grangeiro_2011 (3)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
ALEX SANDRO DE MOURA GRANGEIRO
TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA
FORTALEZA
2011
ALEX SANDRO DE MOURA GRANGEIRO
TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA
Monografia apresentada ao Curso de Psicologia da
Universidade Federal do Ceará como requisito para
aprovação na Disciplina de Monografia em Psicologia.
Orientador:
Prof. Dr. Walberto Silva Santos
FORTALEZA
2011
ALEX SANDRO DE MOURA GRANGEIRO
TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E QUALIDADE DE VIDA
Monografia apresentada a Curso de Psicologia da
Universidade Federal do Ceará como requisito para
aprovação na Disciplina de Monografia em Psicologia.
Aprovada em ___/___/___
___________________________________________
Alex Sandro de Moura Grangeiro
____________
Média
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. Dr. Walberto Silva dos Santos (Orientador)
Universidade Federal do Ceará-UFC
_______________
Nota
___________________________________________
Prof. Ms. Daniely Ildegardes Brito Tatmatsu
Universidade Federal do Ceará-UFC
_______________
Nota
___________________________________________
Ms. Hilda Pinheiro da Costa
Mestre em Psicologia pela Universidade de Valência
_______________
Nota
Aos meus pais.
AGRADECIMENTOS
A Deus que me tem dado força para continuar a caminhada em busca dos meus
objetivos.
Ao Prof. Dr. Walberto Silva dos Santos, meu orientador, por ter possibilitado que
meu interesse e prazer em fazer pesquisas científicas pudesse se concretizar, bem como, pelo
incentivo e direcionamento dado as minhas metas acadêmicas.
Agradeço aos integrantes da banca avaliadora, Prof (a) Ms. Daniely Ildegardes Brito
Tatmatsu e Ms. Hilda Pinheiro da Costa, pela disponibilidade em ler e contribuir com esta
monografia.
Aos amigos do Laboratório Cearense de Psicometria - LACEP, do qual me orgulho de
ser membro, Darlene Fernandes, Emanuela Possidônio, Eduardo Quezado, Hermírio
Moraes, Sarah Stella Bomfim; especialmente a Guilherme Lopes e Thicianne Malheiros
pela grande disponibilidade e apoio concedido a elaboração desta monografia.
Aos amigos de turma, sempre presentes nos momentos de alegria e angústia ao longo
dos cinco anos de graduação (Ana Carolina Araujo, Braz Trajano, Gregory Carvalho,
Lorena Cavalcante, Natália Carvalho e Rafaela Cruz).
Aos amigos e companheiros de estágio na clínica escola da Universidade Federal do
Ceará, especialmente a Maria do Socorro Mendes, Marly Araujo e Rosângela Freitas,
pelos fins de tarde em boa companhia e momentos de distração sempre acompanhados de um
bom lanche.
A minha mãe e exemplo de superação (Maria Adelusia Arcanjo de Moura) pelos
ensinamentos e esforços dedicados a minha educação, além de seu apoio incondicional em
todos os momentos de minha vida. Ao meu pai aquele que foi e sempre será meu eterno herói.
A minha amiga e namorada (Isabela Guedes) por sua compreensão, companheirismo,
atenção e dedicação durante estes seis anos de namoro.
E, por fim, parafraseando Isaac Newton, tenho certeza de que se hoje sou capaz de ver
mais longe é apenas porque pude me apoiar sobre o ombro de gigantes.
“Não acrescente dias a sua vida, mas vida
aos seus dias."
(Harry Benjamin)
RESUMO
O presente estudo teve por objetivo conhecer em que medida os indicadores de
transtornos mentais comuns podem influenciar (explicar) a qualidade de vida.
Especificamente, pretendeu-se averiguar a relação existente entre estas duas variáveis, bem
como investigar o poder preditivo dos indicadores de transtornos mentais comuns sobre os
níveis de qualidade de vida e seus subdomínios. Para tanto, contou-se com duas amostras
específicas, sendo a primeira composta por 223 pessoas de diversos bairros da cidade de
Fortaleza, a maioria do sexo feminino (63,1%), com idades variando entre 18 e 75 anos (M =
27,9; DP = 11,8), solteira (73,0%), católica (51,1) e de classe média (28,8%); já para a
segunda amostra, tomada como grupo critério, contou-se com a participação de 27 usuários de
um serviço de atenção à saúde mental da cidade de Fortaleza, com idades variando entre 18 e
62 anos (M = 37,7; DP = 12,4), sendo em sua maioria do sexo feminino (66,7%), solteira
(40,7,0%), evangélica (51,9%) e de classe social baixa (29,6%). Os participantes responderam
ao World Health Organization Quality of Life Brief (WHOQOL-Brief), ao Questionário de
Saúde Geral de Goldberg (QSG 12) e a um conjunto de questões de caráter sócio-bio-
demográficos. A partir dos resultados obtidos, verificou-se que tanto a qualidade de vida
global como seus quatro domínios (físico, psicológico, social e ambiental) apresentaram
correlações negativas com os indicadores de transtornos mentais comuns. No que diz respeito
ao poder preditivo destes indicadores, foi possível comprovar que as alterações nos níveis de
qualidade de vida foram melhores preditos pelos indicadores de transtornos mentais comuns,
do que pela classe social e a pela idade dos participantes (F [2,220] = 74,32, p < 0,001; R
múltiplo = 0,635, R2ajustado = 0,398). Conclui-se, a partir de então, que a presença de
transtornos mentais comuns é um fator importante para a compreensão da diminuição dos
níveis de qualidade de vida da população. Dessa forma, ações de intervenção no sentido de
promover a saúde mental, principalmente, em nível de atenção primária, local de maior
prevalência dos transtornos mentais comuns, poderão ser fundamentadas, priorizando-se
principalmente intenções nestas variáveis para a obtenção da melhora na qualidade de vida.
Palavras-Chaves: Qualidade de Vida. Transtornos Mentais Comuns.
ABSTRACT
The present study aimed to determine the extent of how much indicators of common mental
disorders may influence (explain) the quality of life. Specifically, it was sought to investigate
the relation between these two variables, as well as investigate the predictive power of
common mental disorders’ indicators on the levels of quality of life and its subdomains. It
counted on two specific samples, one consisting of 223 people from various regions of the
city of Fortaleza, with majority female (63.1%), aged between 18 and 75 years (M = 27, 9, SD
= 11.8), single (73.0%), catholic (51.1) and from middle-class (28.8%), while the second
sample, taken as a criterion group, consists of 27 users of a mental health care’s service in the
city of Fortaleza with ages varying from 18 to 62 years (M = 37.7, SD = 12.4),. They are
mostly female (66 7%), single (40,7,0%), evangelical (51.9%) and from lower class (29.6%).
Participants responded to the World Health Organization Quality of Life Brief (WHOQOL-
Brief), the Questionário de Saúde Geral de Goldberg (QSG 12) and a set of bio-socio-
demographic issues. Results indicate that both the overall quality of life as its four domains
(physical, psychological, social and environmental) presented indirect correlations with the
indicators of common mental disorders. Regarding the predictive power of these indicators, it
is plausible to consider that changes in the levels of the quality of life were best predicted by
indicators of common mental disorders than by social class and age of the participants (F
[2,220] = 74,32, p < 0,001; R múltiplo = 0,635, R2ajustado = 0,398). It concludes that the
presence of common mental disorders is an important factor in understanding the decreased
levels of quality of life. Thus, interventions to promote mental health, especially in the
primary care, which presents the higher prevalence of common mental disorders, focusing
mainly on the intentions on these variables to improve the quality of life.
Key Words: Quality of life. Common Mental Disorder.
Lista de Tabelas
Tabela 1. Correlação entre qualidade de vida e saúde mental. (n= 230) ................................. 36
Tabela 2. Regressão múltipla para Qualidade de Vida Global. (n = 223) ................................ 38
Tabela 3. Regressão múltipla do Domínio Físico, Psicológico, Social e Ambiental. (n = 223)
.................................................................................................................................................. 39
Tabela 4. Comparação de Médias entre Pop. Geral e amostra clínica em relação a qualidade
de vida e saúde mental (n= 257) ............................................................................................... 40
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10
2. QUALIDADE DE VIDA ................................................................................................ 14
2.1. Histórico do conceito Qualidade de Vida ...................................................................... 16
2.2. O conceito de Qualidade de Vida .................................................................................. 17
2.3. A Mensuração da Qualidade de Vida ............................................................................. 20
3. TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E A QUALIDADE DE VIDA ................... 22
3.1. Os Transtornos Mentais ................................................................................................. 24
3.2. Os Transtornos Mentais Comuns (TMC) ...................................................................... 26
3.3. A Prevalência de Transtornos Mentais Comuns e os índices de Qualidade de Vida ..... 27
4. MÉTODO ........................................................................................................................ 30
4.1. Delineamento e Hipóteses ............................................................................................. 31
4.2. Amostra .......................................................................................................................... 31
4.2.1. Amostra 1- População Geral .................................................................................. 31
4.2.2. Amostra 2- Usuários de um serviço de atenção à saúde mental ............................ 32
4.3. Instrumentos .................................................................................................................. 32
4.4. Procedimentos ............................................................................................................... 34
4.5. Análise dos Dados ......................................................................................................... 34
5. RESULTADOS ................................................................................................................ 35
5.1. Os indicadores de Saúde Mental e a Qualidade de Vida .............................................. 36
5.2. Os indicadores de Saúde Mental como preditores da Qualidade de vida ...................... 38
5.3. Comparação dos indicadores de qualidade de vida entre população geral e amostra
clínica ................................................................................................................................... 40
6. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 42
7. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 47
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 50
ANEXOS ................................................................................................................................. 58
1. INTRODUÇÃO
11
A expressão qualidade de vida tem sido cada vez mais utilizada, tanto na linguagem do
senso comum quanto no contexto de pesquisas científicas em diferentes áreas do saber, como
a economia, a enfermagem, a sociologia, a educação, a administração, a psicologia, entre
outras. (LEAL, 2008). Na área de saúde, por exemplo, o interesse pela qualidade de vida é
relativamente recente e decorre de novos paradigmas que passam a orientar as políticas e
ações do setor, atribuindo determinantes multifatoriais (aspecto econômico, sociocultural,
experiência pessoal e estilo de vida) ao processo saúde-doença (SEIDL; ZANNON, 2004).
Além disso, como afirmam Fleck et al. (1999), a preocupação com o conceito de qualidade de
vida também se apresenta no âmbito das ciências humanas, quando se busca valorizar
parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade e o aumento
da expectativa de vida.
Esse novo contexto modificou a abrangência de intervenções propostas pelas políticas
públicas de saúde, colocando a melhoria da qualidade vida de seus usuários como um dos
objetivos principais. Nesse sentido, segundo Bech (1995), acrescenta-se a qualidade de vida
como uma terceira dimensão a ser mensurada durante o processo de tratamento, além da
eficácia (modificação da doença pelo efeito das drogas) e da segurança (reação adversa a
drogas). A mudança de paradigma no processo saúde-doença, assim como a expansão de
pesquisa ligadas ao conceito qualidade de vida decorrentes dessa mudança, justificam-se à
medida que os avanços da medicina têm possibilitado um aumento na expectativa de vida da
população (ZOU et al., 2004).
Sob a perspectiva de Ring et al. (2007), tais avanços têm garantido um acréscimo na
sobrevida de pessoas com agravos antes tidos como fatais, que com o desenvolvimento de
tratamentos médicos, atualmente, passam a ser mantidos sob controle. Em especial, o
tratamento de doenças crônicas e degenerativas tornou-se uma das áreas em que o interesse
pela qualidade de vida dos pacientes é mais expressivo, sobretudo, porque a atuação dos
profissionais de saúde, especialmente nessa área, não se deve pautar somente no controle das
doenças orgânicas, mas também no modo como esse indivíduo lida com o sofrimento
produzido pela doença e como esse processo reverbera e influencia os diversos aspectos de
sua vida. (MARTINS et al., 1996; CASTRO et al., 2003; BERBER et al., 2005; RING et al.,
2007). Neste campo, um estudo desenvolvido por Andrade et al. (2006) observou que
desnutrição, complicações perinatais e doenças infectocontagiosas vêm sendo rapidamente
substituídas por transtornos depressivos e transtornos cardiovasculares no que se refere à
limitação da expectativa e da qualidade de vida.
Nos últimos anos, o interesse pela qualidade de vida e sua avaliação cresceu também
12
na Psicologia. A possibilidade da utilização deste construto como medida de avaliação clínica
da eficácia psicoterapêutica tem motivado o estudo, o desenvolvimento e a adaptação de
instrumentos nesta área, em grande parte, contando com amostra de adultos. (FRISCH et al.,
1992; ENDICOTT et al., 1993; FRISCH, 1998; PREBIANCHI, 2003).
