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7 ARTIGO DE REVISÃO Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014 Adolescência & Saúde RESUMO O vigente estudo objetiva analisar as implicações clínicas, obstétricas e neonatais provenientes dos riscos biológicos de adolescentes grávidas, menores de 16 anos. Consiste em uma revisão sistemática de 28 artigos. A estratégia de busca foi realizada pelas palavras-chave do MeSH e DECS (na língua inglesa), mesclando as palavras “gravidez na adolescência” com fatores de risco, obstétricos, clínicos e neonatais. Os operadores booleanos foram utilizados de forma específica para as bases de dados PubMed, LILACS, SciELO e EMBASE. Dentre os resultados, aqueles que se apresentaram com maior frequência foram: pequeno para a idade gestacional (75%), baixo peso ao nascer (64%), parto prematuro (61%), retardo do crescimento intrauterino (66%), anemia (55%), hemorragia pós-parto (33%), parto vaginal (31%) e infecção urinária e/ ou vaginal (29%). Estes achados sugerem que as características biológicas relacionadas com adolescentes < 16 anos podem ser consideradas como um fator importante para resultados adversos na gravidez. PALAVRAS-CHAVE Adolescente, gravidez, recém-nascido. ABSTRACT This study aims to analyze the clinical, obstetric and neonatal implications of biological risks of pregnancy among adolescents under 16 years of age through a systematic review of 28 articles. The search strategy was performed by key words of MeSH and DECS (in English) merging the words “teenage pregnancy” and “obstetric, clinical and neonatal risk factors”. Boolean operators were used specifically for PubMed, LILACS, SciELO and EMBASE. The complications most frequently noted were: small for gestational age (75%), with low birth weight (64%) premature birth (61%) delayed intrauterine growth (66%), anemia (55%), postpartum hemorrhage (33%), vaginal delivery (31%) and urinary tract infection and/or vaginal (29%). These findings suggest that the biological characteristics of adolescents <16 years of age increase the risk of adverse events during pregnancy. KEY WORDS Adolescent, pregnancy, newborn. Gravidez na adolescência: uma revisão sistemática do impacto da idade materna nas complicações clínicas, obstétricas e neonatais na primeira fase da adolescência Pregnancy in adolescence: a systematic review of the impact of maternal age on clinical, obstetric and neonatal complications in the first phase of adolescence > Isabel Cristina da Silva Bouzas¹ Samária Ali Cader² Lenora Leão³ Isabel Bouzas ([email protected]) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã - Rio de Janeiro, RJ, Brasil. CEP: 20550-013. Recebido em 23/05/2014 – Aprovado em 15/08/2014 ¹Mestre em Ciências Médicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ²PhD em Medicina do Esporte pela Universidade Nossa Senhora de Assunção – UC/Paraguai. ³Doutora em Ciências Médicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil. > > >

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7ARTIGO DE REVISÃO

Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014Adolescência & Saúde

RESUMOO vigente estudo objetiva analisar as implicações clínicas, obstétricas e neonatais provenientes dos riscos biológicos de adolescentes grávidas, menores de 16 anos. Consiste em uma revisão sistemática de 28 artigos. A estratégia de busca foi realizada pelas palavras-chave do MeSH e DECS (na língua inglesa), mesclando as palavras “gravidez na adolescência” com fatores de risco, obstétricos, clínicos e neonatais. Os operadores booleanos foram utilizados de forma específi ca para as bases de dados PubMed, LILACS, SciELO e EMBASE. Dentre os resultados, aqueles que se apresentaram com maior frequência foram: pequeno para a idade gestacional (75%), baixo peso ao nascer (64%), parto prematuro (61%), retardo do crescimento intrauterino (66%), anemia (55%), hemorragia pós-parto (33%), parto vaginal (31%) e infecção urinária e/ou vaginal (29%). Estes achados sugerem que as características biológicas relacionadas com adolescentes < 16 anos podem ser consideradas como um fator importante para resultados adversos na gravidez.

PALAVRAS-CHAVEAdolescente, gravidez, recém-nascido.

ABSTRACTThis study aims to analyze the clinical, obstetric and neonatal implications of biological risks of pregnancy among adolescents under 16 years of age through a systematic review of 28 articles. The search strategy was performed by key words of MeSH and DECS (in English) merging the words “teenage pregnancy” and “obstetric, clinical and neonatal risk factors”. Boolean operators were used specifi cally for PubMed, LILACS, SciELO and EMBASE. The complications most frequently noted were: small for gestational age (75%), with low birth weight (64%) premature birth (61%) delayed intrauterine growth (66%), anemia (55%), postpartum hemorrhage (33%), vaginal delivery (31%) and urinary tract infection and/or vaginal (29%). These fi ndings suggest that the biological characteristics of adolescents <16 years of age increase the risk of adverse events during pregnancy.

