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Janeiro 2015 | Nº 3 | Trimestral | Gratuita Green cONNECTION O Problema da Pecuária ESPECIAL 2015, Ano Internacional dos Solos Ativismo Verde | Conservação Ambiental | Veganismo | Ecovilas | Energias Renováveis | Consumo Sustentável No Brasil e no Mundo A pecuária é a maior responsável pela degradação dos solos, alterações climáticas, e não só. Descubra a melhor coisa que pode fazer pelo nosso planeta sem gastar nenhum cêntimo!

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Janeiro 2015 | Nº 3

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Janeiro 2015 | Nº 3 | Trimestral | Gratuita

GreencONNECTION

O Problema da

Pecuária

ESPECIAL2015, Ano Internacional

dos Solos

Ativismo Verde | Conservação Ambiental | Veganismo | Ecovilas | Energias Renováveis | Consumo Sustentável

No Brasil e no Mundo

A pecuária é a maiorresponsável pela degradação dos solos, alterações climáticas, e não só.

Descubra a melhor coisa que pode fazer pelo nosso planeta sem gastar nenhum cêntimo!

© Imagem: Roberta Menezes

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BRASIL

Entre 2007 e 2013, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Mato Grosso do Sul, registou 487 mortes violentas de índios, das quais 137 por homicídio.

Dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) apontam 73 casos de suicídio indígena, dos quais 72 perten-ciam à etnia Guarany-Kaiwá, a maioria com idades entre 15 e 30 anos.

NESTA EDIÇÃO:

TUDO QUE OS LATIFUNDIÁRIOS, GOVER-NANTES, MULTINACIONAIS E MUITAS OUTRAS ENTIDADES NÃO QUEREM QUE SAIBA.

© Imagem: Brasil de Fato

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Os grandes latifundiários de multinacionais do agronegó-cio, com o apoio dos governan-tes, expulsam os índios de suas terras.

No Brasil - os indígenas da etnia Guarany-kaiwá vivem às mar-gens da BR-463, em Dourados, em condições degradantes, utili-zam água imprópria para o consumo humano, coletada num riacho da região contami-nado por agrotóxicos de lavou-ras próximas. Foram expulsos das suas terras tradicionais devido à expansão da pecuária e agricultura. Os barracos improvi-sados onde acampam já foram incendiados várias vezes. O mais

ridículo de toda esta situação é a Justiça Federal do Mato Grosso do Sul achar que 30 hectares de terra irão resolver o problema dos 31.000 integrantes da tribo.

No Paraguai - a situação não é diferente. Segundo o Instituto Paraguaio do Indígena, INDI, dos 112.000 indígenas que foram expulsos das suas terras, 75% deles vivem em situação de extrema pobreza e sob ameaça de etnocídio. Sujeitos a migra-ções forçadas provocadas pela fome e expulsões forçadas por consequência da expansão das fazendas de gado e plantação de soja. Atualmente, cerca de 3.000 indígenas vivem nas ruas entre

Assunção, Curuguaty e Ciudad del Este, expostos à prostituição, à drogas, como a cola de sapateiro (que reduz a fome), e como se não bastasse, são descriminados e excluídos pela própria socieda-de. Enquanto isso, as plantações de soja e fazendas de gado conti-nuam a crescer e os pecuaristas continuam a expulsar os indíge-nas das suas terras.

“O desmatamento e a expansão da monocultura de soja estão levando à desaparição dos povos. Estamos enfrentando um etnocídio dos povos indíge-nas.” (René Alfonso, Antropólogo)

© Imagem: Percurso da Cultura

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1 Expulsão de indígenas e genocídios

Os índios sofrem, o povo protesta, os ecossistemas são destruídos, e os consumidores envenenam-se com o lixo dos produtos da pecuária...

