Guerra Nas Estrelas_ a Ultima Ordem - Vol.3 - Timothy Zhan

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Terceira parte da trilogia Trawn, de Timthy Zhan.

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  • NAS PROFUNDEZAS DO ESPAO, UMA AVENTURAEMPOLGANTE

    A ameaada Repblica oscila ante os ataques dogrande

    Almirante Thrawn. Han e Chewbacca lutam pelouniverso,

    enquanto Leia, enfrentando traies, procura manter aAliana

    unida e prepara-se para o nascimento de seus filhosgmeos.

    Suplantada pelas frotas do Imprio, a galxia aindaabriga

    uma esperana: o envio de uma pequena fora decombate,

    com Luke Skywalker, para o centro da fortaleza queabriga

    as terrveis mquinas produtoras de clones. L, oensandecido

    Mestre Jedi Cbaoth aguarda Luke para o combate final!Concluso da trilogia pica iniciada com os best sellersOs Herdeiros do Imprio e O Despertar da Fora Negra.

  • TIMOTHY ZAHN

    A ltima Ordem

    GUERRA NAS ESTRELAS Parte III

    Ttulo original: The Last Command - Star WarsCopyright Lucasfilm Ltd., 1993

    Licena editorial para o Crculo do Livro.Todos os direitos reservados.

    CIRCULO DO LIVRO

    Direitos exclusivos da edio em lngua portuguesa no Brasiladquiridos por Crculo do Livro Lida.,

    que se reserva a propriedade desta traduo.

    EDITORA BEST SELLERuma diviso do Crculo do Livro Ltda.

    Al. Ministro Rocha Azevedo, 346 - CEP 01410-901 - Caixa Postal 9442So Paulo, SP

    Fotocomposio: Crculo do Livro Impresso e acabamento: Grfica Crculo

  • 1Deslizando atravs da escurido do espao profundo, o destrier estelarQuimera apontou sua forma triangular para o sistema-alvo, a trs milanos-luz de distncia. E preparou-se para combate.

    Todos os sistemas de combate esto prontos, Grande Almirante informou o oficial de comunicaes de seu console. A fora-tarefacomea a acusar prontido.

    Certo, tenente. Me avise quando todos estiverem a postos disse oGrande Almirante Thrawn. Capito Pellaeon?

    Senhor?Pellaeon procurava sinais de cansao no rosto do superior. A exausto

    que ele mesmo sentia. Afinal, no se tratava apenas de mais um golpe tticocontra a Rebelio... no era um ataque a comboio, nem de uma expediopara atingir alguma insignificante base planetria e depois fugir. Aps quaseum ms de preparaes frenticas, a campanha de Thrawn para a vitria finaldo Imprio estava para ser lanada.

    Mas se o Grande Almirante sentia alguma tenso, no dava nenhumindcio disso.

    Comecem a contagem ordenou, como quem pedisse o jantar.Pellaeon voltou-se para o monitor hologrfico traseiro, onde um grupo

    de figuras tridimensionais com um quarto do tamanho natural permaneciaem posio de sentido.

    Sim, senhor. Cavalheiros, em posio de lanamento. Belicoso: trsminutos.

    Afirmativo, Quimera. Boa caada desejou o capito Aban, semconseguir que sua aparncia ocultasse a nsia de combater a Rebelio.

    A imagem estremeceu e desapareceu quando o Belicoso ergueu seusescudos defletores, cortando a comunicao de longo alcance. Pellaeonvoltou-se para a imagem seguinte.

    Incansvel: quatro ponto cinco minutos. Recebido acusou o capito Dorja, batendo o punho direito cerrado

    na palma esquerda, num antigo gesto mirshaf de vitria.Em seguida, sua imagem tambm desapareceu. Pellaeon consultou o

  • relgio de pulso. Justiceiro: seis minutos. Estamos prontos, Quimera relatou o capito Brandei, com voz

    suave e controlada.Apesar da dissimulao, Pellaeon percebeu algo. Mesmo com a falta de

    detalhes na imagem reduzida, a expresso no rosto do oficial do Justiceiroera transparente. Ele queria vingana.

    Capito Brandei, estamos em guerra afirmou Thrawn, que seaproximara por trs de Pellaeon. a pior oportunidade possvel pararetaliaes pessoais.

    Sei qual meu dever, senhor respondeu Brandei, em posio desentido.

    Ser mesmo, capito? indagou o Grande Almirante, fitando-o. Sim, senhor. O brilho irado desapareceu dos olhos de Brandei.

    Meu dever para com o Imprio, para com o senhor e para com a nave e opessoal sob meu comando.

    Muito bem aprovou Thrawn. Em outras palavras, seu dever para com os vivos, no os mortos.

    Sim, senhor. Nunca se esquea disso avisou o Grande Almirante. A sorte da guerra pode melhorar e piorar, entretanto fique certo de

    que a Rebelio ser punida pela destruio do Implacvel no combate pelaFrota Katana. Porm, o pagamento ir ocorrer no contexto de nossaestratgia geral, no como um ato de vingana particular. Os olhosvermelhos estreitaram-se. Alm do que no permito uma atitude dessasem nenhum capito do Imprio sob meu comando. Espero que tenha sidoclaro.

    Pellaeon nunca tivera Brandei na conta de muito brilhante, mas eraesperto o suficiente para reconhecer uma ameaa direta como aquela.

    Clarssimo, Grande Almirante. timo falou Thrawn, olhando para ele. J recebeu seu horrio

    de lanamento? Sim, senhor. Justiceiro desligando. Continue, capito pediu o Grande Almirante, olhando para

    Pellaeon, que consultou a prancheta de leitura. Nmesis...Terminou a lista sem mais nenhum incidente e quando o ltimo

    holograma desapareceu, a verificao final da frota completou-se. A operao est correndo dentro do horrio planejado comentou Thrawn quando Pellaeon retornou a seu posto, em frente ao

  • console de comando. O Tempestade informa que os cargueiros-guiaforam lanados no horrio, com todos os sistemas cem por cento. Eacabamos de interceptar um pedido de socorro de Ando.

    Eram o Belicoso e sua fora-tarefa, bem no horrio. Alguma resposta, senhor? A base rebelde de Ord Pardron acusou recebimento informou o

    Grande Almirante. Ser interessante observar que tipo de reforos vomandar.

    Pellaeon concordou. A Rebelio j conhecia o suficiente as tticas deThrawn para acreditar que o ataque em Ando seria um engodo e talvezrespondessem de acordo. Por outro lado, uma fora de ataque, de umdestrier estelar e oito cruzadores Dreadnaught da Frota Katana, no poderiaser menosprezada.

    Mandariam algumas naves para Ando para combater o Belicoso e maisalguns para Filve a fim de conter o Justiceiro, e outros para Crondre, contrao Nmesis, e assim por diante. Quando a Mo da Morte atingisse OrdPardron, a prpria base teria suas defesas reduzidas e pediria de volta todosos reforos que a Rebelio pudesse reunir.

    E era para l que os reforos iriam. Deixando o verdadeiro alvo para oImprio.

    Pellaeon olhou pelo visor para a estrela do sistema de Ukio a frente,emocionado ao contemplar o enorme conceito de todo o plano. Com osescudos planetrios, capazes de suportar qualquer quantidade de bombardeioturbolaser e de torpedos de prtons, a estratgia moderna convencionalsustentava que a nica maneira de subjugar um mundo com escudoplanetrio era desembarcar foras terrestres de alta mobilidade, e mand-lasdestruir o gerador de energia do escudo. Entre os disparos das tropasterrestres e o subseqente ataque orbital, o planeta atacado sempre estava empssimo estado quando era tomado. A outra alternativa, que seriadesembarcar centenas de milhares de soldados numa campanha blica degrandes propores, podia arrastar-se por meses, ou at mesmo vrios anos.Era considerado impossvel capturar um planeta ileso, com todos osgeradores de escudos defletores funcionando.

    Aquele dogma militar seria quebrado. Assim como Ukio. Interceptamos sinais de socorro vindos de Filve, Almirante. Ord

    Pardron responde anunciou o oficial de comunicaes. timo. Mais sete minutos e podemos ir andando disse Thrawn,

    apertando os lbios. Acho que seria bom saber se nosso exaltado MestreJedi est disposto a fazer a parte dele.

    Pellaeon ficou ressabiado. O superior referia-se a Joruus Cbaoth, o

  • clone maluco do falecido mestre Jedi Jorus Cbaoth. No ms anteriordeclarara a si mesmo o verdadeiro herdeiro do Imprio. O capito nogostava de falar com ele mais do que Thrawn; contudo, se no seapresentasse para faz-lo, receberia uma ordem.

    Pode deixar que eu vou, senhor ofereceu-se, levantando emseguida.

    Obrigado, capito.Como se pudesse ter recusado...Sentiu a influncia mental assim que saiu da zona de proteo dos

    ysalamiri espalhados ao redor da ponte de comando, em suas moldurasnutrientes. Mestre Cbaoth parecia impaciente para que a operao seiniciasse. Pellaeon preparou-se da melhor forma possvel e, lutando contra apresso imposta por Cbaoth para que se apressasse, prosseguiu em direo sala de comando de Thrawn.

    O aposento estava iluminado, contrastando com luz suave e difusa que oGrande Almirante apreciava.

    Capito Pellaeon, estava esperando por voc recebeu-o Cbaoth,no meio do anel de monitores.

    O resto da operao tomou todo o meu tempo respondeu o capitocom certa rigidez, tentando ocultar seu desagrado pelo outro. Sabia, porm,como eram fteis essas tentativas.

    Mas claro assentiu o Mestre Jedi, sorrindo, divertido com odesconforto de Pellaeon. De qualquer forma, no importa. Presumo que,afinal, o Grande Almirante Thrawn esteja pronto.

    Quase. Queremos esvaziar Ord Pardron o mximo possvel antes deavanarmos.

    Voc continua a presumir que a Nova Repblica vai danar ao tom damsica do Grande Almirante?

    Eles vo cair opinou Pellaeon. O Grande Almirante estudoumuito o inimigo.

    Estudou a arte do inimigo repetiu Cbaoth, com um careta dedesdm. Isto pode ser til quando a Nova Repblica s tiver artistas paralanar contra ns.

    Um alarme no console livrou Pellaeon de responder. Estamos nos movendo lembrou ele a Cbaoth, iniciando a

    contagem mental dos setenta e seis segundos que levariam para chegar aUkio.

    Tentava afastar as palavras de Cbaoth de sua cabea. O prprio Pellaeonno entendia como Thrawn era capaz de descobrir os segredos de umaespcie atravs de sua arte. Mas tivera provas suficientes para confiar no

  • instinto do Grande Almirante para esses julgamentos.Por outro lado, o Mestre Jedi no estava interessado num debate honesto

    sobre o assunto. Durante o ltimo ms, depois de ter se declarado herdeirolegtimo do Imprio, vinha fazendo uma certa guerra de nervos contra acredibilidade de Thrawn, insinuando que a verdadeira viso vinha da Fora.E portanto, atravs dele, e no do Grande Almirante.

    Pellaeon no concordava com o argumento. O Imperador mergulhara decabea nessa histria de Fora e nem ao menos fora capaz de predizer aprpria morte em Endor. O fato, porm, era que as sementes de discrdiaque Cbaoth tentava semear comeavam a brotar entre os oficiais mais novosde Thrawn.

    Para o capito, esse era outro motivo pelo qual o ataque teria de ser bemsucedido. O sucesso dependia tanto da interpretao de Thrawn sobre acultura de Ukio, como de sua ttica militar. Baseava-se na convico de queos habitantes de Ukio tinham pavor do impossvel.