Murray e Lopez (1998) destacam que a conscientização de que os transtornos mentais
representam um problema de saúde pública é relativamente recente, ocorrendo a partir de
publicações, sobretudo realizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), assim como
pelos pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. Segundo esses
autores, das dez principais causas de incapacitação, cinco delas são transtornos psiquiátricos,
sendo a depressão a principal responsável.
Conforme relatório da OMS (2001), os distúrbios mentais e comportamentais exercem
um considerável impacto sobre os indivíduos acometidos, suas famílias e comunidades.
Ressalta-se que estes não só apresentam sintomas inquietantes do seu problema, como sofrem
também por estarem incapacitados de participar de atividades de trabalho e lazer, bem como
pela discriminação. Essa constatação se torna relevante, uma vez que, segundo a própria
OMS, tais distúrbios são comuns entre os usuários dos serviços básicos de saúde, em que os
diagnósticos mais comuns, em doença mental, são depressão, ansiedade e perturbações pelo
abuso de substâncias.
Deve-se destacar que os transtornos mentais, além de responsáveis por uma grande
utilização dos serviços de saúde (EVANS, 2007), configuram-se como uma das influências
negativas que mais afetam a qualidade de vida, por impactar em diversas facetas do cotidiano
dos indivíduos acometidos. (MENDLOWICZ; STEIN, 2000; FLECK, et al., 2002; EVANS,
2007; FLECK; ROCHA, 2010). Estudos sobre qualidade de vida e esquizofrenia, por
exemplo, demonstram a ocorrência de impacto igual ou maior dos sintomas depressivos e
ansiosos sobre a qualidade de vida do que os sintomas positivos e negativos próprios da
esquizofrenia, como embotamento afetivo e déficit cognitivo. (SOUZA; COUTINHO, 2006).
Nesta direção, Lima e Fleck (2009) afirmam que a presença de sintomas depressivos
afeta de forma global a qualidade de vida e, conforme sua gravidade, o comprometimento
pode ser considerado 23 vezes superior ao de outras doenças crônicas, como as causadas por
doenças físicas. Os resultados sugerem que a presença de sintomas depressivos e ansiosos,
fortemente associado aos transtornos mentais comuns, exerce um importante impacto na
qualidade de vida dos sujeitos, não se restringindo apenas às características clínicas do
transtorno.
Apesar do aumento significativo do interesse por temas ligados à qualidade de vida e
13
seus correlatos, ainda predomina a polissemia conceitual; não há na literatura da área uma
definição precisa do conceito. (FORATTINI, 1991; FARQUHAR, 1995a; SEIDL; ZANNON,
2004; PINTO-NETO; CONDE, 2008). Não obstante, como relatam Seidl e Zannon (2004), a
partir da década de 90 foram definidos dois aspectos relevantes que se tornaram consensuais
acerca do construto entre os diversos pesquisadores da área: a multidimensionalidade e a
subjetividade do conceito. No primeiro, reconhece-se o construto como composto por
diferentes dimensões, ao passo que no segundo, admite-se a percepção do próprio indivíduo
frente a aspectos do seu contexto de vida e de seu estado de saúde.
Esse consenso possibilitou o desenvolvimento de um projeto de pesquisa cujo
principal objetivo era propor um instrumento de mensuração da qualidade de vida que
apresentasse abrangência multicêntrica e, consequentemente, suprisse a demanda pela
avaliação do construto em diversos contextos culturais e situacionais.
Como resultado, em 1993 a OMS publicou o World Health Organization Quality of
Life (WHOQOL-100), questionário que se insere dentro do grupo de medidas denominadas
“instrumentos genéricos”. Tais instrumentos, segundo Ring et al. (2007), objetivam a
avaliação global da qualidade de vida, sem relacioná-la com doenças específicas. Tais
medidas se diferenciam, em sua proposta, dos instrumentos tidos como específicos, que
pretendem determinar em que grau uma enfermidade específica influencia a qualidade de vida
do indivíduo.
Em função dos aspectos supracitados, considerando que as diferentes formas de
sofrimento psíquico constituem importante causa de deterioração de qualidade de vida na
população em geral, bem como o pequeno número de ensaios científicos que abordam
especificamente esta relação, o presente estudo tem como principal objetivo conhecer em que
medida a qualidade de vida é influenciada (explicada) pelos indicadores de transtornos
mentais comuns.
2. QUALIDADE DE VIDA
15
A qualidade de vida (QV) tem sido objeto de estudo das mais variadas áreas do
conhecimento. Com o propósito de compreender e avaliar este construto, um número
abrangente de definições e conceitos vem sendo propostos ao longo da história. (MEEBERG,
1993; WHOQOL, 1994; BECH, 1995; FARQUHAR, 1995; HUNT, 1997; LAURENTI, 2003;
KLUTHCOVKY; TAKAYANAGUI, 2007). Como já mencionado, apesar de, recentemente,
ter se evidenciado o crescimento no interesse pelo conceito de qualidade de vida, a influência
das condições de vida sobre a saúde e o bem estar tem ocupado pensadores desde os
primórdios da civilização. (BUSS, 2000). Segundo Fleck et al. (1999), o construto foi,
inicialmente, alvo de interesse de filósofos, políticos e cientistas sociais. Ainda que não fosse
feita referência direta a ele, o qual só foi expresso formalmente no início do século XX,
termos como: boa vida, ser feliz, ir bem, já eram utilizados por Aristóteles em 384 a.C. como
referência a condição de vida percebida pelas pessoas. (FAYERS; MACHIN, 2007).
Contudo, foi com percepção da progressiva desumanização no tratamento de diversas
patologias, fruto do crescente desenvolvimento tecnológico da Medicina e ciências afins, que
a preocupação com a qualidade de vida tornou-se mais estudada no meio científico, buscando
valorizar parâmetros amplos de saúde. Neste sentido, nas duas últimas décadas, publicações
que abordam o construto têm sido cada vez mais frequentes, sendo o tema investigado em
diversos aspectos, particularmente no que diz respeito à sua avaliação ou mensuração, quer
individualmente quer coletivamente. (LAURENTI, 2003).
Em uma busca nas bases de dados Index Psi (2011) e Google Acadêmico (2011),
usando como entrada os termos “qualidade de vida”, “escala”, “questionário”, “avaliação” e
“mensuração”, permitiu verificar que, no Brasil, principalmente a partir do fim década de
oitenta, há um número expressivo de publicações que abordam a avaliação da qualidade de
vida, sendo utilizados, para tanto, instrumentos amplamente difundidos no meio científico
internacional.
No entanto, apesar do número crescente de publicações acerca deste tema, ainda é
comum a polissemia conceitual, bem como a ausência de clareza quanto à definição de
qualidade de vida. Sabendo disto, antes de apresentar aspectos mais específicos deste estudo,
é preciso entender o surgimento e as distintas definições do construto, os modelos teóricos
subjacentes, bem como alguns tipos de medidas utilizados na sua avaliação, que serão
apresentadas ao longo deste capítulo.
16
2.1. Histórico do conceito Qualidade de Vida
O termo qualidade de vida foi empregado pela primeira vez em 1920 por Pigou, em
seu livro “The economics of welfare”, no qual o autor discute o suporte governamental a
pessoas de classes sociais menos favorecidas. Para Pigou (1929), o bem estar econômico não
pode ser tomado como medida de bem estar total, uma vez que este último demanda aspectos
de natureza não econômica, nomeados por ele como qualidade de vida. No contexto da época,
tal afirmação não ganhou grande destaque, e o conceito só foi novamente utilizado quatro
décadas depois, em 1964, ainda associadas à economia, por Lyndon Johnson então presidente
dos Estados Unidos, ao declarar que "os objetivos da economia não poderiam ser medidos
através do balanço dos bancos, mas através da qualidade de vida que proporcionam às
pessoas.". (KLUTHCOVKY; TAKAYANAGUI, 2007).
Nesta perspectiva, como afirma Paschoal (2000), o termo passou a ser, inicialmente,
associado à noção de melhoria do padrão de vida, principalmente relacionando-o com o nível
de desenvolvimento econômico de cada sociedade e com a obtenção de bens materiais, como
casa própria, carro, salário e bens de consumo (televisão, rádio, máquina de lavar, aspirador
de pó, etc.). Com o rápido crescimento econômico e com as mudanças sociais produzidas pelo
pós-segunda guerra mundial, houve, na América e na Europa, para fins de investigação social,
uma concentração de esforços no intuito de mensurar a qualidade de vida das pessoas.
(FARQUHAR, 1995b).
A partir deste momento, indicadores sociais objetivos, como os econômicos (Produto
Interno Bruto – PIB, renda per capita, níveis de desemprego, etc.), foram tomados como
instrumentos de referência para medir e comparar a qualidade de vida entre diferentes países,
populações e culturas. Inferindo-se que países com bons indicadores econômicos teriam suas
populações usufruindo de melhores condições de vida e, consequentemente, maior qualidade
de vida.
Continuando a progredir no tempo, verifica-se que, a partir da década de oitenta, o
conceito tem significado ampliado para além de variáveis puramente econômicas, englobando
também diferentes aspectos, entre os quais o biológico; o psicológico e o cultural. A
multidimensionalidade proposta faz com que, a partir deste momento, seja necessário em sua
mensuração considerar uma ampla gama de variáveis e domínios, como o desenvolvimento
social, a educação, a condição saúde, o lazer, a condição de moradia, o nível de escolaridade,
etc. (LEAL, 2008).
Segundo Almeida e Gutierrez (2010), decorre desta perspectiva, anteriormente
17
apresentada, a adoção do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) como uma das formas
mais tradicionais e utilizadas de avaliação da qualidade de vida em grades populações. De
acordo com a concepção de desenvolvimento dominante no período, este índice se pauta em
quatro variáveis: renda per capita, expectativa de vida, taxa de alfabetização e taxa de
matrículas (porcentagem da população em idade escolar efetivamente matriculada).
No entanto, a partir da metade da década de noventa, com a constatação de que o
crescimento econômico e a melhora do padrão de vida da população não explicavam
diretamente os níveis de bem estar social apresentados, e sofrendo influência da definição de
saúde proposta pela OMS, chega-se ao consenso acerca da subjetividade do construto,
levando-se em conta que cada indivíduo o avalia de forma idiossincrática nas diferentes
dimensões que o compõe. (PASCHOAL, 2000).
A partir deste momento, como afirma Prebianchi (2003), passam a coexistir dois
modelos distintos no que diz respeito à abordagem conceitual básica para a avaliação da
qualidade de vida: o modelo de satisfação e o modelo de três componentes. No primeiro, o
pressuposto subjacente é de que o construto é inerentemente subjetivo, equiparando-o à
satisfação do indivíduo com os vários domínios de sua vida, os quais têm grau de importância
atribuído pelo próprio sujeito. Por outro lado, no modelo de três componentes, perspectiva na
qual se pauta o presente estudo, considera-se tanto a avaliação subjetiva (satisfação), como os
componentes objetivos (funcionamento do sujeito no dia-a-dia) e contextuais existentes, como
por exemplo, a condição sociomaterial. (GLADIS et al., 1999).
Nesta sucessão de ideias, verifica-se que o conceito evoluiu ao longo do tempo,
tornou-se progressivamente mais complexo, e, como já referido, foi avaliado sob diferentes
perspectivas, desde a individual, a micro e a macrossocial, até a perspectiva que se mostra
mais consensual, na qual as três perspectivas anteriores citadas se congregam em um modelo
unificador.
2.2. O conceito de Qualidade de Vida
De acordo com o dicionário de Psicologia da American Psychological Association
(APA, AMERICAM PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION, 2010), o termo qualidade de vida
pode ser compreendido como o grau em que uma pessoa obtém satisfação com a vida, sendo
importante para a sua obtenção: o bem estar emocional, material e físico; o envolvimento em
relações interpessoais; a presença de oportunidade para o desenvolvimento pessoal; o
exercício de direitos e escolhas de estilo de vida; além da participação na sociedade. Ressalta-
18
se, ainda, que a melhora da qualidade de vida é uma preocupação particularmente para
aqueles com doenças crônicas ou incapacitantes do desenvolvimento e para aqueles que
passam por tratamento médico ou psicológico.
Como pode ser visto na definição proposta pela APA, a qualidade de vida se apresenta
como um conceito multideterminado, que mantém relação com diversas facetas da vida do
indivíduo, compreendendo desde o aspecto biológico, como o estado de saúde, até aspectos
micro e macrossociais, com conotações tanto objetivas quanto subjetivas. Esta
multideterminação faz com que, por vezes, a qualidade de vida seja equiparada a algumas
destas variáveis, isoladamente, o que tem gerado equivocadamente a formulação de diversas
definições responsáveis pela polissemia conceitual que caracteriza este construto.