Enquanto isso os governantes �nanciam e são �nanciados por latifundiários, cujo objetivo se resume a uma vida ridícula de luxo e ostentação.Taciana Villas Boas, esposa de Joesley Batista – presidente da J&F, holding da JBS-Friboi, diz que “atualmente gasta muito mais do que na época da faculdade” e que “comparando com o meio em que frequenta, de jeito nenhum"... ou seja, para a fortuna que tem, o seu custo de vida é qualquer coisa “insigni�cante”. F1

Assim como a Europa usa o dinheiro público para sustentar atividades arcaicas como a Tauromaquia, e assim como os governantes de África permitem a atividade da caça, responsável pelo massacre de tantos animais em risco de extinção, assim também os governantes da América Latina sustentam a pecuária e os seus ”amigos” latifundiá-rios sem escrúpulos.

A�nal a opressão e a escravidão em que vive a população mundial serve para alguma coisa: para sustentar o luxo de meia dúzia de pessoas que passam a vida a fazer compras na “chanel”, a adqui-rir “jatos, iates, mansões, carros e roupas de luxo” como se não houvesse amanhã, como se os recur-sos naturais fossem inesgotáveis, como quem ateia fogo na própria cama em que dorme. Consci-ência, respeito pelos seres humanos e pelo meio ambiente são coisas que certamente os governan-tes mundiais e a elite desconhecem.

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© Imagem: Percurso da Cultura

Na imagem à esquerda, Dilma, presidenta do Brasil, durante a cerimónia da posse de 2015, acompanhada do empresário José Henrique Cutrale e de Marcos Molina, proprietário da Marfrig. Vale ressaltar que muitas campanhas políticas são sustentadas por empresas do setor da Pecuária, e por aí começa a corrupção, criando um ciclo criminoso de troca de favores. Até quando?© Imagem: diariosaocarlos.com.br

Dizem que “toda a desgraça vem acom-panhada” e é verdade. Após os índios serem expulsos das suas terras, milhares de hectares de �oresta são incendiados e devastados para o cultivo de grãos destinados a alimentação dos animais do setor do agronegócio.

Segundo um estudo da organização Forest Trends, a agropecuária é respon-sável por 90% do desmatamento ilegal no Brasil.

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© Imagem: Leonardo F. Freitas

© Imagem: Leonardo F. Freitas

2 Incêndios florestais e ecocídios

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Em 2014, 183.528 focos foram detetados. As quei-madas destroem a fauna e a �ora nativas, causam empobrecimento do solo e reduzem a penetração de água no subsolo, além de gerar poluição atmosférica com prejuízos para a saúde de milhões de pessoas e para a aviação.

Políticas ruralistas como as da senadora e fazen-deira do Tocantins, Kátia Abreu, também conheci-da por “rainha da motosserra”, enfraquecem o Código Florestal do Brasil, responsabilizado por muitos pelo recente aumento do desmatamento da Amazónia.

Relativamente ao número de focos de incêndio por bioma, nos últimos 12 meses, quase metade tiveram origem em �orestas amazónicas, com 1238 áreas incendiadas. Seguida do cerrado, 697, matas atlânticas, 377, caatingas, 284, pantanais 48 e pampas 27, num total de 2671 focos de incêndio. Segundo informações do INPE, nos últimos 28 anos a Mata Atlântica perdeu 1.850.896 hectares e atualmente restam 12,5% dos 1,3 milhões de km2 originais de �orestas nativas. F2Os maiores responsáveis pelas emissões de CO2 no Brasil tem sido a agropecuária e a mudança de uso das terras (excesso de des�orestação). F3

F2

© Imagem: Leonardo F. Freitas

© Imagem: Leonardo F. Freitas

F3

Total de focos de incêndios detetados entre os anos de 1998 e 2015. (INPE)

FONTES: INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2012.Portal do Monitoramento de Queimadas e Incêndios. (16/01/2015)