    Ele no pode estar certo sempre comentou Cbaoth. Pellaeonsentiu um arrepio na espinha por ter os pensamentos invadidos.

    Voc no tem nenhum respeito pela privacidade alheia, tem? Sou o Imprio, capito Pellaeon afirmou o Mestre Jedi, os olhos

    brilhando com fanatismo. Seus pensamentos fazem parte de seu servio amim.

    Meus servios so prestados ao Grande Almirante. Voc pode acreditar no que quiser. Cbaoth sorriu. Quando a

    batalha aqui tiver terminada, quero mandar uma mensagem para Wayland. Anunciando seu retorno, sem dvida.O Jedi insistia h quase um ms que pretendia retornar ao seu planeta,

    Wayland, onde assumiria o comando das instalaes de clonao doImperador, no interior do monte Tantiss. At ento, tentava alterar a posiode Thrawn, que s conversava sobre o assunto, sem decidir nada.

    No se preocupe, capito Pellaeon. Quando a hora chegar, pretendovoltar a Wayland. Por isto quero que entre em contato com eles depois dabatalha e ordene que criem um clone para mim. Um clone muito especial.

    O Grande Almirante vai ter de autorizar isso, pensou Pellaeon. Que tipo de clone voc quer? Foram as palavras que saram de sua

    boca, inexplicavelmente.O capito piscou, confuso. Cbaoth sorriu, divertido. Desejo um servo. Algum que estar esperando por mim cada vez que

    eu retornar. Feito com um dos trofus mais valiosos do Imperador. AmostraB, vinte e trs, trinta e dois, cinqenta e quatro, se no me engano. Voc ir,claro, exigir segredo absoluto ao comandante da guarnio.

  • No farei nada disso, pensou Pellaeon. Mas no foi o que disse: Certo.Escutar o som da prpria voz concordando deixou-o chocado. Pellaeon

    prometeu a si mesmo que logo depois do trmino da batalha iria contar todaa conversa a Thrawn.

    Tambm ir manter esse pedido como um segredo entre ns dois disse Cbaoth. Depois de cumprir meu desejo, voc esquecer de tudo.

    Com certeza concordou o capito s para contentar o outro.Contaria tudo a Thrawn. O Grande Almirante saberia o que fazer.A contagem atingiu o zero e o planeta Ukio apareceu no monitor

    principal. Devemos acompanhar no monitor ttico, Mestre Cbaoth. Como quiser respondeu o Jedi, acenando.Pellaeon inclinou-se para tocar o boto apropriado no console e o

    monitor hologrfico ttico apareceu no centro da sala. O Quimeraaproximava-se em sua rbita alta sobre o equador ensolarado; os dezcruzadores Dreadnaught que compunham a fora-tarefa dividiam-se emposies exteriores e interiores de defesa. O Tempestade aproximava-se pelolado escuro do planeta, fechando o cerco. Outras naves, comerciais ecargueiros, eram vistas penetrando nos orifcios que se abriam, por instantes,criados pelo Controle de Terra no escudo de energia de Ukio: uma bolha queparecia uma neblina azulada em volta do planeta. Dois pontos piscaram, emvermelho: os cargueiros-guia lanados pelo Tempestade, com aparncia toinocente quanto o resto dos veculos no militares, procurando abrigo noespaoporto do planeta. Junto com eles, arrastavam quatro companheirosinvisveis.

    Invisveis para quem no tem olhos para enxerg-los. comentouCbaoth, intrometendo-se de novo nos pensamentos de Pellaeon.

    Ento agora pode ver as prprias naves, ? Como aumentou seupoder...

    O capito tivera a inteno de irritar Cbaoth um pouco. Porm, oesforo foi intil.

    Consigo enxergar os homens dentro desse seu precioso escudo decamuflagem afirmou o Mestre Jedi. Posso ler os pensamentos deles edirigir-lhes a vontade. O que importa o metal em si?

    Acho que devem existir muitas coisas que no importam a voc declarou Pellaeon. E de soslaio, viu Cbaoth comentar com um sorriso:

    O que no importa a um Mestre Jedi no importa ao Universo.

  • As naves de carga aproximavam-se do escudo. Eles vo largar os cabos de reboque logo que estiverem no interior da

    proteo do escudo informou Pellaeon. Est pronto? Aguardo as ordens do Grande Almirante Cbaoth estreitou os

    olhos e comentou cheio de ironia.Por mais um instante Pellaeon ficou observando o Mestre Jedi e um

    arrepio percorreu-lhe o corpo. Lembrava-se da primeira vez que o outrotentara esse tipo de controle longa distncia. Recordou-se da dor queapareceu no rosto de Cbaoth; o olhar agoniado com a concentrao e osofrimento demonstrado para manter o contato mental.

    Cerca de dois meses antes, Thrawn dissera que Cbaoth jamais seria umaameaa ao Imprio, pois lhe faltava a habilidade de aprender a concentrarseu poder por muito tempo. De alguma forma, em poucos meses, Cbaothdesenvolvera o controle necessrio.

    O que o colocava na posio de ameaa ao Imprio. Uma ameaa real eperigosa.

    O intercomunicador sinalizou. Capito Pellaeon?Controlando da melhor forma possvel os temores, o capito estendeu a

    mo para o console e abriu o canal de comunicao. Por um instante, pelomenos, a frota precisava das habilidades de Cbaoth. Felizmente, Cbaothtambm necessitava deles.

    Estamos prontos, Grande Almirante. Fiquem de prontido! Os cabos de reboque foram soltos agora. Esto livres confirmou Cbaoth. Esto se movendo para os

    pontos determinados. Confirme que esto abaixo do escudo planetrio pediu Thrawn.Pela primeira vez um lampejo do cansao anterior passou pelo rosto do

    Mestre Jedi. Com o escudo impedindo que o Quimera detectasse oscruzadores e ao mesmo tempo bloqueando os prprios sensores das navescamufladas, a nica maneira de saber onde estavam, era que Cbaothlocalizasse as mentes que tocava de forma precisa.

    As quatro naves localizam-se abaixo do escudo informou ele. Tem certeza absoluta? Se estiver errado... No estou errado, Grande Almirante interrompeu Cbaoth. Vou

    fazer minha parte nessa batalha. Preocupe-se com a sua.Por um instante o intercomunicador permaneceu em silncio. Pellaeon

    pde imaginar a expresso de Thrawn. Muito bem, Mestre Jedi. Prepare-se para fazer a sua parte. Escutaram

    o rudo de abertura do canal de comunicao.

  • Aqui fala destrier imperial Quimera, chamando o comando de Ukio contatou o Grande Almirante Thrawn. Em nome do Imprio, declaroque o sistema de Ukio est de novo sob a nossa jurisdio e sob a proteode foras imperiais. Baixem o escudo, desativem todas as unidades militarese preparem-se para uma troca organizada de comando. No houveresposta. Sei que esto recebendo esta mensagem continuou Thrawn. Se no responderem, serei obrigado a presumir que pretendem resistir.Nesse caso, no me restar outra alternativa, a no ser iniciar as hostilidades.

    Outra vez, apenas o silncio. Esto transmitindo. Parece um pedido de socorro, mais urgente do

    que o primeiro informou o oficial de comunicaes. Tenho certeza de que o terceiro vai ser ainda mais urgente

    comentou Thrawn. Prepare-se para disparar a primeira seqncia. MestreCbaoth?

    Os cruzadores esto prontos. E eu tambm anunciou o Jedi. Espero que sim. A menos que o sincronismo seja perfeito, todo esse

    espetculo ser intil. Bateria trs de turbolaser: disparem a seqncia um minha contagem. Trs... dois... um... fogo.

    No holograma ttico, um raio duplo esverdeado saiu das baterias doQuimera na direo do planeta abaixo. Os disparos tocaram a nvoa azuladae compacta do escudo planetrio, espalhando-se quando a energia foidissipada e refletida de volta ao espao...

    Quase ao mesmo tempo, os dois cruzadores camuflados que pairavamabaixo do escudo, ativaram seus turbolaser atravs da atmosfera, apontadospara duas das maiores bases de defesa terrestre.

    Isto foi o que Pellaeon viu. Os habitantes de Ukio, sem saber doscruzadores camuflados, assistiram passagem de dois disparos pelo seu atento impenetrvel escudo planetrio.

    Terceira transmisso interrompida, senhor anunciou o oficial decomunicaes, sorrindo. Acredito que tiveram uma surpresa.

    Pois vamos convenc-los de que estamos falando srio disse Thrawn. Preparem a seqncia nmero dois. Mestre

    Cbaoth? Os cruzadores esto prontos. Bateria dois: prepare-se para disparar minha contagem. Trs...

    dois... um... fogo!Novamente o raio esverdeado representando o turbolaser surgiu na

    imagem hologrfica e os cruzadores fizeram sua parte, completando a iluso. Muito bem disse Thrawn. Mestre Cbaoth, mova os cruzadores

    para as posies trs e quatro.

  • A sua ordem, Grande Almirante Thrawn.Inconscientemente, Pellaeon preparou-se. A seqncia quatro possua

    como alvo dois dos trinta geradores do escudo planetrio. Deflagrar talataque significaria que Thrawn desistia do objetivo inicial de tomar Ukiocom as defesas intactas.

    Destrier Imperial Quimera, aqui Tol DosLla, do Centro deComando de Ukio anunciou uma voz do comunicador.

    Pedimos que cesse o bombardeio enquanto discutimos os termos darendio.

    Meus termos so muito simples. Voc vai comear desligando seuescudo e permitindo que minhas foras terrestres desembarquem. Elasrecebero o controle do escudo e de todos os centros de armamentos dedefesa espacial. Todos os veculos blicos de porte mdio sero recolhidospara as bases designadas, passando ao controle do Imprio. Apesar depermanecerem disponveis para ns, seu sistema poltico e social continuarcomo sempre, sob o controle de seus lderes. Desde que o povo no seamotine, claro.

    E uma vez que essas mudanas sejam implementadas? Ento faro parte do Imprio, com todos os direitos e deveres que

    essa situao gera. No vo cobrar impostos de guerra? indagou desconfiado DosLla.

    Nem fazer convocao forada de nossos jovens?Pellaeon podia imaginar o sorriso de Thrawn. No, o Imprio no

    repetiria mais as convocaes foradas. No enquanto a coleo de cilindrosSpaarti de clonao funcionasse a contento.

    No. Como deve saber, quase todos os mundos do Imprio pagamimpostos de guerra, porm existem excees. E provvel que a parte devocs seja paga com a produo de alimentos e manufaturados.

    Uma longa pausa seguiu-se s declaraes de Thrawn. DosLla no erabobo e Pellaeon acreditava que sabia muito bem quais os planos do GrandeAlmirante para o planeta. Em primeiro lugar, iria apossar-se do controle dasdefesas espaciais e terrestres, depois passaria a dirigir o sistema dedistribuio de alimentos, as fbricas e os vastos complexos de agricultura epastagens. Em pouco tempo, todo o planeta se tornaria apenas um fornecedorpara a enorme mquina de guerra do Imprio.

    Vamos baixar os escudos planetrios, Quimera, como prova de boavontade disse DosLla, mantendo o tom de desafio, mas j derrotado. Quanto s instalaes de armamentos espaciais e terrestres serem entreguesao Imprio, precisamos de certas garantias em relao segurana do povode Ukio, e quanto ao nosso territrio.

  • Com certeza. Um representante est a caminho para discutir osdetalhes com seu governo. Enquanto isto, presumo que no faa objeo aque nossas tropas assumam posies defensivas?

