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GUIA DE ESTUDOS
Organização da Aviação Civil
Internacional
Medidas de segurança de aeronaves e aeroportos contra o
terrorismo e em regiões em conflito
Emanoel Hyg Cintra Chaves
Diretor
Bárbara Andrade Magalhães Teixeira
Diretora Assistente
Eliza Fiuza Ferreira Costa
Diretora Assistente
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE ............................................................................... 3
2 APRESENTAÇÃO DO TEMA .................................................................................. 4
2.1 Padronização de medidas antiterroristas ......................................................... 4
2.2 Proteção ao voo em regiões restritas ou de conflito ...................................... 6
2.3 Proteção de aeronaves em aeroportos de regiões de conflito ..................... 11
3 A ORGANIZAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL INTERNACIONAL ................................. 12
3.1 Estrutura do Comitê .......................................................................................... 14
4 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES ................................................................. 14
4.1 Canadá ............................................................................................................... 14
4.2 Estados Unidos ................................................................................................. 15
4.3 Reino Unido ....................................................................................................... 16
4.4 França................................................................................................................. 16
4.5 Israel ................................................................................................................... 17
4.6 Irã ........................................................................................................................ 18
4.7 Rússia................................................................................................................. 18
5 TÓPICOS PARA DISCUSSÃO .............................................................................. 19
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 20
TABELA DE DEMANDA DAS REPRESENTAÇÕES .............................................. 23
1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE
Caros delegados,
É com grande satisfação que esta equipe dá boas-vindas à 14ª edição do
MINIONU, o maior modelo de simulação intercolegial para alunos do Ensino Médio
da América Latina. Estamos trabalhando muito para que os senhores possam
aproveitar ao máximo as simulações, e que possam adquirir muitos conhecimentos
através das mesmas. Meu nome é Emanoel Hyg Cintra Chaves e atualmente
encontro-me no último ano da minha graduação em Relações Internacionais pela
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. E gostaria de apresentar-me como
o Diretor de comitê da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI). Tenho um
grande interesse em aviação, e este tem sido meu foco de estudos nesta reta final
de curso. Esta será a minha quinta participação no modelo, e espero que os
senhores, além de aprenderem coisas novas, também se divirtam. Estudem
bastante e se preparem, para que o comitê seja o mais proveitoso possível! A
seguir, uma breve apresentação dos Diretores-Assistentes deste Comitê.
Olá senhores delegados! Sou Eliza Fiuza e nesta décima quarta edição do
MINIONU serei Diretora Assistente na Organização de Aviação Civil Internacional.
Sou aluna do terceiro período do curso de Relações Internacionais da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais e essa será minha segunda participação no
projeto. Minhas expectativas são as melhores possíveis para nosso comitê e
considero o assunto a ser tratado no mesmo de extrema relevância para o cenário
internacional, além de considerá-lo muito interessante. Tenho certeza que será uma
grande experiência enriquecedora, inesquecível para todos nós, contribuindo para
nossas esferas acadêmica e pessoal. Esperamos superar todas as expectativas e
fazer do 14º MINIONU o melhor imaginável!
Meu nome é Barbara A. M. Teixeira, sou Diretora Assistente da OACI e no
decorrer no 14º MINIONU estarei cursando o quarto período de Relações
Internacionais na PUC Minas. Escolhi a OACI pelo meu interesse em terrorismo, e
suas formas de combate, e por nunca ter imaginado que a combinação aviação civil
e Relações Internacionais seria possível. Essa será minha segunda participação no
modelo, e espero que possamos aprender muito juntos nesta edição.
2 APRESENTAÇÃO DO TEMA
A aviação comercial é um dos setores da economia mais dinâmicos do
mundo, que contribui fortemente para o alto nível de integração global existente nos
dias de hoje. Atualmente, a aviação emprega cerca de 56,6 milhões de pessoas no
mundo, gera um impacto de 2,2 trilhões de dólares na economia global, e cerca de
2,2 bilhões de passageiros são transportados todos os anos1 (ATAG, 2012). Por
isso, a indústria de transporte aéreo internacional é um setor que é fortemente
influenciado por acontecimentos políticos ao redor do mundo, especialmente
aqueles relacionados à segurança, como conflitos armados, por exemplo, que
oferecem um risco em potencial à segurança da aviação civil mundial. A
Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), atenta a essas ameaças,
propõe, em sua 38ª Assembleia, em 2013, a discussão de novas medidas de
segurança que reduzam os riscos de atentados terroristas contra aeronaves civis de
transporte aéreo de passageiros e cargas, e também medidas que reduzam os
riscos de abate de aeronaves civis que venham a entrar em espaço aéreo com
restrições ao voo ou em regiões de conflito. Por fim, a OACI também traz a
discussão da criação de medidas de segurança para proteger não só aeronaves
civis, mas também toda a infraestrutura de aeroportos que estejam localizados em
áreas de conflito.
2.1 Padronização de medidas antiterroristas
Os atentados ocorridos em 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, nos
quais aviões de passageiros foram sequestrados por terroristas islâmicos e guiados
contra alvos estratégicos nas cidades de Nova York e Washington, demonstraram
que o extremismo seria uma nova ameaça para a segurança dos milhões de
passageiros que embarcam em voos todos os dias ao redor do mundo. Alguns
países aumentaram as medidas de segurança nos aeroportos, especialmente os
Estados Unidos, o Canadá e também alguns países da União Europeia que teriam
1 Ver em: < http://www.aviationbenefitsbeyondborders.org/>. Acesso em: 28/02/2013.
maiores chances de se tornarem alvos de ataques realizados por extremistas
islâmicos (11 DE SETEMBRO..., 2011).