© Imagem: Moacyr Lopes Junior/Folhapress

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uno Andre Ferreira EFE

Durante os incêndios, os animais �cam desorien-tados, stressados e tentam escapar do fogo, mas a maioria acaba por morrer.No Brasil o Estado permite que os latifundiários pecuaristas incendeiem �orestas, basta “solicitar ao IBAMA da área a ser queimada.” Segundo a EMBRAPA as devastações provocadas por incên-dios “nem sempre são prejudiciais aos seres huma-nos e a conservação da natureza.” Uma a�rmação falsa, absurda e de mau gosto.Quando o tema está relacionado com interesses económicos a posição do Estado e de órgãos públicos, como a EMBRAPA, é deprimente desde o planeamento até aos resultados �nais. A�nal, quem ganha com a Pecuária?

Muitos dos incêndios em Portugal também são origi-nados por grupos de interesses económicos, o que não é novidade nenhuma já que a sociedade está a viver uma fase na qual as instituições públicas e privadas andam lado a lado, para não dizer que são “2 em 1” separados apenas por nomes institucionais.

3 Destruição de habitat e extinção

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oacyr Lopes Junior

“Já ultrapassamos três dos nove limites planetários.” (Relatório: Planeta Vivo 2014, WWF)

Entre 1970 e 2010, segundo o relatório Planeta Vivo 2014 da WWF, o planeta perdeu 52% da sua fauna, enquanto a população mundial duplicou.

Em apenas 40 anos, perdemos:39% de espécies terrestres76% de espécies de água doce39% de espécies marinhas

Na Lista Vermelha da IUCN, atualmente há 69 espécies da fauna e da �ora que já não são mais encontradas em seu habitat natural (existem apenas em cativeiro). 4.574 espécies em perigo crítico de extinção, sendo o Lince Ibérico um deles. Temos também 6.830 espécies em perigo e 10.772 em situação vulnerável, num total de 22.245. (Jan, 2015)

Limites Planetários

© Imagem: Relatório: Planeta Vivo 2014, WWF

© Imagem: Moacyr Lopes Junior/Folhapress

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oacyr Lopes Junior

4 Monoculturas, transgénicos e agrotóxicos

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Em 2014, só no Brasil, as áreas destinadas para as pastagens da pecuária foram de 169 milhões de hectares. Este número não inclui as áreas cultivadas para outros alimentos destinados às rações.

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com média de 5,2 litros por habitante. Os agro-tóxicos encontram-se isentos de impostos, o que leva ao aumento do consumo. O agronegócio do Brasil tem utilizado muitos transgénicos, o que fez com que aumentasse o uso de agrotóxicos em grandes áreas de cultivo. A utilização de agrotóxicos é ine�caz porque as infestantes tornam-se cada vez mais resistentes aos químicos, para além de poluir o solo, o ar e os alimen-tos.

Nos últimos 50 anos, as emissões de CO2 produzidas pela agricultura do Brasil passaram de 118,195.47 para 444,414.38 em 2012, quatro vezes mais do que o número inicial. No mesmo ano, o Brasil já estava em 3º lugar no “Top 10” nas emissões do setor agrícola de todos os países do mundo, ultrapassando até mesmo os Estados Unidos. (F1)

Em 2012, o continente Americano e Asiático juntos foram responsáveis por 70% das emis-sões da agricultura. (F2)

(Grá�cos: FAOSTAT)

Emissões de metano e óxido nitroso produzidos a partir de atividades agrícolas, por continentes. FAO - 2012

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agem: Leonardo F. Freitas

5 Abuso e exploração de animais

PORTUGAL

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BRASIL

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Milhares de animais vivem con�na-dos, enjaulados e amontoados como lixo. Muitos são mutilados, sujeitos a alimentação forçada, a gestação e reprodução contínua. A maioria deles morrem sem nunca ver o sol, sem nunca ter a oportunidade de correr, voar, ou nadar.

Compartilham espaços minúsculos com outros animais da mesma espécie em condições stressantes que os levam a automutilação e canibalismo, até o dia do seu abate, que por �m acaba com todo o seu sofrimento.

