Grupo 07 a gramática na escola ppw

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A GRAMÁTICA NA ESCOLA Língua Portuguesa: o ensino de gramática 1

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A GRAMÁTICA NA ESCOLALíngua Portuguesa: o ensino de gramática

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Para falarmos do ensino de gramática, é preciso lembrar antes que toda metodologia é resultado de uma série de opções que o professor faz, individualmente ou no contexto escolar isso configuram aquilo em que o professor acredita e, portanto, são elas que dão forma às atividades de ensino/aprendizagem em sala de aula. Desse modo, uma real mudança de postura metodológica do professor só acontecerá se as opções e crenças que o guiam no ensino-aprendizagem mudarem.

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O que é gramáticaO termo gramática pode ser usado com mais

de um valor, por isto, para falar de ensino de gramática, é importante saber o que se

entende por gramática.

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Há três concepções básicas e importantes de gramática: Gramática é o próprio mecanismo da língua presente nas mentes das pessoas e que lhes permite utilizar a língua tanto para dizer (falando ou escrevendo), quanto para compreender o que é dito (ouvindo ou lendo). É o que se chama de gramática internalizada. Esta é o saber lingüístico que um falante adquiriu, tendo em vista suas capacidades e o meio em que cresceu. Quando o aluno chega à escola, ele já sabe esta gramática.

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Gramática DescritivaEsta gramática resulta do trabalho dos

lingüistas ou estudiosos da língua que buscam dizer como é o mecanismo da língua de que falamos, ou seja, como a língua é constituída (quais são suas unidades, categorias, construções) e como ela funciona.

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Gramática Normativa Esta é constituída por regras que a

sociedade estabeleceu para o uso da língua. Por muito tempo a gramática normativa foi baseada exclusivamente na variedade da língua que chamamos de “culta e padrão” Esta variedade foi eleita pela sociedade sobretudo, por um critério elitista.

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Além desse critério outros são essencialmente:

a) Lógicos baseados na estruturação do pensamento a

partir da concepção de língua como forma de expressão do pensamento.

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b) Políticos como o nacionalismo, que recomenda que

não se usem estrangeirismos, ou seja, palavras e construções de outras línguas.

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c) Comunicacionais pelos quais se recomenda a clareza, a

precisão, a concisão da linguagem e se condenam como defeitos o que é difícil de compreender e deixa dúvida, a imprecisão.

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d) Históricos que recomendam ou não o uso de

determinados modos de dizer meramente por tradição. Este critério é altamente problemático, pois ele se aplica a alguns fatos e não a outros (por exemplo: ninguém exige que hoje se fale “asinha” em vez de “depressa”, porque antigamente era assim).

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e) Estéticos pelos quais se recomenda fugir a tudo o que

enfeie a língua como pleonasmos viciosos ex. “Vi com meu olhos”, ecos, cacofonias que é o som desagradável ex. “Aqui não tem pão, mas lá tinha” e se use o que a torne mais bela, como eufonia, figuras de linguagem, harmonia.

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Antigamente, a gramática normativa era constituída por uma série de recomendações. O que se podia usar era o que estava de acordo com a norma culta e era “certo” e o que não se podia usar era o que não estava de acordo com a norma culta e era “errado”. O conceito de certo e errado foi substituído por outro: o de adequado e não adequado. Temos que ensinar a norma culta e padrão aos alunos, explicitando como ela é e quando deve ser usada, mas não dizer para o aluno que o outro modo de dizer (que é permitido pela

língua) nunca pode ser usado.

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Cabe à escola ensinar a variedade chamada “Português padrão e/ou culto”, tendo cuidado para não impor essa variante como modelo único de uso da língua na fala e na escrita, mas sim como uma variedade importante em nossa sociedade e que devemos usar em dadas circunstâncias que devemos indicar aos alunos.

É importante lembrar que a língua apresenta variedades de três tipos:

1. dialetos

3. registros

De regiãoDe classe socialDe sexoDe históricoDe idade De função

2.modalidades

Língua oralLíngua escrita

Grau de formalismo

Que vai do formal ao coloquial

Sintonia com várias dimensões

StatusTecnicidadeCortesia norma

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Concepção de LinguagemPodemos conceber a linguagem de três

modos:

a) como expressão do pensamento; b) como código objetivo de

comunicação, pelo qual transmitimos informações aos outros;

c) como forma de interação.

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Objetivos de ensino de Língua PortuguesaEm nossas aulas de Português para falantes da

língua, podemos agir com objetivos diferentes. Basicamente podemos:

Ensinar sobre a língua

Ensinar a língua

Formando pessoas que são capazes de analisar a língua, com conhecimento teórico

Formando usuários competentes da língua

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Nossa proposta é que a formação de usuários competentes da língua é o objetivo prioritário do ensino de língua materna, embora não o único. Entende-se que um usuário da língua tem competência comunicativa quando é capaz de usar os diferentes recursos da língua de forma adequada à produção e à compreensão de textos.

