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1/11 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS NA INDÚSTRIA CANAVIEIRA NO SETOR DE FEREMENTAÇÃO E DESTILAÇÃO Diego Pinheiro Fatarelli – [email protected] Ariane Comparetti Silva – [email protected] Amanda Comparetti Silva – [email protected] Prof. M.Sc. Olayr Modesto Junior – [email protected] RESUMO A água é um recurso natural infinito, porém, a parcela de água que pode ser utilizada pelo homem esta cada vez mais escassa. Os efeitos climáticos e a poluição dificultam cada vez mais o seu uso. Entende-se que a melhor forma de preservar os recursos hídricos e diminuir a geração de efluentes é através do gerenciamento dos recursos hídricos disponíveis. Com as observações do processo, notou – se que são tomadas ações a fim de economizar grande quantidade de água no setor de fermentação e destilação da indústria canavieira, principalmente as ações de reciclo de água com tratamento básico desta. As observações in locu forneceram conhecimentos sobre os processos o que possibilitou a visualização de pontos de reaproveitamento de água. Com referência a tudo que foi abordado, pode-se, por fim, concluir que o gerenciamento dos recursos hídricos é indispensável para a preservação dos mananciais, através dele haverá menor captação de água e consequentemente menor geração de efluentes. Palavras chave: Química ambiental. Gerenciamento de recursos hídricos. Indústria canavieira. Geração de efluentes. Captação de água. INTRODUÇÃO Por muito tempo se teve a água como um recurso natural renovável e inesgotável, hoje se percebe uma modificação nesse paradigma. A escassez de água em algumas regiões é reflexa de fatores climáticos, elevada concentrações populacionais e econômicas, poluição de mananciais, ocupação desordenada do solo, entre outros. Os recursos hídricos podem ser descritos como a parcela de água doce disponível e que pode ser utilizada para alimentação e realização de trabalhos pelo homem, a um custo acessível. Pode – se dizer que o gerenciamento de recursos hídricos nada mais é do que adotar medidas a fim de se minimizar os impactos da ação do homem sobre estes recursos. O gerenciamento de recursos hídricos na indústria canavieira é necessário tanto para benefício da empresa quanto para população local. Administração adequada dos recursos hídricos utilizados no processo, bem como o aproveitamento dos rejeitos gerados, além de diminuir custos para a empresa também evita a poluição dos mananciais, sendo que estes geralmente também abastecem a população, sendo assim, com o gerenciamento dos recursos hídricos a contaminação das fontes de água será minimizada.

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Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores

Lins, 17 – 21 de outubro de 2011

GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS NA INDÚSTRIA CANAVIEIRA

NO SETOR DE FEREMENTAÇÃO E DESTILAÇÃO

Diego Pinheiro Fatarelli – [email protected] Ariane Comparetti Silva – [email protected]

Amanda Comparetti Silva – [email protected] Prof. M.Sc. Olayr Modesto Junior – [email protected]

RESUMO

A água é um recurso natural infinito, porém, a parcela de água que pode ser utilizada pelo homem esta cada vez mais escassa. Os efeitos climáticos e a poluição dificultam cada vez mais o seu uso. Entende-se que a melhor forma de preservar os recursos hídricos e diminuir a geração de efluentes é através do gerenciamento dos recursos hídricos disponíveis. Com as observações do processo, notou – se que são tomadas ações a fim de economizar grande quantidade de água no setor de fermentação e destilação da indústria canavieira, principalmente as ações de reciclo de água com tratamento básico desta. As observações in locu forneceram conhecimentos sobre os processos o que possibilitou a visualização de pontos de reaproveitamento de água. Com referência a tudo que foi abordado, pode-se, por fim, concluir que o gerenciamento dos recursos hídricos é indispensável para a preservação dos mananciais, através dele haverá menor captação de água e consequentemente menor geração de efluentes. Palavras chave: Química ambiental. Gerenciamento de recursos hídricos. Indústria canavieira. Geração de efluentes. Captação de água.