    Thrawn no tripudiou sobre os vencidos, como muitos outros teriamfeito. Uma pequena cortesia, bem calculada, assim como o restante doataque. Permitia que os lderes de Ukio conservassem sua dignidade,diminuindo assim a resistncia, at que fosse tarde demais.

    Um suspiro se fez ouvir pelo comunicador. No fazemos objees, Quimera.No holograma ttico, o escudo azulado apagou-se. Mestre Cbaoth, coloque os cruzadores em posies polares

    ordenou Thrawn. No queremos que nenhuma das naves de transporteesbarre num deles. General Covell, pode comear a levar suas foras para asuperfcie. Assuma posies defensivas ao redor de todos os objetivos ereas de segurana.

    Certo, Grande Almirante respondeu o general, um tantoressabiado.

    Pellaeon sorriu, ao perceber o tom do outro. Os comandantes e generaiss agora haviam tomado conhecimento do projeto de clonao emandamento no monte Tantiss; Covell era um dos que ainda no se haviamacostumado com a idia.

    Talvez o fato de que trs das companhias de assalto que comandavaserem compostas de clones tivesse algo a ver com a demonstrao deceticismo.

    Nos hologramas tticos as primeiras naves-transporte saam do Quimerae do Tempestade, em direo aos alvos assinalados. Clones, a ponto decumprir as ordens imperiais, assim como tripulaes clonadas noscruzadores camuflados haviam desempenhado bem a sua funo.

    Um pensamento desagradvel ocorreu a Pellaeon. Ser que Cbaothtivera facilidade para realizar sua parte porque os milhares de homensclonados eram uma combinao de mais ou menos vinte mentes? Ou piorainda: ser que parte do controle preciso do Mestre Jedi devia-se a eleprprio ser um clone?

    De qualquer forma, o que poderia acontecer com o projeto do monteTantiss entregue nas mos de Cbaoth, com sua sede de poder? Devia levaressas perguntas ao Grande Almirante...

    Pellaeon olhou para Cbaoth, lembrando-se da transparncia de seuspensamentos. Contudo, o Mestre Jedi no estava tomando conhecimento desua presena. Olhava atento para a frente, os olhos atentos, a pele do rostoesticada. Um breve sorriso comeara a formar-se nos lbios.

  • Mestre Cbaoth? Esto l murmurou Cbaoth, a voz rouca e profunda. Esto l,

    sim.O capito franziu a testa, olhando para o holograma ttico. Quem est aonde? Em Filve. Meus Jedi esto em Filve! exclamou, voltando os olhos

    na direo de Pellaeon. Mestre Cbaoth, confirme que os cruzadores assumiram posio nos

    plos do planeta ordenou Thrawn, pelo comunicador. Depois confirmeos combates...

    Meus Jedi esto em Filve interrompeu Cbaoth. Que meimportam esses malditos combates?

    Cbaoth...Com um aceno de mo, Cbaoth desligou o controle do comunicador,

    distncia. Agora, Leia Organa Solo... voc ser minha murmurou, com

    expresso sonhadora.

    O Millenium Falcon manobrou para estibordo, enquanto o caa TIEpassou direto, com os canhes disparando e tentando seguir-lhe as manobras.Cerrando os dentes, Leia Organa Solo observou enquanto o inimigo explodianuma bola de fogo e destroos, abatido por um dos caa asa-X da escolta. Ocu girou no visor acima deles quando a nave retomou o rumo original.

    Cuidado! avisou Threepio, no assento atrs dela, enquanto outrocaa se aproximava pelo flanco.

    O aviso foi desnecessrio. Com lentido exasperante, o Falcon giroupara oferecer chance de tiro s metralhadoras ventrais. Mesmo atravs daporta cerrada da cabine de comando, Leia escutou o brado de guerra wookiee, em seguida, o TIE seguiu o destino de seu companheiro.

    Belo tiro, Chewie aplaudiu Solo, nivelando outra vez a nave. Wedge?

    Estou aqui, Falcon. Por enquanto est tudo livre, todavia parece quemais uma esquadrilha de TIE est a caminho.

    Certo respondeu Han; depois voltou-se para Leia. A viagem sua, meu bem. Ainda quer tentar aterrisar?

    O capito Solo no est sugerindo... comeou Threepio, incapaz deconter a preocupao.

    Cale a boca, lata velha dourada! Cortou Han. Leia?Ela olhou para o destrier do Imprio e para os oito cruzadores

    Dreadnaught que o acompanhavam, pairando ameaadores sobre o planeta.

  • Aquela teria sido sua ltima misso diplomtica antes do perodo dedescanso para o nascimento dos gmeos; uma viagem rpida para acalmar onervoso governo de Filve e demonstrar a determinao da Nova Repblicaem proteger os sistemas daquele setor.

    Que bela demonstrao... No h forma de passarmos por todos disse ela, com relutncia.

    Mesmo que pudssemos, duvido que iriam arriscar-se a abrir o escudo paranos deixar entrar. E melhor batermos em retirada.

    Para mim est timo garantiu Han. Wedge? Vamos sair. Fiqueconosco.

    Entendido, Falcon. Nos d alguns minutos para calcularmos o saltode volta.

    No se incomode, forneo os nmeros daqui. Entendido. Esquadrilha Rogue, formao de defesa. Sabe, estou comeando a ficar cansado disso tudo comentou Han,

    passando o comando ao computador. Pensei que tinha dito que seusamigos noghri iam deix-la em paz.

    Isto no tem nada a ver com os noghri. Estamos assistindo asbrincadeiras do Grande Almirante Thrawn, com seus novos Dreadnaught respondeu, sentindo um pouco de dor de cabea.

    Seria impresso ou as foras do Imprio' ao redor de Filve abandonavamo cerco? Olhando para o marido, percebeu que ainda considerava o fato de oImprio ter conseguido a Fora Negra como sua responsabilidade exclusiva.

    E verdade. Mas no achei que fosse coloc-los em funcionamento todepressa respondeu Han, girando o nariz do Falcon para o espao aberto.

    Leia engoliu em seco. Sentia uma estranha tenso, como uma presenamalvola e distante que pressionasse sua cabea.

    Talvez ele tenha suficientes cilindros Spaarti para clonar engenheirose tcnicos, alm de soldados.

    No deixa de ser um pensamento divertido respondeu Han. Wedge? Olhe para Filve e me diga se estou vendo coisas, sim?

    Quer dizer algo como toda a frota interrompendo o ataque e vindo nanossa direo? perguntou Wedge, demonstrando a mesma surpresa.

    Exato. Creio que isso mesmo que esto fazendo. Um timo momento para

    a gente ir embora, eu diria. Pode ser...Leia achou que algo corria mal e olhou para o marido. Han? Filve mandou um pedido de socorro antes de erguer o escudo, certo?

  • perguntou ele. Certo. E a base da Nova Repblica mais prxima Ord Pardron, certo? Certo concordou Leia, com cautela. Muito bem. Esquadrilha Rogue, vamos mudar o curso para estibordo.

    Fiquem comigo.Ele acionou o controle e o Falcon iniciou uma curva fechada para a

    direita. Cuidado, Falcon. Esse rumo vai nos levar direto esquadrilha de

    caas TIE avisou Wedge. No vamos to longe assim. Aqui est nosso vetor disse Han,

    corrigindo o curso da nave e examinando o monitor traseiro. O computadorde bordo emitiu um sinal sonoro, avisando que os clculos estavam prontos. L vo as coordenadas...

    Espere um pouco, Falcon pediu Wedge. Temos companhia aestibordo.

    Leia olhou na direo indicada, sentindo um aperto no estmago ao veros caas inimigos aproximando-se, perto o suficiente para escutar qualquertransmisso feita aos caas de escolta. Mandar as coordenadas para Wedgeseria um convite para que fossem recebidos por um comit de recepo emseu destino.

    Talvez possa ajudar, Alteza ofereceu Threepio. Como sabe,domino seis milhes de formas de comunicao. Poderia transmitir ascoordenadas para o comandante Antilles em boordist, ou na linguagemcomercial vaathkree, por exemplo...

    E quem iria fazer a traduo? lembrou Han, de mau humor. Mas claro... no tinha pensado nisso. exclamou o dride,

    embaraado. No se preocupe. Wedge, voc esteve em Xyquine dois anos atrs,

    no esteve? Estive... uma manobra Cracken? Isso mesmo. Em dois; um, dois.Ao lado de fora, Leia viu a formao de defesa que se reunia ao redor do

    Falcon. O que vamos conseguir com isto? indagou ela. Fugir esclareceu Han, consultando o monitor de retaguarda.

    Pegue as coordenadas, acrescente dois ao segundo algarismo de cada uma edepois envie o resultado aos caas.

    Alterar o segundo algarismo no iria mudar a aparncia geral dosnmeros, mas garantia que qualquer perseguidor errasse o alvo por mais de

  • dois anos-luz. Bem bolado comentou Leia, entendendo medida que fazia os

    clculos. E quanto a essa manobra complicada que acabaram de fazer?Foi s para despistar?

    Isso mesmo. Complica as coisas para quem esteja olhando. PashCracken inventou essa manobra sem sentido depois do fiasco em Xyquine explicou Han. Acho que temos dianteira suficiente para deix-los paratrs. Vamos tentar.

    No vamos saltar para a velocidade da luz? indagou ela. Tentoueliminar a recordaes desagradveis que vieram

    sua mente: recordou a fuga de Hoth, com toda a frota de Darth Vader noscalcanhares. Naquela oportunidade o hiperdrive estava avariado...

    No se preocupe, querida disse Han, adivinhando-lhe ospensamentos. Nosso hiperdrive est funcionando muito bem.

    Espero que sim. Enquanto estiverem nos perseguindo no iro incomodar-se com

    Filve explicou Han. E quanto mais os afastarmos, maior aprobabilidade de os reforos de Ord Pardron chegarem a tempo.

    Acredito que j demos a eles tempo suficiente disse Leia,assustando-se com a passagem de um raio esverdeado perto do visor. Em seuventre, percebeu a inquietude dos gmeos. Podemos, por favor, sairdaqui?

    Um segundo raio resvalou no escudo defletor, reforando o pedido. Tem toda a razo. Wedge? Est pronto? Quando quiser, Falcon. V na frente. Seguiremos assim que estiver a

    salvo. Certo concordou Han, acionando os manetes do hiperdrive, num

    movimento suave.Atravs do ao transparente acima deles, as estrelas se tornaram riscos

    luminosos. O Falcon escapara.Leia respirou fundo e soltou devagar o ar. Na barriga, percebia a

    ansiedade dos gmeos; por um instante, dedicou-se mentalmente aacalm-los. Era uma sensao estranha, tocar mentes que lidavam comsentimentos e sensaes em estado puro, ao invs de imagens e palavras. Eramuito diferente de Han ou de Luke e dos outros.

    Diferente, tambm, da inteligncia distante que estivera orquestrando oataque do Imprio.

    Atrs dela, a porta abriu-se para dar passagem ao corpanzil deChewbacca.

    Boa pontaria, Chewie saudou Han, enquanto o wookie desabava

  • na poltrona ao lado de Threepio. Teve mais algum problema com o braomecnico horizontal?

    Chewbacca rugiu uma negativa. Depois pousou os olhos escuros em Leiae formulou uma pergunta.

    Estou bem assegurou ela, contendo lgrimas inexplicveis. Deverdade.