KEY WORDSAdolescent, pregnancy, newborn.

Gravidez na adolescência: uma revisão sistemática do impacto da idade materna nas complicações clínicas, obstétricas e neonatais na primeira fase da adolescênciaPregnancy in adolescence: a systematic review of the impact of maternal age on clinical, obstetric and neonatal complications in the fi rst phase of adolescence

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Isabel Cristina da Silva Bouzas¹

Samária Ali Cader²

Lenora Leão³

Isabel Bouzas ([email protected]) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã - Rio de Janeiro, RJ, Brasil. CEP: 20550-013.Recebido em 23/05/2014 – Aprovado em 15/08/2014

¹Mestre em Ciências Médicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

²PhD em Medicina do Esporte pela Universidade Nossa Senhora de Assunção – UC/Paraguai.

³Doutora em Ciências Médicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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8 Bouzas et al.GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DO IMPACTO DA IDADE MATERNA NAS COMPLICAÇÕES CLÍNICAS, OBSTÉTRICAS E NEONATAIS NA PRIMEIRA FASE DA ADOLESCÊNCIA

Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014

16 anos podem, entretanto, apresentar peculia-ridades biológicas relacionadas a: maior taxa de crescimento linear, alterações hormonais, menor desenvolvimento muscular, articular e ósseo (es-pecialmente da pélvis), imaturidade psicológica e emocional o que poderia infl uenciar direta-mente o prognóstico da gestação.

Foram registradas até o momento 83 re-visões sistemáticas sobre gravidez em adoles-centes na Colaboração Cochrane sendo que apenas duas revisões abordam aspectos obsté-tricos, clínicos e/ou neonatais. Adicionalmente, em nenhuma destas revisões avaliou-se os ris-cos da gravidez em adolescentes precoces (< 16 anos) comparando-os aos riscos observados em adolescentes tardias ou mulheres adultas. Nes-te sentido, nosso estudo é pioneiro, pois, tem como objetivo avaliar, por meio da revisão siste-mática, o impacto da gravidez na primeira fase da adolescência sobre parâmetros clínicos, obs-tétricos e neonatais.

MATERIAIS E MÉTODOS

O vigente estudo consiste em uma revisão sistemática, visando analisar as implicações clíni-cas, obstétricas e neonatais nos períodos pré- e perinatal provenientes da gestação de adoles-centes com menos de 16 anos.

Identifi cação e seleção dos estudos – critérios de elegibilidade

Os critérios de elegibilidade (inclusão) foram divididos em quatro subgrupos:

Desenho do estudo: Estudos de caso-contro-le, transversais, longitudinais (retrospectivos ou prospectivos) e os de coorte.

Desfecho: complicações/alterações clínicas (anemia, hemorragia pós-parto, pré-eclâmp-sia, eclâmpsia, diabetes, infecção urinária e genital), obstétricas (descolamento de pla-centa, tipo de parto, óbito materno e abor-to) e neonatais/perinatais (parto pré-maturo, peso ao nascer, Apgar, malformação neonatal, retardo no crescimento intrauterino e óbito

INTRODUÇÃO

Os adolescentes representam de 20 a 30% da população mundial, e no Brasil estima-se que essa proporção seja de 25%1. A gravidez na adolescência é um problema de saúde mundial, especialmente relevante nos países em desenvol-vimento2,3 e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é uma condição que eleva a pre-valência de complicações maternas e fetais, além de agravar problemas sócio-econômicos fre-quentemente observados nesta faixa etária4,5.O prognostico da gravidez na adolescencia de-pende de fatores biológicos, sociais, psicológi-cos, culturais e econômicos. Atualmente existe um consenso de que a assistência pré-natal ade-quada consegue minimizar os riscos obstétricos, principalmente se as condições psicossociais são abordadas, nas adolescentes maiores de 15 anos.

No entanto, estudo envolvendo adolescen-tes menores de 16 anos são menos conclusivos e essas complicações poderiam ser explicadas por fatores biológicos tais como a idade6-8 ou ima-turidade física/psicológica para a reprodução3,4 ou, os resultados negativos estariam mais rela-cionados a fatores socioeconômicos, psicológi-cos comportamentais9-11.

