida Faria e Jorge Edwardsmediaccedilatildeo paulo Roberto pires

16h MESA 20livro de cabeceira

andrew SolomonEduardo Viveiros de CastroEtgar Keretfernanda TorresGraciela MochkofskyJoel DickerJuan VilloroMarcelo Rubens paiva

mathieulindon

Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-

critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration

Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com

um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-

-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)

Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de

Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma

realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-

famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila

da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento

de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos

autores franceses

mathieu lindon

O QUE AMAR QUER DIzER

Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis

mathieu lindon

traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia

Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto

Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a

ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids

O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes

conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele

Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer

mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011

traduccedilatildeo

mariacutelia garcia

Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo

Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta

ma

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o

que

amar

quer

dizer

lindon

mathieu

bull CAPA_O que amar quer dizer_provaindd 1 100714 1758

O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]

Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria

mathieu lindon

apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer

mathieu lindon

bernardokucinski

B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-

fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo

Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-

grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor

e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche

Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo

cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-

vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente

no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin

America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais

alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-

mento em Tempo e do site Carta Maior

BERnaRDO KuCinSKi

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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Page 4: Guia digital flip 2014

PROGRAMACcedilAtildeO FLIP 2014

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO21h30 MESA BOcircNUSporque era ele porque era eu

Mathieu Lindon e Silviano Santiagomediaccedilatildeo paulo Roberto pires

SAacuteBADO 02 DE AGOSTO12h MESA 12memoacuterias do caacutercere 50 anos do golpe

Bernardo Kucinski Marcelo Rubens paiva e persio aridamediaccedilatildeo lilia Schwarcz

17h15 MESA 14tristes troacutepicos

Beto Ricardo e Eduardo Viveiros de Castromediaccedilatildeo Eliane Brum

DOMINGO 03 DE AGOSTO14h MESA 19os sentidos da paixatildeo

Almeida Faria e Jorge Edwardsmediaccedilatildeo paulo Roberto pires

16h MESA 20livro de cabeceira

andrew SolomonEduardo Viveiros de CastroEtgar Keretfernanda TorresGraciela MochkofskyJoel DickerJuan VilloroMarcelo Rubens paiva

mathieulindon

Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-

critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration

Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com

um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-

-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)

Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de

Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma

realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-

famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila

da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento

de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos

autores franceses

mathieu lindon

O QUE AMAR QUER DIzER

Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis

mathieu lindon

traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia

Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto

Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a

ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids

O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes

conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele

Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer

mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011

traduccedilatildeo

mariacutelia garcia

Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo

Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta

ma

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quer

dizer

lindon

mathieu

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O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]

Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria

mathieu lindon

apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer

mathieu lindon

bernardokucinski

B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-

fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo

Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-

grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor

e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche

Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo

cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-

vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente

no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin

America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais

alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-

mento em Tempo e do site Carta Maior

BERnaRDO KuCinSKi

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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Page 5: Guia digital flip 2014

mathieulindon

Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-

critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration

Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com

um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-

-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)

Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de

Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma

realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-

famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila

da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento

de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos

autores franceses

mathieu lindon

O QUE AMAR QUER DIzER

Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis

mathieu lindon

traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia

Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto

Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a

ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids

O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes

conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele

Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer

mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011

traduccedilatildeo

mariacutelia garcia

Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo

Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta

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O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]

Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria

mathieu lindon

apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer

mathieu lindon

bernardokucinski

B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-

fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo

Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-

grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor

e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche

Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo

cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-

vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente

no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin

America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais

alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-

mento em Tempo e do site Carta Maior

BERnaRDO KuCinSKi

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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Page 6: Guia digital flip 2014

Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-

critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration

Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com

um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-

-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)

Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de

Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma

realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-

famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila

da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento

de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos

autores franceses

mathieu lindon

O QUE AMAR QUER DIzER

Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis

mathieu lindon

traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia

Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto

Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a

ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids

O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes

conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele

Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer

mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011

traduccedilatildeo

mariacutelia garcia

Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo

Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta

ma

th

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quer

dizer

lindon

mathieu

bull CAPA_O que amar quer dizer_provaindd 1 100714 1758

O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]

Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria

mathieu lindon

apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer

mathieu lindon

bernardokucinski

B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-

fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo

Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-

grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor

e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche

Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo

cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-

vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente

no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin

America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais

alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-

mento em Tempo e do site Carta Maior

BERnaRDO KuCinSKi

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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  • indice
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  • prog flip
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Page 7: Guia digital flip 2014

O QUE AMAR QUER DIzER

Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis

mathieu lindon

traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia

Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto

Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a

ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids

O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes

conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele

Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer

mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011

traduccedilatildeo

mariacutelia garcia

Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo

Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta

ma

th

ieu lin

do

no

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e am

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r diz

er

o

que

amar

quer

dizer

lindon

mathieu

bull CAPA_O que amar quer dizer_provaindd 1 100714 1758

O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]

Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria

mathieu lindon

apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer

mathieu lindon

bernardokucinski

B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-

fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo

Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-

grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor

e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche

Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo

cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-

vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente

no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin

America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais

alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-

mento em Tempo e do site Carta Maior

BERnaRDO KuCinSKi

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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Page 8: Guia digital flip 2014