    Percebeu que Han tambm a fitava, com a testa franzida. Voc no estava preocupada, estava? Era s uma fora-tarefa do

    Imprio. Nada srio comentou ele.Leia balanou a cabea. No foi isso, Han. Havia mais alguma coisa naquele lugar. Uma

    espcie de... Ela balanou a cabea outra vez. No sei explicar. Talvez seja algo parecido com sua indisposio em Endor sugeriu Threepio. Quando desmaiou, lembra? Chewbacca e eu

    estvamos consertando a nave e...O wookie rugiu um aviso e o dride calou-se. Tarde demais. Deixe continuar pediu Han, desconfiado. Que indisposio foi

    essa? No foi nada, Han assegurou Leia. Em nossa primeira rbita ao

    redor de Endor, passamos pelo lugar onde a Estrela da Morte foi destruda.Por alguns segundos, senti a presena do Imperador ao meu lado. S isso.

    S isso? repetiu, escandalizado, olhando de soslaio paraChewbacca. Um imperador morto tenta domin-la e voc acha que novale nem a pena comentar?

    No seja bobo protestou Leia. No aconteceu nada de grave.Acabou rpido e no houve nenhum efeito mais tarde. De verdade. Dequalquer forma, o que senti em Filve foi diferente.

    E bom saber troou Han. Por acaso algum mdico examinou-aaps isso?

    Bem, ainda no tive tempo... Vamos ao mdico assim que voltarmos.Leia suspirou e concordou com um gesto. Conhecia bem aquele tom de

    voz. No pretendia iniciar uma discusso. Se der tempo... A gente arranja tempo. Ou mando Luke trancar voc no centro

    mdico quando voltarmos. E srio, meu bem.Leia pressionou a mo dele, sentindo um aperto parecido no corao ao

    faz-lo. Luke, sozinho em territrio do Imprio... mas estaria bem. Tinha deestar bem.

  • Est certo. Prometo que vou marcar. timo. O que sentiu em Filve? No sei hesitou Leia. Talvez tenha sido o mesmo que Luke

    sentiu no Katana. Sabe... quando os clones da tropa de choquedesembarcaram...

    Pode ser concordou Han, com ar de dvida. Pode ser. Masaqueles Dreadnaught estavam bem longe.

    Devia haver muito mais clones, tambm. E melhor eu e Chewie trabalharmos naquele estabilizador de fluxo

    inico antes que estoure de vez. Voc vai ficar bem aqui? Estou tima garantiu Leia, contente por mudar de assunto. Vo

    indo vocs dois.A outra possibilidade era algo que ela no desejava considerar no

    momento. Havia rumores, na poca, de que o Imperador possua a habilidadede usar a Fora para exercer controle direto sobre seus militares. O Mestreque Luke enfrentara, em Jomark, possua a mesma habilidade...

    Acariciou o ventre protuberante e focalizou o pensamento nas duaspequenas almas em seu interior. De fato, no era algo em que quisessepensar.

    Presumo que o senhor tenha algum tipo de explicao declarouThrawn, com voz fria.

    Vagaroso, Cbaoth levantou a cabea para encarar o Grande Almirante.Com um esgar de desagrado, fitou o ysalamiri que Thrawn trazia preso aosombros.

    O senhor tambm tem uma explicao, Grande Almirante Thrawn? Voc interrompeu o ataque a Filve acusou Thrawn, ignorando a

    pergunta. Depois envolveu toda a fora-tarefa numa perseguio intil. E voc, Grande Almirante Thrawn, fracassou em trazer meus Jedi.

    Voc, seus noghri domesticados e os militares do Imprio... todos falharam afirmou Cbaoth, com voz poderosa.

    Os olhos do Grande Almirante se estreitaram. E mesmo? Mas no fomos ns que deixamos Luke Skywalker

    escapar, depois que o fizemos ir a Jomark. Vocs no entregaram o Jedi Skywalker. Ele veio porque eu o chamei

    com a Fora argumentou Cbaoth. Voc se esquece que foi a Inteligncia do Imprio que plantou o

    boato de que Jorus Cbaoth fora visto em Jomark. Que foi um transporte doImprio que o levou at l e foram nossas naves de carga queproporcionaram os suprimentos para o castelo, na pista construda pela nossa

  • engenharia respondeu Thrawn. Em resumo, o Imprio fez sua partepara que voc pudesse chamar Skywalker. E voc falhou em mant-lo l.

    No. Skywalker fugiu de Jomark porque voc deixou Mara Jadeescapar e envenen-lo contra mim. E ela vai pagar por isso, est ouvindo?Vai pagar.

    O Grande Almirante permaneceu em silncio por um longo tempo. Voc lanou toda a fora tarefa em perseguio ao Millenium Falcon

    disse ele, por fim. Conseguiu capturar Leia Organa Solo? No respondeu Cbaoth, sem se dar por achado. No entanto,

    no porque no queira vir. Ela quer. Assim como Skywalker. Quer vir at voc? indagou Thrawn, olhando para Pellaeon. Sim, muito murmurou o Mestre Jedi, com a voz suave e

    sonhadora. Leia quer que ensine os filhos que vo nascer. Ensin-los aserem Jedi. Cri-los minha prpria imagem. Porque eu sou o Mestre. Onico Mestre que existe.

    A disposio de Cbaoth pareceu mudar e olhou para Thrawn, num mistode tom solene e splica: Precisa trazer meus Jedi, Grande AlmiranteThrawn. Precisamos libert-la e tir-la do meio daqueles que temem seuspoderes. Se no fizermos isto vo destru-la.

    Claro que precisamos respondeu Thrawn, tranqilizador. Porm, precisa deixar esta tarefa para mim. S preciso de um pouco mais detempo.

    Cbaoth franziu a testa e cofiou a barba, tocando o medalho que traziaao peito. Pellaeon sentiu um arrepio, jamais se acostumaria aos mergulhosnebulosos na loucura do clone. Sabia que fora um problema universal comos primeiros experimentos de clonao: uma instabilidade emocional emental, inversamente proporcional ao ciclo de crescimento. Alguns dosdocumentos cientficos sobre o assunto haviam sobrevivido s GuerrasClnicas e Pellaeon lembrava de um deles, afirmando que nenhum clonegerado em menos de um ano seria bastante estvel para sobreviver fora deum ambiente controlado.

    Dada a destruio que liberaram na Galxia, Pellaeon sempre presumiraque os mestres dos clones tinham pelo menos uma soluo parcial para oproblema. Se haviam descoberto a causa da loucura latente, era uma outrahistria.

    Thrawn poderia ser o primeiro a compreender esse fato. Muito bem, Grande Almirante disse Cbaoth, de sbito. Voc

    ter uma ltima chance. Mas aviso; ser mesmo a ltima. Depois, eu mesmotomarei providncias. E vou preveni-lo de mais uma coisa; se no conseguircumprir mesmo uma pequena tarefa como essa, talvez eu o julgue indigno de

  • liderar as foras militares do meu Imprio.Os olhos avermelhados brilharam, porm Thrawn apenas inclinou a

    cabea. Aceito seu desafio, Mestre Cbaoth. timo respondeu o Mestre Jedi, ajeitando-se na poltrona e

    fechando os olhos. Agora pode sair, Grande Almirante Thrawn. Desejomeditar e planejar o futuro de meus Jedi.

    Por um instante o Grande Almirante permaneceu ali, em silncio, osolhos fitando Cbaoth. Depois, voltou-se para Pellaeon.

    Voc me acompanha at a ponte, capito. Quero estudar os sistemasde defesa de Ukio.

    Sim, senhor concordou Pellaeon, contente por sair de perto doMestre Jedi.

    Antes, por um breve lapso de tempo, fez uma pausa, olhando paraCbaoth. Havia algum assunto que queria discutir com o superior? Tinhaquase certeza que sim. Algo relacionado a Cbaoth, clonao e o projeto domonte Tantiss... Porm o pensamento lhe fugia e, com um encolher deombros, deixou a questo de lado. Com certeza viria tona na horaapropriada.

    Deu a volta aos monitores agrupados e seguiu o superior para fora dacabine.

  • 2Chamava-se Calius saj Leeloo, a Cidade do Cristal Brilhante deBerchest, e transformara-se numa das maravilhas da Galxia. Era mesmo umgigantesco diamante, circundado pela espuma do mar vermelho-alaranjadode Leefari. Fora lapidada no cristal a duras penas durante dcadas porartistas locais, cujos descendentes continuaram a guiar e estimular seu lentocrescimento.

    Na poca da Velha Repblica Calius, o local havia sido um grande pontoturstico, com a populao vivendo confortvel do dinheiro deixado pelosmilhes de seres que a visitavam e a seus arredores. Porm, o caos dasGuerras Clnicas e a ascenso subseqente do Imprio deixaram marcasindelveis e Calius foi forada a voltar-se para outras fontes de renda.

    Entretanto, a poca dos turistas deixara um saldo de rotas comerciaisbem estabelecidas entre Berchest e os centros maiores. A soluo bvia,portanto, foi Calius transformar-se em entreposto comercial; e embora aindano tivessem atingido o nvel de Svivren, ou Ketaris, seus habitantesconseguiram um grau razovel de sucesso intermediando mercadorias, dasmais diversas, oriundas do espao sideral.

    O nico inconveniente que localizava-se dentro das fronteiras doImprio e naquele exato momento, um batalho das tropas de choque abriacaminho pela avenida principal apinhada de gente; as armaduras brancasrefletindo o avermelhado dos edifcios ao redor. Dando um passo paraafastar-se deles, Luke Skywalker puxou o capuz sobre o rosto. No percebeunenhum sinal de alerta nos soldados, mas quando se estava entre as linhas doImprio, no se podia correr risco algum. Os inimigos passaram sem mais doque um olhar ocasional e, com um suspiro de alvio, Luke voltou acontemplar a cidade. Entre os soldados, havia tripulantes em folga de servioe contrabandistas esperanosos de conseguir um bom negcio. A atmosferaopressiva, comercial e estranha, contrastava com a beleza serena da pequenametrpole.

    E em algum lugar daquela beleza serena escondia-se algo bem maisperigoso do que meros soldados das tropas de choque. Um grupo de clones.

    Pelo menos era o que acreditava a Inteligncia da Nova Repblica.Interpretaes trabalhosas, de milhares de mensagens interceptadas do

  • Imprio, apontavam Calius e o sistema Berchest como um dos pontos detransferncia da remessa de duplicatas humanas que comeavam a tripular asnaves e transportes militares da mquina blica do Grande AlmiranteThrawn.

    Aquele fluxo de clones precisava ser contido com rapidez. Istosignificava descobrir a localizao dos tanques de clonao e destru-los. Oque implicava seguir as rotas de trfego de um ponto conhecido. O passoseguinte seria verificar se os clones de fato passavam por Calius.

    Um grupo de homens vestidos com tnicas de comerciantes de Svivrenivirou uma esquina dois quarteires adiante e, como tinha feito tantas vezesdurante os ltimos dois dias, Luke projetou a Fora para senti-los. Umarpida verificada foi suficiente; no apresentavam a aura diferente quepercebera nos soldados clones que o atacaram, a bordo do Katana.

    Enquanto refreava a conscincia, algo mais chamou sua ateno. Algumacoisa que quase deixara passar, perdido no caos de pensamentos humanos ealiengenas ao redor, como pequenos pedaos de vidro colorido numatempestade de areia. Uma inteligncia fria e calculista, que Luke sabia terencontrado antes, porm no conseguia identificar devido torrente depensamentos que o envolvia.

    O possuidor da mente estava consciente de sua presena em Calius,claro. E o vigiava.

