GRÃOS DE GIRASSOL OU GORDURA PROTEGIDA NA DIETA … · Ilha Solteira, no dia 26 de novembro de...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL GRÃOS DE GIRASSOL OU GORDURA PROTEGIDA NA DIETA COM ALTO CONCENTRADO E O GANHO COMPENSATÓRIO PARA CORDEIROS CONFINADOS Antonio Carlos Homem Junior Zootecnista JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL Abril de 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

GRÃOS DE GIRASSOL OU GORDURA PROTEGIDA NA DIETA

COM ALTO CONCENTRADO E O GANHO COMPENSATÓRIO

PARA CORDEIROS CONFINADOS

Antonio Carlos Homem Junior Zootecnista

JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL Abril de 2008

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CAMPUS DE JABOTICABAL

GRÃOS DE GIRASSOL OU GORDURA PROTEGIDA NA DIETA

COM ALTO CONCENTRADO E O GANHO COMPENSATÓRIO

PARA CORDEIROS CONFINADOS

Antonio Carlos Homem Junior

Orientadora: Profa. Dra. Jane Maria Bertocco Ezequiel

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Campus de Jaboticabal, como parte das exigências para obtenção do Título de Mestre em Zootecnia.

JABOTICABAL – SP.

Abril de 2008

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DADOS CURRICULARES DO AUTOR

ANTONIO CARLOS HOMEM JUNIOR – nascido na cidade interiorana paulista de

Ilha Solteira, no dia 26 de novembro de 1980, filho de Antonio Carlos Homem e

Maurícia Aparecida Biscola Homem. Iniciou em 2001 o curso de graduação em

Zootecnia na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp, Campus de

Jaboticabal, onde foi bolsista de iniciação cientifica do CNPq e defendeu trabalho de

graduação sob orientação do Profo. Dro. Américo Garcia da Silva Sobrinho. Obteve

título de Zootecnista em agosto de 2005 e a partir de então trabalhou como bolsista

Apoio Técnico – CNPq em projeto coordenado pela Profa. Dr a. Jane Maria Betocco

Ezequiel, da qual foi orientado, após ingressar no Programa de Pós-graduação em

Zootecnia da FCAV, Unesp, campus de Jaboticabal.

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Aos meus pais Carlinhos e Maurícia e irmãos

Rafael e Daniel

OFEREÇO

A minha esposa Marisa e aos meus filhos

Gabriel e Mateus

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

A Profa. Dra. Jane Maria Bertocco Ezequiel pela orientação e ensinamentos.

Aos professores Alexandre Amstaldem Morais Sampaio, Américo Garcia da Silva

Sobrinho pelas sugestões neste trabalho.

As professoras Telma Teresinha Berchielli pelas armações das baias de

confinamento, e a Rose Mary Laís Galati pela ajuda na construção deste trabalho.

Ao professor José Carlos Barbosa pelas análises estatísticas.

A professora Isabelle Auxiliadora Molina de Almeida Teixeira por disponibilizar as

gaiolas de metabolismo e a sala de abate.

As professoras Margarete Camargo e Rita de Cássia Panizzi pelo liofilizador.

A minha família, pela presença e incentivo sempre, em especial aos meus irmãos

pela ajuda na montagem das instalações do confinamento.

Ao Renato Trevizoli pela ajuda na confecção dos cochos de alimentação.

Aos funcionários Dejair, João, Carlinhos e Ferrari, Sandra, Osvaldo e Helinho da

Fabrica de rações.

A Jacira Aldrovandi que realizou a cirurgia de canulação nos ovinos.

Ao criador de ovinos Sr. Ademir Veronezi

A FCAV pela oportunidade e estrutura.

A Capes pela bolsa de estudos.

A Fapesp pelo auxílio à pesquisa.

A Caramuru Alimentos.

A Dalquim Indústria e comércio – Lacto-Plus.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho.

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SUMÁRIO

Página CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................ Introdução................................................................................................................... Revisão da Literatura.................................................................................................. Objetivos..................................................................................................................... Referências................................................................................................................. CAPÍTULO 2 – GRÃOS DE GIRASSOL OU GORDURA NA DIETA COM ALTO CONCENTRADO PARA CORDEIROS: DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES E BALANÇO NITROGENADO...................................................................................... Resumo....................................................................................................................... Introdução................................................................................................................... Metodologia................................................................................................................ Resultados.................................................................................................................. Discussão................................................................................................................... Conclusões................................................................................................................. Referências................................................................................................................. CAPÍTULO 3 – GRÃOS DE GIRASSOL OU GORDURA PROTEGIDA NA DIETA COM ALTO CONCENTRADO PARA OVINOS: FERMENTAÇÃO RUMINAL................................................................................................................... Resumo....................................................................................................................... Introdução................................................................................................................... Metodologia................................................................................................................ Resultados.................................................................................................................. Discussão................................................................................................................... Conclusões................................................................................................................. Referências................................................................................................................. CAPÍTULO 4 – GRÃOS DE GIRASSOL OU GORDURA PROTEGIDA NA DIETA COM ALTO CONCENTRADO E O GANHO COMPENSATÓRIO PARA CORDEIROS CONFINADOS: DESEMPENHO, CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E PARÂMETROS SANGUÍNEOS.................................................. Resumo....................................................................................................................... Introdução................................................................................................................... Metodologia................................................................................................................ Resultados.................................................................................................................. Discussão................................................................................................................... Conclusões................................................................................................................. Referências.................................................................................................................

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GRÃOS DE GIRASSOL OU GORDURA PROTEGIDA NA DIETA COM ALTO

CONCENTRADO E O GANHO COMPENATÓRIO PARA CORDEIROS CONFINADOS

RESUMO – Foi estudada a inclusão de lipídios advindos dos grãos de girassol ou da

gordura protegida em dietas com alto concentrado para cordeiros sobre a

digestibilidade dos nutrientes e o balanço nitrogenado. Foram utilizados 12 cordeiros

com peso médio de 25 kg distribuídos em delineamento inteiramente casualizado (DIC),

onde foram coletadas totalmente as excretas. A fermentação ruminal foi realizada

utilizando seis ovinos, com peso médio de 30 kg, canulados no rúmen, distribuídos em

delineamento quadrado latino duplo com três dietas e três períodos, nos quais foram

amostrados conteúdos e realizadas incubações ruminais para avaliação do pH, amônia,

ácidos graxos voláteis, massa microbiana e degradabilidade dos ingredientes. O

desempenho em confinamento com ganho compensatório foi realizado utilizando 36

cordeiros, com peso médio de 18 kg, distribuídos num DIC em esquema fatorial 3 dietas

e 2 manejos de alimentação. Não foram observados efeitos da dieta sobre a

digestibilidade da matéria seca (67,3%), proteína bruta (72,1%) carboidratos totais

(60,9%) e carboidratos não fibrosos (93,7%), assim como para o balanço nitrogenado,

apresentando valores médios 36,1 g/dia para ingestão, de 17,5 g/dia para retenção e

relação retido/absorvido de 66,9%. Não houve diferenças entre as dietas para a

concentração ruminal de amônia (18 mg/dL), pH (6,1), produção total (98 mM),

proporções molares de acetato (66,4%), propionato (20%) e butirato (13%) e para razão

acetato:propionato (3,2:1). Durante o período inicial do confinamento o ganho de peso

foi superior (p<0,05) para aqueles consumindo a ração grãos de girassol (280 g/d) em

relação aos da gordura protegida (208 g/d), mas sem diferença (p>0,05) do controle

(240 g/d). Os cordeiros em ganho compensatório ganharam mais (277,7 vs 186,5 g/d) e

apresentaram melhor (p<0,05) conversão alimentar (3,73 vs 6,0) que os do manejo à

vontade, mas sem diferença (p>0,05) no consumo de matéria seca. O total consumido

até o final da realimentação revelou uma economia de 11% no consumo de matéria

seca de cordeiros que passaram por restrição. No entanto, ao analisar o desempenho

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até o abate, o manejo restrição prejudicou o ganho de peso diário, assim como, a

conversão alimentar, mas não o tempo de confinamento e o consumo total de matéria

seca. O teor de colesterol no músculo Longissimus lumborum foi superior para aqueles

alimentados com as dietas controle (36,8 mg/100g) e grãos de girassol (37,9 mg/100g)

em relação aos da dieta gordura protegida (26,5 mg/100g). As dietas de alto

concentrado podem conter grãos de girassol ou gordura protegida sem prejudicar a

digestibilidade, o balanço nitrogenado e a fermentação ruminal. O ganho compensatório

melhorou o desempenho durante o período de realimentação, mas seu efeito durou até

a terceira semana de realimentação, pois analisando até o abate houve prejuízos sobre

estes parâmetros.

Palavras-chave: colesterol, desempenho, digestibilidade, fermentação, lipídio, ovinos

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SUNFLOWER GRAINS OR PROTECTED FAT IN A HIGH CONCENTRATED DIET AND COMPENSATORY GAIN FOR FEEDLOT LAMBS

ABSTRACT – One evaluated the inclusion of lipids from either the sunflower grains

or protected fat in high-concentrated diets for lambs on nutrients digestibility and

nitrogen balance. 12 lambs were used (average weight of 25 kg) in randomly assigned

design, were totally collected excrete. The fermentation ruminal was accomplished using

six sheep (average weight of 30 kg) with fistula in the rumen, distributed in double Latin

Square design with three diets and three periods, were sample contents and ruminal

incubations for evaluation of pH, ammonia, short chain fat acids, microbial mass and

ingredients degradability. The performance in feedlot with compensatory gain was

achieve using 36 lambs (average weight of 18 kg), were randomly assigned in factorial

scheme (3 diets X 2 feeding handlings). One could not associate any effects of the diet

with the dry matter digestibility (67.3%), crude protein digestibility (72.1%), total

carbohydrates (60.9%) and no fiber carbohydrate (93.7%), as well as for nitrogen

balance, that results in an average nitrogen intake value of 36.1 g/day, retention value of

17.5 g/day and a 66.9% retained/absorbed relation. There were no significant

differences among the diets for ruminal ammonium concentration (18 mg/dL), pH (6.1),

total production short chain fat acids (98 mM), acetate molar proportion (66.4%),

propionate (20%) and butyrate (13%) and neither for the acetate:propionate ratio (3.2:1).

During the initial feedlot period, the weight gain was superior (p<0.05) when the animals

were fed the sunflower grains ration (280 g/day) in relation when they were fed protected

fat ration (208 g/day), no apparent difference (p>0.05) was detected in comparison to

the control diet (240 g/day). The lambs imposed the compensatory gain gained more

(277.7 vs 186.5 g/day) and showed a more efficient (p<0.05) feed conversion (3.73 vs

6.0) in comparison to the restriction less handling regimen, though no difference was

found for the dry matter consumption (p>0.05). The overall consumption at the end

realimentation period revealed an 11% saving in the dry matter intake for the lambs that

went trough restriction. However, by analyzing the dry matter consumption up to

slaughter, one realized that the food restriction handling harmed the daily weight gain as

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well as the fed conversion, but neither the feedlot period nor the total dry matter

consumption. The cholesterol levels in the meat were superior in those lambs fed the

control diets (36.8 mg/100g) and the sunflower grains-based diets (37.9 mg/100g) in

relation to the protected fat diet (26.5 mg/100g). The high concentrated diets may

contain sunflower grians or protected fat and not harm the digestibility, nitrogen balance

and ruminal fermentation. The compensatory gain improved performance during the

period of realimentation, but these results lasted until the third week of realimentation

since when observed up to the slaughtering time, one observed lost regarding these

parameters.

Key words: cholesterol, digestibility, fermentation, lipids, performance, sheep

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CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS

Introdução

A ovinocultura de corte em sistemas intensivos de produção encontra obstáculos em

relação à alimentação, um dos aspectos mais importantes na produção de carne. A

nutrição e o manejo alimentar estão entre os principais fatores responsáveis pelo

aumento da produtividade ovina, refletindo na rentabilidade dos sistemas (CARVALHO

& SIQUEIRA, 2001). Para obtenção de êxito nestes sistemas, é imprescindível o

aprofundamento no segmento nutricional, determinando as interações existentes entre

os níveis nutricionais e as respostas fisiológicas que modificam a composição corporal e

a conversão alimentar, com finalidade de aproveitar toda potencialidade produtiva dos

animais a um custo de produção adequado (GERASSEV et al., 2006).

A qualidade da carne ovina está associada ao ganho de peso dos animais nas

diferentes fases da sua vida. Os atributos que servem para indicar qualidade da carcaça

e da carne variam em função da alimentação utilizada durante a terminação dos

animais. O efeito do ganho compensatório tem substancial importância econômica no

sistema produtivo, podendo diminuir os custos com alimentação, devido as melhores

conversões alimentares (KAMALZADEH et al., 1997), e modificar o desenvolvimento do

animal e a composição da carcaça (ALLINGHAN et al., 1998). Segundo RYAN (1990)

os animais podem apresentar quatro tipos de respostas após período de restrição

alimentar: compensação total, compensação parcial, não compensação e redução do

peso a maturidade.

Redução na ingestão de lipídios ricos em colesterol e ácidos graxos saturados e

aumento no consumo de ácidos graxos mono e polinsaturados, atualmente é indicado

na nutrição humana a fim de reduzir os riscos de obesidade, câncer e doenças

cardiovasculares (JAKOBSEN, 1999). Manipulando-se ácidos graxos polinsaturados na

dieta de ruminantes, aumenta-se a relação ácidos graxos polinsaturados:saturados +

trans-monoinsaturados na carne, estes últimos considerados prejudiciais à saúde

(GEAY et al., 2001).

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Revisão da Literatura

Fermentação ruminal e digestibilidade dos nutrientes

O aumento da densidade energética da ração obtida pela suplementação com lipídio

é uma estratégia nutricional que pode ser utilizada no confinamento, com vantagens de

não apresentar os inconvenientes distúrbios metabólicos digestivos causados por dietas

com alta proporção em grãos, ricas em amido. Entretanto parecem limitações dessa

aplicação, as evidências de que a adição de lipídeos possa agir negativamente sobre a

fermentação ruminal, diminuindo a digestão da fibra e o consumo de matéria seca

(VARGAS et al., 2002).

IVAN et al. (2003) adicionaram grãos de girassol na dieta de ovinos e constataram

reduções na concentração de amônia ruminal e do número de protozoários, sem

significantes efeitos sobre a concentração de ácidos graxos de cadeia curta.

HADDAD & YOUNIS (2004) relataram que a digestibilidade dos nutrientes se elevou

devido à adição de lipídio protegida à dieta de ovinos em crescimento alimentados com

alta proporção de concentrado (80%). A fibra em detergente neutro apresentou

coeficiente de digestibilidade de 63,3% para dieta sem inclusão de lipídeo, 73,8 e 74,1%

para as dietas com inclusão de 2,5 e 5% de lipídeo protegido, respectivamente.

Estudando fontes de óleo vegetal na dieta de cordeiros em confinamento,

YAMAMOTO et al. (2005) não detectaram diferenças na digestibilidade da fibra em

detergente neutro. O coeficiente de digestibilidade total da matéria seca (76,02%) da

dieta sem adição de óleo foi superior ao da dieta contendo óleo de linhaça (72,11%),

embora não tenha diferido das dietas contendo óleos de soja e canola. O coeficiente de

digestibilidade do extrato etéreo foi menor na dieta controle (84,02%), enquanto, nas

demais dietas o valor médio foi de 91,98%.

O uso de óleos em rações para ruminantes apresentou efeitos desejáveis como

inibição da produção de metano, redução da concentração de amônia ruminal

(MANTEROLA et al., 2001) e aumento na eficiência de síntese microbiana. Por outro

lado, o óleo apresentou efeito indesejável como redução na digestibilidade da matéria

seca. Aumento do pH ruminal e redução do consumo de matéria seca em 20% foram

relatados por VARGAS et al. (2002).

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BEAULIEU et al. (2002), suplementando dieta de alta proporção de concentrado com

2,5, 5 e 7,5% de óleo de soja, verificaram não haver efeito sobre o pH ruminal ou a

concentração de ácidos graxos de cadeia curta. A inclusão de 5% de óleo de soja na

dieta de ovelhas contendo casca de soja substituindo o milho elevou o teor de extrato

etéreo para 8,9%, reduziu a digestibilidade da proteína bruta, mas sem alterar a da fibra

em detergente neutro (ZERVAS et al., 1998).

A inclusão de lecitina ou óleo de milho na dieta de ovinos recebendo 56% de

concentrado reduziu a degradabilidade ruminal da matéria seca, proteína bruta, fibra em

detergente ácido e a concentração dos ácidos graxos de cadeia curta totais, embora

não houvesse efeito sobre o coeficiente de digestibilidade no trato total. Ambas fontes

de extrato etéreo reduziram a concentração de amônia ruminal e a proporção de

butirato, aumentaram a proporção de propionato e a passagem de nitrogênio dietético

ao duodeno, sem alteração no total de ácidos graxos de cadeia curta e na razão

acetato:propionato do conteúdo ruminal (JENKINS & FOTOUHI, 1990).

VALINOTE et al. (2006) relataram que o caroço de algodão ou a gordura protegida

não causaram efeito deletério na proporção de ácidos graxos de cadeia curta no rúmen

de novilhos recebendo 80% de concentrado na dieta com teor de extrato etéreo de

9,6%, embora houvesse redução na degradabilidade da fibra detergente neutro da fonte

volumosa.

Confinamento de cordeiros

Diversos autores recomendam a terminação dos cordeiros em confinamento, com o

objetivo de obter ganhos de peso e qualidade de carcaças superiores, maior controle

dos fatores que determinam um produto de melhor qualidade, que alcance o peso ideal

de abate em um espaço menor de tempo (MACEDO, 1995; SIQUEIRA, 1996; GARCIA

et al., 2001; VERÍSSIMO et al., 2002). O uso de dietas de alto valor energético

contendo polpa cítrica desidratada em substituição ao milho possibilita a obtenção de

elevados índices de ganho de peso em cordeiros (BUENO et al., 2004). A formulação

da ração com alta concentração de nutrientes deve maximizar o desempenho animal e

a conversão alimentar, além de ser economicamente viável (MARQUES, 2003). A dieta

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de custo mínimo, em sistema de confinamento, muitas vezes é de alta proporção de

concentrado (SUSIN, 2001).

A utilização de lipídios na dieta de confinamento dos ruminantes pode trazer

benefícios, principalmente devido à sua alta densidade energética com baixo

incremento calórico, superando assim as limitações do suplemento em situações de alta

demanda de energia, tais como ovinos jovens confinados. Alimentos como os grãos de

girassol, grãos de soja, amendoim e outros contribuem para elevar os teores protéicos e

energéticos da ração, além de incrementarem os valores de fibras, vantagens que o

milho não proporciona (ROGÉRIO et al., 2004).

Existem várias fontes de lipídios que podem ser utilizadas na dieta dos ruminantes,

citando-se desde o óleo de soja (VARGAS et al., 2002) até lipídios de origem vegetal ou

animal protegidas comercialmente (HIGHTSHOE et al., 1991) e grãos inteiros de

oleaginosas (TALAVERA et al., 1985; VALINOTE et al., 2005). No entanto, não há um

senso comum quanto aos efeitos destas fontes de energia na dieta de ovinos

confinados.

