Guia Brasileiro de Produção Cultural 2013-2014

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    Guia brasileiro

    de produção cultural

    2013-2014

    Organização • Cristiane Olivieri e Edson Natale

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    Preparação • Silvana Vieira

    Revisão • Beatriz de Freitas Moreira / Luiza Delamare

    Projeto gráfico • Ouro sobre Azul / Ana Luisa Escorel

    Assistência de projeto gráfico • Ouro sobre Azul / Ana Beatriz Novaes / Marcele Moraze

    Copyright@ Edições Sesc SP

    Todos os direitos reservados

    Sesc São Paulo

    Edições Sesc SP

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    São Paulo SP Brasil

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    sescsp.org.br

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    A produção cultural brasileira vista em retrospecto

    e à distância do horizonte

    Esta obra, que o leitor tem em mãos e percorre agora as primeiras linhas com

    olhar desbravador, traz as marcas de uma história em processo, cuja dinâmica

    se deve à força motriz do cenário valorativamente crescente de profissionali-

    zação da produção cultural brasileira. Trata-se de uma história, ainda, que de-

    marca questões importantes para a ação pública e privada – e, portanto, coleti-

     va - no campo da cultura, indicando e afirmando que o exercício da cidadania

    e da participação, por meio da cultura, traduz caminhos para a consecução de

    uma sociedade cada vez mais digna e justa.

    Uma primeira questão a ressaltar quanto aos meandros da produção cul-

    tural diz respeito à sua razão de ser. A definição sobre “o que fazer”, “por que

    fazer” e “como fazer”, acompanhada, também, de uma minuciosa análise do

    “para quem fazer”, constituem as bases de um planejamento que direciona a

    produção. Isso significa que o planejamento se refere não só ao foco na oferta,

    nos termos da oportunidade de realizar algo vantajoso, novo ou inédito, mas

    também ao foco na demanda, mediante a formação de públicos da cultura. Esse

    é o ponto que merece destaque.

    Com a atenção voltada ao público consumidor/fruidor, o produtor cultural

    contribui, a seu modo, para a política de acesso e contato com as linguagens

    culturais. E isso ocorre tanto pelo lado do incentivo ao uso dos equipamentos

    existentes (centros culturais, teatros, cinemas, museus, casas de espetáculos

    etc), quanto também pelo lado da abertura à curiosidade e à experimentação,

    que se manifesta, geralmente, por meio da vontade de realizar alguma prática

    cultural e leva, oportunamente, à formação do gosto.

    O produtor cultural, atento a essa dualidade, pode obter um melhor conhe-

    cimento sobre os circuitos de consumo e usufruto cultural dos indivíduos, re-

    alimentando as oportunidades de sua ação, pois assim ele terá em mãos novos

    elementos para delinear projetos que contemplem as várias dimensões da vida

    cultural, sem pendores elitistas ou populistas, mas, sim, com investimento na

    formação de públicos.

    Agir entre a oferta e a demanda recoloca a importância de se avançar nos

    propósitos que direcionam a ação e as políticas culturais. Mostra que é impres-

    cindível conhecer e compreender os mecanismos de gosto e hábito culturais dos

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    indivíduos, conformados na relação familiar, nas instituições educativas e nas

    práticas sociais das comunidades em que habitam, descobrindo aí suas vanta-

    gens e insuficiências, sua relativa homogeneidade e sua grande heterogeneidade.

    Resulta dessa discussão, a nosso ver, um encaminhamento que permite tor-

    nar a produção cultural brasileira mais ampla e inclusiva, dotando-a de uma

    natureza que incentiva a formação e a informação, para além da oferta e di-

    fusão de uma “única cultura” socialmente legitimada. A produção pode enca-

    minhar-se para propiciar incentivo à interação social, ao acesso e consumo de

    produtos e objetos culturais variados e, ao mesmo tempo, para oferecer con-

    dições de aumento do repertório dos indivíduos, incentivando o contato ou a

    aquisição de novos valores.