Apesar da segurança reforçada nos aeroportos, terroristas que embarcaram
como passageiros comuns tentaram outras maneiras de realizar ataques contra
aeronaves comerciais, especialmente com o uso de explosivos líquidos. Felizmente,
tais tentativas foram impedidas tanto pelos próprios passageiros e tripulações de
voos ou foram desmanteladas antes de sua realização por agências de inteligência e
pelas forças policiais dos países de origem dos voos, como ocorreu na Inglaterra,
em 2006, quando a polícia britânica desmantelou um plano da Al-Qaeda para
explodir aviões comercias rumo aos Estados Unidos (COWELL, 2006), Mas outros
países, que estão envolvidos ou se situam próximos de regiões de conflitos
armados, não têm condições de proteger tão bem seus aeroportos, seja por falta de
capacidade técnica ou recursos financeiros. Como ocorre com os países do Oriente
Médio e do norte da África, que ainda então passando por instabilidade política e
guerras civis decorrentes da Primavera Árabe que teve início em dezembro de 2010.
(LUTA POR LIBERDADE...,2013).
Um exemplo é o caso da Síria, que está em guerra civil desde março de 2011.
Os embates entre as forças leais ao presidente, Bashar Al-Assad, e os rebeldes, são
muito violentos, e o risco de ataques terroristas contra aeronaves civis é uma
ameaça real. Um caso mais recente de instabilidade é o do Mali. Em meados de
2012, grupos rebeldes ligados a extremistas islâmicos ocuparam três regiões ao
norte do país, além de depor o presidente. No fim do ano, a Organização das
Nações Unidas (ONU) autorizou a criação de uma missão de paz para enviar ao
país, e os países da ECOWAS2 enviaram tropas para ajudar o governo malinês a
enfrentar os rebeldes. Depois que os rebeldes conquistaram a cidade de Kona, o
presidente deposto, Diouncounda Traouré, pediu ajuda à França, que mandou
tropas para o Mali para conter os rebeldes. Uma vez que os rebeldes têm ligação
com grupos extremistas islâmicos, os mesmos poderiam, em represália aos ataques,
realizar um atentado terrorista contra aeronaves comerciais malinesas, francesas ou
de algum outro país estrangeiro (MALI: AVANÇO REBELDE...2013)..
2 ECOWAS é a sigla de Economic Cooperation of the West African States, ou Cooperação Econômica
dos Países da África Ocidental.
A Convenção Relativa às Infrações e a Certos Outros Atos Cometidos a
Bordo de Aeronaves, assinada em Tóquio em 1963, define, entre outras regras,
quais medidas os Estados signatários devem tomar em caso de qualquer ato que
comprometa a segurança de aeronaves civis, como sequestros e outros tipos de
atentados terroristas. Atualmente, a Convenção de Tóquio3 é assinada por 185
países.
2.2 Proteção ao voo em regiões restritas ou de conflito
Outra questão preocupante são os eventos em que aeronaves comerciais de
transporte de passageiros e/ou cargas, que voam em regiões de conflito, são
derrubadas por aeronaves ou embarcações militares, grupos paramilitares ou
organizações terroristas e também por militares de forças de segurança nacionais,
que podem utilizar tanto armas convencionais, como rifles e lança-foguetes, ou
também mísseis controlados por sistemas de defesa aérea. Tais incidentes podem
ser intencionais ou não, e os primeiros incidentes desse tipo ocorreram durante a
Segunda Guerra Mundial (1939–1945). Como foi mencionado há pouco, em
algumas regiões do planeta, a instabilidade constante gerada por conflitos armados
acaba por aumentar as chances desse tipo de incidente acontecer.
O artigo 9º, inciso A, da Convenção de Aviação Civil Internacional, assinada
em Chicago, em 1944, trata de zonas proibidas ao voo. O mesmo prevê que, por
motivos militares ou de segurança pública, os Estados signatários têm o direito de
restringir, total ou parcialmente, o tráfego aéreo em todo ou parte de seus
respectivos territórios, desde que não se façam distinções entre aeronaves nacionais
e estrangeiras que prestam serviços regulares de transporte aéreo internacional. O
artigo também estabelece que as zonas proibidas não devam prejudicar inutilmente
o tráfego aéreo, e que os detalhes da proibição devem ser comunicados o mais
rapidamente possível à OACI. A alínea B também trata das mesmas regras do artigo
A, sendo que é vedada distinção de tráfego entre aeronaves nacionais e
estrangeiras de qualquer tipo. Já a alínea C do artigo 9º estabelece que os Estados
signatários possam exigir que qualquer aeronave que penetre em espaço aéreo de
3 O documento da Convenção de Tóquio está disponível na íntegra no endereço eletrônico oficial do
comitê.
zonas proibidas aterrisse em algum aeroporto designado pelos mesmos.
(ORGANIZAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL INTERNACIONAL, 1944).
Dois dos casos mais emblemáticos dessa natureza envolveram aeronaves
comerciais de grande porte, que transportavam centenas de passageiros cada uma.