Desempenho e ganho compensatório

Quando o objetivo é produção de carne, uma das formas utilizadas para a avaliação

do desempenho dos animais, antes do abate, é a medição do consumo de alimentos,

do ganho de peso em determinado período de tempo e da conversão de alimentos

ingeridos em ganho de peso. Os dados de desempenho antes do abate são importantes

para auxiliar o produtor na escolha do momento adequado para o abate associado ao

custo de produção (MACEDO, 1998; PILAR et al., 2003). Além de a gordura excessiva

ser uma característica indesejável na carne, a partir do instante em que sua deposição

começa se acentuar, concomitantemente a conversão alimentar dos animais começa a

piorar (ESPEJO & COLOMER-ROCHER, 1972; SIQUEIRA et al., 2001).

O consumo de matéria seca se elevou quando KITESSA et al. (2001) incluíram 3%

de óleo de Tuna protegido, mas a inclusão do óleo não protegido diminuiu o consumo

comparado ao controle. Porém, HADDAD & YOUNIS (2004), trabalhando com dieta de

alto concentrado (80%) contendo 0; 2,5 e 5,0% de gordura protegida para cordeiros em

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confinamento, verificaram redução no consumo de matéria seca (986, 901 e 845 g/dia,

para 0; 2,5 e 5,0% de gordura protegida, respectivamente), refletindo sobre o menor

consumo dos outros nutrientes: proteína bruta, fibras em detergentes neutro e ácido,

com exceção do consumo de extrato etéreo que aumentou de 21 para 59 e 67g/dia.

Não houve efeito significativo sobre o ganho de peso (média de 201,4g/dia) e

conversão alimentar (média de 4,69).

O desempenho de cordeiros não foi influenciado pela inclusão de óleos de soja e

canola às dietas de alto concentrado, apresentando ganhos diários de 297, 272, 262 g,

e conversões alimentares de 3,50; 3,57 e 3,89, respectivamente para o grupo sem

adição de óleo (controle), ou com adição de óleo de soja ou de canola. No entanto a

dieta que continha óleo de linhaça apresentou menor ganho de peso (245 g/dia). A

inclusão de fontes vegetais de óleo não afetou a ingestão de matéria seca e a

conversão alimentar dos cordeiros (YAMAMOTO et al., 2005).

BOLTE et al. (2002), alimentando cordeiros com dietas isoprotéicas e isoenergéticas,

contendo grãos de girassol variedades com alto teor de ácido oléico ou ácido linoleico,

substituindo a polpa de beterraba peletizada, elevaram o teor de extrato etéreo das

dietas de 1,6 (dieta controle) para 6,8%. Não houve efeito sobre o consumo de matéria

seca (1,45 kg/dia), ganho de peso (184 g/dia) e eficiência alimentar (126 g ganho peso

corporal/kg alimento consumido).

A alimentação é o principal componente do custo de produção em sistemas

intensivos de criação. Dentre as alternativas no campo da nutrição animal, a restrição

alimentar constitui uma ferramenta interessante para se alcançar respostas positivas na

economicidade de produção de carne. Além disso, a exploração do ganho

compensatório durante a fase de crescimento acelerado dos animais pode influenciar

no final do processo produtivo, as características da carcaça e, consequentemente, a

qualidade da carne (ARRIGONI, 1995).

A restrição alimentar reduz a quantidade de gordura corporal, principalmente de

depósitos gastrintestinais (gorduras omental e perirrenal). Aumentos na deposição de

proteína em relação à gordura, redução nas exigências de manutenção e aumento no

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consumo são mecanismos que contribuem para o ganho compensatório dos ovinos

(RYAN et al., 1993).

Características da carcaça

Sabe-se que o peso e a idade ideal de abate variam muito entre as raças ovinas e

são fundamentais para a qualidade da carne produzida, pois quanto mais velho o

animal, maior será o teor de lipídios e menor o de proteína em sua carcaça (MACEDO

et al., 2000). O peso ideal de abate é aquele que determina uma quantidade uniforme

de gordura subcutânea e a máxima proporção de músculos adequados ao mercado

consumidor (OSÓRIO, 1992; BUENO et al., 2000).

A espécie ovina apresenta rendimentos de carcaça que variam de 40 a 50%, sendo

influenciados por fatores intrínsecos (raça, sexo, condição corporal e peso ao abate) e

extrínsecos (manejo alimentar e sistema de terminação). O rendimento comercial,

obtido pela relação peso da carcaça fria/peso vivo ao abate, é um importante indicador

da disponibilidade de carne ao consumidor (SILVA SOBRINHO, 2001).

Os músculos de maturidade tardia representam melhor o desenvolvimento do tecido

muscular, sendo indicado à utilização do Longissimus lumborum, por ter

amadurecimento tardio e ser de fácil mensuração (SAINZ, 1996).

A quebra por resfriamento expressa a diferença de peso encontrada após o

resfriamento da carcaça, estando em função, principalmente da quantidade de gordura

de cobertura e da perda de umidade na carcaça. A gordura é o componente da carcaça

que apresenta maior variação, influenciada principalmente pelo sistema de terminação.

É preciso um mínimo de espessura de gordura (2 a 5 mm) para proteção da carcaça,

minimizar a perda de água e as queimaduras originadas pelo processo de

congelamento e conservação. Portanto carcaças pobres em gordura apresentam maior

quebra por resfriamento (SANTOS, 1999; MACEDO et al., 2000).

Manipulação da qualidade da carne

De acordo com BRIGGS & SCHWEIGERT (1990), a carne ovina apresenta valores

médios de 65% de umidade, 28% de proteína, 7% de extrato etéreo, 1,1% de matéria

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mineral, menos de 1% de carboidratos na forma de glicogênio e 80 mg de

colesterol/100g de carne. Dentre os lipídios encontrados nos tecidos animais, o

colesterol é o esteróide mais enfatizado, por ser causador de cardiopatia e

aterosclerose.

MACEDO (2003), testando níveis de inclusão de grãos de girassol na dieta de

cordeiros, observou efeito linear significativo na diminuição de ácidos graxos saturados

e no aumento dos ácidos graxos oléico e linoléico. Esta resposta revelou a importância

da dieta como manipulador do perfil de ácidos graxos da carne, favorecendo os

insaturados, condição esta favorável à saúde do consumidor de carne ovina.

Cordeiros consumindo dieta com alto teor de ácido linoléico apresentaram maior

concentração de ácidos graxos polinsaturados no tecido muscular e adiposo do que

cordeiros consumindo dieta com alto teor de ácido oléico (BOLTE et al., 2002).

OBJETIVOS

Avaliar nutricionalmente a inclusão de grãos de girassol ou a gordura protegida na

dieta de alto concentrado para ovinos quanto aos parâmetros de:

• Produções e composições das bactérias líquido-associadas e sólido-aderidas,

produção de ácidos graxos de cadeia curta e pH e amônia ruminal.

• Degradabilidade ruminal da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e fibra

em detergente neutro dos ingredientes;

• Digestibilidade total da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, extrato

etéreo, fibra em detergente neutro, carboidratos totais, carboidratos não fibrosos e

balanço de nitrogênio;

Estudar os efeitos do ganho compensatório de cordeiros alimentados com dietas

contendo grãos de girassol ou gordura protegida sobre os parâmetros de:

• Consumo de matéria seca, ganho de peso e conversão alimentar;

• Rendimentos de carcaça e subprodutos do abate;

• Perda no resfriamento;

• Espessura de gordura subcutânea, área de olho de lombo, teor de colesterol e

composição centesimal do músculo Longisimus lumborum.

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REFERÊNCIAS

ALLINGHAM, P.G.; HARPER, G.S.; HUNTER, R.A. Effect of growth path on the tenderness of the semitendinosus muscle of Brahman-cross steers. Meat Science, v. 48, p. 65-73, 1998.

ARRIGONI, M.D.B. Efeito da restrição alimentar sobre o desempenho, área e tipo

de fibras musculares em bovinos jovens confinados. 1995. 73f. Tese

(Doutorado em Zootecnia) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de

Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, 1995.

BEAULIEU, A.D.; DRACKLEY, J.K.; MERCHEN, N.R. Concentration of conjugated

linoleic acid (cis-9, trans-11-octadecadienoic acid) are not increased in tissue lipids

of cattle fed a high-concentrate diet supplemented with soybean oil. Journal of

Animal Science, v. 80, p. 847-861, 2002.

BOLTE, M.R.; HESS, B.W.; MEANS, W.J. et al. Feeding lambs high-oleate or high-

linoleate safflower seeds differentially influences carcass fatty acid composition.

Journal of Animal Science, v. 80, p. 609–616, 2002.

BRIGGS, G.M.; SCHWEIGERT, B.S. An overview of meat in the diet. In: PEARSON,

A.M.; DUTSON, T.R. Meat and health: advances in meat research, v. 6, London:

Elsevier Applied Science, p. 1-20, 1990.

BUENO, M.S.; CUNHA, E.A.; SANTOS, L.E et al. Características de carcaças de

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13

CAPÍTULO 2 - GRÃOS DE GIRASSOL OU GORDURA PROTEGIDA NA DIETA DE

ALTO CONCENTRADO PARA CORDEIROS: DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES

E BALANÇO NITROGENADO

Grãos de Girassol ou Gordura Protegida na Dieta de Alto Concentrado para

Cordeiros: Digestibilidade dos Nutrientes e Balanço Nitrogenado

RESUMO – O presente trabalho foi conduzido na Unidade Animal de Estudos

Digestivos e Metabólicos da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Campus de

Jaboticabal, SP – Brasil. Utilizaram-se 12 cordeiros, com peso corporal médio de 25 kg,

alojados individualmente em gaiolas de metabolismo, distribuídos num delineamento

inteiramente casualizado com três tratamentos e quatro repetições. Os animais

receberam dietas sem inclusão de lipídio ou com inclusão de grãos de girassol e

gordura protegida. Avaliaram-se os consumos e os coeficientes de digestibilidade

aparente da meteria seca e dos nutrientes e o balanço nitrogenado pela metodologia de

coleta total de excretas. Os resultados foram submetidos à análise de variância e as

médias comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). O consumo de matéria seca não foi

influenciado pelas dietas com valores de 1337, 1188 e 1276 g/d, porém o consumo de

carboidrato não fibroso foi maior para aqueles da dieta controle (302 g/dia) em relação

aos da dieta grãos de girassol (177 g/dia) ou gordura protegida (190 g/dia). Não foram

observados efeitos da inclusão de grãos de girassol ou gordura protegida na dieta sobre

os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (67,3%), proteína bruta

(72,1%) carboidratos totais (60,9%) e carboidratos não fibrosos (93,7%). O balanço

nitrogenado não foi alterado pelas dietas, apresentando valores médios de ingestão de

36,1 g/dia, retenção de 17,5 g/dia e relação nitrogênio retido/absorvido de 66,9%.

Portanto, os ingredientes grãos de girassol ou gordura protegida podem ser incluídos

elevando o teor de extrato etéreo de dieta com alta proporção de concentrado sem

modificações no aproveitamento dos nutrientes.

Palavras-chave: alto concentrado, balanço nitrogenado, digestibilidade, lipídio, ovinos

14

Introdução

O sistema intensivo adotado na terminação de cordeiros com dietas contendo

elevada concentração energética pode diminuir o tempo necessário para os animais

atingirem o peso de abate, minimizando os problemas sanitários de infestação por

parasitos. Por outro lado, este tipo de sistema eleva o custo total de produção,

principalmente com alimentação, exigindo material genético de elevado potencial de

crescimento para reduzir ao máximo o tempo de permanência no confinamento

(YAMAMOTO et al., 2005).

Diversos alimentos podem ser utilizados para formular rações que atendam os

requerimentos dos animais, no entanto, a procura por alimentos que sejam viáveis

economicamente, sem deixar de atender os requisitos mínimos de desempenho

produtivo são buscados frequentemente pelos nutricionistas, entre os quais se

destacam os grãos oleaginosos. Eles são as fontes de lipídios mais usados na dieta

animal por proporcionarem alta densidade energética em substituição aos carboidratos

rapidamente fermentáveis, viabilizando a fermentação ruminal e a digestão da fibra que

podem ser comprometidas devido a problemas de acidose ruminal comum em dietas

com alta proporção de milho (TEIXEIRA & BORGES, 2005).

Em muitos experimentos em que a gordura é adicionada à dieta de ruminantes, seja

para aumentar o valor energético ou para baratear o custo da ração, observa-se,

geralmente, redução na digestibilidade da parede celular, porém, este comportamento

pode variar principalmente em função da fonte de gordura suplementar (COPPOCK &

WILKS, 1991; VILLAÇA et al., 1999).

Atualmente a manipulação da qualidade da carne através da alimentação dos

animais é objetivo de muitas pesquisas em nutrição animal, e nesse sentido, a inclusão

de ingredientes que sejam fontes de lipídios como os grãos de girassol e a gordura

protegida são empregados para modificarem o padrão de ácidos graxos da dieta, além

de ser fontes de energia.

Os objetivos deste trabalho foram avaliar a digestibilidade aparente da matéria seca,

matéria orgânica, proteína bruta, extrato etéreo, fibra em detergente neutro,

15

carboidratos totais e carboidratos não fibrosos e o balanço nitrogenado de dietas

contendo, ou não, grãos de girassol ou gordura protegida.

Metodologia

O experimento foi realizado na Unidade Animal de Estudos Digestivos e Metabólicos

do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,

Unesp, Campus de Jaboticabal, SP.

As dietas com elevada proporção de concentrado foram formuladas para testar a

inclusão de ingredientes fontes de lipídios, elevando o teor de extrato etéreo. A dieta

controle não continha inclusão de fonte de lipídio e apresentou teor convencional de

extrato etéreo. A dieta grãos de girassol conteve alto teor de extrato etéreo advindo dos

grãos de girassol, e a dieta gordura protegida, apresentou alto teor de extrato etéreo

advindo da gordura protegida (Tabela 1). Os animais receberam alimento à vontade,

com pelo menos 15% de sobras, estabelecendo relação volumoso:concentrado de

18:82 dividido em duas refeições diárias, ás 8 e 16 horas. O volumoso utilizado foi o

feno de Tifton-85 fornecido triturado em partículas de aproximadamente 5 cm misturado

com o concentrado.

Doze cordeiros da raça Santa Inês, não castrados, com peso corporal médio de 25

kg, foram distribuídos num delineamento inteiramente casualizado composto por três

tratamentos e quatro repetições. Após período de 21 dias de adaptação dos animais às

dietas e às gaiolas de metabolismo, iniciaram-se as coletas.

Os coeficientes de digestibilidade aparente foram estimados através do método de

coleta total de fezes por cinco dias utilizando a fórmula: DX (%) = (X consumido – X

fezes) / X consumido x 100. Diariamente foram coletadas e pesadas sobras de alimento

e as fezes de cada animal, e amostras de 10% foram compondo a amostra dos cinco

dias de coleta. Nessas amostras de fezes e sobras, assim como no volumoso e no

concentrado foram realizadas análises de matéria seca, matéria orgânica, proteína

16

bruta e fibra em detergente neutro de acordo com metodologias descritas por SILVA &

QUEIROZ (2002).

Tabela 1. Composições porcentual e químico-bromatológica das dietas (% MS) Dieta Porcentual

Controle Grãos de girassol Gordura protegida Feno Tifton-85 18,0 18,0 18,0 Polpa cítrica 35,5 29,5 28,5 Levedura de cana 14,0 14,0 14,0 Casca de soja 8,0 8,0 8,0 Farelo de girassol 24,0 15,0 24,0 Grãos de girassol - 15,0 -

Gordura protegida® - - 7,0

Mistura mineral1 0,5 0,5 0,5 Químico-bromatológica Matéria seca 90,1 90,2 90,3 Proteína bruta 19,4 18,1 18,7 Extrato etéreo 2,6 6,4 7,1 Fibra em detergente neutro 49,3 51,4 51,2 Matéria mineral 5,5 5,2 7,2 ®Lacto-Plus; 1Níveis de garantia por kg: 50 g de P; 150 g de Ca; 195 g de Na; 20 mg de Co; 190 mg de Cu; 40 mg de Iodo; 14500 mg de Mn; 7 mg de Se; 2000 mg de Zn e 500 mg de F;

A análise de extrato etéreo foi realizada para todas as dietas segundo a metodologia

de extração ácida (Método 922.06 da AOAC, 1995), pois, na gordura protegida não foi

possível determinar o extrato etéreo pelo método convencional.

Os carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF) e os nutrientes

digestíveis totais (NDT) foram calculados através das fórmulas:

%CT=100 - (%PB + %EE + %MM)

%CNF = %CT - %FDN

NDT= PBD + FDND + CNFD + (2,25 x EED), onde PD = proteína bruta

digestível, FDND = fibra em detergente neutro digestível, CNFD = carboidratos não

fibrosos digestíveis e EED = extrato etéreo digestível. (SNIFFEN et al., 1992).

Concomitantemente à digestibilidade, foi coletada totalmente a urina em baldes

plásticos contendo 10 mL de solução ácida (50% HCl) para prevenir a volatilização do

17

nitrogênio, e medido seu volume, amostrando 10% do volume total diário, formando

amostras compostas de cada animal ao final do quinto dia de coleta, nas quais foram

feitas análises de densidade e nitrogênio, estimando o balanço aparente de nitrogênio

(BN), calculado pelas seguintes fórmulas, e expresso em g/dia:

BN ou N retido = N ingerido – (N fezes + N urina),

N absorvido = N ingerido – N fezes e

N ingerido = N ofertado – N sobras.

A eficiência de utilização do nitrogênio foi estimada pelas seguintes fórmulas:

N retido (% ingerido) = N retido / N ingerido x 100

N retido (% absorvido) = N retido / N absorvido x 100.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas

pelo teste de Tukey (p<0,05).

Resultados

O consumo e o coeficiente de digestibilidade dos nutrientes são apresentados na

Tabela 3. Não foram observadas diferenças (p>0,05) para o consumo de matéria seca,

matéria orgânica, proteína bruta e fibra em detergente neutro.

No entanto, o consumo de extrato etéreo, carboidratos totais e carboidratos não

fibrosos foram alterados (p<0,05) pela dieta. O consumo de extrato etéreo pelos

cordeiros do tratamento gordura protegida foi superior ao dos grãos de girassol, e este

por sua vez superior ao do controle, conseqüência da composição da dieta.

Cordeiros recebendo a dieta controle consumiram mais carboidratos totais que os da

dieta grãos de girassol, mas ambos não diferiram (p>0,05) do consumo pelos da dieta

gordura protegida. Os carboidratos não fibrosos foram menos consumidos (p<0,05)

pelos cordeiros dos tratamentos grãos de girassol e gordura protegida em relação aos

do controle, devido ao menor teor desse nutriente nas dietas contendo inclusão de

lipídio.

