Grito de liberdade - ANABB · somará com o de 2005 e ao alcançar três anos consecutivos de...

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1 Ação jan/fev 2005 Grito de liberdade 15 mil aposentados vão ter aumento nos benefícios. É a primeira vitória de quem se aposentou após 97 e teve cortes nos benefícios depois da criação da Parcela Previ. ANABB lança novo site. Associado pode fazer consultas, resolver pendências e até falar com a Associação, pela Internet. A aposentadoria muda a rotina. Pode tornar a vida enfadonha ou ser ponto de partida para realizar sonhos antigos e descobrir novos prazeres, como relataram vários aposentados ao Jornal Ação. É uma opção pessoal, que deve ser acompanhada de cuidados com a saúde do corpo e da mente. A aposentadoria muda a rotina. Pode tornar a vida enfadonha ou ser ponto de partida para realizar sonhos antigos e descobrir novos prazeres, como relataram vários aposentados ao Jornal Ação. É uma opção pessoal, que deve ser acompanhada de cuidados com a saúde do corpo e da mente.

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1Ação jan/fev 2005

Grito de liberdade

15 mil aposentados vão ter aumento nos benefícios. É a primeira vitória dequem se aposentou após 97 e teve cortes nos benefícios depois da criação daParcela Previ.

ANABB lança novo site. Associado pode fazer consultas,resolver pendências e até falar com a Associação, pelaInternet.

A aposentadoria muda a rotina. Podetornar a vida enfadonha ou ser ponto departida para realizar sonhos antigos edescobrir novos prazeres, como relataramvários aposentados ao Jornal Ação. É umaopção pessoal, que deve ser acompanhadade cuidados com a saúde do corpo e damente.

A aposentadoria muda a rotina. Podetornar a vida enfadonha ou ser ponto departida para realizar sonhos antigos edescobrir novos prazeres, como relataramvários aposentados ao Jornal Ação. É umaopção pessoal, que deve ser acompanhadade cuidados com a saúde do corpo e damente.

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2 Ação jan/fev 2005

DIRETORIA EXECUTIVAVALMIR CAMILOPresidente

GRAÇA MACHADODiretora Administrativa e Financeira

ÉLCIO BUENODiretor de Comunicação e Desenvolvimento

DOUGLAS SCORTEGAGNADiretor de Relações Funcionais, Aposentadoriae Previdência

EMÍLIO S. RIBAS RODRIGUESDiretor de Relações Externas e Parlamentares

CONSELHO DELIBERATIVOANTONIO GONÇALVES (Presidente)Ana Maria Dantas LeiteAugusto Silveira de CarvalhoCamillo Calazans de MagalhãesCecília Mendes Garcez SiqueiraDenise Lopes ViannaÉder Marcelo de MeloFernando Amaral Baptista FilhoHenrique PizzolatoInácio da Silva MafraJosé Antônio Diniz de OliveiraJosé BranissoJosé Sampaio de Lacerda JúniorLuiz Antonio CareliMário Juarez de OliveiraMércia Maria Nascimento PimentelPaulo Assunção de SousaRomildo Gouveia PintoTereza Cristina Godoy Moreira SantosVitor Paulo Camargo GonçalvesWillian José Alves Bento

CONSELHO FISCALCLÁUDIO JOSÉ ZUCCO (Presidente)Antonio Carlos Lima RiosAntonia Lopes dos SantosHumberto Eudes Vieira DinizNaide Ribeiro JuniorOsvaldo Petersen Filho

DIRETORES ESTADUAISMarcos de Freitas Matos (AC)Ivan Pita de Araújo (AL)Marlene Carvalho (AM)Aliete Maria Cunha Sarmanho (AP)Pedro Paulo Portela Paim (BA)Francisco Henrique Ellery (CE)Elias Kury (DF)Sebastião Ceschim (ES)Saulo Sartre Ubaldino (GO)Miguel Ângelo R. e Arruda (MA)Francisco Alves E. Silva (MG)Edson Trombine Leite (MS)Armindo Vitor da Silva Filho (MT)José Marcos de Lima Araújo (PA)André Luiz de Souza (PB)Luiz Gonzaga Ferreira (PE)José Ulisses de Oliveira (PI)Aníbal Rumiato(PR)Antonio Paulo Ruzzi Pedroso (RJ)Herminio Sobrinho (RN)Francisco Assumpção (RO)Maria de Jesus M. Mourão (RR)Edmundo Velho Brandão (RS)Carlos Francisco Pamplona (SC)Emanuel Messias B. Moura Júnior (SE)Armando Cesar F. dos Santos (SP)Crispim Batista Filho (TO)

ANABB - SCRS 507, bl. A, lj. 15 CEP: 70351-510 Brasília/DF

Atendimento ao associado: (61) 442.9696 Geral: (61) 442.9600

Site: www.anabb.org.br E-mail: [email protected]

Redação: Ana Cristina Padilha e Fernando Ladeira

E-mail: [email protected]

Edição e Editoração: Optare Comunicação

Editora e jornalista resp.: Renata Feldmann Revisão: Antônio Menezes

Periodicidade: mensal Tiragem:104 mil Capa: Keystone

Impressão: Gráfica e Editora Positiva Fotolito: Colorpress

Este espaço destina-se à opinião dos leitores. Por questão de espaço e estilo, as cartas podem ser resumidas e editadas.Este espaço destina-se à opinião dos leitores. Por questão de espaço e estilo, as cartas podem ser resumidas e editadas.Este espaço destina-se à opinião dos leitores. Por questão de espaço e estilo, as cartas podem ser resumidas e editadas.Este espaço destina-se à opinião dos leitores. Por questão de espaço e estilo, as cartas podem ser resumidas e editadas.Este espaço destina-se à opinião dos leitores. Por questão de espaço e estilo, as cartas podem ser resumidas e editadas.Serão publicadas apenas correspondências assinadas e que sejam selecionadas pelo Conselho Editorial da Serão publicadas apenas correspondências assinadas e que sejam selecionadas pelo Conselho Editorial da Serão publicadas apenas correspondências assinadas e que sejam selecionadas pelo Conselho Editorial da Serão publicadas apenas correspondências assinadas e que sejam selecionadas pelo Conselho Editorial da Serão publicadas apenas correspondências assinadas e que sejam selecionadas pelo Conselho Editorial da ANABBANABBANABBANABBANABB.....As cartas que referem-se a outras As cartas que referem-se a outras As cartas que referem-se a outras As cartas que referem-se a outras As cartas que referem-se a outras entidadesentidadesentidadesentidadesentidades, como Cassi e Previ, serão encaminhadas às entidades competentes., como Cassi e Previ, serão encaminhadas às entidades competentes., como Cassi e Previ, serão encaminhadas às entidades competentes., como Cassi e Previ, serão encaminhadas às entidades competentes., como Cassi e Previ, serão encaminhadas às entidades competentes.

HISTORIADOR DA MÚSICA

Parabenizo a repórter Ana Cristina Padilhae o fotógrafo Evilázio Bezerra pela excelen-te reportagem sobre o ex-funcionário doBB, Christiano Câmara, que tem um dosmaiores acervos de discos de vinil no Bra-sil. Aproveito para expressar as minhas sin-ceras felicitações a este senhor que tão ca-rinhosamente vem cuidando de um mate-rial de grande importância histórica.Benjamin Nunes PereiraSindicato dos Bancários de Vitória daConquista - BA

PAI 50 X PEAIndignados com a falta de ética da direto-ria do Banco do Brasil, alguns ex-funcioná-rios de Sergipe, que aderiram ao PAI 50,ajuizaram ação na Justiça do Trabalho doEstado. Apesar de repetir exaustivamenteque não haveria outro plano semelhanteno futuro, induzindo o funcionário a aderirao PAI 50, o BB editou outro plano deaposentadoria incentivado, o PEA. Oplano tem o mesmo objetivo, porém commelhores condições. Ao agir assim, oBanco sobrepujou e afrontou a dignidadedo trabalhador, ferindo a ética, amoralidade, a isonomia, a boa-fé, entreoutros princípios constitucionais que nor-teiam e devem nortear as relações huma-nas e trabalhistas em qualquer empresa,seja pública ou privada. A resposta da Jus-tiça do Trabalho foi célere. Já foram ajui-zadas três ações, todas elas julgadas pro-

cedentes em primeira instância. Agora, éaguardar o julgamento dos recursos impe-trados pelo BB.Evaldo Rui EliasAracaju - SE

FGTS E IRRecebi o valor referente à ação FGTS-Pla-nos Econômicos. A quantia foi suficientepara liquidar um financiamento imobiliáriojunto à PREVI/CARIM e ainda fiz umapequena reforma no imóvel. Agradeço aessa Associação pelo empenho na condu-ção do processo. Entidades comoa ANABB nos dão alguma esperança dever corrigidas tantas injustiças cometi-das pelos diversos governos que se suce-dem. Gostaria também de saber a quantasanda a ação do Imposto de Renda sobre avenda de licenças-prêmio e abonos.José Batista de SouzaCamboriú - SC

Seguindo orientação da ANABB/DIFAP, efe-tuei, com muita alegria, o saque de R$93.217,96 referentes ao FGTS junto à CaixaEconômica Federal. Agradeço sinceramen-te a todos os dirigentes dessa Associação,aos seus advogados e funcionários, a quematribuo a feliz conclusão desse processo ju-dicial. Aproveito para corroborar o que pormuitas vezes li em cartas de colegas nestejornal: ter uma entidade eficiente como aANABB, para nos orientar e lutar por nossosdireitos, é um bem inestimável, do qual ja-mais poderemos abrir mão. Parabéns emuitíssimo obrigado.Valmir da SilvaSanto André - SP

Quero noticiar com satisfação que recebitodos os valores pleiteados na Justiça rela-tivos às ações do FGTS. Agradecendo acompetência da equipe de advogados daANABB, parabenizo a todos os companhei-ros da Associação pela dedicação de-monstrada. Valeu, pessoal!Luciano LykawkaNovo Hamburgo - RS

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3Ação jan/fev 2005

Valmir CamiloPresidente da ANABB

Esta semana fui compelido a examinar números inimagináveis para pobres mortais brasileiros.Os mais de 70 bilhões de reais em ativos da Previ são por demais significativos. Só não são maissignificativos que a capacidade, da própria Previ, de gerar superavits. Então passei a fazer contas:mais de 11 bilhões em 1997, mais de 5 bilhões em 2000 e quase 10 bilhões em 2004. Em 1997, osuperavit foi usado para ajustar as contas com o pessoal admitido pelo Banco antes de 1967 eintroduzir mudanças no regulamento do plano de benefício 1; em 2000, para implantar a paridadecontributiva de 1 por 1 entre o Banco e patrocinadora e, por conta de decisão judicial, criar o FundoParidade, fruto da disputa entre participantes e patrocinadora; o de 2004, só Deus sabe. Talvez sesomará com o de 2005 e ao alcançar três anos consecutivos de superavits (2003, 2004 e 2005)servirá para outro acerto de contas.