Em ambos os casos, as reações dos governos dos países envolvidos nos incidentes
levaram a sérias crises diplomáticas.
O primeiro caso envolveu um Boeing 747-230B da companhia aérea sul-
coreana Korean Air Lines. O avião, que cumpria o voo 007, decolou do aeroporto
John Fitzgerald Kennedy, ou JFK, em Nova York, Estados Unidos, rumo à capital da
Coreia do Sul, Seul, na noite do dia 30 de agosto de 1983. A aeronave fez ainda
uma parada programada para reabastecimento no aeroporto de Anchorage, no
Alaska, antes de iniciar a travessia sobre o Oceano Pacífico. O avião, reabastecido,
decolou para a segunda etapa do voo, direto para Seul. A rota prevista nessa
segunda etapa era o voo por uma aerovia4 que ligava a costa do Alasca à costa
japonesa, passando bem próxima do Polo Norte. O trecho asiático dessa aerovia
passava a poucos quilômetros do espaço aéreo da União Soviética. Naquela época,
os tripulantes de aeronaves ainda tinham que calcular as coordenadas de voo
manualmente para seguir as rotas de forma correta, pois os sistemas de
computadores ainda não eram tão avançados como são hoje (LIASCH, 2009).
Os tripulantes do Korean 007 cometeram um erro de cálculo e,
acidentalmente, acabaram entrando no espaço aéreo soviético, na região litorânea
de Kamtchatka. O espaço aéreo daquela região havia sido restrito, pois o exército
soviético estava preparando testes de lançamento de mísseis. Os radares soviéticos
detectaram a aeronave intrusa, e temendo que se tratasse de um avião espião, a
Força Aérea daquele país despachou imediatamente quatro jatos de combate para
interceptar a aeronave. Os aviões militares encontraram a aeronave coreana e
dispararam tiros de advertência, mas o Korean 007 não respondeu às ameaças, por
não ter detectado a presença das aeronaves russas. Então um dos pilotos soviéticos
disparou mísseis contra o 747 coreano, que caiu no mar, próximo ao litoral da ilha
soviética de Sakalin, localizada um pouco ao norte do território do Japão. Todas as
4 Aerovias são áreas de controle em forma de corredores, utilizadas para a coordenação do tráfego
aéreo. As aeronaves voam nas aerovias, que estão descritas em cartas de navegação aérea e são
monitoradas pelos centros de controle de tráfego aéreo. (CONTATO RADAR, 2013).
269 pessoas a bordo morreram na tragédia. O incidente estremeceu ainda mais as
relações diplomáticas entre União Soviética e Estados Unidos, que já eram
complicadas, já que a Guerra Fria ainda perdurava (LIASCH, 2009).
Depois da tragédia, várias medidas foram tomadas para evitar que outros
incidentes do tipo ocorressem naquela região. Os Estados Unidos, por exemplo,
liberaram a tecnologia do Sistema de Posicionamento Global (GPS) para uso civil, o
que facilitou muito a navegação aérea. Os estadunidenses também decidiram utilizar
radares militares para estender a área de cobertura de monitoramento de aeronaves
que utilizam aerovias que passam próximas do Polo Norte. E a União Soviética,
juntamente com os Estados Unidos e o Japão, criaram um sistema conjunto de
monitoramento e controle do tráfego aéreo para monitorar a região do Pacífico Norte
que vai do litoral do Alasca até o Japão, passando pelo Polo Norte e pelo litoral leste
da União Soviética.
Outro caso envolvendo o abate de uma aeronave comercial de passageiros
ocorreu no Oriente Médio. O avião em questão era um Airbus do modelo A-300B4
da companhia aérea estatal do Irã, a Iran Air. Na manhã do dia 3 de julho de 1988, a
aeronave citada decolou normalmente do aeroporto internacional de Mehbarad,
localizado na capital iraniana, Teerã, cumprindo o voo de número 655 com destino a
Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O avião fez uma escala em Bandar Abbas,
uma cidade litorânea localizada no sul do Irã, às margens do estreito de Ormuz, que
liga o Golfo Pérsico ao Mar Arábico e ao oceano Índico. Pouco depois das dez da
manhã, o Airbus decolou para Dubai. Era um voo curto, já que o país de destino
ficava na outra margem do estreito de Ormuz (GHASEMI, 2004).
Na época do incidente, a situação na região do Golfo Pérsico era complicada.
Desde 1980, o Irã estava em guerra com o vizinho Iraque. Os dois países são
grandes produtores de petróleo, e o estreito de Ormuz é uma importante rota para
navios petroleiros e também navios mercantes provenientes dos países da região do
Golfo Pérsico. Durante o conflito, a Força Aérea Iraquiana atacava navios civis
iranianos, tanto petroleiros quanto os navios mercantes. A Força Aérea do Irã
também realizava ataques semelhantes, não só contra navios iraquianos, mas
também contra navios oriundos dos países aliados do Iraque. Para tentar coibir os
ataques contra navios civis, a Marinha dos Estados Unidos enviou vários navios de
guerra para patrulhar as rotas marítimas utilizadas pelos navios civis no estreito de
Ormuz. E um desses navios que estavam na região no dia do incidente com o A-300
da Iran Air era o cruzador USS Vincennes, comandado pelo capitão William C.
Rogers III. O helicóptero militar que operava a partir do cruzador reportou ter sido
atingido por tiros disparados por barcos de patrulha da Marinha do Irã (GHASEMI,
2004).