18

Os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca e dos nutrientes não

foram influenciados (p>0,05) pelos tratamentos. O valor médio obtido para

digestibilidade da matéria seca e matéria orgânica foi de 67%, e para proteína bruta e

carboidratos totais foram de 72 e 60% respectivamente.

Os nutrientes digestíveis totais da dieta grão de girassol foi 8% inferior (p>0,05) aos

das dietas controle e gordura protegida, isto pode ter ocorrido devido aos menores

consumos de carboidratos não fibrosos, somado aos de proteína bruta e fibra em

detergente neutro, acumulando a diferença obtida.

Tabela 3. Médias e coeficiente de variação dos consumos e das digestibilidade de dietas sem inclusão ou com inclusão de fontes de lipídios para cordeiros

Dieta Nutriente Controle Grãos de girassol Gordura protegida

CV (%)

Consumo, g/dia Matéria seca 1337,1 1188,4 1276,8 9,4 Matéria orgânica 1140,5 1021,6 1072,9 9,3 Proteína bruta 238,9 217,3 220,4 10,7 Extrato etéreo1 38,2 c 85,8 b 95,9 a 7,3 Fibra detergente neutro 670,6 620,7 664,0 9,3 Carboidratos totais 860,0 a 679,0 b 739,0 ab 12,7 Carboidratos não fibrosos 302,4 a 177,4 b 190,1 b 14,9

Digestibilidade, % Matéria seca 67,8 67,7 66,5 5,6 Matéria orgânica 67,9 67,8 67,6 5,5 Proteína bruta 71,7 73,9 70,6 5,2 Extrato etéreo 76,8 83,8 86,8 7,5 Fibra detergente neutro 39,9 39,2 42,3 13,5 Carboidratos não fibrosos 94,7 93,0 93,3 2,7 Carboidratos totais 63,2 58,9 60,7 7,0 Nutrientes digestíveis totais2 79,5 73,1 80,2 13,4 a,b,cLetras diferentes na linha diferem pelo pelo teste de Tukey (p<0,05); CV (%) = coeficiente de variação; 1Análise pelo método de extração ácida; 2Nutrientes digestíveis totais calculados.

Na Tabela 4 são apresentados os dados referentes ao metabolismo nitrogenado de

cordeiros confinados recebendo dietas sem inclusão de lipídios (controle) e com

inclusão de grãos de girassol ou gordura protegida.

19

Não foram observadas diferenças (p>0,05) no metabolismo nitrogenado dos

cordeiros. Diariamente, em média, foi ingerido 36,1 g de nitrogênio, dos quais 26,0 g

foram absorvidos e 10,0 g excretados nas fezes, enquanto, 8,4 g, na urina. Portanto, a

retenção de nitrogênio foi de 17,6 g/dia, ou seja, 48,4% do nitrogênio consumido, ou

66,9% do nitrogênio absorvido foi retido.

Discussão

Na literatura as dietas de terminação para o confinamento de cordeiros são

compostas basicamente por ingredientes como milho e farelo de soja, dos quais já se

conhece bem as características nutricionais, e seus elevados valores de digestibilidade.

No entanto quando se empregam alimentos alternativos como a polpa cítrica peletizada

e o farelo de girassol, dos quais pouco se conhece sobre seus efeitos numa dieta e

menos ainda com inclusão de lipídios na forma de grãos de girassol ou gordura

protegida, pode ocorrer interações entre os ingredientes melhorando ou não o valor

nutritivo das dietas.

A semelhança encontrada no aproveitamento dos nutrientes entre as dietas

contendo ou não adição de lipídio na forma de grãos de girassol ou gordura protegida

valida a inclusão destes ingredientes na formulação de rações para cordeiros

Tabela 4. Médias e coeficientes de variação do metabolismo nitrogenado de cordeiros recebendo dietas sem inclusão ou com inclusão de fontes de lipídios

Dieta Nitrogênio (g/dia)

Controle Grãos de girassol

Gordura protegida CV (%)

Ingerido 38,2 34,8 35,3 10,7 Absorvido 27,4 25,7 24,9 13,8 Fecal 10,8 9,0 10,3 12,8 Urinário 8,3 9,8 7,2 25,2 Retido 19,1 15,9 17,7 24,4 Retido (% ingerido) 49,7 45,7 49,7 18,2 Retido (% absorvido) 69,3 61,8 69,7 14,4 CV = coeficiente de variação

20

recebendo dietas com alta proporção de concentrado. RAMANA REDDY et al. (2003)

testaram uma dieta sem inclusão de lipídio e dietas com inclusão de 5,0; 10,0 e 15,0%

de gordura protegida e verificaram que a inclusão de lipídio não alterou a ingestão de

matéria seca assim como a digestibilidade dos nutrientes.

KUCUK et al. (2004) adicionaram óleo de soja até o nível de 9,0% na dieta de ovinos

com consumo limitado e não detectaram modificações adversas na digestibilidade dos

nutrientes. HADDAD & YOUNIS (2004) relataram aumento na digestibilidade dos

nutrientes de dietas com inclusão de 2,5 ou 5,0% gordura protegida, com valores de

digestibilidade da matéria seca foi de 76,1% para cordeiros consumindo gordura

protegida, porém, a do controle, foi de 65,0%. YAMAMOTO et al. (2005) relataram que

a inclusão de óleo de linhaça reduziu a digestibilidade da matéria seca de 76 para 72%.

Foram observados aumentos na digestibilidade do extrato etéreo das dietas onde se

adicionou fontes lipídicas, resultados esperados, pois a concentração deste nutriente é

aumentada devido à inclusão das fontes. Fato este que foi observado por diversos

autores ao elevarem a concentração de lipídios na dieta (MACHMULLER & KREUZER,

1999; RAMANA REDDY et al., 2003; YAMAMOTO et al., 2005; SILVA et al., 2007b).

SILVA et al. (2007a) adicionaram fontes lipídicas (óleo de soja, gordura protegida e

grãos de soja) a uma dieta controle e verificaram aumento na digestibilidade do extrato

etéreo que passou de 68,6% da dieta controle para 85,4% da dieta com inclusão de

gordura protegida.

Há relatos que ao incluir lipídio á dieta de ruminantes há redução no aproveitamento

da proteína, no entanto, neste trabalho não foram observados efeitos sobre a

digestibilidade da proteína. Porém, SILVA et al. (2007b) verificaram que lipídios

protegidos reduziram a digestibilidade da matéria orgânica (78,9 vs 74,0%) e da

proteína (84,2 vs 78,4%). Mas YAMAMOTO et al. (2005) não observaram efeito sobre o

aproveitamento da proteína (80%), da mesma forma que o da fibra em detergente

neutro (38%) e dos carboidratos não fibrosos (95%).

O teor de carboidratos não fibrosos foi menor nas dietas com inclusão de lipídio,

porém, não refletiu no aproveitamento destes nutrientes, apresentando elevada

digestibilidade. Segundo SILVA et al. (2007a), ao incluírem fontes de lipídios à dieta

21

verificaram que a digestibilidade dos carboidratos totais, da fibra em detergente neutro e

dos carboidratos não fibrosos não modificaram.

A polpa cítrica apresenta alto teor de pectina a qual se comporta como um

carboidrato não fibroso que lhe confere elevado valor energético. Segundo HENRIQUE

et al. (2003) ao substituir o milho pela polpa cítrica em dietas de alto concentrado (80%)

para cordeiros, verificaram aumentos no consumo de alimento, na digestibilidade da

proteína, da fibra em detergente neutro e do metabolismo de nitrogênio. SILVA et al.

(2007b) mencionaram que os lipídios protegidos são bons substitutos dos carboidratos

fermentáveis quando o objetivo é elevar a densidade energética das dietas, mesmo que

a sua inclusão reduza a digestibilidade da matéria orgânica (78,9 vs 74,0%), da proteína

(84,2 vs 78,4%), da fibra (68,1 vs 62,9), dos carboidratos não fibrosos (79,6 vs 71,9%) e

dos carboidratos totais (78,9 vs 73,2%).

MACHMÜLLER et al. (2000) relataram que a digestibilidade da matéria orgânica

reduziu (70,8 para 65,2%) assim como a da fibra em detergente neutro (52,6 para

41,7%) de uma dieta controle para uma dieta com inclusão de grãos de girassol. No

entanto, BETT et al. (1999) ao adicionarem grãos de canola na dieta de ovinos,

verificaram que a digestibilidade da fibra em detergente neutro passou de 46,8 para

60,1%, possivelmente pelo melhor aproveitamento da fibra desta oleaginosa.

MACHMULLER & KREUZER (1999) adicionaram 3,5 ou 7,0% de óleo à dieta de

ovinos e não encontraram efeitos deletérios sobre o aproveitamento da matéria seca e

da fibra.

Os resultados de ingestão (36,1 g/dia) assim como de retenção de nitrogênio (17,6

g/dia) foram maiores que os relatados por TRIPATHI et al. (2007) ao testarem níveis de

concentrado, verificaram que o balanço de nitrogênio aumentou em função do aumento

de concentrado na dieta, e mostraram valores de ingestão de nitrogênio de 23,9 e

retenção de 12,2 g/dia e aproveitamentos de 51 e 72,9%, respectivamente, em relação

ao ingerido e ao absorvido para cordeiros recebendo concentrado numa proporção de

80% da dieta.

MOURO et al. (2006) ao testarem fontes de carboidrato e ionóforo em dietas

contendo óleo de soja para ovinos, citaram que os carboidratos não fibrosos são

22

prontamente disponíveis para os microrganismos ruminais, garantindo energia para o

aproveitamento do nitrogênio disponível. Relataram ausência de efeito sobre a ingestão

(34 g/dia) e retenção de nitrogênio variando de 11,8 a 13,5 g/dia. A retenção foi menor

que as obtidas neste trabalho, talvez, devido à categoria animal, pois se sabe que

animais adultos terão retenções de nitrogênio menores que animais jovens em

crescimento.

MACHMÜLLER et al. (2006) verificaram que não houve efeito sobre o metabolismo

nitrogenado da inclusão de fontes de lipídios que elevou o extrato etéreo da dieta de

3,1% para 5,7% e 5,9% respectivamente, para as dietas controle, gordura protegida ou

grãos de girassol, obtiveram valores de nitrogênio na urina de 7,5, 6,9 e 8,3 g/dia,

semelhantes aos desta pesquisa (8,4 g/dia).

URANO (2005) incluiu grãos de soja na dieta de cordeiros Santa Inês nos níveis de

0, 7, 14 e 21% e não verificou alterações na retenção de nitrogênio, relatando valores

de 15,6 a 17,6 g/dia e consumos de 33,9 a 37,8 g/dia, valores semelhantes ao obtidos

neste trabalho.

Conclusões

A inclusão de grãos de girassol ou gordura protegida elevando o extrato etéreo das

dietas com alta proporção de concentrado para cordeiros é possível sem alterações

sobre a digestibilidade dos nutrientes e o balanço nitrogenado.

Referências

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25

CAPÍTULO 3 - GRÃOS DE GIRASSOL OU GORDURA PROTEGIDA NA DIETA DE

ALTO CONCENTRADO PARA OVINOS: FERMENTAÇÃO RUMINAL

Grãos de Girassol ou Gordura Protegida na Dieta de Alto Concentrado para

Ovinos: Fermentação Ruminal

RESUMO – Seis ovinos machos, não castrados, da raça Santa Inês, com peso

corporal médio de 30 kg, fistulados no rúmen com cânula permanente, foram distribuído

num delineamento quadrado-latino duplo, sendo três tratamentos e três períodos.

Avaliou-se o pH, nitrogênio amoniacal, os ácidos graxos de cadeia curta, a massa

microbiana e a degradabilidade dos ingredientes de três dietas, uma controle, sem

inclusão de lipídio, e as outras com inclusão de grãos de girassol e gordura protegida.

Não foram verificadas diferenças significativas entre os tratamentos para as

concentrações ruminais de amônia (18 mg/dL) e os valores de pH (6,1), assim como,

para a produção de ácidos graxos de cadeia curta totais (98 mM), proporção de acetato

(66,4%), propionato (20%) e butirato (13%) e na razão acetato:propionato (3,2:1). A

produção das bactérias líquido-associadas não foi alterada pelas dietas com valores de

1663,0 e 187,4 mg/L de matéria orgânica e nitrogênio, no entanto o teor de matéria

orgânica foi menor para dieta com gordura protegida (79,9%) e o teor de nitrogênio foi

menor para dieta com grãos de girassol (10,5%). As bactérias sólido-aderidas isoladas

do conteúdo ruminal de ovinos recebendo a dieta controle apresentaram maior teor de

nitrogênio (10,7%) que os da dieta com gordura protegia (9,8%) ou grãos de girassol

(9,1%). A produção de nitrogênio de bactérias sólido-aderidas foi maior para o controle

em relação à dos grãos de girassol, mas sem diferir da gordura protegida, com valores

de 170, 153 e 160 mg/kg, respectivamente. Os parâmetros de degradabilidade da

matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e fibra em detergente neutro da casca de

soja, do feno de Tifton-85, do farelo de girassol e da polpa cítrica não foram

influenciados pelas dietas. A inclusão de grãos de girassol ou gordura protegida na

dieta com elevada proporção de concentrado para ovinos pode ser realizada sem

prejuízos sobre os parâmetros de fermentação ruminal.

26

Palavras-chave: ácidos graxos de cadeia curta, bactérias ruminais, degradabilidade,

lipídios, ovinos

Introdução

A fermentação ruminal é resultado das atividades físicas e microbiológicas que

transformam os componentes da dieta em produtos úteis (ácidos graxos de cadeia

curta, proteína microbiana e vitaminas do complexo B), inúteis (gases metano e

carbônico) ou até mesmo nocivos para o hospedeiro (amônia e nitrato).

À exceção dos grãos, a maioria dos alimentos utilizados no arraçoamento de

ruminantes contém baixas proporções de lipídios, com valores que variam de 1 a 4% da

MS (VAN SOEST, 1994). PALMQUIST & JENKINS (1980) sugeriram que a inclusão

dos lipídios em dietas para ruminantes seja limitada em até 5% da MS total, visto que

os microrganismos ruminais não possuem mecanismos fisiológicos para digeri-los tão

eficientemente como o fazem para os carboidratos e as proteínas.

O mecanismo pelo qual a gordura interfere com a fermentação microbiana não está

totalmente claro. Sugere-se um efeito tóxico dos ácidos graxos de cadeia longa sobre

as bactérias ruminais, inibindo a digestão da fibra, ou, pela formação de uma capa

protetora sobre as partículas dos alimentos, prejudicando a aderência e colonização

dos microrganismos (LÓPEZ & LÓPEZ, 2005).

A presença de lipídios insaturados em rações pode proporcionar efeitos desejáveis,

como inibição da produção de metano e amônia no rúmen e aumento na eficiência de

síntese microbiana (VAN NEVEL & DEMEYER, 1988; HARFOOT & HAZLEWOOD,

1997; MACHMÜLLER & KREUZER, 1999). Esses lipídios estimulam as bactérias

ruminais produtoras de propionato, causando, conseqüentemente, decréscimo na razão

acetato:propionato e na produção de metano (RICHARDSON et al., 1984; CHALUPA et

al., 1986). O aumento da proporção molar de propionato é provocado pelo acréscimo da

produção e pela concomitante redução da produção de acetato e butirato (VAN NEVEL

& DEMEYER, 1988).

27

Suplementos lipídios denominados gorduras protegidas têm sido desenvolvidos com

o intuito de aumentar a concentração energética das dietas, com mínima interferência

na fermentação ruminal. Os lipídios protegidos são degradados no rúmen em pequena

proporção e, após hidrólise no abomaso, seus ácidos graxos podem ser absorvidos,

reduzindo os efeitos negativos sobre a fermentação da fibra (GONZALEZ et al., 1998).

O pH ruminal está diretamente relacionado com os produtos finais da fermentação e

também com a taxa de crescimento dos microrganismos ruminais. Segundo ORSKOV

(1986), o abaixamento do pH ruminal ocorre, principalmente, após a ingestão de

alimentos, especialmente concentrados, devido à sua rápida taxa de fermentação.

MEHREZ et al. (1977) afirmaram que o máximo de atividade fermentativa ruminal é

obtido quando o nitrogênio amoniacal alcança valores entre 19 e 23 mg de N-NH3/dL

de líquido ruminal. Já VAN SOEST (1994) citou como nível ótimo 10 mg de N-NH3/dL.

Todavia, este valor não deve ser considerado como um número fixo, devido à

capacidade de síntese de proteína e captação de amônia pelas bactérias depender da

taxa de fermentação dos carboidratos.

Objetivou-se avaliar o pH, a amônia, os ácidos graxos de cadeia curta, a produção e

composição das bactérias ruminais líquido-associadas e sólido-aderidas e a

degradabilidade dos ingredientes de dietas com alto concentrado adicionadas ou não

de grãos de girassol e gordura protegida.

Metodologia

O experimento foi realizado na Unidade Animal de Estudos Digestivos e Metabólicos

do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,

Unesp, Campus de Jaboticabal, SP.

Seis ovinos machos, não castrados, da raça Santa Inês, com peso corporal médio de

30 kg, fistulados no rúmen com cânula permanente, foram distribuído num

delineamento quadrado-latino duplo, sendo três dietas e três períodos. Os animais

foram alojados em baias individuais, onde receberam alimentação á vontade (pelo

28

menos 15% de sobras) dividida em duas refeições diárias ás 8 e 16 horas. A relação

volumoso:concentrado da dieta foi de 18:82, tendo como volumoso o feno de Tifton-85

triturado em partículas de aproximadamente 5 cm. Na Tabela 1 constam as

composições porcentual e químico-bromatológica das dietas. As análises químico-

bromatológicas foram realizadas segundo metodologias descritas por SILVA &

QUEIROZ, 2002.

Tabela 1. Composições porcentual e químico-bromatológica das dietas (% MS)

Dieta Porcentual Controle Grãos de girassol Gordura protegida

Feno Tifton-85 18,0 18,0 18,0 Polpa cítrica 35,5 29,5 28,5 Levedura de cana 14,0 14,0 14,0 Casca de soja 8,0 8,0 8,0 Farelo de girassol 24,0 15,0 24,0 Grãos de girassol - 15,0 -

Gordura protegida® - - 7,0

Mistura mineral1 0,5 0,5 0,5 Químico-bromatológica Matéria seca 90,1 90,2 90,3 Proteína bruta 19,4 18,1 18,7 Extrato etéreo* 2,6 6,4 7,1 Fibra em detergente neutro 49,3 51,4 51,2 Matéria mineral 5,5 5,2 7,2 ®Lacto-Plus; 1Níveis de garantia por kg: 50 g de P; 150 g de Ca; 195 g de Na; 20 mg de Co; 190 mg de Cu; 40 mg de Iodo; 14500 mg de Mn; 7 mg de Se; 2000 mg de Zn e 500 mg de F; *Extrato etéreo ácido

Manualmente foram retiradas amostras de conteúdo ruminal nos tempos 0, 2, 5 e 8

horas após a alimentação. Em camadas de pano fino (fraldas) foi separada a fase

líquida da fase sólida do conteúdo ruminal para separação e quantificação de bactérias

associadas ao líquido e bactérias sólido-aderidas de acordo com metodologia adaptada

de MARTIN et al. (1994). Não foi possível obter o isolamento dos protozoários do

conteúdo ruminal, possivelmente, pela elevada proporção de concentrado ou pelo teor

de extrato etéreo na dieta.