É impressionante como uma entidade, empresa, fundação, sei lá, tem tanta capacidade degerar riqueza e tão pouca capacidade de produzir democracia. No passado recente, o problemaeram os governos neoliberais. Hoje, qual é o problema? O relatório, aprovado pelos Conselhos Deliberativo e Fiscal da Previ,não será apreciado pelo Corpo Social. O direito foi confiscado no governo anterior, mas o governo atual, em mais de dois anosde mandato, não o devolveu. Os conselheiros deliberativos eleitos poderiam até não aprovar o relatório – não é o caso do rela-tório de 2004 – mas o voto de Minerva do presidente do Conselho resolveria a questão pela simples vontade da patrocinadora.Podiam mudar, mas não mudaram. Daqui a pouco, estaremos mais perto da próxima eleição, em 2006, do que da última, em2004. Será que continuaremos não elegendo os Diretores Executivos. Podem mudar, mas ainda não mudaram.

Falta democracia na utilização dos números da Previ, também. Vale ressaltar que não é culpa da atual Diretoria da Previ,mas da patrocinadora e do atual regulamento do Plano de Benefício 1. Em 1997, ficaram com medo de faltar dinheiro para pa-gar as aposentadorias, de exclusiva responsabilidade do banco, e introduziram tantas travas e mecanismos para reduzir as futu-ras aposentadorias que, hoje, vivemos a irreal situação de ver as reservas matemáticas garantidoras do pagamento dos benefí-cios, de quem já se aposentou, ultrapassar 45 bilhões de reais e as reservas matemáticas de quem ainda pretende se aposentarnão alcançar os 9 bilhões de reais. A reserva matemática da metade aposentada dos participantes da Previ é cinco vezes maiorque a reserva matemática da metade que ainda não se aposentou. E os aposentados não têm qualquer responsabilidade sobreessa situação.

A discussão sobre a Parcela Previ é apenas um dos caminhos possíveis e necessários para garantir a redução da distânciaentre os dois grupos, mas não o único. No entanto, fiquei surpreso com uma matéria de autoria da Comissão de Empresa, co-mentando a reunião de negociação entre participantes (Comissão de Empresa, ANABB, conselheiros deliberativos eleitos da Previ)e patrocinadora, no último dia 16 de fevereiro. O tom adotado não combina em nada, com o clima do debate: cordial,educado, prospectivo nas discussões das idéias, e naturalmente divergente, uma vez que os interesses de uns são diferentes dos deoutros. Não entendi que o Banco tivesse reduzido a tábula rasa todo o debate anterior, pois avanços foram alcançados muitomais na direção do interesse da patrocinadora do que no interesse dos patrocinados. A redução da Parcela Previ é um belo exem-plo, uma vez que o próprio Conselho Deliberativo da ANABB continua defendendo o fim da famigerada Parcela. Os membros daComissão de Empresa têm tido um comportamento tranqüilo durante os debates e a coordenação, por parte do colega Marcel,tem sido igualmente adequada. Muita calma nesta hora minha gente. Convencer a direção da ANABB – que exige o fim da Par-cela – e um grande grupo de colegas que são contra a forma que está se buscando para financiar as mudanças já será tarefa pordemais difícil. À patrocinadora cabe a responsabilidade de pisar no acelerador no fechamento de uma proposta, uma vez que odebate com o funcionalismo está apenas começando.

Com relação à democracia na Previ, devo dizer que já passou da hora de os representantes da patrocinadora mostrarem aque vieram. Colegas como Luiz Oswaldo, Sérgio Rosa, Henrique Pizzolato, Juraci Masiero, Joel Bueno, entre tantos outros, devemfazer valer suas histórias de vida, uma vez que essas histórias ainda merecem o respeito do funcionalismo do BB.

Sobra dinheiro e falta democracia

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4 Ação jan/fev 2005

Em 1980, a população brasileira era dividida proporcionalmenteentre os que tinham mais e os que tinham menos de 20 anos. Em 2000,

30% dos brasileiros encontravam-se na faixa etáriade 0 a 14 anos, e os maiores de 65 repre-

sentavam apenas 5% da população. Em2050, esses dois grupos etários irão se

igualar – cada um será 18% da po-pulação brasileira. Se em 2000, 1,8

milhão de pessoas tinha mais de80 anos, em 2050 esse númeropode chegar a 13,7 milhões debrasileiros. Nesse ano, a nossaexpectativa de vida, ao nascer,será de 81,3 anos, a mesmados japoneses hoje. Por isso apreocupação cada vez maior

do Estado e da sociedade em fa-zer com que os idosos vivam melhor.

Em muitos casos, o marco para entrarna chamada terceira idade é a aposen-

tadoria. É a inauguração de umanova fase da vida, quando o traba-lhador rompe com a rotina e os ve-lhos hábitos, o que pode ser bas-tante traumático. Depende deleadaptar-se e tornar essa fase sau-dável e prazerosa.

Existem vários formas de apo-sentadoria: por tempo de serviço,por programas de aposentadoriaincentivada e por idade. Médicos eespecialistas dizem que, se não forprecedida de uma preparação, aaposentadoria pode se tornar um

Vida de aposentadoContinuar ou não na ativa depois de se aposentar é uma escolha indivi-dual. Especialistas afirmam que o importante é manter corpo e menteocupados, e curtir o que a vida oferece de melhor depois dos 60.

por Evane Bertoldi

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5Ação jan/fev 2005

fazer exames de rotina, lerbastante e ter uma vidaativa. A atividade físicaregular não contribui ape-nas para manter a saúdefísica, mas para a preser-vação da memória. Manterlaços afetivos também aju-dam. “Envelhece melhorquem tem uma boa vidasocial, rodeado de amigose em harmonia com a famí-lia”, ensina o geriatra Rena-to Maia. “Ter os netos e osfilhos por perto dá suporteemocional e garante essa

rede de apoio”, acrescenta a pscanalista ReginaBraga Motta, que faz parte da Sociedade de Psicaná-lise de Brasília e do Conselho Diretor da AssociaçãoBrasileira de Psicanálise.

Nascido em São Paulo, filho de descendentes dejaponeses, Mário Tatsuo Miyashiro trabalhou desdemenino. Os pais eram horticultores. “Se continuassea tradição, seria trabalhador braçal. Não podíamospagar uma escola. O Banco foi a verdadeira escolapra mim”, conta. E foi nessa “escola” que ele traba-lhou até os 49 anos. Passou por quase todas asáreas do Banco e se aposentou no Centro deProcessamento de Dados de Belo Horizonte. “Não te-nho do que reclamar. Se pudesse continuaria traba-lhando até hoje no Banco, mas é bom deixar espaçopara os mais novos, né?”

Para Mário, a aposentadoria foi uma conse-qüência. “Quando saí do Banco do Brasil, recebipropostas boas de bancos privados, mas não que-ria ter um horário rígido. Acabei ficando muito ocio-so”, diz. “Quando a gente se aposenta tem aexpectativa de viajar e, aos poucos, vai se acomo-dando. Passei a ser motorista de luxo. Levo a esposa

ao médico, a filha a outro lu-gar.” Para ocupar o tempo,Mário virou síndico do prédioonde mora. “Ficava acom-panhando a reforma do edi-fício para me distrair”,explica.

E hoje, aos 62 anos, eletrabalha na Associação dos

fator de risco para asaúde. “A aposentadorianão planejada podelevar o indivíduo à totalfalta de atividade e, con-seqüentemente, ao de-sinteresse e à apatia”,explica o geriatra RenatoMaia. Outro problemaverificado nos consultóri-os médicos é o aumentodo alcoolismo entre osaposentados, principal-mente o que vem sob odisfarçe de algumas cer-vejas no almoço e nojantar. “Quando se percebe, a pessoa está bebendomuito mais do que bebia antes, quando trabalhava”,afirma.

Passar muito tempo em casa, sem fazer nada,também é um trampolim para o aumento de peso.Os efeitos vêm em cascata: riscos cardiovasculares eproblemas no joelho, como a artrose. Outra ten-dência do aposentado é ficar até tarde da noite nafrente da televisão. “Como não precisa acordarcedo, ele acaba mudando os hábitos e isso altera osono. É um fio que vai puxando alterações no dia-a-dia”, alerta Renato Maia. Já quem ocupa o tempocom atividades tem uma vida melhor. “A velhice não émuito diferente da vida de um jovem ou de um adul-to. Quem tem vida agradável, que vale a pena, vaiter uma boa aposentadoria”.

Aposentada desde 97, quando saiu do Bancopelo Plano de Demissão Voluntária, Elisa EikoNagahashi Onishi ficou um ano parada. Viajou parao Japão por dois meses. Quando voltou, começou aamadurecer a idéia de trabalhar de novo. Mas esco-lheu algo diferente. Elisa abriu uma franquia do Méto-do Kumon, uma técnica japonesa de aprendizado.Hoje, a escola tem funcionáriose 120 alunos sob sua coorde-nação. “Estou feliz. Fi-nanceiramente não é nadamuito rentável. Mas a satisfaçãopessoal conta muito. A gentetem que fazer o que gosta”.

Para envelhecer com saú-de, especialistas aconselham

42% DOS ASSOCIADOS

DA ANABB JÁ SE

APOSENTARAM. ELES SÃO

41.383 FUNCIONÁRIOS

DO BANCO DO BRASIL.

Aos 88 anos, a psicóloga Marialzira Perestello continua naativa

Ener

aldo

Car

neiro

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Antigos Funcionários do Banco do Brasil de Belo Hori-zonte. “Toda vida gostei de me relacionar”, conta.

Aos 75 anos, Carlos Rosalvo Serrano presi-de, há quase 20, a Associação dos FuncionáriosAposentados do Banco do Brasil, no Rio Grandedo Norte. E ainda encontra tempo para atuar co-mo vice-presidente para Assuntos de Aposentadosda AABB de Natal. ”Exercer a cidadania é umaobrigação de todos. Se cada um fizesse a suaparte tenho certeza que os problemas sociaisseriam menores”, justifica. Serrano e os

associados sempre estão unidos. Cuidam uns dosoutros. Visitam doentes idosos em hospitais. “Mui-tos não sabem lidar nem com a Internet. Ajudamosem tudo, com assuntos da Cassi, da Previ e daANABB. Facilitamos a vida dos aposentados epensionistas.”

