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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CINCIAS BIOLGICAS CCB

Ocypode quadrata (Maria-farinha)

Disciplina: Ecologia de Populaes Alunas: Girleyde Lima Livia Lais Maria Cristina Priscila Vasconcelos Rayane Pessoa

SUMRIO

Resumo Pg1. Introduo----------------------------------------------------------- 4 2. Hipteses------------------------------------------------------------ 6 3. Objetivos------------------------------------------------------------ 7 4. Material e Mtodos------------------------------------------------ 8 5. Resultados ---------------------------------------------------------- 9 6. Discusso------------------------------------------------------------12 7. Concluso----------------------------------------------------------- 13 8. Referncias bibliogrficas---------------------------------------- 14

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RESUMO

Com objetivo de fazer a caracterizao das tocas de Ocypode quadrata, foi analisada num perodo de um dia (30 de Setembro de 2011) diferentes reas, uma localizada na Praia de Maracape e outra localizada na Praia do Pontal de Maracape. Para anlise da distribuio de tocas foi utilizado o mtodo de transects facilitando a contagem utilizando palitos de madeira, barbantes e trena. Ambas as reas que totalizavam 200m cada, foram divididas em quadrantes de 2m x 10m. Alm da distribuio das tocas foram analisados o dimetro delas. A anlise da distribuio espacial indicou uma preferncia para a construo das tocas a partir de 16 m de distncia da linha d` gua na regio de praia e de 3m na regio do Pontal, e de 2-3 m de distncia em relao a linha superior da praia na regio de dunas tanto na praia quanto no Pontal . Com relao ao dimetro das tocas foi observado que as tocas de dimetro maior esto localizadas mais prximas da regio supralitoral e as tocas de dimetro menor esto localizadas mais prximas da regio infralitoral.

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1. INTRODUO

Apesar da aparente pobreza das comunidades biolgicas, as praias arenosas apresentam uma fauna de invertebrados residentes e que so altamente adaptados s condies adversas predominantes na faixa entre-mars (VELOSO et al. 1997) e muitas espcies de vertebrados que usam o ecossistema em alguma fase da sua vida para descanso, reproduo ou alimentao (MCLACHLAN, 1983 apud VELOSO et al). Carangueijos-fantasma ou Maria-farinha como popularmente conhecido em Recife, so os mais difundidos do gnero Ocypode (Crustacea, Decapoda), sendo comumente encontrado em praias arenosas tropicais e subtropicais de todo o mundo (MCLACHLAN &BROWN 2006 apud ROSA & BORZONE). 1787),

Apenas uma espcie, Ocypode quadrata (FABRICIUS,

representante desse gnero na costa brasileira (MELO, 1996 apud HILLESHEIM, 2005).

Uma caracterstica muito importante da Maria Farinha que os indivduos adultos so sensveis ao frio, mas apresentam boa resistncia ao calor, dependendo do grau de umidade de seus canais branquiais (MILNE & MILNE ,1946 apud HILLESHEIM, 2005 ), sendo 16C como a mnima extrema temperatura de atividade normal. Representantes desta espcie apresentam grande importncia ecolgica como consumidores de detritos orgnicos e transferidores de energia entre diferentes nveis trficos(PHILLIPS, 1940; FALES, 1976; WOLCOTT,1978 apud ALBERTO & FONTOURA, 1999),

alm de ser

uma espcie til como bioindicadora, sendo sua presena importante para avaliar impactos ambientais do ecossistema. Nos ambientes costeiros, a distribuio da espcie pode ser determinada pelo gradiente de condies gerada pela amplitude das mars. Nas praias, essa amplitude define trs regies. O supralitoral a regio acima da linha da mar alta, raramente inundada. A regio mais baixa da praia denominada de infralitoral e o mdio litoral, ou regio entremars, compreende a rea entre a linha das mars baixa e alta sendo coberta e descoberta pelas mars duas vezes ao dia (RODRIGUES & SHIMIZU, 1995 apud CORTE et al.). Nessas trs regies, os organismos podem se distribuir em funo da disponibilidade de recursos e/ou de sua capacidade de evitar a perda de gua. Os indivduos constroem tocas semi-permanentes desde o mediolitoral (zona entremars) at o supralitoral (MELO, 1996 apud HILLESHEIM, 2005), sendo que os indivduos jovens dessa espcie ocorrem principalmente na zona mediana da entremars, enquanto que os adultos constroem tocas predominantemente no supralitoral (TURRA, 2005 apud ROSA &BORZONE, 2008), suas tocas esto separadas podendo alcanar um metro ou mais de 4