    Esse é o caso, atualmente, da produção cultural advinda das comunidades,

    mediante a organização de coletivos de artistas, de saraus poéticos, de exibição

    de filmes ou apresentações musicais em praças públicas. Assumindo a forma

    de programas e projetos, essas ações propiciam aos indivíduos desses locais um

    primeiro contato com o campo da cultura, de onde pode surgir, e espera-se que

    assim seja, a curiosidade e o incentivo para conhecer autores, obras, produtos e

    linguagens que até então não sabiam existir, levando à formação do gosto e ao

    hábito cultural.

    Com essa reflexão, que o leitor encontrará delineada nos capítulos e entre-

     vistas que compõem este Guia brasileiro de produção cultural -, já se

    percebe que cultura e educação estão unidas. Ambas constituem meios e fins

    para o indivíduo. E a ação do gestor ou produtor cultural está filiada ao aprimo-

    ramento qualitativo dessa união.

    É preciso ressaltar, sempre, que educação e cultura criam uma riqueza de

    possibilidades para a formação do indivíduo no cotidiano e tornam o vir a ser

    um modo de ocorrência do possível para a aquisição de um mundo melhor.

    O presente que dinamizamos e o futuro que cresce na linha do horizonte não

    podem prescindir da ação cultural educativa. Paulo Freire, educador brasileiro,

    dizia que “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tam-

    pouco a sociedade muda”. Este é um ensinamento de que podemos ir além da

    adaptação e transformar o mundo.

    Na positividade desse recado, reitero que a ação cultural educativa é a ba-

    se para a conscientização. E o indivíduo conscientizado pode ter uma melhor

    compreensão da história, de si mesmo e de sua ação no mundo. Ele pode recu-

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    sar a se acomodar. Ele pode se mobilizar. Ele pode se organizar, unindo forças

    para melhorar a sociedade em que vive. Esse é o campo das experiências possí-

     veis que convidamos o leitor a percorrer.

    O Guia brasileiro de produção cultural -, do qual o Sesc São Paulo é

    parceiro desde a segunda edição, renova sua importância como ferramenta de

    apoio e consulta para reflexões e articulações em projetos culturais. Cabe frisar

    que a cada período em que esta publicação é reeditada, ela incorpora preocupa-

    ções e situações que estão na ordem do dia da discussão pública e no cotidiano

    dos profissionais envolvidos nas dinâmicas da ação cultural. Esperamos que o

    resultado da leitura seja o aumento de fôlego para pensar, falar, debater e agir

    nesse campo rico e fértil. O Sesc São Paulo, assim, por meio desta publicação,

    leva adiante a proposta de uma ação cultural educativa que se realiza como

    princípio constitutivo da formação humana, para o exercício da cidadania e

    para a aquisição de novos conhecimentos e saberes.

    Danilo Santos de Miranda

    Diretor Regional do Sesc São Paulo

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    Introdução

    Em 1994, Nelson Mandela tornou-se o primeiro presidente negro da África do

    Sul, Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente do Brasil e Tom Jobim

    nos deixou. Nesse ano esses e tantos outros fatos aconteceram, mas há um que

    marcaria nossas vidas profissionais para sempre: o surgimento da primeira edi-

    ção deste livro, o Guia brasileiro de produção cultural .

    O Guia nasceu das nossas próprias dúvidas e da crença de que nossas inúme-

    ras incertezas seriam também as de muitos outros produtores culturais, artis-

    tas e gestores da cultura. Gestores da cultura?! Lembrando bem, em esse

    profissional nem existia! (Pelo menos, não com esse nome.) A internet era tosca

    e os arquivos da primeira edição circularam pra cima e pra baixo em disquetes

    que eram entregues pelo correio, por motoboy ou de “busão” mesmo. Era outro

    século...

    Após esses quase vinte anos no processo de repensar, atualizar e aprimorar

    o Guia a cada edição, a área de produção cultural avançou e se profissionalizou

    muito: para celebrar esse momento, criamos o Guia + !, que traz reflexões e

    considerações de profissionais da área da cultura que atuam há pelo menos vin-

    te anos e que neste espaço compartilham ideias, opiniões, histórias e também

    suas visões de futuro.