    S, em territrio inimigo, com a nave estacionada a dois quilmetros dedistncia, no espaoporto de Calius, tendo como nica arma um sabre-laserque o identificaria no instante em que fosse acionado, no se podia dizer quea situao fosse boa. Mas a Fora estava com ele... e no cmputo geral, entreo bem e o mal, igualava as chances.

    Alguns metros para a direita localizava-se a entrada para um tnel depedestres. Dirigindo-se para l, Luke apertou o passo, buscando na memriao mapa da cidade, para saber onde desembocava aquela passagem.Lembrou-se que seria levado ao outro lado do rio congelado que cruzava acidade, rumo a parte mais alta que dominava o mar, habitada pelas classesmais abastadas. Atrs de si, percebeu um desconhecido tomando o mesmocaminho e, medida que deixava para trs os turbilhes de pensamentos damultido, conseguiu identificar o perseguidor.

    A situao no era to ruim como imaginara. Contudo, havia perigo empotencial. Suspirando, Luke parou e esperou. A curva suave do tnelocultava as duas entradas e seria um bom lugar para um confronto.

    Seu perseguidor chegou ao final da curva. Como se antecipasse que apresa pudesse surpreend-lo, parou antes de se expor. Projetando a Fora,Luke notou que o desintegrador era sacado do coldre...

  • Tudo bem murmurou ele. Estamos sozinhos. Pode sair.Houve uma breve hesitao e Luke viu a surpresa. Em seguida, Talon

    Karrde apareceu. Estou vendo que o Universo no deixa de me surpreender a cada dia

    comentou ele, inclinando a cabea numa saudao abreviada; depoisguardou a arma no coldre. Pela maneira que vinha agindo, achei mesmoque seria um espio da Nova Repblica. Todavia tenho de admitir que vocera a ltima pessoa que eu esperava encontrar.

    Luke observou-o, tentando saber o que pensava. Da ltima vez que seavistaram, logo depois da batalha do Katana, o outro enfatizara que ele e seugrupo de contrabandistas permaneceriam neutros na guerra.

    E o que pretendia fazer? No tinha a menor inteno de entregar voc, se o que quer saber

    afirmou Karrde. Se no fizer diferena, prefiro continuar andando. Opovo daqui no costuma conversar nos tneis de pedestres por muito tempo.E nossas vozes so ouvidas bem longe, no tnel.

    E se houvesse uma emboscada esperando por eles do outro lado? Nessecaso, Luke saberia a tempo.

    Para mim est timo concordou e fez um gesto para que o outro oprecedesse.

    Karrde sorriu, assumindo a dianteira. Voc no confia em mim, no ? Deve ser influncia de Han. Ou talvez, sua. Ou talvez de Mara

    desculpou-se Luke, caminhando ao lado do outro, percebendo umapreocupao sutil meno do nome.

    Por falar em Mara, como vai ela? Est quase recuperada informou Luke. Os mdicos me

    disseram que curar esse tipo de dano neurolgico no difcil, contudo levatempo.

    Karrde concordou, fitando a entrada do tnel. Fico agradecido que tenham tomado conta de minha amiga. Nossas

    instalaes mdicas no conseguiriam lidar com esse tratamento declarou.

    Era o mnimo que poderamos fazer, depois da ajuda que nos deramcom o Katana.

    Pode ser.Atingiram o final do caminho e entraram numa rua mais vazia do que a

    anterior. A frente e acima deles, podiam observar as trs torres esculpidas doquartel-general do governo, dominando a vista do mar. Usando a Fora,Luke verificou as pessoas que passavam. Nada.

  • Est indo para algum lugar em particular? indagou a Karrde. No. S estou dando uma volta pela cidade. E voc? A mesma coisa respondeu o Jedi, procurando imprimir voz o

    mesmo tom casual do outro. E tambm encontrar um ou dois rostos familiares? Isso significava

    que Karrde sabia porque estava ali. Aquilo no deveria surpreend-lo. Se estiverem aqui, posso encontr-los. Suponho que no tenha

    nenhuma informao til para mim? Talvez... tem dinheiro suficiente para pagar por ela? Conhecendo seus preos, provvel que no refutou Luke.

    Entretanto poderia estabelecer uma linha de crdito quando voltar... Se voltar lembrou Karrde. Considerando quantos soldados do

    Imprio existem entre voc e uma rea segura, diria que no um bominvestimento no momento.

    Assim como voc que est no alto da lista de contrabandistas maisprocurados pelo Imprio? contestou Luke.

    Acontece que Calius um dos poucos lugares onde estou a salvo. Ogovernador de Berchest e eu nos conhecemos h alguns anos. Na verdade,existem certos itens importantes para ele que s eu posso conseguir.

    Artigos militares? J disse que no fao parte de sua guerra, Skywalker lembrou

    Karrde, com frieza. Sou neutro e tenha a inteno de permanecer assim.Pensei que tivesse sido bem claro para voc e sua irm.

    Sim, no se preocupe. S pensei que os eventos do ms passadopudessem t-lo feito mudar de idia.

    A expresso de Karrde no se alterou, entretanto Luke percebeu umacerta contrariedade.

    No estou gostando que o Grande Almirante Thrawn tenha acesso auma fbrica de clonao admitiu o contrabandista. Isso tem o poder dealterar o equilbrio a favor dele, a mdio prazo, e nenhum de ns deseja queisto acontea. Contudo esto exagerando o problema.

    No sei o que chama de exagerar alertou Luke. O Imprioconseguiu a maior parte dos duzentos cruzadores Dreadnaught da FrotaKatana e agora tm um suprimento ilimitado de tripulantes.

    Eu no usaria a palavra ilimitado discordou Karrde. Os cloness podem ser produzidos a uma velocidade limitada, se se pretende confiar aeles naves de combate. Um ano por clone, no mnimo, se bem me lembro davelha regra.

    Um grupo de cinco vaathkree passou frente deles pela rua larga. Atento o Imprio s clonara humanos, no entanto Luke os verificou, da

  • mesma forma. De novo, nenhum resultado. Um ano por clone, voc diria? No mnimo. Os documentos de antes das Guerras Clnicas que

    examinei sugerem trs a cinco anos como o perodo apropriado. Mais rpidodo que o ciclo humano, com certeza, mas difcil o suficiente para causarpnico.

    Luke olhou para as torres esculpidas, translcidas e alaranjadas,contrastando com as nuvens imaculadas e brancas sobre o mar.

    O que diria se revelasse que os clones que nos atacaram no Katanaforam produzidos em menos de um ano? indagou Luke.

    Depende de quanto tempo menos afirmou Karrde, dando deombros.

    O ciclo completo durou de quinze a vinte dias. O contrabandistaparou e olhou para Luke.

    Pode repetir? Quinze a vinte dias.Por um instante Karrde fitou-o. A seguir, voltou-se devagar e continuou

    a caminhar. impossvel. Deve haver algum erro nesse clculo. Se quiser posso conseguir uma cpia dos relatrios. Os olhos do

    contrabandista perderam-se distncia, antes de responder. Isso explicaria Ukio. Ukio? Voc no sabe? H dois dias, o Imprio lanou um ataque mltiplo

    sobre os setores de Abrion e Dufilvian. Danificaram vrias bases militaresem Ord Pardron e capturaram o sistema Ukio.

    Luke sentiu um frio no estmago. Ukio era um dos cinco maioresprodutores de alimentos para a Nova Repblica. As repercusses s no setorde Abrion seriam nefastas.

    Ukio foi muito danificado? quis saber o Jedi. Parece que no. Minhas fontes informaram que foi tomado com todos

    os armamentos de defesa espacial intactos. Pensei que isso fosse impossvel. Um dos requisitos para a escolha dos Grandes Almirantes era a

    vontade de realizar o impossvel afirmou Karrde. Ainda no tenho osdetalhes do ataque, mas deve ser interessante saber como fizeram.

    Esse fato significava que Thrawn tinha os Dreadnaught do Katana, oshomens para tripul-los e agora conquistara a possibilidade de alimentar seusclones.

    Isto representa o comeo de uma srie de ataques ponderou Luke.

  • O Imprio est se preparando para lanar uma ofensiva em grande escala. Parece que sim... c entre ns, acho que voc muito bom em seu

    trabalho.Luke estudou o outro. Estava calmo, contudo a sensao interna havia

    mudado. E nada disso faz voc mudar de idia, Karrde? No pretendo me juntar Nova Repblica, Skywalker. Por vrios

    motivos. Um deles que no confio em todos os que participam de seugoverno.

    Acho que Fey'lya j est bastante desacreditado... No estou me referindo apenas a Fey'lya interrompeuKarrde. Sabe to bem quanto eu o conceito que os mon calamari tm

    a respeito de contrabandistas. Agora que o almirante Ackbar assumiu outravez o posto no Conselho e como Comandante Supremo, todos ns, do ramo,vamos precisar tomar mais cuidado.

    Que isso? Est achando que Ackbar vai ter tempo de pensar emcontrabando?

    Na verdade, no admitiu o contrabandista. Mas tambm noestou disposto a arriscar minha vida.

    Muito bem. Ento vamos manter nossas relaes no campocomercial. Precisamos saber sobre os movimentos e os planos do Imprio,que interessante para voc tambm. Podemos comprar essas informaes?

    Karrde considerou a idia. Talvez... Mas apenas se eu tiver a palavra final sobre o que vou passar

    a voc. No quero transformar meu grupo numa clula da Inteligncia daNova Repblica.

    Concordo. Vou estabelecer uma linha de crdito logo que voltar afirmou Luke, pensando que no conseguira o que esperava, mas era melhordo que nada.

    Talvez a gente possa comear com uma troca direta de informaes sugeriu Karrde, olhando para os prdios de cristal ao redor. O que estprocurando em Calius?

    Vou fazer mais do que isso. E se eu confirmar que os clones esto poraqui? Ofereceu Luke, sentindo um toque distante na cabea.

    Onde? Naquela direo... a mais ou menos meio quilmetro falou Luke,

    apontando para a direita e frente. E difcil saber com preciso. Dentro de uma das torres estimou Karrde. Bem seguro e fora da

    vista de olhos curiosos. Imagino se existe algum modo de entrar para daruma olhada.

  • Espere um pouco! Esto se movendo disse Luke, franzindo a testa,num esforo evidente para manter o contato.

    Esto se dirigindo... no na nossa direo, mas para perto daqui. Talvez estejam indo ao espaoporto. E provvel que usem a rua

    Mavrille... dois quarteires naquele lado.Regulando a velocidade da caminhada entre a urgncia e a necessidade

    de no chamarem ateno, os dois levaram trs minutos para atingir oespaoporto.

    Vo usar uma nave de carga ou mesmo de passageiros afirmou Karrde, enquanto paravam num local de onde poderiam

    avistar a rua sem o perigo de serem atropelados pelos transeuntesapressados. Um transporte militar chamaria muita ateno.

    Luke concordou. Recordando a planta da cidade, lembrou-se de queMavrille era uma das ruas largas o bastante para permitir o uso de veculos.

    Gostaria de ter trazido binculos murmurou ele. E melhor assim. Voc j chama bastante ateno do jeito que est

    aconselhou Karrde, esticando o pescoo para espiar por sobre a multido. Algum sinal deles?

    Com certeza dirigem-se para c afirmou Luke, projetando a Forae tentando distinguir a presena dos clones em meio a um mar depensamentos. Uns vinte ou trinta, eu diria.

    Um nibus fechado, ento. Vem vindo um l longe... atrs daqueleturbocaminho Trast indicou Karrde.