profundidade, estando geralmente inclinadas, e em forma de J (BARNES, 1990). O hbito de se ocultarem em tocas importante fator de sobrevivncia nas praias cujo trfico de pessoas intenso (WOLCOTT, 1978 apud HILLESHEIM, 2005). Em todo o mundo as praias arenosas vm sofrendo crescente descaracterizao e degradao em razo da ocupao desordenada e crescimento do turismo, e no Brasil, particularmente, isso no diferente, pois no h planejamento ambiental adequado. Alm das adversidades naturais, as populaes de O. quadrata em praias com um elevado grau de antropizao, so submetidas a uma srie de perturbaes como, deposio de lixo, trfego de veculos e em algumas praias o reviramento do sedimento causado pelos veculos responsveis pela limpeza das mesmas (WOLCOTT, 1978 apud HILLESHEIM, 2005).

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2. HIPTESES

A presena de areias finas e quentes presentes no Pontal de Maracape mais especificamente na rea prxima a vegetao (Mata de Restinga), contribui significativamente para o maior nmero e dimetro das tocas nessa regio. Alm disso, a rea do Pontal por sofrer menos ao antrpica influenciaria o resultado. Pode-se analisar que os Ocypode quadrata jovens no ocupam a mesma rea que os adultos por no terem se desenvolvido adequadamente a ao do ambiente.

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3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Analisar dimetro e distribuio de tocas de Ocypode quadrata em rea previamente

demarcadas na Praia de Maracape e Pontal de Maracape. 3.2 Objetivos Especficos Encontrar justificativas para os resultados encontrados nos dois lugares aps anlises

nas reas definidas. Ver a relao da distribuio e dimetro de juvenis e adultos de Ocypode quadrata

desde o supralitoral at o infralitoral.

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4. MATERIAL E METDOS

O presente estudo foi realizado no dia 30 de setembro de 2011, na praia de Maracape, localizada a 75 km do Recife no litoral sul de Pernambuco, tendo como coordenadas 8 31 45 S 35 O 34 W. A praia de Maracape bastante antropizada, sendo ponto turstico e apresentando grande quantidade de prticas esportivas e trfego de veculos automotores, alterando assim a fauna e flora do local. Para a coleta de dados foram feitos transectos de 2x10m com o auxlio de trena, palitos de madeira e barbante para demarcar a rea de estudo. Os transectos foram realizados desde a regio do supralitoral, onde havia uma pequena Mata de Restinga, at a regio do mdio litoral. Nas reas demarcadas foram contadas e medidas o dimetro da toca de Ocypode quadrata. A anlise foi realizada em duas reas distintas, uma na praia de Maracape rea mais antropizada e outra no Pontal de Maracape, menos antropizada. A primeira rea analisada localizada na praia de Maracape exposta e bastante antropizada apresentando pouca vegetao e sedimento arenoso mdio. A segunda rea analisada, localizada no pontal de Maracape, regio de mangue e com uma vasta Mata de Restinga, foi utilizada a mesma metodologia que na primeira rea para a contagem e metragem das tocas de Ocypode quadrata.

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5. RESULTADOS

Durante o perodo de estudo dados foram coletados e esses representados em tabelas e grfico. Na tabela I mostra o numero de tocas nas diferentes regies analisadas na praia de Maracape e a tabela II mostra o mesmo mas, a partir da anlise feita no Pontal de Maracape tendo como total nmero de tocas 7 e 39 respectivamente.