Os múltiplos significados que têm sido atribuídos ao termo têm produzido um caráter
difuso e ambíguo, que se torna um obstáculo para a sua ampla aceitação e utilização no meio
científico, bem como para sua implementação como parâmetro para tomada de decisões nas
mais diversas áreas, como a social, a econômica e a biomédica. (FARQUHAR, 1995b;
GLADIS et al., 1999; PINTO-NETO; CONDE, 2008; ALMEIDA; GUTIERREZ, 2010).
Ainda acerca da falta de um consenso na definição da qualidade de vida, Hunt (1997),
em seu artigo “The problem of quality of life”, lamenta o fato de que a maior parte dos
financiamentos nesta área sejam voltados para pesquisas aplicadas e não para pesquisas
básicas, o que suprime o desenvolvimento de quadros teóricos melhor elaborados, a testagem
de hipóteses e as investigações de variáveis subjacentes ao tema, em detrimento de estudos
que possibilitam construção rápida de instrumentos de mensuração e sua eventual aplicação,
sem, no entanto, avaliar a qualidade e a validade apresentadas por tais medidas.
Gill e Feinstein (1994), revisando estudos sobre tema que contavam com o uso de
medidas de qualidade de vida, concluiu que, do total de estudos analisados, 85% não
apresentavam a definição clara do conceito, 64% não justificavam o porquê dá escolha
daquela medida específica, 53% não delimitavam os domínios que compunham os
instrumentos e 62% expressam a qualidade de vida por meio de sua pontuação total, como se
esta fosse puramente unifatorial, ainda que se utilizassem de instrumentos multifatoriais.
Neste panorama, torna-se difícil a comparação entre os resultados obtidos nos mais
diversos estudos, o que restringe, em grande parte, o incremento de informações válidas sobre
o tema. Devido a essa complexidade, a qualidade de vida apresenta-se como uma temática de
difícil compreensão, exigindo como ponto de partida dos empreendimentos acadêmicos nesta
área, uma melhor delimitação e operacionalização do conceito. (ALMEIDA; GUTIERREZ,
2010).
19
Com o propósito de sistematizar e clarificar os conceitos acerca deste construto, Farquhar
(1995a), realizando uma revisão da literatura sobre o tema até a década de noventa, propõe
uma taxonomia, sub agrupando as definições em categorias organizadas de acordo com as
orientações teóricas subjacentes, assegurando que, apesar de não haver um consenso entre elas,
há, sim, elementos comuns. Inicialmente, o autor diferencia a fonte destes conceitos entre
aqueles construídos por leigos e os apresentados por especialistas, sendo este último o ponto
de partida de grande parte das definições. Nesta categoria, encontram-se quatro tipos: a
definição clássica do tipo global (tipo I), predominante na década de setenta, na qual
qualidade de vida é entendida como a razão em que prazer e satisfação têm sido alcançados
pelo sujeito; já na década de oitenta, configurasse a definição de componentes (Tipo II),
baseada no fracionamento do conceito global em várias dimensões ou componente, esta nova
etapa foi acompanhada de uma crescente dos números de estudos empíricos, os quais
originaram, na década de noventa, duas novas classes de definições, a focalizada (Tipo III)
que valoriza aspectos específicos, como: a saúde; e a definição combinada (Tipo IV) que
conta com junção do Tipo II e III o que possibilita a compreensão do conceito em termos
globais, sem, no entanto, negligenciar seu caráter multidimensional.
Ainda segundo o mesmo autor, na última década, tem se evidenciado a utilização de
definições do Tipo III (focalizada) e do Tipo IV(combinada), por serem as que mais têm
contribuído para a ampliação das bases científicas do conceito, devido à estreita relação que
mantêm com os aspectos operacionais e empíricos. Estas definições guiam, respectivamente,
o desenvolvimento de instrumentos de avaliação específicos e globais. (FARQUHAR, 1995a).
Não obstante, como relatam Seild e Zannon (2004), ainda na década de noventa,
aspectos como a multidimensionalidade e a subjetividade da qualidade de vida se tornaram
consensuais entre os pesquisadores da área. No primeiro, reconhece-se o construto como
composto por diferentes dimensões, ao passo que no segundo, admite-se que este deve pautar-
se na percepção do próprio indivíduo frente a aspectos do seu contexto de vida e de seu estado
de saúde. De modo análogo, a OMS acrescenta a diferenciação entre dimensões positivas
(mobilidade) e negativas (dor) como outro aspecto relevante. (OMS, 1995)
Apesar das divergências conceituais, parece claro que qualidade de vida é
eminentemente interdisciplinar, sendo necessária a contribuição de diferentes áreas do
conhecimento para o seu aprimoramento metodológico e para a sua definição conceitual.
Neste sentido, foram desenvolvidas, com base nas perspectivas anteriormente citadas, ao
longo dos anos, diversas medidas com o intuito de propiciar uma melhor avaliação deste
construto.
20
2.3. A Mensuração da Qualidade de Vida
Em decorrência das duas perspectivas dominantes (tipos III e IV) no entendimento da
qualidade de vida, dois tipos específicos de medidas vêm sendo desenvolvidos e utilizados
para a sua avaliação, os quais podem ser classificados como: (1) instrumentos específicos
(medidas relacionadas à saúde ou à doença específicas) e (2) instrumentos genéricos
(avaliação global). (PREBIANCHI, 2003).
No primeiro grupo de medidas, encontram-se aquelas que aferem, primordialmente, o
impacto de uma doença específica sobre a vida do sujeito, neste modelo há uma valorização
de aspectos como os relacionados aos sintomas, ao funcionamento e as incapacidades. As
críticas a esse tipo de medida salientam que as pessoas têm expectativas diferentes em relação
à saúde e à doença e que o valor de referência de suas expectativas pode mudar ao longo do
tempo. (CARR et al., 2001). Neste grupo, se encontram um amplo número de instrumentos de
acordo com a patologia associada, dentre os principais, estão o Sickness Impact Profile – SIP
(CARTER et al., 1976); Quality of Well Being (KAPLAN et al., 1989); Quality of Life
Depression Scale – QLDS (HUNT; MCKENNA, 1992); Notingham Health Profile – NHP
(HUNT, 1997).
O segundo grupo de medidas, por sua vez, parte de um referencial mais sociológico,
de uma avaliação mais global, por considerar que vários domínios da vida do respondente
contribuem de forma igualitária para a sua percepção de bem estar e qualidade de vida. Este
tipo de medida foi desenvolvido para possibilitar sua utilização tanto em indivíduos saudáveis
como naqueles afetados por uma condição específica e focalizam as aspirações, os objetivos e
o sentimento de competência. Pode-se citar, como exemplo deste quadro de instrumentos:
Satisfaction with Life Domain Scale – SLDS (DIENER et al., 1985); Medial Outcomes Study
Short Form – MOS SF 36 (WARE; SHERBOUNE, 1992); World Health Organization
Quality of Life – WHOQOL 100 (WHOQOL, 1998a) e World Health Organization Quality of
Life Brief – WHOQOL-Brief (WHOQOL, 1998b). Especificamente neste estudo, utilizaremos
e abordaremos pormenorizadamente a versão abreviada do WHOQOL 100.
Desenvolvido com base em um projeto multicêntrico e com o apoio da Organização
Mundial de Saúde, o WHOQOL centra-se em três pressupostos para a mensuração da
qualidade de vida: (1) a subjetividade, (2) a multidimensionalidade e (3) a bipolaridade
(presença de dimensões positivas e negativas). Este instrumento adota a definição de
qualidade de vida proposta pela OMS, a qual define como “a percepção do indivíduo de sua
posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação
21
aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.” (WHOQOL, 1994).
A construção desta medida teve por objetivo específico o desenvolvimento de
instrumento transcultural que contemplasse aspectos mais amplos e gerais da qualidade de
vida. Sendo sua versão original composta por 100 itens, distribuídos igualmente em 24 facetas
que abordam domínios e subdomínios específicos do construto, como o físico, o psicológico,
o social, o ambiental e o espiritual, além de questões específicas acerca da percepção de
qualidade de vida global e de saúde geral.
Posteriormente, a necessidade de um instrumento de rápida aplicação que
possibilitasse a investigação de variáveis associadas à qualidade de vida orientou a construção
de uma versão abreviada do instrumento, intitulada WHOQOL-Brief. Esta versão conta com
26 itens, preservando as 24 facetas originais, sendo cada qual representada por um item, bem
como as duas questões referentes à autopercepção de qualidade de vida global e satisfação
com a saúde geral.
A versão reduzida, assim como a original, é multifatorial sendo composta por quatro
fatores ou domínios (físico, psicológico, social e ambiental). Tendo os alfas de Cronbach se
apresentando satisfatórios para todos os domínios, com físico apresentando valor mais alto (α
= 0,84) e relações sociais apresentando valor mais baixo (α = 0,69), fato justificável frente ao
menor número de questões desse último domínio. (FLECK, et al., 2000; SKEVINGTON et
al., 2004).
No que diz respeito aos quatro domínios que compõem a versão abreviada do
WHOQOL, podemos caracterizá-los como: (1) domínio físico: é a percepção do indivíduo
sobre sua condição física, composto por itens sobre dor e desconforto; energia; fadiga; sono;
atividades da vida cotidiana; dependência de medicação; tratamentos e capacidade de
trabalho; (2) domínio psicológico: é a percepção do indivíduo sobre sua condição afetiva e
cognitiva, com facetas como sentimentos positivos; capacidade cognitiva; autoestima;
imagem corporal e aparência; espiritualidade e religião; (3) domínio social: é a percepção do
indivíduo sobre seus relacionamentos e os papéis sociais adotados na vida, o qual engloba
relações pessoais, suporte social e atividade sexual; por último temos, o (4) domínio
ambiental: expresso pela percepção do indivíduo sobre aspectos relacionados ao ambiente
onde vive, como segurança, recursos financeiros, oportunidade de informações, recreação e
ambiente físicos (poluição, clima, trânsito).
3. TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E A QUALIDADE DE VIDA
23
Embora a qualidade de vida seja influenciada por fatores externos, ela é uma
experiência fundamentalmente subjetiva, influenciada pelo estado mental, pela personalidade
e pelas expectativas de cada um. (LIMA, 2002). Dada à natureza subjetiva do construto,
considerações especiais devem ser feitas acerca de sua avaliação em pacientes psiquiátricos,
uma vez que as alterações no funcionamento mental decorrentes do transtorno podem
comprometer a validade dos resultados. (ORLEY et al., 1998).
Neste sentido, deve-se, quando se trata de pacientes acometidos por transtornos
mentais, questionar, inicialmente, em que medida as alterações do pensamento podem
invalidar o julgamento do individuo acerca de sua qualidade de vida. Não há dúvidas de que o
pensamento e os afetos são impactados negativamente pelo humor depressivo, o que leva a
tendência de expressar insatisfação com a maioria dos aspectos da vida, bem como de avaliar
negativamente a qualidade de vida. Estas característica, segundo Orley et al. (1998), não
invalidariam sua avaliação para estes casos, visto que, sendo consensual a subjetividade da
qualidade de vida, o ponto de vista do respondente deve ser considerado válido, ainda que sob
influência de sua enfermidade, pois esta, apesar de influenciar, não a distorce.
Ressalva maior é feita quando considerado os transtornos mentais graves, como
quadros psicóticos, demenciais, acometimentos de danos cerebrais e outros agravos orgânicos.
Nestes casos, os processos mentais são prejudicados e por vezes distorcidos, como em
quadros delirantes. Estas características tornam comum o aparecimento de padrões peculiares
de resposta em instrumentos auto aplicados, nos quais se enquadra grande maioria dos atuais
instrumentos de mensuração nesta área, o que tende a descaracterizar a validade dos
resultados obtidos.
No entanto, ainda que seja feita este tipo de ressalva, é importante salientar que a
preocupação com a qualidade de vida de pessoas com transtornos mentais severos é de
fundamental importância para um bom prognóstico, sendo indicado para estes casos o uso de
medidas de QV percebida, na qual o profissional de saúde que o acompanha ou um familiar
responde perguntas objetivas acerca da qualidade de vida apresentada pelo paciente, dada a
limitação imposta para o uso de medidas de auto relato.
Em decorrência dos questionamentos acerca da validade e das dificuldades
encontradas na avaliação da qualidade de vida em quadros de transtornos mentais, no campo
da psicologia, apenas na última década tem se evidenciado, em publicações brasileiras, um
interesse substancial por este tipo de avaliação. (PREBIANCHI, 2003). No entanto, apesar do
recente incremento no interesse de profissionais de psicologia no campo da avaliação da QV,
o número de publicações ainda apresenta pouca relevância, principalmente se considerado sua
24
associação com a saúde mental, sendo de acordo com revisão realizada por Oliveira, et al.
(2007), bem aquém do número de estudos desenvolvidos em áreas, como a Medicina e a
Enfermagem.