Aos poucos, Serrano se viu envolvido comoutros projetos. Com a ajuda da Arquidiocese erecursos da ANABB, a AFABB-RN construi cisternasno município de Jandaíra. Serrano reergueu o AsiloJovino Barreto, um abrigo para idosos em Natal.“O drama do idoso abandonado é terrível. No fimda vida as pessoas precisam muito de apoio, e àsvezes não têm”. O ex-bancário que se aposentoucom 55 anos começou cedo, aos 13, mas nuncaquis parar. “Trabalhei 42 anos e me preparei paraa aposentadoria. Não tive problemas de adapta-ção. Já participava de várias entidades de funcio-nários”, conta revelando o segredo da disposição.

Mas nem todo aposentado precisa voltar a tra-balhar para se sentir realizado. Com 72 anos,

aposentado há 17, Paulo Lopes Machado,de Porto Alegre, preferiu assumir a apo-

sentadoria. “Seria um risco muito gran-de começar um negócio. Eu estava

de um lado do balcão, teria quepassar para o outro lado. Tenhoo exemplo de muitos amigosque tentaram e não deu certo”,argumenta. O bancário, quetrabalhou em agências de dez

Vida de aposentado também já virou tema defilme. “As Confissões de Schmidt” contam ahistória de Warren, de 66 anos, que acaba de seaposentar e sofre para se adaptar à novavida. Interpretado por Jack Nickolson,Warren sente-se desprezado por sua antigaempresa. Em casa, não reconhece mais amulher com quem se casou e nãocompreende por que se casou com ela. Tudoo irrita e o aborrece. A vida é enfadonha.No decorrer da história, a vida deSchmidt sofre uma série de con-

tratempos. Sua esposa morre, os planos de abriruma empresa fracassam e Schmidt se vê só, semninguém para apoiá-lo e para compartilhar a vida.Então, ele começa a se corresponder com o jovem

Ngubu, uma criança que mora na Índia eque ele adotou depois de assistir a umcomercial de televisão. A partir daí, Schmidtcomeça a analisar a própria vida. É um fil-me triste, que fala sobre solidão, velhice e

relacionamentos, mas mostra que é pos-sível superar problemas com um pouco

de otimismo, buscando o lado bomque a vida nos reserva.

HISTÓRIA DE CINEMAHISTÓRIA DE CINEMA

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A partir dos 60, as funçõesorgânicas começam a sofrermudanças. “Nessa fase, a pessoacomeça a tomar mais remédios e é preciso ficaratento para a interação entre drogas e nutrientes.Alguns desses medicamentos reduzem o apetite”,alerta a nutricionista Elisa Goulart. O idoso tam-bém não tem mais a mesma capacidade motora ea mastigação às vezes fica mais difícil. “Normal-mente, não é necessário restringir nenhum alimen-to por causa da idade. O importante é que opaciente continue comendo o que é de seu agra-do, até porque a comida, principalmente nessaidade, está relacionada ao estado emocional”. Épreciso ter no cardápio verduras, legumes e umavariedade de todos os grupos alimentares.Na velhice, também ocorre uma alteração fisioló-gica, como se o sangue perdesse o tônus natural.Por causa disso, o idoso não sente sede. “E quan-do tem a sensação de boca seca é porque já estádesidratado. “É preciso se cuidar e procurar tomarágua sempre”, diz a nutricionista.

cidades no interior do Rio Grande do Sul, conta quea aposentadoria foi fácil para ele, mas que a famíliasentiu diferença. “A família está acostumada a ver agente trabalhando e, de repente, não aceita ver agente sem fazer nada”.

Paulo diz que hoje a vida dele continua “meioparada” e que não viaja muito porque não gosta.“Vou ao supermercado, recebo os parentes e os filhosem casa. Minha vida tem sido mais ou menos isso. Eàs vezes não dá tempo porque é tanta coisa. Se esti-vesse trabalhando não saberia como dar conta”, diz.Morando em um bairro que fica a cinco quilômetrosdo centro, quando precisa resolver alguma coisa elevai caminhando. “Não é todo dia, mas para ir aocentro, vou a pé. E quando me canso, volto de ôni-bus”, detalha. Paulo acredita que, por causa da ida-de, é mais difícil conhecer pessoas, se ajustar a umnovo grupo. Por isso, não pratica esportes. “Mas te-nho bastantes amigos. A gente sai pra jantar, se reú-ne pra conversar. A vida está boa”, diz. Se está melhordo que quando trabalhava? “Acho que está igual.”

QUANDO A MEMÓRIA DÁ O ALERTAA total ausência de uma atividade pode levar

também à falta de memória. Por isso, a importânciade manter uma ocupação. Formado em Direito, An-tônio Menezes começou a trabalhar no Banco doBrasil em Rezende (RJ). Passou por agências em San-ta Catarina, Paraná e Brasília. Depois de quase 32anos, se aposentou. “Me sentia realizado. Fiquei trêsmeses sem fazer nada e foi bom.”

Mas o período de ócio durou pouco. Logo de-

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pois, ele foi contratado para dar treinamento na Or-ganização das Cooperativas Brasileiras, onde traba-lhou mais 10 anos. Hoje, aos 70, tem um escritórioonde estuda português e cooperativismo e faz revi-são de textos. Antônio parou de fumar, faz fisiotera-pia regularmente e trabalha todos os dias. “Sempredigo aos meus amigos: ‘Não fique sentado na pol-trona. Você morre. Porque um dia a gente vai enve-lhecer, vai perder as forças e não tem mais jeito. Daí,seja o que Deus quiser”, brinca.

O neurologista Roberto Löw diz que muitos fa-tores alteram a cognição e a qualidade de vida doidoso. Mas que a principal queixa são as falhas dememória. Segundo o neurologista, por causa do pro-cesso de envelhecimento, a memória tem a tendênciaa declinar. “Aos 60, ter dificuldade para encontraruma palavra é normal. Aos 70, a pessoa começa aesquecer os óculos na geladeira, a esquecer recados.Aos 80, ele conta uma história e esquece, depoisconta de novo. É um processo natural e normal”.

CARLOS ROSALVO SERRANO: “Trabalhei 42 anos e me prepareipara a aposentadoria. Não tive problemas de adaptação”.

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Esse tipo de esquecimento é diferente do Malde Alzheimer, doença em que o idoso não identificaa perda de memória. “É a família que informa, queprocura o médico. A pessoa confunde o irmão como filho e troca desproporcionalmente as infor-mações da memória recente”, resume o neurologis-ta. Além do Alzheimer, várias outras doenças le-vam a alterações da memória. Uma delas surgecom a redução da circulação cerebral e, fre-qüentemente, ocorre em pessoas com diabetes.Nesse caso, o idoso tem consciência do esqueci-mento e a memória vai e volta. Degeneração dotecido cerebral e insuficiência circulatória crôni-ca também são problemas que geram algum tipode demência. Outro problema é a demênciavascular, conhecida como esclerose, causadapor múltiplos infartos cerebrais, que provocam aperda de memória.

Em alguns casos, como no Mal de Alzheimer,existe uma predisposição genética. “Uma pessoacom essa predisposiçãoque se aposenta e quenão desenvolve nenhumaatividade intelectual emental tem mais facilida-de de ter a doença”, ex-plica o neurologista. Parao médico, uma forma deprevenção é se alimentarbem, controlar a obesi-dade e fazer atividades fí-sicas. “Caminhando,você ativa a circulaçãonas pernas, no coração etambém no cérebro”,ensina Löw.

TERAPIA NÃO TEM IDADESigmund Freud, pai da Psicanálise, não acredi-

tava que terapia com idosos iria funcionar. Atual-mente, no Brasil e no resto do mundo, há grupos in-teressados em pesquisar formas de atendimento apacientes idosos. “A medicina e a psicologia estãodizendo que a gente pode viver mais de 100 anos.A psicanálise despertou para isso e existem gruposde estudos e de pesquisa vendo que a terapia funci-ona sim”, afirma a psicanalista Regina Braga Motta.Ela alerta para o fato de as doenças estarem relaci-onadas à depressão e diz que é nessa fase que co-meçam a aparecer problemas cardíacos e aosteoporose. “São doenças que estão no corpo esão deflagradas com o processo depressivo. Em al-guns casos, a depressão fica camuflada, mas podeaparecer também”, explica.

Para evitar problemas físicos e emocionais, oaposentado precisa se mexer. “Muitos se dedicam aatividades que nunca fizeram antes. Se ocupam

com pequenas coisas,cursos de arte, cami-nhadas. Mas pareceque tudo isso não tapao buraco deixado pelaantiga profissão. É difícilmesmo”, reconhece Re-gina. “Eu, por exemplo,digo que nunca vou meaposentar. Se você man-tém a mente ocupada,você vive mais”, diz apsicanalista.

A falta de aprendi-zado e o tempo vãodegenerando a mente,

O aposentado do Banco do Brasilmantém um vínculo permanente com oBanco, principalmente por meio da Previ eda Cassi. A ANABB também cumpre seu

SERVIÇOSPARA O APOSENTADO

SERVIÇOSPARA O APOSENTADO

papel nessa relação, já que representa o inte-resse dos associados junto a essas instituições.A Associação mantém uma diretoria especial-mente para atender os aposentados, a Difap –Diretoria de Relações Funcionais,Aposentadoria e Previdência.

A Difap é responsável pelas açõesespecíficas para os aposentados que correm naJustiça. Atualmente, há a ação que questiona a

ANTÔNIO MENEZES: ficar sentado só se for para estudar ourevisar textos.

Clau

sem

Bon

ifácio

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daí a necessidade de criar no-vos interesses. “Pode ser atémesmo acompanhar uma no-vela, o desenrolar da históriacom seus personagens. É umacoisa banal e boba, que todospodem achar medíocre, masque faz bem. Tem muita genteque está tão mal que nãoconsegue nem seguir o enre-do.” A psicanalista dá umadica: “O aposentado que consegue aprender infor-mática e se enveredar pela Internet, que é algo novoe difícil pra eles, se mantém vivo e ativo”, diz Regina.