    A caminhada construtiva que tivemos em nossa vida profissional não seria

    possível sem as pessoas que participaram deste projeto. Muitos contribuíram cir-

    cunstancialmente e outros de forma permanente. Não faz diferença: todos pos-

    sibilitaram que chegássemos até aqui e que o Guia fosse amadurecendo em seu

    formato e conteúdo. Em nossos agradecimentos destacamos especialmente uma

    instituição que é constante companheira de viagem, fundamental para a cami-

    nhada deste projeto: o Sesc São Paulo. Não só por seu apoio efetivo e permanente,

    mas principalmente pela parceria desde o primeiro momento, já em : nossos

    sinceros e eternos agradecimentos à equipe do Sesc São Paulo e das Edições Sesc.

    Não podemos deixar de dizer (ou gritar alegremente) que, junto com o de-

    senvolvimento deste projeto, desde 1994, a vida nos deu Maurício Magalhães

    e Márcia Salgado, nossos companheiros e cúmplices, e Artur, Danilo, Gabriel

    e Joana, nossos filhos amados. Somos gratos à vida por tudo isso e a você pela

    atenção, contribuição e confiança.

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    Tivemos a colaboração de consultores, entrevistados e convidados para de-

    senvolverem textos, sempre com o intuito de compartilhar experiências e infor-

    mações, e – novamente – agradecemos a todos eles, um a um: somos extrema-

    mente gratos e nos consideramos privilegiados por sermos seus parceiros, mas

    também seus aprendizes e admiradores: Adélia Borges, Affonso Reis, Alberto

    Ranellucci, Alcione Araújo, Alembey Quindino, Alex Braga, Alexandre Fer-

    rari, Alexandre Roit, Alfredo Victor, Alfredo Santos Jr., Aimar Labaki, Aline

    Meier, Amilson Godoy, Ana Helena Curti, Ana Lúcia Guimarães, Ana Teasca,

    André Geraissati, André Midani, André Taiariol, Andreia Schinasi, Aninha

    de Fátima, Aninha Franco, Antonio Carlos Diegues, Anna Penido, Antoine

    Midani, Arleyde Caldi, Arnaldo Spindel, Arthur de Faria, Arthur Khol, Ary

    Scapin, Bebel de Barros, Belisário Franca, Benjamin Taubkin, British Council,

    Camilla Cardoso, Carla Pessoa, Carlos Barmak, Carlos Freitas, Carmine Orival

    Francisco, Carolina Garcia, Célia Cruz, Célia Forte, Chester Prestes, Christine

    Liu, Claudia Giudice, Claudia Lima, Cláudio Lins de Vasconcelos, Claudiney

    Ferreira, Cory Doctorow, Cris Brito, Cristina Xavier, Damiana Crivellare, Da-

    niel Zen, Danilo Santos de Miranda, David McLoughlin, Dedé Ribeiro, Didia-

    na Prata, Dora Kaufman, Edinho Almeida, Edson Mazzari, Eduardo Moreira,

    Eduardo Muzskat, Eduardo Saron, Elaine Luna Oksman, Eliana Signorelli,

    Eliane Abrão, Elizah Rodrigues, Escola Lumiar, Fabiola Muñoz Marin, Fabrí-

    cio Nobre, Felipe Altenfelder, Fernanda Ficher, Fernanda Signorini, Fernanda

    Ramone, Fernando Equi Morata, Fernando Fiuza, Fernando Magoo, Fernando

    Yazbek, Flávio Paiva, Frederico Barbosa, Frei Betto, Fundação Joaquim Na-

    buco, Fundação Quinteto Violado, Geórgia Vilela, Giovanna Tiziani, Gilber-

    to Dimenstein, Guilherme de Almeida, Guto Lacaz, Helena Katz, Hermano

    Viana, Hugo Possolo, Ilzen Campos, Instituto Itaú Cultural, Instituto Taka-

    no, Ivan Giannini, Jader Rosa, Janaina Ormart, Janet Bailey, Jeanine Toledo,

    João Marcelo Bôscoli, Jum Nakao, João Gabriel de Lima, João Lara Mesquita,

    João Parahyba, Joatan Nascimento, Jorge Werthein, José Jacinto de Amaral,

    José Monserrat Filho, Kátia B., Kety Fernandes, Lala Deheinzlein, Lelê Bu-

    arque, Lé Dantas, Leandro Valiati, Lenora Negrão, Luciana Arruda, Luciana

    Bueno, Luciana Rangel, Lucimara Letelier, Lui Coimbra, Luia Camargo, Luis

    Nassif, Luiz Cordeiro, Luiz Roberto Alves, Magda Pucci, Manoel Carlos Ju-

    nior, Marcos Barreto Corrêa, Marcelo Coutinho, Marcelo Monzani, Marcelo

    Paiva, Marcelo Sandmann, Maria Apparecida Bussolotti, Marcos Weinstock,

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    Maria Adair, Marina Falsetti, Mariana Lacerda, Marina Natal, Marina Nor-