Tabela I. Ocypode quadrata. Distribuio (em nmeros) de tocas, entre as reas na regio praial e de dunas, na Praia de Maracape (rea I) em 30 de Setembro de 2011.

rea I Praia Maracaipe

Transe cts I II III IV V

Regio Duna 6 1 0 0 0 Praia 0 0 0 0 0

Tabela II. Ocypode quadrata. Distribuio (em nmeros) de tocas, entre as reas na regio praial e de dunas, no Pontal de Maracape (rea II) em 30 de Setembro de 2011.

rea II Pontal Maracaipe

Transe cts I II III IV V

Regio Duna 3 2 6 5 2 Praia 1 2 12 5 1

De acordo com a tabela pode-se observar que houve diferenas significativas na abundncia entre a regio praial e de dunas e entre a as duas regies estudadas (praia e pontal). A rea mais abundante em nmero de tocas foi a de supra litoral (dunas) tanto na praia quando no pontal . Com relao a anlise feita na rea da praia de Maracape foi constatado um maior nmero de tocas no primeiro transect prximo as dunas ou seja , nos dois primeiros metros9

mais prximos a vegetao contendo 6 tocas com mdia dos dimetros igual a 2,5 cm. No segundo transect dessa mesma rea foi encontrado apenas uma toca de dimetro 2,42 cm. A partir do terceiro quadrante no foi constatada a ocorrncia de tocas.Os dados obtidos referentes ao nmero de tocas e dimetro das mesmas esto sendo representados nas figuras 1 e 2 respectivamente.

7 N m ero d to a e cs 6 5 4 3 2 1 0 2 4 6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 1 8 2 0 Sr 2 ie

D t ni e Mt o i c m er s s a

Figura 1. Distribuio das tocas de Ocypode quadrata em funo da distancia em relao linha d`gua at a margem da duna, na Praia de Maracape.

D m i etro d stoc s(c ) a a m

2 2 ,5 2 ,5 2 8 ,4 2 6 ,4 2 4 ,4 2 2 ,4 2 ,4 2 8 ,3 2 4 6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 1 8 2 0 S rie1

D t ni d st c s( m i ca a oa c ) s

Figura 2. Dimetro mdio das tocas de Ocypode quadrata em funo da distancia em relao linha d`gua at a margem da duna, na Praia de Maracape.

Na segunda rea estudada (Pontal de Maracape), teve maior incidncia de tocas nos intervalos de 4-6m (transect 2) e 14-16 m (transect 8) no sentido infralitoral (mais prximo a linha dgua) pra supralitoral (prximo a vegetao), onde cada intervalo constou de 12 e 6 tocas respectivamente e media de dimetro 4,25 cm no primeiro intervalo e 2,33 cm no segundo intervalo. Os quadrantes que tiveram menor ndice de tocas foram 1 e 5 constando10

apenas uma 1

toca em cada, a mdia dos dimetros nessas reas foi de 3 - 2,66 cm

respectivamente. Os dados obtidos referentes ao nmero de tocas e mdia dos dimetros dessa segunda rea esto sendo representados nas figuras 3 e 4 respectivamente.

1 2 1 1 1 0 9 8 NT c s oa 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 Ta s cs r net 6 7 8 9 1 0 NT c s oa

Figura 3. Distribuio das tocas de Ocypode quadrata em funo dos transects ( 2m cada ) em relao linha d`gua at a margem da duna, no Pontal de Maracape.

4 ,5 D m i etrosda T a s oc s 4 3 ,5 3 2 ,5 2 1 ,5 1 0 ,5 0 2 4 6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 1 8 2 0 M ias d

D t c e m tro is n ia m e s

Figura 4. Dimetro mdio das tocas de Ocypode quadrata em funo dos transects (2 metros cada) em relao linha d`gua at a margem da duna, no Pontal de Maracape.