José Eduardo Barbosa Pontes, aposentado há13 anos, deu adeus ao marasmo e fundou a Asso-ciação dos Funcionários Aposentados do Banco doBrasil em Belém, no Estado do Pará. A entidadepromove confraternizações mensais, atende eacompanha assuntos de interesse dos associa-dos, além de fazer parte de vários Conselhos So-ciais. “O aposentado não deve ficar limitado, cui-dando só dos assuntos pessoais. A idade não nosdeixa de lado, não nos aposenta das nossas obri-gações como cidadão”, afirma Eduardo.

No Rio de Janeiro, a psicanalista cariocaMarialzira Perestrello atende apenas pacientesidosos e se reúne mensalmente com um grupopara estudar o processo de envelhecimento e osproblemas que surgem nessa fase da vida. “Pes-soas mais jovens estão fora da minha realidade.Usam gírias modernas e não sei o que eles estãodizendo”, explica a simpática psicanalista. “Psi-canálise só não dá certo conforme o tipo dapessoa, mas não por causa da idade”, argu-menta.

Marialzira é uma senho-ra de 88 anos que até hojenão parou de trabalhar. “Seesta reportagem é sobre apo-sentado não posso falar, por-que nunca me aposentei”,brinca. A psicanalista dáseminários em Congressos,escreve poemas e está lan-çando o seu primeiro roman-ce. Só não viaja mais porque

foi proibida pelos médicos. “Só posso darpalestras em lugares que nãotêm escada”, conta. “Maseu não paro. Gosto muitodo que faço.”

tributação de Imposto de Renda sobre 1/3 dobenefício pago pela Previ, outra reivindica oresgate da progressividade dos juros nascontas de FGTS. Em 2004, houve a ação quepediu o pagamento da correção integral dasaposentadorias pelo IGP-DI.

A Associação também oferece o SeguroDecesso Complementar, para associados deaté 65 anos, e o Seguro Decesso

AUMENTO DA

EXPECTATIVA DE VIDA

DESPERTA INTERESSE DA

MEDICINA E DA

PSICOLOGIA PELA

TERCEIRA IDADE.

Complementar Master para associados comidade entre 66 e 80 anos.

PARA FAZER CONTATO

No site da ANABB (www.anabb.org.br), oaposentado encontra informações sobre osserviços e tira dúvidas por e-mail.

PARA FAZER CONTATO

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10 Ação jan/fev 2005

Desequilíbrio nas contas e recusa do Banco em negociar tornam funda-mental o debate com associados. Impasse compromete a assistência àsaúde de ampla cobertura aos funcionários do Banco.

ORÇAMENTO DE 2005

PREVÊ DEFICIT DE R$ 51

MILHÕES NO PLANO DE

ASSOCIADOS.

Apesar do bom desempenho da Cassi, o planode associados vem apresentando, ao longo dos úl-timos anos, um crescente desequilíbrio financeiro.O orçamento para este ano, realizado pela Dire-toria Executiva, prevê um déficit operacional deR$ 51 milhões. Já é de conhecimento público quea receita do patrocinador, acrescida da contri-buição do funcionalismo, não é suficiente paracobrir as despesas com a saúde dos funcionáriosdo Banco do Brasil e seus dependentes. E caso oorçamento de 2005 não seja revisto, há uma sériede implicações que podem comprometerseriamente a reserva do plano de associados. Ocenário que vem sendo desenhado é grave mas,ainda assim, o Banco continua aportando menosrecursos do que o estipulado no estatuto.

Desde 1998, o BB vemcontribuindo com apenas 3%sobre os vencimentos dosfuncionários contratados apartir dessa data, enquanto opercentual previsto no estatutoé de 4,5%. Isso acarreta umdéficit de, aproximadamente,R$ 6 milhões por ano. Osdirigentes do Banco alegamque esse procedimento se deveao cumprimento de umaportaria que orienta as estatais

a adequarem suas normas de forma que consigamcontribuir de 1 para 1. No entanto, a interpretaçãodo BB sobre a portaria foi de descumprir,unilateralmente, o estatuto, que juridicamente é leientre as partes, quando o correto seria negociar asua alteração com o funcionalismo.

ASSOCIADOS NÃO PODEM PAGAR ACONTA SOZINHOS

Com tantas dificuldades financeiras, se oBanco do Brasil promovesse o ajuste de 4,5% paraos planos dos funcionários contratados após 98 oproblema ainda não estaria resolvido. O problemaestá na política adotada pelo Banco, que estimulaa demissão de funcionários antigos que têmsalários considerados altos. Estes funcionários vêm

sendo substituídos por umaquantidade expressiva denovos empregados comsalários cada vez maisbaixos, que contribuem paraa CASSI com um percentualmínimo, sem nenhumacompensação por parte doBanco. O resultado é que ascontribuições não cobrem aassistência à saúdecompleta dos funcionários ede seus dependentes.

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Política do BB gera prejuízoao plano de associado

Política do BB gera prejuízoao plano de associado

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11Ação jan/fev 2005

Hoje, os novos funcionários járepresentam 30% dos beneficiadospelo plano de associados da Caixade Assistência. De acordo com adireção do Banco, este ano serãoadmitidos mais sete mil funcionários,elevando o percentual para 40%,incluindo os dependentes. Diantedesse quadro, fica nítido que, embora seja neces-sário discutir a questão do custeio, não é justoexigir do funcionalismo um aumento decontribuição antes que o Banco solucione o pro-blema do aporte de recursos para cobrir essesgastos.

O estatuto da Cassi necessita ser alterado, oque não diminui a responsabilidade do Banco porboa parte do desequilíbrio financeiro da Caixa deAssistência e do compromisso de saldar sua dívida.No entanto, sem perspectivas de mudanças, o BBoferece alternativas bastante amargas para aCassi, tornando ainda mais necessário o debatecom o funcionalismo. É precisodiscutir os rumos da Caixa deAssistência e decidir, por exemplo,se os funcionários querem asolidariedade e se concordamcom a contribuição sobre o 130

salário e sobre os abonos, alémde definir que tipo de coberturaserá oferecida aos trabalhadores.

O Governo mudou há doisanos, a direção da Cassi também,mas a política do Banco do Brasilcontinua trazendo imensosprejuízos para a Caixa de Assis-tência. Os dirigentes e os conse-lheiros eleitos estão de mãosatadas, à espera da boa vontade

da direção do BB. “Não há como aprovar nada noConselho sem o voto dos indicados do Banco. E épreciso que eles aceitem ou apresentem sugestõesque solucionem de uma vez por todas odesequilíbrio financeiro do plano de associados”,afirma Denise Vianna, vice-presidente do ConselhoDeliberativo da Cassi.

Impossibilitados de resolver os problemas noâmbito do Conselho e da diretoria da Cassi, diri-gentes e conselheiros, acompanhados da diretoriada ANABB, procuraram o ex-presidente do Bancodo Brasil, Cássio Casseb, no segundo semestre doano passado. Este ano, os mesmos representantes

voltaram ao Banco para umareunião com o vice-presidentede gestão de pessoas, LuizOswaldo Sant’Iago. As duastentativas de buscar soluçõesforam em vão. As mesmas pes-soas que, no passado, apon-tavam as dificuldades da Cassie exigiam uma solução porparte do Banco, agora queestão à frente do Governo e nadireção da casa tratam a Caixade Assistência como um entravefinanceiro, recusando o diálogo.Essa atitude só prejudica oplano de associados e os fun-cionários do Banco do Brasil.

DENISE VIANNA: diretores e conselhei-ros eleitos estão de mãos atadas

Clau

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Bon

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Plano de AssociadosResultado operacional de 2000 a 2004

Plano de AssociadosResultado operacional de 2000 a 2004

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2000 - deficit operacional: R$ 20,8 milhões

2001 - deficit operacional: R$ 24,2 milhões

2002 - deficit operacional: R$ 43,6 milhões

2003 - deficit operacional: R$ 21,7 milhões

2004 - deficit operacional: R$ 10,3 milhões (acumu-

lado jan/nov)

2005 - previsão de deficit operacional: R$ 51 milhões

2000 - deficit operacional: R$ 20,8 milhões

2001 - deficit operacional: R$ 24,2 milhões

2002 - deficit operacional: R$ 43,6 milhões

2003 - deficit operacional: R$ 21,7 milhões

2004 - deficit operacional: R$ 10,3 milhões (acumu-

lado jan/nov)

2005 - previsão de deficit operacional: R$ 51 milhões

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Depois de anos de luta da ANABB, os funcio-nários e aposentados do Banco do Brasil atendi-dos pelo Plano de Benefícios 1 da Previ tiveram aprimeira vitória para recompor as pensões e apo-sentadorias. O Banco concordou em aplicar anova Parcela Previ (PP) no cálculo dos benefíciosde quem se aposentou a partir de dezembro de1997. O acordo vai permitir que 15mil aposentados tenham um adicionalem seus benefícios logo que o novovalor da Parcela Previ entrar em vigor.“Temos a garantia de que essas apo-sentadorias sejam revistas e que daquipara a frente as pessoas possam re-ceber mais”, ressalta o presidente daAssociação, Valmir Camilo.

O Banco também aceitou fixar oBenefício Mínimo em 40% da ParcelaPrevi, contra a proposta inicial de20%. “Se a nova PP ficar em R$1.373,10, ninguém receberá menosde R$ 549,24 da Previ”, afirmaCamilo. De acordo com cálculos dopresidente da ANABB, o valor é de 2,1

salários mínimos. A dificuldade está em pagar osatrasados. A Secretaria da Previdência não aceitamexer nas regras. Segundo Camilo, o pagamentoretroativo tem implicações jurídicas que podemprovocar um “desequilíbrio imensurável” no fundode pensão. Ele explicou que a medida abriria es-paço para que ex-funcionários do Banco, que sa-

caram toda a reserva enão estão mais contribuin-do também se beneficias-sem.

Outra conquista daANABB foi a mudança noíndice de correção da PP. AParcela Previ será corrigidaanualmente, em setembro,pelo INPC. “A ANABB tra-balhou para mudar o índicede correção que durantemuito tempo foi o IGP-DI, epor isso a PP chegou a R$2.057,00”. O INPC tambémé indexador do benefício doINSS. “A partir de agora, o

VALMIR CAMILO: convenção anual tornaParcela Previ mais realista

por Maria Filomena da Paixão

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O resgatedas aposentadorias

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que a gente precisa é inibir qualquertentativa do BB de não pagar peloINPC”, afirma Camilo.