    Luke respirou fundo, utilizando o mximo da Fora. Estremeceu. Estou vendo. So eles. Preste ateno, podem ter deixado alguma janela de ventilao aberta.O nibus avanou na direo deles, flutuando em seus repulsorlifts, at

    parar, a cerca de um quarteiro. O turbocaminho decidira que estava nahora de fazer a curva, e a realizou da forma mais vagarosa possvel, parandoo trfego atrs dele.

    Espere aqui pediu Karrde, mergulhando na corrente de pedestresque seguiam naquela direo.

    Luke ficou observando a rea, os sentidos alertas para o fato de ele ouKarrde serem reconhecidos. Se tudo aquilo fosse uma armadilha, agora seriao momento ideal para atacar.

    O turbocaminho completou a curva e o nibus prosseguiu. Passou porLuke, desaparecendo em poucos segundos ao redor de uma das construesde cristal avermelhado. Recuando para a travessa atrs de si, Luke aguardounas sombras alguns minutos, at que Karrde retornasse.

    Duas janelas estavam abertas, porm no consegui enxergar muita

  • coisa l dentro. E voc?Luke balanou a cabea, numa negativa. Tambm no pude ver nada, mas tenho certeza de que eram eles.Por um instante, Karrde ficou pensativo. Depois assentiu. Certo. E agora? Vou ver se consigo decolar antes informou o Jedi. Se puder

    rastrear o vetor de hiperespao deles, talvez possa estabelecer a direogeral. Embora duas naves com certeza fizessem melhor esse trabalho...

    Karrde sorriu. Voc vai me desculpar se eu recusar a oferta, mas voar ao lado de um

    agente da Nova Repblica no o que chamo de neutralidade afirmouKarrde, olhando por sobre o ombro de Luke, para a rua alm. De qualquerforma, creio que prefiro descobrir alguma coisa por aqui. Ver se consigoidentificar o ponto de origem.

    Boa idia concordou Luke. E melhor eu correr at oespaoporto para decolar logo.

    Manterei contato despediu-se Karrde. E veja se abre uma linhade crdito bem gorda.

    Em p, janela da Torre Nmero Um do Governo Central, o governadorStaffa baixou o macrobinculo.

    Era ele mesmo, Fingal. No tenho a menor dvida. O prprio LukeSkywalker declarou esfregando as mos e olhando para o homenzinhocurvado a seu lado.

    Acredita que tenha reparado no nosso transporte especial? indagouFingal, ajustando o prprio macrobinculo.

    Claro que sim. Por que acha que foi correndo rua Mavrille? S pensei que... Ento no pense, Fingal cortou o governador. No acredito que

    esteja preparado para isto.Staffa caminhou at sua escrivaninha, largou o macrobinculo numa

    gaveta e apanhou a prancheta de leitura referente s ordens do GrandeAlmirante Thrawn. Tratava-se de uma ordem bizarra, em sua opinio, aindamais peculiar do que as misteriosas transferncias de tropas que o AltoComando Imperial vinha fazendo atravs de Calius, recentemente. Contudo,nas circunstncias em que se encontrava, no tinha escolha a no seracreditar que Thrawn sabia o que estava fazendo.

    Quero que envie uma mensagem ao destrier estelar Quimera ordenou Staffa a Fingal, acomodando-se na poltrona, com a prancheta nocolo. Codificado, de acordo com as instrues: Informo ao Grande

  • Almirante Thrawn, que Skywalker esteve em Calius e que eu tiveoportunidade de observ-lo prximo ao nibus especial. De acordo com asinstrues recebidas do Grande Almirante Thrawn, foi permitido quepartisse de Berchest sem ser incomodado.

    Certo, governador respondeu Fingal, fazendo anotaes em suaprancheta, sem demonstrar surpresa. E quanto ao outro homem,governador? O que estava com Skywalker, l embaixo.

    Staffa passou a mo no queixo. O preo pela cabea de Talon Karrdeatingia quase cinqenta mil, uma bela quantia de dinheiro; uma quantia quenem mesmo um homem com salrio de governador planetrio seria capaz derecusar. Sempre soubera que chegaria o momento de terminar suas discretasrelaes comerciais com Karrde. Talvez fosse chegada a hora.

    Mas, no. Ainda no. A guerra ainda se espalhava pela Galxia. Maistarde, quando a vitria estivesse prxima e as fontes de abastecimento maisseguras... quem sabe! Sim, aguardaria mais um pouco.

    O outro homem no tem importncia disse a Fingal. umagente especial que designei para ajudar a seguir Skywalker. Podeesquec-lo. Continue seu trabalho. preciso codificar e enviar a mensagem.

    Sim, senhor.O painel deslizou, e por um segundo, quando o homenzinho virou-se,

    Staffa teve a impresso de ver um brilho malvolo e inteligente nos olhosescuros do subordinado. Um efeito da luz ambiente, pensou o governador.Ao lado da lealdade indiscutvel de Fingal, sua qualidade mais evidente era atambm indiscutvel falta de imaginao.

    Respirando fundo, Staffa tentou esquecer Fingal, espies rebeldes, e atmesmo o Grande Almirante. A seguir, recostou-se na cadeira e comeou aconsiderar como utilizaria o carregamento que o pessoal de Karrde estavadesembarcando no aeroporto.

  • 3Lentamente, como se subisse por uma longa escadaria, Mara Jadedespertou de um sono profundo. Abriu os olhos, olhou ao redor do aposento,pouco iluminado, e imaginou onde diabos estaria.

    Tratava-se de um hospital... Era bvio pelos biomonitores, os biombosportteis e outras camas que existiam por perto. Porm no era uma dasinstalaes de Karrde; pelo menos no uma que conhecesse.

    Contudo, a disposio dos mveis era bastante familiar. Tratava-se deuma rea hospitalar padro do Imprio.

    Por um instante teve a sensao de estar sozinha, mas por pouco tempo.Silenciosa, deslizou para fora da cama e permaneceu agachada, fazendo umreconhecimento rpido de suas condies fsicas. No sofria nenhum tipo dedor, tonturas ou tampouco ferimentos aparentes. Vestiu o roupo e calou oschinelos, que localizou ao p da cama, depois caminhou para a porta,preparando-se para silenciar ou desligar o que quer que a esperasse do outrolado. Acenou para o controle da porta e quando esta foi aberta, saltou para aante-sala...

    Oi, Mara cumprimentou Ghent, levantando os olhos docomputador. Como est?

    Nada mal respondeu surpresa, acionando a memria. Olhando parao garoto, lembrou-se de que Ghent era um dos que trabalhavam para Karrdee, talvez, o melhor pirata de software na Galxia. O fato de estar sentado aum terminal significava que no eram prisioneiros, a menos que os captoresfossem estpidos a ponto de deix-lo aproximar-se da mquina.

    Todavia no enviara Ghent para o quartel-general da Nova Repblica,em Coruscant? Sim. Seguira as instrues de Karrde, pouco antes de reunir ogrupo e lev-los para combater na Frota Katana, onde pilotara um caa Z-95contra um destrier estelar do Imprio...

    Lembrava-se que tivera de ejetar e do azar de dirigir a trajetria de seuassento atravs dos disparos de canhes inicos. Isso destrura seuequipamento de sobrevivncia e a enviara deriva, deixando-a perdida noespao interestelar.

    Olhou ao redor. No seu caso, no fora para sempre. Onde estamos? indagou, embora j soubesse a resposta.

  • Tinha razo. Estamos no Palcio Imperial, em Coruscant. Na ala hospitalar.

    Tiveram de reconstituir um pouco seus neurnios. No se lembra? um pouco vago, ainda admitiu ela.Mas a nvoa desaparecia de sua memria e os acontecimentos

    comeavam a ordenar-se. Os sistemas desligaram-se e sentira a cabea leveao mergulhar numa espcie de sono profundo. Com certeza sofrer privaode oxignio antes que a localizassem e a levassem ao interior de uma nave.

    Eles, no; ele. S havia uma pessoa capaz de localizar um assentoejetado no meio do espao repleto de destroos. Luke Skywalker, o ltimocavaleiro Jedi. O homem que deveria matar.

    VOC VAI MATAR LUKE SKYWALKER.Deu um passo atrs, para se apoiar no batente, os joelhos enfraquecidos

    enquanto as palavras do Imperador ecoavam na lembrana. J estivera ali,naquele planeta em construo, quando ele morrera em Endor. Observaraatravs da mente da vtima quando Luke Skywalker arruinara-lhe a vida comum golpe de sabre-laser.

    Estou vendo que acordou proferiu uma nova voz. Mara abriu osolhos. A recm-chegada era uma mulher de meia-idade, trajando uniformemdico, e caminhava em sua direo vinda de uma porta distante. Um drideEmede seguia atrs dela.

    Como est se sentindo? indagou a mdica. Estou tima respondeu Mara, controlando a raiva contra a mulher.

    Essas pessoas, inimigas do Imprio, no tinham o direito de estar no palciodo Imperador.

    Respirou fundo, combatendo as emoes.A desconhecida parar sua frente, com uma expresso ansiosa no rosto;

    o prprio Ghent, esquecido do teclado, parecia preocupado. Desculpe, creio que estou um pouco desorientada admitiu Mara. E compreensvel. Afinal, permaneceu naquela cama por um ms

    revelou a mdica. Um ms! espantou-se Mara. Bem, a maior parte do ms corrigiu a outra. Passou algum

    tempo no tanque baeta. Portanto, no se preocupe... problemas com amemria a curto prazo so freqentes durante reconstrues neurais, masquase sempre terminam logo depois que tratamento termina.

    Certo... Perdera ali um ms inteiro. E durante aquele tempo... Temos um quarto de hspedes arrumado para voc l em cima, assim

    que tiver disposio para se locomover. Quer que eu v ver se est pronto? Seria timo respondeu Mara.

  • A mdica apanhou um comunicador no bolso e digitou alguns nmeros.Enquanto conversava, Mara aproximou-se de Ghent:

    O que aconteceu na guerra durante esse tempo? quis saber ela. No muito. O Imprio est criando as dificuldades de sempre

    respondeu Ghent, gesticulando. Mantiveram o pessoal bastante ocupadopor aqui, pelo menos. Ackbar, Madine e os outros esto correndo o tempotodo, tentando fazer com que recuem e trocando termos militares sem parar.

    E no disse mais nada. Mara sabia que no podia esperar obter muitacoisa dele sobre os acontecimentos no mundo real. Alm de uma fascinaopelo universo contrabandista, a nica coisa que interessava a Ghent erapenetrar em programas de computadores.

    Franziu a testa, recordando-se porque Karrde pedira a presena dele aliem Coruscant.

    Espere um pouco. Ackbar est de volta ao comando? Isso quer dizerque voc conseguiu descobrir alguma coisa para inocent-lo?

    Claro. Aquele depsito suspeito que o conselheiro Fey'lya usou para aacusao contra ele era uma fraude... os caras que fizeram a invasoeletrnica do banco depositaram o dinheiro. Deve ter sido a Inteligncia doImprio... encontrei rastros deles por todo o programa. Claro, isso foi doisdias depois que cheguei.

    Imagino que devam ter gostado. Mas por que ainda est aqui? Bem... Ghent hesitou um instante. Em primeiro lugar, ningum

    ainda veio me apanhar e me apresentaram um cdigo que algum andausando para mandar informaes para o Imprio. O general Bel Iblis diz quea chamam de Fonte Delta e que est divulgando segredos do palcio.

    E pediu que tentasse decifrar o cdigo, certo? completou Mara. Aposto que ningum falou em dinheiro, ou coisa parecida, falou?