O capitão Rogers, então, ordenou que o Vincennes perseguisse as
embarcações militares iranianas para acabar com a ameaça. Na perseguição, o
navio estadunidense acabou entrando em águas territoriais iranianas. Poucos
minutos depois, os sistemas de radar do Vincennes detectou uma aeronave
suspeita. A aeronave em questão era o Airbus do voo 655 da Iran Air que ainda
estava ganhando altura pouco após ter decolado de Bandar Abbas. Os
radiotransmissores da aeronave transmitiam um sinal que a identificava como
aeronave civil em radares de monitoramento de tráfego aéreo. Assim que o avião
iraniano foi detectado pelo radar do Vincennes, a tripulação no navio estadunidense
entrou em alerta, pois o radar, apesar de detectar o sinal do Airbus da Iran Air, não
determinava se o sinal era de uma aeronave civil ou militar. O capitão Rogers e seus
subordinados temiam que o sinal do radar fosse o de algum jato de combate
iraniano enviado para prestar auxílio aos barcos de patrulha que há pouco haviam
disparado contra o helicóptero do Vincennes (GHASEMI, 2004).
A tripulação do cruzador estadunidense tentou então, sem sucesso, entrar em
contato com por rádio com a aeronave suspeita, que na verdade era o Airbus da Iran
Air. Apesar de a aeronave civil iraniana estar ganhando altitude, o radar do
Vincennes mostrou erroneamente que a aeronave suspeita estava perdendo
altitude, o que poderia indicar um jato de combate iraniano preparando-se para
atacar o cruzador estadunidense. Depois de tentar contato com a aeronave suspeita
por mais algumas vezes, sem obter resposta, o capitão Rogers decidiu que aquele
sinal de radar era de um jato de combate F-14 iraniano preparando-se para atacar o
Vincennes, e ordenou que a aeronave fosse destruída. Assim, o navio militar
estadunidense disparou dois mísseis antiaéreos contra o alvo, que poucos segundo
depois atingiram em cheio o Airbus A-300 da Iran Air que cumpria o voo 605 com
destino a Dubai. Todos os 290 ocupantes da aeronave, incluindo passageiros e
tripulação, morreram na hora (ADGHIRNI, 2012).
Assim que o governo iraniano soube da tragédia, o mesmo acusou
imediatamente os Estados Unidos de terem derrubado intencionalmente a aeronave
iraniana, e recusou os argumentos de Washington de que o Airbus da Iran Air havia
sido confundido com um jato de combate F-14 da Força Aérea do Irã. Teerã
argumentou também que, mesmo se a aeronave detectada fosse militar, o navio
estadunidense não teria o direito de abatê-la, pois ela estaria voando dentro do
espaço aéreo de seu país. O governo iraniano também argumentou que os pilotos
de aeronaves comerciais iranianas estavam cientes, por meio de um NOTAM5
emitido pelo governo dos Estados Unidos, de que aeronaves que voassem a uma
altitude inferior a 610m e a uma distância inferior a 5 milhas náuticas, ou 9,3km, de
seus navios de guerra, e que não decolaram de aeroportos próximos poderiam ser
atacados. E o Airbus da Iran Air estava fora dos limites dessa área, pois voava a
4.300m de altitude e decolou do aeroporto de Bandar Abbas,e portanto, não violou
as regras do NOTAM (GHASEMI, 2004).
A Marinha dos Estados Unidos inicialmente negou que o Vincennes estivesse
em águas territoriais iranianas no momento do incidente, mas admitiu o fato
posteriormente. Investigações independentes, inclusive da Organização de Aviação
Civil Internacional (OACI), constataram que o cruzador dos Estados Unidos estava
mesmo em águas iranianas. Desta forma, a decisão do capitão Rogers de abater a
aeronave violou diversas leis internacionais de navegação marítima e aérea, e
também regras de engajamento militar definidas pela própria Marinha dos Estados
Unidos, que definem quais critérios os militares devem seguir e verificar antes de
iniciar qualquer tipo de ação de combate contra eventuais inimigos (GHASEMI,
2004).
O governo dos Estados Unidos emitiu uma nota de pesar pela perda de
vítimas inocentes, e em 1996, pagou indenizações aos familiares das vítimas do Iran
Air 655. Porém, o mesmo jamais admitiu ter cometido qualquer erro que resultou na
tragédia, e nem pediu desculpas formais ao governo iraniano pela mesma. Os dois
países não mantinham relações diplomáticas entre si desde a Revolução Iraniana de
1979, que depôs o xá Reza Pahlevi, aliado de Washington, e colocou no poder o
aiatolá Ruhollah Khomeini, que implantou um governo islâmico em seu país
(ADGHIRNI, 2012).
5 NOTAM: A sigla de NOtice to Air Men. Trata-se de um aviso com informações emitidas para
comunicar o estabelecimento ou modificação de instalações, procedimentos, e advertir sobre possíveis perigos específicos à operação de aeronaves no ar e no solo. (CAVOK,2013).