Se estes magní�cos seres soubessem o que é revolu-ção ou suicídio, a pecuária não existia. A automutila-ção e o canibalismo são re�exos de tanta tristeza.

FRANÇA

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1.089.675.100 de cabeças15.804.022.000 de cabeças

834.789 de cabeças

1.839.091 de cabeças

650.740.670 de cabeças 573.548.085 de cabeças

344.967 de cabeças

A Pecuária em NúmerosTop 5 países produtores, por espécie (2013, FAOSTAT)

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Alta produtividade não significasustentabilidade

Nos últimos anos temos assistido as multinacionais do setor da agropecuária a esma-gar os pequenos produtores rurais. No �m de contas ninguém está a ganhar com este modelo de produção insustentável.

Imagine a quantidade de cere-ais, água e energia que é gasta para sustentar 208 milhões de cabeças de gado, num país cuja população é de 203 milhões de habitantes? Este é cenário atual do Brasil.

As multinacionais trabalham com preços competitivos, que geram o aumento da procura, o aumento da oferta, que por consequência gera o excesso de bens dos quais não são contabi-lizados os custos ambientais do processo de produção. O normal era que a produção caísse e que os preços aumentassem, mas não é o que temos visto no setor do Agronegócio. Nos últimos anos temos assistido ao aumen-to da produção e do consumo de bens com preços insustentá-veis a nível ambiental. Preços baixos também implicam mão-de-obra barata. O que importa

termos excesso de bens se os ordenados mínimos não chegam nem para o básico?

A chave da economia susten-tável está na regulamentação e �xação justa dos preços e da produção dos bens.

Carne, peixe, laticínios e todos os seus derivados devem come-çar a ser mundialmente reco-nhecidos como produtos de luxo, como bens não essen-ciais, e só assim o setor da pecu-ária terá uma produção susten-tável. Atualmente, com €1,98 é possível comprar 1 kg de frango, mas para que a produção seja rentável, os produtores precisam recorrer ao uso de químicos prejudiciais à saúde e ao ambiente para acelerar o cresci-mento dos animais e reduzir os custos, o que torna os alimentos ainda menos saudáveis e os preços cada vez mais competiti-vos. Se o Estado �xa-se um valor mínimo deste mesmo produto para €30,00 / kg, por exemplo, os produtores ganhariam mais sem ter de intensi�car a produção e até mesmo poderiam converter o modo de produção intensivo e insustentável para a produção

biológica, ética e sustentável. O Estado também ganharia mais com o IVA destes bens e até com a redução de utentes com problemas de saúde originados pela alimentação desequilibra-da. A população ganharia na saúde, e isso não signi�ca acabar com o consumo de produtos do setor da pecuária, mas sim redu-zir e valorizar os seus custos de produção.

Um modelo sustentável de negócio não implica acabar com a produção ou o consumo do mesmo, apenas equilibrá-los, muito mais quando se trata de saúde pública e questões ambientais.

A �xação de preços justos e a valorização dos recursos huma-nos edi�cariam uma sociedade mais ética. Todos estes benefí-cios para empresas, cidadãos, economia e ambiente são possí-veis, os governantes mundiais precisam apenas reavaliar esta situação e tomar iniciativas, mas a paralisação dos produtores e a interrupção do fornecimento destes mesmos bens também causaria o mesmo efeito.Mobilizem-se!

O PROBLEMA DOS PREÇOS DOSLATICÍNIOS EM PORTUGAL E NA EUROPA

Segundo fontes da Associação dos Produtores de Leite de Portugal, APROLEP, o preço do leite teve uma redução de 6 cêntimos / litro nos últimos 8 meses. Na Europa os preços do leite e seus derivados também não pagam nem a água que é gasta para serem produzidos. Ao invés de baixar o preço do leite, porque o Estado não baixa o preço dos transportes públicos, por exemplo? Ninguém está a ser bene�ciado com a redução dos preços do produtos do agronegócio. Com este cenário insustentável, ou o Estado quer mais pessoas a abandonar as suas terras, ou então a abandonar o país.