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Os recursos lingüísticos funcionam como pistas e instruções de sentido, para transmitir elementos de significação. Se os recursos da língua são pistas e instruções de sentido, ao trabalhar com o ensino de gramática, adotamos, sobretudo, a concepção pedagógica de que no ensino, para o desenvolvimento da competência comunicativa, a gramática deve ser vista como um estudo das condições lingüísticas da significação.

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Organização do Ensino Geralmente, as atividades de

ensino/aprendizagem de língua materna costumam ser divididas e organizadas em cinco grandes blocos:

1- Vocabulário;2- Gramática;3- Produção de textos;4- Compreensão de textos;5- Ensino de recursos e convenções da língua

escrita, incluindo ortografia e pontuação.

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Essa divisão em blocos das atividades de ensino/aprendizagem de língua é mais uma questão

de facilidade de organização didático-pedagógica, porque, na verdade, todos os elementos da língua atuam em conjunto na constituição e funcionamento dos textos e fazem parte da gramática da língua Portanto, deve-se entender essa divisão apenas como um artifício para organizar o estudo da língua e o trabalho correspondente em sala de aula.

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As atividades de ensino de gramática podem ser

organizadas a partir de dois pilares básicos:a) os recursos da língua;b) as instruções de sentido

No caso dos recursos da língua podemos partir e trabalhar verificando que efeitos de sentido eles são capazes de produzir em textos diversos.

No caso das instruções de sentido, partimos de um valor e buscamos todos os recursos da língua que podem exprimir a instrução de sentido em questão, estabelecendo diferenças entre eles. Exemplos são: comparação, quantidade, as modalidades (como a certeza e a incerteza), causa e conseqüência, alternativa, adição, oposição, tempo, lugar, modo, etc.

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Mais de uma vez falamos em recursos da língua. São recursos da língua:Todas as suas unidades: no plano fonético-

fonológico, morfológico; lexical , sintático, semântico, textual.

b) Todas as formas de construção : ordem direta ou inversa, a ordem em geral, coordenação, subordinação, repetições, concordância, etc.

c) As categorias gramaticais: gênero, número, pessoa, tempo, modalidade, voz, aspecto

d) Recursos supra-segmentais, tais como entonações, pausas, altura de voz, ritmo

e) Outros.

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Ensino de gramática Como vimos, uma vez que nosso objetivo

prioritário é o desenvolvimento da competência comunicativa o que vai orientar a escolha dos recursos da língua em função do efeito de sentido que se quer produzir e de acordo com a situação de interação comunicativa.

Por exemplo: Se tenho sede, e quero conseguir água numa dada situação (por exemplo, um professor dando um curso em uma escola para colegas até então desconhecidos), posso falar de várias formas mas qual ou quais será(ão) mais ou menos adequado(s)?

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a) Fulano, vai buscar um copo de água para mim, anda! (com entonação de ordem)

b) Estou com a boca seca.c) Fulano, seria muito difícil me arrumar um

copo de água? (com entonação de pedido gentil)

d) Por favor, alguém podia me arrumar um pouco de água para beber? (com entonação de pedido gentil)

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A gramática da língua é uma só: é o mecanismo lingüístico que permite ao usuário da língua falar, escrever, ouvir e ler, comunicando-se por meio de textos lingüisticamente compostos.

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O texto sugere em Travaglia (1996), quatro tipos de atividades de ensino de gramática que tem como modo de abordar esse mecanismo e desenvolver a competência comunicativa dos alunos, são elas:

a) gramática teórica;b) gramática de uso;c) gramática reflexiva;d) gramática normativa

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Estes tipos de atividade não precisam ser usados sempre separadamente, às vezes, para abordar um dado tópico, podemos lançar mão ao mesmo tempo de mais de um tipo de atividade. É o caso, por exemplo, do que pode ser feito ao estudar a correspondência entre oração adjetiva e adjetivo. Ex. O aluno estudioso é aprovado. O aluno que estuda é aprovado.

Uma atividade pode ser ao mesmo tempo de mais de um tipo, que são simultaneamente reflexivas e de uso.

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Considerações finaisComo se pode perceber, o ensino de gramática

é um problema complexo, que envolvemúltiplas facetas que o professor não pode

negligenciar ao preparar as atividades deensino/aprendizagem para trabalhar com seus

alunos. Nosso objetivo, neste texto, foi chamara atenção do colega professor para questões

básicas envolvidas no ensino/aprendizagem dagramática da língua, dentro de uma perspectiva

textual-interativa, recomendada pelos PCN.

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ACADÊMICASAdriana PachecoElaine EvangelistaLuciane AndradeSilvia Cristina V. Borges