2.3 Proteção de aeronaves em aeroportos de regiões de conflito
Em alguns conflitos, ocorrem casos em que aeroportos civis são
bombardeados, seja por artilharia de combatentes em terra ou por bombardeios
aéreos realizados por aviões de combate. Um exemplo desse caso ocorreu em
1968, quando militares de forças especiais israelenses destruíram 13 aviões de
companhias aéreas libanesas que estavam estacionados no Aeroporto Internacional
de Beirute, a capital do Líbano. O ataque não deixou vítimas, mas os prejuízos
financeiros foram grandes. A Lebanese International Airways perdeu três de suas
aeronaves e acabou decretando falência, pois não conseguiu se recuperar dos
prejuízos. O ataque foi uma represália de Israel por um ataque terrorista realizado
por militantes da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), baseada no
Líbano. O alvo era um avião da companhia aérea israelense El-Al, que se preparava
para decolar do aeroporto de Atenas, na Grécia. Os dois militantes dispararam tiros
e lançaram granadas contra a aeronave, que resultaram na morte de um passageiro
e deixaram uma comissária de voo ferida (AVIATION SAFETY NETWORK, 2013).
Dois casos mais recentes ocorreram em 25 e 26 de agosto de 2011, na
guerra civil da Líbia6 decorrente dos protestos da Primavera Árabe. Durante a
batalha entre rebeldes oposicionistas e aliados do ditador Muamar Khadafi pelo
controle da capital, Trípoli, dois aviões comerciais do modelo Airbus A-300 foram
completamente destruídos pelos combates nos arredores do aeroporto da cidade.
Um dos aviões pertencia a Afriqiyah Airways, e o outro, a Libyan Arab Airlines. Nos
dois casos, não houve vítimas, pois as aeronaves estavam estacionadas. O
aeroporto estava fechado desde março daquele ano, quando o Conselho de
Segurança das Nações Unidas impôs ao país uma zona de exclusão aérea, que
proibia que aviões militares líbios levantassem voo. Apesar de tal restrição não se
aplicar a aeronaves civis, os aeroportos do país, bem como suas companhias
aéreas, suspenderam as operações (TROPA DE KADHAFI..., 2011).
6 Nesta edição do MINIONU há um comitê, a Conferência de Londres sobre a Líbia-2011, que tratará
sobre a guerra civil naquele país.
3 A ORGANIZAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL INTERNACIONAL
A Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) foi criada em novembro
de 1944, após a realização de uma conferência realizada em Chicago, nos Estados
Unidos, onde delegações de 55 países assinaram a Convenção de Aviação Civil
Internacional, que daria origem à OACI. O objetivo da criação da OACI foi o de
“assegurar a cooperação internacional no mais alto grau de uniformidade em
regulamentos e padrões, procedimentos e organização relacionados á questões de
aviação civil” (ICAO, 2012, tradução nossa)7. O principal trabalho realizado pela
Convenção de Chicago foi o de estabelecer um conjunto de regras para um dos
campos mais essenciais da aviação, o campo da navegação aérea (ICAO, 2013).
Como houve muitos atrasos na ratificação dos acordos estabelecidos na
Convenção de Chicago, entre 1945 e 1947, a OACI funcionou provisoriamente,
como OACIP, ou Organização de Aviação Civil Internacional Provisória. Em abril de
1947, a OACI propriamente dita passou a existir, sendo que sua sede foi construída
na cidade de Montreal, no Canadá, e está lá até hoje. Desde o começo, percebeu-se
que o trabalho do Secretariado da OACI seria dividido em duas grandes áreas: uma
delas é mais geral, onde o Secretariado deve definir os padrões de treinamento e de
licenciamento de tripulação e também do pessoal em terra, sistemas e
procedimentos de comunicação, práticas para os controladores de tráfego aéreo,
regras de navegação aérea, meteorologia, entre outros. A navegação aérea só seria
possível se os padrões da OACI fossem mundiais, e é nisso que a organização
trabalhou e vem trabalhando até hoje. A outra área é a de coordenar a
implementação de instalações de equipamentos e serviços de navegação aérea em
todos os Estados–membros (ICAO, 2013).
Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, nos quais foram utilizadas
aeronaves comerciais de transporte de passageiros, fica clara a necessidade de se
realizarem esforços para aumentar a segurança das centenas de milhares de
pessoas que embarcam diariamente em voos em todo o planeta. Mas a
preocupação com a segurança dos usuários do transporte aéreo não é só
relacionada ao terrorismo. Por exemplo, outro problema muito sério é a questão do
7 “... as a means to secure international co-operation an highest possible degree of uniformity in
regulations and standards, procedures and organization regarding civil aviation matters…”
uso de aeronaves cargueiras para transporte de passageiros, algo que oferece
riscos á segurança dos mesmos e é comum em muitas regiões, especialmente em
países africanos. Essas e outras questões são de extrema importância, que devem
ser discutidas entre os membros da OACI com o objetivo final de tornar o transporte
aéreo mais confiável e seguro do que já é (ICAO, 2013).
Atualmente, a Organização de Aviação Civil Internacional conta com 191 dos
193 membros da Organização das Nações Unidas (ONU), e a própria OACI é um
dos organismos que compõem o sistema ONU. Como já foi mencionado antes, sua
sede se localiza na cidade de Montreal, no Canadá. A OACI ainda dividiu a
superfície do mundo em diversas regiões, sendo que cada uma delas possui um
escritório regional. A região da Ásia e Pacífico (APAC) tem escritório em Bangkok,
Tailândia, enquanto que a região da África Oriental e Sul (ESAF), tem o escritório
em Nairóbi, Quênia. Já o escritório da região da Europa e do Atlântico Norte
(EUR/NAT), fica em Paris, na França, e o escritório da região da América do Norte,
América Central e Caribe (NACC) fica na Cidade do México. Ainda existem os
escritórios das sub-regiões da América do Sul (SAM), em Lima, Peru, e também o da
África Ocidental e Central (WACAF), em Dakar, Senegal (ICAO, 2013).