Existe também alguma controvérsia em relação ao tipo e prevalência de complicações obstétricas e perinatais encontradas em adoles-centes grávidas. Além do aumento do risco de parto pré-termo, baixo peso ao nascer e morte fetal6,8,12,13, descreve-se maior frequência de ane-mia e hipertensão induzida pela gravidez em adolescentes, quando comparadas a mulheres adultas14,15. Contudo, há estudos demonstrando que algumas complicações, tais como o aumen-to do número de partos por cesariana e hemor-ragia pós-parto foram menos prevalentes no grupo de mães adolescentes6, 12,16,17.

A maioria desses estudos avaliou adoles-centes entre 15 e 19 anos, encontrando-se pou-cas informações na literatura sobre complica-ções da gravidez em adolescentes mais jovens, as quais, geralmente, são referidas em estatísti-cas agregadas18-20. Adolescentes com menos de

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9Bouzas et al. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DO IMPACTO DA IDADE MATERNA NAS COMPLICAÇÕES CLÍNICAS,

OBSTÉTRICAS E NEONATAIS NA PRIMEIRA FASE DA ADOLESCÊNCIA

Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014Adolescência & Saúde

neonatal) no pré-natal e perinatal, em ado-lescentes grávidas menores de 16 anos.

Participantes/ população alvo: Adolescentes grávidas, menores de 16 anos.

Variáveis analisadas: além dos desfechos, já ci-tados, os estudos também devem informar as características e a prevalência dos fatores de risco biológicos para esta população jovem.

Dentre os estudos selecionados, serão ex-cluídos: réplicas; revisão de literatura, estudo de caso, análise de discurso ou de conteúdo;

Estratégia de busca

Foi realizada uma busca através de qua-tro base de dados: Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), Embase (Excerpta Medica database), LILACS (Literatura

Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SciELO (Scientifi c Electronic Library Online) no período de Janeiro de 2013 a Março de 2013. Foi feita análise da elegibilidade (critérios de in-clusão) de cada estudo de forma sistemática por 2 revisores, inicialmente pelos títulos e depois por resumos e textos completos. Posteriormente foi avaliada a qualidade metodológica onde, após a exclusão pelos critérios estabelecidos, foi procedi-da a extração dos dados dos artigos selecionados. Os autores foram contatados, quando necessário. Em caso de discordância entre os revisores, um terceiro revisor foi contatado. A estratégia de bus-ca detalhada, adaptada para cada banco de da-dos, foi realizada pelas palavras-chave do MeSH (Medical Subject Heading) e DECS (Descritores em Ciências da Saúde) e no resumo (quadro 1). Na fase da leitura do artigo na íntegra, foram consi-derados apenas os estudos com idioma de publi-cação em inglês, português e espanhol.

Quadro 1. Palavras-chave da estratégia de busca

Base de Dados Busca de Termos

PubMed

("pregnancy in adolescence"[MeSH Terms] OR (teen pregnancy) OR (teen pregnancies) OR (adolescent pregnancies) OR (adolescent pregnancy) OR (teenage pregnancy) OR (teenage pregnancies) OR (preteen pregnancy) OR (preteen pregnancies) AND ("pregnancy complications"[MeSH Terms] OR ("obstetric labor complications"[MeSH Terms] OR neonatal OR clinical OR (risk factors) OR obstetric*)

Embase#1 ‘adolescent’ /exp AND [embase]/lim; #2 ‘pregnancy’/exp AND [embase]/lim; #3 ‘obsteric’/exp [embase]/lim; #4 ‘clinical’/exp [embase]/lim; #5 ‘neonatal’/esp [embase]/lim; #6 #1 AND #2 AND #3 OR #4 OR #5

LILACS/SciELO

("pregnancy in adolescence"[MeSH Terms] OR (teen pregnancy) OR (teen pregnancies) OR (adolescent pregnancies) OR (adolescent pregnancy) OR (teenage pregnancy) OR (teenage pregnancies) OR (preteen pregnancy) OR (preteen pregnancies) OR ("gravidez na adolescência" [Termos MeSH] OR (gravidez na adolescência) OR (gravidez em adolescente) OR (gravidez em adolescentes) OR (gravidez em pré-adolescente) OR (gravidez em pré-adolescentes) OR ("El embarazo en la adolescencia" [MeSH Terms] OR (embarazo en la adolescencia) OR (embarazo en el adolescente) OR (embarazo en los adolescentes) OR (embarazo en el preadolescente) OR (embarazo en los preadolescentes) AND ("pregnancy complications"[MeSH Terms] OR ("obstetric labor complications"[MeSH Terms] OR neonatal OR clinical OR (risk factors) OR obstetric) OR ("complicações da gravidez" [Termos MeSH] OR ("complicações do trabalho de parto" [MeSH Terms] OR clínica OR (fatores de risco) OR obstétrica) OR ("Complicaciones del embarazo" [MeSH Terms] OR ("complicaciones del trabajo del parto " [MeSH Terms] OR clínico OR (factores de riesgo) OR obstétrico)

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10 Bouzas et al.GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DO IMPACTO DA IDADE MATERNA NAS COMPLICAÇÕES CLÍNICAS, OBSTÉTRICAS E NEONATAIS NA PRIMEIRA FASE DA ADOLESCÊNCIA

Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014

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Coleta e análise de dados

A coleta dos dados e o fl uxograma (fl ow diagram) foram feitos com base no PRISMA. Os artigos selecionados foram lidos e analisados na íntegra para confi rmar elegibilidade.