INTRODUÇÃO

Por muito tempo se teve a água como um recurso natural renovável e inesgotável, hoje se percebe uma modificação nesse paradigma. A escassez de água em algumas regiões é reflexa de fatores climáticos, elevada concentrações populacionais e econômicas, poluição de mananciais, ocupação desordenada do solo, entre outros. Os recursos hídricos podem ser descritos como a parcela de água doce disponível e que pode ser utilizada para alimentação e realização de trabalhos pelo homem, a um custo acessível. Pode – se dizer que o gerenciamento de recursos hídricos nada mais é do que adotar medidas a fim de se minimizar os impactos da ação do homem sobre estes recursos.

O gerenciamento de recursos hídricos na indústria canavieira é necessário tanto para benefício da empresa quanto para população local. Administração adequada dos recursos hídricos utilizados no processo, bem como o aproveitamento dos rejeitos gerados, além de diminuir custos para a empresa também evita a poluição dos mananciais, sendo que estes geralmente também abastecem a população, sendo assim, com o gerenciamento dos recursos hídricos a contaminação das fontes de água será minimizada.

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Através de referencial bibliográfico e de visitas para conhecimento de plantas industriais se demonstrou que a gestão ambiental consciente é primordial para que não acabe com a fonte da vida faunística, florística, flora e seres humanos de modo que a natureza sobreviva com o desenvolvimento industrial sustentável. Pensando dessa forma estabeleceram-se como objetivos para esse trabalho demonstrar o que é gerenciamento de recursos hídricos e como ele é feito na indústria canavieira nos setores de fermentação e destilação. Para tal buscou-se entre as usinas da região a que economizava mais água e através do conhecimento do processo de utilização dos recursos hídricos na planta industrial, foi possível a visualização de ponto onde podem ser desenvolvidas ações de reuso dos recursos.

1 GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NA INDÚSTRIA

Em todos os ramos da atividade industrial a água vem sendo reaproveitada através de projetos de reuso. Alguns desses projetos são simples, prevendo apenas o reciclo para reuso, e outros já mais elaborados, mais sofisticados, que envolvem tratamentos antes do reuso. Além dos apelos ambientais, outro fator que vem impulsionando esses projetos é o custo. Na região da grande São Paulo, por exemplo, o custo médio do metro cúbico de água é de oito reais, enquanto o custo das águas de reuso então em pouco mais de quatro reais em média, lembrando que esse valor pode variar devido ao custo e tipo de tratamento feito no efluente. As principais formas de reuso dentro da indústria são o uso de efluentes tratados nas torres de resfriamento, para a preparação e cura de concreto, compactação do solo, irrigação de áreas verdes, lavagens de pisos e peças, entre outros. O potencial para o reuso dentro da indústria e muito amplo. Tudo vai depender da qualidade e do tratamento que serão feitos no efluente. O custo de alguns projetos ainda é um problema, que certamente será superado com o desenvolvimento de novas tecnologias mais baratas. Porem na maioria das vezes os resultados mais expressivos são obtidos com medidas de combate ao desperdício e reuso em cascata de efluentes. (HESPANHOL, 2003)

2 METODOLOGIA DE CONSERVAÇÃO E USO DE ÁGUA NA INDÚSTRIA

Para o uso racional da água na indústria, gerando condições para sua preservação, deve ser criada uma comissão capaz de avaliar e identificar os principais pontos onde há um potencial de economia e reaproveitamento de água. O que vai determinar o sucesso ou o fracasso do projeto dentro da indústria é o apoio da gerencia. As atividades podem ser desenvolvidas conforme o seguinte cronograma: levantamento hídrico; diagnostico hídrico; plano de racionalização; estudos de viabilidade técnica, ambiental e econômica; gestão e monitoramento. (MARTINS, 2006)

A primeira parte para uma boa gestão da água é o levantamento hídrico. Está etapa consiste na coleta de todos os dados referentes ao sistema hídrico da empresa. Podem ser feitos levantamentos através das plantas, mais também deve ser feitos checagens de campo a fim de verificar se os dados do papel são o que realmente ocorre na prática. E nessa hora, com o levantamento hídrico, que é feita uma primeira avaliação do uso e do custo da água na indústria. O levantamento de dados dentro de uma indústria nem sempre é uma tarefa fácil, pois a planta industrial é complexa. Uma setorização da indústria pode ajudar a identificar e monitorar