A estrutura da OACI é ainda composta pela Assembleia, pelo Conselho e pela
Comissão de Navegação Aérea. A Assembleia é o maior órgão da OACI, sendo que
dela fazem parte todos os estados membros, que se reúnem a cada três anos, ou
também em reuniões extraordinárias que o Conselho convocar, em qualquer data.
Entre as atribuições da Assembleia, estão a de eleger membros para o Conselho,
votar o orçamento da organização, decidir questões enviadas pelo Conselho,
subsidiar comissões para a análise de diversos assuntos, além de lidar com
atividades que não são específicas do Conselho. A Assembleia pode ainda aprovar
emendas á Convenção de Chicago, que estarão sujeitas á ratificação dos Estados-
membros. Já o Conselho, por sua vez, é composto por delegações de 36 estados
membros, que são eleitos pela Assembleia para um mandato de três anos. Uma
representação adequada é dada os países membros que têm grande importância no
transporte aéreo internacional, o que, se não são tão importantes no setor, que
possam dar uma grande contribuição para prover instalações adequadas para o
exercício da navegação aérea civil internacional. O Conselho também administra as
finanças da OACI, escolhe o Secretário-Geral, e pode atuar também como mediador
em caso de disputas entre estados membros em questões relativas à aviação, além
de investigar situações que representem obstáculos ao desenvolvimento da
navegação aérea e que comprometam a segurança e a regularidade do transporte
aéreo internacional (ICAO, 2013).
Outro órgão que compõe a estrutura da OACI é a Comissão de Navegação
Aérea. Trata-se de um grupo composto por 19 especialistas altamente
especializados e experientes nas ciências e nas práticas de Aeronáutica, que são
nomeados pelos estados membros e escolhidos pelo Conselho. Os membros da
Comissão trabalham no desenvolvimento de Padrões e Práticas Recomendadas
(SARP’s, da sigla em inglês8), e também em Procedimentos para o Serviço de
Navegação Aérea (PANS, da sigla em inglês9). Tanto as SARP’s quanto os PANS
têm o objetivo de melhorar a segurança e a eficiência na aviação civil internacional
(ICAO, 2013).
3.1 Estrutura do Comitê
O comitê da OACI realizará a 38ª Assembleia Geral, que ocorrerá nos dias
8,9 e 10 de julho de 2013, na sede da organização, em Montréal, no Canadá.
Participarão da Assembleia delegações de 40 países, sendo que cada um deles
será representado por um delegado. A lista de delegações está em anexo, ao final
deste Guia.
4 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES
Abaixo, a posição dos principais atores da OACI:
4.1 Canadá
O Canadá é o país onde se localiza a sede da OACI, e já sofreu um atentado
terrorista envolvendo um avião comercial, que explodiu em pleno voo após a
detonação de uma bomba. O avião era de uma companhia aérea indiana, mas o voo
decolou da cidade canadense de Montréal, e a maior parte das vítimas era de
8 Standard And Recommended Practices.
9 Procedures for Air Navigation Service.
cidadãos canadenses. Foi o pior atentado terrorista da história do país (PUBLIC
SAFETY CANADA, 2007). Desde então, e seguindo o evento de 11 de Setembro no
vizinho Estados Unidos, o governo canadense tem feito mudanças e ajustes na sua
regulamentação para melhor proteger os seus cidadãos de ameaças terroristas, no
que diz respeito a segurança aérea e nacional (ANTI-TERRORISM ACT..., 2007). O
Canadá faz parte da Força Internacional para Segurança (ISAF, sigla em inglês) da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e mantém tropas militares no
Afeganistão desde o início da operação, em 2001 (ISAF, 2013). Por causa disso, o
país se torna um alvo em potencial de ataques terroristas por parte de grupos
extremistas islâmicos.
4.2 Estados Unidos
Os Estados Unidos, por seu ativo papel em intervenções militares e guerras,
continua sendo alvo constante da ação terrorista, mesmo após ter se passado dez
anos de um dos piores ataques terroristas da história, os ataques suicidas de 11 de
setembro de 2001, que foram coordenados pelo grupo islâmico Al-Qaeda. Os
terroristas sequestraram aviões de passageiros e os arremessaram contra as torres
gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e contra o edifício do Pentágono,
em Washington, a capital. Um quarto avião sequestrado, que tinha como alvo o
edifício do Capitólio, que sedia Congresso dos Estados Unidos, foi retomado pelos
passageiros, mas caiu, sem atingir o alvo. Os atentados provocaram mudanças
significativas em relação à segurança do país, tornando legítimas as enormes
quantias destinadas ao combate do terrorismo até o presente momento. Os
aeroportos estadunidenses e as políticas de segurança interna do país, então,
passaram por significativas mudanças. Atualmente, o governo norte-americano
dificulta o processo de inclusão de estrangeiros em escolas de aviação civil do
mesmo, uma vez que três dos membros sequestradores dos ataques de 11 de
setembro foram treinados nos Estados Unidos (EUA TENTAM
CONTROLAR...2011). As intervenções dos Estados Unidos em diversos países os
tornam mais suscetíveis a esse tipo de ataque. A tarefa de proteção do país em
relação à aviação é constantemente dificultada pela diversidade tecnológica usada
pelos terroristas, como a introdução de explosivos sob a pele através de cirurgias, e
pela amplitude dos possíveis ataques. Um navio estadunidense foi responsável pelo
abate de um avião da Iran Air, que sobrevoava o estreito de Ormuz, em 1988.