    di Castellani, Marisa Orth, Marisa Rezende, Maristela Gamba, Maria Luiza

    Kfouri, Marieta Severo, Marilia Stabile, Mark Lutes, Marta Colabone, Martha

    Macruz de Sá, Massa Coletiva, Maurício Magalhães, Mauricio Moraes, Mau-

    rício Pereira, Mauro Feliciano, Miguel Nuno Henrique, Milú Villela, Milton

    Belintani, Mitar Subotic (Suba), Moisés Santana, Monique Gardenberg, Muri-

    lo Pontes, Myriam Taubkin, Nannie Antonini, Natalia Barros, Nelson Ayres,

    Newton Cunha, Neylar Lins, Nicolas Steck, Niéde Guidon, Nizan Guanaes, Nu-

    no de Santis, Oboré, Olivia Machado, Oscar Quiroga, Oswaldo Jr., Pablo Capilé,

    Patricia Ceschi, Patrícia Sansone, Paulo Brandão, Paulo Casale, Paulo Freire,

    Patricia Portaro, Paul Makeham, Paula Marques, Paulo Freire, Pedro Braz, Pe-

    dro Osmar, Pedro Mendes da Rocha, Pena Schmidt, Renata Melo, Renato Cal-

    das, Renato Natal, Renato Sakata, Renê de Paula, Ricardo Carvalheira, Ricardo

    Chamon, Ricardo Guimarães, Ricardo Ribenboim, Rina Colombo, Rifa Souza,

    Roberto Corrêa, Roberto Maia, Roberto Tranjan, Rodrigo Natal, Ronaldo Le-

    mos, Rose Vermelho, Rossana Decelso, Rubens Chiri, Rubens Matuck, Ruy Ce-

    zar, Ruza Subotic, Sato, Sebrae, Selma Morente, Sergio Machado, Simone Vardi,

    Solon Siminovitch, Sonia Sobral, Sonia Kavantan , Sonoe Juliana Ono Fonseca,

    Stephen Rimmer Steano Florissi, Taciana Barros, Tânia Rodrigues, Tânia Gan-

    don, Tárik de Souza, Teca Alencar de Brito, Telma Ribas Paschoal, Tiago Steck,

    Toinho Alves, Tuna Serzedello, Tunica, Ulisses Galetto, Umberto Natal, Unesco,

    Vitor Marchetti, Vivian Buckup, Walter Feltran, Washington Olivetto, Welling-

    ton Nogueira, William Galdino, Wilson Souto Jr., Yaco Sarkovas, Yael Steiner,

    Yara Santos, Zeca Baleiro, Zé Armando Macedo, Zéli.

    Nesta edição, agradecemos especialmente ao nosso querido Manuel Carlos

    Junior (Maneco), in memoriam, e aos demais consultores, articulistas e entre-

     vistados, sem os quais seria impossível fazer o Guia acontecer: Adilson Mendes,

    Adriana Carranca, Ana Helena Curti, Ana Teasca, Aninha de Fátima, Aninha

    Franco, Artur Olivieri Magalhães, Bazinho Ferraz, Bia Aydar, Breno Lerner,

    Carlos Magalhães, Carmine Orival Francisco, Carolina Garcia, Célia Cruz,

    Chester Prestes, Christine Liu, Claudiney Ferreira, Cristina Brito, Danilo Sal-

    gado Natal, Danilo Santos de Miranda, Dedé Ribeiro, Dody Sirena, Eduardo

    Saron, Eveline Orth, Fernanda Signorini, Fernando Rosa, Fernando Yazbek,

    Flávio Paiva, Gabriel Salgado Natal, Gerald Perret, Hugo Possolo, Ivan Gian-

    nini, Joana Penido Magalhães, Juarez Fonseca, Juliana Saenger, Lenora Negrão,

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    Márcia Salgado, Luciana Arruda, Luciana Rangel, Lucimara Letelier, Manoel