O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]

Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria

mathieu lindon

apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer

mathieu lindon

bernardokucinski

B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-

fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo

Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-

grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor

e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche

Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo

cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-

vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente

no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin

America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais

alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-

mento em Tempo e do site Carta Maior

BERnaRDO KuCinSKi

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

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A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

veja mais veja mais

  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
Page 9: Guia digital flip 2014

apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer

mathieu lindon

bernardokucinski

B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-

fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo

Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-

grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor

e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche

Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo

cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-

vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente

no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin

America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais

alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-

mento em Tempo e do site Carta Maior

BERnaRDO KuCinSKi

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
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bernardokucinski

B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-

fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo

Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-

grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor

e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche

Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo

cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-

vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente

no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin

America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais

alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-

mento em Tempo e do site Carta Maior

BERnaRDO KuCinSKi

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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Page 11: Guia digital flip 2014

B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-

fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo

Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-

grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor

e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche

Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo

cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-

vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente

no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin

America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais

alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-

mento em Tempo e do site Carta Maior

BERnaRDO KuCinSKi

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

veja mais veja mais

  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
Page 12: Guia digital flip 2014

VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS

prefaacutecio Maria Rita Kehl

texto de orelha Juliaacuten Fuks

BERnaRDO KuCinSKi

K RELATO DE UMA BUSCA

Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade

K RELATO DE UMA BUSCA

posfaacutecio Renato Lessa

texto de orelha Maria Victoria Benevides

Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim

Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

veja mais veja mais

  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
Page 13: Guia digital flip 2014

eduardo viveiros de castro

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

veja mais veja mais

  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
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Page 14: Guia digital flip 2014

eduardo viveiros de castro

Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-

neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os

iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-

mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)

desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en

Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago

e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos

principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-

constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as

bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-

pologia brasileira

eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
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  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
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eduardo viveiros de castro

A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM

A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

leia um trecho do livro

obra [capa] Ceacutelia Euvaldo

quarta capa Manuela Carneiro da Cunha

coleccedilatildeo Ensaios

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

veja mais veja mais

  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
Page 16: Guia digital flip 2014

almeidafaria

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

veja mais veja mais

  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
Page 17: Guia digital flip 2014

Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal

Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado

romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de

ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-

meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem

por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente

lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave

Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-

ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua

obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-

dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra

almeida faria

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

veja mais veja mais

  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
Page 18: Guia digital flip 2014

A PAIxAtildeO

Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

almeida faria

leia o primeiro capiacutetulo

texto de orelha Ana Miranda

prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria

almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
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almeida faria

Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos

Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

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A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

veja mais veja mais

  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
Page 20: Guia digital flip 2014

jorgeedwards

Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

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A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
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  • mathieu lindon
  • kucinski
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  • prog flipinha
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  • daniel kondo
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Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931

Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-

dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se

aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno

na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-

peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com

mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o

Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso

(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-

raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer

semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis

talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-

cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-

tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre

quem jaacute publicou um aprofundado estudo

jorge edwards

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

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A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

veja mais veja mais

  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
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Page 22: Guia digital flip 2014

A ORIGEM DO MUNDO

Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet

ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa

Disponiacutevel tambeacutem em e-book

jorge edwards

traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira

ensaio Mario Vargas Llosa

Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo

clique aqui

A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
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A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]

O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho

jorge edwards

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

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QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

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Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

veja mais veja mais

  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
Page 24: Guia digital flip 2014

jorge edwards

de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-

mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber

jorge edwards

PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
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PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014

QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias

Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles

QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje

Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho

SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura

Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos

laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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laurateixeira

Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-

tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo

Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de

Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu

Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra

2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac

Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio

Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar

histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-

lhos graacuteficos

laura teixeira

O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

veja mais veja mais

luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

marilda castanha

PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE

texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

veja mais veja mais

  • indice
  • apresentaccedilatildeo cosac
  • prog flip
  • mathieu lindon
  • kucinski
  • eduardo de castro
  • almeida faria
  • jorge edwards
  • prog flipinha
  • laura teixeira
  • daniel kondo
  • marilda castanha
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O JARRO DA MEMoacuteRIA

A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo

laura teixeira

ClauDiO GalpERin

ilustraccedilotildees Laura Teixeira

quarta capa Rodrigo Lacerda

danielkondo

daniel kondo

Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou

Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

daniel kondo

MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

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ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

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marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

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PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

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Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

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MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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quarta capa Heloisa Prieto

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marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

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PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS

texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

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Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971

mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira

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Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem

Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-

tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto

de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE

ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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luiz anTOniO

ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

marildacastanha

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Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)

OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

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MINHAS CONTAS

Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo

TCHIBUM GuSTaVO BORGES

ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo

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ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana

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ilustraccedilotildees Daniel Kondo

quarta capa Heloisa Prieto

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marilda castanha

Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte

Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-

minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-

senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria

(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama

terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up

(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone

(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti

de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify

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OPS

O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

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(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e

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de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl

2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-

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O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

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O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos

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