Foram extraídos os seguintes dados: Nú-mero de pacientes e sua idade cronológica, idade do grupo de comparação, tipo/desenho de estudo e as complicações/alterações clínicas, obstétricas (maternais) e neonatais no pré-natal e perinatal. Estes dados foram expressos com valores de frequência (absoluta, percentual),

tendência central e valor de dispersão (média e desvio-padrão) e/ou odds ratio (OR) e seu inter-valo de confi ança (IC 95%), com seu valor esta-tístico (p-valor; signifi cativo p< 0,05).

RESULTADOS

Segundo os critérios de elegibilidade esta-belecidos, o estudo fi ndou com a avaliação de 28 artigos, segundo o fl uxograma pelo modelo do PRISMA (quadro 2).

Quadro 2. Fluxograma das publicações pelo modelo do PRISMA.

Os resultados obtidos dos 28 artigos foram divididos em três quadros: achados neonatais (quadro 3), clínicos maternos (quadro 4) e obs-tétricos maternos (quadro 5).

Complicações neonatais

Analisando os resultados expostos no qua-dro 3 pode-se observar que, em relação ao parto prematuro, dos 23 trabalhos que o avaliaram, 15

Número de artigos excluindo os duplicatas1234

Número de artigos para leitura pelo abstract386

Número de artigos para leitura na íntegra195

Exclusão pelo título, pelos critérios de inclusão846

Exclusão pelo abstract, pelos critérios de exclusão191

Exclusão dos artigos que não tiveramsua amostra dividida por faixa etária

167

Artigos considerados, segundo a qualidade metodológica, para revisão sistemática

28

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11Bouzas et al. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DO IMPACTO DA IDADE MATERNA NAS COMPLICAÇÕES CLÍNICAS,

OBSTÉTRICAS E NEONATAIS NA PRIMEIRA FASE DA ADOLESCÊNCIA

Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014Adolescência & Saúde

(65%) revelaram uma frequência signifi cativa-mente maior em relação ao grupo de compara-ção, a saber: Alves et al.21 ( p= 0,0001), Amini et al.22 (p<0,001), Chen et al.23 (OR: 1.51; 95%IC 1. p= 0,0003), Conde-Agudelo et al.3 (OR: 1.66; 95%IC 1.59 - 1.74), Domínguez-Anaya et al.24 (OR: 5.0; 95%IC 1.86 - 13.7), Eure et al.25 (OR: 1.47; 95%IC 1.31 - 1.64), Gilbert et al.26 (com va-lores de OR e 95%CI já expostos no quadro 3), Goonewardene e Deeyagaha Waduge27, Golden-berg et al.28 (95%IC 19.4 – 31.6), Malabarey et al.29 (OR: 2.01; 95%IC 1.97 – 2.05; p< 0,0001), Maryam e Ali30 (OR: 3.28; 95%IC 2.20 – 4.90; p< 0,0001), Mathias et al.31 (p<0,05); Metello et al.32 (p< 0,05), Scholl et al.33 (p<0,01) e Thaithae e Thato.34 (OR: 2.18; 95%IC 0.82 - 5.36; p< 0,05).

Na avaliação de baixo peso ao nascer, 14 pesquisas (64%), das 22 ao total referidas, apresentaram uma frequência signifi cativamente maior: Adam et al.35 (p< 0,001), Alves et al.21 (3.5; 95%IC 3.2 - 3.8; p= 0,0001), Amini et al.22 (p< 0,001), Chen et al.8 (OR: 1.33; 95%IC 1.31- 1.36), Chen et al.23 (OR: 1.87; 95%IC 1.40 - 2.51; p< 0,001), Conde-Agudelo et al.3 (OR: 1.62; 95%IC 1.54 – 1.71), Eure et al.25 (OR: 1.17; 95%IC 1.04 – 1.31), Gilbert et al.26 (com valores de OR e 95%CI já expostos no quadro 3), Goldenberg et al.28 (95%IC 22.2 - 48.4), Malabarey et al.29 (OR: 1.37; 95%IC 1.36 – 1.39; p< 0,0001), Mathias et al.31 (p<0,05); Metello et al.32 (p< 0,001), Rocha et al.36 (p< 0,05) e Thaithae e Thato.34 (OR: 6.98; 95%IC 0.86 - 56.89; p< 0,05).