NECESSIDADE DE REDUÇÃOOs avanços nas negociações

foram obtidos na reunião com a di-retoria do BB, no dia 25 de janeiro.Nesse encontro, a ANABB, a Comis-são de Empresa, os conselheirosdeliberativos eleitos da Previ e os re-presentantes de movimentos sindi-cais só não conseguiram avançarno novo valor da PP. A ANABB querreduzir a Parcela Previ para R$ 1.373,10. O Bancodo Brasil continua defendendo uma redução me-nor, para R$ 1.440,00. Mas essa adequação équestão de tempo.

“Não adianta o Banco continuar oferecendoR$ 1.440,00. Esse valor não tem referência nenhu-ma. Nós não vamos aceitar”, afirma Camilo. Eleressalta que a proposta da ANABB foi feita combase nos índices de reajuste salarial dos funcioná-rios do BB, acumulados desde dezembro de 1997.Vamir Camilo lembra que, no início, a Associaçãodefendia o fim da PP, mas descobriu que aextinção pura e simples da Parcela iria gerar um“problema estrutural” para a Previ. “Sabemos queela serve de referência para definir o benefício doaposentado e para arrecadar de quem ainda nãose aposentou. Nós aceitamos manter a PP, mas elatem que ser justa. O Banco está insistindo em umvalor aleatório”, reafirma Camilo, lembrando quea diferença entre a proposta da ANABB e a defen-dida pelo Banco é de R$ 66,00.

Quando o acordo for fechado, a Previ vaisubmeter a proposta à consulta nacional. A ex-pectativa é de que a nova PP seja definida em umareunião ainda no mês de fevereiro. A discussão emtorno das perdas provocadas pela Parcela Previ jádura muito tempo. E com o alto valor da PP o be-nefício pago pela Previ tem sido cada vez menor.“A perda, em alguns casos, chega a R$ 900,00por mês”, calcula Valmir Camilo.

ADICIONAL AOS 30Na última reunião com o BB, a ANABB tam-

bém propôs a alteração do regulamento da Previ

PRÓXIMA BATALHA

A batalha da ANABB não terá fim com a

definição da nova PP. O presidente Valmir

Camilo anunciou, em janeiro, que vai lutar

pelo aumento do teto da aposentadoria da

Previ para 100% do salário bruto. “Temos que

sair do patamar de 75% e aproximar o valor

do benefício de quem se aposentou a partir

de 97 do valor da aposentadoria que era pa-

ga antes”, ressaltou Camilo.

O presidente da ANABB salientou que a

adoção da proposta custa dinheiro, mas que

é preciso resolver essa desigualdade entre

aposentadorias até 2006. De acordo com

Camilo, ao final desse ano a Previ terá apre-

sentado superávit nos últimos três anos.

“Pela lei, quando há superávit a Caixa de

Previdência deve reduzir o valor da contri-

buição ou aumentar o benefício”, lembra.

para permitir um acréscimo aobenefício de quem contribui pormais de 30 anos para a Caixade Previdência. “Se a Previ temum fundo para garantir benefí-cio máximo com 30 anos, cadacentavo que entrar a mais é so-bra. Então há dinheiro sobran-do. É um enriquecimento semcausa para a Previ”, diz Camilo.

A proposta da ANABB é deque a Previ pague 1/30 avospara cada ano de trabalho apartir do 30º ano de contribui-

ção. Isso, segundo Camilo, dá um acréscimo de3,33% ao benefício por ano trabalhado. “O Bancoreconhece que a proposta apresentada pelaANABB é justa porque o dinheiro está na Previ”,comemora Camilo. O BB pediu que a propostafosse levada à reunião do Conselho Deliberativoda Previ, marcada para o fim de fevereiro.

DEFINIÇÃO DO

VALOR DA

PARCELA PREVI É

FUNDAMENTAL

PARA VALER O

DIREITO DOS

APOSENTADOS.

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DE TIJOLO EM TIJOLO

Para atender ao crescente número de clientes, a Coop-ANABBteve que se expandir e já ocupa duas salas na sede daAssociação, em Brasília. Também foram contratados mais trêstécnicos, dobrando o número de funcionários. Com menos dedois anos, a cooperativa tem quatro empreendimentos emexecução. Um fica na Bahia e três em Brasília – o primeiro seráentregue em abril. Outros dois projetos, no Rio de Janeiro e emBelo Horizonte, estão em andamento.

FIM DA BUROCRACIA

A empresa Policentro concluiu a digitação de 675 mil docu-mentos que compõem os arquivos da Diretoria de RelaçõesFuncionais, Aposentadoria e Previdência – Difap –, da ANABBdesde 1988, quando foram impetradas as primeiras ações naJustiça em favor dos associados. A documentação já foi ane-xada ao banco de dados e ao cadastro de cada associa-do. Com isso, o acesso a informações sobre o andamentodos processos ganhou agilidade. A modernização está sendoestendida a outras áreas da Associação.

COROA ENXUTACriada em janeiro de 1944 coma função de devolver aos funcio-nários do Banco do Brasil odinheiro gasto com trata-mento de saúde, a Cassicompletou 61 anos com dis-posição e fôlego para estarsempre buscando o melhor paraos beneficiários. A Caixa de Assistência foi incorpo-rada à estrutura do Banco do Brasil na década de 70. Em1996, alcançou autonomia administrativa, iniciando o progra-ma de Unidade de Atenção Integral à Saúde. A seriedade comque sempre prestou os serviços aos associados não evitou, noentanto, o descaso e os maus-tratos do parceiro. Nos últimosanos, o BB quebrou o contrato que previa uma contribuição de4,5% por funcionário e passou a participar com o mesmo va-lor pago pelo usuário – 3% –, provocando um rombo no caixada entidade. Longe de aceitar a situação, a Cassi continua emforma e disposta à briga para recuperar o prejuízo e poderoferecer aos associados um atendimento sempre melhor.

CONFORTO NA AABB MACEIÓEm Maceió, entre a praia da Sereia e a praia de Ipioca, aAABB oferece 30 chalés em área totalmente arborizada.Com capacidade para até quatro pessoas, os chalés es-tão equipados com utensílios domésticos, roupas de camae banho, televisão, geladeira, fogão e ar condicionado. Ossócios das AABBs de Maceió, Aracaju, Salvador e São Luíspagam R$ 40,00. Os sócios de outras AABBs pagam R$50,00, e os não sócios desembolsam R$ 60,00. O preçobaixo e o conforto fazem com que as reservas dos chaléssejam concorridas, principalmente na alta temporada. Érecomendável fazer reservas com antecedência pelos tele-fones (82) 218-6700 - (82) 9968-1554, ou acesse o sitewww.aabbmaceio.com.br.

SEGURO DECESSO

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A jornalista Geiza Garcia com certeza já ouviudos familiares e amigos o ditado: “Só não esquecea cabeça porque está grudada no pescoço”. Elaperdeu a conta de quantos brincos e anéis de ourodeixou em lavatórios. “Uma pequena fortuna”,brinca. O rol de objetos perdidos é engrossado poróculos, chaves, bolsas, sacolas e embrulhos.

Com freqüência, a repórter compra roupassem desfrutar a sensação prazerosa de usá-las aomenos uma vez. Ao chegar em casa, não tem idéiase deixou o presente na praça de alimentação ouem uma loja do shopping. “Eu me desligo parapensar em outras coisas”, revela. Geiza tem raiva

de tantos esquecimentos. “Hoje mesmo perdia minha agenda. Acho que deixei no traba-

lho”, suspeita.Denise Lopes Vianna, diretora da

Coop-ANABB, apresenta uma longa listade esquecimentos, alguns inacreditáveis.

Certa vez “levou” o filho recém-nascidopara uma consulta e, só no caminho, ao olhar

para o banco de trás do carro, deu-se conta deque o moisés – e o bebê – haviam ficado na gara-gem de casa. Há explicação para tanto esque-cimento? “Eu saio do mundo”, justifica Denise.

Mais recentemente, ao sair do trabalho, teveesparsas lembranças de onde estaria o carro. Tãovagas que não conseguiu localizá-lo noestacionamento. “Acionei a polícia acusando oroubo, liguei para a empresa seguradora exigindoindenização e fiquei desolada”, conta. Dezessetedias depois uma amiga liga, pergunta qual a placado carro “roubado” e confirma tê-lo visto no localem que Denise regularmente guardava o veículo. Aseguradora já estava a ponto de ressarci-la.

Problemas com carros são antigos. A bancáriajá foi ao shopping com um fusca, embora jurasse

Xiii, esqueci!por Armando Medeiros

Perdem objetos, cometem trapalha-das e são protagonistas de situa-ções hilariantes. Quem convive comgente distraída, além de dores decabeça, acaba tendo atitudes prote-toras. Mas quando os esquecimen-tos viram rotina e trazem prejuízosconstantes para a vida, está nahora de consultarum especialista.

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ter ido pilotando uma Parati. Depoisde muita procura pela Paratibranca, a polícia foi novamentechamada. Quando os policiaispediram a chave e Denise a pegouna bolsa, ela se deu conta de queera a chave do fusca, reencon-trando o carro e a memória.“Tentei disfarçar, pedi para eles irempelo lado contrário de onde o carroestava estacionado”, lembra-se, tamanha avergonha.

TUTELA DE AMIGOSO extravio de documentos e cartões de crédito

começou a ser menos freqüente na vida de Deniseporque as conseqüências dessas perdas geram bas-tante aborrecimento. Os efeitos desagradáveis do es-quecimento exercem poder pedagógico. Para fugir deproblemas (como obter segunda via de documentos),a pessoa consegue policiar suas distrações.

Além de andar com uma agenda, os colegas detrabalho podem servir como amparo. “As pessoas co-meçam a tomar conta de você”, conta Denise. “Vocêjá pegou a chave, já pegou o casaco, olha, está lem-brada de que amanhã...?” repetem os colegas. A in-vasão do espaço dos desligados é comum. “Os ou-tros querem te tutelar”, aponta.

Distraídos sempre têm incontáveis cenas engra-çadas para contar. “Pode ser divertido, mas atrapalhaa vida. Eu tenho consciência de que não é bom e jásuperei muito essa deficiência de atenção”, registra afuncionária do BB. “As pessoas tornam a vida umcaos sem se dar conta de que isso é uma doença eque tem tratamento.” Outra preocupação é que oproblema é hereditário. “Minha mãe era esquecida emeu filho também é”, diz. No caso do filho, Denisepercebeu o problema quando ele ainda era pequeno,por isso o levou a médicos ebuscou tratamento. “Procurotreiná-lo, cobrando senso deorganização.”