Não obstante, ainda que se tenha obtido avanços no estabelecimento do
relacionamento entre QV e saúde mental, a operacionalização imprecisa do conceito de QV
traz limitações na generalização dos resultados, bem como dificulta conclusões precisas
acerca de como esta interação ocorre. Neste sentido, faz-se necessário tentar abordar a relação
existente entre a qualidade de vida e os transtornos mentais, especificamente transtornos
mentais comuns, quadro de maior prevalência na população.
3.1. Os Transtornos Mentais
De acordo com dados fornecidos pelo Mental Health Atlas, uma tentativa de mapear,
analisar e divulgar informações básicas sobre os recursos investidos no campo da saúde
mental em todo o mundo, estima-se que os transtornos mentais, atualmente, contribuam com
cerca 13% da carga global de doenças, sendo responsáveis por uma quantidade substancial de
morbidade em todos os países do mundo. (OMS, 2011).
Nesta direção, segundo projeção realizada por Murray e Lopez (1998), tomando por
base o Global Burden of Disease Study, até o ano de 2020 o predomínio das doenças
infectocontagiosas, como principais causas de morbidade, será suplantado pelo crescente
avanço de doenças não transmissíveis, como câncer, doenças cardiovasculares e,
especialmente, transtornos mentais, sendo para este último previsto um aumento de 4,2% em
sua prevalência, quando comparado aos resultados obtidos em 1990.
Transtornos mentais têm sido, neste sentido, associados a consideráveis índices de
morbidade e mortalidade, bem como ao consequente aumento nos gastos públicos no setor.
Em termos de custos, diversos estudos têm demonstrado que os transtornos mentais são
responsáveis por um aumento significativo dos gastos em saúde, despesa que poderia, em
grande parte, ser reduzida com o correto manejo e diagnóstico dos casos, visto que, como
afirmam Fleck et al. (2002), usuários cometidos por estes quadros tende a super utilizar os
serviços de saúde, em busca de uma solução para seus sintomas de cunho psicossomáticos.
A saúde mental passa, então, a adquirir progressiva importância no planejamento de
campanhas no campo da saúde, o que faz com que, atualmente, seja inserida em nível de
atenção primária, para que uma parcela maior da população seja beneficiada. (GONÇALVES
25
et al., 1999). Frente à importância que é atribuída aos transtornos mentais como uma das
formas de agravos de saúde mais prevalentes na população, faz-se necessário conceitualizá-lo
melhor, o que será realizado a seguir.
Baseado na definição proposta pela Organização Mundial de Saúde, entende-se por
Transtornos Mentais e Comportamentais as condições de alterações do modo de pensar, do
humor, do comportamento associadas à angústia expressiva, bem como deterioração do
funcionamento psíquico global. Ressalta-se, ainda, que, para serem categorizadas como
transtorno, é preciso que essas anormalidades sejam persistentes ou recorrentes e que resultem
em certa deterioração ou perturbação do funcionamento pessoal, em uma ou mais esferas da
vida. (OMS, 2001).
No intuito de facilitar a detecção e o diagnóstico destes transtornos, diversos sistemas
de classificação têm sido propostos, sendo internacionalmente reconhecidos e utilizados na
atualidade: a décima versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10; OMS, 2008)
e a revisão da quarta edição do Diagnostic and Statistc Manual for Mental Disorders (DSM-
IV-TR; APA, 2002). A incorporação dessas classificações possibilitou para os profissionais
desta área a utilização de uma linguagem em comum, assim como o estabelecimento de
critérios estatísticos bem definidos que contribuem com a proposição de um diagnóstico.
Como ressalta Gonçalves et al. (1999), a utilização destes manuais permitiu, ademais, o uso
de técnicas estatísticas mais refinadas, bem como maior cuidado na padronização dos métodos
de coleta, no delineamento e na análise dos dados.
Ainda que a elaboração e a utilização destas classificações tenha possibilitado um
grande avanço no entendimento da psiquiatria, da psicologia e de outras áreas da saúde acerca
dos transtornos mentais, estes ainda apresentam limitações decorrentes do modelo sindrômico
categorial no qual se baseiam. Segundo Goldberg e Goodyer (2005), este modelo tem
produzido impasses diagnósticos pela sobreposição de sintomas. Neste sentido, a frequente
comorbidade encontrada entre os transtornos mentais, bem como a prevalência de quadros
subsindrômicos tem gerado imprecisões diagnósticas dentro da perspectiva de avaliação dos
manuais tradicionais. (ARÔCA, 2009).
Neste sentido, as categorias nosológicas tradicionais propostas nos manuais
diagnósticos têm se mostrado inadequadas para análise de alguns quadros clínicos
psiquiátricos, especificamente os menos severos, por apresentarem maior índice de
comorbidade com outros agravos clínicos e não possuírem unidades tão bem definidas, o que
ocorre apenas em formas mais severas de acometimento mental. (GOLDBERG; HUXLEY,
1992).
26
A fim de permitir uma melhor compreensão das apresentações sintomatológicas e uma
instrumentalização classificatória mais próxima dos quadros clínicos frequentemente
encontrados na população geral, diversos autores têm proposto a utilização de categorias
diagnósticas mais amplas que englobem todo o espectro de agravos mentais menos severos,
em especial quadros subsindrômicos de ansiedade e depressão. Dentre as principais
nomenclaturas utilizadas em referência a este conceito, encontram-se as Morbidades
Psiquiátricas Menores (MARI et al., 1987), os Transtornos Mentais Menores (COUTINHO,
1995) e os Transtornos Mentais Comuns (GOLDBERG; HUXLEY, 1992), sendo esta última
a nomenclatura que tem recebido maior respaldo científico, sendo utilizada como referência
em diversos estudos. (GOLDBERG; HUXLEY, 1992; SANTOS, S., 2002; LOPES et al.,
2003; MARAGNO et al., 2006)
3.2. Os Transtornos Mentais Comuns (TMC)
Goldberg e Huxley (1992) utilizaram a expressão Transtornos Mentais Comuns
(TMC) para caracterizar agravos mentais menos severos comumente encontrados na
população geral. Estes, segundo a definição, são compostos por quadros não psicóticos,
representados por queixas difusas, expressas através de sintomas depressivos e ansiosos,
dificuldade de concentração, queixas somáticas, insônia, fadiga e irritabilidade. (ARÔCA,
2009). Os quadros de TMC, ainda que não preencham todos os critérios diagnósticos formais
propostos no DSM-IV e CID-10, por vezes, implicam às pessoas acometidas incapacidade
funcional comparável a quadros crônicos de transtornos mentais bem estabelecidos.
(SANTOS, 2002).
Segundo Arôca (2009), a natureza inespecífica do TMC não possibilita um perfeito
diagnóstico nosológico, uma vez que grande parte de seus sintomas apresentam similaridades
com diversas outras categorias nosológicas. Para (VILLANO, 1998), o conceito de TMC tem
sido amplamente utilizado no Brasil e no mundo, dada à contribuição que este trouxe para a
investigação epidemiológica no campo da saúde mental em amostras não clínicas,
possibilitando uma compreensão mais clara dos agravos mentais subsindrômicos quando
comparado ao modelo categorial atuais, representados pelo DSM-IV e CID-10.
Dentro deste contexto, Kleinmand e Cohen (1997), compilando dados da própria
OMS, averiguaram que, nos últimos anos, tem se registrado um aumento substancial do
número de pessoas que ingressam nos serviços de saúde relatando sintomas característicos de
27
agravos mentais, entre os quais a ansiedade e a depressão. Maragno et al. (2006) ressaltam,
ainda, a maior incidência de TMC, com prevalência em 90% dos casos. Segundo dados de
referência adotados pelo Ministério da Saúde, a prevalência mundial dos transtornos mentais
severos e persistentes é de 3% da população, enquanto que a prevalência de transtornos
mentais leves é de 9 a 12%. (BRASIL, 2010).
No âmbito nacional, avaliando publicações na área, estima-se que a prevalência de
transtornos mentais seja elevada. Em estudos realizados em comunidades atendidas pelo
programa Saúde da Família, verificou-se, entre a clientela, a prevalência de 23 a 56% de
quadros de transtornos mentais comuns. (MARAGNO et al., 2006). Já em estudo mais
recente, realizado no ano de 2009, que contou com a participação de 969 mulheres atendidas
pelo programa de saúde da família, verificou que 61,7% das respondentes apresentam quadro
de TMC. (ARÔCA, 2009).
Frequentemente encontrados na comunidade, esses transtornos representam um alto
custo social e econômico, pois, por muitas vezes incapacitantes, constituem causa importante
de dias perdidos de trabalho, além de estarem associados a grande deterioração da qualidade
de vida. (GOLDBERG; HUXLEY, 1992; ALMEIDA; GUTIERREZ, 2010). Estas
características se agravam, ao considerar que apesar da alta prevalência deste tipo de
sintomatologia, há ainda dificuldade no reconhecimento dos quadros de transtornos mentais
não psicóticos, que são muitas vezes confundidos com problemas orgânicos, sendo
erroneamente tratados. (LIMA, 2008) Estimativas sugerem que, do total de casos existentes,
50 a 60% não são prontamente diagnosticados, o que só ocorre, em média, após quadro anos
do inicio dos primeiros sintomas. (MCQUAID et al., 1999).
3.3. A Prevalência de Transtornos Mentais Comuns e os índices de Qualidade de Vida
Atualmente, a mensuração da Qualidade de vida é encontrada em um número
expressivo de pesquisas realizadas no campo da saúde, sendo este conceito, corriqueiramente,
correlacionado a indicadores de saúde, dentre os quais o nível de saúde mental.
(WALLCRAFT, 2011). De acordo com Barry e Zissi (1997), os primeiros estudos de grande
escala a relacionar saúde mental e QV foram desenvolvidos nos EUA, durante a década de
oitenta, período no qual transtornos mentais crônicos e graves passaram a interessar os
pesquisadores da área, em decorrência do florescimento de uma nova perspectiva sobre a
qualidade de vida, de caráter multifatorial. Nesta direção, os estudos que antes se limitavam a
28
investigar a influência provocada pelas doenças físicas passaram a considerar também os
transtornos mentais, bem como os níveis de saúde mental apresentado pelos respondentes.
(BASU, 2004).
Ainda segundo Basu (2004), nos primeiros anos, foram predominantes as avaliações
específicas da qualidade de vida em pacientes com transtornos mentais graves, como por
exemplo a esquizofrenia e o transtorno depressivo maior. Estas avaliações foram
posteriormente expandidas, passando a abranger também transtornos psiquiátricos moderados
e leves. Estes estudos foram originalmente desenvolvidos como o objetivo de avaliar a
eficácia de programas de saúde mental emergentes no período, nos quais asilos e hospitais
mentais eram progressivamente fechados (processo batizado de desinstitucionalização) e as
pessoas acometidas por agravos mentais eram gradualmente reinseridos na sociedade.
(ORLEY et al., 1998; GLADIS et al., 1999).
Neste campo, ainda que não fosse possível medir toda amplitude do comprometimento
ocasionado na vida dos indivíduos acometidos por transtornos mentais e comportamentais, a
utilização de medidas de QV possibilitou aferir o impacto subjetivo que estes acarretavam
sobre a vida dos sujeitos. (ORLEY et al., 1998). Impacto este que se demonstrou contínuo,
mantendo a QV baixa, mesmo após a remissão dos sintomas, muitas vezes em virtude de
fatores sociais que permanecem inalterados, mesmo após remissão dos sintomas, como a
permanência do estigma e da discriminação. (OMS, 2001).
Sobre o tema, Prebianchi (2003) ressalta que o impacto produzido na qualidade de
vida não fica limitado a transtornos mentais graves, uma vez que mesmo as doenças mentais
menos severas, como o transtornos de ansiedade, do pânico e quadros depressivos leves
apresentam efeito significativo na deterioração da qualidade de vida quando considerados a
longo prazo, especialmente no que se refere ao domínio psicológico.
De acordo com a mesma autora, a definição de saúde proposta pela OMS, como
“estado de completo bem estar físico, social e mental, e não apenas a ausência de doença”,
tem possibilitado um entendimento mais claro desta influência, bem como o foco mais
abrangente utilizado na avaliação da saúde mental, tem possibilitado o incremento de dados
empíricos sobre a forte influencia dos transtornos mentais sobre o estado psicológico, o
funcionamento e o desempenho social. (PREBIANCHI, 2003).
A expansão destes estudos tem produzido evidências mais claras sobre a influência
que cada categoria diagnóstica produz sobre a QV, sendo associado aos transtornos de
ansiedade, de humor, somatoformes e alimentares um substancial decréscimo nos índices de
QV. (SPITZER et al., 1995).