Out 2004 Out 2014 Aumento Bélgica 31,06 32,28 1,22 Bulgária - 33,45 - República Checa 25,48 30,93 5,45 Dinamarca 31,46 36,00 4,54 Alemanha 30,99 35,14 4,15 Estónia 23,83 25,54 1,71 Irlanda 31,30 36,90 5,6 Grécia 39,71 42,22 2,51 Espanha 31,25 33,11 1,86 France 33,75 35,91 2,16 Croácia - 34,62 - Itália 34,99 36,77 1,78 Chipre 39,35 57,02 17,67 Letónia 17,91 23,33 5,42 Lituánia 18,61 24,37 5,76 Luxemburgo 34,56 34,56 0 Hungria 26,24 32,14 5,9 Malta - 47,61 - Holanda 32,14 37,00 4,86 Áustria 30,76 37,63 6,87 Polónia 23,40 29,64 6,24 Portugal 33,84 34,09 0,25 Roménia - 30,62 - Eslovénia 28,13 32,39 4,26 Eslováquia 23,35 32,49 9,14 Finlândia 37,44 44,16 6,72 Suécia 32,69 35,99 3,3 Reino Unido 27,27 35,35 8,08

Preço do Leite na UEEur / 100 kg. Migrar com as “Vacas”

para o Chipre?Na tabela ao lado, pode encontrar uma com-

paração do preço do leite nos países da Europa, de 10/2004 e 10/2014. Veri�ca-se um aumento generalizado, sendo que no caso de Portugal, para além de indicar o valor mais insigni�cante de aumento dentre todos os países Europeus, é no mínimo ridículo. Não tarda e o Estado também vai começar a incentivar os nossos produtores de leite a migrar ou pedir a falência, gerando ainda mais desempregos, abandono de terras, e deserti�cação, alargando as �las da Segurança Social, IEFP, e obrigando os peque-nos produtores a tirar cursos de “Informática Básica”, “Técnicas de Unhas de Gel”, etc.

??© Imagem: Cristiano Burmester

Adivinhe quem está a pagar pela água? O nosso ecos-sistema!A utilização dos recursos hídricos pelo sector da pecuária intensiva revelam cálculos alarmantes da produção de bens de origem animal. Listamos alguns exemplos da quantidade de água que é gasta para produzir alguns bens, referentes a estudos cientí�cos com informações e cálculos do uso da água. FONTE: www.waterfootprint.org

Carne bovina - 15415 litros/kgCarne de ovelha - 10400 litros/kgCarne de porco - 5990 litros/kgCarne de bode - 5520 litros/kgCarne de frango - 4300 litros/kgLeite de vaca - 1020 litros, ou 255 litros/copo 250 mlLeite em pó - 4750 litros/kg Manteiga - 5553 litros/kgQueijo - 5060 litros/kgOvos - 3300 litros/kgPele de Bovino - 17093 litros/k

AGRICULTURA PARA PRODUÇÃO DE “BIOCOMBUSTÍVEIS”,UM DELÍRIO INSUSTENTÁVEL

Biodiesel produzido a partir da soja - 2145 litros/kgBioetanol a partir do milho - 1222 litros/kgBioetanol a partir da beterraba - 132 litros/kgBioetanol a partir da cana de açúcar - 210 litros/kg

Até parece que os governantes não tem mais nada de útil para fazer com tanta água, soja, milho, beterraba, cana de açúcar...

Para produzir 1 kg de carne bovina gasta-se 15415 litros de água.

Para produzir 1 kg de pele de bovino gasta-se 17093 litros litros de água.

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O VERDADEIRO CICLO DA PECUÁRIA

monocultura + transgéni-cos + agrotóxicos

aprisionamentode animais

Mão-de-obra escrava Trabalho precário e opressivo

Marketing Monopolista

Produtos de origem animal

Cancro, doenças cardiovas-culares, etc...