Alguns artigos também compararam o peso ao nascer. Dos 10 apresentados, 50% verifi cou um valor signifi cativamente menor. Duas investi-gações (20%) quando em comparação ao grupo de adolescentes tardias, como as de Amini et al.22 (p<0,001) e Chen et al.8 (OR: 1.46; 95%IC 1.46 – 1.51). As outras três (30%) quando em com-paração ao grupo de mulheres adultas, como as de Chen et al.23 (p< 0,001), Pavlova-Greenfi eld et al.37 (p= 0,012) e de Thaithae e Thato34 (p< 0,001).

Em relação ao dado de “pequeno para a idade gestacional – PIG”, pôde-se observar que, dos quatro trabalhos que o avaliaram, três (75%) revelaram uma frequência signifi cativa-mente maior em relação ao grupo de compara-

ção, tais como: Chen et al.23 (OR: 1.41, 95%IC 1.14 – 1.74; p< 0,001), Conde-Agudelo et al.3 (OR: 1.50; 95%IC 1.45 - 1.56) e Malabarey et al.29 (OR: 1.14; 95%IC 1.12 - 1.15; p< 0,0001).

Na avaliação do valor do Apgar menor que sete no quinto minuto, apenas duas pesquisas (20%), das 10 ao total referidas, apresentaram uma frequência signifi cativamente maior: Alves et al.21 (OR: 0.9; 95%IC 0.8 – 1.1; p= 0,002) e Chen et al.8 (OR: 1.24; 95%IC 1.19 – 1.29).

Alguns poucos artigos (cinco) também avaliaram a presença de malformação neonatal. No entanto, apenas um (20%) revelou uma fre-quência aumentada em relação ao grupo con-trole (Scholl et al.33, p< 0,01).

Em relação ao dado de óbito neonatal, pô-de-se observar que, dos 11 trabalhos que o ava-liaram, quatro (36%) revelaram uma frequência signifi cativamente maior em relação ao grupo de comparação, a saber: Chen et al.8 (OR: 1.55; 95%IC 1.45 - 1.65), Conde-Agudelo et al.3 (OR: 1.50; 95%IC 1.33 - 1.70), Gilbert et al.26 (com valores de OR e 95%CI já expostos no quadro 3) e Malabarey et al.29 (OR: 1.87; 95%IC 1.80 - 1.95; p< 0,0001).

O retardo de crescimento intrauterino foi a variável menos avaliada (três investigações). Ainda assim, Malabarey et al.29 (> 15 anos; OR: 1.21; 95%IC 1.20 - 1.23; p< 0,0001) e Maryam e Ali30 (OR: 2.00; 95%IC 1.50 – 2.67; p< 0,0001), revelaram uma frequência maior (66%) em rela-ção ao grupo de adolescentes tardias.

Complicações clínicas maternasNo quadro 4 estão dispostos os resultados

dos trabalhos que avaliaram as repercussões clí-nicas da gestação em adolescentes precoces.

De todos, a anemia foi aquela que apre-sentou maior frequência signifi cativa (55%) do total de trabalhos que a avaliaram (11), a saber: Adam et al.35 (p = 0,01), Conde-Agudelo et al.3 (OR: 1.41; 95%IC 1.32 - 1.57), Goonewardene e Deeyagaha Waduge27 (OR: 2.13; 95%IC 1.09 – 4.15; p= 0,01), Konje et al.38 (OR: 2.53; 95%IC 2.19 – 2.92; p< 0,0001), Lira et al.39 (OR: 19.4; 95%IC 3.4 – 114.5; p< 0,0001) e Thaithae e Tha-to34 (OR: 1.81; 95%IC 1.35 – 2.43; p< 0,001).

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12 Bouzas et al.GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DO IMPACTO DA IDADE MATERNA NAS COMPLICAÇÕES CLÍNICAS, OBSTÉTRICAS E NEONATAIS NA PRIMEIRA FASE DA ADOLESCÊNCIA

Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014

Na avaliação da hemorragia pós-parto, apenas duas pesquisas (33%), das seis ao total referidas, apresentaram uma frequência signifi -cativamente maior: Conde-Agudelo et al.3 (OR: 1.59; 95%IC 1.50 - 1.70) e Thaithae e Thato34 (OR: 3.33; 95%IC 1.35 - 8.18; p< 0,01).