29
Lima e Fleck (2007), revisando publicações, entre os anos de 1990 e 2007, relatam
que, dentre diversos transtornos mentais, na literatura da área, é de grande recorrência a
associação entre sintomas depressivos e qualidade de vida. De acordo com os resultados
obtidos sugerem ainda que a presença de sintomas depressivos não se restringe apenas às
características clínicas do transtorno, e que geram impactos em todas as dimensões da
qualidade de vida, por provocar maior prejuízos em tarefas diárias, impacto este que pode ser,
dependendo da gravidade dos sintomas, superior ao de outras doenças crônicas
predominantemente físicas, como doenças cardíacas, artrite, hipertensão e diabetes.
De modo análogo, Spitzer et al. (1995), comparando a qualidade de vida apresentada
por pacientes com transtornos mentais com a de outras condições médicas em um serviço de
atenção básica de saúde, encontraram que os transtornos mentais, particularmente a ansiedade
e a depressão, contribuíam para maiores prejuízos em todos os domínios na qualidade de vida
do que outras condições médicas avaliadas.
Não obstante, ainda que seja prevalente a associação entre transtornos mentais comuns
e a qualidade de vida, a literatura da área ainda carece de modelos teóricos que possam
estabelecer de forma mais clara qual é a real relação entre essas variáveis, não havendo
consenso na área quanto à ocorrência de fato desta associação ou simplesmente de uma
sobreposição destas medidas, uma vez que tanto o conceito de qualidade de vida, quanto de
quadros típicos de TMC, como ansiedade e depressão, estão fortemente baseados em modelos
teóricos de bem estar e satisfação. (SPITZER et al., 1995).
Com base no exposto, este estudo tem como principal objetivo verificar em que
medida os transtornos mentais comuns podem influir na qualidade de vida. Especificamente,
pretende-se averiguar o poder preditivo desta variável sobre a Qualidade de Vida, utilizando,
para tanto, o método exposto a seguir.
4. MÉTODO
31
4.1. Delineamento e Hipóteses
O presente estudo se pauta em delineamento do tipo correlacional, de natureza ex post
facto, considerando dois conjuntos principais de variáveis: critério (níveis de qualidade de
vida) e antecedentes (indicadores de transtornos mentais comuns). A partir dos pressupostos
teóricos discorridos previamente, as seguintes hipóteses foram estabelecidas:
Hipótese 1. As pontuações nos domínios físico, psicológico, social e ambiental da qualidade
de vida se apresentarão correlacionados positivamente.
Hipótese 2. As pontuações nos diversos domínios da qualidade de vida, bem como da
qualidade de vida global se correlacionarão negativamente com os indicadores de transtornos
mentais comuns.
Hipótese 3. Os índices de transtornos mentais explicarão negativamente os níveis de
qualidade de vida.
Hipótese 4. As pontuações médias nos quatro domínios da qualidade de vida se apresentarão
significativamente menores na amostra clínica, quando comparadas a população geral.
4.2. Amostra
4.2.1. Amostra 1- População Geral
Contou-se com a participação de 223 pessoas, provenientes de diferentes bairros da
cidade de Fortaleza/CE, com idades variando entre 18 e 75 anos (M = 27,9; DP = 11,8), sendo
em sua maioria do sexo feminino (63,1%), solteira (73,0%) e católica (51,1%) e de classe
média (28,8%). No que se refere à escolaridade, os participantes distribuíram-se entre os
ensinos fundamental (5,3%), médio (18,8%) e superior (75,8%), destes 79,3% afirmaram
residir em casa própria enquanto 14,4% em alugada. Quando questionados se realizavam
algum tipo de atividade que visasse o cuidado com a saúde mental, 82,9% responderam
negativamente. A amostra foi composta por conveniência (não-probabilística), considerando-
se as pessoas que concordaram em participar do estudo.
32
4.2.2. Amostra 2- Usuários de um serviço de atenção à saúde mental
Para compor a amostra dois, contou-se com a participação de 27 usuários de um
serviço de atenção à saúde mental da cidade de Fortaleza/CE, com idades variando entre 18 e
62 anos (M = 37,7; DP = 12,4), sendo em sua maioria do sexo feminino (66,7%), solteira
(40,7,0%) e evangélica (51,9%) e de classe social baixa (29,6%). No que se refere à
escolaridade, os participantes distribuíram-se entre os ensinos fundamental (50,0%), médio
(34,6%) e superior (15,4%), destes 80,0% afirmaram residir em casa própria, enquanto 19,2%
em alugada ou emprestada. A amostra foi composta por conveniência (não-probabilística),
considerando-se as pessoas que concordaram em participar do estudo.
4.3. Instrumentos
Durante a coleta dos dados, os participantes foram solicitados a responder de forma
individual a um “livreto” composto por três instrumentos: WHOQOL-Brief, Questionário de
Saúde Geral de Goldberg (QSG 12) e a um conjunto de questões de caráter sócio-bio-
demográficos.
O World Health Organization Quality of Life Brief - WHOQOL-Brief (WHOQOL,
1998b), conforme apresentação anterior, é um instrumento desenvolvido pela Organização
Mundial de Saúde que visa mensurar a qualidade de vida dos respondentes, avaliando a
percepção dos indivíduos sobre sua posição na vida e no contexto cultural e valorativo no qual
estão inseridos, contrastando estas autopercepções com os objetivos, expectativas e
preocupações apresentadas. Este foi desenvolvido para ter múltiplos usos, incluindo o uso na
prática médica, pesquisa, auditoria de políticas, decisões e na avaliação da eficácia e méritos
relativos de diferentes tratamentos. Em sua versão original, não abreviada, o instrumento é
composto por 100 itens distribuídos em seis domínios: Capacidade Física; Psicológico; Nível
de Independência; Relações Sociais; Ambiental e Espiritual, sendo cada domínio composto
por facetas (subdomínios) da qualidade de vida, cada uma abrangendo quatro itens do
questionário. Ademais dos seis domínios existentes no instrumento e suas facetas específicas,
este possui ainda uma faceta adicional, que busca mensurar a percepção global do
respondente a respeito de sua qualidade de vida e saúde geral. Atualmente, a versão de 100
itens do WHOQOL está disponível em 29 idiomas. Com a continuação do processo de
desenvolvimento do WHOQOL, objetivando a utilização deste instrumento em um número
maior de pesquisas, em que a qualidade de vida é apenas uma entre muitas variáveis de
33
interesse, desenvolveu-se uma versão abreviada deste instrumento intitulada WHOQOL-Brief
composta por 26 itens, sendo cada item relacionado a uma das 24 facetas existentes na versão
original, contendo ainda dois itens referentes à avaliação global da qualidade de vida e da
saúde geral. Procurou-se, por tanto, na versão abreviada, manter a integralidade do
instrumento no que diz respeito as suas facetas. No tocante aos domínios apresentados, estes
apresentaram redução de seis para quatro domínios, uma vez que os domínios nível de
independência e espiritual foram agrupados a outros. (ANEXO B).
O Questionário de Saúde Geral de Goldberg - QSG-12 (PASQUALI et al., 1994) foi
desenvolvido para o rastreamento de transtornos mentais comuns na clínica geral e atenção
primária. Traduzido para mais de 30 idiomas e apontado como uma das medidas de screening
mais eficazes para a utilização em grandes amostras populacionais, o Questionário de Saúde
Geral de Goldberg é, provavelmente, um dos instrumentos de saúde mental que mais
alterações tem sofrido ao longo dos anos. Após o desenvolvimento de sua versão original
(Goldberg, 1972), composta por 60 itens, é possível encontrar versões do QSG contendo 30,
28, 20 e 12 itens. Em todas estas versões, a qualidade psicométrica vem sendo atestada. Seus
itens são respondidos em função do quanto a pessoa tem experimentado uma série de
sintomas descritos em cada item. Neste sentido, utiliza-se uma escala de resposta com quatro
pontos; para os itens que negam a saúde mental (por exemplo, “Suas preocupações lhe têm
feito perder muito sono?”; “Tem se sentido pouco feliz e deprimido?”), as alternativas de
resposta variam entre 1 = Absolutamente, não e 4 = Muito mais que de costume; em caso de
itens afirmativos (por exemplo, “Tem se sentido capaz de tomar decisões?”; “Tem podido
concentrar-se bem no que faz?”), as respostas podem variar de 1 = Mais que de costume a 4 =
Muito menos que de costume. Portanto, a maior pontuação é indicação de pior nível de saúde
mental. Sua pontuação pode ser expressão tanto a nível de pontuação total, como por seus
dois fatores: ansiedade e depressão. (ANEXO C)
A última parte, denominada Caracterização da Amostra, consta de perguntas como
sexo, idade, escolaridade, religião, classe social, etc, além de algumas questões referentes ao
poder aquisitivo dos participantes e aos cuidados com a saúde mental, uma visão mais ampla
desses itens pode ser obtida no ANEXO D.
34
4.4. Procedimentos
Os participantes responderam ao questionário individualmente. A coleta dos dados foi
realizada por aplicadores devidamente instruídos para controlar os fatores que pudessem
comprometer as respostas dos participantes. Na ocasião, após o seu consentimento, por meio
do termo de consentimento livre e esclarecido, as mesmas instruções foram dadas para todos
os respondentes. Na ocasião, mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (ANEXO E), assegurou-se aos participantes o caráter confidencial de suas
respostas e os aplicadores indicaram um endereço onde os mesmos poderiam obter
informações sobre os resultados finais do estudo. Após a coleta dos dados, foram excluídos da
amostra aqueles questionários que: (1) não responderam a pelo menos 80% dos itens que
compõem o WHOQOL-Brief, como especifica o manual deste instrumento; (2) responderam
os instrumentos de forma diferente ou utilizando escala distintas da proposta nos
questionários.
4.5. Análise dos Dados
As análises foram efetuadas por meio do software SPSS (versão 19). Além das
estatísticas descritivas (tendência central e dispersão), realizaram-se, inicialmente: análise de
correlação, Teste t de Student, para avaliar a diferença entre grupo, comparando as pontuações
médias obtidas pela amostra da população geral com aquelas obtidas pela amostra clínica. Em
um segundo momento, procedeu-se análise de regressão múltipla para avaliar o poder
preditivo dos indicadores de TMC sobre a qualidade de vida.
5. RESULTADOS
36
Nesta seção são apresentados os resultados referentes ao teste das hipóteses expostas
anteriormente, considerando o objetivo principal do presente estudo, isto é, analisar em que
medida os transtornos mentais comuns, podem predizer os níveis de qualidade de vida na
população geral.
Com este intuito, e afim de facilitar a compreensão dos leitores, os resultados obtidos
são tratados em três partes: (1) primeiramente apresenta-se os coeficientes de correlação (r de
Pearson) entre o questionário de saúde geral de Goldberg – QSG 12 e as pontuações de
qualidade de vida obtidas nos diversos domínios do WHOQOL Brief, a fim de investigar em
que medida estes construtos se apresentam correlacionados; (2) em um segundo momento, são
apresentados os resultados provenientes das análises de regressão múltipla, com a finalidade
de se conhecer o poder explicativo dos indicadores de transtornos mentais comuns sobre a
qualidade e vida e, por fim, (3) por meio do teste t de Student as pontuações em qualidade de
vida apresentadas pela população geral serão comparadas as obtidas por uma amostra clínica
composta por pacientes de um serviço de atenção a saúde mental.
5.1. Os indicadores de Saúde Mental e a Qualidade de Vida
A fim de verificar em que medida os domínios físico, psicológico, social e ambiental
da qualidade de vida estão correlacionados entre si (Hipótese 1), bem como em relação a
ansiedade, a depressão, ao QSG Total, a percepção do sujeito da sua qualidade de vida global
(Q1) e da saúde geral (Q2) (Hipótese 2), calculou-se os coeficientes de correlação r de
Pearson. Os resultados destas análises são apresentados na tabela a seguir:
Tabela 1. Correlação entre qualidade de vida e saúde mental. (n= 230)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1. Físico 1 0,63* 0,44* 0,41* -0,55* -0,46* 0,48* 0,44* 0,81* -0,56*
2. Psicológico - 1 0,58* 0,40* -0,48* -0,67* 0,52* 0,41* 0,82* -0,68*
3. Social - - 1 0,47* -0,33* -0,48* 0,56* 0,34* 0,72* -0,48*
4. Ambiental - - - 1 -0,19** -0,23* 0,50* 0,26* 0,75* -0,24*
5. Ansiedade - - - - 1 0,57* -0,32* -0,34* -0,51* 0,80*
6. Depressão - - - - - 1 -0,35* -0,33* -0,57* 0,95*
7. Q1 - - - - - - 1 0,50* 0,68* -0,38*
8. Q2 - - - - - - - 1 0,54* -0,37*
9. QV Global - - - - - - - - 1 -0,61*
10. QSG Total - - - - - - - - - 1
Nota: * p< 0,001; **p<0,01; Q1: Avaliação da Qualidade de vida global; Q2: Avaliação da Saúde Geral.