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6. DISCUSSO Houve diferenas significativas no nmero de tocas encontradas nas duas reas, praia e pontal, sendo no pontal a rea de maior incidncia de tocas, isso acontece porque o Pontal uma rea com menos ao e presena do homem, ou seja, menos antropizada alm de ser um ambiente mais propcio para os Ocypode quadrata, pois a areia mais fina, clara e a mar, quando cheia, dificilmente atinge a rea analisada deixando a areia mais quente e o local mais apto ao Ocypode quadrata. Essa distncia existente entre a linha dgua e as tocas tambm influencia pos evita a destruio das mesmas pela ao da mar.Com relao ao dimetro das tocas , a rea que teve maior media foi a rea II(rea do Pontal) podendo deduzir que h uma competio entre eles por reas em lugares mais favorveis ao desenvolvimento que seria as reas com as caractersticas citadas e que se encontram com mais facilidade no pontal , e essa competio favorece aos animais de maior porte e so esses que constroem as tocas com maiores dimetro, alm disso existe a hiptese de que a distribuio de Ocypode quadrata estaria associada ao desenvolvimento ontogentico, pois os indivduos jovens tem menor resistncia a dessecao e, a medida que se desenvolvem, podem ocupar reas mais secas (Corte et al). Nas duas reas o ndice de construo de tocas foi maior nas reas de supralitoral tambm pelos mesmos motivos que esto mais presentes no Pontal, pois praticamente todas as caractersticas presentes no Pontal, esto presentes na regio de dunas na Praia de Maracape.

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7. CONCLUSO

Foi constatado que a densidade e o dimetro das tocas tm importantes diferenas entre as reas de Praia e do Pontal de Maracape, assim como nas regies praial e de duna. As tocas de menor dimetro predominaram nas reas prximas linha dgua (animais juvenis) e as tocas com maiores dimetros na parte supralitoral da praia (animais adultos), caracterizando uma forte correlao com rea no antropizada, havendo tambm presena de areia fina com temperatura muito alta na regio de duna favorecendo assim, um ambiente adequado para sobrevivncia e reproduo desses animais e a distribuio de O. quadrata estaria tambm associada ao desenvolvimento ontogentico, pois os indivduos jovens tm menor resistncia dessecao e, medida que se desenvolvem, podem ocupar reas mais secas (prximas ao supralitoral). O fluxo de pessoas e a passagem do veculo de limpeza parecem influenciar na densidade e nos padres de distribuio espacial encontrados para O. quadrata alm da ao da mar destruindo as tocas mais prximas a linha dgua. Este estudo foi uma maneira rpida e fcil de analisar o impacto antrpico, mas necessrio especificar os impactos e fatores locais que esto influenciando a distribuio etria de Maria-farinha. Considerando os efeitos negativos da urbanizao e do uso descontrolado das praias em sua biota, recomenda-se a adoo de medidas sistemticas de controle da qualidade ambiental em reas costeiras para conservao de sua biodiversidade (Corte et al).

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8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

ALBERTO, R. M. F & FONTOURA, N. F., 1999. Distribuio e estrutura etria de Ocypode quadrata (FABRCIUS, 1787) (CRUSTACEA, DECAPODA, OCYPODIDAE) em praia arenosa do litoral sul do Brasil. ARAJO, C. C. V., ROSA, D. M. & FERNANDES, J.M., 2008. Densidade e distribuio espacial do caranguejo Ocypode quadrata (FABRICIUS, 1787) (CRUSTACEA, OCYPODIDAE) em trs praias arenosas do Esprito Santo, Brasil. CORTE, G. N., GONALVES, A. Z., SILVA, D. P., STUART, J. & MUNARI, L..Distribuio de Maria -farinha Ocypode quadrata (CRUSTACEA, DECAPODA) na regio entremars. HILLESHEIM, J. C., 2005. Bioecologia do caranguejo Maria-farinha Ocypode quadrata (FABRICIUS, 1787), na regio de praia brava, Itaja, SC, Brasil. ROSA, L. C. & BORZONE, C. A., 2008. southern Brazil. Spatial distribuition of the Ocypode quadrata

(CRUSTACEA: OCYPODIDAE) along estuarine environments in the Paranagu bay complex,

RUPPERT, E. E.; FOX, R. S.; BARNES, R. D. Zoologia dos invertebrados: uma abordagem funcional-evolutiva. 7.ed. So Paulo: Rocca, 1990. VELOSO, V. G, SILVA, E. S., CAETANO, C. H.S., CARDOSO, R. S., 2006. Comparison between the macroinfauna of urbanized and protected beaches in Rio de Janeiro State, Brazil.

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