(ADGHIRNI, 2012).
4.3 Reino Unido
Por se envolver em inúmeros conflitos armados, o Reino Unido é um país que
já sofreu inúmeros atentados terroristas. O envolvimento do país nos recentes
conflitos do Afeganistão de do Iraque, como o principal aliado dos Estados Unidos,
fez do país alvos de atentados perpetrados por grupos terroristas islâmicos. Por
causa disso, a segurança nos aeroportos britânicos foi reforçada, especialmente
após os ataques de 11 de setembro de 2001. O Reino Unido possui um eficiente
programa antiterrorista nos seus aeroportos, com um sistema de escaneamento
corporal total obrigatório para todos que tenham acesso a áreas restritas dos
aeroportos, como membros das companhias aéreas, das companhias de catering10,
e funcionários, além dos passageiros que podem ser solicitados a passar pelo
escaneamento, se necessário (HEATHROW AIRPORT, 2013). Foram registradas
tentativas de ataques terroristas contra aeronaves, sendo o mais grave em 2006,
quando a polícia britânica descobriu um plano da organização terrorista Al-Qaeda de
explodir homens-bomba disfarçados de passageiros a bordo de sete voos
comerciais com destino aos Estados Unidos e Canadá, que partiam do aeroporto de
Heathrow, em Londres (COWELL, 2006). O Reino Unido já teve um avião comercial
da British Overseas Airways Corporation, a BOAC, abatido em 1943, por aviões da
Luftwaffe, a Força Aérea Alemã, durante a Segunda Guerra Mundial. (AVIATION
SAFETY NETWORK, 2013).
4.4 França
A França é um exemplo de país cuja aviação, tanto civil como militar, já foi e
continua sendo um potencial alvo de ações terroristas. Os ataques terroristas de 11
de setembro nos Estados Unidos repercutiram em todo o mundo e causou à França
10
Catering: serviços de terra responsáveis pelo abastecimento de uma aeronave com víveres,
comidas e bebidas destinadas à tripulação. Muitas vezes, serviços de limpeza são provienciadois
pela mesma empresa.(CAVOK,2013).
grande prejuízo de cerca de 54 milhões de dólares apenas nos dez primeiros dias
que se seguiram ao atentado (AIR FRANCE DEVE..., 2001). Com a atual
intervenção francesa no conflito do Mali, visando à neutralização de extremistas
islâmicos que ameaçam tomar o poder no país, o governo francês deve reforçar a
segurança aeronáutica. A aviação francesa já ganhou forte participação no
bombardeio das bases de apoio dos rebeldes malineses e contou com o apoio do
governo da Argélia, país que faz fronteira com o Mali, em relação a voos militares
franceses sobre seu território. A Air France, principal companhia aérea do país, já foi
alvo de vários sequestros. O maior aeroporto civil da França, o Charles de Gaulle,
em Paris, introduziu instrumentos de segurança como scanners de corpo inteiro para
todos os voos que se dirigem aos Estados Unidos como modo de precaução ao
terrorismo. Além do mais, estabeleceu várias restrições a itens levados nas
bagagens de mão e passageiros, mesmo que não tenham acionado o alarme
detector de metais, podem ser convidados a se submeter a inspeções. O país sedia
o escritório regional da OACI para a Europa e Atlântico Norte (ICAO, 2013).
4.5 Israel
Desde sua fundação, em 1948, Israel vem se envolvendo em diversos
conflitos com seus vizinhos árabes. Por causa disso, os aeroportos do país têm as
medidas de segurança contra terroristas mais rígidas do mundo. Nenhum avião que
decolou do aeroporto Ben-Gurion, em Tel Aviv, o principal do país, já foi alvo de
sequestros. As autoridades de segurança do país já foram procuradas pelo governo
dos Estados Unidos para tentar implementar as bem-sucedidas medidas de
segurança de Israel em aeroportos estadunidenses. A El-Al, a principal companhia
aérea do país, já teve uma de suas aeronaves abatidas por entrar em espaço aéreo
búlgaro sem autorização. A força aérea do país já abateu uma aeronave civil líbia
que entrou no espaço aéreo da Península do Sinai, quando esta estava sob seu
controle. As forças armadas israelenses já foram responsáveis por atacar diversos
aeroportos civis de países que se envolveram em conflitos com Israel, como o
Líbano e os Territórios Palestinos. (AVIATION SAFETY NETWORK, 2013).
4.6 Irã
O Irã tem relações diplomáticas complicadas com os países ocidentais desde
a Revolução Islâmica de 1979, quando um grupo de religiosos muçulmanos xiitas
liderados por Ruhollah Khomeini depuseram o xá Reza Pahlavi e instauraram um
governo teocrático no país. Desde então, o país não tem oficialmente relações
diplomáticas com os Estados Unidos (A REVOLUÇÃO ISLÂMICA..., 2013). A
segurança antiterrorista nos aeroportos do país é reforçada devido a grupos
terroristas que atuam no país e também devido à situação de conflito em que alguns
de seus vizinhos se encontram, como o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão. O Irã e
o Iraque já se enfrentaram numa guerra, entre 1980 e 1988. O Irã já teve uma
aeronave comercial derrubada por um navio militar estadunidense, em 1988.