37
Como pode ser observado na tabela 1, todos os domínios (Físico, Psicológico, Social e
Ambiental) do WHOQOL-Brief apresentaram correlações diretas e significativas entre si (p <
0,001). Ademais, como pode ser visto, a QV Global se correlacionou positivamente com o
domínio físico (r = 0,81), psicológico (r = 0,82), social (r = 0,72) e ambiental (r = 0,75). Em
síntese, percebe-se que existe uma convergência entre os diferentes domínios da QV
(Hipótese 1), resultado já esperado, uma vez que, segundo a própria definição do construto,
todas as facetas que compõem a multidimensionalidade da qualidade de vida apresentam forte
interdependência.
No que diz respeito ao relacionamento entre os fatores do QSG (ansiedade e
depressão) com a QV, este se deu negativamente quando avaliado cada domínio, resultado
presente também quando considerado apenas o aspecto global da QV. De forma análoga, a
relação QSG Total com QV Global se deu de forma negativa (r = -0,61; p < 0,001), indicando
uma forte associação entre estes dois construtos, o que ocorre também em relação a todos os
domínios da qualidade de vida, sendo a correlação mais alta encontra com o domínio
psicológico (r = -0,68; p < 0,001) e a mais baixa com o ambiental (r = -0,24; p < 0,001),
resultado que corrobora a Hipótese 2 deste estudo.
Especificamente, considerando os dois fatores do QSG, pode-se verificar que as
pontuações de ansiedade se correlacionaram negativamente com os domínios físico (r = -0,55;
p < 0,001), psicológico (r = -0,48; p < 0,001), social (r = -0,33; p < 0,001) e ambiental (r = -
0,19; p < 0,01) da QV, relação esta que se intensifica, com exceção do domínio físico (r = -
0,46; p < 0,001), quando analisada a variável depressão, a qual mantém correlações com o
domínio psicológico (r = -0,67; p < 0,001), social (r = -0,48; p < 0,001) e ambiental (r = -
0,23; p < 0,001). No que diz respeito à pontuação total de qualidade de vida (QV Total),
observou-se uma correlação negativa com os indicadores de agravos da saúde mental:
ansiedade (r = -0,51; p < 0,001) e depressão (r = -0,57; p < 0,001). Uma correlação negativa
também foi observada para a avaliação global da qualidade de vida (Q1) com a ansiedade (r =
-0,32; p < 0,001) e a depressão (r = -0,35; p < 0,001), assim como em relação à avaliação da
saúde geral (Q2) com a ansiedade (r = -0,34; p < 0,001) e a depressão (r = -0,33; p < 0,001).
Já a Q1 e a Q2 apresentam uma correlação positiva (r = 0,50; p < 0,001) entre si. Por fim, a
depressão se correlacionou positivamente com a ansiedade (r = 0,57; p < 0,001).
38
5.2. Os indicadores de Saúde Mental como preditores da Qualidade de vida
Buscando conhecer o poder preditivo (explicativo) dos indicadores de transtornos
mentais comuns para explicar a qualidade de vida (Hipótese 3), utilizou-se as variáveis
pontuação total do QSG, classe social e idade como variáveis antecedentes e a qualidade de
vida global como variável critério, como pode ser visualizado na tabela 2. Em seguida, como
pode ser visualizado na tabela 3, procurou-se averiguar, como se configurava a predição dos
quatro domínios do WHOQOL-Brief independentemente, sendo mantidas as variáveis
antecedentes expostas anteriormente. Em ambos os casos, adotou-se como método de entrada
para a regressão o stepwise, procedimento este que, segundo Hair, et al. (2009), permite
investigar o relacionamento pouco conhecido entre as variáveis, geralmente constitui a
estratégia escolhida para estudos exploratórios. Este procedimento permite identificar, entre
um conjunto de variáveis, aquelas que apresentam maior contribuição para explicar a variável
critério. Os resultados da primeira análise podem ser visualizados na tabela a seguir.
Tabela 2. Regressão múltipla para Qualidade de Vida Global. (n = 223)
Preditores R2mudança β t F mudança
QV Total
R2 = 0,403; R
2Ajustado = 0,398
QSG Total 0,38 -0,63 -12,07*** 137,61***
Classe Social 0,02 0,14 2,68** 7,18**
Nota. * p < 0,05; ** p < 0,01;*** p < 0,001.
Como se pode observar, a pontuação QSG Total apresentou o maior índice de
regressão (β) que a variável classe social, permitindo, isoladamente, explicar 38% (R2 =
0,384) da variância da qualidade de vida (QV), enquanto que QSG Total e Classe social
explicaram conjuntamente 40% desta variância (F [2,220] = 74,32, p < 0,001; R múltiplo =
0,635, R2
ajustado = 0,398). Os valores de Beta (β) permitem verificar que a variável QSG Total
apresenta uma relação inversa e significativa com a variável critério (β = -0,63; p = 0,001),
enquanto a variável classe social apresenta uma relação direta e significativa (β = -0,14; p =
0,001). De acordo com estes resultados, supõe-se que respondentes com maiores índices
transtornos mentais comuns (baixa pontuação em QSG Total) e de classe social mais alta,
possivelmente apresentarão maiores pontuações em qualidade de vida global, corroborando
desta forma a hipótese 3. Vale, ainda, ressaltar que a variável idade foi retirada do modelo por
não explicar satisfatoriamente a QV global.
39
Dando continuidade expõe-se a seguir os resultados referentes as análises de regressão
dos quatros domínios da qualidade de vida.
Tabela 3. Regressão múltipla do Domínio Físico, Psicológico, Social e Ambiental. (n = 223)
Preditores R2
mudança β t F mudança
Domínio
Físico
R2 = 0,316; R
2Ajustado = 0,313
QSG Total 0,32 -0,56 -10,11*** 102,23***
Domínio
Psicológico
R2 = 0,463; R
2Ajustado = 0,461
QSG Total 0,46 -0,68 -13,81*** 190,81***
Domínio
Social
R2 = 0,259; R
2Ajustado = 0,252
QSG Total 0,24 -0,49 -8,50*** 68,56***
Idade 0,02 -0,15 -2,55* 6,52*
Domínio
Ambiental
R2 = 0,241; R
2Ajustado = 0,234
Classe Social 0,16 0,42 7,21*** 42,72***
QSG Total 0,08 -0,28 -4,80*** 23,01***
Nota. * p < 0,05; ** p < 0,01;*** p < 0,001.
No que se refere aos domínios físico e psicológico, como pode ser visto na tabela 3,
apenas a variável QSG Total permitiu explicá-los satisfatoriamente, sendo esta responsável
pela explicação de 31% (R2 = 0,316; β = -0,56; p = 0,001) e 46% (R
2 = 0,463; β = -0,68; p =
0,001) da variância respectivamente. A direção desta relação foi observada através do valor do
Beta (β) o qual demonstrou uma relação inversa e significativa entre a pontuação QSG Total e
as duas variáveis critério anteriormente mencionadas.
Dando continuidade, considerando o domínio social a pontuação QSG Total permitiu
explicar 24% (R2 = 0,240; β = -0,49; p = 0,001) da variância, enquanto a variável idade,
também adicionada como preditor para este domínio, foi responsável pela explicação de 2%
(R2 = 0,020; β = -0,15; p = 0,05) da variância. No tocante ao domínio ambiental, as variáveis
classe social e QSG Total explicaram conjuntamente 24% (F [2,220] = 34,99, p < 0,001; R
múltiplo = 0,491, R2
ajustado = 0,234) da variância, sendo a variável classe social, isoladamente,
responsável pela maior parte desta explicação 16% (R2 = 0,160; β = 0,42; p = 0,001), ressalta-
se, ainda, que a variável idade foi retirada do modelo, por não possibilitar ganhos satisfatórios
à explicação da variável critério acima referida.
40
Tais resultados reforça a importância de se assumir os indicadores de transtornos
mentais comuns como um fator de forte contribuição para a qualidade de vida, uma vez que
foi o único dos três previsores adicionados que se mostrou constante e contribuiu
estatisticamente para o decréscimo da pontuação em todos os domínios da qualidade de vida.
5.3. Comparação dos indicadores de qualidade de vida entre população geral e amostra
clínica
Tomando como base os resultados obtidos previamente e com o intuito de verificar a
premissa da relação entre qualidade de vida e saúde mental, na tabela 5, apresentam-se os
resultados provenientes da realização do teste t de Student, no qual as médias obtidas pela
população geral foram comparadas com as apresentas pela amostra clínica (grupo critério) no
que diz respeito aos níveis de saúde mental e aos indicadores de qualidade de vida (Hipótese
4). Os resultados encontrados são expostos a tabela a seguir.
Tabela 4. Comparação de Médias entre Pop. Geral e amostra clínica em relação a qualidade
de vida e saúde mental (n= 257)
Variável
Grupos
Pop. Geral Amostra Clínica t
m dp m dp
Domínio Físico 14,83 2,53 11,43 3,30 -5,18***
Domínio Psicológico 14,55 2,48 11,70 3,78 -3,81***
Domínio Social 14,57 3,09 11,70 4,37 -3,31**
Domínio Ambiental 13,34 2,33 9,93 3,05 -5,64***
QV Global 14,29 1,99 11,21 2,91 -5,35***
Ansiedade 2,25 0,59 2,72 0,76 2,90**
Depressão 1,77 0,54 2,55 0,90 4,21***
QSG Total 1,93 0,50 2,62 0,84 3,82*
* p<0,05 ; ** p<0,01 ; ***p<0,001
Como podemos observar na tabela acima, as pontuações médias obtidas pelos dois
grupos apresentam diferenças significativas (p < 0,01; t = 2,90) quando comparadas os níveis
de ansiedade apresentados, sendo a maior pontuação obtida pela amostra clínica (M = 2,72;
DP = 0,76) quando comparadas com a população geral (M = 2,25; DP = 0,59). Ainda no que
diz respeito aos indicadores de saúde mental, especificamente os níveis de depressão, a
amostra clínica mantem média superior (M = 2,55; DP = 0,90) em relação à população geral
41
(M = 1,77; DP = 0,54) o que comprova uma diferença significativa (p < 0,001; t = 4,21). Os
resultados obtidos acima corroboram achados da literatura que atribuem piores indicadores de
transtornos mentais a usuários de serviços de saúde mental, quanto comparados a os
resultados apresentados pela população geral. (LIMA; FLECK, 2007)
Como pode-se observar, ainda na tabela 5, as diferenças de médias obtidas pelos
grupos nos quatro domínios da qualidade de vida se apresentam significativas a um p igual a
0,001, com exceção do domínio social (p < 0,01). Fica ainda claramente expresso que os
valores médios obtidos pela população geral apresentam-se maiores em todos os domínios da
qualidade de vida, indicando que este grupo apresenta níveis de qualidade de vida superiores
aos da amostra clínica (Hipótese 4).
Especificamente, pode-se verificar que, no domínio psicológico, a pontuação média da
população geral (M = 14,55; DP = 2,48) é superior e se diferencia (t = -3,81; p = 0,001)
estatisticamente da obtida pela amostra clínica (M = 11,70; DP = 3,78). No que diz respeito a
diferença de médias obtidas no domínio físico (t = -5,18; p = 0,001) e social (t = -3,31; p =
0,01) as apresentadas pela população geral foram 14,83(DP = 2,53) e 14,57 (DP = 3,09)
respectivamente, bem como de 11,43 (DP = 3,30) e 11,70 (DP = 4,37) da amostra clínica. No
tocante ao domínio ambiental, as duas amostras também se diferenciaram (t = -5,64; p =
0,001), tendo o primeiro grupo obtido média de 13,34 (DP = 2,33), valor superior ao obtido
pelo segundo grupo (M = 9,93; DP = 3,05).
No que diz respeito à pontuação total de qualidade de vida (QV Global), observou-se a
manutenção da superioridade da população geral sobre o grupo critério, obtendo
respectivamente 14,29 (DP = 1,99) e 11,21 (DP = 2,91) de pontuação média, tendo, portanto,
os dois grupos se diferenciado significativamente (t = -5,35; p < 0,001).
Em resumo, estas análises evidenciam a importância dos índices de saúde mental para
predizer a qualidade de vida. A partir de então, é o momento de compreender os resultados
obtidos, o que se propõe a seguir no capítulo específico destinado à discussão dos resultados.