Edson Beú, jornalista deBrasília, é visto como umapessoa desligada, mas nãoendossa a percepção.Apesar de já se ter flagradofazendo espuma de barbear

com pasta dental, Beúafirma que tem umamemória fantástica

para números detelefone. “Às vezes, fico

anos sem usar um determinadonúmero. Mas dá um estalo e eu me

lembro quase que instantaneamente”.Beú conta também que já redigiu matéria de

uma página com base apenas em notas que rabiscouno talão de cheques. “Viajei de Manaus para Belémem um navio e anotei o nome de todas as cidades ri-beirinhas do percurso. Depois, escrevi o texto puxan-do da memória minhas impressões de viagem”.

Apesar de colecionar inúmeros casos de distra-ção – já chegou em casa vestido com o paletó de ou-tro colega (o tamanho era nitidamente desproporcio-nal ao seu), abandonou cartão de crédito dentro demáquinas automáticas de saque, saltou de táxi sobforte temporal sem se dar conta de que tinha umguarda-chuva – Beú rejeita o rótulo. “Estou sempre li-gado a outras coisas. Pode até dar a falsa impressãode que sou um cara desligado”, defende-se.

NATURAL A PATOLÓGICOA memória humana é uma atividade que mais

falha do que acerta, aponta o psiquiatra paulista Eu-nofre Marques. E depende de duas variáveis para ummelhor desempenho: treinamento e atenção. Emboraseja possível tornar a memória muito eficaz, o médicoadverte que isso só vai ocorrer na atividade para aqual ela foi treinada. “Para as outras atividades elacontinuará falha”, diz.

O médico encara com tranqüilidade os casos dedistração conhecidos no jargão como lapsos mnési-cos. Não se sabe o porquê, um dado simplesmentedesaparece da memória. “Isso ocorre com todas aspessoas, mas, em geral as conseqüências não têm

muita importância”.Na experiência do

psiquiatra, a desatenção po-de acontecer pelo fato de quealgumas pessoas têm ohábito de pensar muito emtudo. “Quando estão fazendoalguma coisa, estãopensando em outra. É fatal:não registrarão o que estão

A MEMÓRIA DEPENDE DE

DUAS VARIÁVEIS PARA UM

MELHOR DESEMPENHO:

TREINAMENTO E ATENÇÃO.

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fazendo, ou o registrarão mal. A memória é normal,seu uso é que é inadequado”, avalia Marques.“Lapsos eventuais de memória acontecem com todomundo. Podem ser causados por estresse ou poralgum tipo de desconforto ambiental. Em geral, aspessoas esquecem chaves de casa, de carro, oucometem outros esquecimentos corriqueiros. Seeventuais, eles nada apresentam de patológico”,endossa Cássio Bottino, médico psiquiatra doInstituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

Responsável pela Clínica da Memória no mesmoInstituto, Bottino reconhece que as pessoas se preo-cupam muito com a memória. É natural, pois é elaque nos proporciona identidade e independência.São comuns, no ambulatório, queixas associadas aoenvelhecimento, à perda física e à sensação de que“as coisas não funcionam como antes”.

Em termos preventivos, a recomendação do mé-dico aos pacientes é praticar exercícios físicos re-gularmente e manter-se ativo mentalmente. Principal-mente depois de aposentadas, devem continuar de-senvolvendo as capacidades adquiridas, seja atravésde palavras cruzadas ou prestando maior atençãonas informações que recebe pela TV.

Na infância, os esquecimentos fazem parte dodesenvolvimento mental. De acordo com o médicoCarlos Aucélio Filho, professor de Neurologia Infantilda Universidade de Brasília, cerca de 75% das crian-ças de 4 a 5 anos são desligadas. “Faz parte do de-senvolvimento cognitivo e é estágio de aprimoramen-to da inteligência. A curiosidade é tão grande que acriança se desliga facilmente das atividades. Ela seenvolve apenas com aquilo que lhe interessa”,explica.

O médico destaca que o cérebro é o primeiro

órgão a se desenvolver, e aos 21 anos está total-mente formado, íntegro – por isso, a medicina con-sidera que a adolescência só termina nessa idade.Mas o cérebro é também o primeiro órgão a darsinais de fragilidade. A partir dos 25, os neurônioscomeçam a perder funções.

O que estaria, então, na fronteira do patoló-gico? “Bem, muita gente pode surpreender-se, mascriança tem depressão. A maneira de transmitir essadepressão é o esquecimento ou o desligamento”,enfatiza o especialista. Às vezes, ao sentir a ausênciado pai ou da mãe, a criança torna-se desligada ouhiperativa. Se a criança não tem problemas deaudição, de visão, não sofre de crises epilépticas, odiagnóstico pode ser o Transtorno do Déficit deAtenção com Hiperatividade – TDAH –, um distúrbiogenético. O tratamento passa pela medicação, masa psicologia também ajuda o neurologista a acenderluzes nos complexos processos mentais.

MEMÓRIA NO DIVÃPelos conceitos consagrados, a atenção é um

processo psicológico que pode ser definido na ca-pacidade do ser humano em selecionar estímulos econcentrar-se. Mas o que diferencia indivíduos maisatentos dos distraídos está nos traços emocionais epsicológicos.

O que os esquecidos mais desejam é justa-mente chamar a atenção. Esse paradoxo foi diag-nosticado pela psicóloga Márcia Dolores Resendeatravés dos inúmeros casos que chegam a seu con-sultório. Cuidadosa, Márcia somente aceita pa-cientes cujos exames não tenham apontado nenhu-ma disfunção orgânica. Caso contrário, recomendaque ele procure um médico neurologista ou umpsiquiatra. “Eu não posso assegurar que tudo sejapuramente emocional”, ressalta.

As crianças na faixa escolar normalmente ex-põem no colégio as dificuldades internas que carre-gam. “É inconsciente, mas ao apresentar problemasde desatenção na sala de aula essas crianças vãorequerer a atenção especial de alguém. Quem es-quece está querendo ser lembrado”, enfatiza.

Na visão da psicóloga, sempre há um fatogerador atrás dos esquecimentos. “Às vezes a pessoacoloca as lembranças num arquivo morto, porquenão deseja lidar com as emoções e sentimentos dosepisódios que vivenciou”, frisa a psicóloga. Há si-

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tuações delicadas, como ocaso de uma mãe que veioao consultório queixar-seda filha. “Ela esquece tudo.Se eu ensino uma matéria edaqui a três minutosperguntar, ela vairesponder que não sabe,que esqueceu”. Com opassar das sessões, apsicóloga descobriu que amenina tinha sidomolestada sexualmentepelo avô. “Ela queria es-quecer tudo mesmo, comoforma de livrar-se daquelepeso”, explica Márcia.

Embora haja crianças cuidadosas, é normalque a infância seja um período de perda de objetos eesquecimentos constantes. O sinal de alerta deve serdado se, a partir dos 7 anos, a criança apresentarproblemas repetidos de atenção.

De acordo com o professor Gilberto FernandoXavier, do Departamento de Biociências da Universi-dade de São Paulo, “quando o esquecimento trazprejuízos freqüentes para a rotina diária da pessoa enão pode ser atribuído a excesso de tarefas, isto é, àsobrecarga do sistema, está na hora de consultar umneurologista”.

O comportamento freqüente de desatenção su-gere que haja pouco envolvimento com as situaçõesvividas, analisa Márcia. “É uma defesa mesmo. Todoesquecimento tem uma causa. A pessoa precisa ficaratenta ao que faz, curtir o que faz”, atesta.

Os mecanismos da memória manifestam-se emalguns campos bem definidos. Nosso afeto, ou desa-feto, é externado por nossos sentidos. Às vezes umcheiro evoca alguém ou uma situação vivida. Nessecaso é a memória olfativa que entra em ação. Quemtem boa memória visual,por exemplo, lê um recadoou anotação e o escritofixa-se na memória. Já umamemória auditiva pouco de-senvolvida pode afetar aatenção e favorecer a dis-persão. Existe, ainda, a me-mória tátil e ligada ao senti-

do do paladar. “Dependedos estímulos e do trei-no”, explica a psicólogaao descrever o funciona-mento da memória.“Geralmente a capa-cidade de memorização éuma característica muitopessoal. E, muitas vezes,está ligada à dificuldadede manter o foco sobreos objetivos”.

A psicóloga, espe-cialista em programaçãoneurolinguística, do Ins-tituto Saber, de São Paulo,relata o caso de uma pa-

ciente de 48 anos que queria voltar para a faculdade.“Ela achava que não conseguiria passar no vestibular,acreditava que que teria de fazer cursinho durante umano”, diz. “Fizemos um trabalho de programação damemória durante três meses e ela conseguiu passarpara arquitetura em quatro faculdades”, conta. “Éuma questão de ter clareza dos nossos objetivos paraque a memória trabalhe a favor.”

Quanto aos que não se cansam de perderobjetos, a psicóloga lembra que a sociedade contem-porânea está voltada para as conquistas e muitopouco para a manutenção. “Somos pouco prepara-dos para conservar, sofremos a pressão do descar-tável”, afirma Márcia.

O próprio estigma lançado sobre essas pessoascontribui para reforçar o comportamento. A tendênciaé a pessoa desempenhar o papel de esquecida.“Evidente que isso traz também todo um aparato decuidados sobre a pessoa. Mas isso deve sufocar, poiso indivíduo fica à margem. As pessoas que estãosempre cuidando dos esquecimentos alheios roubama cena”, pontua a terapeuta.

Mas todos nós temos acota assegurada de es-quecimento. “É um descansoque a gente dá para o nossocérebro. Quando alguém seesquece de alguma coisa estáapenas relaxando e não deveser visto como desleixado”, de-fende a psicóloga.

O psiquiatra Carlos Aucélio Filho afirma que em uma certaidade as crianças são mesmo desligadas, mas o problemapode ser um sintoma de depressão

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O TRANSTORNO DO DÉFICIT

DE ATENÇÃO PODE

SER DIAGNOSTICADO

AINDA NA INFÂNCIA.