Etnocídio Exclusão social Destruição �orestal

Emissão de gases de efeito estufa

Destruição da fauna e da �ora

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O Agronegócio do Brasil, um exemplo mundial de destruição ambiental e desigualdade social

Nesta edição foram dados mais exemplos do agronegócio do Brasil do que de outros países, mas seria impossível que a edição especial do Ano Interna-cional dos Solos tratasse apenas dos problemas que enfrentámos com o Agronegócio dentro da Europa, porque a devastação �orestal e a degradação dos solos em outros países também tem suas ligações com o mundo inteiro por causa das exporta-ções. Problemas ambientais gigantescos seriam reduzidos se todos os países deixassem de importar produtos ligados à sistemas de produção devasta-dores como os do Brasil.

Em 2014, o Brasil exportou 130.495 toneladas só de carne

bovina, e segundo a Agroin o con�namento de bois deverá crescer no país da corrupção. Com o aumento da produção aumentará também o cultivo de grãos e áreas de pastagens para alimentação animal. Mesmo que a carne consumida em Portugal seja nacional ou Europeia, os animais poderão estar a ser alimentados com rações de grãos produzidos em outros países. Em 2014, só a União Euro-peia importou mais de 8.829.318 toneladas de farelo de soja do Brasil.

Peles e Couros: Em 2014, o Brasil exportou 497.570.978 kg de pele bovina. Quanto aos 94 países de destino, no topo da lista está a China + Hong Kong,

232.230.678 kg.Abaixo, listamos alguns dos países da UE importadores de peles e couros do Brasil:

2º Itália - 84.778.964 kg5º Alemanha - 6.049.801 kg16º Portugal - 4.891.530 kg22º Espanha - 2.551.210 kg26 França - 330.054 kg

É de referir que grandes marcas de roupas e acessórios da Europa tenham fábricas instaladas na China por causa dos preços da mão-de-obra, o que não está a ser contabilizado nas importa-ções de couro e pele do mercado Europeu.

Fonte: SECEX / Elaborado pelo CICB

Já calçou a Amazónia hoje?Calçado Português, em pele.

Sabia que Hazaribagh, no Bangladeche, é um dos 10 lugares mais poluídos do mundo, por causa dos curtu-mes? Todos os dias, as fábricas descartam milhares de resídu-os tóxicos cancerígenos. Além de cancro, estes resíduos causam doenças respiratórias, queimaduras ácidas, erupções cutâneas, dores, tonturas e náuseas. Muitos trabalhadores dos curtumes vivem ao lado de córregos, lagoas e canais contaminados.

“MARCAS GLOBAIS SÃO PARCEIRAS SILENCIOSAS DO CRIME”Listamos algumas das marcas que utilizam matéria prima da pecuária do Brasil:

Adidas, Nike, Reebok, Gucci, Kraft, Boss, Geox, Hil�ger, Louis Vuitton, Prada, Clarks, Ethan Allen, Macys, Carrefour, Lidl, IKEA, EuroStar, Ford, Honda, Tesco, Toyota, BMW.

Fonte: A Farra do Boi na Amazónia, Greenpeace Brasil.

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Algumas coisas que pode fazer pelo solo e pelas florestas, mesmo que indiretamente,

e sem gastar nenhum cêntimo!

Evitar comprar produtos em pele.Opte por produtos sintéticos.

Evitar ou reduzir o consumo de produtos de origem animal.

Seja voluntário em Organizações Não Governamentais do Ambiente - ONGA’s, e de defesa dos direitos dos animais.

Reciclar - isto inclui dar roupas e bens que não usa mais.

Evitar agrotóxicos e produtos que prejudi-cam o solo, o ambiente e a saúde humana.

Divulgar.

© Imagem: sustentarte.org.br

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Agriculturabiológica:

+ Ética+ Saúde+ Empregos

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Isto é o que sobrou do seu casaco de pele.

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