    Poladian, Marcelo Dantas, Marcelo Monzani, Márcia Salgado, Marta Colabone,

    Martha Macruz, Mauricio Magalhães, Maurício Pereira, Milú Villela, Myriam

    Dauelsberg, Nelson Drucker, Olga Futtema, Paulo André, Pedro Mendes da Ro-

    cha, Pedro Osmar, Peri, Rameen Javid, Regina Bertola, Renato Corch, Ricardo

    Chamon, Roberto Corrêa, Roberto Tranjan, Rose Vermelho, Rossana Decelso,

    Rubens Matuck, Sergio Castellani, Sergio Dantino, Sergio Melardi, Solange

    Farkas, Taciana Barros, William Galdino e Zeca Baleiro.

      Cristiane Olivieri e Edson Natale

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    Capítulo 1 • Planejamento

    Consultores e entrevistados

    • Dedé Ribeiro

    • Felipe Lindoso

    • Roberto Tranjan

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    Introdução

    Planejar é a arte de organizar o pensamento antes de começar a fazer. Parece

    pouco se dissermos assim, secamente, mas se você pensar um pouco a respeito

     verá que essa suposta simplicidade é bem complexa, ainda mais pelo fato de

    que no “mundo cultural” geralmente o ímpeto é de apaixonar-se por uma ideia

    ou um projeto e seguir imediatamente da ideia para a ação. No planejamento

    devemos pensar antes no todo e depois nas partes. Por isso, tenha em mente

    sempre as quatro dimensões possíveis de riquezas que um projeto pode realizar

    e, em seguida, faça uma análise de sua viabilidade; saiba quais os riscos e siga

    em frente (mas saiba dizer não a si mesmo e aos outros, se for o caso).

    • Dimensão econômica. Aqui você define o que é o seu projeto. Essa dimensão

    trata do plano material, composto de recursos físicos, financeiros e tecnológi-

    cos: equipamentos, veículos, computadores, dinheiro. Mas cuidado: você pode

    pensar que o planejamento termina quando você consegue organizar os recur-

    sos de que necessita para atingir o resultado final. Pense nas outras dimensões.

    • Dimensão filosófica. Define as razões e as motivações do projeto. É quando

    buscamos uma resposta para o “por quê?”. Por quais razões o projeto foi cria-

    do? Quais suas verdadeiras causas na missão original? Muitas vezes é preciso

    consultar a gênese do projeto para recuperar o significado perdido e esquecido,

    principalmente depois de extensa ocupação com a dimensão econômica.

    • Dimensão potencial. Diz respeito a quem vai fazer tudo acontecer. Como di-

    zia o poeta João Cabral de Melo Neto, “um galo sozinho não tece uma ma-

    nhã”. Então precisamos lembrar que um projeto é um esporte de equipe. E essa

    dimensão considera os colaboradores, o grupo ou a equipe que participa do

    processo de planejamento, produção, comunicação e administração do projeto.

    O “quem” representado pela “dimensão potencial” é uma poderosa fonte de

    riquezas, porque abriga o conjunto de competências (conhecimentos, habili-

    dades, atitudes, inteligências, talentos e dons) que fará o projeto atingir e até

    superar os resultados desejados.

    • Dimensão causal. Por fim, define o “para quem”. Todo projeto deve ser des-

    tinado a alguém ou algo. “Para quem” é o projeto? “Para quem” é a pergunta

    mais importante de qualquer trabalho, projeto, negócio ou empresa. Somente

    reconhecendo o “para quem” seremos capazes de encontrar soluções criativas

    para os impasses do projeto, sempre respeitando a sua gênese.

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    É claro que, por se tratar de produção cultural, não podemos jamais deixar

    de levar em consideração que estamos lidando com linguagens subjetivas,

    abstratas, e com a emoção. Neste capítulo, nosso objetivo é abordar o fato

    de que, a partir do momento em que sua ideia se transforma em um projeto,

    é importante que ganhe vida e cresça forte, gerando frutos para todos os

    participantes: artistas, produtores, parceiros, patrocinadores, apoiadores e

    comunidades direta ou indiretamente envolvidas.