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Mãe Vera é o apelido carinhoso de RaimundaSilvéria Soares Luz. Apesar de ter idade para ser avó,aos 62 anos Dona Raimunda é mesmo uma mãe, edaquelas rodeadas de filhos. Moradora de ÁguasLindas (GO), cidade a 50 quilômetros de Brasília, há10 anos ela abriu a Casa de Moisés, onde cuida de66 crianças pobres, muitas delas filhos de pais con-denados pela justiça e que cumprem pena em regimefechado. Mãe Vera comanda a casa com capricho.Tudo é organizado mas as dificuldades financeiras tor-naram a manutenção do alojamento, da cozinha e dalavanderia bastante delicada. As condições de higieneeram precárias, o que sensibilizou o comitê de cidada-nia formado pelos funcionários da ANABB.

Criado em meados de 2004 e com experiênciaem outros projetos, o comitê visitou a Casa de Moisése pediu ajuda ao programa Brasil Sem Fome, daAssociação. Os voluntários apresentaram uma pro-posta para a construção de uma cozinha nova, maiore que possibilitasse manter as mínimas condições dehigiene para preparar a alimentação das crianças.Projeto aprovado, mãos à obra. Em ja-neiro, as obras começaram e no co-meço de fevereiro, a cozinha já estavapronta, tornando-se motivo de orgu-lho para Mãe Vera. A cozinha é pas-sagem obrigatória para quem visita acasa. O espaço virou uma espécie devitrine e tem motivado outras pessoasa contribuir.

O aposentado do Banco doBrasil, Roberto Meira, e o empresárioJadir Gomes da Silva, de Brasília, já seofereceram para ajudar o comitê daANABB a construir novos banheiros e

a ampliar os alojamentos. Os dois se interessarampelo projeto no fim do ano passado, quando doaramrecursos para a festa de Natal da Casa de Moisés,que teve direito a Papai Noel, cama elástica, pisicinade bolinhas, carrinho de pipoca e de algodão doce.

As contribuições apenas coroam um trabalhoque começou há 40 anos, quando Mãe Vera passou

a ajudar crianças órfãs eabandonadas. Para se dedicar àcausa, Mãe Vera, que no anopassado fez voto de pobreza erecebeu a ordenação da OrdemFranciscana, teve de fazeropções difíceis ao longo da vida.Pressionada pelo ex-marido a fa-zer uma escolha – ficar com eleou com as crianças –, ela pre-feriu seguir sua vocação e nãose arrepende. Basta olhar para olargo sorriso no rosto de MãeVera para ter essa certeza.

Mãe Vera e seu incansável sorriso

Os diretores da ANABB, Douglas Scortegagna (à esq.), GraçaMachado (no centro, de vermelho) e Emílio Rodrigues (à dir.),com os representantes do Comitê de Cidadania, Jailson Soaresde Melo e Rejane Ramos Pereira, na inauguração da cozinha:comida saudável para as crianças

A vida pelas criançasA vida pelas crianças

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No aniversário da ANABB, quem ganhapresente é o associado. De cara nova, o sitewww.anabb.org.br foi lançado com várias inova-ções. Mais dinâmico e interativo, a nova página vaifacilitar a vida de quem acessar a Internet parabuscar informações. Algumas matérias são ilustradascom fotos, o que permite visualizar melhor a notícia.A página principal ficou maior eutiliza o recurso da barra derolagem para ser vista em toda suaextensão. No topo da página, umbanner indica as notícias de maiordestaque. E caso o internautaqueira aumentar o tamanho dafonte em que foram escritos ostextos, também há recursos paraisso.

O site da Associação recebe,em média, 75 mil visitas por mês.A tendência é que este número au-mente. Segundo o diretor de Comu-nicação e Desenvolvimento daANABB, Élcio Bueno, as mudanças

Você na Internet

refletem a necessidade deampliar o processo de comunica-

ção dentro da entidade. “Graças a umtrabalho que a ANABB vem desenvolvendo

durante anos, as informações prestadas pela Associ-ação são confiáveis e respeitadas. Por esse motivo,nada mais justo que ampliemos nossos serviços paradeixar o associado mais bem informado”, afirma.

Para isso, a ANABB também incrementou o con-teúdo da página. Além de apresentar variedade denotícias, produtos, informações sobre ações judici-

ais, serviços e um histórico daANABB, o site permite aprofundaro conhecimento em um assunto.O trabalho de cidadania feitopela Associação ganhou espaçoespecial. Informações sobre ascampanhas desenvolvidas no se-tor, como a Brasil Sem Fome e oPrêmio Cidadania, podem ser co-nhecidas em detalhes, assimcomo os projetos que recebemajuda financeira da ANABB - amaior parte conduzida por comi-tês de funcionários do Banco doBrasil. O associado vai sabercomo investir em um projeto e

Ficou mais fácilacompanhar o andamen-to de uma ação najustiça, atualizar dados eobter informações nonovo site da ANABB. Narede, desde 21 de feve-reiro, a nova página temvisual diferente e trazuma grande novidade: oauto-atendimento

ÉLCIO BUENO: trabalho sério dá credibi-lidade às informações

por Ana Cristina PadilhaCl

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participar das campanhas da enti-dade.

Os eventos promovidos pelaAssociação também ganharam des-taque, com tudo sobre agenda einscrições, além de uma galeria defotos.

CONHECENDO MELHOR AANABB

A nova página traz mais doque informação. No link “Opiniãoda ANABB” o associado tem aces-so aos artigos produzidos pelo pre-sidente e pelos diretores, sempreabordando temas de interesse dofuncionalismo do BB. É possível também conhecer aANABB por dentro, da estrutura – há fotos da sede –ao número de funcionários de cada área e suas fun-ções. Com isso, ficou mais fácil para o associado di-recionar as demandas ao setor da entidade compe-tente. Basta clicar no link “Conheça a ANABB pordentro” e fazer um tour pela Associação.

Outra novidade é o link “O que a ANABB fazpor você”, que descreve todos os serviços oferecidose explica como o funcionário do BB pode se benefi-ciar associando-se à entidade. Para o presidente daAssociação, Valmir Camilo, o novo site vai ajudar aaproximar a ANABB de seus associados, já que tor-na a atuação da entidade mais transparente e pro-porciona obter um feedback mais preciso. “Alimen-tamos a página com todas as ações da ANABB,nossas opiniões e os números do balanço anual.Também inovamos no ‘Fale Conosco’ para receber-mos críticas e sugestões com mais rapidez. Repre-sentar com transparência sempre foi o nosso lema eo site vem reforçar esse objetivo”, afirma.

UM ESPAÇO SÓ PARA VOCÊA partir de agora, suas dúvidas serão resolvidas

com apenas alguns cliques no computador. No site,o associado tem um espaço só para ele. Ao digitarmatrícula e senha na seção “Auto-atendimento”, eleacessa todas as informações pessoais. Pode tambématualizar os dados e escolher se quer receber nossosinformativos on-line. A senha, enviada por carta paraa residência de cada um, deve ser trocada no primei-ro acesso. Segundo Ronaldo Medeiros, gerente do

CPD, a nova seção foi desenvolvi-da para ser acessada sem nenhu-ma dificuldade. “Pensamos na me-lhor maneira de oferecer informa-ções. Simplificamos o máximo pos-sível para que o associado possasanar todas as suas dúvidas pelaweb”, diz.

Medeiros acrescenta que oassociado não precisa se preocu-par ao digitar seus dados, pois osistema foi desenvolvido para ope-rar em segurança. “Temos o certifi-cado que garante que todas as in-formações digitadas no auto-aten-dimento são seguras.” Além de

praticidade, rapidez e segurança, o associado vaisentir a diferença no bolso. A possibilidade de fazerconsultas pela Internet dispensa o uso do telefone.

Pelo auto-atendimento, a consulta a ações judi-ciais impetradas pela Associação pode ser feita emtempo real. A ANABB direcionou profissionais daárea de Direito para trabalhar na atualização dosprocessos. A informação chega de forma simples,sem termos jurídicos, para que o associado possaentender em que etapa se encontra sua ação. Alémdisso, as ações já encerradas também ficamregistradas. Na parte destinada aos seguros, há to-das as informações sobre o Seguro Decesso Automá-tico, oferecido gratuitamente aos associados, e sobreos outros seguros que a ANABB oferece, além dossorteios e prêmios que é possível ganhar. Nesta se-ção, o associado também encontra seu número dasorte, para concorrer aos sorteios.

E tem mais. No link “Conta-corrente”, é possívelconferir o débito de sua mensalidade e os paga-mentos efetuados para ajuizar ações najustiça. Caso haja algo pendente, é possívelnegociar a dívida. E há um presente paraos talentos do Banco do Brasil, queagora podem expor suas obras naInternet. Na seção “Divulgue”, osescritores podem publicar contos epoesias. Basta ler o regulamento e pre-encher o formulário. Não perca tempo.Entre no site www.anabb.org.br e acesse omundo de novidades que a ANABB preparoupara você.

O gerente do CPD, RONALDO MEDEIROS,acredita que o novo site vai simplificar oacesso dos associados

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Do BB para aprefeiturapor Paulino Motter

Desde o dia 1º de janeiro, um significativonúmero de funcionários do Banco do Brasil vemdando expediente regular em prefeituras e câmarasde vereadores espalhadas pelo País. O mais in-teressante, porém, é que estes funcionários nãoforam designados para trabalhar em postos deatendimento instalados em repartiçõespúblicas, muito embora seu papel seja servir àpopulação. Explica-se: trata-se de pessoas quetrocaram o unifome do BB pelo figurino e pelasresponsabilidades de prefeitos, vice-prefeitos evereadores. Muitos dos vereadores conciliam asduas atividades: nas agências e nas câmarasmunicipais.

Dados do Tribunal Superior Eleitoral indi-cam que 1.255 bancários e economiários con-correram a cargos eletivos no pleito municipaldo ano passado – número significativamentesuperior aos 432 que se candidataram em2000. Se, por um lado, esse expressivoaumento da participação política da categoriarevela a própria consolidação da democracia

brasileira e o fortalecimento da crença narepresentação política, por outro pode ser visto comoresultado de um trabalho de longo prazo de

formação políticarealizado pelasorganizações sindicais epela ANABB. “Foimuito importante oesforço da ANABB juntoao Banco para instituirnovamente a licençapara concorrer e exercermandato eletivo. Semesta licença seriapraticamente impossívela participação naeleição”, reconheceClóvis AlbertoMontagner, do PP,prefeito de Faxinal doSoturno (RS).

Além de incentivar

EMÍLIO RODRIGUES: ANABB manteveisenção no processo e contribuiu para ademocracia

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a participação política dos seusassociados e de pleitear junto àdireção do BB, com sucesso, licençacom vencimento para os funcionári-os-candidatos, a ANABB desenvolveuum trabalho intenso de mobilizaçãodurante as eleições de 2004,oferecendo apoio institucional atodos os associados queconcorreram a cargos no executivo eno legislativo, independentemente dafiliação partidária. Mas esse trabalhocomeçou ainda em 93, com ações decidadania.