Após obtenção do líquido do rúmen conforme citado à cima, determinou-se o pH

utilizando peagômetro de mesa e quantificou-se a concentração de amônia. A amônia

29

(N-NH3) foi quantificada através da destilação de 2ml de líquido ruminal em Kjeldahl,

utilizando KOH 2M e titulação com ácido clorídrico 0,005 M segundo metodologia

utilizada por VIEIRA (1980).

Foram congeladas 100 mL de amostras do líquido para posteriormente quantificação

dos ácidos graxos de cadeia curta acético, propiônico, butírico e total. As amostras

foram descongeladas em geladeira antes de realizar as análises. Os ácidos graxos de

cadeia curta foram determinados por cromatografia gasosa. Foi centrifugado 1 mililitro

por 15 minutos a 10.000 rpm e coletou-se o sobrenadante, onde se adicionou ácido

fórmico numa proporção de 4/1 e seguiu-se injetando 1 uL no cromatógafo.

Foram realizadas incubações ruminais dos ingredientes nos tempos 3, 6, 12 e 24

horas para polpa cítrica, 3, 6, 12, 24, 48 e 72 horas para a casca de soja e o farelo de

girassol, e 6, 12, 24, 48 e 72 horas para o feno. Foram utilizados sacos de náilon com

dimensões de 5 x 14 cm, e poros de 50 micrômetros, contendo 3 g de amostra para o

feno e 5 g para os outros ingredientes. O número de sacos por incubação foi de no

máximo 12 sacos por rúmen. Foram estimadas as degradações potenciais e efetivas

dos nutrientes (MEHREZ & ØRSKOV, 1977; ØRSKOV & McDONALD,1979):

DP = a + b (1 – e-kdt) sendo: DP = degradação potencial do componente nutritivo,

em porcentagem; a = kd = taxa de degradação em porcentagem por hora; t = tempo de

incubação, em horas; a = fração solúvel, em porcentagem; b = fração insolúvel

potencialmente degradável, em porcentagem; a + b = potencial de digestão do

componente nutritivo.

DE = a + b (kd / Kd+kp), sendo: DE = degradabilidade efetiva em porcentagem;

kp = taxa estimada da passagem dos sólidos no rúmen (2, 5 e 8%/h) das frações

nutritivas (AFRC, 1993); a, b e Kd as mesmas constantes da equação anteriormente

citada.

Ao final de cada tempo de incubação, os sacos contendo os resíduos de incubação

dos ingredientes foram imediatamente inseridos num recipiente com água e gelo, por

cerca de 20 min, como forma de se cessar a atividade microbiana. Em seguida, foram

colocados em uma bacia com água para se proceder ao enxágüe, trocando-se

constantemente a água e agitando-se constantemente os sacos com movimentos

30

circulares das mãos por um tempo de 30 min. Posteriormente os sacos foram colocados

em estufa com ventilação forçada por 72 horas a 55oC. Houve também o tempo 0 h

(zero hora) para determinação da fração solúvel, cujos sacos não foram incubados no

rúmen, mas enxaguados em água corrente. A fração indegradável (C) foi aquela que

porcentagem residual no maior tempo de incubação. A fração B foi obtida pela fórmula:

B = 100 – (A + C). Nos resíduos secos de incubação e de solubilidade e nos

ingredientes casca de soja, feno, farelo de girassol e polpa cítrica foram feitas análise

de matéria seca a 105ºC, matéria mineral, proteína bruta e fibra em detergente neutro.

De acordo com a fórmula QIX – QRX/QIX x 100 estimou-se a porção degradável em

cada tempo de incubação, onde QI = quantidade incubada; QR = quantidade residual; X

= pode ser a MS, MO, PB ou FDN.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas

pelo teste de Tukey (p<0,05).

Resultados

Nitrogênio amoniacal, pH e ácidos graxos de cadeia curta

Em todos os tempos as dietas com inclusão de fonte lipídica apresentaram

concentrações de amônia acima da curva da dieta controle. Houve superioridade de 19

e 29% das concentrações médias de amônia para as dietas grãos de girassol e gordura

protegida, respectivamente, em relação à dieta controle, como pode ser visualizada na

Figura 1.

Figura 1. Nitrogênio amoniacal (N-NH3) e pH pós prandial de cordeiros consumindo dieta controle (linha contínua), grãos de girassol (linha tracejada) e gordura protegida (linha pontilhada)

5,9

6,1

6,2

6,4

6,5

6,7

0 2 5 8Tempo (horas)

pH

13,0

15,0

17,0

19,0

21,0

23,0

0 2 5 8Tempo (horas)

N-N

H3

(mg/

dl)

31

A concentração de amônia ruminal não foi influenciada (p>0,05) pela inclusão de

lipídios as dietas (Tabela 2). Porém, o pico de amônia ruminal foi observado as 2 e 8

horas após alimentação para as dietas sem inclusão e com inclusão de lipídio,

respectivamente.

O pH ruminal não foi modificado pela dieta e apresentou valor mínimo às 2 horas

após alimentação, com exceção da dieta gordura protegida que foi às 8 horas. Na

média o pH oscilou entre 6,5 e 6,0 nos tempos 0 e 8 horas após alimentação (Tabela 2).

Tabela 2. Valores de nitrogênio amoniacal (mg/dl) e pH nos tempos 0, 2, 5 e 8 horas após alimentação.

Dieta Tempo, hora Controle Grãos de Girassol Gordura Protegida

Média CV (%)

N-NH3 0 14,7 17,7 19,1 17,2 71,5 2 17,8 19,2 22,5 19,8 53,8 5 13,3 15,7 20,4 16,5 51,0 8 14,3 21,8 22,8 19,6 40,9 Média 15,0 18,6 21,2 pH 0 6,5 6,4 6,5 6,5 4,6 2 5,9 5,9 6,1 6,0 3,3 5 6,1 6,2 6,2 6,2 2,8 8 6,0 5,9 6,0 6,0 1,4 Média 6,1 6,1 6,2

Não houve influencia devido à inclusão de lipídio à dieta sobre as concentrações de

ácidos graxos de cadeia curta totais assim como para o ácido acético, propiônico e

butírico. Verificou-se uma superioridade da concentração total de ácidos graxos de

cadeia curta de 5 e 9% em relação à dieta controle para as dietas grãos de girassol e

gordura protegida, respectivamente (Tabela 3).

Os picos de concentração ruminal se deram entre 2 e 5 horas para a dieta controle,

enquanto, para as dietas grãos de girassol e gordura protegida foi entre 0 e 2 horas

após alimentação. Este padrão de curva da concentração de ácidos graxos de cadeia

curta foi constatado para o total, assim como, para o acético, propiônico e butírico.

32

A concentração ruminal de ácido propiônico não foi modificada pelas dietas. O pico

ocorreu entre 2 e 5 horas após alimentação, sendo o mínimo verificado no tempo 0

hora, momento que antecedeu a alimentação.

A concentração de ácido butírico não foi alterada (p>0,05) pela dieta. Para a dieta

controle, o pico se deu entre 2 e 5 horas, enquanto, para as dietas grãos de girassol e

gordura protegida, foi entre 0 e 2 horas após alimentação.

Tabela 3. Concentrações ruminais (mM) nos tempos 0, 2, 5 e 8 horas após alimentação e a média dos ácidos graxos de cadeia curta totais, acético, propiônico e butírico de ovinos recebendo dietas controle ou com inclusão de fontes de lipídios

Dieta Tempo, hora Controle Grãos de girassol Gordura protegida

Média CV (%)

Ácidos graxos de cadeia curta Totais 0 74,5 77,8 88,8 80,4 33,4 2 96,4 109,8 111,9 106,0 12,6 5 107,7 101,4 104,7 104,6 19,4 8 93,6 102,3 103,7 99,9 16,7 Média 93,0 97,8 102,3

Ácido Acético 0 49,5 51,3 61,1 54,0 33,6 2 64,2 70,3 73,2 69,2 15,9 5 71,0 66,7 69,2 69,0 20,3 8 62,3 65,5 70,1 66,0 17,7 Média 61,7 63,4 68,4

Ácido Propiônico 0 14,9 16,1 16,5 15,8 37,3 2 20,3 23,8 24,7 22,9 24,6 5 23,8 21,7 24,0 23,2 26,7 8 20,2 23,9 21,4 21,8 26,0 Média 19,8 21,4 21,6

Ácido Butírico 0 10,0 10,2 11,3 10,5 39,7 2 11,9 15,6 14,0 13,8 12,7 5 12,9 13,1 11,5 12,5 26,2 8 11,1 13,0 12,2 12,1 15,9 Média 11,5 13,0 12,2

A relação acetato/propionato não diferiu (p>0,05) entre as dietas sem inclusão de

lipídio, com inclusão de grãos de girassol ou gordura protegida. A menor relação (3,1)

33

foi encontrada nos tempos de 2 e 5 horas, já a maior relação, no tempo de 0 hora após

alimentação (Tabela 4).

Tabela 4. Razão acetato/propionato nos tempos 0, 2, 5 e 8 horas após alimentação Dieta Tempo (horas)

Controle Grãos de girassol Gordura protegida Média CV

(%) 0 3,5 3,4 3,8 3,6 12,5 2 3,3 2,9 3,1 3,1 26,3 5 3,1 3,1 3,0 3,1 30,0 8 3,4 2,9 3,3 3,2 28,7 Média 3,3 3,1 3,3

A proporção molar (mol/100mol) dos ácidos graxos de cadeia curta no rúmen de

cordeiros consumindo dietas sem inclusão de lipídio ou com inclusão de grãos de

girassol ou gordura protegida pode ser visualizada na Figura 2. Não foram detectadas

diferenças (p>0,05) entre as dietas.

67,07 65,1567,05

19,77 20,08 21,68

13,15 12,85 13,15

Controle Grão de girassol Gordura protegida

acetato propionato butirato Figura 2. Proporção molar (%) dos ácidos graxos de cadeia curta acetato, propionato e butirato do rúmen

de cordeiros confinados

Na Tabela 5 são apresentados os resultados de produção e composição das

bactérias líquido-associadas. Foram detectados efeitos (p<0,05) sobre a composição

em nitrogênio e matéria orgânica no tempo de coleta de 8 horas após alimentação. A

dieta grãos de girassol proporcionou menor teor de nitrogênio e a dieta gordura

protegida, menor teor em matéria orgânica.

A produção (matéria seca, matéria orgânica e proteína bruta) das bactérias líquido-

associadas não foi modificada (p>0,05) pela introdução de grãos de girassol ou gordura

34

protegida na dieta de cordeiros. As menores quantidades de matéria orgânica e

nitrogênio de bactérias líquido-associadas podem ser visualizadas no primeiro tempo de

coleta e as maiores produções no último tempo de coleta, dando idéia do crescimento

que ocorre após alimentação. No entanto nenhum efeito foi detectado em função do

tempo de coleta.

Tabela 5. Produção e composição de bactérias líquido-associadas do rúmen de ovinos recebendo dieta controle ou com inclusão de fontes de lipídios

Dieta Tempo, h Controle Grãos de girassol Gordura protegida

Média CV (%)

Matéria seca, mg/L 0 1803,9 2110,9 1931,6 1948,8 B 44,3 2 2048,5 2276,0 1942,2 2088,9 AB 21,7 5 1949,8 2014,5 1822,1 1928,8 B 19,4 8 2157,7 2345,8 2196,0 2233,2 A 33,6 Média 1989,9 b 2186,8 a 1973,0 b 3,5 Matéria orgânica, %MS 0 79,2 82,2 82,3 81,2 5,8 2 82,4 77,9 81,9 80,7 5,5 5 80,7 82,8 80,1 81,2 4,2 8 82,0 a 82,4 a 79,9 b 81,4 1,1 Média 81,1 81,3 81,0 2,6 Matéria orgânica, mg/L 0 1436,5 1706,1 1582,2 1574,9 B 41,8 2 1691,6 1762,4 1590,1 1681,4 AB 21,3 5 1595,2 1666,8 1470,9 1577,6 B 21,8 8 1769,1 1928,9 1760,0 1819,3 A 33,2 Média 1623,1 b 1766,1 a 1600,8 b 3,9 Nitrogênio, %MO 0 12,2 11,2 12,0 11,8 A 5,5 2 12,4 10,9 11,2 11,5 AB 9,7 5 11,5 10,1 10,7 10,8 B 10,6 8 11,6 a 9,7 b 11,4 a 10,9 AB 6,0 Média 11,9 a 10,5 b 11,3 a 3,1 Nitrogênio, mg/l 0 174,3 191,6 190,2 185,4 45,9 2 208,9 192,4 180,4 193,9 17,2 5 187,6 167,7 158,8 171,4 27,4 8 208,6 186,1 202,4 199,0 32,3 Média 194,8 184,4 182,9 6,8 CV (%) = coeficiente de variação; Médias sem letras ou seguidas por letras iguais minúsculas na linha e maiúsculas na coluna não diferem pelo teste de Tukey (p<0,05)

35

A produção de matéria orgânica das bactérias sólido-aderidas não foi alterada

(p>0,05) pela dieta (Tabela 6), foi maior no primeiro tempo de coleta diminuindo após a

alimentação. Isto ocorreu, pois o tempo de 0 hora é o tempo de coleta que teve o maior

intervalo entre uma alimentação e outra, relacionando-se com o crescimento das

bactérias no substrato fermentescível.

Tabela 6. Produção e composição de bactérias sólido-aderidas do rúmen de ovinos recebendo dieta controle ou com inclusão de fontes de lipídios

Dieta Tempo, h Controle Grãos de girassol Gordura protegida

Média CV (%)

Matéria seca, mg/kg 0 2765,1 2558,8 2946,6 2756,8 18,3 2 2473,5 2420,2 2440,3 2444,7 23,4 5 2508,6 2606,9 2339,2 2484,9 12,2 8 2397,6 2447,5 2532,9 2459,3 35,6 Média 2536,2 2508,4 2564,8 5,5 Matéria orgânica, %MS 0 77,2 79,5 76,9 77,9 4,1 2 75,0 78,2 75,6 76,3 5,4 5 75,8 75,5 76,7 76,0 5,7 8 76,8 79,9 76,5 77,7 6,7 Média 76,2 78,3 76,4 1,4 Matéria orgânica, mg/kg 0 1870,9 1794,7 1953,5 1873,0 A 21,4 2 1600,8 1694,6 1627,3 1640,9 B 32,3 5 1621,5 1690,4 1553,0 1621,6 B 15,3 8 1598,4 1719,9 1677,9 1665,4 B 46,1 Média 1672,9 1724,9 1702,9 4,8 Nitrogênio, %MO 0 10,8 9,4 10,0 10,1 A 10,4 2 10,1 8,6 9,6 9,4 B 12,1 5 11,1 9,4 9,8 10,1 A 12,2 8 10,8 9,1 9,9 9,9 AB 10,2 Média 10,7 a 9,1 c 9,8 b 1,8 Nitrogênio, mg/kg 0 197,1 166,8 197,3 187,1 A 23,5 2 158,6 144,4 154,3 152,4 B 24,0 5 176,3 159,3 151,6 162,4 B 20,1 8 171,1 153,2 166,9 163,7 AB 41,0 Média 170,4 a 153,2 b 160,1 ab 5,0

CV (%) = coeficiente de variação; Médias sem letras ou seguidas por letras iguais minúsculas na linha e maiúsculas na coluna não diferem pelo teste de Tukey (p<0,05)

36

Verificou-se efeito da dieta sobre a composição e produção de nitrogênio das

bactérias sólido-aderidas. O teor de nitrogênio foi maior para as bactérias do rúmen de

ovinos recebendo a dieta controle, seguido pelos da dieta grãos de girassol e gordura

protegida. A produção de nitrogênio foi maior para aqueles da dieta controle, mas sem

diferença dos da dieta gordura protegida.

Na Tabela 7 são apresentados os dados médios de desaparecimento da matéria

orgânica, proteína bruta e fibra em detergente neutro dos ingredientes. São

apresentados os dados médios, pois não foram observadas diferenças (p>0,05) devido

à inclusão de grãos de girassol ou gordura protegida sobre o desaparecimento dos

nutrientes.

Tabela 7. Desaparecimento (%) dos nutrientes dos componentes da dieta de alto concentrado para ovinos

Tempo, hora Ingrediente Nutriente 0 3 6 12 24 48 72

MO 16,2 20,3 28,2 35,9 46,1 71,6 85,8 PB 27,3 43,3 47,5 54,8 64,5 74,7 83,1 Casca de soja FDN 7,1 8,8 15,7 24,4 38,2 65,7 83,4 MO 23,7 - 28,4 30,7 35,6 46,7 51,9 PB 4,5 - 8,0 31,9 55,9 76,2 83,3 Feno Tifton-85 FDN 15,3 - 15,93 19,7 22,9 26,0 31,8 MO 25,3 37,2 47,1 52,9 57,6 60,7 62,4 PB 36,6 79,3 82,6 84,5 86,1 86,7 88,1 Farelo de girassol FDN 4,7 20,1 24,4 29,8 35,7 40,9 47,3 MO 49,5 56,6 66,1 76,4 88,9 - - PB 55,2 56,9 64,0 69,8 81,9 - - Polpa cítrica FDN 8,6 18,7 40,0 56,2 77,2 - -

MO = matéria orgânica, PB = proteína bruta, FDN = fibra em detergente neutro; o hora = fração solúvel, 3, 6, 12, 24, 48 e72 = tempos de incubação ruminal (horas)

Na Tabela 8 e 9 são apresentados os parâmetros ruminais da matéria seca e matéria

orgânica dos ingredientes da dieta. Não foram detectados efeitos dos tratamentos sobre

os parâmetros de degradabilidade ruminal. Os parâmetros de digestão ruminal da

proteína bruta e da fibra em detergente neutro podem ser visualizados nas Tabelas 10 e

11. Não foram observadas alterações (p>0,05) devido à dieta sobre o comportamento

ruminal dos ingredientes.