Outras duas variáveis muito comuns na avaliação de adolescentes grávidas são a pré--eclâmpsia e a eclâmpsia. Dos 14 artigos que avaliaram a pré-eclâmpsia, apenas três (21%) re-feriram um aumento signifi cativo de sua frequên-cia, tais como: Domínguez-Anaya et al.24 (OR: 30.4, 95%IC 3.6 – 672.2), Eure et al.25 (OR: 1.33; 95%IC 1.15 - 1.54) e Goonewardene e Deeyaga-ha Waduge27 (OR: 5; 95%IC 1.01 – 27; p= 0,03). Na investigação de Eure et al.25 (OR: 3.2495%IC 1.70 - 6.14) e de Mathias et al.31 (p<0,05) também foi encontrado resultado signifi cativo em relação à eclâmpsia (22%), dos seis artigos apresentados. Já a hipertensão induzida pela gestação (HIG) foi objeto de dois estudos (66%) que revelaram um aumento signifi cativo de sua frequência em relação ao seu grupo controle: Goonewardene e Deeyagaha Waduge27 (OR: .83; 95%IC 1.76 – 13; p< 0,001) e Konje et al.38 (OR: 1.69; 95%IC 1.28 – 2.41; p= 0,0003). Desta forma, se juntarmos as três análises: a pré-eclâmpsia, a eclâmpsia e a HIG, encontramos uma frequência de 50%.

Em relação à infecção urinária e/ou vagi-nal, apenas dois (29%) trabalhos, do total de sete, revelaram aumento signifi cativo em sua frequência no grupo de adolescentes preco-ces, a saber: Domínguez-Anaya et al.24 (OR: 2.16; 95%IC 0.82 - 5.73) e Lira et al.39 (OR: 2.5; 95%IC 1.7 – 3.8; p< 0,0001).

Interessante ressaltar que, do quadro 4, apenas a diabetes não revelou nenhuma diferen-ça signifi cativa entre o grupo de adolescentes precoces e os das tardias e/ou adultas.

Complicações obstétricas

No quadro 5 estão disponíveis os dados re-lativos às complicações obstétricas maternas.

A primeira variável exposta na apresenta-ção destes resultados é a ruptura de placenta. Embora muito importante, apenas cinco pesqui-sas relataram a frequência desta variável e, em

apenas uma investigação40 (20%) teve sua fre-quência de exposição signifi cativamente maior (p< 0,005) que o grupo de adolescentes tardias.

Um outro dado, com uma frequência tam-bém pequena de avaliação, foi o óbito maternal. No entanto, no único trabalho avaliado41, sua frequência foi signifi cativamente maior em rela-ção ao grupo de adolescentes tardias (OR: 4.09; 95%IC 3.86 - 4.34).

O último resultado, exposto no quadro 5, de maior frequência de exposição e de avaliação, é o tipo de parto. Dentre eles, o parto fórceps é aquele de menor frequência de avaliação (seis pesquisas), das quais apenas uma38 (17%) apresentou uma frequência signifi cativamente maior (OR: 2.37; 95%IC 1.80 – 3.12; p< 0,0001). Em relação ao parto vaginal, das 13 pesquisas apresentadas, apenas uma25 apresentou-se como fator de proteção em relação ao grupo controle (OR: 0.62; 95%IC 0.53 - 0.72). Outras quatro investigações (31%) relataram uma frequência aumentada, a saber: Adam et al.35 (p= 0,01), Conde-Agudelo et al.3 (OR: 1.44; 95%IC 1.32 - 1.57), Plockinger42 (x2: 9.58; p< 0,005) e Thaithae e Thato34 (x2: 50.20; p< 0,001). Por fi m, com respeito ao parto cesáreo, este apresentou uma particularidade como fator de proteção, apresentando uma frequência signifi cativamente menor em sete trabalhos (41%) do total dos 17 apresentados: Adam et al.35 (p = 0,04), Bacci et al.41 (OR: 0.8; 95%IC 0.6 - 1.2; p= 0.02), Eure et al.25 (OR: 0.53; 95%IC 0.48 - 0.58), Konje et al.38 (OR: 0.55; 95%IC 0.440 – 0.75; p= 0,0001), Malabarey et al.29 (OR: 0.54; 95%IC 0.53 - 0.55; p< 0,0001), Plockinger42 (x2: 3.39; p< 0,05) e Thaithae e Thato34 (OR: 0.58; 95%IC 0.47 - 0.91; p< 0,01). Apenas três pesquisas (18%) apresentaram frequências maiores que o grupo de comparação, como a de Domínguez-Anaya et al.24 (OR: 3.57, 95%IC 1.25 - 10.5), Maryam e Ali30 (OR: 1.49; 95%IC 1.10 – 2.01; p= 0,012) e de Oboro et al.43 (OR: 1.66; 95%IC 1.32 - 2.09).