    Bem... talvez tenham falado. Para dizer a verdade, no me lembro.A mdica guardou o comunicador. Vir uma pessoa para acompanh-la a qualquer minuto. Obrigada agradeceu Mara.Resistiu vontade de afirmar que mesmo dormindo, conhecia o palcio

    melhor do que qualquer guia que pudessem mandar.A porta abriu-se e uma mulher alta, de cabelos brancos, entrou no

    aposento e sorriu: Como vai, Mara? Meu nome Winter, assistente pessoal da

    conselheira Leia Organa Solo. Fico contente em ver que j est boa. Tambm fico respondeu Mara, tentando manter a voz educada,

    pois conversava com algum relacionada a Skywalker. Suponho que sejaa minha acompanhante?

  • Sua acompanhante, assistente e qualquer outra coisa que possaprecisar nos prximos dias. A princesa Leia me pediu para tomar conta devoc at que ela e o capito Solo retornem de Filve.

    No necessito de uma assistente ou que cuidem de mim protestouMara. S preciso de uma nave.

    J comecei a trabalhar nisso. Tenho esperana de encontrar uma embreve. Enquanto isso, no quer conhecer seu quarto?

    Ela conteve um sorriso amargo. Os usurpadores da Nova Repblicaofereciam hospitalidade onde j fora sua prpria casa.

    E muita bondade sua. Vem comigo, Ghent? V na frente respondeu ele, com ar absorto. Quero dar mais

    uma olhada nesse programa. Ele vai ficar por aqui mesmo garantiu Winter, sorrindo.

    Vamos? Saram e caminharam em direo parte traseira do palcio. Ghent tem uma sute ao lado da sua, mas acho que no esteve l mais do queduas vezes durante o ms passado. Acabou acampando na ante-sala darecuperao, onde podia ficar de olho em voc.

    Mara sorriu divertida. Ghent, que passava noventa por cento das horasem viglia, alheio ao mundo exterior, no era o que se podia chamar de umaenfermeira dedicada ou um guarda-costas eficiente.

    Queria agradecer o fato de todos tomarem conta de mim. Era o mnimo que podamos fazer depois de sua ajuda na batalha do

    Katana. Foi idia de Karrde. Agradea a ele, no a mim afirmouMara. J fizemos isso. Mas voc tambm arriscou sua vida, por nossa causa.

    No esquecemos estas coisas disse Winter.Mara olhou de soslaio para a mulher de cabelos brancos. Havia lido os

    relatrios sobre os lderes da Rebelio, incluindo Leia Organa e o nomeWinter no despertava nenhuma lembrana.

    H quanto tempo est com Leia Organa Solo? Cresci com ela, na corte de Alderaan. ramos amigas na infncia e

    quando ela deu os primeiros passos na poltica galctica, seu pai medesignou para o cargo de assessora. Estou com Leia desde ento.

    No me lembro de ter ouvido falar de voc durante a Rebelio arriscou Mara.

    Passei a maior parte da guerra viajando de planeta em planeta,trabalhando com o setor de Suprimentos relatou Winter.

    Ento voc era a pessoa que definia os alvos, chamada Apontador. Aque tinha memria perfeita. Mara ficou pasma, quando seu crebro

  • relacionou os dados. Sim. Winter franziu a testa. E verdade, esse foi um de meus

    codinomes. Tive vrios ao longo dos anos.Mara assentiu, recordando-se de outras referncias em relatrios da

    Inteligncia pr-Yavin ao misterioso rebelde chamado Apontador e dadiscusso que tentava descobrir a identidade do agente. Imaginou se oshomens do Imprio haviam conseguido saber quem era.

    Aproximaram-se dos turboelevadores na parte posterior do palcio, umadas inovaes que o Imperador fizera na construo de estilo antigo quandochegara. O turboelevador poupava um bocado de caminhadas, subindo edescendo as escadarias da parte pblica do edifcio... assim como escondiaalguns outros melhoramentos realizados no palcio.

    Qual a dificuldade em me conseguir uma nave? perguntou Mara. O problema o Imprio. Lanaram um ataque em massa contra ns e

    estamos requisitando qualquer veculo maior do que um cargueiro leve, paracombater.

    Mara ficou pensativa. Um ataque macio contra foras superiores noparecia o estilo do Grande Almirante Thrawn.

    Muito ruim? Bastante ruim confirmou Winter. No sei se soube, mas

    ficaram com a Frota Katana. J tinham removido cerca de cento e oitentacruzadores Dreadnaught quando chegamos. Isso combinado com uma fonteilimitada de tripulantes e combatentes mudou bastante o equilbrio de foras.

    Mara concordou, sentindo uma leve preocupao. Colocado daquelamaneira, lembrava o estilo do Grande Almirante Thrawn.

    Isso significa que quase morri por nada. Winter sorriu. Se servir de consolo, saiba que isso aconteceu com muitos outros.O turboelevador chegou. Entraram e Winter apertou o boto das reas

    residenciais do palcio. Ghent mencionou que o Imprio estava criando problemas

    comentou Mara, quando o carro moveu-se. Eu devia ter imaginado quequalquer coisa capaz de penetrar naquela neblina mental, tinha de ser muitosrio.

    Srio? Nos ltimos cinco dias perdemos o controle de pelo menosquatro setores e mais de trinta esto a ponto de se entregar. A maior perdaforam as instalaes produtoras de alimentos, em Ukio. De alguma forma,tomaram o planeta com as instalaes de defesa intactas.

    Algum dormiu no ponto? quis saber ela. No, de acordo com os relatrios anteriores invaso afirmou

    Winter, franzindo a testa. Existem rumores de que os homens do Imprio

  • utilizaram uma espcie de superarma, capaz de disparar atravs do escudo dedefesa planetria de Ukio. Ainda estamos estudando os relatrios da invaso.

    Mara teve vises terrveis da Estrela da Morte e estremeceu. Uma armacomo aquela nas mos de um estrategista como o Grande AlmiranteThrawn...

    Procurou afastar da idia as imagens. Afinal, aquela guerra no era dela.Karrde prometera permanecer neutro nessa histria.

    Creio que melhor tentar entrar em contato com Karrde, nesse caso.Ver se pode mandar algum nos apanhar.

    Seria mais rpido do que esperar por uma de nossas naves aconselhou Winter. Ele deixou um carto de dados com o nome de umcontato para enviar a mensagem. Disse que voc saberia qual cdigo utilizar.

    O turboelevador parou no andar reservado aos convidados do presidente,um dos poucos que o Imperador deixara inalterado ao mudar para o palcio.Com as antigas portas de dobradias e moblias exticas de madeira,caminhar ali era como retornar mil anos no passado. O Imperador reservavaos quartos para os emissrios que apreciavam os velhos tempos ou quepoderiam ficar impressionados pela importncia dada ao passado.

    O capito Karrde deixou algumas de suas roupas e pertences pessoaisaps a batalha do Katana informou Winter, abrindo uma das portasentalhadas. Se lhe faltar alguma coisa, me avise e poderei conseguir. Aquiest o carto de dados que mencionei.

    Obrigada disse Mara, apanhando o carto. Respirou fundo,olhando ao redor. O quarto era de madeira fijisi, de Cardooine; medida queo delicado aroma se erguia ao redor dela, os pensamentos retornaram aosdias de poder e majestade passados ali...

    Est precisando de mais alguma coisa? As lembranasdissolveram-se.

    No, muito obrigada. Se quiser, basta chamar o oficial desta ala instruiu Winter,

    indicando o intercomunicador na escrivaninha. Estarei disponvel maistarde. No momento, tenho de ir a um encontro do Conselho.

    Pode ir. Mais uma vez obrigada.Winter sorriu e saiu. Mara respirou, sentindo com prazer o aroma

    perfumado da madeira e apagou as ltimas lembranas desagradveis.Retornou ao aqui e agora; como sempre, obedecia a uma das recomendaesbsicas do Imperador: sempre conhecer o ambiente e confundir-se com ele.Naquele instante, significava no parecer uma refugiada do hospital.

    Karrde deixara uma boa variedade de trajes para ela: um vestidosemiformal, duas tnicas sem enfeites, que poderia usar numa centena de

  • mundos sem chamar ateno e quatro combinaes macaco/tnica, dos queela geralmente usava a bordo. Escolhendo um dos ltimos, Mara trocou deroupa e depois comeou a verificar os objetos que Karrde separara. Comalguma sorte e um pouco de poder de previso por parte dele... L estava; ocoldre de brao com um pequeno desintegrador. No entanto, a arma estavadescarregada... o capito do Inflexvel ficara com a bateria energtica e oshomens do Imprio no iriam devolv-la to cedo. Procurar uma nosarsenais da Nova Repblica seria perda de tempo, embora se sentisse tentadaa solicitar, apenas para saber qual seria a reao de Winter. No entanto,havia outro jeito.

    Cada quarto do palcio possua uma biblioteca e em cada uma existia umconjunto de cartes que formavam A Histria Completa de Corvis Minor.Dadas a nfima importncia do sistema e a quase ausncia de fatossignificativos em sua histria, a chance de algum retirar dali a caixa decartes que formavam a obra era bastante reduzida. Mara procurou-a eachou.

    A partir da, conseguiu montar um carregador de fora com os chips doscartes da Histria Completa de Corvis Minor. Era um modelo um poucodiferente do que a bateria energtica que ficara com os homens do Imprio,porm a arma estava carregada e encaixou-se com perfeio no coldreespecial de antebrao. Dali em diante, seja o que for que ocorresse nas lutasintestinas da Nova Repblica, pelo menos teria uma chance de defender-se.

    Parou, ainda com a falsa caixa de cartes na mo, e uma perguntaincmoda surgiu na cabea. O que Winter quisera dizer com fonteinesgotvel de tripulantes e combatentes? Teria um ou mais sistemas sepassado para o lado do Imprio? Ou Thrawn teria descoberto um mundodesconhecido, com uma populao pronta para ser recrutada?

    Era algo que deveria descobrir, na devida oportunidade. Em primeirolugar, precisava codificar a mensagem e expedi-la para o contato designado.Quando antes sasse dali, melhor.

    Recolocou a caixa vazia no lugar, o peso da arma no brao esquerdoreconfortando-a, e comeou a planejar em detalhes o que iria fazer.

    Thrawn desviou os olhos da arte aliengena, com aparncia ptrida, emimagens hologrficas ao seu redor.

    No. Est fora de questo afirmou, com veemncia. No? questionou Cbaoth, virando as costas para a esttua

    hologrfica de Woostri que estivera examinando. Como assim, no? Acredito que a palavra em si se auto-explique declarou Thrawn.

    A lgica militar tambm pode esclarecer. No temos o efetivo suficientepara um ataque a Coruscant, e muito menos o pessoal e suprimentos

  • necessrios para um cerco tradicional. Qualquer ataque seria tanto intilquanto desperdiaria recursos valiosos do Imprio; portanto no atacaremos.

    Tenha cuidado, Grande Almirante Thrawn avisou Cbaoth. Quem governa o Imprio sou eu!

    E mesmo? indagou Thrawn, em tom provocante, acariciando oysalamiri em suas costas.

    Eu governo o Imprio gritou o Mestre Jedi, em toda a sua estatura,fazendo a voz ecoar pela sala de comando. Voc vai me obedecer oumorrer!

    Procurando no chamar ateno, Pellaeon aproximou-se do campoprotetor ao redor do superior. Naquela fase, de lucidez, Cbaoth parecia maiscontrolado e confiante do que nunca; em compensao, apresentava essasfases violentas de loucura clnica, cada vez mais fortes. Como um sistemaque vibrasse com a prpria realimentao, oscilando cada vez mais atatingir o ponto de ruptura.