6. DISCUSSÃO
43
Nesta sessão, os resultados obtidos serão discutidos à luz do modelo teórico
anteriormente exposto, bem como de pesquisas previamente realizadas. De acordo com o
marco teórico apresentado, nos primeiros tópicos deste estudo, dentre as principais variáveis
apontadas como responsáveis pela redução da qualidade de vida, a presença de transtornos
mentais comuns se constitui como uma das variáveis que mais contribuem para este
decréscimo. Esperava-se, assim, que esta variável se apresentasse negativamente
correlacionada, suposição esta consistente com os resultados obtidos; como se observou,
todas as hipóteses, apresentadas neste estudo, foram confirmadas de modo compatível com a
literatura da área, o que permitiu mensurar o poder explicativo dos transtornos mentais
comuns sobre a qualidade de vida. A seguir, serão discutidas cada uma das hipóteses
confirmadas:
A primeira hipótese versou sobre a correlação positiva existente entre os quatro
domínios da qualidade de vida. O resultado observado neste e em outros estudos permite
sugerir que tais domínios são efetivamente correlacionados. Por exemplo, em pesquisas
realizadas por Arôca (2009), Fleck (2000) e WHOQOL Group (1998b) foram observados
resultados semelhantes aos descritos no presente estudo. Neste sentido, a confirmação da
hipótese 1, como pode ser observado na tabela 1, reforçam a proposição de que os quatro
domínios da qualidade de vida mantêm uma interdependência entre si, expressa por
correlações de moderada a alta, sendo a de maior magnitude entre o domínio psicológico e
físico (r = 0,63; p<0,001) e a de menor entre psicológico e ambiental (r = 0,40; p<0,001).
Esta relação direta também se dá entre os quatro domínios e a qualidade de vida
global, resultados estes coerentes com o arcabouço teórico desenvolvido acerca do tema, o
qual aponta para a relação existente entre deterioração de algum domínio específico e a
diminuição da qualidade de vida como um todo. (FLECK, et al., 2000). Vale ressaltar ainda a
alta correlação (r = 0,82; p<0,001) existente entre a qualidade de vida global e o domínio
psicológico, também encontrada nos estudos de Lima (2008), o que reforça a presença de uma
maior associação entre a QV global e o domínio psicológico, quando comparado aos outros
domínios. Esta relação de maior magnitude pode ser explicada pelo forte caráter subjetivo
atribuído ao construto qualidade de vida, subjetividade que sofre influência de aspectos como
autoestima, crenças pessoais e sentimentos positivos e negativos os quais são abordados pelo
domínio psicológico. (FLECK, et al., 2002; LIMA, 2008)
A Hipótese 2 sugeriu que as pontuações nos diversos domínios da qualidade de vida,
bem como sua avaliação global estariam negativamente correlacionadas com os indicadores
de transtornos mentais comuns. A confirmação desta hipótese pelos resultados apresentado na
44
tabela 1, na qual é possível observar que as pontuações do QSG (indicador de transtornos
mentais comuns) se apresentam negativamente correlacionadas aos domínios físico,
psicológico, social, ambiental e QV Global; segue na direção das publicações mais recentes
sobre o tema, que associam a presença de quadros de transtornos mentais comuns a níveis
mais baixos de qualidade de vida (UK700 GROUP, 1999; PREBIANCHI, 2003; AY-WOAN
et al., 2006)
Especificamente, pode-se, também, apontar a correlação existente entre os indicadores
de ansiedade e depressão com a QV global e seus subdomínios, a qual se dá, também, de
forma negativa. O que possibilita concluir que níveis elevados de ansiedade e depressão estão
associados a menores índices de QV. (LIMA, 2008). Esta associação parece mais clara ao se
considerar que os efeitos de quadros de ansiedade e depressão não se restringe a sua
sintomatologia, uma vez que estas também acometem, por consequência, diversas esferas da
vida do sujeito, como seu convívio social, bem estar físico e percepção do ambiente (OMS,
2001), deve-se também considerar que o impacto do humor depressivo faz com que diversos
aspectos da vida tendam a ser avaliados negativamente, contribuindo para o decréscimo deste
indicador. (ORLEY et al., 1998).
Em um segundo momento, na mesma direção das hipóteses anteriores, tomando como
ponto de partida o forte relacionamento mantido entre os indicadores de transtornos mentais
comuns (TMC) e os níveis de qualidade de vida e considerando o poder explicativo dos
transtornos mentais comuns (TMC) sobre a qualidade de vida, a Hipótese 3 sugeriu que os
índices de TMC explicariam (prediriam) negativamente as pontuações de qualidade de vida
apresentadas pelos respondentes. A hipótese de que os TMC contribuem negativamente para a
qualidade de vida, apesar de ser sugerida por diversos estudos da área, (PREBIANCHI, 2003;
AY-WOAN et al., 2006; LIMA; FLECK, 2007) tem sido poucas vezes testado diretamente.
(ARÔCA, 2009). No intuito de comprovar este modelo explicativo, utilizou-se a análise de
regressão múltipla, adicionando ao modelo, além da pontuação QSG Total, outros preditores
comumente relacionados a qualidade de vida, como o a classe social e a idade do respondente.
Neste sentido, para a análise, decidiu-se considerar a pontuação total do QSG, a classe social e
a idade como variáveis antecedentes e a pontuação total de QV e seus subdomínios como
variáveis critérios.
Como mencionado, os resultados, apresentados na tabela 2, demonstraram que a
pontuação no QSG Total (indicador de transtorno mental comum) explica satisfatoriamente a
qualidade de vida global, sendo sugerido pelo valor de Beta (β = -0,63; p = 0,001)
encontrados que a presença de TMC influi de forma negativa na QV global e a classe social
45
(β = -0,14; p = 0,001) de forma positiva, ainda que, em menor intensidade. No que diz
respeito a classe social, esta apesar da baixa influência (2% da variância), contribui
positivamente para uma melhor qualidade de vida, em detrimento da idade que foi retida do
modelo por não contribuir significativamente para a explicação da variável critério.
Estes achados são condizentes com a perspectiva atual de QV, a qual propõe um
significado mais abrangente que o simples bem estar financeiro, englobando também
diferentes aspectos, entre os quais o psicológico e o cultural. (LEAL, 2008). No Brasil, por
exemplo, contando como uma amostra de aproximadamente 1000 mulheres usuárias de
serviços de atenção básica, Arôca (2009) constatou a influência da presença de TMC sobre a
qualidade de vida. Especificamente, este autor comprovou em seu estudo que os TMC
exerceram maiores danos a qualidade de vida do que outras variáveis relacionadas (classe
social, escolaridade, estado civil, número de filhos, etc), sendo o domínio psicológico o que se
mostrou mais afetado (β = -13,40; p = 0,001).
Resultados semelhantes aos encontrados, no presente estudo, quando avaliado, por
meio de análise de regressão múltipla, o poder preditivo dos indicadores de TMC em relação
a cada subdomínio da qualidade de vida, tendo em cada caso se considerado cada um dos
quatro domínios (físico, psicológico, social e ambiental) como variáveis critérios
isoladamente e a pontuação total do QSG, classe social e idade preditores para cada variável.
Avaliando separadamente cada domínio, foi possível constatar a grande influência que
os níveis de transtornos mentais comuns apresentam sobre os domínios físico, psicológico e
social, sendo, nos dois primeiros, o único preditor, dos três selecionados, que contribuiu
satisfatoriamente para a explicação, produzindo um impacto negativo sobre a QV. É
importante salientar que quando considerado o domínio psicológico, a pontuação no QSG
Total explicou 46% da variância, o que parece coerente quando considerado a proximidade de
conteúdo existente entre os itens do domínio psicológico e os itens do QSG.
No que diz respeito ao domínio ambiental, este foi melhor explicado pela variável
classe social, tendo a variável QGS Total também contribuído para a explicação, com 8% da
variância. A influência preponderante da classe social pode ser explicada pelo conjunto de
itens que compõem este domínio (recursos financeiros, segurança, transporte, oportunidade de
lazer) os quais são diretamente dependentes do nível socioeconômico do respondente.
Pode-se observar que entre os três preditores adicionados, a presença do os
indicadores de TMC foi o que apresentou a maior relevância negativa nos domínios de QV,
com exceção do ambiental, onde a classe social se mostrou mais relevante, contribuindo para
um ganho de qualidade de vida neste domínio. Em outras palavras, a presença de transtornos
46
mentais comuns, de modo geral, demonstrou gerar os efeitos mais danosos à QV. Neste
sentido, o TMC mostrou maior impacto no domínio psicológico, isto é, sobre a dimensão
emocional e cognitiva a que o domínio se refere, o que se mostra coerente com a patologia
psíquica intrínseca aos sintomas do transtorno. (LIMA, 2008; ARÔCA, 2009)
A última Hipótese (4) fez referência à obtenção de pontuações médias estatisticamente
inferiores pela amostra clínica quando comparada a população geral nos quatro domínios da
qualidade de vida. Para dirimir qualquer questionamento a respeito da real influência negativa
dos indicadores de TMC sobre a QV, bem como comprovar a Hipótese 4, foram realizados
testes t de Student. Os resultados apresentados são contundentes; os dois grupos, quando
comparados, apresentam pontuações estatisticamente diferentes em todos os domínios da
qualidade de vida, bem como na pontuação do QSG 12, tendo a amostra clínica, mantido
níveis de qualidade de vida inferiores, enquanto apresenta níveis de TMC superiores ao da
população geral, resultados estes, que comprovam a Hipótese 4, e se mostram condizentes
com a literatura da área, uma vez que por apresentarem maiores índices de agravos mentais o
grupo clínico por consequência tende a apresentar menores níveis de qualidade de vida.
((LIMA; FLECK, 2007; ARÔCA, 2009)
7. CONCLUSÃO
48
O presente estudo analisou em que medida os transtornos mentais comuns podem
predizer os níveis de qualidade de vida na população geral, bem como especificamente se
avaliou a influência destes sobre cada domínio da qualidade de vida. Nesta oportunidade,
pretende-se apresentar algumas considerações finais acerca dos resultados principais
encontrados, das possíveis limitações dos estudos e das suas aplicabilidades.
Entretanto, antes de começar a delinear as conclusões obtidas neste trabalho, faz-se
necessário pontuar duas limitações aqui encontradas: (1) embora tenha sido evidenciada a
relação existente entre Qualidade de Vida e as pontuações obtidas no Questionário de Saúde
Geral de Goldberg, questionamentos maiores ainda devem ser realizados no intuito de
investigar se, de fato, este dois construtos se encontram correlacionados ou se há apenas uma
sobreposição entre os mesmos; (2) a especificidade da composição amostral: o número
reduzido de participantes que compuseram o estudo, bem como a característica de ser uma
amostra de conveniência impossibilitam a generalização direta dos resultados obtidos.
Apesar de observadas algumas limitações quanto à presente pesquisa, é importante
considerar mais especificamente alguns resultados de maneira especial. De um modo geral,
foi possível conhecer o poder preditivo dos índices de transtornos mentais comuns sobre a
qualidade de vida. Corroborando estudos prévios, os resultados obtidos apoiaram a adequação
dos indicadores de transtornos mentais como fortes preditores dos níveis de qualidade de vida,
assim como de suas diferentes facetas. (PREBIANCHI, 2003; AY-WOAN et al., 2006;
ARÔCA, 2009)
Abordando especificamente os resultados encontrados, comprovou-se o alto valor
preditivo da presença dos transtornos mentais comuns na diminuição da qualidade de vida da
população geral e observou-se, também, a forte relação mantida entre o domínio psicológico e
a qualidade de vida, bem como da interdependência de todos os domínios entre si e com a
qualidade de vida global.
Estas constatações são de grande valia para profissionais da área da saúde,
especialmente, em nível de atenção primária, onde a prevalência de transtornos mentais
comuns é maior. Neste sentido, o estudo promove a conscientização de que até mesmo
acometimentos mentais mais leves, como os TMC provocam uma redução considerável da
qualidade de vida e sofrimento para os indivíduos acometidos. Encontra-se aqui, então,
ferramenta a mais que pode ajudar nas possíveis intervenções em saúde mental como formas
de promover a saúde. O tema ora tratado se revela como um ponto importante para a
ampliação do conceito de saúde mental, definida não somente como ausência de patologia,
mas também como resultado de um equilíbrio físico, psicológico, social e ambiental.
49
Diante do exposto, observa-se que embora existam algumas limitações neste estudo,
os resultados obtidos possibilitam uma ampliação na compreensão da temática em questão,
reforçando o campo de investigação entre tais construtos. Depara-se aqui com um leque de
possibilidades para se conhecer ainda mais sobre a relação entre qualidade de vida e os
transtornos mentais comuns, como peças fundamentais para promoção da saúde e do bem
estar.
Neste sentido, embora a qualidade de vida tenha sido bastante estudada nos últimos
anos, tendo ocorrido seu maior foco de interesse, nas últimas décadas, poucos têm sido os
estudos empíricos desse construto apresentando os transtornos mentais comuns como
possíveis explicadores, especialmente no Brasil. Sugere-se assim a necessidade de outras
pesquisas que visem replicar os resultados aqui obtidos, além da possibilidade de se estudar
esta temática, adicionando outras variáveis, como grau de escolaridade, faixa salarial, estado
civil, etc.