Dentre os estudos expostos nos quadros, os de Magalhães et al.44, Ncayiyana e Haar45 e Toro-Calzada46, foram os únicos nos quais não foi encontrada nenhuma diferença signifi cativa entre os grupos.

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13Bouzas et al. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DO IMPACTO DA IDADE MATERNA NAS COMPLICAÇÕES CLÍNICAS,

OBSTÉTRICAS E NEONATAIS NA PRIMEIRA FASE DA ADOLESCÊNCIA

Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014Adolescência & Saúde

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14 Bouzas et al.GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DO IMPACTO DA IDADE MATERNA NAS COMPLICAÇÕES CLÍNICAS, OBSTÉTRICAS E NEONATAIS NA PRIMEIRA FASE DA ADOLESCÊNCIA

Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014

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15Bouzas et al. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DO IMPACTO DA IDADE MATERNA NAS COMPLICAÇÕES CLÍNICAS,

OBSTÉTRICAS E NEONATAIS NA PRIMEIRA FASE DA ADOLESCÊNCIA

Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014Adolescência & Saúde

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16 Bouzas et al.GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DO IMPACTO DA IDADE MATERNA NAS COMPLICAÇÕES CLÍNICAS, OBSTÉTRICAS E NEONATAIS NA PRIMEIRA FASE DA ADOLESCÊNCIA

Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014

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OBSTÉTRICAS E NEONATAIS NA PRIMEIRA FASE DA ADOLESCÊNCIA

Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014Adolescência & Saúde

DISCUSSÃO

A gravidez na primeira fase da adolescência tem mostrado associação com prematuridade e baixo-peso. Analisando os achados deste estu-do, observa-se que dados de mulheres adultas mostram que as adolescentes têm maior inci-dência de complicações médicas envolvendo mãe e criança. Um achado de Amaya et al. 47 indica que esses riscos são, particularmente, re-levantes para adolescentes menores de 16 anos. Estas são 75% mais propensas a parto pré-termo do que as adultas.

A infecção urinária pode ser parcialmente responsável pela alta incidência de parto pre-maturo, somando-se a outras variáveis como o desenvolvimento puberal em si, outros proces-sos infecciosos, tais como as doenças sexualmen-te transmissíveis, que direta ou indiretamente, pode acarretar a ruptura prematura das mem-brana e aumentar o risco do parto prematuro48. Deve ser ressaltado que a frequência signifi cativa de 29% do achado da infecção urinária, e/ou vaginal, justifi ca-se pela junção destas variáveis pois, caso houvesse uma separação das variáveis, haveria maior incidência da infecção urinária das adolescentes precoces em relação às adultas.

A maior incidência de baixo peso ao nascer é provável que seja um refl exo da prematuridade mais do que um atraso do crescimento intraute-rino. Isto está de acordo com alguns autores17, embora a investigação de Chen et al.8 não tenha encontrado maior incidência de recém-nascidos pequenos para a idade gestacional em adoles-centes. Algumas outras investigações não encon-traram diferença signifi cativa no baixo peso ao nascer de recém-nascidos de mães adolescentes32 contrapondo os achados da vigente investigação.

A gravidez na primeira fase da adolescên-cia pode ter um comprometimento nutricio-nal porque o crescimento materno e o fetal, associados, impõem maiores necessidades nutricionais,criando uma competição entre a mãe e o feto por nutrientes49.

São várias as razões que têm sido discutidas para justifi car um prognóstico desfavorável de parto de um recém-nascido de baixo peso ao nas-

cer de mães adolescentes com idade < 16 anos, dentre outros, a imaturidade anatômica e o cres-cimento contínuo materno podem representar barreiras biológicas de crescimento para o feto50, associando-se ao fato de mães adolescentes po-derem representar um grupo de risco, particular-mente desfavorecido, por baixo nível socioeconô-mico, de renda fi nanceira e nível de escolaridade51.

No trabalho de Ezegwui et al.52 foi encon-trada uma incidência signifi cativamente maior de Apgar menor que sete no quinto minuto em adolescentes grávidas do que em adultas (35,1% vs 19,1%). Segundo Owolabi et al.53 a maior causa deste valor baixo de Apgar é pelo fato de adolescentes grávidas não terem recurso pra a internação em um hospital particular e, quan-do chegam ao serviço público, demoram com o trabalho de parto e o bebê entra em asfi xia.