Com o cuidado de não transgre-dir a legislação eleitoral, que proíbeorganizações sindicais e associativasde contribuir financeiramente comcampanhas eleitorais, a ANABBpromoveu uma ampla divulgação da nominata decandidatos do Banco junto aos seus mais de 96 milassociados. Um encarte especial na edição do JornalAção de agosto trouxe uma lista ainda incompletados candidatos do BB em 22 Estados. Posteriormente,a ANABB criou uma página no seu site para a apre-sentação dos candidatos, com direito a foto e um pe-queno currículo.

Mas as duas ações que mais contribuíram parao êxito das candidaturas de funcionários do Bancodo Brasil foram a preparação e distribuição do“Manual do Candidato” e a organização de umaAção entre Amigos, para arrecadação de fundos decampanha. Elaborado pelo consultor político daANABB Antônio Augusto de Queiroz, o “Manual doCandidato” ofereceu orientações detalhadas paratodas as etapas de planejamento e execução dacampanha, incluindo informações sobre financia-mento e prestação de contas e dicas de propagandae mobilização. “A cartilha dando várias sugestões eorientação para uma boacampanha política foi im-portante para os candida-tos”, afirmou Montagner.

Outra iniciativacoordenada pela ANABB foia Ação entre Amigos, desti-nada a arrecadar fundospara os candidatos do BB.

CLÓVIS MONTAGNER, prefeito de Faxinaldo Soturno: sem a licença conseguida pelaANABB, ele não iria concorrer

FUNCIONÁRIOS ELEITOS LEVAM

EXPERIÊNCIA ADQUIRIDA NO BANCO

DO BRASIL PARA A ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA.

Aproveitando a capilaridadenacional da sua estrutura, aANABB mobilizou osassociados para contribuir.Foram distribuídos entre oscandidatos 80 mil bilhetespara o sorteio de um carro equatro computadores. A ven-da dos bilhetes da rifa, rea-lizada com o apoio de colegase militantes, contribuiu para ofinanciamento das cam-panhas de centenas decandidatos do Banco. A soli-dariedade dos associados daANABB permitiu ainda a com-pra e distribuição de 150 milcamisetas para os candidatos.

“Os objetivos desta açãoinstitucional, aprovada pelo Conselho Deliberativo,foram incentivar a participação política e cívica dosassociados, fortalecer o poder local, formar novas li-deranças, valorizar a militância de base e promoverpluralidade política. Nossa Associação não manifes-tou, portanto, qualquer preferência partidária, ofe-recendo a todos os candidatos o mesmo tratamen-to”, explicou Emílio Rodrigues, diretor de RelaçõesExternas e Parlamentares da ANABB.

EXPERIÊNCIA ADMINISTRATIVAOs dividendos políticos parecem compensar o

engajamento da ANABB no apoio aos candidatos dacategoria. Dos 175 funcionários que receberamapoio institucional da entidade, 40 foram eleitos.Outros 16 candidatos eleitos fizeram campanha semajuda da ANABB, somando 25 prefeitos, 8 vice-prefeitos e 23 vereadores. Longe de esperar qualquerretribuição, uma vez que as questões de interesse dacategoria são decididas nas instâncias federais, a

ANABB acredita que a elei-ção de funcionários experi-entes contribui paramelhorar a qualidade darepresentação política, be-neficiando diretamente ascomunidades locais.

Reeleito prefeito deIguaraci (PE) com 66% dos

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votos, Francisco Dessoles Monteiro, do PFL,considera o BB um boa escola para formarpolíticos honestos e eficientes. “A experiên-cia administrativa que eu adquiri no BB ésempre citada como fator de confiança doeleitor. Com o BB também aprendi a sersério no trato da coisa alheia e a observaros andamentos básicos para uma adminis-tração simples e eficiente”, afirma.

Novato no cargo, o prefeito de Faxinaldo Soturno (RS) também se apóia naexperiência de 27 anos no Banco do Brasilpara enfrentar os novos desafios. “Toda aexperiência e conhecimentos acumuladosao longo desses anos contribuíram para mi-nha candidatura. Além disso, o contato di-reto com tantas pessoas cria um canal deconfiança e se o trabalho for feito com seri-edade e atenção firma um conceito do funcionáriojunto a sua comunidade, importantíssimo para quemdeseja ocupar uma função pública”, ensina ClóvisAlberto Montagner.

“Hoje, completando praticamente dois mesesde mandato como prefeito, sinto o quanto a EscolaBanco do Brasil é importante. Princípios de discipli-na, responsabilidade, compromisso, seriedade, ética,relacionamento entre pesso-as, trabalho em equipe,busca de resultados,satisfação da população,são elementos vitais paraquem quer ter sucesso namissão. A todo momentopenso na estrutura e orga-nização BB, que ajudam naminha tomada de decisões. Muitas vezes, nós funcio-nários, dentro da empresa, não temos a dimensãodo quanto isto representa e pode colaborar no su-cesso individual.”

INCENTIVO ANOVOS CANDIDATOS

Se depender do entusiasmo dos funcionários doBanco que hoje desempenham as tarefas executivase legislativas em dezenas de municípios brasileiros,este exemplo deverá ser seguido por um númerocada vez maior de colegas. “O funcionalismo do BBtem muita contribuição a dar para suas co-

munidades. A funçãopública é uma das maisimportantes dentro dasociedade, pois se trata detrabalho com pessoas,com a população. Trata-mos das necessidades dopovo, dos serviços pú-blicos, do futuro denossos municípios. Podemter certeza que vale apena. Além disso, é claro,podemos atuar fortemen-te na defesa do Banco doBrasil, que desempenhaum grande papel no de-senvolvimento de nossoPaís. Um país não pode

abrir mão de um grande parceiro e agente de pro-gresso como o BB”, conclui Montagner.

A eleição de 2006, quando estará em jogo acomposição das Assembléias Legislativas estaduais edo Congresso Nacional, será o próximo teste para acapacidade de mobilização do funcionalismo doBanco do Brasil. Os prefeitos ouvidos pelo JornalAção foram unânimes em reconhecer a importância

de ampliar a bancada do BBnos legislativos estaduais efederal: “Até já lancei ummovimento, quando era ge-rente de Bonito (PE), convi-dando todos os colegas avotar em um companheironosso que disputava umavaga de deputado estadual,

inclusive mostrando que cada Estado poderiafacilmente eleger um ou mais colegas, bastando paraisso a coesão. Na época, a Superintendência nãogostou muito e os colegas gerentes não divulgaram omanifesto. Hoje, os tempos são outros. Quem sabeagora...”, conjectura o prefeito de Iguaraci, Fran-cisco Dessoles Monteiro.

A julgar pelo trabalho de base feito pela ANABB,é possível vislumbrar que o Banco do Brasil continuesendo um celeiro de lideranças políticas, contribuindopara o avanço democrático da sociedade brasileira.

FRANCISCO DESSOLES venceu emIguaraci: resultado de um trabalho debase

PREPARAÇÃO COMEÇOU EM 93,

COM INCENTIVO

À PARTICIPAÇÃO POLÍTICA.

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Douglas Scortegagna é diretor de RelaçõesFuncionais, Aposentadoria e Previdência

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O povo brasileiro assistiu estarre-

cido à novela da eleição para a presidência e os

outros cargos da mesa diretora da Câmara dos

Deputados. Nenhum dramaturgo brasileiro tem

conseguido promover tantos lances de emoção

como os nossos parlamentares durante a cam-

panha para o “sacrificante” cargo de presidente

na Câmara. Começou com a candidatura forçadade um deputado imposto pela cúpula do PT. Areação foi a candidatura avulsa, e democrática,de outro petista. A falta de jogo de cintura dopartido para administrar a situação deu margema novas candidaturas, que culminaram com asurpreendente vitória de um representante dobaixo-clero – grupo de parlamentares até entãosem expressão e sem voz ativa nas principais de-cisões da Câmara.

Nesse período, o País parou. Não se falouem reforma tributária, muito menos em reformapolítica. Nem por isso os deputados fizeram algu-ma economia. A “guerra eleitoral” custou cercade um milhão de reais para cada um dos princi-pais concorrentes, o que, convenhamos, chega abeirar o deboche para o brasileiro sofrido. Quempagou essa conta? Eu, você e todos os cidadãosbrasileiros. Não adianta dizer que fizeram coletaentre amigos. Pois vai sair dos seus salários que,aliás, estão prestes a aumentar, e que no finaldas contas quem paga é o contribuínte. E, ago-ra, já discutem a Medida Provisória 232, que sótem o objetivo de aumentar impostos.

Mas o “sacrifício” tem lá suas razões. O pre-

sidente da Câmara e osdemais integrantes damesa diretora têm direitoa auxílios significativa-mente maiores do que osrecebidos pelo restantedos deputados.Enquanto isso, o povodelira de alegria com aperspectiva de vir a ga-nhar um salário mínimode “fantásticos” R$300,00, a partir de maio.Por isso, acreditamos ca-da vez mais na organiza-ção da sociedade paraconstruir um Brasil justo,

feito para todos. Pensando nisto a ANABBreativou seu programa de grande sucesso, oBRASIL SEM FOME. Mais de 5 mil colegas já fize-ram doações, atendendo a convite da ANABB. Asoma das contribuições, que variam de R$ 5 a R$2 mil, supera os R$ 250 mil. Esse montante estápossibilitando à entidade destinar recursos a co-mitês da cidadania de funcionários do BB, denorte a sul do Brasil, beneficiando milhares de fa-mílias carentes.

Os benefícios são grandes. Vão de cursosprofissionalizantes à construção de cisternas efogões movidos a energia solar, gerando empre-go, renda e educação. Um país sério se faz compropostas sérias e o povo, quando vê que os re-cursos doados são realmente aplicados, não me-de esforços e empresta sua solidariedade.

Para incentivar os colegas a fazerem valersua vocação solidária, lançamos a quarta ediçãodo PRÊMIO CIDADANIA. Neste ano, serão distri-buídos R$ 35 mil em prêmios (metade do que segasta, por mês, com um deputado federal), alémdo belíssimo Troféu Betinho..... Em quem vocêapostaria mais? Nos planos dos políticos brasilei-ros ou nos projetos sociais dos colegas voluntá-rios? Eu acredito mais em vocês.