    At ento Cbaoth no matara ningum, nem destrura equipamentos,porm na opinio de Pellaeon, era apenas uma questo de tempo at que issoacontecesse.

    Talvez o mesmo pensamento tivesse ocorrido a Thrawn. Se me matar, perde a guerra. E se perder a guerra, Leia Organa Solo e

    seus gmeos nunca sero seus.Cbaoth deu um passo na direo do assento do Grande Almirante, os

    olhos fuzilando de raiva. De repente, pareceu voltar s suas proporeshabituais.

    Voc nunca falaria dessa forma com o Imperador desabafou ele. Pelo contrrio. Em quatro oportunidades eu disse ao Imperador que

    no desperdiaria tropas e naves atacando um inimigo que ainda no estavapronto para eu derrotar revelou Thrawn.

    Apenas tolos falavam assim com o Imperador. Tolos ou quem estavacansado de viver respondeu Cbaoth.

    O Imperador tambm dizia isso. Da primeira vez em que me recusei,me chamou de traidor e entregou meu comando para outro. Depois dadestruio das foras, ele aprendeu a no ignorar minhas recomendaes.

    Por um bom tempo o Mestre Jedi examinou o rosto de Thrawn, com aprpria expresso espelhando as modificaes rpidas e emocionaisocorridas no turbilho interior.

    Poderia repetir o truque que usou em Ukio sugeriu ele, por fim. O truque dos cruzadores camuflados e dos disparos sincronizados. Euajudaria.

    muita bondade sua. Todavia, seria um desperdcio de tempo e

  • material. Em primeiro lugar, os dirigentes da Nova Repblica no iriamrender-se com tanta facilidade como os fazendeiros de Ukio. E depois, secontinussemos disparando, perceberiam que os disparos atingindo o planetano eram os mesmos do Quimera e chegariam s prprias concluses argumentou o Grande Almirante. Depois fez um gesto que abrangia oshologramas ao redor do aposento. Por outro lado, as pessoas e os lderesde Woostri so muito diferentes. Assim como os de Ukio tm medo dodesconhecido e do que julgam impossvel, eles apresentam uma tendncia deaumentar os rumores de ameaas distantes, o que nos favorece. Oestratagema dos cruzadores camuflados deve funcionar bem por l.

    Grande Almirante Thrawn... comeou Cbaoth, o rostoavermelhando-se.

    E quanto Organa Solo e seus gmeos interrompeu Thrawn comsuavidade. Pode t-los quando desejar.

    Como assim? Quero dizer que lanar um ataque concentrado a Coruscant para

    arrebatar Leia Organa Solo fora, uma ao nada prtica. Por outro lado,mandar um grupo pequeno de comandos para seqestr-la perfeitamentevivel explicou o Grande Almirante. J ordenei que a Intelignciaprepare um grupo para esse propsito. Deve estar pronto em um dia ou dois.

    Um esquadro de comandos repetiu Cbaoth, torcendo os lbios. Ser que preciso lembrar quantas vezes seus noghri falharam nesseassunto?

    Concordo. Por isso mesmo os noghri no esto participando desseplano.

    Pellaeon olhou de relance para o Grande Almirante, depois para a portada sala de comando, onde Rukh, o guarda-costas de Thrawn vigiava. Desdeque Lorde Vader recrutara os noghri para servio perptuo do Imprio, osorgulhosos caadores de pele escura insistiam em jogar a honra da raa emcada compromisso. Retir-los do trabalho, numa misso importante comoaquela, equivalia a dar um tapa no rosto de todos. Ou pior.

    Almirante? No sei se... Depois discutiremos o assunto cortou Thrawn. Por enquanto,

    tudo o que preciso saber se Mestre Cbaoth est pronto para receber seusjovens Jedi. Ou se prefere ficar discutindo o assunto.

    Devo aceitar isto como um desafio, Grande Almirante Thrawn? Aceite como quiser. S quis assegurar o xito da operao antes de

    dar a ordem final. Os gmeos esto para nascer a qualquer momento, o quesignifica que ter duas crianas alm da prpria Organa Solo para controlar.Se no tem certeza de que ser capaz de lidar com todos eles, seria melhor

  • adiar a operao, para depois do parto.Pellaeon preparou-se para nova exploso de raiva por parte do clone.

    Para sua surpresa, a reao foi outra: Minha nica dvida, Grande Almirante Thrawn, se esses comandos

    imperiais vo conseguir lidar com bebs recm-nascidos disse ele. Muito bem, ento assentiu Thrawn. Nosso encontro com o resto

    da frota vai acontecer em trinta minutos; voc ser transferido para o Moda Morte, a fim de supervisionar o ataque a Woostri. Quando voltar aoQuimera... seus Jedi estaro esperando por voc.

    Est timo, Grande Almirante Thrawn. Mas vou fazer um aviso: sefalhar desta vez, no gostar nem um pouco das conseqncias ameaouCbaoth, cofiando a barba comprida e saindo da sala.

    sempre um prazer disse Thrawn, aliviado, assim que a portafechou.

    Almirante, com o devido respeito... comeou Pellaeon. Est preocupado porque prometi Leia Organa Solo, estando ela num

    dos lugares mais seguros de todo o territrio da Rebelio? indagou osuperior.

    Isso mesmo, senhor admitiu o capito. O Palcio Imperial tido como uma fortaleza inexpugnvel.

    verdade. Mas foi o Imperador quem a construiu assim... e aconteceque em muitos aspectos, ele guardava alguns segredos sobre o palcio.Segredos que s compartilhava com alguns de seus favoritos.

    Pellaeon franziu a testa. Tais como entradas e sadas secretas? Exatamente. E agora podemos ter certeza de que Organa Solo ficar

    no palcio por algum tempo, portanto, possvel um ataque de comandos tersucesso.

    Mas no um grupo noghri.Thrawn baixou os olhos para as esculturas hologrficas que os cercavam. Existe algo errado com os noghri, capito. Ainda no sei o que , mas

    posso sentir o cheiro da traio a cada contato que mantenho com os chefesem Honoghr.

    Pellaeon recordou-se da cena desagradvel no ms anterior, quando oschefes noghri enviaram uma comisso a bordo para desculpar-se da fuga dosuspeito de traio, Khabarakh. At ento, a despeito de todos os esforospara recaptur-lo, tal fato no ocorrera.

    Talvez ainda estejam a procura de Khabarakh sugeriu o capito. E melhor que estejam, mesmo comentou Thrawn. Contudo, no

    s isso o que me preocupa. H mais. E enquanto no descobrir, os noghri

  • permanecem sob suspeita.Ele inclinou-se para a frente e digitou dois controles. As esculturas

    hologrficas foram substitudas por uma carta espacial ttica, com os planosde batalha mais importantes. S que no momento, tenho assuntos maisurgentes a tratar. Em primeiro lugar, precisamos dissuadir nosso arroganteMestre Jedi da noo errada de que dirige meu Imprio. Organa Solo e osgmeos sero a distrao que ele precisa.

    O capito pensou nas outras ocasies em que haviam tentado, efracassado.

    E se os comandos falharem? Existem contingncias. A despeito de seu poder, e at mesmo da

    imprevisibilidade, Mestre Cbaoth ainda pode ser manipulado assegurouo Grande Almirante. Depois apontou para a carta hologrfica. O que ainda mais importante nesse momento que asseguremos a continuao daguerra. At agora, a campanha est acontecendo dentro do programado. ARebelio resistiu mais do que prevamos, nos setores de Farrfin e Dolomar,mas nos outros locais, nossos alvos passaram para o domnio do Imprio.

    Eu ainda no consideraria os planetas nossos territrios preveniuPellaeon.

    E verdade. Cada um deles depende de conseguirmos uma presenaostensiva do Imprio e para isso precisamos manter nossa produo declones.

    O capito examinou a carta luminosa, procurando a resposta que osuperior desejava ouvir. Os cilindros Spaarti de clonao, escondidos hdcadas no depsito particular do Imperador, em Wayland, estavam toseguros quanto possvel na Galxia. Oculto embaixo de uma montanha,protegido por uma guarnio de soldados das tropas de assalto e cercado poruma populao local hostil, a prpria existncia do esconderijo eradesconhecida, com exceo de uns poucos comandantes do Imprio.

    Pellaeon parou. Alguns poucos comandantes e talvez... Mara Jade! Ela est convalescendo em Coruscant. Ser que sabe

    sobre o depsito? E esta a questo concordou Thrawn. Existe uma boa chance de

    que no saiba. Eu conhecia muitos dos segredos, mas precisei fazer umgrande esforo para encontrar Wayland.

    O capito concordou, com um gesto de cabea. Estivera se perguntandopor que o superior escolhera um grupo da Inteligncia para a misso. Aocontrrio das outras armas, essas unidades de comandos eram treinadastambm em mtodos no militares, tais como assassinato...

    Um grupo apenas realizar a misso, Grande Almirante?

  • Ou enviar dois? Um grupo ser o suficiente respondeu Thrawn. Os dois

    objetivos esto interligados para permitir isso. E neutralizar Jade no implicaem mat-la.

    Pellaeon franziu a testa. Porm, antes que tivesse oportunidade deperguntar, o superior tocou o controle e a carta ttica foi substituda por ummapa do setor Orus.

    Por enquanto, acho que bom ressaltar a importncia de Calius sajLeeloo para nossos inimigos. J chegou o relatrio do governador Staffa?

    Sim, senhor disse Pellaeon, apanhando a prancheta de dados. Skywalker saiu ao mesmo tempo em que nosso transporte forjado epresume-se que tenha partido na mesma direo. Se isso se confirmar,chegar ao sistema Poderis nas prximas trinta horas.

    Excelente. Com certeza se comunicar com Coruscant antes dechegar a Poderis. O desaparecimento dele vai convencer a todos queencontraram nosso corredor de trfego dos clones.

    Sim, senhor concordou o capito, mantendo as dvidas para simesmo, j que o superior devia saber o que fazia. Mais uma coisa,senhor. Recebemos um segundo relatrio depois do de Staffa, com o cdigode segurana da Inteligncia.

    J sei. Foi de Fingal, o ajudante. Um homem com o tipo de lealdadedo governador Staffa precisa de um discreto co de guarda ao lado. Haviaalguma discrepncia entre os relatrios?

    S uma, senhor. O segundo fornece uma descrio detalhada docontato de Skywalker, um homem que Staffa identificou como um dosprprios agentes. Na verdade, a descrio de Fingal sugere que seja TalonKarrde.

    Que interessante comentou, pensativo, o Grande Almirante. Nosso Fingal tem alguma explicao para a presena de Karrde em Calius?

    Segundo ele, existem indcios de que o governador Staffa mantm umarranjo comercial com Karrde h vrios anos informou Pellaeon. Fingal contou que pretendia aprision-lo e interrog-lo, mas no havia formade fazer isto sem prevenir Skywalker.

    Certo... bem, o que est feito, est feito. E se era apenas contrabando,no h mal algum disse Thrawn, por fim. Todavia, no podemostolerar contrabandistas se metendo em nossos negcios e bisbilhotando noque no pode ser divulgado. Karrde j provou ser capaz de causar umbocado de encrenca.

    Por um instante, o Grande Almirante fitou o holograma do setor Orus.Depois, voltou-se para Pellaeon:

  • Mas por enquanto temos nossos prprios assuntos a resolver. Calculeo curso para o sistema Poderis, capito. Quero o Quimera l no prazo d