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melhor os usos e as possíveis perdas de água. O sucesso da gestão e reaproveitamento dos recursos hídricos vai depender do correto levantamento e das interpretações dos dados. (HESPANHOL, 2004)

O diagnóstico hídrico vai interpretar todos os dados coletados e fazer as considerações de onde estão os principais pontos consumidores de água e os pontos geradores de efluentes. Também nessa hora são identificados os pontos de desperdício, que na indústria geralmente são causados por desatenção ou falhas humanas. O não fechamento de torneiras é um exemplo disso. Nessa hora também são avaliados os efluentes a respeito de suas qualidades e possíveis reutilizações; conforme a qualidade de cada efluente ele pode ser reutilizado em determinadas fases do processo produtivo sem causar danos. (MARTINS, 2006)

Fonte: MARTINS, 2006 Figura 1. Fluxograma do gerenciamento de água na indústria.

O plano de racionalização da água envolve medidas de economia, e combate ao desperdício de água bem como planos de reutilização. Como e onde economizar ou reutilizar também são pontos para ser avaliados. Metas de consumo de água também são um fator interessante nessa hora. O reuso da água conforme sua qualidade e quantidade são as principais formas de racionalização da água. Esse reuso pode ocorrer de duas formas, reuso em cascata e reuso pós tratamento. O reuso em cascata é o reuso do efluente de um setor diretamente em outro. Esse reuso vai depender da quantidade e principalmente da qualidade do efluente. As características do efluente devem ser compatíveis com as necessidades do processo seguinte. O reuso pós tratamento ocorre quando o efluente é encaminhado para outro processo após tratamento total ou parcial para se adequar as características necessárias do processo seguinte. Na maioria dos casos um tratamento parcial já é o suficiente, como a correção do pH, por exemplo. Sempre deve se preferir o reuso em cascata ao reuso pós tratamento visto que este ultimo

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sempre levara a geração de um resíduo do tratamento e também levara a um maior custo. As técnicas de reuso são as mais vantajosas dentro da indústria e somente depois de esgotadas todas as possibilidades de reuso é que serão adotados outros métodos. A readequação de processos e utilização de equipamentos que consomem menos água são exemplos que podem ser adotados, porem essas medidas muitas vezes envolve alto custo. Devem ser muito bem avaliados quais processos e quais equipamentos sofrerão interferência a fim de se verificar a viabilidade econômica do projeto. Todas essas medidas irão refletir numa rede hidráulica otimizada. (MARTINS, 2006)

Em indústrias petroquímicas, por exemplo, são feitos programas de reuso de efluentes e águas do processo industrial. Varias são as formas de reaproveitamento. O reuso de água de purgas de sistemas de vapor é um exemplo. Fontes de reciclo como sistemas de refrigeração em sistemas fechado contribuem para a economia de água. Também para a indústria petroquímica fator importante é analisar a qualidade do efluente, para ver em qual processo ele pode se adequar com o menor custo possível. No que diz respeito a troca de equipamentos por aqueles que consomem menos água, na indústria petroquímica é um problema a parte. A maioria dos equipamentos tem um custo elevado o que dificulta essa troca. O desperdício e os vazamentos também são fatores que podem ser evitados. Os vazamentos são muitos comuns nesse tipo de indústria devido a grande quantidade de válvulas, retenções e flanges que há nas instalações hidráulicas. Alguns tratamentos também podem ser implementados para melhorar a qualidade da água a fim de melhorar sua qualidade possibilitando o reuso em outros processos. Porem, quando tratamentos desse tipo são feitos são gerados resíduos sólidos que devem ser descartados de forma correta. Outros fatores importantes que são notados com o reaproveitamento dos recursos hídricos são a minimização do descarte de efluentes e diminuição da captação de água, que vai gerar um menor custo operacional e uma melhor qualidade do meio ambiente local. (MUSTAFÁ, 1998)

O estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental fornece as bases para se decidirem quais serão as medidas tomadas com base nos dados coletados no processo. É através desses estudos que será feito um planejamento da implantação do projeto de reutilização dos recursos hídricos. Além dos aspectos técnicos e econômicos os benefícios sociais também devem ser levados em conta. (HESPANHOL, 2004)

A gestão e o monitoramento do projeto devem ser continua a fim de garantir a eficiência. Palestras e treinamentos para a conscientização devem ser permanentes a fim de promover o uso consciente e evitar o desperdício. O diagnostico hídrico também deve ser constantemente renovado a fim de se verificar novas oportunidades de reuso e readequação de processos de reuso que já eram utilizados. O fluxograma mostrado na figura 1 demonstra as medidas que podem ser tomadas para otimização, gerenciamento e reutilização da água nas indústrias conforme tudo que foi descrito anteriormente. (MARTINS, 2006)

3 GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS NO SETOR DE FERMENTAÇÃO E DESTILAÇÃO

A indústria canavieira vem buscando um aperfeiçoamento nos seus

processos a fim de gerar meios para a implantação de um programa de gestão

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ambiental e se enquadrar nas exigências do mercado interno e externo. Isto está sendo implantado com a aquisição de novos equipamentos e implantação de procedimentos viáveis para a utilização mínima de água e redução de efluentes. (HESPANHOL, 2006)

O consumo da água na produção de etanol se tornou alarmante visto que alguns fatores passaram a ser preocupantes como a redução de reservas naturais, a exigência de órgãos públicos e organizações não governamentais (ONGs) pela conservação ambiental, a exigência de licenciamentos ambientais entre outros. (CARMO, 2008)

Como decorrência do crescimento do setor sucroalcooleiro no estado de São Paulo, este já representa 12 % da utilização de todo recurso hídrico disponível. Para o gerenciamento dos recursos hídricos, aplica-se uma utilização racional e um reuso adequado, isto é imprescindível pelo fato da água ser um recurso finito, que expressa uma preocupação para que não se torne escassa, consolidando a indústria sucroalcooleira como inovadora e sustentável. (HESPANHOL, 2006) O gerenciamento de recursos hídricos na indústria canavieira inicia-se com analise de vários aspectos como levantamento de dados em campo; identificação de opções de otimização do uso e reuso da água, aproveitamento de águas pluviais e recarga de aquíferos. Com todas essas informações é possível reduzir o consumo de água e aperfeiçoar o processo, gerando uma produção de etanol mais econômica tanto para a indústria quanto ao meio ambiente. (CARMO, 2008)

A partir da identificação de perdas físicas e desperdícios, através de monitoramento, dos processos em cada setor e subsequente comparação de consumo de água com e sem essas perdas a empresa viabilizará substituições ou manutenção de equipamentos que não estão operando com a eficácia desejada, gerando ônus desnecessário para a empresa. Ao final dessa análise algumas ideias se tornarão soluções para os indicadores negativos em relação ao consumo de água na produção de etanol. (HESPANHOL, 2006)

4 SETOR DE FERMENTAÇÃO

A fermentação é o processo mais delicado dentro de uma usina de açúcar e álcool, pois é realizado por microrganismos, fungos do tipo leveduras, que inspiram uma serie de cuidados para que não morram ou percam produtividade. A função básica da levedura é quebrar a sacarose em glicose e frutose e em seguida promover a transformação em dióxido de carbono e etanol. Para que essa reação seja efetuada a sacarose é fornecida para levedura através do mosto. O mosto é uma mistura de água, caldo de cana, méis e outros produtos que fornecem o alimento e condições de vida para as leveduras. O mosto deve ter seu teor de sacarose controlado para não produzir no meio reacional uma alta dosagem de álcool, o qual é tóxico é poderá causar a morte das leveduras, por outro lado um teor baixo de sacarose ira provocar um alto custo de destilação.