37

Tabela 8. Frações solúvel, indegradável, insolúvel potencialmente degradável, degradabilidades potencial e efetivas da matéria seca dos ingredientes das dietas controle ou com inclusão de fontes de lipídios

Dieta Ingrediente Parâmetro DC DGG DGP

Média CV (%)

A 17,5 17,5 17,5 17,5 C 13,6 14,4 13,7 13,9 59,5 B 68,8 68,0 68,7 68,5 12,1 Kd 2,6 2,1 2,5 2,3 68,3 DP 69,5 68,3 73,5 70,4 27,1 DE2 52,9 51,5 54,9 53,1 26,6 DE5 38,9 37,6 39,9 38,8 28,5

Casca de soja

DE8 33,1 31,8 33,5 32,8 26,7 A 26,3 26,3 26,3 26,3

C 46,8 45,3 48,7 46,9 16,9 B 26,9 28,4 25,0 26,8 29,5 Kd 2,8 2,5 2,7 3,3 88,1 DP 46,6 50,5 46,7 47,9 27,2 DE2 40,4 44,5 40,1 41,7 24,6 DE5 35,1 39,3 34,7 36,3 22,4

Feno

DE8 32,8 36,4 32,3 33,8 19,4 A 26,3 26,3 26,3 26,3

C 36,2 36,1 37,3 36,5 4,3 B 37,5 37,6 36,4 37,2 4,2 Kd 4,9 4,5 4,7 4,7 49,9 DP 61,4 60,8 60,9 61,0 3,1 DE2 51,9 51,0 51,5 51,5 5,9 DE5 44,1 42,9 43,6 43,6 8,7

Farelo de girassol

DE8 39,9 38,9 39,6 39,5 9,2 A 49,8 49,8 49,8 49,8

C 11,7 11,3 10,3 11,1 57,8 B 38,4 38,8 39,9 39,0 16,5 Kd 6,4 5,9 4,4 5,6 72,5 DP 76,6 78,1 74,6 76,4 17,9 DE2 77,2 78,1 75,7 77,0 13,3 DE5 69,7 70,3 67,6 69,2 14,3

Polpa cítrica

DE8 65,6 65,9 63,5 65,0 13,6 DC = dieta controle, DGG = dieta grãos de girassol, DGP = dieta gordura protegida; A = fração solúvel; C = fração indegradável, B = fração insolúvel potencialmente degradável, Kd = taxa de degradação da fração B, DP = degradabilidade potencial, DE = Degradabilidade efetiva nas taxas de passagens de 2, 5 e 8%/hora; CV (%) = coeficiente de variação

38

Tabela 9. Frações solúvel, indegradável, insolúvel potencialmente degradável, degradabilidades potencial e efetivas da matéria orgânica dos ingredientes das dietas controle ou com inclusão de fontes de lipídios

Dieta Ingrediente Parâmetro DC DGG DGP

Média CV (%)

A 16,2 16,2 16,2 16,2 C 13,9 14,6 13,9 14,2 59,6 B 69,9 69,2 69,9 69,6 12,1 Kd 2,7 2,1 2,5 2,5 75,9 DP 69,4 68,4 73,1 70,3 26,1 DE2 52,9 51,1 54,2 52,7 26,9 DE5 38,8 36,8 38,9 38,2 30,3

Casca de soja

DE8 32,8 30,8 32,5 32,0 29,3 A 23,7 23,7 23,7 23,7

C 48,1 47,1 48,9 48,0 13,8 B 28,8 36,5 34,6 33,3 16,7 Kd 2,4 2,6 2,6 2,5 79,6 DP 43,8 47,2 44,8 45,3 30,8 DE2 37,2 39,8 35,5 37,5 32,7 DE5 31,7 33,2 27,9 30,9 36,0

Feno

DE8 29,3 29,6 24,7 27,9 36,4 A 25,3 25,3 25,3 25,3

C 37,4 37,1 38,4 37,6 4,3 B 37,2 37,5 36,3 37,0 4,4 Kd 4,5 4,4 4,9 4,6 53,7 DP 60,0 59,4 59,7 59,7 4,3 DE2 50,4 49,6 50,4 50,2 7,7 DE5 42,4 41,6 42,7 42,3 10,7

Farelo de girassol

DE8 38,4 37,7 38,7 38,3 11,0 A 49,5 49,5 49,5 49,5

C 11,6 11,5 10,2 11,1 56,3 B 38,9 39,0 40,3 39,4 15,9 Kd 6,0 5,6 4,5 5,4 66,0 DP 75,4 76,4 76,0 75,9 15,2 DE2 76,4 77,0 77,3 76,9 11,4 DE5 68,7 69,1 68,5 68,8 12,4

Polpa cítrica

DE8 64,7 64,9 64,0 64,5 11,9 DC = dieta controle, DGG = dieta grãos de girassol, DGP = dieta gordura protegida; A = fração solúvel; C = fração indegradável, B = fração insolúvel potencialmente degradável, Kd = taxa de degradação da fração B, DP = degradabilidade potencial, DE = Degradabilidade efetiva nas taxas de passagens de 2, 5 e 8%/hora; CV (%) = coeficiente de variação

39

Tabela 10. Frações solúvel, indegradável, insolúvel potencialmente degradável, degradabilidades potencial e efetivas da proteína bruta dos ingredientes das dietas controle ou com inclusão de fontes de lipídios

Dieta Ingrediente Parâmetro DC DGG DGP

Média CV (%)

A 27,3 27,3 27,3 27,3 C 17,8 16,9 16,1 16,9 41,8 B 54,9 55,8 56,7 55,8 12,6 Kd 2,4 2,4 2,5 2,4 3,7 DP 71,2 71,3 70,9 71,1 11,8 DE2 56,7 56,7 56,7 56,7 12,2 DE5 44,9 44,9 44,9 44,9 13,8

Casca de soja

DE8 39,9 39,9 39,9 39,9 12,9 A 4,5 4,5 4,5 4,5

C 16,6 17,2 16,1 16,6 31,8 B 40,5 39,8 40,9 40,4 13,1 Kd 4,2 3,8 4,2 4,1 50,2 DP 80,9 79,5 80,3 80,3 8,5 DE2 70,1 68,7 69,5 69,4 8,8 DE5 61,2 59,9 60,6 60,6 9,2

Feno

DE8 56,8 55,6 56,3 56,2 8,5 A 36,6 36,6 36,6 36,6

C 11,8 11,5 12,3 11,6 8,9 B 51,4 51,8 51,1 51,5 2,0 Kd 3,6 3,5 2,9 3,0 47,8 DP 78,7 79,2 80,9 79,6 9,1 DE2 66,6 65,1 66,7 66,1 9,4 DE5 56,3 53,8 55,3 55,1 10,2

Farelo de girassol

DE8 51,4 48,9 50,2 50,2 9,5 A 55,2 55,2 55,2 55,2

C 17,1 18,5 18,5 18,0 42,6 B 27,7 26,3 26,3 26,8 28,6 Kd 4,8 4,8 3,8 4,5 51,3 DP 72,5 72,3 64,8 69,9 9,7 DE2 72,7 72,9 69,8 72,1 7,1 DE5 68,0 67,6 62,4 66,0 7,7

Polpa cítrica

DE8 65,2 64,8 60,2 63,4 6,9 DC = dieta controle, DGG = dieta grãos de girassol, DGP = dieta gordura protegida; A = fração solúvel; C = fração indegradável, B = fração insolúvel potencialmente degradável, Kd = taxa de degradação da fração B, DP = degradabilidade potencial, DE = Degradabilidade efetiva nas taxas de passagens de 2, 5 e 8%/hora; CV (%) = coeficiente de variação

40

Tabela 11. Frações solúvel, indegradável, insolúvel potencialmente degradável, degradabilidades potencial e efetivas da fibra em detergente neutro dos ingredientes das dietas controle ou com inclusão de fontes de lipídios

Dieta Ingrediente Parâmetro DC DGG DGP

Média CV (%)

A 7,1 7,1 7,1 7,1 C 16,8 17,7 15,3 16,6 59,7 B 76,1 75,2 77,6 76,3 12,9 Kd 2,4 2,0 2,4 2,3 77,6 DP 63,7 61,6 69,0 64,7 34,4 DE2 45,7 43,5 48,3 45,8 36,5 DE5 30,4 28,4 31,6 30,1 43,7

Casca de soja

DE8 24,0 22,2 24,5 23,6 44,5 A 15,3 15,3 15,3 15,3

C 67,7 65,8 70,9 68,0 5,9 B 15,0 16,9 11,8 14,5 27,6 Kd 1,5 1,7 1,7 1,6 18,7 DP 27,1 28,4 24,7 26,7 15,7 DE2 23,7 24,6 22,1 23,5 11,7 DE5 20,8 21,3 19,9 20,7 8,0

Feno

DE8 19,7 20,1 19,1 19,6 6,0 A 4,7 4,7 4,7 4,7

C 49,1 49,1 59,9 52,7 11,5 B 46,1 46,2 35,4 42,6 14,2 Kd 2,7 3,2 2,3 2,7 77,5 DP 39,3 42,8 31,6 37,9 37,2 DE2 28,7 31,2 22,7 27,5 40,4 DE5 19,6 21,5 15,4 18,8 49,3

Farelo de girassol

DE8 15,6 17,1 12,3 15,0 50,0 A 8,6 8,6 8,6 8,6

C 23,8 22,9 21,7 22,8 50,3 B 67,6 68,4 69,6 68,6 16,7 Kd 5,7 5,4 4,9 5,3 42,9 DP 54,4 57,5 55,9 55,9 29,2 DE2 55,9 57,9 57,5 57,1 22,9 DE5 42,3 43,7 42,6 42,9 27,8

Polpa cítrica

DE8 35,1 35,9 34,7 35,2 29,6 DC = dieta controle, DGG = dieta grãos de girassol, DGP = dieta gordura protegida; A = fração solúvel; C = fração indegradável, B = fração insolúvel potencialmente degradável, Kd = taxa de degradação da fração B, DP = degradabilidade potencial, DE = Degradabilidade efetiva nas taxas de passagens de 2, 5 e 8%/hora; CV (%) = coeficiente de variação

41

Discussão

Nitrogênio amoniacal, pH e ácidos graxos de cadeia curta

O pH é um parâmetro indicativo da fermentação ruminal. Em dietas com elevada

proporção de concentrado o pH abaixa rapidamente podendo atingir valores muito

ácidos que comprometem a saúde do rúmen, principalmente quando a fonte energética

for o amido, mas ao utilizar a polpa cítrica, a redução pode ser menos drástica. IVAN et

al. (2003) verificaram aumento no pH ruminal de 6,1 para 6,5 devido à inclusão 14% de

grãos de girassol na dieta de ovinos. Outros autores não detectaram efeitos da inclusão

de gordura protegida ou óleo de soja sobre o pH do rúmen (NIGDI et al., 1990; KUCUK

et al., 2004; VALINOTE et al., 2005). Porém, segundo HIGHTSHOE et al. (1991),

quando bovinos foram suplementados em pastagem com fontes lipídicas protegidas, o

pH foi reduzido de 6,46 para 6,39 pelo uso de gordura animal e se elevou de 6,46 para

6,64 devido ao uso de óleo vegetal.

A concentração ruminal de nitrogênio amoniacal das dietas controle (15,0 mg/dL),

grãos de girassol (18,6 mg/dL) e gordura protegida (21,2 mg/dL) está dentro da faixa de

valores ótimos para máxima atividade fermentativa. JENKINS & FOTOUHI (1990) assim

como IVAN et al. (2003) e SILVA et al. (2007) ao incluírem lipídios ás dietas de ovinos

ou de cabras leiteiras verificaram reduções na concentração ruminal de nitrogênio

amoniacal. Valores superiores aos relatados neste trabalho foram mostrados por SILVA

et al. (2007) que utilizando dietas com aproximadamente 17% de proteína bruta

obtiveram teores de amônia de 37,8 mg/dL para o controle, 26,7 mg/dL para óleo de

soja e 31,1 mg/dL para sais de cálcio.

A polpa cítrica na dieta tem se relacionado com produção de acetato no rúmen,

diferente do milho que em alta concentração propicia a produção de ácido lático que

influencia a redução do pH e a digestão da fibra. A inclusão de lipídio não influenciou a

concentração de ácido acético, indicando ambiente adequado para fermentação.

Nenhuma diferença foi obtida entre as dietas quanto à concentração total dos ácidos

graxos de cadeia curta total, assim como, para a concentração dos ácidos acético,

propiônico e butírico, os quais apresentaram curvas de comportamento similares. IVAN

et al. (2003) não verificaram efeitos da introdução de grãos de girassol na dieta sobre o

42

total de ácidos graxos de cadeia curta produzidos no rúmen que variou de 71 a 100

mM. JENKINS & FOTOUHI (1990) relataram não haver diferença no total de ácidos no

rúmen de ovinos recebendo dietas controle (64,7 mM), com inclusão de lecitina (54,1

mM) ou óleo de soja (62,0 mM). Em dietas com elevada proporção de concentrado para

bovinos, NGIDI et al. (1990) relataram que a inclusão de 4% de lipídios protegidos

elevou o total de ácidos graxos de cadeia curta de 106 para 116 mM. No entanto

MACHMÜLLER et al. (2000) verificaram que o total de ácidos graxos de cadeia curta foi

150 para 115 mM, sem diferença significativa, para dieta controle ou com inclusão de

grãos de girassol, respectivamente.

A razão acetato/propionato é influenciada pela relação volumoso concentrado da

dieta. Alta proporção de volumoso resulta em maiores relações como 4,5 (HIGHTSHOE

et al., 1991), mas com grande quantidade de concentrado pode promover relação de

1,7 a 1,3 (NGIDI et al., 1990; KUCUK et al., 2004). A inclusão de lipídio na dieta não

alterou esta razão, de acordo com relatos de JENKINS & FOTOUHI (1990) ao incluir

lecitina (3,17) ou óleo de milho (3,25) numa dieta controle (3,35) e NGIDI et al. (1990)

que verificaram razão acetato/propionato foi de 1,93 para 1,73 ao incluir 6,0% de

gordura protegida a uma dieta controle.

A proporção molar dos ácidos graxos de cadeia curta neste trabalho não foi

influenciada pela inclusão de lipídio na dieta, apresentando médias de 66,4% de

acético, 20,5% de propiônico e 13,0% de butírico. Valores próximos foram observados

por JENKINS & FOTOUHI (1990) os quais relataram porcentagem de acético de 61,8;

63,5; 64,0, de propiônico de 18,9; 20,5; 20,5 e de butírico de 15,7; 12,3; 11,6 de dietas

controle, com lecitina ou com óleo de milho respectivamente.

Massa microbiana

Os dados obtidos por este estudo de produção e composição das bactérias ruminais

são de grande importância para a nutrição animal, tendo em vista que os modelos de

predição do crescimento e da produção de leite requerem estimativas da síntese

protéica microbiana (CECAVA et al., 1990) e poucos trabalhos avaliaram o efeito da

inclusão de lipídio sobre a composição e produção de bactérias ruminais. As

43

composições em matéria orgânica e nitrogênio das frações bacterianas obtidas neste

trabalho foram de 80 e 77% de MO e 11 e 9,9% de N, respectivamente, para bactérias

líquido-associadas e sólido-aderidas, resultados estes que foram semelhantes aos

obtidos por CECAVA et al. (1990) os quais constataram valores de MO de 81,5 a 84,4%

e de N de 8,5 a 9,1% para bactérias da fase líquida e de MO de 82,5 a 84,6% e de N de

7,5 a 8,4% para as da fase sólida, respectivamente. MARTIN et al. (1994) relataram

teores de MO para bactérias da fase líquida na faixa de 60 a 65%, e para fase sólida,

valores de 77 a 78%. No entanto, MENDES et al. (2006) encontraram menores valores

de MO (60%).

O lipídio atua diretamente sobre a eficiência de síntese de nitrogênio microbiano,

pois não contribui como energia para os microrganismos do rúmen, ou indiretamente,

devido à defaunação que gera sobre a população de protozoários, porém, não há um

consenso sobre o envolvimento da defaunação e a relação com o aumento da eficiência

de síntese de nitrogênio microbiano (DEWHURST et al., 2000). Segundo relatos de

JENKINS & FOTOUHI (1990), a inclusão de lipídio na dieta de ovinos foi acompanhada

pelo aumento da produção de nitrogênio microbiano que se elevou de 4,5 para 6 g/dia.

Neste trabalho não houve efeito da inclusão de lipídio sobre a produção de nitrogênio

pelas bactérias líquido-associadas, mas houve redução da produção de nitrogênio pelas

bactérias sólido-aderidas. A produção de matéria orgânica proveniente das bactérias do

líquido foi afetada pela dieta, com valores superiores para a dieta grãos de girassol,

mas este efeito não foi detectado sobre as bactérias do sólido.

CRAIG et al. (1987) detectaram diferença entre a composição das bactérias do

líquido e do sólido, com maiores concentrações de nitrogênio para as do líquido (7,5%)

em relação as do sólido (6,4%), e também detectaram variação no teor nitrogenado em

função do tempo após alimentação, com valores superiores para a primeira coleta,

reduzindo de 9,2 para 7,7% (líquido) e de 9,2 para 6,7% (sólido) nas primeiras horas e

retomando a concentração às 6 horas após alimentação. No entanto, OLUBOBOKUM &

CRAIG (1990) não verificaram alterações na concentração de nitrogênio em função do

tempo de coleta do conteúdo (2 e 23 horas após alimentação). Mas também relataram

maiores concentrações de nitrogênio nas bactérias do líquido (8,8%). Estes autores

44

relataram que as produções de matéria orgânica e nitrogênio não diferiram em função

do tempo de coleta. OLUBOBOKUM et al. (1988) relataram que os microrganismos

aderidos ao sólido apresentam-se em grande proporção na população microbiana do

rúmen. Segundo esses autores as bactérias sólido-aderidas apresentaram 88% de MO

e as líquido-associadas 80,2% de MO, assim como o teor de nitrogênio que foi de 8,8%

para as do sólido contra 9,7% para as do líquido.

Segundo CECAVA et al. (1990) as mudanças na disponibilidade de matéria orgânica

fermentável podem afetar a composição das bactérias ruminais por afetar a taxa de

crescimento, as espécies presentes ou a associação das bactérias com as frações

específicas (líquido e sólido) do rúmen. A redução da proporção de polpa cítrica nas

dietas com inclusão de lipídios pode ter reduzido a energia disponível para o

aproveitamento do nitrogênio amoniacal, refletindo na composição e produção de

nitrogênio microbiano, resultando em menores teores e quantidades de nitrogênio de

bactérias do líquido assim como nas do sólido.

EZEQUIEL et al. (2002) relataram teores de nitrogênio de 6,7 e 5,9% para as frações

líquido-associadas e sólido-aderidas, respectivamente, valores inferiores ao deste

trabalho, diferença que pode estar relacionada ao teor de proteína das dietas que neste

trabalho foi mais elevado. Os resultados são dependentes das metodologias de

isolamento utilizadas e das inúmeras dietas que podem ser formuladas e modificam o

suprimento de substrato fermentável, consequentemente, o crescimento microbiano e

sua composição.

Degradabilidade ruminal dos ingredientes

A combinação de ingredientes na formulação de dietas para ruminantes visa

maximizar a síntese microbiana e otimizar o aproveitamento da fibra e do nitrogênio

dietéticos. Para tanto são requeridas informações referentes ao comportamento

digestivo ruminal dos ingredientes, as quais são obtidas em experimentos que estimam

os parâmetros de degradabilidade. Poucos trabalhos estudaram a inclusão de fontes

lipídicas e seus efeitos sobre a degradabilidade dos nutrientes dos ingredientes da

dieta.