    A equipe

    Um conjunto de pessoas que trabalham juntas nem sempre é uma equipe que

    atua de forma colaborativa: planejar em equipe implica compartilhar informa-

    ções. Muitas vezes estamos tão envolvidos emocionalmente com o projeto que

    temos a absoluta certeza de que tudo o que pensamos, deduzimos, percebemos

    e sentimos é pensado, deduzido, percebido e sentido por todos os membros da

    equipe. Comece por aquilo que parece óbvio:

    • Quem vai participar do planejamento?

    • Quem vai liderar o processo?

    • Qual o papel de cada um na fase do planejamento e na fase da implementação?

    Por exemplo, defina quem será o responsável por: agendamento e solicitação

    das passagens e hotel, transporte local, receptivo, segurança, controle/confe-

    rência/fechamento de bilheteria, venda dos produtos culturais e/ou promocio-

    nais. Determine também quem será o diretor de palco, o coordenador geral, o

    administrador de recursos e o responsável por pagamentos.

    É bom lembrar que o planejamento é um processo decisório e toda decisão

    está revestida de componentes emocionais; é ingênuo acreditar que as decisões

    são apenas lógicas e racionais. Os sentimentos estão sempre presentes e, por

    mais que pareça óbvio, esse aspecto é pouco considerado.

    Por fim, vale ressaltar a importância do papel do líder, que deve garantir a

    participação de todos, praticar o consenso, compartilhar objetivos, definir o

    padrão de excelência dos trabalhos e não se furtar a tomar decisões.

    Planejar, fazer e verificar – esse pode ser um bom lema para a equipe.

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    Os indicadores de desempenho

    O planejamento deve sempre permitir uma avaliação; afinal, como saber se fo-

    mos bem ou malsucedidos? Sem avaliação não existe a possibilidade de apre-

    sentar resultados, tanto para a equipe quanto para os patrocinadores, os apoia-

    dores e a comunidade.

    A avaliação fornecerá subsídios importantes para a realização do plane-

     jamento estratégico de seus próximos projetos e realimentará o processo de

    reflexão, além de aprimorar o gestor e sua equipe, que ficarão cada vez mais

    especializados e preparados.

    A seguir, você encontrará exemplos de itens que podem integrar um planejamento.

    _Logística da ação_ Questões relacionadas ao transporte das equipes, dos ar-

    tistas, dos equipamentos (som, luz e outros), das obras, da cenografia.

    • Os automóveis/vans para o transporte são compatíveis com o tamanho das

    equipes/bandas/grupos e foram planejados segundo os horários dos voos?

    • O espaço físico do teatro é suficiente para o tamanho do cenário?

    • O piano ou a cenografia chegam facilmente até o palco? As portas de acesso

    possibilitam a passagem?

    • A capacidade elétrica do teatro é compatível com a necessidade dos equi-

    pamentos de som e luz? Dê especial atenção aos eventos feitos ao ar livre,

    pois quase sempre necessitam de gerador. Consulte a companhia de energia

    elétrica.

    • Se houver necessidade de um caminhão gerador, haverá espaço físico para ele?

    _Logística da distribuição_ O resultado do seu projeto é um produto como

    um livro ou filme, por exemplo? Você deve então analisar as questões relativas

    à distribuição comercial e a impostos, taxas, emissão de nota fiscal, etc.

    • O produto estará nos pontos de venda (físicos ou virtuais) no momento previsto?

    • A comunicação está pari passu com a produção?

    • Você realizará a venda diretamente ao consumidor final pelo seu site, por exem-

    plo? Está preparado para atender, cobrar e entregar dentro dos prazos previstos?

    • Tem certeza de que o contrato social de sua empresa lhe permite comercializar

    os produtos?

    • Tem nota fiscal para venda ou apenas para prestação de serviço?

    _Análise geográfica_

    • As distâncias que terão de ser percorridas, para a viabilização da turnê, são

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    compatíveis com as agendas das apresentações?

    • Foi levado em consideração o estado das estradas? (Muitas delas podem estar

    praticamente intransitáveis.)

    • Será necessária a contratação de um produtor local? Se o produtor da turnê

    não conhece a cidade, será mais seguro e econômico ter alguém que receba a

    equipe e faça a contratação de serviços locais.