Quando a unidade faz a opção pelo uso de caldo para formação do mosto deve se ter um controle no tratamento, para que o caldo chegue o mais limpo possível a fermentação para evitar contaminações do ambiente da levedura e possíveis infecções. Esse problema é menor quando se trabalha com um mosto de mel, pelo fato do mel já ter passado por um processo de cozimento que elimina possíveis fontes de infecção. A diluição do mosto é feita com água quente, fato que facilita esse processo. Após essa diluição o mosto é resfriado a uma temperatura

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inferior a 30ºC, para beneficiar a proliferação das leveduras. Para o processo de fermentação continua, como é apresentado, após o mosto pronto ele será enviado para a primeira dorna de fermentação juntamente com o fermento que foi previamente tratado. Nesse momento deve-se encontrar a relação exata entre o fermento tratado e o mosto. Esse equilíbrio é medido pelo brix do vinho levedurado da dorna. Em valores acima de 12 já há um excesso de alimento que pode provocar uma floculação da fermentação pelo fato de stress. Os valores mais indicados estão em torno de 10 a 11 graus brix. Valores inferiores a estes já implicam em perdas no processo.

Figura 2. Fluxograma do processo de fermentação. Na continuidade do processo, o vinho levedurado e levado de uma dorna para outra chegando a ultima dorna fermentativa, durante este trajeto a levedura vai consumindo a sacarose e produzindo etanol. Esse também é um importante ponto de medição, pois aí se verifica o quanto de sacarose sobrou. O interessante é que esse valor não se mostre zerado, o que indicaria uma falta de alimento, e também não se mostre muito alto o que indica fermentação incompleta.

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Durante todas as passagens entre as dornas, o vinho fermentado é resfriado para que a temperatura não exceda 35 ºC o que tornaria o ambiente desfavorável à levedura. Também durante todo o processo, o dióxido de carbono gerado é retirado das dornas e enviado para a coluna de recuperação. Essa recuperação é importante porque junto com o dióxido de carbono evapora etanol que é recuperado nessa lavagem. Esse etanol recuperado é enviado para a dorna volante para ser destilado. (ANA, 2009) No final do processo fermentativo se obtém o vinho levedurado, o ideal é que a sacarose da dorna esteja quase zerada e o teor de etanol em torno de 9,5 a 10 ºGL (Graus Gay Lussac, porcentagem em volume de etanol em água). Esse vinho em seguida é enviado para as centrifugas de levedo. Lá o vinho é separado do fermento e é enviado para dorna volante onde fica aguardando para ser destilado. (ANA, 2009) Da centrifuga de separação o fermento sai concentrado, então passa por uma diluição e um tratamento com acido sulfúrico, para baixar o pH em torno de 2 a 2,5, que é uma faixa onde a levedura não chega a ser afetada, porem, há uma destruição de microrganismos que causam as infecções. Nesse momento também ocorre um período onde o fermento já tratado descansa numa cuba onde recebe nutriente antes de voltar às dornas de fermentação para novo ciclo de trabalho.

5 ÁGUA NO PROCESSO DE FERMENTAÇÃO O setor de fermentação é um setor que somente consome água na indústria, não ha nenhum ponto de recuperação de água. Há quatro processos de utilização de água no setor de fermentação, diluição do mosto, diluição do fermento, lavagem de gases e refrigeração de mosto e dornas. A água para diluição do mosto inspira cuidados especiais, visto que essa água entrara e contato com o fermento tratado. Normalmente é utilizada água condensada quente, em torno de 80ºC, o que facilita a dissolução do mel no brix desejado. Essa água não deve conter impurezas, o que pode causar entupimento de trocadores de calor e também pode trazer infecções para fermentação. Apos diluído o mel e formado o mosto este ainda esta quente, e passa por um trocador de calor para ser resfriado. A água para diluição do fermento deve ser uma água em temperatura ambiente e deve ser tratada para se evitar contaminações da fermentação. Poderia se resfriar água condensada para essa utilização, a água condensada tem vantagens por ter uma probabilidade nula de trazer infecções, ou seja, é uma água de boa qualidade, não requer tratamento. O ponto principal para implantação desse sistema é compatibilizar o custo de tratamento convencional, com o custo de resfriamento da água condensada. A água de lavagem dos gases das dornas de fermentação não é uma água que inspira muitos cuidados, visto que ela só é utilizada para retirar o etanol que é arrastado com o gás carbônico. Pode-se usar água tratada ou ate mesmo água bruta, pois essa água será enviada a dorna volante e será destilada em seguida. O maior volume de água é utilizado para refrigeração do mosto e das dornas, porem, é utilizado em forma de reciclo. Esta água passa por trocadores de calor com o vinho fermentado e com o mosto e em seguida vai para as torres de refrigeração. La esta água perde calor para o ambiente e em seguida é bombeada novamente para os trocadores de calor. Deve-se fazer um controle sobre essa água quanto à presença