45

Nenhum efeito da inclusão de grãos de girassol ou gordura protegida foi detectado

sobre a digestão ruminal dos ingredientes. Grãos oleaginosos possuem liberação lenta

do lipídio no ambiente ruminal, ocasionando menor efeito na fermentação dos

nutrientes. NGIDI et al. (1990) não encontraram efeitos da inclusão de gordura

protegida sobre o aproveitamento ruminal da fibra, no entanto, JENKINS & FOTOUHI

(1990) verificaram reduções da digestão ruminal da matéria seca e da fibra devido à

inclusão de lipídio à dieta de ovinos.

A inclusão de lipídio pode reduzir o aproveitamento da fibra em dietas com elevada

proporção de volumoso, mas quando se utiliza alto concentrado este comportamento

pode não ser verificado, como o que ocorreu neste trabalho, que a introdução de grãos

de girassol ou gordura protegida não influenciou a digestão da fibra. No entanto

VALINOTE et al. (2006) verificaram redução na degradação ruminal da fibra do

volumoso (cana de açúcar) ao incluir fontes de lipídios (gordura protegida e caroço de

algodão) na dieta de alto concentrado para bovinos. BALIEIRO NETO & MELLOTI

(2007) avaliaram a inclusão de níveis de sebo, elevando o teor de extrato etéreo da

dieta de 2,5; para 5,0 e 7,5%, utilizando 60% de volumoso (feno de Tifton) e milho e

farelo de soja como concentrado, obtiveram redução na degradabilidade da matéria

seca e da fibra do feno, mas aumentos na degradação da matéria seca e proteína bruta

do farelo de soja.

A casca de soja e a polpa cítrica foram os ingredientes com maiores

degradabilidades potenciais da matéria orgânica. Entretanto, a diferença entre elas é

devido às frações prontamente solúveis que na casca são inferiores a da polpa, esta

ultima com rápida digestão ruminal, disponibiliza rapidamente energia para o

crescimento microbiano. MUNIZ (2003) relatou degradabilidades potenciais médias da

matéria seca e da proteína bruta da casca de soja de 64,3 e 73,5%, repectivamente.

Neste trabalho verificamos degradabilidades potenciais de 70,4% para matéria seca e

71,1% para proteína bruta.

46

Conclusões

A inclusão de grãos de girassol ou gordura protegida na dieta de alto concentrado

para ovinos propiciou ambiente adequado para fermentação ruminal.

Em dietas com alto volumoso, a elevação do teor de extrato etéreo pode reduzir a

digestão ruminal da fibra, mas em dietas com alta proporção de concentrado não há

esse problema.

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50

CAPÍTULO 4 - GRÃOS DE GIRASSOL OU GORDURA PROTEGIDA NA DIETA DE

ALTO CONCENTRADO E O GANHO COMPENSATÓRIO PARA CORDEIROS

CONFINADOS: DESEMPENHO, CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E

PARÂMETROS SANGUÍNEOS

Grãos de Girassol ou Gordura Protegida na Dieta de Alto Concentrado e o

Ganho Compensatório para Cordeiros Confinados : Desempenho, Características

da Carcaça e Parâmetros Sanguíneos

RESUMO - Avaliou-se o desempenho, as características da carcaça e do sangue de

36 cordeiros, com peso corporal médio de 18 kg e idade média de 3,5 meses, alojados

individualmente em baias e distribuídos num delineamento inteiramente casualizado em

esquema fatorial 3 dietas x 2 manejos. Os animais foram terminados em confinamento

recebendo dietas sem inclusão de lipídio e com inclusão de grãos de girassol ou

gordura protegida, submetidos ou não a restrição alimentar e posterior ganho

compensatório. No período inicial (21 dias) todos consumiram à vontade, mas, no

período de restrição alimentar (21 dias), o consumo diário de matéria seca oferecido foi

reduzido em 30%. No período de realimentação (21 dias) houve retorno do consumo à

vontade e se avaliou o ganho compensatório. Durante o período inicial do confinamento

o ganho de peso diário foi superior (p<0,05) para aqueles consumindo a ração grãos de

girassol (280 g/d) em relação aos da gordura protegida (208 g/d), mas sem diferença

(p>0,05) do controle (240 g/d). Os cordeiros que passaram por restrição, durante o

período de ganho compensatório, ganharam mais que os sem restrição (277,7 vs 186,5

g/d), assim como apresentaram melhor (p<0,05) conversão alimentar (3,73 vs 6,0), sem

diferença (p>0,05) no consumo de matéria seca. No entanto, ao analisar o desempenho

até ao abate, o manejo restrição prejudicou o ganho de peso diário (218,8 vs 183,2)

assim como a conversão alimentar (4,8 vs 5,3), mas não o tempo de confinamento (76

dias) e o consumo total de matéria seca (72,3 kg). As características do corpo e da

51

carcaça não foram afetadas pelos tratamentos. Porém, as gorduras totais, subprodutos

do abate, aumentaram o seu peso em 33% devido à inclusão de lipídio na dieta. O teor

de colesterol na carne foi modificado pela dieta, apresentando valor superior para

aqueles alimentados com as dietas controle (36,8 mg/100) e grãos de girassol (37,9

mg/100) em relação aos alimentados com a dieta gordura protegida (26,5 mg/100). A

restrição alimentar e posterior ganho compensatório não foram vantajosos quando se

analisou o período total de confinamento, pois reduziu o ganho de peso e piorou a

conversão alimentar. Os ingredientes grãos de girassol ou gordura protegida podem ser

incluídos em dietas de terminação de cordeiros sem prejudicar o desempenho, ainda

reduzindo o teor de colesterol da carne daqueles que consumiram gordura protegida.

Palavras-chave: carcaça, colesterol, confinamento, gordura protegida, ovinos, restrição

Introdução

Nos últimos anos o rebanho de ovinos destinados à produção de carne tem

aumentado impulsionado pelos consumidores dos grandes centros urbanos que

buscam carne de qualidade, proveniente de animais abatidos com idade inferior aos

180 dias com peso de carcaça entre 12 e 15 kg. Para obter este tipo de produto, o

criador está cada vez mais consciente que o confinamento com dietas de alto

concentrado será necessário.

Para que a produção ovina seja técnica e economicamente viável, é necessário,

entre outros fatores, proporcionar aos animais condições para máximo desempenho por

meio do fornecimento de alimentação adequada, visando alcançar condições de peso e

ou acabamento para abate mais precoce (SANTELLO et al., 2006). O conhecimento

das características da carcaça é de suma importância para complementar a avaliação

do desempenho animal. As medidas realizadas na carcaça permitem comparações

entre tipos raciais, pesos e idades de abate, sistemas de alimentação.

52

Os resíduos e subprodutos da agroindústria vem sendo alvo de estudos na

alimentação de ruminantes sob o ponto de vista econômico e nutricional (MORAIS et

al., 2007). Há grande variedade de ingredientes alternativos para formulação de rações

para cordeiros em substituição aos convencionais milho e farelo de soja, sempre com o

intuito de reduzir os custos com alimentação e de ser uma alternativa de acordo com as

oscilações de preço dos ingredientes no mercado. Dentre os alternativos, a polpa cítrica

peletizada vem sendo empregada como substituta ao milho na dieta de cordeiros

(HENRIQUE et al., 2003).

O interesse em manipular a qualidade das carnes tem crescido nos últimos anos,

principalmente com relação à composição química da carne em gordura, proteína e

colesterol, além do padrão de ácidos graxos da gordura intramuscular (WOOD et al.,

2003). Nesse sentido, a inclusão de ingredientes fontes de lipídios como os grãos de

girassol e a gordura protegida vêm sendo estudados. Além da modificação da

formulação de dietas, o manejo alimentar de restrição nutricional seguido pelo ganho

compensatório também pode corroborar nas modificações do produto final, a carne.

Objetivaram-se avaliar dietas contendo grãos de girassol ou gordura protegida e do

ganho compensatório sobre o desempenho, as características do corpo, da carcaça, da

carne e os parâmetros sanguíneos de cordeiros confinados.

Metodologia

O experimento foi realizado na Unidade Animal de Estudos Digestivos e Metabólicos

do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,

Unesp, Campus de Jaboticabal, SP.

Foram utilizados 36 ovinos machos da raça Santa Inês, não castrados, com idade

média de 108 + 6,1 dias e peso médio de 18,7 + 2,5 kg. Os cordeiros foram alojados

num galpão coberto, em baias individuais providas por comedouros individuais e

bebedouros a cada dois animais, sobre cama de bagaço de cana que foi trocada

periodicamente. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial

53

(3 dietas x 2 manejos de alimentação). Fez-se uma aplicação anti-helmíntica e outra de

vitamina ADE quando se iniciou o período de adaptação à dieta e instalação que teve

duração de 21 dias, a partir dos quais teve inicio a coleta de dados.

A Tabela 1 apresenta a composição química dos ingredientes e dos concentrados.

O feno de Tifton-85, triturado em partículas de aproximadamente 5 cm, foi fornecido

numa relação volumoso: concentrado de 18:82. O volumoso e o concentrado foram

misturados diariamente pela manhã, parcelados em duas refeições diárias (8 e 16

horas). Como se pode observar nas Tabelas 1, a dieta controle foi formulada para

conter teores normais de extrato etéreo, mas as dietas grãos de girassol e gordura

protegida foram formuladas para conterem teores elevados desse nutreinte.

Tabela 1. Composições porcentual e químico-bromatológica das dietas (% MS) Dieta Porcentual

Controle Grãos de girassol Gordura protegida Feno Tifton-85 18,0 18,0 18,0 Polpa cítrica 35,5 29,5 28,5 Levedura de cana 14,0 14,0 14,0 Casca de soja 8,0 8,0 8,0 Farelo de girassol 24,0 15,0 24,0 Grãos de girassol - 15,0 -

Gordura protegida® - - 7,0

Mistura mineral1 0,5 0,5 0,5 Químico-bromatológica Matéria seca 90,1 90,2 90,3 Proteína bruta 19,4 18,1 18,7 Extrato etéreo 2,6 6,4 7,1 Fibra em detergente neutro 49,3 51,4 51,2 Matéria mineral 5,5 5,2 7,2 ®Lacto-Plus; 1Níveis de garantia por kg: 50 g de P; 150 g de Ca; 195 g de Na; 20 mg de Co; 190 mg de Cu; 40 mg de Iodo; 14500 mg de Mn; 7 mg de Se; 2000 mg de Zn e 500 mg de F;

O ganho compensatório foi avaliado nos cordeiros que passaram pelo período de

restrição alimentar (MR) em comparação aos que não passaram (MA) por período de

restrição. Os períodos tiveram 21 dias de duração cada um. Primeiramente, no período

inicial do confinamento os 36 cordeiros consumiram alimento á vontade. Na seqüência,

54

o período de restrição alimentar foi imposto a 18 cordeiros, sendo 6 por dieta, que

passaram a consumir 30% menos matéria seca, diariamente, por mais 21 dias, sem

alteração da relação volumoso:concentrado da dieta. A restrição foi fixada em relação

ao consumo apresentado na semana que antecedeu esse período para cada dieta. No

período seguinte ao de restrição foi denominado de realimentação, onde os cordeiros

voltam a receber alimento à vontade.

Foi realizada uma avaliação do desempenho (ganho de peso, do consumo de

matéria seca e da conversão de alimento) dos cordeiros em cada período de 21 dias

(inicial, restrição e realimentação) e outra avaliação do desempenho até o abate.

O ganho compensatório foi determinado utilizando-se a fórmula: C(%) = 100 x (A-

B)/A, em que C = compensação em porcentagem, ou seja, quando C = 100%, o peso

perdido durante a restrição foi recuperado totalmente durante a realimentação; A =

diferença entre o peso corporal dos animais em restrição e dos animais controle ao final

do período de restrição; B = diferença entre o peso corporal dos animais que sofreram

restrição e dos animais controle ao final do período de ganho compensatório (WILSON

& OSBOURN, 1960).

Diariamente, pela manhã retiravam-se as sobras para pesagem, verificando se havia

pelo menos 15% de sobras, o que caracterizou o consumo à vontade, o qual foi

expresso em g/dia, g/kg de peso metabólico (g/kg PM) e em porcentagem do peso

corporal (%PC). A cada 21 dias os cordeiros foram pesados pela manhã, sem jejum,

devido à natureza da dieta e ao manejo de restrição alimentar e posterior ganho

compensatório, determinando o ganho em peso e a conversão alimentar.

Nas amostras das dietas experimentais foram determinados os teores de matéria

seca, proteína bruta, matéria mineral, fibra em detergente neutro conforme

metodologias descritas por SILVA & QUEIROZ (2002). Porém, para determinação do

extrato etéreo utilizou-se a metodologia de extração ácida (Método 922.06 da AOAC,

1995).

As seguintes medidas biométricas (SEARLE et al., 1989; YÁÑEZ et al., 2004) foram

realizadas no corpo dos cordeiros pré-abate: altura da cernelha (distância entre a região

da cernelha e a extremidade distal do membro anterior) e altura do vazio subesternal

55

(distância entre o solo e o esterno), obtidas com uso de uma régua ovimétrica;

profundidade torácica (diferença entre a altura de cernelha e a altura do vazio),

comprimento corporal (distância entre a articulação cérvico-torácica e a base da cauda

na primeira articulação intercoccígea) e perímetro torácico (perímetro tomando-se como

base o esterno e a cernelha), medidos com fita métrica; e largura da garupa (distância

entre os trocânteres maiores dos fêmures) e do ombro (distância entre as faces laterais

das articulações escápulo-umerais), determinada com o uso de um compasso.

A condição corporal foi estimada de acordo com RUSSEL et al. (1969) e RIBEIRO et

al. (2003) e consistiu na palpação da região dorsal da coluna vertebral, verificando-se a

quantidade de gordura e músculo no ângulo formado pelos processos dorsais e

transversos, atribuindo-se nota de 1 a 5 + 0,5, em que 1 representa um animal muito

magro e 5, um animal muito gordo.

Foram realizadas coletas de sangue pela manhã, antes da alimentação, diretamente

na jugular dos cordeiros. Foram feitas duas coletas: uma ao final da restrição alimentar

e outra no ganho compensatório (final da primeira semana de realimentação). O sangue

foi centrifugado e no plasma foram realizadas análises de uréia e de colesterol pelo

método colorimétrico utilizando Kits comerciais no Laboratório de Análises Clínicas da

FCAV/Unesp, Campus de Jaboticabal.

Os cordeiros foram abatidos com peso corporal médio de 32,5 + 2,4 kg, após jejum

de 16 horas de dieta sólida. Foram insensibilizados por eletro narcose, pendurados de

cabeça para baixo e cortadas suas jugulares, objetivando a sangria total. Foram

quantificados os subprodutos do abate: sangue, pele, trato gastrintestinal (TGI) vazio e

seu conteúdo, aparelho reprodutor com bexiga, baço, fígado, coração, aparelho

respiratório com traquéia, rins, cabeça e extremidades dos membros, depósitos

adiposos (gorduras perirrenal, omental, inguinal e pélvica) e foram estimadas suas

porcentagens em relação ao peso corporal ao abate. Em seguida, foi determinado o

peso do corpo vazio, subtraindo o conteúdo do trato gastrintestinal do peso corporal ao

abate (MARQUES, 2003). O rendimento verdadeiro foi estimado pela relação entre o

peso da carcaça quente e o peso do corpo vazio.

56

Terminada a evisceração, as carcaças foram pesadas (peso da carcaça quente) e

transferidas para câmara fria a 4ºC por 24 horas, penduradas pelos tendões do

Gastrocnêmio. Ao final desse período, a carcaça fria foi pesada, calculando-se o

rendimento comercial (relação entre o peso da carcaça fria e o peso corporal ao abate)

e a perda de peso por resfriamento (relação entre o peso da carcaça fria e da carcaça

quente). Posteriormente, de acordo com SANTELLO et al. (2006), as seguintes

medidas foram obtidas: comprimento da perna, comprimento interno da carcaça, largura

da garupa, perímetro da garupa e profundidade do tórax, além dos índices de

compacidade da carcaça (peso carcaça fria/comprimento interno) e da perna (largura

da garupa/comprimento da perna).

Na porção dorsal do músculo Longissimus lumborum, na altura da 13ª vértebra

torácica, foram efetuadas mensurações para cálculo da área de olho de lombo,

conforme SILVA SOBRINHO (1999).

Coletou-se uma amostra do lombo, no qual se retirou toda gordura subcutânea, no

intuito de analisar o teor de gordura intramuscular e de colesterol.

As amostras do músculo Longissimus lumborum foram liofilizadas durante 72 horas,

para determinação da matéria seca, proteína bruta, lipídios totais e matéria mineral

(SILVA & QUEIROZ, 2002).

O teor de colesterol total foi quantificado em cromatógrafo a gás, e sua identificação

por comparação com padrões da Sigma® (AL HASANI et al., 1993).

Foram realizadas análises de variância dos dados e as médias foram comparadas

pelo teste de Tukey (p <0,05).

Resultados

Não houve efeito (P>0,05) da interação manejo x dieta sobre os tratamentos,

portanto são apresentados somente os efeitos principais.

Desempenho parcial no confinamento

Na Tabela 3 são apresentados os pesos e suas alterações, o ganho diário e a

conversão alimentar dos cordeiros no período inicial e de realimentação.

57

O peso corporal dos cordeiros ao final do período de realimentação (P63) foi

semelhante (p>0,05) entre os tratamentos, mostrando que houve o ganho

compensatório e compensação total, pois o peso que deixaram de ganhar no período

de restrição se recuperou na realimentação.

Tabela 3. Pesos ao inicio (PI), aos 42 dias (P42) e aos 63 dias (P63) de confinamento e ganho de peso (GP e GP) e conversão de alimento (CA e CA) nos períodos inicial e de realimentação

Manejo Dieta Item

MA MR DC DGG DGP CV (%)

PI (kg) 18,1 19,3 18,4 19,6 18,1 13,1 P42 (kg) 27,8 a 25,3 b 26,0 28,1 25,5 13,9 P63 (kg) 31,2 31,1 30,9 32,9 29,7 15,3 GPInicial Kg 5,1 5,1 5,0 ab 5,9 a 4,4 b 19,9 g/dia 243,3 242,8 240,8 ab 280,1 a 208,3 b 19,9 GPRealimentação Kg 3,4 b 5,8 a 4,8 4,8 4,2 36,4 g/dia 186,5 b 277,7 a 245,3 248,1 201,9 45,4 CAInicial 3,5 3,8 3,6 3,4 3,9 15,1 CARealimentação 6,0 b 3,73 a 4,6 5,2 4,8 41,9 Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem pelo teste de Tukey (p<0,05); CV = coeficiente de variação; MA = manejo de alimentação à vontade; MR = manejo de alimentação restrita; DC = dieta controle; DGG = dieta grãos de girassol; DGP = dieta gordura protegida

Houve efeito do manejo sobre o ganho no período de realimentação, pois cordeiros

que passaram por restrição alimentar ganharam 5,8 kg, enquanto, o que não passaram

por restrição, foi de 3,4 kg. Sendo assim, o ganho diário e a conversão no período de

realimentação foram influenciados pelo manejo (p<0,05), favorecendo o manejo de

restrição alimentar.