Em relação à mortalidade infantil, a taxa de mortalidade na pesquisa de Huanco et al.54 foi signifi cativamente maior nas mães adolescentes quando comparada à de adultas (10,2% vs 6,9; OR: 1.49). Isto deve-se, principalmente, pelo aumento da presença de prematuridade, baixo peso ao nascer e desnutrição fetal49.

Em relação aos resultados clínicos mater-nos, a incidência de anemia foi signifi cativamente maior nas adolescentes grávidas com idade <16 anos, o que possui a mesma tendência dos acha-dos de outros estudos17. Muitas causas têm sido propostas para explicar este dado, incluindo o estado nutricional subótimo no início da gravi-dez55, a má nutrição, própria da primeira fase da adolescência56 e a estatura diminuiu com a toma-da, via oral, de suplementos de ferro, e o uso de substratos essenciais pela mãe adolescente que ainda está em sua fase própria de crescimento17,55. O diagnóstico de endometrite pode estar relacio-nado com o diagnóstico de anemia e alta desnu-trição, fatores que podem criar um terreno fértil para infecções em pacientes obstétricos3.

Não houve diferença signifi cativa na inci-dência de hemorragia pós-parto como na maior parte dos outros estudos,57. Isto pode ser atri-buído a melhor função miometrial em mulheres mais jovens, o que provoca uma menor incidên-cia de hipotonia uterina55.

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Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 7-21, jul/set 2014

Os resultados deste estudo indicam que a gravidez em adolescentes < 16anos se comporta como um fator de proteção para parto cesárea e morte intrauterina e os relatados por Omar et al.58 indicam a ausência de associação com a presença de hipertensão induzida pela gravidez e diabetes gestacional.

Em relação aos achados obstétricos mater-nos, o dado de maior relevância é a avaliação do tipo de parto. Mães adolescentes com idade ≤ 15 anos são signifi cativamente mais propensas a ter um parto vaginal à cesariana em relação às grávidas adultas. Os mesmos achados foram relatados em outros estudos20 e foram atribuí-dos a melhor função miometrial, maior elastici-dade do tecido conjuntivo, melhores condições anatômicas do colo uterino55, maior incidência de recém-nascidos com baixo peso17,59 e à relu-tância dos obstetras para realizar procedimentos cirúrgicos em adolescentes66.

Vindo de encontro aos resultados expostos anteriormente, o estudo de Ayuba e Gani60 apre-sentou parto vaginal como a principal via de par-to no grupo de estudo 55 (66,2%), no entanto, mães adolescentes tinham mais secções de ce-sariana 26 (31,3%), a maioria 22 (84,6%) foram realizadas como emergências, pois muitas vezes, tinham sido em trabalho de parto por mais de 24 horas em outros centros e muitas vezes referidas no fi nal da noite com razões variadas.

CONCLUSÕES

Através da análise sistemática de 28 traba-lhos analisados concluímos que a gravidez em adolescentes menores de 16 anos pode apre-sentar maior riscos de complicações materno--fetais. As adolescentes precoces têm maior pre-valência a hipertensão induzida pela gravidez, anemia, infecções genito-urinárias, hemorragia

pós-parto, ruptura de prematura de placenta, eclâmpsia e pré-eclâmpsia. Os recém-nascidos têm maior prevalência ao baixo peso, retardo de crescimento intrauterino, parto prematuro e óbito neonatal.

Em média, as adolescentes entre 16-19 anos e as jovens ente 20 e 24 anos tiveram me-lhores resultados em relação às de 10 a 15 anos de idade. Portanto, o ideal é que as pesquisas sobre as adolescentes sejam feitas em grupos es-pecífi cos de precoces, tardias e adultas, a fi m de ter resultados mais fi dedignos na avaliação de componentes neonatais, obstétricos e clínicos.

Estes resultados sugerem que os fatores biológicos relacionados com idades cronológi-cas abaixo de 16 anos, podem ser consideradas co mo um fator importante de risco para a ges-tação, independente de fatores sócio-culturais e econômicos adversos.

Embora o início da adolescência por si só, provavelmente seja um fator complicador para resultados adversos, gestações nesta fase ten-dem a ter pré-natal subótimo que podem po-tencializar os efeitos adversos que são observa-dos. Existindo portanto a necessidade de um esforço em conjunto para garantir um olhar diferenciado e especifi co para a gravidez na primeira fase da adolescência a fi m de diminuir a probabilidade de resultados adversos que po-dem ocorrer nesta população.

NOTA

I.C.S. Bouzas, revisora dos artigos da revisão sistemática, responsável pela concepção do pro-jeto, redação do artigo; S.A. Cader, revisora da revisão sistemática e responsável pela análise e in-terpretação dos dados; L. Leão, responsável pela revisão crítica relevante do conteúdo intelectual.

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