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de algas. As algas formam placas na torre de refrigeração o que diminui a troca de calor com o ambiente. Outro problema das algas é que podem provocar entupimento dos trocadores de calor caso sejam sugadas pelas bombas.

6 SETOR DE DESTILAÇÃO DO ETANOL Apos todo o processo fermentativo e separação da levedura do vinho, este fica estocado numa dorna volante aguardando para ser destilado. A dorna volante atua de forma a manter ininterrupto o processo de destilação. A vazão de vinho pode oscilar, devido a sujeira nas centrifugas de levedo, paradas para manutenção, parada para limpeza. Desta forma a dorna volante trabalha de forma que não falte vinho e os destiladores precisem ser desligados. Quando sai da dorna volante a vinho passa por trocadores de calor, onde troca calor com a vinhaça. Essa troca aquece o vinho melhorando a eficiência da coluna de destilação que é onde o vinho vai entrar. O vinho entra por uma parte intermediária da coluna e o vapor na parte inferior, enquanto o vinho vai descendo o vapor vai subindo e aquecendo o vinho ainda mais e evaporando o etanol.

Figura 3. Fluxograma do processo de destilação.

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O etanol sai pela parte superior da coluna e na parte inferior, próximo à entrada de vapor, sai o resíduo da destilação, que é denominado vinhaça. Essa vinhaça por ser rica em potássio, após resfriada, é enviada para lavoura para realização da fertirrigação. O etanol que sai pelo topo da coluna ainda ira passar por condensadores, e em seguida ira para outra coluna de destilação, chamada coluna de retificação, deixando ele nos padrões de mercado. Na parte inferior dessa coluna se tem outro resíduo, que é chamado flegmassa. Ha dois tipos de coluna de destilação, uma que reaproveita essa flegmassa, juntando-a com o vinho na primeira coluna, o que elimina perdas, mais gera um refluxo muito alto, e outra coluna que despreza essa flegmassa junto com a vinhaça, o que proporciona um melhor rendimento da coluna, porem gera perdas maiores de etanol. O etanol que sai na parte superior da coluna de retificação ainda passará por condensadores novamente e por mais uma coluna de reciclo. Apos esse processo o etanol passa por um trocador de calor para chegar à temperatura ambiente e então é colocado em pequenos tanques de medição, dali é bombeado para os tanques de armazenagem.

7 ÁGUA NO SETOR DE DESTILAÇÃO No caso do setor de destilação, a água é usada para um único caso, o de resfriamento e condensação dos vapores de etanol produzido. Trata-se da troca de calor entre a água e o etanol durante o processo e no final dele, antes do etanol ser armazenado. A troca é feita em condensadores verticais ou horizontais, onde o etanol passa por uma casca cilíndrica de aço inox, e a água passa por tubos que ficam dentro dessa casca. A quantidade de água vai depender do tipo de etanol, para o etanol hidratado varia de 50 a 70 litros de água por litro de etanol produzido, no etanol anidro vai de 80 a 100 litros de água por litro de etanol produzido. (ANA, 2009) Como essa água é utilizada em forma cíclica a temperatura dela não chega à temperatura ambiente, se mantém sempre um pouco a cima, isso faz com que tenha que ser usado um volume ainda maior de água. Esta água se não for monitorada pode trazer alguns prejuízos. Se não houver um acompanhamento do pH, para mantê-lo em torno de 7 a 8, podem ocorrer corrosões de tubulações. Também deve ser feito um controle sobre as algas que podem causar incrustações e diminuir o efeito de troca de calor da água do sistema. Deve ser feito um monitoramento sobre a limpeza tanto das torres de resfriamento quanto dos trocadores de calor, quaisquer impurezas nesses equipamentos prejudica a eficiência do sistema.