Na Figura 3 é possível verificar que o manejo alterou o padrão de crescimento dos

cordeiros, visualizados nas equações negativas para o manejo sem restrição e positiva

para os do manejo com restrição.

58

y = -0,1487x2 + 1,851x + 24,647R2 = 0,9783

y = 0,0734x2 + 1,2723x + 22,978R2 = 0,9834

24,0

26,0

28,0

30,0

32,0

0 1 2 3 4

realimentação (semanas)

peso

cor

pora

l (kg

)

Figura 3. Peso corporal de cordeiros do manejo à vontade (–––) e do manejo restrição (-----) durante o período de realimentação

O peso corporal dos cordeiros ao início do confinamento foi semelhante entre os

tratamentos, com média de 18,7 + 2,4 kg. Depois de decorridos 21 dias do período

inicial do confinamento, no qual todos os cordeiros receberam alimentação à vontade, o

peso corporal se elevou para 23,8 + 2,9 kg, sem diferença entre os tratamentos

(p>0,05). No entanto, a alteração de peso inicial foi maior (p<0,05) para os cordeiros

recebendo a dieta grãos de girassol (5,9 kg) em comparação aos da dieta controle (5,0

kg) e gordura protegida (4,4 kg). Da mesma forma, o ganho de peso diário de 280 g dos

cordeiros da dieta grãos de girassol foi superior (p<0,05) aos 208 g dos da dieta

gordura protegida, mas ambos não diferiram dos 240 g dos cordeiros da dieta controle.

A conversão alimentar inicial não apresentou diferença entre os tratamentos, com

média de 3,6.

No período de realimentação a oferta de alimento retornou à vontade para aqueles

do manejo restrição, e o desempenho de ganho compensatório foi avaliado por mais 21

dias de confinamento.

A Figura 4 representa a curva de crescimento dos cordeiros em função das dietas,

na qual é possível observar o crescimento mais acentuado pelos cordeiros da dieta

grãos de girassol, seguidos pelos da dieta controle e gordura protegida. A curva tem

início ainda na fase adaptação dos animais que durou 3 semanas.

59

16

20

24

28

32

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Tempo de confinamento (semanas)

Pes

o co

rpor

al (

kg)

Figura 4. Curva de peso corporal de cordeiros recebendo dietas controle (-----) , grãos de girassol (–––) e gordura protegida (– – –)

Durante o período de restrição alimentar de 21 dias, os cordeiros do tratamento de

manejo de restrição receberam aproximadamente 30% menos alimento que os do

manejo sem restrição de alimento. O manejo de restrição alterou (p<0,05) o ganho de

peso que passou a ser de 50 g/dia. Assim o peso corporal ao final do período de

restrição (P42) apresentou efeito (p<0,05) de manejo alimentar, sendo de 27,8 kg para

os cordeiros do manejo sem restrição, contra 25,3 kg dos cordeiros com manejo de

restrição.

Consumos parciais no confinamento

O consumo de matéria seca expresso em kg/dia, g/kg PM e %PC nos períodos

inicial, de restrição e de realimentação são apresentados na Tabela 4. O consumo de

matéria seca de 3,7% do peso corporal dos cordeiros que receberam gordura protegida

não diferiu estatisticamente dos consumos de 4,0 e 4,1% dos cordeiros que receberam

grãos de girassol e controle, respectivamente.

Durante o período de restrição alimentar o consumo dos cordeiros do manejo

restrição foi reduzido em 30% em relação ao consumo daqueles sem restrição. O

consumo dos cordeiros sem restrição foi de 3,9% do peso corporal em relação aos que

estavam em restrição de 2,7% do peso corporal.

60

Tabela 4. Consumo diário de matéria seca expressos em g, g/kg PM e % PC e total (kg) de cordeiros nos sub-períodos do confinamento

Manejo Dieta Sub-período MA MR DC DGG DGP

CV (%)

864,9 904,7 910,8 950,6 793,0 18,5 Inicial 84,7 86,3 88,2 88,0 80,3 11,8 3,9 3,9 4,1 4,0 3,7 10,1 1043,5 a 658,8 b 873,1 880,0 800,2 22,7 Restrição 88,6 a 59,6 b 75,8 73,9 72,5 15,7 3,9 a 2,7 b 3,4 3,2 3,3 14,0 1015,2 1012,5 1070,5 1043,6 927,6 18,2 Realimentação 78,6 79,8 82,7 79,7 75,2 10,5 3,3 3,4 3,5 3,4 3,2 8,2 Total, kg 61,4 a 54,1 b 59,9 60,4 52,9 18,5 Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem pelo teste de Tukey (p<0,05); CV = coeficiente de variação; MA = manejo de alimentação à vontade; MR = manejo de alimentação restrita; DC = dieta controle; DGG = dieta grãos de girassol; DGP = dieta gordura protegida

No período de realimentação o consumo não diferiu (p>0,05) entre os tratamentos.

Os cordeiros apresentaram consumo médio de 3,3% PC diariamente, variando de 3,1

para dieta gordura protegida, até 3,5 a 3,6 para as dietas grãos de girassol e controle.

Ao somar os consumos dos animais em cada período (inicial, restrição e

realimentação) verifica-se que houve redução significativa de 11,8% no consumo dos

cordeiros que passaram por restrição alimentar.

Desempenho e consumo total no confinamento

São apresentados na Tabela 5 os dados de desempenho, no período total do

confinamento, de cordeiros dos tratamentos controle, grãos de girassol e gordura

protegida, passando por dois manejos, com ou sem ganho compensatório.

A idade dos cordeiros ao entrarem no confinamento foi de 108 dias e ao abate por

volta de 184 dias, resultando num tempo de confinamento de 76 + 15 dias, valores que

não foram modificados (p>0,05) pelos tratamentos. Foi observado efeito do manejo

(p<0,05) sobre o ganho em peso total. O manejo restrição promoveu 13,8 kg de ganho

em peso total, enquanto, o manejo sem restrição propiciou 15,3 kg. O ganho diário

assim como, a conversão alimentar também apresentaram redução (p<0,05) para os

cordeiros do manejo restrição, sendo o ganho de peso diário de 183 vs 219 g e a

61

conversão de 5,3 vs 4,8 para os do manejo restrição e sem restrição, respectivamente.

O consumo total de alimento, o consumo diário e a conversão alimentar não foram

influenciados pelas dietas, apresentando valores médios de 72 kg, 981g e 5,0

respectivamente.

Características corporais

O peso corporal no momento do abate não diferiu (p>0,05) entre os tratamentos,

com valor médio de 32,5 kg, assim como a maioria das mediadas realizadas no corpo

dos cordeiros no abate (Tabela 6).

O comprimento corporal, o perímetro torácico, a altura na cernelha, a largura do

ombro, a largura da garupa e a profundidade, respectivamente, apresentaram valores

médios em centímetros de 60,2; 72,7; 65,2; 19,3; 20,8; 29,8. O índice de compacidade

corporal foi de 0,54 kg/cm e a nota de condição corporal foi de 2,7. A altura na garupa

apresentou efeito da dieta (p<0,05) e foram os cordeiros que consumiram a dieta

controle os que apresentaram maior altura na garupa (67,6 cm), seguidos dos da dieta

grãos de girassol (65,9 cm) e gordura protegida (64,8 cm).

Tabela 5. Desempenho de cordeiros confinados consumindo dietas sem ou com inclusão de lipídio submetidos ou não a período de restrição alimentar

Manejo Dieta Item MA MR

DC DGG DGP

CV (%)

Idade inicial (dias) 109 107 106 109 109 5,9 Idade final (dias) 183 186 182 181 191 8,7 Tempo de confinamento (dias) 73 78 74 72 81 20,0 Ganho em peso total (kg) 15,3 a 13,8 b 14,9 14,3 14,5 11,0 Consumo total (kg) 72,8 71,8 72,4 72,1 72,3 12,8 Ganho diário (g/dia) 218,8 a 183,2 b 209,7 208,3 185,1 24,5 Conversão alimentar total 4,8 a 5,3 b 4,9 5,1 5,1 15,8 Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem pelo teste de Tukey (p<0,05); CV = coeficiente de variação; MA = manejo de alimentação à vontade; MR = manejo de alimentação restrita; DC = dieta controle; DGG = dieta grãos de girassol; DGP = dieta gordura protegida

62

Tabela 6. Avaliação corporal “in vivo” de cordeiros confinados Manejo Dieta Medida (cm)

MA MR DC DGG DGP CV (%)

Peso corporal ao abate (kg) 32,6 32,4 32,4 33,2 32,0 7,6 Condição Corporal (1-5) 2,7 2,6 2,7 2,8 2,5 19,5 Comprimento Corporal 59,9 60,5 60,9 59,9 59,9 4,5 Perímetro torácico 73,0 72,4 72,8 73,3 72,0 3,2 Profundidade 29,7 29,9 29,4 29,7 30,4 5,0 Altura na cernelha 65,0 65,5 65,6 65,4 64,7 3,1 Altura na garupa 65,7 66,5 67,6 a 65,9 ab 64,8 b 3,2 Largura no ombro 19,3 19,2 18,9 19,8 19,0 7,1 Largura na garupa 21,1 20,6 20,8 20,8 20,9 8,0 Compacidade corporal (kg/cm)

0,54 0,54 0,53 0,56 0,53 9,6

Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem pelo teste de Tukey (p<0,05); CV = coeficiente de variação; MA = manejo de alimentação à vontade; MR = manejo de alimentação restrita; DC = dieta controle; DGG = dieta grãos de girassol; DGP = dieta gordura protegida

Características da carcaça

Não foram encontradas diferenças (p>0,05) entre os tratamentos para os pesos do

corpo vazio (28,4 kg), da carcaça quente (15,5 kg), da carcaça fria (15,1 kg) e para as

perdas no resfriamento (2,5%).

Tabela 7. Pesos e rendimentos no abate e após o resfriamento da carcaça de cordeiros confinados

Manejo Dieta Item MA MR

DC DGG DGP

CV (%)

Peso corporal ao abate (kg) 32,6 32,4 32,4 33,2 32,0 7,6 Peso de corpo vazio (kg) 28,5 28,3 27,8 29,1 28,4 7,8 Peso de carcaça quente (kg) 15,5 15,4 15,1 15,8 15,5 9,2 Peso de carcaça fria (kg) 15,1 15,1 14,8 15,5 15,0 9,2 Perda no resfriamento (%) 2,6 2,3 2,2 2,3 2,9 55,9 Rendimento de carcaça quente (%) 47,5 47,6 46,5 b 47,7 ab 48,5 a 3,6 Rendimento de carcaça fria (%) 46,3 46,5 45,5 46,6 47,0 3,8 Rendimento verdadeiro (%) 54,4 54,4 54,3 54,3 54,6 3,1 Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem pelo teste de Tukey (p<0,05); CV = coeficiente de variação; MA = manejo de alimentação à vontade; MR = manejo de alimentação restrita; DC = dieta controle; DGG = dieta grãos de girassol; DGP = dieta gordura protegida

O rendimento de carcaça quente foi superior (p<0,05) para a carcaça de cordeiros

que consumiram a dieta gordura protegida (48,5%) em relação aos da dieta controle

63

(46,5%), mas estas não diferiram da carcaça dos cordeiros da dieta grãos de girassol

(47,7%). Porém, o rendimento da carcaça fria e o rendimento verdadeiro não diferiram

(p>0,05) entre os tratamentos, apresentando médias de 46,4% e 54,4%

,respectivamente (Tabela 7).

As medidas realizadas na carcaça não foram influenciadas (p>0,05) pelos

tratamentos (Tabela 8). Os valores médios apresentados para o comprimento externo,

comprimento interno, comprimento da perna, perímetro da garupa, circunferência

torácica, largura do tórax e largura da garupa foram, respectivamente, 59,5; 62,4; 40,9;

59,8; 27,1; 23,3 e 23,2 cm. Da mesma forma que as medidas na carcaça, os índices de

compacidade da carcaça (0,24) e de compacidade da perna (0,56), assim como as

notas de conformação (2,5) e acabamento (2,6) não foram afetados (p>0,05) pelos

tratamentos.

Tabela 8. Medidas objetivas e subjetivas na carcaça de cordeiro confinado Manejo Dieta Medida (cm)

MA MR DC DGG DGP CV (%)

Comprimento externo 59,4 59,6 59,3 60,2 59,1 3,5 Comprimento interno 62,6 62,3 62,3 63,0 62,0 3,5 Comprimento da perna 40,8 41,0 41,2 40,8 40,6 2,6 Perímetro da garupa 60,0 59,7 59,9 60,2 59,4 2,8 Profundidade do tórax 27,3 26,9 27,3 27,5 26,6 3,7 Largura do tórax 23,8 22,8 23,0 24,3 22,5 8,9 Largura da garupa 23,4 23,0 23,1 23,5 23,0 5,2 Conformação (1-5) 2,5 2,5 2,5 2,5 2,4 18,9 Acabamento (1-5) 2,5 2,6 2,5 2,6 2,5 18,4 Compacidade da perna (cm/cm) 0,58 0,56 0,56 0,58 0,57 5,4 Compacidade da carcaça (kg/cm) 0,24 0,24 0,24 0,25 0,24 7,5 CV =coeficiente de variação; MA=manejo de alimentação à vontade; M =manejo de alimentação restrita; DC = dieta controle; DGG = dieta grãos de girassol; DGP = dieta gordura protegida

Subprodutos do abate

Na Tabela 9 encontram-se os pesos (kg) dos subprodutos do abate de cordeiros de

acordo com os tratamentos.

Os pesos do trato gastrintestinal vazio, do sangue, dos aparelhos respiratório e

reprodutivo, do fígado, do coração, dos rins, do baço e da língua não foram

influenciados pelos tratamentos. Porém, o conteúdo do trato gastrintestinal diferiu entre

64

as dietas (p<0,05). Cordeiros da dieta controle tinham mais conteúdo no trato

gastrintestinal que os da dieta gordura protegida e ambos não diferiram (p>0,05) dos da

dieta grãos de girassol. O peso das gorduras totais foi afetado (p<0,05) pela dieta.

Ocorreu maior deposição de gordura nos cordeiros que consumiram as dietas com

inclusão de gordura.

Interações foram detectadas (p<0,05) entre manejo e dieta para o peso das patas,

cabeça e pele (Tabela 10). O peso das peles de cordeiros do manejo restrição foi

inferior ao peso das peles dos sem restrição somente para os cordeiros da dieta

gordura protegida.

Tabela 9. Peso (kg) dos subprodutos do abate de cordeiros confinados Manejo Dieta Item

MA MR DC DSG DGP CV (%)

Coração 0,20 0,19 0,19 0,20 0,19 19,6 Fígado 0,66 0,65 0,69 0,66 0,62 10,6 Rim 0,10 0,10 0,10 0,10 0,09 11,0 Baço 0,07 0,07 0,07 0,08 0,07 29,3 Aparelho respiratório 0,69 0,76 0,70 0,75 0,73 14,5 Aparelho reprodutor 0,50 0,49 0,47 0,51 0,50 12,6 Pele 2,19 2,23 2,30 2,23 2,09 10,2 Cabeça 1,90 1,88 1,86 1,94 1,86 6,5 Sangue 1,30 1,29 1,33 1,30 1,25 14,5 Extremidades dos membros 0,80 0,82 0,80 0,83 0,78 7,0 Língua 0,09 0,08 0,09 0,09 0,09 27,0 Gordura do rim 0,28 0,30 0,19 b 0,33 a 0,37 a 32,0 Gordura inguinal 0,09 0,12 0,13 0,09 0,09 142,7 Gordura pélvica 0,13 b 0,17 a 0,13 b 0,17 a 0,15 a 22,9 Gordura omental 0,74 0,71 0,54 b 0,76 ab 1,47 a 30,6 Gorduras totais 1,27 1,26 0,95 b 1,35 a 1,50 a 26,9 Conteúdo do TGI 4,12 3,99 4,49 a 4,13 ab 3,50 b 13,5 Trato gastrintestinal 3,10 3,02 2,93 3,22 3,04 10,2 Total 18,2 18,1 18,0 18,7 18,4 7,5 MA = manejo de alimentação à vontade; MR = manejo de alimentação restrita; DC = dieta controle; DGG = dieta grãos de girassol; DGP = dieta gordura protegida; CV = coeficiente de variação; Médias seguidas por letras distintas na linha diferem pelo teste de Tukey (p<0,05).

65

Tabela 10. Interações manejo X dieta nos subprodutos do abate (kg) Dieta Item Manejo

Controle Grãos de girassol Gordura protegida CV (%)

MA 2,21 a 2,09 a 2,27 a Pele MR 2,40 a 2,37 a 1,92 b

10,2

MA 0,80 a 0,78 a 0,82 a Pata MR 0,81 ab 0,88 ab 0,75 b

7,0

MA 1,88 a 1,88 a 1,93 a Cabeça MR 1,85 ab 2,00 ab 1,79 b

6,5

MA = manejo à vontade; MR = manejo restrição; CV = coeficiente de variação. Médias seguidas por letras distintas na linha diferem pelo teste de Tukey (p<0,05)

De acordo com a interação manejo x dietas, os cordeiros do manejo restrição

consumindo a dieta gordura protegida apresentaram os menores pesos do subproduto

cabeça. Enquanto que o menor peso de patas foi detectado para os cordeiros do

manejo sem restrição recebendo a dieta grãos de girassol.

Os efeitos de manejo e de dieta também foram encontrados para o peso dos

subprodutos do abate quando expressos em % do peso corporal ao abate (Tabela 11).

As maiores proporções de gordura derivaram da gordura omental, com valores de 4,28,

2,21 e 1,58%, respectivamente para as dietas gordura protegida, grãos de girassol e

controle. Os totais de gordura foram expressivamente superiores (p<0,05) para os

cordeiros submetidos aos tratamentos com adição de fonte de lipídio.

Foram detectadas diferenças no conteúdo do trato gastrintestinal dos cordeiros que

consumiram a ração controle, em relação aos da ração gordura protegida, mas não

diferiu (p>0,05) do conteúdo dos da ração grãos de girassol.

Vale notar que as porcentagens totais de subprodutos do abate obtidas neste

trabalho estiveram na faixa de valores entre 52,7 e 54,5%. Ou seja, o rendimento de

carcaça ficou abaixo de 48% do peso corporal ao abate.

66

Avaliação no lombo

São apresentadas na Tabela 12 as medidas realizadas no corte transversal do lombo

dos cordeiros. As mensurações foram semelhantes (p>0,05) entre os tratamentos. O

comprimento máximo foi de 5,7 cm, a largura máxima foi de 2,6 cm, a espessura de

gordura subcutânea foi de 1,24 mm e a área de olho de lombo foi de 11,7 cm2.