Como direções futuras, aponta-se a possibilidade de se realizar análises mais
específicas, como a adição de novas variáveis ao modelo. Sugere-se, ainda, a replicabilidade
do estudo em uma amostra mais ampla, que garanta sua representatividade e generalização
dos resultados. Coloca-se, além disso, dada a escassez de dados encontrados acerca do tema, a
importância de se realizar estudos no intuito de verificar a prevalência de transtornos mentais
comuns na população geral da cidade de Fortaleza.
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ANEXOS
59
ANEXO A – Capa do Questionário / Apresentação da Pesquisa
Universidade Federal do Ceará
Centro de Humanidades
Departamento de Psicologia
Av. da Universidade, 2762 – Benfica
60020-181 Fortaleza, CE – Brasil
Tel. 55 85 33667723 / Fax 55 85 33667724
Prezado (a) colaborador (a),
Estamos realizando uma pesquisa na cidade de Fortaleza – CE com o
propósito de conhecer possíveis fatores contribuintes para a explicação de
comportamentos sociais. Por isso, gostaríamos de contar com a sua colaboração,
respondendo este questionário. Contudo, antes de prosseguir, de acordo com o
disposto na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, faz-se necessário
o seu consentimento. Por favor, leia todas as informações constantes no Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido e fique à vontade para decidir se deseja
ou não participar do estudo.
Desde já agradecemos a sua colaboração.
60
ANEXO B – World Health Organization Quality of Life Brief
INTRUÇÕES. Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de
vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não
tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a
que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.
1. Como você avaliaria sua
qualidade de vida?
Muito
Ruim Ruim
Nem Ruim
Nem Bom Boa Muito Boa
2. Quão satisfeito(a) você está
com a sua saúde?
Muito Insatisfeito
Insatisfeito Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito Satisfeito
Muito Satisfeito
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.
3. Em que medida você acha
que sua dor (física) impede
você de fazer o que você
precisa?
Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante Extrema-
mente
4. O quanto você precisa de
algum tratamento médico para
levar sua vida diária?
Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante
Extrema-
mente
5. O quanto você aproveita a
vida?
Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante
Extrema- mente
6. Em que medida você acha que
a sua vida tem sentido?
Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante
Extrema-
mente
7. O quanto você consegue se
concentrar?
Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante
Extrema- mente
8. Quão seguro(a) você se sente
em sua vida
Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante
Extrema-
mente
9. Quão saudável é o seu
ambiente físico (clima, barulho,
poluição, atrativos)?
Nada Muito Pouco Mais ou Menos Bastante
Extrema- mente
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas
últimas duas semanas.
10. Você tem energia suficiente
para seu dia
Nada
Muito
Pouco Médio Muito
Completa-
mente
11. Você é capaz de aceitar sua
aparência física?
Nada
Muito
Pouco Médio Muito
Completa-
mente
12. Você tem dinheiro suficiente para
satisfazer suas necessidades?
Nada
Muito
Pouco Médio Muito
Completa-
mente
13. Quão disponíveis para você estão
as informações que precisa no
seu dia-a-dia?
Nada Muito
Pouco Médio Muito
Completa-
mente
14. Em que medida você tem
oportunidades de atividade de
Nada
Muito
Pouco Médio Muito
Completa-
mente
61
lazer?
ANEXO B (cont.) – World Health Organization Quality of Life Brief
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida
nas últimas duas semanas.
15. Quão bem você é capaz de se
locomover?
Muito
Ruim Ruim
Nem Ruim
Nem Bom Bom Muito Bom
16. Quão satisfeito(a) você está com
o seu sono?
Muito Insatisfeito
Insatisfeito Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito Satisfeito
Muito Satisfeito
17. Quão satisfeito(a) você está com
sua capacidade de desempenhar
as atividades do seu dia-a-dia?
Muito
Insatisfeito Insatisfeito
Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito Satisfeito
Muito
Satisfeito
18. Quão satisfeito(a) você está com
sua capacidade para o trabalho?
Muito
Insatisfeito Insatisfeito
Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito Satisfeito
Muito
Satisfeito
19. Quão satisfeito(a) você está
consigo mesmo?
Muito
Insatisfeito Insatisfeito
Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito Satisfeito
Muito
Satisfeito
20. Quão satisfeito(a) você está com
suas relações pessoais (amigos,
parentes, conhecidos, colegas)?
Muito
Insatisfeito Insatisfeito
Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito Satisfeito
Muito
Satisfeito
21. Quão satisfeito(a) você está com
sua vida sexual?
Muito Insatisfeito
Insatisfeito Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito Satisfeito
Muito Satisfeito
22. Quão satisfeito(a) você está com
o apoio que você recebe de seus
amigos?
Muito
Insatisfeito Insatisfeito
Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito Satisfeito
Muito
Satisfeito
23. Quão satisfeito(a) você está com
as condições do local onde mora?
Muito
Insatisfeito Insatisfeito
Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito Satisfeito
Muito
Satisfeito
24. Quão satisfeito(a) você está com
o seu acesso aos serviços de
saúde?
Muito
Insatisfeito Insatisfeito
Nem Satisfeito Nem Insatisfeito
Satisfeito Muito
Satisfeito
25. Quão satisfeito(a) você está com
o seu meio de transporte?
Muito
Insatisfeito Insatisfeito
Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito Satisfeito
Muito
Satisfeito
As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas
semanas.
26. Com que frequência você tem
sentimentos negativos tais como
mau humor, desespero,
ansiedade, depressão?
Nunca Algumas
Vezes Frequentemente
Muito
Frequentemente Sempre
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ANEXO C – Questionário de Saúde Geral de Goldberg - QSG-12
INSTRUÇÕES. Agora, gostaríamos de saber se você tem tido algumas enfermidades ou
transtornos e como tem estado sua saúde nas últimas semanas. Por favor, marque
simplesmente com um X na resposta que, a seu ver, corresponde mais com o que você sente
ou tem sentido. Lembre que queremos conhecer os problemas recentes e atuais, não os que
você tenha tido no passado. É importante que você responda a todas as perguntas.
1 – Tem podido concentrar-se bem no que faz?
(1) Mais do que o de costume (3) Menos que o de costume
(2) Igual ao de costume (4) Muito menos que o de costume
2 – Suas preocupações lhe têm feito perder muito sono?
(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais do que o costume
(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o costume
3 – Tem sentido que tem um papel útil na vida?
(1) Mais útil que o de costume (3) Menos útil que o de costume
(2) Igual ao de costume (4) Muito menos útil que o de costume
4 – Tem se sentido capaz de tomar decisões?
(1) Mais que o de costume (3) Menos que o de costume
(2) Igual ao de costume (4) Muito menos capaz que o de costume
5 – Tem notado que está constantemente agoniado (a) e tenso (a)?
(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais do que o costume
(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o de costume
6 – Tem tido a sensação de que não pode superar suas dificuldades?
(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais do que o de costume
(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o de costume
7 – Tem sido capaz de desfrutar suas atividades normais de cada dia?
(1) Mais que o de costume (3) Menos que de costume
(2) Igual ao de costume (4) Muito menos capaz que de costume
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ANEXO C (cont.) – Questionário de Saúde Geral de Goldberg - QSG-12
8 – Tem sido capaz de enfrentar adequadamente os seus problemas?
(1) Mais que o de costume (3) Menos que o de costume
(2) Igual ao de costume (4) Muito menos capaz que o de costume
9 – Tem se sentido pouco feliz e deprimido (a)?
(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais que o costume
(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o de costume
10 – Tem perdido confiança em si mesmo?
(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais do que o costume
(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o de costume
11 – Tem pensado que você é uma pessoa que não serve para nada?
(1) Absolutamente, não (3) Um pouco mais do que o costume
(2) Não mais que o de costume (4) Muito mais que o de costume
12 – Se sente razoavelmente feliz considerando todas as circunstâncias?
(1) Mais que o de costume (3) Menos que o de costume
(2) Igual ao de costume (4) Muito menos que o de costume
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ANEXO D – Caracterização da Amostra
Finalmente, gostaríamos de saber alguns dados sobre você:
1. Idade:_____anos 2. Sexo: Masculino Feminino
3. Orientação sexual: Heterossexual Homossexual Bissexual
4. Estado civil: Solteiro (a) Casado(a)/convivente Viúvo (a) Separado (a)
5. Filhos:
Não tenho Tenho. Quantos? ___________
6. Religião:
Católica Evangélica Espírita Nenhuma Outra:_______________
7. Em que medida você se considera religioso (a)? Nada 0 1 2 3 4 Muito
8. Com que freqüência você vai às reuniões da sua religião?
Nunca 0 1 2 3 4 5 6 7 Sempre
9. Em comparação com as pessoas do seu país, você diria que sua família é da (circule um
número):
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Classe humilde Classe Baixa Classe média Classe alta
10. Qual a sua escolaridade?
Ensino fundamental completo Ensino fundamental incompleto
Ensino médio completo Ensino médio incompleto
Ensino superior incompleto Qual? _______________
Ensino superior completo Qual? ________________
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ANEXO E – Termo de Consentimento Livre Esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA
CEP: 60020-181 – Fortaleza - CE
Tel: +55 (85) 3366 7723
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
PESQUISA: WORLD HEALTH ORGANIZATION QUALITY OF LIFE BREF – WHOQOL-
BREF: EVIDÊNCIAS DE SUA ESTRUTURA FATORIAL E VALIDADE EM CONTEXTO
CEARENSE.
Coordenador: Walberto S. Santos
Prezado (a) colaborador (a),
Você é convidado (a) a participar desta pesquisa, que tem como finalidade conhecer estrutura
fatorial e validade do WHOQOL-BREF para o contexto cearenses.
1. PARTICIPANTES DA PESQUISA: População geral da cidade de Fortaleza, com idade igual ou
superior a 18 anos, de ambos os sexos. Participarão da pesquisa aqueles voluntários que, convidados a
colaborar, concordem.
2. ENVOLVIMENTO NA PESQUISA: Ao participar deste estudo, você deve responder a um livreto
envolvendo questões objetivas sobre qualidade de vida e saúde geral. Você tem a liberdade de se
recusar a participar e pode ainda deixar de responder em qualquer momento da pesquisa, sem nenhum
prejuízo. Sempre que quiser, você poderá pedir mais informações sobre a pesquisa. Para isso, poderá
entrar em contato com o coordenador da pesquisa.
3. RISCOS E DESCONFORTOS: A participação nesta pesquisa não traz complicações; talvez,
apenas, algum constrangimento que algumas pessoas sentem quando estão fornecendo informações
sobre si mesmas. Os procedimentos utilizados nesta pesquisa seguem as normas estabelecidas pela
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, e não oferecem risco à sua integridade física,
psíquica e moral. Nenhum dos procedimentos utilizados oferece riscos à sua dignidade.
4. CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Todas as informações coletadas neste estudo são
estritamente confidenciais. Apenas os membros do grupo de pesquisa terão conhecimento das
respostas, e seu nome não será usado em nenhum momento. Todos os dados serão analisados em
conjunto, garantindo o caráter anônimo das informações. Os resultados poderão ser utilizados em
eventos e publicações científicas.
5. BENEFÍCIOS: Ao participar desta pesquisa, você não deverá ter nenhum benefício direto.
Entretanto, espera-se que a mesma nos forneça dados importantes acerca de qualidade de vida dos
respondentes, o que servirá de base pesquisas futuras.
6. PAGAMENTO: Você não terá nenhum tipo de despesa por participar desta pesquisa. E nada será
pago por sua participação. Entretanto, se você desejar, poderá ter acesso a cópias dos relatórios da
pesquisa contendo os resultados do estudo.
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ANEXO I – Termo de Consentimento Livre Esclarecido
Endereço do responsável pela pesquisa:
Nome: Prof. Dr. Walberto Silva Santos
Instituição: Universidade Federal do Ceará – Depto. de Psicologia
Endereço: Av. da Universidade 2762 – Benfica – Fortaleza - CE
Telefones p/contato: 33667723 ou 33667728
ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a sua participação no
estudo, dirija-se ao:
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará
Rua Coronel Nunes de Melo, 1127 Rodolfo Teófilo
Telefone: 3366.8338
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CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO COMO SUJEITO
Tendo compreendido perfeitamente tudo o que me foi informado sobre a minha participação
no mencionado estudo e estando consciente dos meus direitos, das minhas responsabilidades, dos
riscos e dos benefícios que a minha participação implica, concordo em dele participar e para isso eu
DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU TENHA SIDO FORÇADO OU
OBRIGADO.
Nome do participante: ___________________________________________________
Local e Data: ___________________________________________________________
Assinatura do participante: ________________________________________________
Nome do membro da equipe de pesquisa: _____________________________________
Assinatura do membro da equipe de pesquisa: _________________________________
Prof. Walberto Silva Santos
Coordenador do Projeto