CONCLUSÃO Após este estudo sobre gerenciamento de recursos hídricos, pode-se concluir que embora a indústria canavieira consuma grandes quantidades de água nos processos de fermentação e destilação, ela esta ciente de que deve buscar meios para minimizar seus impactos no ambiente, se quiser tem esse recurso natural em quantidade e qualidade por muito tempo para seu uso. O que este tipo de indústria esta fazendo, e que é primordial, é que sejam feitos circuitos fechados de água, somente com esse tipo de trabalho é que se consegue a redução da captação, porém, foi visto também que para os circuitos fechados funcionarem bem, devem-se

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realizar tratamentos na água a cada reciclo para impedir o acumulo de impurezas. Também no caso das águas utilizadas para resfriamento deve-se fazer um tratamento da água para que possa voltar ao processo. Verificou, também, que a água utilizada em um dado processo tem sua característica própria que possibilita ou não seu uso em outro setor, como é o caso dos condensados dos pré-evaporadores que podem ser utilizados, pelas suas características, no abastecimento das caldeiras. Com referência a tudo que foi abordado, pode-se, por fim, concluir que o gerenciamento dos recursos hídricos é indispensável para a preservação dos mananciais, através dele haverá menor captação de água e menor geração de efluentes.

REFERÊNCIAS ANA – Agência Nacional de Águas. Manual de conservação e reuso da água na agroindústria sucroenergética. Brasília: ANA, 2009. CARMO, Vadson Bastos do. Uso da água na produção de etanol de cana-de-açúcar: fase industrial. In: Workshop: Projeto Programa de Pesquisa em Políticas Públicas. Anais eletrônicos ... UNICAMP. 2008. Disponível em: <http://www.apta.sp.gov.br/cana/anexos/position_paper_painel3_vadson.pdf dedine 2008>. Acesso em: 15 mar. 2010. HESPANHOL, Ivanildo (Coord.) Manual de conservação e reuso de água na indústria. Rio de Janeiro: DIM, 2006. Disponível em: <http://www.siamfesp .org.br/novo/downloads/cartilha_reuso.pdf>. Acesso em: 03 set. 2010. HESPANHOL, Ivanildo. Potencial de reuso de água no Brasil: agricultura, indústria, municípios, recarga de aquíferos. BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador, v. 13, n. ESPECIAL, p. 411-437, 2003. Disponível em: <http://www.hidro.ufcg.edu.br/twiki/pub/ChuvaNet/ChuvaTrabalhosPublicados/PotencialdereusodeguanoBrasilagriculturaindstriamunicpiosrecargadeaqferos.pdf> Acesso em: 10 jun. 2010. MARTINS, M. V. L.; ASTORGA, O. A. M.; SIKLVEIRA, J. L. Conservação de água na indústria. Ciências exatas. N 1. Vol. 12. P. 107 – 113. 2006. Disponível em: <http://periodicos.unitau.br/ojs-2.2/index.php/exatas/article/viewFile/378/471>. Acesso em: 10 jun. 2010 MUSTAFÁ, George. Reutilização de efluentes líquidos em indústria petroquímica. Salvador, Bahia – Brasil, junho de 1998. Disponível em: <http://www.teclim.ufba.br/site/material_online/dissertacoes/dis_george_de_s_mustafa.pdf> Acesso em: 10 jun. 2010.

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III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO

Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores

Lins, 17 – 21 de outubro de 2011

HESPANHOL, Ivanildo (Coord.) Manual de Conservação e Reuso de Água Para a Indústria. São Paulo, DIM 2004. Disponível em: <http://www.fiesp.com.br /publicacoes/pdf/ambiente/reuso.pdf> Acesso em: 03 jul. 2011.