Tabela 12. Avaliação objetiva do músculo Longissimus lumborum de cordeiros Manejo Dieta Medida (cm)

MA MR DC DGG DGP CV (%)

Comprimento máximo 5,6 5,7 5,8 5,8 5,7 6,4 Largura máxima 2,5 2,7 2,5 2,7 2,6 8,6 Espessura de gordura subcutânea 0,14 0,11 0,11 0,12 0,15 37,5 Área de olho de lombo (cm2) 11,3 12,1 11,5 11,7 11,8 10,5 CV = coeficiente de variação; MA = manejo de alimentação à vontade; MR = manejo de alimentação restrita; DC = dieta controle; DGG = dieta grãos de girassol; DGP = dieta gordura protegida

Tabela 11. Subprodutos do abate (% do peso corporal ao abate) de cordeiros Manejo Dieta Item

MA MR DC DGG DGP CV (%)

Coração 0,59 0,54 0,55 0,57 0,56 19,6 Fígado 1,92 1,88 2,00 1,91 1,81 10,6 Rim 0,29 0,28 0,29 0,29 0,28 11,0 Baço 0,21 0,20 0,19 0,22 0,19 29,3 Aparelho respiratório 2,00 2,20 2,02 2,18 2,11 14,5 Aparelho reprodutor 1,46 1,42 1,38 1,49 1,46 12,6 Pele 6,36 6,49 6,70 6,49 6,09 10,2 Cabeça 5,51 5,47 5,42 5,64 5,41 6,5 Sangue 3,79 3,74 3,86 3,79 3,65 14,5 Extremidades dos membros 2,32 2,37 2,34 2,42 2,28 7,0 Língua 0,27 0,24 0,25 0,26 0,26 27,0 Gordura do rim 0,82 0,86 0,56 b 0,96 a 1,06 a 32,0 Gordura inguinal 0,26 0,36 0,39 0,27 0,27 142,7 Gordura pélvica 0,38 b 0,49 a 0,37 b 0,48 a 0,44 a 22,9 Gordura omental 2,14 2,07 1,58 b 2,21 ab 4,28 a 30,6 Gorduras totais 3,70 3,66 2,76 b 3,92 a 4,36 a 26,9 Conteúdo do TGI 11,99 11,60 13,06 a 12,01 ab 10,19 b 13,5 Trato gastrintestinal 9,02 8,79 8,52 9,36 8,85 10,2 Total 53,0 52,7 52,2 54,5 53,5 7,5 MA = manejo de alimentação à vontade; MR = manejo de alimentação restrita; DC = dieta controle; DGG = dieta grãos de girassol; DGP = dieta gordura protegida; CV = coeficiente de variação. Médias seguidas por letras distintas na linha diferem pelo teste de Tukey (p<0,05)

67

Composição centesimal e colesterol do músculo Longissimus lumborum

Os dados de composição centesimal e colesterol do músculo de cordeiros

confinados podem ser visualizados na Tabela 13.

Os tratamentos não influenciaram (p>0,05) a composição em água, proteína bruta,

extrato etéreo e matéria mineral da carne dos cordeiros. Os valores médios para cada

100 g de músculo foram de 76,6% de água, 21,5% de proteína bruta, 1,9% de extrato

etéreo e 1,4% de matéria mineral.

O teor de colesterol no músculo foi modificado (p<0,05) pela dieta. Cordeiros que

consumiram a dieta gordura protegida apresentaram menor teor de colesterol na carne

(26,5 mg/100) que os das dietas controle (36,8 mg/100) e grãos de girassol (37,9

mg/100), estes últimos não diferiram (p>0,05) entre si.

Parâmetros sanguíneos

Os valores de colesterol e uréia sanguíneos dos períodos de restrição e

realimentação são apresentados na Tabela 14.

No período de restrição alimentar, os cordeiros do tratamento restrição apresentaram

semelhantes (p>0,05) teores de uréia no sangue. No entanto os teores de colesterol

foram superiores (p<0,05) para aqueles do manejo restrição. E também foram

superiores para aqueles que consumiram a dieta gordura protegida em relação aos da

dieta controle, mas ambos não diferiram (p>0,05) dos da dieta grãos de girassol.

Tabela 13. Composição centesimal e colesterol (mg/100g) do músculo Longissimus lumborum de cordeiros confinados

Manejo Dieta Nutriente (%) MA MR DC DGG DGP

CV (%)

Água 76,7 76,4 76,8 76,5 76,4 1,1 Proteína bruta 21,5 21,6 21,4 21,5 21,7 4,6 Extrato etéreo 1,9 1,9 1,8 1,9 2,0 26,2 Matéria mineral 1,4 1,5 1,3 1,3 1,6 35,2 Colesterol 34,2 34,6 36,8 a 37,9 a 26,5 b 21,6 CV = coeficiente de variação; MA = manejo de alimentação à vontade; MR = manejo de alimentação restrita; DC = dieta controle; DGG = dieta grãos de girassol; DGP = dieta gordura protegida; Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem pelo teste de Tukey (p<0,05)

68

Tabela 14. Valores de uréia e colesterol (mg/dL) sanguíneos dos cordeiros confinados Manejo Dieta Período Parâmetro

MA MR DC DGG DGP CV (%)

Uréia 44,5 45,7 43,2 44,1 48,0 14,3 Restrição Colesterol 83,8 b 104,1 a 76,1 b 97,1 ab 108,6 a 31,7

Uréia 48,1 46,5 50,8 a 47,1 ab 44,1 b 11,5 Realimentação Colesterol 66,7 65,0 42,9 b 74,7 a 79,9 a 25,4

CV = coeficiente de variação; MA = manejo de alimentação à vontade; MR = manejo de alimentação restrita; DC = dieta controle; DGG = dieta grãos de girassol; DGP = dieta gordura protegida; Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem pelo teste de Tukey (p<0,05)

Os teores de uréia e colesterol no período de realimentação não foram alterados

pelo manejo. Porém, foram modificados pela da dieta (p<0,05). O teor de uréia foi maior

para aqueles que consumiram a dieta controle em relação aos da dieta gordura

protegida, mas ambos não diferiram dos da dieta grãos de girassol. Com relação ao

teor de colesterol, este foi maior (p<0,05) para aqueles cordeiros que consumiram as

dietas com inclusão de grãos de girassol ou gordura protegida.

Discussão

Desempenho

No geral, o desempenho no confinamento foi satisfatório, considerando que os

ingredientes utilizados nesta pesquisa foram, na sua maioria, ingredientes alternativos.

E comumente as dietas são formuladas com ingredientes convencionais como o milho e

o farelo de soja, os quais asseguram bons resultados de desempenho da raça Santa

Inês como os encontrados por SUSIN et al. (2000) de 240 g/dia ou ainda melhores,

como de 297 g/dia relatados por MORAIS et al. (1999).

Os óleos vegetais ricos em ácidos graxos insaturados podem acarretar efeitos

negativos no ambiente ruminal, tais como redução na digestão da fibra. Portanto,

suplementos lipídicos denominados “gorduras protegidas” foram desenvolvidos com o

intuito de minimizar a interferência sobre a fermentação ruminal. A utilização de grãos

de oleaginosas minimiza os efeitos adversos sobre a fermentação por liberar mais

69

lentamente o lipídio no ambiente ruminal. Este argumento fica comprovado uma vez

que não verificamos alterações no desempenho devido as dietas.

A inclusão de fontes de lipídios como os grãos de girassol e a gordura protegida é

uma forma para elevar a densidade energética da dieta. HADDAD & YOUNIS (2004)

não detectaram diferenças no ganho de peso e conversão alimentar de cordeiros

consumindo dietas com alta proporção de concentrado sem inclusão de gordura, com

inclusão de 2,5 ou 5,0% de gordura protegida. BESSA et al. (2005) suplementaram com

óleo de soja a dieta de cordeiros e não detectaram diferenças no ganho de peso. Porém

outros autores relataram redução no ganho de peso ao incluir óleo na dieta de cordeiros

(SANTOS-SILVA et al., 2004; YAMAMOTO et al., 2005). MANSO et al. (2006)

estudaram a inclusão de fontes de lipídios entre eles a gordura protegida, e não

encontraram diferenças no ganho de peso de cordeiros e no consumo de matéria seca.

Incluindo três níveis (1,5; 3,0 e 4,5%) de gordura protegida numa dieta controle.

SALINAS et al. (2006) não detectaram efeitos sobre o ganho de peso, consumo de

matéria seca e conversão de alimento, ao incluir gordura protegida a dieta dos

cordeiros. O objetivo de aumentar a densidade energética é reduzir o tempo de

confinamento.

O tempo de confinamento é determinado pelo ganho de peso diário e pelo peso de

abate dos animais. Elevando os níveis de energia através da redução da relação

volumoso:concentrado da dieta de cordeiros da raça Santa Inês, ALVES et al. (2003)

verificaram redução no tempo de confinamento de 97 para 76 dias para atingiram 30 kg

de peso corporal. Porém, não detectou reduções no consumo nem no ganho diário

mesmo sendo este de 123 g para o menor teor de energia e de 191 g para o maior teor

de energia na dieta. Esses ganhos não foram satisfatórios para cordeiros confinados,

ao considerar que esta categoria animal confinada deve ganhar pelo menos 200 g/dia.

Neste trabalho, no período de realimentação o ganho em peso foi melhor para os

cordeiros do manejo restrição devido ao ganho compensatório, mas o ganho em peso

no período total foi inferior, pois durante a restrição ou durante a realimentação os

baixos ganhos, fizeram com que reduzisse a média. Para compensar o ganho em peso

haveria necessidade de ganho de 350 g/dia durante a realimentação. Segundo SAINZ

70

et al. (1995) o ganho de peso foi melhor durante a realimentação, no entanto, no

período total o ganho foi menor para os bovinos que passaram por restrição alimentar.

KAMALZADEH et al. (1997) relataram que na realimentação os cordeiros que passaram

por restrição ganharam mais peso que os sem restrição numa relação de 42%. Nesta

pesquisa, a superioridade foi 33% para os animais do manejo restrição.

Ao restringir o alimento por 60 dias HOMEM JR. et al. (2007) relataram melhores

conversões de alimento (6 vs 10) para cordeiras em ganho compensatório em relação

às que não passaram por período de restrição alimentar. A conversão alimentar na

realimentação apresentou comportamento semelhante ao ganho em peso diário, melhor

no período de realimentação para os cordeiros do manejo restrição, mas no período

total foi pior para estes animais em relação aos sem restrição, indicando que o ganho

compensatório tem duração passageira de até três semanas. Outros autores também

verificaram que o ganho de peso piorou devido ao período de restrição alimentar, mas

durante o ganho compensatório, melhorou o ganho de peso do corpo vazio e a

eficiência alimentar (SAINZ et al.,1995; KAMALZADEH et al., 1997).

Esperava-se que o consumo durante o período de ganho compensatório fosse maior

para os cordeiros que passaram por restrição, mas isto não ocorreu. Se tivesse ocorrido

aumento do consumo, o ganho compensatório poderia ter sido superior, promovendo

ganhos equivalentes ou até mesmo superiores aos dos cordeiros do manejo à vontade.

Diferenças na severidade, natureza e duração do período de restrição e o potencial

genético dos animais contribuem para discrepâncias entre resultados de pesquisa

usando diferentes manejos nutricionais sobre o desempenho e o consumo voluntário

(SAINZ et al.,1995). Ainda, o consumo durante o período total pode ser menor para os

animais que passam por restrição em comparação aos animais sem restrição (SAINZ et

al., 1995; KAMALZADEH et al., 1997). No entanto, o consumo total do confinamento

não foi menor para aqueles do manejo restrição alimentar, podendo-se inferir que a

resposta do ganho compensatório nesses animais não foi satisfatória.

71

Características do corpo e da carcaça

O perímetro torácico e o comprimento corporal são as medidas biométricas que

apresentam melhor ajuste para estimar o peso de carcaça fria e a compacidade da

carcaça de caprinos, por isso, são recomendados por serem precisos, práticos e de fácil

execução (YÁÑES et al., 2004). Resultados de GARCIA et al. (2000) mostraram que a

raça Santa Inês apresentou os menores valores de medidas biométricas realizadas na

carcaça, assim como, a espessura de gordura de cobertura (2,3 mm) em comparação

aos cruzamentos com Texel.

Raças selecionadas para produção de carne apresentam melhores condições

corporais no peso de abate, assim como a conformação e o acabamento da carcaça.

Os cordeiros da raça Santa Inês tiveram notas de menor valor para estas

características (YAMAMOTO et al., 2005; ZUNDT et al., 2006), indicando que podem

ser melhoradas pela seleção. No referente aos índices de compacidade da carcaça

(0,24), este foi similar ao da literatura, com valores entre 0,24-0,29 (CARVALHO et al.,

2002; ZUNDT et al., 2006).

Para obter um produto com pouca quantidade de gordura os ovinos da raça Santa

Inês estão sendo abatidos com até seis meses de idade pesando na faixa de 30 kg,

pois carcaças com peso de até 15 kg são preferidas pelos consumidores (ZUNDT et al.,

2006). Segundo SANTOS et al. (2001) a faixa de peso corporal ideal para o abate de

cordeiros Santa Inês é de 15 a 35 kg, pois a cima desse peso ocorre deposição

acentuada de tecido adiposo.

Os rendimentos de carcaça de ovinos variam de 40 a 60%, influenciado pela raça,

peso de abate, sistema de alimentação, idade do animal e a forma como é calculado

(SAÑUDO & SIERRA, 1986). O rendimento comercial verificado por outros autores foi

de 44% (ROCHA et al., 2002), e 49% (ZUNDT et al., 2006), neste trabalho o rendimento

de carcaça fria obtido esteve dentro da faixa normal de 45,5 e 47,0%. O rendimento

verdadeiro considera o peso do trato gastrintestinal vazio, por isso apresenta valores

variando desde 53 a 56% (SIQUEIRA et al., 2002; YAMAMOTO et al., 2005; ZUNDT et

al., 2006), valores próximos ao obtidos neste trabalho (54%).

72

As perdas no resfriamento verificadas por GARCIA et al. (2000) e URANO (2005)

para carcaça de cordeiros Santa Inês ficaram na faixa de 2,2 a 2,5%, semelhantes às

obtidas neste estudo.

Subprodutos do abate

Não houve crescimento exacerbado de vísceras, em vista de não haver diferença

obtida entre manejos para a proporção dos não componentes da carcaça, fato que pode

ser atribuído à recuperação que ocorreu na proporção desses componentes durante o

período de realimentação. Os programas de alimentação influenciam o

desenvolvimento dos não componentes da carcaça.

Órgãos e vísceras possuem diferentes velocidades de crescimento pode estar

relacionado à composição química e ao teor energético das dietas (SILVA SOBRINHO

et al., 2003; LOUVANDINI et al., 2007). Devido à influência da dieta, foram obtidas

maiores quantidades de gordura totais, subprodutos do abate, nos tratamentos que

continham as fontes lipídicas, mais pronunciadamente, no de gordura protegia.

Segundo ATTI et al. (2000) ovinos em restrição alimentar tiveram reduzidos os pesos

das vísceras, e quando foram realimentados recuperaram completamente o que

perderam. Os subprodutos do abate apresentam redução no crescimento durante a

restrição alimentar. Mas, durante o ganho compensatório, o padrão de crescimento dos

subprodutos do abate foi semelhante ao do peso corporal. (DROUILLARD et al., 1991;

KAMALZADEH et al., 1998). As maiores perdas que ocorrem durante a restrição

segundo RYAN et al. (1993) são no fígado, trato gastrintestinal e na pele.

Composição centesimal e colesterol da carne

Neste trabalho, a composição centesimal da carne foi semelhante à de outros

autores. MADRUGA et al. (2006) relataram valores de 75% de umidade, 1,1% de

cinzas, 22% de proteína e 2,86% de extrato etéreo na carne de cordeiros Santa Inês

confinados. Segundo BONAGURIO et al. (2004), o teor de extrato etéreo da carne de

cordeiro se eleva de 0,95 a 3,78% assim como o de água reduz de 76 para 74%

quando o peso de abate vai de 15 para 45 kg.

73

O teor de colesterol foi menor para carne de cordeiros consumindo gordura

protegida. Este resultado pode ser explicado pela proteção dos ácidos graxos à

biohidrogenação do rúmen, disponibilizando maiores quantidades de ácidos graxos

polinsaturados para absorção no intestino, os quais se enquadram na classificação

funcional de hipocolesterêmios, indicando, possivelmente, que os grãos de girassol

sofreram mais as transformações ruminais, diminuindo os ácidos graxos com esta

funcionalidade para absorção, enquanto a gordura protegida foi menos alterada

ruminalmente.

RUSSO et al. (1999) detectaram efeito da inclusão de óleo de milho sobre a

composição do músculo L. lumborum. O teor de água da carne diminuiu, conforme o de

lipídio aumentou e o de proteína e cinzas não alteraram. No entanto, apesar da

diferença entre o teor de colesterol da dieta sem óleo (51,1 mg/100) e das dietas com

inclusão de óleo (45 e 48 mg/100) o teor de colesterol não foi alterado estatisticamente,

apresentando média de 48,3 mg/100.

SOLOMON et al. (1991) avaliaram o efeito da dieta sobre o teor de lipídios e

colesterol no lombo de ovinos e não observaram diferença para o teor de lipídios,

apresentando valores elevados de até 5,1% em virtude do peso de abate também ser

elevado (70 kg). A analisar o teor de colesterol encontrou valores mais elevados para a

carne de cordeiros que consumiram a dieta farelo de soja (77,2 mg/100) em relação aos

da dieta semente de uva (70,4 mg/100).

Teores sanguíneos de uréia e colesterol

A dieta controle proporcionou maior teor de uréia no sangue de cordeiros em relação

aos da dieta gordura protegida. Ao incluir gordura protegida na dieta de bovinos,

COALHO et al. (2005) não verificaram efeito sobre a concentração de uréia sanguínea.

De acordo com MARQUES et al. (2005) ao suplementarem ovinos Santa Inês com

ração composta por milho e farelo de soja nos níveis de 0, 200 ou 400 g/dia, verificaram

que os teores de uréia sanguíneos podem ter grande variação de 26,7 a 53,8 mg/dL.

Neste trabalho, o teor de colesterol sanguíneo dos cordeiros em restrição alimentar

foi superior ao dos sem restrição, com valores de 104,1 e 83,8 mg/dL respectivamente,

74

provavelmente, devido à mobilização das reservas lipídicas durante a restrição.

Segundo COSTA et al. (2006) durante a restrição alimentar de novilhas o teor

plasmático de ácido graxo não esterificado se elevou de 202,5 para 333,6 mg/dL.

Conclusões

A inclusão de grãos de girassol ou gordura protegida na dieta de cordeiros

confinados com alta proporção de concentrado na dieta promoveu desempenhos

satisfatórios.

A inclusão de gordura protegida na dieta reduziu o teor de colesterol da carne de

cordeiros.

A redução do consumo de alimento pode ser obtida se abatesse os cordeiros ao final

do período de realimentação.

A restrição alimentar e posterior ganho compensatório não foram vantajosos quando

se analisou o período total de confinamento, pois reduziu o ganho de peso e piorou a

conversão alimentar, apesar de não ter alterado as características do corpo e da

carcaça dos cordeiros.

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