(ADGHIRNI, 2012).
4.7 Rússia
A Rússia sofre com ataques terroristas desde a dissolução da União
Soviética. Tais ataques são realizados, em sua maioria, por grupos extremistas
islâmicos que lutam pela independência de algumas regiões ao sul do país, como a
Chechênia. Três destes ataques estão relacionados á aviação. Os dois primeiros
ocorreram quase ao mesmo tempo, ambos no dia 24 de agosto de 2004, quando
duas terroristas suicidas chechenas embarcaram em dois diferentes voos que
partiram do aeroporto internacional de Domodedovo, em Moscou. Durante o voo,
cada uma delas detonou explosivos que carregavam consigo, matando ao todo 89
pessoas. O outro ataque ocorreu em 24 de janeiro de 2011, quando um terrorista
membro da organização extremista islâmica Emirado do Cáucaso detonou uma
bomba no saguão de desembarque internacional do aeroporto de Domodedovo, que
teve sua segurança reforçada desde os atentados de 2004 (BESSERNEVA, 2012).
A Rússia já teve um avião comercial civil abatido em pleno voo por um míssil
ucraniano em 2001. A aeronave em questão era da Siberian Airlines, e cumpria o
voo 1812, de Tel-Aviv, Israel, para Novosibirsk, Rússia. As forças de segurança
ucranianas estavam realizando exercícios militares na região do Mar Negro, onde
caiu a aeronave russa, mas a aeronave foi atingida acidentalmente. A Rússia,
quando ainda era parte da União Soviética, foi responsável pelo abate do jato
comercial da Korean Air que cumpria o voo 007, que foi destruída em 1983 por jatos
de combate soviéticos por ter entrado acidentalmente em espaço aéreo restrito do
país. A Rússia já bombardeou aeroportos civis em países e regiões com o qual
esteve em conflito, como a Geórgia (SOLOYOV, 2008).
5 TÓPICOS PARA DISCUSSÃO
a) Padronização internacional de medidas antiterroristas para a
segurança da aviação civil. Quais medidas seriam incluídas nessa padronização, e
se elas seriam viáveis para todos os países.
b) Qual seria o prazo para a implantação das medidas?
c) Quais medidas que reduzam ao mínimo possível os riscos de
aeronaves civis que voam em regiões de conflito ou com restrições ao voo?
d) A OACI poderia declarar, por conta própria, depois de rigorosas
análises, zonas de espaço aéreo de risco em regiões de conflito, mesmo que os
países em que se localizam tais regiões considerarem seguros seus respectivos
espaços aéreos?
e) A OACI poderia criar algum tipo de sanção contra um país que seja
considerado responsável em caso de abate injustificado de aeronaves civis,
notadamente aeronaves comerciais?
f) Medidas para a proteção de aeroportos localizados em regiões de
conflito: Os delegados devem discutir a padronização de medidas para a proteção
de terminais e outras instalações aeroportuárias, para a segurança dos passageiros,
cargas tripulações e funcionários de aeroportos civis, bem como das aeronaves que
neles são baseadas, ou que os utilizam.
g) A OACI poderia recomendar que aeroportos civis não tivessem o uso
compartilhado com bases aéreas, para evitar o ataque dos mesmos por forças
aéreas e / ou terrestres inimigas?
h) A OACI poderia criar algum tipo de sanção contra países que
realizarem ataques contra aeroportos civis?
i) Haveria alguma medida especial para aeroportos civis que não
recebam voos comerciais regulares?
REFERÊNCIAS
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TABELA DE DEMANDA DAS REPRESENTAÇÕES
Na tabela a seguir cada representação do comitê é classificada quanto ao
nível de demanda que será exigido do delegado, numa escala de 1 a 3. Notem que
não se trata de uma classificação de importância ou nível de dificuldade, mas
do quanto cada representação será demandada a participar dos debates neste
comitê. Esperamos que essa relação sirva para auxiliar as delegações na alocação
de seus membros, priorizando a participação de delegados mais experientes nos
comitês em que a representação do colégio for mais demandada.
Legenda
Representações frequentemente demandadas a tomar parte nas discussões
Representações medianamente
demandadas a tomar parte nas discussões
Representações pontualmente
demandadas a tomar parte nas discussões
REPRESENTAÇÃO DEMANDA
1. Afeganistão
2. África do Sul
3. Alemanha
4. Austrália
5. Brasil
6. Canadá
7. China
8. Colômbia
9. Coreia do Sul
10. Cuba
11. Egito
12. Espanha
13. Estados Unidos
14. Filipinas
15. França
16. Índia
17. Irã
18. Iraque
19. Israel
20. Itália
21. Japão
22. Kuwait
23. Líbano
24. Líbia
25. Mali
26. Marrocos
27. México
28. Nigéria
29. Países Baixos
30. Panamá
31. Paraguai
32. Paquistão
33. Peru
34. Portugal
35. Quênia
36. Reino Unido
37. Rússia
38. Senegal
39. Serra Leoa
40. Síria
41. Somália
42. Venezuela
43. Zimbábue
44. União Europeia
45. União Africana
46. Imprensa
47. Imprensa