    • Informou-se a respeito das condições climáticas e do calendário local? (Festas

    regionais, municipais, feriados locais etc.)

    _Estratégia operacional_

    • Quem faz o quê?

    • Quem responde a quem?

    • Qual é o fluxo das informações?

    • Quando e como serão as montagens?

    • Quando e como serão as desmontagens?

    _Definição do perfil da equipe/fornecedores_ A produção cultural é mar-

    cada pela contratação de profissionais temporários no período de maior de-

    manda do projeto e pela administração pelos sócios ou criadores durante boa

    parte do tempo. Dessa forma, é essencial que sejam definidos o perfil da equipe

    temporária que será integrada à produção e as necessidades para a contratação.

    Procure acertar cachês para a maior parte da equipe, deixando o mínimo de

    pessoas dependendo do resultado da bilheteria.

    É fundamental uma análise jurídica para que tudo seja feito dentro das nor-

    mas estabelecidas, evitando-se problemas com a Justiça do Trabalho, por exem-

    plo. Organize-se para posterior apresentação das notas fiscais dos fornecedores

    e prestadores de serviço (principalmente em caso de projetos incentivados).

    _Estratégia de comunicação_ É preciso realizar, com a equipe de comunica-

    ção, a avaliação do perfil do projeto e um levantamento de todos os veículos e

    possibilidades viáveis para sua divulgação. Não se esqueça de que a comunica-

    ção interna, entre os componentes das equipes, é fundamental.

    _Análise jurídica_ Os projetos podem envolver questões relativas a direito au-

    toral, artístico, pagamento de royalties, elaboração de contratos, presença de

    menores, questões de segurança: certifique-se de que sua estrutura jurídica está

    capacitada para atender à demanda.

    _Impostos e taxas_ Informe-se com antecedência a respeito do pagamento de

    taxas e impostos, para que isso também faça parte de sua previsão de custos.

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    _Cronograma_ Estabeleça prazo para a realização de cada uma das ações pro-

    postas e fixe datas-limite para compromissos ou possíveis cancelamentos.

    _Composição de recursos_ Faça um levantamento de empresas que podem

    ser parceiras em seu projeto, como fornecedoras, patrocinadoras ou apoiadoras.

    Verifique a viabilidade de utilizar mecanismos municipais, estaduais ou fe-

    derais de incentivo à cultura e prepare-se com antecedência para que isso seja

    possível. O mesmo vale na construção de parcerias com o primeiro, o segundo

    ou o terceiro setor.

    _Gerenciamento de receitas_  Prepare-se para o gerenciamento de receitas

    que poderão ser obtidas com venda, locação, licenciamento e distribuição do

    produto cultural.

    _Estratégias para o extraordinário (planos de contingência)_ Costuma-se

    dizer que produzir para a cultura é administrar o inesperado, pois são mui-

    tas as variáveis a considerar. Portanto, é fundamental que sejam estabelecidas

    ações básicas na hipótese de o inesperado apresentar-se.

    Driblando Murphy

    Você já ouviu falar da Lei de Murphy? Ela diz , resumidamente, que, se alguma

    coisa tiver de dar errado, dará errado. Respeitar essa máxima e empreender

    todos os esforços para ir driblando Murphy com competência, organização

    e criatividade é um desafio importante, pois chegará o momento em que as

    ações efetivamente começam e então poderemos aliviar a ansiedade e gritar

    “mãos à obra”.

    A origem da Lei de Murphy é controversa, mas, segundo uma das versões,

    um engenheiro testava veículos com foguetes propulsores em , nos Estados

    Unidos, e avaliava a tolerância humana à aceleração (USAF project MX).

    Um dos experimentos envolvia um conjunto com medidores de acelera-

    ção, colocados em diferentes partes do corpo humano, e existiam duas únicas

    maneiras de colocar os sensores; um técnico instalou todos eles da maneira

    errada. Indignado com o erro, o capitão engenheiro Edward A. Murphy disse,

    em uma coletiva de imprensa: “Se houver uma única maneira de algo dar erra-

    do, dará errado”.

  • 8/19/2019 Guia Brasileiro de Produção Cultural 2013-2014

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